Teoria da Producao.pdf

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23/10/2014 1 ECONOMIA RURAL Prof. Luciano Muniz São Luís - MA 2014 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Centro de Ciências Agrárias CCA Departamento de Economia Rural - DER Figura 1 Como a economia interliga a produção e o consumo. LUCRO TOTAL = RT CT Receita total depende da quantidade produzida; Teoria da firma divide-se entre teoria da produção e teoria dos custos. A escolha do processo de produção; Função geral da produção; Produção a curto prazo; Produto total, produtividade média e produtividade marginal; Lei dos rendimentos decrescentes; Produção a longo prazo; Rendimentos de escala ou economia de escala. TEORIA DA PRODUÇÃO A escolha do processo de produção; a empresa compra insumos (inputs, fatores de produção), combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende produtos (outputs) no mercado. TEORIA DA PRODUÇÃO INSUMOS Mão-de-obra (N) Capital Físico (K) Área, Terra (T) Matérias-primas (Mp) PROCESSO DE PRODUÇÃO PRODUTO (q) inputs outputs O processo de produção Eficiência técnica (ou tecnológica): permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade de fatores de produção (área da Engenharia); Eficiência econômica: permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de produção (microeconomia). A escolha do processo de produção, entre dois ou mais fatores, depende da eficiência: Eficiência técnica e econômica projetado para a recria-engorda em diferentes sistemas de produção. Indicadores Pasto Degradado Pecuária Bx. Tecn. Pecuária- ILP GPV (@/cab/ano) 4,25 4,90 4,99 TL (cab/ha/ano) 0,53 0,87 3,37 TL (UA/ha/ano) 0,46 0,80 3,01 Prod. (@/ha/ano) 2,56 4,96 17,40 MB (R$/ha/ano) 6,88 102,61 470,24 LOp. (R$/ha/ano) -78,67 17,06 380,61 COT (R$/cab/mês) 34,33 27,13 16,64 CF (R$/@) 7,67 4,59 1,31 COE (R$/@) 50,88 47,20 44,91 COT (R$/@) 58,55 51,78 46,22 Rep. (% custo) 66,53% 73,69% 79,42% MARTHA JR. et al. (2007b).

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23/10/2014

1

ECONOMIA RURAL

Prof. Luciano Muniz

São Luís - MA

2014

Universidade Estadual do Maranhão - UEMA

Centro de Ciências Agrárias – CCA

Departamento de Economia Rural - DER

Figura 1 – Como a economia interliga a produção e o consumo.

LUCRO TOTAL = RT – CT

• Receita total depende da

quantidade produzida;

• Teoria da firma divide-se

entre teoria da

produção e teoria dos

custos.

• A escolha do processo de produção;

• Função geral da produção;

• Produção a curto prazo;

• Produto total, produtividade média e produtividade marginal;

• Lei dos rendimentos decrescentes;

• Produção a longo prazo;

• Rendimentos de escala ou economia de escala.

TEORIA DA PRODUÇÃO

• A escolha do processo de produção;

a empresa compra insumos (inputs, fatores de produção),

combina-os segundo um processo de produção escolhido e

vende produtos (outputs) no mercado.

TEORIA DA PRODUÇÃO

INSUMOS

Mão-de-obra (N)

Capital Físico (K)

Área, Terra (T)

Matérias-primas (Mp)

PROCESSO DE

PRODUÇÃO

PRODUTO

(q)

inputs outputs

O processo de produção

• Eficiência técnica (ou tecnológica): permite produzir uma

mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade

de fatores de produção (área da Engenharia);

• Eficiência econômica: permite produzir uma mesma

quantidade de produto, com menor custo de produção

(microeconomia).

A escolha do processo de produção, entre dois ou mais fatores,

depende da eficiência:

Eficiência técnica e econômica projetado para a recria-engorda em

diferentes sistemas de produção.

IndicadoresPasto

Degradado

Pecuária

Bx. Tecn.

Pecuária-

ILP

GPV (@/cab/ano) 4,25 4,90 4,99

TL (cab/ha/ano) 0,53 0,87 3,37

TL (UA/ha/ano) 0,46 0,80 3,01

Prod. (@/ha/ano) 2,56 4,96 17,40

MB (R$/ha/ano) 6,88 102,61 470,24

LOp. (R$/ha/ano) -78,67 17,06 380,61

COT (R$/cab/mês) 34,33 27,13 16,64

CF (R$/@) 7,67 4,59 1,31

COE (R$/@) 50,88 47,20 44,91

COT (R$/@) 58,55 51,78 46,22

Rep. (% custo) 66,53% 73,69% 79,42%

MARTHA JR. et al. (2007b).

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SistemasLotação(an/ha)

Taxa de desfrute(%)

Produção de carne(kg/ha/ano)

1 Pastagem degradada 0,7 17 30

2 Pastagem melhorada 1,5 19 60

3 Pastagem intensiva 2,0 21 90

4-3+Suplementos 2,2 22 120

5-4+Confinamento 2,5 25 150

6-5+Integração lavoura-pecuária 3,0 35 230

7-6+Recria e engorda 5,0 40 450

8-7+Pastagem irrigada 9,0 42 1.125

Fonte: KICHEL(2003)

Produtividade de vários sistemas de produção de carne, em relação a

taxa de lotação, taxa de desfrute e produtividade de carne em kg de

carne/ha/ano.28

1512 9

3,5

0

10

20

30

40

Ga

nh

o d

e p

es

o

(@/h

a/a

no

)

Anos

Produtividade média da

pastagem degradada

Produtividade da pastagem oriunda da ILP ao longo dos anos de

formação.

Fonte: MARTHA JÚNIOR et al. (2007b).

Demanda Atendida pelo Suprimento

Excesso de Suprimento

Défice de Suprimento

Aumento de Suprimento em razão da integração L+P

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago SetPro

dutivid

ad

e (

kg

MS

/ha)

MARTHA JR. et al. (2007).

Produtividade da pastagem em sistema de produção convencional

Demanda Atendida pelo Suprimento

Excesso de Suprimento

Défice de Suprimento

Aumento de Suprimento em razão da integração L+P

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

Pro

du

tivid

ad

e (kg

MS

/ha

)

MARTHA JR. et al. (2007).

Produtividade da pastagem em sistema de integração lavoura e pecuária

Função Geral da produção:

Quantidade de produto (q) = f (N, k, M, A);

N = mão-de-obra utilizada/tempo;

K = capital físico utilizado/tempo;

M = matéria-prima utilizada/tempo;

A = área utilizada/tempo;

Sendo t a unidade de tempo (mês, ano, etc).

É a relação técnica entre a combinação dos

fatores de produção e a quantidade do produto,

em determinado período de tempo;

TEORIA DA PRODUÇÃOFunção Geral da produção:

Quantidade de produto (q) = f (N, k, M, A);

A função de produção supõe que foi atendida a eficiência

técnica; ou seja, representa a máxima produção possível, em

dados níveis de mão-de-obra, capital, matéria-prima e área

utilizada em determinado período de tempo.

TEORIA DA PRODUÇÃO

Conceito tecnológico

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Oferta: é a quantidade de determinado bem

ou serviço que os produtores desejam

vender em determinado período.

Função Geral da Oferta:

Qoi = f (Pi, πm, Pn, O);

Qoi = Quantidade ofertada do bem i/t;

Pi = preço do bem i/t;

πm = preço dos fatores e insumos de produção m (mão-de-obra,

matérias-primas, etc)/t;

Pn = preço de outros n bens, substitutos na produção/t;

O = objetivos e metas do empresário/t.

ΔQOi

ΔPi

> 0

Conceito econômico

TABELA 1. Evolução projetada de indicadores técnicos e econômicos para

a fase de recria-engorda da pecuária de corte extensiva na

Região do Cerrado.MARTHA JR. et al. (2007).

Potencialidades da Pecuária de corte no Cerrado

Distinção entre fatores de produção fixos e variáveis:

• Fatores de produção fixos: são aqueles que permanecem

inalterados, quando a produção varia;

• Exemplo: cerca, energia e arrendamento de terra, na pecuária

de corte.

• Fatores de produção variáveis: se alteram, com a variação

da quantidade produzida;

• Exemplo: nutrição, sanidade e aluguel de pasto, na pecuária de

corte.

Distinção entre entre curto e longo prazo:

•Curto prazo: período pelo qual existe pelo menos um fator de

produção fixo;

• Longo prazo: todos os fatores são variáveis.

OBS: o período considerado curto prazo pode variar conforme a

natureza da empresa.

Exemplo: o curto prazo para um laticínio é um período maior do

que de uma fábrica de sorvete caseiro.

Este último pode aumentar ou diminuir sua produção de um dia

para outro. Já o laticínio provavelmente precisará de um tempo

maior (podendo levar meses) para adequar a sua produção caso

haja um aumento expressivo na demanda por leite.

Produção com um fator variável e um fixo: uma análise de curto

prazo:

Com dois fatores de produção: mão-de-obra (N) e capital (K),

sendo a N variável e o K (equipamentos e instalações) fixo.

A função da produção fica:

q = f (N, K);

Como K é suposto fixo ou constante a curto prazo, a função

produção fica:

q = f (N);

Produto total (PT)

É a quantidade total produzida, em determinado

período de tempo

PT

NPme =

Produtividade marginal (Pmg)

É a variação do produto, dada uma variação de uma unidade

na quantidade do fator de produção / tempo.

Δ PT

ΔNPmg =

Produtividade média (Pme)

É a relação entre o nível de produto e a

quantidade do fator de produção / tempo.

qPT =

Produto total, produtividade média e produtividade marginal:

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Capital (k) Mão-de-obra (N) PT PMe Pmg

10 0 0 - -

10 1 3 3 3

10 2 8 4 5

10 3 12 4 4

10 4 15 3,75 3

10 5 17 3,4 2

10 6 17 2,8 0

10 7 16 2,3 -1

10 8 13 1,6 -3

Exemplo: Calcular o Produto total, a produtividade média e

a produtividade marginal e elaborar os respectivos gráficos.

Curvas de Pt, Pme e Pmg da mão-de-obra

1º - Estágio

de produção

irracional

2º - Estágio de

produção racional

3º - Estágio

Curvas de Pt, Pme e Pmg da mão-de-obra sem bicos e interrupções

Capital (k) Mão-de-obra (N) PT PMe Pmg

10 0 0

10 1 5

10 2 12

10 3 18

10 4 23

10 5 24

10 6 24

10 7 23

10 8 20

Exercício1: Calcular o Produto total, a produtividade média e a

produtividade marginal e elaborar os respectivos gráficos.

Capital (k) Mão-de-obra (N) PT PMe Pmg

10 0 0 - -

10 1 5 5 5

10 2 12 6 7

10 3 18 6 6

10 4 23 5,75 5

10 5 24 4,8 1

10 6 24 4 0

10 7 23 3,3 -1

10 8 20 2,5 -3

Resposta do Exercício1.

TEORIA DA PRODUÇÃO• Lei dos rendimentos decrescentes (curto prazo):

“Ao aumentar o fator variável (N), sendo dada a quantidade de

um fator fixo (K), a PMg do fator variável cresce até certo ponto

e, a partir daí, decresce, até tornar-se negativa”.

Lei dos rendimentos marginais

crescente – aumentos em um fator de

produção produzem acréscimos cada

vez maiores na produção total.

Lei dos rendimentos marginais

decrescentes – aumentos na

quantidade utilizada, em um fator de

produção, produzem acréscimos cada

vez menores na produção total.

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TEORIA DA PRODUÇÃO• Lei dos rendimentos decrescentes:

Exemplo: Consideremos a atividade agrícola, tendo como fator fixo a área

cultivada (Terra – ha) e como fator variável a mão-de-obra (N).

Aumentando o número de trabalhadores, e se a área permanece a mesma,

chega-se a um ponto em que a produção continua crescendo, mas a taxas

decrescentes, em virtude de excesso de trabalhadores.

Teoricamente, pode-se chegar a um ponto em que a absorção de mais um

trabalhador provocará queda na produção (PMgN negativa).

TEORIA DA PRODUÇÃO

Prêmio Nobel Arthur Lewis estudou uma situação pela qual a produtividade

marginal da mão-de-obra seria nula.

Em países subdesenvolvidos, a agricultura de subsistência, a ajuda dos filhos

dos agricultores na roça, não representam aumento do produto agrícola.

Isso é chamado de desemprego disfarçado na agricultura, devido a

produtividade marginal ser nula.

A solução para esta PMg da mão-de-obra nula seria o deslocamento de mão-

de-obra da agricultura para a industria nas cidades.

TEORIA DA PRODUÇÃO• Produção a longo prazo:

Com todos os fatores de produção variáveis: mão-de-obra

(N), capital (K) e Terra (T).

A função da produção fica:

q = f (N, K);

• A função da produção pode ser representada por uma curva

chamada isoquanta.

• Isoquanta – expressa os vários processos alternativos de

produção, que proporcionam a mesma quantidade produzida.

TEORIA DA PRODUÇÃO• Isoquanta:

Graficamente, a representação gráfica da isoquanta pode ser:

6

100

4

80 15050

2q = 1.000

k

N

TEORIA DA PRODUÇÃO•Mapa de isoquantas (conjunto de isoquantas):

Graficamente, pode ser representado:

q1 = 1.000

q2 = 2.000

q3 = 3.000

k

N

Níveis de produção

A escolha do nível de produção é feita pelo empresário e

dependerá dos custos de produção e da demanda pelo

produto da firma.

Conceito de rendimentos de escala ou

economias de escala:

• A longo prazo, precisa analisar as vantagens e desvantagens da empresa

aumentar sua dimensão, seu tamanho, o que implica demandar mais fatores

de produção.

• O que acontece quando ocorre aumento do tamanho ou da escala de

produção?

•Pode ser respondido tanto do ponto de vista tecnológico como dos

custos.

• Economia de escala tecnológica: a produtividade física varia com a variação

de todos os fatores de produção.

• Economia de escala pecuniária (atingir um nível mínimo de produção sem

aumento significativo nos custos): quando os custos por unidade produzida

variam, com a variação de todos os fatores de produção.

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Conceito de rendimentos de escala ou

economias de escala:

• Rendimentos crescentes de escala

• Um aumento de 10% na quantidade de mão-de-obra e de capital, a

produção aumenta em mais de 10%. Significa que as produtividades médias

dos fatores de produção aumentaram. Isso ocorre por dois motivos:

• Indivisibilidades na produção – só é possível uma empresa operar em

condição econômica se ela possuir um tamanho ou escala de produção

mínima. Se aumentar a divisão do trabalho, a produção pode aumentar mais

que proporcionalmente.

• Divisão do trabalho – cada trabalhador é mais eficiente e produtivo se

realizar uma única tarefa, na qual ele se especialize.

Conceito de rendimentos de escala ou

economias de escala:

• Rendimento decrescentes de escala (longo prazo)

• Um aumento de 10% na quantidade de mão-de-obra e de capital, a

produção aumenta em 5%. Significa que as produtividades médias dos

fatores de produção caíram.

• Não deve ser confundido com a lei dos rendimentos decrescentes. Porque

esta supõe sempre algum fator de produção fixo (ex.: capital - K) no

processo de produção (curto prazo).

Conceito de rendimentos de escala ou

economias de escala:

Rendimentos constantes de escala

• Um aumento de 10% na quantidade de mão-de-obra e de capital, a

produção aumenta em 10%. Significa que as produtividades médias dos

fatores de produção permanecem constantes.

Questão de revisão

1 – Defina: produção, processo de produção, eficiência técnica,

eficiência econômica e função da produção.

2 – Defina Produto Total, Produtividade Marginal e Produtividade

Média.

3 – Explique o significado da Lei dos Rendimentos Decrescentes.

4 – Qual o significado da isoquanta de produção e mapa de

isoquanta?

5 – Defina rendimentos crescentes, decrescentes e constantes

de escala, e quais as razões para que ocorram.