Teoria Explicativa do Conhecimento - R. Descartes

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Conhecimento e Racionalidade Científica e Tecnológica 1. Descrição e Interpretação da Actividade Cognoscitiva

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Texto de apoio para alunos do ensino secundário

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Conhecimento  e  Racionalidade  Científica  e  Tecnológica

1.  Descrição  e  Interpretação  da  Actividade  Cognoscitiva

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Sumário

René Descartes. A dúvida metódica e o acesso à certeza

1.2  Teorias  Explicativas  do  Conhecimento

  René  Descartes

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René  Descartes  e  a  dúvida  metódica

Descartes,  na  noite  de  10  para  11  de  Novembro  de  1619,  teve  sonhos  que  o  levaram  a  duvidar  do  conhecimento  e  mesmo  da  existência  da  realidade.  Para  ultrapassar  essa  dúvida,  inspirando-­‐-­‐se  na  matemática  e  utilizando  a  dúvida  como  método,  escreveu  o  Discurso  do  Método  com  o  objectivo  de  encontrarum  fundamento  capaz  de  resistir  aos  argumentos  do  cepticismo.

DESCARTES1596-­‐1650

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Dúvida  hiperbólica

Argumentos  que  fundam  o  acto  de  duvidar

 A  experiência  mostra  que:  

Os  sentidos  podem  errar  

algumas  vezes,  logo,  não  são  

dignos  de  crédito  total  

Por  nos  enganarmos  às  vezes,  não  

sabemos  se  existe  alguma  certeza

Há  homens  que  erram  mesmo  ao  raciocinar

Temos  dificuldade  em  identificar  

a  verdade,  pois  às  vezes  não  

distinguimos  sonho  e  realidade

Conclusão  provisória:  todo  o  conhecimento  pode  ser  falso,  por  isso,  vou  duvidar  de  tudo  

(dúvida  hiperbólica  –  global).

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A  dúvida  metódica  –  refutação  da  dúvida  hiperbólica

Utilizando  a  dúvida  como  um  método  para  alcançar  a  verdade  (é  a  utilização  metódica  da  dúvida),  Descartes  parte  à  procura  de  uma  verdade  evidente  e  indubitável.  

Contudo,  ainda  que  duvide  de  tudo,  tenho  de  admitir  que  não  posso  duvidar  sem  pensar.  

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Descoberta  da  verdade

Ao  usar  a  dúvida  metódica,  Descartes  descobre  que  ao  duvidar  está  a  pensar.  E  afirma:  «Se  duvido,  penso,  e  se  penso,  existo.»  Eu  penso,  logo  existo  (cogito)  é  a  primeira  e  irrefutável  certeza.

A  certeza  ou  a  indubitabilidade  do  cogito  resulta                                do  modo  como  a  apreendemos:  impõe-­‐se-­‐nos  como  evidente.  E  é  evidente,  porque  o  percebemos  com  clareza  e  distintamente.

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Critério  de  verdade,  clareza  e  distinção

Descartes  generalizou  a  descoberta:  tudo  o  que  é  concebido  muito  claramente  e  muito  distintamente  tem  a  mesma  evidência  que  o  cogito,  logo,  é  verdadeiro.  

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Da  ideia  de  Deus  à  existência  de  Deus

Tenho  em  mim  a  ideia  de  um  ser  perfeito.

A  ideia  de  um  ser  perfeito  não  pode  ter  origem  em  mim,  porque  sou  

imperfeito.

Dado  que  conheço  perfeições  que  não  possuo,  tenho  de  aceitar  a  existência  de  um  Ser  que  seja  a  

causa  de  mim  e  da  ideia  que  tenho  d’Ele.

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Da  existência  de  Deus  à  existência  do  mundo  material

Um  vez  que  Deus  é  bom  e  perfeito,  não  nos  engana.

O  mundo  material  existe  e  é  de  natureza  diferente  do  pensamento  e  de  Deus.  

As  coisas  materiais  ocupam  espaço,  possuindo  características  quantificáveis.

Se  não  partirmos  das  informações  sensoriais  (por  vezes  enganadoras)  e  respeitarmos  o  critério  de  evidência  podemos  conhecer.

Deus  é  a  garantia  de  que  é  verdadeiro  o  conhecimento  

apreendido  com  evidência,  isto  é,  com  clareza  e  distinção,  ou  

deduzido  dele.

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Dualismo  cartesiano

Admitida  a  existência  do  pensamento  (res  cogitans,  ou  «coisa»  que  pensa),  de  Deus  e  do  mundo  material  (res  extensa,  ou  «coisa»  extensa),  Descartes  considera  que:  

o  pensamento,  ou  espírito,  ou,  ainda,  alma  (res  cogitans)  é  diferente  e  distinto  do  corpo  (res  extensa)

o  ser  humano  é  constituído  por  alma  e  corpo  –  

o  dualismo  cartesiano

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A  existência  de  Deus  e  a  verdade  racional

Uma  vez  que  os  sentidos  nos  enganam  (pelo  menos,  às  vezes),  

o  conhecimento  não  pode  ter  a  sua  fonte  

na  informação  sensorial

a  fonte  do  conhecimento  

é  a  razão,  racionalismo

a  existência  da  alma  e  de  Deus  é  mais  certa  

do  que  a  existência  

de  coisas  exteriores

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Problema: será que podemos conhecer algo com certeza?

Ponto  de  partida: dúvida metódica e hiperbólica – indubitabilidade da existência do cogito (eu, ou consciência).

Primeira  verdade: a existência do cogito.

O cogito possui a ideia de Deus (é uma ideia inata).

A ideia de Deus concebe Deus como um ser sumamente perfeito – a percepção da ideia de Deus implica a existência de Deus.

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A natureza de Deus (a suma perfeição) e a sua existência são garantia de que é verdadeiro o conhecimento apreendido com evidência, isto é, com clareza e distinção, ou deduzido dele.

O  conhecimento  constrói-­‐se  com  base  

nas  sensações.

A  razão  é  a  origem  do  conhecimento.A  razão  possui  ideia  inatas  (Deus,  por  

exemplo).  Todo  o  conhecimento,  mesmo  o  do  mundo  físico,  deve  ser  construído  

a  partir  da  razão.

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Cepticismo  

Designa  a  concepção  que  nega,  de  modo  mais  ou  menos  radical,  a  possibilidade  do  conhecimento.

Glossário

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Racionalismo

Teoria  acerca  da  origem  e  validade  do  conhecimento,  que  considera  a  razão  humana  uma  faculdade  criadora,  origem  e  justificação  do  conhecimento.

Glossário

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Evidência

O  critério  de  verdade  de  «eu  penso,  logo  existo»  serve  para  distinguir  as  ideias  verdadeiras.  Esse  critério  consiste  em  apreender  a  ideia  com  clareza  e  distinção.

Glossário

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Dualismo  cartesiano

Descartes  defende  o  dualismo  de  substância,  segundo  o  qual  há  duas  substâncias:  • a  matéria  (res  extensa)  • e  o  pensamento  –  consciência,  ou  alma  –  (res  

cogitans).

Glossário