Teorias da Tradução - Língua Alemã & Hebraica

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Teorias da tradução Martinho Lutero: o artesão da língua alemã Hebraico: uma língua moderna para Israel Gabriela de Paula Yasmin Fonseca

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A tradução como formadora de línguas nacionais Martinho Lutero: o artesão da língua alemã Hebraico: uma língua moderna para Israel

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Teorias da traduçãoMartinho Lutero: o artesão da língua alemãHebraico: uma língua moderna para Israel

Gabriela de Paula Yasmin Fonseca

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Martinho Lutero:o artesão dalíngua alemã

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A língua alemã• Histórico

Até o século VIII → inscrições rúnicas.

Século VIII → “1o florescimento da literatura alemã”

• Os documentos literários mais antigos em língua alemã procedem desse período.• Tradução de textos bíblicos: primeiros glossários religiosos

– Abrogans (ano 765)– Vocabularius Sancti Galli

Século IX → tradução de documentos mais extensos e completos.– Novo Testamento (texto latino de Taciano, do século II)– Livro dos Evangelhos, de Otfried von Weißenburg, em antigo alto alemão

Ano 1000 → Notker, o Alemão, representa outro ponto culminante na tradução e na literatura alemã.– Salmos– Obras de Boécio e Aristóteles

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A tradução e a língua alemãOtfried von Weißenburg

• Sua obra de tradução constituiu preciosa indicação das dificuldade em se escrever em alemão. Para ele, as letras latinas não bastavam para expressar os sons da língua germânica.

• Imitando os livros latinos, ele deu valor literário a documentos ao introduzir a rima final.

Notker, o Alemão

• O êxito de sua tradução está na precisão, na erudição estilítica e na inclinação pela língua falada. • Empenhou-se em encontrar um termo de concordância entre os sinais gráficos e o tipo fonético

do idioma, visando estabelecer regras de pontuação e ortografia.

• O ponto de partida de seu trabalho foi a exegese, a compreensão do texto original por meio de explicações e comentários. Também utilizou o latim para preencher lacunas de vocabulário, contribuindo para o enriquecimento do idioma alemão.

– Por exemplo, ao traduzir as obras de Boécio e Aristóteles, Notker às vezes apresentava, em sua prosa, mistura de latim e alemão com finalidade didática. Desde modo, introduziu terminologias filosóficas ao idioma.

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Primeiros glossários religiosos:

AbrogansVocabularius Sancti Galli

Psalmen (Notker) com notas explicativas

Evangelienharmonie (Otfried von Weißenburg)

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Interlinearglossar (versão interlinear):

Vocábulos interpostos entre as linhas ou palavras colocadas à margem dos textos.

Otfried von Weißenburg

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No entanto…• Os documentos traduzidos para a língua alemã neste período não foram escritos em uma

linguagem uniforme, regulamentada.

• Tratava-se da transcrição de vários dialetos.– Por exemplo, o Novo Testamento de Taciano foi redigido em francônio oriental, e Notker traduzia para o alemânico.

• Não se conhecia um idioma comum alemão.

• E, muitas vezes, a linguagem utilizada nos documentos não corresponde à da região em que se localizavam, devido à procedência diversa daqueles que compunham os centros religiosos.

• Portanto, todos os conventos e mosteiros tinham as suas particularidades idiomáticas.

• Além disso, a escrita e a literatura eram de domínio quase exclusivamente eclesiástico.

• E mais importante, a língua alemã ainda não era vista como língua literária, sendo muitas vezes desprezada por ser uma idioma de cunho popular.

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Carlos Magno (ca. 742 - 814)• Foi o primeiro a se interessar pela criação de

um idioma comum alemão.

• O perído do reinado de Carlos Magno foi importante pra a expansão da língua alemão, principalmente após a inclusão dos saxões no Império. Ele cuidou pessoalmente de prestigiar a fala do povo.

• Mandou traduzir orações, fórmulas de batismo e confissão e todas as leis vigentes. Deu nomes alemães aos meses do ano, e exigiu que os sermões fossem feitos na língua popular. Também tentou implantar a “língua theodisca” nos documentos oficiais.

• Incentivou a codificação das regras gramaticais alemã, idealizando uma gramática que não se conservou.

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A tradução e a língua alemã• O antigo alto alemão surgiu e se desenvolveu como língua escrita a partir da tradução da Bíblia

para o vernáculo.

• Sob a influência do latim, o alemão amadureceu como língua literária, passando a ser usado para traduções bíblicas e outros gêneros.

• No fim da Idade Média, o alemão predominou sobre o latim, mas ainda assim, continuava a ser uma língua regional, com vários dialetos, e valor funcional e social.

• A tradução passou a ter um papel menos importante à medida que o alemão se desenvolveu, firmando-se como um meio legítimo de comunicação, mas nunca deixou de ser um fator no desenvolvimento contínuo da língua.

• Durante este período foram frequentes as discussões sobre linguística e os princípios da tradução.

• Levou muito tempo para que surgisse uma língua alemã difundida, processo que só foi ter seu fim no século XVIII.

• A tradução da Bíblia por Lutero desempenhou um papel decisivo neste processo de unificação.

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Reforma Protestante• O efeito do trabalho de Lutero como tradutor só pode ser compreendido contra o plano de

fundo da Reforma e suas exigências linguísticas e de comunicação, assim como a tradição tradutória da época.

• Século XVI → época de conflitos sociais, quando as classes sociais se reuniram contra a Igreja Católica. As reformas sociais só podiam ser realizadas com uma reforma paralela da Igreja.

• A divulgação das Escrituras na linguagem do povo, preconizada por Lutero, proporcionou a esse movimento uma estrutura ideológica.

• A Bíblia já existia em alto alemão, porém demonstrava que as pessoas comuns precisavam de uma Bíblia que pudessem ler no seu próprio idioma.

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Martinho Lutero (1483-1546)• Nasceu e foi educado em uma área linguística da

Alemanha centro-oriental onde já se havia formado uma língua normativa, linguagem literária de certa sofisticação.

• Ele procurou empregar formas de linguagem que tivesse ampla utilização regional e uma extensa base social.

• Estudou latim, grego e hebraico. Para chegar à correspondência mais apropriada em alemão, teve o apoio de especialistas como Philipp Melanchton, em grego, Markus Aurogallus, em hebraico, e Caspar Cruciger, em latim. Consultou também profissionais para resolver problemas de terminologia.

• Tinha uma abordagem filológica inovadora, baseada na filosofia humanista.

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A Bíblia de Lutero

• Lutero advogava o retorno às línguas originais da Bíblia (hebraico, Antigo Testamento, e grego, Novo Testamento, mas sem desprezar a Vulgata latina).

• Reformulou o texto da bíblia como um texto alemão: o texto histórico foi revisto para ajustar-se à mentalidade e ao espírito de sua época. Para ele, a equivalência semântica era por si só insuficiente, era necessário interpretar as ideias de uma cultura e de uma sociedade muito distantes, no tempo e no espaço, daquela em que a tradução seria lida.

• Também procurou formular sua tradução de acordo com as regras da língua-meta, mas o alemão não havia alcançado um estágio de desenvolvimento para que isso ocorresse plenamente.

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Estratégias de tradução• Para Lutero, a palavra devia seguir o sentido do texto, e não ao contrário. Ele acreditava que a

tradução era sempre uma interpretação, pelo menos até certo ponto.

• Os princípios da tradução e as estratégias usadas por Lutero podem ser evidenciados comparando-se diferentes traduções publicadas: elas refletem uma tendência para a expressão direta e viva, com substituições de expressões verbais por frases nominais.

• Sempre levava em conta o som da linguagem falada e queria que sua tradução fosse mais coloquial e mais compreensível. Queria manter um equilíbrio apropriado entre a linguagem sagrada e a cotidiana, que ninguém conseguiu antes.

• Lutero defendeu suas traduções em dois textos: Sendbrief vom Dolmetschen (Carta circular sobre tradução, 1530) e Summarien über die Psalmen und Ursachen des Dolmetschen (Defesa da tradução dos Salmos, 1531-1533).

• Neste textos de Lutero, ele reflete sobre certos problemas teóricos que até hoje continuam sendo debatidos: tradução livre e a literal, a “naturalização” dos textos traduzidos, questões de estilo e a importância de levar em conta o contexto.

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Vulgata vs. Bíblia de Lutero• Nesses textos, Lutero introduz alguns exemplos da Vulgata, contrastando a tradução literal com as

suas versões, que acentuavam o sentido da frase em lugar do sentido de palavras isolodas.

Exemplo: uso de allein (só), no sentido de nur (somente), na carta de São Paulo aos romanos, onde a palavra latina sola não aparece no original.

Vulgata: Arbitramur hominem iustificari ex fide absque operibus legis.

Lutero: Wir halten, das der mensch gerecht werde on des gesetzts werk, allein durch den glauben.

(A conclusão é que Deus declara livre de culpa o homem só pela fé, sem exigir-lhe o cumprimento da Lei)

• Lutero também faz versões livres, utilizando-se de provérbios existentes no alemão.

Exemplo: Mateus 12:34, em que a tradução literal fica obscura.

Tradução literal: A boca fala a partir de um excesso de coração.

Lutero: Wes das Herz voll ist, des geht der Mund über.

(provérbio alemão: Quando o coração está pleno, a boca transborda).

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Vulgata vs. Bíblia de Lutero

• Esses exemplos procuram mostrar que, em certos casos, uma correspondência fiel trai o sentido genuíno da frase, e os tradutores precisam, às vezes, buscar uma correspondência na língua-meta para que deixe claro o pensamento contido no original.

• Por isso, Lutero merece um lugar especial na história da língua e também da tradução.

Vulgata

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Influência na língua alemã• A influência de Lutero sobre língua alemão e a arte da tradução se tornou evidente depois de sua

morte: as primeiras gramáticas alemãs, publicadas no século XVI, se baseavam diretamente na tradução da bíblia por Lutero.

• Só no século XVIII surgiu uma avaliação mais diferenciada da linguagem de Lutero: Johann Christoph Adelung considerou a bíblia de Lutero mais como uma fonte útil do que como modelo de linguagem correta. No entanto, a influência normativa da linguagem de Lutero pode ser observada até o século XIX, no dicionário dos irmãos Grimm, em que ela aparece como uma fonte de grande importância.

Concluindo…

• Tradução da Bíblia → ajudou a promover o enriquecimento e a padronização do léxico alemão, e o desenvolvimento de uma sintaxe equilibrada, com emprego de meios formais, tais como posição dos verbos e das conjunções, assim como o uso da inicial maiúscula nos substantivos.

• Sua contribuição principal, porém, foi no campo estilístico: a clareza, a boa compreensão, a simplicidade e a vivacidade são características do estilo usado na tradução da bíblia, que ainda serve como modelo para a boa escrita. Todas as revisões da bíblia e as traduções modernas são avaliadas de forma consistente por comparação com o texto de Lutero.

• As traduções de Lutero foram um fator importante, elemento catalisador e padrão de avaliação no desenvolvimento da língua nacional dos alemães.

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Hebraico:uma línguamoderna

para Israel

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A língua hebraica• Histórico

• Língua antiga pertencente ao ramo canaanita da família linguística semita norte- ocidental.

• Século VIII a.C. → primeiras inscrições em hebraico antigo, sendo conservado sobretudo no texto da bíblia hebraica, que foi completada no século IV a.C.

• Foi a língua de comunicação do povo judeu desde 1200 a.C. (conquista de Canaã após o Êxodo do Egito) até 134 d.C. (revolta de Bar Kokhba contra os romanos).

• O uso corrente da língua hebraica foi interrompido pela dispersão do povo judeu, quando este passou a viver em diversos países e a falar diferentes idiomas.

• Eles falavam os idiomas dos países onde viviam, assim como dialetos especiais usados exclusivamente pelos judeus:– Iídiche (língua da família indo-europeia, pertencente ao subgrupo germânico, falada particularmente na Europa

Central e na Europa Oriental, no segundo milênio, que a escrevem utilizando os caracteres hebraicos.)– Ladino (língua ibérica, semelhante ao castelhano, falada por comunidades judaicas originárias da penísula Ibérica,

também chamada de judeu-espanhol)

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A língua hebraica• Histórico

• Durante 1700 anos, a língua ficou estagnada e, dessa forma, ela não pôde ter uma vida plena e um desenvolvimento normal. Ao longo de todo esse tempo, entretanto, o hebraico continuou sendo a língua em que se orava e na qual a Bíblia era lida nos cerimoniais públicos. Os deveres religiosos fizeram com que praticamente todo judeu soubesse ler e escrever hebraico.

• A língua também conseguiu manter certa força na escrita. Disso dá testemunho o florescimento de uma extensa produção literária hebraica na diáspora.

• Em certas épocas foi utilizado por autores judeus na literatura secular (literatura hebraica da Idade de Ouro da Espanha medieval, e literatura hebraica do movimento iluminista judeu na Europa, século XIX), mas não era usado na vida cotidiana.

Códice Leningrado de 1008-1009 d.C. Considerado o mais antigo manuscrito da Bíblia hebraica inteira, está dividido em três colunas. (Rússia)

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Sionismo• Movimento nacionalista do povo judeu.

• Surgiu na Europa no século XIX.

• Seu objetivo era restabelecer os judeus em Eretz-Israel e não pretendia, inicialmente, o retorno do hebraico para uso cotidiano.

• Pensava-se no alemão como língua nacional.

• No entanto, surgiu dentro do movimento um desejo de reviver o hebraico.Antigo Testamento

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Eliezer Ben-Yeuda (1858-1922)

• Linguista que reconstruiu a língua hebraica no século XIX criando o que conhecemos como o hebraico moderno.

• É conhecido como “o ressuscitador do hebraico”.

• Tentou persuadir os leitores a utilizar o hebraico na vida diária.

• Exprimia-se exclusivamente em hebraico, o que era incomum naquela época.

• Fez um dicionário hebraico e adaptou a língua antiga à vida moderna, criando novos vocábulos, dos quais muitos foram incorporados ao hebraico moderno.

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Corpo de Defensores da Língua

• No entanto, falava-se em Israel muitas línguas. Muitos de seus habitantes não falavam, liam ou escreviam o hebraico.

• Corpo de Defensores da Língua → organização de jovem, organizado em 1923, que lutou para que só se empregasse o hebraico na vida pública.

• Eles costumavam fazer demonstrações e intervir em atos públicos quando outras línguas eram usadas. A campanha condenava livros importados e os jornais locais em línguas estrangeiras.

• Hoje, o hebraico é a língua usada na literatura e no jornalismo, na redação científica e tecnológica e na vida diária.

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A tradução e a língua hebraica

• A tradução foi importante para fazer reviver o hebraico de duas formas:

• Ajudou a difundir o idioma, já que havia pouco textos originais em hebraico, e as traduções preencheram esse vazio.

• E as traduções também enriqueceram a língua por meio do contato com outros idiomas.

• No entanto, o desenvolvimento do hebraico não se devia apenas às traduções, mas também por Israel ser um país de imigrantes, o que fez (e faz) o hebraico absorver elementos de língua e cultura estrangeira, que deixaram suas marcas também através, por exemplo, de versões originais de filmes e programas de televisão estrangeira.

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Mendele Mokher (1835-1917)

• Importante nome na vida literária judia, do fim do século XIX e início do século XX.

• Viveu em Odessa, Rússia.

• Escreveu obras de ficção em ídiche e traduziu-as pessoalmente para o hebraico.

• Suas traduções se dirigiam a leitores que já conheciam as obras em ídiche, portanto tinham por objetivo contribuir para o renascimento do hebraico.

• Um de seus livros mais importantes é As viagens de Benjamin, o Terceiro, sátira sobre a vida dos judeus na diáspora.

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As viagens de Benjamin, o Terceiro• Originalmente escrita em iídiche e depois

traduzida para o hebraico.

• Dificuldades da tradução → o texto-fonte estava escrito em rico e vivo iídiche, enquanto a língua-meta era antiga, petrificada.

• Estilisticamente erudita, parecia a Bíblia.

• Mas Mendele conseguiu usar a distância entre o estilo floreado da tradução e o caráter ridículo dos heróis para criar um forte efeito irônico que ajudou a formar uma sátira social.

• Esse uso efetivo do hebraico bíblico foi adotado por outros autores judeus e continua popular na sátira hebraica.

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Chaim Nachman Bialik (1873-1934)• Poeta nacional de Israel, começando sua

carreira poética na Rússia, antes de imigrar para Eretz-Israel em 1924.

• Ele também empregou a tradução para dar vida ao hebraico.

• Traduziu para o hebraico obras clássicas da literatura mundial, como Dom Quixote.

• Escreveu também poemas populares e músicas infantis, que eram, em parte, adaptações de canções em iídiche, e empregava uma linguagem sofisticada e bíblica.

• Apesar da dificuldade linguística, seus poemas se popularizaram e são cantados até hoje.

• Assim, ele provou que o hebraico podia funcionar como uma língua cotidiana.

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Enriquecimento através da tradução• Por ter se tornado uma língua sagrada, o hebraico ficou estagnado e conseguia expressar

conceitos da vida cotidiana e áreas da realidade contemporânea, como ciência e tecnologia.

• E por ser uma língua que existia apenas como língua escrita, ela não possuía a variante oral como outros idiomas, o que dificultava o trabalho dos tradutores.

• Isto foi contornado de duas maneiras: uso de vocábulos antigos com o sentido ampliado ou modificado, ou atribuição de novo sentido a palavras esquecidas, ou neologismos.

• Para criar uma variante falada, os tradutores corrompiam a língua antiga, usando expressões de forma incorreta.

• O hebraico também se enriqueceu através do empréstimo de palavras, tradução literal de expressões e imitação de formas gramaticais e sintáticas estrangeiras.

• Século XX → a partir do início do século, o hebraico se tornou gradualmente uma língua viva. E mesmo depois de se firmar como idioma falado e cotidiano, cada nova tradução recriava o hebraico nos dois modos mencionados anteriormente.

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Língua falada na literatura

• Encorajava-se o emprego de uma “língua falada fictícia”, pois se considerava o “hebraico falado autêntico” algo que não estava de acordo com a literatura.

• Hoje há menos hostilidade sobre o uso do hebraico falado pela literatura, mas diz-se que a língua falada pertence sempre a um contexto social e histórico específico, sendo preferível usar nas traduções uma fala inventada, pertencente ao “terceiro território”, o local de encontro das línguas-fontes e metas.

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Abraham Shlonsky (1900-1973)

• Um dos mais reconhecidos poetas (modernista) e tradutor hebraico do século XX.

• Na sua poesia e nas traduções a invenção linguística não era só uma forma de preencher vazios, mas também um recurso estético.

• Ele renovou o hebraico baseando-se nos seus próprios recursos, recorrendo os vários estratos históricos do idioma e criando grande número de neologismos, com base em formas gramaticais existentes.

• Muitos de seus neologismos foram adotados na literatura e na língua cotidiana, e ele enriqueceu o hebraico inspirando-se nas línguas-fontes, principalmente o russo.

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Abraham Shlonsky (1900-1973)

• Usou a língua russa para criar uma forma de língua falada apropriada à literatura, caracterizada pela estrutura, vocativos, conectivos e diminutivos derivados do russo.

• Mesmo os autores nascidos em Israel e que não sabiam russo adotaram seu estilo russificado.

• O trabalho de Shlonsky fortaleceu a concepção das traduções literárias na cultura hebraica: a tradução era considerada não só uma intermediação entre os leitores e a literatura mundial, mas também um meio de desenvolver o hebraico moderno.

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Conclusão

• Graças aos esforços dos tradutores, as línguas nacionais nasceram, se desenvolveram e enriqueceram, recebendo um novo sentido e uma nova vida.

• Eles desempenharam um papel significativo no desenvolvimento das culturas-metas e na gênese das próprias línguas.

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Bibliografia• NAMA, C. A. Os tradutores e o desenvolvimento das línguas nacionais. In: DELISLE, J.; WOODSWORTH, J. Os

tradutores na história. São Paulo: Ática, 1998. p. 57-72.

• THEODOR, E. O antigo alemão. In: ___. A língua alemã: desenvolvimento histórico e situação atual. São Paulo: Editora Herder, 1963. p. 52-77.

• WIKIPÉDIA. Martinho Lutero. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero >. Acesso em: 06 abr. 2013.

• WIKIPÉDIA. Deutsche Sprache. Disponível em: < http://de.wikipedia.org/wiki/Deutsche_Sprache#Das_Glottonym_.E2.80.9Edeutsch.E2.80.9C >. Acesso em: 06 abr. 2013.

• ALTHOCHDEUTSCH GLOSSEN WIKI. Glossarüberlieferung. Disponível em: <http://de.althochdeutscheglossen.wikia.com/wiki/Glossar%C3%BCberlieferung>. Acesso em: 06 abr. 2013.

• ASWIDIOMAS. História do Hebraico Moderno. Disponível em: <http://www.aswidiomas.com.br/hist_hebraico.html>. Acesso em: 06 abr. 2013.