Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes...

43
Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins (Vitamin E, Vitamin C and β-Carotene) Monografia Joana Margarida Félix Bettencourt Orientado por: Dra. Mafalda Dias de Oliveira Porto, 2010

Transcript of Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes...

Page 1: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E Vitamina C e

β-Caroteno)

Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins (Vitamin E Vitamin C and

β-Carotene)

Monografia

Joana Margarida Feacutelix Bettencourt

Orientado por Dra Mafalda Dias de Oliveira

Porto 2010

Joana Bettencourt Porto 2010

i

Joana Bettencourt Porto 2010

Dedicatoacuteria

Tudo se constroacuteihelliphelliphelliphelliphellip hellip

hellipa felicidade a sabedoriahellip

hellipUMA VIDA

(Pensado e sentido por mim numa manhatilde ao acordarhellip)

Dedico todo o meu trabalho aos que mais me amam agrave minha famiacutelia e ao

Claacuteudio Valadatildeo agrave Dra Mafalda Oliveira e a todos aqueles que com a sua

sabedoria me fizeram crescer como pessoa

ii

Joana Bettencourt Porto 2010

Agradecimentos

Agrave Dra Mafalda Oliveira a minha ldquosuperrdquo orientadora pela sua simpatia

boa disposiccedilatildeo prontidatildeo disponibilidade ao seu grande espiacuterito profissional e

acima de tudo pela sua assertividade e capacidade de compreensatildeohellip Estou-lhe

muito grata

Aos meus pais irmatildeos e meu namorado que sempre me incentivaram e

com muito amor me deram forccedilas para lutar

Ao Centro de Sauacutede da Ribeira Grande e seu pessoal por me ter acolhido

tatildeo bem e me fazer ganhar grandes experiecircncias de vida em especial agrave Dra

Helena Cacircmara pelo seu profissionalismo e carinho extraordinaacuterio Foi um

privileacutegiohellip

Obrigada a todos sem excepccedilatildeo

iii

Joana Bettencourt Porto 2010

Iacutendice

Dedicatoacuteria i

Agradecimentos ii

Lista de Abreviaturas v

Resumovi

Abstract vii

Introduccedilatildeo 1

Objectivos 3

Diabetes 3

Classificaccedilatildeo da Diabetes 3

Diabetes Mellitus tipo 2 4

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2 5

Sintomas de hiperglicemia marcada 5

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes 6

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2 6

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea 8

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada 11

Vitaminas Antioxidantes 13

Vitamina E 13

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos 14

Vitamina C 15

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos 15

Vitamina A e β-Caroteno 16

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos 17

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 2: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

Joana Bettencourt Porto 2010

i

Joana Bettencourt Porto 2010

Dedicatoacuteria

Tudo se constroacuteihelliphelliphelliphelliphellip hellip

hellipa felicidade a sabedoriahellip

hellipUMA VIDA

(Pensado e sentido por mim numa manhatilde ao acordarhellip)

Dedico todo o meu trabalho aos que mais me amam agrave minha famiacutelia e ao

Claacuteudio Valadatildeo agrave Dra Mafalda Oliveira e a todos aqueles que com a sua

sabedoria me fizeram crescer como pessoa

ii

Joana Bettencourt Porto 2010

Agradecimentos

Agrave Dra Mafalda Oliveira a minha ldquosuperrdquo orientadora pela sua simpatia

boa disposiccedilatildeo prontidatildeo disponibilidade ao seu grande espiacuterito profissional e

acima de tudo pela sua assertividade e capacidade de compreensatildeohellip Estou-lhe

muito grata

Aos meus pais irmatildeos e meu namorado que sempre me incentivaram e

com muito amor me deram forccedilas para lutar

Ao Centro de Sauacutede da Ribeira Grande e seu pessoal por me ter acolhido

tatildeo bem e me fazer ganhar grandes experiecircncias de vida em especial agrave Dra

Helena Cacircmara pelo seu profissionalismo e carinho extraordinaacuterio Foi um

privileacutegiohellip

Obrigada a todos sem excepccedilatildeo

iii

Joana Bettencourt Porto 2010

Iacutendice

Dedicatoacuteria i

Agradecimentos ii

Lista de Abreviaturas v

Resumovi

Abstract vii

Introduccedilatildeo 1

Objectivos 3

Diabetes 3

Classificaccedilatildeo da Diabetes 3

Diabetes Mellitus tipo 2 4

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2 5

Sintomas de hiperglicemia marcada 5

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes 6

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2 6

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea 8

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada 11

Vitaminas Antioxidantes 13

Vitamina E 13

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos 14

Vitamina C 15

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos 15

Vitamina A e β-Caroteno 16

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos 17

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 3: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

i

Joana Bettencourt Porto 2010

Dedicatoacuteria

Tudo se constroacuteihelliphelliphelliphelliphellip hellip

hellipa felicidade a sabedoriahellip

hellipUMA VIDA

(Pensado e sentido por mim numa manhatilde ao acordarhellip)

Dedico todo o meu trabalho aos que mais me amam agrave minha famiacutelia e ao

Claacuteudio Valadatildeo agrave Dra Mafalda Oliveira e a todos aqueles que com a sua

sabedoria me fizeram crescer como pessoa

ii

Joana Bettencourt Porto 2010

Agradecimentos

Agrave Dra Mafalda Oliveira a minha ldquosuperrdquo orientadora pela sua simpatia

boa disposiccedilatildeo prontidatildeo disponibilidade ao seu grande espiacuterito profissional e

acima de tudo pela sua assertividade e capacidade de compreensatildeohellip Estou-lhe

muito grata

Aos meus pais irmatildeos e meu namorado que sempre me incentivaram e

com muito amor me deram forccedilas para lutar

Ao Centro de Sauacutede da Ribeira Grande e seu pessoal por me ter acolhido

tatildeo bem e me fazer ganhar grandes experiecircncias de vida em especial agrave Dra

Helena Cacircmara pelo seu profissionalismo e carinho extraordinaacuterio Foi um

privileacutegiohellip

Obrigada a todos sem excepccedilatildeo

iii

Joana Bettencourt Porto 2010

Iacutendice

Dedicatoacuteria i

Agradecimentos ii

Lista de Abreviaturas v

Resumovi

Abstract vii

Introduccedilatildeo 1

Objectivos 3

Diabetes 3

Classificaccedilatildeo da Diabetes 3

Diabetes Mellitus tipo 2 4

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2 5

Sintomas de hiperglicemia marcada 5

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes 6

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2 6

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea 8

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada 11

Vitaminas Antioxidantes 13

Vitamina E 13

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos 14

Vitamina C 15

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos 15

Vitamina A e β-Caroteno 16

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos 17

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 4: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

ii

Joana Bettencourt Porto 2010

Agradecimentos

Agrave Dra Mafalda Oliveira a minha ldquosuperrdquo orientadora pela sua simpatia

boa disposiccedilatildeo prontidatildeo disponibilidade ao seu grande espiacuterito profissional e

acima de tudo pela sua assertividade e capacidade de compreensatildeohellip Estou-lhe

muito grata

Aos meus pais irmatildeos e meu namorado que sempre me incentivaram e

com muito amor me deram forccedilas para lutar

Ao Centro de Sauacutede da Ribeira Grande e seu pessoal por me ter acolhido

tatildeo bem e me fazer ganhar grandes experiecircncias de vida em especial agrave Dra

Helena Cacircmara pelo seu profissionalismo e carinho extraordinaacuterio Foi um

privileacutegiohellip

Obrigada a todos sem excepccedilatildeo

iii

Joana Bettencourt Porto 2010

Iacutendice

Dedicatoacuteria i

Agradecimentos ii

Lista de Abreviaturas v

Resumovi

Abstract vii

Introduccedilatildeo 1

Objectivos 3

Diabetes 3

Classificaccedilatildeo da Diabetes 3

Diabetes Mellitus tipo 2 4

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2 5

Sintomas de hiperglicemia marcada 5

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes 6

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2 6

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea 8

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada 11

Vitaminas Antioxidantes 13

Vitamina E 13

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos 14

Vitamina C 15

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos 15

Vitamina A e β-Caroteno 16

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos 17

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 5: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

iii

Joana Bettencourt Porto 2010

Iacutendice

Dedicatoacuteria i

Agradecimentos ii

Lista de Abreviaturas v

Resumovi

Abstract vii

Introduccedilatildeo 1

Objectivos 3

Diabetes 3

Classificaccedilatildeo da Diabetes 3

Diabetes Mellitus tipo 2 4

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2 5

Sintomas de hiperglicemia marcada 5

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes 6

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2 6

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea 8

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada 11

Vitaminas Antioxidantes 13

Vitamina E 13

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos 14

Vitamina C 15

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos 15

Vitamina A e β-Caroteno 16

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos 17

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 6: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

iv

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da

Diabetes Mellitus tipo 2 18

Discussatildeo e Conclusotildees 23

Referecircncias Bibliograacuteficas 25

Iacutendice de Anexos 30

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 7: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

v

Joana Bettencourt Porto 2010

Lista de Abreviaturas

ADA ndash American Diabetes Association

ATP ndash Adenosina Trifosfato

CI ndash Intervalo de Confianccedila

DCV ndash Doenccedilas Cardiovasculares

DM tipo 2 ndash Diabetes Mellitus tipo 2

DRIrsquos ndash Ingestatildeo Diaacuteria Recomendada

FFA ndash Free Fatty Acids

Glut-4 ndash Glucose Transporter type 4

HDLs ndash High-Density Lipoproteins

HTA ndash Hipertensatildeo Arterial

IMC ndash Iacutendice de Massa Corporal

LDLs ndash Low-Density Lipoproteins

MODY ndash Maturity-Onset Diabetes of the Young

NADPH ndash Nicotinamide Adenine Dinucleotide Phosphate

NO ndash Oacutexido Niacutetrico

OMS ndash Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PUFAs ndash Polyunsaturated Fatty Acids

RAA ndash Regiatildeo Autoacutenoma dos Accedilores

RBP ndash Retinol-Binding Protein

RR ndash Risco Relativo

TG ndash Trigliceriacutedeos

VLDLs ndash Very-Low-Density Lipoproteins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 8: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

vi

Joana Bettencourt Porto 2010

Resumo

A diabetes eacute uma doenccedila de elevada prevalecircncia em Portugal

especialmente na RAA bem como em todo o mundo

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitamina E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 foi proposta Este trabalho tem como principal

objectivo a revisatildeo do papel das referidas vitaminas antioxidantes e seus

mecanismos na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da DM tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a uma eventual falecircncia destas ceacutelulas

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo este utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do

consumo de diversos nutrientes antioxidantes

Indiviacuteduos com diabetes mostram elevados niacuteveis de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres A par destes processos

ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos monoacutecitos via receptores

captadores e neutralizadores (scavenger) e a sua acumulaccedilatildeo nas ceacutelulas

provocando lesotildees ateroscleroacuteticas As vitaminas E e C e β-caroteno podem

impedir que tal aconteccedila pelos seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e

outros radicais livres impedindo a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se

verifique deposiccedilatildeo de placas de ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS

pelas vitaminas antioxidantes vai fazer com que se mantenha uma produccedilatildeo

normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo

de plaquetas e a sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da aderecircncia dos monoacutecitos ao

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 9: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

vii

Joana Bettencourt Porto 2010

endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica

da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em tais vitaminas

antioxidantes visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de

prevenccedilatildeo da DM tipo 2

Palavras-Chave Diabetes Mellitus tipo 2 Vitaminas antioxidantes Hiperglicemia

Resistecircncia agrave insulina Stress oxidativo Disfunccedilatildeo endotelial Aterogeacutenese

Abstract

Diabetes is a disease of high prevalence in Portugal especially in the RAA

as well as worldwide

The hypothesis that antioxidant vitamins (vitamin E vitamin C and β-

carotene) have a beneficial effect against the development andor progression of

type 2 DM have been proposed The main goal of this work was to review the role

of the mentioned vitamins and their mechanisms in primary secondary and tertiary

prevention of type 2 DM

The pathophysiology of type 2 DM is characterized by insulin resistance

abnormal regulation of hepatic glucose production and impairment of β-cellsrsquo

function eventually leading to their failure

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 10: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

viii

Joana Bettencourt Porto 2010

Putatively antioxidants protect against disease and this is being used as an

argument to recommend the increase of several antioxidant nutrientsrsquo

consumption

Individuals with diabetes show high levels of oxidative stress producing a

large amount of free radicals Beside these processes oxidation of LDL its

capture by monocytes via scavenger receptors and its accumulation in the cells

occurs causing atherosclerotic injuries Vitamins E and C and β-carotene can

prevent that by capturing and neutralizing free radicals and other ROS

preventing lipid peroxidation and avoiding the deposition of the atheroma plaques

Moreover the reduction of ROS by antioxidant vitamins will maintain the normal

production of NO in vascular smooth muscle cells with inhibition of platelet

adhesion and aggregation reduction of the adhesion of monocytes to the

endothelium inhibition of the proliferation of vascular smooth muscle and a

cyclical reduction of LDL oxidation capacity of monocytes

Although there is still no consensus on the beneficial role of antioxidant

vitamins in type 2 DM after reviewing several studies it may be concluded that it is

important to encourage the consumption of antioxidant vitamins rich food since

there are evidences of their beneficial effects at the three prevention levels of type

2 DM

Keywords Type 2 Diabetes Mellitus Antioxidant vitamins Hyperglycemia Insulin

resistance Oxidative Stress Endothelial dysfunction Atherogenesis

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 11: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

1

Joana Bettencourt Porto 2010

Introduccedilatildeo

Segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (OMS) a diabetes eacute uma doenccedila

croacutenica que surge quando o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente ou quando o

corpo natildeo pode utilizar eficazmente a insulina (hormona que regula o accediluacutecar no

sangue) que produz A hiperglicemia eacute um efeito comum da diabetes descontrolada

e ao longo do tempo leva a seacuterios danos em vaacuterios sistemas do organismo

especialmente nos nervos e vasos sanguiacuteneos1

Mais de 220 milhotildees de pessoas no mundo tecircm diabetes e em 2005 cerca de

11 milhotildees de pessoas morreram desta patologia 1

Dados 20052006 do Instituto Nacional de Estatiacutestica e Instituto Nacional de

Sauacutede Dr Ricardo Jorge (4ordm Inqueacuterito Nacional de Sauacutede ndash 20052006) apontam

para uma percentagem de diabetes na populaccedilatildeo do continente RAA e Regiatildeo

Autoacutenoma da Madeira de 65 67 e 46 respectivamente2 Contudo um

estudo posterior o Estudo de Prevalecircncia da Diabetes em Portugal (2009) para o

total da populaccedilatildeo portuguesa indica uma prevalecircncia de 117 sendo que os

Accedilores aparecem com os valores regionais mais elevados do paiacutes com uma

prevalecircncia de 143 (92 com diabetes diagnosticada e 51 com diabetes natildeo

diagnosticada) 3

Existem diversos tipos de diabetes contudo este trabalho iraacute abordar apenas

a DM tipo 2

Estilos de vida pouco saudaacuteveis ndash elevado sedentarismo e elevada densidade

energeacutetica alimentar ndash encontram-se directamente relacionados com a incidecircncia de

DM tipo 2 bem como com a obesidade4

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 12: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

2

Joana Bettencourt Porto 2010

Os principais factores de risco da DM tipo 2 segundo Tuomilehto et al5 satildeo a

obesidade adiposidade central estilos de vida sedentaacuterios alimentaccedilatildeo rica em

gordura (principalmente saturada) e baixa ingestatildeo de fibras alimentares Para aleacutem

destes factores ambientais Hamman6 defende existir uma forte componente

geneacutetica no risco desta patologia

A prevenccedilatildeo da diabetes foi classificada em trecircs niacuteveis prevenir a diabetes

(prevenccedilatildeo primaacuteria) controlar a diabetes (prevenccedilatildeo secundaacuteria) tratar e controlar

as complicaccedilotildees da diabetes (prevenccedilatildeo terciaacuteria)7-8 Uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel eacute

de extrema importacircncia para estes diferentes niacuteveis de prevenccedilatildeo8

A hipoacutetese de que as vitaminas antioxidantes (vitaminas E vitamina C e β-

caroteno) possuem um efeito beneacutefico contra o desenvolvimento eou agravamento

da DM tipo 2 foi proposta9-12 Esta possibilidade deve-se provavelmente ao facto

destas vitaminas actuarem no sentido de diminuir o stress oxidativo que surge na

diabetes em consequecircncia agrave hiperglicemia verificada

Os alimentos mais ricos nas vitaminas referidas anteriormente e de grande

relevacircncia numa alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo as frutas os hortiacutecolas de cores vivas e

o azeite (no caso da vitamina E)13-14

Tem-se verificado que a incidecircncia de DM tipo 2 tem aumentado ao longo dos

anos tal como a da obesidade sendo este aumento acompanhado pela alteraccedilatildeo

nos haacutebitos alimentares tradicionais os quais eram agrave base de alimentos ricos em

vitaminas especialmente as antioxidantes e desvio do padratildeo alimentar

mediterracircneo

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 13: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

3

Joana Bettencourt Porto 2010

Objectivos

Este trabalho tem como principal objectivo a revisatildeo do papel das vitaminas

antioxidantes (vitamina E vitamina C e b-caroteno) e seus mecanismos na

prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria da Diabetes Mellitus tipo 2

Diabetes

Definiccedilatildeo e descriccedilatildeo da Diabetes Mellitus

A Diabetes Mellitus eacute uma desordem metaboacutelica caracterizada por

hiperglicemia resultante de defeitos na secreccedilatildeo de insulina acccedilatildeo da insulina ou

ambas Esta hiperglicemia croacutenica da diabetes encontra-se associada a danos de

longo termo disfunccedilotildees e falhas em diversos oacutergatildeos em especial nos olhos rins

nervos coraccedilatildeo e vasos sanguiacuteneos15-18

Classificaccedilatildeo da Diabetes

A maior parte dos casos de diabetes recai sobre duas grandes categorias

etiopatogeacuteneticas

Diabetes Mellitus tipo 1 Causada pela deficiecircncia absoluta de secreccedilatildeo de

insulina devido agrave destruiccedilatildeo das ceacutelulas-β podendo ser diabetes imuno-

mediada ou idiopaacutetica15-1619

Diabetes Mellitus tipo 2 Causada por resistecircncia agrave insulina (factor

predominante) com relativa deficiecircncia insuliacutenica ou ateacute mesmo uma

secreccedilatildeo insuliacutenica deficitaacuteria (factor predominante) com agravamento da

resistecircncia agrave insulina15-1619

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 14: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

4

Joana Bettencourt Porto 2010

Para aleacutem destes dois tipos de diabetes existem ainda outros menos comuns

tais como

Diabetes Gestacional15-16

Outros tipos especiacuteficos defeitos geneacuteticos na funccedilatildeo das ceacutelulas-β defeitos

geneacuteticos na acccedilatildeo da insulina doenccedilas do pacircncreas exoacutecrino

endocrinopatias drogas e substacircncias quiacutemicas induzidas infecccedilotildees formas

incomuns de diabetes imuno-mediadas e outros siacutedromes geneacuteticos por

vezes associados agrave diabetes15-16

Diabetes Mellitus tipo 2

A Diabetes Mellitus tipo 2 eacute uma desordem croacutenica caracterizada por

hiperglicemia e consequentemente associada a complicaccedilotildees microvasculares a

niacutevel da retina renal e neuropaacuteticas complicaccedilotildees macrovasculares a niacutevel

coronaacuterio e vascular perifeacuterico e complicaccedilotildees neuropaacuteticas a niacutevel autoacutenomo e

perifeacuterico20-22

A DM tipo2 desenvolve-se quando a produccedilatildeo de insulina eacute insuficiente para

normalizar os niacuteveis de glucose e diminuir a hiperglicemia

Ao contraacuterio do que sucede na diabetes tipo 1 os diabeacuteticos tipo 2 natildeo satildeo

absolutamente dependentes de insulina para sobreviver embora alguns pacientes

com DM tipo 2 necessitem de ser tratados com insulina1620

A forma de diagnoacutestico da DM tipo 2 segundo os criteacuterios da ADA15

encontra-se descrita no Anexo A

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 15: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

5

Joana Bettencourt Porto 2010

Causas da Diabetes Mellitus tipo 2

A superimposiccedilatildeo dos excessos caloacutericos (elevada ingestatildeo e baixo gasto)

associada a um genoacutetipo susceptiacutevel pode levar ao aparecimento da DM tipo 2

Contudo muitos outros factores podem tambeacutem ser importantes no aparecimento

desta patologia2022

Em seguimento aos factores causadores da DM tipo 2 surgem fenoacutemenos

como os abaixo mencionados os quais contribuem para o agravamento da patologia

e suas futuras complicaccedilotildees

Resistecircncia agrave insulina incapacidade de utilizaccedilatildeo da insulina produzida pelo

organismo devido a um defeito no receptor celular Incapacidade da glucose

ser absorvida pelas ceacutelulas para servir de combustiacutevel1623-24

Diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina o pacircncreas natildeo produz insulina suficiente

para responder aos niacuteveis de glucose 1623-24

Produccedilatildeo excessiva de glucose pelo fiacutegado resultado duma secreccedilatildeo

anormal de insulina 1623-24

Sintomas de hiperglicemia marcada

Poliuacuteria polidiacutepsia perda de peso por vezes com polifagia e visatildeo turva

Numa hiperglicemia croacutenica tambeacutem pode haver comprometimento do

crescimento e susceptibilidade a certas infecccedilotildees Uma diabetes natildeo

controlada pode acarretar consequecircncias fatais tais como a hiperglicemia

com cetoacidose ou um siacutendrome hiperosmolar natildeo cetoacutenico15

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 16: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

6

Joana Bettencourt Porto 2010

Complicaccedilotildees de longo termo da Diabetes

Problemas Macrovasculares Existe uma maior incidecircncia de doenccedilas

ateroscleroacuteticas cardiovasculares arteriais perifeacutericas e cerebrovasculares

em diabeacuteticos e HTA Para aleacutem disso satildeo tambeacutem frequentemente

encontradas anormalidades no metabolismo das lipoproteinas nestes

doentes131519-21

Problemas Microvasculares nefropatia inicial a falecircncia renal retinopatia com

perda potencial de visatildeo neuropatia perifeacuterica com risco de uacutelceras nos peacutes

amputaccedilotildees e juntas de Charcot e neuropatia autonoacutemica geradora de

sintomas a niacutevel gastrointestinal genitourinaacuterio cardiovasculares e disfunccedilatildeo

sexual 131519-21

Fisiopatologia da Diabetes Mellitus tipo 2

A fisiopatologia da DM tipo 2 caracteriza-se por resistecircncia perifeacuterica agrave

insulina regulaccedilatildeo anormal da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e decliacutenio da funccedilatildeo

das ceacutelulas-β levando a eventual falecircncia destas ceacutelulas16-24

Inicialmente surge um deacutefice de secreccedilatildeo de insulina o que em muitos

pacientes se encontra associado com resistecircncia agrave insulina originando

hiperglicemia24

A hiperglicemia resulta de uma deficiecircncia endoacutegena de insulina que pode

ser absoluta no caso da diabetes tipo 1 ou relativa na DM tipo 2 Uma deficiecircncia

relativa de insulina surge normalmente devido agraves acccedilotildees de resistecircncia agrave insulina no

muacutesculo gordura e fiacutegado bem como por uma resposta inadequada das ceacutelulas-β

pancreaacuteticas A resistecircncia agrave insulina deve-se a elevados niacuteveis de FFA no plasma

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 17: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

7

Joana Bettencourt Porto 2010

levando a uma diminuiccedilatildeo do transporte de glucose no muacutesculo aumento da

produccedilatildeo hepaacutetica de glucose e aumento da acumulaccedilatildeo de gordura20

A resistecircncia agrave insulina surge quando as ceacutelulas do corpo (fiacutegado muacutesculo

esqueleacutetico e tecido adiposo) se tornam menos sensiacuteveis e consequentemente

resistentes agrave insulina a qual eacute uma hormona produzida pelas ceacutelulas-β no pacircncreas

para facilitar a absorccedilatildeo de glucose Esta pode natildeo ser absorvida pelas ceacutelulas

permanecendo no sangue o que desencadeia a necessidade de um aumento

gradual de produccedilatildeo de insulina (hiperinsulinemia) para processar essa glucose

Com esta produccedilatildeo crescente de insulina resulta um eventual desgaste das ceacutelulas-

β enfraquecendo-se assim a produccedilatildeo de insulina Natildeo sendo o pacircncreas capaz de

produzir insulina suficiente a pessoa torna-se hiperglicemiante e posteriormente

ser-lhe-agrave diagnosticada uma DM tipo 2 Anteriormente a esta fase jaacute estatildeo a

decorrer danos no organismo nomeadamente a acumulaccedilatildeo de TG o que prejudica

a sensibilidade agrave insulina25

A dessensibilizaccedilatildeo ou glucotoxicidade das ceacutelulas-β eacute um fenoacutemeno

secundaacuterio que resulta de um efeito inibitoacuterio da glucose libertando-se insulina

Este fenoacutemeno pode dever-se a uma acumulaccedilatildeo de glicogeacutenio dentro das ceacutelulas-β

como resultado duma hiperglicemia marcada24

Ainda natildeo se conhece completamente a geneacutetica da DM tipo 2 visto ser

extremamente complexa sabendo-se apenas que esta doenccedila se encontra

associada a muacuteltiplos genes20

A DM tipo 2 surge quando existem ldquoestilos de vida diabetogeacutenicosrdquo ndash ingestatildeo

caloacuterica excessiva gasto caloacuterico inadequado e obesidade ndash que

consequentemente conduzem a uma super imposiccedilatildeo de um genoacutetipo susceptiacutevel

O IMC num patamar de peso excessivo aumenta o risco de DM tipo 2 o qual pode

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 18: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

8

Joana Bettencourt Porto 2010

ser maior ou menor em diferentes grupos raciais Considera-se ainda que ambientes

in uacutetero resultantes em baixo peso do bebeacute agrave nascenccedila bem como nos casos de

diabetes gestacional podem predispor alguns destes indiviacuteduos a desenvolver DM

tipo 219-20

A hiperglicemia torna-se assim determinante para as complicaccedilotildees

microvasculares e metaboacutelicas sendo menos relacionada com doenccedila

macrovascular A resistecircncia agrave insulina em paralelo com anomalias lipiacutedicas (eg

niacuteveis elevados de LDL niacuteveis baixos de HDL e elevados TG) e anomalias

tromboacuteticas (eg elevaccedilatildeo do plasminogeacutenio [PAI-1] e fibrinogeacutenio) bem como os

factores de risco ateroscleroacutetico (eg histoacuteria familiar tabaco HTA elevado LDL e

baixo HDL) determinam o risco cardiovascular20

Stern em 1996 e Haffner e DrsquoAgostino em 1999 desenvolveram a hipoacutetese do

ldquoticking clockrdquo sobre as complicaccedilotildees da DM tipo 2 afirmando que o reloacutegio comeccedila

a contar para o risco microvascular aquando da hiperglicemia ao passo que para o

risco macrovascular o reloacutegio comeccedila a contar num ponto antecedente

possivelmente aquando da resistecircncia agrave insulina20

Fisiologia da regulaccedilatildeo normal da glucose sanguiacutenea

O destino metaboacutelico da glucose proveniente da alimentaccedilatildeo depende de

diversas hormonas como o glucagon glucocorticoides catecolaminas e hormona do

crescimento as quais interagem com a insulina sendo nesta a de maior importacircncia

nesta homeostase A glucose ingerida ou transformada a partir de outros hidratos de

carbono eacute rapidamente absorvida no intestino delgado e em seguida transportada

para o fiacutegado pela veia porta Daacute-se a remoccedilatildeo da glucose em 30 a 70 e a

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 19: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

9

Joana Bettencourt Porto 2010

restante entra na circulaccedilatildeo perifeacuterica onde a regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina e

resposta dos tecidos alvo agrave insulina promovem a libertaccedilatildeo da glucose16

Apoacutes cada refeiccedilatildeo eacute secretada insulina pelas ceacutelulas-β em resposta agrave

elevaccedilatildeo de glucose sanguiacutenea efeito este que eacute aumentado pelo nervo vago e por

hormonas do intestino como a colecistokinina peptideo insulinotroacutepico dependente

de glucose e o glucagon-like peptide 1 Os niacuteveis de insulina aumentam agrave medida

que a glucose entra em circulaccedilatildeo promovendo a remoccedilatildeo de glucose pelo fiacutegado e

estimulando o seu transporte para o muacutesculo e tecido adiposo os quais a utilizam

como combustiacutevel metaboacutelico ou para reserva (figura 1)16

A glucose entra no fiacutegado por difusatildeo facilitada a favor do gradiente de

concentraccedilatildeo a qual eacute metabolizada produzindo ATP pela via glicoliacutetica A insulina

actua de forma a alterar a acccedilatildeo das enzimas fazendo com que a glucose entre

para o hepatoacutecito promovendo a glicoacutelise e subsequente aumento da siacutentese de

glicogeacutenio e inibindo enzimas importantes para os processos de glicogenoacutelise e

gluconeogeacutenese interrompendo a produccedilatildeo hepaacutetica de glucose A porccedilatildeo de

glucose que entra no hepatoacutecito eacute convertida em TG e exportada para o adipoacutecito

para ser armazenado16

No muacutesculo-esqueleacutetico a insulina estimula directamente a entrada de

glucose atraveacutes da translocaccedilatildeo realizada por transportadores de glucose como a

Glut-4 Assim a insulina estimula a glicoacutelise e a formaccedilatildeo de glicogeacutenio no muacutesculo

A reserva de glicogeacutenio muscular eacute rapidamente mobilizada como fonte energeacutetica

durante o exerciacutecio o qual pode natildeo ser directamente reposto pelos niacuteveis

sanguiacuteneos de glucose por carecircncia da enzima glucose-6-fosfatase a qual eacute

necessaacuteria para permitir a passagem da glucose livre para a circulaccedilatildeo A

estimulaccedilatildeo insuliacutenica melhora os efeitos desta na siacutentese proteica e diminui o

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 20: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

10

Joana Bettencourt Porto 2010

acesso dos aminoaacutecidos agrave circulaccedilatildeo para servirem de substrato agrave gluconeogeacutenese

hepaacutetica Desta forma a insulina inibe a proteoacutelise muscular natildeo contribuindo para o

processo de gluconeogeacutenese hepaacutetico16

No tecido adiposo a insulina estimula a entrada de glucose via

transportador Glut-4 promovendo substrato para a formaccedilatildeo de energia e siacutentese

de glicerol A insulina tem como efeito principal neste tecido inibir a lipoacutelise e

estimular a entrada de FFA para a siacutentese de TG servindo outros tecidos com esta

fonte energeacutetica derivada de gordura o que contribui para diminuir os niacuteveis seacutericos

de glucose e favorecer a utilizaccedilatildeo desta em muacuteltiplos tecidos16

Assim compreende-se o efeito da insulina em diversos tecidos apoacutes a

ingestatildeo alimentar diminuindo a glucose sanguiacutenea e prevenindo a hiperglicemia

inibindo ainda a mobilizaccedilatildeo de fontes energeacuteticas alternativas Muitos dos

problemas que surgem em estados graves de diabetes descontrolada podem ser

explicados pela falta da acccedilatildeo da insulina nestes tecidos16

Figura 1 Efeitos da insulina na homeostase da glucose apoacutes ingestatildeo alimentar (retirado de16)

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 21: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

11

Joana Bettencourt Porto 2010

Fisipatologia da Diabetes natildeo controlada

A diabetes natildeo controlada surge quando os niacuteveis de insulina em circulaccedilatildeo

satildeo insuficientes para diminuir as elevadas concentraccedilotildees de glucose sanguiacutenea a

qual inclui um espectro de anormalidades que vatildeo desde uma ligeira falta de

insulina causando hiperglicemia ateacute a uma marcada falta de insulina e prolongada

insulinopenia causando cetoacidose e depleccedilatildeo de electroacutelitos16

Em seguimento a uma ingestatildeo alimentar uma porccedilatildeo da glucose que eacute

absorvida para a circulaccedilatildeo portal eacute removida pelo fiacutegado transformando-se em

reserva de glicogeacutenio convertida em liacutepido ou consumida pelas vias de geraccedilatildeo de

energia Estes satildeo processos que consequentemente satildeo diminuiacutedos devido agrave

deficiecircncia de insulina resultando num aumento da absorccedilatildeo de glucose pela

circulaccedilatildeo sisteacutemica (figura 2) Na diabetes surge diminuiccedilatildeo da entrada de glucose

no muacutesculo-esqueleacutetico em consequecircncia agrave deficiecircncia de insulina e marcada

diminuiccedilatildeo da actividade do transportador Glut-4 por falta de estimulaccedilatildeo insuliacutenica

na superfiacutecie membranar Em outros tecidos sensiacuteveis agrave insulina como o tecido

adiposo e o miocaacuterdio tambeacutem existe reduccedilatildeo da entrada de glucose e do seu

metabolismo16

A hiperglicemia causada pela diabetes natildeo controlada torna-se cada vez

maior agravando a situaccedilatildeo pois a baixa concentraccedilatildeo de insulina leva ao

aparecimento de respostas metaboacutelicas exageradas que normalmente servem para

proteger contra o aparecimento de uma hipoglicemia em jejum Estas respostas a

um baixo niacutevel de insulina incluem inicialmente conversatildeo das reservas de

glicogeacutenio em glucose e em simultacircneo a estimulaccedilatildeo das enzimas hepaacuteticas

envolvidas na gluconeogeacutenese resultando num aumento da produccedilatildeo de glucose

derivada de produtos da glicoacutelise muscular (como o lactato e piruvato) aminoaacutecidos

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 22: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

12

Joana Bettencourt Porto 2010

das proteiacutenas musculares e glicerol das reservas de TG dos adipoacutecitos Com a

persistente deficiecircncia de insulina vai haver depleccedilatildeo das reservas de glicogeacutenio e a

gluconeogeacutenese hepaacutetica torna-se o maior factor de aumento da hiperglicemia

Seguindo-se a depleccedilatildeo das reservas de proteiacutena e gordura para a produccedilatildeo

exagerada de glucose a qual contribui para o agravamento da hiperglicemia jaacute

existente16

Figura 2 Eventos metaboacutelicos que levam a hipergliceacutemia num estado poacutes-absortivo na Diabetes

Mellitus natildeo controlada (retirado de16)

O niacutevel elevado de FFA que se encontra na DM tipo 2 tem um papel muito

importante no aumento da produccedilatildeo hepaacutetica de glucose24

A acumulaccedilatildeo excessiva de glucose em circulaccedilatildeo e no espaccedilo extracelular

leva a um movimento da aacutegua para fora das ceacutelulas com vista a manter o balanccedilo

osmoacutetico causando desidrataccedilatildeo intracelular e consequente diurese com perda de

electroacutelitos sendo a sua severidade dependente da duraccedilatildeo da hiperglicemia Isto

leva inicialmente a sintomas como poliuacuteria e polidiacutepsia e posteriormente caso se

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 23: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

13

Joana Bettencourt Porto 2010

agrave e prolongue a deficiecircncia de insulina a perda de grandes quantidades de

glucose pela urina e perda de peso Caso a hiperosmolaridade natildeo seja

compensada com a adequada ingestatildeo de aacutegua pode em caso extremo dar origem

a coma hiperosmolar16

Vitaminas Antioxidantes

Membros do Food and Nutrition Board do National Research Council (United

States) definiram antioxidante alimentar como uma substacircncia nos alimentos que

diminui consideravelmente os efeitos adversos causados pelas ROS espeacutecies

reactivas de nitrogeacutenio ou ambas numa normal funccedilatildeo fisioloacutegica em humanos26

O potencial efeito beneacutefico dos antioxidantes eacute proteger contra a doenccedila

sendo isto utilizado como argumento para a recomendaccedilatildeo do aumento do consumo

de diversos nutrientes antioxidantes26

Existem diversos antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno

flavonoacuteides seleacutenio licopeno compostos fenoacutelicos entre outros No entanto este

trabalho iraacute debruccedilar-se apenas sobre as vitaminas antioxidantes (vitamina E e C e

β-caroteno)

A ingestatildeo diaacuteria recomendada (DRIrsquos) para estas vitaminas encontra-se

tabelada no Anexo B27

Vitamina E

A vitamina E tambeacutem designada por tocoferol eacute o maior antioxidante

lipossoluacutevel do sistema de defesa antioxidante das ceacutelulas sendo obtida atraveacutes da

alimentaccedilatildeo2628 Esta vitamina pode encontrar-se em diversas formas como - α β γ

e δ-tocoferol - e α-tocotrienol2628-29 sendo a mais comum a α-tocoferol

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 24: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

14

Joana Bettencourt Porto 2010

A vitamina E localiza-se primariamente nas estruturas fosfolipiacutedicas das

membranas celulares26

Papel da vitamina E nos processos metaboacutelicos humanos

As moleacuteculas desta vitamina doam facilmente um hidrogeacutenio do grupo

hidroxilo (-OH) da sua estrutura em anel aos radicais livres tornando-os natildeo

reactivos26

A principal funccedilatildeo bioloacutegica da vitamina E eacute proteger os PUFAs e outros

componentes das membranas celulares e as LDL da oxidaccedilatildeo pelos radicais livres

(figura 3) A sua localizaccedilatildeo nas ceacutelulas e nos componentes das membranas

proporciona um maior efeito protector Apoacutes cada reacccedilatildeo com os radicais livres eacute

rapidamente regenerada possivelmente por outros antioxidantes1326

A oxidaccedilatildeo dos PUFAs leva a distuacuterbios na estrutura e funccedilotildees da membrana

e consequentes problemas na funccedilatildeo celular1326

LDL

Figura 3 Diagrama ilustrativo do efeito dos radicais livres especificamente oxigeacutenio toacutexico nas LDL

na ausecircncia e presenccedila da vitamina E (Adaptado de29)

Elevados niacuteveis de produtos derivados da peroxidaccedilatildeo lipiacutedica encontram-se

associados com inuacutemeras doenccedilas e condiccedilotildees cliacutenicas26

Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL no fagoacutecito e acumulaccedilatildeo de colesterol em alguns tipos de fagoacutecitos

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os fagoacutecitos

Interrupccedilatildeo na aquisiccedilatildeo de Polipeptideo apo B danificado

Digestatildeo do LDL e conversatildeo de colesterol em aacutecidos biliares

Oxigeacutenio Toacutexico

Entrada para os hepatoacutecitos

LDL com Vitamina E

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 25: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

15

Joana Bettencourt Porto 2010

A absorccedilatildeo desta vitamina eacute realizada no intestino e depende da secreccedilatildeo

biliar e da formaccedilatildeo de micelas passando em seguida pelos enteroacutecitos onde eacute

incorporada nos quilomicrons e secretada para o espaccedilo intracelular sistema

linfaacutetico e subsequentemente para a circulaccedilatildeo sanguiacutenea Em seguida pode ser

transferida para as HDL LDL e VLDL2629

Vitamina C

A vitamina C tambeacutem designada por aacutecido ascoacuterbico ou ascorbato eacute uma

vitamina hidrossoluacutevel com capacidade antioxidante 132629

Papel da vitamina C nos processos metaboacutelicos humanos

A vitamina C actua como um dador de electrotildees podendo ser um agente

redutor ou antioxidante Eacute um potente antioxidante pelo facto de doar um aacutetomo de

hidrogeacutenio e formar um radical livre ndash ascorbil ndash relativamente estaacutevel (aniatildeo L-

ascorbato por exemplo) Como possui capacidade de captar e neutralizar os ROS o

ascorbato torna-se efectivo contra o aniatildeo radical superoacutexido peroacutexido de

hidrogeacutenio radical hidroxilo e oxigeacutenio livre Esta vitamina tambeacutem capta e

neutraliza as espeacutecies reactivas de NO prevenindo a nitrosaccedilatildeo das moleacuteculas alvo

O radical livre ascorbil pode ser convertido de volta a ascorbato reduzido aceitando

outro aacutetomo de hidrogeacutenio ou submeter-se agrave oxidaccedilatildeo para dehidroascorbato (figura

4) Este uacuteltimo vai ser reduzido novamente a ascorbato nos eritroacutecitos pela

glutationa ou pelo NADPH26

Assim todos estes mecanismos proporcionam a reciclagem da vitamina C

mantendo o ascorbato na forma reduzida para proporcionar bons niacuteveis de vitamina

C para uma oacuteptima actividade antioxidante Esta reciclagem depende do ambiente

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 26: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

16

Joana Bettencourt Porto 2010

reduzido que existe nas ceacutelulas metabolicamente activas sendo que em tecidos

atoacutepicos ou tecidos expostos a inflamaccedilatildeo a viabilidade das ceacutelulas pode falhar e

com isso diminuir a habilidade de reciclagem da vitamina C26

RH R RH

Figura 4 Possiacutevel acccedilatildeo da vitamina C na reduccedilatildeo dos danos causados pelos radicais (adaptado

de29)

Vitamina A e β-Caroteno

A vitamina A tambeacutem designada por retinol eacute um nutriente essencial ao

organismo humano para se estabelecer o normal funcionamento do sistema visual

crescimento e desenvolvimento correcto e para manter a integridade celular dos

epiteacutelios funccedilatildeo imune e reproduccedilatildeo As necessidades diaacuterias desta vitamina satildeo

normalmente provenientes do eacutester de retinil e carotenoacuteides (exemplo β-caroteno)

(figura 5)1326

O eacutester de retinil e o caroteno satildeo hidrolizados a retinol no intestino e em

seguida transportados pela linfa ateacute ao fiacutegado como parte integrante dos

quilomicrons e lipoproteinas No fiacutegado o retinol liga-se agrave RBP e migra ligado agrave preacute-

albumina seacuterica atraveacutes do sangue ateacute aos tecidos Cerca de 90 da vitamina A

fica armazenada no fiacutegado para subsequentemente ser depositada noutros oacutergatildeos

A RBP transporta a vitamina A na circulaccedilatildeo a qual posteriormente poderaacute ser

removida pelos rins132629

Ascorbato Semidehidroascorbato

HO HOH

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 27: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

17

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 5 Forma pela qual a vitamina A chega agraves ceacutelulas alvo dos oacutergatildeos (retirado de13)

Papel do β-Caroteno nos processos metaboacutelicos humanos

Existem diversos carotenoacuteides com actividade proacute-vitamina A sendo o β-

caroteno o mais importante26

As propriedades antioxidantes dos carotenoacuteides encontram-se directamente

relacionadas com o extenso sistema de ligaccedilotildees duplas e com as estruturas em anel

presentes nas suas moleacuteculas As espeacutecies reactivas captadas e neutralizadas

pelos carotenoacuteides satildeo os aniotildees superoacutexido (O2-) e os radicais peroxilo26

Burton e Ingold (1984) foram os primeiros a dar atenccedilatildeo agraves propriedades de

captaccedilatildeo e neutralizaccedilatildeo que o β-caroteno possui mostrando atraveacutes de estudos in

vitro que o β-caroteno era efectivo na reduccedilatildeo da taxa de peroxidaccedilatildeo lipiacutedica pela

baixa concentraccedilatildeo de oxigeacutenio encontrada nos tecidos26

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 28: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

18

Joana Bettencourt Porto 2010

Enquadramento das Vitaminas Antioxidantes na fisiop atologia da Diabetes

Mellitus tipo 2

Indiviacuteduos com diabetes mostram um elevado niacutevel de stress oxidativo

produzindo uma grande quantidade de radicais livres222830-32 Assim pode pensar-

se na forma como as vitaminas antioxidantes podem prevenir ou atenuar esse stress

oxidativo de forma a evitar a disfunccedilatildeo endotelial ou ateacute mesmo possiacuteveis problemas

ateroscleroacuteticos

Na diabetes a hiperglicemia o excesso de FFA e a resistecircncia agrave insulina

geram eventos metaboacutelicos adversos nas ceacutelulas endoteliais prejudicando a funccedilatildeo

endotelial com consequente aumento da vasoconstriccedilatildeo inflamaccedilatildeo e promoccedilatildeo de

trombose (figura 6) Subsequentemente a diminuiccedilatildeo do NO e aumento das

concentraccedilotildees de endotelina-1 e angiotensina II levam a um aumento do toacutenus

vascular crescimento e migraccedilatildeo das ceacutelulas do muacutesculo liso vascular a activaccedilatildeo

do NF-kB (transcription factors nuclear factor) e do activador da proteiacutena 1 induzem

a expressatildeo do gene inflamatoacuterio com libertaccedilatildeo de quimiocinas (leukocyte-

attracting) aumento da produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e aumento da expressatildeo

de moleacuteculas de adesatildeo celular o aumento da produccedilatildeo do factor tecidual e de

plasminogeacutenio activadorinibidor 1 datildeo origem a um ambiente proacute-tromboacutetico

enquanto os niacuteveis diminuiacutedos de NO derivado do endoteacutelio e de prostaciclinas

beneficiam a activaccedilatildeo plaquetar30

O NO inibe a adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduz a aderecircncia dos

monoacutecitos ao endoteacutelio a proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso vascular e elimina a

capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL22

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 29: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

19

Joana Bettencourt Porto 2010

Figura 6 Disfunccedilatildeo endotelial na diabetes (retirado de30)

A hiperglicemia inibe a produccedilatildeo de NO por bloqueio do eNOS synthase

activation e pelo aumento da produccedilatildeo de ROS especialmente o aniatildeo superoacutexido

(O2-) nas ceacutelulas do muacutesculo liso vascular2230-31

A resistecircncia agrave insulina conduz a um excesso de libertaccedilatildeo de FFA do tecido

adiposo os quais activam a enzima proteiacutena C quinase inibem a fosfatidilinositol-3

(PI-3) quinase (agonista da via eNOS) e aumentam a produccedilatildeo de ROS Tais

mecanismos prejudicam directamente a produccedilatildeo de NO eou diminuem a sua

biodisponibilidade30

A par destes processos ocorre oxidaccedilatildeo das LDL captura destas pelos

monoacutecitos via receptores captadores e neutralizadores (scavenger) e acumulaccedilatildeo

nas ceacutelulas provocando lesotildees ateroscleroacuteticas Assim a diabetes altera as funccedilotildees

do muacutesculo liso vascular promovendo a formaccedilatildeo de lesotildees ateroscleroacuteticas

instabilidade das placas de ateroma e sequelas cliacutenicas pelo aumento de tais

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 30: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

20

Joana Bettencourt Porto 2010

processos patoloacutegicos2230 Pessoas com diabetes possuem elevados niacuteveis de auto-

anticorpos para a oxidaccedilatildeo das LDL e aumento da susceptibilidade de oxidaccedilatildeo

destas31 As vitaminas E e C e β-caroteno podem impedir que tal aconteccedila pelos

seguintes motivos captam e neutralizam as ROS e outros radicais livres impedindo

a peroxidaccedilatildeo lipiacutedica e levando a que natildeo se verifique deposiccedilatildeo de placas de

ateroma Por outro lado a reduccedilatildeo das ROS pelas vitaminas antioxidantes vai fazer

com que se mantenha uma produccedilatildeo normal de NO nas ceacutelulas do muacutesculo liso

vascular havendo inibiccedilatildeo da adesatildeo de plaquetas e sua agregaccedilatildeo reduccedilatildeo da

aderecircncia dos monoacutecitos ao endoteacutelio inibiccedilatildeo da proliferaccedilatildeo do muacutesculo liso

vascular e uma reduccedilatildeo ciacuteclica da capacidade dos monoacutecitos para oxidar as LDL

Segundo Antonio Ceriello existe uma associaccedilatildeo entre stress oxidativo e

desenvolvimento de complicaccedilotildees cliacutenicas na diabetes Ceriello diz ainda ldquoThis is the

key pathwayrdquo em relaccedilatildeo ao fenoacutemeno de produccedilatildeo de radicais livres aquando da

passagem da glucose pelos tecidos e sua transformaccedilatildeo em energia pela

mitococircndria sugerindo que o stress oxidativo pode ser central levando a ldquoefeitos

diabetogeacutenicosrdquo nas ceacutelulas-β no endoteacutelio e nos tecidos alvo da insulina Refere

Ceriello que alguns agentes antioxidantes podem levar a abordagens de tratamento

tanto na diminuiccedilatildeo de DCV como na diminuiccedilatildeo do desenvolvimento da Diabetes28

Eva Lonn analisou dados para o benefiacutecio de um tratamento anti-inflamatoacuterio

concordando que o stress oxidativo eacute o maior mecanismo de aterogeacutenese em parte

por causar disfunccedilatildeo endotelial28

Zachary e Bloomgarden referem que vastos estudos epidemioloacutegicos

sugerem que o risco de DCV eacute maior em regiotildees com baixa ingestatildeo de

antioxidantes particularmente vitaminas antioxidantes28 Existem evidecircncias dos

benefiacutecios dos antioxidantes na prevenccedilatildeo de DCV32

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 31: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

21

Joana Bettencourt Porto 2010

Antioxidantes como as vitaminas C E e A satildeo alvo de estudos intensivos para

prevenir complicaccedilotildees a longo termo da DM tipo 2933 A vitamina E eacute o mais

eficiente antioxidante que protege os tecidos e membranas dos danos oxidativos A

vitamina C possui a habilidade de regenerar os tocoferois e tocotrienois E haacute

referecircncia de que os carotenoacuteides podem fazer parte dos mecanismos antioxidantes

das ceacutelulas actuando como antioxidantes ou modificando os niacuteveis de outros9 Visto

que as vitaminas antioxidantes tecircm capacidade de actuar nos processos de stress

oxidativo existentes na DM tipo 2 potildee-se a hipoacutetese de que tais vitaminas podem ter

grande pertinecircncia na prevenccedilatildeo primaacuteria secundaacuteria e terciaacuteria de tal patologia

Meydani e Azzi referem que o stress oxidativo eacute responsaacutevel por inflamaccedilatildeo

sisteacutemica disfunccedilatildeo endotelial diminuiccedilatildeo da secreccedilatildeo das ceacutelulas-β e

comprometimento da utilizaccedilatildeo de glucose nos tecidos perifeacutericos fenoacutemenos estes

que aceleram o desenvolvimento e progressatildeo da DM tipo 2 Assim sendo

antioxidantes como as vitaminas C e E e β-caroteno satildeo assumidos como ideais

para reverter o stress oxidativo e suas consequecircncias11

Estudos experimentais sugerem que o stress oxidativo compromete a

secreccedilatildeo de insulina pelas ceacutelulas-β interfere com o armazenamento de glucose

nos tecidos perifeacutericos e induz inflamaccedilatildeo sisteacutemica acelerando o desenvolvimento

e progressatildeo da DM tipo 234-36

O stress oxidativo causado pelo aumento da produccedilatildeo de ROS e baixos

niacuteveis de antioxidantes encontram-se implicados na patogeacutenese da DM tipo 2 e suas

complicaccedilotildees34

Alguns estudos prospectivos demonstram que um elevado consumo de

hortofrutiacutecolas pode diminuir o risco de desenvolver diabetes sugerindo que os

antioxidantes provenientes da alimentaccedilatildeo podem ter um efeito sineacutergico937-38

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 32: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

22

Joana Bettencourt Porto 2010

Liu et al34 referem que estudos in vitro indicam que a vitamina E pode

melhorar a acccedilatildeo da insulina e a secreccedilatildeo desta pela protecccedilatildeo dos tecidos

perifeacutericos e ceacutelulas-β dos radicais livres Similarmente pensa-se que o β-caroteno

possa ter em efeito protector contra o desenvolvimento da DM tipo 2 visto possuir

efeito antioxidante Os resultados dum estudo com ratinhos alimentados com muita

frutose evidenciam que a vitamina E possui um efeito beneacutefico na sensibilidade agrave

insulina39

Segundo um largo estudo prospectivo na populaccedilatildeo Finlandesa a vitamina E

e alguns carotenoacuteides encontram-se significativamente associados com a reduccedilatildeo

do risco de DM tipo 2 RR=069 (95 CI 051-094 p=0003) e RR=058 (95 CI

044-078 plt0001) respectivamente Em relaccedilatildeo agrave vitamina C natildeo existe

evidecircncias entre a sua ingestatildeo e o risco de desenvolver DM tipo 2 Este estudo

suporta a hipoacutetese de que o desenvolvimento da DM tipo 2 pode ser reduzida pela

ingestatildeo de antioxidantes na dieta9

Os resultados do estudo efectuado com ratinhos diabeacuteticos (C57BLKsJ-

dbdb) mostram que o tratamento antioxidante utilizado (N-acetyl-L-cysteine e

vitaminas C e E) eacute beneacutefico no tratamento da diabetes e pode promover protecccedilatildeo

agraves ceacutelulas-β contra a toxicidade causada pela glucose nos ratinhos10

Contudo no Womenrsquos Health Study natildeo se encontra efeito beneacutefico

significativo na administraccedilatildeo de 600 IU de vitamina E todos os dias durante 10

anos no risco de DM tipo 2 em mulheres aparentemente saudaacuteveis com 45 ou mais

anos de idade34 Num estudo com mulheres com elevado risco de DCV tambeacutem natildeo

existiu significado estatiacutestico no efeito da suplementaccedilatildeo com vitaminas C e E e β-

caroteno no risco de desenvolver DM tipo 212

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 33: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

23

Joana Bettencourt Porto 2010

Discussatildeo e Conclusotildees

Apesar de natildeo existir ainda consenso quanto ao papel beneacutefico das

vitaminas antioxidantes na DM tipo 2 apoacutes revisatildeo de diversos estudos conclui-se

que eacute relevante incentivar o consumo de alimentos ricos em vitaminas antioxidantes

visto existirem evidecircncias do seu efeito beneacutefico nos trecircs niacuteveis de prevenccedilatildeo da DM

tipo 2

Segundo The European Prospective Investigation of Cancer (EPIC) - Norfolk

Study a densidade energeacutetica dos alimentos ingeridos estaacute positivamente associada

com a incidecircncia da diabetes40

Com base em muacuteltiplos estudos conclui-se que estilos de vida saudaacuteveis

com uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel satildeo determinantes na prevenccedilatildeo da diabetes47-

81841-42 The Finnish Diabetes Prevention Study demonstra a eficaacutecia e viabilidade

dum programa de intervenccedilatildeo nos estilos de vida na prevenccedilatildeo e atraso da DM tipo

241 Assim uma dieta saudaacutevel actividade fiacutesica regular manter um peso corporal

normal e evitar o uso de tabaco pode prevenir ou retardar o aparecimento da

diabetes1192330

A OMS prevecirc que a prevalecircncia global da DM tipo 2 duplique de 1995 para

202518 Dado o impacto esmagador que esta patologia tem a niacutevel social e

econoacutemico e na qualidade de vida das pessoas torna-se imperioso investir na sua

prevenccedilatildeo e tratamento

Para se inverter esta tendecircncia crescente de desenvolvimento eou

agravamento da DM tipo 2 seria relevante voltar um pouco aos haacutebitos alimentares

tradicionais portugueses agrave base de sopas fruta e tempero de alimentos com o nosso

tiacutepico azeite

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 34: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

24

Joana Bettencourt Porto 2010

Este tema requer que futuramente sejam realizados mais estudos de forma

a compreender-se melhor a pertinecircncia das vitaminas antioxidantes ao niacutevel da

prevenccedilatildeo e tratamento da DM tipo 2

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 35: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

25

Joana Bettencourt Porto 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

1 World Health Organization Diabetes Geneva WHO 2009 Disponiacutevel em

httpwwwwhointmediacentrefactsheetsfs312enindexhtml Julho 2010

2 INE 20052006 Disponiacutevel em

httpwwwineptxportalxmainxpid=INEampxpgid=ine_destaquesampDESTAQUESd

est_boui=6449883ampDESTAQUESmodo=2 Julho 2010

3 Sociedade Portuguesa de Diabetologia Associaccedilatildeo Protectora dos Diabeacuteticos de

Portugal Instituto de Higiene e Medicina Social da Faculdade de Medicina de

Coimbra Ministeacuterio da Sauacutede ndash Direcccedilatildeo Geral da Sauacutede Programa Nacional de

Prevenccedilatildeo e Controlo da Diabetes Estudo da Prevalecircncia da Diabetes em

Portugal 2009 Disponiacutevel em httpwwwmin-

saudeptNRrdonlyres219DAD78-CD13-43CE-9221-

42744B24176C0EstudoprevalenciaDiabetesemPortugalpdfMaio 2010

4 Seidell JC Obesity insulin resistance and diabetes--a worldwide epidemic Br J

Nutr 2000 83 Suppl 1S5-8

5 Tuomilehto J Tuomilehto-Wolf E Zimmet P Alberti KGMM Knowler WC Pimary

prevention of Diabetes Mellitus In Alberti KGMM Zimmet P DeFronzo RA Keen

H (Eds) International Textbook of Diabetes Mellitus 2nd Edition Wiley

Chichester 1997 pp 1799-1827

6 Hamman RF Genetic and environmental determinants of non-insulin-dependent

diabetes mellitus (NIDDM) Diabetes Metab Rev 1992 8(4)287-338

7 American Diabetes Association Bantle JP Wylie-Rosett J Albright AL Apovian

CM Clark NG Franz MJ Hoogwerf BJ Lichtenstein AH Mayer-Davis E

Mooradian AD Wheeler ML Nutrition recommendations and interventions for

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 36: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

26

Joana Bettencourt Porto 2010

diabetes a position statement of the American Diabetes Association Diabetes

Care 200831 Suppl 1S61-78

8 Hagura R Diabetes mellitus and life-style--for the primary prevention of diabetes

mellitus the role of diet Br J Nutr 200084 Suppl 2S191-4

9 Montonen J Knekt P Jaumlrvinen R Reunanen A Dietary antioxidant intake and risk

of type 2 diabetes Diabetes Care 2004 27(2)362-6

10 Kaneto H Kajimoto Y Miyagawa J Matsuoka T Fujitani Y Umayahara Y

Hanafusa T Matsuzawa Y Yamasaki Y Hori M Beneficial effects of antioxidants

in diabetes possible protection of pancreatic beta-cells against glucose toxicity

Diabetes 1999 482398-2406

11 Meydani M Azzi A Diabetes risk antioxidants or lifestyle Am J Clin Nutr 2009

90(2)253-4

12 Song Y Cook NR Albert CM Van Denburgh M Manson JE Effects of vitamins

C and E and beta-carotene on the risk of type 2 diabetes in women at high risk of

cardiovascular disease a randomized controlled trial Am J Clin Nutr 2009

90(2)429-37

13 Mahan LK Escott-Strump S Krausersquos Food Nutrition amp Diet Therapy 9th

Edition Saunders Company Philadelphia 1996 pp 1194

14 Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Sauacutede Dr Ricardo Jorge Tabela da

Composiccedilatildeo de Alimentos Lisboa INSA 2007 pp 355

15 American Diabetes Association Diagnosis and classification of diabetes mellitus

Diabetes Care 2010 33 Suppl 1S62-9

16 McCowen KC Smith RJ Diabetes Mellitus Classification and Chemical

Pathology In Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of

Human Nutrition Second Edition Elsevier London 2005 pp 543-551

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 37: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

27

Joana Bettencourt Porto 2010

17 Sudagani J and Hitman GA Diabetes Mellitus Etiology and Epidemiology In

Lindsay Allen L Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Second Edition Elsevier London 2005 pp 535-542

18 Parillo M Riccardi G Diet composition and the risk of type 2 diabetes

epidemiological and clinical evidence Br J Nutr 200492(1)7-19

19 World Health Organization Diet Nutrition and the Prevention of Chronic

Diseases ndash Report of a Joint WHOFAO Expert consultation WHO technical

report series 916 Geneva 2003 pp 152

20 Ligaray KPL Isley WL Diabetes Mellitus Type 2 Disponiacutevel em

httpemedicinemedscapecomarticle117853-overview Maio 2010

21 Thomas B Diabetes Mellitus Secondary Complications and Their Prevention In

Sadler MJ Strain JJ Benjamin C (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition

Academic Pr London 1999 pp 530-534

22 Contreras F Rivera M Vasquez J De la Parte MA Velasco M Diabetes and

hypertension physiopathology and therapeutics J Hum Hypertens 2000 Suppl

1S26-31

23 Diabetes Management in the School Setting - Pathophysiology of Diabetes B1-

B2 Disponiacutevel em httpwwwdhssmogovdiabetesDschoolhtml Marccedilo 2010

24 Mahler RJ Adler ML Clinical review 102 Type 2 diabetes mellitus update on

diagnosis pathophysiology and treatment J Clin Endocrinol Metab 1999

84(4)1165-71

25 The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome 2006

Disponiacutevel em httpwwwidforg Abril 2010

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 38: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

28

Joana Bettencourt Porto 2010

26 World Health Organization Vitamin and Mineral requirements in Human

Nutrition 2nd Edition ndash Report of a Joint FAOWHO Expert consultation

Bangkok 2004 pp 341

27 Panel on Dietary Antioxidants and Related Compounds Subcommittee on Upper

Reference Levels of Nutrients Subcommittee on Interpretation and Uses of DRIs

Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes

Food and Nutrition Board Institute of Medicine DRI Dietary Reference Intakes for

Vitamin C Vitamin E Selenium and Carotenoids National Academies Press

Washington 2000 pp 506

28 Bloomgarden ZT Consequences of diabetes cardiovascular disease Diabetes

Care 2004 27(7)1825-31

29 Brody T Nutritional Biochemistry 2nd Edition Academic Press San Diego1998

pp 1006

30 Beckman JA Creager MA Libby P Diabetes and atherosclerosis epidemiology

pathophysiology and management JAMA 2002 287(19)2570-81

31 Bloomgarden ZT Inflammation and insulin resistance Diabetes Care 2003

26(6)1922-6

32 Kikkawa R Chronic complications in diabetes mellitusBr J Nutr 200084 Suppl

2S183-5

33 Saudek CD Oh SH Diabetes Mellitus Dietary Management In Lindsay Allen L

Prentice A Caballero B (Eds) Enclyclopedia of Human Nutrition Second Edition

Elsevier London 2005 pp 551-565

34 Liu S Lee IM Song Y Van Denburgh M Cook NR Manson JE Buring JE

Vitamin E and risk of type 2 diabetes in the womens health study randomized

controlled trial Diabetes 200655(10)2856-62

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 39: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

29

Joana Bettencourt Porto 2010

35 Evans JL Goldfine ID Maddux BA Grodsky GM Are oxidative stress-activated

signaling pathways mediators of insulin resistance and beta-cell dysfunction

Diabetes 2003 52(1)1-8

36 Ceriello A Motz E Is oxidative stress the pathogenic mechanism underlying

insulin resistance diabetes and cardiovascular disease The common soil

hypothesis revisited Arterioscler Thromb Vasc Biol 2004 24(5)816-23

37 Ford ES Mokdad AH Fruit and vegetable consumption and diabetes mellitus

incidence among US adults Prev Med 2001 32(1)33-9

38 Colditz GA Manson JE Stampfer MJ Rosner B Willett WC Speizer FE Diet

and risk of clinical diabetes in women Am J Clin Nutr 1992 55(5)1018-23

39 Faure P Rossini E Lafond JL Richard MJ Favier A Halimi S Vitamin E

improves the free radical defense system potential and insulin sensitivity of rats

fed high fructose diets J Nutr 1997127(1)103-7

40 Wang J Luben R Khaw KT Bingham S Wareham NJ Forouhi NG Dietary

energy density predicts the risk of incident type 2 diabetes the European

Prospective Investigation of Cancer (EPIC)-Norfolk Study Diabetes Care

200831(11)2120-5

41 Uusitupa M Louheranta A Lindstroumlm J Valle T Sundvall J Eriksson J

Tuomilehto J The Finnish Diabetes Prevention Study Br J Nutr 2000 83 Suppl

1S137-42

42 Steyn NP Lambert EV Tabana H Conference on Multidisciplinary approaches

to nutritional problems Symposium on Diabetes and health Nutrition

interventions for the prevention of type 2 diabetes Proc Nutr Soc 2009 68(1)55-

70

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 40: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

30

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexos

Iacutendice de Anexos

Anexo A31

Anexo B32

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 41: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

31

Anexo A

Tabela 1 Criteacuterios de diagnoacutestico da Diabetes (retirado de15)

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 42: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

32

Joana Bettencourt Porto 2010

Anexo B

Tabela 2 DRIrsquos para as vitaminas C e E (retirado de 27)

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)

Page 43: Tese - Joana Bettencourt · 2013-07-30 · Diabetes Mellitus Tipo 2 e Vitaminas Antioxidantes (Vitamina E, Vitamina C e β-Caroteno) Type 2 Diabetes Mellitus and Antioxidant Vitamins

Joana Bettencourt Porto 2010

33

Tabela 3 DRIrsquos para a vitamina A (retirado de 27)