THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA...

92
THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia de coronárias: sub análise dos estudos CORE64 e CORE320 Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Programa de Cardiologia Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Rochitte São Paulo 2018

Transcript of THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA...

Page 1: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

THAÍS PINHEIRO LIMA

Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia de coronárias:

sub análise dos estudos CORE64 e CORE320

Tese apresentada à Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Doutor em Ciências

Programa de Cardiologia

Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Rochitte

São Paulo

2018

Page 2: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca daFaculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

©reprodução autorizada pelo autor

Responsável: Kátia Maria Bruno Ferreira - CRB-8/6008

Lima, Thaís Pinheiro Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazodos pacientes submetidos a angiotomografia decoronárias - sub análise dos estudos CORE64 eCORE320 / Thaís Pinheiro Lima. -- São Paulo, 2018. Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo. Programa de Cardiologia. Orientador: Carlos Eduardo Rochitte.

Descritores: 1.Doença das coronárias 2.Tomografia3.Aterosclerose 4.Vasos coronários 5.Fatores derisco 6.Prognóstico

USP/FM/DBD-189/18

Page 3: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Dedicatória

Page 4: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Aos meus queridos pais Élvio e Célia, pelo amor,

dedicação e pelos ensinamentos de toda a vida, onde,

ao abrirem mão dos seus sonhos permitiram que o

meu se tornasse realidade. Amo e tenho muito orgulho

de vocês.

À minha irmã Giselle, pela presença em todas as fases

da minha vida, pelo amor, apoio e companheirismo

incondicionais. Seguiremos unidas para sempre.

Ao meu avô José Pinheiro (in memoriam) pelos

singelos exemplos de união, de família e de fé que me

marcaram ainda quando criança, e hoje compreendo

que sua luz estará sempre nos acompanhando.

Page 5: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Agradecimentos

Page 6: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Sempre pensei que nada faz sentido sem ter pessoas ao nosso lado,

cada uma ao seu tempo e de sua maneira, contribuindo para nossa

formação pessoal e nos apoiando nessa difícil jornada. Quando

experimentamos o caminho daquilo que nos faz bem, é difícil voltar atrás.

A Jesus, o médico dos médicos, que me fornece exatamente as

ferramentas positivas e negativas das quais preciso para meu crescimento

pessoal e espiritual.

Aos pacientes, que contribuem para meu constante aprendizado e

confiam suas vidas a mim. Saibam que darei o meu melhor e, se eu não

conseguir curar, que pelo menos tenha a sabedoria e compaixão para aliviar

o sofrimento.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Eduardo Rochitte, pessoa de

reconhecido conhecimento técnico-científico, que teve paciência e presteza

em responder a todos os questionamentos, desde os básicos, nos meus

primeiros dias na sala de laudos, até os dias de hoje, acreditando na minha

capacidade para realizar este projeto.

Aos médicos assistentes do Departamento de Imagem

Cardiovascular do InCor, Dr. César Nomura e em especial Dr. José

Rodrigues Parga Filho e Dr. Luís Francisco Rodrigues Ávila pelos

ensinamentos que ultrapassam o ambiente acadêmico, amizade, confiança,

zelo paternal e por me acolherem com carinho.

À Lenira Cipriano, pessoa muito querida, eficiente e perspicaz,

sempre disposta a ajudar com carinho e, da melhor forma possível, a

resolver todos os problemas que ocorreram ao longo deste período de tese.

À Patricia Pereira, que foi meu braço direito no início, orientando-me e

contribuindo de forma tão efetiva na captação e organização dos dados.

Page 7: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

A todos os membros da minha família de sangue, representados nas

figuras de tia Neuza e tia Lívia. Com vocês, aprendi o significado de

abnegação, cuidado com o próximo, simplicidade e a compreender que só

precisamos dar e receber amor, sorrir e ser feliz.

À minha família mineira tia Dedê, tio Cacai, tia Cléria, tio Roberto (in

memoriam), Roseli, Cristiane, Carlinhos, Deyliane, Daniele, Carol, Carla

Emília, Breno (meu xodó), Guilherme, Laís e Manu. Vocês são parte de mim.

Agradeço pelo apoio e por contribuírem cada um a sua maneira e ao seu

tempo pelo que sou hoje. Sou muito grata por saber que estão em

pensamento torcendo por mim e que a distância nunca será capaz de nos

separar.

Aos colegas de Mantena/MG, Santa Teresa/ES, Vitória/ES e Vila

Velha/ES, que sempre estiveram na torcida pelo meu crescimento.

A todos que contribuíram para minha formação acadêmica. Tia Maria,

que me alfabetizou, a todos os professores dos ensinos fundamental, médio

e superior, aos médicos assistentes, enfermagem, biomédicos, tecnólogos,

fisioterapia, nutrição, e a todos os funcionários da Unidade Clínica de

Coronariopatias Agudas e Departamento de Imagem Cardiovascular do

InCor. Aos colegas do Hospital Sírio Libanês e Nove de Julho, que

contribuem nessa trajetória de aprendizagem constante.

Às minhas queridas amigas de faculdade Fernanda Luiza, Fernanda

Malini, Gabi Dias, Gabi Brunoro, Cintia, Izabelle; da residência de clínica

Kelly, Izanne, Silvia, Manu... onde o tempo e a distância só ajudaram a

aumentar a maturidade e fazer prevalecer o afeto e as lembranças dos

momentos que estivemos juntas. E à Renata, minha amiga da residência de

uco, de plantões, de dúvidas, de angústias, de festas... obrigada.

Page 8: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Aos meus amigos de residência na imagem cardiovascular (ratos

2012 e ratos 2013) que, com muita leveza e parceria, aprendemos juntos.

Aprendemos a sorrir, a falar besteira, a proteger uns aos outros como irmãos

e também, infelizmente, aprendemos com a dor da perda do nosso querido

amigo a refletir sobre o verdadeiro sentido da vida e a nos unir ainda mais.

Marcus Picoral (Marcão, Marcãozinho, Marquinhos...), onde quer que você

esteja, tenho certeza de que será a luz que guiará e protegerá todos aqueles

que tiveram a felicidade de conviver com você. Um dia iremos nos

reencontrar.

A Antonildes Assunção e Márcio Bittencourt, obrigada pelas palavras

de apoio e perseverança aliados à contribuição indispensável na fase final

desta etapa. Gabi Liberato, a você toda a gratidão do mundo por seguir ao

meu lado estendendo a mão e me ajudando a levantar diversas vezes,

completando meus pensamentos e tornando essa caminhada mais leve.

A todos aqueles que acreditaram que a distância entre o sonho e a

conquista se chama atitude e me apoiaram para que este sonho se

concretizasse.

Page 9: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

“O saber a gente aprende com os mestres e os livros.

A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”.

Cora Coralina

Page 10: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Normalização adotada Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento

desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals

Editors (Vancouver).

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e

Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e

monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.

L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos

Cardoso, Valéria Vilhena. 3a ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e

Documentação; 2011.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals

Indexed in Index Medicus.

Page 11: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Sumário

Page 12: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Lista de abreviaturas e siglas Lista de símbolos Lista de figuras Lista de tabelas Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 1

1.1 Angiotomografias computadorizadas das artérias coronárias .......... 5 1.1.1 Escore de cálcio ..................................................................... 5 1.1.2 Angiotomografia de coronárias ................................................ 6 1.1.3 TCCor e prognóstico ............................................................... 7

2. OBJETIVOS ............................................................................................... 9 3. MÉTODOS ................................................................................................ 11

3.1 População do estudo ........................................................................ 12 3.1.1 Critérios de inclusão, exclusão e protocolo de aquisição ...... 14

3.2 Análise dos dados tomográficos ...................................................... 14 3.2.1 Análise da angiografia coronária pela TCCor ........................ 14 3.2.2 Análise da composição da placa aterosclerótica ................... 16 3.2.3 Análise da estenose coronária .............................................. 18

3.3 Escores de risco pela angiotomografia de coronárias ..................... 18 3.3.1 Segment Involvement Score (SIS) - Escore de

Envolvimento Segmentar ...................................................... 18 3.3.2 Segment Stenosis Score (SSS) - Escore de Estenose

Segmentar ............................................................................. 19 3.3.3 Escore de Gensini modificado (Gensini) ............................... 20 3.3.4 Escore de Leaman tomográfico (Leaman) ............................ 21

3.4 Seguimento do paciente ................................................................... 23 3.5 Definições ......................................................................................... 24

3.5.1 Óbito ...................................................................................... 25 3.5.2 Infarto .................................................................................... 25 3.5.3 Morte súbita abortada / arritmias ventriculares .................... 25 3.5.4 Revascularização miocárdica cirúrgica (RM) ....................... 26

Page 13: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

3.5.5 Angioplastia transluminal percutânea (ATC) ........................ 26 3.5.6 Insuficiência cardíaca (IC) .................................................... 26

3.6 Análise estatística ............................................................................ 27 4. RESULTADOS ......................................................................................... 29

4.1 Características clínicas e demográficas ........................................... 30 4.2 Avaliação da angiotomografia ......................................................... 33

4.2.1 Resultados da angiotomografia ............................................ 33 4.3 Características dos eventos no seguimento jo ................................. 35 4.4 Valor prognóstico incremental pela TCCor ................................... 38

5. DISCUSSÃO ............................................................................................ 43 5.1 Valor da angiotomografia de coronárias na predição

prognóstica ....................................................................................... 44 5.2 O papel da carga de placa na predição prognóstica ........................ 46 5.3 Perspectivas clínicas para o uso dos escores tomográficos na

DAC .................................................................................................. 47 5.4 Limitações ........................................................................................ 49

6. CONCLUSÕES ........................................................................................ 50 7. APÊNDICE ............................................................................................... 52 8. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 54

Page 14: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Listas

Page 15: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Abreviaturas e Siglas

AAS – ácido acetilsalicílico

AHA – American Heart Association

ATC – angioplastia transluminal percutânea

BPM – batimentos por minuto

CAC – calcificação das artérias coronárias (escore de cálcio)

CAD – coronary artery disease

CCTA – coronary computed tomography angiography

CI – confidence interval

CATE – cateterismo

CD – artéria coronária direita

Cx – artéria circunflexa

DA – artéria descendente anterior

Dg1 – artéria primeira diagonal

Dg2 – artéria segunda diagonal

RI – ramo intermédio

Mg1 – artéria primeira marginal

Mg2 – artéria segunda marginal

DP(CD) – artéria descendente posterior proveniente da CD

VP(CD) – artéria ventricular posterior proveniente da CD

DP(Cx) – artéria descendente posterior proveniente da Cx

DA – artéria ventricular posterior proveniente da Cx

DAC – doença arterial coronária

DAOP – doença arterial obstrutiva periférica

DCV – doenças cardiovasculares

DM – diabetes mellitus

Dg – artéria diagonal

ECG – eletrocardiograma

FA – fibrilação atrial

FC – frequência cardíaca

Page 16: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

HAS – hipertensão arterial sistêmica

HR – Hazard ratio

IAM – infarto agudo do miocárdio

IC – intervalo de confiança

ICC – insuficiência cardíaca

IMC – índice de massa corpórea

MACE – major adverse cardiovascular outcomes (eventos

cardiovasculares adversos maiores)

MI – myocardial infarction

OMS – Organização Mundial de Saúde

PACS – Picture Archiving and Communication System (Sistema de

comunicação e arquivamento de imagens).

RM – revascularização miocárdica cirúrgica

QCA – quantitative coronary angiography

RevAP – revascularização arterial periférica

ROC – receiver operating characteristics (área sobre a curva)

SCA – síndrome coronariana aguda

SCCT – Society of Cardiovascular Computed Tomography

SPECT – cintilografia de perfusão miocárdica

SIS – total de segmentos com placa (segment involvement score)

SIScalc – total de segmentos coronarianos com placa calcificada

SISmista – total de segmentos coronarianos com placa mista

SISnãocalc – total de segmentos coronarianos com placa não calcificada

SSS – segment stenosis score

LeSc -- Leaman escore

TCCor – angiotomografia computadorizada das artérias coronárias

TCLE – termo de consentimento livre e esclarecido

USIC – ultrassom intracoronário

VPA – volume percentual de ateroma

VPP – valor preditivo positivo

VPN – valor preditivo negativo

Page 17: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Símbolos

> maior que < menor que ≥ maior que ou igual a ≤ menor que ou igual a cm centímetro HU unidade de Hounsfield Kg quilograma kg/m² quilograma por metro quadrado kV quilovolt mA miliampère mg miligrama mgI/ml miligrama de Iodo por mililitro ml mililitro ml/s mililitro por segundo mm milímetro mmHg milímetros de mercúrio ms milisegundo mSv milisievert mV milivolt ng/ml nanograma por mililitro s segundo

Page 18: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Figuras

Figura 1 Diagrama de segmentação coronária de acordo com o

SCCT ....................................................................................... 16

Figura 2 Composição da placa aterosclerótica nos diversos planos

tomográficos ........................................................................... 17

Figura 3 Exemplo demonstrando a representação dos valores de

SIS e SSS somente para a artéria descendente anterior.

O valor final de cada escore é a somatória de todos os

segmentos acometidos ............................................................ 20

Figura 4 Exemplo demonstrando a representação do valor do

escore de Gensini somente para a artéria descendente

anterior. O valor final de cada escore é a somatória de

todos os segmentos acometidos ..................................................... 21

Figura 5 Exemplo demonstrando a representação do valor de

Leaman somente para a artéria descendente anterior. O

valor final de cada escore é a somatória de todos os

segmentos acometidos ............................................................ 23

Figura 6 Curva de Kaplan-Meier para MACE de acordo com a

gravidade da DAC (A); extensão pelo SIS (B); carga

aterosclerótica pelo escore De Leaman (C) e SSS (D) .......... 37

Figura 7 Modelo multivariado associando características

angiotomográficas ao modelo clínico isolado na predição

de MACE ................................................................................. 39

Figura 8 Curvas de Kaplan-Meier para MACE de acordo com o

número de placas não calcificadas em relação à presença

de doença obstrutiva ............................................................... 40

Page 19: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Figura 9 Regressão de Cox estimando o risco (hazard ratio)

utilizando 3 como valor de referência para o número de

segmentos com placas não calcificadas (SISnãocalc) ........... 41

Figura 10 Curvas de Kaplan-Meier para MACE de acordo com o

número de placas não calcificadas em relação à presença

de doença obstrutiva de acordo com o tempo (3 anos) .......... 42

Page 20: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Tabelas Tabela 1 Características clínicas e demográficas de acordo com a

presença de MACE .................................................................. 31

Tabela 2 Características clínicas e demográficas entre os pacientes

que completaram e perderam seguimento .............................. 32

Tabela 3 Resultados da angiotomografia de coronárias ........................ 34

Tabela 4 Características dos eventos no seguimento ............................ 35

Tabela 5 Preditores univariados de MACE ............................................. 36

Page 21: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resumo

Page 22: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Lima TP. Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo da angiotomografia de coronárias: sub análise dos estudos CORE64 e CORE320 [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2018. Introdução: os determinantes prognósticos da doença arterial coronária (DAC) incluem tanto a anatomia como a morfologia da placa, havendo uma forte correlação entre essas duas características. Pouco se sabe sobre os desfechos cardiovasculares nos pacientes com sintomas estáveis, assim como sobre o papel dos escores realizados através da angiotomografia das artérias coronárias (TCCor) no prognóstico de longo prazo. Objetivos: avaliar o prognóstico de longo prazo para eventos cardiovasculares nos pacientes sintomáticos com suspeita de DAC que realizaram TCCor em dois estudos prospectivos - CORE 64 e CORE 320. Métodos: foram incluídos 222 pacientes, com idades entre 45 e 85 anos, com indicação clínica de cateterismo por suspeita de doença arterial coronária, submetidos a TCCor no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e participantes dos estudos multicêntricos CORE64 e CORE 320. 23 (9,5%) pacientes foram excluídos por perda de seguimento. Foram avaliadas a presença e a extensão da DAC através dos escores tomográficos (SIS, SSS, Gensini e Leaman). Os pacientes foram classificados quanto à presença de DAC não obstrutiva (estenose <50%) e DAC obstrutiva (estenose >50%); presença ou ausência de eventos cardiovasculares maiores (MACE). MACE foi definido como evento composto por: IAM não fatal; revascularização miocárdica (realizada acima de 30 dias da inclusão do paciente); óbito cardiovascular; hospitalizações por insuficiência cardíaca (IC) e morte súbita revertida ou arritmias não fatais. Resultados: MACE ocorreu em 73 dos 199 pacientes. 9 (4,5%) apresentaram óbito cardiovascular, 14 (7,0%) IAM não fatal, 31 (15,5%) submeteram a revascularização miocárdica tardia, 11 (5,5%) hospitalizações por IC e 8 (4,0%) morte súbita revertida ou arritmias não fatais. Na análise multivariada, quando adicionados ao modelo clínico isolado, todos os escores tomográficos, com exceção de SIScalc, SISmista e Gensini, correlacionaram-se com a presença de MACE. O modelo que adicionou DAC obstrutiva foi o que apresentou a melhor performance diagnóstica, quando comparado ao modelo clínico isolado (χ2 35,6 vs 21,2, p<0,001). Após ajuste para a presença de DAC obstrutiva, o SISnãocalc permaneceu de forma independente associado a MACE, apresentando benefício incremental sobre o modelo clínico e a severidade da DAC (χ2 39,5 vs 21,2, p<0,001 comparado ao modelo clínico; e χ2 39,5 vs 35,6, p=0,04 comparado ao modelo clínico + severidade DAC). Pacientes com DAC não obstrutiva e SISnãocalc >3 tiveram altas taxas de eventos (HR 4,27, 95% CI 2,17-4,40, p<0,001). Conclusões: escores tomográficos predizem eventos cardiovasculares no seguimento de longo prazo nos pacientes sintomáticos com suspeita de DAC. Nossos achados sugerem que, entre os pacientes com DAC obstrutiva, a presença de mais de 3 segmentos com placas não calcificadas está associada ao aumento do risco cardiovascular no longo prazo. Descritores: doença das coronárias; tomografia; aterosclerose; vasos coronários; fatores de risco; prognóstico.

Page 23: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Abstract

Page 24: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Lima TP. Long-term prognostic value of coronary computed tomography angiography: subanalysis of the CORE64 and CORE320 studies [thesis]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2018. Background: The prognostic determinants of coronary artery disease (CAD) include luminal obstruction severity, plaque burden and components, which can be assessed by coronary artery computed tomography angiography (CTA) scores. The role of CTA scores in the long-term prognosis of patients with stable symptoms is unknown. Aim: To evaluate the long-term prognosis value of CTA scores for cardiovascular events in symptomatic patients with suspected CAD referred for coronary CTA in two multicenter prospective studies – CORE 64 and CORE 320. Methods: Two hundred and twenty-two participants from Heart Institute (InCor) University of Sao Paulo Medical School of CORE64 and CORE320 studies, referred for clinically indicated invasive coronary angiography (ICA) for suspected or known CAD were enrolled. Coronary CTA were categorized as non-obstructive or obstructive CAD (greater than 50% stenosis), presence and extent of calcified, non-calcified and partially calcified plaques, using coronary CTA modified scores including all plaques or specific plaque types scores (Segmental Involvement Score - SIS, Segmental Stenosis Score - SSS, Gensini and CTA modified Leaman). The primary endpoint was major adverse cardiac events (MACE), defined as a composite of cardiovascular death, non-fatal acute coronary syndrome, hospitalization for heart failure, late revascularization (beyond 30 days of index conventional coronary angiography), non-fatal significant ventricular arrhythmia or cardiac arrest. Results: During a median follow-up of 6.8 (6.3-9.1) years, 73 patients met the composite end points of MACE. Cardiovascular death occurred in 9 (4.5%), non-fatal ACS in 14 (7.0%), revascularization in 31 (15.5%), hospitalization for heart failure in 11 (5.5%) and non-fatal significant VA or cardiac arrest in 8 (4.0%) patients. When individually added to clinical model on multivariate analysis, all CTA features remained significant, with the exception of SIS of calcified and mixed plaque (SISCalc, SICMixed) and Gensini score. Compared to the clinical model, the highest model improvement was observed when added obstructive CAD (χ2 35.6 vs 21.2, p<0.001). Moreover, CTA multivariate models demonstrated comparable incremental values for the prediction of MACE (χ2>30), including the extent of non-calcified plaques (SISNoncalc). After further adjustment for the presence of obstructive CAD, SISNoncalc remained independently associated with MACE, presenting incremental prognostic value over clinical data and CAD severity (χ2 39.5 vs 21.2, p<0.001 for comparison with clinical model; and χ2 39.5 vs 35.6, p=0.04 for comparison with clinical + CAD severity). Patients with obstructive CAD and SISNoncalc >3 were likely to experience events (HR 4.27, 95% CI 2.17-4.40, p<0.001). Conclusions: Coronary CTA scores predict cardiovascular events in long-term follow-up in symptomatic patients with suspected or known CAD. Among patients with obstructive CAD, the presence of more than 3 non-calcified plaques segments is associated with increased cardiovascular risk in the long term. Descriptors: coronary disease; tomography; atherosclerosis; coronary vessels; risk factors; prognosis.

Page 25: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

1 Introdução

Page 26: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 2

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças

cardiovasculares (DCV) foram responsáveis, nas últimas décadas, por 30%

dos óbitos, ou seja, mais de 17 milhões de pessoas em todo o mundo. As

DCV deverão aumentar a incapacidade ajustada para anos de vida (DALYs)

de 85 milhões de pacientes para 150 milhões em todo o mundo até 2020 (1,

2), levando a uma significativa queda da produtividade global. Dentre elas, a

doença arterial coronária (DAC) é a principal contribuidora para esses

dados, sendo também a principal causa de óbito em todo o mundo, com um

aumento da prevalência em 35% desde 1990.

Dados recentes indicam que a DAC é responsável por 46% de óbitos

cardiovasculares nos indivíduos do sexo masculino e 38% naqueles (3) do

sexo feminino (4). Seguindo essa realidade global, a situação brasileira é

bastante similar ao resto do mundo, principalmente aos dados norte-

americanos, sendo as doenças cardiovasculares a causa de 29,5% dos

óbitos em todo o território nacional (5).

Devido à alta prevalência de DAC, a identificação de indivíduos

assintomáticos mais predispostos a desenvolver eventos é um dos maiores

desafios da cardiologia atual para a definição da estratégia terapêutica.

Fator de risco pode ser definido como uma característica que o

indivíduo apresenta, associada a um risco aumentado de desenvolver uma

Page 27: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 3

doença específica, como aterosclerose coronária. Para ser clinicamente

relevante, deve ser aceito como fator causal e modificável.

A maioria das ferramentas utilizadas na prática clínica (escores) para

estimativa do risco cardiovascular no paciente assintomático inclui idade,

sexo, tabagismo, diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial; algumas

levam também em consideração características clínicas e demográficas.

Entre as várias opções existentes temos o Framingham Risk Score, Escore

de Risco Global (ERG), European Score, ASCVD score e o Risco pelo

Tempo de Vida (RTV) (6). Outros escores como o CAD consortium (7) e o

Diamond Forrester (8) são utilizados para predizer doença arterial coronária

obstrutiva no paciente com dor torácica. Sekhri et al. (9) publicaram um

modelo de prognóstico em 10 anos para pacientes com suspeita de angina

que se apresenta com dor torácica.

Uma das principais limitações inerentes a todos os escores é que eles

assumem efeitos constantes para diferentes idades e diferentes níveis de

outros fatores, podendo subestimar ou superestimar o risco real do

paciente (10).

Algumas características na história clínica e exames complementares

podem ajudar a melhorar a acurácia diagnóstica de DAC e também auxiliar

na re-estratificação de risco cardiovascular e auxiliar no prognóstico do

paciente. Sabemos que a função ventricular esquerda, extensão e gravidade

da carga aterosclerótica coronariana, extensão da isquemia e presença de

placa rota são os principais estratificadores de risco cardiovascular no

Page 28: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 4

quadro de angina estável, sendo todos eles derivados de exames

complementares.

A característica da placa e a quantificação da carga aterosclerótica

estão entre os mais importantes preditores independentes de morbi-

mortalidade e prognóstico cardiovascular, tanto em pacientes de prevenção

primária quanto em prevenção secundária, como demonstrado pelo estudo

PROSPECT (11).

Estudos prévios apontaram um maior risco relativo de síndrome

coronária aguda naqueles pacientes com características específicas de

placas ateroscleróticas, tendo, inclusive, um risco maior do que em relação

ao grau de redução luminal promovido pela placa. Essas características

foram consideradas como possível causa de ruptura da placa com maiores

taxas de eventos cardiovasculares (12, 13). Nesse cenário, temos poucos

dados na literatura correlacionando os critérios tomográficos com

prognóstico no seguimento de longo prazo.

Os métodos disponíveis para essa quantificação são: a angiografia

coronária convencional, que, por avaliar somente o lúmen arterial, sofre

significativas limitações na real identificação da carga aterosclerótica; o

ultrassom intracoronário (USIC), com a quantificação do volume percentual

de ateroma (VPA); a angiotomografia das artérias coronárias (TCCor), que,

devido a sua alta resolução, é capaz de avaliar o grau de redução luminal, o

número de segmentos coronarianos acometidos e também a parede da

artéria coronária, identificando e discriminando os componentes da placa

aterosclerótica.

Page 29: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 5

1.1 Angiotomografias computadorizadas das artérias coronárias

1.1.1 Escore de cálcio

A associação entre a calcificação da parede vascular e doença

vascular é bem conhecida por anatomistas e patologistas há centenas de

anos. Na década de 50 Blankenhorn et al. (14) demonstraram a calcificação

coronária in vivo pela fluoroscopia, mas somente na década de 80 Margolis

et al. (15), em um relato de 800 casos, demonstraram a associação entre a

presença de calcificação coronária e o aumento do risco cardiovascular.

Sabemos hoje que a calcificação coronária se correlaciona com a carga de

placa aterosclerótica total e prognóstico do indivíduo (16-20).

Apesar de o CAC não ser um marcador direto de placa vulnerável em

risco de ruptura, quanto maior for a contagem de cálcio, maior será o

potencial para o aumento do número de placas potencialmente ricas em

lipídios, sendo essas fortemente relacionadas a síndromes coronárias

agudas. A ausência de CAC está associada a muito baixa probabilidade de

estenose coronária significativa (estenose > 50%) chegando a menos de 1%

dos casos (21, 22).

O CAC é o hoje o método mais acurado para determinação correta do

risco de desfechos cardiovasculares, reclassificando corretamente uma

grande proporção de pacientes com risco de DAC. Essa reclassificação

proveniente do CAC pode influenciar tanto no prosseguimento da

Page 30: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 6

investigação com a utilização de outros métodos quanto influenciar no

tratamento e nas metas terapêuticas.

As principais diretrizes recomendam que, em indivíduos assintomáticos

com CAC < 100, não se justifica prosseguir a investigação de DAC com

nenhuma prova isquêmica. Já em pacientes com CAC > 400 é indicada a

realização de um teste de estresse como a cintilografia miocárdica (3). Além

disso, Nasir et al. demonstraram que quase metade dos indivíduos que

utilizavam estatinas por apresentar alto risco cardiovascular, de acordo com

as diretrizes atuais do ACC/AHA, com a realização do CAC podem ser

reclassificados para níveis mais baixos, não se fazendo necessário o uso de

estatinas (23).

1.1.2 Angiotomografia de coronárias

A TCCor é um exame que vem obtendo espaço com a melhora da

tecnologia das máquinas, principalmente em relação à melhora da resolução

espacial e temporal. Atualmente este exame é realizado de forma rápida,

segura e com baixa dose de radiação ionizante (24).

Por ser método anatômico, seu excelente desempenho diagnóstico se

deve à boa acurácia para avaliar a presença de estenoses, além de

visualizar de forma adequada a característica da placa aterosclerótica.

Destaca-se ainda seu alto VPN (96 a 100%), reforçando a indicação na

exclusão de DAC (25, 26).

Page 31: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 7

Um grande número de estudos avaliou a acurácia diagnóstica da

TCCor na detecção de estenose coronária. Destes, três estudos

multicêntricos se destacam.

O ACCURACY (Assessment by Coronary Computed Tomography

Angiographic) (27) incluiu 230 pacientes sintomáticos. A sensibilidade foi de

95% e a especificidade de 83%. VPP variou de 48 a 64% e VPN foi da

ordem de 99%. Outro estudo, incluiu 360 pacientes com prevalência de 58%

de DAC obstrutiva. Nesse, a sensibilidade foi de 99%, com especificidade de

64% (28).

O estudo CORE 64 (Diagnostic Performance of Coronary Angiography

by 64-Row CT) (29) incluiu 291 pacientes com suspeita de DAC obstrutiva e

CAC <600 e comparou a TCCor quantitativa com a angiografia coronária

convencional quantitativa como padrão-ouro. Na detecção de estenose

maior ou igual a 50% a TCCor mostrou boa acurácia, com uma área sob a

curva ROC 0,93. A sensibilidade foi de 85% e a especificidade de 90%. VPP

e VPN foram de 91% e 83%, respectivamente.

1.1.3 TCCor e prognóstico

Segundo as principais diretrizes, uma importante recomendação para

realização da TCCor é baseada na capacidade de detecção de estenose

coronária.

Informações como característica e carga de placa aterosclerótica,

remodelamento positivo, presença de placas de baixa atenuação, sinal

Page 32: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Introdução 8

“napkin-ring” e padrão de calcificação coronária podem auxiliar na acurácia,

além de identificar aquelas placas com maior potencial de vulnerabilidade e

chance de evoluir com síndrome coronária aguda (12, 30-33). Uma das

limitações da TCCor é que a resolução espacial ainda não permite a

identificação da capa fibrosa, ou seja, ainda não é possível a caracterização

do fibroateroma de capa fina (34).

Apesar da evidência de maior potencial de instabilidade para algumas

placas ateroscleróticas, poucos estudos avaliaram, com poder estatístico

suficiente e adjudicação adequada, o prognóstico de longo prazo da TCCor

nos pacientes com suspeita clínica de DAC.

Estudos prévios (35-38) com angiotomografia de coronárias

demonstraram o valor prognóstico dos escores tomográficos na predição de

eventos cardiovasculares. No entanto, de forma geral tais estudos têm um

seguimento curto com uma população não controlada.

O registro CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation for Clinical

Outcomes) avaliou mais de 23 mil pacientes com seguimento médio de 2,3

anos e demonstrou que a presença e extensão da aterosclerose está

associada com mortalidade. A limitação daquele estudo é que outras

informações de relevância prognóstica não estão disponíveis e, por se tratar

de registro, parte significativa dos dados podem ser considerados como

imputados (37, 39).

Page 33: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

2 Objetivos

Page 34: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Objetivos 10

2 OBJETIVOS

2.1 Avaliar o prognóstico de longo prazo para eventos

cardiovasculares em uma coorte de pacientes que realizaram

angiotomografia das artérias coronárias, participantes dos estudos

CORE64 e CORE320.

2.2 Investigar escores de comprometimento e extensão da doença

aterosclerótica coronária avaliados pela angiotomografia de coronárias

como preditores da evolução clínica e de eventos cardiovasculares.

Page 35: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

3 Métodos

Page 36: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 12

3 MÉTODOS

3.1 População do estudo

Estudo de coorte retrospectiva e seguimento prospectivo nos pacientes

avaliados no InCor-HCFMUSP, submetidos a angiotomografia de coronárias

e que participaram de dois estudos multicêntricos previamente aprovados

pela comissão de ética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo, denominados CORE64 (29) (Diagnostic

Performance of Coronary Angiography by 64-Row CT) e CORE320 (40)

(Computed tomography angiography and perfusion to assess coronary artery

stenosis causing perfusion defects by single photon emission computed

tomography: the CORE320 study).

O estudo CORE64 teve como objetivo principal verificar a acurácia da

TCCor com 64 colunas de detectores (Aquilion, Toshiba Medical Systems,

Otawara, Japan) em identificar estenose luminal coronária ≥ 50% em

comparação com a angiografia coronária invasiva nos pacientes com

suspeita de doença arterial coronária. Participaram do protocolo 9 centros de

7 países diferentes, sendo 3 nos Estados Unidos e 1 em cada um dos

seguintes países: Alemanha, Japão, Cingapura, Holanda, Canadá e Brasil.

O Brasil foi representado pelo Instituto do Coração da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC/FMUSP), responsável

pela inclusão do maior número de pacientes (115 do total de 291 pacientes

Page 37: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 13

elegíveis para realizar TCCor). Todos os pacientes eram sintomáticos, com

suspeita significativa de doença coronária obstrutiva, idade ≥ 40 anos e com

indicação clínica de angiografia coronária invasiva planejada para até 30

dias seguintes à inclusão.

O estudo CORE320 teve como objetivo principal avaliar a acurácia

diagnóstica da análise combinada de anatomia e perfusão miocárdica por

tomografia realizada em tomógrafo com 320 colunas de detectores (Aquilion

ONE, Toshiba Medical Systems, Otawara, Japan) em comparação com

angiografia coronária invasiva associada à cintilografia de perfusão

miocárdica (SPECT). Participaram desse projeto 16 centros de 8 países,

totalizando 391 pacientes elegíveis. Desses, o Instituto do Coração da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC/FMUSP)

foi responsável pela inclusão de 106 pacientes.

Todos os 221 pacientes do InCor nos dois estudos – e que constituem

a amostra deste estudo – foram acompanhados pelo mesmo orientador

desta tese de doutorado.

Os 16 centros receberam aprovação prévia por suas comissões

científicas e comitês de ética e pesquisa locais. Os estudos CORE64 e

CORE320 estão registrados na CAPPesq sob os números 1064/06 e

0353/09, respectivamente.

Page 38: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 14

3.1.1 Critérios de inclusão, exclusão e protocolo de aquisição

Como este projeto é uma subanálise de dois grandes estudos

multicêntricos, os critérios de inclusão, exclusão, o preparo do paciente e o

protocolo para aquisição dos exames estão detalhados em publicações

prévias (29, 40-44); porém, em síntese, foram incluídos pacientes com suspeita

clínica de doença coronária obstrutiva e referidos para angiografia coronária

invasiva. Os critérios de exclusão foram aqueles considerados como

contraindicação à realização da angiotomografia de artérias coronárias,

como, por exemplo, insuficiência renal com clearance abaixo de

60ml/min/1,72m2, história de reação alérgica ao contraste e arritmia

cardíaca, como fibrilação atrial.

3.2 Análise dos dados tomográficos

3.2.1 Análise da angiografia coronária pela TCCor

Os dados brutos dos exames foram extraídos do PACS institucional do

InCor ou do PACS externo aprovado pelos órgãos reguladores locais e

internacionais denominado WebPAX (WebPAX, Heart Imaging Tecnologies,

LCC). As imagens foram enviadas ao software VitreaFx (Vital Images Inc,

Plymouth, USA) para serem analisadas.

As imagens da TCCor foram avaliadas por dois médicos especialistas

com no mínimo dois anos de treinamento específico em angiotomografia de

Page 39: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 15

coronária e os mesmos não conheciam as informações clínicas e

angiográficas dos pacientes. Em caso de dúvida ou discordância, o

resultado final era decidido baseado na avaliação de um terceiro observador

experiente.

A calcificação das artérias coronárias foi definida como estrutura com

densidade acima de 130 HU em 3 pixels adjacentes ( ≥ 1mm2) e o escore de

cálcio total foi obtido pela somatória dos escores de cada segmento

coronariano, utilizando-se o método previamente descrito por Agastston et

al. (45).

Para a coleta dos dados foram utilizadas as segmentações das artérias

coronárias baseadas no estudo CORE64 e no modelo recomendado pelo

SCCT - Society of Cardiovascular Computed Tomography (46) (Figura 1). A

segmentação deste presente estudo permite a adequação para análise do

dados em qualquer uma das principais referências propostas na literatura

(Tabela 1 do apêndice). Para a análise final padronizamos a segmentação

de acordo com a novas recomendações do SCCT (47).

Para a análise das artérias coronárias utilizamos avaliação

bidimensional manual nos diversos planos em 2D por meio da reformatação

multiplanar (MPR) e a reformatação multiplanar curva (CPR) e tridimensional

automática modificada, baseada na avaliação, mediante a aplicação do

chamado “vessel probe automático”, que foi previamente descrita (48).

Page 40: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 16

Figura 1 - Diagrama de segmentação coronária de acordo com o SCCT. As linhas pontilhadas representam a divisão entre os segmentos arteriais. A abreviação de cada segmento pode ser encontrada na lista de abreviaturas

3.2.2 Análise da composição da placa aterosclerótica

Várias técnicas foram descritas para a caracterização da placa

aterosclerótica pela TCCor, inclusive com validação frente a métodos como

IVUS e histologia virtual (49-55). O conhecimento da morfologia e composição

da placa é importante para avaliação daquelas consideradas possuidoras de

características de alto risco para evento cardiovascular (56-60).

As diretrizes do SCCT (47) recomendam que as placas sejam descritas

como não calcificadas, mistas ou calcificadas (Figura 2). Porém, para

facilitar a coleta dos dados e posteriormente reagrupar de acordo com o

Page 41: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 17

escore a ser utilizado, classificamos a placa aterosclerótica em 5 subtipos

baseados na sua composição:

- placa não calcificada

- placa mista predominantemente não calcificada

- placa mista (50-50%)

- placa mista predominantemente calcificada

- placa calcificada

Figura 2 - Composição da placa aterosclerótica nos diversos planos tomográficos

Page 42: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 18

3.2.3 Análise da estenose coronária

Foram avaliados todos os seguimentos com diâmetro luminal ≥ 2 mm e

realizada análise quanto à presença de estenose, utilizando-se a seguinte

graduação proposta pela diretriz do SCCT (47):

0- normal: ausência de placa e ausência de redução luminal

1- redução luminal mínima: placa com < 29% de redução luminal

2- redução luminal discreta: de 30 a 49%

3- redução luminal moderada: de 50% a 69%

4- redução luminal importante: ≥70% até 99%

5- oclusão: 100%

3.3 Escores de risco pela angiotomografia de coronárias

Selecionamos da literatura diferentes escores tomográficos (38, 61-65) que

demonstraram valor diagnóstico (boa correlação com outros métodos) e

prognóstico para quantificação da carga aterosclerótica, extensão e a

gravidade da doença arterial coronária.

3.3.1 Segment Involvement Score (SIS) - Escore de Envolvimento

Segmentar

Avaliamos a extensão da DAC pelo número de segmentos afetados,

sem considerar o grau de estenose. Esse escore avalia o número de

Page 43: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 19

segmentos, apresentando qualquer placa aterosclerótica,

independentemente da gravidade da lesão ou porcentagem de redução

luminal. É graduado de 0 (exame normal, sem placa) a até o máximo de

segmentos envolvidos. Quanto maior o escore, maior a carga de placa

coronária (36, 66).

3.3.2 Segment Stenosis Score (SSS) - Escore de Estenose Segmentar

Utilizamos este escore como uma avaliação da gravidade global da

doença coronária pelo grau da estenose dos segmentos envolvidos,

estimado pelo diâmetro luminal. Cada segmento coronário recebe uma

pontuação de acordo com a porcentagem de estenose e o escore final do

paciente é a soma de cada segmento. Quanto maior o escore, maior a

gravidade da DAC obstrutiva (36, 66).

A pontuação é feita da seguinte maneira:

0 = ausência de doença

1 = doença não obstrutiva (estenose <50%)

2 = redução luminal moderada (estenose 50-69%)

3 = redução luminal importante (estenose ≥ 70%)

Page 44: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 20

Figura 3 - Exemplo demonstrando a representação dos valores de SIS e SSS somente para a artéria descendente anterior. O valor final de cada escore é a somatória de todos os segmentos acometidos

3.3.3 Escore de Gensini modificado

Gravidade e localização da estenose (importância da estenose em

relação à área de miocárdio dependente da lesão) são consideradas nesse

escore. Derivado dos estudos com angiografia invasiva, este escore atribui

um peso maior para lesões mais graves. Os pesos também são atribuídos

dependendo da dominância (se direita ou esquerda), tamanho e importância

do vaso, além do território miocárdico em risco. O escore total é a soma do

Page 45: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 21

produto de cada segmento. Quanto maior o escore, maior a gravidade da

DAC obstrutiva (67).

Figura 4 - Exemplo demonstrando a representação do valor do escore de Gensini somente para a artéria descendente anterior. O valor final de cada escore é a somatória de todos os segmentos acometidos

Page 46: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 22

3.3.4 Escore de Leaman tomográfico

É um escore desenvolvido para a tomografia que utiliza informações

sobre a localização da lesão, característica da placa e grau de estenose,

permitindo quantificar a carga aterosclerótica coronária total e identificar os

preditores clínicos secundários a alta carga de placa na população com

suspeita de DAC e encaminhada para realização de TCCor. Esse escore se

correlaciona com a gravidade da DAC e a carga de placa coronária de modo

que, quanto maior o escore, mais grave é a DAC obstrutiva e a carga de

placa (68).

A metodologia para o cálculo desse escore é baseada em 3 fatores e

cada um deles recebe pesos específicos. Esses fatores são:

1. Localização da placa de acordo com a dominância, de forma que os

segmentos envolvendo maior território coronário recebem maior

peso.

2. Característica da placa: placas calcificadas recebem peso 1 e placas

mistas e não calcificadas recebem peso 1.5.

3. Grau de estenose: placas não obstrutivas (estenose <50%) têm

peso 0.615 e placas obstrutivas (estenose ≥ 50%) têm peso 1.0.

Page 47: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 23

Figura 5 - Exemplo demonstrando a representação do valor do escore de Leaman somente para a artéria descendente anterior. O valor final de cada escore é a somatória de todos os segmentos acometidos

3.4 Seguimento do Paciente

Esta fase foi realizada de forma cega, na qual o responsável pela

análise do exame de tomografia não tinha conhecimento sobre os eventos

dos pacientes. Todos os eventos registrados foram adjudicados de forma

independente por uma coordenadora de pesquisa experiente e por uma

médica cardiologista. Quando houve discordância, a adjudicação do evento

foi realizada por consenso.

O contato foi realizado através da coleta de dados no prontuário

eletrônico hospitalar e por meio de ligações telefônicas. A data do último

Page 48: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 24

contato foi registrada para definição do tempo de seguimento e posterior

análise. Quando não foi possível obter informações através desses dois

meios, lançamos mão do envio de cartas para o endereço registrado no

momento da inclusão no estudo. Foram realizadas pelo menos 3 tentativas

de envio de cartas para esses pacientes. Sendo nosso seguimento de muito

longo prazo, verificaram-se mudanças de telefones e endereços dos

pacientes, resultando em uma perda no seguimento deles, uma vez que não

foi possível qualquer tipo de contato.

3.5 Definições

Esta etapa foi utilizada para homogeneizar a coleta dos dados da

história clínica atual e dos eventos cardiovasculares registrados.

Para a coleta da história clínica atual foram considerados sinais e

sintomas sugestivos de angina e/ou insuficiência cardíaca. Para isso,

utilizamos os critérios internacionalmente aceitos para esses

diagnósticos (69-72).

As variáveis consideradas para avaliação dos eventos são

provenientes dos estudos originais CORE64 e CORE320. Essas foram:

óbito, infarto não fatal, morte súbita abortada (PCR ressuscitada),

revascularização miocárdica cirúrgica (RM), angioplastia transluminal

percutânea (ATC), revascularização arterial periférica, sintomas de

insuficiência cardíaca, insuficiência renal, hospitalização por angina,

Page 49: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 25

hospitalização por síndrome coronária aguda, neoplasias e acidente

vascular cerebral não fatal.

3.5.1 Óbito

Os óbitos foram identificados através da informações contidas no

prontuário eletrônico hospitalar. Nos casos em que o evento ocorreu fora do

InCor, as informações referentes ao óbito foram colhidas por meio do

contato com familiares de primeiro grau, em razão das tentativas de contato

telefônico com todos os pacientes.

Por fim, conseguimos informações através do Sistema de Informações

sobre Mortalidade –SIM – da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

3.5.2 Infarto

Para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio foram utilizados os

critérios da terceira definição universal (73).

3.5.3 Morte súbita abortada / arritmias ventriculares

É a ocorrência de uma parada cardiorrespiratória assistida e

revertida (74). Em alguns casos, a síncope de etiologia não conhecida deve

ser encarada como morte súbita abortada espontaneamente revertida. Para

ser considerada arritmia ventricular, o eletrocardiograma compatível deveria

Page 50: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 26

ser avaliado por um cardiologista. Nesses casos se faz necessário investigar

primariamente causas cardiovasculares.

3.5.4 Revascularização miocárdica cirúrgica (RM)

Todos os procedimentos de RM foram considerados eventos,

independentemente do número de enxertos implantados ou se tratou de

procedimento combinado com outra cirurgia (ex: valvar) ou angioplastia

(procedimento híbrido).

3.5.5 Angioplastia transluminal percutânea (ATC)

Foram considerados ATC todos os procedimentos nos quais fosse

necessário o implante de stent coronário ou somente tratamento com balão.

O tipo e a quantidade de stents implantados não foram contemplados para

avaliação.

3.5.6 Insuficiência cardíaca (IC)

É definida como disfunção cardíaca que ocasiona inadequado

suprimento sanguíneo para atender necessidades metabólicas tissulares, na

presença de retorno venoso normal, ou fazê-lo somente com elevadas

pressões de enchimento. Essa definição está de acordo com as diretrizes

brasileiras (75).

Page 51: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 27

3.6 Análise estatística

As características basais foram expressas como mediana ± DP ou

frequência (percentagem). A suposição de normalidade para variáveis

contínuas foi avaliada graficamente por plot Q-Q e confirmada usando o

teste de Shapiro-Wilk e, para comparações, utilizando-se o teste-t de dois

modelos (ou teste de Wilcoxon). Para avaliar as diferenças nas variáveis

categóricas, foram utilizados os testes qui-quadrado (ou teste exato de

Fisher).

As curvas de sobrevida para o desfecho composto foram geradas pelo

método de Kaplan-Meier e comparadas utilizando o teste log-rank para as

diferentes categorias de DAC (ausência de doença coronária, DAC não

obstrutiva e DAC obstrutiva) com ponto de corte ≤ 5 ou > 5 para SIS, SSS e

LeSc (36, 76). O tempo do primeiro evento para cada uma dessas variáveis foi

feito por meio da utilização do modelo de regressão proporcional de Cox e

medido a partir do dia da realização da tomografia. Modelos de risco

univariados de Cox e Hazard foram utilizados para testar a associação entre

os preditores de risco e MACE. A hipótese de riscos proporcionais foi

conferida pelo Schoenfeld plot para cada variável independente. Um modelo

clínico de Cox foi criado a partir das variáveis clinicas relevantes (utilizamos

idade, sexo masculino, IMC, história clínica, frequência cardíaca e ECG

alterado), utilizados os critérios de Akaike, através de uma pesquisa

exaustiva onde exploramos o melhor conjunto de modelos (77). A razão de

verosimilhança, o qui-quadrado e os valores de p foram usados para

Page 52: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Métodos 28

comparação dos modelos aninhados quando cada dado tomográfico (ou

escore) foi adicionado ao modelo clínico. Um modelo final foi desenvolvido

adicionando DAC obstrutiva ao número de placas não calcificadas

(SISnãocalc > 3). Também analisamos a característica das curvas com a

informação dos critérios de Akaike para comparar os modelos tomográficos

(não aninhados). Finalmente, analisamos as diferenças entre os MACE com

um seguimento menor e maior que 3 anos. Essa análise exploratória post

hoc teve seu ponto de corte definido baseado na inspeção visual das curvas

de Kaplan-Meier.

Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando a linguagem

R versão 3.4.3 (The R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria),

considerado o valor de p< 0,05 estatisticamente significativo.

Page 53: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

4 Resultados

Page 54: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 30

4 RESULTADOS

4.1 Características clínicas e demográficas

Estratificamos as características clínicas e demográficas de acordo

com a presença ou ausência de MACE. Dos 222 pacientes em nosso

estudo, 23 (10,4%) foram excluídos, sendo que 22 (9,5%) foram excluídos

por perda de seguimento e 1 (0,9%) por qualidade de imagem inadequada.

A idade média foi de 58 ± 7 anos, havendo maioria de pacientes do sexo

masculino (62%).

De forma geral, a população do nosso estudo é constituída por

pacientes sintomáticos e que apresentam alta prevalência de hipertensão

arterial sistêmica e dislipidemia. A probabilidade pré-teste de DAC mostrou-

se intermediária em 56% dos pacientes, não havendo diferença entre os

grupos.

Page 55: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 31

Tabela 1 - Características clínicas e demográficas de acordo com a presença de MACE

Total de

pacientes (n = 199)

Sem MACE (n = 126)

Com MACE (n = 73)

Valor- p

Idade (anos) 58±7.0 58±7.0 58±7 0.42

Sexo masculino, no. (%) 123 (62) 74 (59) 49 (67) 0.30

IMC†, kg/m2 29±4 29±4 29±4 0.65

FC¶, bpm 66±11 65±11 67±11 0.12

PAS¶, mmHg 134±20 135±21 133±20 0.57

PAD¶, mmHg 81±13 82±13 81±12 0.53

Incluídos estudo 0.99

CORE 64, no. (%) 99 (49) 63 (50) 36 (49)

CORE 320, no. (%) 100 (51) 63 (50) 37 (51)

Hipertensão, no. (%) 162 (81) 101 (80) 61 (84) 0.69

Diabetes, no. (%) 71 (36) 36 (29) 35 (48) 0.009

Dislipidemia, no. (%) 113 (57) 68 (54) 45 (62) 0.37

Tabagismo atual, no. (%) 48 (24) 24 (19) 24 (33) 0.04

HxFDAC¶, no. (%) 55 (28) 34 (27) 21 (29) 0.91

DAC prévia, no. (%) 49 (25) 26 (21) 23 (31) 0.12

Sintomas de dor torácica 0.48

Ausência angina, no. (%) 48 (24) 28 (22) 20 (27)

Atípica, no. (%) 70 (35) 48 (38) 22 (30)

Típica, no. (%) 81 (41) 50 (40) 31 (43)

Probabilidade pré-teste 0.97

Baixa 54 (27) 34 (27) 20 (27)

Intermediária 111 (56) 71 (56) 40 (55)

Alta 34 (17) 21 (17) 13 (18)

Medicamentos

iECA/BRA¶, no. (%) 113 (57) 66 (53) 47 (64) 0.13

Betabloqueador, no. (%) 160 (83) 101 (80) 59 (80) 0.62

AAS¶, no. (%) 173 (87) 109 (87) 64 (88) 0.98

Estatina, no. (%) 165 (83) 103 (82) 62 (85) 0.69

ECG alterado, no. (%) 107 (54) 65 (52) 42 (58) 0.51

Os valores são no.= frequência, (%) = percentil † Índice de Massa Corporal = peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros ¶ FC = Frequência Cardíaca; PAS = Pressão Arterial Sistólica; PAD = Pressão Arterial Diastólica; HxFDAC = história Familiar de Doença Arterial Coronária; iECA = inibidor da enzima de conversora da angiotensina; BRA = Bloqueador do receptor da angiotensina II; AAS = Ácido Acetilsalicílico

Page 56: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 32

Os pacientes que perderam seguimento eram um pouco mais jovens

(54±7 anos) do que os que completaram o seguimento do estudo (58±7

anos). As outras características clínicas e tomográficas não apresentavam

diferença significativa, o que não prejudicou a análise deste estudo (Tabela

2).

Tabela 2 - Características clínicas e demográficas entre os pacientes que completaram e perderam seguimento

Seguimento

completo (n = 199)

Seguimento incompleto

(n = 21) Valor-p

Idade (anos) 58±7 54±7 0.02

Sexo masculino, no. (%) 123 (62) 14 (67) 0.84

IMC†, kg/m2 29±4 28±4 0.63

Hipertensão, no. (%) 162 (81) 16 (76) 0.77

Diabetes, (%) 71 (36) 6 (29) 0.68

Dislipidemia, no. (%) 68 (54) 45 (62) 0.37

Tabagismo atual, no. (%) 48 (24) 4 (19) 0.78

HxFDAC¶, no. (%) 55 (28) 4 (19) 0.60

DAC prévia, no. (%) 49 (25) 3 (14) 0.42

DAC obstrutiva 122 (61) 10 (48) 0.25

doença em 1-vaso 37 (19) 5 (19) 0.56

doença em 2-vasos 39 (20) 3 (14) 0.40

doença em 3-vasos 46 (23) 2 (10) 0.12

SIS>5 92 (46) 5 (24) 0.08

SSS>5 113 (57) 7 (33) 0.07

LeSc>5 127 (64) 13 (62) 0.99

Os valores são no = frequência, (%) = percentil † Índice de Massa Corporal = peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros ¶ HxFDAC = história Familiar de Doença Arterial Coronária

Page 57: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 33

4.2 Avaliação da angiotomografia

4.2.1 Resultados da angiotomografia

A angiotomografia de coronárias foi realizada no tomógrafo de 64

cortes em 99 pacientes (49%) e tomógrafo de 320 cortes em 100 pacientes

(51%). Somente 27 pacientes (14%) não apresentavam doença arterial

coronária. DAC obstrutiva estava presente em 122 pacientes (61%), sendo

que destes 75 possuíam doença multiarterial.

Todos os escores tomográficos foram estatisticamente maiores nos

pacientes com eventos cardiovasculares (MACE). Quase a metade dos

pacientes apresentava DAC extensa (SIS>5). De forma geral, os pacientes

com MACE tinham mais placas não calcificadas (SISnãocalc médio de

2,2±2,6) em relação às placas mistas ou calcificadas. Os resultados da

angiotomografia de coronárias estão demonstrados na Tabela 3.

Page 58: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 34

Tabela 3 - Resultados da angiotomografia de coronárias

Total de

pacientes (n = 199)

Sem MACE (n = 126)

Com MACE (n = 73)

Valor-p

Ausência de DAC¶ 27 (14) 24 (19) 3 (4) 0.001

DAC não obstrutiva 50 (25) 40 (32) 11 (15) 0.009

DAC obstrutiva 122 (61) 62 (49) 60 (82) <0.001

doença em 1-vaso 37 (18) 23 (18) 14 (19) 0.87

doença em 2-vasos 39 (20) 18 (14) 21 (29) 0.01

doença em 3-vasos 46 (23) 21 (17) 25 (34) 0.005

SIS¶ 5.9±4.7 4.8±4.3 8.0±4.5 <0.001

SIS>5 92 (46) 45 (36) 47 (64) <0.001

SIScalc¶ 1.6±2.3 1.3±1.8 2.2±2.9 0.04

SISmista¶ 2.1±2.6 1.7±2.4 2.7±2.9 0.004

SISnãocalc¶ 2.2±2.6 1.7±2.2 3.1±3.0 <0.001

SSS¶ 9.9±9.3 7.7±8.7 13.9±9.0 <0.001

SSS>5 113 (57) 57 (45) 56 (77) <0.001

Gensini 45.4±59.6 36.1±59.8 61.4±56.1 <0.001

LeSc¶ 9.0±9.3 7.3±6.7 11.9±6.3 <0.001 ¶ DAC = Doença Arterial Coronária; SIS = total de segmentos coronarianos com placas; SIScalc = total de segmentos coronarianos com placas calcificadas; SISnãocalc = total de segmentos coronarianos com placas não calcificadas; SISmista = total de segmentos coronarianos com placas mistas; SSS = escore de estenose segmentar; LeSc = Leaman escore

Page 59: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 35

4.3 Características dos eventos no seguimento

Durante o seguimento mediano de 6,8 anos (IC: 6,3 – 9,1 anos), 73

pacientes evoluíram com desfecho composto por MACE (Tabela 4). Óbito

cardiovascular ocorreu em 9 pacientes (4,5%); síndrome coronariana aguda

não fatal em 14 pacientes (7,0%); hospitalização por insuficiência cardíaca

em 11 pacientes (5,5%); arritmias ventriculares não fatais e morte súbita

abortada em 8 pacientes (4,0%).

Os pacientes que evoluíram com MACE tinham maior prevalência de

diabetes e história de tabagismo (Tabela 1). História pregressa de DAC

também estava associada a eventos (Tabela 5). Ao considerar os preditores

univariados, todas as características da TCCor estavam significativamente

associadas a MACE (Tabela 5).

Tabela 4 - Características dos eventos no seguimento

Eventos (10-anos seguimento)

Nº (%) de pacientes

Eventos cardíacos maiores (n = 73/199)

Óbito cardiovascular 9 (4.5)

SCA¶ não fatal 14 (7)

Revascularização 31 (15.5)

Hospitalização por IC¶ 11 (5.5)

AR¶ não fatais ou MS¶ abortada 8 (4)

Os valores são no = frequência, (%) = percentil ¶ SCA = Síndrome Coronariana Aguda; IC = Insuficiência Cardíaca; AR = Arritmias Ventriculares; MS = Morte Súbita

Page 60: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 36

Tabela 5 - Preditores univariados de MACE Variável HR (IC 95%) valor-p

Idade* 1.00 (0.97-1.04) 0.56

Sexo masculino 1.31 (0.81-2.15) 0.27

IMC†* 1.00 (0.95-1.06) 0.77

Hipertensão 1.19 (0.64-2.21) 0.58

Dislipidemia 1.28 (0.80-2.06) 0.30

Diabetes 2.19 (1.38-3.48) <0.001

Tabagismo atual 1.70 (1.04-2.78) 0.03

DAC¶ prévia 1.68 (1.02-2.76) 0.04

FC¶* 1.01 (0.90-1.03) 0.23

ECG¶ alterado 1.29 (0.81-2.05) 0.28

DAC obstrutiva 3.58 (1.96-6.51) <0.001

DAC multiarterial 2.94 (1.82-4.74) <0.001

SIS¶ 1.19 (1.07-1.17) <0.001

SISCalc 1.11 (1.02-1.21) 0.01

SISMista 1.11 (1.02-1.20) 0.006

SISnãocalc 1.14 (1.06-1.23) <0.001

SSS¶ 1.05 (1.02-1.07) <0.001

Gensini* 1.04 (1.02-1.07) 0.002

LeSc¶ 1.08 (1.04-1.11) <0.001

*Per 10-U change † Índice de Massa Corporal = peso em quilogramas dividido pelo quadrado da altura em metros ¶ DAC = Doença Arterial Coronária; ECG = Eletrocardiograma; FC = Frequência Cardíaca; SIS = total de segmentos coronarianos com placas; SIScalc = total de segmentos coronarianos com placas calcificadas; SISnãocalc = total de segmentos coronarianos com placas não calcificadas; SISmista = total de segmentos coronarianos com placas mistas; SSS = escore de estenose segmentar; LeSc = Leaman escore

Page 61: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 37

As curvas de sobrevida livre de eventos não ajustadas (Kaplan-Meier)

foram estratificadas de acordo com a gravidade da DAC (obstrutiva ou não),

extensão (SIS >5), escores de estenose segmentar (SSS >5) e pelo Leaman

escore, que leva em consideração a localização, o tipo de placa e o grau de

estenose (Figura 6). Observamos que os pacientes com DAC obstrutiva e

escores tomográficos mais elevados evoluíram com maior número de

eventos ao longo do seguimento.

Figura 6 - Curvas de Kaplan-Meier para MACE de acordo com a gravidade

da DAC (A); extensão pelo SIS (B); carga aterosclerótica pelo escore de Leaman (C) e SSS (D)

Page 62: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 38

4.4 Valor prognóstico incremental pela TCCor

Na análise multivariada, a maioria dos escores tomográficos

adicionados ao modelo clínico agregou valor prognóstico adicional ao

modelo clínico isolado. Entretanto, SIScalc, SISmista e escore de Gensini

não tiveram valor de p estatisticamente significativo.

Em comparação ao modelo clínico isolado, a principal melhora na

predição de eventos ocorreu ao se adicionar a presença de DAC obstrutiva

(χ2 35,6 vs 21,2, p<0,001). No entanto, outros modelos tiveram valores

incrementais comparáveis à presença de DAC obstrutiva na predição de

MACE (χ2>30), sendo que não somente o SIS total, mas a simples

contagem das placas não calcificadas (SISnãocalc) permaneceu como fator

independentemente associado a MACE, apresentando benefício prognóstico

incremental sobre o modelo clínico isolado (χ2 32,6 vs 21,2, p<0,001). A

performance do modelo foi verificada pelo valor de Akaike, pelo qual quanto

melhor o modelo, menor é o seu valor numérico (Figura 7).

Page 63: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 39

O modelo clínico inclui idade, sexo masculino, diabetes, tabagismo e história prévia de DAC. As barras azuis representam o qui-quadrado global dos modelos e as barras laranja representam o critério de Akaike para comparação de modelos não aninhados. Valor de P- nos modelos foram representados como: ns = não significativo; *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001. Figura 7 - Modelo multivariado associando características

angiotomográficas ao modelo clínico isolado na predição de MACE

Entre os pacientes com DAC obstrutiva, realizamos uma re-

estratificação por meio de uma nova análise para verificação da importância

e peso da placa não calcificada naquela população. Verificamos que,

mesmo entre aqueles pacientes de alto risco relacionado à placa obstrutiva,

a presença de um maior número de segmentos com placas não calcificadas

(> 3) estava associado ao aumento de eventos cardiovasculares (MACE).

Pacientes com DAC obstrutiva e SISnãocalc > 3 evoluíram com maior

número de eventos (HR 4,27, IC95% 2,17-4,40, p<0,001) (Figuras 8 e 9).

Page 64: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 40

Figura 8 - Curvas de Kaplan-Meier para MACE de acordo com o número de placas não calcificadas em relação à presença de doença obstrutiva

Page 65: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 41

Os riscos são derivados da análise multivariada. A área mais escura representa o intervalo de confiança (IC) 50% e o amarelo mais claro representa o IC 95%. Figura 9 - Regressão de Cox estimando o risco (hazard ratio) utilizando 3

como valor de referência para o número de segmentos com placas não calcificadas (SISnãocalc)

Page 66: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Resultados 42

Na análise exploratória da Figura 8, verificamos que durante os 3

primeiros anos de seguimento a presença de DAC obstrutiva (linhas rosa e

amarela) esteve associada com a ocorrência de MACE em comparação aos

pacientes sem DAC ou com DAC não obstrutiva (linha azul), não sendo esse

fator influenciado pela extensão de placas não calcificadas. Entretanto, após

os 3 primeiros anos de seguimento, o paciente com DAC obstrutiva que

apresentava mais de 3 segmentos com placas não calcificadas evoluiu com

risco de MACE maior em relação aos pacientes com pouca placa não

calcificada (HR 6,54, IC95% 2,18-19,59, p<0,001), reforçando, assim, o valor

da placa não calcificada no longo prazo (Figura 10).

Realizada a análise de referência (landmark analysis) em 3 anos: As curvas à esquerda mostram que durante os 3 primeiros anos de seguimento, os pacientes que apresentam muita ou pouca placa não calcificada são semelhantes em relação a MACE. As curvas à direita mostram que após 3 anos os pacientes com DAC obstrutiva e mais placa não calcificada sofrem um importante aumento do risco de eventos em comparação aos que têm pouca placa. Figura 10 - Curvas de Kaplan-Meier para MACE de acordo com o número

de placas não calcificadas em relação à presença de doença obstrutiva de acordo com o tempo (3 anos)

Page 67: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

5 Discussão

Page 68: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 44

5 DISCUSSÃO

Neste estudo foi demonstrado que escores tomográficos predizem

eventos cardiovasculares no seguimento de muito longo prazo (mediana de

6,8 anos), nos pacientes que se apresentam clinicamente com probabilidade

entre intermediária e alta de doença coronária obstrutiva e que participaram

de estudo clínico controlado.

Alguns aspectos merecem ser destacados no presente estudo: é

derivado de estudo clínico controlado, tempo de seguimento longo e conta

com a utilização de quatro escores angiotomográficos relativamente pouco

investigados na literatura, como o de Gensini e Leaman.

5.1 Valor da angiotomografia de coronárias na predição prognóstica

O valor diagnóstico da angiotomografia de coronárias na detecção da

placa aterosclerótica já é bem conhecido, mas sua implicação prognóstica

era incerta até pouco tempo.

Estudos prévios avaliaram DAC obstrutiva versus não obstrutiva para

predizer mortalidade global. Entretanto, além de correlacionar somente com

escore SSS e SIS, aqueles estudos não tiveram poder estatístico suficiente

para detectar as diferentes causas de mortalidade entre os pacientes (36, 39).

O estudo de Chow et al. (78) acrescentou informações prognósticas

utilizando desfechos de mortalidade e infarto, porém com seguimento curto

Page 69: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 45

de 16 meses. Andreini et al. (38) também demonstraram a relação entre

presença ou ausência de doença obstrutiva com escores de envolvimento e

gravidade de placa aterosclerótica no seguimento de longo prazo (média de

52 meses). Esse estudo teve grande número de pacientes incluídos, mas

com seguimento bem mais curto.

Embora o valor prognóstico da placa aterosclerótica na

angiotomografia de coronárias já tenha sido demonstrado anteriormente,

aqueles estudos foram baseados principalmente em populações de mais

baixo risco. Além disso, baseavam-se em registros ou coortes com

população não controlada. A população do nosso estudo apresenta uma

probabilidade pré-teste maior do que as reportadas previamente na literatura

(20, 37, 64, 65, 76).

O uso da TCCor nas populações de mais alto risco não foi

suficientemente estudado (79). Embora o estudo PROMISE(80) deva ser

lembrado por ajudar a elucidar o método diagnóstico mais apropriado para

pacientes com dor torácica estável, apenas 12% dos pacientes nesse estudo

tinham angina típica, o que levanta a hipótese de que seria necessário uma

população de mais alta probabilidade pré-teste de DAC para que tivéssemos

o poder de diferenciar o impacto do teste anatômico versus funcional.

Nenhum desses estudos prévios avaliou o impacto em uma população de

mais alto risco.

Page 70: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 46

5.2 O papel da carga de placa na predição prognóstica

Um importante achado de nosso estudo foi a verificação de que a

extensão das placas não calcificadas fornece valor prognóstico adicional em

relação ao modelo clínico associado à severidade da placa (grau de

obstrução). Entre os pacientes com doença coronária obstrutiva, aqueles

com maior número de segmentos com placas não calcificadas (SISnãocalc

>3) ou seja, doença extensa, evoluíram com pior prognóstico em

comparação aos pacientes com doença obstrutiva e menos placa não

calcificada (SISnãocalc ≤3) (Figura 12).

Entre os modelos tomográficos, aqueles incluindo as características da

placa, principalmente o componente não calcificado da mesma,

demonstraram ser os melhores modelos para predição de MACE. Dessa

forma, dois modelos se destacaram, sendo um mais simples (modelo com

SISnãocalc) e outro mais complexo, envolvendo extensão, severidade e tipo

de placa (modelo incluindo o Leaman escore).

A presença de DAC obstrutiva está associada ao maior risco de MACE.

Meta-análises prévias já demonstraram que o aumento de eventos está

correlacionado ao grau de obstrução pela angiotomografia (35, 81, 82).

Conforme revela novo conceito de nosso estudo, em pacientes com DAC

obstrutiva o escore tomográfico que leva em consideração apenas o

componente não calcificado da placa aterosclerótica (SISnãocalc >3)

resultou em desempenho diagnóstico semelhante ao escore de Leaman,

porém mais facilmente quantificado e reportado. O SIS é uma medida

Page 71: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 47

simples da extensão da aterosclerose coronária, de valor prognóstico

independente e comparável aos de outras medidas realizadas da rotina de

avaliação do exame de angiotomografia de coronárias.

5.3 Perspectivas clínicas para o uso dos escores tomográficos na

DAC

Atualmente, os pacientes que apresentam DAC obstrutiva são

classificados como pacientes de alto risco cardiovascular e muitas vezes

esses são candidatos à revascularização miocárdica percutânea ou cirúrgica

baseada somente na avaliação anatômica. Aqueles com doença extensa,

porém não obstrutiva, muitas vezes têm seu risco minimizado na prática

clínica. Bittencourt et al. (83) demonstraram que, independentemente de

haver doença obstrutiva ou não, a extensão (SIS) da placa detectada pela

TCCor aumenta a avaliação de risco cardiovascular.

O registro CONFIRM demonstrou que tanto a carga de placa

aterosclerótica calcificada quanto a presença de DAC obstrutiva

quantificadas pela angiotomografia de coronárias incrementam valor

prognóstico aos fatores de risco clínico tradicionais e que um escore

preditivo combinando parâmetros de TCCor com informações clínicas

melhora significativamente a predição de eventos, permitindo uma

reclassificação de aproximadamente um terço dos pacientes quanto ao risco

de mortalidade (37). No entanto, a importância da placa não calcificada nos

pacientes com DAC obstrutiva é desconhecida. Na nossa população, apesar

Page 72: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 48

de os pacientes terem doença obstrutiva, a presença de placa não

calcificada correlaciona-se com prognóstico após 3 anos de

acompanhamento (Figura 12). O manejo dos pacientes com DAC obstrutiva

(representada por 61% da nossa coorte) e SISnãocalc >3 precisa ser

discutido em estudos posteriores, pois as implicações clínicas associadas a

esses achados ainda não são conhecidas.

Mais ainda, 40% da nossa população não apresentava doença

obstrutiva. Além disso, mesmo naqueles 60% com doença obstrutiva, a

característica fenotípica da placa aterosclerótica avaliada pela TCCor e os

marcadores angiotomográficos que se mantiveram no longo prazo

acrescentaram valor prognóstico, o que, aliado à já reportada excelente

custo-efetividade da CTA nos permite sugerir que a TCCor deva ser

considerada como exame de primeira linha na investigação da DAC, mesmo

em pacientes com alta probabilidade pré-teste e dor torácica sugestiva, pois

mesmo nessa população poderá reduzir o número de cateterismos

desnecessários (84, 85). Além da excelente custo-efetividade e acurácia, a

característica da placa aterosclerótica agrega valor prognóstico comparado

ao cateterismo. Essas sugestões foram recentemente incorporadas na

diretriz inglesa (NICE guidelines) (86), que recomenda a angiotomografia das

artérias coronárias como exame de primeira linha na avaliação da doença

arterial coronariana estável.

Page 73: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Discussão 49

5.4 Limitações

Umas das limitações do nosso estudo é que, pelo seu desenho de

coorte prospectivo e observacional, todas as decisões de tratamento e

intervenção durante o seguimento foram tomadas pelo clínico responsável

do paciente individual e não necessariamente seguiu critérios semelhantes

para tratamento, definidos por diretrizes ou institucionais.

A angiotomografia de coronárias tem resolução espacial limitada e,

portanto, artérias de pequeno calibre (menor que 1,5 mm de diâmetro) não

foram avaliadas. Ainda em relação ao exame de TCCor, segmentos não

avaliáveis pela TCCor foram tratados estatisticamente conforme descritos na

seção estatística, com técnica específica de atribuição.

Outra limitação foi a inclusão de revascularização miocárdica como

evento cardiovascular. A inclusão desse procedimento é passível de crítica,

tratando-se de evento que pode fazer parte do tratamento da DAC, portanto

não sendo espontâneo e sim dependente da decisão clínica individual. Uma

das formas que encontramos para minimizar seus efeitos estatísticos foi

considerar as revascularizações miocárdicas realizadas somente 30 dias

após a inclusão do paciente no estudo. Entretanto, sabemos que no nosso

centro algumas revascularizações após 30 dias podem ainda estar

relacionadas ao evento diagnóstico inicial.

Page 74: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

6 Conclusões

Page 75: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Conclusões 51

6 CONCLUSÕES

Escores tomográficos de DAC predizem eventos cardiovasculares no

seguimento de muito longo prazo nos pacientes com sintomas de DAC

estáveis e clinicamente referenciados à cineangiocoronariografia invasiva,

fornecendo valor incremental à avaliação de risco clínico.

Os escores envolvendo carga de placa aterosclerótica, principalmente

da placa não calcificada (SISnãocalc >3), foram preditores de eventos

tardios, mesmo nos pacientes com DAC obstrutiva, sugerindo que a carga

de placa possa ser o fator prognóstico mais importante, e este fator se

mostra clinicamente ainda mais relevante após 3 anos de seguimento.

Page 76: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

7 Apêndice

Page 77: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Apêndice 53

Tabela 1 - Segmentação das artérias coronárias

CORE 64 e 320§ SCCT‡ Tese*

1 CD prox 1 CD prox 1 CD prox

2 CD med 2 CD med 2 CD med

3 CD dist 3 CD dist 3 CD dist

4 DP 4 DP 4 DP

5 VP 16 VP 5 VP

6 TCE 5 TCE 6 TCE

7 DA prox 6 DA prox 7 DA prox

8 DA med 7 DA med 8 DA med

9 DA dist 8 DA dist 9 DA dist

10 Dg1 9 Dg1 10 Dg1

11 Dg2 10 Dg2 11 Dg2

12 Cx prox 11 Cx prox 12 Cx prox

13 Cx med 12 Mg1 13 Cx med

14 Mg1 13 Cx dist 14 Mg1

15 Mg2 14 Mg2 15 Mg2

16 Mg3 15 DPE 16 Mg3

17 Cx dist e VPs 17 Dgls 17 Cx dist

18 DPE 18 VPE 18 DPE

19 Dgls

19 Dgls

20 VPE

* Segmentação utilizada para coleta de dados para a tese § Segmentação utilizada nos estudos CORE 64 e CORE 320 ‡ Segmentação proposta pela Society of Cardiovascular Computed Tomography Nomenclatura: CD prox = artéria coronária direita proximal; CD med = artéria coronária direita médio; CD dist = artéria coronária direita distal; DP = artéria descendente posterior; V P = artéria ventricular posterior; TCE = tronco da coronária esquerda; DA prox = artéria descendente anterior proximal; DA med = artéria descendente anterior médio; DA dist = artéria descendente anterior distal; Dg1 = artéria primeira diagonal; Dg2 = artéria segunda diagonal; Cx prox = artéria circunflexa proximal; Cx med= artéria circunflexa médio; Cx dist= artéria circunflexa distal; Mg1= artéria primeira marginal; Mg2 = artéria segunda marginal; Mg3 = artéria terceira marginal; DPE = artéria descendente posterior esquerda; Dgls = artéria diagonalis; VPE = artéria ventricular posterior esquerda

Page 78: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

8 Referências

Page 79: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 55

8 REFERÊNCIAS

1. GBD 2013 DALYs and HALE Collaborators, Murray CJ, Barber RM,

Foreman KJ, Ozgoren AA, Abd-Allah F, Abera SF, et al. Global, regional,

and national disability-adjusted life years (DALYs) for 306 diseases and

injuries and healthy life expectancy (HALE) for 188 countries, 1990-2013:

quantifying the epidemiological transition. Lancet. 2015;386(10009):2145-

91..

2. Mozaffarian D, Benjamin EJ, Go AS, Arnett DK, Blaha MJ, Cushman

M, et al. Heart disease and stroke statistics—2015 update: a report from the

American Heart Association. Circulation. 2015;131(4):e29-e322.

3. Greenland P, Alpert JS, Beller GA, Benjamin EJ, Budoff MJ, Fayad

ZA, et al. 2010 ACCF/AHA guideline for assessment of cardiovascular risk in

asymptomatic adults: a report of the American College of Cardiology

Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines.

J Am Coll Cardiol. 2010;56(25):e50-103.

4. Wong ND. Epidemiological studies of CHD and the evolution of

preventive cardiology. Nat Rev Cardiol. 2014;11(5):276-89.

5. Mansur Ade P, Lopes AI, Favarato D, Avakian SD, Cesar LA, Ramires

JA. Epidemiologic transition in mortality rate from circulatory diseases in

Brazil. Arq Bras Cardiol. 2009;93(5):506-10.

6. Simao AF, Precoma DB, Andrade JP, Correa FH, Saraiva JF, Oliveira

GM, et al. [I Brazilian Guidelines for cardiovascular prevention]. Arq Bras

Cardiol. 2013;101(6 Suppl 2):1-63.

Page 80: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 56

7. Genders TS, Steyerberg EW, Hunink MG, Nieman K, Galema TW,

Mollet NR, et al. Prediction model to estimate presence of coronary artery

disease: retrospective pooled analysis of existing cohorts. BMJ. 2012;

344:e3485.

8. Diamond GA, Forrester JS. Analysis of probability as an aid in the

clinical diagnosis of coronary-artery disease. N Engl J Med. 1979;300(24):

1350-8.

9. Sekhri N, Perel P, Clayton T, Feder GS, Hemingway H, Timmis A. A

10-year prognostic model for patients with suspected angina attending a

chest pain clinic. Heart. 2016;102(11):869-75.

10. Cooney MT, Dudina AL, Graham IM. Value and limitations of existing

scores for the assessment of cardiovascular risk: a review for clinicians. J

Am Coll Cardiol. 2009;54(14):1209-27.

11. Stone GW, Maehara A, Lansky AJ, de Bruyne B, Cristea E, Mintz GS,

et al. A prospective natural-history study of coronary atherosclerosis. N Engl

J Med. 2011;364(3):226-35.

12. Motoyama S, Sarai M, Narula J, Ozaki Y. Coronary CT angiography

and high-risk plaque morphology. Cardiovasc Interv Ther. 2013;28(1):1-8.

13. Schroeder S, Kopp AF, Baumbach A, Meisner C, Kuettner A, Georg

C, et al. Noninvasive detection and evaluation of atherosclerotic coronary

plaques with multislice computed tomography. J Am Coll Cardiol. 2001;37(5):

1430-5.

14. Blankenhorn DH, Stern D. Calcification of the coronary arteries. Am J

Roentgenol Radium Ther Nucl Med. 1959;81(5):772-7.

Page 81: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 57

15. Margolis JR, Chen JT, Kong Y, Peter RH, Behar VS, Kisslo JA. The

diagnostic and prognostic significance of coronary artery calcification. A

report of 800 cases. Radiology. 1980;137(3):609-16.

16. Wexler L, Brundage B, Crouse J, Detrano R, Fuster V, Maddahi J, et

al. Coronary artery calcification: pathophysiology, epidemiology, imaging

methods, and clinical implications. A statement for health professionals from

the American Heart Association. Writing Group. Circulation. 1996;94(5):

1175-92.

17. Greenland P, LaBree L, Azen SP, Doherty TM, Detrano RC. Coronary

artery calcium score combined with Framingham score for risk prediction in

asymptomatic individuals. JAMA. 2004;291(2):210-5.

18. Shaw LJ, Raggi P, Schisterman E, Berman DS, Callister TQ.

Prognostic value of cardiac risk factors and coronary artery calcium

screening for all-cause mortality. Radiology. 2003;228(3):826-33.

19. Taylor AJ, Bindeman J, Feuerstein I, Cao F, Brazaitis M, O'Malley PG.

Coronary calcium independently predicts incident premature coronary heart

disease over measured cardiovascular risk factors: mean three-year

outcomes in the Prospective Army Coronary Calcium (PACC) project. J Am

Coll Cardiol. 2005;46(5):807-14.

20. Budoff MJ, Shaw LJ, Liu ST, Weinstein SR, Mosler TP, Tseng PH, et

al. Long-term prognosis associated with coronary calcification: observations

from a registry of 25,253 patients. J Am Coll Cardiol. 2007;49(18):1860-70.

21. Demer LL, Tintut Y. Vascular calcification: pathobiology of a

multifaceted disease. Circulation. 2008;117(22):2938-48.

Page 82: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 58

22. Haberl R, Becker A, Leber A, Knez A, Becker C, Lang C, et al.

Correlation of coronary calcification and angiographically documented

stenoses in patients with suspected coronary artery disease: results of 1,764

patients. J Am Coll Cardiol. 2001;37(2):451-7.

23. Nasir K, Bittencourt MS, Blaha MJ, Blankstein R, Agatson AS, Rivera

JJ, et al. Implications of coronary artery calcium testing among statin

candidates according to American College of Cardiology/American Heart

Association Cholesterol Management Guidelines: MESA (Multi-Ethnic Study

of Atherosclerosis). J Am Coll Cardiol. 2015;66(15):1657-68.

24. Gerber TC, Carr JJ, Arai AE, Dixon RL, Ferrari VA, Gomes AS, et al.

Ionizing radiation in cardiac imaging: a science advisory from the American

Heart Association Committee on Cardiac Imaging of the Council on Clinical

Cardiology and Committee on Cardiovascular Imaging and Intervention of

the Council on Cardiovascular Radiology and Intervention. Circulation. 2009;

119(7):1056-65.

25. Stein PD, Yaekoub AY, Matta F, Sostman HD. 64-slice CT for

diagnosis of coronary artery disease: a systematic review. Am J Med.

2008;121(8):715-25.

26. Sun Z, Lin C, Davidson R, Dong C, Liao Y. Diagnostic value of 64-

slice CT angiography in coronary artery disease: a systematic review. Eur J

Radiol. 2008;67(1):78-84.

27. Budoff MJ, Dowe D, Jollis JG, Gitter M, Sutherland J, Halamert E, et

al. Diagnostic performance of 64-multidetector row coronary computed

tomographic angiography for evaluation of coronary artery stenosis in

individuals without known coronary artery disease: results from the

prospective multicenter ACCURACY (Assessment by Coronary Computed

Tomographic Angiography of Individuals Undergoing Invasive Coronary

Angiography) trial. J Am Coll Cardiol. 2008;52(21):1724-32.

Page 83: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 59

28. Meijboom WB, Meijs MF, Schuijf JD, Cramer MJ, Mollet NR, van

Mieghem CA, et al. Diagnostic accuracy of 64-slice computed tomography

coronary angiography: a prospective, multicenter, multivendor study. J Am

Coll Cardiol. 2008;52(25):2135-44.

29. Miller JM, Rochitte CE, Dewey M, Arbab-Zadeh A, Niinuma H, Gottlieb

I, et al. Diagnostic performance of coronary angiography by 64-row CT. N

Engl J Med. 2008;359(22):2324-36.

30. Ambrose JA. In search of the "vulnerable plaque": can it be localized

and will focal regional therapy ever be an option for cardiac prevention? J Am

Coll Cardiol. 2008;51(16):1539-42.

31. Motoyama S, Kondo T, Sarai M, Sugiura A, Harigaya H, Sato T, et al.

Multislice computed tomographic characteristics of coronary lesions in acute

coronary syndromes. J Am Coll Cardiol. 2007;50(4):319-26.

32. Waxman S, Ishibashi F, Muller JE. Detection and treatment of

vulnerable plaques and vulnerable patients: novel approaches to prevention

of coronary events. Circulation. 2006;114(22):2390-411.

33. Maurovich-Horvat P, Ferencik M, Voros S, Merkely B, Hoffmann U.

Comprehensive plaque assessment by coronary CT angiography. Nat Rev

Cardiol. 2014;11(7):390-402.

34. Sundaram B, Patel S, Agarwal P, Kazerooni EA. Anatomy and

terminology for the interpretation and reporting of cardiac MDCT: part 2, CT

angiography, cardiac function assessment, and noncoronary and

extracardiac findings. AJR Am J Roentgenol. 2009;192(3):584-98.

35. Hulten EA, Carbonaro S, Petrillo SP, Mitchell JD, Villines TC.

Prognostic value of cardiac computed tomography angiography: a systematic

review and meta-analysis. J Am Coll Cardiol. 2011;57(10):1237-47.

Page 84: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 60

36. Min JK, Shaw LJ, Devereux RB, Okin PM, Weinsaft JW, Russo DJ, et

al. Prognostic value of multidetector coronary computed tomographic

angiography for prediction of all-cause mortality. J Am Coll Cardiol. 2007;

50(12):1161-70.

37. Hadamitzky M, Achenbach S, Al-Mallah M, Berman D, Budoff M,

Cademartiri F, et al. Optimized prognostic score for coronary computed

tomographic angiography: results from the CONFIRM registry (COronary CT

Angiography EvaluatioN For Clinical Outcomes: An InteRnational Multicenter

Registry). J Am Coll Cardiol. 2013;62(5):468-76.

38. Andreini D, Pontone G, Mushtaq S, Bartorelli AL, Bertella E, Antonioli

L, et al. A long-term prognostic value of coronary CT angiography in

suspected coronary artery disease. JACC Cardiovasc Imaging. 2012;5(7):

690-701.

39. Min JK, Dunning A, Lin FY, Achenbach S, Al-Mallah M, Budoff MJ, et

al. Age- and sex-related differences in all-cause mortality risk based on

coronary computed tomography angiography findings results from the

International Multicenter CONFIRM (Coronary CT Angiography Evaluation

for Clinical Outcomes: An International Multicenter Registry) of 23,854

patients without known coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 2011;

58(8):849-60.

40. Rochitte CE, George RT, Chen MY, Arbab-Zadeh A, Dewey M, Miller

JM, et al. Computed tomography angiography and perfusion to assess

coronary artery stenosis causing perfusion defects by single photon emission

computed tomography: the CORE320 study. Eur Heart J. 2014;35(17):1120-

30.

41. Miller JM, Dewey M, Vavere AL, Rochitte CE, Niinuma H, Arbab-

Zadeh A, et al. Coronary CT angiography using 64 detector rows: methods

and design of the multi-centre trial CORE-64. Eur Radiol. 2009;19(4):816-28.

Page 85: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 61

42. Vavere AL, Simon GG, George RT, Rochitte CE, Arai AE, Miller JM, et

al. Diagnostic performance of combined noninvasive coronary angiography

and myocardial perfusion imaging using 320 row detector computed

tomography: design and implementation of the CORE320 multicenter,

multinational diagnostic study. J Cardiovasc Comput Tomogr. 2011;5(6):370-

81.

43. George RT, Arbab-Zadeh A, Cerci RJ, Vavere AL, Kitagawa K, Dewey

M, et al. Diagnostic performance of combined noninvasive coronary

angiography and myocardial perfusion imaging using 320-MDCT: the CT

angiography and perfusion methods of the CORE320 multicenter

multinational diagnostic study. AJR Am J Roentgenol. 2011;197(4):829-37.

44. Yoneyama K, Vavere AL, Cerci R, Ahmed R, Arai AE, Niinuma H, et

al. Influence of image acquisition settings on radiation dose and image

quality in coronary angiography by 320-detector volume computed

tomography: the CORE320 pilot experience. Heart Int. 2012;7(2):e11.

45. Agatston AS, Janowitz WR, Hildner FJ, Zusmer NR, Viamonte M, Jr.,

Detrano R. Quantification of coronary artery calcium using ultrafast computed

tomography. J Am Coll Cardiol. 1990;15(4):827-32.

46. Scanlon PJ, Faxon DP, Audet AM, Carabello B, Dehmer GJ, Eagle

KA, et al. ACC/AHA guidelines for coronary angiography: executive summary

and recommendations. A report of the American College of

Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines

(Committee on Coronary Angiography) developed in collaboration with the

Society for Cardiac Angiography and Interventions. Circulation. 1999;99(17):

2345-57.

Page 86: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 62

47. Leipsic J, Abbara S, Achenbach S, Cury R, Earls JP, Mancini GJ, et

al. SCCT guidelines for the interpretation and reporting of coronary CT

angiography: a report of the Society of Cardiovascular Computed

Tomography Guidelines Committee. J Cardiovasc Comput Tomogr. 2014;

8(5):342-58.

48. Cordeiro MA, Lardo AC, Brito MS, Rosario Neto MA, Siqueira MH,

Parga JR, et al. CT angiography in highly calcified arteries: 2D manual vs.

modified automated 3D approach to identify coronary stenoses. Int J

Cardiovasc Imaging. 2006;22(3-4):507-16.

49. Voros S, Rinehart S, Qian Z, Vazquez G, Anderson H, Murrieta L, et

al. Prospective validation of standardized, 3-dimensional, quantitative

coronary computed tomographic plaque measurements using radiofrequency

backscatter intravascular ultrasound as reference standard in intermediate

coronary arterial lesions: results from the ATLANTA (assessment of tissue

characteristics, lesion morphology, and hemodynamics by angiography with

fractional flow reserve, intravascular ultrasound and virtual histology, and

noninvasive computed tomography in atherosclerotic plaques) I study. JACC

Cardiovasc Interv. 2011;4(2):198-208.

50. Tomey MI, Narula J, Kovacic JC. Advances in the understanding of

plaque composition and treatment options: year in review. J Am Coll Cardiol.

2014;63(16):1604-16.

51. Springer I, Dewey M. Comparison of multislice computed tomography

with intravascular ultrasound for detection and characterization of coronary

artery plaques: a systematic review. Eur J Radiol. 2009;71(2):275-82.

Page 87: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 63

52. Pundziute G, Schuijf JD, Jukema JW, Decramer I, Sarno G,

Vanhoenacker PK, et al. Head-to-head comparison of coronary plaque

evaluation between multislice computed tomography and intravascular

ultrasound radiofrequency data analysis. JACC Cardiovasc Interv. 2008;

1(2):176-82.

53. Otsuka K, Fukuda S, Tanaka A, Nakanishi K, Taguchi H, Yoshikawa

J, et al. Napkin-ring sign on coronary CT angiography for the prediction of

acute coronary syndrome. JACC Cardiovasc Imaging. 2013;6(4):448-57.

54. Obaid DR, Calvert PA, Gopalan D, Parker RA, Hoole SP, West NE, et

al. Atherosclerotic plaque composition and classification identified by

coronary computed tomography: assessment of computed tomography-

generated plaque maps compared with virtual histology intravascular

ultrasound and histology. Circ Cardiovasc Imaging. 2013;6(5):655-64.

55. Maurovich-Horvat P, Schlett CL, Alkadhi H, Nakano M, Otsuka F,

Stolzmann P, et al. The napkin-ring sign indicates advanced atherosclerotic

lesions in coronary CT angiography. JACC Cardiovasc Imaging. 2012;5(12):

1243-52.

56. Hoffmann U, Moselewski F, Nieman K, Jang IK, Ferencik M, Rahman

AM, et al. Noninvasive assessment of plaque morphology and composition in

culprit and stable lesions in acute coronary syndrome and stable lesions in

stable angina by multidetector computed tomography. J Am Coll Cardiol.

2006;47(8):1655-62.

57. Rosa GM, Bauckneht M, Masoero G, Mach F, Quercioli A, Seitun S, et

al. The vulnerable coronary plaque: update on imaging technologies. Thromb

Haemost. 2013;110(4):706-22.

Page 88: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 64

58. Narula J, Garg P, Achenbach S, Motoyama S, Virmani R, Strauss

HW. Arithmetic of vulnerable plaques for noninvasive imaging. Nat Clin Pract

Cardiovasc Med. 2008;5 Suppl 2:S2-10.

59. Hong YJ, Jeong MH, Choi YH, Song JA, Ahmed K, Lee KH, et al.

Positive remodeling is associated with vulnerable coronary plaque

components regardless of clinical presentation: virtual histology-intravascular

ultrasound analysis. Int J Cardiol. 2013;167(3):871-6.

60. Achenbach S. Can CT detect the vulnerable coronary plaque? Int J

Cardiovasc Imaging. 2008;24(3):311-2.

61. Papadopoulou SL, Neefjes LA, Garcia-Garcia HM, Flu WJ, Rossi A,

Dharampal AS, et al. Natural history of coronary atherosclerosis by multislice

computed tomography. JACC Cardiovasc Imaging. 2012;5(3 Suppl):S28-37.

62. Motoyama S, Ito H, Sarai M, Kondo T, Kawai H, Nagahara Y, et al.

Plaque characterization by coronary computed tomography angiography and

the likelihood of acute coronary events in mid-term follow-up. J Am Coll

Cardiol. 2015;66(4):337-46.

63. Malpeso J, Budoff MJ. Predicting periprocedural myocardial infarction:

target-lesion plaque characterization with coronary computed tomography

angiography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(21):1889-90.

64. Dougoud S, Fuchs TA, Stehli J, Clerc OF, Buechel RR, Herzog BA, et

al. Prognostic value of coronary CT angiography on long-term follow-up of

6.9 years. Int J Cardiovasc Imaging. 2014;30(5):969-76.

Page 89: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 65

65. Bamberg F, Sommer WH, Hoffmann V, Achenbach S, Nikolaou K,

Conen D, et al. Meta-analysis and systematic review of the long-term

predictive value of assessment of coronary atherosclerosis by contrast-

enhanced coronary computed tomography angiography. J Am Coll Cardiol.

2011;57(24):2426-36.

66. Johnson KM, Dowe DA, Brink JA. Traditional clinical risk assessment

tools do not accurately predict coronary atherosclerotic plaque burden: a CT

angiography study. AJR Am J Roentgenol. 2009;192(1):235-43.

67. Ringqvist I, Fisher LD, Mock M, Davis KB, Wedel H, Chaitman BR, et

al. Prognostic value of angiographic indices of coronary artery disease from

the Coronary Artery Surgery Study (CASS). J Clin Invest. 1983;71(6):1854-

66.

68. de Araujo Goncalves P, Garcia-Garcia HM, Dores H, Carvalho MS,

Jeronimo Sousa P, Marques H, et al. Coronary computed tomography

angiography-adapted Leaman score as a tool to noninvasively quantify total

coronary atherosclerotic burden. Int J Cardiovasc Imaging. 2013;29(7):1575-

84.

69. Yancy CW, Jessup M, Bozkurt B, Butler J, Casey DE, Jr., Drazner

MH, et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of heart failure:

executive summary: a report of the American College of Cardiology

Foundation/American Heart Association Task Force on practice guidelines.

Circulation. 2013;128(16):1810-52.

70. O'Gara PT, Kushner FG, Ascheim DD, Casey DE, Jr., Chung MK, de

Lemos JA, et al. 2013 ACCF/AHA guideline for the management of ST-

elevation myocardial infarction: a report of the American College of

Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice

Guidelines. Circulation. 2013;127(4):e362-425.

Page 90: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 66

71. Fihn SD, Blankenship JC, Alexander KP, Bittl JA, Byrne JG, Fletcher

BJ, et al. 2014 ACC/AHA/AATS/PCNA/SCAI/STS focused update of the

guideline for the diagnosis and management of patients with stable ischemic

heart disease: a report of the American College of Cardiology/American

Heart Association Task Force on Practice Guidelines, and the American

Association for Thoracic Surgery, Preventive Cardiovascular Nurses

Association, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and

Society of Thoracic Surgeons. J Am Coll Cardiol. 2014;64(18):1929-49.

72. Amsterdam EA, Wenger NK, Brindis RG, Casey DE, Jr., Ganiats TG,

Holmes DR, Jr., et al. 2014 AHA/ACC guideline for the management of

patients with non-ST-elevation acute coronary syndromes: executive

summary: a report of the American College of Cardiology/American Heart

Association Task Force on Practice Guidelines. Circulation. 2014;130(25):

2354-94.

73. Thygesen K, Alpert JS, Jaffe AS, Simoons ML, Chaitman BR, White

HD, et al. Third universal definition of myocardial infarction. J Am Coll

Cardiol. 2012;60(16):1581-98.

74. Neumar RW, Shuster M, Callaway CW, Gent LM, Atkins DL, Bhanji F,

et al. Part 1: Executive Summary: 2015 American Heart Association

Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency

Cardiovascular Care. Circulation. 2015;132(18 suppl 2):S315-S67.

75. Bocchi EA, Braga FG, Ferreira SM, Rohde LE, Oliveira WA, Almeida

DR, et al. [III Brazilian Guidelines on Chronic Heart Failure]. Arq Bras

Cardiol. 2009;93(1 Suppl 1):3-70.

76. Mushtaq S, De Araujo Goncalves P, Garcia-Garcia HM, Pontone G,

Bartorelli AL, Bertella E, et al. Long-term prognostic effect of coronary

atherosclerotic burden: validation of the computed tomography-Leaman

score. Circ Cardiovasc Imaging. 2015;8(2):e002332.

Page 91: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 67

77. Calcagno V, de Mazancourt C. glmulti: An R Package for easy

automated model selection with (generalized) linear models. Journal of

Statistical Software. 2010;34(12):29.

78. Chow BJ, Wells GA, Chen L, Yam Y, Galiwango P, Abraham A, et al.

Prognostic value of 64-slice cardiac computed tomography severity of

coronary artery disease, coronary atherosclerosis, and left ventricular

ejection fraction. J Am Coll Cardiol. 2010;55(10):1017-28.

79. Moscariello A, Vliegenthart R, Schoepf UJ, Nance JW, Jr., Zwerner

PL, Meyer M, et al. Coronary CT angiography versus conventional cardiac

angiography for therapeutic decision making in patients with high likelihood

of coronary artery disease. Radiology. 2012;265(2):385-92.

80. Douglas PS, Hoffmann U, Patel MR, Mark DB, Al-Khalidi HR,

Cavanaugh B, et al. Outcomes of anatomical versus functional testing for

coronary artery disease. N Engl J Med. 2015;372(14):1291-300.

81. Jiang B, Wang J, Lv X, Cai W. Prognostic value of cardiac computed

tomography angiography in patients with suspected coronary artery disease:

a meta-analysis. Cardiology. 2014;128(4):304-12.

82. Habib PJ, Green J, Butterfield RC, Kuntz GM, Murthy R, Kraemer DF,

et al. Association of cardiac events with coronary artery disease detected by

64-slice or greater coronary CT angiography: a systematic review and meta-

analysis. Int J Cardiol. 2013;169(2):112-20.

83. Bittencourt MS, Hulten E, Ghoshhajra B, O'Leary D, Christman MP,

Montana P, et al. Prognostic value of nonobstructive and obstructive

coronary artery disease detected by coronary computed tomography

angiography to identify cardiovascular events. Circ Cardiovasc Imaging.

2014;7(2):282-91.

Page 92: THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento …€¦ · THAÍS PINHEIRO LIMA Avaliação prognóstica no seguimento de longo prazo dos pacientes submetidos a angiotomografia

Referências 68

84. Dewey M, Rief M, Martus P, Kendziora B, Feger S, Dreger H, et al.

Evaluation of computed tomography in patients with atypical angina or chest

pain clinically referred for invasive coronary angiography: randomised

controlled trial. BMJ. 2016;355:i5441.

85. Lee SE, Lin FY, Lu Y, Chang HJ, Min JK. Rationale and design of the

coronary computed tomographic angiography for selective cardiac

catheterization: relation to cardiovascular outcomes, cost effectiveness and

quality of life (CONSERVE) trial. Am Heart J. 2017;186:48-55.

86. Moss AJ, Williams MC, Newby DE, Nicol ED. The Updated NICE

Guidelines: Cardiac CT as the first-line test for coronary artery disease. Curr

Cardiovasc Imaging Rep. 2017;10(5):15.