Tiro Defensivo e Fundamental
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TIRO POLICIAL DEFENSIVO
INTRODUÇÃO
Esta apostila tem como tema central, a aplicação do Tiro Policial
Defensivo, analisando os aspectos relativos à sua eficiência, iremos abordar este
tema com o propósito de esclarecer aos profissionais de Segurança Pública,
(Policiais civis e militares), quando e em que circunstâncias o Tiro Defensivo deve
ser empregado.
O trabalho foi dividido em cinco pontos que julgamos serem de maior
relevância na atividade fim, a ser desempenhada pelo policial. Iremos expor de
forma simples e objetiva os aspectos do Tiro Defensivo; e dentro desta ótica
definiremos os pontos de maior relevância, que ao nosso ver são os princípios
basilares que devem ser observados pelo policial durante o desenvolvimento de
suas atividades operacionais.
Pretendemos alcançar, portanto, resultados que auxiliem o policial, à
execução do Tiro Defensivo nos seguintes aspectos:
a) Armamento e Equipamento;
b) Habilitação Profissional;
c) Aspectos Legais;
d) Elemento Surpresa;
e) Aspecto Psicológico.
Faz-se necessário ressaltar, que este trabalho tem como finalidade dar
início a uma série de argumentações técnicas, legais e normativas, para o uso do
Tiro Defensivo pelos agentes encarregados da aplicação da Lei. Não tendo a
pretensão de finalizar o assunto que possui grandes dimensões , dentro do leque de
possibilidades de quando e em que circunstâncias o PM deverá realizar o Tiro
Defensivo.
GeneralidadesDefine-se como Tiro Policial Defensivo, o conjunto de procedimentos
adotados pelo profissional de segurança pública, visando resguardar a vida, com a
fiel observância da legislação em vigor, havendo a real necessidade do uso
moderado da força letal.
Antes, porém, devemos lembrá-los que o Tiro Policial Defensivo, deve
ser o último recurso a ser utilizado pelo policial, precedido por uma série de aspectos
formais que tem como finalidade resguardar a vida e fazer com que seja esgotadas
todas possibilidades de negociação com a finalidade de convencer o agressor da
sociedade a render-se.
Dentro de uma ótica real, os autores que possuem obras ou ministram
cursos a respeito deste assunto, são unânimes em defender que o sucesso da
atividade profissional do policial com relação ao tiro se deve, principalmente, a uma
série de treinamentos constantes e evolutivos, iniciando no nível fundamental ou básico, passando pelo intermediário ou dinâmico, até chegar ao nível avançado.
Nível fundamental – É o nível aplicado aos iniciantes, onde lhes serão
ensinados os fundamentos básicos do tiro (posição do corpo em relação ao alvo; a
empunhadura da arma; alinhamento alça-massa; a respiração e o controle do
gatilho), bem como o manejo básico de todas as armas que irão trabalhar, é
importante deixar claro que o treinamento começa com disparos em seco.
Nível intermediário – É o nível aplicado aos profissionais, que já
devem estar aptos a realizar, com segurança, o manejo das armas e efetuar tiros
com precisão, passando a realizar um treinamento mais próximo da realidade,
inclusive sob estresse ( saque rápido, pistas em deslocamento e outras).
Nível avançado – É o mais alto nível ente os atiradores, neste é
realizado treinamentos para o desenvolvimento de sua própria técnica levando a
tomada de procedimentos corretos e ao raciocínio para tomada de decisões.
O Instrutor deve provocar “estresse” no Policial a partir do nível
intermediário exigindo do profissional a aplicação dos fundamentos do tiro, a
redução da silhueta, o abrigo e culminando com a realização de um disparo com
qualidade. Estando sob tensão, o policial que conseguir realizar seus disparos com
raciocínio, qualidade e a decisão correta, pode ser considerado apto ao
desempenho de suas funções. Entretanto, dentro de nossa realidade, constatamos
que dificilmente um profissional atinge um nível considerado perto do ideal, sem
antes passa por um treinamento constante e efetivo.
Passaremos a explanar os aspectos básicos para o sucesso na
realização de um tiro policial defensivo cuidando-se para o amparo do policial quanto
a real necessidade do uso da força letal em serviço.
a) Armamento e EquipamentoOs órgãos de segurança devem estarem embuídos em ter os
armamentos e equipamentos que mais se adequam à realidade de seus
profissionais, visando proporcionar aos mesmos mais segurança e comodidade para
a realização de sua atividade fim.
O Policial deve ter ciência de qual armamento irá utilizar no seu
cotidiano e possua conhecimentos básicos, tais como: manuseio, mecanismo de
segurança, princípio de funcionamento e principalmente os fundamentos básicos de
tiro quando do uso especifico de um determinado armamento.
O policial deve estar em condições de trazer esclarecimentos
convincentes sobre seu armamento e os equipamentos de proteção, sejam
individuais ou coletivos. Não é difícil em nosso meio, detectarmos policiais que
passaram por curso de formação em nossa instituição, sem realizar treinamento real
de tiro. É necessário que nosso policial saiba basicamente as características
técnicas das munições de nosso uso diário e suas finalidades, quais as armas e
munições que possuem maior poder de parada, o chamado STOPING POWER
(capacidade de determinada munição neutralizar a ação de um agressor com
apenas um tiro).
Ao entrar de serviço o policial deve estar consciente da verificação de
todo seu armamento realizando um inspeção rápida no (mecanismo de
funcionamento, condições física de manutenção das armas de fogo, verificar o
estado das munições que está recebendo, se não estão úmidas, com as pontas
girando, com o estojo amassado e outras), e ainda se torna indispensável à
verificação, e utilização de seu EPI (Equipamento de Proteção Individual) e seus
acessórios (cinto de guarnição, fiel, lanternas, etc.) e quando composta as equipes
com três ou mais componentes se faz obrigatório o uso de uma arma portátil, para a
proteção da própria equipe e devendo ser utilizada por um policial experiente e que
tenha total domínio sobre a arma. Muito se discute qual é o melhor armamento para
a atividade policial – com certeza a melhor arma e munição para o serviço policial é
aquele conjunto arma/munição que possui melhor poder de parada, mas de nada
adianta a corporação possuir armas e munições com excelente STOPING POWER,
se o profissional que irá utilizá-la não possui qualificação para manuseá-la.
b) Habilitação profissionalO aspecto a ser abordado é justamente a qualidade e os
conhecimentos de nossos profissionais, é sabido que a missão policial é por demais
espinhosa, e o policial tem que tomar decisões importantes em segundos. Tais
decisões precisão estar revestidas da legalidade. Naturalmente em questões
conflitantes é essencial superação das tendências emocionais, não se deixando
levar por decisões inseguras. A qualificação profissional é que leva o policial a ter
segurança e isenção em uma situação de risco, não importa se o delinqüente
estuprou uma criança ou se o homicida agiu com requintes de crueldade. O que
interessa é aplicar a lei e fazer com que a legalidade prevaleça, não devemos
permitir que a emoção nos contagie e nos leve a abusar da autoridade que
representamos.
O policial deverá ser moldado em seu período de formação, onde
receberá a habilitação necessária para dar-lhe à segurança e os conhecimentos
técnicos e operacionais, que serão utilizados em seu dia a dia.
Os constantes avanços sociais e legais exigem cada vez mais o
profissionalismo, a qualificação e a seriedade do trabalho policial, comportamentos
empíricos, baseados na coragem e na valentia do policial não são mais aceitos pela
sociedade que nós protegemos, pois cada vez mais consciente de seus direitos, os
cidadãos exigem do Estado um profissional habilitado, técnico e legalista. Dentro
deste avanço das exigências sociais, a integração polícia-comunidade faz-se
destacar o policiamento comunitário.
Em face da criminalidade violenta crescentemente e a violência
imposta pelos criminosos ser cada maior, surge então a grande questão: Quando
atirar? O nível da qualificação profissional do policial, fará com que este agente
defina o momento exato e o local de usar o armamento adequado, para conseguir a
manutenção da lei frente uma violência desenfreada ?
O conhecimento adquirido, na formação e nos treinamentos
constantes, faz com que o policial desenvolva a memória “psico-motora” ,e ainda, a
capacidade do agente de segurança de detectar ou visualizar uma situação de risco
onde, fará com que ele reflita assertivamente sobre Atirar ou não Atirar.
c) Aspectos legaisÉ importante que durante uma ocorrência, onde um policial se vê na
obrigação de empregar sua arma de fogo, tendo ele frações de tempo para analisar
os “aspectos legais” que envolvam tal situação, se torna imprescindível que o
profissional tome a decisão correta com clareza e simplicidade.
Um disparo mal realizado ou o excesso de disparos em um mesmo
agressor da sociedade, pode gerar consciência legais indesejáveis, excluindo o
policial do amparo do Art. 23 do Código Penal Brasileiro, que retrata as excludentes
de ilicitude.
In Verbis
Art. 23 Não ha crime quando o agente pratica o fato:
I- em estado de necessidade;
II- em legítima defesa;
III- em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do
direito.
Legitima Defesa – Entende-se quem, usando dos meios necessários,
repele injusta agressão atual ou iminente, a direito próprio ou outrem.
A primeira corrente de Doutrinadores, é contrária aos policias que em
qualquer circunstância, efetuam disparo de arma de fogo em um agressor da
sociedade, esta linha de pensamento alega que o profissional tendo a obrigação de
correr risco de vida, qualquer que seja sua ação jamais poderá alegar a legítima
defesa própria, e sim alegar que agiu no estrito cumprimento de dever legal, que
ocorre quando o comportamento do agente não é antijurídico e está dentro da
legitimidade. O dever que ele cumpria, quando da ação do disparo de uma arma de
fogo, pode acarretar responsabilidades civis, administrativas e penais (lei. Decreto,
ou Regulamento, etc.). Portanto, é necessário que obedeça rigorosamente aos
limites da legalidade, caso contrario, estará incluso no abuso de autoridade ou
excesso punível.
Esta corrente de Doutrinadores ressalta que o policial antes de usar
sua arma, deve visualizar o agressor, verbalizando com este, a fim de convencê-lo a
desistir de ações delituosas, entregando-se sem que haja o emprego do uso gradual
da força.
Tal corrente de juristas fundamentam que se o policial efetua um ou
mais disparos contra um agressor da sociedade, ele não estará amparado
legalmente e sim incurso na violência arbitraria ou no abuso de autoridade. Entende-
se como violência arbitrária.
Art. 322 do CP. Praticar violência no exercício da função ou a pretexto
de exercê-la.
O verbo empregado neste artigo é praticar, tendo o sentido de
cometer, fazer, executar. A prática de violência (o disparo de uma arma de goro em
desfavor de um agressor da sociedade) realizada por um policial, abrange qualquer
tipo de violência física contra a pessoa, é necessário ressaltar que para caracterizar
a violência arbitrária tal fato seja cometido no exercício da função ou a pretexto de
exercê-la e que tal função lhe faculte tal ação.
Segundo esta corrente, no caso em pauta, o policial ainda estará
incurso no art. 3º, da Lei nº 4898/65, que tem o seguinte texto:
Art. 3º Constitui abuso de autoridade
Letra I- à incolumidade física do indivíduo
O abuso de autoridade é, inegavelmente, o pesadelo de qualquer
policial que por suas características coercitivas anda as margens da lei. Inúmeros
são os policiais que respondem a processo e não é menor o número dos que são
condenados.
A segunda corrente se opõe a primeira, fundamentando que não há
que se falar em perda dos excludentes de criminalidade, tendo em vista que a Lei (é
erga omines), isto é, para todos os homens, logo, não se pode fazer diferenciação
de cidadãos, e o policial e um cidadão que tem como obrigação prestar segurança à
sociedade, vem como, fazer valer a autoridade do Estado. Esta corrente de
Doutrinadores discorda, também, da tese que diz que o policial ao realizar um
disparo em um agressor da sociedade, estando ele em flagrante delito e resiste a
ordem legal, estará incurso no crime de abuso de autoridade, fundamentando-se na
argumentação de que o cidadão que resiste à execução de uma determinação legal
com ameaças reais estará incurso no crime de resistência. O crime de resistência
constitui-se:
Art. 329 do CP. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou
ameaça a funcionário público competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxílio.
Devemos ressaltar, que para a configuração deste delito não serve a
tipificação da resistência passiva, não basta a simples desobediência, a ameaça
deve ser real com prenúncio de causar mal. O Jurista e Doutrinador (H. Fragoso,
Lições de DP. Parte especial, IV), entende que para o agressor da sociedade estar
incurso neste artigo (resistência) é necessário que a oposição seja mediante
violência ou grave ameaça ao policial, simples impropérios não configuram o delito
de resistência, para que seja considerado crime, tem que haver ameaça real com o
emprego de armas ou agressões.
O emprego do tiro defensivo, contra o agressor da sociedade, portanto
uma arma branca, pode ser justificado se ele estiver a alguns metros do policial,
quando teria perfeitas condições de usar sua arma; mas a mesma ação não se
aplicam ao agressor que na mesma condição, estiver a uma distância maior ou
separado do policial por uma grade, quando perderia então a oportunidade de agir
contra o policial.
O policial deve ter em seu subconsciente, que a lei apresenta uma
série de condutas capazes de justificar a prática de delitos, por parte do cidadão,
que são as excludentes de criminalidade e outras que excluem a culpabilidade
(menor idade do agente, doença mental ou desenvolvimento incompleto ou
retardado, embriaguez fortuita ou completa e a inexigibilidade de conduta adversa).
Para a realização do tiro o policial deve se respaldar na legalidade, na qualidade e
no momento oportuno, agindo de forma profissional sem deixar lacunas para
procedimentos processuais futuros.
d) Elemento surpresaPostado entre os princípios de uma abordagem (segurança, surpresa,
ação vigorosa, unidade de comando e rapidez), o ELEMENTO SURPRESA, se
constitui em um fator determinante e diferenciador para o sucesso de uma ação
policial, pois se perde a surpresa automaticamente comprometerá os outros quatros
pilares de uma boa abordagem, possibilitando uma possível reação por parte dos
abordados, podendo gerar situações que culminam com o uso da força
desnecessária, pois como já foi exposto, o policial deve estar sempre alerta e
preparado para reagir sem colocar em risco a vida de terceiros.
O profissional de segurança pública deve preservar vidas, e para
minimizar o perigo, devemos considerar alguns aspectos, entre ele o elemento
surpresa, composto de alguns determinantes: visualização, verbalização,
superioridade de efetivo, superioridade em qualidade de armamento e equipamento.
A arma de fogo pode e deve ser empregada quando o policial se ver revestido dos
aspectos legais e quando não dispuser de outro meio para repelir uma agressão
atual e eminente, tendo ainda se esgotada todas as tentativas de negociação. Diante
do exposto, temos a certeza de que se utilizando do elemento surpresa o agente de
segurança estará com certa vantagem em relação ao seu agressor, não
possibilitando qualquer tipo de reação com sucesso. A observância dos aspectos
abaixo dará ao policial a tranqüilidade e a confiança durante uma ação.
1) Visualização – constitui-se no ato em que a equipe de policiais
define os opositores da sociedade, podendo, então, traçar um plano de ação
imediato, aumentando a possibilidade de sucesso na operação a ser desenvolvida;
2) Verbalização – O policial, caracterizado, se identifica para o
agressor, buscando colher o maior números de dados possíveis sobre este, em ato
contínuo passa a observar o aspecto psicológico do mesmo para dar continuidade
ao planejamento imediato, definindo rapidamente sua linha de ação. Durante esta
verbalização o policial deve estar numa posição de segurança, para resguardar-se
de uma possível investida do agressor.
3) Superioridade de Efetivo – por questões de segurança o número de
policiais deve ser superior ao número de agressores da sociedade; é comum nos
deparamos com situações onde o inverso esteja ocorrendo, porém, o profissional de
segurança deve ter a tranqüilidade para analisar a situação e definir uma estratégia
segura que permita resguardar sua integridade até a chegada do apoio operacional.
4) Superioridade em Armamento e Equipamento – este item é um dos
mais importantes para o sucesso de uma ação policial bem sucedida. Atualmente os
agressores da sociedade estão com armamento de última geração, que são
contrabandeados através do trafico internacional de armas, isto provoca uma
preocupação no policial que muitas vezes vê-se acuando sem ter como
desempenhar de maneira eficiente sua atividade fim. Daí a importância de se ter um
armamento condizente com ação em que este policial está sendo empregado, com
armamento adequado e muitas vezes superior ao do seu agressor, bastará ao
policial que demonstre o seu poderio bélico, não sendo necessário lançar de seu
emprego;
Se desfeito o elemento surpresa e o agressor tenha esboçado reação,
tentando contra a vida de alguém ou do policial, constitui-se em uma circunstância
mais que legal para que o policial realize disparos com características defensivas,
primando pela legalidade e proporcionalidade de sua atitude, tais como:
- Habilidade: é compreendida como os meios físicos que capacitem um
agressor a provocar no policial ou em outro cidadão uma agressão letal ou não. Pelo
emprego de arma de fogo, arma branca ou até mesmo de sua força física ou
capacidade de luta corporal.
- Oportunidade – compreende o potencial do agressor em usar sua
habilidade no momento da lesão Perigo – é a ameaça real a vida de inocente e a
sua própria.
Fechando desta forma estes aspectos do triângulo do tiro, o
profissional terá a segurança para executar com eficiência o disparo defensivo. É
essencial a presença desses três fatores para configurar taticamente e legalmente,
uma situação que justifique o uso da arma de goro. A ausência ou quebra de um
desses itens já é suficiente para o policial não atirar. O policial deve buscar o
autocontrole com treinamentos constantes, sempre com acompanhado de
instrutores que tenham capacidade de transmitir novas técnicas e táticas no manejo
e emprego do armamento a ser utilizado.
É importante que o policial esteja bem preparado para não reagir,
instantaneamente, caso tenha sido surpreendido por terceiros em situação adversa,
isto é, o policial que for encontrado com o fator surpresa em desfavor de sua equipe,
precisa ter a clama e o controle necessário para saber o momento ideal de reverter o
fator surpresa, pois certamente seu agressor deixará uma margem para que ele
possa agir dentro da legalidade. Este controle só é adquirido por policiais que tem a
segurança e o preparo profissional adequados para o desempenho ideal de sua
função junto à sociedade.
e) Aspectos psicológicos A atividade policial esta intimamente ligada aos fatores psicológicos
para o bom desempenho da função; o policial tem que possuir uma personalidade
bem definida, ou seja, o que a psicologia define com Personalidade Normal (é
aquela que funciona harmonicamente no grupo social em que atua), este critério
prático social, toma como norma um padrão aceitável por todos em nossa
sociedade. Podemos destacar, como exemplo, a ação do policial militar que ao
entrar em uma casa lotérica para realizar um jogo qualquer, depara com um
agressor da sociedade, com uma arma em punho, realizando um roubo em sua
forma qualificada, possuindo o policial um personalidade dentro dos padrões
exigidos pela corporação, que é a chamada Personalidade Normal, a ação do
policial que deverá estar com seu nível de alerta compatível ao local, será a
esperada pela sociedade. Utilizando-se do fator surpresa e dos aspectos legais que
o resguardam, este policial já obteve contato visual com seu oponente, estando
devidamente abrigado e de arma em punho utilizando a técnica do terceiro olho
(posição de confronto em que a arma deve estar pronta para ser utilizada a qualquer
momento, enquadrando seu oponente na visada) e dará voz de prisão ao meliante;
sempre alerta e ciente de que o fato é real e que qualquer instante de dúvida de sua
parte poderá ser fatal. Em caso de reação por parte do agressor da sociedade, o
policial deve estar pronto para a realização do tiro defensivo que será feito com
qualidade, precisão e sem excesso.
No desenvolvimento de sua atividade fim, o policial deve estar coberto
de vontade para a realização do serviço, pois a vontade é o mais alto princípio da
atividade humana, é a faculdade que possuímos de dizer “sim”, “não”, “devo”, “não
devo”, “posso”, “não posso”, diante desta realidade o policial passa a questionar a
sim mesmo quando do acontecimento de uma ocorrência evitando a dúvida. Em seu
método de ensino o Cel. R/R. Nilson Giraldi faz uma afirmação celebre “na dúvida
não atire”; querendo dizer que estando o profissional de segurança capacitado para
a prática de sua profissão a dúvida não existirá, devemos sair com a certeza e a
convicção. “ EU VOU ATIRAR PORQUÊ O MOMENTO É OPORTUNO E ESTOU
COM UMA BOA VISADA”, “EU NÃO VOU ATIRAR POIS, NÃO ESTOU EM
CONDIÇÕES DE REALIZAR UM BOM TIRO, AS CIRCUNSTÂNCIAS NÃO SÃO
FAVORÁVEIS”. Estas devem ser as colocações de um policial com a personalidade
e o preparo esperado pela sociedade.
MUNIÇÕES
O Poder de Parada (STOPPING POWER)Termo norte-americano que significa “Poder de Parada”, na qual
procura a combinação ideal entre calibre e munição (armas leves), capaz de
responder as ações ofensivas de um adversário com um disparo atingido, sendo
fundamental a eficácia do disparo a ponto de não permitir que seja o defensor
atingido pelo adversário agressor. Portanto, os estudiosos no assunto procuram
atingir o ideal entre a combinação calibre e munição a fim de parar o adversário com
apenas um só disparo. Porém são ainda muita outras variáveis que intervem em
cada caso, tais como, por exemplo: a característica física da pessoa atingida, a
distância da realização do disparo, a região que fora baleado (ponto vital), entre
muitos outros.
O estudo aprofunda-se mais ainda quando na escolha da característica
da arma a ser empregada, quanto a definição técnica da quantidade de carga
propelente (pólvora) a ser empregada, a escolha entre a grande variedade de projétil
existente e suas diferenciações balísticas.
TIPOS DE MUNIÇÃOa) Munição de chumbo, com ponta ogival, canto-vivo e semi-canto-vivo. As
munições com ponta de chumbo são mais tradicionais e econômicas.
Projéteis ogivais: São muito utilizados, porém não expande com
facilidade e de pouca penetração transmitindo pouco impacto ao alvo.
- Canto vivo: Munições utilizadas em tiro ao alvo, sendo de pouca
velocidade, porém devido ao seu formato é de pouca penetração e auto impacto ao
alvo.
- Canto vivo: Munições utilizadas em tiro ao alvo, sendo de pouca
velocidade, porém devido ao seu formato é de pouca penetração e auto impacto ao
alvo.
- Semi-canto-vivo: o projétil procura unir as qualidades de penetração
ao corte largo do canto-vivo.
b) Munição jaquetada: é revestida por uma capa de cobre, com
alumínio sobre o chumbo. Adapta bem às armas semi e automáticas permitindo
ainda uma boa penetração.
c) Munição semi-encamisadas: são revestidas por uma capa de cobre
parcial, ficando uma ponta de chumbo exposta podendo ser oca ou de ponta maciça.
No primeiro caso atinge mais expansão e no segundo maior penetração.
d) Munição especial: possuem características peculiares especiais, tais
como: fragmentação, explosivas e perfurantes.
- Fragmentação: constituída por uma jaqueta de cobre oca, em cujo
interior existem pequenos grãos de chumbo que quando atinge o alvo, estes
penetram em seus fragmentos, transmitindo força de impacto.
- Explosivas: possuem a ponta oca onde existe uma pequena carga de
pólvora selada com uma espoleta e quando o projétil acerta o alvo, a espoleta
detona estilhaçando no alvo.
- perfurantes: são compostas por projeteis muito resistente, geralmente
de aço muito resistente, coberto por uma camada fina afim de diminuir o desgaste
do cano.
Gráfico comparativo entre munições ARMAS CURTAS – SEMI – AUTOMÁTICASD
Calibre Projétil Velocidade Energia Cano (cm)Nominal Tipo Peso g Boca
m/s50 m m/s
Boca (j) 50 m (j) Comprimento
.25 Auto ETOG 3,24 232 216 87 76 5,132 Auto EXPO 4,60 276 260 175 155 10,2
.380 Auto
ETOG 6,15 290 264 259 214 9,5
380 Auto EXPO 6,15 290 264 259 214 9,5
9mm Luger
ETOG 7,45 346 317 446 374 10,2
9mm Luger
EXPO 7,45 356 319 462 379 10,2
40 S&W EXPO 11,66 302 287 532 480 10,245 Auto ETOG 14,90 255 245 484 447 12,7
MUNIÇÃO FOGO CENTRAL
ARMAS CURTAS – REVÓLVERES
Calibre Projétil Velocidade Energia Cano (cm)Nominal Tipo Peso g Boca
m/s50 m m/s
Boca (j) 50 m (j) Comprimento
.32 S&W CHOG 5,50 207 197 118 107 7,6.38 SPL
C.CHOG 8,10 209 201 177 164 10,2
.38 SPL+P
ETOG 8,10 286 273 331 302 10,2
.38 SPL CHOG 10,24 230 220 271 248 10,2.357
MagnumESPP 10,24 376 337 724 581 10,2
.357 Magnum
EXPO 10,24 376 337 724 581 10,2
.44 Rem.
Magnum
EXPP 15,55 359 331 1022 852 10,2
MUNIÇÃO FOGO CENTRAL
ARMAS LONGAS RAIADAS
Calibre Projétil Velocidade Energia Comp.Nominal Tipo Peso g Boca
m/s100 m
m/s300ms/m
Boca (j)
100 m (j)
300m(j)
Cano cm
.223 Rem.
EXPT 3,56 988 845 596 1737 1271 632 61
.30 Carb.
ETOG 7,12 607 893 336 1312 865 402 51
.308 WIN
ETPT 9,72 860 802 692 3594 3126 2327 61
30-06 Sp
ETPT 9,72 887 816 685 3824 3228 2280 61
MUNIÇÃO FOGO CIRCULAR
Calibre Projétil Velocidade Energia Comp.Nominal Tipo Peso g Boca
m/s50 m m/s
100ms/m
Boca (j)
50 m (j)
100m(j)
Cano cm
.22 Curto
CHOG 1,88 319 291 269 96 80 61
.22 LSRV
CHOG 2,59 350 321 300 159 133 16 61
.22 LR hyper
CHPO 2,14 457 384 333 223 158 119 61
MUNIÇÃO FOGO CENTRAL
ARMAS LONGAS NÃO RAIADAS
Calibre Chumbo Velocidade Energia ComprimentoNominal Tipo Peso g. Boca m/s
m/sBoca (j) Cano cm
12/70-Velox 6 AEL 36 405 2952 76,212/70-S 150 9 24 420 2117 76,2
12/70 HI-Impact
Balote 24,8 420 2187 76,2
12/70-Ante-Motim
Bagos de plástico
6,6 480 760
Balística sob a ótica da medicina legalDentro da Medicina Legal, a Tanatologia, (ou estudo da morte) possui
fundamental importância, sendo justamente nessa parte que encontramos uma
subdivisão à respeito de lesões, a qual nos interessa mais diretamente. Uma parte
dessa subdivisão, aquela das lesos perfuro-contusas, deve ser conhecida para que
se possa entender o que realmente significa um tio para a medicina legal.
As lesões se subdividem em simples e compostas, as simples com três
tipos de agestes.
1) Perfurantes, os quais agem por pressão em um determinado poto,
como os estiletes e agulhas, provocando ferimentos punctórios.
2) Agentes cortantes, agindo por pressão e deslizamento, tais como as
facas e navalhas, produzindo incisões (cortes), e;
3) Agentes contundentes, estes agindo por pressão e/ou deslizamento,
como soco, paulada, queda, entre outros, produzindo uma ferida contusa, como
laceração, equimose, hematoma, escoriações, etc. Da associação das feridas
simples encontramos as compostas, tais como:
a) Perfuro-incisa, provocada por faca ou punhal;
b) Corto contusa, decorrente da ação de um machado, por exemplo, e;
c) Perfuro-contusa, como a produzida por um projétil de arma de fogo,
por exemplo.
Assim, o projétil de arma de fogo, a bala, é um agente perfuro-
contundente, ou seja, perfura, atravessa a pele e outras estrutura orgânicas e
também contunde, bate, machuca, esta ação podendo ser, a grosso modo,
comparada à de uma broca, com altíssima velocidade de rotação e acoplada a uma
furadeira de impacto. Juntamente com o projétil, seguem também gases, resíduos
de pólvora ainda em combustão e outros elementos decorrentes da combustão da
mesma, tal como a fumaça.
O ferimento (lesão) ocorre em decorrência da função de todos esses
elementos de forma isolada ou conjunta.
A seguir, vamos saber o que acontece quando um projétil atravessa a
pela, transfixa o corpo humano e sai do outro lado. O tipo que estudaremos é o mais
comum, de chumbo sólido, ponta ogival, digamos, de um revólver em cal. .38 SPL.
Consideremos que o dito projétil penetrou no corpo humano em sua forma ideal, ou
seja, tendo um correto movimento de rotação sobre seu eixo; assim, não estão
considerados movimentos anômalos, tais como: “piruetas”, aqueles do tipo peão ou
“cabeçadas”, pois estes modificam as lesões, tornando-as atípicas e de difícil
análise, o que ocorre caso o projétil saia do cano, como se diz popularmente “de
lado”.
Após disparo da arma de fogo, um projétil atinge o corpo humano
empurrando a pele até um ponto crítico onde ela se rompe.
Notamos, então, que a lesão apresenta as bordas invertidas e
contundidas (machucadas) e, ao redor, um derrame de sangue (equimose), devido à
ângulo de aproximação do projétil em relação à pele e é encontrada em todo os
tipos, independente da distância.
De forma geral, quando encontramos somente estas características,
concluímos que o disparo, o tio foi efetuado à distância, não sabemos se média ou
longa, pois para essa definição são necessários outros exames.
Além do projétil, atingem a pele, fogo pólvora e fumaça. O fogo causa
uma queimadura ao redor das orlas de contusão e de enxugo, de aspecto escuro,
denominada orla ou zona de chamuscamento ou de queimadura. Os resíduos de
pólvora em combustão ou as altas temperaturas atingem a pele causando múltiplas
queimaduras de aspecto puntiforme e geralmente escuro ou marro-avermelhado,
constituindo a zona de tatuagem, elemento importante na determinação da distância.
O deposito de fumaça (fuligem) ao redor do orifício de entrada constitui
a zona de esfumaçamento, ou e falsa tatuagem, pois pode ser facilmente removida
com uma lavagem.
As zonas de chamuscamento, tatuagem e de esfumaçamento são
elementos importantes na determinação da distancia do disparo, ou seja, indicar a
proximidade do mesmo, por conseqüência do atirador. São encontrados esses
elementos nos disparos efetuados a distância inferiores a 70 cm, considerando
armas de uso civil.
Estas zonas podem ser encontradas na pele e nas roupas, vindo daí a
denominação popular de “tiro a queima roupa”. Tecnicamente, denominamos este
tipo de tiro de disparo à curta distância.
Nos disparos à curta distância, além das zonas de chamuscamento,
esfumaçamento e tatuagem, também encontramos as orlas de contusão e enxugo.
Um tipo diferente, entretanto comum, tiro, é o denominado tiro
encostado. Neste caso, encontramos um ferimento estrelado, com as bordas
intensamente contundidas e denteadas, apresentando ainda deslocamento dos
tecidos, como o couro cabeludo, muito semelhante a uma lesão na testa decorrente
de queda sobre superfície de quina.
Esta lesão pode apresentar o aspecto de uma cratera de mina, sendo
por isso tecnicamente denominada a câmara de mina de Hoffman. Em seu trajeto,
encontramos depósitos de fuligem e de pólvora e queimaduras que eventualmente
chegam até planos ósseos ou mais profundos.
Vimos então que, em função da distância, os disparos podem ser
classificados em: encostados (como acabamos de estudar), a curta distância ou à
queima roupa e, por último, o tiro à distância (geralmente mais de 70 cm), como
observamos abaixo:
Distância do DisparoCaracterísticas
- Câmara de mina
*Encostado...................................... queimadura e fuligem e
pólvora no início do trajeto.
- Zona tatuagem
*Custa distância ou à - Zona esfumaçamento
“queima roupa”................................ - Zona chamuscamento
- Orla de contusão
- Orla de enxugo
- Orla de contusão
* À distância ................................... - Orla de enxugo
Notamos ainda que as orlas e zonas ser circulares quando o disparo é
perpendicular, ou elípticas quando os disparos são oblíquos. Observamos também
que os orifícios de entrada são menores que as dimensões (secção transversal) dos
projéteis em função da elasticidade da pele, ou seja, a pele apresenta retração das
fibras que a constituem após a passagem do projétil. Após ultrapassar o obstáculo
inicial, a pele, o projétil e os gases atravessam órgãos e estruturas orgânicas,
lesando-as, furando-as em vários estágios que podem chegar até a explosão de
vísceras, passando por diversos graus de hemorragia interna, a qual é o principal
mecanismo da mo4rte. Estas lesões apresentam um aspecto de túnel, mais
precisamente um tronco de cone.
Após atravessar todas as estruturas internas, ou seja, atingir a pele do
outro lado do corpo, empurrando-se até o rompimento, o projétil novamente retorna,
ao meio, at´pe o repouso. A pele apresenta um comportamento diferente ao ser
perfurada de dentro para fora e, além disso, o projétil perde parte de sua energia,
geralmente estando deformado, constituindo-se numa “broca” de menor precisão.
Em função disso, o orifício de entrada apresenta bordas invertidas, irregulares e
geralmente maiores que o orifício de entrada, semelhante à cratera de um vulcão.
Ao redor do orifício de saída ou não, notamos as orlas e zonas que observamos no
de entrada. Encontramos apenas, na maior parte dos casos, uma zona de equimose
(sangramento). As características do orifício de saída não depenem da distancia do
tiro, porém, são em função da energia do sistema (arma-munição-projétil), ou seja,
quanto mais forte a arma, maior o diâmetro do orifício de saída, senso geral.
Todas essas particulares características técnicas, sua análise individual
ou conjunta, são os elementos que possibilitam a Medicina Legal estabelecer com
precisão cientifica, tudo que o Direito necessita saber a devida aplicação.
ALGUMAS PECULIARIDADES DO ARMAMENTO LEVE
Definições de Armamento LeveCompreende-se por armas leves, aquelas que, possuem peso e
volumes relativamente reduzidos, podendo ser transportadas, geralmente, por um
homem, ou em fardos, por mais de um, além de possuírem calibre até .50 pol. Por
ser variado e complexo, existem armas que não se enquadram perfeitamente dentro
da definição, a qual tem por objetivo generalizar e não particularizar. Em
conseqüência, existem as exceções que são classificadas como armas leves apesar
de possuírem calibre superior.
a) Calibre: é a medida do diâmetro entre dois cheios podendo ser
utilizado como calibre nominal (medida aproximada) e/ou calibre real que representa
a medida exata do diâmetro do interior do cano.
b) Raias: são sulcos helicoidais paralelos abertos na alma.
c) Cheios: são nervuras entre raias.
d) Velocidade teórica de tiro: é o número de disparos que pode ser
feito por uma arma em uma minuto, não se levando em conta o tempo gasto na
alimentação, na resolução de incidentes de tiro, etc.; isto é, supõe que a arma é
dotada de um carregador de capacidade infinita, bem como que não haja incidentes
de tiro, não seja feita a pontaria, etc.
e) Velocidade prática de tiro: é o número e disparos que pode ser
feito por uma arma em um minuto, levando-se em consideração o tempo gasto para
a feitura da pontaria, etc., isto é, tudo aquilo que se faz realmente quando se utiliza a
arma.
f) Alcance máximo: é o maior alcance que se pode obter com a arma.
g) Alcance útil ou de utilização: é aquele em que se utiliza a arma
aproveitando-se a primeira parte da trajetória da bala, onde apresenta melhores
qualidades balísticas, isto é, tensão na trajetória, menor dispersão, etc.
Classificação Para fins de estudo, o armamento leve é classificado, segundo suas
características principais, em diferentes grupos.
a) Quanto ao tipo o armamento pode ser:- De porte: quando pelo seu pouco peso e dimensões reduzidas pode
ser conduzido em um coldre.
b) Quanto ao emprego:- Individual: quando se destina à proteção daquele que o conduz.
- Coletivo: quando se destina a ser utilizado em benefício de um grupo
de homens ou fração de tropa.
c) Quanto ao funcionamento:- Armas que utilizam a força muscular do atirador.
- Armas que utilizam as pressões dos gases resultantes da queima da
carga de projeção: longo recuo do cano e curto recuo do cano.
- Armas que utilizam ação muscular do atirador, combinada com a ação
de uma corrente elétrica sobre uma estopinha.
d) Quanto ao princípio de funcionamento- De repetição: são aquelas em que o princípio motor é a força
muscular do atirador.
- Semi-automáticas: são aquelas que realizam automaticamente todas
as operações de funcionamento com exceção do disparo.
- Automática: são aquelas que realizam automaticamente todas as
operações de funcionamento.
NORMAS PARA MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DO ARMAMENTO
Considerações gerais:A manutenção de armamento possui vital importância quando garante
o bom funcionamento do armamento a ser empregado, assim como aumenta a vida
útil deste mesmo armamento.
As armas necessitam de cuidados especiais contra a poeira, a
umidade, os defeitos, as imperfeições, etc. E para conserva-las sempre prontas e
em condições de uso, necessita-se: limpar, lubrificar, proteger da oxidação e
inspecionar.
Passamos a considerar as várias situações de manutenção do
armamento:
Em primeiro lugar deve-se apresentar as peculiaridades técnicas, bem
como, a seqüência correta da desmontagem de cada armamento, lembrando que a
desmontagem considerada de 1º escalão (preventiva) é destinada ao usuário do
armamento; o 2º escalão (também preventiva) é de responsabilidade da Seção
competente pela guarda e conservação (Seção de armas e/ou reserva de
armamento), enquanto o 3º e 4º escalões (correção e reparação) há a necessidade
de uma inspeção de um técnico especializado, encaminhado-se para a Seção de
Manutenção de armamento dentro da organização policial militar a qual pertence.
Para tanto, deve-se possuir em mãos todo ferramentário adequado
capaz de possibilitar a realização da desmontagem e reparação correta dos
armamentos sem correr o risco de causar danos às peças.
Deve fazer parte da programação referente ao curso de armamento e
equipamento, a parte prática da desmontagem, montagem, inspeção, lubrificação,
conservação dos armamentos e componentes do cartucho que possuem dotação na
organização.
Armamento destinado á guarda em deposito:a) desmontagem do armamento até o escalão necessário;
b) limpa-lo e seca-lo;
c) utilizar graxa antióxida nas partes de metal para protege-la da
umidez e conseqüente oxidação;
d) tampar a entrada do cano com material adequado;
e) nas partes de madeira passar ma leve camada de óleo de linhaça
crua com um pano e nas partes de couro liquido para correame;
f) montar e guardar-la se possível a vácuo.
Preparação do armamento para o tiro:a) desmonte a arma até o 1º escalão;
b) verifique se as peças desmontadas possuem rebarbas ou massas,
principalmente nas superfícies de atrito;
c) limpar o cano (usando vareta de limpeza ou cordão com pedaços de
pano), deixando a câmara e a lama do cano perfeitamente limpa, secas e
desimpedidas;
d) lubrificar as peças metálicas com óleo fino lubrificante;
e) montar a arma e enxuga-la externamente.
Limpeza do armamento após o tiro:a) desmonta-se a arma até o 2º escalão;
b) utilizar a vareta de limpeza ou cordão para limpeza no interior do
cano;
c) limpeza das peças de metal: introduzi-las num vasilhame contendo
solução do tipo gasolina, querosene ou água fervente com sabão neutro,
esfregando-as com escova de pelo para remoção de pólvora, sujeira acumulada e
outros;
d) secar as peças com um pano limpo e seco;
e) lubrificar as peças com óleo que tenha também a propriedade
antioxida;
f) montar a arma e inspeciona-la.
Obs.: a principal importância atribuída à limpeza do armamento após o
tiro está quando da remoção dos resíduos de pólvora que possuem características
oxidantes; poeira acumulada; e o próprio sal provocado pela transpiração do atirador
entre outras.
Manutenção e inspeção das munições:A munição é o componente do armamento e um dos seus principais
problemas está na questão da umidez precoce, ou seja, são sensíveis a esta umidez
tanto a pólvora (propelente) como a espoleta (cápsula), comprometendo nesse caso
o acionamento da mesma. Portanto, deve-se ter preocupações no sentido de evitar
permanecer a munição por um tempo excessivo em carregadores ou tambores ou
em embalagens inadequadas, a fim de se evitar a umidez. Também a munição está
sujeita a variação da temperatura em seu ambiente atmosférico, colaborando para
perder as características químicas da pólvora e espoleta.
Deve-se inspecionar a munição antes de sua utilização, quanto a:
- presença de ressalto na espoleta;
- presença de manchas no estojo sendo uma forte indicação de
umidez da pólvora;
- presença de dilatamento, empeno ou ainda descalibração do
cartucho causados principalmente quando na montagem dos cartuchos ou no
manejo do armamento;
- o fechamento da ponta (projétil) se está devidamente pressionado,
não estando está solta ou girando;
- utilização de munição de origem duvidosa. Neste caso encaminhar
a munição para seção de recarga de munição a fim de ser desmontada a periciada;
BIBLIOGRAFIA
POSTERLI, Renato. Aspectos da Psicopatologia Aplicada. 1º Edição. Editora Santa
Inês.
TAUFFICK, Cláudio Jorge. Curso de Patrulhamento Tático II, Edição Independente.
NILSON, Giraldi. Manual M-19 . PMESP
THE POLICE CHEFF MAGAZINE. Volume LXIII, nº 02, FBI, EUA. 1983.
TACTICAL TEAM INSTRUCTOR CURSE. H&K, EUA, 1995.
CAMPOS, Alexandre Flecha. Breve Histórico, Orientações e Técnicas do tiro ao
Alvo. Edição Independente. 1994.
DOS SANTOS, Adilson. Legislação Aplicada a Atividade Policial. IV Edição. Ed.
Gráfica Prudende.
FUNDAMENTOS BÁSICOS NA INSTRUÇÃO DE TIRO
INTRODUÇÃO
Os fundamentos do tiro são procedimentos com a arma que irão permitir ao
Policial a segurança necessária para o manejo, execução correta e precisa do tiro e
ainda solucionar ao identificar problemas de funcionamento ou estado geral da
mesma.
SEGURANÇAA segurança não é doutrinamente vinculada a fundamentos do tiro, mas é
oportuno neste momento da aprendizagem que deverá se abordada.
Podemos simplificar os cuidados com a segurança a partir dos pensamentos,
abaixo:
“Controle do cano da arma.”
“Controlo de gatilho.”
“Uma arma nunca dispara sozinha.”
Diante da considerações é mais do que evidente que em todo o contato com
as armas iremos examiná-las e tomar procedimentos adequados a cada situação em
que empregarmos.
NA INSTRUÇÃO
a. Todas as armas deverão se examinadas e descarregadas antes de qualquer
outro procedimentos.
b. O manejo da arma somente poderá ocorrer por determinação do Instrutor.
c. Enquanto estiver sendo executado tiro o manejo de arma em pista de tiro, as
demais deverão estar descarregadas e abertas ou no coldre.
Como já referimos “Uma arma nunca dispara sozinha” portanto o acidente ou
incidente decorre sempre de ATO INSEGURO e ou CONDIÇAO INSEGURA.
Quanto aos ATOS INSEGUROS, além dos específicos para a instrução temos como
determinação para a segurança no serviço.
a. O dedo sempre fora do gatilho;
b. Nunca apontar, se não para atirar;
c. Manejar somente armas as quais está habilitado a portar;
d. Carregar e descarregar em local seguro;
e. Nunca brincar com a arma;
f. Certificar-se sempre se a arma está carregada ou descarregada;
g. Nunca utilizar em serviço munição recarregada;
Quanto a CONDICAO INSEGURA é necessário examinar.
a. Se o tambor está girando e parando em sincroniza com o acionamento do
gatilho;
b. Se ao parar de girar o tambor, uma câmara ficou precisamente alinhada com o
cano;
c. Se está havendo a percussão;
d. Se a vareta está apertada;
e. Se não esta faltando ou frouxo parafuso ou outra peça;
f. Se o cano não está obstruído;
FUNDAMENTOS PROPRIAMENTE DITOS
São considerados doutrinamente fundamentos do tiro:
- ENPUNHADURA- POSTURA- ENQUADRAMENTO- ACIONAMENTO DO GATILHO- RESPIRAÇÃO
EMPUNHADURA
E determinante para a execução do tiro em situação de confronto e
procedimentos em abordagem.
A correta empunhadura permitirá ao Policial estar sempre em condições de
atirar e portanto mais seguro.
São detalhes importantes da empunhadura:
a. Forquilha da Mão: É necessário que a coronha esteja sendo segura em sua parte
mais elevada, mais próxima ao cão e que não haja folga entre a coronha e a
mão.
Este apoio na coronha reduz o recuo da arma e melhora a recuperação para o
segundo tiro.
b. Alinhamento Antebraço e Arma.
Para que todos os procedimentos em uma abordagem ocorram sem
preocupação com a possível necessidade de enquadrar, é determinante que a arma
esteja alinhada com o antebraço tanto horizontal como verticalmente.
c. Segura a arma com a firmeza nas mãos mas com os braços e restante do corpo
o mais descontraindo possível;
d. Fazer a empunhadura sempre com as duas mãos, uma segurando a arma outra
apoiando exercendo uma pressão isométrica e um envolvimento de uma ângulo
de 360º ;
e. Dedo fora do gatilho;
O dedo deverá estar fora do gatilho e apoiado na lateral da armação ate o
momento do tiro.
A empunhadura deverá contribuir para um rápido enquadramento e par a
imobilidade da arma na execução do tiro.
POSIÇÕES BÁSICAS
a. WEAVER- Braço que empunha a arma reto;
- Arma alinhada com antebraço;
- Arma a frente da cabeça;
- Mão de apoio atravessada na frente da mão que segura a arma;
- Braço de apoio flexionado e cotovelo baixo;
- Braço direito empurra a arma; e
- Braço esquerdo puxa arma;
- O corpo fica levemente obliquo à direção do tiro voltado para o lado do braço que
segura a arma;
- Corpo levemente inclinado para frente; e
- Pernas livres.
b. ISÓSCELES.
- Ambos os braços retos à frente do corpo;
- Corpo de frente para direção do tiro;
- Leve ângulo entre antebraços e a arma;
- Arma a frente da cabeça;
- Corpo levemente inclinado à frente e pernas livres.
WEAVER ISOSCÉLES
VANTAGENS
- Pequena redução silhueta;
- Proteção do antebraço ao
tórax;
- Grande vantagem na
utilização de proteção;
- Mesma posição que para
armas longas;
- Duplo apoio na arma.
- Facilidade de
aprendizagem;
- Facilidade de
locomoção;
- Duplo apoio na arma.
DESVANTAGENS
- Mais difícil aprender;
- Limita um pouco o
movimento das pernas;
- Utilização da mão fraca com
a proteção do lado direito.
- Apresenta sempre
toda a silhueta do
Policial;
- Com a presença de
proteção do ambiente
não abrigam todo o
atirador.
Durante todo o procedimento de abordagem ou inspeção de local o Policial
deverá estar empunhando complemente a arma e apontando sem fazer visada para
linha dos pés do abordado ou do local onde este possa surgir.
Esta posição de segurança facilitará o completamento do enquadramento e
permitirá ao Policial observar maior área.
OUTRAS POSIÇÕES: O atirador poderá variar de posições de acordo com a
escolha e ou necessidade, que são: Tiro em pé; ajoelhado; barricado; assentado;
deitado; etc.
DO SAQUE
Apesar de não ser culturalmente compreendido como procedimento técnico,
na verdade o saque é, talvez, o mais importante.
O saque rápido deverá possibilitar ao Policial mais tempo com as duas mãos
livres e a utilização previa do corpo e ou do bastão e adiar a presença da arma de
fogo do Policial na ocorrência.
O saque poderá ser procedido com técnica usando corretamente o
equipamento e para tanto dever-se-á ter um treinamento adequado para tanto.
Da mesma forma o domínio da arma permitirá ao Policial sacá-la e empregá-
la somente quando for técnica e legalmente necessário.
O coldre adequado é fixo diretamente na cintura, levemente inclinado para
frente e com a presilha em condições de ser aberta pelo dedo polegar em direção ao
próprio corpo do Policial enquanto a mão tem a coronha ao seu alcance.
ENQUADRAMENTO
O enquadramento se dá inicialmente com o alinhamento entre o OLHO, ALÇA
DE MIRA, MASSA DE MIRA e ALVO deverá com o devido treinamento, ser
substituído pela visada de terceiro olho visto que naturalmente o alvo será
enquadrado com rapidez em situação de confronto real, e certamente sem os
cuidados convencionais com a visada completa, mas permitindo mesmo assim o
acerto rápido.
Deve ser definido em exercício qual é o olho com que o atirador faz a visada
para observar-se a correta tomada de posição e enquadramento principalmente
tratando-se de arma longa.
A visada finalmente deverá ser substituída pelo enquadramento com dois
olhos abertos.
E finalmente durante a abordagem, os olhos deverão estarem, logo abaixo, na
linha das perna do alvo agressor do alvo para uma melhor visualização da silhueta
e mãos deste.
ACIONAMENTO DO GATILHO
Quanto maior a superfície de contato com o gatilho maior nossa sensibilidade
e controle sobre o mesmo sem naturalmente incumbir no desalinhamento da
empunhadura.
O acionamento do gatilho deverá ser estável, gradativo e contínuo e não deve
mudar o enquadramento do alvo.
Faz-se necessário por parte do atirador o conhecimento do mecanismo da
arma, possibilitando-o tirar-lhe o maior proveito deste fundamento e para tanto é
importante:
a) Treinamento em seco; a prática constante neste tipo de treinamento,
habitua o atirador à tensão muscular necessária de acionamento da tecla
do gatilho;
b) Automatização na puxada, o atirador deve habituar-se à sequenciar todas
as ações necessárias ao disparo.
RESPIRACÃO
Ao inspirar e expirar os pulmões, movimentam-se com eles outros músculos
do corpo que inevitavelmente causarão variações no tiro.
Pode-se ser trabalhada a respiração das seguintes formas:
a) O atirador estuda o seu rítimo respiratório e preocupa-se em mantê-lo
constante durante as atividades do tiro;
b) Associação da respiração com as demais ações do tiro.
Devemos notar que uma respiração profunda pode aumentar até 07 vezes
a quantidade de oxigênio no sangue. Analisando a importância do cérebro no
ato de atirar, e que o mesmo pode consumir cerca de 80% do oxigênio, nota-
se a importância de maior oxigenação com a intensificação da respiração. A
falha de oxigenação leva o atirador à fadiga mental, ao desinteresse e ao
cansaço visual.
Durante a respiração há uma expansão e uma diminuição do tórax, como
resultado da inspiração e expiração. A respiração deve ser feita toda pelo
nariz, que é o órgão mais adequado do corpo humano para a função.
Para a respiração e expiração é desprendido esforço muscular pelo corpo,
com movimentos espontâneos de diversos músculos, que devem ser
utilizados como aliados na execução do disparo.
DESCARGAR E RECARGAR
O treinamento é tão necessário quanto os fundamentos.
A descarga e a recarga deverão ocorrer sempre que possível com o Policial
protegido e ou ajoelhado para reduzir a silhueta, pois é o momento em que este
encontra-se mais vulnerável.
Independentemente da mão que o Policial atira no caso do revólver (que abre
sempre para a esquerda) os aparelhos de recarga rápida deverão estar do lado
direito do corpo da cintura para baixo.
O revólver deverá ser aberto e passado para a mão esquerda para descarga,
o cano voltado para cima e a vareta do extrator pressionada para baixo pelo dedo
polegar da mesma mão esquerda. Simultaneamente a mão direita busca o aparelho
de recarga rápida com a munição sobressalente.
ERROS MAIS COMUNS DO ATIRADOR E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO ALVO:
Para correção do aprendizado, apontamos na seqüência abaixo, os erros que
ocorrem com maior freqüência ao se executar o tiro:
a) Acionamento do gatilho com a Segunda falange do dedo indicador. O
gatilho tanto é acionado para trás, como forçado para a esquerda;
provocando deslocamento do cano para a esquerda, indo os tiros atingir a
altura de “09 horas” do alvo. (Utilizamos o relógio analógico com referência
para apontar a localização dos impactos);
b) Acionamento brusco do gatilho – “gatilhada” – A arma é deslocada para a
esquerda do dedo polegar, ou ainda jogando os tiros à altura de “07:30
horas”. ( Altura da cintura e coxa);
c) Acionamento do gatilho com a ponta do dedo indicador, ou movimento do
dedo polegar, ou ainda excesso de pressão do polegar no gatilho na hora
do disparo. Os tiros são desviados para a direita, entre “02:30 e 03:30
horas”. A arma é puxada para a direita juntamente com o gatilho, ou o
dedo polegar a empurra para aquele lado.
d) Relaxamento da posição no momento do disparo, ou antecipação do
atirador ao momento do disparo; prevendo o recuo, e elevando o cano. O
tiro atingirá a altura de “10:30 horas”. Tiros altos à esquerda.
e) Quebra do punho, o cotovelo dobrado na hora do tiro. Tiros baixos na
região de “06 horas”. Não havendo absorção do recuo da arma, o cano se
abaixará, fazendo descer os tiros. Também o aprofundamento da massa
com relação a alça de mira, nos tiros de precisão, farão os tiros descer.
f) O atirador querendo empurrar o tiro pressiona com a palma da mão, a
coronha para frente. Os tiros serão jogados altos à direita, à altura de
“01:30 horas”.
g) Estrangular ou apertar demasiadamente a coronha na hora do tiro. Tiros
baixos, à direita, à altura de “04 e 05 horas”. ( Altura da coxa esquerda e
cintura; lado esquerdo da silhueta). Os dedos médio, anular e mínimo
pressionados, forçam a arma para direita e para baixo.
Os defeitos apontados são quase imperceptíveis, e, para evitá-los, deve o
policial, desde os primeiros tiros realizados, concentrar-se em cumprir os
fundamentos do tiro, analisando cada tiro defeituoso, procurando então
corrigir os seus erros.