TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE...

113
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL HUMBERTO KUSZKOWSKI TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS ( AHP) TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2017

Transcript of TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE...

Page 1: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

HUMBERTO KUSZKOWSKI

TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE

ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO: UMA APLICAÇÃO DO

MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2017

Page 2: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

HUMBERTO KUSZKOWSKI

TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE

ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO: UMA APLICAÇÃO DO

MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 1, do Curso Superior de Engenharia Civil do Departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus Curitiba, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. M. Eng. Carlos Alberto da Costa

CURITIBA

2017

Page 3: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE

ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO: UMA APLICAÇÃO DO

MÉTODO ANALYTIC HIERARCHY PROCESS (AHP)

Por

HUMBERTO KUSZKOWSKI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, defendido no primeiro semestre de

2017 e aprovado pela seguinte banca de avaliação:

_______________________________________________ Orientador – Prof. Carlos Alberto da Costa, M. Eng.

UTFPR

_______________________________________________ Prof. Amacin Rodrigues Moreira, M. Eng.

UTFPR

________________________________________________ Prof. Wellington Mazer, Dr.

UTFPR

OBS.: O documento assinado encontra-se em posse da coordenação do curso.

Ministério da Educação

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Campus Curitiba – Sede Ecoville Departamento Acadêmico de Construção Civil

Curso de Engenharia Civil

UTFPR - Deputado Heitor de Alencar Furtado, 5000 - Curitiba - PR Brasil - CEP 81280-340 [email protected] telefone DACOC +55 (41) 3279-4537 www.utfpr.edu.br

Page 4: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

AGRADECIMENTOS

Aos Mestres e futuros colegas de profissão que fizeram e fazem de seu ofício

ferramenta de transformação na vida de cada futuro Engenheiro. Agradeço

imensamente ao aprendizado e as experiências transmitidas pelos professores do

DACOC e da UTFPR que moldaram minha visão e conhecimento.

Ao professor, engenheiro e amigo Carlos Alberto da Costa, por mostrar o

caminho da ética profissional, e acreditar em mim proporcionando minha primeira

vivência em canteiro de obras. Ao engenheiro Felipe Ferrante, Michel El Achkar e

todos os colaboradores com quem trabalhei na Construtora Sustentare.

À minha família que sempre me incentivou a seguir meus objetivos

acadêmicos, profissionais e pessoais. Ao meu pai, meu melhor amigo e em quem me

espelho para atingir meus objetivos. Ao meu irmão, eterno parceiro na caminhada da

vida. À minha mãe, sempre compreensiva e que é meu porto seguro. Aos meus avós

que foram os alicerces da minha existência, só posso ser cheio de gratidão.

À minha namorada e futura esposa por me apoiar em cada momento de

dificuldade ou alegria. Pelo seu amor imensurável, pois a minha maior alegria é estar

ao seu lado.

A Deus por proporcionar a jornada da vida e abençoar à todos ao meu redor

com Tua graça.

Page 5: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

RESUMO

KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de

estruturas em concreto armado: uma aplicação do método Analytic Hierarchy Process

(AHP). 2017. 113 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Graduação em

Engenharia Civil) – Departamento Acadêmico de Construção Civil, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

Este trabalho apresenta uma abordagem dos principais métodos para reforço

estrutural em vigas de concreto armado, para edificações que sofrerão aumento das

solicitações devido a mudanças no seu uso ou ampliações e reformas. Os métodos

analisados são o de aumento da seção do elemento, colagem de chapas de aço e uso

de compósitos de fibra de carbono. São abordados critérios técnico-construtivos, o

cálculo estrutural para cada tipo de reforço e o custo dos materiais e mão-de-obra

para execução. Através da coleta e avaliação de dados utilizando-se de um estudo de

caso de reforço estrutural de uma edificação comercial na cidade de Curitiba - PR, a

investigação apresentada traz como resultado uma proposta de análise hierárquica

para tomada de decisão na escolha do tipo de reforço estrutural em vigas de concreto

armado.

Palavras-chave: Estruturas em concreto armado. Reforço estrutural de vigas.

Colagem de Chapas de Aço. Compósito de fibra de carbono. Encamisamento. Método

de análise hierárquica. Tomada de decisão.

Page 6: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

ABSTRACT

KUSZKOWSKI, Humberto. Decision-making in RC structures strengthening systems:

application of Analytic Hierarchy Process in a case study. 2017. 113 f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Curso de Graduação em Engenharia Civil) – Departamento

Acadêmico de Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Curitiba, 2017.

This study approaches the main strengthening methods for reinforced concrete beams

for buildings that are going to have loading increases due to changes in utilization

purposes or expansion and renovation. The evaluated strengthening methods are

increase of the cross-section of RC beams, steel plate surface bonding and use of

carbon fiber reinforced polymer. Construction techniques, structural design for each

type of strengthening method and labor and construction materials costs are

evaluated. Using data collection and analysis of a structural strengthening case study

in an office building in Curitiba – PR, the thesis brings as result a proposal of analytic

hierarchy process to improve the decision-making process in correlated situations

where RC beam strengthening is necessary.

Keywords: Reinforced concrete structures. RC beam strengthening. Steel plate

bonding. Carbon fiber reinforced polymer (CFRP). Concrete jacketing. Analytic

hierarchy process. Decision making.

Page 7: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MOTIVOS PARA A UTILIZAÇÃO DE REFORÇO DE ESTRUTURAS EM

CONCRETO ARMADO. ............................................................................................ 16

FIGURA 2 - SEÇÃO TRANVERSAL DE VIGA REFORÇADA POR ENCAMISAMENTO

TOTAL. ...................................................................................................................... 18

FIGURA 3 - USO DE CHAPAS DE AÇO COLADAS PARA AUMENTO DE

RESISTÊNCIA DE VIGAS A FLEXÃO E AO CISALHAMENTO, RESPECTIVAMENTE.

.................................................................................................................................. 19

FIGURA 4 – (A) DIAGRAMA TENSÃO VS. DEFORMAÇÃO DAS FIBRAS. (B)

COMPARAÇÃO COM O AÇO CA-50. ...................................................................... 22

FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UM SISTEMA DE CARBONO

UNIDIRECIONAL. ..................................................................................................... 23

FIGURA 6 - PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO POR APICOAMENTO. ................... 28

FIGURA 7 - ESQUEMA DE DOBRAGEM DO ESTRIBO. ......................................... 29

FIGURA 8 - PREPARAÇÃO DO SISTEMA DE FÔRMAS E ESCORAMENTO. ....... 30

FIGURA 9 - RESULTADO FINAL DE VIGA REFORÇADA POR ENCAMISAMENTO.

.................................................................................................................................. 31

FIGURA 10 - SUPERFÍCIES DECAPADA (ACIMA) E SUPERFÍCIE COM PINTURA

ANTICORROSIVA (ABAIXO). ................................................................................... 32

FIGURA 11 - APLICAÇÃO DE RESINA EPÓXI SOBRE A SUPERFÍCIE DA CHAPA.

.................................................................................................................................. 32

FIGURA 12 - FIXAÇÃO DE CHAPA DE AÇO COM AUXÍLIO DE CHUMBADOR. ... 33

FIGURA 13 - SUAVIZAÇÃO DOS CANTOS VIVOS DAS VIGAS. ............................ 34

FIGURA 14 - APLICAÇÃO DO IMPRIMADOR (PRIMER) COM ROLO. ................... 34

FIGURA 15 - ETAPAS CONSTRUTIVAS DOS SISTEMAS COMPOSTOS

ESTRUTURADOS COM FIBRAS DE CARBONO. ................................................... 35

FIGURA 16 - DIAGRAMA SIMPLIFICADO DE TENSÕES NA SEÇÃO. ................... 36

FIGURA 17 - ESTADO TENSIONAL DE UMA VIGA REFORÇADA. ........................ 38

FIGURA 18 - FORÇAS ATUANTES NA SEÇÃO TRANSVERSAL. .......................... 43

FIGURA 19 - FLUXO DE DECISÃO PARA OS MÉTODOS AHP, ELECTRE E

PROMETHEE. ........................................................................................................... 47

FIGURA 20 - FLUXOGRAMA DE APLICAÇÃO DO AHP. ........................................ 50

FIGURA 21 - EXEMPLO DE HIERARQUIA DE CRITÉRIOS/OBJETIVOS. .............. 51

Page 8: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

FIGURA 22 - DETALHAMENTO DA VIGA V11D. ..................................................... 58

FIGURA 23 - DETALHE DA SEÇÃO 'A' DA VIGA V11 ORIGINAL. .......................... 59

FIGURA 24 - CARREGAMENTO ESQUEMÁTICO DA VIGA V11 PRÉ-AMPLIAÇÃO

(ACIMA) E PÓS-AMPLIAÇÃO (ABAIXO). ................................................................. 66

FIGURA 25 - DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR DA VIGA V11. ......................... 67

FIGURA 26 - DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE DA VIGA V11. .................... 67

FIGURA 27 - SEÇÃO PRELIMINAR DE REFORÇO POR ENCAMISAMENTO TOTAL.

.................................................................................................................................. 70

FIGURA 28 - DETALHAMENTO DO REFORÇO À FLEXÃO POR ENCAMISAMENTO

TOTAL. ...................................................................................................................... 72

FIGURA 29 - COMPRIMENTO E POSIÇÃO DO REFORÇO EM CHAPA DE AÇO. 75

FIGURA 30 - DETALHAMENTO DO REFORÇO A FLEXÃO COM COLAGEM DE

CHAPA DE AÇO. ...................................................................................................... 76

FIGURA 31 - DETALHAMENTO DO REFORÇO À FLEXÃO COM CFRP................ 79

FIGURA 32 - MODELO HIERÁRQUICO DE ESTRUTURAÇÃO DO PROBLEMA. .. 88

FIGURA 33 - RESULTADOS DE PRIORIDADE PARA O GRUPO DE CRITÉRIOS.89

FIGURA 34 - RESULTADOS DE PRIORIDADE PARA O GRUPO DE ALTERNATIVAS

À LUZ DO CRITÉRIO CUSTO DE EXECUÇÃO. ...................................................... 91

FIGURA 35 - RESULTADOS DE PRIORIDADE PARA O GRUPO DE ALTERNATIVAS

À LUZ DO CRITÉRIO TEMPO DE PARALISAÇÃO. ................................................. 91

FIGURA 36 - RESULTADOS DE PRIORIDADE PARA O GRUPO DE ALTERNATIVAS

À LUZ DO CRITÉRIO SEGURANÇA ESTRUTURAL. .............................................. 92

FIGURA 37 - RESULTADOS DE PRIORIDADE PARA O GRUPO DE ALTERNATIVAS

À LUZ DO CRITÉRIO VIABILIDADE TÉCNICA. ....................................................... 92

FIGURA 38 - RESULTADO FINAL DA APLICAÇÃO DA AHP PARA ESCOLHA DA

MELHOR ALTERNATIVA.......................................................................................... 93

FIGURA 39 - CARREGAMENTO NA VIGA V11. .................................................... 107

FIGURA 40 - PLANTA DE CARGAS DO SEGUNDO PAVIMENTO (PARTE 1/2). . 111

FIGURA 41 - PLANTA DE CARGAS DO SEGUNDO PAVIMENTO (PARTE 2/2). . 112

FIGURA 42 - TABELA DE REAÇÕES DE APOIO DAS LAJES. ............................. 113

Page 9: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - MATRIZ COMPARATIVA (SUPONDO QUE CRITÉRIO 1 DOMINA O

CRITÉRIO 2). ............................................................................................................ 52

TABELA 2 - COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO PARA REFORÇO POR

ENCAMISAMENTO DE SEÇÃO. .............................................................................. 82

TABELA 3 - COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO PARA REFORÇO COM CHAPA

DE AÇO..................................................................................................................... 84

TABELA 4 - COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO PARA REFORÇO COM CFRP.

.................................................................................................................................. 85

TABELA 5 - MATRIZ COMPARATIVA DO GRUPO DE CRITÉRIOS. ...................... 88

TABELA 6 - MATRIZ COMPARATIVA NORMALIZADA DO GRUPO DE CRITÉRIOS.

.................................................................................................................................. 89

TABELA 7 - VERIFICAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DA MATRIZ COMPARATIVA DOS

CRITÉRIOS. .............................................................................................................. 89

TABELA 8 - MATRIZ COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS À LUZ DO CRITÉRIO

CUSTO DE EXECUÇÃO. .......................................................................................... 90

TABELA 9 - MATRIZ COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS À LUZ DO CRITÉRIO

TEMPO DE EXECUÇÃO........................................................................................... 90

TABELA 10 - MATRIZ COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS À LUZ DO CRITÉRIO

SEGURANÇA ESTRUTURAL. .................................................................................. 90

TABELA 11 - MATRIZ COMPARATIVA DAS ALTERNATIVAS À LUZ DO CRITÉRIO

VIABILIDADE TÉCNICA............................................................................................ 90

Page 10: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - PROPRIEDADES MECÂNICAS TÍPICAS DAS FIBRAS DE CARBONO.

.................................................................................................................................. 23

QUADRO 2 - COEFICIENTES DE DILATAÇÃO TÉRMICA DAS FIBRAS DE

CARBONO. ............................................................................................................... 24

QUADRO 3 - ANCORAGEM DAS ARMADURAS NA ESTRUTURA EXISTENTE. .. 28

QUADRO 4 - COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE DECISÃO

MULTICRITÉRIOS. ................................................................................................... 48

QUADRO 5 - ESCALA FUNDAMENTAL DE SAATY. ............................................... 52

QUADRO 6 - ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA ALEATÓRIA (RI). ............................... 55

QUADRO 7 - PARÂMETROS DA VIGA V11............................................................. 68

Page 11: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 14

1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 16

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................. 16

2.2 TIPOS DE REFORÇO ESTRUTURAL ................................................................ 17

2.2.1 Aumento da Seção de Concreto Armado ........................................................ 17

2.2.2 Reforço com Chapas de Aço Coladas ............................................................ 19

2.2.3 Reforço com Compósito de Fibra de Carbono ................................................ 20

2.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO ............................................................................. 27

2.3.1 Execução de Reforço de Viga Pelo Aumento da Seção ................................. 27

2.3.2 Execução de Reforço por Colagem de Chapas de Aço .................................. 31

2.3.3 Execução de Reforço por Colagem de CFRP ................................................. 33

2.4 DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM VIGAS ........................................... 35

2.4.1 Aumento de Seção da Viga (Encamisamento) ................................................ 36

2.4.2 Colagem de Chapas de Aço ........................................................................... 37

2.4.3 Reforço com Sistema de Fibra de Carbono (FRP) .......................................... 41

2.5 APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO (AMD) .................................................... 45

2.5.1 Escolha do método AMD ................................................................................. 46

2.5.2 Método de Análise Hierárquica (AHP) ............................................................. 48

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 57

3.1 VIGAS COM NECESSIDADE DE REFORÇO ..................................................... 57

3.1.1 Viga V11d ........................................................................................................ 58

3.2 DIMENSIONAMENTO DOS REFORÇOS ........................................................... 59

3.2.1 Planta de Cargas ............................................................................................ 59

3.2.2 Cargas e Reações nas Lajes .......................................................................... 60

3.2.3 Carregamento na Viga .................................................................................... 60

3.2.4 Combinação das Ações .................................................................................. 60

3.2.5 Análise Estrutural da Viga ............................................................................... 61

3.2.6 Dimensionamento do Reforço com Aumento de Seção de Concreto Armado 61

3.2.7 Dimensionamento do Reforço com Colagem de Chapas de Aço ................... 61

Page 12: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

3.2.8 Dimensionamento do Reforço com Utilização de CFRC ................................. 61

3.3 ORÇAMENTO ANALÍTICO ................................................................................. 62

3.3.1 Cotação De Materiais ...................................................................................... 62

3.3.2 Cotação De Mão-De-Obra .............................................................................. 62

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) .................................................. 63

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 65

4.1 DIMENSIONAMENTO DOS REFORÇOS DA VIGA ........................................... 65

4.1.1 Cargas e Reações nas Lajes .......................................................................... 65

4.1.2 Carregamento na Viga V11 ............................................................................. 65

4.1.3 Análise Estrutural da Viga V11 ........................................................................ 66

4.1.4 Verificação da Capacidade de Carga da Viga V11 ......................................... 68

4.1.5 Reforço com Aumento de Seção de Concreto Armado (Encamisamento) ...... 69

4.1.6 Dimensionamento do Reforço com Colagem de Chapas de Aço ................... 72

4.1.7 Dimensionamento do Reforço com Utilização de CFRC ................................. 76

4.2 ORÇAMENTO ANALÍTICO ................................................................................. 80

4.2.1 Aumento de Seção da Viga ............................................................................. 80

4.2.2 Colagem de Chapas de Aço ........................................................................... 83

4.2.3 Compósito de Fibra de Carbono ..................................................................... 84

4.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) ...................... 86

4.3.1 Definição da Meta ........................................................................................... 86

4.3.2 Definição dos Critérios .................................................................................... 86

4.3.3 Aplicação do Método AHP .............................................................................. 87

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 94

Page 13: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

13

1 INTRODUÇÃO

A alteração das características de estruturas existentes com o intuito de

aumentar a capacidade de carga é observada em edificações e obras de arte de

engenharia, que por razões estruturais necessitam ser reavaliadas e recalculadas. A

necessidade de reforços em estruturas pode surgir não necessariamente pela

deterioração e aparecimento de manifestações patológicas em elementos estruturais,

mas pela mudança na utilização da estrutura, a qual acarretará num aumento de

sobrecarga (CARNEIRO, 1998). Projetos de Ampliações que não forem previstos em

edificações também alteram as solicitações no sistema estrutural já executado, que

deve ser analisado fazendo-se novas considerações quanto as ações e esforços

atuantes. Em certos casos, ocorrem erros de projeto, bem como, de execução da

estrutura de concreto armado, sendo viável executar o reforço estrutural nos

elementos afetados ao invés da demolição e reconstrução da estrutura já construída

(BEBER, 2003).

Tornou-se, tanto ambientalmente, quanto economicamente, preferível adaptar

as estruturas do que reconstruí-las, principalmente se métodos de reforço estrutural

ágeis, efetivos e simples estão disponíveis (GARDEN e HOLLAWAY, 1998). Também

é possível ocorrer situações em que a resistência característica do concreto não é

atingida, podendo não satisfazer o desempenho necessário para atender as

solicitações de projeto. Em todos esses casos, o reforço da estrutura torna-se a

solução mais exequível de um ponto de vista prático e econômico.

A inclusão de novos elementos estruturais para o reforço estrutural, como

pilares, muitas vezes não é uma opção viável do ponto de vista arquitetônico e de

engenharia. Outro agravante é o de que, em muitos casos, a utilização das estruturas

não pode ser interrompida durante longos períodos por questões econômicas

envolvendo o cliente, onde a paralisação das atividades implica na redução do

faturamento. Portanto, é essencial que a intervenção seja a mais breve possível, sem

que haja prejuízos ao uso do espaço.

Dentre os métodos que se destacam pela sua utilização para a execução de

reforço ou reabilitação estrutural, estão: (1) o encamisamento ou recobrimento da

seção do elemento estrutural com concreto armado; (2) a colagem de chapas de aço

Page 14: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

14

utilizando resina epóxi; (3) a aplicação de compósitos de fibra de carbono; (4) a

reestruturação utilizando perfis metálicos; (5) o uso do aço como protensão externa.

Nesse contexto, utilizou-se um estudo de caso de uma obra de ampliação de

um edifício comercial na cidade de Curitiba – PR, onde foi feito o uso de reforço

estrutural em vigas de concreto armado utilizando-se o método de encamisamento e

o método de colagem de chapas de aço com resina epóxi. Esse caso serviu de base

para o estudo das duas soluções de reforço estrutural citadas, e ainda, optou-se em

incluir na pesquisa uma terceira possibilidade utilizando compósitos de fibra de

carbono. Os dados coletados foram utilizados para a aplicação do Método de Análise

Hierárquica (AHP), possibilitando a comparação entre os métodos de reforço

estrutural, de forma a auxiliar engenheiros coordenadores de projetos na tomada de

decisão em situações análogas.

1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é apresentar o comparativo de alternativas de

reforços estruturais utilizando o método Analytic Hierarchy Process (AHP), avaliando

os métodos de encamisamento de seção, colagem de chapas de aço e uso de fibra

de carbono em vigas de concreto armado, abordando o seu dimensionamento,

aspectos e detalhes executivos e de custos, com o objetivo de auxiliar a tomada de

decisão.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos deste trabalho:

• Desenvolver o orçamento analítico para aplicação de cada uma das três

soluções de reforço propostas;

• Comparar aspectos executivos e de custo dos métodos de reforço abordados,

aplicando o método de análise hierárquica (AHP) como forma de auxílio na

escolha do método;

• Determinar o melhor método de reforço estrutural para o caso em questão, de

acordo com os resultados obtidos aplicando o AHP.

Page 15: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

15

1.3 JUSTIFICATIVA

A definição de um sistema de reforço estrutural para elementos em concreto

armado é crucial para obras que necessitam de reabilitação estrutural e deve ser feita

baseando-se nas condições nas quais os reforços serão executados, os custos de

execução e aspectos técnicos envolvidos. Através da análise de três sistemas de

reforço de vigas em concreto armado, utilizando matrizes de decisão, este trabalho

possibilita aos engenheiros calculistas e engenheiros gestores de projetos definirem

de maneira racional e eficiente o sistema de reforço mais adequado para cada caso.

A ideia impulsora deste trabalho foi um estudo de caso, onde optou-se em substituir,

em parte do projeto, o sistema de reforço estrutural convencional por encamisamento,

pelo sistema de reforço utilizando chapas de aço coladas em vigas.

Page 16: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Reabilitação ou reforço de estruturas de concreto armado podem ser

necessárias, tanto em estruturas antigas, quanto em estruturas novas. Estruturas de

concreto armado antigas são reabilitadas e reforçadas para prolongar sua vida útil.

Muitas pontes antigas, por exemplo, precisam ser reforçadas, adaptando-as as cargas

móveis dos dias atuais. Em construções novas, existem casos de fissuração do

concreto devido a erros de projeto, de execução, ou ambos. Por exemplo, o concreto

não atingiu a resistência característica de projeto ou a distribuição de armaduras não

foi feita adequadamente (SENIWONGSE, 2008). Existem diversas causas da

necessidade de reforço em estruturas de concreto armado, como a alteração da

utilização da edificação (FERRARI, PADARATZ e LORIGGIO, 2002) e outras, que são

ilustradas na Figura 1.

Figura 1 - Motivos para a utilização de reforço de estruturas em concreto armado.

Fonte: Adaptado de Carneiro (1998).

Tornou-se ambientalmente e economicamente preferível reabilitar ou reforçar

estruturas de concreto armado que não apresentam o desempenho desejado do que

as substituir. A escolha entre a reconstrução e reabilitação é baseada em fatores

específicos para cada caso individual. O reforço dessas estruturas é desejável se

técnicas de retrofitting ágeis, econômicas, efetivas e simples estiverem disponíveis.

Dentre os diferentes métodos de reforço estrutural de vigas em concreto armado estão

a colagem de chapas metálicas, as mantas/tiras de compósitos como GFRP (glass-

fibre-reinforced plastic) e CFRP (carbon-fibre-reinforced polymer). Outros métodos

Page 17: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

17

apresentam o uso de protensão externa utilizando cabos de aço e aumento da seção

de concreto armado (encamisamento) (ALSHAIKHLY, ALAM e MUSTAPHA, 2016).

O dimensionamento de reforço de uma estrutura é algo que difere do

dimensionamento de uma estrutura nova, pois há a necessidade de análise do

comportamento da estrutura antiga ao longo do tempo, estudo de sua deformação e

chance de colapso. Em geral, a execução de um reforço estrutural é mais complicado,

pois exige a compatibilização entre o material novo e o existente. Outro agravante é o

fato de que a edificação em tratamento, possivelmente continuará em funcionamento

durante a execução do reforço, assim como os projetos e documentação existentes

não retratarem a realidade no local (NAKAMURA, 2009).

2.2 TIPOS DE REFORÇO ESTRUTURAL

2.2.1 Aumento da Seção de Concreto Armado

A técnica de adição de concreto com ou sem aço à seção transversal do

elemento, também conhecida por encamisamento da seção, é relativamente simples,

pois utiliza os materiais mais comuns da construção civil, que são o aço e o concreto.

Isso faz com que o custo da reabilitação seja bastante competitivo quando comparado

a outras técnicas de reabilitação estrutural, sendo uma das mais utilizadas no Brasil

(CÁNOVAS, 1988).

No caso do reforço de vigas por encamisamento, geralmente adiciona-se uma

nova camada de concreto, com ou sem barras de aço na face tracionada ou na face

comprimida, logo o reforço envolverá apenas parcialmente a seção original da

estrutura existente. Porém, nada impede que o encamisamento seja feito em todo o

contorno do elemento estrutural, sendo chamado de encamisamento total, conforme

a Figura 2. (SILVA, LISERRE e SILVA, 2012).

Page 18: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

18

Figura 2 - Seção tranversal de viga reforçada por encamisamento total.

Fonte: Adaptado de Procalc (2016).

As maiores desvantagens dessa técnica são o aumento razoável da carga

permanente da estrutura reforçada e o efeito da retração que acarreta problemas de

aderência e fissuração entra a camada nova e o elemento antigo (CARNEIRO, 1998).

Além disso, o aumento da seção trará interferência arquitetônica negativa, o que pode

não ser adequado para determinados casos. Outro agravante é o tempo necessário

para que a estrutura possa ser colocada em serviço (REIS, 2001).

Trata-se da única alternativa viável de reforço de viga ao cisalhamento quando

a tensão na biela é maior que o limite estabelecido por norma (VIANA, 2004).

O comportamento e desempenho imediatos de vigas reforçadas através do

aumento das seções de concreto e aço da zona tracionada, podem ser previstos pelos

critérios da ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas de concreto, estando a viga

original, no momento do reforço, solicitada ou não. As fissuras já existentes na viga a

ser reforçada podem ser desconsideradas nos cálculos, assumindo-se funcionamento

conjunto dos dois concretos envolvidos, desde que a aderência entre eles seja

constatada. Entretanto, as deformações e deslocamentos já existentes no momento

do reforço devem ser considerados (PIANCASTELLI, 1997).

Page 19: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

19

2.2.2 Reforço com Chapas de Aço Coladas

A técnica de colagem externa de chapas de aço em elementos estruturais tem

sido usada mundialmente por mais de cinco décadas. Dentre as vantagens, em

comparação com outros métodos, está a minimização da área de trabalho, diminuição

do custo total, facilidade de manutenção e a possibilidade de reforçar parte da

estrutura ainda em uso (ALSHAIKHLY, ALAM e MUSTAPHA, 2016).

O uso de placas de aço externas coladas é uma técnica comum para o reforço

e reabilitação de vigas em concreto armado (Figura 3). A técnica proporciona o

aumento e restauração da capacidade de carga de vigas de forma eficiente, pois as

propriedades de tensão-deformação e a sua alta capacidade de deformação do aço

de baixo teor de carbono contribuem para a ductilidade da viga como um todo (AYKAC

et al., 2013).

Figura 3 - Uso de chapas de aço coladas para aumento de resistência de vigas a flexão e ao cisalhamento, respectivamente.

Fonte: Adaptado de Procalc (2016).

Segundo Bauer (2009), a adesividade e a propriedade fundamental nesta

técnica de reforço, e esta relacionada a qualidade do adesivo, as condições das

superfícies dos materiais ligados e as propriedades destes materiais.

Page 20: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

20

Contudo, a técnica apresenta como principal desvantagem a descolagem pré-

matura na interface entre adesivo e aço, o que acaba afetando adversamente a

resistência da ligação e impede que a viga de concreto armado de atingir sua total

capacidade resistente. A solução mais efetiva para prevenir esse problema é o uso de

ancoragens mecânicas, como chumbadores (ALSHAIKHLY, ALAM e MUSTAPHA,

2016).

E recomendado por Freitas (1997) o uso de chumbadores nas extremidades

das tiras de reforço ao cisalhamento, como uma alternativa para evitar o descolamento

da chapa. Além disso, os chumbadores são utilizados para fixação dos estribos

externos de chapa durante o período de cura da cola. As chapas de reforço de flexão

podem ser ancoradas através do reforço de cisalhamento com tiras em “U”, auxiliando,

assim, na sua sustentação pelo substrato.

Outras desvantagens apresentadas pelo método de colagem de chapas

(VIANA, 2004) são:

• Não permitir a visualização das fissuras na região sob o esforço, para inspeção

da estrutura;

• Impossibilidade de detectar corrosão na face oculta da chapa;

• Baixa resistência do sistema à ação do fogo, sendo, portanto necessária uma

proteção por meio de revestimento isolante (pintura intumescente ou similar).

2.2.3 Reforço com Compósito de Fibra de Carbono

Materiais compósitos fabricados com fibras e cobertos com resinas

poliméricas, também conhecidos como fiber-reinforced polymers (FRPs), tem sido

usado como alternativas para o uso de materiais tradicionais de reparo e reforço de

estruturas. Um sistema de compósito reforçado com fibras pode ser definido como as

fibras e resinas utilizadas para fabricação do compósito laminado, as resinas utilizadas

para aderir e colar a manta ao substrato (concreto) e todos os revestimentos usados

para proteger os materiais constituintes (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008).

A aplicação de compósitos de fibra de carbono no reforço de estruturas em

concreto armado é o que há de mais moderno e vem sendo utilizada em substituição

ao uso das tradicionais chapas de aço (BEBER, 2003). O crescimento no interesse

Page 21: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

21

pelo uso de sistemas de reforço estrutural com compósitos reforçados com fibras pode

ser atribuído a alguns fatores, como a sua rápida aplicação. Apesar do custo das fibras

e resinas usados nos compósitos serem relativamente alto comparado com os

materiais tradicionais, como o aço e o concreto, o custo da mão-de-obra e dos

equipamentos para execução desse tipo de sistema são normalmente menores

(AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008).

Diferentemente do aço, os compósitos de fibra de carbono não são afetados

pela corrosão eletroquímica e resistem aos efeitos corrosivos de ácidos, álcalis, sais

e outros agentes agressivos (GARDEN e HOLLAWAY, 1998). Entretanto, é

recomendado precaução na aplicação de FRP em locais submetidos a condições

ambientais extremas e altas solicitações de tração simultaneamente (AMERICAN

CONCRETE INSTITUTE, 2008).

2.2.3.1 Propriedades físicas e mecânicas da fibra de carbono

As fibras de carbono são fabricadas através do tratamento térmico

(carbonização) de fibras precursoras orgânicas, tais como poliacrilonitril (PAN), ou

com base no alcatrão derivado do petróleo ou do carvão (PITCH) em um ambiente

inerte. O processo consiste na oxidação dessas fibras percursoras e no tratamento a

elevadas temperaturas, que chega a atingir entre 1000˚C e 1500˚C, para fibras de

carbono, e até 3000˚C, para as fibras de grafite (MACHADO, 2014).

Segundo Machado (2014), nesse processo térmico as fibras resultantes

apresentam átomos perfeitamente alinhados ao longo da fibra precursora,

característica que confere extraordinária resistência mecânica ao produto final. O

comportamento de tensão e deformação dessas fibras resultantes é observado na

Figura 4.

Page 22: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

22

(a) (b)

Figura 4 – (a) Diagrama Tensão vs. Deformação das fibras. (b) Comparação com o aço CA-50. Fonte: Machado (2014).

Observa-se no gráfico da Figura 4 as variadas especificações que as fibras

de carbono (CF) e fibra de vidro (EG) apresentam, podendo apresentar grande

variação na resistência à tração e no módulo de elasticidade.

Ainda, segundo Machado (2014), quanto maior a temperatura em que o

processo industrial é realizado, maior será o módulo de elasticidade do material

resultante, que varia entre 100GPa e 300GPa, para fibras de carbono, e até 650GPa,

para fibras de grafite. Proporcionalmente ao módulo de elasticidade está o custo do

material, que no caso da fibra de grafite acaba custando ente 15 a 20 vezes mais do

que a fibra de carbono com menor módulo de elasticidade.

Quando solicitados diretamente a tração, mantas FRP unidirecionais (Figura

5) não apresentam nenhum comportamento plástico antes da ruptura. O

comportamento mecânico de materiais FRP fabricado com somente um tipo de fibra

é caracterizado por uma relação de tensão-deformação linear elástica até sua ruptura,

que é repentina e frágil (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008).

Page 23: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

23

Figura 5 - Representação esquemática de um sistema de carbono unidirecional.

Fonte: Adaptado de Machado (2014).

Quanto ao comportamento do material a compressão este tipo de sistema não

deve ser usado como reforço estrutural, devido a falta de testes que validem esse tipo

de aplicação (AMERICAN CONCRETE INSTITUTE, 2008).

Segundo o American Concrete Institute (2008) os intervalos de valores das

propriedades mecânicas dos sistemas de reforço CFRP podem ser tabulados (Quadro

1) em categorias de acordo com o método de teste 16-90 da Suppliers of Advanced

Composite Materials Association.

Tipo de Fibra de Carbono

Módulo de Elasticidade

(GPa)

Resistência Máxima de

Tração (MPa)

Deformação mínima na ruptura (%)

Uso geral 220 - 235 < 3790 > 1,2

Alta resistência 220 - 235 3790 - 4825 > 1,4

Ultra alta resistência

220 - 235 4825 - 6200 > 1,5

Alto módulo 345 - 515 > 3100 > 0,5

Ultra alto módulo 515 - 690 > 2410 > 0,2

Quadro 1 - Propriedades mecânicas típicas das fibras de carbono. Fonte: Adaptado de Machado (2014).

O coeficiente de expansão térmica de materiais FRP com fibras unidirecionais

difere nas direções longitudinais e transversais, dependendo do tipo de fibra, resina e

a fração do volume contendo fibras. O Quadro 2 lista os coeficientes de expansão

térmica típicas para materiais FRP unidirecionais (AMERICAN CONCRETE

INSTITUTE, 2008).

Page 24: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

24

Direção Coeficiente de dilatação térmica (˚C -1)

Longitudinal(⍺L) -10-6 a 0

Transversal (⍺ T) 22x10-6 a 23x10-6

Quadro 2 - Coeficientes de dilatação térmica das fibras de carbono. Fonte: Adaptado de ACI (2008).

Segundo Machado (2014), as principais características de sistemas

compostos que utilizam fibras de carbono como elemento resistente são:

• Extraordinária resistência mecânica;

• Extraordinária rijeza;

• Bom comportamento à fadiga e cargas cíclicas;

• Elevada resistência a ataques químicos diversos;

• Não são afetados pela corrosão por se tratar de um produto inerte;

• Estabilidade térmica e reológica;

• Baixo peso específico, variando entre 1,6g/cm3 a 1,9g/cm3, desprezando seu

peso próprio no cálculo dos reforços.

2.2.3.2 Materiais utilizados para reforço com FRP

Os materiais que constituem o sistema FRP disponíveis comercialmente

incluem resinas, primers, resinas de saturação, adesivos, fibras e revestimentos de

proteção foram desenvolvidos para o reforço estrutural de membros de concreto,

baseado em ensaios dos materiais e suas resistências estruturais (AMERICAN

CONCRETE INSTITUTE, 2008). Os materiais utilizados e suas principais

características são listados a seguir.

2.2.3.2.1 Resinas

Uma vasta gama de resinas poliméricas, incluindo primers, resinas para

saturação e adesivos são usados nos sistemas FRP (AMERICAN CONCRETE

INSTITUTE, 2008). Os tipos de resinas mais utilizados incluem epóxi, ésteres de vinil

e poliésteres, sendo formuladas para uso em diversas condições de agressividade

ambiental. Entre as principais características esperadas estão:

• Compatibilidade de adesão entre o compósito de FRP e o concreto;

• Resistência a efeitos ambientais incluindo umidade, salinidade, temperaturas

extremas e substâncias químicas associadas com a exposição ao concreto;

Page 25: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

25

• Capacidade de preenchimento de vazios em superfícies rugosas;

• Trabalhabilidade.

Os tipos de resina utilizados têm propriedades e utilização especificas:

o Primer:

O primer é um composto utilizado para penetrar os vazios da superfície do

concreto, garantindo uma melhoria de ligação adesiva para a resina de saturação ou

o adesivo epóxi.

o Resina de saturação:

A resina de saturação é utilizada para impregnar as fibras de reforço, fixá-las

no local de aplicação e promover uma ponte de resistência à tensão de cisalhamento

transmitida entre uma fibra e outra. Além de promover a resistência ao cisalhamento

entre as fibras, a resina de saturação serve de adesivo para reforços de múltiplas

camadas, garantindo a resistência ao cisalhamento entre camadas.

o Adesivos:

Adesivos são utilizados para fazer a ligação entre a camada de FRP e o

substrato (concreto) e para fazer a ligação entre múltiplas camadas.

2.2.3.2.2 Fibras

Os principais tipos de fibra utilizado nesse tipo de sistema de reforço são a

fibra de vidro, fibra de aramida (kevlar) e a fibra de carbono. As fibras garantem a

resistência e a rigidez dos sistemas FRP. As fibras podem ser fabricadas em forma

de mantas, com o posicionamento unidirecional ou multidirecional das fibras.

2.2.3.2.3 Camadas de proteção

As camadas de proteção servem para proteger o reforço de FRP colado

externamente de potenciais danos causados por efeitos ambientais e mecânicos.

Tipicamente, essas camadas são aplicadas sobre a superfície do sistema FRP após

a cura do adesivo ou da resina. Dentre as razões para as quais se utiliza sistemas de

proteção estão a proteção da resina epóxi contra a luz UV; a proteção a incêndio; o

Page 26: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

26

vandalismo; o impacto ou abrasão; a estética; a resistência química e a submersão

em água potável.

Os sistemas de proteção são disponíveis em uma variedade de formas,

incluindo:

o Camadas de polímero epóxi ou poliuretano;

o Camadas de acrílico;

o Sistemas cimentícios (argamassas);

o Pinturas intumescentes a base de polímeros, que são utilizadas para controle

de chamas e controle da geração de fumaça à queima.

2.2.3.3 Comportamento ante a ação do fogo

A capacidade de reforço que pode ser atingida pelo uso de FRP colado

externamente é geralmente limitado ao tempo de resistência ao fogo que uma

estrutura pode resistir. De acordo com a ABNT NBR 14432:2001 – Exigências de

resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento, as

exigências de tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF) são definidos de

acordo com a ocupação da edificação.

As resinas poliméricas e as resinas adesivas atualmente utilizadas nos

sistemas de reforço FRP sofrem deterioração mecânica e das propriedades de ligação

em temperaturas próximas ou que excedam a temperatura de transição vítrea (Tg),

que é sempre menor a temperatura de fusão do material (Tf). Enquanto a variação da

Tg pode ser significativa, dependendo da composição química do polímero, o intervalo

típico para resinas e adesivos de aplicação prática é entre 60˚C e 82˚C (AMERICAN

CONCRETE INSTITUTE, 2008).

Apesar da baixa resistência do sistema FRP ante a ação do fogo, a

combinação do sistema com sistema FRP com uma estrutura de concreto existente

pode apresentar níveis adequados de resistência ao fogo. Isso ocorre devido a

camada de proteção que pode melhorar o tempo de resistência ao fogo do elemento

de concreto armado reforçado, fornecendo proteção aos componentes, ao concreto e

ao aço. A camada de proteção pode retardar a degradação da resistência do concreto

e do aço devido a ação do fogo, aumentando suas resistências residuais. Portanto,

Page 27: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

27

com uma camada de proteção adequada, o nível de resistência ao fogo de um

elemento pode ser aumentado mesmo ignorando a contribuição do reforço de FRP

(BISBY, GREEN e KODUR, 2005).

2.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO

2.3.1 Execução de Reforço de Viga Pelo Aumento da Seção

Para reforçar as vigas de concreto armado utilizando o aumento da seção de

concreto armado é necessário que exista espaço suficiente para a colocação de um

sistema de fôrmas e de escoramento, permitindo que o concreto seja moldado em

torno da seção da viga. Em casos específicos onde existem paredes sob a viga, o que

não é incomum, faz-se necessário a remoção total ou parcial da parede para o

posicionamento das fôrmas e escoramento (SOUZA e RIPPER, 1998).

A espessura mínima recomendada da camada de concreto está relacionada

com o tipo de concreto a ser empregado (uso de superplastificantes), e pelo tamanho

máximo do agregado utilizado (CÁNOVAS, 1988). Por essa razão, é desejável não

utilizar espessuras menores do que 10 cm para concreto convencional, podendo-se

chegar até 6 cm com uso de concreto auto adensável e brita tipo ‘0’, dependendo das

bitolas das armaduras.

2.3.1.1 Preparação da superfície

Segundo Silva, Lissere e Silva (2012), faz-se necessário realizar a

escarificação da superfície do concreto existente, garantindo uma aderência

adequada entre o reforço (concreto novo) e o concreto original da peça (substrato),

evitando o deslizamento entre as partes e permitindo o funcionamento monolítico do

elemento. Pode-se fazer o processo manualmente com o auxílio de ponteira e martelo.

Após, faz-se necessário escovar a superfície rugosa para remover todo pó e material

solto.

Outra técnica de preparação da superfície consiste em apicoar a superfície da

viga (Figura 6) removendo a nata de cimento superficial, eliminando material solto ou

comprometido, deixando a face rugosa para aumentar a aderência (PROCALC, 2016).

O processo pode ser feito com o auxílio de martelete leve e ponteira metálica. Após

Page 28: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

28

apicoar a superfície, deve-se lavá-la com jato de água para retirar partículas soltas,

pó, graxa, impregnação de óleo ou restos de pintura.

Figura 6 - Preparação do substrato por apicoamento.

Fonte: O autor (2016).

O apicoamento é um processo necessário para garantir que a camada de

concreto novo seja solicitada na mesma proporção que o concreto da seção original,

trabalhando como um único elemento (REIS, 2001)

2.3.1.2 Colocação das armaduras

Primeiramente são feitas as perfurações nas vigas, pilares e lajes de acordo

com a disposição das armaduras constantes no projeto do reforço. Os furos devem

seguir diâmetros específicos (Quadro 3) de acordo com a bitola da armadura que será

ancorada na estrutura existente (PROCALC, 2016).

Quadro 3 - Ancoragem das armaduras na estrutura existente. Fonte: Adaptado de PROCALC (2016).

Deve-se tomar cuidados especiais para que na execução dos furos, a broca

não danifique as armaduras existentes. Também são executados furos para

Diâmetro da Armadura (A)

Diâmetro da Broca (B)

Profundidade da Ancoragem

(C) Exemplificação

6,3 mm 5/16" 8 cm

8,0 mm 3/8" 10 cm

10 mm 1/2" 12 cm

12,5 mm 5/8" 15 cm

16mm 3/4" 20 cm

20 mm 1" 25 cm

25 mm 1.1/4" 30 cm

Page 29: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

29

colocação dos estribos que atravessam a laje e aberturas na laje para que o graute

ou concreto possam ser lançados (PROCALC, 2016).

Após a preparação das esperas, são fixadas as barras de aço longitudinais e,

logo após, são colocados os estribos que são dobrados após seu posicionamento

(Figura 7).

Figura 7 - Esquema de dobragem do estribo. Fonte: Adaptado de PROCALC (2016).

Todas as amarrações são executadas com arame de aço recozido e as

ancoragens das esperas feitas com adesivo estrutural epóxi de média fluidez. Além

disso, são colocados os espaçadores para garantir o cobrimento das armaduras de

acordo com as recomendações da ABNT NBR 6118:2014.

2.3.1.3 Preparação do sistema de fôrmas e escoramento

Imediatamente após a colocação das armaduras longitudinais e transversais,

o fundo da fôrma e escoramento são posicionados (Figura 8), permitindo a fixação

das laterais da fôrma (SILVA, LISERRE e SILVA, 2012).

Page 30: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

30

Figura 8 - Preparação do sistema de fôrmas e escoramento.

Fonte: O autor (2016).

É importante garantir a estanqueidade nas juntas das fôrmas, pois o concreto

utilizado é de alta fluidez (auto adensável) ou graute (PROCALC, 2016).

2.3.1.4 Concretagem e cura

Após a verificação das armaduras, verificação da estanqueidade do sistema

de fôrmas e do correto escoramento, a concretagem é liberada. O concreto utilizado

é do tipo auto adensável com alto abatimento do tronco de cone, utilizando brita de

graduação 0 (pedrisco) como agregado graúdo, permitindo que o concreto flua através

das aberturas criadas na laje sobre a viga a ser reforçada e, dessa forma, evitando a

formação de vazios (PIANCASTELLI, 1997).

Deve-se fazer o controle tecnológico, coletando no mínimo quatro corpos de

prova (10x20) cm para cada carga de concreto. Os resultados dos ensaios são obtidos

com a ruptura dos corpos de prova aos 7 dias e 28 dias de cura (TOMAZ, SOARES e

BARBOSA, 2014). Por critério do engenheiro calculista ou engenheiro coordenador

de projetos pode-se moldar mais corpos de prova para rompimento em diferentes

idades.

O resultado final é uma viga de concreto armado convencional (Figura 9),

porém com seção transversal aumentada. A retirada das fôrmas da lateral da viga

pode ser feita após 24 horas da concretagem, mantendo o escoramento sob o fundo

da viga.

Page 31: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

31

Figura 9 - Resultado final de viga reforçada por encamisamento.

Fonte: O autor (2016).

Após a verificação da obtenção da resistência característica de projeto por

meio do controle tecnológico, retira-se o fundo da fôrma e parte do escoramento,

permanecendo a viga reescorada até atingir idade de 28 dias (PIANCASTELLI, 1997).

2.3.2 Execução de Reforço por Colagem de Chapas de Aço

2.3.2.1 Preparação da superfície

A colagem externa de chapas de aço ao concreto requer a utilização de

resinas com altas capacidades de aderência e resistência mecânica, como as resinas

epóxi estruturais. Para tanto, é necessário que a superfície da chapa metálica que

ficará em contato com a resina apresente determinada rugosidade (SOUZA e

RIPPER, 1998).

A superfície do concreto deverá ser limpa, removendo-se partículas soltas de

pó, graxa, impregnação de óleos ou restos de pintura. Além disso, é importante que o

substrato esteja regularizado, permitindo o contato total da superfície da chapa de aço

(PROCALC, 2016).

É necessário que o aço seja submetido à decapagem por jato abrasivo para

que a oleosidade das chapas seja removida e que a superfície tenha o máximo de

capacidade aderente (CÁNOVAS, 1988). Na face oposta ao lado da colagem, deve-

se fazer o tratamento com pintura anticorrosiva (Figura 10).

Page 32: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

32

Figura 10 - Superfícies decapada (acima) e superfície com pintura anticorrosiva (abaixo).

Fonte: O autor (2016).

Segundo Ripper e Souza (1998), após a decapagem as superfícies a colar

devem ser protegidas com filme autocolante apropriado, de forma a prevenir contra

sujeira ou agressão ambiental durante o transporte, manuseio e armazenagem.

2.3.2.2 Fixação das chapas

Após a aplicação da resina de epóxi sobre a face a ser colada (Figura 11),

seguindo a recomendação de projeto de espessura da camada de resina, as chapas

são posicionadas no local. Para que a colagem seja efetiva, deve-se submeter as

chapas a uma ligeira pressão, uniforme, expulsando o excesso que resina que é

prejudicial a resistência de aderência (CÁNOVAS, 1988).

Figura 11 - Aplicação de resina epóxi sobre a superfície da chapa.

Fonte: O autor (2016).

Pode-se usar pinos chumbadores nas extremidades das chapas para auxiliar

a fixação em posições verticais (Figura 12). Este elemento trabalhará como

contribuição mecânica à transferência de esforços entre a viga de concreto armado e

a chapa (CÁNOVAS, 1988). Outra possibilidade para manter as chapas no local é

fazer o uso de escoramento ou de cunhas de madeira cravadas entre um anteparo e

a chapa. Essa pressão deve ser mantida até que tenha havido o endurecimento total

Page 33: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

33

da resina, fator que depende da temperatura ambiente e varia conforme o fabricante,

não devendo ser inferior ao tempo de 24 horas.

Figura 12 - Fixação de chapa de aço com auxílio de chumbador.

Fonte: O autor (2016).

2.3.3 Execução de Reforço por Colagem de CFRP

No caso da aplicação do sistema composto em vigas, o objetivo é a adequada

transferência de esforços entre os meios aderidos, sendo necessário um sistema de

colagem bastante eficiente, caracterizando a condição crítica de colagem

(MACHADO, 2014).

É necessário a limpeza da superfície com o uso de politrizes com lixas

abrasivas acopladas, permitindo a remoção de poeira, pó, substâncias oleosas e

graxas (BEBER, 2003).

Quando é necessário o recobrimento de mais de uma superfície lateral da

viga, é necessário que se faça o arredondamento das quinas envolvidas nessa

aplicação (Figura 13), visando evitar a concentração de tensões na fibra de carbono

e eliminar eventuais vazios entre o concreto e o sistema por deficiência na colagem.

Deve-se aplicar massa suavizadora apropriada nos cantos rugosos e lixar com a

politriz (BEBER, 2003).

Page 34: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

34

Figura 13 - Suavização dos cantos vivos das vigas. Fonte: Machado (2014).

Após a limpeza superficial, é feita a aplicação do imprimador (primer) com o

objetivo de reduzir a porosidade do concreto, promovendo uma aderência adequada

do substrato e preparando-a para receber as próximas etapas (TOMAZ, SOARES e

BARBOSA, 2014). Depois de misturar o primer, deve-se aplicar no substrato limpo e

seco utilizando trincha ou rolo, de maneira uniforme.

Figura 14 - Aplicação do imprimador (Primer) com rolo.

Fonte: Tomaz, Soares e Barbosa (2014).

Caso existam falhas ou buracos maiores, que necessitem preenchimento

mais profundo, é aplicado um regularizador de superfície (estucador).

Espera-se a secagem parcial do primer e do estucador, e então aplica-se a

primeira camada de resina saturante (MACHADO, 2014). A aplicação é feita utilizando

rolo de lã, de forma a criar uma camada uniforme sobre o substrato. Após alguns

minutos, procede-se com a aplicação da manta de fibra de carbono sobre a resina

saturante ainda em estado plástico. A fibra deverá ser pressionada firmemente contra

Page 35: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

35

o substrato por meio de rolo com ranhuras metálicas, no sentido longitudinal das

fibras, até a perfeita aderência (BEBER, 2003).

Após aproximadamente 40 minutos, aplica-se uma nova camada de resina

saturante sobre a fibra de carbono (Figura 15).

Figura 15 - Etapas construtivas dos sistemas compostos estruturados com fibras de carbono. Fonte: Machado (2014).

Dessa maneira, caso o projeto exija mais camadas de fibra de carbono,

repete-se a aplicação de mais uma camada de fibra de carbono e de resina saturante,

sucessivamente (MACHADO, 2014).

A cura total do saturante é obtida após sete dias da aplicação do sistema de

reforço. Deve-se inspecionar o serviço realizado num período de 24 horas após a

instalação do sistema, realizando testes de aderência (MACHADO, 2014).

2.4 DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM VIGAS

O dimensionamento e normalmente feito no estado limite ultimo, sendo as

diferenças entre os métodos apresentados apenas as deformacoes limites dos

materiais e os diagramas de tensão - deformação no concreto adotados (VIANA,

2004).

Para o cálculo do reforço de uma viga de concreto armado devem ser

efetuadas as seguintes verificações (MACHADO, 2014):

• Determinação do momento fletor majorado maximo que atuara na viga;

Page 36: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

36

• Determinar o momento resistente a flexao da viga existente a partir das

caracteristicas geometricas da secao e das caracteristicas mecanicas dos

materiais constituintes da mesma;

• Se Mresist.> Mmaj.,max a viga nao necessitara de reforço a flexão. Se, entretanto,

Mresist.< Mmaj.,max a viga necessitara de reforço.

2.4.1 Aumento de Seção da Viga (Encamisamento)

O dimensionamento estrutural à flexão e ao cisalhamento de vigas reforçadas

pelo método do aumento de seção de concreto armado é feito da maneira

convencional, utilizando os critérios da ABNT NBR 6118:2014. A técnica de

encamisamento total da seção apresenta como vantagem o reforço simultâneo ao

cisalhamento e a flexão, por conta do processo executivo (VIANA, 2004).

2.4.1.1 Dimensionamento à flexão

O cálculo do dimensionamento do reforço para flexão baseia-se no diagrama

de tensões da seção. Através do diagrama retangular simplificado de tensões na

seção após o reforço são obtidas as expressões para este dimensionamento (VIANA,

2004).

Figura 16 - Diagrama simplificado de tensões na seção.

Fonte: Viana (2004).

Dessa maneira, obtém-se as relações abaixo:

𝑀𝑈,𝑟 = 𝑇. 𝑧 + 𝐶. 𝑧′ + 𝑇𝑟 . 𝑧𝑟 (1)

Onde: 𝑇 = 𝐴𝑠. 𝑓𝑦

𝐶𝑠 = 𝐴𝑠′ . 𝑓𝑦

Page 37: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

37

𝑇𝑟 = 𝐴𝑟 . 𝑓𝑦,𝑟

𝑧 = (𝑑 − 0,4. 𝑥𝑛𝑜𝑣𝑜)

𝑧′ = (0,4. 𝑥𝑛𝑜𝑣𝑜 − 𝑑′)

𝑧𝑟 = (𝑑𝑟 − 0,4. 𝑥𝑛𝑜𝑣𝑜)

Portanto:

𝑀𝑈,𝑟 = 𝐴𝑠. 𝑓𝑦. 𝑧 + 𝐴′𝑠. 𝑓𝑦. 𝑧′ + 𝐴𝑟 . 𝑓𝑦,𝑟 . 𝑧𝑟 (2)

Através do diagrama de tensões obtém-se também a equação para

determinar a posição da linha neutra:

𝑥𝑛𝑜𝑣𝑜 =𝐴𝑠. 𝑓𝑦. 𝑧 + 𝐴′𝑠. 𝑓𝑦 . 𝑧′ + 𝐴𝑟 . 𝑓𝑦,𝑟 . 𝑧𝑟

0,85.0,8. 𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 (3)

Através da expressão (2), inicialmente estimando z como sendo igual a 0,87.dr

e portanto conhecendo um valor inicial para xnovo, determina-se a área de reforço Ar.

Com o valor calculado para Ar, obtém-se um valor novo para a altura da linha neutra.

Esse processo é realizado de maneira iterativa até que os valores para xnovo sejam

aproximadamente iguais, definindo-se a área de aço do reforço.

2.4.2 Colagem de Chapas de Aço

O cálculo do reforço de vigas à flexão utilizando o método de colagem de

chapas metálicas consiste na determinação da área da seção transversal da chapa

de aço necessária para permitir que a viga resista a novas solicitações (SOUZA e

RIPPER, 1998). Para tanto, é necessário que todas as características geométricas da

seção transversal existente sejam conhecidas, seja através dos projetos executivos

ou por determinação in loco. Além disso, é indispensável que as forças solicitantes do

elemento original estejam definidas e que as propriedade dos materiais sejam

determinadas (SOUZA e RIPPER, 1998).

Ao se efetuar o reforço de uma viga por meio da colagem de chapas, o comum

é que sobre a mesma atue a ação de seu próprio peso mais o da parte correspondente

de laje e piso e suas sobrecarga (CÁNOVAS, 1988). A chapa deve ser colada na zona

Page 38: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

38

de momentos positivos – pode-se dizer o mesmo para a zona de momentos negativos

– e deverá ter uma seção que trabalhe conjuntamente com a armadura existente na

viga, resistindo à ação do momento produzido pelas cargas permanentes e

sobrecargas (CÁNOVAS, 1988).

2.4.2.1 Dimensionamento à flexão

Para calcular o reforço a flexão, Cánovas (1988) considera dois momentos

atuantes, aos quais denominou de Mp e Ms, fazendo a superposição dos diagramas

correspondentes (Figura 17) (SOUZA e RIPPER, 1998). O momento Mp é referente

aos esforços resistidos pela seção original da viga, e o momento Ms corresponde a

parcela de momento produzido pela ação das sobrecargas de uso (CÁNOVAS, 1988).

Figura 17 - Estado tensional de uma viga reforçada.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

No dimensionamento do reforço à tração, Cánovas (1988) considera que a

viga trabalhe no estado-limite último (ELU) após a atuação do momento Ms. Portanto,

o dimensionamento é feito no domínio 3.

Após a execução do reforço, a viga deverá resistir a um momento adicional

Ms produzido pela ação das sobrecargas de uso (ampliação da edificação), que

provocará nos aços existentes uma tensão ss; no concreto uma compressão cs e na

chapa de reforço uma tração srs (CÁNOVAS, 1988).

Dessa forma, a viga reforçada estará submetida a um momento total que será:

𝑀𝑡 = 𝑀𝑝 + 𝑀𝑠 (4)

Para esta condição, Cánovas (1988) propôs as seguintes verificações:

Page 39: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

39

𝜎𝑐𝑝 + 𝜎𝑐𝑠 ≤𝑓𝑐𝑘

𝛾𝑐 (5)

𝜎𝑠𝑝 + 𝜎𝑠𝑠 ≤𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠 (6)

𝜎𝑠𝑟𝑠 ≤𝑓𝑦𝑟𝑘

𝛾𝑠 (7)

Onde: 𝜎𝑐𝑝 = Tensão no concreto provocada pelas ações permanentes;

𝜎𝑐𝑠 = Tensão no concreto provocada pelas ações de sobrecarga;

𝜎𝑠𝑝 = Tensão no aço provocada pelas ações permanentes;

𝜎𝑠𝑠 = Tensão no aço provocada pelas ações de sobrecarga;

𝜎𝑠𝑟𝑠 = Tensão no aço do reforço provocada pelas ações de

sobrecarga;

𝑓𝑐𝑘 = Coeficiente de ponderação da resistência do concreto;

𝑓𝑦𝑘 = Coeficiente de ponderação da resistência do aço;

𝑓𝑐𝑘 = Coeficiente de ponderação da resistência do concreto;

A tensão na armadura existente, após a execução do reforço, é:

𝜎𝑠𝑝 ≤𝑀𝑝

𝑍𝑙. 𝐴 (8)

Onde: 𝑀𝑝 = Momento atuante provocado pela carga inicial;

𝑍𝑙 = Braço de alavanca entre a resultante do concreto comprimido e o

aço tracionado;

𝐴 = Área de aço tracionado existente;

Page 40: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

40

Como o momento total Mp + Ms leva a um estado-limite último, e admitindo-se

que a viga continuara subarmada após o reforço, a tensão na armadura não poderá

ultrapassar:

𝜎𝑠𝑟𝑠 =𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠− 𝜎𝑠𝑝 ≤

𝑓𝑦𝑟𝑘

𝛾𝑠 (9)

O equilíbrio de momentos, para o diagrama devido ao momento Ms, é dado

pela seguinte equação:

𝑀𝑠 = (𝐴. 𝜎𝑠𝑠 + 𝐴𝑅 . 𝜎𝑠𝑟𝑠). 𝑍𝑠 ≅ (𝐴 + 𝐴𝑅). 𝜎𝑠𝑟𝑠. 𝑍𝑠 (10)

Com isso, a área da chapa de aço de reforço pode ser calculada por:

𝐴𝑅 =𝑀𝑠

𝑍𝑠. 𝜎𝑠𝑟𝑠− 𝐴 (11)

Os braços de alavanca Zl e Zs, podem ser calculados a partir da teoria clássica

do concreto armado para o Domínio 3. Outra alternativa simplificadora é a adoção de

Zs=1,1.d e Zl=0,9.d (SOUZA e RIPPER, 1998).

2.4.2.2 Comprimento do reforço

O cálculo do comprimento de ancoragem da chapa, e, consequentemente, o

seu comprimento total, é feito incialmente traçando os diagramas de momento fletor

final (após o reforço) e o de momento fletor inicial (anterior ao reforço). Considera-se

que a chapa inicia a ancoragem a partir do ponto em que o momento fletor atuante na

viga após o reforço atinge o valor do momento fletor máximo inicial (SOUZA e

RIPPER, 1998).

Um dos métodos para determinação do comprimento de ancoragem,

adaptado ao método de reforço com chapas metálicas, proposto por Róstasy (1997

apud MACHADO, 2014) resulta em:

𝑙𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,7√𝐸𝑐ℎ. 𝑡𝑐ℎ

𝑓𝑐𝑡,𝑚 (12)

Onde: 𝑙𝑡,𝑚𝑎𝑥 - Comprimento de ancoragem necessário (mm);

Page 41: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

41

𝐸𝑐ℎ - Módulo de elasticidade da chapa (Mpa);

𝑡𝑐ℎ - Espessura da chapa (mm);

2.4.3 Reforço com Sistema de Fibra de Carbono (FRP)

No cálculo da resistência a flexão de estruturas de concreto armado são

estabelecidos conceitos básicos (MACHADO, 2014), considerando-se os seguintes

conceitos:

• Os estudos e cálculos são efetuados com base nas dimensões existentes das

seções, assim como a quantidade de armaduras e as propriedades mecânicas

dos materiais empregados no elemento;

• Prevalecem os critérios de Bernoulli, onde as seções planas permanecem

planas após a ocorrência dos carregamentos, sendo as deformações

linearmente proporcionais à sua distância até a linha neutra;

• A resistência à tração do concreto é desprezada;

• A deformação máxima do concreto comprimido é de 3,5 ‰;

• A aderência entre o sistema composto CFC e o substrato de concreto deve

ser perfeita; • A deformação é considerada linear até a ruptura do reforço.

Usualmente, o substrato ao qual será executado o reforço já está submetido

a tensões decorrentes da atuação de seu peso próprio, forças de protensão e outros

eventuais tipos de solicitação. Dessa maneira, o nível de deformação no reforço será

diferente daquele que ocorre na fibra externa do substrato (BEBER, 2003).

A deformação pré-existente no substrato deverá ser subtraída da deformação

final calculada para a fibra de carbono para que se possa estabelecer o nível de tensão

efetivo da fibra de carbono (MACHADO, 2014). Dessa forma, a deformação máxima

permissível na fibra de carbono será fornecida pela seguinte equação:

𝜀𝑓𝑐 = (𝜀𝑏 − 𝜀𝑏𝑖) ≤ 𝜀𝑓𝑢 (13)

Onde: 𝜀𝑏 - Deformação na fibra considerada para o carregamento máximo;

𝜀𝑏𝑖 - Deformação pré-existente na base inferior da viga;

Page 42: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

42

2.4.3.1 Dimensionamento à flexão

Segundo Beber (2003), a determinação da capacidade resistente à flexão de

uma viga de concreto armado reforçada com compósitos passa, obrigatoriamente,

pela verificação da seção transversal. Essa consideração deve ser feita tanto para os

modos de ruptura clássicos quanto para a possibilidade de falha prematura na ligação

concreto/reforço. O fluxograma proposto por Beber (2003), com os procedimentos de

cálculo para a determinação da capacidade resistente a flexão, está presente no

Anexo A.

O procedimento de cálculo do dimensionamento do reforço com fibras de

carbono sugerido pela ACI Comitee 440 é o seguinte:

1. Arbitra-se a profundidade da linha neutra (x) em conformidade com o modo de

ruptura;

2. Calculam-se as deformações dos diversos materiais admitindo-se a linearidade

da variação das mesmas;

3. Calculam-se as tensões atuantes nos materiais;

4. A partir do conhecimento das forças se faz as verificações do equilíbrio das

mesmas. Se o momento resistente encontrado no sistema for maior que o

momento solicitante máximo o processo está completo.

O procedimento descrito é feito de maneira iterativa, sendo que o valor de ‘x’

é arbitrado, podendo ou não atender as condições de resistência necessária e

economia (MACHADO, 2014).

O dimensionamento da viga deve atender o domínio 3 para que o

dimensionamento atenda aos critérios econômicos (BEBER, 2003). Após a escolha

do ‘x’ inicial deve-se determinar a deformação na armadura tracionada, assumindo

cu=3,5 ‰, pela seguinte equação:

𝜀𝑐

𝑥=

𝜀𝑠

𝑑 − 𝑥 (5)

Então calculam-se as forças internas atuantes na seção (Figura 18) pelas

equações abaixo:

Page 43: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

43

Figura 18 - Forças atuantes na seção transversal.

Fonte: Machado (2014).

𝐹𝑐 = 0,85. 𝑓𝑐𝑑 . 0,8. 𝑏𝑤 (14)

𝐹𝑠′ = 𝑓𝑠′. 𝐴𝑠′ (15)

𝐹𝑠 = 𝑓𝑠. 𝐴𝑠 (16)

Onde: 𝐹𝑐 – Força resultante na seção de concreto comprimido;

𝐹𝑠′ – Força resultante na armadura comprimida;

𝐹𝑠 – Força resultante na armadura tracionada.

Finalmente, calcula-se a força atuante no compósito de fibra de carbono a

partir do equilíbrio de momentos, para dois pontos, garantindo que o elemento esteja

em equilíbrio (MACHADO, 2014). Dessa forma, efetua-se o cálculo em relação ao eixo

da armadura tracionada e em relação a resultante da força de compressão do

concreto. Do equilíbrio de momentos em relação a resultante da armadura tracionada

tem-se:

𝑀𝑑,𝑟𝑒𝑓 = 𝑀𝑐 + 𝑀𝑠′ + 𝑀𝑠 + 𝑀𝑓𝑐 (17)

𝑀𝑐 = 𝐹𝑐 . (𝑑 − 0,4. 𝑥) (18)

𝑀𝑠′ = 𝐹𝑠′. (𝑑 − 𝑑′) (19)

𝑀𝑠 = 𝐹𝑠. 0 = 0 (20)

Page 44: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

44

𝑀𝑓𝑐 = 𝐹𝑓𝑐. (ℎ − 𝑑) (21)

Onde: 𝑀𝑑,𝑟𝑒𝑓 – Momento solicitante após o reforço;

𝑀𝑐 – Momento devido à força resultante do concreto;

𝑀𝑠′ – Momento devido à armadura de compressão;

𝑀𝑠 – Momento devido à armadura de tração;

𝑀𝑓𝑐 – Momento devido ao compósito de fibra de carbono.

Da mesma forma, calcula-se o equilíbrio de momentos em relação a resultante

do concreto comprimido, porém com outros valores para o braço de alavanca:

𝑀𝑐 = 𝐹𝑐. 0 = 0 (22)

𝑀𝑠′ = 𝐹𝑠′. (0,4. 𝑥 − 𝑑′) (23)

𝑀𝑠 = 𝐹𝑠 . (𝑑 − 0,4. 𝑥) (24)

𝑀𝑓𝑐 = 𝐹𝑓𝑐 . (ℎ − 0,4. 𝑥) (25)

Assim, calcula-se a força atuante na fibra de carbono. Caso as duas forças

calculadas (uma para cada referencial de momento) sejam diferentes, altera-se a

posição da linha neutra até que os dois valores de força atuante na fibra de carbono

sejam próximos (MACHADO, 2014).

Por fim, calcula-se a área da seção transversal necessária para o reforço em

fibra de carbono, a largura e o número de camadas. São utilizadas as seguintes

equações:

𝜎𝑓𝑐 = 𝜀𝑓𝑐. 𝐸𝑓𝑐 (26)

Page 45: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

45

𝐴𝑓𝑐 =𝐹𝑓𝑐

𝜎𝑓𝑐 (27)

𝑏𝑓𝑐 =𝐴𝑓𝑐

𝑒𝑓𝑐 (28)

Onde: 𝜎𝑓𝑐 – Tensão na fibra de carbono;

𝐸𝑓𝑐 – Módulo de elasticidade da fibra de carbono;

𝐴𝑓𝑐 – Área da seção transversal do reforço;

𝑏𝑓𝑐 – Largura do reforço;

𝑒𝑓𝑐 – Espessura do tecido de fibra de carbono.

2.5 APOIO MULTICRITÉRIO À DECISÃO (AMD)

Uma situação ou problema de decisão caracteriza-se por uma necessidade

de avaliação de um conjunto de alternativas, para que se realize uma escolha ou

decisão (COSTA, 2002). Segundo Marins, Souza e Barros (2009), a tomada de

decisão deve buscar uma opção que apresente o melhor desempenho, a melhor

avaliação, ou o melhor acordo entre as expectativas do decisor, considerando a

relação entre os elementos. Podemos então, definir a decisão como um processo de

análise e escolha entre várias alternativas disponíveis do curso de ação que a pessoa

deverá seguir (MARINS, SOUZA e BARROS, 2009).

Segundo Leite e Freitas (2012), dentro do estudo das teorias de decisões, as

mesmas podem ser classificadas em função da quantidade de critérios usados na

análise das alternativas, sendo divididas em problemas monocritério ou multicritério,

para um ou mais parâmetros de decisão, respectivamente.

O apoio multicritério a decisão consiste em um conjunto de métodos e técnicas

para auxiliar ou apoiar a tomada de decisões, quando da presença de uma

multiplicidade de critérios (GOMES, ARAYA e CARIGNANO, 2003). Este processo

pode ser decomposto em etapas:

Page 46: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

46

1. Identificar os decisores e seus objetivos;

2. Definir as alternativas;

3. Definir os critérios relevantes para o problema de decisão;

4. Avaliar alternativas em relação aos critérios;

5. Determinar importância relativa dos critérios;

6. Realizar a avaliação global de cada alternativa;

7. Conduzir a análise de sensibilidade;

8. Propor recomendações;

9. Implementar as acoes.

Para Santos e Cruz (2013), a aplicação de métodos para tomada de decisão

existentes na área da “ciência das decisões” ainda tem um campo fértil a explorar no

ambiente da construção civil. A utilização de relações custo/benefício,

vantagens/desvantagens podem não reduzir as incertezas no processo decisório na

dinâmica de mercado da engenharia civil (SANTOS e CRUZ, 2013).

Portanto, para que a tomada de decisão não se baseie plenamente na intuição

prática do profissional, deixando de considerar critérios relevantes, o uso de

ferramentas de apoio permite justificar a escolha de métodos construtivos de forma

consistente e coerente (SANTOS e CRUZ, 2013).

2.5.1 Escolha do método AMD

A definição do modelo a ser aplicado depende inicialmente das características

do problema, da preferência do grupo ou indivíduo decisor e do tipo de resultado

esperado (LEITE e FREITAS, 2012). Neste sentido, o analista deverá saber qual tipo

de resultado pretende-se obter, seja de seleção, ordenação ou de classificação

(MOREIRA, 2007).

Segundo Campos (2011), o procedimento de escolha do método de decisão

é necessária apenas após a definição dos seguintes itens:

• Intervenientes no processo de decisão;

• Tipo de decisão em grupo;

• Alternativas;

• Critérios.

Page 47: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

47

Moreira (2007) afirma que a escolha do método multicritério a ser utilizado

depende da visão crítica do analista, de forma a adequar a sua opção às

características do problema em questão. Dessa maneira, a escolha do método

depende da avalição dos parâmentros escolhidos, do tipo e da precisão dos dados,

da forma de pensar do analista, do conhecimento sobre o problema, dos resultados

esperados e da necessidade de decisão em grupo (MOREIRA, 2007).

Buscando aumentar a confiança nos resultados obtidos, evitando-se assim o

retrabalho e o desperdício de tempo, Leite e Freitas (2012) sugerem um fluxograma

para auxiliar a seleção de um método (Figura 19).

Figura 19 - Fluxo de decisão para os métodos AHP, ELECTRE e PROMETHEE.

Fonte: Leite e Freitas (2012).

Dentre os principais métodos de Apoio Multicritério à Decisão existem

diversas vertentes, porém as mais utilizadas e pesquisadas são a Escola Americana

e a Escola Francesa (LEITE e FREITAS, 2012), representadas fundamentalmente

pelos métodos Analytic Hierarchy Process (AHP), Elimination and Choice Expressing

Reality (ELECTRE) e Preference Ranking Organization Method for Enrichment

Evaluations (PROMETHEE).

Page 48: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

48

Com base no estudo e aplicação desses métodos, Alves, Nykiel e Belderrain

(2007) caracterizaram os métodos de apoio à decisão multicritério, avaliando seus

principais atributos (Quadro 4).

AHP ELECTRE PROMETHEE

Entrada de dados (Inputs)

Quantidade de julgamentos em problemas com muitos critérios e alternativas

Alta Baixa Alta

Necessidade de processar dados Não Sim Sim

Utilização de dados quantitativos e qualitativos Sim Sim Sim

Utilização de decisões em vários níveis hierárquicos

Sim Não Não

Saída de dados (Outputs)

Problemas com avaliação de desempenho Sim Não Não

Proporciona a eliminação de alternativas Não Sim Não

Permite avaliação da coerência dos julgamentos Sim Não Não

Interface do decisor versus método

Disponibilidade de software gratuito Sim Não Sim

Utilização de decisão em grupo Sim Não Não

Número de publicações científicas sobre o tema Alto Média Baixa

Quadro 4 - Comparação entre os métodos de decisão multicritérios. Fonte: Adaptado de Alves, Nykiel e Belderrain (2007).

2.5.2 Método de Análise Hierárquica (AHP)

O Método de Análise Hierárquica (Analytic Hierarchy Process, AHP) pode ser

classificado como um dos mais conhecidos e utilizados métodos de Auxílio

Multicritério à Decisão (AMD), proposto por Saaty no início dos anos 70 (COSTA,

2002). Fundamentado numa metodologia científica, o método permite analisar,

determinar e decidir os diversos critérios que influem na tomada de decisão e,

consequentemente, gerar informações que auxilie o decisor a eleger a melhor das

alternativas propostas (SANTOS e CRUZ, 2013).

O AHP é uma teoria para escalonar alternativas através de comparações aos

pares, contando com o julgamento de especialistas para derivar escalas de prioridade.

As comparações são feitas utilizando uma escala de julgamento absoluto, que

representa o quanto uma alternativa é dominante sobre outra para um dado atributo

(SAATY, 2008).

De forma mais simplista, Gomes, González e Carignano (2004) conceituam

que o AHP é baseado na comparação paritária dos critérios, buscando responder

Page 49: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

49

duas perguntas principais: Quais são os critérios de maior importância? Qual a

proporção dessa importância?

Segundo Saaty (2008), para tomar uma decisão de uma maneira organizada

e gerando prioridades é necessário decompor o processo decisório nas seguintes

etapas:

a. Definição do problema e determinação do tipo de área do conhecimento

envolvida;

b. Estruturar a hierarquia de decisão partindo do topo com a meta da análise

decisória e, em seguida, estruturar os objetivos a partir de uma perspectiva

geral, partindo de níveis intermediários (critério no qual o elemento

subsequente depende) para níveis mais baixos da hierarquia (que geralmente

são um conjunto de alternativas);

c. Construir um conjunto de matrizes de comparação aos pares. Cada elemento

em um nível superior é utilizado para comparar os elementos no nível

imediatamente abaixo dele;

d. Usar a lista de prioridades obtidas através das comparações para dar peso as

prioridades para os parâmetros no nível imediatamente abaixo, fazendo o

processo para todos os elementos. Depois, para cada elemento deve-se somar

os valores ponderados e obter sua prioridade geral ou global.

Santos e Cruz (2013) desenvolveram um fluxograma de aplicação do método

Analytic Hierarchy Process buscando explicar de forma mais didática e paramétrica

as etapas do processo.

Page 50: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

50

Figura 20 - Fluxograma de aplicação do AHP.

Fonte: Santos e Cruz (2013).

A aplicação do AHP se inicia pela decomposição do problema em uma

hierarquia de critérios (Figura 21) mais facilmente analisáveis e comparáveis de modo

independente (VARGAS, 2010). A partir do momento em que essa hierarquia lógica

esta construída, os tomadores de decisão avaliam sistematicamente as alternativas

por meio da comparação, de duas a duas, dentro de cada um dos critérios. Essa

comparação pode utilizar dados concretos das alternativas ou julgamentos humanos

como forma de informação subjacente (SAATY, 2008).

As comparações efetuadas, muitas vezes empíricas, são transformadas em

valores numéricos que são processados e comparados no AHP. O peso atribuído para

cada um dos fatores permite a avaliação de cada um dos elementos dentro da

hierarquia definida. A partir do momento em que todas as comparações foram

efetuadas e os pesos relativos entre os critérios a serem avaliados foi estabelecida, a

probabilidade numérica de cada uma das alternativas é calculada. Este valor

determina a probabilidade que a alternativa tem de atender o objetivo estabelecido

(VARGAS, 2010).

Page 51: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

51

Figura 21 - Exemplo de hierarquia de critérios/objetivos. Fonte: Adaptado de Vargas (2010).

Segundo Vargas (2010), essa capacidade de conversão de dados empíricos

em modelos matemáticos é o principal diferencial do AHP com relação a outras

técnicas comparativas. Apesar disso, Vargas (2010) ainda afirma que os cálculos

matemáticos envolvendo o AHP podem parecer simples em um primeiro momento, no

entanto, em casos mais complexos, as análises e cálculos tornam-se grandes e

exaustivos, sendo viável o uso de softwares específicos de cálculo.

2.5.2.1 Escala de comparação (Escala Saaty)

A comparação entre dois elementos através da aplicação do AHP pode ser

realizada de diferentes formas, utilizando escalas e pesos diferentes (BHUSHAN e

RAI, 2004). Porém, a escala de relativa importância entre duas alternativas ou critérios

proposta por Saaty é a mais amplamente utilizada (VARGAS, 2010). A escala

determina a importância relativa de uma alternativa com relação a outra, atribuindo

valores que variam entre 1 a 9.

Escala

Avaliação numérica Recíproco Comentário

Igualmente preferido 1 1 Os dois critérios contribuem igualmente para os objetivos

Moderadamente preferido 3 1/3 A experiência e o julgamento favorecem um critério levemente sobre o outro

Fortemente preferido 5 1/5 A experiência e o julgamento favorecem um critério fortemente sobre o outro

Muito fortemente preferido

7 1/7 Um critério é fortemente favorecido em relação a outro e pode ser demonstrado

Page 52: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

52

Escala

Avaliação numérica Recíproco Comentário

Extremamente preferido 9 1/9 Um critério é favorecido em relação a outro com o mais alto grau de certeza

Valores intermediários 2;4;6 e 8 1/2; 1/4; 1/6 e

1/8 Quando o consenso não for obtido e houver necessidade de uma negociação

Quadro 5 - Escala fundamental de Saaty. Fonte: Adaptado de Saaty (2008).

De forma geral, procura-se utilizar os números ímpares da tabela para

assegurar razoável distinção entre os pontos da medição (VARGAS, 2010). O uso dos

números pares deve ser adotado quando existir a necessidade de negociação entre

os avaliadores e quando o consenso natural não for obtido, gerando necessidade de

determinação de um ponto médio de concessão mútua (SAATY, 2008).

2.5.2.2 Matriz de comparação

A partir da Escala de Saaty é construída a matriz de comparação, onde os

critérios precisam ser avaliados aos pares, visando determinar a importância relativa

entre eles e seu peso relativo na meta global (VARGAS, 2010). O número de

julgamentos necessários para uma determinada matriz de ordem n (número de

elementos sendo comparados) é dado por n(n-1)/2 (SAATY, 2008).

A matriz é preenchida comparando-se os critérios que aparecem na coluna da

esquerda em relação aos critérios que aparecem na linha superior (VARGAS, 2010),

conforme exemplificado na Tabela 1.

Tabela 1 - Matriz comparativa (supondo que critério 1 domina o critério 2).

Critério 1 Critério 2 Critério 3

Critério 1 1 Avaliação

Critério 2 1/Avaliação 1

Critério 3 1

Fonte: Adaptado de Vargas (2010).

Para simplificar, chamaremos os critérios de C1, C2 e C3; se esses critérios,

ao serem comparados aos pares, apresentarem C1 e C2 como sendo igualmente

preferidos, atribui-se o valor 1; se C1 for ligeiramente mais importante do que C2, ou

seja, moderadamente preferido, atribui-se o valor 3; e assim por diante (SANTOS e

CRUZ, 2013).

Page 53: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

53

O reverso da comparação dos critérios, ou seja, o valor recíproco, é

correspondente ao inverso da escala apresentada. Neste sentido, um critério que seja

extremamente preferido em relação a outro (classificado com valor 9), ao se fazer a

comparação inversa na matriz, o critério preterido será avaliado com o valor 1/9

(SANTOS e CRUZ, 2013). Para um valor 𝑎𝑖𝑗 na matriz de comparação, o valor

recíproco 𝑎𝑗𝑖 = 1/𝑎𝑖𝑗.

Um elemento é igualmente importante quando comparado com ele próprio,

isto é, onde o valor de i é igual ao valor de j na matriz de decisão será atribuído o valor

1. Logo, a diagonal principal de toda matriz de decisão será composta apenas pelo

número 1 (SANTOS e CRUZ, 2013).

Da mesma maneira que os critérios são comparados aos pares, o mesmo

procedimento é aplicado as alternativas, determinando a prioridade de cada uma em

relação as demais para cada critério estabelecido (SANTOS e CRUZ, 2013).

Após a montagem das matrizes de decisão, é necessário normalizá-las para

interpretar e obter o peso relativo de cada critério. A normalização é feita pela divisão

de cada valor atribuído na tabela pelo somatório total de cada coluna (VARGAS,

2010).

2.5.2.3 Vetor de prioridade (Autovetor)

A determinação da contribuição de cada critério na meta é calculada a partir

do vetor de prioridade ou autovetor. O vetor de prioridade apresenta os pesos relativos

entre os critérios e é obtido de modo aproximado através da média aritmética dos

valores de cada um dos critérios, ou seja, calcula-se o calor médio em cada linha da

matriz normalizada para obter o peso relativo, onde o somatório dos valores do vetor

sempre totaliza 1 (VARGAS, 2010). Os valores obtidos para o autovetor tem

significado físico direto no AHP. Ele determina a participação ou peso daquele critério

no resultado total da meta.

O cálculo exato do autovetor é determinado apenas em casos específicos. A

maioria dos casos práticos utiliza a aproximação descrita acima visando simplificar o

processo de cálculo, uma vez que a diferença entre o valor real e o aproximado é

inferior a 10% (KOSTLAN, 1991).

Page 54: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

54

Em comparação proposta por Vargas (2010), observou-se que os valores

aproximados e reais do vetor de prioridade em um dado caso, tiveram uma variação

menor do que 1,5% para uma análise utilizando quatro critérios. Observou-se que os

valores aproximados e reais são muito próximos e, muitas vezes, o cálculo do vetor

real requer um trabalho matemático que pode ser dispensado (KOSTLAN, 1991).

2.5.2.4 Cálculo do índice de consistência

Segundo Marins, Souza e Barros (2009), a inconsistência surge quando

algumas opiniões da matriz de comparação se contradizem com outras. Ou seja, a

verificação da inconsistência dos dados visa captar se os tomadores de decisão foram

consistentes nas suas opiniões para a tomada de decisão (VARGAS, 2010).

Se, por exemplo, os tomadores de decisão afirmarem que o critério C1 é mais

importante do que o critério C2, e que o critério C2 é mais importante do que o critério

C3, seria uma inconsistência afirmar que o critério C3 é mais importante do que o

critério C1 (se C1>C2 e C2>C3 seria inconsistente afirmar que C1<C3) (SANTOS e

CRUZ, 2013). Por isso, é importante verificar a consistência das opiniões calculando

o Índice de Consistência (CI) e a Relação de Consistência (CR).

Assim o cálculo do Índice de Consistência (CI) proposto por Saaty (2008) é

dado pela seguinte equação:

𝐶𝐼 =𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑛

𝑛 − 1 (29)

Onde: 𝐶𝐼 - Índice de consistência;

𝑛 - Número de critérios avaliados;

𝜆𝑚𝑎𝑥 - Vetor principal.

O autovetor principal é obtido calculando-se o produto de cada linha da matriz

de comparação pelo vetor de prioridade, dividindo-se o resultado dessa expressão

pelo elemento do autovetor correspondente a linha calculada. Então faz-se o

somatório desse produto e calcula-se a média aritmética (VARGAS, 2010).

Page 55: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

55

Para a verificar se o valor do índice de consistência (CI) é adequado, Saaty

(2008) propôs uma relação de consistência (CR), onde o valor obtido para CI é

comparado com o Índice de Consistência Aleatória (RI) (SANTOS e CRUZ, 2013). A

relação de consistência (CR) é determinada pela razão entre o valor do índice de

consistência (CI) e o índice de consistência aleatória (RI) (Equação 30). A matriz será

considerada consistente se a razão for menor que 10%.

𝐶𝑅 =𝐶𝐼

𝑅𝐼< 0,1 (30)

O valor de RI é fixo e tem como base o número de critérios avaliados (N),

conforme o quadro abaixo:

N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

RI 0 0 0,58 0,90 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49

Quadro 6 - Índices de consistência aleatória (RI). Fonte: Saaty (2008).

Os valores dos índices de consistência aleatória desenvolvidos por Saaty

(2008) foram derivados da análise de uma amostra de 500 matrizes de comparação

geradas randomicamente. Calculando-se o índice de consistência para essas

matrizes, Saaty (2008) calculou o valor médio dos índices, criando os índices de

consistência aleatória para cada ordem de matriz.

A tolerância a inconsistência de até 10% para as matrizes de comparação é

justificada por Saaty (2008), de forma que sem ela novas informações e

conhecimentos sobre o problema em análise não poderiam justificar a alteração na

ordem de preferência dos critérios ou alternativas. Assumindo que todo conhecimento

acerca do problema seja consistente, contradiz a realidade onde ajustes contínuos no

entendimento dos fenômenos são necessários (SAATY, 2008).

2.5.2.5 Resultado da AHP

Para sintetizar a escala de prioridade geral do sistema, ou seja, obter o

resultado de preferência entre as alternativas, cria-se uma matriz a partir dos auto

vetores obtidos para a comparação de cada alternativa à luz de cada critério e

multiplica-se pelo vetor de prioridade de comparação entre os critérios (SAATY, 2008).

Page 56: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

56

Dessa maneira, tem-se o valor de prioridade global para cada alternativa, de

forma que este valor indique qual alternativa melhor se adapta ao problema em

questão, auxiliando a tomada de decisão (VARGAS, 2010).

Page 57: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

57

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 VIGAS COM NECESSIDADE DE REFORÇO

Para tornar viável a análise, optou-se em analisar o dimensionamento do

reforço estrutural de uma viga que estava sob o último pavimento antes da cobertura,

como forma de simplificar a determinação das solicitações e restringir o escopo deste

trabalho. A partir da análise estrutural da edificação pelo escritório de cálculo estrutural

contratado, foi constatado que seria necessário o reforço de três vigas que suportam

o segundo pavimento da edificação e passariam a suportar a ampliação do segundo

pavimento. Para este trabalho, limitou-se a análise de apenas uma das vigas, apenas

para servir como fonte de dados para a aplicação do método AHP.

A primeira proposta de projeto do escritório de cálculo estrutural para o reforço

das vigas foi de utilização do método de aumento da seção de concreto armado. Por

motivo de impossibilidade de parar as operações da clínica por mais de três dias

consecutivos, foi elaborada uma segunda solução de reforço estrutural utilizando o

método de colagem de chapas de aço.

O local da ampliação da edificação era sobre as lajes L11, L24, L25 e L26,

onde originalmente havia um telhado em estrutura metálica e telhas de fibrocimento

de 8mm de espessura. O projeto da ampliação da edificação consiste na retirada do

telhado que havia sobre as lajes citadas, e a construção de mais salas sobre estas

lajes.

A análise estrutural levou em conta as especificações de materiais do projeto

arquitetônico de ampliação da clínica e do projeto de proteção radiológica, que conta

com a utilização de lençóis de chumbo fixados nas paredes. Tentou-se reduzir a

necessidade de reforço das vigas utilizando blocos de concreto celular autoclavado

com espessura de 10cm, que possuem peso específico de até 0,550tf/m3, para o

sistema de vedação vertical. Algumas das paredes internas foram executadas com

sistema de light steel frame e utilização de chapas de gesso acartonado.

Para determinação da rigidez das ligações das vigas foi considerado o modelo

clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos pilares, observando-se os

Page 58: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

58

critérios de aproximação da influência da solidariedade dos pilares com vigas

descritos no item 14.6.6 da ABNT NBR 6118:2014.

Todas as vigas foram originalmente projetadas com a utilização de concreto

de classe C30, com fator água/cimento ≤0,55. O aço utilizado para as armaduras foi

o CA-50A (armaduras longitudinais) e o CA-60 (armaduras transversais).

3.1.1 Viga V11d

A viga V11 trecho ‘d’ foi projetada conforme as especificações da Figura 22,

a seguir, onde são detalhadas as armaduras e seus posicionamentos na seção e a

geometria da viga.

Figura 22 - Detalhamento da viga V11d. Fonte: Adaptado de PROCALC (2017).

A seção transversal ‘A’ é a que tem menor área de aço tracionado e

comprimido, portanto será utilizada como sendo a seção crítica, assumindo a pior

hipótese para o dimensionamento dos reforços.

Page 59: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

59

Figura 23 - Detalhe da seção 'A' da Viga V11 original.

Fonte: Adaptado de PROCALC (2017).

Conforme o projeto original da viga, será verificado o momento resistente da

viga, verificando a necessidade de reforço à flexão do trecho ‘D’, conforme constatado

pelo escritório de projetos.

3.2 DIMENSIONAMENTO DOS REFORÇOS

O dimensionamento dos reforços das vigas pelo método do aumento da seção

de concreto armado seguiu as diretrizes de ABNT NBR 6118:2014, considerando os

princípios do método dos estados limites.

O dimensionamento do reforço utilizando sistema de compósito de polímero

reforçado com fibra de carbono baseou-se no manual de dimensionamento americano

ACI 440.2R-08 do American Concrete Institute. Como forma de auxílio, utilizou-se o

manual de dimensionamento de reforços com fibra de carbono da Viapol, que é

baseado na norma americana.

Para o dimensionamento do reforço utilizando colagem de chapas metálicas,

utilizou-se o método proposto por Cánovas (1988).

3.2.1 Planta de Cargas

A planta de cargas do pavimento que sofreu aumento de carregamento devido

a sua ampliação e alteração na sua utilização está disponível no Anexo B. A planta de

cargas leva em consideração as ações permanentes e variáveis sobre as lajes e vigas

no pavimento acima das vigas.

Page 60: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

60

A planta de cargas do segundo pavimento do projeto original da edificação

não foi disponibilizada pelo escritório de projetos. Dessa maneira, considerou-se uma

carga permanente de telhado de 0,75 kN/m2 para as lajes L11, L24, L25 e L26 na

situação anterior a ampliação. Sobre estas lajes havia um telhado em estrutura

metálica e telhas em fibrocimento de 8mm de espessura, apoiado diretamente sobre

as lajes.

3.2.2 Cargas e Reações nas Lajes

O resultado e as considerações utilizadas no cálculo dos carregamentos nas

lajes pré-ampliação e pós-ampliação foram calculados e estão disponíveis no próximo

capítulo do trabalho. Foram calculadas as cargas em todas as lajes adjacentes as

vigas analisadas, seguindo o princípio de que as vigas são contínuas.

As reações nas lajes para o cenário anterior a ampliação da edificação e para

o cenário pós-ampliação foram determinadas, com objetivo de determinar o acréscimo

das solicitações nas vigas em questão. Os resultados são apresentados no Apêndice

C.

3.2.3 Carregamento na Viga

O carregamento na viga foi determinado através do somatório das cargas

transferidas pelas lajes adjacentes, peso próprio das vigas e cargas de paredes sobre

as vigas.

Esse processo foi efetuado para o cenário anterior a ampliação da edificação

e posterior a ampliação, com objetivo de determinar o acréscimo das solicitações nas

vigas analisadas.

O resultado dos carregamentos das vigas pré-ampliação e pós-ampliação

foram calculados e estão disponíveis no próximo capítulo do trabalho.

3.2.4 Combinação das Ações

A combinação das ações foi feita utilizando as informações existentes na

Planta de Cargas fornecida pelo escritório de projetos estruturais. Baseou-se nos

critérios de combinações para o Estado Limite Último, observando os coeficientes de

Page 61: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

61

ponderação estabelecidos na ABNT NBR 6118:2014. Os cálculos das solicitações

máximas para cada viga foram feitos para os momentos fletores e os esforços

cortantes, utilizando o coeficiente de ponderação das ações de 1,4.

3.2.5 Análise Estrutural da Viga

Os esforços internos e reações para cada viga foram calculados com o auxílio

do software livre para análise estrutural Ftool, que mostra o comportamento de

pórticos planos.

Dessa maneira, obteve-se os diagramas de momento fletor e esforço cortante

para a viga analisada, em ambas as situações (pré-ampliação e pós-ampliação). Os

resultados estão disponíveis no próximo capítulo do trabalho.

3.2.6 Dimensionamento do Reforço com Aumento de Seção de Concreto Armado

O dimensionamento do reforço a flexão e ao cisalhamento com o aumento de

seção de concreto armado foi calculado utilizando os princípios de dimensionamento

do concreto armado, onde a ABNT NBR 6118:2014 foi utilizada.

3.2.7 Dimensionamento do Reforço com Colagem de Chapas de Aço

O dimensionamento do reforço a flexão com a colagem de chapas de aço foi

calculado utilizando os princípios de dimensionamento do método apresentado por

Cánovas (1988).

Para o dimensionamento do reforço ao cisalhamento foram utilizadas as

prerrogativas da ABNT NBR 6118:2014.

3.2.8 Dimensionamento do Reforço com Utilização de CFRC

O dimensionamento do reforço a flexão e ao cisalhamento com a utilização de

compósitos de fibra de carbono foi calculado utilizando os princípios de

dimensionamento do método apresentado pelo American Concrete Institute, em sua

norma ACI 440.2R-08.

Page 62: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

62

3.3 ORÇAMENTO ANALÍTICO

Antes da execução dos reforços estruturais nas vigas de concreto armado, foi

feito o levantamento de custos dos materiais para execução de reforço com colagem

de chapas de aço. Para o fornecimento de mão-de-obra, foi considerado o valor da

hora de cada profissional e auxiliar, de acordo com bases de dados governamentais

e pesquisa de mercado.

Foram considerados todos os custos diretos envolvidos para execução de

cada tipo de reforço. Os custos indiretos da obra não foram rateados para a execução

dos reforços por questão de simplificação e objetividade.

3.3.1 Cotação De Materiais

Utilizando os dados coletados durante a execução da obra, onde foram

utilizados reforços estruturais em vigas pelo método do aumento da seção de concreto

armado e pelo método da colagem de chapas de aço, foi feito o comparativo de preço

das cotações. Foram feitas cotações com pelo menos três diferentes fornecedores

para cada tipo de material. Todos os fornecedores eram empresas formais com

reconhecimento, situadas na Região Metropolitana de Curitiba, no Paraná.

Através do comparativo de cotações de material de fornecedores, obteve-se

o custo para execução dos três tipos de reforço. A quantidade de material necessária

para execução de cada tipo de reforço estrutural foi levantado de acordo com o

levantamento de quantitativo de materiais feito a partir do dimensionamento de cada

tipo de reforço.

3.3.2 Cotação De Mão-De-Obra

Para execução da obra, foi escolhido uma empresa empreiteira para

execução dos serviços relacionados a parte estrutural da obra de ampliação. A

escolha foi feita a partir do comparativo de propostas de fornecimento de mão-de-obra

de três empresas diferentes. O principal critério para contratação, além do menor

preço, foi a experiência, capacidade técnica e quadro de funcionários disponíveis para

a obra.

Page 63: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

63

No caso da execução do reforço de vigas por encamisamento da seção

transversal, a remuneração do serviço foi feita através de valor unitário por massa de

aço e volume de concreto. Foram considerados a descarga e transporte do material

na obra, a corte e dobra do aço, o posicionamento e preparação das armaduras, a

área de fôrmas, o escoramento, o lançamento e a cura do concreto.

No caso de execução do reforço das vigas com colagem de chapas de aço, a

remuneração não havia sido pré-estabelecida em contrato. Dessa forma, o valor para

execução desse tipo de reforço foi feito por hora de serviço de profissional e de

ajudante.

Como o reforço utilizando CFRP não foi executado nesta obra, foi feito o

levantamento do quantitativo de mão-de-obra a partir de dados parametrizados de

obras já executadas.

3.4 MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP)

O intuito da escolha do método AHP para escolha da melhor alternativa de

método de reforço estrutural se deu por ser uma ferramenta de análise simples,

objetiva e racional, que busca a solução de problemas complexos e que trata os

problemas decisórios de uma forma estruturada. Isso possibilita o reconhecimento e

tratamento da subjetividade inerente aos problemas de decisão.

Dessa maneira, foi definida a meta da análise hierárquica e os critérios a

serem analisados para o estudo de caso em questão. Após discorrer sobre os critérios

e mensurar de forma quantitativa e qualitativa os pesos relativos entre eles, iniciou-se

a aplicação do método de análise hierárquica para definir o peso de cada critério para

a meta global do problema. Após a comparação das alternativas aos pares para cada

critério definido, foi estabelecida a prioridade geral para cada alternativa com relação

a meta do problema.

Com os resultados da análise hierárquica, utilizou-se os valores de prioridade

geral calculados para auxiliar a tomada de decisão quanto ao melhor método de

reforço estrutural de vigas em concreto armado para o estudo de caso em questão. O

resultado da tomada de decisão através do uso do método de análise hierárquica foi

então comparado com o método efetivamente empregado na obra de ampliação, de

Page 64: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

64

forma a tentar estabelecer uma relação de coerência entre o método empregado e o

método definido pela tomada de decisão.

Page 65: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

65

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DIMENSIONAMENTO DOS REFORÇOS DA VIGA

O intuito do dimensionamento dos reforços para a Viga V11 é para verificar o

dimensionamento dos reforços com aumento de seção de concreto armado e colagem

de chapas de aço calculado durante a fase do projeto estrutural da edificação. Além

disso, o dimensionamento dos reforços fornecerá os quantitativos de material

necessários para execução de cada tipo de reforço. Dessa forma, será possível a

elaboração do orçamento analítico que será utilizado para comparação do custo de

execução na aplicação do método de análise hierárquica (AHP).

Para simplificar a análise do custo de execução, serão efetuados os

dimensionamentos dos reforços apenas para a flexão, porém garantindo uma

estimativa realista do custo real para execução de cada método de reforço.

4.1.1 Cargas e Reações nas Lajes

Os resultados dos carregamentos nas lajes foram utilizados para o cálculo de

suas respectivas reações de apoio, na situação anterior a ampliação da edificação e

posterior a ampliação. Para determinar as reações de apoio nas lajes utilizou-se o

método de quinhões de carga, com o auxílio das fórmulas encontradas no Anexo C.

As considerações e cálculos efetuados para a determinação das cargas nas

lajes e suas reações estão detalhados no Apêndice A (situação pré-ampliação) e no

Apêndice B (pós-ampliação).

4.1.2 Carregamento na Viga V11

A partir dos resultados obtidos no cálculo das reações das lajes, peso próprio

da viga e carga de paredes, obteve-se o carregamento na Viga V11, possibilitando a

análise estrutural da mesma. O detalhamento do cálculo do carregamento total para

a situação pré-ampliação e pós-ampliação, e está disponível no Apêndice C.

Os valores de ‘Rx’ são referentes as reações das lajes, ‘P.P. V.’ ao peso

próprio de cada trecho da viga e ‘Alven’ ao peso da alvenaria, considerando um peso

específico de 12 kN/m3 para bloco cerâmico com espessura de 0,12 metros e 2,8

Page 66: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

66

metros de altura (altura entre a laje e a viga superior). Para cálculo do peso próprio da

viga de concreto armado foi utilizado um peso específico de 25 kN/m3.

Com isso, é possível comparar o carregamento provocado pela ampliação da

edificação para posteriormente, fazer a análise estrutural e dimensionar os reforços.

O resultado do carregamento da viga é apresentado na Figura 24.

Figura 24 - Carregamento esquemático da Viga V11 pré-ampliação (acima) e pós-ampliação

(abaixo). Fonte: O autor (2017).

Observa-se que o aumento no carregamento sobre a Viga V11, provocado

pela ampliação da edificação, foi de aproximadamente 22% para o trecho ‘A’, 41%

para os trechos ‘B’ e ‘C’, e de 47% para o trecho ‘D’.

Portanto, apesar do trecho ‘D’ não ter sofrido o maior aumento absoluto no

carregamento, foi o trecho de maior aumento relativo no carregamento. Além disso, o

trecho ‘D’ tem o maior vão entre todos, o que ocasiona um aumento proporcionalmente

maior nos esforços internos da seção.

4.1.3 Análise Estrutural da Viga V11

A partir dos carregamentos calculou-se as reações de apoio e os esforços

internos da viga V11, utilizando o software Ftool. A análise foi realizada para a situação

anterior a ampliação e pós ampliação. Os resultados são apresentados para o

diagrama de momento fletor e diagrama de esforço cortante, na Figura 25 e Figura

26, respectivamente.

Page 67: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

67

Figura 25 - Diagrama de momento fletor da Viga V11.

Fonte: O autor (2017).

Figura 26 - Diagrama de esforço cortante da Viga V11.

Fonte: O autor (2017).

Durante a fase de projeto estrutural da ampliação da edificação do estudo de

caso, foi constatado necessidade de reforço à flexão e ao cisalhamento apenas no

trecho ‘D’ da viga V11. Portanto, para simplificar a análise do problema decidiu-se

verificar a capacidade de carga e a necessidade de reforço estrutural apenas para o

mesmo trecho da viga V11.

Page 68: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

68

Nota-se que houve um aumento de aproximadamente 49% no momento fletor

positivo máximo e de 46% no momento fletor negativo para o trecho ‘D’. O mesmo

ocorre para o esforço cisalhante, com um aumento de 47% para ambos os lados do

trecho ‘D’. Como não foi constatado pelo escritório de projeto estrutural necessidade

de reforço para o momento negativo no apoio esquerdo do trecho ‘D’, desconsiderou-

se a hipótese dessa necessidade para simplificar o problema. A posição do momento

fletor positivo máximo está localizada a uma distância de 2,22 m do apoio direito.

Para o dimensionamento dos reforços à flexão da viga V11 trecho ‘D’ serão

considerados Minicial,k=3160 kN.cm e Mfinal,k=4700 kN.cm. Para majorar as solicitações

e definir o momento fletor solicitante de projeto utilizou-se f=1,4 como coeficiente de

ponderação das ações no estado-limite último (ELU), considerando a situação mais

desfavorável possível. Dessa forma obteve-se um valor de Minicial,d=4424 kN.cm e

Mfinal,d=6580 kN.cm.

4.1.4 Verificação da Capacidade de Carga da Viga V11

A partir dos dados do projeto original (Quadro 7) e as equações adimensionais

da teoria do concreto armado efetua-se a verificação da seção para armadura dupla.

Dados V11

Parâmetros Unidade

fyd 43,5 kN/m2

fcd 2,14 kN/m2

As 4 cm2

As' 4 cm2

bw 20 cm

d 35,7 cm

d' 4,3 cm

Quadro 7 - Parâmetros da Viga V11. Fonte: O autor (2017).

1) Equação básica

𝛽𝑠 = (0,68. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑓𝑐𝑑

𝐴𝑠. 𝑓𝑦𝑑) . 𝛽𝑥 + (

𝐴𝑠′

𝐴𝑠) . 𝛽𝑠′

𝐴 = (0,68. 𝑏𝑤. 𝑑. 𝑓𝑐𝑑

𝐴𝑠. 𝑓𝑦𝑑) = (

0,68.20.35,7.2,14

4.2,14) = 5,97

Page 69: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

69

𝐵 = (𝐴𝑠′

𝐴𝑠) = (

4

4) = 1

𝛽𝑠 = 5,97. 𝛽𝑥 + 1. 𝛽𝑠′

2) Arbitra-se valor de 𝛽𝑥

𝛽𝑥 = 0,15 ∴ 𝛽𝑠 = 1,0

𝑑′

𝑑=

4,3

35,7≅ 0,125 ∴ 𝛽𝑠′ ≅ 0,1425

Verificação:

𝛽𝑠 = 5,97. 𝛽𝑥 + 1. 𝛽𝑠′ → 1 ≅ 5,97.0,15 + 1.0,1425

3) Md1

𝑀𝑑1 = 𝛽𝑐. (𝑏𝑤. 𝑑2. 𝑓𝑐𝑑) = 0,096. (20. 35,72. 2,14) = 5236,62 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

4) Md2

𝑀𝑑2 = 𝐴𝑠′ . (𝛽𝑠

′. 𝑓𝑦𝑑). (𝑑 − 𝑑′) = 4. (0,1425.43,5). (35,7 − 4,3) = 778,56 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

5) Md

𝑀𝑑 = 𝑀𝑑1 + 𝑀𝑑2 = 6015,18 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 < 𝑀𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙,𝑑 (6580 𝑘𝑁. 𝑐𝑚)

Portanto, conclui-se que a seção existente não suporta o carregamento após

a ampliação da edificação. Dessa maneira, prossegue-se ao dimensionamento dos

reforços à flexão.

4.1.5 Reforço com Aumento de Seção de Concreto Armado (Encamisamento)

Considerando um aumento na face inferior de 7,5 cm e de 5 cm em cada

lateral da V11 para acomodar as armaduras do reforço, obtém-se configuração

preliminar da seção, conforme a Figura 27.

Page 70: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

70

Figura 27 - Seção preliminar de reforço por encamisamento total.

Fonte: O autor (2017).

Dessa maneira, inicia-se o dimensionamento do reforço à flexão utilizando o

método dos estados limites para concreto armado. Considera-se o d=44 cm, h=50 cm

e bw=20 cm, para permanecer a favor da segurança. O concreto original da seção é

classe C30, portanto mantem-se o valor de fck=30 MPa.

1) µ (Momento fletor relativo)

𝑓𝑐 = 0,85. 𝑓𝑐𝑑 = 0,85.3

1,4= 1,82

𝜇 =𝑀𝑑

𝑓𝑐. 𝑏𝑤. 𝑑2=

6580

1,82.20. 442= 0,0934 < 𝜇𝑙𝑖𝑚,𝐴𝑆(0,295) ∴ 𝐴𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠

2) 𝜔 (Taxa mecânica de armadura) e y (altura da região de concreto comprimida)

𝜔2 − 2. 𝜔 + 2. 𝜇 = 0

Resolvendo a equação de segundo grau, tem-se que:

𝜔′ = 1,9018 → 𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜 (𝑠𝑒𝑚 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑓í𝑠𝑖𝑐𝑜)

𝜔′′ = 0,098 → 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎

Então a altura da área de concreto comprimido é:

𝑦 = 𝜔. 𝑑 = 0,098.44 = 4,31 𝑐𝑚

Page 71: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

71

3) fs (Tensão na armadura) e εs (Deformação na armadura)

Aplica-se a deformação máxima permitida no concreto de 3,5‰ e calcula-se

a deformação no aço:

𝜀𝑠 = (𝑑 − 1,25. 𝑦

1,25. 𝑦) . 𝜀𝑐 = (

44 − 1,25.4,31

1,25.4,31) . 3,5‰ = 25,08‰ > 𝜀𝑠,𝑙𝑖𝑚(10‰)

Como a deformação limite do aço excedida, arbitra-se εs=10‰ e calcula-se

um novo εc para verificação.

𝜀𝑐 =𝜀𝑠

(𝑑 − 1,25. 𝑦

1,25. 𝑦)

=10‰

(44 − 1,25.4,31

1,25.4,31)

= 1,39‰ < 𝜀𝑐,𝑙𝑖𝑚(3,5‰)

4) As (Área da seção transversal de aço tracionado)

𝐴𝑠 =𝑀𝑑

𝑓𝑦𝑑 . (𝑑 −𝑦2)

=6580

43,48. (44 −4,31

2 )= 3,62 𝑐𝑚2

Assim, obtém-se a área da seção transversal de aço para resistir ao momento

fletor de projeto após a ampliação.

4.1.5.1 Detalhamento da seção transversal reforçada

O valor do As existente é de 4 cm2, porém por motivo de simplificação do

cálculo não será considerado o As existente, permanecendo a favor da segurança.

No detalhamento da seção reforçada, Figura 28, considera-se armadura

superior apenas para montagem das armaduras, assim como os estribos.

Page 72: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

72

Figura 28 - Detalhamento do reforço à flexão por encamisamento total.

Fonte: O autor (2017).

O concreto ou graute a ser utilizado no encamisamento da seção deve ser de

classe C40, uma classe acima do concreto da seção original. A superfície da viga

deverá ser apicoada, garantindo a boa aderência entre o concreto antigo e o novo. As

esperas das armaduras não foram dimensionadas por simplificação, mas devem ser

ancoradas utilizando resina epóxi bicomponente de acordo com as recomendações

do fabricante do produto. O aumento de seção deverá ser executado ao longo de todo

trecho ‘D’ da Viga V11, por questão executiva, permitindo o reforço ao esforço

cortante.

Os reforços aos esforços cortantes não foram calculados por questão de

simplificação, mas em situação real onde o projeto seria executado, seria

indispensável o dimensionamento e demais verificações exigidas pela ABNT NBR

6118:2014. O dimensionamento proposto não visa a solução mais econômica,

servindo apenas de base para realizar a estimativa de custo do método.

4.1.6 Dimensionamento do Reforço com Colagem de Chapas de Aço

Para o dimensionamento do reforço à flexão utilizando o método de colagens

de chapa de aço carbono, foi escolhida o aço MR 250 (NBR 7007), equivalente ao

ASTM A36, por questão de disponibilidade no mercado e relação custo-benefício. O

aço carbono MR 250 tem um fy=250 MPa e fu=400~550 MPa. Um dos inconvenientes

do aço MR 250 é o seu fornecimento em espessuras de no mínimo 6,3 mm, o que

torna obrigatório o uso de ancoragem com chumbadores. Outra alternativa é a

Page 73: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

73

utilização do aço CF-30 (NBR 6650), que é fabricado em espessuras de 1,2 mm até

4,75 mm.

Definido o tipo de chapa de aço a ser utilizado como reforço, sabendo-se as

características e propriedades da seção original e o momento fletor inicial e final,

inicia-se o dimensionamento pelo método desenvolvido por Cánovas (1988). Por

simplificação proposta por Souza e Ripper (1998), arbitra-se que Zl=0,9.d e Zs=1,0.d

e considera-se armadura existente como simples.

1) Linha neutra

𝑍𝑙 = 0,9. 𝑑 = 0,9.35,7 = 32,13 𝑐𝑚

𝑍𝑠 = 35,7 𝑐𝑚

𝑥 =(𝑧 − 𝑍𝑙)

0,8. 2 =

(35,7 − 32,13)

0,8. 2 = 8,925 𝑐𝑚

2) Momento fletor do reforço

𝑀𝑡 = 𝑀𝑝 + 𝑀𝑠

6580 = 4424 + 𝑀𝑠

∴ 𝑀𝑠 = 2156 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

3) Verificações

𝜎𝑐𝑝 + 𝜎𝑐𝑠 ≤𝑓𝑐𝑘

𝛾𝑐

𝐹𝑐 =𝑀𝑡

𝑍𝑙==

6580

32,13= 204,79 𝑘𝑁

𝜎𝑐𝑝 + 𝜎𝑐𝑠 = 𝜎𝑐𝑡 =𝐹𝑐

𝐴𝑐=

204,79

0,8.8,925.20= 1,434

𝑘𝑁

𝑐𝑚2<

𝑓𝑐𝑘

𝛾𝑐=

3,0

1,4= 2,14

𝑘𝑁

𝑐𝑚2 ∴ 𝑂𝐾

𝜎𝑠𝑝 + 𝜎𝑠𝑠 ≤𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠

Page 74: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

74

𝜎𝑠𝑠 =𝐹𝑠𝑠

𝐴𝑠=

2156

32,13.1

4= 16,77

𝑘𝑁

𝑐𝑚2= 167,7 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑠𝑝 =𝐹𝑠𝑝

𝐴𝑠=

4424

32,13.1

4= 34,42

𝑘𝑁

𝑐𝑚2= 342,7 𝑀𝑃𝑎

𝜎𝑠𝑝 + 𝜎𝑠𝑠 ≤𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠→ 167,7 + 342,47 > 434,78

∴ 𝜎𝑠𝑠 = 434,78 − 342,47 = 92,31 𝑀𝑃𝑎

4) Tensão no reforço

𝜎𝑠𝑟𝑠 =𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠− 𝜎𝑠𝑝 ≤

𝑓𝑦𝑟𝑘

𝛾𝑠

𝜎𝑠𝑟𝑠 =500

1,15− 342,7 ≤

250

1,15

𝜎𝑠𝑟𝑠 = 92,08 𝑀𝑃𝑎 ≤ 215,39 𝑀𝑃𝑎 ∴ 𝑂𝐾

5) Área da seção transversal da chapa de reforço

Considera-se que o aço tracionado existente esteja trabalhando no seu

patamar de escoamento, não subtraindo área de sua seção para cálculo da área do

reforço. Portanto temos:

𝐴𝑅 =𝑀𝑠

𝑍𝑠 . 𝜎𝑠𝑟𝑠=

2156

35,7.9,208= 6,56 𝑐𝑚2

Com isso, calcula-se a largura e espessura da chapa de reforço:

𝑒𝑐ℎ =𝐴𝑅

𝑏=

6,56

15= 0,44 𝑐𝑚

Assim, especifica-se a chapa de 5 mm de espessura. Porém não há chapa de

5 mm de espessura disponível comercialmente em aço MR 250, portanto é escolhido

a próxima espessura acima, que é de 6,35 mm.

Page 75: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

75

4.1.6.1 Comprimento do reforço

O comprimento do reforço à flexão foi calculado comparando os diagramas de

momento fletor pré-ampliação e pós-ampliação da edificação (Figura 29), e pelo

cálculo do comprimento de ancoragem.

Figura 29 - Comprimento e posição do reforço em chapa de aço.

Fonte: O autor (2017).

Para calcular o comprimento de ancoragem, utilizou-se o método proposto por

Róstasy. Assim, tem-se:

𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3. √𝑓𝑐𝑘23

= 0,3. √3023= 2,896 𝑀𝑃𝑎

𝑙𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,7. √𝐸𝑐ℎ. 𝑡𝑐ℎ

𝑓𝑐𝑡,𝑚= 0,7√

210000.6,35

2,896= 475 𝑚𝑚

Dessa forma, o comprimento de ancoragem de cada lado será de

aproximadamente 50 cm, o que exige um comprimento total da chapa de 3,54 m.

4.1.6.2 Detalhamento do reforço com chapa colada

Assim, com a posição, o comprimento e a espessura do reforço determinadas,

tem-se o detalhamento do reforço à flexão com colagem de chapa de aço (Figura 30).

Page 76: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

76

Figura 30 - Detalhamento do reforço a flexão com colagem de chapa de aço.

Fonte: O autor (2017).

Deverá ser utilizada resina epóxi bicomponente de média fluidez para a

colagem das chapas, com uma distribuição homogênea sobre a superfície a ser

colada, de espessura máxima de 2 mm. É recomendado o uso de chumbadores para

garantir a aderência entre a resina e o substrato, pela espessura de 6,35 mm da

chapa.

4.1.7 Dimensionamento do Reforço com Utilização de CFRC

Para o dimensionamento do reforço com uso de sistema de fibra carbono,

optou-se em utilizar uma manta de fibra de carbono unidirecional com 0,165 mm de

espessura, Efc=228000 MPa, resistência a tração de até 3200 MPa e deformação

máxima de 1,7% na ruptura.

Dadas as especificações do material a ser empregado no reforço e as

características da seção original, inicia-se o dimensionamento do reforço à tração. Por

meio de tentativas, atribui-se valores para a altura da linha neutra (x) até determinar o

Page 77: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

77

equilíbrio dos momentos. Como forma de simplificar o dimensionamento, desprezou-

se a resistência da armadura comprimida.

1) Deformação inicial na base da viga para momento fletor resistente

𝛽𝑐 =𝑀𝑑,𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝐴𝑆

𝑏𝑤. 𝑑2. 𝑓𝑐𝑑=

5786,91

20. 35,72. 2,14= 0,106

𝛽𝑐 = 0,68. 𝛽𝑥. (1 − 0,4. 𝛽𝑥) = 0,106

𝛽𝑥 = 0,168

𝛽𝑧 = 1 − 0,4. 𝛽𝑥 = 1 − 0,4.0,168 = 0,933

𝑧 = 𝛽𝑧 . 𝑑 = 0,933.35,7 = 33,3 𝑐𝑚

𝐹𝑠 =5786,91

33,3= 173,78

𝑓𝑠 =𝐹𝑠

𝐴𝑠=

173,78

4= 43,44 𝑘𝑁/𝑐𝑚2

𝜀𝑠 ≅ 𝜀𝑏𝑖 =𝑓𝑠

𝐸𝑠=

43,44

21000= 2,07‰

2) Equilíbrio de momentos

• X=6 cm

Para εc=3,5‰, εs=17,325‰, então adota-se εs=10‰ e σs=43,48 kN/cm2.

𝐹𝑐 = 0,8. 𝑥. 𝑏𝑤. 𝑓𝑐 = 0,8.6.20.1,82 = 174,72 𝑘𝑁

𝐹𝑠 = 𝐴𝑠. 𝜎𝑠 = 4.43,48 = 173,92 𝑘𝑁

𝑀𝑠 = 𝐹𝑐. 𝑧 + 𝐹𝑓𝑐. 𝑧𝑓 ≥ 𝑀𝑑

𝑀𝑠 = 174,72.33,3 + 𝐹𝑓𝑐. 4 = 6580

𝐹𝑓𝑐 = 190,45 𝑘𝑁

𝑀𝑐 = 173,92.33,3 + 𝐹𝑓𝑐. 36,6 = 6580

Page 78: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

78

𝐹𝑓𝑐 = 20,3 𝑘𝑁

• X=6,75 cm

Para εc=3,5‰, εs=15,011‰, então adota-se εs=10‰ e σs=43,48 kN/cm2.

𝐹𝑐 = 0,8. 𝑥. 𝑏𝑤. 𝑓𝑐 = 0,8.6,75.20.1,82 = 196,56 𝑘𝑁

𝐹𝑠 = 𝐴𝑠. 𝜎𝑠 = 4.43,48 = 173,92 𝑘𝑁

𝑀𝑠 = 𝐹𝑐. 𝑧 + 𝐹𝑓𝑐. 𝑧𝑓 ≥ 𝑀𝑑

𝑀𝑠 = 196,56.33 + 𝐹𝑓𝑐. 4 = 6580

𝐹𝑓𝑐 = 23,38 𝑘𝑁

𝑀𝑐 = 173,92.33 + 𝐹𝑓𝑐. 37 = 6580

𝐹𝑓𝑐 = 22,72 𝑘𝑁

∴ 𝒆𝒔𝒕á 𝒆𝒎 𝒆𝒒𝒖𝒊𝒍í𝒃𝒓𝒊𝒐

3) Determinação da área de fibra de carbono

Por semelhança de triângulos, calcula-se a deformação ε na base da viga,

considerando εs=10‰.

𝜀𝑓𝑐 = 𝜀 − 𝜀𝑏𝑖 = 11,38 − 2,07 = 9,31‰

𝑓𝑓𝑐 = 𝜀𝑓𝑐. 𝐸𝑓𝑐 = 9,31‰. 228000 = 2123,06 MPa

𝐴𝑓𝑐 =𝐹𝑓𝑐

𝑓𝑓𝑐=

23,38

212,306= 0,11 𝑐𝑚2

𝑏𝑓𝑐 =𝐴𝑓𝑐

𝑒𝑓𝑐=

0,11

0,0165= 6,67 𝑐𝑚 𝑑𝑒 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎

Para aplicação da fibra de carbono, especifica-se a largura de 10 cm, evitando

perdas no corte da manta. Neste caso o reforço terá uma camada de manta de fibra

de carbono com 10 cm de largura.

Page 79: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

79

Para o comprimento do reforço, calcula-se o comprimento de ancoragem:

𝑓𝑐𝑡,𝑚 = 0,3. √𝑓𝑐𝑘23

= 0,3. √3023= 2,896 𝑀𝑃𝑎

𝑙𝑡,𝑚𝑎𝑥 = 0,7. √𝐸𝑓𝑐. 𝑡𝑓𝑐

𝑓𝑐𝑡,𝑚= 0,7√

228000.0,165

2,896= 80 𝑚𝑚

Portanto, o comprimento total será de 2,54 m, mais 8 cm de cada lado,

totalizando 2,70 m de reforço.

4.1.7.1 Detalhamento do reforço com CFRP

Assim, com o comprimento, o número de camadas e a largura do reforço

determinadas, tem-se o detalhamento do reforço à flexão com o uso de CFRP (Figura

31).

Figura 31 - Detalhamento do reforço à flexão com CFRP.

Fonte: O autor (2017).

Page 80: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

80

Deve-se fazer a preparação da superfície da viga que receberá o reforço,

regularizando-a com imprimador e aguardando o tempo recomendado para aplicação

da resina saturante, prosseguindo, assim, com a aplicação da manta de fibra de

carbono e a camada final de resina saturante.

4.2 ORÇAMENTO ANALÍTICO

De acordo com os resultados obtidos para o dimensionamento do reforço da

viga V11 trecho ‘d’ foram estimados os custos para execução, considerando material,

equipamentos e mão-de-obra.

Os valores obtidos nas composições de preço unitário para execução de

reforço em viga utilizando três métodos distintos não devem ser usados de forma

generalizada, pois os custos irão variar conforme a região da obra e peculiaridades

de cada projeto.

4.2.1 Aumento de Seção da Viga

Para o cálculo do consumo de materiais para execução do reforço foram

utilizados os dados do dimensionamento, calculando-se o consumo de cada material

de acordo com o detalhamento do projeto. Os preços unitários foram obtidos de bases

do governo e pesquisa de mercado.

Para o cálculo da produtividade foram somados os tempos para execução das

tarefas utilizando a TCPO 14 (PINI, 2012), de acordo com a listagem abaixo:

• Armador e ajudante de armador: foram multiplicadas as produtividades de

corte, dobra e montagem de armadura pelo consumo de aço por metro linear

de reforço;

• Oficial de concretagem e ajudante: foram somadas as produtividades para

apicoamento de concreto, lançamento e cura do concreto;

• Carpinteiro e ajudante: foram somadas as produtividades para fabricação,

montagem e desmontagem de fôrmas para vigas, multiplicando o resultado

pelo consumo de fôrma por metro linear de reforço.

Page 81: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

81

Os valores de mão-de-obra e materiais foram obtidos com base na tabela de

maio de 2017 do SINAPI e com base em pesquisa de mercado no mesmo período na

região de Curitiba – PR.

Dessa forma, fez-se a estimativa do custo unitário por metro linear para

reforço de viga em concreto armado, para a situação específica desta obra. Os dados

são apresentados na Tabela 2.

Page 82: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

82

Tabela 2 - Composição de custo unitário para reforço por encamisamento de seção.

Fonte: O autor (2017).

Com o valor do custo unitário para execução de um metro de reforço pelo

método de encamisamento total da seção, calcula-se o valor estimado total para

executar o reforço da Viga V11 trecho ‘D’. O comprimento total da viga é de 5,23 m,

resultando num custo estimado de R$731,68.

UNIDADE

m

QUANT. Un. MATERIALMÃO DE

OBRA

Adesivo estrutural a base

de resina epóxi,

bicomponente, baixa

viscosidade

0,2 kg 93,19 18,64

Concreto C40, brita 0,

consistência S100,

incluindo proporcional de

bombeamento

0,055 m3 422,96 23,26

Vergalhão de aço CA-50,

bitolas variadas5,7728 kg 3,25 18,76

Arame recozido BWG 18 0,178 kg 12,95 2,31

Sistema de escoramento e

fôrmas (reaproveitamento

3x) para a execução de

vigas de concreto, com

escoras metálicas

telescópicas (2 ud/m2), e

compensado de 17mm

0,95 m2 24,10 22,90

Martelo rompedor SDS

Max 6 Joules com ponteira

e talhadeira de 11"

0,2 h 7,00 1,40

Lixadeira angular com lixa

de fibra 180mm para

concreto

0,1 h 5,00 0,50

85,86

Armador 0,75046 h 7,96 5,97

Ajudante de armador 1,3162 h 6,11 8,04

Oficial concretagem 0,055 h 7,96 0,44

Ajudante concretagem 0,055 h 6,11 0,34

Carpinteiro 0,8474 h 7,96 6,75

Ajudante de carpinteiro 0,1881 h 6,11 1,15

Leis Sociais 126 % 18,63

41,32

127,18

32,49%

67,51%

10 % 12,72

139,90

SUBTOTALCOMPONENTES

MA

TE

RIA

IS E

EQ

UIP

AM

EN

TO

SM

ÃO

DE

OB

RA

ESPECIFICAÇÃO: Reforço Estrutural de Viga em Concreto Armado utilizando o

método de aumento de seção. Considerando reforço à flexão com 2ø de 16mm

para armadura positiva e estribo de 6,3mm a cada 0,16 m.

I N S U M O SPREÇO

UNITÁRIO

CUSTOS PARCIAIS(R$)

TOTAL(R$)

Custo ( MAT. + M.O. + L.S.)

Incidência de mão de obra s/

Incidência de material s/ custo

Bonificação e Despesas

Atualizado em 13/06/2017

Page 83: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

83

4.2.2 Colagem de Chapas de Aço

Para o cálculo do consumo de materiais para execução do reforço foram

utilizados os dados do dimensionamento, calculando-se o consumo de cada material

de acordo com o detalhamento do projeto. Os preços unitários para mão-de-obra e

materiais foram obtidos de bases do governo e pesquisa de mercado na região de

Curitiba - PR.

Quanto ao cálculo da produtividade de cada colaborador, utilizou-se a base

de dados paramétricas da CYPE (2017), que é baseada em obras similares

executadas no Brasil.

Dessa forma, foi elaborada a estimativa do custo unitário por metro linear para

reforço de viga em concreto armado, para a situação específica desta obra. Os dados

são apresentados na Tabela 3.

Page 84: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

84

Tabela 3 - Composição de custo unitário para reforço com chapa de aço.

Fonte: O autor (2017).

Com o valor do custo unitário para execução de um metro de reforço pelo

método de colagem de chapas de aço, calcula-se o valor estimado total para executar

o reforço da Viga V11 trecho ‘D’. De forma aproximada para considerar o reforço ao

cisalhamento, utiliza-se o comprimento total da viga, apesar do reforço ao momento

fletor ter apenas 3,54 m. Sendo o comprimento total da viga de 5,23 m, isso resultará

num custo de execução de R$570,64.

4.2.3 Compósito de Fibra de Carbono

Para o cálculo do consumo de materiais para execução do reforço foram

utilizados os dados do dimensionamento, calculando-se o consumo de cada material

UNIDADE

m

QUANT. Un. MATERIALMÃO DE

OBRA

Adesivo estrutural a base

de resina epóxi,

bicomponente, baixa

viscosidade, com 2mm de

espessura

0,42 kg 93,19 39,14

Placa de aço laminado

ASTM A36 (MR 250)

cortada e com um lado

tratado para obter

rugosidade com jateamento

de areia ou granalha de aço

9,9695 kg 3,85 38,38

Escora metálica

telescópica, até 3m de

altura

2 un. 2,6 5,20

Chumbador tipo PBA com

arruela e porca 2.3/4" x 3/8"2 un. 1,5 3,00

Lixadeira angular com lixa

de fibra 180mm para

concreto

0,1 h 5 0,50

86,22

Montador de estruturas

metálicas0,4465 h 7,96 3,55

Ajudante de montador de

estruturas metálicas0,3572 h 6,11 2,18

Leis Sociais 126 % 7,23

12,96

99,19

13,07%

86,93%

10 % 9,92

109,11

ESPECIFICAÇÃO: Reforço Estrutural de Viga em Concreto Armado utilizando o

método de colagem de chapas de aço até 6,35 mm de espessura com 15 cm de

largura. Considerando reforço à flexão e ao cisalhamento.

I N S U M O SPREÇO

UNITÁRIO

CUSTOS PARCIAIS(R$)

SUBTOTALCOMPONENTES

TOTAL(R$)

MA

TE

RIA

IS E

EQ

UIP

AM

EN

TO

SM

ÃO

DE

OB

RA

Custo ( MAT. + M.O. + L.S.)

Incidência de mão de obra s/ custo

Incidência de material s/ custo

Bonificação e Despesas

Atualizado em 13/06/2017

Page 85: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

85

de acordo com o detalhamento do projeto. Os preços unitários para mão-de-obra e

materiais foram obtidos de bases do governo e pesquisa de mercado na região de

Curitiba - PR.

Quanto ao cálculo da produtividade de cada colaborador, utilizou-se a base

de dados paramétricas da CYPE (2017), que é baseada em obras similares

executadas no Brasil.

Dessa forma, foi elaborada a estimativa do custo unitário por metro linear para

reforço de viga em concreto armado, para a situação específica desta obra. Os dados

são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 - Composição de custo unitário para reforço com CFRP.

Fonte: O autor (2017).

UNIDADE

m

QUANT. Un. MATERIALMÃO DE

OBRA

Primer de dois componentes

à base de resina epóxi0,088 kg 93,19 8,20

Manta de fibra de carbono

de 100 mm de largura e

0,165 mm de espessura,

módulo de elasticidade

228000 N/mm², resistência

à tração 3200 MPa e

deformação limite 1,7%

0,11 m2 254,00 27,94

Saturante de dois

componentes à base de

resina epóxi

0,165 kg 104,59 17,26

Lixadeira angular com lixa

de fibra 180mm para

concreto

0,5 h 5,00 2,50

55,90

Profissional 0,55 h 8,28 4,55

Ajudante 0,55 h 6,68 3,67

Leis Sociais 126 % 10,37

18,60

74,49

24,96%

75,04%

10 % 7,45

81,94

ESPECIFICAÇÃO: Reforço Estrutural de Viga em Concreto Armado utilizando

manta de fibra de carbono com 0,165mm de espessura e 10 cm de largura.

Considerando reforço à flexão e ao cisalhamento.

I N S U M O SPREÇO

UNITÁRIO

CUSTOS PARCIAIS(R$)

SUBTOTALCOMPONENTES

TOTAL(R$)

MA

TE

RIA

IS E

EQ

UIP

AM

EN

TO

SM

ÃO

DE

OB

RA

Custo ( MAT. + M.O. + L.S.)

Incidência de mão de obra s/ custo

Incidência de material s/ custo

Bonificação e Despesas Indiretas

Atualizado em 13/06/2017

Page 86: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

86

Com o valor do custo unitário para execução de um metro de reforço com uso

de compósito de fibra de carbono, calcula-se o valor estimado total para executar o

reforço da Viga V11 trecho ‘D’. De forma aproximada, para considerar o reforço ao

cisalhamento, utiliza-se o comprimento total da viga, apesar do reforço ao momento

fletor ter apenas 2,70 m. Sendo o comprimento total da viga de 5,23 m, isso resultará

num custo de execução de R$428,55.

Apesar do método de reforço à flexão com uso de compósito de fibra de

carbono ter se apresentado como o mais econômico, este valor poderá ser maior caso

a empresa que irá executar seja terceirizada, o que normalmente é a realidade. Outro

motivo que poderá elevar o custo de execução por este método, é a quantidade de

reforço que será executada, pois os materiais são vendidos em quantidades mínimas

que podem inviabilizar o custo, caso seja um trabalho pouco extenso.

4.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP)

4.3.1 Definição da Meta

A meta definida para o estudo de caso é determinar a melhor solução para o

reforço estrutural de três vigas em concreto armado de uma clínica de diagnóstico por

imagem. As vigas necessitam de reforço devido ao acréscimo de cargas causado pela

ampliação da clínica.

4.3.2 Definição dos Critérios

Os critérios foram definidos levando em conta as principais características

desejadas e necessárias para o estudo em questão, porém podem servir de base para

estudos futuros com as devidas adaptações necessárias.

Como se tratava de uma clínica de medicina nuclear que continuaria em

operação durante a obra de ampliação, seria necessário atender à critérios executivos

diferenciados, principalmente quanto ao tempo necessário para se executar o reforço

e ocorrer a liberação da área. Além disso, as vigas que necessitavam de reforço

estavam justamente em salas que tinham equipamentos para realização de exames

médicos e salas de comando. Não havia a possibilidade de interromper parcialmente

Page 87: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

87

as operações da clínica durante muitos dias, pois geraria prejuízos no faturamento da

mesma.

Pensando dessa maneira, estabeleceram-se critérios que tinham grande

importância para realização dos reforços nas vigas, com a maior vantagem possível

para o cliente. Os critérios escolhidos foram:

o Tempo de paralisação: o tempo de paralisação era crítico para a obra de

ampliação em questão, pois o prejuízo financeiro por conta da interrupção das

operações da clínica seria cada vez maior, de acordo com o aumento da

duração da execução dos reforços;

o Custo de execução: o custo acaba sendo um dos principais fatores envolvidos

na análise decisória por envolver o lado da viabilidade da obra.

o Segurança estrutural: a segurança é um critério fundamental para escolha do

método de reforço, pois o risco envolvendo o colapso de uma estrutura deve

ser o menor possível;

o Viabilidade técnica: se refere a características do local da ampliação (restrição

de espaço de trabalho ou espaço confinado) e disponibilidade de mão-de-obra

especializada para execução do reforço.

4.3.3 Aplicação do Método AHP

Definida a meta global, os objetivos, os critérios e as alternativas a serem

analisadas, estrutura-se o problema de forma a orientar a aplicação do método AHP,

conforme Figura 32.

Page 88: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

88

Figura 32 - Modelo hierárquico de estruturação do problema.

Fonte: O autor (2017).

A estruturação do problema permite expor como irá ocorrer a análise

hierárquica, possibilitando a discussão do problema com um grupo maior de

interessados, como o conselho de uma empresa por exemplo.

4.3.3.1 Análise dos critérios

A partir da construção da hierarquia, os critérios são avaliados aos pares,

visando determinar a importância relativa entre eles e seu peso relativo na meta

global. São considerados os aspectos específicos apresentado pelo problema. A

análise dos critérios é apresenta na Tabela 5.

Tabela 5 - Matriz comparativa do grupo de critérios.

Fonte: O autor (2017).

Prossegue-se, então, para a normalização da matriz, dividindo-se cada valor

da tabela pelo total de cada coluna, conforme apresentado na Tabela 6. Para o cálculo

do vetor de prioridade (autovetor) é feita a média aritimética em cada linha da matriz

normalizada. Dessa forma, pode-se estabelecer a contribuição de cada critério na

meta global.

Custo de Execução Tempo de Paralisação Segurança Viabilidade Técnica

Custo de Execução 1,00 1/7 1/3 1/7

Tempo de Paralisação 7,00 1,00 3,00 3,00

Segurança 3,00 1/3 1,00 1/3

Viabilidade Técnica 7,00 1/3 3,00 1,00

TOTAL 18,00 1,81 7,33 4,48

Page 89: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

89

Tabela 6 - Matriz comparativa normalizada do grupo de critérios.

Fonte: O autor (2017).

É feita a verificação da consistência dos valores atribuídos para garantir que

a avaliação esteja sendo feita de maneira consistente. Calcula-se o Índice de

Consistência (CI) aplicando-se a Equação 28 e a Relação de Consistência (CR)

aplicando-se a Equação 29. O resultado da verificação da consistência é apresentado

na Tabela 7.

Tabela 7 - Verificação da consistência da matriz comparativa dos critérios.

Fonte: O autor (2017).

Como o valor da Relação de Consistência (CR) é menor do que 0,1 (10%),

considera-se a matriz como consistente em relação aos valores atribuídos. Para uma

melhor visualização dos resultados, os valores dos vetores de prioridade são plotados

na Figura 33.

Figura 33 - Resultados de prioridade para o grupo de critérios.

Fonte: O autor (2017).

Portanto, na priorização do grupo de critérios, o critério Tempo de Paralisação

foi considerado o mais relevante (51%) dentro do grupo, ou seja, ele é o critério que

mais contribui para a meta global. O critério que menos contribui (5%) é o critério

Custo de Execução. Dessa forma, constata-se que uma avaliação positiva do critério

Custo de Execução Tempo de Paralisação Segurança Viabilidade Técnica Média (Autovetor)

Custo de Execução 0,06 0,08 0,05 0,03 0,05

Tempo de Paralisação 0,39 0,55 0,41 0,67 0,51

Segurança 0,17 0,18 0,14 0,07 0,14

Viabilidade Técnica 0,39 0,18 0,41 0,22 0,30

TOTAL 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Consistência Número de critérios 4

Custo de Execução 4,06 Consistência média 4,16

Tempo de Paralisação 4,36 CI 0,054

Segurança 4,05 RI 0,9

Viabilidade Técnica 4,19 Consistência (CR) 0,060

TOTAL 16,65 Está consistente? sim

Verificação

Page 90: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

90

Tempo de Paralisação contribui aproximadamente 10 vezes mais do que uma

avaliação positiva no critério Custo de Execução.

4.3.3.2 Análise das alternativas

Com a hierarquia estruturada e as prioridades dos critérios estabelecidas, é

possível determinar como cada alternativa proposta comporta-se em relação aos

critérios estabelecidos.

Da mesma maneira que foi realizada a priorização do grupo de critérios, as

alternativas propostas são comparadas duas a duas em relação a cada critério

estabelecido, conforme apresentado nas quatro tabelas subsequentes. O processo de

normalização das matrizes, cálculo dos vetores de prioridade para cada alternativa à

luz de cada critério e a verificação da consistência também devem ser realizados para

todas as matrizes comparativas (Apêndice D).

Tabela 8 - Matriz comparativa das alternativas à luz do critério Custo de Execução.

Fonte: O autor (2017).

Tabela 9 - Matriz comparativa das alternativas à luz do critério Tempo de Execução.

Fonte: O autor (2017).

Tabela 10 - Matriz comparativa das alternativas à luz do critério Segurança Estrutural.

Fonte: O autor (2017).

Tabela 11 - Matriz comparativa das alternativas à luz do critério Viabilidade Técnica.

Fonte: O autor (2017).

Chapa de Aço Encamisamento CFRC

Chapa de Aço 1,00 3,00 0,33

Encamisamento 0,33 1,00 0,20

CFRC 3,00 5,00 1,00

Chapa de Aço Encamisamento CFRC

Chapa de Aço 1,00 7,00 2,00

Encamisamento 0,14 1,00 0,20

CFRC 0,50 5,00 1,00

Chapa de Aço Encamisamento CFRC

Chapa de Aço 1,00 0,20 1,00

Encamisamento 5,00 1,00 5,00

CFRC 1,00 0,20 1,00

Chapa de Aço Encamisamento CFRC

Chapa de Aço 1,00 7,00 3,00

Encamisamento 0,14 1,00 0,20

CFRC 0,33 5,00 1,00

Page 91: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

91

4.3.3.3 Resultados da análise hierárquica

Calculadas as prioridades e as relações de consistência para todas as

matrizes comparativas, tem-se o peso relativo de cada uma das alternativas em cada

um dos critérios, conforme apresentado nas quatro figuras subsequentes.

Figura 34 - Resultados de prioridade para o grupo de alternativas à luz do critério Custo de

Execução. Fonte: O autor (2017).

À luz do critério Custo de Execução a alternativa que é mais preferível é o

método de reforço com CFRP (63%), seguido do método de reforço por colagem de

Chapas de Aço (26%). Por último, o método de Encamisamento foi o menor preferível

(11%).

Figura 35 - Resultados de prioridade para o grupo de alternativas à luz do critério Tempo de

Paralisação. Fonte: O autor (2017).

À luz do critério Tempo de Paralisação as duas alternativas que tiveram maior

preferência foram a de reforço com Chapas de Aço (59%) e de utilização de CFRP

(33%). Portanto, o método que apresentou a menor preferência foi o do método de

Encamisamento (8%), por demandar maior tempo de paralisação das operações da

clínica.

Page 92: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

92

Figura 36 - Resultados de prioridade para o grupo de alternativas à luz do critério Segurança

Estrutural. Fonte: O autor (2017).

Por conta de apresentar melhor resistência a ação do fogo em relação aos

outros dois métodos, o método de Encamisamento (71%) foi o mais preferível à luz

do critério Segurança Estrutural. Empatados na segunda posição, os métodos de

Chapas de Aço (14%) e de CFRP (14%) obtiveram menor preferência pois são

suscetíveis ao descolamento e não resistem à ação do fogo.

Figura 37 - Resultados de prioridade para o grupo de alternativas à luz do critério Viabilidade

Técnica. Fonte: O autor (2017).

Em relação ao critério Viabilidade Técnica, a alternativa de método de reforço

com Chapas de Aço obteve a maior preferência (64%), por não exigir a remoção total

da parede sob a viga V11 e ter disponibilidade imediata de mão-de-obra para

execução. No caso da alternativa CFRC (28%), exigiria a contratação de outra

empresa especializada para executar o reforço, já que a equipe disponível na obra

não tem o know-how para tal. Quanto ao método do Encamisamento, com a menor

preferência entre as alternativas (7%) para o critério Viabilidade Técnica exigiria a

remoção completa da parede sob a viga dentro da sala de exames da clínica.

Com o cruzamento entre os resultados de todas as avaliações das alternativas

para todos os critérios, calcula-se a prioridade final pelo somatório dos produtos entre

o peso de prioridade da alternativa e o peso do critério, conforme demonstrado na

multiplicação de matrizes abaixo.

Page 93: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

93

[0,260 0,5910,106 0,075

0,143 0,6430,714 0,074

0,634 0,334 0,143 0,283] . {

0,050,510,140,30

} = {0,5260,1660,308

} = {52,6%16,6%30,8%

}

Com isso, tem-se o resultado final da aplicação do Método de Análise

Hierárquica (AHP) para a escolha da melhor alternativa de reforço estrutural no caso

apresentado.

Figura 38 - Resultado final da aplicação da AHP para escolha da melhor alternativa.

Fonte: O autor (2017).

Dessa forma, observa-se que a alternativa que melhor corresponde a solução

do problema apresentado, de acordo com a meta definida, foi a utilização do método

de reforço com a colagem de chapas de aço, com uma preferência global de 52,6%.

Na segunda posição, o método de reforço com uso de CFRP obteve uma preferência

global de 30,8%, principalmente pelo alto peso atribuído para os critérios de

Viabilidade Técnica e Tempo de Paralisação. Como a alternativa menos viável para

aplicação no cenário apresentado, temos o método de reforço estrutural com

utilização da técnica de Aumento de Seção de concreto armado (Encamisamento),

com uma preferência de apenas 16,6%.

Page 94: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

94

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho buscou-se aplicar o método Analytic Hierarchy Process (AHP)

como ferramenta de apoio à tomada de decisão multicritério, aplicando-o em um

estudo de caso de reforço estrutural de vigas em concreto armado. Tentou-se

evidenciar a aplicação da metodologia da análise hierárquica em situações em que o

engenheiro deve tomar decisões importantes no campo da construção civil, buscando

sempre a solução mais viável para o problema.

Além disso, a aplicação do dimensionamento dos reforços e seus

detalhamentos foram cruciais para que a estimativa de custo de cada método de

reforço fosse consistente com a realidade, agregando maior conhecimento ao

trabalho. Apesar disso, se tem ciência de que em um projeto real de reforço estrutural

seria necessária maior cautela quanto as demais verificações estruturais, primordiais

para não cometer erros de dimensionamento.

Em relação aos orçamentos desenvolvidos para cada método de reforço

estrutural, deve-se ter ciência de que tem como objetivo exclusivo possibilitar a

comparação das alternativas de reforço em relação ao critério Custo de Execução.

Dessa maneira, para poder aplicá-lo em situações análogas, deve-se ter o cuidado de

atentar aos custos de acordo com a extensão do projeto de reforço a ser executado.

Por exemplo, em relação ao custo obtido para reforço com fibra de carbono, refere-se

a uma situação ideia, onde não há necessidade de terceirização do serviço e para um

projeto de maiores proporções.

O método de análise hierárquica permite que os decisores tenham a sua

disposição uma ferramenta matemática de apoio à decisão, que permite a análise de

critérios quantitativos e qualitativos, permitindo justificar as escolhas tomadas.

Apesar de ser um método de simples aplicação, deve-se ter a cautela durante

a estruturação das matrizes comparativas para não atribuir valores desproporcionais

e inconsistentes. Dessa maneira, a Relação de Consistência (CR) torna-se essencial

para a homogeneização do conhecimento quanto à decisão a ser tomada. No entanto,

há falta de embasamento teórico para o limite de tolerância do CR ser de 10%. Assim,

é importante afirmar que esse critério deve ser reavaliado, proporcionando aos

usuários do método uma maior segurança na sua aplicação.

Page 95: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

95

Observa-se que a tomada de decisão para escolha de sistemas de produção

na engenharia civil, vai muito além de apenas avaliar o custo de execução de cada

método. A melhor solução para um problema sempre virá acoplada a critérios e

requisitos que devem ser avaliados de forma objetiva, buscando sempre a satisfação

do cliente e o melhor desempenho do produto final.

Assim, pode-se considerar o Método de Análise Hierárquica como uma

alternativa versátil para problemas de tomada de decisão, não somente na indústria

seriada, como também na construção e outras áreas da engenharia civil, pois permite

a sua aplicação em diversas áreas do conhecimento.

Como sugestão para trabalhos futuros, nesta área de pesquisa, propõem-se:

• Englobar outros métodos de reforço de estruturas na análise AHP,

como a protensão externa e uso de perfis metálicos;

• Aplicação do método AHP ou outros métodos de auxílio na tomada de

decisão em problemas de seleção de processo construtivo, como

sistemas de fundações, sistemas de contenções, tipos de laje para

edifícios, sistemas de pavimentação e sistemas de fechada para

edificações;

• Aplicar outros métodos de auxílio a tomada de decisão e comparar os

resultados obtidos.

Page 96: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

96

REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14432 -

Exigencias de resistencia ao fogo de elementos construtivos de edificacoes -

Procedimento. Rio de Janeiro, p. 1-15. 2001.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8800 - Projeto

de estruturas de aco e de estruturas mistas de aco e concreto de edificios. Rio

de Janeiro, p. 1-247. 2008. ( ISBN 978-85-07-00933-7).

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 - Projeto

de estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, p. 1-256. 2014. (ISBN

978-85-07-04941-8).

ALSHAIKHLY, A. S.; ALAM, M. A.; MUSTAPHA, K. N. An Advanced Method for

Repairing Severely Damaged Beams in Shear with Externally Bonded Steel Plates

Using Adhesive and Steel Connectors. Arabian Journal for Science and

Engineering, Dhahran, 41, n. 10, Outubro 2016. 4077–4097.

ALVES, L. G. K.; NYKIEL, T. P.; BELDERRAIN, M. C. N. Comparação analítica entre

métodos de apoio multicritério à decisão (AMD). Anais do 13º Encontro de

Iniciacao Cientifica e Pos-Graduacao do ITA – XIII ENCITA. São José dos Campos:

Instituto Tecnologico de Aeronautica. 2007.

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Guide for the Design and Construction of

Externally Bonded FRP Systems for Strengthening Concrete Structures.

Farmington Hills, p. 5-71. 2008. (ISBN 978-0-87031-285-4).

AYKAC, S; KALKAN, I.; AYKAC, B.; KARAHAN, S.; KAYAR, S. Strengthening and

Repair of Reinforced Concrete Beams Using External Steel Plates. Journal of

Structural Engineering, Ann Arbor, 139, n. 6, 1 Junho 2013. 929-939.

BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 5ª edição. ed. [S.l.]: LTC - Livros Técnicos

e Científicos Editora S.A., v. Volume 2, 2009. ISBN ISBN 978-85-216-1003-8.

Page 97: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

97

BEBER, A. J. Comportamento Estrutural de Vigas de Concreto Armado

Reforçadas com Compósitos de Fibra de Carbono. Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Porto Alegre, p. 13-20. 2003.

BHUSHAN, N.; RAI, K. Strategic Decision Making: Applying the analytic hierarchy

process. Londres: Springer, 2004. ISBN ISBN 978-1-85233-864-0.

BISBY, L. A.; GREEN, M. F.; KODUR, V. K. R. Response to fire of concrete structures

that incorporate FRP. Progress in Structural Engineering and Materials, v. 7, n. 3,

p. 136–149, 29 Abril 2005. ISSN DOI: 10.1002/pse.198.

CAMPOS, V. R. Modelo de apoio à decisão multicritério para priorização de

projetos de saneamento. Universidade de São Paulo. São Carlos, p. 70-76. 2011.

CÁNOVAS, M. F. Patologia e Terapia do Concreto Armado. 1ª edição. ed. São

Paulo: Editora PINI Ltda., v. 1, 1988.

CARNEIRO, L. A. V. Reforço à flexão e ao cisalhamento de vigas de concreto

armado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, p. 5. 1998.

COSTA, H. G. Introducao ao metodo de analise hierarquica: analise multicriterio no

auxilio a decisao. XXXVI Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, Niterói, n.

1ª Edição, 23 novembro 2002. 1-122.

CYPE INGENIEROS S.A. Gerador de Preços - Brasil. CYPE Ingenieros, 2017.

Disponivel em: <http://www.brasil.geradordeprecos.info/>. Acesso em: 13 Junho

2017.

FERRARI, V. J.; PADARATZ, I. J.; LORIGGIO, D. D. Reforco a flexao em vigas de

concreto armado com manta de fibra de carbono: mecanismos de incremento de

ancoragem. Acta Scientiarum, Maringá, 24, Outubro 2002. 1783-1891.

FREITAS, L. B. Reforço de vigas de concreto armado ao esforço cortante com

chapas de aço coladas. UFRJ. Rio de Janeiro. 1997.

GARDEN, H. N.; HOLLAWAY, L. C. An experimental study of the failureodes of

reinforced concrete beams strengthenedwith prestressed carbon composite plates.

Page 98: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

98

Composites Part B: Engineering, Guildford, v. 29, n. 4, p. 411-424, ago. 1998. ISSN

S1359-8368(97)00043-7.

GOMES, L. F. A. M.; ARAYA, M. C. G.; CARIGNANO, C. Tomada de decisoes em

cenarios complexos. 1ª Edição. ed. Rio de Janeiro: Pioneira Thompson Learning, v.

1, 2003. ISBN ISBN-13: 9788522103546.

GOMES, L. F. A. M.; GONZÁLEZ, M. C. A.; CARIGNANO, C. Tomada de decisões

em cenários complexos: introdução aos métodos discretos do apoio multicritério à

decisão. 1ª Edição. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2004. 1-168 p. ISBN ISBN

8522103542.

KARVAT, R. Apostila de fundamentos de projetos de estruturas em concreto

armado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba. 2017.

KOSTLAN, E. Statistical complexity of dominant eigenvector calculation. Journal of

Complexity, Honolulu, v. 7, n. 4ª, p. 371-379, Dezembro 1991.

LEITE, I. M. S.; FREITAS, F. F. T. Análise comparativa dos métodos de apoio

multicritério a decisão: AHP, ELECTRE e PROMETHEE. XXXII Encontro Nacional

de Engenharia de Produção. Bento Gonçalves - RS: ABEPRO - Associação Brasileira

de Engenharia de Produção. 2012. p. 1-11.

MACHADO, A. D. P. Viapol, 2014. Disponivel em:

<http://www.viapol.com.br/media/97576/manual-fibra-de-carbono.pdf>. Acesso em: 6

Novembro 2016.

MARINS, C. S.; SOUZA, D. D. O.; BARROS, M. D. S. O uso do método de análise

hierárquica (AHP) na tomada de decisões gerenciais - Um estudo de caso. XLI

SBPO 2009. Porto Seguro - BA: SOBRAPO. 2009. p. 1778-1788.

MOREIRA, R. A. Analise Multicriterio dos Projetos do Sebrae/RJ atraves do

Electre IV. Faculdade de Economia e Finanças IBMEC. Rio de Janeiro, p. 30-32.

2007.

Page 99: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

99

NAKAMURA, J. Téchne. techne.pini.com.br, Maio 2009. Disponivel em:

<http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/146/concreto-reparo-reforco-e-

recuperacao-de-concreto-285462-1.aspx>. Acesso em: 1 Outubro 2016.

PIANCASTELLI, É. M. Comportamento e desempenho do reforço à flexão de

vigas de concreto armado, solicitado a baixa idade e executado inclusive sob

carga. Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, p. 180-185. 1997.

PINI. TCPO, Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos. 14ª edição. ed.

São Paulo: Pini, 2012. ISBN ISBN 978-85-7266-251-2.

PROCALC ENGENHEIROS ASSOCIADOS S/S. Reforma e ampliação de uma

clínica de diagnóstico por imagens. Curitiba. 2016.

REIS, L. S. N. Sobre a recuperação e reforço de estruturas de concreto armado.

Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. 2001.

SAATY, T. L. Decision making with the analytic hierarchy process. Int. J. Services

Sciences, Pittsburgh, v. 1, n. 1ª Edição, p. 83-98, 2008.

SANTOS, L. F.; CRUZ, R. B. C. O Uso do Metodo AHP na Tomada de Decisao para

Selecao de Sistemas de Lajes de Edificios Comerciais. Engenharia Estudo e

Pesquisa, Rio de Janeiro, 13, n. 1, Jan/Jun 2013. 39-52.

SANTOS, P. M. Comparacao de chapas de aco e fibras de carbono em vigas de

concreto armado submetidas a flexao simples. Universidade Estadual de Feira de

Santana. Feira de Santana, p. 1-50. 2008.

SENIWONGSE, M.-S. Rehabilitation and Strengthening of Concrete Structures

Using Carbon Fiber Reinforced Polymer. Architectural Engineering National

Conference. Denver: American Society of Civil Engineers. 2008. p. 1-10.

SILVA, P. M. D.; LISERRE, A. P. A. R.; SILVA, A. F. D. VIGAS DE CONCRETO

ARMADO REFORCADAS POR MEIO DE ENCAMISAMENTO. REEC - Revista

Eletrônica de Engenharia Civil, Goiânia, 5, n. 2, 6 Novembro 2012. 20-30.

Page 100: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

100

SOUZA, V. C. M. D.; RIPPER, T. Patologia , Recuperação e Reforço de Estruturas

de Concreto. 1ª Edição. ed. São Paulo: PINI, v. 1, 1998. 152-180 p. ISBN ISBN 85-

7266-096-8.

TOMAZ, R. A.; SOARES, F. L.; BARBOSA, P. H. M. Reforco Estrutural de Lajes de

Concreto Armado com Fibra de Carbono. VII Congresso Brasileiro de Pontes e

Estruturas. Rio de Janeiro: ABPE - Associação Brasileira de Pontes e Estruturas.

2014.

VARGAS, R. Utilizando a programação multicritério (AHP) para selecionar e

priorizar projetos na gestão de portfólio. PMI Global Congress - North America.

Washington: Projet Management Institute. 2010.

VIANA, R. D. D. A. Programa para dimensionamento de reforço à flexão e ao

cisalhamento de vigas de concreto armado. Universidade Federal do Rio de

Janeiro. Rio de Janeiro, p. 1-130. 2004.

Page 101: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

101

APÊNDICE A – CARGAS NAS LAJES PRÉ-AMPLIAÇÃO

Page 102: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

102

Page 103: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

103

Page 104: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

104

APÊNDICE B – CARGAS NAS LAJES PÓS-AMPLIAÇÃO

Page 105: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

105

Page 106: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

106

Page 107: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

107

APÊNDICE C – CARGAS NAS LAJES PRÉ-AMPLIAÇÃO

Figura 39 - Carregamento na viga V11.

Fonte: O autor (2017).

Page 108: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

108

APÊNDICE D – MATRIZES NORMALIZADAS E VERIFICAÇÃO DA

CONSISTÊNCIA

Chapa de Aço Encamisamento CFRC Média (Autovetor)

Chapa de Aço 0,23 0,33 0,22 0,26

Encamisamento 0,08 0,11 0,13 0,11

CFRC 0,69 0,56 0,65 0,63

TOTAL 1,00 1,00 1,00 1,00

Matriz Normalizada - Critério Custo de Execução

Consistência Número de comparações 3

Chapa de aço 3,03 Consistência média 3,04

Encamisamento 3,01 CI 0,018

CFRC 3,07 RI 0,58

TOTAL 9,11 Consistência (CR) 0,031

Está consistente? sim

Verificação

Chapa de Aço Encamisamento CFRC Média (Autovetor)

Chapa de Aço 0,61 0,54 0,63 0,59

Encamisamento 0,09 0,08 0,06 0,08

CFRC 0,30 0,38 0,31 0,33

TOTAL 1,00 1,00 1,00 1,00

Matriz Normalizada - Critério Tempo de Paralisação

Consistência Número de comparações 3

Chapa de aço 3,02 Consistência média 3,01

Encamisamento 3,00 CI 0,007

CFRC 3,02 RI 0,58

TOTAL 9,04 Consistência (CR) 0,012

Está consistente? sim

Verificação

Chapa de Aço Encamisamento CFRC Média (Autovetor)

Chapa de Aço 0,14 0,14 0,14 0,14

Encamisamento 0,71 0,71 0,71 0,71

CFRC 0,14 0,14 0,14 0,14

TOTAL 1,00 1,00 1,00 1,00

Matriz Normalizada - Critério Segurança Estrutural

Consistência Número de comparações 3

Chapa de aço 3,00 Consistência média 3,00

Encamisamento 3,00 CI 0,000

CFRC 3,00 RI 0,58

TOTAL 9,00 Consistência (CR) 0,000

Está consistente? sim

Verificação

Page 109: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

109

Chapa de Aço Encamisamento CFRC Média (Autovetor)

Chapa de Aço 0,68 0,54 0,71 0,64

Encamisamento 0,10 0,08 0,05 0,07

CFRC 0,23 0,38 0,24 0,28

TOTAL 1,00 1,00 1,00 1,00

Matriz Normalizada - Critério Viabilidade Técnica

Consistência Número de comparações 3

Chapa de aço 3,12 Consistência média 3,07

Encamisamento 3,01 CI 0,033

CFRC 3,06 RI 0,58

TOTAL 9,20 Consistência (CR) 0,056

Está consistente? sim

Verificação

Page 110: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

110

ANEXO A – FLUXOGRAMA DE DIMENSIONAMENTO À FLEXÃO

Page 111: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

111

ANEXO B – PLANTA DE CARGAS

Figura 40 - Planta de cargas do segundo pavimento (Parte 1/2).

Fonte: Adaptado de Procalc (2016).

Page 112: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

112

Figura 41 - Planta de cargas do segundo pavimento (Parte 2/2).

Fonte: Adaptado de Procalc (2016). (PINI, 2012)

Page 113: TOMADA DE DECISÃO ENTRE SISTEMAS DE REFORÇO DE …repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/... · KUSZKOWSKI, Humberto. Tomada de decisão entre sistemas de reforço de estruturas

113

ANEXO C – REAÇÕES DE APOIO DAS LAJES

Figura 42 - Tabela de reações de apoio das lajes.

Fonte: Karvat (2017).