Trabalho análise crítica tarefa 2

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Formanda: Ana Maria Gomes Salgueiro Tarefa 2 Faça uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, tendo em conta os seguintes aspectos: - Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares. - O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos implicados. - Organização estrutural e funcional. - Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar. Oportunidades e constrangimentos. - Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de participação da e na escola. Recorra, quando julgar oportuno, à informação disponibilizada, citando-a. ........................................................... ........................................................... ....................... A avaliação de qualquer actividade é sempre pertinente, já que é condição essencial para a deteção de problemas e dificuldades, no sentido do seu aperfeiçoamento posterior. A existência de um modelo uniformizado para uma avaliação das BE será com certeza ainda mais pertinente, tendo em conta os objectivos concretos que persegue e a possibilidade de adaptação às várias realidades e contextos de escolas do país. Ao mesmo tempo, uma avaliação realizada de uma forma uniformizada, garante igualmente o traçar de um caminho uniforme a nível nacional, a formação dos intervenientes para alcançar os mesmos objectivos e a possibilidade da comparação dos resultados entre as várias experiências com todos os ganhos inerentes. Há ainda que ter em conta os investimentos que têm vindo a ser

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Formanda: Ana Maria Gomes SalgueiroTarefa 2

Faça uma análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares,

tendo em conta os seguintes aspectos:

- Pertinência da existência de um Modelo de Avaliação para as bibliotecas escolares.- O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria. Conceitos implicados. - Organização estrutural e funcional.- Integração/ Aplicação à realidade da escola/ biblioteca escolar. Oportunidades e constrangimentos.- Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de participação da e na escola.

Recorra, quando julgar oportuno, à informação disponibilizada, citando-a. .............................................................................................................................................

A avaliação de qualquer actividade é sempre pertinente, já que é condição

essencial para a deteção de problemas e dificuldades, no sentido do seu

aperfeiçoamento posterior. A existência de um modelo uniformizado para uma

avaliação das BE será com certeza ainda mais pertinente, tendo em conta os

objectivos concretos que persegue e a possibilidade de adaptação às várias

realidades e contextos de escolas do país. Ao mesmo tempo, uma avaliação realizada

de uma forma uniformizada, garante igualmente o traçar de um caminho uniforme a

nível nacional, a formação dos intervenientes para alcançar os mesmos objectivos e a

possibilidade da comparação dos resultados entre as várias experiências com todos

os ganhos inerentes. Há ainda que ter em conta os investimentos que têm vindo a ser

feitos aos níveis central e local, os quais, para além de terem de ser justificados,

deverão no futuro ser sempre optimizados, tal como é referido na própria introdução

do documento: O Programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), iniciado em 1996

com a publicação do relatório Lançar a rede de bibliotecas escolares, conta no

momento presente com cerca de 2200 escolas integradas. É reconhecido o

investimento que tem suportado o crescimento desta rede – investimento a nível

central, das autarquias e das próprias escolas – e é necessário assegurar que esse

investimento continuará a ser feito (...)( Mabe, RBE, p.4)

A sua pertinência em relação aos objectivos que pretende alcançar é ainda

maior, já que se trata de um modelo que se pretende formativo, com o principal

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objectivo de melhorar o funcionamento da BE e da escola ao nível pedagógico,

garantindo um maior sucesso e autonomia nas aprendizagens: (...) o objectivo de

facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua que permita aos órgãos

directivos e aos professores bibliotecários avaliar o trabalho da biblioteca escolar e o

impacto desse trabalho no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos

alunos e identificar as áreas de sucesso e aquelas que, por apresentarem resultados

menores, requerem maior investimento, determinando, nalguns casos, uma inflexão

das práticas. (...)A criação de um Modelo para avaliação das bibliotecas escolares

permite dotar as escolas/ bibliotecas de um quadro de referência e de um instrumento

que lhes permite a melhoria contínua da qualidade, a busca de uma perspectiva de

inovação. (Texto da Sessão, p.1e p.6).

Este modelo tem como pressupostos alguns conceitos que será fundamental

clarificar:

- O conceito de valor como o que tem a ver com a experiência e benefícios que se

retiram das coisas: (...)se é importante a existência de uma BE agradável e bem

apetrechada, a esse facto deve estar associada uma utilização consequente nos

vários domínios que caracterizam a missão da BE, capaz de produzir resultados que

contribuam de forma efectiva para os objectivos da escola em que se insere. (Mabe,

RBE, p.5). Assim, o valor da BE e o papel do bibliotecário, devem deslocar-se cada

vez mais do âmbito do fazer para o ser, no sentido em que, mais do que desenvolver

competências de manipulação da informação (fazer), será contribuir para o

desenvolvimento de um aluno letrado em informação, o que é essencial para se tornar

e ser. (...) o desenvolvimento de uma pessoa com conhecimento e saber, que é capaz

de interagir efectivamente com um mundo de informação rico e complexo e que é

capaz de desenvolver novas compreensões, percepções e ideias. Isto é o que os

professores deveriam esperar. O desenvolvimento e a utilização do saber humano, a

construção do entendimento e significado são o cerne da aprendizagem, e que define

o papel fundamental do bibliotecário escolar. (...)Isto sugere uma pedagogia que tem a

construção do conhecimento e a aprendizagem da investigação no seu centro, onde

através do acesso a múltiplas fontes e formatos de informação e tecnologia da

informação, os alunos adquirem as matrizes intelectuais para se envolverem com

múltiplas perspectivas, fontes e formatos de informação para serem capazes de

construir o seu próprio entendimento. Neste contexto, o papel do bibliotecário escolar

vai além do desenvolvimento de um conjunto de competências de literacia da

informação, ao contrário, é a grande responsabilidade de tornar todas as informações

e conhecimentos que a escola possui ou pode aceder accionáveis, para que os alunos

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possam construir sua própria compreensão e desenvolver as suas ideias de forma

significativa. Este SER e TORNAR-SE são o ponto fulcral da investigação de

Kuhlthau e é a razão da existência das bibliotecas escolares. (Professores

Bibliotecários Escolares: resultados da aprendizagem e prática baseada em

evidências, p.1, 2) Esta perspectiva constitui o valor que a BE e o bibliotecário escolar

poderão ganhar na escola, contribuindo para as mudanças globais necessárias na

escola do mundo actual, caminhando no sentido de uma melhor formação para a

cidadania e de uma maior democratização do ensino.

- Relacionado com a perspectiva anterior, podemos considerar o conceito de

interacção, no sentido em que a biblioteca escolar deixa de ser um espaço que

disponibiliza e organiza recursos para passar a ser um espaço que interage com a

escola através da participação em projectos e actividades em desenvolvimento na

escola, e do trabalho articulado com os docentes (Texto da Sessão, p.2).

- O aluno, sujeito de aprendizagem, apresenta-se como actor activo, construtor do seu

próprio conhecimento – construtivismo – usando cada vez mais, novas estratégias

de conhecimento baseadas no questionamento contínuo e no trabalho baseado na

pesquisa e no uso de fontes de informação, desenvolvendo novas literacias.

- A BE, passa a ser um espaço de acesso permanente com acesso online 24 horas

através do seu sítio.

- A considerar também o conceito de auto-avaliação como um processo de carácter

essencialmente formativo: (...)a auto-avaliação deve ser encarada como um processo

pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua

da BE. (...)a avaliação não constitui um fim, devendo ser entendida

como um processo que, idealmente, conduzirá à reflexão e originará mudanças

concretas na prática. (Texto da Sessão, p.1).

- O Modelo de auto-avaliação tem na sua estrutura e concepção o conceito de

avaliação no contexto das organizações, com um processo de recolha de

evidências e de inquirição sistemáticos, associados ao trabalho do dia-a-dia – conceito

de Evidence-Based practice. Ross Todd associa o conceito às práticas das

bibliotecas escolares e à necessidade que estas têm de fazer diferença na escola que

servem e de provar o impacto que têm nas aprendizagens. (...) A prática baseada em

evidências combina o saber profissional, a prática reflexiva e o conhecimento das

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necessidades dos estudantes(...)Uma abordagem holística à prática baseada em

evidências envolve três dimensões: evidências para a prática; evidências na prática e

evidências da prática.(...) A diferença ou impacto residem não nos inputs (recursos) ou

processos mas na maisvalia que estes trazem à escola e à aprendizagem. (Texto da

Sessão, p.4). Esta prática baseia-se na premissa de que todos os alunos podem ser

alunos de sucesso, maximizando as suas experiências de aprendizagem.

Em relação à organização do Modelo, parece-me que em termos teóricos será

adequada, mas, apesar de nunca o ter posto em prática, a recolha de evidêcias

apresenta-se demasiado exaustiva e a operacionalização do modelo, parece estar

longe de cumprir o objectivo de início enunciado de que a aplicação do modelo de

auto-avaliação seja exequível e facilmente integrável nas práticas de gestão da equipa

da biblioteca. (MABE, p.5). Parece-me que para ser posto em prática, se torna

demasiado complexo e talvez até, inutilmente complexo, para os 4 níveis de perfis de

desempenho definidos. Ou seja, parece-me que não seria necessária uma tão

exaustiva recolha e tratamento de dados, para se chegarem às conclusões para as

quais remetem os 4 perfis de desempenho. No entanto, o processo de

operacionalização do Modelo, tem o grande mérito de conduzir a toda uma

mobilização da escola para uma reflexão mais profunda sobre as suas práticas,

reflexão essa, fundamental, para uma maior consciencialização dos resultados do

trabalho que é desenvolvido e para se operarem as mudanças fundamentais. Na

verdade, o modelo de escola actual, está completamente desadequado da realidade

do nosso mundo global e das modernas TIC. (A estrutura da escola actual mantém

raízes do sec XIX e o professor desse tempo, seria, com certeza, o único profissional,

que se pudesse viajar do seu tempo para o nosso, conseguiria desempenhar a sua

função com algum sucesso: daria uma aula da mesma forma como muitos dos

professores ainda o fazem...e não estranharia sequer a distribuição das mesas e o

local da sua secretária...) O projecto das Bibliotecas Escolares com um Modelo de

Auto-Avaliação associado ao trabalho diário, poderá contribuir para se começarem a

operar as transformações necessárias no funcionamento da escola, à medida que a

mesma vá adequando as suas práticas à aplicabilidade do Modelo em causa,

proporcionando maior motivação, maior sucesso educativo e melhor formação dos

alunos. Estas são as maiores oportunidades que são assim levadas à escola.

A sua exequibilidade poderá ser posta em causa não só pela complexidade do

modelo, como já foi referido antes. O modelo de funcionamento da escola actual muito

burocratizado, com excesso de reuniões geralmente pouco produtivas, com dificuldade

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de tempos comuns de trabalho entre os professores, dificultam e podem comprometer

muitas das iniciativas do professor bibliotecário e dos professores mais mobilizados.

Mesmo assim, é possível iniciar todo um trabalho inovador com os Departamentos das

escolas, dependendo do Projecto Educativo das mesmas, de uma forma faseada,

onde só alguns se irão envolver de início, mas onde uma perspectiva de acção a 4

anos poderá proporcionar um caminho mais consistente a percorrer. A possibilidade

de articular trabalho ao longo dos ciclos de escolaridade ao nível de Agrupamento de

Escolas, poderá também dar os seus frutos.

Acrecentaria ainda que, há um excesso de tarefas/competências atribuídas ao

professor bibliotecário, para o qual parece remeter actualmente a responsabilidade de

fazer a revolução na escola, nas quais não se pode perder de vista a mudança mais

profunda e estrutural que está por fazer e da qual a BE e o professor bibliotecário

poderão ser só dois agentes privilegiados para ajudar a operar. Apesar desta análise

não se aplicar só às escolas portuguesas, para concretizar alguns dos seus objectivos,

o projecto das BE teria de estar ancorado numa proposta mais global e profunda de

alteração de organização e funcionamento da Escola como instituição, o que passaria

pela reformulação da sua orgânica, pelos modelos de formação inicial dos

professores e por muito maiores investimentos em recursos. Na maioria das nossas

BE, estamos longe dos 10 livros por aluno recomendados pela UNESCO e ao nível

das modernas TIC o panorama é ainda muito mais confrangedor. Avalia-se as BE a

partir de um ideal que está muito longe da nossa realidade. Apesar de todo o esforço

recente, não podemos ultrapassar em poucos anos, aquilo que o nosso país deixou de

fazer no passado e que outros há muito mais tempo começaram a concretizar. Por

isso também poderá perguntar-se se será adequado importar-se um Modelo de

Avaliação construído a partir de outra realidade das BE, apesar da sua pertinência e

apesar das adaptações que foram feitas.