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TRABALHO DE CAMPO NO ESPAÇO URBANO DE CATALÃO/GOIÁS: uma proposta pedagógica Magda Valéria da Silva Professora da Unidade Acadêmica Especial Instituto de Geografia, Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão e do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Meio Ambiente e Sociedade, Universidade Estadual de Goiás/Câmpus Morrinhos, [email protected] Resumo: Este relato de experiência traz algumas informações importantes apreendidas durante dois trabalhos de campo realizados no espaço urbano de Catalão/GO. O primeiro trabalho foi realizado em 17 janeiro de 2015 e o segundo em 21 julho do mesmo ano. O primeiro teve como objetivo apresentar aos alunos do Curso de Geografia - Licenciatura e Bacharelado - da Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão o processo de reprodução do capital no espaço urbano desta cidade, sendo visitados 10 lugares, escolhidos metodologicamente. Já o segundo trabalho de campo almejou mostrar o processo de industrialização e produção de espaços desiguais em Catalão para estudantes do Curso de Geografia da Universidade Estadual de São Paulo/Câmpus Presidente Prudente, visitantes à área rural e urbana deste município. Neste último trabalho, visitou-se 6 pontos, sendo que 4 já haviam sido visitados no primeiro trabalho e dois visitados pela primeira vez. Em termos metodológico os dois trabalhos de campo iniciaram com visitas à lugares que trazem um pouco da história de Catalão especialmente do começo do século XX (estação ferroviária e área central de Catalão); esteve-se em bairros e lugares que marcam a expansão urbana e reprodução do capital nos anos de 1960 a 1990 (Distrito Mínero-industrial, Vila Liberdade, Vila Mutirão), assim como fez visitas a lugares e bairros edificados já no século XXI: Condomínio dos Buritis, Eveline Nour, Copacabana, terminal da empresa Anglo American). Dessa forma, ao relatar as observações de cada lugar visitado será informado os que foram contemplados no primeiro trabalho de campo, assim como os visitados no segundo. A partir dessas duas importantes incursões geográficas é possível apreender como aconte o processo de reprodução do capital em Catalão, conforme no espaço-tempo e ainda através de uma abordagem didática e pedagógica associar a realidade encontrada em certas localidades com os pressupostos teóricos da Geografia, Urbana, Econômica e da Indústria. Contudo, é a partir deste relato de experiência e dessa produção textual almeja deixar como sugestão didático-pedagógica um indicativo de roteiro de campo dos lugares visitados para a realização de futuras incursões no espaço urbano de Catalão. Este roteiro indicativo pode ser utilizado tanto por docentes do Curso de Geografia/UFG-RC, quanto por professores da disciplina de Geografia da Educação Básica e do Ensino Médio das unidades escolares deste município objetivo o processo de ensino-aprendizagem pautado nos conhecimentos geográficos Palavras-Chave: Trabalho de campo, espaço urbano e reprodução do capital. 1. Um pouco da História de Catalão/Goiás

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TRABALHO DE CAMPO NO ESPAÇO URBANO DE CATALÃO/GOIÁS: uma

proposta pedagógica

Magda Valéria da Silva

Professora da Unidade Acadêmica Especial Instituto de Geografia, Universidade Federal de

Goiás/Regional Catalão e do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Meio Ambiente e

Sociedade, Universidade Estadual de Goiás/Câmpus Morrinhos,

[email protected]

Resumo:

Este relato de experiência traz algumas informações importantes apreendidas durante dois

trabalhos de campo realizados no espaço urbano de Catalão/GO. O primeiro trabalho foi

realizado em 17 janeiro de 2015 e o segundo em 21 julho do mesmo ano. O primeiro teve

como objetivo apresentar aos alunos do Curso de Geografia - Licenciatura e Bacharelado - da

Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão o processo de reprodução do capital no

espaço urbano desta cidade, sendo visitados 10 lugares, escolhidos metodologicamente. Já o

segundo trabalho de campo almejou mostrar o processo de industrialização e produção de

espaços desiguais em Catalão para estudantes do Curso de Geografia da Universidade

Estadual de São Paulo/Câmpus Presidente Prudente, visitantes à área rural e urbana deste

município. Neste último trabalho, visitou-se 6 pontos, sendo que 4 já haviam sido visitados no

primeiro trabalho e dois visitados pela primeira vez. Em termos metodológico os dois

trabalhos de campo iniciaram com visitas à lugares que trazem um pouco da história de

Catalão especialmente do começo do século XX (estação ferroviária e área central de

Catalão); esteve-se em bairros e lugares que marcam a expansão urbana e reprodução do

capital nos anos de 1960 a 1990 (Distrito Mínero-industrial, Vila Liberdade, Vila Mutirão),

assim como fez visitas a lugares e bairros edificados já no século XXI: Condomínio dos

Buritis, Eveline Nour, Copacabana, terminal da empresa Anglo American). Dessa forma, ao

relatar as observações de cada lugar visitado será informado os que foram contemplados no

primeiro trabalho de campo, assim como os visitados no segundo. A partir dessas duas

importantes incursões geográficas é possível apreender como aconte o processo de reprodução

do capital em Catalão, conforme no espaço-tempo e ainda através de uma abordagem didática

e pedagógica associar a realidade encontrada em certas localidades com os pressupostos

teóricos da Geografia, Urbana, Econômica e da Indústria. Contudo, é a partir deste relato de

experiência e dessa produção textual almeja deixar como sugestão didático-pedagógica um

indicativo de roteiro de campo dos lugares visitados para a realização de futuras incursões no

espaço urbano de Catalão. Este roteiro indicativo pode ser utilizado tanto por docentes do

Curso de Geografia/UFG-RC, quanto por professores da disciplina de Geografia da Educação

Básica e do Ensino Médio das unidades escolares deste município objetivo o processo de

ensino-aprendizagem pautado nos conhecimentos geográficos

Palavras-Chave: Trabalho de campo, espaço urbano e reprodução do capital.

1. Um pouco da História de Catalão/Goiás

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O surgimento de Catalão, segundo relatos históricos está em volto em várias versões,

mas uma prevalece, sendo a reconhecida oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

Essa versão aponta que Catalão surge a partir do pousio de bandeirantes, que

chegaram aqui por volta de 1722, vindo com Comitiva de Bartolomeu Bueno da Silva "o

Anhanguera", que chegou em Goiás em busca de ouro. (IBGE, 2015).

Assim, um dos capelões desta comitiva, Frei Antônio, espanhol e natural da

Catalunha, apelidado de O CATALÃO que, juntamente com três companheiros, resolveu criar

um ponto de pouso na Fazenda dos Casados, estabelecida as margens do Córrego do Almoço,

tendo em vista a qualidade do solo e a amenidade do clima e, principalmente, a necessidade

de reabastecer a bandeira quando retornasse ao região, plantaram uma roça. (IBGE, 2015).

Em 1828, este povoado contava com 5 casas de telhas e 20 ranchos de capim, já em

1833, o Arraial é elevado à categoria de Vila, separando-se da Comarca de Santa Cruz. No

período compreendido entre 1736 a 1835, pouco se sabe a respeito de Catalão, a não ser a

existência de um pouso de Bandeirantes e da Fazenda do espanhol o CATALÃO, presumindo

assim que a atividade humana era quase inexistente. (IBGE, 2015).

Em 20 de agosto de 1859, Catalão tornou-se Cidade legalmente constituída. Porém,

isolada dos grandes centros de decisões da época em função da inexistência de meios de

transportes e comunicação, fez com que permanecesse por longo tempo num moroso processo

de desenvolvimento.

Em 1873, com o objetivo de dinamizar Goiás com um sistema de transporte, houve a

primeira tentativa de implantar a ferrovia, que fracassou. Numa segunda tentativa datada de

1890 e com a autorização em 1906 para construir e explorar o trecho de Catalão a Goiás, esta

se torna realidade. (RODRIGUEZ, 2011; CAMPOS JR, 2015).

Em 27 de maio de 1911 inicia os trabalhos da construção da Estrada de Ferro Goiás,

em solo goiano, chegando em Catalão entre 1912 e 1913, sendo que em 1920 é construída

uma estação ferroviária, onde está atualmente o Museu Municipal Cornélio Ramos.

Em 1927 o município de Catalão era constituído pelos distritos de Santo Antônio do

Rio Verde, Cumari e Goiandira, estes dois últimos desmembrados em 1931. A área territorial

de Catalão é dividida em 1953, criando-se os municípios de Ouvidor, Três Ranchos,

anteriormente distritos catalanos. (IBGE, 2015).

A perca territorial foi significativa, mas a cidade sobreviveu a esse revés. No entanto,

desde o início do século XX a ferrovia era um marco no dinamismo local e regional, pois

permitia a ligação desta localidade com as maiores cidades do país, sediadas no Sudeste do

Brasil.

Com a decadência da rodovia a partir de 1950, a cidade precisa se reinventar, mas logo

nos anos de 1960 é impactada pela chegada da BR-050, que ligava o Sudeste do país a

Brasília, capital federal recém-inaugurada. Em 15 de setembro de 1970 a Mineração Catalão,

é constituída nos municípios de Catalão (mina) e Ouvidor (operação), com a finalidade de

explorar nióbio. A implantação do projeto industrial começou no segundo semestre de 1974 e,

dois anos mais tarde, a empresa entrou em operação. Desde o início de sua instalação houve

impactos no espaço urbano, assim como na geração de empregos e atração de trabalhadores

imigrantes. Em 1985 outra mineradora se instala em Catalão e Ouvidor, a Copebrás.

Um dos impactos mais significativos da instalação dessas mineradoras em Catalão

refere-se a expansão urbana e a abertura de novos bairros nos anos 1970 e 80, dentre eles:

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Vila Liberdade I e II, Vila Margon I e II, Vila Teotônio Vilela e outros mais. Os dois

primeiros para abrigar os operários e o segundo para atender as demandas da classe média alta

na cidade, o terceiro para abrigar os excluídos socialmente em um sistema precário de

moradias.

O fim dos anos de 1990 é marcado novamente por vultos econômicos, mediante a

instalação de uma montadora automotiva Mitsubsihi Motors Corporation do Brasil S.A.

(MMCB) e da montadora de colheitadeiras de cana, John Deere do Brasil, ambas impactaram

no mercado de trabalho, setor comercial, de serviços e tecnológico em Catalão, além de atrair

trabalhadores qualificados, que demandaram moradias consequentemente induzindo um

processo crescente da expansão urbana.

Desde então, o processo de reprodução do capital no espaço urbano tem-se acirrado, a

cidade vem apresentando em sua paisagem urbano os marcos da modernidade, mas também

apresenta processos de exclusão social promovidos especialmente pelo acesso desigual a

distribuição de renda. Desse modo, a demanda por moradia pelas classes sociais menos

provida economicamente é crescente, acirrando a especulação imobiliária, tanto na venda

quanto na locação de imóveis.

Pós-2000 vários loteamentos emergem no espaço urbano e a cidade passa por um

processo de espraiamento urbano, parte desses novos bairros e até condomínios são para

atender as demandas das classes média e alta, mas os bairros periféricos são destinados os

pobres, que em muitos casos esperam serem atendido por programas de moradias de interesse

social.

As questões relativa ao processo de uso e ocupação do solo urbano de forma desigual

e excludente estão associadas ao crescimento populacional, impulsionado pela dinâmica

econômica da cidade e do marketing urbano que projeta Catalão no cenário regional e

nacional nas ultimas décadas. Sobre isso é importante dizer que no último Censo

Demográfico em 2010, o município possuía 86.647 habitantes, sendo que 81.064 são

residentes na área urbana e 5.583 habitantes no campo. Já segundo estimativa populacional,

em 2014 o município possuía 96.836 habitantes.

Segundo dados do IMB 2012 os aspectos econômicos e sociais, assim como outros

levaram Catalão a ser a 5ª economia goiana e 3ª cidade em industrialização. Na agropecuária

ocupa a 6ª posição estadual e no setor de serviços a 5ª posição, sendo que a renda per capita

do catalano é de R$ 60.915,30, sendo a 6ª maior do estado de Goiás. Nesse limiar, o seu IDH-

M em 2010 foi de 0,766, considerado alto (0,700 e 0,799), também um dos maiores do estado

de Goiás.

O que se pode dizer é que do início do século XX às décadas iniciais do século XXI -

após 100 anos - a cidade de Catalão passa por transformações socioespaciais significativas,

tais como: crescimento e expansão urbanos, marcados pelo surgimentos de vários bairros e

êxodo rural; chegada de capital minerador; dinamização da agropecuária com a modernização

da produção agrícola e pecuária; produção de fertilizantes; indústria automotiva e de

maquinários agrícolas e empresas diversas, assim como empresas de tecnologia em sementes

e outras mais.

Portanto, após essa breve descrição sobre o processo histórico de crescimento urbano e

econômico de Catalão, passar-se-á a alguns apontamentos importantes sobre os lugares

visitados nos dois trabalhos de campo realizados na área urbana de Catalão, com o fim de

contribuir pedagogicamente para o processo de ensino-aprendizagem dos saberes geográficos

mediante a indicação de um roteiro que pode ser usado tanto Geografia acadêmica quanto na

disciplina de Geografia escolar.

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2 - Lugares e Bairros Visitados: Conhecendo o Espaço Urbano de Catalão.

2.1 - Primeiro Lugar Visitado: Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos, Catalão-GO

A escolha do Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos (foto 1) desse local para ser

o primeiro ponto de visita dentro do espaço urbano de Catalão tem relação com o processo

histórico de formação socioespacial deste município, que remonta a chegada da ferrovia -

Estrada de Ferro Goiás - e a construção de uma estação ferroviária. Esse ponto foi visitado

nos dois trabalhos de campo realizados em 17 de janeiro e em 21 de julho de 2015.

Foto 1: Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos.

Fonte: BLOG DARC PRA (2015a)

A chegada de ferrovia em Goiás é um marco importante, por isso esforços privados,

estatais e políticos foram empenhados para que se estabelece e implantasse a Estrada de Ferro

Goiás, conforme afirma Rodriguez (2011, p. 71):

[...] dois anos após o começo da implantação do trecho localizado na cidade de

Araguari, no marco zero da ferrovia. Já em 1912, as obras avançaram 80

quilômetros, chegando, dessa cidade mineira, muito próximo à cidade goiana de

Goiandira.

O significado desse advento não era apenas local, mas regional, pois pautava-se em

"uma alternativa para romper o estrangulamento da economia goiana, quanto à sua demanda

por um meio de transporte que viesse atender às necessidades de escoamento de sua

produção". (CAMPOS JR, 2015, p. 2).

Assim sendo, entre 1912 e 1913 a ferrovia chega a Catalão, mas somente anos mais

tarde é construída uma estação ferroviária (1920), onde se encontra atualmente o Museu

Histórico Municipal Cornélio Ramos.

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Segundo Matos (2012, p. 195) a ferrovia foi importante para Goiás e para o sudeste

goiano, pois "Com o advento da ferrovia, em se tratando da economia o estado de Goiás

elevou a produção agrícola, tendo o arroz como principal produto [...]. Além da produção de

arroz, destacou-se, no Sudeste Goiano a produção de milho e cana-de-açúcar".

Em 2003, a antiga Estação Ferroviária de Catalão foi restaurada e preservada as

características originais, como o sino que marcava a chegada e a saída do trem, os pisos de

cerâmicas portuguesas, portais e bancos de madeira maciça, os lampiões que iluminavam a

antiga estação, além das características preservadas, foi realizado um trabalho de pintura nos

vitrais do museu que contam a histórias como o reinado dos congos, a base econômica da

cidade e outras histórias.

Sendo criado em maio de 2003 pelo Prefeito de Catalão, Dr. Adib Elias Júnior, tendo

como lugar o antigo prédio da Estação Ferroviária, o Museu Histórico Municipal Cornélio

Ramos. Prédio em estilo Art Décor, construído na década de 1920, foi tombado como

Patrimônio Histórico Municipal pela Lei nº 1.370 e pelo Decreto nº 376 de 01/08/2001, sendo

portanto, uma tentativa de preservar parte da história relatada anteriormente.

O Museu Histórico Municipal Cornélio Ramos em seus 12 anos de existência tem

arquivado e disponibilizado para a sociedade local parte dos acontecimentos que marcaram

fatos importantes na história de Catalão, principalmente aqueles que ficaram registrados em

livros, documentários, relatos, oralidade, fotografia, equipamentos, objetos e documentos

diversos.

O prédio do Museu chama atenção e transcreve parte da história de Catalão, pois a

Estação Ferroviária de Catalão, representou um marco no desenvolvimento da cidade, foi pela

estrada de ferro que chegaram os primeiros imigrantes árabes e europeus, mas foi também

através desta estação que Goiás tinha uma relação comercial mais próxima e continua com o

Sudeste do Brasil.

Seguindo esse caráter de preservação do patrimônio material e imaterial de Catalão, o

nome do Museu também relata uma história, o nome foi escolhido em homenagem ao senhor

Cornélio Ramos que, nascido em Minas Gerais, adotou Catalão desde quando aqui chegou, na

década de 1950, para ser chefe dos ferroviários, eternizou importantes fatos históricos da

cidade através de seus inúmeros livros.

As histórias e acontecimentos não param, o museu conta com um acervo de mais de

1.000 peças que retratam parte da história e tradição de Catalão. O Museu hoje materializa

apenas parte da importância que foi a ferrovia para Catalão e para Goiás. Seguindo o mesmo

grau de importância, o segundo lugar a ser visitado é a Praça Getúlio Vargas e Avenida 20 de

Agosto, cujos dizeres estão a seguir.

2.2 - Segundo Lugar Visitado: Praça Getúlio Vargas e Avenida 20 de Agosto

O segundo lugar visitado especificamente no primeiro trabalho de campo, foi a Praça

Getúlio Vargas (foto 2) é a principal praça da área central da cidade de Catalão, cuja

construção data do mandato municipal do Coronel Augusto Netto (1927-1931).

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Foto 2: Praça Getúlio Vargas em revitalização em 2015.

Fonte: BLOG DARC PRA (2015a)

Esta Praça até fins dos anos 1980 era um dos principais pontos de lazer da cidade,

concentrando a sala de cinema, além do comércio. Já nos anos de 1990 o cinema fecha e sua

função passa a mesclar entre atividades comerciais durante o dia e a presença de bares e

restaurantes abertos no período noturno, cujo fim era atender as juventude Catalão, assim

como da região. No mandato do prefeito José de Fátimo Moreira, entre 1993-97, a praça foi

restaurada e assim se mantém atualmente.

É importante dizer que essa Praça marca a história de mudanças socioespaciais da

cidade, porém conserva parte da arquitetura do início do século XX. O seu entorno foi

paulatinamente modificado, as antigas construções cederam lugar a ambientes mais modernos

conforme a cidade foi-se dinamizando. Sendo até hoje palco de grandes manifestações sociais

e políticas dos catalanos, possuindo uma representatividade histórica no imaginário popular.

Uma das avenidas que circunda a Praça é a Avenida 20 de Agosto.

A Avenida 20 de Agosto é principal avenida da cidade desde o século XX (fotos 3 e 4)

acompanha as transformações socioespaciais que Catalão teve no espaço-tempo. Foi nesta

avenida que os primeiros estabelecimentos comerciais, financeiros e serviços se instalaram e a

medida que o capital foi reproduzindo no espaço urbano, esta foi acompanhando esse

processo de reprodução e teve sua paisagem sendo transformada.

Foto 4: Avenida 20 de agosto em 2012

Fonte: Portalcatalão (2015)

Foto 4: Avenida 20 de agosto em 1920

Fonte: MUSEU (2015)

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Em termos comparativos as fotos 3 e 4 mostram a evolução da paisagem da Avenida

20 de agosto ao longo dos anos, assim como das ruas adjacentes.

Deus (1996, p. 77) já alertava sobre essas mudanças:

O centro da cidade era o local de moradia da elite catalana, misturavam-se o

pequeno comércio com as residências, como comprovam as construções existentes

até hoje principal rua da cidade, avenida 20 de agosto. Na década de 70 e em

especial na década de 80, devido ao crescimento da cidade, a avenida 20 de agosto,

principal avenida do centro, foi paulatinamente, ocupada pelo comércio, enquanto os

moradores foram se mudando para os bairros próximos ao centro.

As transformações ao longo das décadas citadas pelo autor marcaram o processo de

reprodução do capital no espaço urbano de Catalão, denotando as mudanças de funções de

certos lugares/espaços da cidade, nesse sentido, a Avenida 20 de Agosto é exemplo

emblemático por apresentar alteração da função residencial para comercial e de serviços,

conforme também pode ser comprovado nas fotos 3 e 4.

Seguindo esse pensamento Silva (2011, p. 6) afirma que: "Dessa forma, pode-se dizer

que a cidade é modificada de acordo com o tempo, isto é, ela assume a cada momento da

história uma paisagem, que é fruto da sociedade que a construiu – um novo espaço".

Assim, no caso da Avenida 20 de Agosto “é como se a avenida fosse toda destruída e

em seguida construída outra nova”. (DEUS, 1996, p. 77). Se essa avenida outrora apresenta

uma estrutura e função residencial na atualidade assume outras funções.

A Avenida 20 de Agosto ainda é a principal avenida comercial de Catalão, abriga

estabelecimentos de redes de comércio nacional e regional, assim como instituições

financeiras, é uma das avenidas que apresenta maior valor venal e de locação de imóveis, bem

como maior fluxo de pessoas e veículos.

Silva (2011, p. 5) afirma que esse processo não acontece apenas na Avenida 20 de

Agosto, mas na área Central de Catalão, que teve sua paisagem modificada nos últimos anos,

pois houve "a substituição dos espaços vazios e residenciais em algumas ruas por obras

imponentes. Assim, as antigas casas cederam lugar a estabelecimentos comerciais geralmente

modernos, principalmente, em áreas próximas as instituições financeiras".

Complementa dizendo que:

As residências com uma arquitetura que denotam a memória da cidade são raras, isto

significa dizer que a maioria foi transformada em estabelecimentos comerciais e

assumiram novas funções na cidade capitalista. Diante desta situação as formas

espaciais do passado estão desaparecendo com o dinamismo e reprodução do capital

no espaço urbano em Catalão. Algumas construções antigas que resistiram no tempo

e no espaço, não se sabem se ainda permanecerão por muito tempo. O centro

histórico de Catalão perdeu sua história, ficando apenas na lembrança dos antigos

moradores e em algumas poucas fotografias. (SILVA, 2011, p. 5).

Portanto, ao visitar esse lugar percebeu-se como essa Avenida se transformou no

espaço-tempo, pois observa-se ainda construções do início do século XX contrastando com

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construções que possuem arquitetura moderna e recente. As poucas rugosidades existentes,

traduzem um pouco do que era Catalão num passado não muito distante, e como a reprodução

do capital foi e ainda é perversa, a ponto de destruir parte da história social, cultural e política

desta cidade. É em meio a esse contraste da paisagem urbana, das funções, das estruturas e

dos processos que a cidade se constrói e seus lugares trazem toda essa diversidade

materializada.

Após visita a Avenida 20 de Agosto seguiu-se para um bairro residencial, construído

fim dos anos de 1960 voltado para atender a demanda por moradia dos trabalhadores das

mineradoras e da classe pobre de Catalão.

2.3 - Terceiro Lugar Visitado: Praça da Vila Liberdade

A Praça da Vila Liberdade foi escolhida para ser o ponto de parada por estar localizada

na confluência da Vila Liberdade I com a Vila Liberdade II, ou seja, de um lado encontra-se a

Vila Liberdade I e de outro a Vila Liberdade II.

A Vila Liberdade I e II são conjuntos habitacionais financiados pelo Banco Nacional

de Habitação (BNH), estes bairros foram construídos em duas etapas de duzentas casas cada

um. A Vila Liberdade I teve sua construção iniciada e finalizada em 1968, já a Vila Liberdade

II foi inaugurada em 1981.

O BNH (1964-1986) era condutor da política habitacional no Brasil no período em que

fora construído esses dois bairros em Catalão. Este banco possuía a premissa de construir

moradias usando financiamento via o Sistema Financeiro da Habitação contemplado pelo

Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e pelo resgate do Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço (FGTS) dos trabalhadores para tal, essas condições de acesso ao crédito

habitacional fez alavancar a circulação de capitais e fez do BNH a segunda maior instituição

financeira do país, além disso o financiamento da moradia passar ser uma realidade possível

para se ter o sonho da casa própria realizado.

A Vila Liberdade I e II fazem parte de um projeto da Companhia de Habitação

(COHAB), que era o agente imobiliário que organizava o sistema de construção e

financiamento das casas durante vigência do BNH. A atuação da COHAB como agente

imobiliário condutor do processo de financiamento de moradias se iniciou em 1968 em todo o

país.

Os bairros são ocupados por imigrantes de diversas partes do país, atraídos pela

mineração em curso na cidade. Muitos desses moradores financiaram suas moradias usando o

sistema financeiro do BNH (uso de empréstimos, poupanças e FGTS).

Observou-se in loco que a infraestrutura do bairro não foi pensada dentro do contexto

da urbanização em voga nos anos de 1970 em diante, nem considerou o contexto do

desenvolvimento da economia nacional, assim como a possibilidade de ascensão social por

parte da classe trabalhadora.

Os dois bairros apresentam ruas estreitas impossibilitando o fluxo de veículos pesados,

assim como ausência na maior parte das ruas de duas vias de fluxo, notou-se que as calçadas

são estreitas e o espaço para varandas e garagem ficaram comprometidos, devido a um projeto

arquitetônico deficitário e insuficiente para atender as necessidades de qualidade de vida, uso

e ocupação do solo urbano, código de conduta e posturas e plano diretor municipais.

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Ciríaco (2003) ao pesquisar sobre a Vila Liberdade I e II e como estes bairros se

inserem no espaço urbano, afirma que:

Contudo, grande parte dos bairros hoje existente foi loteada a partir de 1974, época

conhecida pelo progresso “urbano e industrial da cidade”. Isso me leva a refletir

sobre a cidade que os novos habitantes da década de 70 e também os anteriores a tal

período estão falando em suas entrevistas: cidade em transformação. Para os

moradores, as imagens rememoradas da cidade trazem diferenças marcantes sobre o

processo de crescimento e melhoramento dos equipamentos urbanos e também do

viver na cidade. Trata-se de algo que é específico das experiências de viver em

Catalão num período que antecede a década de 70. (CIRÍACO, 2003, p. 38).

A construção desses dois bairros aconteceu em um momento de crescimento

econômico e urbano em Catalão, mas conforme pesquisa realizada por Ciríaco (2003) boa

parte de seus moradores não eram naturais de Catalão e chegaram na cidade para trabalhar na

indústria mineradora em ascensão, ou no comércio e/ou na agricultura em expansão. Com o

processo de urbanização crescente no pós-1970 Catalão começou apresentar um déficit

habitacional, culminando num processo de segregação socioespacial, sendo que alguns casos

são marcados por ações do Estado através da implementação de políticas públicas para o setor

de moradia. Tal questão será tratada a seguir e terá como exemplo a Vila Teotônio Vilela.

2.4 - Quarto Lugar Visitado: Vila Teotônio Vilela (Vila Mutirão)

Outro local para visita nos dois trabalhos de campo foi o Bairro Teotônio Vilela (Vila

Mutirão) foi construído em 1982, resultante de um mutirão realizado em dois dias comandado

pelo Governo Estadual, no mandato de Íris Rezende Machado. (ROSA, 2008).

Esse mutirão envolveu diretamente a população, durou dois dias e construíram-se 100

casas pré-moldadas (figura 1), ou seja, as paredes são de placas de cimento, telhado de telhas

de amianto. O Estado doava os materiais usados na construção e a população a mão-de-obra.

Figura 1: Projeto original das casas da Vila Mutirão, Catalão/GO.

Fonte: Martins (2012, p. 3).

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Cabe ressaltar que a infraestrutura das casas difere das demais da cidade, foram

construídas em placas de cimento, conforme apresenta foto 5.

Esse bairro possui uma área formada por 15 quadras, cuja área total é de 248.000 m2,

no momento possui ruas asfaltadas, rede de energia elétrica e de água tratadas, depois de mais

de 40 anos de existência é que recebeu rede de esgoto, em processo de finalização. O conjunto

habitacional correspondia em 2008 em torno de 1% da área urbana total de Catalão. (ROSA,

2008).

Ao visitar o referido conjunto habitacional notou-se que com o passar dos anos muitas

casas ainda mantém o padrão original, outras foram modificadas parcialmente e ainda outras

totalmente. Além disso o bairro serviu nos anos de 1980 como uma tentativa de conter parte

do déficit habitacional na cidade, bem como em Goiás, pois havia desde os anos de 1970 um

intenso processo de migração campo-cidade, induzida pela modernização da produção

agropecuária, captura do campo pelo capital, que se territorizaliza de forma desigual e

excludente e o desenvolvimento industrial neste município, excluindo camponeses e

obrigando-os a migrar para as áreas urbanas.

Tais fatos podem ser comprovados quando de compara os dados populacionais

urbanos entre 1970 e 1980, notando-se que há um índice de urbanização acentuado neste

município, conforme aponta Silva (2005, p. 65): "Podemos constatar o crescimento

populacional de Catalão de 1970-80 foi de aproximadamente 4,32% a.a.; de 1980-91, de

3,55% a.a.; de 1991-96 o crescimento atingiu 1,47% a.a.; de 1996-2000, foi de 2,49% a.a.

[...]".

Em 1970 Catalão tinha 27.809 habitantes, sendo que 15.674 residiam em área urbana e

12.135 na área rural. (LIMA, 2010, p. 2). Já nos anos de 1980 dos 39.172 habitantes a

população urbana era de 30.685 habitantes contra 8.487 do campo. Nas décadas de 1990,

2000 e 2010 a população urbana continua a crescer, respectivamente, 47.152, 57.606, 81.064

habitantes em detrimento da diminuição da população rural, ou seja, o campo continuava a

perder população, conforme comprova a sequência de dados 7.373, 6.741, 5.583 habitantes

rurais. (IMB, 2015a).

Ressalta-se que a infraestrutura precária da maior parte das moradias deste conjunto

habitacional associado a limitações econômicas de seus proprietários leva a um processo de

segregação socioespacial e de exclusão socioeconômica dos moradores em relação aos

equipamentos disponíveis em outros bairros. No caso em tese, observa-se que a cidade se

recria mediante uma padronização das construções, como se os moradores não tivesse vontade

e gostos próprios, contribuindo dessa forma para uma paisagem homogênea e sem identidade.

Padronização que se repete nos Bairros Evelina Nour I e II, próximo ponto de visita.

2.5 - Quinto lugar visitado: Bairros Evelina Nour I e II

O Jardim Evelina Nour I foi inaugurado em 16 de janeiro de 2006, possui 260

unidades habitacionais que foram construídas mediante investimentos realizados a partir da

parceria entre Prefeitura Municipal de Catalão e Caixa Econômica Federal. As 260 famílias

sorteadas financiaram parte da construção e continua pagando as mensalidades em até 204

meses. Para conseguir a casa própria as famílias beneficiadas passaram por uma triagem

obedecendo aos critérios da CAIXA.

Segundo Kipper (2015):

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O projeto dessas casas populares no Jardim Evelina Nour é pioneiro no Brasil, para

ser desenvolvido em Catalão, a Caixa Econômica Federal destinou uma verba de R$

3.582.000,00 [três milhões, quinhentos e oitenta e dois mil reais] para o material de

construção das casas. A prefeitura municipal, doou o terreno, que é de cerca de 50

mil metros quadrados, para ser loteado e ainda a mão de obra.

Esse bairro surge da parceira entre Município e União (instituição financeira estatal),

sendo criado para diminuir o déficit habitacional em Catalão e atende a interesses sociais

locais.

Já o Evelina Nour II conta 450 casas, sendo inaugurado em 29 de junho 2011.

Construído pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, este bairro já possui rede de esgoto e

áreas destinada para construção de praças, escolas e postos de saúde. (PORTALCATALAO,

2015b).

Durante o processo de construção das moradias a Prefeitura de Catalão conseguiu um

importante aditivo para os beneficiados, trocando os pisos de cimento por cerâmicas,

implantando uma área de serviço, alicerces dos muros e fazendo as calçadas, melhorando um

pouco as condições das residências.

Sobre o bairro Rosa (2008, p. 62) faz uma importante observação: "O J. Evelina N.

constitui uma ilha de casas populares no perímetro da malha urbana, com uma ligação à

cidade ainda incipiente". Essa situação perdura até o momento, algumas obras foram

realizadas no bairro no sentido deste oferecer uma infraestrutura mínima na área da educação

e de saúde a seus moradores.

Somente em fevereiro de 2014, após 8 anos de existência do Evelina Nour I e de 3

anos do Evelina Nour II, que inaugurou o Centro Municipal de Educação Infantil "Natália

Safatle Soares", custeado pelo Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), com

investimento de R$ 1.196.259.75,00 através de recursos liberados pelo Ministério da

Educação e Cultura (MEC). Outro unidade de serviço público importante construída foi a

Unidade Básica de Saúde "Cristina de Cássia Rodovalho", inaugurada em 20 de agosto de

2015, cuja obra resultou da parceria entre os governos federal e municipal, que investiram,

respectivamente, R$ 512 mil e R$ 530 mil. (PREFEITURA, 2015a, PAC 2, 2015).

Durante andanças pelas ruas do bairro observou-se que parte das casas mantém o

projeto arquitetônico original, sendo padronizadas, idênticas entre si e produzindo uma

paisagem homogênea e sem identidade. Algumas famílias beneficiadas conseguiram

modificar a infraestrutura existente, mas em geral a paisagem é monótona, homogênea,

padronizada não permitindo o estabelecimento de uma identidade da família com a moradia, o

espaço do bairro permanece programado como no projeto arquitetônico.

Há poucos estabelecimentos comerciais, e os poucos existentes são pequenos e não

atende a maior parte das necessidades de consumo dos moradores. Outra questão observada é

que o tipo de moradia e sua respectiva infraestrutura padronizada resulta em um processo de

segregação socioespacial a partir da questão residencial. Nesse caso a segregação é induzida,

pois a partir de ações estatais programadas que esses bairros são construídos para atender a

interesses sociais por moradia e acabem sendo implantados em áreas periféricas e longe da

área central, notadamente a mais bem equipada e desenvolvida da cidade, ou seja, induz e

obriga as pessoas a residirem nas franjas do espaço urbano.

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Essas são as questões mais visíveis e que merecem serem investigadas a posteriori. Na

sequência o sexto lugar visitado foi o Condomínio dos Buritis.

2.6 - Sexto Lugar Visitado: Condomínio dos Buritis

O Condomínio dos Buritis foi fundado em 1999, mas sua construção iniciou-se nos

anos iniciais de 2000, foi o primeiro condomínio horizontal fechado da cidade de Catalão,

possui 94 lotes, atualmente quase todos construídos. (fotos 6 e 7).

A sua construção invadiu parte de uma Área de Preservação Permanente (APP), onde

se encontra nascentes dos afluentes do ribeirão Pirapitinga, que corta o perimetro urbano de

Catalão. Construído para ser local de residência da elite catalana, bem como de executivos

que chegaram na cidade devido sua ascensão industrial.

Catalão atualmente conta com mais três condomínios horizontais: Villa Borghese,

Green Park e Campo Belo (os dois últimos em construção), além de condomínios verticais

finalizados (Residencial Olinda, Residencial Riviera) e em construção: Ypé Catalunha, Torres

do Lago, Barcelona. Além do projeto em estudo para implantação do Residencial Parque das

Águas, com 10 torres, totalizando 360 apartamentos.

Esse novo padrão de habitação, visto somente nas grandes cidades, chega a Catalão,

que possui ares de cidade média, mas com uma renda per capita elevada, porém concentrada

em uma pequena parte da população (elite), que devido as suas condições econômicas

escolhem morar em lugares que lhes dão conforto, comodidade, segurança e status social.

(IMB, 2015a).

Assim sendo, os condomínios residenciais sejam horizontais ou verticais almejam

separar um grupo de moradores do corpo da cidade, através do processo de cercamento e da

construção de muros, deixando evidente a auto segregação1. Esse novo processo espacial

urbano chega a cidade e deixa ainda mais evidente a presença de espaços desiguais no espaço

urbano, notadamente, ocupados por classes sociais com condições econômicas contrastantes.

1 Ver Moreira Júnior, Orlando. Cidade partida: segregação Induzida e auto-segregação urbana.

Caminhos de Geografia, Uberlândia v. 13, n. 33 mar/2010 p. 1 - 10.

Foto 6: Vista frontal do condomínio dos Buritis

Fonte: GRUPOCAP

Foto 7: Vista frontal do condomínio dos Buritis

Fonte: GRUPOCAP

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Se de um lado temos condomínios fechados em Catalão voltados para classes sociais

abastadas, de outro temos condomínios populares voltados para os pobres, as diferenças entre

esses dois modos e estilos de morar são gritantes, conforme pode ser observado no próximo

bairro visitado.

2.7 - Sétimo Ponto Visitado: Bairro Copacabana e Residencial Copacabana

O bairro Copacabana foi instalado em 2010 e vendido pela Construtora Sudeste,

empresa de capital local.

O loteamento foi aberto para abrigar moradores da classe média catalana, além de

estabelecimentos comerciais ligado ao setor agropecuário. Limita-se com a Av. Dr. Lamartine

Pinto de Avelar e BR-050, cujas margens dão possibilidades para construção comerciais, fato

que vem se consolidando, inclusive com transferência de alguns estabelecimentos de outras

áreas da cidade para esse bairro. O acesso ao distrito de Santo Antônio do Rio Verde e Campo

Alegre de Goiás - regiões produtoras de commodities e consumidoras de insumos agrícolas - é

facilitado pela presença da rodovia federal, uma vantagem tanto para produtores quanto para

comerciantes.

O bairro vem sendo ocupado paulatinamente com a construção de residências com boa

infraestrutura, as ruas são largas e possui uma área relativamente plana, mas ainda não conta

com rede de esgoto.

Além disso, essa estrutura padrão, o bairro possui um condomínio popular vertical,

construído pelo Programa Habitacional Minha Casa, Minha Vida, o qual possui 176

apartamentos, que foram entregues em 11 de agosto de 2014. (foto 8). O Programa Minha

Casa Minha Vida é um projeto habitacional do Governo Federal, em parceria com os estados,

municípios e iniciativa privada, gerido pelo Ministério das Cidades e financiado pela Caixa

Econômica Federal. O objetivo é a construção de casas destinadas a pessoas com duas faixas

de renda (Famílias com renda até R$ 1.600,00 - de interesse social; Famílias com renda até

R$ 5.000,00 mensais), no caso do residencial Copacabana são moradias para atender

interesses sociais e a prestação é de até 5% da renda, ou seja, as parcelas são de, no máximo,

R$ 80 mensais. (BLOG, 2015).

Foto 8: Vista parcial do residencial Copacabana e atuais

moradores.

Fonte: BLOG DE OLHO NA CIDADE (2015).

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Devido a presença deste residencial no bairro, está em construção uma USB, orçada

em R$ 754.632,83, sendo que o valor para a prefeitura é R$ 346.632,83, o prédio está

atualmente em construção, mas ainda não se fala em construção de escola ou creche para

atender os moradores locais. (PREFEITURA, 2015b).

Nota-se que no bairro visitado de forma muito próxima há contrastes sociais enormes,

enquanto se tem de um lado casas bem estruturadas e amplas, tem-se de outro prédios com

apartamentos de aproximadamente 50 m2, frisando que as pessoas residem de acordo com sua

condição econômica. É nesse ambiente de desigualdades que o capital se produz e reproduz

no espaço, sendo capturado por agentes sociais diversos.

Saindo deste bairro dirigiu-se para o Distrito Mínero-industrial de Catalão, local onde

estão instaladas a maior parte das indústrias da cidade.

2.8 - Oitavo Ponto Visitado: Distrito Mínero-industrial de Catalão (DIMIC)

O DIMIC foi fundado nos fim dos anos de 1980, pelo Governo do Estado de Goiás,

cujo objetivo era abrigar e fomentar o processo de industrialização do estado Goiás. O DIMIC

assim como todos os distritos industriais em Goiás são administrados pelo Goiasindustrial.

O objetivo de industrializar Goiás advém desde os anos de 1970, quando a Lei n°.

7.766, de 20/11/73, criou a Companhia dos Distritos Industriais de Goiás – a atual

Goiasindustrial –, responsável por expandir as atividades agroindustriais. Segundo Cunha

(2010, p. 76-77):

Essa instituição ficou responsável por mapear as diversas regiões do estado,

observando as potencialidades econômicas e sociais de cada sub-região de Goiás,

visando à implantação de distritos, o que representou uma nova fase para a

industrialização goiana.

Ainda na segunda metade dos anos de 1970, o Goiásindustrial ao dar continuidade à

política de industrialização começou a escolher as cidades que sediariam os primeiros distritos

industriais. Três cidades foram escolhidas para serem as primeiras a recebe-los, sendo:

Catalão, Gurupi (antes da criação do estado do Tocantins) e Anápolis. O Distrito

Agroindustrial de Anápolis (DAIA) foi o primeiro a ser inaugurado em 19 de setembro de

1976, sendo seguido pelos demais

O DIMIC atualmente é um dos principais distritos industriais goianos, por abrigar

grandes empresas de capital nacional e internacional, possui uma área de 278 hectares.

(CHAVES, 2009, p. 78). Isso tem contribuído para que Catalão seja umas das cidades mais

industrializadas do Estado, ocupando posições importantes nos últimos anos no PIB

industrial, conforme (IMB, 2015b, p. 19):

Em terceiro lugar ficou o município de Catalão que apresentou o maior incremento

no VA da indústria do Estado (R$ 408,651 milhões), participando com 8,8% do VA

estadual, em 2012, ante 8,1% em 2011, com incremento de 0,7 p.p (o segundo maior

incremento estadual). Na economia municipal a indústria participou com 52,0% do

VA. O ganho de participação foi verificado na indústria de transformação, e na

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extrativa mineral. Na primeira, devido à maior produção de automóveis, de

colheitadeiras e da blindagem de veículos, na segunda devido ao bom desempenho

das indústrias do ramo de adubos, fertilizantes e de beneficiamento mineral.

(destaques do autor).

Cabe dizer que as empresas instaladas no DIMIC contribuem para o PIB industrial em

Goiás, assim como as que estão instaladas no Distrito Químico de Catalão (local também

visitado).

O DIMIC foi visitado nos dois trabalhos de campo e observamos que atualmente

diversas empresas estão sediadas em sua área, dentre elas: BSB Serviço Logístico Ltda.;

Central Metalúrgica Catalana Ltda.; Dicebel Beneficiamento de Cereais e Comércio

Atacadista de Bebidas em Geral Ltda.; Embrasatec Indústria e Comércio Têxtil Ltda.;

Fórmula R Indústria e Comércio de Peças para Automotores Ltda; MMC Automotores do

Brasil S.A. (montadora Mitsubishi); Mult Pedras D & D Ltda.; Stilrevest Indústria e

Comércio Ltda.; Têxtil Catalana Ltda.; Walter Vieira Rezende Goiasflora Empreendimentos

Florestais.; Weldmatic Automotive Ltda; MVC Componentes Plásticos; SBV Veículos

(montadora Suzuki); John Deere do Brasil (montadora de colheitadeiras); Cerâmica Catalão;

Pionner Sementes e outras mais.

2.9 - Nono Ponto Visitado: Distrito Químico de Catalão (DIQUIC)

Catalão possui atualmente três mineradoras em operação: Mineração Catalão,

Copebrás (as duas primeiras pertencentes ao grupo Anglo American plc) e Vale Fertilizantes.

E com eminência de nos próximos anos receber mais uma mineradora (Five Star), só que de

extração de diamantes.

A Vale S.A., antiga "Ultrafertil" e "Goiásfertil", iniciou a produção de fosfato em

caráter industrial, a partir de novembro de 1982. Seu produto serve de matéria-prima para as

fábricas de fertilizantes do próprio grupo, algumas sediadas em Catalão e outras não. Entre as

sediadas em Catalão tem-se a Heringer Fertilizantes, Adubos Sudoeste, Fertigran, Adubos

Moema, Adubos Araguaia, Nutrion Gesso Agrícola e outras. (Fotos 9 e 10).

O Grupo Anglo American do Brasil é de capital africano e inglês possui na região duas

mineradores: Mineração Catalão (1976) e Copebrás (1985), ambas presentes em

Ouvidor/Goiás e Catalão, com terminais e lavras próprios nestes municípios. Em Catalão, está

sediada parte de suas infraestrururas e lavras exploratórias de fosfatados e nióbio.

Foto 9: Empresa de fertilizantes Adubos

Sudoeste, sediada no DIQUIC.

Fonte: Silva, M. V. da. (2015).

Foto 10: Empresa de fertilizantes FERTIGRAN

Fertilizantes, sediada no DIQUIC.

Fonte: Silva, M. V. da. (2015).

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A Copebrás opera as minas de fosfatados e nióbio, possuindo um terminal de

processamento sediado próximo a área urbana da cidade, onde está abrigado o polomínero-

químico da empresa.

A empresa fabrica fertilizantes fosfatados e insumos para alimentação animal, além de

fabricar produtos para fins industriais, como ácido fosfórico, sulfúrico e fluossilícico.

O grupo Anglo American Fosfatados tem acesso a cerca de 15% dos recursos de

fosfato conhecidos do Brasil. Cuja mina em Ouvidor tem os melhores teores de fosfato do

país, com previsão para mais de 30 anos com o nível atual de produção. (ANGLO

AMERICAN, 2015)

A mina Boa Vista Fresh Rock sediado no município de Catalão, próximo a

Comunidade Mata Preta, vai aumentar a capacidade de produção para 6.800 toneladas por

ano, tornando o segundo maior produtor de nióbio do mundo. O minério de nióbio extraído

desta mina que é a céu aberto. O processamento é feito em Catalão e em Ouvidor, formando a

liga de ferro-nióbio, sendo exportado para as principais usinas siderúrgicas da Europa,

América do Norte e Ásia. (ANGLO AMERICAN, 2015)

Os investimentos chegam a 325 milhões de dólares para expandir as operações. O

projeto Boa Vista Fresh Rock (BVFR) vai aumentar a capacidade de produção em quase 50%,

para 6,5 mil toneladas ao ano e fará da empresa o segundo maior produtora de nióbio do

mundo. O aumento da demanda está sendo impulsionado pela China e pela Índia e, de forma

mais moderada, pelos EUA e Japão. (ANGLO AMERICAN, 2015)

Todavia, cabe dizer que parte do processamento do nióbio e dos fosfatados e feito

parte nesse terminal - antigo terminal da Copebrás (fotos 11 e 12) - e parte em Ouvidor. Para

tal usa-se produtos de alta periculosidade como: acido fosfórico, sulfúrico e amônia.

Ressalta-se que a presença de várias empresas de fertilizantes e os terminais das duas

mineradora (Anglo American - nióbio e fostatados) e da Vale Fertilizantes, formam o

DIQUIC. Essas empresas utilizam da potencialidade de transporte da Ferrovia Centro

Atlântica (FCA) para escoar parte dessa produção, assim como diversos caminhões que

transportam matéria-prima e produtos transformados para diversas localidades do país. Dessa

forma, o fluxo de caminhões e locomotivas é intenso neste distrito industrial, principalmente

durante a semana.

Após essa visita deslocou-se para a última parada, o subcentro do bairro São João.

Foto 11: Terminal de processamento da Anglo

American, sediada no DIQUIC.

Fonte: Silva, M. V. da. (2015).

Foto 12: Terminal de processamento da Anglo

American, sediada no DIQUIC.

Fonte: Silva, M. V. da. (2015).

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2.10 - Décimo Lugar Visitado: Subcentro do Bairro São João

O Subcentro do Bairro São João inicia-se a partir da confluência das Avenida

Cristiano Victor, São João, JK e Dr. Lamartine Pinto de Avelar, que se encontram na

Subestação Rodoviária do São João.

O Subcentro do São João, está sediado em um dos bairros mais antigos de Catalão, e é

resultante a partir do processo de descentralização da área central de Catalão em voga nos

últimos anos, conforme afirma Silva (2011, p. 12 apud Reis, 2007):

[...] o Subcentro é fruto do processo de descentralização das atividades centrais para

outras áreas na cidade, sendo marcadas de um lado, por fatores de repulsão da área

central e, por outro, pelos de atração das áreas não-centrais. Entre os fatores de

repulsão estão: alto valor dos imóveis e de impostos, tráfego intenso de automóveis

e congestionamentos etc. Estes fatores não são encontrados nas áreas não-centrais,

pois apresentam baixo valor dos imóveis (aluguel/compra), moderada circulação de

veículos; possibilidade de desenvolver comércios especializados; fixar filiais de

lojas já localizadas no centro etc.

Todavia os fatores de repulsão existentes na área central são indutores do processo de

descentralização e assim da formação de subcentros ou eixos de comércio. Da mesma forma a

formação de subcentros se tornam viáveis, devido à condições mais acessíveis de uso e

ocupação do solo urbano e também de localização geográfica favorável, que induz a

descentralização de certas atividades e viabiliza o aumento de lucros para esses segmentos

que se deslocam.

O Subcentro São João até poucos anos atrás era eminentemente residencial, mas

devido sua localização no espaço urbano tornou-se receptor de moradores oriundos de cidades

vizinhas, de povoados e distritos municipais, assim como da zona rural. Pelo fato de abrigar

por muitos anos a única subestação rodoviária da cidade tornou-se um local atrativo para a

abertura de estabelecimentos comerciais e de serviços, tendo em vista que haveria um público

alvo constante. É nesse caminho que a abertura de estabelecimentos comerciais diversos e de

serviços ocorre paulatinamente, transformando esta área numa das mais dinâmicas de Catalão.

Atualmente, este subcentro abriga uma infinidade de estabelecimentos comerciais

(lojas agropecuárias, vestuários, calçados, medicamentos, construção etc.), sistema bancário

(com duas agências bancárias, casa lotérica, postos de auto-atendimentos bancários), agência

dos Correios, prestadores de serviços, órgãos públicos diversos, restaurantes e bares, dentre

outros mais.

O mesmo tem se desenvolvido principalmente após-2005, devido o desenvolvimento

da estrutura da Universidade Federal de Goiás que aumentou significativamente o número de

alunos, professores e funcionários, aumentando assim a demanda por produtos e serviços

próximos a essa instituição, além dos diversos moradores de bairros subjacente que

necessitam desta infraestrutura urbana. Dessa forma, a Avenida Dr. Lamartine Pinto de

Avelar ganha destaque no processo de organização deste subcentro, tornando-se uma das mais

dinâmica e movimentada da cidade, atraindo inclusive filiais de empresas sediadas na área

central de Catalão, tais como: Cacau Show, O Boticário, Sapataria Brasil, Porão Modas e

outras.

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Além disso, nota-se que essa avenida em especial apresenta duas funções: uma diurna

ligada ao comércio e serviços públicos e outra noturna, ligada ao ramo de alimentação e lazer.

3. Considerações Finais:

O presente relato trouxe algumas informações importantes apreendidas durante a

realização de dois trabalhos de campo no espaço urbano de Catalão/GO, sendo um em 17 de

janeiro de 2015 e outro em 21 de julho do mesmo ano.

Nestes dois trabalhos de campo - uma prática pedagógica - foi possível observar as

modificações do espaço urbano em Catalão no espaço-tempo, presenciando lugares com

dinâmicas diferentes, assim como a reprodução do capital também se dá de forma

diferenciada. Cada bairro e lugar visitado foi possível verificar as especificidades destes

ambientes, resultantes de processos históricos, sociais e espaciais que se consolidavam em

Catalão conforme os acontecimentos e seu desenvolvimento.

Notou ainda que o processo de industrialização crescente elevou o déficit habitacional,

de um lado, acirrou a especulação imobiliária e a construção de conjuntos habitacionais de

interesse social levando a segregação socioespacial, mas de outro levou a construção de

condomínios e abertura de bairros suntuosos para atender as classes media e alta aumentando

a auto segregação.

É a partir destes contraste que o espaço urbano em catalão vai se delineando e

apresentando as vicissitudes do capital em reprodução através de diversos agentes sociais,

além disso, esse contraste se materializa nas residências e na infraestrutura dos bairros, a

divisão social do trabalho.

A cada ponto visitado as perguntas por parte dos alunos foram inevitáveis, a

curiosidade e o processo de associação da teoria vista em sala de aula com a paisagem

materializada a sua frente resultou em observações interessantes, contribuindo sobremaneira

para o processo de ensino-aprendizagem dos saberes geográficos. O olhar para além da teoria

desvela uma realidade e contrasta o significado dos termos científicos que não conseguem

apreender a grande significância e complexidade dos processos socioespaciais, é preciso ter

contato com a realidade e o real para entender a dimensão da teoria e o efeito desta no saber-

fazer e no processo pedagógico desenvolvido em sala de aula.

Portanto, a partir dessas duas incursões geográficas (trabalho de campo) apresentadas

neste relato de experiência que arrisca-se ao propor um indicativo de roteiro de campo a partir

dos lugares visitados para a realização de futuras incursões no espaço urbano de Catalão. A

sugestão desse roteiro indicativo poderá ser utilizado como prática pedagógica tanto por

docentes do Curso de Geografia/UFG-RC, quanto por professores da disciplina de Geografia

da Educação Básica e do Ensino Médio das unidades escolares deste município para realizar

suas atividades de campo.

Referências:

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mundo. Disponível em: <http://brasil.angloamerican.com/nossos-negocios/niobio?sc_lang=pt-PT.>. Acesso em: 07 set 2015.

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<http://blogdarcpra.blogspot.com.br/2013_02_26_archive.html>. Acesso em: 07 set. 2015a.

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