Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

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Escola Superior de Educação João de Deus Necessidades Educativas Diferenciadas Um aluno, um projecto Filipa Isabel de Albuquerque, n.º 13 – 2º PA Disciplina : Psicologia Educacional

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Estudo de caso e plano de intervenção educacional para uma criança com necessidades esducativas diferenciadas

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Escola Superior de Educação João de Deus

Necessidades Educativas Diferenciadas

Um aluno, um projecto

2000 / 2001

Filipa Isabel de Albuquerque, n.º 13 – 2º PADisciplina : Psicologia Educacional

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I - Parte Teórica

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AS NECESSIDADES EDUCATIVAS DIFERENCIADAS

E OS PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS NA SALA DE AULA

1. DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ÀS NECESSIDADES EDUCATIVAS DIFERENCIADAS

A crescente preocupação com o sucesso escolar por parte dos decisores do sistema educativo tem levado

a uma ampla reflexão sobre a escola e o processo de ensino-aprendizagem que faça do aluno, que é

simultaneamente, uma criança, o eixo central do sistema escolar. Por outro lado, passado que foi o tempo da

escola de massas, voltou-se a centrar a atenção sobre o aluno individualmente considerado. Passou-se da

massificação, que foi a resposta democrática ao elitismo, à personalização do ensino. E se nos dias de hoje

observamos de novo fenómenos de massificação de novo tipo sob a designação de globalização, este processo

vem ainda acentuar essa necessidade de olhar para a escola com um olhar que a considere como uma

organização onde convivem indivíduos muito diferentes, portadores de culturas e hábitos diferentes. Não é apenas

a diferenciação que se faz pela origem social que está presente na escola e na turma. É também a diferenciação

que se faz por razões étnicas e culturais.

A abordagem da noção de "necessidades educativas diferenciadas pode-se fazer por contraposição à

noção de "educação especial". Isto é, podemos delimitar o campo conceptual das "necessidades educativas

diferenciadas", naquilo em que estas vão mais longe que a noção de "educação especial", quer nos conceitos em

si, quer na noção de escola, currículo e aprendizagem que pressupõe. Por outro lado, essa contraposição tem

também sentido se tivermos em conta que do ponto de vista da evolução dos sistemas educativos e das formas de

organização do processo de ensino-aprendizagem a noção de "necessidades educativas especiais diferenciadas"

veio substituir a noção de "educação especial", sendo esta mais antiga que aquela.

O termo "educação especial" foi tradicionalmente usado para designar um tipo de educação diferente do

ensino regular. Tratava-se, assim, de um sistema que existia autonomamente ao lado do ensino regular. A

educação especial organizava-se para os alunos que apresentavam diferenças, especificidades, por comparação

do aluno normal ou padrão, que está plenamente integrado no sistema regular. "A educação especial era dirigida

a um tipo de alunos possuidores de um défice ou handicap que os apresentava como diferentes dos restantes

alunos considerados normais" (Rafael BAPTISTA (coord.), Necessidades Educativas Especiais, Lisboa, Dinalivro,

1997, p. 9 ). Este desvio a um padrão que era objecto da educação especial fazia desta um tipo de educação Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PA

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carregado de conotações pejorativas, com implicações educativas de carácter segregador, com referências

implícitas a currículos especiais. Numa outra perspectiva, deparamos com o facto de a educação especial propor

uma escola, uma turma e um currículo marginais para alunos marginalizados. A ideia de educação especial surge

associada à ideia de deficiência, de um mundo à parte de difícil comunicação e empatia, com regras próprias, um

gueto escolar. Este tipo de educação e alunos suscitava posicionamentos de ordem afectiva em detrimento de

análises racionais. Havia como que um olhar caridoso em relação a esses alunos que eram portadores dessas

especificidades.

Desenvolvendo-se o sistema educativo numa via de integração, sendo a escola cada vez mais plural e

multicultural a noção discriminatória de 'educação especial' deu lugar à noção de 'necessidades educativas

especiais' ou 'necessidades educativas diferenciadas'. Tudo isto porque, no plano dos pressupostos teóricos,

considera-se que a dificuldade de aprendizagem não tem uma única origem dentro do aluno, mas a escola

também concorre para essas dificuldades de aprendizagem. A escola, quando já que não se adaptava às

necessidades e interesses da criança transformava-se num obstáculo ao sucesso escolar e à realização do aluno

enquanto pessoa. A dificuldade de aprendizagem deve ser assim vista como um fenómeno complexo, com causas

várias; a sua origem não radica numa congénita deficiência biológica do aluno, mas em diversos factores,

nomeadamente, sociais. As crianças oriundas de classes e meios mais desfavorecidos apresentam, na maioria

das vezes, dificuldades cognitivas, afectivas e emocionais, pelo que não se situam no mesmo plano de

oportunidades de desenvolvimento pessoal, escolar e laboral que as crianças que vêm de classes mais

favorecidas do ponto de vista social e cultural. As crianças não se situam no mesmo plano face à escola e à

aprendizagem. Diferenciar o ensino e a aprendizagem será o melhor caminho para a igualdade de oportunidades

que a escola deve proporcionar. Proporcionar experiências e estratégias diferenciadas para assegurar a

igualdade.

Neste sentido, e desde logo, a noção de 'necessidades educativas especiais ou diferenciadas' é um termo

mais global e abrangente. Não propõe uma escola à parte, mas preconiza uma maior autonomia e flexibilização da

escola e do seu currículo no sentido de contemplar, de igual modo, o aluno que necessita de educação

diferenciada. Esta não implica um currículo especial, mas uma gestão personalizada e diferenciada do currículo

que é comum a todos os alunos do sistema educativo. As necessidades educativas especiais relacionam-se, deste

modo, com "as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que determinados alunos possam precisar ao longo da

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sua escolarização, para conseguir o máximo crescimento pessoal e social" (op. cit., p. 10). Trata-se, portanto, de

ajudas pedagógicas extraordinárias, no sentido em que são complementares das ordinárias, "que um dado aluno

ou grupo de alunos precisam para favorecer o seu acesso aos objectivos gerais da educação" (op. cit., pp. 54-55).

O que está em causa são serviços complementares que possibilitem o acesso daqueles alunos ao próprio

currículo escolar. O que significa que o universo de alunos abrangidos se alarga: não são apenas contemplados

os casos típicos de educação especial, mas todos os alunos com atraso escolar causado por razões diversas.

Aliás, todos os alunos, neste sentido, são especiais, pelo que "chegamos a um tipo de situação em que qualquer

criança pode ser considerada como necessitada de educação especial, posto que a especificidade das suas

necessidades é determinada por uma resposta educativa que, em mais de uma ocasião, será rígida e pouco

adaptada, e não por um juízo especializado de uma equipa de profissionais com garantias de objectividade" (op.

cit., pp.55). A diferença que existe no seio da turma não é um contratempo, mas um desafio que se coloca ao

professor e à escola, ajustando constantemente o currículo de forma a que todos os alunos alcancem os

objectivos gerais da educação. Não existem dois currículos, mas um único currículo, gerido habilmente de forma a

contemplar, o mais possível, a diversidade (cultural, étnica, social, económica, psicopedagógica) existente na

turma e que não é satisfatoriamente atingida pelo dispositivo geral previsto para a maioria dos alunos, para um

aluno padronizado que, efectivamente, é uma abstracção e não existe.

Deste modo, o currículo deve adoptar modelos flexíveis e abertos que permitam contemplar as

características individuais dos alunos. O ensino deve ser cada vez mais personalizado, o que implica que o

professor também seja casa menos um mero consumidor do currículo para passar a ser, cada vez mais, um gestor

do currículo, alguém que constantemente toma decisões, monitorizando um processo que, a todo o momento,

deve sofrer desvios e correcções, tendo em conta os mundos diferentes que existem na sala de aula. Mundos

diferentes porque veiculam valores, hábitos, regras e ritmos de aprendizagem diferentes. Deste modo, a escola

que tem em vista a educação da criança com necessidades educativas especiais deve trabalhar constantemente

nos seus objectivos, linhas de acção e modelo curricular. Deve, por isso, ser uma escola aberta, plural e tolerante,

do ponto de vista da sua filosofia e dos seus princípios. Mas deve ser também uma instituição suficientemente

dotada de recursos humanos, equipamentos e serviços capazes de darem resposta à multiplicidade de situações,

de forma a fazer da escola e da sala de aula espaços de autêntico exercício da cidadania, na medida em que

integrando todas as crianças, estas são respeitadas nas suas diferenças e não normalizadas. Aliás, "normalizar

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não significa pretender converter em normal uma pessoa deficiente, mas aceitá-lo tal como é, com as suas

deficiências, reconhecendo-lhe os mesmos direitos que aos outros e oferecendo-lhe os serviços pertinentes para

que possam desenvolver ao máximo as suas possibilidades e viver uma vida tão normal quanto possível" (op. cit.,

p. 29).

2. OS PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS NA SALA DE AULA

No âmbito desta reflexão sobre as necessidades educativas especiais ou diferenciadas seleccionámos os

problemas comportamentais como alvo daquele instrumento de intervenção do professor na sala de aula.

As necessidades educativas especiais tornam-se imprescindíveis quando problemas de múltipla natureza

dificultam especialmente a aprendizagem, tornando necessário implementar acessos especiais ao currículo,

modificando as condições de aprendizagem e criando situações de aprendizagem, despoletando recursos

específicos ou mobilizando de uma forma especial a atenção do professor tendo em vista a resolução daquela

situação. Sob a designação de problemas comportamentais designamos situações anómalas que, pela sua

intensidade, põem em risco o sucesso escolar, de tal modo que urge implementar medidas educativas

diferenciadas.

Os comportamentos problemáticos podem ter origem muito diversa: medo, ansiedade, falta de confiança

em si, dificuldade em compreender e/ou lidar com a realidade, colegas e ambientes. A dificuldade de definir

problemas de comportamento reside no facto de que os posicionamentos teóricos sobre o problema têm implícitas

determinadas concepções de natureza ideológica e filosófica por parte de quem classifica determinado

comportamento do aluno como problemático. O mesmo comportamento do aluno pode ser avaliado de modos

muito diferentes, tudo dependendo dos valores, personalidade e formação moral de quem avalia esses

comportamentos. Haverá, contudo, comportamentos que são objectivamente inaceitáveis, independentemente

desses pressupostos: crianças que se agridem mutuamente ou cuja hiperactividade põe em causa o próprio

professor, são comportamentos problemáticos em qualquer situação. Segundo vários autores existem quatro

padrões de comportamento problemático em crianças: imaturidade, distúrbios de conduta, agressão socializada e

retraimento por ansiedade. Quanto ao primeiro refere-se a crianças que estão muitas vezes desatentos e sem

interessa pelo que se passa na sala de aula e na escola, com tendência ao devaneio. Podemos também abordar a

imaturidade por referência aos estádios de desenvolvimento segundo Freud. A hostilidade e a agressividade

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revelam os distúrbios de conduta, nos quais poderíamos incluir a hiperactividade. Na sala de aula revelam muitas

vezes uma certa incapacidade de levar por diante uma tarefa, perturbando a turma ou estando distraídas, não

seguindo as instruções do professor. Um meio familiar hostil pode estar por detrás destes comportamentos.

Quanto à agressão socializada, esta aproximar-se-ia do padrão anterior, acrescendo-lhe o facto de aqui a criança

manter relações com grupos de colegas. Finalmente, o retraimento por ansiedade está presente em crianças que,

normalmente, são tímidas, segregadas, submissas e dependentes, ficando deprimidas com frequência. Estas

crianças pertencem, na maioria dos casos, a famílias superprotectoras com elevado nível socio-económico.

Manifestam igualmente uma baixa auto-estima. De qualquer modo, apesar desta tipologia, a fronteira entre estas

crianças e as ditas 'normais' é dificilmente traçada.

São vários os factores relacionados com problemas de comportamento. Um ambiente social desfavorável

pode provocar crianças problemáticas. Convivendo no seio de ambientes caracterizados, também, pela

agressividade que acaba por ser recompensada, terão tendência a produzir crianças que imitarão esses modelos,

processo que é acentuado quando observam esses comportamentos através de meios de comunicação

insuspeitos, como a televisão. Processo semelhante pode ocorrer no meio familiar, nomeadamente quando

estamos perante ambientes familiares conflituosos

A questão fundamental que agora se coloca prende-se com o modo como o professor deve lidar com os

problemas e comportamento. Convém desde já esclarecer que situações graves há que levam ao recurso a

técnicos, que podem ou não funcionar em equipa, ou serviços especialmente habilitados para tratar destas

situações. Seja como for, a tendência, legitimada também a nível legislativo e já não só ao nível da literatura

pedagógica, é para os problemas comportamentais, apesar da sua gravidade, serem tratados no seio da turma

regular, num ambiente o menos restrito e o mais integrado possível. Donde se colocam problemas ao professor

que terá de, sozinho, confrontar-se directamente com estes problemas.

Em primeiro lugar, o professor deve ter sempre presente quais os objectivos comportamentais que devem

ser atingidos pela turma de forma a poder observar o comportamento do aluno por referência a esse objectivo.

Donde o professor deverá, de seguida, identificar e especificar o comportamento perturbador, de forma a

precisar o que pretende alterar. Donde resulta importante a observação das situações que o professor vai

registando. Passará depois à modificação do comportamento perturbador, tendo em conta os seguintes aspectos

importantes: diminuição dos comportamentos perturbadores, aumento dos comportamentos adequados e

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manutenção dos comportamentos adequados ao longo do tempo e em diversas situações. Há que ter em conta,

neste objectivo, que a eliminação de um comportamento indesejado só resulta se for substituído por outro

socialmente aceite, que pode e/ou deve ser negociado como aluno em questão. Este aspecto relaciona-se com

outro fundamental que é o de que o professor, mais do que a elaboração de um repertório de punições deve

organizar a sala e o trabalho escolar de forma a que o aluno tenha sempre presente os objectivos que se

pretendem, mediado por um sistema de regras claras e precisas, que podem ser facilmente interiorizadas pelo

aluno, e que fazem parte de um contrato inicial estabelecido desde o início do ano lectivo. Esta perspectiva tem a

virtude de encarar o problema da disciplina/indisciplina como algo que se joga na sala de aula, não se desviando o

problema para as suas causas exógenas. Existe, a este propósito um modelo muito simples a que se dá o nome

de ABC: A (antecedent – antecedente), B (behaviour – comportamento), C (consequent – consequência). Trata-se,

fundamentalmente, de identificar e tornar claros as situações que imediatamente antecedem o comportamento

perturbador, de forma a, noutra ocasião poder decidir e agir imediatamente em presença desses factos

antecedentes. Deste modo poder-se-á eliminar o comportamento indesejado. Finalmente, teríamos os

acontecimentos que se sucedem ao comportamento perturbador e que poderão condicionar a sua nova ocorrência

e que vão desde os elogios e prémios à irritação e castigos por parte do professor.

No conjunto das técnicas que têm em vista a eliminação do comportamento perturbador na sala de aula,

podemos ter em conta o condicionamento operante de Skinner (reforço) e que é muito utilizado para modificar

problemas de comportamento das crianças. Trata-se, fundamentalmente, da aplicação de reforços positivos e/ou

negativos de forma a aumentar ou diminuir um dado comportamento. Com o intuito de moldar um comportamento,

o professor pode estabelecer processos em que a dificuldade vai aumentando progressivamente e o professor vai

reforçando o comportamento aceitável. Neste sentido pode sequencializar as tarefas para que a criança tenha um

êxito contínuo e seja mais fácil monitorizar o processo, reforçando-o positivamente, alargando a duração das

tarefas. Apesar destes pressupostos, não deve ser posta de parte a punição, no sentido em que se reprova um

comportamento, embora isso não constitua uma motivação adicional para a aprendizagem. É polémico o uso da

punição. De qualquer modo, deve ser usada correctamente e a criança deve te sempre presente que estão

disponíveis comportamentos alternativos.

Os problemas comportamentais, como vimos, continuam e continuarão envoltos em polémicas

intermináveis. Seja como for, a sua análise constitui um momento interessante naquilo que ele revela sobre o

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processo de aprender. É neste sentido que vale a pena a atenção em relação ao comportamento da criança na

sala de aula, porque se fica a perceber melhor como se aprende e porque se aprende.

II- Parte prática

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1. Dados de Anamnese:

1.1. Situação actual do aluno

- 9 anos de idade, sexo masculino.

- meio sócio- cultural baixo : grandes carências económicas. Reside numa casa pertencente a um bairro de

arquitectura aglomerada e de reduzidas dimensões em Lisboa.

- A distancia de casa à escola é curta. ( aproximadamente 500 metros)

- Frequenta o ensino público numa escola pertencente a um centro de acção educativa prioritária. A Escola

atende a uma população de 700 alunos na sua esmagadora maioria , alunos com carências económicas e

socioculturais graves.

- Trata-se de uma turma de 2º ano do Ensino Básico, inserida numa escola de arquitectura pré fabricada (P3) .

No mesmo edifício encontram-se 6 salas de aula cada uma para uma turma e 2 salas de apoio. O ginásio é o

local que também se destina à cantina.

- O numero total de alunos a que pertence a criança a quem é destinado o programa de intervenção é 24, com

idades compreendidas entre os 7 e 9 anos. A maioria dos alunos tem problemas de aprendizagem e de

comportamento nomeadamente dificuldades de comunicação, pobreza de vocabulário, dificuldades no

raciocínio lógico-matemático, défices de atenção e problemas emocionais graves.

1.2. Motivos da planificação personalizada

- O aluno apresenta diversas dificuldades na escola. Dificuldades de ordem cognitiva, afectiva, social.

- Nas dificuldades de ordem cognitiva podemos apontar a pobreza de vocabulário e consequente dificuldade em

comunicar, dificuldades na leitura, dificuldades na compreensão de um texto, raciocínio lógico matemático

muito deficiente, dificuldades a trabalhar com imagens/esquemas e representações, dificuldades de

memorização.

- Nas dificuldades de ordem afectiva podemos verificar que o aluno revela uma baixa auto estima,

demonstrando uma instabilidade emocional notória; possui um fraco autocontrole e não consegue exprimir os

seus sentimentos de uma forma controlada; tem episódios de angústia que se alternam com episódios de

agressividade e apatia.

- Nas dificuldades de ordem social verificamos que o aluno apresenta uma fraca capacidade para a relação

social, não demonstrando vontade de fazer amigos e não comunicando com a maioria dos seus colegas,

professores e auxiliares de educação.Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PA

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- As situações em que se manifestam as dificuldades do aluno são na sua grande maioria na sala de aula.

Contudo podemos verificar problemas de socialização e de comportamento no recreio ou na cantina durante a

hora do lanche e almoço.

- O menino apresenta quase sempre na sala de aula um baixo interesse nas actividades da aula mesmo

quando estas apresentam um carácter fortemente lúdico.

- Reage agressivamente quando lhe impõem a participação numa actividade.

- Na maioria das situações apresenta um ar triste e apático, parecendo não se dar conta do que acontece na

sala de aula. O seu lugar é próximo de uma janela. O aluno passa a maioria do tempo a olhar para o recreio

como quem olha para o vazio.

1.3. História Educativa / Escolar

- O menino não frequentou o ensino pré- escolar, tendo ficado em casa com a família até à idade de 7 anos.

- Iniciou o 1ª ano do 1º ciclo com 7 anos

- Tendo transitado do 1º para o 2º ano, frequentou o 2º ano com 8 anos.

- Ficou retido no 2º ano, onde se encontra actualmente com 9 anos.

- Segundo informações da família e da actual professora o aluno demonstrou um mau relacionamento com a

professora do 1º ano do 1º ciclo que adoptou uma estratégia de o ignorar . Esta professora abandonou a

escola após ter leccionado este ano lectivo em referência.

- A relação entre o aluno e a professora do 2º ano melhorou ( professora diferente), no entanto, verificaram-se

ainda grandes atritos entre ambos.

- Actualmente encontra-se com uma outra professora, com a qual tem demonstrado dar-se melhor do que com

as anteriores, contudo as dificuldades continuam e apesar do esforço da actual professora o aluno continua a

manifestar uma grande falta de interesse nas actividades e um comportamento perturbador para o ensino na

sala de aula.

- Na família verificamos o desinteresse total pela escolaridade do aluno. Nada é feito no seio da família para o

acompanhar, quer nos assuntos relacionados com a escola, quer em relação aos problemas pessoais que o

menino apresenta. Não podemos falar em prática educativa na família porque o que se verifica é uma total

ausência de atitudes educativas face a esta criança.

- Na escola a prática educativa utilizada vai no sentido de intervir e de motivar o aluno de diversas formas, de ir

fazendo tentativas para lhe despertar o interesse para as actividades. Por vezes, são utilizadas sanções

suaves, situação a que o aluno não está minimamente habituado uma vez que no seio da sua família o

recurso a chamadas de atenção não é utilizado, havendo antes um profundo desprezo por tudo o que a

criança faz ou manifesta.

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1.4. Saúde / Antecedentes familiares

Pais:

- Mãe toxico-dependente durante e depois da gravidez

- Mãe portadora do Vírus HIV II

- Pai Toxico-dependente antes, durante e depois da gravidez

- Pai portador do Vírus HIV I e II

Avós:

- Avó tem deficiência Visual manifestada desde o seu nascimento, tendo-se agravado ao longo dos tempos –

actualmente apresenta um estado de cegueira total

- Avô apresenta um estado de saúde muito debilitado, tendo-se reformado por invalidez há 6 anos. Tem graves

problemas de locomoção devido a um acidente de trabalho.

Aluno:

- Parto por cesariana devido a dilatação insuficiente

- O parto realizou-se 1 semana depois do tempo previsto, tendo sido parto provocado

- O aluno nasceu portador do vírus HIV I e II tendo negativizado aos 12 meses de idade

- Actualmente o aluno é sero-negativo

- O aluno sofreu de problemas respiratórios até à idade de 4/5 anos

- Foi diagnosticado ao aluno uma mononucleose quando tinha 2 anos.

- Aos 7 anos o aluno foi operado à apendicite

- Actualmente tem graves problemas ao nível dos dentes ( na sua maioria cariados)

- O aluno contrai com muita frequência gripes ou constipações, sendo considerado um "hábito" sintomas como

febre baixa, dores de garganta, nariz entupido etc.

1.5. Ambiente Relacional na Família

Núcleo familiar:- Núcleo familiar constituído por pais, avós maternos, 2 tios maternos, uma tia materna, e dois primos.

Avós :- Avô - Reformado por invalidez

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- 68 anos de idade

- Passa a maior parte do tempo fora da sua casa, estando frequentemente num café ao fundo da rua.

- Está em casa normalmente a partir das 9:00 da noite na sala de estar, local que é o quarto dos avós

( utilizando um sofá cama)

- Avó – Doméstica

- 65 anos de idade

- Passa todo o dia em casa,

- Trata da casa e das refeições na medida em que a sua situação de cegueira lhe permite.

- Apenas sai de casa para fazer compras numa mercearia perto da sua residência.

Pais : - Pai – Desempregado,

- 31 anos de idade

- Actualmente frequenta um programa de ocupação no Centro de Atendimento a toxico-dependente( C.A.T.) da

sua área de residência.

- Mora na residência do aluno estando na maior parte do tempo no seu quarto de pequenas dimensões.

- Mãe – Desempregada

- 25 anos de idade

- Actualmente frequenta um programa de ocupação no Centro de Atendimento a toxico-dependente ( C.A.T.)

da sua área de residência.

- Mora na residência do aluno estando na maior parte do tempo no seu quarto de pequenas dimensões.

Tios : - 2 tios maternos : Desempregados

- 32 anos / 27 anos

- Ambos toxico-dependentes

- Passam a manhã no seu quarto a dormir. De noite voltam a estar em casa frequentando apenas o quarto e a

cozinha.

- O quarto dos Tios é também o quarto do aluno e dos seus primos. As camas dos primos e do aluno estão

separadas da zona dos Tios por uma cortina de pano.

- Tia materna : Estudante Universitária

- 20 anos de idade

- Reside num anexo à casa , encontrando-se um pouco à margem do convívio familiar.

Primos : - 14 anos / 16 anos

- Estudantes

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- São filhos do Tio materno mais velho

- Apesar de serem estudantes passam a maior parte do tempo fora da escola e fora de casa, sendo habitual

encontrá-los com um grupo de amigos do bairro.

- À noite partilham a parte do quarto com o aluno.

1.5.1. Algumas notas sobre a relação familiar com a criança:

O familiar com que o aluno mostra uma relação afectiva mais forte é a sua avó materna. Com quem conversa,

sobretudo à hora do jantar. Contudo, esta relação caracteriza-se por muitos altos e baixos, reflectindo mesmo

assim problemas relacionais graves.

O aluno mostra um total desprezo pela vida dos pais, não se relacionando com eles. Mostra alguma raiva em

relação ao seu pai.

Não se verifica qualquer vontade de aproximação dos pais em relação ao seu filho.

O aluno demonstra não se apegar a ninguém, sendo-lhe extremamente difícil expressar os seus sentimentos

no seio familiar.

A criança faz a sua vida dentro da casa, mostrando-se um pouco a´ margem da vida familiar

O aluno reparte o seu quarto com os seus primos, do outro lado do quarto estão os seus Tios.

Passa a maior parte do tempo em casa a dormir no seu quarto, a pintar as paredes (com 'sprays grafitis' ) que

servem de limite à sua cama ou menos habitualmente a ver televisão na sala.

Na maior parte do tempo o menino não está em casa, encontrando-se frequentemente num largo próximo da

sua casa na maioria das vezes frequentado por vizinhos 'marginalizados'.

A actividade que o aluno mais gosta de fazer é andar de bicicleta. ( uma bicicleta velha, grande de mais para o

seu tamanho, emprestada pelo Tio mais novo)

1.6. Percepção das dificuldades da criança

1.6.1. Por parte da criança:- A criança mostra ter consciência das suas dificuldades de linguagem tendo chegado a afirmar que ' sabe que

é um limitado a falar'.

- A criança revela também ter consciência do seu mau relacionamento com a maioria dos seus colegas, embora

tente, na maioria das vezes, encontrar uma explicação que incrimine os seus colegas.

- O aluno demonstra também saber que, regra geral, o seu comportamento não é bom. Demonstrando assim ter

consciência quer do carácter negativo da maioria dos seus actos, quer da diferença existente em relação aos

padrões de comportamento dos meninos da sua idade.

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1.6.2. Por parte da professora:- A professora mostra estar consciente das dificuldades afectivas da criança, estando a par da sua situação

familiar, bem como das preocupações do aluno em relação à família

- A professora manifesta estar consciente das capacidades do aluno. Afirma que os problemas cognitivos do

aluno se devem fundamentalmente à sua situação familiar e à sua situação sócio- económica.

- A professora revela uma evidente preocupação em relação a este aluno, tendo já tentado inúmeras formas de

o cativar para a aprendizagem. Mostra igualmente um grande sentimento de impotência devido às precárias

condições que a própria escola enquanto instituição apresenta. Salienta a falta de materiais, falta de espaços

alternativos à sala de aula e a falta de apoios económicos para projectos mais arrojados.

- 1.6.3. Por parte da família :

- Pais: Parecem não se aperceber dos reais problemas da criança. Usando um discurso muito crítico em

relação à escola e mais concretamente em relação aos professores.

- Avós: O avô materno não está consciente das dificuldades do menino, afirmando não estar nem a par da

sua situação escolar nem a par dos seus interesses. A avó materna está consciente de muitas das

dificuldades do aluno, no entanto manifesta uma postura de 'laissez faire laissez passer', que demonstra um

sentimento de desanimo e impotência em relação à situação da criança. Utiliza um discurso caracterizado por

lamentações sucessivas que incidem principalmente na situação sócio-económica em que vive o aluno.

- Tios: Não manifestam qualquer interesse pelo sobrinho, não sabendo de qualquer dificuldades. Afirmam que

'ele deve fazer o que quiser da sua vida'.

- Tia: Afirma estar a par dos problemas do sobrinho, no entanto diz que não consegue manter uma conversa

estável com nenhum elemento da sua família. O seu desejo é sair daquele bairro e esquecer que ali viveu.

- Sobrinhos: Mostram-se conscientes de algumas dificuldades uma vez que também eles as sofrem na pele.

Contudo, apenas mencionam dificuldades económicas deixando de lado a referência a dificuldades afectivas e

dificuldades de aprendizagem na escola.

1.6.4. A minha percepção das dificuldades da criança:- Entendemos que o aluno apresenta dificuldades de diversas ordens, não esquecendo, contudo, que todas as

dificuldades se interligam formando uma única realidade multifacetada. Existem problemas do domínio

cognitivo, como existem questões do domínio afectivo e no campo sócio-económico. Estes problemas

manifestam-se de diversos modos na sala de aula: há dificuldades de aprendizagem, como há problemas no

relacionamento do aluno com o professor e com os colegas. Esta variedade de problemas pode ser

reconduzida a um outro mais fundamental: o da deficiente estruturação da sua relação afectiva com a família

e, principalmente, com os pais. O conflito na escola é o reflexo do conflito do aluno com o mundo. O que aqui

está, fundamentalmente, em causa, é a sua estruturação enquanto pessoa dotada de valores positivos e

edificantes. A sua dificuldade de aprender é, antes de mais, a sua dificuldade de ser aceite pelos outros de

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forma a aceitar os outros, o que lhe transmitem, seja para aprender, seja para, muito simplesmente, ser um

cidadão, detentor de direitos e deveres.

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2. Análise dos dados :

A família em que o aluno está integrado não segue a estrutura tradicional da família pequena própria dos

grandes aglomerados urbanos e industrializados. Com efeito, convivem sob o mesmo tecto várias pessoas,

ultrapassando o núcleo central que é constituído pelos pais e dois filhos. Com a estrutura familiar que aqui temos,

é também a própria situação envolvente que se torna mais complexa, multiplicando-se as relações e os

problemas. A criança cresce no seio de uma realidade com papéis pouco definidos ou cuja definição está, pela sua

natureza, envolta em contradições que a constituem como realidade dinâmica. No entanto, nem por isso deixamos

de encontrar certos aspectos que são matriciais em relação a outros núcleos familiares. É por essa razão que os

valores e regras que a criança tem que interiorizar a partir da família não são um caso à parte noutras famílias que

conhecemos, nomeadamente, a indiferença, quando não a desvalorização da escola constituem aspectos que a

criança tem em conta quando modeliza o seu comportamento em relação à realidade escolar. A professora que

convive com este aluno tem aqui uma situação que, do ponto de vista sociológico, se revela extremamente rica e

desafiante. Mas também servirá para evidenciar que o professor tem que encontrar na sua formação novas e mais

diversificadas competências que não dependem apenas do domínio cognitivo. Lidar com os problemas do

sucesso/insucesso escolar ultrapassam cada vez mais a sala de aula, para se revelar um problema sócio-cultural,

que deve ser abordado numa perspectiva interdisciplinar.

3. Identificação das Necessidades Educativas Especiais do Aluno:

Após a análise dos dados de Anamnese do aluno verificamos que existem necessidades educativas especiais,

não estando a resultar o programa geral que é aplicado à sua turma. Assim, entendo ser essencial fazer uma

listagem das necessidades específicas deste aluno para que o insucesso escolar não seja a única alternativa

possível para o seu futuro escolar.

É necessário a elaboração de um programa de estímulos mais fortes para este aluno.

Os temas / assuntos escolhidos para as actividades deverão ser pensados em função dos interesses do

aluno.

As actividades também deverão ir ao encontro dos gostos do aluno, tentando desta forma captar-lhe a atenção

para as actividades escolares.

É importante pensar um programa alternativo que conduza o aluno à aprendizagem do respeito por si próprio

e consequentemente pelos outros.

É necessário proporcionar um maior desenvolvimento cognitivo e motivacional:

Em suma, é necessário construir um currículo que resulte de um constante diálogo com o aluno, um caminho

que seja negociado com ele, comprometendo-o na sua elaboração e nos seus resultados. O desenvolvimento

de experiências de aprendizagem deverá contemplar os seus interesses, a sua motivação, as suas

dificuldades e o seu ritmo de aprendizagem. Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PA

Escola Superior de Educação João de Deus

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Page 18: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

- Necessidades na área cognitiva :

- Necessidades de desenvolvimento dos processos implicados na aprendizagem como, por exemplo, o

desenvolvimento preceptivo, da linguagem, conceitos básicos, raciocínio e memória

- Necessidades na área afectiva :

- Adquirir estabilidade emocional, ( relações pessoais, abertas, auto estima, auto controlo)

- Necessidades na área social :

- Adquirir uma maior capacidade de relacionamento com os outros;

- Necessidades de uma motivação diferente que fomente uma atitude positiva face à escola;

- Necessidades de desenvolvimento das capacidades de expressão do aluno;

- Quanto ao método :

- O aluno tem necessidades de um ensino diferenciado e individualizado;

- Necessidade de adopção de um currículo adaptado à realidade individual e social do aluno;

- Necessidade de um professor que funcione mais como um parceiro na aprendizagem do que apenas

como transmissor;

- Necessidade de centros de interesse que integrem um trabalho motivacional;

- Necessidade de pessoas especializadas, inovadoras que aceitam alterações de estruturas educativas já

institucionalizadas;

- Necessidade de realização de trabalhos com turmas/Grupos mais pequenos que possibilite um trabalho

integrado e com melhores resultados.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 19: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

4. Objectivos Gerais a atingir através de um currículo individual para o aluno em questão: ( estes objectivos também são comuns à maioria da turma, embora mais especificamente ao aluno em questão)

1. Comportamentos sociais:

1.1 Ser capaz de escutar

1.2 Ser capaz de iniciar uma conversa

1.3 Ser capaz de agradecer

1.4 Ser capaz de cumprimentar

1.5 Ser capaz de fazer uma pergunta

1.6 Ser capaz de pedir ajuda

1.7 Ser capaz de participar

1.8 Ser capaz de dar instruções

1.9 Ser capaz de convencer os outros

1.10 Ser capaz de pedir desculpas

1.11 Se capaz de reconhecer o erro

2. Conhecimento dos seus sentimentos

1.1. Ser capaz de conhecer os seus sentimentos

1.2. Ser capaz de expressar os seus sentimentos

1.3. Ser capaz de controlar o medo

1.4. Ser capaz de expressar afecto

2. Comportamentos alternativos à agressão

2.1. Ser capaz de aceitar o desagrado dos outros

2.2. Ser capaz de convencer os outros

2.3. Ser capaz de partilhar coisas

2.4. Ser capaz de ajudar os outros

2.5. Ser capaz de iniciar um processo de auto- controlo

2.6. Ser capaz de aceitar uma brincadeira

2.7. Ser capaz de evitar problemas e discussões

2.8. Ser capaz de defender pacificamente os seus direitos

3. Comportamentos para controlo de revolta/raiva

3.1. Ser capaz de controlar a vergonha

3.2. Ser capaz de apresentar uma queixaFilipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PA

Escola Superior de Educação João de Deus

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Page 20: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

3.3. Ser capaz de resolver questões contraditórias

3.4. Ser capaz de contornar a situação quando é posto de parte

3.5. Ser capaz de responder controladamente a uma acusação

3.6. Ser capaz de fazer frente a pressões de um grupo

3.7. Ser capaz de discernir sobre as causas de um problema

4. Comportamentos em relação a expectativas futuras

4.1. Ser capaz de tomar decisões

4.2. Ser capaz de saber quais as suas capacidades

4.3. Ser capaz de se concentrar numa tarefa

4.4. Ser capaz de definir objectivos

4.5. Ser capaz de recolher informações

4.6. Ser capaz de resolver problemas segundo a sua importância

5. Corrigir défices cognitivos

6.1. Enriquecer o vocabulário para melhor se exprimir

6.2. Elevar o nível de motivação intrínseca

6.3. Desenvolver a aprendizagem ( insight ) para a compreensão do processo mental

6.4. Desenvolver a percepção analítica : discriminação de pormenores e reconstrução de figuras divididas em

partes

6.5. Desenvolver a compreensão do processo comparativo

6.6. Desenvolver o raciocínio lógico e operações formais

6.7. Organizar dados a partir de categorias

6.8. Desenvolver as relações temporais : percepção, estruturação, e ordenação temporal

6.9. Estabelecer novas relações a partir das já existentes

6.10. Desenvolver a representação mental de um desenho ou esboço de um modelo

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 21: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

5. Quatro Objectivos escolhidos para o trabalho:

1. Ser capaz de participar

2. Ser capaz de iniciar um processo de auto controlo

3. Ser capaz de expressar os seus sentimentos

4. Enriquecer o vocabulário do aluno para melhor se exprimir

Para cada um destes quatro objectivos poderemos enunciar alguns sub objectivos que se relacionam com

cada um deles:

1. Se capaz de participar

1.1 Ser capaz de pôr o dedo no ar cada vez que sinta problemas em participar numa tarefa

1.2 Ser capaz de tentar identificar o porquê desse problema

2. Se capaz de iniciar um processo de autocontrole

2.1. Ser capaz de contar até 10 retardando ou eliminando uma resposta agressiva

2.2. Ser capaz de escrever numa folha de cor diferente o motivo da sua inquietação

2.3. Ser capaz de partilhar com a professora os motivos registados nessa folha

2.4. Ser capaz de através deste processo controlar a sua vontade agressiva

3. Enriquecer o vocabulário do aluno para melhor se exprimir

4.1. Ser capaz de pedir ajuda ao professor sempre que surja vocabulário desconhecido

4.2. Ser capaz de iniciar um dicionário pessoal com a ajuda do professor

4.3. Ser capaz de aplicar as novas palavras em contextos diferentes

4.4. Ser capaz de trabalhar com os novos vocábulos oralmente e na escrita

4. Ser capaz de expressar os seus sentimentos

4.1 Ser capaz de identificar os seus sentimentos

4.2 Ser capaz de partilhar os seus sentimentos com a professora

4.3 Ser capaz de manifestar os seus sentimentos com alguns colegas

4.4 Ser capaz de falar dos seus sentimentos para a turma em geral

6 . Plano Educativo Individual – algumas considerações introdutórias

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 22: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

1. Referimos já quais os quatro objectivos que nos propomos trabalhar utilizando diversas estratégias de

motivação que adiante descreveremos. Contudo parece-nos importante referir que nas actividades que

propomos estão também integrados alguns objectivos que constituem a listagem geral das necessidades

específicas deste aluno uma vez que eles se interligam, tornando difícil e, quanto a nós contraproducente,

a divisão em compartimentos estanques de apenas 4 objectivos.

2. Estes quatro objectivos que nos propomos trabalhar estão também incluídos nos objectivos gerais da

turma. Contudo, para este aluno, especificamente, julgamos necessário criar sub- objectivos (acima

enunciados), numa lógica ' step by step ', para que a criança a que se destina este plano educativo possa

superar as suas dificuldades. Identificando mais claramente os progressos que vai realizando, podendo

desta forma acompanhar os seus colegas num plano de igualdade, uma vez que desta forma se tenta

colmatar as desvantagens que possam advir da sua diferença.

3. Na estratégia adoptada por nós, pensamos que se devem mitigar dois tipos de modelos usualmente

adoptados para situações como a que apresenta este aluno. Pensamos ser benéfico usarmos alguns

métodos de trabalho propostos por programas cujo objectivo base se centre em permitir ao aluno a

aquisição de normas comportamentais baseadas nas relações interpessoais; bem como aproveitar

propostas que nos são sugeridas em programas cujo objectivo central seja permitir ao aluno um

desenvolvimento das suas capacidades de aprendizagem. Vários autores realçam que estes dois tipos de

modelos podem ser usados para o tratamento de défices já existentes e também para prevenir outros que

se poderiam vir a criar.

4. Para a situação deste aluno, pensamos ser importante englobar no programa o desenvolvimento de

aspectos afectivo/emocionais e comportamentais, bem como o desenvolvimento de aspectos cognitivos.

Contudo, iremos dar mais ênfase à componente de trabalho dos aspectos emocionais e comportamentais,

uma vez que nos parece ser essa a origem da manifestação de problemas cognitivos neste aluno. Será

com base na sua reconciliação com a escola e com os colegas que se poderão alcançar progressos no

campo da aprendizagem.

5. Iremos também dar relevância a situações que permitam trabalhar numa lógica skinneriana , pondo em

prática, sempre que necessário, a teoria do condicionamento operante. Poderemos, assim , provocar a

resposta adequada com um estímulo reforçado. Se o comportamento de um operante é seguido de um

reforço, a frequência desse comportamento tende a aumentar. Desta forma poderíamos aplicar um

estímulo positivo seguindo-se de imediato uma resposta ( reforço positivo). O inverso acontece se

utilizarmos o reforço negativo. No entanto pensamos neste caso concreto, ser mais benéfica a utilização

de reforços positivos, apenas utilizando reforços negativos se se verificar absolutamente indispensável.

6. Outro aspecto importante a realçar prende-se com o caracter progressivo da aprendizagem. Assim,

julgamos ser um aspecto basilar que o programa se desenrole por etapas, utilizando entre cada etapa

processos de 'step by step', permitindo assim ao aluno uma evolução suave na sua aprendizagem e

assegurando ao professor a possibilidade de passarmos para outro patamar quando o aluno já domina o Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PA

Escola Superior de Educação João de Deus

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Page 23: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

anterior. A sequencialização minuciosa de um processo facilita a sua avaliação e, portanto, a sua

monitorização.

7. Os interesses já existentes no aluno devem ser um elemento que servirá de base para iniciarmos um

trabalho motivacional. É de extrema importância que os temas trabalhados pelo aluno sejam do seu

interesse. No caso deste aluno em particular, tivemos já acesso (através dos dados de Anamnese ) às

actividades que mais cativam este aluno ( Graffitis, andar de bicicleta, ver televisão, passear, música rap

etc.). Assim o professor deverá ter em conta os interesses do aluno propondo actividades onde a criança

possa participar aliando a aprendizagem aos seus focos de interesse e aprendizagem da escola paralela.

Só assim pensamos ser possível motivar os alunos para as actividades da sala de aula, fazendo da escola

um local de prazer onde o aluno é visto como elemento central do processo ensino/aprendizagem, ao

contrário do que acontecia na ' Escola Tradicional', onde o elemento central era o professor que num

discurso unidireccional castrava o espírito participativo e curioso das crianças.

8. A utilização do Jogo em programas deste tipo são essenciais para desenvolver diversas capacidades de

relações interpessoais. Com o jogo desenvolvemos não só as capacidades individuais do aluno como

também se desenvolve as relações entre o aluno/colegas, aluno/professor, aluno/grupo. O Jogo surge

assim como uma peça fundamental para a motivação da atenção na sala de aula, do mesmo modo que

proporciona prazer na aprendizagem. Através de alguns jogos podemos também integrar a participação

da família, na ajuda para os preparativos de jogos/projecto. A mobilização da família no desenvolvimento

do processo é fundamental para que, fora do ambiente da sala de aula, se crie e mantenha um clima e

uma atitude favoráveis à escola e à aprendizagem.

9. A Expressão dramática e os 'jogos role playing' aparecem também como elementos a utilizar neste

programa, permitindo abordar temáticas que se relacionem com os sentimentos, tomadas de decisão,

permitindo a expressão do que sentimos e o debate sobre temáticas variadas. É também possível através

deste tipo de expressão criar conflitos a serem solucionados pelos meninos na sala de aula, ajudando-os

assim a assumirem diversas perspectivas sobre o mesmo conflito ou temática. Compreendendo a posição

do outro e facilitando a tomada de atitudes de tolerância em relação ao grupo.

10. É de estrema importância o trabalho de grupo. Assim a participação dos colegas nas actividades deve ser

tida em conta como uma ajuda fundamental para o desenvolvimento das capacidades deste aluno,

nomeadamente as suas competências relacionais. Pensamos , no entanto, que num primeiro momento do

trabalho seria benéfico separar a turma em dois grupos integrando o aluno num desses grupos para que

seja mais fácil controlar as reacções de uns e outros na sala de aula.

11. As tarefas na sala de aula prosseguirão a par do programa alternativo do aluno. O aluno poderá continuar

a participar em algumas actividades que o professor e o aluno tenham combinado. O aluno sentir-se-á

mais motivado para realizar as actividades na sala de aula com os seus colegas, uma vez que tem como

contrapartida a participação em actividades que são do seu interesse pessoal e desenvolveu com o

professor uma cumplicidade que se alicerça numa relação de confiança professor/aluno. A confiança deve

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 24: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

ser um elemento sempre presente numa relação entre o professor e o aluno. O professor deve apenas

prometer aquilo que pode cumprir e vice versa.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 25: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

7 . Plano Educativo Individual – Planificação do programa

Duração:

Este plano educativo individual está construído para ser levado a cabo ao longo de um ano lectivo.

No entanto, não poderemos esquecer que a alteração de comportamentos já intrinsecamente

desenvolvidos no aluno, demoram bem mais que um ano lectivo a modificar. Assim, este projecto deve ser

continuado, ao longo dos anos lectivos do ensino básico até ao 4º ano, pelo menos.

Todos os agentes devem estar informados da duração deste plano: pais, familiares, aluno, professores,

auxiliares de educação, técnicos especializados devem estar conscientes que as modificações

pretendidas na atitude do aluno bem como os resultados positivos no desempenho escolar, só se

conseguem com um trabalho contínuo e prolongado. São necessários pelo menos 3 anos para que se

consigam atingir todos os objectivos de um programa que vise um aluno com dificuldades

comportamentais e cognitivas com origem em perturbações emocionais.

Informação:

Para que o plano possa ser posto em acção é necessário tentar uma aproximação com a família no

sentido de a informar sobre o projecto e de a motivar para a ajuda ao aluno. A família deverá estar a par

das actividades podendo colaborar de diversas formas, nomeadamente autorizando visitas de estudo,

ajudando o aluno na recolha de material pedido para procurar em casa etc.

É necessário também, informar todos os agentes escolares desde os auxiliares de educação à direcção

da escola, para que se conjuguem esforços no sentido de transformar a escola num ambiente aprazível

para o aluno estando todas as pessoas alertadas para os problemas específicos da criança.

Alterações na sala de aula

A sala deverá ter uma disposição diferente para que os trabalhos de grupo, os jogos, as dramatizações,

bem como os trabalhos individuais se possam realizar sem estar permanentemente a alterar a disposição

da sala consoante a actividade. Tentaremos assim criar uma disposição da sala que aumente o espaço

livre para a realização de jogos corporais e dramatizações.

Neste sentido, propomos a divisão da sala em dois grupos, ambos com as carteiras com uma disposição

em U que facilite a comunicação entre os colegas e ao mesmo tempo o acompanhamento individualizado

por parte do professor.

Em cada Grupo distribuído pelas mesas em U definimos uma área em que se encontrem alunos que

estejam a fazer trabalhos diferentes, tentando agrupá-los segundo a etapa de trabalho em que se

encontram. Contudo isto, não quer dizer que os restantes alunos sejam colocados à parte. Estes alunos

continuam inseridos nos grupos maiores em U e estarão em contacto facilitado com todos os colegas.

Este grupo de alunos que estejam a desempenhar tarefas num patamar mais atrasado que outros ficaram

na linha mais pequena do U ( linhas rosa na imagem), facilitando assim o controlo por parte do professor.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 26: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

Na sala é necessário haver também uma zona específica para a leitura (ver imagem abaixo), onde se

realizarão as actividades da 'Hora do Conto'. Nesta zona estarão dispostas em círculo almofadas que

criem um ambiente descontraído e mais intimista, onde os alunos poderão sentar-se no chão e assumir as

posições que lhes sejam mais confortáveis para escutar uma história e participar nas leituras criativas que

lhes vão sendo propostas diariamente.

Grupo 1 Grupo 2 Zona para leitura

- Imagem 1

Recursos Humanos específicos necessários

Para a realização deste plano será necessária a colaboração de diversos agentes educativos :

a intervenção da professora será indispensável sendo esta considerada como um elo de ligação entre o aluno

e o meio educativo em que o aluno terá de participar. O professor assume aqui um papel de

amigo/companheiro que, numa relação de confiança mutua, ajudará o aluno a conseguir alcançar os seus

objectivos.

A Direcção da Escola poderá intervir facilitando a realização de diversas actividades e assumindo uma postura

inovadora na escola, possibilitando assim que haja uma dinâmica educativa na escola em vez de práticas

antiquadas e desajustadas em relação aos alunos.

Os auxiliares de educação são também agentes importantes neste programa, ajudando nas actividades

propostas, agindo de uma forma aberta perante novas actividades na escola, que apesar de positivas e

inovadoras vão contudo aumentar o trabalho dos auxiliares educativos. É importante consciencializar todos

os auxiliares desde empregados de limpeza a seguranças da escola de que o seu trabalho é fundamental

para a educação das crianças com quem convivem diariamente. Cada um contribui para uma totalidade que

é a aprendizagem do aluno.

Técnicos especializados serão também chamados a este programa, uma vez que o aluno em questão

apresenta problemas de caracter emocional que ultrapassam as capacidades e atribuições profissionais da

professora. Assim, a presença de um psicólogo que acompanhe esta criança, parece-nos ser necessária pelo

menos uma vez por semana durante os primeiros tempos, sendo posteriormente estipulada a frequência das

sessões com o psicólogo pelo mesmo.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 27: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

Materiais Específicos Necessários

Para a elaboração deste projecto serão necessários materiais específicos para a realização das actividades

propostas.

Lápis e caneta

Folhas de papel

Fotocópias

Caderno para elaboração de um dicionário pessoal

Tintas e pincéis

Canetas e lápis coloridos

Tintas Sprays Graffitis

Painel em madeira para pintar Graffitis ou parede da escola (se possível)

Diversas Folhas A3 para Pintar ( Expressão plástica)

Plasticina

Adereços variados para dramatizações (roupas velhas, trapos, panos)

Cordas, bolas

Material para jogos ( geralmente podem-se encontrar em casa) latas e Caricas, frascos etc.

Cestos ou sacos de plástico para transportar materiais variados

Bicicletas para um passeio à mata.

Poderão ser necessários mais materiais que possam surgir de modificações ou ajustes do plano educativo

especial durante a sua aplicação.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 28: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

8 Plano Educativo Individual – Etapas

A divisão deste plano em etapas não significa que elas não se interliguem. Verificamos que nalgumas delas o factor

tempo é essencial, contudo as actividades propostas na 1ª etapa poderão continuar a acontecer nas 2ª e 3ª etapas, bem

como as actividades propostas na 3ª etapa poderão e deverão ser intercaladas nas actividades da sala de aula durante

a segunda etapa.

Dividimos este plano desta forma, uma vez que podemos acompanhar com esta divisão a forma como deverão ser

introduzidas e postas em prática as regras de conduta combinadas entre aluno e professor.

I - 1ª Etapa

1. Informação e exemplificação, pelo professor, das respostas adequadas e troca de ideias sobre o

programa aplicado

a) Sugerimos nesta primeira etapa a prática de sessões fora do horário escolar ( poderá ser na hora após

a saída dos alunos, no caso concreto às 16:00h)

b) Estas sessões poderão ter a regularidade que se verifique necessária ao longo do processo.

c) Nas primeiras duas semanas estas sessões terão uma regularidade de aproximadamente 3 vezes por

semana, podendo aumentar o número de sessões se verificarmos necessário.

d) A duração destas sessões deverá ser aproximadamente 40 minutos nas primeiras 2 semanas,

aumentando o duração nas semanas seguintes se se verificar necessário e benéfico para o aluno.

e) Estas sessões iniciais serão realizadas apenas entre o professor e o aluno

f) As primeiras sessões deverão ter a forma de conversas informais sobre os interesses do aluno, quais

as suas ideias sobre a escola, quais os seus problemas e preocupações, quais os seus sonhos etc.

g) O aluno terá assim um espaço onde poderá ser ouvido, e onde terá a oportunidade de criar laços de

confiança e cumplicidade com o professor. Este, aumentará o seu conhecimento acerca do aluno em

causa.

h) O professor poderá avaliar os interesses do aluno e adequar assim as actividades ao aluno bem como

aceitar sugestões que este possa ter indicado

2. Estabelecimento de regras para trabalho dentro da sala de aula

a) A partir da 2ª semana de sessões/conversas com o aluno, o professor poderá ir introduzindo na sessão

alguns das dificuldades que verifica que existirem no aluno. Trocarão ideias sobre as pistas lançadas

pelo professor e o aluno terá a oportunidade de manifestar a sua a opinião.

b) O professor focará nesta fase da primeira etapa os quatro objectivos que pretende trabalhar com o

aluno, tentando esclarecer o menino sobre as vantagens que advêm deste trabalho.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 29: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

c) Serão discutidas e trabalhadas cada situação que o aluno exponha em que consiga encontrar

dificuldades em participar, auto controlar-se, expressar os seus sentimentos e falta de vocabulário.

d) No que diz respeito à participação, o professor deverá dizer ao menino que devemos tentar ter

objectivos mais imediatos e determinados e não tentar resolver tudo de uma vez. Deste modo

introduzirá o debate sobre regras , que se tornaram 'pontos de honra' entre professor/aluno.

e) Apenas quando o aluno se mostrar motivado e decidido a aceitar as regras é que poderemos passar

para a fase seguinte

f) Poderão surgir regras como:

- ser capaz de pôr o dedo no ar cada vez que se sinta desmotivado

- Ser capaz de contar até 10 em vez de partir para um comportamento agressivo

- Ser capaz de descrever por escrito, numa folha de cor, alguns sentimentos que lhe ocorram após ter

contado até 10 – ( com a folha de cor (por exemplo verde) o aluno estará a comunicar ao professor que se

encontra num momento difícil, pedindo desta forma ajuda de uma forma discreta sem que os colegas se

apercebam.)

- Ser capaz de pedir ajuda ao professor cada vez que surja um vocábulo desconhecido. Para este fim o

aluno poderá ter consigo um caderno devidamente reconhecido pelo professor e pelo aluno e cada vez que

acontecer uma nova palavra o aluno poderá abrir o caderno e fazer uma cruz. Desta forma o professor saberá

que o aluno necessita do auxílio do professor.

g) Com a utilização destas regras / código não só aumentamos o sentimento de cumplicidade entre o

aluno e o professor, como também possibilitamos uma mudança visível no comportamento do aluno na

sala de aula, criando assim um ambiente propício ao exercício de actividades na sala de aula .

h) Ainda nesta fase poderemos realizar alguns pequenos trabalhos com o aluno, nomeadamente desenhos

conjuntos; escrita do que sentimos nesse preciso momento com a ajuda do professor.

i) Penso ser importante que também o professor partilhe alguma da sua experiência com o aluno, bem

como desenvolva estas pequenas actividades com ele, para que a confiança da criança com o adulto

professor comece a ganhar a força necessária para que o plano possa continuar.

II – 2ª Etapa

1. Ensaio de condutas – Reprodução e prática das regras estabelecidas e respostas adequadas

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 30: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

a) Nesta segunda etapa o aluno estará já em condições de ' ensaiar condutas' ou seja numa fase onde aluno

terá a oportunidade de pôr em prática as condutas reflectidas com o professor na primeira fase, bem como

mostrar saber utilizar as regras combinadas previamente com o professor.

b) Durante as aulas que se seguem pensamos ser importante ter já a divisão da sala nos dois Grupos

dispostos em U na sala de aula.

c) O aluno será inserido num dos grupos tendo já sido estudado quais os alunos que melhor se adaptam ao

perfil do aluno em questão.

d) Nesta fase o professor poderá fazer uma avaliação efectiva das regras combinadas previamente e saber de

uma forma mais concreta se elas são efectivamente benéficas para o trabalho na sala de aula e se o aluno

se adapta a elas.

e) Caso se verifiquem algumas deficiências poder-se-á numa sessão com o aluno, reflectir sobre os porquês

dessa regra não estar a ser cumprida e, se verificar necessário, altera-las até conseguir encontrar as regras

que se adequem. Se as regras iniciais funcionarem não serão necessárias alterações, sendo apenas

necessário melhorá-las com a prática.

f) Nesta fase do trabalho serão propostos ao aluno diversos trabalhos, podendo este escolher quais deseja

realizar ou não. No caso de não querer realizar algum trabalho o aluno terá alternativas dadas pelo

professor na área da expressão plástica ou leitura lúdica, que se adeque aos interesses do aluno.

g) Neste momento poderá ser iniciado com o aluno um trabalho de enriquecimento do seu vocabulário,

nomeadamente com a proposta de elaboração de um dicionário pessoal que já havia sido abordado nas

sessões iniciais.(descrição desta proposta de trabalho mais adiante v. actividades)

h) Intensificando-se o trabalho na sala de aula, o professor poderá ir ajudando este aluno mais de perto

respondendo aos pedidos de ajuda feitos pelo aluno através das regras/código estabelecidas.

2. Propostas de trabalho irrecusáveis!

a) Numa segunda fase da 2ª etapa o aluno terá presente que deve participar nas actividades propostas não

lhe sendo já dada a oportunidade de recusa.

b) Serão propostos ao aluno diversas actividades que previamente o professor sabe que o aluno deseja fazer.

Actividades inovadoras, pouco habituais e que vão de encontro aos interesses do aluno

c) O aluno saberá ( combinado em sessão anterior) que para poder participar nas actividades que deseja e

anseia, terá de cumprir as regras e terá também de participar nos trabalhos propostos.

d) Nesta fase são feitas inúmeras propostas de trabalhos com uma componente lúdica muito forte. Inúmeras

técnicas serão utilizadas, como é o caso de jogos, expressão dramática, expressão plástica realizados de

uma forma inovadora para a sala de aula.

III – 3ª Etapa

1. Modelação de condutas

a) Nesta fase o aluno estará apto a trabalhar com actividades mais concretas dentro de um grupo.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 31: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

b) É nesta fase que se aperfeiçoam as condutas do aluno através de diversas actividades de role playing,

jogos de confiança mais elaborados etc.(adiante mais desenvolvidos)

c) Neste momento o aluno poderá não só aperfeiçoar as respostas adequadas podendo experimentar-se em

situações imaginárias, como poderá também continuar a praticar e aperfeiçoar as regras combinadas com o

professor

d) As regras inicialmente estabelecidas pelo aluno/professor poderão nesta fase ser substituídas por formas

menos discretas podendo já o aluno experimentar pedir ajuda ao professor de uma forma mais aberta na

sala de aula.

e) Esta fase garante já ao aluno uma confiança e cumplicidade trabalhada ao longo do tempo com o professor,

assim o aluno poderá começar atentar alargar esta confiança aos seus colegas de turma, com quem

começa já a ganhar empatia, afectividade e confiança.

2. Manutenção e Generalização

a) Neste momento serão integradas actividades onde o aluno poderá demonstrar a prática das ' novas'

condutas noutras situações.

b) Poderão continuar a haver sessões fora do horário escolar se se verificar necessário. Estas sessões

funcionarão, neste momento, como um local especialmente estabelecido onde o aluno terá oportunidade de

expor os seus problemas e de manifestar a um amigo ( professor) os seus desejos, preocupações etc.

c) A prática das condutas do aluno serão alargadas a situações , como a família, falar na secretaria com um

funcionário, expor os seus pontos de vista num conflito fora da sala de aula( por exemplo durante o recreio)

etc.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 32: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

9 Plano Educativo Individual – Propostas de Actividades

Apresentaremos de seguida algumas propostas de trabalho para serem integradas nas diversas etapas

deste plano Educativo especial. Pensamos que quer o aluno em questão, quer o resto da turma poderão

beneficiar em muito com as actividades propostas. Estas actividades/projecto não deverão ser vistas como

ocupação de tempos livres ou apenas como actividades de excepção, mas sim, devem ser tidas em conta

como parte integrante do processo de ensino/aprendizagem e numa perspectiva de auxílio aos alunos na

motivação para aprender.

Estas actividades/Projecto deverão estar sempre a correr a par das aulas em que se vai alternando entre

a preparação da actividade final, e actividades de papel e caneta recorrendo à utilização do quadro, slides

e acetatos que estimulem a participação dos alunos.

É nossa intenção, apresentar apenas algumas propostas de actividades de caracter variado, a título de

exemplo, podendo estas ser adaptadas, realizadas com novos temas, uma vez que neste trabalho não

haveria tempo para a apresentação de uma planificação detalhada de actividades para o não lectivo.

Ficam assim algumas sugestões para reflexão .

Graffitis na Escola

Pensámos como actividade inicial promover uma acção de Graffitis na escola, uma vez ser esse o maior

interesse do aluno. Assim pensamos ser possível cativar o aluno para as actividades na escola, bem como

possibilitar ao aluno uma melhor integração na sua turma.

Esta actividade/projecto poderá ser iniciada numa 2ª feira para ser posta em prática na 4ª feira da semana

seguinte. Desta forma podemos realizar diversas actividades sob o tema Graffitis até à realização da

sessão de pintura propriamente dita.

a) Primeiramente teríamos de saber se é ou não possível fazer os Graffitis numa parede da escola.

Nomeadamente uma parede que se encontra um pouco degradada no recinto do recreio da escola.

b) Para conseguirmos essa autorização, a professora teria de se dirigir à direcção da escola fazendo essa

proposta.

c) Caso não fosse dada a autorização poderíamos arranjar um placar de madeira pintada da branco que

serviria como alternativa à parede.

d) O passo seguinte seria pedir aos alunos que pudessem trazer para a escola uma ata de spray graffiti,

casa um com cores diferentes; plásticos para protecção do chão ou ainda panos e batas ou roupas

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 33: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

velhas.. Deste modo também as famílias serão chamadas a ajudar neste projecto promovendo assim o

contacto entre aluno e familiares.

e) Poderíamos propor também à turma que elaborássemos cartazes de pedido de auxílio a professores e

funcionários da escola. Desta forma na sala de aula os alunos teriam a possibilidade de aprender a

escrever anúncios de actividades de uma forma mais cativante.

f) Outra actividade consistiria na elaboração de cartas para empresas de tintas/Sprays , com um pedido de

ajuda para a actividade. Construímos , assim ,uma ponte com a sociedade civil e a escola, para além de

se estimular a aprendizagem da escrita de cartas formais, com um fim de utilidade que os alunos podem

experimentar na realidade.

g) A professora promoverá um debate com os alunos para a escolha dos temas para a realização da

pintura. O muro 'graffitado' poderá abranger várias temáticas. O professor poderá propor temas ligados

às emoções, à expressão dos sentimentos etc. Os alunos deverão também sugerir temas, que podem

ser debatidos e discutidos na sala de aula.

h) Durante os dias de preparação da actividade os alunos dispõem de uma hora por dia para poderem

elaborar o esboço do que irão 'graffitar' na parede/painel.

i) A professora deverá propor ao aluno em questão que tente explicar aos seus colegas o que são os

Graffitis, quais as técnicas para melhor pintar etc., Uma vez que este aluno está a par das técnicas e

novidades sobre Graffitis. Desta forma o aluno sente que depositam nele confiança , tendo sido ele o

eleito para falar à turma. Nesta actividade a professora deverá acompanhar de perto o aluno ajudando-o,

fazendo-lhe perguntas, ajudando o aluno a responder às perguntas dos colegas etc.

j) O aluno deve ter sempre presente , que terá de respeitar as regras inicialmente combinadas entre ele e a

professora, para que a sessão de Graffitis se realize. Esta consciência ajudará o aluno a sentir-se

motivado para o cumprimento das regras, durante outras actividades.

k) De actividade em actividade vai-se aproximando o dia da Pintura. Este dia saberá a uma boa

recompensa do 'árduo' trabalho durante os dias de preparação.

l) Como actividade final deste projecto temos a limpeza do espaço. Esta actividade poderá estar a cargo

dos alunos , tendo sido repartidas previamente as tarefas que cabem a cada um.

m) Para finalizar esta proposta, deverá ser realizada uma conversa na sala de aula, onde cada aluno poderá

ter a oportunidade de falar sobre esta experiência e partilhar a sua opinião com os colegas. Este debate

quanto a nós deverá ser sempre feito no final de cada actividade projecto.

Dramatizar as nossas Palavras

O exercício de Dramatizações iniciadas por palavras dadas, desenvolve não só o espírito criativo como

também ajuda à aquisição de novo vocabulário e ao desenvolvimento da expressão do aluno.

Neste tipo de actividades o aluno terá a possibilidade de trabalhar os 4 objectivos propostos, uma vez que

poderá desenvolver a sua capacidade participativa, poderá ter que utilizar processos de auto controlo uma

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 34: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

vez que o trabalho em grupo por vezes traz a necessidade de resolução de conflitos de ideias , poderá

também através de actividades de expressão dramática expressar os seus sentimentos podendo fazê-lo

de formas variadas e novas para ela, por último o vocabulário do aluno será enriquecido quer pelas

palavras propostas pela professora quer pelas propostas pelos alunos .O aluno terá também de aplicar

este novo vocabulário a situações concretas imaginárias o que desenvolve a sua capacidade de aplicação

do novo vocabulário a situações diferentes.

a) Esta actividade inicia-se com a professora a propor à turma que escrevem palavras sobre temas dados

previamente pela professora. Cada aluno escreverá uma palavra num cartão dado pela professora.

b) Os cartões serão dobrados a meio e depositados num cesto.

c) A turma será dividida em 4 Grupos. Cada aluno irá à vez buscar uma palavra e trazê-la para o seu grupo.

d) Além das palavras seleccionadas a professora dará uma palavra escolhida pela professora a cada grupo.

e) Após estarem todas as palavras seleccionadas, cada grupo vai dizer em voz alta quais as palavras que

lhes couberam.

f) A professora escreverá no quadro as palavras divididas pelos 4 Grupos

g) Nesta fase os alunos terão a oportunidade de fazer perguntas sobre as palavras, ou dizer o que pensam

sobre cada uma dela.

h) Após este debate sobre as palavras, será pedido a cada grupo que elabore uma história com as palavras

do grupo.

i) Para este fim podemos promover uma sub actividade que consiste em dispor os alunos numa roda , cada

um com um conjunto de palavras. Escolhe-se o aluno que inicia a história em cada Grupo e

posteriormente o aluno na sua vez terão de ir introduzindo as suas palavras e continuando a história

começada pelo aluno anterior.

j) Desta forma vão surgindo 4 histórias diferentes não turma. A professora deve ir acompanhando os 4

grupos.

k) Quando a história tiver terminado os alunos contaram oralmente a história em termos gerais aos restantes

colegas

l) Numa sessão seguinte a professora irá propor aos alunos que escrevam a história, podendo os meninos ,

nesta fase, alterar as partes da história que pensem ser necessário ou melhora-la.

m) A professora ajudará os grupos a encontrar diálogos que auxiliem a mostrar o caracter dos personagens

e ao desenrolar da história.

n) Depois de termos alicerçado o guião a professora irá propor uma dramatização de cada história.

o) Para a dramatização serão necessários adereços. Assim os meninos deverão procurar nas suas casa

roupas velhas, papeis antigos, panos, latas etc.

p) Outra actividade será a elaboração de um cenário. Assim com quatro papeis cenário previamente

cortados, os meninos poderão em conjunto fazer a pintura do pano de fundo da sua dramatização.

q) Após alguns ensaios, e depois de verificados todos os preparativos cada grupo estará em condições de

mostrar a sua 'peça' aos restantes colegas.

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Page 35: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

r) Seguem-se 4 dias em que em cada dia será apresentado um grupo, havendo depois de cada

representação( com a ajuda da professora, que poderá por exemplo fazer de narrador) várias actividades

sobre a dramatização apresentada.

s) Poderemos promover debates sobre a temática da dramatização, realizar desenhos ou trabalhos em

Plasticina etc., sobre a peça, construir textos imaginando finais daquela peça diferentes.

t) Mais uma vez no final esta actividade deveremos perguntar aos meninos o que sentiram, se gostaram ou

não, quais as histórias que mais gostaram etc.

A Hora do Conto

A nosso ver, a hora do conto é um momento fundamental para o aluno. Pensamos ser extremamente

benéfico o incentivo à leitura e a escutar contos e histórias para crianças cuja realidade nunca permitiu o

contacto com actividades desta ordem.

Esta deverá ser uma actividade diária, dando todos os dias espaço para o desenvolvimento dos alunos

como futuros leitores.

Este tipo de leituras deverão ser leituras animadas que possibilitem a participação dos alunos. Assim a

professora poderá convidar actores, animadores culturais ou contadores de história para realizarem com

os meninos esta tarefa. O professor poderá também realiza-la se se sentir com capacidades para tal. É

sempre importante lembrar que uma má leitura nestas condições pode ter efeitos perversos donde o

pedido de ajuda a profissionais é sempre de salutar.

a) O professor deverá ter previamente convidado alguém que desempenhará as funções de contador de

histórias.

b) A zona de leitura na sala de aula deverá estar preparada para o conto do dia. Poderão ser os alunos a

preparar o espaço conforme o tema da história ou conforme a actividade que terão de desempenhar.

c) Os temas das histórias deverão ser escolhidos previamente, bem como os autores e os livros que irão

ser trabalhados. Os temas, autores e obras deverão estar ajustados à maturidade dos meninos.

d) Após a leitura criativa poder-se-á criar um debate sobre a história, perguntas e intercâmbios com o

convidado, bem como jogos variados sobre o tema abordado.

e) O professor deverá também ouvir algumas propostas de leitura por parte dos alunos.

f) A biblioteca da sala deverá ser um espaço onde os alunos poderão requisitar livros e leva-los para casa.

g) Sugerimos também que quando se verifique possível se possa dar essa incumbência ao aluno em

questão como forma de manifestar confiança no aluno e incutir-lhe a responsabilidade de bibliotecário

da turma. No entanto lembramos que esta tarefa deve ser rotativa.

Dicionário Pessoal

A elaboração de um dicionário pessoal é quanto a nós de extrema utilidade para o aluno. Ao fazer ele

próprio o seu dicionário cria-se uma relação de proximidade muito pessoal com as suas novas palavras.

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Page 36: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

a) A professora deverá propor ao aluno a elaboração de um dicionário pessoal. Para isso a professora

poderá facultar ao aluno um 'caderninho' ao aluno.

b) O aluno poderá decorar este caderno da forma como entender, devendo escrever na capa ' dicionário

pessoal'. No caso do nosso aluno poderá ser recortes de Graffitis!

c) À medida que vão surgindo palavras desconhecidas do aluno este deverá leantar o seu caderno para

chamar a professora e lhe pedir esclarecimentos sobre a nova palavra.

d) Para cada palavra nova a professora poderá propor ao aluno que encontre uma imagem que possa

ilustrar esta nova palavras.

e) O professor poderá propor também ao aluno que encontre algumas frases onde possa utilizar essa

palavra nova.

f) Outra actividade interessante é pedir ao aluno que faça um levantamento das palavras que vai

conseguindo ler no caminho para casa e pedir-lhe que vá transcrevendo para o caderno as palavras que

desconhece, sendo estas esclarecidas e trabalhadas no dia seguinte na aula.

g) Outra boa fonte de palavras novas poderão ser jornais ou revistas antigas que encontre em casa, bem

como livros de banda desenhada que encontre em casa ( dos primos)

h) Esta actividade deve ser continuada ao longo dos tempos tornando-se ao longo dos tempos um hábito

para o nosso aluno, e desenvolvendo além do seu vocabulário a sua curiosidade em encontrar palavras

novas.

Role Playing

Os jogos de Role Plaiyng permitem ao aluno ter a oportunidade de experimentar diferentes perspectivas

do mesmo problemas. Permitindo o desenvolvimento da capacidade de argumentação, bem como

desenvolve processos de auto controlo, possibilitando também o emprego de vocabulário diverso.

a) O professor poderá pegar em questões que se passem na turma, nomeadamente conflitos que se

possam ter verificado na sala de aula ou no espaço de recreio.

b) O professor poderá ter preparado algumas situações imaginárias, que convida a turma a solucionar num

sistema de Role Plaiyng.

c) Os alunos terão a oportunidade de representar papeis diferentes e de tentar solucionar questões

problemáticas de uma perspectiva que não é a sua.

d) Caso se trate de um conflito entre alunos da sala de aula, podemos convida-los a assumirem um papel

diverso do seu papel real. Assim terão de encontrar argumentos que são os do lado adversário na

realidade.

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Page 37: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

e) Nas situações imaginárias trazidas pela professora podem encontrar-se temas como ' que coisas

necessitamos se tivermos um naufrágio e acordámos numa ilha' ou inventar um conflito entre algumas

personagens etc.

f) Os restantes elementos da turma poderão comentar a situação no final da representação improvisada, e

poderão também ajudar nos argumentos de um lado e do outro.

g) Este tipo de actividades pode também ter como base temáticas/ situações trazidas pelos alunos. É

importante que o aluno em questão participe neste tipo de actividades e que também ele sugira temas

para o jogo de role Playing.

Jogos Educativos:

A - Jogos Físicos e Verbais

Estes jogos destinam-se a criar um ambiente propício à prática da expressão dramática. Estes jogos

visam não só contribuir para o desenvolvimento das capacidades de expressivas do aluno, mas

sobretudo criar uma atitude e hábito de trabalho específico de uma actividade que lhe exige uma relação

diferente com os outros, com o professor e com o espaço da sala de aula.

Daremos aqui o exemplo de 3 jogos deste tipo:

1. Jogo 'O Sério'

a) Um aluno senta-se em frente à classe. Os colegas, à vez, têm de tentar que ele se ria, fazendo-lhe

caretas, contando-lhe anedotas, fazendo macacadas, dizendo-lhe palavras engraçadas, etc.

b) Quando o sério se rir, cede o seu lugar àquele que o venceu.

c) Não é permitido tocar no ' Sério', nem este pode tapar os olhos ou os ouvidos.

2. Jogo ' O Rei Manda'

a) Com a classe organizada em filas viradas para um dos lados da sala, o professor começa o jogo em

frente à turma, assumindo o papel de Rei.

b) ' O Rei manda ser pequeno como um rato' e todos os alunos se colocam na posição de pequenos

como ratos.

c) O professor prossegue em ordens sucessivas e variadas como por exemplo' O Rei manda ser uma

caixa' ou ' O Rei manda andar contente' etc.

d) Percebido o jogo o professor deve dar a vez de Rei a um aluno.

e) Os Reis podem brincar com a variação das posições que ordenam e com o ritmo das suas ordens.

f) O professor deve estar atento e substituir o Rei quando oportuno, evitando ordens repetitivas, lentas

ou pouco interessantes.

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Page 38: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

3. Jogo ' O polícia e o Ladrão'

a) Da classe toda o professor escolhe um polícia e um ladrão ( poderíamos iniciar com o aluno em

questão desempenhando uma das personagens)

b) Os restantes alunos dividem-se em 4 grupos, dispostos em 4 fila, com os braços abertos e as pontas

dos dedos a tocarem-se, criando assim um labirinto onde se deslocarão polícia e ladrão.

c) O jogo começa com o polícia e o ladrão em cantos opostos da sala.

d) O objectivo é, como tem de ser, o polícia apanhar o ladrão.

e) No entanto à voz do professor ' Virar', as filas rodam um quarto para o lado previamente combinado

( por exemplo à direita) alterando assim o percurso da caçada e dificultando a vida ao polícia ou ao

ladrão.

f) Não é permitido ao polícia ou ao ladrão passarem pelo meio das filas, ou seja por baixo dos braços

dos colegas.

B - Jogos de Movimento e Confiança

Este tipo de actividades fazem apelo a um desenvolvimento sensorial e das capacidades de atenção e

concentração, em que é privilegiada a comunicação não verbal, tendo em vista uma relação de

confiança e de cumplicidade com os outros.

Daremos aqui 4 exemplos de jogos deste tipo:

1. Jogo ' Só Nós'

a) Com a classe organizada em pares, lado a lado, o professor dá a cada par um pedaço de corda.

b) Um elemento do par segura numa ponta da corda com a mão direita e o outro com a mão esquerda.

c) As mãos livres são passadas para trás das costas do parceiro, ficando o par abraçado.

d) O par é agora uma espécie de ser com duas cabeças e terão de dar um nó à sua corda.

e) Após a realização desta tarefa, podemos pedir que o ' ser' de duas cabeças dramatizem várias

tarefas, como vestir um casaco, fazer o almoço, tomar banho, andar de bicicleta, etc.

f) Outra variante deste jogo poderá ser criar diálogos entre seres de duas cabeças.

g) Assim cada par que representa um ser deverá dizer à vez uma palavra da frase: Poderíamos ter um

aluno que diria ' Ora' e o outro dirá 'Viva!' cumprimentando assim outro ser, este poderia responder um

dizendo:' Estão' e o outro dizendo 'Bons?'.

2. Jogo ' Quem Falou'

a) Um aluno de olhos vendados ,senta-se no meio da sala.

b) Outro aluno aproxima-se e diz qualquer coisa ( por exemplo: ' Está um lindo dia, não está?

c) O aluno na berlinda tem duas tentativas para descobrir qual o colega que falou

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 39: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

d) Se acertar fica o aluno que falou no seu lugar, se falhar fica o mesmo aluno na berlinda até acertar na

voz do colega.

3. Jogo ' A Parede'

a) Divide-se a classe em 4 grupos. Ficando os grupos perto de uma parede da sala ou ginásio se houver.

b) Um dos elementos de cada grupo irá posicionar-se na parede oposta, sendo-lhes vendados os olhos.

c) Ao sinal da professora o elemento de olhos vendados terá de correr em direcção à parede onde se

encontram os seus colegas.

d) O aluno parará quando ouvir a palavra' Stop' de um dos elementos seleccionado do grupo

e) Nas primeiras vezes o aluno de olhos vendados sentirá alguma hesitação em correr depressa e

tenderá a parar antes de ouvir a palavra ' Stop'.

f) Com a continuação do jogo verificamos que o aluno começa a demonstrar mais confiança nos seus

colegas, correndo com mais convicção e parando apenas quando ouve a palavra ' Stop' por parte dos

seus colegas.

4. Jogo ' O Desmaio'

a) Divide-se a turma em grupos de 3 alunos.

b) Um dos alunos do grupo será o desmaiado e os outros dois os 'amparadores' da queda.

c) O aluno desmaiado terá de se deixar cair para trás de olhos fechados, tendo os outros dois elementos

do grupo que o segurar antes que este atinja o chão.

d) O desmaiado vai cedendo a vez aos colegas até todos eles poderem experimentar o desmaio algumas

vezes.

e) Também neste jogo é notória nas primeiras vezes a hesitação em se deixar caír no vazio. Contudo ao

fim de algumas vezes os alunos já se deixarão cir sem medo e confiando nos seus colegas.

f) Este jogo deverá ter , para segurança dos alunos, colchões no chãos e deverá ser vigiado de perto

pelo professor e auxiliares educativos.

C - Jogos de Histórias

Este tipo de jogos propõe actividades que visam a criação e exploração de acontecimentos e

personagens, essencialmente através da linguagem verbal. O desenvolvimento da oralidade é aqui

papel de fundo.

Estas situações poderão também desencadear pequenas improvisações tanto individuais como de

pequenos grupos. O desenvolvimento das situações permitirá a criação e exploração de personagens

em acção.

Apresentamos aqui 2 exemplos de jogos de histórias :

1. Jogo do ' Felizmente e Infelizmente'

a) Numa Roda, escolhe-se um aluno para iniciar o jogo.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 40: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

b) Este terá de inventar a primeira frase da história iniciando com ' Infelizmente..'(Ex.' Infelizmente parti os

óculos a jogar à bola.'

c) O aluno seguinte, na roda, terá de continuar a historieta mas, desta vez, iniciando com a palavra

'Felizmente..' ( Ex.: mas, felizmente marquei golo.'

d) O terceiro aluno continua por sua vez com um infortúnio e assim sucessivamente

e) É obrigatório dar seguimento à história que vai sendo construída, não podendo qulquer aluno

desmentir ou opor-se a afirmações anteriores.

2. Jogo ' Quem Cuida de Nós'

a) Todos os alunos dizem nomes de pessoas que cuidam de nós em diferentes situações. ( médico, mãe,

avó, enfermeira, nadador salvador, etc. )

b) A lista vai sendo escrita no quadro ou numa folha grande, pela professora.

c) Organizando a turma em pares, a professora propõe que um dos elementos do par escolha uma das

personagens da lista.

d) De seguida o par tem de mimar ou representar uma situação em que a personagem escolhida está a

cuidar do outro.

e) O professor pode pedir aos grupos que após um mini ensaio apresentem a mímica ao resto da turma,

para que possam discutir e comparar.

f) Poderemos também propor aos meninos que descubra personagem que está a ser mimada, gerando

posteriormente uma discussão sobre as experiências dos alunos.

Passeio No Campo

Esta é mais uma proposta de trabalho com os alunos, que consiste em sair do espaço físico da sala de aula

para realizar actividades variadas.

Para se realizar um trabalho fora da escola devemos ter um tema e sairmos com objectivos concretos.

No caso da actividade proposta trata-se de um trabalho com base numa história sobre bruxas e vassouras

mágicas, uma vez que se trata de um tema que o aluno em questão gosta especialmente. É também hábito

nas idades da turma as crianças nutrirem um especial fascínio por estes temas.

a) Serão contados diversos contos na sala de aula sobre bruxas.

b) A professora poderá pedir aos alunos que contem histórias que saibam, ou que peçam aos país para que lhes

contém histórias populares que saibam.

c) Poderemos também sugerir aos alunos que participem em actividades de movimento, onde os alunos

caminharam pela sala andando como as bruxas, fazendo de bruxas más, fazendo de bruxas boas etc.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 41: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

d) As histórias da hora do conto, poderão também ser histórias sobre bruxas. Podendo os alunos participar e

colaborar nas actividades com os convidados.

e) Após algumas actividades poderemos propor aos alunos que pensem como será a sua vassoura mágica. Os

alunos poderão realizar desenhos das suas vassouras, escrever textos criativos sobre o que fariam se

tivessem uma vassoura mágica.

f) Após esta reflexão sobre as vassouras a professora poderá propor aos alunos a realização da sua vassoura.

g) Para isso poderíamos planear uma ida ao campo ou mata para procurar material na natureza com o qual

pudéssemos fazer as nossas vassouras ( paus, folhas secas, ervas, sementes etc.)

h) Uma vez que a escola do aluno em questão é relativamente perto de Monsanto e havendo um circuito de

bicicleta vigiado por monitores da câmara municipal, poderíamos propor o nosso passeio de bicicleta.

i) Para tal seria necessário marcar a ida da turma com os monitores da câmara .

j) Pediríamos aos meninos que tivessem bicicleta que levassem as suas. As que faltassem seriam pedidas ao

serviço camarário de Monsanto. ( Uma das actividades preferidas do nosso aluno, relembramos, é andar de

bicicleta)

k) Para a realização deste passeio seria necessária a presença de mais que um professor, podendo esse

assunto ser tratado com a Direcção da escola no sentido de se reunirem esforços para a realização do

passeio.

l) Os meninos que não quisessem utilizar bicicletas, poderiam ficar com outras tarefas, como levar os cestinnhos

para trazer o material, fazer uma listagem de plantas encontradas para a futura realização de um herbário etc.

m) Não nos poderemos esquecer das autorizações dos pais, responsabilizando os meninos por entregarem a

autorização uma semana antes do passeio.

n) O passeio teria início no circuito de bicicleta de Monsanto, e terminaria numa clareira onde é habitual fazerem-

se acções de escola, piqueniques etc.

o) Nessa clareira poderíamos então procurar os materiais para a construção das vassouras, verificar quais as

plantas que encontramos na zona, Ouvir histórias e aproveitar algumas actividades do programa ' Lisboa

Jovem' que estão em curso nesta área.

p) O lanche em forma de piquenique seria servido a meio da tarde, lembrando aos meninos quais as regras de

higiene necessárias para deixar a mata limpa e sem perigo de incêndios.

q) Poderão ser realizados inúmeros jogos ao ar livre e actividades, podendo os meninos continuar a andar de

bicicleta se assim o desejarem.

r) No dia seguinte na sala de aula quando os meninos chegassem estariam já os materiais trazidos para a

realização das vassouras mágicas.

s) Iniciara-se a construção das vassouras

t) Após as vassouras estarem construídas poderemos realizar actividades de movimento com as mesmas. Como

por exemplo a invenção de palavras mágicas para funções específicas de cada vassoura, e depois a

experimentação dessas palavras por mímica pelos alunos com a sua vassoura.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 42: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

u) Para finalizar sugerimos um debate sobre a actividade em que cada aluno poderá dizer o que sentiu, e

manifestar ou não o desejo de repetir actividades como esta.

Outras Actividades

Como se pode constatar a utilização do Jogos e actividades inovadoras e diferentes assumem um papel muito

importante na educação das emoções e do plano relacional do aluno. Educando não só a relação que tem

com o seu corpo como também lhe mostra uma forma diferente de se relacionar com os outros. A Educação

corporal, é no nosso entender imprescindível para a educação das nossas crianças. Funcionando quer para

corrigir défices emocionais/relacionais existentes quer para os prevenir.

É fundamental ensinar o aluno a ter prazer na escola. A Escola é a sua segunda casa, devemos mostrar-lhes

que é divertido aprender , para que eles se desenvolvam num ambiente escolar saudável.

Após a explicação mais detalhada de algumas propostas de actividades para este plano Educativo Individual ,

poderemos deixar aqui mais algumas ideias embora não tão detalhadas como as anteriores.

1. A Ida ao teatro é também uma actividade que penso ser de lavar a cabo em todas as escolas. Temos hoje em

dia ao nosso dispor boas companhias de Teatro Infantil dispostas a facilitar a ida ao Teatro, deslocando-se

por vezes à escola. Podem ser realizadas inúmeras actividades que tenham como origem uma ida ao Teatro.

2. Podemos sugerir Temas aos alunos através de imagens/ recortes de revistas etc. É uma forma diferente de

iniciar uma aula.

3. O uso de materiais lúdicos na área da matemática torna-se, nos dias que correm de uma importância

extrema. O professor deverá ser capaz de trabalhar com os diferentes materiais de uma forma lúdica, de

maneira a que a matemática não seja para os alunos um conjunto de teorias e regras confusas, mas sim o

constatar , porque experienciado com os materiais, de regras lógicas e divertidas

4. A apresentação de cassetes de vídeo com temáticas educativas e de lazer ´+e também um proposta que não

devemos menosprezar, uma vez que cativa os alunos predispondo-os para uma melhor aprendizagem

5. O uso do computador, sempre que possível, deve ser fomentado nas escolas, uma vez que as crianças de

hoje viverão numa realidade onde os computadores imperam. Existem hoje em dia inúmeros Jogos didácticos

ao dispor de professores e alunos para as mais variadas áreas educativas. A Internet é hoje também uma

realidade que deve ser facultada aos alunos e que apresenta inúmeras vantagens na procura de informação.

( recomendamos uma ida ao Instituto de Inovação Educacional, onde estão ao dispor variados materiais

multimédia para este fim)

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 43: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

III – ConclusãoChegados ao fim deste percurso, entendemos que qualquer conclusão que aqui se esboce deve ser

entendido, também, como um simples ponto de situação para trabalhos futuros. É que este trabalho, pela

diversidade de instrumentos que mobiliza deve ser entendido como uma primeira experiência no sentido de

desenvolver um plano de intervenção individualizado para a planificação do processo de ensino-aprendizagem

diferenciado. É que qualquer aluno é detentor de especificidades que fazem dele um mundo único, com uma

história própria, valores e princípios próprios, ritmos e formas de aprendizagem específicos. Um ensino virado para

o sucesso e uma escola de qualidade têm que partir deste pressuposto: a igualdade de oportunidades de

aprendizagem não é um dado, mas um processo que se constrói no respeito pela diferença, seja ela de natureza

sócio-económica, ontogenética, cultural, étnica ou psíquica. Mas este respeito pela diferença de forma a

proporcionar uma intervenção personalizada ou diferenciada evidencia muitos aspectos a ter em conta. Este

trabalho disso dá conta e daí o seu principal valor. É que as propostas de intervenção que aqui são determinadas

manifestam também as carências das instituições, em termos técnicos e pedagógicos. Porque o que aqui está

também em causa são problemas variados como sejam o currículo da formação dos professores, a dotação

orçamental das escolas, a autonomia pedagógica das escolas, a concepção do professor enquanto gestor do

currículo e/ou animador de grupos, com competências também muito diversas, que não advém apenas do

domínio cognitivo, mas dizem também respeito ao domínio das relações interpessoais e capacidade de resolução

de conflitos em grupos de trabalho e facilitação da aprendizagem. Este trabalho, na parte que nos toca, mais do

que revelar o que sabemos, constitui um aviso em relação ao que, enquanto professor, há ainda para aprender.

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 44: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

Bibliografia

ARENDS, Richard I. (1995) Aprender a Ensinar, McGraw-Hill, Portugal

SPRINTHALL, Norman (1990-1993) Psicologia Educacional, McGraw-Hill, Portugal

QUELOZ, Nicolas (1994) Infância e Juventude (Revista do Ministério da Justiça) Fenómenos de

Dissociação do Laço Social, Comportamentos Desviantes dos Jovens e Intervenções Sociais, n.º 4

Out-Dez

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / GEP (1987) A Criança Diferente

STRECHT, Pedro (1989) Preciso de Ti, Assírio & Alvim

BAUTISTA, Rafael (1997) Necessidades educativas Especiais, Dinalivro

AAVV, (2000) Incidentes Críticos na Sala de Aula, Quarteto Editora

HUBERTA, Wiertsema (1999) 100 Jogos de Movimento, Asa Editores

AAVV, (2000) Maltrato y Desarrollo Infantil, Universidad Pontificia Comillas de Madrid

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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Page 45: Trabalho - NEE-Objectivos de Ensino

Índice págs.

Parte Teórica

As necessidades Educativas Diferenciadas e os problemas comportamentais na sala de aula

Da Educação Especial às Necessidades Educativas Diferenciadas ................................................. 01

Os problemas comportamentais na sala de aula ...............................................................................02

Parte Prática

1. Dados de anamnese

1.1 Situação actual do aluno ................................................................................................................ 10

1.2 Motivos da planificação personalizada ........................................................................................... 10

1.3 História educativa / escolar ............................................................................................................. 11

1.4 Saúde / Antecedentes familiares .................................................................................................... 12

1.5 Ambiente relacional na família ........................................................................................................13

1.6 Percepção das dificuldades da criança .......................................................................................... 15

2. Análise dos dados ............................................................................................................................. 17

3. Identificação das Necessidades Educativas Especiais do aluno ...................................................... 17

4. Objectivos gerais a atingir através de um currículo individual para o aluno em questão ..................19

5. Quatro objectivos escolhidos para o trabalho ....................................................................................21

6. Plano Educativo Individual – Algumas considerações introdutórias ..................................................22

7. Plano Educativo Individual - Planificação do programa .................................................................... 24

8. Plano Educativo Individual – Etapas ................................................................................................. 27

9. Plano Educativo Individual – Propostas de actividades .................................................................... 32

Conclusão .............................................................................................................................................. 46

Bibliografia ............................................................................................................................................ 47

Filipa Isabel Albuquerque, n.º 13 – 2º PAEscola Superior de Educação João de Deus

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