Transe e o Pilar Do Meio

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE ESCOLA DE COMUNICAÇÂO E ARTES CURSO DE ARTES DRAMÁTICAS Projeto Experimental A MAGIA E O TRANSE: UMA PROPOSTA PARA A UNICIDADE DO ATOR Por BRISA ORENGA CALERI Orientador PROF. MS. VITOR MANUEL CARNEIRO LEMOS Trabalho Apresentado como Projeto Experimental para Conclusão do Curso Superior e Tecnologia em Artes Dramáticas da Escola de Comunicação e Artes Do Centro Universitário do Rio de Janeiro Orientador Professor Mestre Vitor Manuel Carneiro Lemos Rio de Janeiro Setembro / 2005

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA CIDADE

ESCOLA DE COMUNICAÇÂO E ARTES

CURSO DE ARTES DRAMÁTICAS

Projeto Experimental

A MAGIA E O TRANSE: UMA PROPOSTA PARA A UNICIDADE

DO ATOR

Por BRISA ORENGA CALERI

Orientador

PROF. MS. VITOR MANUEL CARNEIRO LEMOS

Trabalho Apresentado como Projeto Experimental para Conclusão do Curso Superior e

Tecnologia em Artes Dramáticas da Escola de Comunicação e Artes

Do Centro Universitário do Rio de Janeiro Orientador

Professor Mestre Vitor Manuel Carneiro Lemos

Rio de Janeiro

Setembro / 2005

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO.................................................................................................... 3

2 – ARTAUD E MAGIA............................................................................................ 6

3 – A TÉCNICA DE MAGIA PILAR DO MEIO...................................................... 9

3.1 – ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA A EXECUÇÃO DO......................

PILAR DO MEIO

10

3.1.1 – A PALAVRA.................................................................................................. 10

3.1.2 – A RESPIRAÇÃO............................................................................................ 10

3.1.3 – A VISUALIZAÇÃO....................................................................................... 11

3.2 – A PRÁTICA DO PILAR DO MEIO................................................................. 11

4 – O ATOR E O TRANSE........................................................................................ 16

5 – RELATÓRIO DE ATIVIDADES........................................................................ 18

6 – CONCLUSÃO...................................................................................................... 21

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 23

8 – ANEXOS.............................................................................................................. 24

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1. INTRODUÇÃO

A partir do século XX, o teatro torna-se uma questão, desda criação de uma

metodologia para o trabalho do ator quanto dos encenadores que iniciavam uma nova

forma de ver a arte ocidental. Rastreando esses questionamentos, encontramos a

problematização dos elementos constituintes do espetáculo, sobretudo da figura do ator. E

algumas sobre o trabalho do ator e a construção de um personagem no teatro desta época

tornam-se tema . A busca de uma metodologia de trabalho que oriente o processo criativo

do ator passa a ser a preocupação de alguns nomes que marcam o teatro no último século e

que, em comum, entendem que a unicidade do ator é condição fundamental para se

estabelecer a vida em cena. E se entendermos que atenuar as fronteiras entre vida e arte é

uma entre muitas características do teatro contemporâneo, podemos afirmar seguramente

que é necessário combater a fragmentação ocidental, buscando meios de estabelecer um

diálogo o mais permanente possível entre corpo e mente, para atender certas expectativas

que se lançam sobre o ator que deseja atender a uma certa parcela da produção teatral

contemporânea.

O próprio teatro Oriental apresentando uma nova linguagem física, baseada nos

signos, e não mais nas palavras cria um teatro lógico e discursivo.Servindo de inspiração

para muitos nomes como; Stanislavski, Grotowski, Artaud, Brescht e Eugênio Barba.

Diversas técnicas originalmente concebidas como terapia vêm sendo aplicadas como

ferramenta e treinamento de atores. Nosso interesse nesta pesquisa se encontra justamente

aí. Investigar as possibilidades de uma “ técnica de magia” conhecida como Pilar do

Meio, para estabelecer no ator um estado propício para uma atuação, dentro do recorte

exposto no primeiro parágrafo.Estado este que definiremos como transe,que decorrente

da prática contínua da técnica baseia-se em uma experiência estritamente pessoal .

È possível identificar a ansiedade, a tensão e a insegurança, como obstáculos

presentes ao processo criativo e que interferem definitivamente na fragmentação da

presença do ator em cena, e intensificando-se à medida em que os riscos inerentes à

criação e à atuação também são acentuados. O interesse pelo tema nasceu da busca por

superar esta adversidade que se apresentava constante neste processo de subir no palco.

Inicialmente, entramos em contato com o Zen-budismo, especificamente com a prática do

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Zazen1. A prática da meditação e seus resultados positivos aumentaram o nosso interesse

pelo assunto, aproximando-nos de outras técnicas, até o primeiro contato com o Pilar do

Meio.

O Pilar do Meio é uma técnica de meditação utilizada e difundida pelo psicólogo e

estudioso místico inglês Israel Regardie2 e sua prática provoca uma determinada alteração

psíquica que leva o praticante a um estado de transe. Segundo o Dicionário Aurélio,

transe é um

“estado de alteração acentuada da consciência, da percepção ou de outras faculdades

mentais, acompanhado de mudança das sensações físicas (...) e que pode ser causado ou

induzido por diversos meios ou fatores como (...) estímulos psicológicos ou

sensoriais.”(AURELIO, )

Uma segunda apresentação deste termo, voltada para criação do ator é apresentada por

Grotowski no seu livro, “Em busca de um Teatro Pobre”: “Temos de recorrer a uma linguagem metafórica para dizer que o fato decisivo neste

processo é a humildade, uma predisposição espiritual: não para fazer algo, mas para

impedir-se de fazer algo, senão o excesso se torna uma imprudência, em vez de um

sacrifício. Isto significa que o ator deve representar num estado de transe. O transe, como

eu entendo , é a possibilidade de concentrar-se numa forma teatral particular, e pode ser

obtido com um mínimo de boa vontade. “

A prática sucessiva da técnica do Pilar do Meio revelou conseqüências psicofísicas

manifestadas a partir do transe: aumento da sensibilidade, estimulação dos sentidos,

ampliação da atenção, olhar brilhante e expressivo, vitalidade, serenidade e vibração

energética em todo o corpo. Com base nessa experiência, nasceu a questão: seria esse

transe, proporcionado pelo Pilar do Meio, uma forma de se adquirir um estado de atenção

propício ao trabalho do ator? Seria esse transe um estado capaz de reduzir a ansiedade, a

tensão e a insegurança que impede a unicidade do ator em cena, estimulando a

sensibilidade durante o processo de criação, determinando possibilidades para uma

atuação associada a uma experiências real diante do público?

1 O Zazen é uma prática de meditação zen-budista difundida originalmente no Japão no séc. VI. A técnica consiste em sentar-se imóvel, de pernas cruzadas, com a coluna ereta, olhando fixamente para um ponto. 2 Israel Regardie, nascido na Inglaterra em 1907, foi morar em Washington (EUA) e morreu em 1985, em Sedona (Arizona, EUA). A técnica do Pilar do Meio era prática integrante dos rituais mágicos da ordem iniciática inglesa Aurora Dourada e foi divulgada por Regardie, que fora membro da instituição.

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A unicidade como sendo um estado de presença do corpo , no sentido de integrar

percepções sensoriais , espaciais e relacionais no momento em que se dá a

atuação.Aliando corpo e mente entraremos em contato com efeitos psicofísicos, que fazem

parte da técnica aqui apresentada, que servirão de ferramenta para preparar o ator para

cena.

O estudo sobre o dramaturgo, poeta, ator e encenador Antonin Artaud, criador do

Teatro da Crueldade, revelou grande sintonia com o tema desenvolvido nesta pesquisa,

visto que em sua obra, é recorrente à abordagem de conceitos extraídos da magia e

referências ao transe. Ao descrever em O Teatro e Seu Duplo sua experiência com o

Teatro de Bali e sua estada com os Taraumaras, Artaud apresenta fundamentos espirituais

e técnicos que se comunicam diretamente com este projeto.

Assim, partiremos de sua obra para constituir a fundamentação teórica deste

trabalho. Também farão parte de nossa bibliografia trabalhos voltados para a técnica que

será aqui investigada: o Pilar do Meio. Paralelamente, trabalharemos sobre o poema

“Alienar o Ator” de Antonin Artaud, a partir da técnica, relatando sua interferência em

nosso processo criativo sobretudo no que diz respeito ao transe.

Esta pesquisa poderá ser de grande valia para atores, tanto iniciantes, quanto os

mais experientes, visto que as questões que nos mobilizam tratam de problemas que

cercam todos aqueles que buscam do ator em cena a apresentação de uma experiência

humana. A prática da meditação, aqui apresentada, oferece uma vantagem particular: não

requer iniciação, podendo ser executada por qualquer um que esteja interessado em seus

benefícios, sejam pessoais ou profissionais, como pretendemos mostrar neste projeto

experimental.

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2. ARTAUD E A MAGIA

A tradição ocidental tende a ignorar alguns aspectos da subjetividade e identifica a

razão como a única via para o conhecimento. No entanto, o início do século XX, ficou

marcado por uma reação de artistas e pensadores a esta tendência racionalista ocidental.

Um deles é Antonin Artaud, que defenderá um teatro cuja linguagem alcance o que as

palavras não podem exprimir.

Antonin Marie Joseph Artaud encontra-se em todas as encruzilhadas do

pensamento contemporâneo: teatro, cinema, música, dança, pintura, metafísica, poesia e

psiquiatria. Nasceu em 4 de setembro de 1896, em Marselha (França). Sua primeira

passagem por um sanatório, em sua cidade, por crise de depressão, foi em 1915. Em 4 de

março de 1948, foi encontrado morto em seu quarto no Hospício de Ivry, num bairro de

Paris. A sua morte teria sido resultada da ação de um câncer no ânus ou da ingestão

desmedida de entorpecentes. Em particular, do cloral: droga sintética introduzida no

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século passado, precursora dos barbitúricos que reproduziam os efeitos do ópio e da

morfina.

Artaud procurou enfatizar em seu teatro a linguagem do inconsciente, originária do

pensamento não lógico, não verbal, simbólico, metafórico, que se caracteriza pela

fragmentação, distorção, justaposição e descontextualização.Seu teatro não era

necessariamente, um teatro contra a palavra mas queria dar as palavras mais ou menos a

importância que elas representavam no sonho. Enquanto a tendência do consciente é a de

fundir, o inconsciente, por estar mais perto da totalidade, reúne opostos, expressa

ambivalências e contradições. E para Artaud “O teatro quer dizer tudo aquilo que está no

ar do palco, que tem uma densidade no espaço” (...).

O ator neste projeto é a ponte entre o consciente e o inconsciente, entre o físico e o

metafísico, entre o homem e o Cosmo. Como no teatro “artaudiano” ,no qual o ator ao

entrar em contato com uma força,que ultrapasse as suas indo para além dele é definida,

em alguns de seus escritos, como Vida Superior, e em outros, como sendo o estado de

transe. Alain Virmaux ,em seu livro Artaud e o Teatro, apresenta o transe “artaudiano”

como:

(...) o transe religioso das populações primitivas se casa perfeitamente bem com os objetivos assinalados ao teatro da crueldade. Entrar em transe através de métodos calculados: essa visão se opõe à idéia corrente segundo a qual o transe é uma histeria descontrolada, perturbação cega de um organismo que não se governa mais. O estudo das sociedades primitivas provou que as coisas não se passavam assim e confirmou a intuição de Artaud (...) Trata-se na verdade de mudar de pele , de se deixar habitar pelas forças mágicas, como no transe dos ritos de possessão. Ao que o ator de hoje , amedrontado , se recusa. Todo o esforço de Artaud visa derrubar essa barreira do medo. É preciso portanto admitir que , mesmo rejeitando às vezes a palavra, o transe está no âmago de sua visão e de sua prática de teatro.(...)O transe não é negado, mas ele não se apodera do ator, agora dotado de um estatuto rigoroso e de um método científico. Ele fará nascer o transe, mas não se imergirá nele: saber de antemão os pontos do corpo que é preciso tocar é induzir o espectador em transes mágicos.”.(ARTAUD apud VIRMAUX, 1970, p.47)

Para Artaud, o ator recorrendo a pontos do corpo identificados e usados pela

acupuntura, poderia ter acesso às suas emoções mais escondidas e colocá-las em cena.

Com total consciência dessa “ferramenta criativa”, que se encontra mapeada por todo o

corpo, o ator poderia acessar canais emocionais, estabelecendo comunicação com o ponto

correspondente a cada emoção específica3. O conhecimento pleno desses pontos levaria o

3 “Importante é tomar consciência dessas localizações do pensamento afetivo. Um meio de reconhecimento é o esforço; e os mesmos pontos sobre os quais incide o esforço físico são aqueles sobre os quais incide a emanação do pensamento afetivo. Os mesmos servem de trampolim para a emanação de um sentimento.” (ARTAUD, op. cit., p.168)

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ator a um domínio completo sobre seu corpo e as maneiras de atingir e conduzir o

espectador.

No ponto de vista da forma, Artaud, acentua a necessidade que tem o teatro de

beber nas fontes de uma poesia eternamente apaixonante, e sensível para as porções mais

afastadas e distraídas do público, através do retorno aos velhos “Mitos primitivos”.

Defende que a encenação e não o texto se encarregue de materializar e especialmente

atualizar velhos conflitos, o que significa que esses temas serão transportados diretamente

para o teatro e materializados em movimentos, expressões e gestos antes de serem

veiculados pelas palavras.

“È preciso que se entenda que , nessa quantidade de movimentos e de imagens num tempo

determinado, introduzimos tanto o silêncio e o ritmo quanto uma certa vibração e uma

certa agitação material, composta por objetos e gestos realmente feitos e realmente

utilizados . E pode-se dizer que o espírito dos mais antigos hieróglifos presidirá a criação

dessa linguagem teatral pura”. (ARTAUD,1964,p.157)

Essa linguagem procura estabelecer uma profunda identificação do objeto “

teatro” com muitas possibilidades , manifestações formais e mais amplas; fazendo surgir a

idéia de uma, “ poesia no espaço” que muitas vezes é confundida com bruxaria.

Da mesma forma que a palavra magia é vista pejorativamente, carregada de um

referencia atreladas a fábula infantis ou misticismo . Só que quando associada á um

método com fundamentos sólidos, previamente definidos conhecido como Pilar do Meio

esta palavra parece ganhar sentidos tanto práticos quanto teóricos. A prática vai de

encontro com os Mitos que são apresentados no teatro artaudiano, por ser iniciado por

um Ritial. No decorrer da prática constante desse ritual mágico, desse método, pode-se

atingir um outro estado de consciência . A ruptura existente entre a consciência e o que

está além dela é o “estado de transe”, e até onde se pode chegar com esse estado

transposto para o palco , será a busca. “Nos graus mais avançados do transe, a linha da consciência começa e permanece sem ruptura e, em alguns casos, se desenvolve uma curiosa consciência dual. Nessa consciência dual, o sensitivo fica mais ou menos consciente do ambiente físico que o envolve, ao mesmo tempo em que está plenamente consciente e ativo nos planos interiores”. (BUTLER, op. cit.,1998, p. 216)

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Já a tradição inspirada na obra de Stanislávski toma a questão da consciência como

a parte objetiva do trabalho do ator, julgando que dessa forma estados internos podem se

expressar. “ Consciência parece ser quase sinônimo de razão. A questão da transição entre criação e

representação é , pela primeira vez , tratada segundo a perspectiva da ação física, ou seja ,

um critério objetivo para tratar a subjetividade.”( ICLE, 2006, p. 8)

Artaiud fala de uma subjetividade nascida através de uma “ forças pura” produzida pelo

inconsciente , também vivenciada através da prática aqui apresentada.

(...) é aqui que o teatro , longe de copiar a vida, põe-se em comunicação, se puder, com as forças puras . E quer se aceite isso ou não, há um modo de falar que chama de forças tudo aquilo que provoca o nascimento, no inconsciente , de imagens enérgicas e , no exterior, do crime gratuito .( ARTAUD, op.cit., p.106)

O estado descrito como unicidade, que estaremos apresentando nessa pesquisa, carrega o mesmo sentido apresentado por um dos alunos de Decroux, no qual ele relata, o mestre queria (...) era um estado no qual o ator estudante estivesse relaxado,porém alerta , extremamente presente no momento e suspenso sobre o fio da navalha que separa o movimento da imobilidade”. Dando continuidade à essa idéia Leabhart ( o estudante) concluiu que ; “enquanto de certa forma o ator se deixa levar , ele está também sob controle.” No qual Decroux define como “ uma consciência duplicada que descobrimos ser característica da experiência de possessão”.

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3. A TÉCNICA DE MAGIA PILAR DO MEIO

A Ordem Hermética da Aurora Dourada, conhecida também como Golden Dawn,

foi uma das ordens precursoras do renascimento do paganismo4 no fim do século XIX e

início do XX, influenciando muitos dos sistemas de estudo de ocultismo e magia atuais.

Foi fundada em 1897 por William Robert Woodman (1828-1891), médico e maçon, por W.

W. Westcott (1848-1925), coronel britânico, médico legista e maçon, e por S. L.

MacGregor Mathers (1854-1928), estudioso de ocultismo. Teve como membros Oscar

Wilde, Aleister Crowley, Gerald Gardner, entre outros. Surgida na Inglaterra, ainda pode

ser encontrada através de novas linhagens, mas não mais sob a estrutura original.

Suas práticas ritualísticas foram baseadas em uma coleção de documentos

originais, manuscritos em inglês, que eram passados dos mestres para os discípulos. Eram

estudos que abrangiam a Cabala Hermética, a Astrologia, o Tarô, a Geomancia e a

Alquimia. Mathers e Dr. Westcott desenvolveram um material possível de ser posto em

prática e passado adiante com base nos esboços ritualísticos contidos nesses manuscritos

cifrados.

4 Significado da palavra “paganismo” segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: 1. o conjunto dos não batizados; etnicismo, gentilidade, gentilismo 2. religião em que se cultuam muitos deuses; etnicismo, gentilidade, gentilismo, politeísmo.

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Pertencia a essa Ordem o inglês Israel Regardie, que difundiu na Inglaterra a

técnica conhecida como Pilar do Meio, criada dentro dessa escola de magia. Consiste em

um estudo prático e ritualístico, que provoca uma alteração psíquica.

“ Resumidamente, a teoria mágica por trás do exercício do Pilar do Meio é que, pela ação apropriada sobre o mecanismo psíquico individual da personalidade humana, alguns de seus aspectos podem ser despertados para a atividade, e isso por sua vez fará com que a energia externa objetiva possa ser puxada para dentro da “esfera de sensações (...) da personalidade, dessa maneira carregando-a com vitalidade.” (BUTLER, op.cit., p.337)

Esta vitalidade, ao longo da prática, é acumulada, gerando ao mesmo tempo um

estado de serenidade mental bem como uma presença e uma entrega corporal constantes.

A técnica trata de um treinamento da mente / corpo pelo qual poderemos ter consciência

de correntes e de forças cuja sensação é quase elétrica. O efeito será a integração do corpo

e da mente.

3.1. Elementos fundamentais para a execução do pilar do meio

Para se alcançar o estado de transe, na técnica aqui sugerida, faremos uso de três

ferramentas fundamentais: a palavra, a respiração e a visualização . Vamos a elas:

3.1.1. A palavra

A palavra possui um valor muito significativo e de extrema importância durante

toda a técnica. Elas produzem a sonoridade de um mantra .O mantra , entoado em várias

linhas meditativas, é formado por uma repetição contínua de palavras que possuem uma

capacidade de tranqüilizar a mente, liberando níveis psíquicos que ajudam a manter um

bem estar emocional , mental e corporal. As palavras em hebraico utilizadas na técnica do

Pilar do Meio visam levar o praticante a acessar o seu inconsciente. O significado de cada

palavra não constitui o ponto principal, mas a intensidade com que é pronunciada

repetidamente, acompanhada de vibração ritmada e da imaginação.

3.1.2. A respiração

A respiração é de suma importância na técnica do Pilar do Meio, pois é o ritmo da

inspiração e da expiração que será responsável por ativar a imaginação durante toda a

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prática. Seria impossível subestimar a importância e a eficácia desse processo, muito

utilizado por Reich5 e pela Bioenergética6, por exemplo, para relaxar a musculatura

tencionada, o que possibilita ao praticante uma maior unicidade entre corpo e mente. O

mesmo se verifica com a técnica do Pilar do Meio.

3.1.3. A visualização

O uso da faculdade imaginativa de forma voluntária e consciente é também um

elemento essencial na prática mágica. De forma geral, o uso do pensamento consciente

representa uma faculdade central a ser desenvolvida nos sistemas de magia, quando se

busca a manifestação de resultados pessoais.

A visualização na prática do Pilar do Meio, constitui um processo no qual, através

do uso da imaginação persistente e focada sobre imagens desenhadas ao redor do corpo, na

forma de estrelas, são responsáveis por ligar os aspectos subjetivo ao objetivo, ou seja ,

com o desenho acessamos o inconsciente. A visualização, apresentando-se como uma

forma de pensamento consciente, opõe-se ao pensamento mecânico, conforme descrito no

trecho a seguir: O pensamento consciente, em contraposição ao pensamento mecânico, é uma força extraordinária da qual dispomos quando o cérebro se relaxa ou deixa de estar tencionado. De certa forma, desta maneira, se pode constatar que o pensamento mecânico é aquele que comumente ocupa nossa mente sem que sequer tenhamos consciência de que estamos pensando. Acreditamos que pensamos, mas talvez fosse mais apropriado dizermos “somos pensados”. É como se a nossa mente tivesse absoluta independência de nossa vontade. (SUÁREZ, 2004, p. 21)

A visualização é uma ferramenta utilizada nas práticas de meditação, cujo objetivo

é esvaziar a mente dos pensamentos mecânicos (cotidianos), e abrir caminhos para

despertar pensamentos conscientes produzidos por nossa vontade.

3.2. A PRÁTICA DO PILAR DO MEIO

5 Wilhelm Reich (1897-1957) foi um médico e cientista natural que, por quase quarenta anos, desenvolveu uma ampla pesquisa sobre os processos energéticos primordiais, vitais. 6 A bionergética é uma técnica terapêutica que ajuda o indivíduo a reencontrar-se com o seu corpo, e a tirar o mais alto grau de proveito possível da vida que há nele. Ela é um estudo para a auto-descoberta. (LOWEN, 1982, capa)

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A respiração, o som vibrante de palavras em hebraico e a visualização voluntária

de símbolos, correspondem ao aspecto objetivo da prática do Pilar do Meio. Entretanto,

existe o aspecto subjetivo, uma vez que nesse processo o rito é uma exteriorização, em

forma simbólica, dos níveis emocional, mental e espiritual do praticante. Precisa-se ter em

mente a natureza dual desse rito mágico, se desejarmos alcançar a totalidade do benefício

do trabalho. O principal nesse processo será permitir a mente trafegar por esses símbolos.

C. Jung já demonstrou a fundamental importância dos símbolos. Leia-se a definição que

ele oferece a seguir:

“O símbolo é uma forma extremamente complexa. Nela se reúnem opostos numa síntese que vai além das capacidades de compreensão disponíveis no presente e que ainda não pode ser formulada dentro de conceitos. Inconsciente e consciente aproximam-se. Assim, o símbolo não é racional, porém as duas coisas ao mesmo tempo. (...) Os símbolos têm vida. Atuam. Alcançam dimensões que o conhecimento racional não pode atingir. Transmitem intuições altamente estimulantes, prenunciadoras de fenômenos ainda desconhecidos. (...) O símbolo é uma linguagem universal infinitamente rica, capaz de exprimir por meio de imagens muitas coisas que transcendem as problemáticas específicas dos indivíduos”. (JUNG,1977, p.72)

A técnica do Pilar do Meio deve ser precedida pelo Ritual de Banimento do

Pentagrama Menor, que é a técnica de operação mágica conhecida como “a preparação do

recinto”. No Ritual do Banimento, temos antes de tudo o que é conhecido como Cruz

Cabalística. Ela é feita da seguinte forma: toca-se a fronte com a mão direita e diz-se

Atah; baixa-se a mão e, enquanto estiver tocando o peito, diz-se a Malkuh; toca-se o

ombro direito, dizendo-se Vê-Geburah. Traz-se a mão transversalmente ao corpo e toca-se

o ombro esquerdo, dizendo-se Vê-Gedulah; unem-se as mãos no peito e diz-se Le Olahm;

e, no final, I A O. Esse ritual é usado como meio de determinar e purificar a área na qual o

trabalho de magia deverá ser feito.

Enquanto se executam os gestos, o praticante deve visualizar claramente a mão

como se estivesse traçando uma linha de luz branca desde o alto da cabeça, descendo ao

peito, e dali até os pés. Deve-se visualizar também uma linha de luz desde o ombro direito

até o esquerdo, enquanto se diz Ve-gvurah, Ve-gdulah, formando assim, uma cruz. Além

disso, a pronúncia das palavras deve ser de longa duração e vigorosa, procurando-se sentir

que o som se espalha e vibra por todo o corpo.

Quando a cruz tiver sido desenhada no espaço, da maneira acima descrita,

começaremos a parte seguinte do trabalho. Ainda virados para o Leste, como fizemos

quando começamos a primeira cruz, erguemos a mão direita de um ponto do nosso lado

esquerdo a meio caminho entre o quadril e o joelho. Levamos o braço direito até o ponto

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acima da cabeça e novamente o trazemos para o ponto correspondente ao nosso lado

direito. Pode-se ver que descrevemos um V invertido.

A seguir, movemos a mão direita para um ponto logo acima do ombro esquerdo,

horizontalmente até chegar ao ombro direito. Como se desenhássemos uma estrela

brilhante na frente de nosso corpo. Novamente, cada movimento da mão tem que ser

visualizado como se emitisse uma linha branca brilhante, de forma que, ao completar o

movimento, reluza no ar, diante de nós (mentalmente), um pentagrama de luz branca. Este

pentagrama agora tem que ser carregado com energia e isto é feito movendo-se

rapidamente a mão para o meio da figura como que num golpe, ao mesmo tempo vibrando

o nome Yod-Heh-Va-He. Virando-nos para o Sul, com a mão estendida, traçando uma

linha de luz, novamente construímos um pentagrama de luz, desta vez entoando a palavra

Ah-Doh-Nai. Viramo-nos para o Oeste, novamente o pentagrama é traçado e o nome Eh-

He-Yeh é vibrado. Direcionamo-nos para o Norte, entoando Ah-Gla. Novamente

retornamos para o Leste, onde ficamos com os braços estendidos na forma de cruz.

Assim, encarando o Leste, dizemos “diante de mim, Rafael” e visualizamos uma

forte luz adiante. A seguir dizemos “atrás de mim, Gabriel”. Depois, falamos “em minha

mão direita, Miguel” e, finalmente, “em minha mão esquerda, Ariel”. Concluímos com as

palavras “à minha volta, os pentagramas e, sobre mim, brilha a estrela de seis pontas”.

Nesse momento, inicia-se o Pilar do Meio. É necessário postar-se de costas para o

diagrama da Árvore da Vida. O pilar direito estará, então, na mão esquerda e o pilar da

esquerda, na direita. O pilar médio, compreendendo as sefiras Kether, Daath, Tifereth,

Yesod e Malkuth, estará alinhado com a coluna e os pés. Deve-se visualizar, pairando

sobre a cabeça, uma esfera de luz branca brilhante e imaginar que a força cósmica está no

interior dela. Entoar repetidamente o nome Eh-He-Yeh, até sentir que a atenção está

totalmente voltada para essa região superior da cabeça. Visualizar, depois, um feixe

brilhante descendo da esfera até a nuca, onde começará a brilhar uma nova esfera

luminosa. Nesse ponto o nome é Yod-Heh-Va-Heh-Eh-loh-him. Da mesma forma, a

atenção e a entoação da palavra devem persistir nesse ponto durante o tempo necessário.

Esse mesmo processo vai se repetindo, esfera por esfera, ao longo do corpo, até

chegar na direção dos pés. O raio de luz deve ser visualizado descendo do centro da nuca e

atingindo depois o centro de Tifereth, localizado na região do coração, ou seja, um pouco

acima do plexo solar. Nesse ponto o nome é Yod-Heh-Va-Heh-Aloah-Ve-Daath. Depois, o

raio de luz desce para o centro Yesod, localizado na altura da região pélvica, e o nome

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Cha-Dai-El-Kai é entoado. Por fim, o raio desce até os pés, onde termina dentro de

Malkuth. O nome pronunciado nesse momento é Adonai-Há-Aretz.

Tendo completado o percurso, deve-se, em seguida, passar para uma nova etapa do

processo. Visualiza-se um percurso de luz branca brilhante que sai da lateral do pé direito

e percorre toda a lateral do corpo, passando pelo topo da cabeça até chegar ao pé esquerdo.

Esse procedimento se repete por seis vezes. Depois se visualiza o mesmo movimento

circular, mas dessa vez subindo dos pés pelas costas, chegando ao topo da cabeça e

retornando aos pés pela parte anterior do corpo, repetindo-se esse percurso visualizado por

seis vezes como na etapa anterior. Importante observar que o percurso da luz visualizada

deve ser calmamente acompanhado do ritmo respiratório, colocando corpo, respiração e

mente no mesmo ritmo.

A seguir visualiza-se um raio de luz branca brilhante que sobe até o topo da cabeça

e desce envolvendo o corpo continuamente. Por último, visualiza-se um raio de luz branca

que, como uma serpente, passa do pé até o topo da cabeça, fazendo um movimento

helicoidal, que se repete também pelo mesmo tempo dos anteriores. Para finalizar

totalmente o processo, novamente é evocada a palavra “Yod-Heh-Va-Heh-Aloah-Ve-

Daath”, que será pronunciada com um som vibrante, no momento da expiração, até acabar

totalmente o ar. Esse processo se repete até o praticante atingir o estado da exaustão.

No final da técnica, o corpo e a mente estarão nitidamente modificados em relação

ao estado inicial da prática. Esse trabalho deve ser feito rigorosamente durante pelo menos

um mês para se conquistar esse estado de consciência alterada, transe, com uma maior

facilidade e domínio para se apresentar na cena. Como comentado anteriormente,

realmente qualquer pessoa pode praticar porém algumas terão mais facilidade que outras

durante o processo. Caso a pessoa já faça algum trabalho de meditação, ou continua

fazendo, talvez sinta mais facilidade que alquem que nunca praticou . O processo de

entrar em contato com a respiração é o primeiro passo, e por isso qualquer um pode

praticar , basta apresentar uma vontade e uma persistência.

Ao realizarmos a técnica do Pilar do Meio (durante esse período descrito

anteriormente), observamos alguns aspectos que serão de extrema importância mencionar,

para entendermos melhor seus efeitos, na apresentação dramatizada do poema de Artaud.

A técnica de magia Pilar do Meio, como já apontado anteriormente, faz com que o corpo e

a mente atinjam um outro nível de consciência. Ao provocar uma descarga energética

constante e sem interrupções por todo o corpo, a mente vislumbra um espaço de completa

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totalidade e passa a receber continuamente imagens de luzes brancas que se movimentam

ao redor do corpo.

Ao iniciarmos o processo da técnica, sentimos uma grande dificuldade de nos

adequarmos ao som das palavras pronunciadas em hebraico. O som delas, no início, não

tinha força alguma, muito menos um significado próprio. Eram pronunciadas de forma

mecânica e sem intenção nenhuma. Soavam de maneira estranha aos nossos ouvidos e,

inconscientemente, criávamos algumas resistências em relação aos seus fonemas e

significados grandiosos. Esse processo foi analisado como sendo natural, do mesmo modo

que qualquer tipo de aprendizado e tentamos não nos deixar contaminar pelas primeiras

dificuldades.

Depois de termos passado pela primeira etapa e sentido essas dificuldades com o

som, na segunda etapa pareceu-nos que as palavras tinham adquirido um ritmo próprio.

Observamos que essa mudança decorreu da repetição constante e do fato de nossa mente

ter se acostumado com aquela pronúncia. As palavras, como eram pronunciadas

repetidamente passavam, depois de um tempo. Nessa mesma etapa, as vozes pareciam sair

das cinco esferas, pois o som era direcionado e ganhava uma forma que acabava não se

limitando ao espaço da garganta.

Na última fase, quando imaginávamos feixes de luzes percorrendo o corpo,

observamos que ele ganhava movimentos próprios e involuntários, que acompanhavam as

imagens e aumentavam com o tempo, gerando um desequilíbrio e tirando o corpo do eixo.

As imagens e palavras ganhavam força ao longo da prática e o corpo passava por cinco

momentos muito diferentes uns dos outros. No início, permanecia estático; depois adquiria

uma leveza; com o tempo, alguns tremores e formigamentos nas mãos e nos pés, um

desequilíbrio e, por último, um retorno ao eixo.

Todas essas características são descritas por Israel Regardie como conseqüências

naturais de um processo mágico e profundo, pois tanto o corpo quanto a mente estão

imersos num outro nível de consciência, em um processo psicofísico. Com isso, a energia

não só limpa a mente, como percorre o corpo provocando espasmos, como se este

estivesse sendo vestido com uma nova identidade.

A técnica de magia Pilar do Meio, como já apontado anteriormente, faz com que o

corpo e a mente atinjam um outro nível de consciência. Ao provocar uma descarga

energética constante e sem interrupções por todo o corpo, a mente vislumbra um espaço de

completa totalidade e passa a receber continuamente imagens de luzes brancas que se

movimentam ao redor do corpo.

17

4. O ATOR E O TRANSE

O estado que se vivencia com a técnica de magia Pilar do Meio consiste num

transe. Buscaremos um caminho que viabilize esse mesmo transe em cena, ao aliarmos ao

poema escolhido para a experiência o uso das ferramentas exploradas na prática do Pilar

do Meio.

Como temos definido o transe como um estado que também se encontra além das

palavras e expressa um sentido subjetivo que, neste trabalho, será usado no momento da

atuação. Essa subjetividade pode estar aliada à fala, mas esta não vai ser o elemento

principal e sim, uma ponte para expressar a sutileza, a presença e estabelecer o ritmo da

cena. O ritmo será estabelecido através da repetição de algumas palavras do poema de

Aratud, que serão apresentadas como um mantra, em alguns momentos, emitindo a mesma

força apresentada na técnica já dita, em outros momentos, seguirá seu ritmo natural.

A integração entre corpo e mente será um instrumento para o ator na sua atuação.

Como apontamos na introdução, o ator, antes de entrar em cena, muitas vezes se depara

com um estado de nervosismo, insegurança e ansiedade que, na maioria das vezes,

atrapalha seu processo criativo. A utilização da técnica do Pilar do Meio poderá ser útil na

medida em que propiciará ao ator liberar forças do seu inconsciente, no momento anterior

ao início da cena, ativando assim o estado de transe consciente, que será utilizado para seu

trabalho interpretativo. O uso dirigido de semelhante força é capaz de aliar o corpo e a

mente para uma atividade conjunta, visando a exercer a vontade individual em prol de

resultados práticos e objetivos.

18

Falaremos sobre Artaud, daremos vida a algumas de suas palavras, mas não nos

comprometeremos com a clareza dos seus significados e sim, com a pluralidade de suas

possibilidades. O próprio Artaud nunca pareceu se preocupar com o fato de suas palavras

serem compreendidas ou não, mas desejava que o espírito delas estivesse vivo. A

compreensão das palavras não será o elemento determinante na cena, mas o estado de

transe que dela podemos estabelecer com as demais ferramentas.

O corpo, durante a prática, apresenta alguns movimentos involuntários.Esses

movimentos apresentados no decorrer da prática serão utilizados na atuação. São esses

movimentos que provocam um aumento da sensibilidade , estimulação dos sentidos e uma

maior vitalidade corporal. Esses movimentos, apresentados no decorrer da atuação,

remeterão o transe sugerido, no qual alguns movimentos involuntários ganham forma.

O pensamento mecânico no qual nossa mente parece se aprisionar como única

maneira de se expressar dentro de nossa mente, será tranqüilizado ao longo da prática do

Pilar do Meio. Isso provocará um maior controle da mente gerando pensamentos

conscientes e controlados. São esses pensamentos que nos possibilitarão ter domínio e

conduzir o estado de transe no momento da cena.

Estabeleceremos um diálogo entre a técnica de magia a que já nos referimos

anteriormente, e da concepções de teatro de Artaud, fundamentados nas semelhanças entre

ambas. Com essa aproximação, pretendemos encontrar meios de transpor, para a atuação ,

o estado de transe, presente tanto na obra do referido dramaturgo quanto na mencionada

técnica.

19

5 . RELATÓRIO DE ATIVIDADES

Executamos essa prática de magia durante dez meses e, com base nela, observamos

a possibilidade de introduzir o texto de Artaud no final, a fim de testarmos seus efeitos

sobre a representação. No início do trabalho, o texto foi lido e já apresentou algumas

diferenças visíveis e significativas, enriquecendo nossa pesquisa.

Conforme abordamos anteriormente, a experiência prática da técnica do Pilar do

Meio, leva a resultados bastante concretos. Entre eles: aumento da sensibilidade,

estimulação dos sentidos, ampliação da atenção, olhar brilhante e expressivo, vitalidade,

serenidade e sensação de vibração energética em todo o corpo.

Pode-se perceber que, pelo emprego constante da visualização dinâmica de luzes,

da respiração ritmada e do emprego da palavra vibrada, o praticante é conduzido a um

nível de percepção diferenciada e mais apurada. No início da prática, é comum observar a

mente inquieta, dispersa e sobrecarregada.

Descreveremos a seguir o que ocorreu conosco. Deparamo-nos com um primeiro

desafio e julgamos que seria fundamental investigar essa nova experiência. Sentimos que,

sem o primeiro passo, que seria ativar a imaginação, o trabalho não surtiria o efeito

esperado. Passamos pela dificuldade de concentrar nosso pensamento exclusivamente nas

imagens desenhadas pelo nosso corpo, na parte ritualística.

Depois de um tempo, observamos o trajeto da respiração e vimos que a inspiração

carregava a mente com um acúmulo de ar e com a expiração as imagens lentamente

ganhavam forma. Ao carregar a mente, o ar acumulado “varria” os pensamentos

20

involuntários e um espaço vazio surgia. Neste espaço “em branco”, as palavras

acompanhadas de uma imagem correspondente ocupavam, gradativamente, aquele espaço.

As imagens, na sua maioria, eram feixes de luz que, em cada etapa, adquiriam um

percurso definido. As luzes ganhavam o movimento e o ritmo da respiração. As luzes,

inicialmente, apareciam sempre na cor branca e depois foram ganhando as cores azulada

(na primeira etapa) e dourada (nas outras). A respiração era direcionada para os pontos de

tensão que apareciam no corpo, com isso, relaxando toda a musculatura. O corpo ganhava

uma leveza e parecia “se alargar pelo espaço”.

As esferas luminosas em movimento, localizadas nos centros da Árvore da Vida,

no início não apareciam, não tinha forma. Só era possível conduzir a atenção para as

regiões do corpo em que elas viriam a se localizar com o decorrer da prática. Nesse caso,

o que mais contribuiu para as esferas luminosas ganharem vida foi a intensidade e a

repetição das palavras. Como cada centro possui uma palavra correspondente, o tamanho e

a intensidade de cada esfera, localizadas nos centos, ganhavam características próprias.

Isso só foi notado após alguns meses de prática contínua.

A partir daí o corpo passou a acompanhar as imagens, com movimentos

involuntários repetitivos. Um tremor, surgido de início na região pélvica e posteriormente

nas outras sefiras (na nomenclatura da técnica, são os cinco centros energéticos espalhados

pelo corpo), acabava gerando um desequilíbrio. A mente era conduzida pelas imagens e

pelo som das palavras.

A prática fez com que o corpo e a mente, de forma suave, respondessem

simultaneamente aos comandos da respiração e das imagens. Pareciam antecipar a

próxima etapa: ora o corpo conduzia o processo, ora a mente assumia o controle.

No final, o corpo, a mente, o som e as imagens, pareciam ser uma coisa só como se

uns dependessem inteiramente dos outros. Observamos que a energia em forma de luz que

percorria o corpo durante a prática, só existia em conseqüência dessa interação. Os

símbolos ritualísticos do início pareciam ter um sentido concreto, como se realmente o

espaço tivesse sido preparado para dar início àquela energia que, no decorrer da prática,

despertava o inconsciente e no final, ao abrirmos os olhos, trazia de volta a consciência e a

atenção para o estado presente.

Para a apresentação final deste trabalho, tal técnica começou a ser praticada com

uma finalidade: a encenação a partir de um poema de Artaud. Poderia ser um manifesto do

ator e, se possível, deveria abordar o transe. Queríamos encontrar primeiramente uma carta

na qual ele tratasse desse assunto. Depois de muita procura, chegamos à conclusão de que

21

o caminho mais adequado não seria esse, pelo fato de que, na maioria das cartas, ele

tratava de temas por demais específicos, desenvolvidos em função do interesse dele e dos

destinatários. Não teria validade, portanto, para a finalidade de nosso trabalho.

Optamos, então, pelo poema “Alienar o ator”, que nos pareceu quase um manifesto

sobre a função do ator no teatro. Nesse “monólogo poético”, ele expressou suas

inquietações e seus questionamentos, além de mostrar suas aparentes incoerências,

inclusive no que diz respeito ao transe. Nesse poema encontramos, em grande parte, as

características ‘artaudianas’ que procuramos apontar nesta monografia.

O primeiro ensaio,com o poema lido após a prática, não teve a força que as

palavras pronunciadas deveriam provocar, mesmo já apresentando algumas mudanças

sonoras, como apontamos anteriormente. O sentido não era compreendido, as palavras

pareciam confusas, embora já esboçassem um ritmo próprio, existia uma musicalidade.

Com o tempo, imersos no estado de transe consciente, encontramos, enfim, uma forma de

representação no qual julgamos, apropriada ao poema escolhido – simulamos em cena, por

meio de gestos frenéticos e falas nervosas, o que imaginávamos ter sido o momento de

criação do próprio poema pelo autor, como se o flagrássemos na angústia do processo

criativo.

Nosso objetivo não foi facilitar o entendimento do que o texto queria transmitir,

mas, expressar a intensidade do texto de Artaud, por meio dos gestos e da sonoridade e,

principalmente, o ritmo extraído das palavras. Depois de alguns ensaios, elas pareciam

possuir uma musicalidade própria.

O estado de transe se fazia presente e o ensaio se tornava cada vez mais produtivo.

O poema ganhava uma forma, durante o ensaio, que contagiada com uma vivacidade,

achamos desnecessário e incoerente marcá–la. A naturalidade e a força dos movimentos e

das falas foram responsáveis por gerar essa unicidade do ator que buscávamos no início de

nossa pesquisa.

22

6- CONCLUSÃO

O interesse pela pesquisa surgiu, não só como uma forma de expressar uma

profunda gratidão pelos efeitos da técnica mencionada anteriormente, mas também pela

possibilidade de me aprofundar em alguns conceitos do teatro artaudiano. Pois sempre

considerei Artaud um mestre durante minha trajetória artística. Inspirada e conduzida por

essa paixão, pelos dois temas abordados, encontrei uma possível forma de resolver

angustias e questionamentos surgidos no decorrer dessa profissão de atriz. Com a

monografia, acreditei ser possível construir esse diálogo prático e teórico entre a magia e

Artaud, onde o ponto em comum entre eles seria o transe.

O teatro de Artaud dialogou com a magia em busca de saída para criação de uma

nova “vida”, que deveria ser vivenciada pelos atores no palco. Trata da alma humana

como elemento fundamental para a arte de interpretar, como se o espírito falasse por meio

do corpo e o corpo desse voz a níveis de realidade mais profundos. Seu teatro é como uma

ponte que liga o místico à cena, levando até às últimas conseqüências a idéia da

representação como encarnação de uma força superior – tão ressaltada por ele em seus

escritos – que seria, em essência, tudo que não é facilmente compreendido por nossa

mente, por vir do inconsciente.

Como apresentamos na introdução deste trabalho, a preocupação com o resultado,

a necessidade de aprovação, o medo de uma possível crítica, a cobrança que lançamos

sobre o nosso próprio trabalho, tudo isso gera tensão, insegurança, nervosismo, ansiedade,

fazendo com que nos distanciemos de nós mesmos, fragmentando nossa presença,

comprometendo seriamente a qualidade da nossa atuação.

23

O fato é que nós somos os principais responsáveis por fabricarmos todas essas

inquietações. Depois de um tempo, esses problemas tornam-se corriqueiros e, na maioria

das vezes, arrumamos uma forma de despistá-los, fingindo para nós mesmos que eles não

existem. Mas não adianta, porque eles voltam. O que temos a fazer, em verdade, é

aprender a dominar nossa mente, acalmando-a quando necessário, e voltando a ativá-la

quando bem entendemos.

A técnica de magia chamada Pilar do Meio pode constituir-se, entre tantas outras,

numa via para resolver questões relacionadas com o quadro apresentado acima. O estado

de transe proporcionado pelo Pilar do Meio proporcionará não apenas mais consciência,

mas também uma boa projeção vocal, a estimulação dos sentidos e maior vitalidade

corporal.

O primeiro passo será aprender a ter controle sobre a mente e, conseqüentemente,

sobre o corpo e, por último, sobre a cena. A mente assemelha-se a cavalos – se não

puxamos a rédea, nos levam para qualquer lugar. Por isso ela tem uma porcentagem

significativa de culpa nesse processo, pois nos “bombardeia” com imagens, pensamentos e

questões . Somos quase marionetes desse turbilhão desenfreado que é a nossa mente.

A prática de magia Pilar do Meio realmente nos levou a um estado de consciência

alterada, que beneficiou a cena. Não tivemos o intuito de transportar para a representação

o transe descrito por Artaud, porque seria uma tarefa pretensiosa, impossível. Dar conta do

turbilhão inconsciente que habitava a mente do poeta seria uma tarefa inviável Por isso,

optamos simplesmente por experimentar o estado de transe decorrente da técnica de

magia no momento da representação do texto do poeta, a fim de ver até que ponto

chegaríamos com esse experimento.

A técnica mostrou-nos a possibilidade de atuar com segurança, domínio e

serenidade. O estado de transe tornou possível apresentarmos uma cena com a atenção

totalmente voltada para o foco, concentrada na atuação.

Ao longo dos ensaios, havíamos sentido a necessidade de realizar a cena de duas

formas – com o texto ensaiado sem a prática e, depois, com ela – observando voz, corpo e

mente. Como resultado da comparação, podemos afirmar ter havido, nos momentos em

que estávamos imersos no transe, uma modificação significativa desses elementos, que

passaram a atuar de maneira totalmente integrada.

No ultimo ensaio, antes de apresentar à banca, filmaremos toda a prática do Pilar

do Meio e no final apresentaremos o poema “Alienar o Ator”, de Antonin Artaud. Este

24

registro servirá como uma demonstração da técnica, aqui apresentada, e um documento de

pesquisa.

Acreditamos ser possível estabelecer um vínculo plausível entre a proposta de

Artaud em alguns de seus escritos e a interpretação executada a partir de uma preparação

com a técnica do Pilar do Meio, atingindo assim a unicidade do ator com o transe.Os

gestos, os mantras, a consciência dos pontos do corpo e a necessidade de transmitir um

teatro que ultrapasse o texto por si só , já estabelecem esta conexão mas também uma boa

projeção vocal, a estimulação dos sentidos e maior vitalidade corporal.

O primeiro passo será aprender a ter controle sobre a mente e, conseqüentemente ,

sobre o corpo e, por último, sobre a cena. A mente assemelha-se a cavalos – se não

puxarmos a rédea, nos levam para qualquer lugar. Por isso ela tem uma porcentagem

significativa de culpa nesse processo, pois nos “ bombardeia” com imagens , pensamentos

e problemas vinte e quatro horas por dia, sem contar durante o sono, quando continua

vagando entre sonhos e imagens. Somos quase marionetes desse turbilhão desenfreiado

que é a nossa mente.

A prática de magia Pilar do Meio realmente leva a um estado de consciência

alterada, que beneficia a cena . Não tivemos o intuito de transportar para a representação o

transe descrito por Artaud, porque seria uma tarefa pretensiosa , impossível. Dar conta do

turbilhão inconsciente que habita a mente do poeta seria uma tarefa de anos e, quem sabe ,

inviável. Por isso optamos, simplesmente por experimentar o estado de transe decorrente

da técnica de magia no momento da representação do texto do poeta, a fim de ver até que

ponto chegaríamos com esse experimento.

A técnica mostrou-nos a possibilidade de atuar com segurança, domínio e atenção.

O estado de transe tornou possível apresentar uma cena com a atenção totalmente em

alerta e focada na atuação, controlada e claramente estruturada.

Ao longo dos ensaios ,surge a necessidade de realizar a cena de duas formas – com

o texto ensaiado sem a prática e, depois, com ela- observando voz,corpo e mente. Como

resultado da comparação, afirma-se que nos momentos do transe, uma modificação

significativa , unindo todos esses elementos, (citados anteriormente) passaram a atuar de

maneira integrada.

No ultimo ensaio, antes de apresentar à banca, filmaremos toda a prática do Pilar

do Meio e no final apresentaremos o poema “ Alienar o Ator”, de Antonin Artaud. Este

registro servirá como uma demonstração da técnica, aqui apresentada, e um documento de

pesquisa.

25

26

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

WILLER, Cláudio. Escritos de Antonin Artaud. Porto Alegre: L&PM Editores, 1983.

VIRMAUX, Alain. Artaud e o Teatro. São Paulo: Perspectiva, 1978.

BUTLER, E.W., A magia e o mago. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991.

OIDA, YOSHI, O ator invisível. São Paulo: Beca, 2001.

SUÁREZ, Cristina, Espacios desconocidos, lugares inimaginados. Buenos Aires: Lúmen,

2003.

ESSLIN, Martin. Artaud. São Paulo: Cultrix, 1978.

REGARDIE, Israel., A arte da verdadeira cura. São Paulo: Isis, 1964.

TEIXEIRA, Letícia. Conscientização do movimento – uma prática corporal. São Paulo:

Caioá, 1998.

CAMPIGLIA, Helena. Psique e medicina tradicional chinesa. Rio de Janeiro: Roca, 2004.

ARTAUD, Antonin. O teatro e seu duplo. São Paulo: Max Limonad, 1987.

GEWURZ, Elias. Los mistérios de la kábala. Moneda: Gómez Gómez HNOS, 1975.

STREVA, Cristina. Jung e o Teatro: uma Perspectiva Analítica para Algumas Teorias

Teatrais do Século XX. Orientadora: Profa.Dra. Vânia Granja. Rio de Janeiro: UNIRIO/

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005. 17 p. Dissertação ( Pós-

graduação Latu Sensus em Educação Estética)

JUNG, Carl G. ( org). O Homem e seus Símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1977

LOWEN, Alexander. Bioenergética. São Paulo: Summus, 1982

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8- ANEXOS

Texto apresentado - Alienar o Ator

O teatro

é o estado,

o lugar,

o ponto,

onde se aprende a anatomia humana,

e através dela se cura e se rege a vida.

Sim, a vida com seus transportes, seus relinchos, seus borborismos, seus buracos,

seus pruridos, seus rubores, suas paradas de circulação, seus maestroms sanguinolentos,

suas precipitações irritáveis de sangue, seus nós de humor,

suas retomadas,

suas hesitações.

Tudo isso se discerne, se marca, se investiga e se ilumina

sobre um membro, e é pondo em atividade, eu diria em

atividade paroxística dos membros, como os membros desse

formidável fetiche animado que é todo o corpo

de todo um ator,

que se pode ver

como a nu,

a vida,

na transparência, na presença de suas forças primais nascidas,

de suas potências inutilizadas,

e que ainda não serviram, não, ainda não serviram para

corrigir uma criação anárquica, da qual o verdadeiro teatro foi

feito a fim de reerguer as irascíveis e petulantes gravitações.

Sim a gravitação universal é um sismo, uma horrorosa

precipitação passional

que se corrige sobre os membros de um ator,

não em frenesi,

não em histeria, não em transe.

(ARTAUD apud VIRMAUX, op.cit., p.325)

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Fichas de prática

Ficha de prática 1

Data 07/ 06/2006

Horário 19:00 – 20:00 h

Local Centro de meditação Namastê, no Rio de Janeiro

Participantes Brisa e instrutor

Atividade Prática da técnica do Pilar do Meio

Objetivo No final da prática delimitaremos elementos que serão observados,

durante a prática, no encontro seguinte.

Descrição

Após a explicação dada pelo instrutor sobre as três etapas da técnica, iniciamos a prática:

com a luz apagada e uma música de relaxamento, começamos uma respiração forte e

profunda e passamos a focar a atenção nesse processo , com o objetivo de acalmar a mente.

Conceitos – as três etapas da prática

1ª etapa – Ritualística de preparação do recinto chamado (Ritual do pentagrama menor)

2ª etapa – Visualização das cinco sefiras ou cinco esferas de luz espalhadas pelo corpo

(que correspondem aos cinco centros da Árvore da Vida), acompanhada da respiração e

pronunciação das palavras em hebraico correspondentes a cada esfera.

3ª etapa – Visualização de feixes luminosos que percorrem o corpo em movimento

contínuo e, ao final, pronunciação vibrante e repetida (oito vezes) de uma palavra

específica.

Comentários

Tive alguma dificuldade inicial na prática por não conseguir acalmar meus pensamentos;

por não entender as palavras em hebraico e não conseguir visualizar todas as esferas e

desenhos executados. As palavras eram repetidas muitas vezes provocando uma descarga

energética por todo o corpo. Ao final, senti calma e leveza corporal

Ficha de prática 2

Data 11/ 07/2006

Horário 22:00h até 23:00h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa e instrutor Erick

Atividade Prática do Pilar do Meio

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Objetivo Prestar atenção nas palavras e na intensidade do som

Descrição

O Ritual inicial e a prática foram realizadas com uma música de relaxamento. O tempo da

respiração (inicial) foi prolongado neste dia.

Comentários

Brisa - Hoje o meu pensamento já não me atrapalhou tanto, foi acalmando com o decorrer

da prática. O fato de termos posto mais tempo no momento da respiração, no inicio ajudou.

No meio me senti um pouco fraca e quase desmaiei, depois voltei para o eixo. No primeiro

momento pensei ser conseqüência do efeito das palavras. Essa foi uma conclusão que nos

pareceu possível, pois a minha atenção se voltou para a pronunciação das palavras usando

todo o ar expirado até chegar na exaustão, ( na etapa final da prática) com a pronuncia das

palavras vibradas.

Ficha de prática 3

Data 15/ 07 / 2006

Horário 22:00h até 23:00h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio

Objetivo Nossa atenção estava voltada para os efeitos da visualização, durante a

prática.

Descrição

O Ritual inicial e a prática foram feitos sem a música e o tempo inicial da respiração

prolongada foi mantida.

Comentários

Brisa - A visualização parecia seguir o mesmo ritmo da respiração e eram mais claras na

segunda etapa do que na primeira. Na ultima etapa ao imaginar o percurso da luz ao redor

do corpo observei que o segundo movimento surgia naturalmente em conseqüência do

anterior como se um estivesse ligado ao outro, existia um fluxo próprio durante todo

percurso visualizado.

Ficha de prática 4

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Data 20/ 07 / 2006

Horário 22:30h até 23:30h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio

Objetivo Tornar ativa a visualização com a ajuda da respiração

Descrição

O Ritual inicial e a prática foram feitos com música, pois achamos que ajuda a relaxar

mais do que o silêncio.

Comentários

Brisa - Hoje tive mais facilidade de visualizar as imagens, elas pareciam mais claras e

começava a ter um brilho. A respiração, acredito, ter sido a responsável por isso, pois na

inspiração eu procurei limpar a mente e na expiração as imagens ganhavam forma .

.

Ficha de prática 5

Data 29/ 07 / 2006

Horário 22:10h até 23:20h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio com leitura do texto de Artaud no final da

prática.

Objetivo Projetar a voz ao máximo no momento da vibração e da repetição nos

centros. O efeito será experimentado com a leitura de uma carta de Artaud

Descrição

O Ritual e a prática serão acompanhados da música de relaxamento até o final. Será

desligada no momento da leitura.

Comentários

Brisa - Durante a prática senti ,um tremor por todo o corpo e um desconforto ao forçar a

voz, no máximo na expiração. A voz forçava a garganta e irritava minhas cordas vocais.

Em oposição a leitura, que foi feita imediatamente após a prática, as palavras eram

articuladas e projetadas com clareza. O que não apresentou sentido foi a escolha do texto,

por ser muito discursivo e teórico.

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Ficha de prática 6

Data 06/ 08 / 2006

Horário 21: 40h até 23:20h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio com leitura do texto “ Alienar o Ator” –

Artaud

Objetivo Colocar na cena movimentos involuntários que surgirão com a prática

encontrando um sentido para cada um deles.

Descrição

Hoje o que será valorizado e relatado, será o resultado final da prática ,finalizando com a

leitura.

Comentários

( Brisa)

A dificuldade apareceu em fazer uma real comunicação entre as palavras lidas com os

movimentos de tremor aparecidos no decorrer da prática.Ao ler, me senti tranqüila e

segura.( mesmo não dominando o texto) Parecia que cada palavra, ganhava seu significado

no momento da representação.Era como se estivesse descobrindo as palavras e os

movimentos naquele momento.

.

Ficha de prática 7

Data 10/ 08 / 2006

Horário 21: 40h até 23:10h

Local Asbamtho- escola de acupuntura e shiatsu ( massagem oriental)

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio com leitura do texto “Alienar o Ator” –

Artaud, ao final da prática.

Objetivo Objetivo: Improvisar ,depois da prática, buscando encontrar um ritmo

para as palavras. A atenção será voltada para a musicalidade do texto e

não seu significado.

32

Descrição: Hoje serão utilizados alguns objetos

Para a cena: caneta e papel (no papel estará contido o texto lido)

Comentários

Brisa -

Os gestos eufóricos pareciam acompanhar o texto .Os elementos ajudaram a criar o enredo

do monólogo. O personagem ,sendo um escritor com algumas semelhanças de Artaud, no

seu momento de criação.

Ficha de prática 8

Data 15/ 08/ 2006

Horário 20hs ás 21:30hs

Local Residência

Participantes Brisa

Atividade Pilar do meio com a leitura do texto “Alienar o Ator”

Objetivo Ensaiar a cena, utilizando o estado final da prática para o improviso

buscando um significado para os gestos.

Comentários

Brisa - No início o gesto aparecia para traduzir as palavras do Artaud, ficando redundante.

Depois, tentei sair desse estado, mas mantive alguns movimentos que surgiram no ensaio

anterior.

Observações complementares:

O estado de transe , apresentado depois da prática, parecia se estender até o final . A cena

parecia reproduzir o estado confuso e paradoxal apresentado no texto.

Ficha de prática 9

Data 21/ 08/ 2006

Horário 22:10hs às 23: 40hs

Local Asbamtho no Humaitá

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio e ensaio com o poema decorado, “ Alienar o

Ator” de Antonin Artaud –(ensaio do poema, antes e depois da prática)

Objetivo Comparar a cena antes da prática do Pilar do Meio e depois com o

efeito dela sendo utilizado durante o ensaio do poema.

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Comentários

Brisa – O poema apresentado antes da prática ficou muito aprisionado ao sentido das

palavras e os movimentos pareciam repetir o significado delas. A dificuldade estava pelo

fato do meu corpo já ter se acostumado com essa força provocada pela prática , me

encontrei criticando quase todo o tempo o que fazia durante esse ensaio. O julgamento era

claro e isso atrapalhou o primeiro ensaio. Depois no segundo ensaio, me senti

completamente libertada . Acredito ter sido, pelo fato do texto já estar decorado assim

como me sentia mais criativa. Os movimentos só acrescentavam e davam continuidade as

palavras .Com isso, acabei selecionando alguns movimentos para o próximo ensaio.

Ficha de prática 10

Data 28/ 08/ 2006

Horário 20:15hs às 22: 10hs

Local Asbamtho

Participantes Brisa

Atividade Prática do Pilar do Meio e ensaio com o poema, decorado, “ Alienar o

Ator” de Antonin Artaud

Objetivo Selecionar os gestos para cena na forma como será apresentado o

monólogo.

Comentários

Brisa - Durante o ensaio da cena, senti dificuldade em marcar os movimentos e escolhi

quatro gestos, que são mais significativo e que serão repetidos durante a representação.

Resolvi definir alguns movimentos e juntei aos que já tinha separado no ensaio anterior O

poema apresentou um ritmo progressivo e repetitivo, que retiramos da prática e colocamos

na cena. Resolvi que, em alguns momentos, as palavras serão pronunciadas junto aos gestos

e, noutros, com o corpo estático.