Transporte de Emergência treinando basico

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APOSTILA DO ALUNO MDULO BSICO

TRANSPORTE DE EMERGNCIA - Projeto Soldado Cidado Mdulo Bsico 2011

Diretoria Executiva Geral Coordenao de Promoo Social e Desenvolvimento Profissional

TRANSPORTE DE EMERGNCIA Modalidade Presencial Apostila do Aluno Mdulo Bsico

Fale com o SEST SENAT 0800.7282891

NDICE Apresentao.......................................................................................................................5 Grade de Contedo .............................................................................................................6 1 - VISO INTEGRADA NO TRANSPORTE ........................................................07 2 - INFORMAO E ORIENTAO PROFISSIONAL..........................................20 3 - SADE E SEGURANA NO TRABALHO.......................................................28 4 - COMUNICAO VERBAL E ESCRITA..........................................................39 5 - FUNCIONAMENTO E MANUTENO DO VECULO.....................................61 6 - CONDUO SEGURA E ECONMICA..........................................................68 7 - CIDADANIA.....................................................................................................94 8 - ATENDIMENTO EFICAZ................................................................................94 9 - EMPREENDEDORISMO ................................................................................94 Atividades de Aprendizagem ...........................................................................................104 Bibliografia .......................................................................................................................110

Qualificao para Condutores de Veculos de Emergncia - 3 -

4 - Qualificao para Condutores de Veculos de Emergncia

Apresentao O Soldado Cidado um projeto do Governo Federal que envolve o Ministrio da Defesa e o Ministrio do Trabalho e Emprego. Seu objetivo a formao cvica e profissional dos recrutas brasileiros, visando sua integrao no mercado de trabalho por meio do Programa Primeiro Emprego. O SEST/SENAT uma das entidades que integram o projeto. Os cursos de Mecnica de Automvel, Pintura Automotiva, Auxiliar Administrativo e Financeiro, Almoxarife, Borracheiro, Balanceador, Alinhador, Motorista de Produtos Perigosos, Motorista Condutor de Passageiros, Motorista Condutor de Cargas e Operador de Empilhadeira sero oferecidos a aproximadamente 4 mil recrutas em todo o Brasil. Alm dos conhecimentos especficos, todos os cursos contemplam contedos importantes para o desempenho profissional e a atuao cidad do jovem na sociedade, independentemente da rea de formao, tais como: matemtica fundamental, comunicao verbal e escrita, informtica bsica, sade e segurana no trabalho, relacionamento interpessoal, informao e orientao profissional e educao ambiental. O curso de Qualificao para Condutores de Veculos de Emergncia foi estruturado com o objetivo de oferecer ao jovem a oportunidade de adquirir conhecimentos e habilidades importantes para o exerccio de atividades profissionais na rea de transporte de passageiros, enfermos e vtimas de acidentes de trnsito. O curso est dividido em trs mdulos: bsico, operacional e empreendedorismo. O mdulo bsico possui carga horria de 72 horas. Seu objetivo oferecer ao jovem uma viso geral do setor de transportes e de seus processos produtivos, enfocando o transporte de Emergncia, alm de trabalhar contedos gerais, importantes para o desempenho profissional, qualquer que seja sua rea de formao. A metodologia de ensino foi definida com base nos pressupostos da educao presencial. A avaliao final consistir na realizao de prova escrita, e o critrio para aprovao ser de 70% de acertos, no mnimo, alm do cumprimento das tarefas solicitadas pelo instrutor durante o desenvolvimento de cada disciplina.

Qualificao para Condutores de Veculos de Emergncia

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Grade de Contedo Curso: Qualificao para Condutores de Veculos de Emergncia. Mdulo Bsico Carga Horria: 72 horas

Unidades Viso Integrada no Transporte Informao e Orientao Profissional Sade e Segurana no Trabalho Comunicao Verbal e Escrita Funcionamento e Manuteno do Veculo Conduo Segura e Econmica Cidadania. Atendimento Eficaz Empreendedorismo

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1 - VISO INTEGRADA DOS SISTEMAS DE TRANSPORTE 1.1 A Relevncia do Transporte no Mundo e sua Evoluo O transporte como atividade essencial ao aproveitamento do potencial produtivo fundamental para o desenvolvimento de um pas. Num pas como o Brasil, com vasta extenso territorial e com fronteiras econmicas em permanente expanso, o transporte tem um dinamismo de crescimento que precisa ser acompanhado proporcionalmente ao crescimento da populao e da produo. Crescimento do Transporte:No Brasil, no perodo de 1945 a 1985, enquanto o produto real cresceu 913,5%, os setores de transportes e comunicaes tiveram um crescimento de 2.089,5%.

Se considerarmos que h trs sculos aproximadamente o meio de transporte de passageiros eram as carruagens puxadas a cavalos e utilizadas pelos nobres e ricos, percebe-se que houve uma evoluo e uma inovao significativa no transporte. Conhea algumas datas importantes que marcam essa evoluo: 1600 Surgiu o servio de transporte de passageiros carruagem puxada por cavalos em Londres, Inglaterra. Em 1612 este servio passa a ser ofertado tambm em Paris. 1826 Foi criado na Frana o primeiro nibus uma espcie de carruagem longa puxada por cavalo com capacidade para transportar entre 10 e 20 passageiros. 1832 Surgiram os primeiros bondes puxados por cavalos sobre trilhos. 1873 Surgiu em So Francisco (EUA) o bonde com trao mecnica, sustentado por um cabo de ao para mant-lo nos trilhos. 1888 Surgiu, na cidade Richmond (EUA), o primeiro bonde com trao eltrica. 1890 Surgiram os nibus com propulso mecnica, movidos gasolina, que comearam ser utilizados em inmeras cidades da Alemanha, Frana e Inglaterra. Nos

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Estados Unidos, os primeiros nibus movidos gasolina comearam a circular em 1905 na cidade de Nova Iorque. 1920 Comearam a circular os primeiros nibus movidos a leo diesel, inicialmente na Alemanha e logo em seguida na Inglaterra. O transporte sobre trilhos, do tipo metr, comeou a ser implantado em 1863 em Londres e, posteriormente, em Nova Iorque em 1868. Por volta de 1930, praticamente todas as grandes cidades dos pases desenvolvidos j possuam metr. A evoluo dos transportes no Brasil tem uma relao direta com o perodo de seu desenvolvimento, que podemos classificar a partir do processo de industrializao brasileira nos seguintes perodos: 1885 -1945 Grande expanso da produo txtil e de outros setores tais como: roupas, calados, fumo e bebidas. Os transportes dominantes eram o ferrovirio e o porturio, considerando que a funo principal era o escoamento da produo. O transporte ferrovirio tinha o papel de fazer o escoamento do interior para litoral. Na verdade, o transporte tinha caractersticas regionais. No havia uma integrao de grandes distncias do territrio brasileiro. 1945 -1970 O surto da industrializao brasileira e a Segunda Guerra Mundial, que marcaram a partir dos anos sessenta, a evoluo da indstria de veculos automotores, associada disponibilidade de recursos para a construo e conservao de estradas e o baixo custo dos derivados de petrleo foram fatos determinante para a expanso do transporte rodovirio de cargas e de passageiros. O transporte pblico de passageiros passou a ter um crescimento mais intenso a partir dos anos 70, com a intensificao da urbanizao das cidades brasileiras. O primeiro registro sobre transporte pblico de passageiros nas principais cidades brasileiras aconteceu por volta de 1865. O transporte era operado por um veculo de duas rodas ou por uma carruagem puxada por cavalos. Nessa poca, iniciou-se a oferta de servios de transporte, com o estabelecimento de itinerrios e horrios de partida e chegada. Por volta de 1873, vieram os bondes, tratava-se de uma concesso governamental operada pelas empresas denominadas Companhias Carris de Ferro. Estes bondes eram puxados por animais. Somente por volta 1906 que essa fora motriz dos animais foi substituda por eletricidade. O uso do nibus como transporte pblico foi incorporada

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cidade de So Paulo por volta de 1924. A partir da, houve uma evoluo na ampliao de linhas e de frota de nibus para atender o deslocamento das pessoas, principalmente nas cidades de mdio e grande porte. A evoluo das ferrovias brasileiras pode ser caracterizada em trs ciclos: Primeiro ciclo (entre 1852 e 1900) Financiadas por capital ingls, com concesses governamentais e garantias de taxas atraentes de retorno sobre o capital. Neste perodo, em So Paulo, os cafeicultores financiaram suas prprias estradas de ferro. Segundo ciclo Marcado pelo processo de nacionalizao das ferrovias. Em 1929, o estado era o dono de 67% das companhias ferrovirias brasileiras e responsvel pela administrao de 41% da rede existente. Terceiro ciclo Marcado pela crise das ferrovias nos anos 80 e o incio do processo de desestatizao do setor ferrovirio (o governo retorna as ferrovias e sua operao ao setor privado). Nos dias atuais o setor de transporte tem alguns problemas que esto causando impactos negativos no desenvolvimento do Pas, por exemplo: Infra-estrutura insuficiente, tanto de rodovias como de portos e aeroportos; Uma matriz de transporte (diviso entre a utilizao dos modais ferrovirio, aerovirio, aquavirio e rodovirio) totalmente desbalanceada (cerca de 60% de toda a carga movimentada no Brasil se faz pelo modal rodovirio); Problemas logsticos relacionados com a integrao dos diversos modais (rodovirio, ferrovirio, areo e aquavirio). importante destacar que o Brasil tem 47% de sua populao morando em grandes aglomeraes (cidades de porte mdio, prximas s grandes capitais). Isto demanda um alto investimento em sistemas de transporte pblico.

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1.2 A Importncia do Transporte para a Sociedade O transporte essencial na sociedade atual. Toda a movimentao de pessoas e bens acontece por meio dos servios de transporte. Ele to significativo que hoje se fala em estagnao da economia em funo da falta de infra-estrutura de transporte no Brasil. Alguns exemplos dessa deficincia: Volvo teve seus custos de transporte aumentados em 50% por falta de navios para a Amrica do Sul no porto de Paranagu; Eliana Revestimentos cermicos teve de baixar sua projeo de exportao de 20% para 10% em funo de falta de transporte, principalmente para o Oriente Mdio. Compaq Computer Brasil tem dificuldade de embarcar seus computadores no aeroporto de Viracopos (SP) para pases andinos. A demanda de carga de dois avies por semana, mas apenas um est disponvel. Isso gera um custo adicional de 5% do valor do produto. As ineficincias na movimentao de gros causam os seguintes prejuzos: aumento de distncias mdias em torno de 300 km; o deslocamento de uma tonelada de soja no Brasil custa duas vezes mais que nos Estados Unidos; somente 22% da frota adequada ao transporte de gros. Outros prejuzos relevantes: M CONSERVAO DAS RODOVIAS Aumento de 50% no CONSUMO COMBUSTVEL Aumento de 30% em CUSTOS OPERACIONAIS DESPERDCIOS PARA ESCOAR SAFRAS PARA EXPORTAO: Espera de caminhes: US$ 400 milhes

Vamos conhecer algumas das estatsticas importantes do transporte no Brasil: Transporte de Passageiros: Praticamente operado pelos modais rodovirio e areo.

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O transporte rodovirio de passageiros1 organizado da seguinte forma: Transporte urbano Responsvel pela movimentao das pessoas nas cidades Opera com frota de 95 mil nibus e responsvel por 90% dos deslocamentos das pessoas nas cidades. Gera 500 mil empregos diretos e movimenta 1% do PIB (Produto Interno Bruto). Transportes interestadual e intermunicipal Responsveis pelo deslocamento de pessoas entre municpios e estados, opera com uma frota de 14 mil nibus, de 200 empresas, totalizando 2.700 linhas. Gera 70 mil empregos diretos. Transporte Areo: O transporte areo de passageiros gera 35 mil empregos diretos e opera com uma frota de aproximadamente 270 aeronaves.2 Transporte de Carga: Responsvel por toda a movimentao de produtos. Sem transporte os produtos no chegariam ao mercado nem poderiam ser exportados. A falta de transporte paralisa a economia de um pas. No Brasil, a movimentao dos produtos realizada pelos modais rodovirio (predominante), ferrovirio e aquavirio. A Tabela 1 mostra como a carga movimentada no Brasil e sua evoluo no perodo de 1996 a 2000. Observa-se uma grande concentrao do meio de transporte rodovirio, que praticamente responsvel pela movimentao de praticamente 60% da carga gerada no Brasil.Tabela 1- Matriz de Distribuio do Transporte de Carga por ModalComo a carga levada (em % de Tonelada/Km) Meio de Transporte Areo Aquavirio Dutovirio Ferrovirio Rodovirio Total 0,33 11,47 3,78 20,74 63,68 100 1996 0,26 11,56 4,55 20,72 62,91 100 1997 0,31 12,69 4,44 19,99 62,57 100 1998 0,31 13,19 4,61 19,60 62,29 100 1999 0,33 13,86 4,46 20,86 60,49 100 2000

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RELATRIO CNT 2002 Revista CNT, Agosto 2001.

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Transporte rodovirio O transporte de carga no Brasil operado com uma frota de aproximadamente 1,8 milho de veculos distribudos entre 12 mil empresas e 350 mil autnomos. Alm de 50 mil transportadores de carga prpria. Transporte ferrovirio O transporte ferrovirio de carga no Brasil foi privatizado nos anos 80 e transporta, anualmente, cerca de 302 mil toneladas (valor transportado em 2002). Transporte aquavirio Movimentou aproximadamente 103 mil toneladas utilizando cerca de 17 mil embarcaes entre os portos, longo curso e cabotagem. Em 2000, teve um acrscimo de 11,11% em relao movimentao de contineres em 1999. Esses nmeros traduzem a importncia dos transportes no contexto da economia de um pas, de uma regio e de uma cidade. Embora considerada uma atividade meio, ela essencial produo de bens e de locomoo das pessoas. 1.3 Principais Modais Utilizados na Movimentao de Bens e Pessoas No se pode falar em modais de transporte sem falar em infra-estrutura de transporte. A infra-estrutura de transporte apresenta as seguintes configuraes: Direitos de acesso Representam a necessidade da infra-estrutura adequada para a operao de transporte (estradas, ferrovias, portos e aeroportos). Sem essa infra-estrutura, no possvel realizar os servios de transporte. Veculos Tecnologia utilizada na movimentao de bens e pessoas: automveis, nibus, caminhes, trens, navios, barcos. Unidades organizacionais Empresas e organizaes de transporte, bem como as facilidades necessrias para a realizao do servio de transporte: armazns, terminais, pontos de apoio. Estas estruturas tm o papel de fornecer servios para uso prprio ou de terceiros. Quando se trata de servios de terceiros, estes so prestados mediante uma taxa de servio. No setor de transporte de passageiros, essa taxa de servio denominada de tarifa. No transporte de carga, essa taxa denominada frete. Para execuo dos servios de transporte, ou seja, para realizar a movimentao de bens e pessoas, podemos utilizar os seguintes modais:

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Rodovirio Tem como caracterstica principal sua flexibilidade em fazer o transporte porta-porta, no que se refere carga, ou seja, tem a capacidade de levar a mercadoria at o seu destino. Tambm capaz de operar em vrios tipos de estradas. Seu custo fixo baixo, pois opera em rodovias de manuteno pblica. Entretanto, seus custos variveis so altos, considerando que preciso manter um motorista para cada veculo em operao. Sua capacidade de transporte limitada por veculo. Na verdade, o transporte rodovirio deveria ser utilizado na movimentao de mercadorias em pequenas e mdias distncias ou servir de transporte complementar aos transportes ferrovirio e aquavirio. Para o transporte de passageiros poder ser utilizado o transporte pblico (nibus, txi, lotao) ou o transporte individual (automveis). O transporte de passageiros tambm se caracteriza pela sua flexibilidade e pelos baixos custos fixos de sua operao, considerando que a infra-estrutura (vias, estradas, terminais, pontos de parada) de responsabilidade do governo e est disponvel para utilizao. Ferrovirio Utilizado para o transporte de carga, que tem como caracterstica principal a capacidade de transportar de maneira eficiente uma grande tonelagem por longas distncias. Sua operao realizada em trens e vages e tem altos custos fixos em virtude de equipamentos caros, do acesso (ferrovias mantm suas prprias vias), ptios de manobra e dos terminais. Entretanto, seus custos variveis so relativamente baixos. Sua utilizao predominante para o transporte de grandes volumes de carga, por exemplo: gros, minrios. Para o transporte de passageiros, tem a vantagem de oferecer um servio mais seguro e rpido (como o servio de metr), mas normalmente requer integrao com transporte rodovirio e o seu custo fixo, ou seja, seu custo de implantao, alto. Aquavirio Para o transporte de carga, o transporte aquavirio realizado em embarcaes (barcos e navios) que se movimentam por rios e mares. As infra-estruturas bsicas so os portos, sejam eles martimos ou fluviais. Este tipo de modal mais adequado para o transporte de grandes volumes se movimentando a grandes distncias, quando no se necessita de uma entrega rpida ou se precisa de frete mais barato. Para o transporte de passageiros,

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normalmente utilizado em locais onde o acesso mais fcil por vias fluviais ou martimas. Dutovirio Os dutos so utilizados essencialmente no transporte de carga para a movimentao de petrleo e gs natural. Esse transporte completamente diferente dos demais modais. Os dutos operam 24 horas e sete dias por semana, com restrio de funcionamento apenas durante a manuteno e mudana de produto a ser transportado. O duto representa o maior custo fixo e o menor custo operacional entre todos os tipos de transporte. Como desvantagem de sua utilizao, pode-se citar que no so flexveis e so limitados quanto aos produtos que podem ser transportados: transportam somente produtos nas formas de gs, lquido ou de mistura semifluida. Areo O mais novo tipo de transporte tem como vantagem a rapidez na movimentao, entretanto um transporte de alto custo. A sua utilizao no transporte de carga depende do produto. Normalmente, o transporte areo de carga regular de produtos altamente perecveis ou de alto valor. O custo fixo do transporte areo relativamente baixo, pois geralmente a infra-estrutura necessria (aeroportos e terminais de carga) de responsabilidade do governo. Os custos fixos de operao so representados pela compra de avies. Os custos variveis so significativos, em decorrncia dos gastos com combustvel, manuteno e mo-de-obra, representada pelo pessoal de bordo e de terra. Para o transporte de passageiros, embora mais caro, oferece a vantagem de rapidez e de segurana, se comparados aos demais meios de transporte. 1.4 A importncia do Transporte na Logstica Pode-se entender a logstica como a gesto de fluxos em funo de negcio, ou seja, trata-se de todas as formas de movimentao dos produtos e de informaes, que abrangem desde a matria-prima at o consumidor final. Logstica tambm pode ser entendida como o processo de planejar, implementar e controlar os fluxos e armazenagem de matrias-primas, produtos em processos, produtos acabados e informaes de forma eficiente e efetiva em sintonia com as necessidades e exigncias dos clientes.

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O conceito a seguir destaca a importncia do transporte para a atividade de logstica.

A Figura 1 sintetiza e ajuda a compreenso deste conceito.

Definio de LogsticaPROCESSO DE PLANEJAR + IMPLEMENTAR + CONTROLAR PONTO DE ORIGEM

Matrias-primas Produtos em processo Produtos acabados informaes

Fluxo e Armazenagem

PONTO DE CONSUMO

DE FORMA EFICIENTE E EFETIVA

EM CORRESPONDNCIA COM NECESSIDADES DOS CLIENTES

Figura 1 - Conceito Logstico

Alm da presena do transporte em todas as etapas dos processos logsticos, estimase que o transporte responsvel por aproximadamente 60% dos custos totais logsticos,

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atualmente, estimados em 12% do PIB dos pases. Estima-se que, no Brasil, segundo um estudo do Banco Mundial, este valor corresponde a aproximadamente 20% do PIB.3 Portanto, o transporte tem uma importncia muito grande no resultado da logstica, considerando que os atributos de qualidade da logstica tm uma relao direta com a qualidade dos servios de transporte, quais sejam: Prazo e confiabilidade na execuo dos servios; Tempo de processamento de cada uma das etapas; Disponibilidade em menor tempo possvel dos produtos solicitados. importante ressaltar que o transporte est presente em todas as etapas da cadeia logstica de um produto, ou seja, desde a aquisio da matria-prima at a sua distribuio no mercado. Tambm est presente nos servios ps-venda e de assistncia tcnica. Observe a Figura 2 e veja a importncia do transporte nas operaes logsticas.Figura 2 - CADEIA LOGSTICA

A Cadeia LogsticaFORNECEDORES FBRICA/ EMPRESA CLIENTES

SUPRIMENTO FSICO

LOGSTICA DE PRODUO

DISTRIBUIO FSICA

1.5 Transporte e Meio Ambiente Organizaes de todos os tipos esto cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho ecologicamente correto, controlando o impacto de suas atividades, produtos ou servios no meio ambiente, levando em considerao sua poltica e seus objetivos. Esse comportamento se insere no contexto de uma legislao cada vez mais exigente, do desenvolvimento de polticas econmicas, de medidas destinadas a estimular a proteo natureza e da crescente preocupao em relao ao desenvolvimento sustentvel.

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Valor Econmico de 04/08/04

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No setor de transporte, no poderia ser diferente. Observa-se que cada vez mais se exige das empresas um melhor desempenho de sua eco-eficincia, que em outras palavras significa aumentar a eficincia dos recursos no-renovveis, matrias-primas, energias, gua, ar e o uso do solo. Ateno: A produo de servios de transporte tem como base de sua sustentao os elementos diretamente relacionados com a gesto ambiental: Utilizao de recursos no-renovveis (petrleo) Energia Comprometimento do ar Comprometimento da gua Precisam ser considerados os impactos ambientais causados pela atividade de transporte que pode ser danosa para a qualidade de vida da populao, como a poluio. Relevante: H um impacto de 1,7% do PIB no custo do transporte urbano no que se refere poluio do ar. importante que os operadores de transporte busquem cada vez mais solues que amenizem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. A forma de fazer isso o um bom gerenciamento de seus insumos de produo. Importante: O sistema de gesto ambiental de uma organizao a base para o estabelecimento de um mtodo de gerenciamento que visa a melhoria contnua dos resultados empresariais e promove o desenvolvimento sustentvel. Portanto, os impactos dos transportes no meio ambiente so provenientes: Da implementao de sua infra-estrutura (construo de estradas, portos, ferrovias, aeroportos); De sua operao (poluio do ar, poluio da gua); Dos seus resduos dentre os resduos oriundos dos sistemas de transportes, pode-se destacar o pneu como sendo um dos insumos que mais prejudicam o meio ambiente.

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Vamos a um exemplo: A recauchutagem aumenta a vida til do pneu em cerca de 40% e economiza 80% da energia e matria-prima para a produo de novos pneus. Outra grande vantagem deste procedimento est na utilizao dos restos de pneus modos na composio de asfalto de maior elasticidade e durabilidade. Se uma empresa de transporte de passageiros com uma frota de 50 nibus utilizar de forma eficiente o processo de recauchutagem de pneus, poder fazer uma economia de 2400 pneus. Essa reduo equivale a aproximadamente 70 m3 anuais e corresponde a 1400 m3, economizados em aterros durante 20 anos. Essa diminuio do nmero de pneus descartados anualmente contribui indiretamente para o saneamento, visto que suas carcaas atraem roedores e mosquitos transmissores de doenas, como causador da dengue. Em suma, a questo da gesto ambiental para o transporte de fundamental importncia, pois alm de contribuir com a qualidade de vida da populao, representa economia de custos variveis relacionados com os insumos e com os combustveis. 1.6 Servios de Transporte Transporte uma atividade geradora de valor associado a tempo, espao e estado. Atende grandes demandas e utiliza em suas operaes tecnologia e equipamentos de forma intensiva, necessitando de grandes aportes de capital em seus investimentos. Suas caractersticas possibilitam a especializao do trabalho. A oferta apresenta indivisibilidade em relao demanda, como no caso do transporte urbano por nibus. O servio apresenta como caracterstica predominante o no-estoque e a produo que acontece simultaneamente com o consumo. Por exemplo: Se em uma viagem so ofertados 30 lugares e estes no forem preenchidos naquela viagem, no h como estoc-los para prxima viagem. Se um caminho sai para uma viagem sem sua capacidade de carga lotada, no tem como estocar a capacidade ociosa para prxima viagem.

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Suporte de produo So bens e atividades / operaes necessrias na preparao da produo de servio. Suporte de produo de grande importncia para produo de transporte Na prestao de servios de transporte, os elementos de suporte so de grande importncia para a realizao do servio. Compras Almoxarifado Capacitao de recursos humanos Manuteno

Processos de Produo Trata-se de um conjunto de passos (operaes), que esto envolvidos na converso ou na transformao de insumos em resultados. Entretanto, vale ressaltar que um sistema de produo de servios geralmente classificado de acordo com a sua especificidade (servios de transporte de passageiros e servios de transporte de carga). Exemplo de um processo de contratao de um servio de carga InsumosProcesso de Transformao

Resultado s

Atendimento ao Cliente em uma transportadora

Informaes sobre preos Prazos de entrega Condies de segurana Disponibilidade dos servios Contratao do servio para efetuar o transporte para um determinado local

importante destacar que cada tipo de servio e de modal tem configuraes diferentes e estas precisam ser ajustadas. entretanto, a sua produo, independentemente do tipo de modal, acontecer com o consumo. esta particularidade do servio de transporte requer um boa coordenao de atividades em sua administrao. caso contrrio, causar impactos negativos no s para a empresa de transporte, mas tambm para quem contrata o servio. alm disso, normalmente o servio realizado com infra-estrutura que no est sob a administrao da empresa e o que pode comprometer a qualidade dos servios

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2- INFORMAO E ORIENTAO PROFISSIONAL

2.1.

Elaborando o Currculo Qual o significado da palavra

currculo? Segundo o dicionrio Aurlio, a palavra currculo vem do latim Curriculum Vitae, que quer dizer Carreira da Vida. Para que serve o currculo? O currculo um documento que resume a sua trajetria profissional, sua formao escolar, as principais atividades e funes exercidas, cursos e estgios, alm de dados pessoais como endereo, telefone e data de nascimento. Quem busca uma vaga no mercado de trabalho precisa preparar um currculo eficiente, portanto, voc deve ter todo o cuidado ao prepar-lo, pois um currculo mal elaborado pode desqualificar um candidato. J o currculo bem feito facilita o ingresso no mercado de trabalho.

Objetividade O currculo no deve ser longo, portanto, no ultrapasse duas pginas. S faa uma terceira pgina se sua experincia for realmente longa. Caso contrrio, o profissional responsvel pela seleo de pessoal na empresa poder consider-lo pouco prtico e pode perder o interesse em l-lo. Dados como RG, CPF e Carteira de Trabalho no devem ser colocados. Posteriormente, se forem necessrios, a empresa solicitar.

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Efeitos Especiais O currculo deve ser discreto e agradvel para a leitura. No enfeite com vrios tipos de letras e desenhos. Caso queira destacar alguma informao importante, use o recurso Negrito. Utilize uma letra padro e imprima em uma impressora de qualidade em papel branco. Cursos No preciso relacionar todos os cursos realizados. Lembre-se que o selecionador tem muitos currculos para analisar. Relacione somente os mais importantes (iniciando pelo mais recente) e que sejam afins ao cargo que voc est pleiteando. Experincia Inicie pela experincia mais recente (ltimo emprego). Se voc tem uma lista extensa de empregos anteriores selecione somente os 05 ltimos. Especifique a empresa, o cargo exercido, o tempo de trabalho e, resumidamente, as atividades desenvolvidas. Primeiro Emprego Se voc ainda no tem experincia profissional, ressalte em seu currculo a sua formao escolar e cursos realizados. Mencione tambm suas habilidades mais relevantes. Fotografia No anexe fotografia, a no ser que seja solicitado. Neste caso, utilize uma fotografia recente e de boa qualidade.

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MODELO DE APRESENTAO DADOS PESSOAISNome Data de Nascimento Endereo Telefone e-mail

OBJETIVO - rea que pretende atuar ESCOLARIDADE - indicar o curso, instituio e perodo CURSOS - indicar cursos diversos como: lnguas, informtica. No esquecer de indicar a carga horria do curso EXPERINCIA PROFISSIONAL - locais, tempo de trabalho, cargo exercido, e as principais atividades desenvolvidas

O currculo no dever conter capa. Todos os dados informados no seu currculo devem ser precisos e verdadeiros. Ao procurar emprego voc tem algumas opes como:

verificar anncios em jornais; verificar sites de recrutamento na internet; contatar agncias ou consultorias de recrutamento; contatar bolsas de empregos em sindicatos; procurar bolsas de empregos em rgos e Secretarias do Trabalho.

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O seu currculo poder ser enviado via internet, por e-mail (correio eletrnico), pelo correio convencional, ou entregue pessoalmente. importante fazer uma reviso antes da entrega ou remessa do currculo. Envio via Internet Atualmente a internet um meio de seleo de pessoal cada vez mais utilizado. Para utilizao da internet voc dever disponibilizar seu currculo em uma home page (pgina da internet). Envio via e-mail Grave seu currculo em um programa comum, como por exemplo o Word, para que o selecionador de pessoal no tenha dificuldade em abri-lo. Lembre-se tambm de verificar se o arquivo anexado ao e-mail mesmo o seu currculo. Correio convencional Envie somente originais, em envelope grande sem dobrar o currculo. Cpias prejudicam a aparncia do seu currculo, causando impresso de desorganizao ao selecionador de pessoal. Pessoalmente Oriente-se na recepo ou portaria da empresa sobre como proceder para a entrega do currculo. Caso voc seja encaminhado a algum setor da empresa, lembre-se que neste momento voc j est sendo avaliado, portanto, atente-se para a boa educao e imagem que ir transmitir. 2.2. Apresentao e Postura na Entrevista de Seleo O que a entrevista de seleo? A entrevista um instrumento de seleo de pessoal.

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Na entrevista o selecionador busca obter fatos relacionados ao histrico profissional e confirmar as informaes citadas no currculo. A entrevista tambm permite ao selecionador de pessoal avaliar a aparncia, postura, e a qualidade da fluncia verbal do candidato. E possibilita ao candidato expor suas qualificaes pessoais e profissionais.

Confirme data, horrio, endereo e nome do entrevistador. Chegue no mnimo 10 minutos antes do horrio marcado. Use roupas sbrias e discretas. Exclua jeans, bermudas, roupas curtas e com decotes. No use tnis. Os sapatos devero estar limpos e engraxados. Mos e cabelos devem estar bem cuidados. No exagere na maquiagem e no perfume. No fume ou mastigue chiclete durante a entrevista. Quando for marcada a entrevista procure conhecer mais sobre a empresa. Desta forma voc estar demonstrando interesse no cargo. Seja tico, no comentando fatos negativos de outra empresa ou pessoas. Se a entrevista for coletiva, aguarde a sua vez de falar. Fale com clareza e naturalidade. Tenha cuidado com a gramtica, evite grias e vcios de linguagem. Caso voc no tenha experincia profissional, fale das suas habilidades, dedicao, disposio e comprometimento com o trabalho. Evite assuntos polmicos como poltica, futebol, e religio. Seja objetivo, mas evite respostas como sim e no. Desenvolva um raciocnio completo, sem se estender demais. Lembre-se de desligar o celular. No minta em relao ao seu currculo, pois suas informaes sero verificadas.

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No momento da entrevista, aposte na sinceridade, afinal a que comeam suas chances de aprovao. 2.3. tica Profissional Qual o significado da palavra tica? A palavra tica se deriva do termo grego ethos que significa originalmente morada, lugar onde se sente acolhido e abrigado. O segundo sentido costume, modo ou estilo habitual de ser. Como a tica deve ser entendida? Deve ser entendida como um conjunto de princpios bsicos que visam disciplinar e regular os costumes, a moral e a conduta das pessoas. O que tica profissional? o conjunto de princpios morais que se deve seguir no exerccio de uma profisso. Quais so os elementos da tica? Sigilo a capacidade de guardar informaes importantes, sejam pessoais e/ou profissionais. Mantenha discrio sempre em relao a assuntos que no lhe dizem respeito, no fazendo perguntas e comentrios desnecessrios. Confidencialidade a capacidade de identificar informaes sigilosas e mant-las em segredo para o bem comum do trabalho e da organizao. Honestidade a capacidade de mostrar a sinceridade, a confiana e a decncia. ter responsabilidade. Por exemplo, no tomar posse de objetos que pertencem a outros colegas e/ou empresa e no se ausentar no horrio de trabalho.

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Princpios ticos Seja educado e corts com todos os funcionrios da empresa. No utilize recursos da empresa para benefcio prprio. Seja discreto no exerccio de sua profisso. Siga as normas administrativas. Seja respeitoso com seus superiores hierrquicos e colegas de trabalho. Vista-se de forma adequada ao ambiente de trabalho. No utilize trfico de influncia para conseguir a benevolncia (boa vontade) do No seja egosta na transmisso de

chefe. experincias e conhecimentos aos colegas de trabalho. No se oponha a colaborar com determinado trabalho que lhe seja solicitado. No se utilize de informaes e influncias para conseguir vantagens pessoais. No estimule a discrdia no ambiente de trabalho. Ao usar uniforme, no modifique o modelo original.

No ambiente de trabalho importante que o profissional desenvolva uma conduta que tenha como objetivo a correta realizao de suas aes. 2.4. Atendimento Telefnico A comunicao telefnica essencial para uma empresa, independente do seu ramo de atividade, uma vez que grande parte do relacionamento com os clientes, fornecedores, outras empresas e o pblico em geral feita por telefone.

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Falar ao telefone pode parecer muito fcil, mas se engana quem pensa assim. O tom de voz, a clareza e a ateno so, entre outros, alguns cuidados a observar nas comunicaes telefnicas. Estes hbitos s se adquirem com a prtica e bons mtodos. A sua responsabilidade como profissional ao fazer ligaes ou receber chamadas telefnicas muito maior do que se pensa, pois neste momento voc est passando uma imagem sua e da empresa em que trabalha.

Atenda ao telefone prontamente, no deixando que o telefone toque mais de trs vezes. No atenda ao telefone apenas com um al. Sempre mencione o nome da empresa e o seu nome. Diga sempre ,por favor, um momento e obrigado (a). Tenha sempre papel e caneta para anotao, registrando o nome de quem telefonou, nmero, hora e data. Expresse suas idias com clareza, demonstrando rapidez e segurana nas informaes. PALAVRAS E EXPRESSES QUE NO DEVEM SER USADAS GRIAS T legal, falou, oi cara, tudo em cima. EXPRESSES REPETITIVAS N, t, ok. EXPRESSES CONDICIONAIS Poderia, gostaria,

faria, se o senhor quisesse. TRATAMENTO NTIMO Querido (a), meu amor, benzinho. EXAGEROS Nunca tivemos uma nica reclamao. PALAVRAS impossvel. EXPRESSES QUE INDIQUEM TEMPO Um momentinho, s um minuto, um minutinho, rapidinho. NEGATIVAS Problemas, dificuldades, nunca, prejuzos,

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a partir da sua postura ao telefone que o pblico vai formar a imagem da empresa. No se esquea dos seus clientes internos, que so os profissionais/divises/departamentos, que utilizam os servios de outros profissionais dentro da prpria empresa.

3- SADE E SEGURANA NO TRABALHO 3.1 Histrico da Segurana do Trabalho no Brasil A origem do acidente remonta histria do prprio homem, que na luta pela sua sobrevivncia, evoluiu desde as atividades de caa e pesca ao cultivo da terra extrao de minrios e produo em grande escala nas indstrias. O mundo modificou-se em seus costumes e formas de vida e, com isso, houve tambm diversas mudanas nas relaes de trabalho, provocadas principalmente pela Revoluo Industrial. Com a Revoluo Industrial, houve a passagem da oficina artesanal ou da manufatura para a fbrica, e os acidentes de trabalho tomaram dimenses significativas. Este acrscimo foi devido produo de bens em srie e em grande quantidade, com a utilizao da mquina. Vrios pases ento lanaram suas leis relacionadas proteo do trabalhador, como a Alemanha, em 1884, e a Inglaterra, em 1897. No Brasil, a primeira lei voltada ao assunto, de nmero 3.724, foi promulgada em 1919 e dispunha sobre regulamentos prevencionistas para o setor de transporte ferrovirio. Ao fim da 2 Guerra Mundial, a industrializao em nosso pas tomou impulso decisivo e o Decreto-Lei 7.036, de 10/11/44, determinou a obrigatoriedade da organizao de Comisses Internas de Preveno de Acidentes (CIPA) nas empresas que possussem mais de 100 empregados.

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Entretanto, pouco era feito com relao preveno, uma vez que as atenes estavam voltadas para a fiscalizao da legislao. Em 1975 e 1976, o Brasil chegou a ter quase 10% dos seus diversos trabalhadores acidentados. A partir desta poca, comeou a existir em nosso pas uma maior atuao prevencionista sobre o homem. Governo, empresrios e o prprio trabalhador passaram a dar maior valor ao processo educativo de proteo nos locais de trabalho. Isto foi alcanado com a Lei 6.514, de 1977, e a Portaria 3214 do Ministrio do Trabalho, de 08/06/78. Esta portaria emitiu 28 Normas Regulamentadoras (NR) relativas Segurana e Medicina do Trabalho, dentre elas a Norma Regulamentadora 5 (NR 5) que se trata de CIPA em sua totalidade, complementada pela Portaria n 8, de 23/02/99 da Secretaria de Segurana e Sade no Trabalho. 3.2 Legislao sobre Sade e Segurana no Trabalho Acidente de Trabalho: conceito legal e prevencionista Conceito Legal Diz o Decreto 611/92, de 21/07/92: Art. 139: Acidente de trabalho o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa, ou ainda pelo exerccio do trabalho dos segurados especiais, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte, a perda ou reduo da capacidade para o trabalho permanente ou temporria. Conceito Prevencionista Numa perspectiva prevencionista, o acidente de trabalho uma ocorrncia no programada, inesperada ou no, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo til e/ou leses nos trabalhadores e/ou danos materiais.

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3.3 Origem e Conseqncias dos Acidentes e Doenas do Trabalho

Doena Ocupacional e Doena do Trabalho Doena Ocupacional ou Profissional So doenas que se originam do exerccio de determinadas profisses, desencadeadas pelo exerccio de trabalho peculiar de determinada atividade ou ocupao. Exemplo: trabalhadores das minas e fornos de carvo podem desenvolver uma doena no pulmo, chamada bronquite, em funo da exposio constante poeira e fumaa. Doena do Trabalho No est relacionada com a ocupao, sendo adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado. Exemplo: qualquer trabalhador exposto a um ambiente de trabalho sujo e contaminado pode sofrer danos em sua sade. Agentes Causadores de Riscos no Ambiente de Trabalho Agentes fsicos Iluminao: falta ou excesso de iluminao pode causar a reduo da capacidade visual. Vibrao: produzida por mquinas e equipamentos especficos, com o passar do tempo e sem a devida proteo, o trabalhador poder sofrer danos nas articulaes, dores na coluna, disfunes renais e circulatria. Rudo: em nveis excessivos, ao longo do tempo, podem provocar alteraes auditivas, que vo desde a perda parcial da audio at a surdez total. Radiao: a ultravioleta, provocada por soldas eltricas, por exemplo, pode ocasionar leses oculares e queimaduras.

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Temperaturas extremas e umidade: o calor em excesso pode provocar desidratao, insolao, catarata, entre outros. Baixas temperaturas podem desencadear resfriados, alergias e at problemas circulatrios. Agentes biolgicos So microorganismos - fungos, vrus, bactrias e parasitas - que em contato com o homem podem provocar inmeras doenas (ex: ttano, hepatite, micoses, entre outras). Agentes ergonmicos A Organizao Internacional do Trabalho define ergonomia como a aplicao das cincias biolgicas humanas em conjunto com os recursos e tcnicas da engenharia para alcanar o ajustamento mtuo ideal, entre o homem e seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficincia humana e bem-estar no trabalho. So exemplos de agentes ergonmicos: sono, fadiga, posio do corpo na execuo das tarefas, monotonia, ritmo e jornada de trabalho, tarefas repetitivas, mveis e ferramentas inadequadas, entre outros. Os agentes ergonmicos podem ocasionar distrbios fsicos e psicolgicos no trabalhador, comprometendo seu organismo e seu estado emocional. Como conseqncia, piora sua produtividade, sade e segurana. Agentes Qumicos So substncias qumicas que provocam reaes txicas ou contaminam o trabalhador. Os agentes qumicos podem se apresentar na forma slida, lquida ou gasosa, penetrando no organismo pelas vias digestiva, respiratria e/ou cutnea. Agentes mecnicos Enquadram-se as ferramentas, mquinas, equipamentos ou suas partes com defeitos, alm de instalaes. 3.4 Princpios de Higiene no Trabalho A Importncia da Higiene Higiene significa sistema de princpios ou regras para evitar doenas e conservar a sade. Estes princpios se relacionam a diversos aspectos da vida do indivduo:

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Higiene pessoal compreende os cuidados de asseio corporal, do modo de se vestir e de viver. Higiene do ambiente de trabalho assim como no lar, a higiene no ambiente de trabalho fundamental. A desordem nos materiais pode desde obstruir a circulao at ocasionar uma queda. J a sujeira pode expor o profissional aos agentes biolgicos (bactrias, caros, fungos) que podem provocar inmeras doenas. Higiene dos equipamentos luvas, sapatos e botas devem ter seu uso individualizado (um para cada trabalhador) e devero ser sempre limpos aps o uso. Tambm as mquinas e ferramentas utilizadas no trabalho devem ser conservadas limpas, para evitar danos e possveis acidentes. 3.5 Qualidade de Vida no Trabalho A proposta de qualidade de vida deve ser entendida de forma ampla, abrangendo as mais diferentes questes com as quais nos deparamos atualmente como: o ser humano e suas concepes, o processo de mudana, as transformaes tecnolgicas e o papel do indivduo. Qualidade de vida envolve a mobilizao das pessoas, com relao a atitudes e valores, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de sua personalidade, de seu corpo, de sua identidade social e de atitudes coerentes com estes valores. Alm disso, as reflexes sobre o sentido da existncia, o significado dos nossos atos, enfim, as reflexes ticas devem estar sempre presentes. O conjunto de valores, normas e padres sociais influenciam o ambiente organizacional, delimitando o que se conceitua por cultura organizacional. A qualidade de vida tem sido utilizada como indicador das experincias humanas no local de trabalho e do grau de satisfao das pessoas que desempenham o trabalho. A qualidade de vida envolve uma srie de fatores: 1. A satisfao com o trabalho executado 2. As possibilidades de futuro na organizao 3. O reconhecimento pelos resultados alcanados 4. O salrio recebido

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5. Os benefcios recolhidos 6. O relacionamento humano dentro do grupo e da organizao 7. O ambiente psicolgico e fsico do trabalho 8. A capacidade e a responsabilidade de decidir 9. As possibilidades de participar O que Qualidade de Vida? Certas coisas so fundamentais. Se voc no satisfizer certas necessidades, vai se sentir incompleto ou vazio. Essas necessidades so de quatro tipos: 1. Fsicas: precisamos de comida, roupas, moradia, sade e dinheiro. 2. Sociais: precisamos amar e ser amados, sentir que fazemos parte de um grupo maior e nos associar a outros. 3. Mentais: precisamos desenvolver nossas habilidades e crescer. 4. Espirituais: precisamos sentir que temos uma meta na vida, que existe um significado na vida e que estamos contribuindo de alguma maneira para isso. Cada uma destas quatro necessidades afeta nosso tempo e nossa qualidade de vida. Por exemplo, para realizar coisas precisamos de energia e boa sade uma necessidade fsica. Para atingir metas comuns, precisamos saber trabalhar em conjunto com outras pessoas a necessidade social. Para progredir profissionalmente e no estagnar, precisamos adquirir novas habilidades e ampliar nossas perspectivas eis a a necessidade mental. Enfim, importante termos uma noo clara de quem somos e para onde estamos indo a necessidade espiritual. 3.6 Preveno de Incndios Teoria do Fogo Fogo ou combusto - o resultado de uma reao qumica das mais simples e para que ela se efetive necessria a presena dos trs elementos a seguir: Combustvel - todo material que queima e se transforma, podendo ser encontrado no estado slido, lquido ou gasoso. Exemplo: carvo, gasolina, GLP, transformadores, magnsio.

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Comburente - um dos elementos do ar - o oxignio. Fonte de Calor - a forma de energia que d incio ao fogo. Exemplo: chama viva, brasa, fascas. Quando os trs elementos se unem formam o Tringulo do Fogo. Voc j percebeu que alguns materiais em temperatura ambiente, podem pegar fogo com uma simples fasca? Outros, no entanto, necessitam de aquecimento prvio para que entrem em combusto. Exemplos: A gasolina pode queimar em temperatura ambiente. O ferro necessita de altssimas temperaturas para queimar. Pontos de Inflamabilidade Ponto de fulgor: a temperatura mnima em que um combustvel comea a liberar gases ou vapores inflamveis que, se entrarem em contato com alguma fonte externa de calor, incendeiam. Porm as chamas no se mantm, no se sustentam, por no existirem gases ou vapores suficientes. Ponto de combusto: a temperatura mnima em que o combustvel libera gases ou vapores inflamveis que em contato com fonte externa de calor se incendeiam, mantendo-se as chamas. Ponto de ignio: a temperatura mnima em que um combustvel libera gases ou vapores inflamveis, que se incendeiam espontaneamente na presena do oxignio, independentemente de uma fonte externa de calor. Vale ressaltar que muitos produtos perigosos inflamveis j ultrapassam seu ponto de fulgor, apenas em temperatura ambiente. Isto , liberam gases ou vapores suficientes para serem inflamados. Exemplos:Produtos Perigosos Inflamveis Gasolina Tintas, vernizes e diluentes Querosene Butano Etanol Metanol Madeira Asfalto Ponto de Fulgor - 42C + 23C + 34C - 60C + 12,2C + 16,1C + 150C + 204C

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Transmisso de Calor Conduo: O calor se transmite de molcula para molcula do corpo, por movimentos vibratrios.

O calor produzido pela chama da vela incandescente transmitido por contato direto lmina do estilete. Conveco: O calor se transmite com o acmulo de massa de ar quente.

O calor produzido pela chama da vela incandescente transmitido para o papel atravs do ar quente. Irradiao: o calor se transmite por meio de ondas de energia calorfica, que se deslocam atravs do espao.

A lmpada acesa transmite calor, aquecendo a folha de papel. Combate a Princpio de Incndio Para que haja a combusto, necessria a formao do tringulo do fogo. Partindo desse princpio, podemos afirmar que um incndio pode ser extinto se rompermos o tringulo do fogo, ou seja, se adotarmos uma das seguintes prticas: Mtodos de Extino Isolamento ou remoo do material: a retirada, a interrupo ou o desligamento do material que ainda no comeou a queimar. Exemplo: isolamos a continuidade da queima do GLP do isqueiro quando soltamos a vlvula de sada.

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Resfriamento: a retirada do calor do material incendiado at que sua temperatura fique abaixo do ponto de combusto. Exemplo: Quando mergulhamos o palito de fsforo aceso no copo com gua, ocorre resfriamento total, extinguindo o fogo. Abafamento: a retirada total ou parcial do oxignio ou comburente. Exemplo: quando tampamos a vela acesa com o copo, o oxignio existente em seu interior consumido pela chama at atingir nveis insuficientes para continuar a queima. Classificao dos Incndios, Mtodos de Extino e Tipos de Extintores De acordo com as caractersticas dos materiais combustveis, e visando a utilizao de extintores adequados para romper o tringulo do fogo, os incndios foram divididos em cinco classes.

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Classes de Incndio

Materiais Combustveis

Mtodos de ExtinoResfriamento: retirada do calor, reduzindo a temperatura para que fique abaixo do ponto de combusto.

Extintores

A

Tecido, madeira, papel, fibra

gua pressurizada, espuma mecnica. Obs.1

B

Abafamento: retirada do comburente (oxignio). isolando Graxa, verniz, material combustvel da fonte de calor para tinta, gasolina evitar a formao de novos gases ou vapores inflamveis Motores, quadros de distribuio, fios sob tenso Metais pirofricos: magnsio, titnio, zircnio, potssio e alumnio em p. Radioativo Abafamento: usando extintor que no conduza eletricidade; tambm interromper a corrente eltrica de forma segura. Quebra de reao em cadeia: pelo uso de ps qumicos especiais que formaro camadas protetoras que impedem a continuao das chamas. Isolamento da rea e no se aproxime do local.

Gs carbnico, p qumico seco, espuma mecnica. Obs.2

C

Gs carbnico, p qumico seco

D

P qumico especial e limalha de ferro fundido. BOMBEIROS FONE: 193 CNEN

E

Tipos de Agentes Extintores e sua Utilizao Existem diversos tipos, tamanhos, modelos e processos de funcionamento de extintores de incndio, que so encontrados em uso no mercado. gua Pressurizada O cilindro contm gua e um gs inerte que d a presso necessria ao seu funcionameno. utilizado para a prtica de resfriamento. Operao: 1. Lev-lo prximo ao local do fogo; 2. Empunhar a mangueira; 3. Retirar a trava ou o pino de segurana; 4. Atacar o fogo, dirigindo o jato de gua para sua base. Espuma Mecnica

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Operao: 1. Puxe a trava, rompendo o lacre, e segure na posio vertical; 2. Libere a mangueira e direcione para a base do fogo; 3. Aperte a gatilho, mantendo o jato sobre o material em chamas. Gs Carbnico Operao: 1. Lev-lo prximo ao local do fogo; 2. Retirar a trava ou o pino de segurana; 3. Empunhar a mangueira; 4. Atacar o fogo, procurando abafar toda a rea atingida. P Qumico Seco Pressurizado Operao: 1. Lev-lo prximo ao local do fogo; 2. Retirar a trava ou o pino de segurana; 3. Empunhar a mangueira; 4. Atacar o fogo, procurando formar uma nuvem de p em toda a sua rea. Providncias a serem tomadas em caso de princpio de incndio 1. Toda a rea deve ser evacuada, pois curiosos e pessoas querem ajudar, podem atrapalhar. 2. Isolar a rea e dar combate ao fogo. 3. Voc no possui todos os recursos e no domina todas as tcnicas de combate ao fogo, portanto, deve ser acionado de imediato o Corpo de Bombeiros. 4. Informar ao Corpo de Bombeiros ou pedir a terceiros que informem o tipo de material que est se incendiando e o local da ocorrncia. 5. Verificar a proximidade das instalaes eltricas, para que sejam desligadas. 6. Em todos os casos, deve-se manter a calma, para atuar com serenidade e preciso, sem tentar ser o heri.

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4. COMUNICAO VERBAL E ESCRITA 4.1 Introduo

Voc, que convive com as infinitas exigncias da vida moderna, est em processo de comunicao durante quase todo o seu dia. Ou seja: voc passa pelo menos 75% das 18 horas de atividades dirias FALANDO OUVINDO LENDO ESCREVENDO! E, naturalmente, PENSANDO! E ento, como transformar essas atividades em prazer, em produo, em benefcio, em resultados positivos? Ser que possvel ignorar a rapidez de transmisso dos conhecimentos? Ser que o homem pode simplesmente desconhecer o que se passa ao seu lado e, mesmo assim, pretender ser feliz sem participar do que h de maravilhoso no mundo? E para voc, pessoa que j trabalha ou que necessita trabalhar, possvel parar o tempo para que se atenda o seu desejo de crescer como profissional? Ou voc que tem a obrigao de se aperfeioar e de se tornar cada vez mais necessrio sua empresa e a seus companheiros? Certamente voc optou pelo estudo, o que lhe garantir a convivncia com novos conhecimentos e a reviso de assuntos j aprendidos, mas que sempre merecem ser revistos. S assim voc ampliar sua capacidade de comunicar-se com orgulho e firmeza, com prazer e acerto, fazendo produtivo o seu tempo, tanto em relao ao trabalho quanto aos indispensveis momentos de lazer. Voc ser um interlocutor agradvel, que ouve e fala com segurana e respeito; ser um leitor que entende o que l e que dialoga com as idias do texto; um escritor que escreve com a necessria competncia. E neste instante, na sua opo pelo estudo, j est praticando a atividade de leitura: ser que tudo o que voc leu at agora foi devidamente assimilado por voc? Sua ateno ao texto, seu ritmo de leitura, sua concentrao, seu conhecimento do vocabulrio... ser que tudo isso est sendo devidamente administrado?

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Esses sete pargrafos anteriores j lhe permitem uma primeira avaliao: voc foi capaz de ler tudo sem interrupo? Compreendeu o que foi lido? capaz de falar resumidamente sobre o que voc leu? Est cansado, com dores no corpo, com irritao nos olhos? Responda a si mesmo com muita sinceridade e veja onde se encontram os possveis problemas que possam prejudic-lo nesta viagem que voc se props a fazer. Vamos agora estudar assuntos importantes da lngua portuguesa, para que voc possa usar produtivamente os 75% de seu dia! 4.2. Lngua Falada e Lngua Escrita Para atender a necessidade de comunicao verbal (= por meio da palavra), voc se servir da lngua falada (ouvindo e falando) e da lngua escrita (lendo e escrevendo). Ouvir, falar, ler, escrever: qual a atividade mais difcil? Qual a mais necessria, a mais fcil, a mais bonita, a mais usada? Muitos dizem que ouvir muito fcil! Ser mesmo? Ouvir exige ateno permanente, exige que se saiba selecionar o que se ouve e dialogar com as idias que se discutem tudo isso no instante em que a comunicao estabelecida. Neste curso no teremos momentos de audio, nos quais voc poderia treinar sua capacidade de ouvir. Mas fica aqui a recomendao: experimente ouvir com mais ateno, procurando beneficiar-se o mais possvel dos momentos em que estiver conversando ou ouvindo noticirios, palestras ou orientaes de trabalho. Do mesmo modo, h os que dizem que falar muito fcil! E difcil seriam os atos de ler e escrever. Mas podemos afirmar que no h uma atividade mais fcil e outra mais difcil: o importante que voc domine a lngua falada coloquial (aquela que usamos no nosso dia-a-dia) e que, ao lado da lngua escrita despreocupada (a que usamos nas mesmas situaes do dia-a-dia) voc domine tambm a lngua escrita formal: esta que lhe permitir escrever seu texto com profundidade, com correo, sem perder o prazer. Vamos nos aprofundar no estudo do texto escrito. Antes, porm, conhea as principais caractersticas da fala: A presena do ouvinte: o que nos aprova ou reprova durante o discurso.

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O tom: elemento fundamental que esclarece o sentido de ordem, pedido, proibio, etc. Ofendemos as pessoas mais pelo tom do que pelo contedo das frases. O timbre: reflete estados da alma e do corpo. o registro individual de voz, sendo a sua particularidade. As pausas: ajudam o ouvinte a entender o que ouve. So maiores ou menores conforme a inteno do falante e dos efeitos no ouvinte. O ritmo e a entoao: indicam quando se trata de afirmao, pergunta, pedido ou ordem, ou se o falante est contente, surpreso, etc. O gesto: outra linguagem. Acompanha a fala. O jogo de fisionomia: cada olhar, cada franzir de testa, cada movimento, cada manifestao que acompanha a fala e a enriquece ou reala. O ambiente: envolve falante, ouvinte e assunto. Se a fala envolve todo esse complexo conjunto de elementos, ser ento que escrever no mais fcil? A realidade que esses elementos tm de ser substitudos por outros que exigem estudo e experincia. Sabe-se que escrever bem resulta de uma tcnica elaborada, que tem de ser cuidadosamente adquirida justamente o que voc est fazendo agora.. O bom texto possui marcas que o tornam apreciado: Coeso: existe uma relao de sentido entre as idias, e essas relaes tm de ser devidamente amarradas, para que o leitor possa compreender totalmente o texto. Coerncia: deve ser entendida como unidade do texto. Um texto coerente um conjunto harmnico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar. Clareza : facilita o entendimento rpido das idias expostas no texto. Objetividade: alcanada com a linguagem direta, sem rodeios ou empolao. Elegncia: adequao e fineza na escolha das palavras e no modo de disp-las. A elegncia consiste numa leitura de texto

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agradvel ao leitor: para consegui-la, devem ser observadas as qualidades anteriormente apontadas. Para que se possa desenvolver essas qualidades, preciso que se d muita ateno a outra qualidade: Correo: o respeito ao padro culto da lngua, ou seja, s normas gramaticais, que tm por finalidade organizar tudo que de uso corrente na lngua portuguesa escrita. Todos os exerccios e teorias que aparecem neste curso tm o propsito de permitir que voc domine o padro culto da lngua portuguesa escrita. E voc continua fazendo o primeiro exerccio: a leitura atenta deste captulo. Assim voc se convencer da importncia do domnio da gramtica... E o estudo ser mais prazeroso e eficiente. Concordncia Verbal e Concordncia Nominal Observe a frase: As atitudes bonitas alegram a vida. As palavras as e bonitas esto no feminino e no plural. Por qu? Porque elas se referem palavra atitudes e, portanto, concordam em nmero (plural) e gnero (feminino) com esse substantivo (atitudes). E a forma verbal alegram: por que est na 3a pessoa do plural? Porque o verbo deve concordar com o seu sujeito, as atitudes bonitas, em nmero (plural) e em pessoa (3a pessoa). A essa obrigatoriedade de concordar com d-se o nome de concordncia: estudaremos a concordncia nominal e a concordncia verbal. Concordncia Nominal Os adjetivos, pronomes, artigos e numerais concordam em gnero (masculino e feminino) e nmero (singular e plural) com os substantivos a que se referem.

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No texto a seguir, observe que as palavras em destaque (adjetivos, pronomes, artigos ou numerais) concordam com os substantivos a que se referem. Procure determinar quais so esses substantivos. O capito rosnou alguma coisa, deu dois passos, meteu a mo no bolso, sacou um pedao de papel, muito amarrotado; depois horaciana sobre a liberdade da vida martima. (Machado de Assis) Vamos destacar os substantivos com os quais concordam os adjetivos, pronomes, artigos e numerais. capito (masculino / singular): o (artigo); coisa (feminino / singular): alguma (pronome); passos (masculino / plural): dois (numeral); mo (feminino / singular): a (artigo); bolso (masculino / singular): o (artigo); pedao (masculino / singular): um (artigo) e amarrotado (adjetivo); lanterna (feminino / singular): uma (artigo); ode (feminino / singular): uma (artigo) e horaciana (adjetivo); liberdade (feminino / singular): a (artigo); vida (feminino / singular): a (artigo) e martima (adjetivo). A regra geral da concordncia nominal : Os adjetivos, os pronomes, os artigos e os numerais concordam em gnero e nmero com o substantivo a que se referem. Existem ainda casos especiais que merecem ateno. Casos Especiais Quando o adjetivo se refere a mais de um substantivo, a concordncia pode variar de acordo com a posio do adjetivo em relao ao substantivo. 1. Adjetivo antes dos substantivos: Achamos bonitas as poesias e os romances. Achamos bonita a poesia e os romances. Achamos bonito o romance e as poesias. luz de uma lanterna, leu uma ode

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Concluso: O adjetivo concorda, em geral, com o substantivo mais prximo. 2. Adjetivo depois dos substantivos, neste caso, temos: a) Comprei uma bicicleta e uma bola nova. O adjetivo nova concorda com o substantivo mais prximo (bola) e fica, portanto, no singular e no feminino. b) Comprei uma bicicleta e uma bola novas. O adjetivo novas est concordando com os dois substantivos: vai, portanto, para o plural e para o gnero comum, o feminino. c) Comprei uma bicicleta e um livro novo. Mesmo caso do primeiro exemplo: o substantivo novo concorda em gnero e nmero com o substantivo mais prximo (livro masculino, singular). d) Comprei livros e bicicletas novos. O adjetivo novos refere-se a livros (masculino) e a bicicletas (feminino): vai, portanto, para o plural; prevalece o masculino quando o adjetivo se refere a substantivos de gneros diferentes. Outros Casos de Concordncia Nominal Meio / Bastante a) Como adjetivos, concordam normalmente com os substantivos a que se referem: Ele bebeu meio copo de caf e comeu meia fatia de po. Recebi bastantes projetos a semana passada. b) Como advrbios so invariveis: A candidata estava meio distrada na festa. As candidatas falaram bastante na festa. bom / necessrio / proibido Observe: Limonada bom para a sade. proibida a entrada.

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Essa limonada boa para a sade. proibida a entrada Concluso: Quando houver alguma palavra determinando o substantivo (essa limonada; a entrada), o adjetivo concorda com o substantivo. Mesmo / Prprio / S Observe: Ela mesma disse a verdade. Elas prprias foram ao local. Ns no estamos ss. Concluso: Mesmo, prprio e s concordam com a palavra determinada em gnero e nmero. Observao: A palavra s, quando advrbio (= somente) invarivel: Esses candidatos s vivem reclamando... Anexo / Obrigado / Incluso Com valor de adjetivos, essas palavras concordam com os substantivos a que se referem: Os convites vo anexos carta. Muito obrigada, disse a menina. Vo inclusos os convites Observao: Em anexo invarivel. As cartas esto em anexo. Menos invarivel: Ela menos desconfiada que a irm. Concordncia Verbal O verbo concorda em nmero e pessoa com o sujeito da orao. Nos textos a seguir, observe que os verbos em destaque concordam em nmero (singular e plural) e pessoa (1a, 2a e 3a) com o sujeito da orao. A vida tem uma s entrada; a sada por cem portas. A virtude aromatiza e purifica o ar; os vcios o corrompem.

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Vamos justificar o correto emprego desses verbos. Em a) A forma verbal tem est na 3a. pessoa do singular porque concorda com o sujeito a vida; o mesmo acontece com , que concorda na 3a. pessoa do singular com a sada. Em b) As formas verbais aromatiza e purifica referem-se ao sujeito a virtude, na 3a pessoa do singular; e corrompem concorda na 3a pessoa do plural com o sujeito os vcios. Observe os verbos em outra frase: Uma vez, ao sair de um labirinto burocrtico, reparei que eram onze horas de manh limpa e amena. Assim como nos exemplos anteriores, reparei est na 3a pessoa do singular concordando com o sujeito (oculto) eu (eu reparei);. Mas... por que eram est na 3a pessoa do plural? Observe que, neste caso, o verbo no concorda com o sujeito (que no existe nesta frase), mas sim com a idia de horas, expressa por onze horas, na 3a pessoa do plural. Ou seja, voc deve falar e escrever: So trs horas. So quatro e quinze. meio-dia e meia. Hoje so dez de junho. Hoje dia dez de junho. 4.3. Regncia Verbal e Regncia Nominal Neste estudo, diante de algumas regras gramaticais, voc certamente se perguntar: Ento est errado? Eu no posso falar assim? E voc mesmo dever responder observando o contexto em que se encontram os interlocutores.

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Regncia Verbal Por exemplo: voc j ouviu em uma conversa de fim de semana um amigo confidenciar: Estou namorando com Maria, minha colega de sala. E voc entendeu, pde participar da conversa e nada de grave aconteceu... No entanto, seu amigo utilizou-se de uma regncia verbal de uso popular (no culto), ao usar o verbo namorar com a preposio com. De acordo com a lngua culta, que voc pretende dominar com este estudo, o correto : Estou namorando Maria, minha colega de sala. Este , portanto, um caso de regncia verbal, ou seja: o modo pelo qual um termo (namorando) REGE outro (Maria) que o complementa. A esses termos damos os nomes de: termo regente (o verbo namorando) e termo regido (Maria). O importante : saber se o termo regente pede, exige alguma preposio; e, se pede, qual a preposio correta. Por exemplo, o verbo agradar: a) no sentido de fazer carinho, contentar, no exige preposio: O pai agradou o filho com balas. b) no sentido de satisfazer exige preposio a: O espetculo agradou ao pblico. Casos de Regncia Verbal Observe com ateno a regncia dos verbos aqui apresentados, porque geralmente eles oferecem dvidas e so erradamente empregados. ASPIRAR, no sentido de: a) cheirar, sorver, usa-se sem preposio: Aspirou o ar puro da manh. b) pretender, almejar, usa-se com a preposio a: Aspirava a ser feliz!

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ASSISTIR, no sentido de: a) ver, presenciar, exige a preposio a: Assisti a um lindo filme. b) ajudar, prestar socorro, usa-se sem preposio ou com preposio a: O mdico assistiu o doente ou assistiu ao doente. c) morar, residir, usado com a preposio em: Eu assisto em Recife. IMPLICAR, no sentido de: a) acarretar, produzir como conseqncia, usa-se sem preposio: Sua atitude implica respeito (E no implica em respeito, como se tem usado). MORAR Emprega-se com a preposio em junto expresso de lugar: Moro em Recife. OBEDECER Usa-se com preposio a: Obedecemos ao regulamento. PREFERIR Usa-se com preposio a junto coisa no preferida: Prefiro o cinema ao teatro. Evite: Prefiro muito cinema do que teatro. Regncia Nominal Veja agora um exemplo com a preposio com: Seu amigo lhe diz: Eu sou muito atencioso com Maria, minha namorada. Voc acha que est correto o emprego da preposio com regendo a palavra (um adjetivo) atencioso? Sem a preposio com ficaria melhor? Voc deve ter concludo assim: - Est correta a regncia nominal, porque o adjetivo atencioso emprega-se com a preposio com. Veja um outro exemplo - o adjetivo habituado: Qual das frases apresenta a regncia nominal correta? a) Meu amigo est habituado viajar.

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b) Meu amigo est habituado em viajar. c) Meu amigo est habituado a viajar. Eliminamos o item a porque habituado exige preposio! Mas... qual preposio: EM ou A? A certeza voc ter a partir do momento em que se propuser a ler muito os bons autores; a estudar com ateno; a ouvir sua prpria frase, habituando-se a perceber quais so as construes mais simples, mais bonitas, mais fceis, mais espontneas... Certamente, essas sero as corretas. Concluindo, o item correto o c, pois habituado constri-se com a preposio a. Casos de Regncia Nominal Muitos nomes (substantivos e adjetivos) admitem mais de uma regncia e o sentido de uma frase pode se modificar com a simples mudana da preposio que acompanha o termo regente. Observe na relao a seguir que preposies podem ser usadas com os substantivos e adjetivos apresentados.

acessvel a confiante em, com desejoso de atento a avesso a benfico a capaz de, para compatvel com

contrrio a idntico a ansioso de, para, por diferente de digno de essencial para certo de suspeito de

horror a aflito com, por desfavorvel a necessrio a equivalente a prefervel a favorvel a

acostumado a, com incompatvel com indiferente a nocivo a paralelo a responsvel por habituado a

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4.4.Crase Para acompanhar melhor o estudo da crase, recomendvel que voc j tenha estudado o assunto Regncia verbal e regncia nominal. No estudo de regncia, voc aprendeu que o termo regente (verbo ou nome) s vezes exige uma preposio Vimos o exemplo: Eu sou muito atencioso com Maria, minha namorada. Neste caso, a preposio exigida pelo adjetivo atencioso foi com. Em outro exemplo, vimos: O espetculo agradou ao pblico. Observe agora com ateno o que podemos fazer com este ltimo exemplo: Experimente substituir o substantivo masculino pblico pela palavra feminina platia. Ficar assim: O espetculo agradou a a platia. Estranho, ns no falamos nem escrevemos assim. Por isso, os dois aa se fundem em um s, forte, marcado na escrita pelo acento grave ( ` ): O espetculo agradou platia. Pronto, a est a misteriosa crase: a fuso de dois aa, fracos, em um s, forte. Ento, s h necessidade de observar se os dois aa existem. E os dois aa existem quando a preposio a encontra-se com o artigo a: O espetculo agradou a a platia. = a s aparece antes de palavra feminina...) E como saber se haver crase? Observe: 1. Substitua a palavra feminina por uma masculina, como fizemos acima: Em O espetculo agradou a platia deve haver crase? Que fizemos? Trocamos a palavra feminina platia pela masculina pblico, e vimos: a) a necessidade da preposio a depois do verbo agradar: agradar a; b) e tambm a presena do artigo o antes de pblico, ocorrendo ao pblico. O espetculo agradou platia. Primeira concluso: No existe crase antes de palavra masculina. (Porque o artigo

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1a regra prtica: Substituir a palavra feminina por uma masculina: se aparecer ao, haver crase. 2. Ainda havendo dvida, experimente trocar a preposio a por outra, vendo se o sentido da frase no se altera muito: a) Deu um passo a frente existe ou no a crase nesta frase? Experimente outra preposio, para, por exemplo: Deu um passo para a frente. Neste caso, portanto, haver crase: Deu um passo frente; b) E agora, com Cheguei a tempo de dar a notcia. Haver crase? Troque a preposio a por outra, por exemplo, em: Cheguei em tempo de dar a notcia. Observe que no apareceu neste caso o artigo a. Concluso: no haver crase (o a do exemplo apenas uma preposio). 2a. regra prtica Trocar a preposio a por outra. Sempre haver crase: a) As aulas comeam s 7 horas nas indicaes de horas ( claro, diante de palavras femininas: compare com Virei ao meio-dia.); b) A cidade ficou s No haver crase: a) Deu o livro ao amigo, Deu o livro a Antonio antes de palavra masculina. (exceo: haver crase se estiver subentendida a expresso moda de, maneira de Ele escreve Machado de Assis = Ele escreve maneira de Machado de Assis); b) Comearam a cantar antes de verbo no infinitivo; c) Falei a ela e a V. Ex.a. antes de pronome pessoal (ela) e pronomes de tratamento (V. Ex.a); d) Ficamos cara a cara. expresses repetidas; e) Vou a fazendas antigas. com o a no singular seguido de palavra no plural. escuras; Viajarei tarde nas locues com palavra feminina ( bala, s escondidas, noite...).

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4.5. Ortografia Ortografia (do grego orthografia = escrita correta) a parte da Gramtica que trata do emprego correto das letras. Ortografia um sistema oficial convencional pelo qual se representa na escrita uma lngua, isto : CONVENCIONAL, porque no h identidade perfeita entre os sons e sua representao na escrita por meio das letras do alfabeto; e OFICIAL porque o nosso sistema de grafia tem de ser aprovado por atos oficiais do Governo. Portanto, sendo a ortografia convencional, cabe a ns - que usamos o portugus escrito - conhecer a grafia correta das palavras. E como aprender ortografia? Ortografia se aprende lendo, pesquisando no dicionrio, manuseando os textos da norma culta (ver captulo A lngua falada e a lngua escrita), escrevendo. A leitura atenta e a escrita constante vo permitir que voc se familiarize com as palavras, passando a us-las de maneira correta, tanto no contexto quanto na grafia. Torne um prazer brincar com as palavras e com as letras... Um jogo permanente, em que voc aprende com alegria. Para auxili-lo na brincadeira de aprender, em que LER e ESCREVER so insubstituveis, apresentamos a grafia de algumas palavras: leia com ateno cada palavra e experimente us-la em frases completas falando e escrevendo. Representao do fonema /s/ Escrevem-se com H: hbito hesitar hlice homologar hortnsia humildade No se usa H: mido erva ume ombro Escrevem-se com E: continue pontues antebrao arrepiar disenteria empecilho umedecer Escrevem-se com I: diminui possui antiareo crnio digladiar frontispcio lampio privilgio Escrevem-se com O: abolir boate botequim costume mgoa moela nvoa

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Escrevem-se com U: bulioso bulir curtume entupir rebulio tbua trgua - urtiga Escrevem-se com G: garagem viagem (substantivo) contgio algema apogeu gengiva monge tigela Escrevem-se com J: laranjeira gorjeta sarjeta arranjem laje jeito injetar projetar rejeio (que eles) viajem (verbo) Escrevem-se com : acetinado aafro danar exceo mao mianga paoca Escrevem-se com S: nsia cansado diverso excurso farsa pretenso remorso sebo Escrevem-se com SS: acesso asseio concesso escasso obsesso procisso submisso asseio cassino discusso escassez essencial fracasso impresso obsesso ressurreio sossegar Escrevem-se com X: aproximar auxiliar prximo prolixidade trouxer mximo Escrevem-se com XC: exceo excedente excelncia excntrico excepcional excesso excitar Escrevem-se com SC: acrscimo adolescente ressuscitar suscetvel vscera Escrevem-se com S: nasa cresa Representao do fonema /z/ Escrevem-se com S: gostoso graciosa portugus inglesa burgus freguesa catequese (ateno: catequizar) poetisa analisar (de anlise) abrasar (de brasa) pus pusemos ps quis quisemos quiseram atrs defesa despesa esplndido espontneo gs hesitar obsquio psames querosene requisito surpresa usina vasilha vigsimo

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Escrevem-se com Z: cafezal cruzeiro (de cruz) - fertilizar fertilizante civilizar pobreza (de pobre) frieza (de frio) azar amizade aprazvel chafariz prezado proeza vazar vazante ojeriza xadrez Com S ou com Z ? Os sufixos -S, -EZ, -ESA, -EZA escrevem-se: com -S: monts (de monte) burgus (de burgo) chins (de China) com -EZ: aridez (de rido) estupidez (de estpido) palidez (de plido) mudez (de mudo) com -ESA: defesa (de defender) represa (de prender) surpresa (de surpreender) baronesa duquesa burguesa francesa indefesa obesa turquesa com -EZA: beleza (de belo) franqueza (de franco) pobreza (de pobre) leveza (de leve) Os sufixos ISAR e -IZAR escrevem-se: com -ISAR: avisar (aviso + ar), analisar (anlise + ar), alisar (a + liso + ar), bisar, atalisar, improvisar, paralisar, pesquisar, pisar, frisar com -IZAR: anarquizar (anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (canal + izar), amenizar, colonizar, vulgarizar, motorizar, escravizar, cicatrizar, deslizar Emprego do X O X representa os seguintes fonemas: som de /ch/ som de /cs/ som de /z/ som de /ss/ som de /s/ xarope enxofre vexame sexo ltex lxico txico exame exlio xodo auxlio mximo prximo sexto texto expectativa extenso

Escrevem-se com X e no S expectativa experiente expirar (morrer) expoente xtase texto

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Escrevem-se com X e no CH caixa, baixa, ameixa (depois de ditongo); enxada, enxame, enxofre, enxugar (depois da slaba inicial en; ver excees); abacaxi, xavante, caxambu, orix, xar, maxixe (vocbulos de origem indgena ou africana); bexiga, bruxa, faxina, graxa, lixa, mexer, mexerico, puxar, rixa, xadrez, xarope, xaxim, xcara, xale, xingar, xampu Excees: encharcar (de charco), encher (e seus derivados: enchente, enchimento, preenche), enchova, enchumaar (de chumao); enfim, toda vez que se tratar do prefixo en + palavra iniciada por ch. Escrevem-se com CH (dgrafo) bucha charque charrua chvena chimarro chuchu cochilo fachada ficha flecha mecha mochila pechincha tocha 4.6. Acentuao Recordando conceitos importantes Palavras oxtonas so aquelas em que a ltima slaba tnica: caf, cip, caju, caqui. Palavras paroxtonas a slaba tnica a penltima: fcil, mesa, antigo, hfen, homem. Palavras proparoxtonas a slaba tnica a antepenltima: mdico, nufrago, xito. Ditongo grupo de duas vogais proferidas numa s slaba: quando, pais, me, quase. Hiato encontro de duas vogais pertencentes a slabas diferentes: pases; rene, dia. Utilizam-se os acentos grficos agudo ( ) e circunflexo ( ^ ) para indicar a slaba tnica de certas palavras. Exemplo: jacar, tnel, nibus, mdico. Regras de acentuao grfica das palavras 1. Monosslabas tnicas Terminadas em a(s) e(s) o(s) Exemplos p, ms F, p, ps d, ps, s

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2. Oxtonos Terminadas em a(s) e(s) o(s) em, ens 3. Paroxtonos Terminadas em i(s) l r ps um, uns vogal nasal ditongo n 4. Proparoxtonas Todas as palavras so acentuadas 5. Hiatos So acentuados quando: o i e o u estiverem sozinhos ou juntos de s na slaba. Observao: Hiato seguido de nh no recebe acento: rainha, bainha. ba, viva, balastre, pas, formam hiato com a vogal anterior e se juzo gramtica, rgido, prtico, prola Exemplos txi, jris Hbil dlar, ter Frceps frum, lbuns m, rf Jquei Plen Exemplos bab(s), sof(s) fil(s) dend jil(s), cip(s) refm, vintns

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6. Ditongos abertos Sempre so acentuados os ditongos abertos i, eu e i 7. Trema Somente no u sonoro e tono qe qi ge gi 8. Outros casos a) Coloca-se acento circunflexo no o tnico da forma verbal do verbo poder no passado: Ontem ele no pde vir, mas hoje ele pode. b) Acentuam-se algumas formas dos verbos: ter vir ver ler crer dar eles tm (cf. ele tem) eles vm (cf. ele vem) ele v, eles vem ele l, eles lem ele cr, eles crem que ele d, que eles dem Exemplos cinqenta, seqestro, seqncia tranqilo, eqino agentar, averigemos, ungento lingia, pingim, sagi trofu, papis, cu, herico, gelia

c) Os compostos de ter e vir recebem acento na terceira pessoa do singular e do plural: deter reter ele detm, eles detm ele retm, eles retm

convir ele convm, eles convm intervir ele intervm, eles intervm d) O encontro voclico oo em final de palavra sempre recebe acento no primeiro o: vos, abeno, enjo

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e) Acento diferencial: Usado para diferenciar palavras de grafia idntica, com funes e significados diversos. pelo preposio para preposio por preposio polo(s) por (ant.) + lo(s) 9.8. Pontuao Nas suas leituras, certamente voc j percebeu que o texto no um amontoado de palavras e oraes. Elas se organizam de acordo com a inteno do autor, das exigncias de dependncia ou independncia entre os termos, alm da necessria beleza que deve envolver todo o texto. Da a importncia da pontuao, agindo como a prpria respirao do texto o que vai permitir ou no que a comunicao se processe como pretendida pelo escritor. Veja, por exemplo, como se altera substancialmente o enunciado da seguinte frase, caso esteja presente ou no a vrgula: No podem atirar! No, podem atirar! Dos sinais de pontuao abaixo indicados, estudaremos os essencialmente separadores, com nfase no emprego da vrgula. A pontuao constituda por sinais grficos assim distribudos: 1. Vrgula H dois mtodos para se estudar o emprego da vrgula: o mais comum, o tradicional, parte da funo sinttica dos elementos da frase (sujeito, predicado, aposto, vocativo...); o outro, que veremos aqui, o que trabalha com o sentido das palavras. O mau emprego da vrgula o principal problema de pontuao e prejudica profundamente a compreenso) de textos. 2. Ponto-e-vrgula representa uma pausa mais forte que a vrgula e menos que o ponto. Emprego: elaborao (e, claro, a plo substantivo pra verbo parar pr verbo plo(s) substantivo

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a) Num trecho longo, onde j existam vrgulas, para enunciar pausa mais forte: Enfim, cheguei-me a Virglia, que estava sentada, e travei-lhe da mo; D. Plcida foi janela. b) Na separao de adversativas em que se quer ressaltar o contraste; No se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu no projeto. 3. Ponto final o sinal que indica maior pausa e serve para encerrar perodos que terminem por qualquer tipo de orao (menos a interrogativa, a exclamativa e as reticncias). 4. Ponto de interrogao Pe-se no fim da orao enunciada com entonao interrogativa. 5. Ponto de exclamao Pe-se no fim de orao enunciada com entonao exclamativa (Que gentil que estava a espanhola!) e depois de uma interjeio (Ol! Exclamei.). 6. Reticncias Indicam interrupo do pensamento, ou hesitao em enuncilo; se indicam uma enumerao inconclusa, podem ser substitudas por etc; na transcrio de um dilogo, indicam a no resposta do interlocutor. Numa citao podem ser colocadas reticncias no incio, no meio ou no fim, para indicar supresso no texto transcrito, em cada uma dessas partes. Estudo da vrgula Resumiremos o uso da vrgula a duas regras: 1a. No se pode usar vrgula para quebrar uma seqncia de sentido. Tente responder: Por que no se pode usar vrgula nenhuma na frase abaixo? As escolas pblicas e particulares comunicaram os resultados Secretaria de Educao. Resposta: a) Entre pblicas e particulares no se pode quebrar a seqncia, porque as escolas so pblicas e particulares;

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b) Entre as escolas pblicas e particulares e comunicaram no h vrgula, seno a primeira parte ficar solta e sem sentido. Se pusermos a vrgula depois de particulares, a idia se quebrar e ficar incompleta; c) Antes de Secretaria de Educao, porque esse grupo parte de comunicaram, j que o sujeito da frase comunica algo a algum, ou seja, Secretaria de Educao. 2a. Usa-se a vrgula para encaixar palavras, termos ou idias em uma seqncia. Leia as frases, atentando para as expresses destacadas a) Todo cientista , por natureza, curioso. b) A arte, a meu ver, humaniza a vida. Observao: Em ambas as frases, h uma seqncia bsica a) Todo cientista curioso. b) A arte humaniza a vida. H tambm em ambas os encaixes: por natureza e a meu ver, separados por vrgulas da seqncia bsica. Importante: No necessrio que todos os encaixes fiquem entre vrgulas, mas somente aqueles que interrompam a seqncia bsica para acrescentar uma outra idia, isto , quando se acrescenta algo que apresenta um outro ngulo de viso. Veja nos exemplos: O termo encaixado (por natureza) no acrescenta outra idia, apenas acrescenta um complemento seqncia bsica; logo, no h obrigatoriedade de vrgulas: Todo cientista por natureza curioso (vrgulas facultativas);

O termo encaixado (a meu ver) quebra a idia da seqncia bsica para inserir algo que difere; as vrgulas so, pois, obrigatrias.

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5 - FUNCIONAMENTO E MANUTENO DO VECULO 5.1 Sistemas bsicos do motor As informaes prestadas a seguir tm a funo de dar ao motorista uma maior compreenso sobre o funcionamento do veculo, para facilitar a identificao de problemas e irregularidades durante sua jornada de trabalho, como tambm o preenchimento correto da ficha de manuteno. Sabemos que na maior parte das empresas no cabe ao motorista realizar qualquer tipo de manuteno. Esse trabalho repassado para o setor responsvel. Porm existem algumas dicas e procedimentos que certamente sero teis para o dia a dia do motorista. Todo veculo composto basicamente por: motor, cmbio, diferencial, sistema de direo, suspenso, sistema de freios e sistema eltrico. Estes componentes esto descritos a seguir. Motor O motor composto por cinco sistemas bsicos: Alimentao de ar Alimentao de combustvel Arrefecimento Lubrificao Exausto (escapamento) Alimentao de Ar Para funcionar, o motor necessita de ar, porm esse ar no pode chegar ao interior dos cilindros cheio de impurezas que se encontram na atmosfera, pois provocaria desgaste prematuro nos componentes do motor. Por isso existem alguns componentes fundamentais para que esse ar chegue limpo dentro do motor, que so: Filtro Tubulaes Em alguns casos, turbo alimentador, com ou sem ps-resfriador (intercooler)

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Algumas orientaes para manter o sistema funcionando adequadamente: Estar sempre atento ao painel de instrumentos. Se a luz indicativa de filtro de ar obstrudo acender, faa uma ficha de manuteno. Existem alguns tipos de motores em que essa indicao dada no prprio filtro de ar por um visor em que aparece uma tarja vermelha que quer dizer que voc deve fazer a ficha de manuteno. Um veculo equipado com turbo alimentador, com ou sem o ps-resfriador (intercooler), no pode ter o seu motor desligado assim que parar. Deixe-o funcionando por cerca de dois minutos em marcha lenta (no mais do que 2 minutos), pois assim a rotao e a temperatura j permitem que o motor seja desligado, sem afetar os mancais do turbo. importante lembrar que o filtro de ar sujo aumenta o consumo de combustvel, aumenta a poluio do ar, provoca superaquecimento e diminui a vida til do motor. Alimentao de Combustvel O sistema de alimentao de combustvel funcionar. Ele composto pelos seguintes componentes: Tanque Encanamento Filtros Bomba injetora Bicos Cabe ao motorista identificar vazamentos em todo o sistema na inspeo diria. Se durante a jornada de trabalho o veculo apresentar perda de potncia, superaquecimento ou comear a falhar, pode estar ocorrendo algum problema de injeo de combustvel. Assim que possvel comunicar ao setor responsvel usando a ficha de manuteno. o responsvel por captar combustvel e lev-lo na dosagem exata para que, em mistura com o ar, faa o motor

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Arrefecimento Esse sistema serve para manter controlada a temperatura do motor. Seus componentes so: Radiador Mangueiras Bomba dgua Ventilador (hlice) Correias Lquido de arrefecimento (composto por gua e aditivo especificado pelo fabricante) So atribuies do motorista: verificar vazamentos no sistema, tenso e estado das correias e nvel do lquido de arrefecimento. Se o motor superaquecer, parar imediatamente, sem desligar o motor procurando identificar a causa. Se for falta de lquido de arrefecimento, completar com gua, sem desligar o motor, tomando todos os cuidados com a retirada da tampa (pois o vapor do lquido pode provocar queimaduras graves). Caso a temperatura no diminua, parar o motor e comunicar empresa. Lubrificao As funes do sistema de lubrificao so: reduzir o atrito entre as peas mveis do motor e auxiliar no arrefecimento do mesmo. Se mantido em perfeito funcionamento, aumenta a vida til do motor. Seus componentes so: Reservatrio de leo Bomba de leo Filtro Galerias do bloco do motor e do cabeote A luz de presso de leo localizada no painel do veculo deve se apagar to logo o motor entre em funcionamento e permanecer assim durante toda a jornada de trabalho (presso normal). Se essa luz acender com o motor em funcionamento, o motorista deve parar e desligar o motor imediatamente. Em seguida, comunicar-se com a empresa.

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Exausto (escapamento) o sistema do motor responsvel pela eliminao dos gases queimados para a atmosfera. Ele