TRATAMENTO DA HIPERSENSIBILIDADE...

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TRATAMENTO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA Clara Carvalhais Bonfim* Lorena Alves de Abreu* Luana Ferraz Silva* Paulo Eustáquio Barbosa Filho* Rubiane Braz Ribeiro* Romero Meireles Brandão ** RESUMO A hipersensibilidade dentinária é um problema que atinge grande parte da população, manifesta-se como uma sintomatologia dolorosa que ocorre em áreas de exposição de dentina ao meio externo, desencadeando a busca de alternativas de tratamento para o seu alívio. Assim este trabalho, teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre as condutas comumente empregadas no tratamento da hipersensibilidade dentinária, em situações clínicas onde sua etiologia não seja por lesão de cárie ou falhas restauradoras. Constatou-se a importância de se realizar exame clínico e diagnóstico corretos para optar por um agente dessensibilizante adequado e conseqüentemente um tratamento mais eficaz. As substâncias desenssibilizantes Oxagel, Gluma Desensitizer, Nupro Gel e o laser de baixa intensidade se mostraram eficientes no tratamento da hipersensibilidade dentinária. Os oxalatos, vernizes cavitários e dentifrícios foram os dessensibilizantes que se mostraram mais acessíveis à população devido ao seu baixo custo. Concluiu-se que a hipersensibilidade dentinária é considerada um desafio para os profissionais da Odontologia por seu difícil tratamento, podendo afetar o componente emocional e a qualidade de vida dos pacientes. Palavras-chave: Sensibilidade dentinária. Exposição de dentina. Tratamento da hipersensibilidade dentinária. * Acadêmicos do 8º Período do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE. ** Especialista e Mestre em Endodontia-UFRJ/UERJ. Professor das disciplinas de Endodontia II e III do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE.

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TRATAMENTO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA

Clara Carvalhais Bonfim*

Lorena Alves de Abreu*

Luana Ferraz Silva*

Paulo Eustáquio Barbosa Filho*

Rubiane Braz Ribeiro*

Romero Meireles Brandão **

RESUMO

A hipersensibilidade dentinária é um problema que atinge grande parte da população,

manifesta-se como uma sintomatologia dolorosa que ocorre em áreas de exposição de

dentina ao meio externo, desencadeando a busca de alternativas de tratamento para o

seu alívio. Assim este trabalho, teve como objetivo realizar uma revisão da literatura

sobre as condutas comumente empregadas no tratamento da hipersensibilidade

dentinária, em situações clínicas onde sua etiologia não seja por lesão de cárie ou falhas

restauradoras. Constatou-se a importância de se realizar exame clínico e diagnóstico

corretos para optar por um agente dessensibilizante adequado e conseqüentemente um

tratamento mais eficaz. As substâncias desenssibilizantes Oxagel, Gluma Desensitizer,

Nupro Gel e o laser de baixa intensidade se mostraram eficientes no tratamento da

hipersensibilidade dentinária. Os oxalatos, vernizes cavitários e dentifrícios foram os

dessensibilizantes que se mostraram mais acessíveis à população devido ao seu baixo

custo. Concluiu-se que a hipersensibilidade dentinária é considerada um desafio para os

profissionais da Odontologia por seu difícil tratamento, podendo afetar o componente

emocional e a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Sensibilidade dentinária. Exposição de dentina. Tratamento da

hipersensibilidade dentinária.

* Acadêmicos do 8º Período do Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE.

** Especialista e Mestre em Endodontia-UFRJ/UERJ. Professor das disciplinas de Endodontia II e III do

Curso de Odontologia da FACS/UNIVALE.

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INTRODUÇÃO

A hipersensibilidade dentinária foi descrita por Estrela et al. (1996), como um

episódio de dor de caráter agudo, localizado e de curta duração, associado a regiões com

exposição de tecido dentinário ao meio bucal, podendo ser desencadeado por estímulos

táteis, térmicos, químicos, elétricos ou bacterianos.

Citada por Pereira (1995), a Teoria da Hidrodinâmica desenvolvida por

Brannstrom e Astrom em 1964 é a mais amplamente aceita para explicar os episódios de

dor no tecido dentinário exposto, pois, na mesma, enfatiza-se que o tecido da dentina

seria composto de um sistema de túbulos com material fluido ou semi fluido em seu

interior capaz de se movimentar quando ocorre uma estimulação externa. Por sua vez,

as terminações nervosas livres pulpares seriam excitadas pela movimentação do

material, causando o episódio de dor.

Santos et al. (2010), atribuíram a sensibilidade dentinária a duas causas

principais: abrasão (perda de estrutura dentinária através de desgastes mecânicos) e

erosão (perda de estrutura dentinária por meios químicos). Cargas excênticas aplicadas

na superfície oclusal também estão envolvidas no desenvolvimento de lesões cervicais,

sendo estas denominadas de abfração. Além disso, os processos mastigatórios que

podem ocorrer nas faces incisais e oclusais e, algumas vezes, nas proximais podem

resultar em atrição dental.

Um diagnóstico diferencial e preciso é necessário para que a hipersensibilidade

dentinária não seja confundida com outras moléstias (VALE e BRAMANTE, 1997). De

acordo com Basting et al. (2008), esta não é uma condição clínica de fácil diagnóstico,

sendo necessário anamnese, inspeção clínica minuciosa e percepção do paciente,

informando o problema ao profissional com dados realçados pelo questionário

específico, para diferenciar a hipersensibilidade dentinária de outras patologias que

acometem os dentes, como a cárie, restaurações antigas com infiltrações marginais,

restaurações recém-realizadas que por falha técnica apresentam fenda entre a

restauração e o dente, e patologias que promovem a degeneração pulpar. Contudo o

diagnóstico eficaz torna-se ainda mais urgente quando a hipersensibilidade dentinária

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passa a afetar também a vida psicossocial do paciente. Neste aspecto é um grande

desafio para o cirurgião-dentista eliminar o desconforto causado pela hipersensibilidade

dentinária.

Oliveira Júnior e Carvalho (2007) consideraram a hipersensibilidade dentinária

como um desafio para os profissionais das diversas especialidades da Odontologia,

quanto ao seu tratamento e controle adequado, e por se tratar de um fenômeno

complexo que pode ser afetado também pelo componente emocional dos pacientes.

Tirapelli (2007) relatou que diversas terapias têm sido propostas para o tratamento desta

condição, entretanto o completo entendimento e tratamentos eficazes e definitivos para

a hipersensibilidade ainda não estão bem estabelecidos.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura

sobre as condutas comumente empregadas no tratamento da hipersensibilidade

dentinária, em situações clínicas onde sua etiologia não seja por lesão de cárie ou falhas

restauradoras.

REVISÃO DA LITERATURA

A HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA

A hipersensibilidade dentinária foi definida por Vale e Bramante (1997), como

uma dor aguda e de curta duração da dentina vital exposta a estímulos térmicos,

químicos e táteis. A exposição dos túbulos dentinários é responsável por uma

diminuição do limiar de dor do paciente, motivo suficiente para que o mesmo procure

auxílio do cirurgião – dentista. A obtenção de um correto diagnóstico é pré-requisito

essencial para a realização de um tratamento adequado.

Faria e Villela (2000), caracterizaram a hipersensibilidade dentinária como “uma

condição clínica odontológica relativamente comum e dolorosa da dentição permanente,

manifestando-se de maneira desconfortável para o paciente”. Os mesmos autores

acrescentaram ainda, que a dor é causada por estímulos mecânicos, térmicos, químicos e

osmóticos, aprensentando-se de forma aguda e transitória.

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A exposição da área de raiz pode ser multifatorial, portanto, segundo Aranha et

al. (2009), são comumente citadas como as principais causas de hipersensibilidade

dentinária, o trauma crônico da escovação, a flexão do dente devido às forças de carga

oclusal anormal, hábitos parafuncionais, doenças gengivais e periodontais inflamatórias

aguda e crônica, trauma agudo, cirurgia periodontal, e componentes ácidos dietéticos.

Segundo Conceição (2007), para que se possa estabelecer um diagnóstico e,

consequentemente, a escolha de um tratamento mais adequado, alguns procedimentos

prévios podem ser adotados como a anamnese bem feita, fazendo um levantamento de

dados sobre a história médica e odontológica pregressa do paciente, um exame clínico

observando a presença de lesões de cárie, restaurações defeituosas, além de exames

periodontais para verificar recessões, mobilidade dental e qualidade da restauração.

Também deve ser feito uma análise da oclusão para identificar sinais de trauma oclusal,

hábitos parafuncionais e registro do padrão oclusal do paciente, além de testes e exames

complementares como percussão, palpação, sondagem periodontal e testes de

sensibilidade pulpar.

MECANISMOS DE AÇÃO DAS SUBISTÂNCIAS UTILIZADAS NO

TRATAMENTO DA HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA

Segundo Rösing et al. (2009), a hipersensibilidade dentinária é considerada

como um importante problema de saúde. Diante de seu caráter agudo, e por não ser

espontânea e sim estimulada, esta patologia pode ser considerada uma condição de dor

crônica. Neste sentido, os cirurgiões-dentistas consideram a hipersensibilidade

dentinária como um desafio sendo necessário desenvolver mais estratégias de

tratamento, melhorando assim a qualidade de vida dos indivíduos.

Segundo Conceição (2007), são apresentadas inúmeras técnicas no tratamento da

hipersensibilidade dentinária que demonstram, a inesistencia de um tratamento

totalmente eficaz até o presente momento. Afirmou ainda que os compostos fluoretados

são muito utilizados devido ao baixo custo, fácil aplicação e por ser eficiente no

tratamento da hipersensibilidade dentinária. Reagem com os íons cálcio do fluido

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dentinário formando fluoretos de hidroxiapatita no interior dos túbulos dentinários,

reduzindo o tamanho destes e estimulando a formação de dentina menos solúvel. Seus

protocolos variam de acordo com sua forma e posologia, tendo que seguir a orientação

do fabricante. Os mais utilizados no tratamento da hipersensibilidade dentinária são o

fluoreto de cálcio, fluoreto de estanho, fluoreto de sódio, podendo ser encontrados na

forma de cremes dentais, géis, solução para bochechos e em forma de espuma.

De acordo com Vale e Bramante (1997), o hidróxido de cálcio tem sido um

agente bastante empregado no tratamento da hipersensibilidade dentinária, pois tem a

capacidade de bloquear os túbulos dentinários, e por possuir um PH alcalino facilita a

deposição de íons de fosfato de cálcio, promovendo a obliteração dos túbulos e

conduzindo a formação de dentina peritubular. É um material biocompatível com os

tecidos pulpares, entretanto tem como desvantagem, a baixa solubilidade ao meio bucal.

Segundo Conceição (2007), o hidróxido de cálcio pode ser utilizado em diversas formas

para o tratamento da hipersensibilidade dentinária, como solução, suspensão, pasta ou

cimento de hidróxido de cálcio.

De acordo com Vale e Bramante (1997), os oxalatos são ácidos resistentes,

insolúveis que estão sendo bastante utilizados no tratamento da hipersensibilidade

dentinária devido a sua eficiência e baixo custo para o paciente. Segundo Conceição

(2007) os compostos utilizados são o oxalato de ferro e o oxalato de potássio, sendo que

os mesmos reagem com íons de cálcio presente nos fluídos dentinários formando

cristais de oxalato de cálcio homogêneo que se precipitam obliterando os túbulos

dentinários.

Santos et al. (2010), caracterizam o nitrato de potássio como um agente de efeito

neural, que em alta concentração usado extracelular é capaz de despolarizar as

membranas das fibras nervosas, impedindo a condução dos impulsos causadores de dor,

ele não diminui a condutibilidade hidráulica da dentina, nem promove a obstrução dos

túbulos dentinários, mas ainda assim é um agente efetivo no tratamento da

hipersensibilidade dentinária. Pode ser usado em aplicação tópica com ou sem flúor ou

em dentifrícios a base de nitrato de potássio. Para Vale e Bramante (1997), o dentifrício

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estabiliza a polaridade das terminações nervosas, pois restabelece o fluxo de potássio no

interior dos odontoblastos que foram perdidos por estímulos externos.

O cloreto de estrôncio é um dessensibilizante que pode ser encontrado na forma

de verniz e dentifrícios, seu mecanismo de ação se dá pela troca do cálcio pelo estrôncio

(CONCEIÇÃO, 2007). Quando uma solução concentrada de cloreto de estrôncio é

aplicada sobre a dentina exposta é capaz de reduzir a condutividade hidráulica da

dentina e sua sensibilidade (OLIVEIRA JÚNIOR e CARVALHO, 2007).

Basting et al. (2008), afirmaram que os vernizes cavitários apresentam um

grande valor clínico no tratamento da hipersensibilidade dentinária, devido à presença

de nitro celulose em sua fórmula, formando uma película impermeabilizadora na

superfície da dentina, promovendo assim o fechamento dos túbulos dentinários. Além

disso, Oliveira Júnior e Carvalho (2007) ressaltaram que os vernizes cavitários possuem

a vantagem de ser eficientes, terem baixo custo e poderem ser associados com outros

produtos dessensibilizantes, entretanto, possui um efeito efêmero, visto que são

removidos rapidamente pela saliva.

Os sistemas adesivos são agentes dessensibilizantes bastante utilizados no

tratamento da hipersensibilidade dentinária, pois a impregnação de monômeros na

superfície dental desmineralizada forma uma camada híbrida onde é promovido o

selamento dos túbulos. Este selamento limita o movimento do fluido intratubular, porém

não é uma solução definitiva, pois sua eficiência é diminuída com o tempo. Estes

sistemas adesivos devem ser utilizados quando não há perda de estrutura dentária.

Podem ser utilizados os sistemas com condicionamento ácido fosfórico como etapa

inicial e os auto-condicionantes (CONCEIÇÃO, 2007).

O uso de dentifrício é uma técnica bastante recomendada para o tratamento da

hipersensibilidade dentinária, pois, atuam obstruindo os túbulos dentinários e criando

uma barreira impermeável, pois tem uma afinidade com os tecidos calcificados, sendo

assim estimula a formação de dentina reparadora, diminuindo a sensibilidade. É um

tratamento caseiro, bastante eficiente com intuito de controlar a hipersensibilidade

dentinária, sendo suas vantagens a fácil aquisição, menor custo, fácil utilização e não

são invasivos (VALE e BRAMANTE, 1997).

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Mafra e Porto (2008) descreveram o laser como uma amplificação de luz por

emissão estimulada de radiação, essa radiação é eletromagnética não ionizante, sendo

um tipo de fonte luminosa com particularidades bastante distintas. Possui duas formas

de atuação na hipersensibilidade dentinária, que são: ação imediata, onde a intensidade

da dor é diminuída logo após a aplicação do laser e ação tardia, onde é registrado um

aumento da atividade metabólica do odontoblastos, produzindo dentina reparadora.

Sendo assim, o laser pode atuar de maneira mais ampla, pois auxilia o processo de

desinflamação e também a formação da dentina reacional, diminuindo o tempo de

reparo do tecido pulpar, conseqüentemente promove efeito analgésico ao paciente.

Usado de forma terapêutica no tratamento da hipersensibilidade dentinária, a

iontoforese atua transferindo em potencial elétrico íons para dentro do corpo humano. É

um método com o propósito de levar íons flúor mais profundamente aos túbulos

dentinários. Uma força eletromotora é utilizada para que estes íons penetrem mais

profundamente, é gerada com o uso de dois pólos, onde existe um positivo que é

colocado na dentina exposta e um negativo, colocado em alguma região do corpo

(VALE e BRAMANTE, 1997).

Aplicação de agentes dessensibilizantes

Em um estudo realizado por Goméz et al. (1995), com o objetivo de reduzir ao

mínimo e por um período prolongado de tempo a hipersensibilidade dentinária, utilizou-

se o Fluoreto de sódio tópico em solução a 5% e de eletricidade de 27 volts e 0,7 mA

por 3 minutos. Constou-se uma eficiência na redução da hipersensibilidade de 83,19%

no primeiro mês, 76,32% no terceiro mês e 68,96%, no sexto mês, com isso os

resultados sugeriram que a aplicação de fluoreto de sódio tópico a 5% para o tratamento

da hipersensibilidade dentinária, através da iontoforese, é eficaz e, portanto, pode ser

considerado como uma boa alternativa para o tratamento, porém com o tempo percebe-

se uma redução na duração do tratamento.

Estrela et al. (1996) realizaram uma pesquisa com o objetivo de analisar a

redução da dor pós-tratamento da hipersensibilidade dentinária, utilizando 160 dentes,

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sendo eles caninos e pré-molares, frente ao emprego dos seguintes produtos: Fluoreto de

sódio tópico a 2%, Pasta de hidróxido de cálcio, Oxagel (produto à base de oxalato de

potássio apresentado em forma de gel), verniz Duraphat, sistemas adesivos Scothbond,

Optibond e Multibond Alpha, onde cada produto foi aplicado em 20 dentes, de acordo

com as orientações dos fabricantes. Dessa forma, concluiu -se que para o nível 1 de

sensibilidade (desconforto leve), o sistema adesivo Optibond e o gel Oxagel

apresentaram os valores mais elevados na redução da dor pós-tratamento, 88,8% e

87,5% respectivamente. Para os níveis 2 (desconforto acentuado) e 3 (desconforto

acentuado com dor aguda por mais de 10s) o gel Oxagel e o sistema adesivo Scothbond

mostraram os melhores resultados, 87,5% e 75%, 75% e 75% respectivamnte.

Foi avaliada a eficácia da aplicação do selante químico Delton associado ou não

a uma solução de água de hidróxido de cálcio, no tratamento de dentes que

apresentavam hipersensibilidade dentinária cervical. A pesquisa foi realizada em

pacientes com hipersensibilidade, os quais foram divididos em dois grupos, onde um

recebeu apenas o selante aplicado de forma tradicional e o outro recebeu a associação

do selante Delton aplicado de forma tradicional, com a água de hidróxido de cálcio. Nos

dentes em que foram aplicados o selante sobre a superfície já atacada pela água de

hidróxido de cálcio (o ataque é feito com uma bolinha de algodão embebida na água de

hidróxido de cálcio, deixada na superfície dentinária sensível por cinco minutos),

obtiveram-se os melhores resultados na redução da hipersensibilidade dentinária, em

comparação aos dentes em que foram aplicados somente o selante. O exato mecanismo

de ação é desconhecido do hidróxido de cálcio, mas acredita-se que o mesmo estimule a

formação de dentina peritubular (GARCIA et al., 1996).

Arrais et al. (2004) realizaram um estudo laboratorial in vitro com os agentes

dessensibilizantes Oxagel, o Gluma Desensitizer (HEMA e glutaraldeído), e o Nupro

Gel (flúor gel) para tratamento da hipersensibilidade cervical, sendo utilizados 24

dentes, que foram aleatoriamente divididos em quatro grupos (n=6), de acordo com os

seguintes tratamentos superficiais da dentina: G1: sem tratamento; G2: Oxagel; G3:

Gluma Desensitizer; G4: Nupro Gel. Os resultados indicaram que o Oxagel promoveu a

oclusão dos túbulos dentinários pela deposição de cristais em seu interior, a Gluma

Desensitizer criou uma camada delgada sobre a superfície da dentina, e o Nupro Gel

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produziu a formação de precipitados que ocluíram os túbulos. Concluíram assim que

todos os agentes dessensibilizantes consequentemente trataram a hipersensibilidade

dentinária e que a análise feita em microscopia eletrônica de varredura mostrou que eles

foram capazes de obliterar os túbulos dentinários.

A ação dessensibilizante do cloreto de sódio (NaCl), popularmente conhecido

como sal de cozinha, foi avaliada por Fonseca et al. (2004), em 20 pacientes com

hipersensibilidade dentinária cervical, sendo selecionados 168 dentes, onde 81 dentes

apresentavam desconforto, 71 dentes apresentavam dor, e em 16 dentes a dor persistia

mesmo após a remoção do estímulo. Cada paciente utilizou a própria escova de dentes,

cujas cerdas foram impregnadas com NaCl, procedendo a uma nova escovação noturna

durante aproximadamente 10 segundos em cada dente selecionado. O período proposto

foi de 4 semanas. Ao final de cada semana, os pacientes eram avaliados, por métodos

subjetivos (questionários) e métodos objetivos (jatos de ar), quanto à resposta dolorosa.

Os resultados demonstraram que entre a 1ª e a 4ª semana, houve diminuição

significativa na hipersensibilidade dentinária, onde os dentes com desconforto

apresentaram redução de 43,45%, os dentes com dor severa somente ao estímulo

apresentaram redução de 42,26%, e com relação aos dentes com dor severa durante e

após o estímulo, houve redução de 9,5%.

Os efeitos de substâncias dessensibilizantes na permeabilidade da dentina e

obliteração dos túbulos dentinários foram observados por Pinto et al. (2007). Para isso,

foi realizado um estudo com 21 incisivos de ratos, divididos em 3 grupos: G1- (n=7) foi

utilizado gel desensibilizante de Nitrato de potássio 2% com fluoreto de sódio 2%; G2-

(n=7) verniz com 5% de fluoreto de sódio e G3- (n=7) Controle (escovação com

dentifrício). Conclui-se com esse estudo que os dois agentes testados no G1 e G2

reduziram a permeabilidade dentinária obliterando parcialmente os túbulos dentinários,

e no G3 não houve resultados significativos na redução da hipersensibilidade, sendo

assim, os autores sugeriram que sejam realizados mais estudos clínicos para comprovar

sua real efetividade no tratamento da sensibilidade dentinária.

Kobler et al. (2008) apud Peixoto et al. (2010) realizaram um estudo clínico para

testar a eficiência de um agente à base de cloreto de estrôncio (SR desensitizer,

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Hyposen), comparado com um placebo, no tratamento da hipersensibilidade dentinária

cervical. Foram selecionados 142 pacientes, e utilizaram dois dentes de cada um, sendo

o primeiro dente tratado com o cloreto de estrôncio, como recomendado pelo fabricante,

e o segundo tratado com o placebo. Após análise dos resultados, os autores observaram

que, no primeiro grupo, houve melhora de 72% na hipersensibilidade dentinária e, no

segundo, de 31%, concluindo dessa forma que o placebo apresentou uma pequena

melhora no tratamento, já o cloreto de estrôncio é uma alternativa mais eficaz no

tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical. Esses resultados podem ser

explicados pelo fato de o cloreto de estrôncio ser capaz de formar uma barreira que

oblitera os túbulos com 20μm de profundidade, impedindo dessa maneira a

sensibilização dos fluidos dentinários. Para o placebo, o bom resultado pode estar

associado à resposta psicofisiológica causada pela interação positiva entre o cirurgião-

dentista e seu paciente.

Garcia et al. (2009) avaliaram clinicamente o efeito de dois medicamentos

dessensibilizantes de dentina aplicados diretamente na região cervical de dentes com

dentina exposta e história clínica de sensibilidade dentinária. Foram selecionados 150

dentes com dentina exposta, e ausência de lesões cariosas num total de 25 pacientes. Os

produtos comerciais testados (Dessensiv e Sensikill) e um placebo foram aplicados a

cada sete dias durante quatro semanas. A análise dos resultados permitiu concluir que os

produtos comerciais testados foram eficazes no tratamento da hipersensibilidade

cervical dentinária após três aplicações, não havendo diferença estatisticamente

significante entre os dois produtos e ambos foram mais eficazes que o placebo.

Assis et al. (2011) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a eficiência

de dois agentes dessensibilizantes na redução da hipersensibilidade dentinária em 77

dentes de 13 pacientes que apresentavam algum grau de sensibilidade à sondagem e/ou

estímulo ao ar. Foram utilizados os seguintes agentes dessensibilizantes: Oxagel (G1),

Sensikill (G2) e gel placebo (G3-controle). De acordo com o estudo, todos os

tratamentos, inclusive o placebo, foram capazes de reduzir os escores para ambos os

estímulos. A análise dos dados demonstrou que os escores de sensibilidade foram

significantemente menores somente para o Sensikill em comparação aos outros

produtos (Oxagel e placebo) quando o estímulo ar foi aplicado. Pode-se concluir que o

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tratamento com Sensikill apresentou um desempenho ligeiramente melhor na redução

da hipersensibilidade dentinária quando comparados aos outros dois agentes

dessensibilizantes.

Aplicação dos dentifrícios

Tirapelli (2007) avaliou comparativamente, in vitro e in vivo, a eficácia do

Biosilicato® (vitrocerâmica bioativa) frente a agentes dessensibilizantes disponíveis no

mercado no tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical com dentifrício

dessensibilizante Sensodyne®; gel com Biosilicato® a 1%; Biosilicato® misturado à

água destilada 10% e do produto Sensikill® (dessensibilizador dentinário contendo uma

solução de fosfato de potássio e uma com cálcio), avaliados em 120 pacientes, sendo

comprovada a eficácia dos tratamentos para todos os produtos avaliados no prazo de 06

meses. No sexto mês os valores de dor observados foram significantemente menores

que os valores iniciais para todos os agentes dessensibilizantes testados. A avaliação

comparativa mostrou que o Biosilicato®, na apresentação em gel ou misturado à água

destilada foi o produto que apresentou maior redução da dor no menor tempo, ou seja,

ação mais rápida.

Por meio de uma revisão da literatura Poulsen et al. (2008), compararam a

eficácia de dentifrícios com e sem nitrato de potássio em sua composição, para reduzir e

controlar a hipersensibilidade dentinária. Foi realizado um estudo que do efeito do

creme dental com nitrato de potássio, em comparação com o controle sem nitrato de

potássio. Os resultados mostraram efeito estatisticamente significativo da pasta de dente

de nitrato de potássio sobre o fluxo de ar e sensibilidade tátil no seguimento de seis a

oito semanas, já o creme dental sem nitrato de potássio não apresentam efeito

significativo.

Em um estudo realizado por Ramóm et al. (2010), foi utilizado um grupo

controle (creme dental convencional sem flúor) e grupo experimental (creme dental para

dentes sensíveis) para determinar a eficácia de um creme dental para dentes sensíveis

com citrato de potássio 5,6% e Fluoreto de sódio 0,3% na redução dos sintomas da

hipersensibilidade dentinária. Os autores utilizaram uma amostra aleatória de 100

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pessoas, homens e mulheres com mais de 18 anos. Concluiram que apesar de ter

registado uma melhoria nos sintomas dos pacientes grupo placebo, há uma redução

maior da sensibilidade, estatisticamente significativa, no grupo que utilizou dentifrício

para dentes sensíveis.

Terapia a Laser

Gentile e Greghi (2004), em estudo comparativo do laser diodo AsGaAl

(Arseneto de Gálio e Alumínio) com um placebo como controle, avaliaram o efeito

dessensibilizante do laser diodo AsGaAl (670nm) no tratamento de 35 dentes

hipersensíveis e de 33 dentes para o placebo. Para o tratamento do grupo a laser os

autores utilizaram uma dose total de 4J/cm², dose esta que foi repetida a cada 48 ou 72

horas, perfazendo um total de seis aplicações, e do placebo foi utilizado luz de

fotopolimerizador. Após um período de seis a oito semanas, os autores concluíram que

o laser foi capaz de reduzir significativamente a sensibilidade dentinária no grupo de

dentes irradiados, tal redução também pode ser observada no grupo de dentes do

placebo.

O efeito dessensibilizante de dois tipos de lasers com comprimentos de onda

diferentes, vermelho com 660nm e infravermelho com 830nm, foi verificado por

Ladalardo et al. (2004), no tratamento de 40 com hipersensibilidade dentinária cervical

de 20 indivíduos adultos com idades variando entre 25 e 45 anos. Os autores

observaram que o laser vermelho de 660nm foi efetivo no tratamento da

hipersensibilidade apenas nos pacientes da faixa etária de 25 a 35 anos, e o laser

infravermelho de 830nm não foi considerado efetivo para tratamento em nenhuma das

faixas etárias, o que fizeram os autores concluírem que o efeito dessensibilizante do

laser vermelho de 660nm foi superior ao do laser infravermelho de 830nm em ambas as

faixas etárias.

Uma investigação clínica foi conduzida por Noya et al. (2004), com o intuito de

avaliar a efetividade do laser de λ670nm no tratamento da hipersensibilidade dentinária

em vinte pacientes adultos, utilizando 32 dentes selecionados aleatoriamente. Para o

tratamento dos dentes sensíveis, os autores utilizaram uma densidade de energia de

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5J/cm² que foi repetida no máximo três vezes, com intervalos de quatro dias. Ao final

do estudo, os autores observaram que duas ou três aplicações do laser foram capazes de

reduzir significativamente a sensibilidade dentinária nos dentes tratados.

A eficiência do laser diodo de AsGaAl, com comprimento de onda de 660nm no

vermelho, foi avaliada por Brugnera (2007), como agente dessensibilizador no

tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical em um caso clínico. Foram

utilizados 7 dentes de um indivíduo adulto, do sexo masculino com 42 anos, onde foi

realizado a aplicação do laser com densidade de energia de 5J/cm², com tempo de

exposição de 165 segundos, em 3 sessões, com intervalo de 7 dias entre elas, num

período de 3 semanas consecutivas. Os dentes incluídos apresentavam sensibilidade

grau 10 na escala quantitativa de dor , onde 10 é o Máximo de dor e 0 é nenhuma dor. O

estudo concluiu que o laser diodo vermelho de 660nm foi eficaz como dessensibilizador

dentinário, removendo a dor rapidamente e mantendo-se nesse estado por 30 dias,

período de controle do estudo.

Foi analisado clinicamente por Shintome et al. (2007), a eficácia do tratamento

de hipersensibilidade dentinária por meio do laser AsGaAl de baixa intensidade e

Nd:YAG (Neodímio Ytrio Alumínio Granado) de alta intensidade em 14 pacientes (72

dentes) que apresentavam sensibilidade dentinária na face cervical aos testes tátil e jatos

de ar. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, o laser de baixa intensidade foi

aplicado com contato no dente com densidade de energia de 50mW/2J, já o de alta

intensidade sem contato com densidade de energia de 30mJ/10Hz por 2 minutos, onde

os dois foram aplicados 4 vezes no intervalo de 7 dias. Os autores concluíram que não

houve diferença entre o laser de baixa intensidade e o laser de alta intensidade e que

ambos são efetivos no tratamento da hipersensibilidade.

Com o objetivo de constatar a eficácia da aplicação do laser de baixa

intensidade no tratamento da hipersensibilidade dentinária, Mafra e Porto (2008),

utilizaram o laser de baixa intensidade na freqüência de 1 a 4 aplicações semanais sobre

a face do dente com sensibilidade variando de 4 a 6 J/cm² a dosimetria. Através de uma

revisão da literatura os autores concluíram que é um tratamento de fácil aplicação,

rápido e indolor, não agressivo ao organismo e de custo moderado, e que a sua

14

aplicação poderá auxiliar na terapia e melhorar as condições de restabelecimento do

paciente, induzindo a produção de dentina reparativa e, consequentemente, a obliteração

dos túbulos dentinários com eliminação total da dor.

Comparação de diferentes terapias

Com o objetivo de avaliar o efeito analgésico do laser de AsGaAl em baixa

intensidade (830=ג nm) em hipersensibilidade dentinária cervical, mediante estímulo

mecânico e térmico, e compará-lo com o da terapia utilizando pasta de fluoreto de sódio

a 33%; Oliveira (2003) realizou um trabalho onde foram selecionados sete pacientes

adultos de ambos os sexos, utilizando 32 dentes sendo: um canino,14 primeiros pré-

molares, 9 segundos pré-molares e 8 molares. Os dentes foram divididos aleatoriamente

em dois grupos: grupo pasta e grupo laser. No grupo pasta foi utilizado pasta de fluoreto

de sodio a 33% aplicada sobre a superficie do dente sensivel durante quatro minutos. No

grupo laser foram feitas 4 sessões de irradiação utilizando o laser de AsGaAl em baixa

intensidade (830=ג nm) por aproximadamente dois minutos e meio. Os resultados deste

trabalho indicaram que a diminuição da hipersensibilidade dentinária no grupo pasta foi

significantemente maior quando comparada ao grupo laser, mediante estímulo da sonda

exploradora. Em relação ao estímulo com jato de ar, não foram observadas diferenças

significativas entre os grupos. Ambos foram eficazes na diminuição da sintomatologia

dolorosa da hipersensibilidade dentinária após 120 horas. O autor ainda afirma que

nenhum tratamento ainda é totalmente eficaz na hipersensibilidade dentinária.

Um estudo in vivo realizado por Dantas et al. (2007), teve como objetivo

avaliar, comparativamente, a efetividade do uso do fluoreto de sódio a 4% e do laser de

baixa intensidade de AsGaAl no tratamento da hipersensibilidade dentinária cervical,

sendo utilizada na comparação 103 dentes, onde ambos os métodos foram aplicados por

três sessões no intervalo de 48 a 72 horas. Os estudos concluíram que as terapias

reduziram significamente a sensibilidade, e ao se compararem as duas terapias, não

houve diferença quando da avaliação da hipersensibilidade dentinária, e o seu efeito é

imediato ao tratamento e após um mês .

15

Vieira (2007), realizou um estudos com o objetivo de avaliar clinicamente a

eficácia de agentes dessensibilizantes no tratamento da hipersensibilidade dentinária,

utilizando um total de 164 dentes, provenientes de 30 pacientes com diagnóstico de

hipersensibilidade dentinária moderada ou severa onde foi dividido aleatoriamente em

três grupos e avaliado clinicamente de acordo com o tratamento administrado: aplicação

de laser de AsGaAl, aplicação de gel de oxalato de potássio a 3% e aplicação de gel

placebo. Os resultados demonstraram que a aplicação dos tratamentos propostos,

inclusive o placebo, proporcionaram uma redução estatisticamente significantivo na

sensibilidade em resposta aos estímulos tátil e jatos de ar . Concluiu-se que os três

tratamentos utilizados são eficientes para a redução da hipersensibilidade dentinária e

que existe grande influência do efeito placebo na redução da sensibilidade dolorosa.

DISCUSSÃO

A hipersensibilidade dentinária é uma dor localizada causada por estímulos de

curta duração na dentina exposta, sendo eles: mecânicos, químicos, térmicos e elétricos

(ESTRELA et.al., 1996; VALE e BRAMANTE, 1997; FARIA e VILELA, 2000), sendo

assim, Vale e Bramante (1997), ressaltaram que com a exposição dos túbulos

dentinários, o limiar de dor do paciente é reduzido, levando o mesmo a procurar ajuda

profissional. No entanto, apesar da grande diversidade de tratamentos, ainda não existe

uma terapia ideal para eliminar essa situação desconfortável (TIRAPELLI, 2007;

OLIVEIRA, 2003).

De acordo com Vale e Bramante (1997) e Conceição (2007), o diagnóstico da

hipersensibilidade dentinária deve ser feito com uma minuciosa anamnese, exame

clínico, e informações do paciente sobre a dor, para estabelecer um tratamento eficiente

para cada caso. Já Oliveira Júnior e Carvalho (2007) e Rösing et al. (2009), a

consideraram como um desafio para os profissionais da Odontologia por seu difícil

tratamento e controle podendo afetar também o componente emocional e a qualidade de

vida do paciente.

16

Neste contexto, diversas condutas terapêuticas são utilizadas no controle da

hipersensibilidade dentinária, que variam desde procedimentos simples, até

procedimentos mais complexos, que envolvem a combinação de diferentes terapias,

além da utilização da tecnologia a laser (CONCEIÇÃO, 2007; OLIVEIRA JÚNIOR e

CARVALHO, 2007; RÖSING et al., 2009).

Vale e Bramante (1997), Oliveira Júnior e Carvalho (2007) e Conceição (2007),

relataram que os oxalatos, os vernizes cavitários e os dentifrícios, são substâncias

bastante utilizadas no tratamento da hipersensibilidade por se mostrarem eficientes e

apresentarem baixo custo. Entretanto Mafra e Porto (2008), observaram que o laser de

baixa intensidade é um tratamento de custo moderado, capaz de promover a obliteração

dos túbulos dentinários com eliminação total da dor.

Desta maneira, Arrais et al. (2004), Pinto et al. (2007) e Mafra e Porto (2008),

constataram que algumas substâncias que obliteram os túbulos dentinários vêm sendo

testadas e empregadas no controle da hipersensibilidade dentinária, de forma bastante

eficaz.

Assim, dentre as referidas substâncias, destacam-se o Oxagel, o Gluma e o

Nupro Gel (fluoreto) (ARRAIS et al., (2004); Nitrato de potássio 2% com fluoreto de

sódio 2%; o verniz com 5% de fluoreto de sódio (PINTO et al., 2007); dentifrício

dessensibilizante Sensodyne®; gel com Biosilicato® a 1%; Biosilicato® misturado à

água destilada 10% e do produto Sensikill® (TIRAPELLI, 2007) e, o agente à base

cloreto de estrôncio (SR desensitizer, Hyposen) (KOBLER et al., 2008 apud PEIXOTO

et al., 2010).

Já Goméz et al. (1995), constataram que a aplicação de fluoreto de sódio a 5%

através de iontoforese, pode ser considerado como uma boa alternativa para o

tratamento da hipersensibilidade dentinária. Garcia et al. (1996), constatou a eficácia do

selante Delton (Johnson & Johnson), com a água de hidróxido de cálcio.

Já Estrela et al. (1996), afirmaram, em um de seus trabalhos, que os adesivos

Scothbond, Optibond e Multibond, quando aplicados uma única vez sobre áreas

sensíveis, foram tão eficientes quanto o oxalato de potássio (Oxagel) aplicado quatro

17

vezes na redução de todos os graus de hipersensibilidade. O Scothbond apresentou os

melhores resultados.

Os estudos de Tirapelli (2007); Poulsen et al. (2008) e Ramón et al. (2010)

enfatizaram que os cremes dentifrícios parecem também exercer um efeito positivo na

redução da hipersensibilidade dentinária, seja por ação direta sobre as fibras nervosas ou

por obliteração dos túbulos dentinários, pela deposição de partículas abrasivas.

Nesta direção, a eficácia de dentifrícios contendo nitrato de potássio foi

demonstrada por Poulsen et al. (2008), que mostraram efeito estatisticamente

significativo sobre o fluxo de ar e sensibilidade tátil no seguimento de seis a oito

semanas. Também Oliveira (2003), constatou, que a pasta de fluoreto de sódio a 33% é

eficaz na diminuição da sintomatologia dolorosa da hipersensibilidade dentinária após

120 h. Entretanto, Dantas et al. (2007) utilizaram a mesma pasta de fluoreto de sódio,

porém com 4% e observaram redução na hipersensibilidade. Já Ramóm et al. (2010)

analisaram o Fluoreto de sódio 0,3% junto com citrato de potássio 5,6% e obtiveram

uma redução significativa na sensibilidade.

Por fim, a terapia a laser de baixa intensidade vem se mostrando uma conduta

promissora nos casos de hipersensibilidade dentinária, conforme foi possível observar

nos estudos de Gentile e Greghi (2004), Ladalardo et al. (2004), Noya et al. (2004),

Brugnera (2007), Dantas et al. (2007), Shintome et al. (2007), Vieira (2007), Mafra e

Porto (2008). Nesta direção, de acordo com Mafra e Porto (2008), a aplicação desta

técnica poderá auxiliar na terapia e melhorar as condições de restabelecimento do

paciente, induzindo a produção de dentina reparativa e, consequentemente, a obliteração

dos túbulos dentinários com eliminação total da dor.

Desta forma, o efeito dessensibilizante do laser diodo AlGaAs (670nm) foi

observado por Gentile e Greghi (2004) e Noya et al. (2004). Os autores observaram que

duas ou três aplicações do laser foram capazes de reduzir significativamente a

sensibilidade dentinária nos dentes tratados. Brugnera (2007) constatatou a eficácia do

laser de diodo vermelho de 660nm na ação terapêutica da hipersensibilidade dentinária,

pois removeu a dor rapidamente e mantenve-se nesse estado por 30 dias, período de

controle do estudo. Shintome et al. (2007) constataram que o laser de AsGaAl e o laser

18

de Nd:YAG são efetivos no tratamento de hipersensibilidade dentinária e que não houve

diferença significante entre os resultados obtidos entre os mesmos. Já Ladalardo et al.

(2004), concluíram que o efeito dessensibilizante do laser vermelho de 660nm foi

superior ao do laser infravermelho de 830nm em faixas etárias variando entre 25 e 45

anos.

Mas, ao compararem a efetividade do uso do fluoreto de sódio a 4% e do laser

de baixa intensidade de AsGaAl, Dantas et al. (2007), concluíram que as duas terapias

foram efetivas na redução da hipersensibilidade dentinária. Também Vieira (2007)

compararam a aplicação do laser de AsGaAl, com o gel de oxalato de potássio a 3% e

aplicação de gel placebo e concluíram que não houve diferença estatisticamente

significante entre os três grupos estudados, independentemente do estímulo aplicado,

tanto na avaliação imediata quanto na mediata. Já Oliveira (2003), ao comparar o laser

de AsGaAl em baixa intensidade (830=ג nm) com a terapia utilizando pasta de fluoreto

de sódio a 33%, constatou que a diminuição da hipersensibilidade dentinária no grupo

pasta foi significantemente maior quando comparada ao grupo laser.

Observou-se ainda, que Gentile e Greghi (2004), Vieira (2007), Kobler et al.

(2008) apud Peixoto et al. (2010) e Assis et al. (2011), ressaltaram a grande influência

do efeito placebo na redução da sensibilidade dolorosa. Neste sentido, segundo Kobler

et al. (2008) apud Peixoto et al. (2010), o bom resultado pode estar associado à resposta

psicofisiológica causada pela interação positiva entre o cirurgião-dentista e seu paciente.

Apesar da vasta literatura sobre o assunto, não se conheçe ainda uma forma de

resolução definitiva do problema, sendo assim, alguns autores consideram a necessidade

de mais estudos clínicos sobre o assunto para avaliar melhor o desempenho dos diversos

agentes desenssibilizantes.

CONCLUSÕES

Após a revisão da literatura pode-se concluir que:

Um correto diagnóstico, uma anamnese bem feita e um exame clínico minucioso

são primordiais para o sucesso do tratamento da hipersensibilidade dentinária;

19

A hipersensibilidade dentinária é considerada um desafio para os profissionais

da Odontologia por seu difícil tratamento, podendo afetar o componente

emocional e a qualidade de vida do paciente;

As substâncias desenssibilizantes Oxagel, Gluma Desensitizer, Nupro Gel e a

terapia a laser mostraram ser eficientes no tratamento da hipersensibilidade

dentinária;

Os oxalatos, vernizes cavitários e os dentifrícios foram as substâncias

desenssibilizantes que se mostraram mais acessíveis à população devido o seu

baixo custo.

ABSTRACT

TREATMENT DENTIN HYPERSENSITIVITY

Dentin hypersensitivity is a problem that affects much of the population, manifested

as a painful symptoms that occurs in areas of dentin exposure to the external

environment, triggering the search for alternative treatments for relief. Thus this

work aimed to review the literature on the pipes commonly used in the treatment

of dentin hypersensitivity in clinical situations where the etiology is

not by caries or restorative failures. It was noted the importance of performing clinical

examination and correct diagnosis to choose a suitable desensitizing agent and

therefore a more effective treatment. Substances desensitizing Oxagel, Glume

Desensitizer, NuPro Gel and low-intensity laser proved effective in the treatment of

dentin hypersensitivity. Oxalates, cavity varnishes and desensitizing toothpaste that

were proved to be more accessible to the population due to its low cost. It was

concluded that dentin hypersensitivity is considered a challenge to dental professionals

for its difficult treatment, which can affect the emotional component and quality of life

of patients.

Keywords: Sensitive dentin. Dentin exposure. Treatment of dentin hypersensitivity.

20

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Endereço para correspondência:

Clara Carvalhais Bonfim

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