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Introdução: Tratamento de síndrome hepatorrenal tipo 1 com uso de terlipressina associado a albumina em paciente portador de cirrose hepática Child Pugh C etiologia alcoólica Autor: Leandro de Souza Maia*; Co-autores: Alessandro Luíz Gonçalves*; Bruna Maria Melo Mota*; Vivian Domingos Feliciano*. * Especializandos em Clínica Médica pelo Hospital Belo Horizonte A síndrome hepatorrenal (SHR) é uma forma de insuficiência renal funcional que geralmente ocorre em indivíduos com cirrose hepática avançada, insuficiência hepática grave e hipertensão portal. Entretanto não está associada a patologia renal. Cerca de 40% dos casos de cirrose complicada com ascite evolui para SHR. Geralmente o início é insidioso, desencadeado por algum insulto sistêmico como peritonite bacteriana espontânea (PBE), sangramento gastrointestinal ou infecção bacteriana. É clinicamente evidenciada por diminuição do volume urinário, e laboratorialmente por perda progressiva da função renal e distúrbios metabólicos (hiponatremia, hipercalemia e acidose metabólica). Objetivos: Identificar precocemente pacientes que estão evoluindo com SHR e aqueles que irão se beneficiar do tratamento adequado, visando diminuir mortalidade. Delineamento e métodos: Relato de caso: paciente ASR, sexo masculino, 57 anos, ex-tabagista 40anos/maços, portador de cirrose hepática Child Pugh C, etiologia alcoólica, hipotireoideo, admitido no Hospital Belo Horizonte com queixa de mal estar, hiporexia, adinamia, desconforto abdominal com ocorrência de náuseas, vômitos e diarreia.

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Introdução:

Tratamento de síndrome hepatorrenal tipo 1 com uso de terlipressina associado a albumina em paciente portador de

cirrose hepática Child Pugh C etiologia alcoólica Autor: Leandro de Souza Maia*; Co-autores: Alessandro Luíz Gonçalves*; Bruna Maria Melo Mota*; Vivian Domingos Feliciano*.

* Especializandos em Clínica Médica pelo Hospital Belo Horizonte

A síndrome hepatorrenal (SHR) é uma forma de insuficiência renal funcional que geralmente ocorre em indivíduos com cirrose hepática avançada, insuficiência hepática grave e hipertensão portal. Entretanto não está associada a patologia renal. Cerca de 40% dos casos de cirrose complicada com ascite evolui para SHR. Geralmente o início é insidioso, desencadeado por algum insulto sistêmico como peritonite bacteriana espontânea (PBE), sangramento gastrointestinal ou infecção bacteriana. É clinicamente evidenciada por diminuição do volume urinário, e laboratorialmente por perda progressiva da função renal e distúrbios metabólicos (hiponatremia, hipercalemia e acidose metabólica). Objetivos: Identificar precocemente pacientes que estão evoluindo com SHR e aqueles que irão se beneficiar do tratamento adequado, visando diminuir mortalidade.

Delineamento e métodos: Relato de caso: paciente ASR, sexo masculino, 57 anos, ex-tabagista 40anos/maços, portador de cirrose hepática Child Pugh C, etiologia alcoólica, hipotireoideo, admitido no Hospital Belo Horizonte com queixa de mal estar, hiporexia, adinamia, desconforto abdominal com ocorrência de náuseas, vômitos e diarreia.

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Relata que o quadro tem evolução de 10 dias e piora significativa nas últimas horas. Havia sido internado recentemente no serviço devido descompensação hepática, associada a PBE e ascite refratária a tratamento clínico. Fez uso de antibioticoterapia endovenosa por 07 dias com ceftriaxona, recebeu alta com profilaxia para PBE e medicações otimizadas para o quadro clínico.

Resultados: Exames realizados no pronto atendimento evidenciaram piora significativa da função renal, clearance de creatinina estimado em 28 ml/min, creatinina sérica de 2,9 mg/dl e redução da diurese, caracterizando síndrome hepatorrenal tipo 1. Foi suspenso o uso de diuréticos, solicitado hemoculturas e rotina do líquido ascítico, sem crescimento bacteriano. Durante a internação, devido a piora gradativa da função renal, foi iniciado uso de terlipressina associada a albumina endovenosa, devido a síndrome hepatorrenal tipo 1. No período de 14 dias de tratamento, o paciente apresentou melhora significativa da função renal e redução dos níveis séricos de creatinina. Recebeu alta hospitalar após 20 dias de internação, com creatinina sérica de 1,4 mg/dl e retorno das medicações usuais com doses diminuídas de espironolactona e furosemida.

Discussão: A SHR ocorre em pacientes com cirrose hepática avançada, sendo que sua fisiopatologia envolve uma grande vasoconstrição renal associado a vasodilatação esplâncnica, e deve ser suspeitada quando houver uma piora da função renal ou oligúria. Os rins estão morfologicamente normais e podem recuperar sua capacidade de depuração, entretanto, há uma alteração funcional (vasoconstrição intensa). Não há nenhum exame específico. Deve-se descartar sepse, uso de drogas nefrotóxicas, e causas pré-renais. O tratamento de escolha é o transplante hepático e o tratamento medicamentoso de escolha é terlipressina associada a albumina, podendo prolongar a sobrevida até o transplante. A prevenção da SHR é importante, podendo ser feita com associação de albumina no tratamento da PBE e sua reposição quando retirados mais de 5L de líquido ascítico.

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Considerações finais: Apesar do tratamento de escolha do SHR-1 ser o transplante hepático, o uso de terlipressina associado a albumina foi eficiente neste relato de caso, prolongando a sobrevida até o transplante.

Referências:

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1- Ortega R, Ginès P, Uriz J et al. Terlipressin therapy with and without albumin for patients with hepatorenal syndrome: results of a prospective, nonrandomized study. Hepatology 2002;36: 941-948. 2- Ginès P, Schrier RW. Renal failure in cirrhosis. N Engl J Med. 2009;361:1279 3- Solanki P, Chawla A, Garg R et al - Beneficial effects of terlipressin in hepatorenal syndrome: a prospective, randomized placebo-controlled clinical trial. J Gastroenterol Hepatol, 2003;18:152-156. 4- Delmas A, Leone M, Rousseau S et al - Clinical review: Vasopressin and terlipressin in septic shock patients. Crit Care, 2005;9:212-222.