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UCAM UNIVERSIDADE CANDIDO DO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO Docência do Ensino Superior
Danielle Marty Fernandes
CURRÍCULO: UMA CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA
Rio de Janeiro Janeiro/2007
Danielle Marty Fernandes
CURRÍCULO: UMA CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA
Rio de Janeiro Janeiro/2007
Monografia apresentada à UCAM - Universidade Candido do Mendes – como requisito parcial à conclusão do curso de Pós Graduação em Docência do Ensino Superior
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vitória e segurança nos momentos difíceis.
Aos meus pais: Marlene e Wilson e a meus amigos, pelo esforço, estímulo e apoio.
Ao Professores e colegas de turma, pela presença segura, competente e estimulante recebido
durante o Curso.
O currículo é lugar, espaço, território
O currículo é relação de poder.
O currículo é trajetória, viagem, percurso.
O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: currículo se forja nossa identidade.
O currículo é texto, discurso, documento.
O currículo é documento de identidade.
(Tomáz Tadeu da Silva, 2002).
RESUMO Este trabalho aborda a história do currículo no Brasil e a teoria curricular criada por Anísio Teixeira. Mostra-se, também, vários conceitos de currículo através de autores como Antônio Flávio Moreira, José do Prado Marins, Maximiliano Menegolla e Tomaz Tadeu da Silva. A partir dessas conceituações o trabalho traz uma visão participativa dentro do planejamento curricular, através de um modelo que necessita um posicionamento crítico e participativo dos envolvidos, determinando, assim, uma ação coerente e eficaz, a fim de promover as mudanças e as transformações desejadas. Enfatiza a Pedagogia crítica, visando a melhoria do processo ensino-aprendizagem e da construção de um aluno crítico e participativo para atuar dentro da sociedade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6
1-CURRÍCULO ESCOLAR 8
1.1- História do Currículo no Brasil 8
1.2- Conceituação de Currículo 10
2-PLANEJAMENTO CURRICULAR TENDO COMO SUPORTE O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
14
3-PEDAGOGIA CRÍTICA DIANTE DA PRÁTICA CURRICULAR 21
CONCLUSÃO 27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28
BIBLIOGRAFIA 29
INTRODUÇÃO
O TCC – Trabalho de conclusão do curso tem como tema Currículo e a delimitação
em Currículo na visão de um planejamento participativo. A escolha do tema justifica-se na
necessidade de mostrar que a construção do currículo deve ser planejada com toda a equipe,
visando inserir, não só os conteúdos, mais, também, as experiências vividas pelos alunos, para
que possamos ter cidadãos com uma consciência crítica e que lute pelo bem da sua
comunidade e pela melhoria da sociedade em que vive.
Delineamos como objetivo geral relatar a participação da equipe escolar no
planejamento curricular e descrever a concepção de currículo com um enfoque participativo
de planejamento.
Como problema central nos reportamos a sequinte questão: a atuação da equipe
escolar planejando o currículo com um enfoque participativo para promover a plena atuação
do discente na sociedade atual. Sendo assim, utilizamos como hipótese a sequinte premissa: o
currículo escolar quando elaborado de maneira participativa, permite a ação efetiva da equipe
escolar, juntamente com o corpo docente; possibilitando a construção de uma melhor e mais
adequada grade curricular.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica, a qual
procura explicar um problema a partir de referencias publicadas, buscando conhecer e analisar
as contribuições culturais e científicas dos passados existentes sobre um determinado assunto,
tema ou problema.
A presente pesquisa se apresenta em três capítulos:
O primeiro capítulo procura mostrar a história do currículo no brasil, além de mostrar
vários conceitos de currículo.
O segundo capítulo vem apresentar uma construção do currículo diante de um
planejamento crítico, onde toda a comunidade escolar esteja inserida no processo de
construção.
O terceiro capítulo vem mostrar a importância de uma pedagogia crítica diante do
planejamento de um currículo que ajude na construção de um ser humano crítico e
participativo dentro de nossa sociedade.
Nas conclusões faz-se algumas considerações e apresenta-se algumas conclusões a que
se pode chegar após a realização desta pesquisa.
CAPÍTULO I
O CURRÍCULO ESCOLAR
1.1-HISTÓRIA DO CURRÍCULO NO BRASIL
Quando os pioneiros começaram a organizar reformas nos sistemas educacionais de
alguns estados brasileiros, não se havia difundido no Brasil, uma proposta sistemática de
abordagem de questões curriculares fundamentadas em uma base filosófica híbrida que
combinava os princípios do positivismo de Herbart, de Pestalozzi e dos jesuítas.
O caráter elitista do ensino e do currículo é questionado após a Primeira Guerra
Mundial, quando uma incipiente industria é organizada, mais provocada por mudanças nas
relações do Brasil com paises industrializados que propriamente pela Guerra. Começa-se a
achar necessário alfabetizar os trabalhadores, então mais especializados, que, gradualmente,
começam também a exigir a expansão do sistema educacional. Além disso, como os
analfabetos não podiam votar, a burguesia industrial emergente viu na alfabetização das
massas um instrumento para mudar o poder político e derrotar as oligarquias rurais. Ainda, as
elites intelectuais horrorizaram-se ao saber que 85% da população brasileira era composta por
analfabetos.
Como conseqüência desses diversos fatores, promoveram-se, no final da primeira
década deste século, diversas campanhas em prol da alfabetização das massas.
Reformas educacionais foram promovidas em alguns estados. Em 1920, Antonio de
Sampaio Dória tentou erradicar o analfabetismo em São Paulo buscando tornar obrigatório,
para todos, dois anos de escolarização de nível primário. A ênfase era nitidamente na
expansão quantitativa da rede de ensino primário. Tal ênfase modificou-se em breve sob a
influencia das idéias progressivistas que se constituíram na base teórica dos pioneiros da
Escola Nova. Várias reformas em prol do crescimento das teorias e das construções do
currículo no Brasil começaram a surgir.
Novas perspectivas em relação ao currículo eram evidentes na reorganização da
instrução publica na Bahia, promovida por Anísio Teixeira. Pela primeira vez, disciplinas
escolares foram consideradas instrumentos para o alcance de determinados fins em si mesmas,
sendo-lhes atribuído o objetivo de capacitar os indivíduos a viver em sociedade. Tal
concepção implicou a ênfase não só no crescimento intelectual do aluno, mas também em seu
desenvolvimento social, moral, emocional e físico.
Currículos e programas, segundo o texto da reforma, eram concebidos como
instrumentos para desenvolver na criança habilidades de observar, pensar, julgar, criar, decidir
e agir. O texto também sugeria que professores especialistas se preocupassem, na construção
de programa, não na quantidade, mais sim na qualidade do conhecimento a ser aprendido.
No que se refere especificamente a currículo, embora as reformas não tenham chegado
a propor procedimentos detalhados de planejamento curricular, a ênfase na metodologia de
ensino compensava assa falta e oferecia diretrizes para a pratica curricular.
Teixeira define currículo como o conjunto de atividades nas quais as crianças se
engajarão em sua vida escolar.(Moreira, 2001, p.93)
A teoria curricular, de Teixeira pode ser associada a tendência progressivista e é
essencialmente baseada em um interesse em compreensão, apesar da presença concomitante
de certo grau de interesse em controle técnico. Fica evidente que o pensamento curricular
brasileiro teve suas origens fundamentadas nos princípios teóricos progressivistas.
1.2-Conceituações de Currículo
Todas as finalidades que se atribuem e são destinadas implícita ou explicitamente a instituição escolar, de socialização, de formação, de segregação ou de integração social, acabam necessariamente tendo um reflexo nos objetivos que orientam o currículo, na seleção de componentes do mesmo, desembocam numa divisão especialmente ponderada entre diferentes parcelas curriculares e nas próprias atividades metodológicas as quais dá lugar. Por isso, o interesse pelos problemas relacionados com o currículo não é senão uma conseqüência da consciência de que é por meio dele que se realizam basicamente as funções da escola como instituição.
A teorização sobre o currículo deve ocupar–se necessariamente das condições de
realização do mesmo, da reflexão sobre a ação educativa nas instituições escolares, em função
da complexidade que se deriva do desenvolvimento e realização do mesmo.
Apenas dessa maneira a teoria do curricular pode contribuir para o processo de
autocrítica e auto–renovação que deve ter; pretensão que não é fácil de ordenar e traduzir em
esquemas simples. Por isso, a importância da análise do currículo, tanto de seus conteúdos
como de suas formas, é básica para entender a missão da instituição em seus diferentes níveis
e modalidades. As funções que o currículo cumpre como expressão do projeto de cultura e
socialização são realizadas através de seus conteúdos, de seu formato e das práticas que cria
em torno de si.(Silva, 2002, p.45)
Currículo não é agora a declaração de áreas e temas, mas a soma de todo tipo de
aprendizagens e de ausências que os alunos obtêm como conseqüência de estarem sendo
escolarizados. Frente a cultura proposta pelo currículo, aquela que se declara perseguir, é
importante analisar a “cultura vivida” realmente nas salas de aula. Muitas dessas
aprendizagens são fruto de experiências planejadas para dar cumprimento a lista de matérias e
de temas ou objetivos, mas outras não. O currículo tem que ser entendido como a cultura real
que surge de uma série de processos, mais que como um objeto delimitado estático que se
pode planejar e depois implantar; aquilo que é na realidade, a cultura nas salas de aula, fica
configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no
ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das
salas de aula e os conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais,
o uso e aproveitamento de materiais e as práticas de avaliação. A alteração ou permanência
desses processos é o que nos dará a mudança ou a reprodução da realidade vigente.
Esta perspectiva sobre o currículo real implica considerar a mudança dos métodos
pedagógicos e propiciar outra formação docente, estimulando uma perspectiva cultural que
abarque a complexidade da cultura e da experiência humana. Exige sensibilidade diante de
qualquer discriminação no trato cotidiano, evitando que os próprios docentes sejam a fonte de
juízos, atitudes e preconceitos que desvalorizem a experiência de certos grupos sociais,
culturais, étnicos ou religiosos; sugere a importância de se cultivar atitudes de tolerância
diante da diversidade e de se organizar atividades que as estimulem. O currículo exige, pois
mudanças muito profundas em mecanismos de ação muito mais sutis.
A compreensão das possibilidades emancipatórias do currículo, visto não como
conjunto de conteúdos e métodos a serem aprendidos pelo aluno, mais como um esforço
deliberado de introdução a um determinado modo de vida. Graças em parte a interação entre
professores e estudantes e textos, que se dá no currículo em uso, organizam–se no aluno seus
sentimentos de identidade, valor e possibilidade.
Como no currículo em uso confrontam–se diferentes culturas e linguagens,
professores, alunos e administradores freqüentemente divergem em relação a que experiências
e práticas devem ser escolhidos e valorizados. Assim, questões referentes a produção, seleção,
distribuição, aprendizagem e avaliação do conhecimento escolar questões relacionadas a
controle e dominação, o que implica afirmar a existência de elos íntimos e complexos entre
escola, conhecimento poder, ideologia e subjetividade. Essa perspectiva, contudo, não celebra
reducionismos ou determinismos, não interpretando a forma como os estudantes atribuem
significados e criam suas histórias culturais apenas com base em restrições derivadas de classe
social. Pelo contrário, procura apreender como cultura e experiência se intersectam para
constituir aspectos determinantes da ação e da luta de homens e mulheres.
Entender o currículo como forma de política cultural demanda alçar categorias sociais,
culturais, políticas e econômicas a condição de categorias primárias para a compreensão da
escolarização contemporânea e de suas possibilidades emancipatórias. (Moreira, 2001, p.10)
O currículo se refere a todas as situações que o aluno vive, dentro e fora da escola. Por
isso, o currículo escolar não se limita a questões ou problemas que só se relacionam ao âmbito
escolar. Seu primeiro “passo” é dado fora da escola, para poder entrar nela. Esse
procedimento se justifica porque o currículo é construído por todos os atos da vida de uma
pessoa: do passado, do presente e tendo, ainda, uma perspectiva de futuro.
Segundo Menegolla, o currículo deve ser a organização da vida que o aluno vive
dentro e fora da escola; sendo; com isso, a estruturação de toda a ação desencadeada na
escola, para organizar e desenvolver o “Curriculum Vitae” do aluno. (Menegolla, 2002, p.25)
Todas as atividades e experiências realizadas e vivenciadas pelo educando e por todo
pessoal envolvido com o educando devem constituir o currículo escolar. Por isso, podemos
dizer que o currículo é a vida do aluno e da escola em ação, dinâmica e constante.
José do Prado Martins define o currículo como sendo a totalidade das experiências
organizadas e supervisionadas pela escola e que são desenvolvidas sob sua responsabilidade;
experiências estas selecionadas com o objetivo de promover o desenvolvimento integral da
personalidade do educando, ao mesmo tempo em que visa satisfazer as necessidades da
sociedade. (Martins, 1999, p.128)
Em face dessas definições, percebe–se que o currículo deve, pois, considerar as
possibilidades e as aspirações do educando e ao mesmo tempo a historicidade, a cultura, as
possibilidades, as exigências e as aspirações comunitárias do meio.
Do ponto de vista pedagógico, o importante não são as declarações ou os desejos sobre
aquilo que queremos introduzir nos currículos, mas a experiência que é vivida pelo aluno.
Quando entendemos a cultura não como os conteúdos–objetos a serem assimilados, mas como
o jogo de intercâmbios e interações que são estabelecidos no diálogo da transmissão–
assimilação, convém estarmos conscientes de que em toda experiência de aquisição se
entrecruzam crenças, aptidões, valores, atitudes e comportamentos, porque são sujeitos reais
que lhes dão significados, a partir de suas vivências como pessoas.
CAPÍTULO II
PLANEJAMENTO CURRICULAR TENDO COMO SUPORTE O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
Atualmente a escola é vista como o centro da educação sistemática, integrada da comunidade da qual faz parte. Cabe–lhe oferecer aos alunos situações que lhes permitam desenvolver suas potencialidades de acordo com a fase evolutiva em que se situam e com os interesses que os impelem a ação.
A escola atual visa o preparo de pessoas de mentalidade flexível e adaptável para
enfrentar as rápidas transformações do mundo. Pessoas que aprendam a aprender e,
conseqüentemente, estejam aptos a continuar aprendendo. Por isso, planejar o currículo é o
que a de mais importante no contexto escolar.
Segundo José do Prado Martins o planejamento é um processo que garante
coordenação dos esforços do grupo visando atingir aos objetivos estabelecidos. (Martins,
1999, p.130)
O planejamento, portanto é um instrumento que orienta a educação, como processo
dinâmico e integrado de todos os elementos que interagem com a consecução dos objetivos,
tanto os do aluno, como os da escola.
O planejamento curricular, em vista do que já foi dito, é um processo de tomada de
decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É a previsão sistemática e ordenada de toda a vida
escolar do aluno.
Portanto o currículo hoje deve ser funcional. Deve promover não só a aprendizagem
do conteúdo e habilidades específicas, mas também oferecer condições favoráveis a aplicação
e integração desses conhecimentos. Isto é viável através da proposição de situações que
favoreçam o desenvolvimento das capacidades do aluno para solucionar problemas, muito dos
quais comum no seu dia a dia. (Moreira, 2002, p.117)
A previsão global e sistemática de toda ação a ser desencadeada pela escola, em
harmonia com os objetivos educacionais, tendo por foco o aluno, constitui o planejamento
curricular.
Através dele são estabelecidos as linhas–mestras que norteiam todo o trabalho.
Expressa, por meio dos objetivos gerais, a linha filosófica estabelecido. Portanto o
planejamento curricular é; uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto organização de um
sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do conhecimento,
de tal modo que favoreça ao máximo o processo ensino–aprendizagem.
O planejamento do currículo relaciona–se com o momento de prever o desenvolvimento ou a realização do ensino para que as finalidades do primeiro sejam realizadas em coerência com certas teorias ou princípios pedagógicos, organizando os conteúdos e a atividade em função de certas teorias da aprendizagem humana, princípios metodológicos, previsão de determinados meios, condições do ambiente de aprendizagem, etc. a medida que os currículos não são meras seleções de conteúdos mas todo um projeto educativo a ser desenvolvido na pratica, o planejamento curricular e o planejamento do ensino são conceitos praticamente coincidentes, pois é preciso prever aspectos muito mais complexos do que meras condições de aprendizagem de alguns conteúdos intelectuais. Planejar o currículo para seu desenvolvimento em praticas pedagógicas concretas não só exige ordenar seus componentes para serem aprendidos pelos alunos, mas também prever as próprias condições do ensino no contexto escolar. (Sacristán, 2000, p.282)
O planejamento não é privilégio de um grupo, pelo contrário, ele deve ser resultado da
ação conjunta e participativa das pessoas que vão se envolver na ação. Ele deve ser fruto de
um ato democrático, em que todos possam partilhar das decisões e responsabilidades.
(Menegolla, 2002, p.89)
O planejamento relaciona–se com vida diária do homem. Vive–se planejando. De uma
forma ou de outra, de uma maneira empírica ou científica, o homem planeja. Sempre que se
buscam determinados fins, relacionam–se alguns meios necessários para atingi-los. Isto, de
certa forma, é planejamento.
A critica permanente em que implica o planejamento, transforma–o num instrumento
que possibilita a superação das rotinas, dando a ação humana uma reorganização continua e
consciente. (Dalmás, 2001, p.23)
É considerado ideal o planejamento que envolve as pessoas como sujeitos a partir de
sua elaboração, e com presença constante na execução e avaliação, não apenas como
indivíduos, mas sujeitos de um processo que os envolve como grupo, visando o
desenvolvimento individual e comunitário. (Dalmás, 2001, p.27)
Visa–se um planejamento centrado na pessoa, livre e critica, sujeito de seu
desenvolvimento, mas com decisões comunitárias; um processo grupal e participativo que
considere as pessoas, com seus valores, sentimentos e situações de ordem sócio–econômico–
político–cultural.
Este modelo de planejamento obriga a um posicionamento critico e de participação
dos envolvidos, uma consciência critica da realidade, determinando uma ação coerente e
eficaz, a fim de promover as mudanças e as transformações desejadas, com vistas a uma
aproximação do ideal projetado.
O planejamento participativo é a nova visão que se pretende dar ao processo de
planejamento, principalmente nos setores da educação, da escola e do ensino.
Planejar é um ato participativo e comunitário, e não simplesmente uma ação
individualista ou de um grupo fechado no seu restrito mundo existencial. O planejar
individualista é um ato condicionante do pensar, do prever e do fazer; ele é delimitador, e
reduz o campo de idéias, diminuindo a possibilidade de evolução e transformação da
realidade. Ele será o resultado de uma visão limitada, que pode se opor e contrarias idéias
mais abrangentes e significativas. (Padilha, 2002, p.23)
O planejamento participativo surge da necessidade de um grupo, devido as suas
urgências, dos sues problemas e dos seus objetivos. Uma vez percebidas e analisadas as
urgências e as necessidades, devem partir do pensamento coletivo.
O planejamento participativo se constitui num processo político, num contínuo
propósito coletivo, numa deliberada e amplamente discutida construção do futuro da
comunidade, na qual participe o maior número possível de membros de todas as categorias
que a constituem.
O processo de planejamento participativo questiona as dinâmicas tradicionais de
planejamento, nos mais variados campos de sua prática. Provoca inversão de relações do
planejamento tradicional. (Dalmás, 2001, p.16)
Decidir–se pelo processo participativo é assumir a pessoa como valor essencial e
agente do processo. Contrasta com a visão tecnocrática e posicionamento utilitarista
vivenciado pela sociedade atual, segunda a qual a pessoa é objeto e valor de produção. Opor–
se a isto, assumindo a nova proposta, é expor–se rejeitado na ação educativa.
A participação do maior número no máximo de responsabilidade não é somente uma
garantia de eficácia coletiva; ela é também uma condição de felicidade individual, uma
tomada de poder cotidiano sobre a sociedade e sobre as coisas, uma forma de influir
livremente sobre o destino. Não se trata mais para o cidadão de delegar seus poderes, mas de
os exercer, em todos os níveis da vida social e em todas as etapas da vida. (Dalmás, 2001,
p.19)
A participação reforça a consideração constante do bem comum. Uma das formas de
considera–lá essencial é estimular a participação consciente e responsável no processo
político, social, cultural e econômico, sem delegação de decisões ou ações. A presença e o
assumir são atitudes constantes dos participantes para saberem o que se quer, por que se quer
e como se quer.
A participação é uma construção em conjunto. No processo educativo participativo,
todos tem sua palavra a dizer. Face a isto, a participação no processo decisório, de alunos,
professores, pais, determina nova orientação da ação pedagógica–administrativa da escola.
Para que seja realmente um processo participativo, é preciso participação nas
responsabilidades de elaboração, execução e avaliação, e não apenas na execução. Este
procedimento repercutirá na vida da escola, modificando relações e influenciando
positivamente o processo de tomada de decisões.
A escola é um segmento da sociedade. E com esta aquela esta comprometida com na
manutenção dos esquemas relacionais do mundo atual. Em outras palavras, a escola está
compromissada com a continuidade das relações de dominação e de exploração vigentes,
alimentando, constantemente, a opressão e a injustiça.
O planejamento participativo é, acima de tudo, uma intervenção na realidade, como no
processo de participação social e de construção de uma nova ordem social. Uma instituição
escolar, em processo de planejamento participativo, funciona como uma micro–sociedade
que, transformando e recriando suas próprias estruturas, a partir e em função de um ideal que
quer atingir vai, pouco a pouco, interferindo na transformação da macro-sociedade. (Dalmás,
2001, p.36)
O conhecimento critico da realidade e do momento histórico que a sociedade, leva a
um compromisso para uma sociedade justa e fraterna e, através de uma ação política a
assumir um processo transformador.
A escola é o lugar onde o aluno se envolverá e engajará por uma educação que
favoreça a participação, a busca comunitária do bem comum, definindo os rumos e a
construção de uma nova sociedade.
Sabe–se que o planejamento participativo é uma nova maneira grupal de decidir e de
agir, ante o difícil momento em que se encontra a educação brasileira. Mesmo assim, renova–
se a crença de que o planejamento participativo, assumido como um processo transformador,
é o caminho mais viável para uma renovação das estruturas e das relações em uma instituição
de educação formal.
O planejamento participativo é no momento a metodologia mais eficaz para a
concretização da proposta libertadora, especialmente no que tange ao envolvimento e
engajamento das pessoas de uma comunidade escolar, na assunção da educação de qualidade
na instituição. A ação participativa é de fundamental importância.
O planejamento curricular, constitui, portanto , uma tarefa contínua a nível de escola ,
em função das crescentes exigências de nosso tempo e dos processos que tentam acelerar a
aprendizagem. Será sempre um desafio a todos aqueles envolvidos no processo educacional,
para a busca dos meios mais adequados a obtenção de maiores e melhores resultados no
planejamento do currículo.
Valorizar a participação no planejamento curricular é considerar importante o próprio
processo e não apenas o produto final. A eficácia torna–se, portanto, mensurável a partir de
critérios mais amplos do que apenas custo e tempo. Aceito a participação no planejamento do
currículo como um valor a ser buscado, deve fazer com que uma possível incapacidade inicial
dos envolvidos para participar não seja impeditivo intransponível, justificador do abandono
do esforço inicial rumo a participação. Antes, deve ser vista, tal dificuldade como um desafio
a superar.
Nesta perspectiva, viabilizar a participação de todos passa a ser também uma tarefa
educativa.
Portanto, é preciso, que todos os envolvidos tenham a vontade por lutar pelo o que se
quer, e encarar todas as dificuldades que irão surgir como um grande desafio, que podem e
devem ser superados, para que as mudanças e as transformações sejam realmente realizadas.
CAPÍTULO III PEDAGOGIA CRÍTICA DIANTE DA PRÁTICA CURRICULAR
Pedagogia é o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. (Libâneo, 2000, p.22)
A pedagogia é a teoria, a reflexão, sobre esse aspecto da realidade em suas relações
com outros aspectos. Constitui–se, pois, como campo de investigação específico cuja fonte é a
própia prática educativa e os aportes teóricos promovidos pelas demais ciências da educação e
cuja tarefa é a compreensão, global e intencionalmente dirigida, dos problemas educativos.
Defini–se a pedagogia como campo de conhecimento que investiga a natureza e as
finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados de
formação humana dos indivíduos. Mais especificamente, concebemos a pedagogia como
ciência prática que explicita objetivos e formas de intervenção metodológica e organizativa
nos âmbitos da atividade educativa implicados na transmissão/assimilação ativa de saberes e
modos de ação. Constitui–se, pois, como campo de investigação especifico já fonte é a própria
prática educativa e os aportes teóricos da educação e cuja tarefa é o entendimento, global e
intencionalmente dirigida, dos problemas educativos.(Libâneo, 2000, p.129)
É nesse processo da atividade humana prática que os indivíduos vão criando,
produzindo e transformando objetos, instrumentos de trabalho, conhecimentos, modos de
ação, técnicas, linguagens, valores, sentimentos, etc ..., constituindo o mundo humano que vai
se incorporando, sucessivamente em sua atividade, ou seja, o mundo da cultura. Essa
atividade socialmente herdada, ou essa experiência historicamente acumulada e culturalmente
organizada, precisa ser comunicada as novas gerações.
A pedagogia assume a tarefa de orientar a prática educativa de modo consciente,
intencional, sistemático, para finalidades sociais e políticas cunhadas a partir de interesses
concretos no seio da práxis social, ou seja, de acordo com exigências concretas postas a
humanização num determinado contexto histórico–social. Junto a isso, formula e desenvolve
condições metodológicas e organizativas para viabilizar a atividade educativa.
A pedagogia ocupa–se das práticas educativas intencionais destinadas a favorecer o
desenvolvimento do indivíduo no interior de sua cultura por meio de processos de transmissão
e assimilação ativa de experiências, saberes e modos de ação culturalmente organizados.
Aí está a razão para sustentar uma Pedagogia crítica: formar cidadãos capazes de
intervir nos processos políticos para a conquista de estruturas socieconômicas asseguradoras
das condições de democracia, igualdade e justiça.
Uma pedagogia crítica reconhece que habitamos uma cultura fotocêntrica, auditiva e
televisual na qual a proliferação de imagens e sons eletronicamente produzidos serve como
uma forma de catecismo da mídia, uma pedagogia perpétua, através da qual os indivíduos
ritualmente codificam e avaliam os envolvimentos que fazem nos vários contextos discursivos
da vida cotidiana. É uma abordagem que compreende as representações da mídia como
produtiva não apenas de conhecimento mas também de subjetividade.
Neste caso a pedagogia crítica deve ser compreendida como um esforço deliberado
para influenciar qual conhecimento e quais identidades são produzidas no contexto de
conjuntos particulares de práticas ideológicas e sociais. Os estudantes são encorajados a
reconhecer a conexão entre as ideologias e as práticas que estruturam a produção e o consumo
de vários tipos de representações. Os estudantes podem então passar de um exame das
relações pedagógicas na sala de aula para aquelas relações pedagógicas na vida cotidiana que
influenciam a forma pela qual as representações da mídia são tanto produzidas quanto
assumidas pelos indivíduos. Além disso, os estudantes são estimulados a examinar como
forma pela qual eles interagem com as representações da mídia contribuem para constituir os
significados pelos quais eles não apenas vêm a compreender e a negociar a realidade, mas
também são constituídos como sujeitos políticos.
Não é possível limitar a pedagogia crítica a uma simples questão de leitura da
ideologia, seja a partir de uma perspectiva de localização da forma–mercadoria, seja a partir
das descobertas das expressões contraditórias das relações sociais cotidianas. É preciso situar
as representações num campo complexo de economias racionais e afetivas, economias que
exploram a forma como os indivíduos constróem significados e, ao mesmo tempo, fazem
investimentos emocionais naquelas construções.
Uma pedagogia crítica precisa enfatizar e problematizar a noção de autoridade textual
em funcionamento na prática de sala de aula. É crucial que os educadores críticos
desenvolvam práticas pedagógicas que legitimem as condições que permitam aos estudantes
falarem a partir de suas próprias experiências, sem que sejam simplesmente convidados a
romantizar suas próprias vozes. Esta em funcionamento aqui uma pedagogia na qual a
diferença, o conhecimento, o poder e política são partes integrantes daquilo que significa
pensar criticamente e agir com coragem ética e cívica. Uma pedagogia crítica reconhece que
as imagens não são nem objetivas de transparentes, mas produzidas no interior de locais
discursivos e materiais de disjunção, ruptura e contradição. Uma tal pedagogia reconhece que
a formação de conceito é moldada e determinada palas formas que são inseparáveis dela e não
pode ser caracterizada por uma universalidade meta–empírica que exista independentemente
das contingências das relações diferenciais de poder e das particularidades sensuais da vida
material.
É central a uma pedagogia crítica um questionamento das múltiplas formas pelas
quais a cultura está inscrita através de representações que a produzem e, ao mesmo tempo, a
legitimem, no interior das relações particulares de poder/saber. Uma pedagogia crítica deve
assumir um discurso da possibilidade. Neste contexto, a resistência a dominação e a opressão
deve ser mais que uma crítica de formas dominantes de conhecimento e de práticas sociais.
Uma pedagogia crítica pode ajudar os estudantes a questionar a maneira pela qual eles,
como atores sociais individuais e coletivos, estão localizados na história. Uma pedagogia
crítica deve fornecer aos estudantes a oportunidade de reconhecer as limitações das
linguagens que estão disponíveis, ao ajuda–los a compreender suas experiências cotidianas, as
categorias que eles usam para representar essas experiências, e a relação entre essas categorias
e as formas culturais, os modos de subjetividade e as práticas sociais que lhes permitem falar
sua própria verdade e transformar as condições que constrangem suas capacidades para a
reflexão crítica e sua habilidade para se envolver no trabalho de transformação social.
A Pedagogia crítica sempre busca incorporar a experiência do aluno ao conteúdo curricular “oficial”. Embora essa articulação possa fortalecer o poder do estudante e ao mesmo tempo constituir uma forma de crítica as relações que silenciam, ocorre que a experiência do aluno também não é uma forma não problemática do conhecimento.
Uma vez que isso significa trabalhar com os conhecimentos embutidos nas formas de
sociabilidade, nas comunidades de discurso e nas formas de expressão popular a que os alunos
atribuem significados, o que nos como planejadores educacionais deveríamos fazer para evitar
que os alunos que vivem fora das práticas dominantes se sintam excluídos, relegados a
condição de “outros” quando estamos levando a sério justamente o conhecimento organizado
nos termos de suas vidas diárias?
A questão, neste caso, é como conseguir tornar a cultura popular um objeto de análise
pedagógica sem prejudicar a sua privilegiada condição de ser assimilada como uma forma de
resistência.
Uma pedagogia que tome a cultura popular como objeto de estudo deve reconhecer
que todo trabalho educacional é essencialmente contextual e condicional. Essa pedagogia
somente pode ser discutida a partir de um tempo, um espaço e um tema específicos. Isso leva
a uma questão mais ampla com relação a própria natureza da pedagogia crítica: exerce-la é
uma tarefa estratégica, prática, e não científica.
Estamos oferecendo uma noção ampliada de pedagogia, uma pedagogia que reconhece
seu ligar em múltiplas formas de produção cultural, e não simplesmente naqueles espaços que
vieram a ser rotulados de “escolas”. Uma de nossas tarefas de longo prazo como educadores
deve ser definir uma estrutura útil para a articulação das pedagogias críticas que seriam
viáveis num ambiente escolar a partir de um trabalho cultural.
Os problemas na prática curricular sugerem direções novas e alternativas para se
repensar a pedagogia como uma forma de política cultural voltada para um projeto de
esperança e possibilidade. Tal problema confirma o fato de que uma pedagogia crítica jamais
está concluída; suas condições de existência e possibilidade estão em constante alteração,
tendo em vista sua tentativa de se dedicar aquilo que “ainda não” se concretizou, que ainda é
possível e pelo qual vale a pena lutar.
Se a pedagogia crítica quiser ser levada a sério como uma forma de luta cultural, deve
buscar crias novas formas de conhecimento não apenas através de uma quebra das fronteiras
disciplinares, mas também através da criação de novos espaços onde o conhecimento possa
ser produzido. Isso significa que a pedagogia como uma forma de produção cultural não pode
estar limitada a textos canônicos e as relações socais que medeiem e produzam formas de
cultura dominante.
É central ao objetivo da pedagogia crítica a necessidade de criar uma esfera pública de
cidadãos que sejam capazes de exercer o poder sobre suas vidas e especialmente sobre as
condições de produção e aquisição de conhecimento
A pedagogia crítica pode continuar garantindo a aposta na formação e no
desenvolvimento intelectual e afetivo da juventude mediante o acesso ao conhecimento
científico e tecnológico, o investimento nas condições de liberdade subjetiva e autonomia dos
educandos e a formação para a cidadania crítica e participativa. (Libâneo, 2000, p.186)
CONCLUSÃO
Esta pesquisa vem mostrar como o currículo, planejado com a participação de todos e com um pensamento
crítico pode mudar a sociedade.
Através deste trabalho percebe-se a importância de um planejador que tenha uma visão
crítica de mundo, para que a partir disso, se possa ter um ação coerente e eficaz para que se
mude, realmente, a grade curricular. De uma forma que haja mudanças e transformações no
processo ensino-aprendizagem para que possa-se levar a uma nova construção de mundo e da
sociedade.
Conclui-se que o currículo precisa ser revisto e repensado por todos os educadores
para que se possa finalmente construir um cidadão participante, com o poder de transformar a
sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BIBLIOGRAFIA
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