UM ESTUDO SOBRE O EVA E O RETORNO DA AÇÃO APLICAÇÃO...

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO UM ESTUDO SOBRE O EVA E O RETORNO DA AÇÃO APLICAÇÃO AO CASO PETROBRAS Aluno: Rodrigo Costa Lima e Silva Orientador: Prof. Dra. Maria Augusta Soares Machado Co-orientador: Prof. Dr. Antônio de Araújo Freitas Junior Rio de Janeiro, 04 de novembro de 2004 F F F A A A C C C U U U L L L D D D A A A D D D E E E S S S I I I B B B M M M E E E C C C P P P R R R O O O G G G R R R A A A M M M A A A D D D E E E P P P Ó Ó Ó S S S - - - G G G R R R A A A D D D U U U A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E P P P E E E S S S Q Q Q U U U I I I S S S A A A E E E M M M A A A D D D M M M I I I N N N I I I S S S T T T R R R A A A Ç Ç Ç Ã Ã Ã O O O E E E E E E C C C O O O N N N O O O M M M I I I A A A

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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

UM ESTUDO SOBRE O EVA E O RETORNO DA AÇÃO – APLICAÇÃO AO

CASO PETROBRAS

AAlluunnoo:: RRooddrriiggoo CCoossttaa LLiimmaa ee SSiillvvaa

OOrriieennttaaddoorr:: PPrrooff.. DDrraa.. MMaarriiaa AAuugguussttaa SSooaarreess MMaacchhaaddoo Co-orientador: Prof. Dr. AAnnttôônniioo ddee AArraaúújjoo FFrreeiittaass JJuunniioorr

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UM ESTUDO SOBRE O EVA E O RETORNO DA AÇÃO –

APLICAÇÃO AO CASO PETROBRAS

Rodrigo Costa Lima e Silva

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO

DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DAS FACULDADES IBMEC DO RIO DE JANEIRO

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS.

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Rio de Janeiro, 04 de Novembro de 2004

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UM ESTUDO SOBRE O EVA E O RETORNO DA AÇÃO – APLICAÇÃO AO CASO PETROBRAS

Rodrigo Costa Lima e Silva

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DAS FACULDADES IBMEC DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA

A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ADMINISTRAÇÃO DE

EMPRESAS. Aprovada por:

1. ____________________________________

Prof. Dra. Maria Augusta Soares Machado

Orientador

Departamento de Administração, IBMEC - RJ

2.____________________________________

Prof. Dr. Antônio de Araújo Freitas Junior

Co-Orientador

Fundação Getulio Vargas - FGV

3. ____________________________________

Prof. Dr. Luiz Alberto Nascimento Campos Filho

Departamento de Administração, IBMEC – RJ

4. ____________________________________

Prof. Dr. Reinaldo Castro de Souza

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/Rio

Rio de Janeiro, 04 de Novembro de 2004

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“ Gerir visando um EVA mais elevado é, por

definição, gerir visando um preço por ação mais elevado”

(Ehrbar, 1999, p.5)

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A minha esposa, Cecília, pelo apoio constante

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AGRADECIMENTOS

A Maria Augusta Soares Machado - minha orientadora amiga, pela presença

segura, competente e estimulante.

A Antônio de Araújo Freitas Junior - co-orientador amigo, pelo exemplo

profissional e crédito no nosso trabalho.

A Luis Roberto Miraglia - por disponibilizar o material necessário à realização

deste trabalho.

À secretaria acadêmica do Programa de Pós-Graduação e Pesquisa do IBMEC,

pela presteza.

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RESUMO

Shiely e Stern (2001) apontam a existência de dois grandes problemas

nos sistemas de gerenciamento econômico-financeiros atuais: (1) a diferença entre os

interesses dos acionistas e dos gerentes corporativos e (2) a avaliação da criação de

valor corporativo através de medidas contábeis tradicionais. O EVA surge neste

contexto, buscando aproximar os interesses dos acionistas e gerentes executivos e

mensurar de uma forma mais objetiva a real criação de valor da empresa. Uma breve

definição do EVA é o lucro que resta após deduzir o custo do capital empregado para

gerar aquele lucro. O objetivo principal do trabalho é avaliar a relação entre a variação

do preço da ação da Petrobras e o EVA. Assumindo a hipótese da eficiência do

mercado, as variações nos preços das ações estão diretamente relacionadas com o

processo de criação de valor demonstrado no valor presente liquido da companhia, que

por sua vez, guarda uma relação direta com o EVA. O presente estudo apresenta

grande relevância para a Petrobras, ao atentar para a importância da manutenção da

estratégia focada na rentabilidade e geração de valor. É possível definir a pesquisa

quanto aos fins como empírica e descritiva, e quanto aos meios, a pesquisa se

caracteriza por ser telematizada. Foram utilizados métodos quantitativos baseados em

cálculos estatísticos de regressão linear. Os resultados do presente estudo demonstram

que os EVA’s futuros conseguem explicar grande parte das variações ocorridas no preço

da ação da Petrobras.

Palavras-chave:

EVA ; MVA; Geração de Valor

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ABSTRACT

Shiely and Stern (2001) outline two fundamental issues for today`s

financial management systems: (1) the difference between companies’ managers and

shareholders goals and (2) the traditional use of regular accounting entries for

determining value creation metrics. EVA surfaces in this context aiming at re-uniting

managers and shareholders goals as well as provide objective value creation metrics.

EVA is, in summarized terms, the operational income minus the cost of capital

employed in order to obtain such a result. The main objective of this paper is to evaluate

the relationship between Petrobras (Brazilian state owned oil company) share price

returns with its EVA. Assuming markets are efficient, share price returns are a

function of and directly correlated with a company’s value creation process measured

by its net present value, which keeps a direct relationship with EVA. Consequently,

this paper presents the importance for Petrobras to maintain focus on net income and

moreover, value creation targets. For its aims, it is possibile to classify this research as

empiric and descriptive. Quantitative methods were based on linear regression. The

results show that future EVA´s are able to explain the majority of Petrobras returns.

Key words:

EVA; MVA; Value Creation

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

2. PROBLEMA ..................................................................................................... 3

2.1 Contextualização do Problema...................................................................... 3

2.2 Formulação do Problema ............................................................................. 4 2.3 Objetivos ..................................................................................................... 5

2.3.1 Objetivo Final ................................................................................... 5

2.3.2 Objetivos Intermediários.................................................................... 5

2.4 Relevância do Estudo .................................................................................. 5

2.5 Delimitação do Estudo .................................................................................. 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 6

3.1 O que é EVA ........................................................................................... 6

3.2 Estrutura de Cálculo do EVA ................................................................. 9

3.3 Ajustes Contábeis........................................................................................ 18

3.3.1 Contabilidade de Esforços Vitoriosos ......................................... 20

3.3.2 Pesquisa e Desenvolvimento ....................................................... 23 3.3.3 Imposto de Renda Diferido........................................................... 24

3.3.4 Provisão para Devedores Duvidosos e Garantias.......................... 25

3.3.5 Depreciação ................................................................................. 26

3.3.6 Ágio na Aquisição de Investimento ............................................. 29

3.3.7 Leasing Operacional ..................................................................... 31

3.3.8 Ajustes Contábeis – A Prática...................................................... 31

3.4 Sistema de Gerenciamento EVA .......................................................... 33 3.4.1 Gestão Baseada em Valor ............................................................ 35

3.4.2 Direcionadores de Valor EVA ................................................ 37

3.4.3 O Processo de Implementação do EVA.................................... 44

3.5 Planos de Incentivo e o EVA ............................................................... 47

3.5.1 Sistema de Recompensas e Incentivos.......................................... 48

3.5.2 Implementando um Plano de Incentivo Baseado no EVA ..... 56

3.5.3 O Banco de Bônus EVA .......................................................... 58

3.6 Retorno da Ação e o EVA ................................................................... 65

4. APLICAÇÃO PRÁTICA ............................................................................ 77

4.1 Metodologia ................................................................................................ 77

4.2 A Empresa ................................................................................................ 78 4.3 Cálculos ..................................................................................................... 79

4.4 Resultados .................................................................................................. 85

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................... 88

6. GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 90

7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 91

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Balanço Normal x Balanço EVA .............................................................. 11

FIGURA 2: Fluxo de Caixa da Empresa de Exploração .................................................. 21

FIGURA 3: Objetivo Corporativo e Direcionadores de Valor ......................................... 39

FIGURA 4: Iniciativas Estratégicas e Direcionadores de Valor.....................................40

FIGURA 5: Alinhando Responsabilidade Gerencial com os Direcionadores de Valor...... 41

FIGURA 6: Relacionamento EVA e BSC ...................................................................... 42

FIGURA 7: A Contribuição do EVA e BSC na Gestão baseada em Valor ....................... 43

FIGURA 8: Como as Medidas de Desempenho Explicam Variações de MVA ................ 71

FIGURA 9: Relação Entre MVA e EVA ..................................................................... 71

FIGURA 10: Retorno Total do Mercado e Empresas EVA - 24/03/ 2000 a 30/06/2002 73

FIGURA 11: Retorno Total do Mercado e Empresas EVA - 01/07/1997 a 30/06/2002 . 74

FIGURA 12: Grau de Relevância das Métricas para o Retorno das Ações ....................... 75

FIGURA 13: Destaques Petrobras...................................................................................79

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Retorno da Empresa de Exploração sem Ajuste ....................................... 21

TABELA 2 - Retorno da Empresa de Exploração com Ajuste ........................................ 22

TABELA 3 - Fluxo de Caixa Compra de Máquina Para Atividade de Exploração .......... 28

TABELA 4 - Retorno Contábil pelo Método da Depreciação Linear ............................... 28

TABELA 5 - Retorno Contábil pelo Método do Fundo de Amortização ......................... 29

TABELA 6 - Avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado .............................................. 68

TABELA 7 - Avaliação pelo EVA……………………………………. ....................... 69

TABELA 8 – Custo do Capital Próprio...........................................................................80

TABELA 9 – Custo do Capital de Terceiros...................................................................80

TABELA 10 – Custo Médio Ponderado de Capital........................................................81

TABELA 11 – Cálculo do EVA...................................................................................82

TABELA 12 – Cálculo do MVA....................................................................................83

.

TABELA 13 – Retorno da Ação e o Lucro Por Ação.....................................................84

TABELA 14 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e o EVA................85

TABELA15 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e a Variação do

EVA............................................................................................................................. 85

TABELA16– Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e a Variação do MVA 86

TABELA 17 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e o MVA...................86

TABELA 18 – Regressão entre o MVA e o EVA Corrente.........................................87

TABELA 19 – Regressão entre o MVA Corrente e o EVA do primeiro período

subseqüente ...................................................................................................................87

TABELA 20 – Regressão entre o MVA Corrente e o EVA do segundo período subseqüente.................................................................................................................. 88

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1 – INTRODUÇÃO

Após a abertura do setor petrolífero nacional, decretada pela Lei 9.478 de

1997, a Petrobras sofreu uma forte reestruturação interna modificando a missão de suprir o

país com derivados de óleo ao menor custo possível para atuar de forma segura e rentável

nas atividades de óleo e gás, com forte presença internacional, considerando os interesses

dos acionistas e focando a geração de valor. A empresa vem mantendo a política de

aprofundamento do acesso ao mercado de capitais, dedicando enorme esforço à

participação no mercado brasileiro. Do ponto de vista institucional, as reformas

empreendidas, visando a implantação de um modelo de governança moderno, vêm

garantindo uma maior transparência e proteção aos direitos dos acionistas minoritários.

Em julho de 2002, a Petrobras foi escolhida para integrar dois novos índices

da Bolsa de Valores de Nova Iorque. No mesmo mês as ações da empresa foram listadas na

Bolsa de Madri - a Latibex. Com essas conquistas, a Petrobras passou a ter grande

visibilidade no mercado internacional de capitais.

Uma das questões relevantes para o atual estudo é demonstrar a importância

da manutenção da estratégia focada na geração de valor, assumindo a hipótese de que

empresas com alto EVA deveriam obter um desempenho superior no mercado, uma vez

que o gerenciamento das mesmas estão dedicados a superação do custo de oportunidade do

capital empregado. Esta questão torna-se relevante para a Petrobras, na medida em que, ela

vem sofrendo pressões para redirecionar o foco de rentabilidade para o desenvolvimento

social do país.

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Grant (2003) observa que, para os gerentes corporativos, o processo de

criação de valor é fundamental para a sobrevivência econômica da empresa. Gerentes que

falham ou se recusam a enxergar a importância deste imperativo num ambiente

competitivo, estão colocando em risco a organização e suas próprias carreiras.

O conceito de geração de valor está baseado na noção econômica clássica de

lucro residual ou lucro econômico. Esta visão determina que o ganho real de uma

organização ocorre após a dedução no lucro dos juros demandados pelo capital empregado

na atividade. Desta forma, os lucros verdadeiros não começam até que o custo de capital,

como todos os demais custos, tenha sido coberto. Muitos gerentes de empresas esqueceram-

se deste princípio básico porque foram condicionados a focalizar lucros contábeis

convencionais, que incluem uma dedução para pagamento de juros mas não têm qualquer

dispositivo para custo do capital acionário. Pior ainda, a maioria dos gerentes de linha

focaliza lucro operacional, que sequer tem um encargo sobre endividamento.

Em 1974, Joel M. Stern publicou um artigo no Financial Analysts Journal

intitulado “Earnings Per Share Don’t Count”, cujo foco era o conceito de lucro econômico

ressaltando a importância do fluxo de caixa descontado como oposto à métrica de lucro por

ação. Este artigo provocou a motivação para a criação, em 1982, da firma de consultoria

Stern Stewart & CO., que registrou um dos eventos mais importantes nas métricas de lucro

econômico com o lançamento do EVA - Economic Value Added.

Ehrbar (1999) comenta que o EVA, utilizado plenamente, é muito mais

que uma métrica de somar receitas e custos e calcular o lucro residual, é uma forma de

medir e gerir o desempenho empresarial focando a criação de riqueza para os acionistas,

uma vez que gerir visando um EVA mais elevado é por definição, como veremos mais a

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seguir, gerir visando um preço de ação mais elevado.

Podemos, então, observar a importância do EVA no conceito de geração

de valor para a empresa. Por isso o objetivo do atual estudo é demonstrar como o preço da

ação de uma grande companhia como a Petrobras pode ser influenciada positivamente pelo

EVA.

2 – O PROBLEMA

2.1 – Contextualização do Problema

Shiely e Stern (2001) apontam a existência de dois grandes problemas nos

sistemas de gerenciamento econômico-financeiros atuais: (1) a diferença entre os interesses

dos acionistas e dos gerentes corporativos e (2) a avaliação da criação de valor corporativo

através de medidas contábeis tradicionais.

Para um determinado nível de risco, os acionistas procuram obter o máximo

de retorno possível (soma dos dividendos pagos com a apreciação do preço da ação), os

gerentes, ao contrário, tendem a se preocupar com os interesses pecuniários pessoais.

Devido à ausência de transparência nas informações da companhia, os

acionistas e o mercado passaram a monitorar a performance das firmas através de medidas

contábeis tradicionais. Shiley e Stern (2001) afirmam que estas medidas não demonstram

claramente a criação ou destruição de valor da companhia. Stern (1974) demonstra que o

lucro líquido, correntemente traduzido para a métrica de lucro por ação (EPS), utilizado

amplamente para avaliação de desempenho e remuneração dos executivos, não apresenta

nenhum relacionamento com o processo de geração de valor. Shiley e Stern (2001)

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observam que métricas como retorno sobre o patrimônio (ROE), retorno sobre o

investimento (ROI) e retorno sobre o ativo liquido (RONA), abrangem apenas um lado do

processo de geração de valor, pois desconsideram o custo do capital empregado na análise.

O EVA surge neste contexto, buscando aproximar os interesses dos

acionistas e gerentes executivos e mensurar de uma forma mais objetiva a real criação de

valor da empresa. Uma breve definição do EVA é o lucro que resta após deduzir o custo

do capital empregado para gerar aquele lucro. Na equação do EVA, o custo do capital

inclui o custo do capital próprio, assim como o custo do capital de terceiros.

O valor de mercado adicionado (MVA) é definido como a diferença entre o

valor de mercado da companhia e o valor contábil registrado. O valor de mercado é

definido pelo patrimônio avaliado com base na cotação de mercado na data de cálculo

somado ao valor dos empréstimos registrados no balanço patrimonial. O valor contábil é

obtido através das informações de capital social, lucros acumulados e empréstimos,

contidas no balanço patrimonial. Se a diferença for positiva, a companhia criou valor, caso

contrário destruiu. Young e O´Byrne (2003) apontam que o MVA pode ser definido como

o valor presente nos EVA´s futuros. Shiely e Stern afirmam que a correlação do EVA

com o MVA é três vezes melhor do que lucro por ação e geração de caixa, e duas vezes

melhor que retorno sobre patrimônio. Seguindo este raciocínio podemos assumir a hipótese

que gerenciar por EVA’s mais elevados é garantir retornos por ação mais elevados.

2.2 – Formulação do Problema

A pergunta formulada para a orientação do trabalho é:

Será que o retorno da ação da Petrobrás tem uma correlação com o processo de geração de

valor proposto pelo EVA ?

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2.3 – Objetivos

2.3.1- Objetivo Final

O objetivo principal do trabalho é, através da investigação de resultados

quantitativos e do comportamento de mercados, avaliar a relação entre a variação do preço

da ação da Petrobras e o EVA .

2.3.2- Objetivos Intermediários

Têm-se como objetivos intermediários:

- Descrever a relevância do EVA para a gestão baseada em geração de valor para o

acionista.

- Demonstrar a relação direta entre o EVA e o Valor de Mercado Adicionado ou

MVA.

- Comparar a correlação do lucro por ação e os retornos da ação, com a correlação do

EVA e os retornos da ação.

2.4- Relevância do Estudo

As informações advindas desse estudo serão úteis principalmente para a

Petrobras atentar para a importância da manutenção da estratégia focada na rentabilidade e

geração de valor. Também para os acionistas e o mercado que terão, indiretamente, uma

melhor referência para a estabilidade do preço das ações. Servirá também como exemplo

para demais empresas nacionais de capital aberto.

2.5-Delimitação do Estudo

Esse estudo não tem a pretensão de investigar todas as causas que interferem

no processo de apreciação das ações, mas apenas demonstrar a importância da geração de

valor neste processo.

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3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 – O QUE É EVA

A história do valor econômico agregado ou adicionado, inicia-se com o

conceito do lucro econômico ou lucro residual, pesquisado e divulgado pelos economistas a

mais de 200 anos. Marshal (1890 apud Abate; Grant, 2001), definiu o real significado do

lucro econômico: “ O que resta dos lucros, após deduzir os juros sobre o capital empregado

à taxa corrente, pode ser chamado de ganho real do empreendimento ou gerenciamento”.

Baseado nesta conceituação fica evidente uma diferença entre o conceito

econômico do lucro defendido pelos economistas e a definição contábil para os ganhos da

organização traduzido pelo lucro líquido. Para Abate e Grant (2001), a diferença básica

entre o lucro líquido contábil e o lucro econômico está na afirmativa dos economistas de

que uma companhia só será realmente lucrativa uma vez que suas vendas sejam suficientes

para cobrir não apenas os custos de produção e despesas de operação, mas também para

cobrir a necessidade de retorno sobre o capital empregado pelos acionistas e credores da

organização. Esta visão residual de resultado é que fundamenta o movimento de lucro

econômico. Desta forma, podemos observar que o lucro líquido contábil demonstra apenas

uma visão parcial do resultado das empresas, uma vez que consideram apenas os custos de

produção, despesas operacionais e taxa de juros dos credores externos e impostos, deixando

de considerar a necessidade de retorno do capital empregado pelos acionistas.

Seguindo a evolução do conceito de lucro econômico ou residual, os

economistas vencedores do prêmio Nobel, Merton H. Miller e Franco Mondigliani,

expandiram o conceito da microeconomia aplicado as finanças corporativas, demonstrando

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por que o modelo econômico da empresa, e não a estrutura contábil, era preferencial. Em

resumo, eles demonstraram que os direcionadores de valor são a receita econômica e uma

taxa de retorno exigida diretamente proporcional ao risco, sendo o valor de mercado de

uma empresa resultado do comportamento racional na margem liquida definida pelos

investidores institucionais que dominam o processo de expectativas, estabelecendo os

preços das ações.

Ehrbar (1999) afirma que a estrutura Miller-Modigliani demonstra por que o

fluxo de caixa descontado (DCF), como processo, e o valor presente líquido (NPV), como

medida, refletem o funcionamento dos mercados no mundo real e, assim, compreende que

esta abordagem deveria ser utilizada por gerentes que estivessem preocupados com o

impacto de suas decisões na criação de valor para os acionistas.

Abate e Grant (2001) vinculam o conceito do lucro econômico ao valor

presente líquido (NPV), afirmando que o resultado do valor presente líquido da organização

é conseqüência do valor presente dos lucros econômicos estimados. Desta forma, a empresa

criará valor quando a soma dos lucros econômicos derivados de seus projetos for positivo,

gerando, como conseqüência, um valor presente liquido positivo. Caso contrário, a gerência

da organização estaria destruindo valor para o acionista.

Assim como a teoria do lucro econômico, a aplicação prática destes

conceitos não é uma novidade. Diversas organizações no mundo corporativo vêm

utilizando métricas que demonstrem o lucro econômico para avaliar a condução e o

gerenciamento dos investimentos feitos pelos acionistas das empresas. Em um estudo

realizado por Abate (2001), sobre as principais empresas dos Estados Unidos, tendo como

base o S&P 500, demonstrou-se que organizações importantes, como Coca Cola, American

Express, Nestlé, Unilever, Lucent Technology vêm utilizando alguma métrica de lucro

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econômico dentro dos seus centros de resultado, e balizando o direcionamento dos seus

planejamentos estratégicos e programas de distribuição de resultados nestas métricas.

Neste mesmo estudo, que contemplou 192 companhias, foi observado que a métrica mais

freqüentemente utilizada para mensurar o lucro econômico é o Economic Value Added

(EVA), ou valor econômico adicionado, sendo utilizado por 47% das companhias.

Em 1974, Joel M. Stern publicou um artigo no Financial Analysts Journal

intitulado “Earnings Per Share Don’t Count”, cujo foco era o conceito de lucro econômico

ressaltando a importância do fluxo de caixa descontado como oposto ao lucro contábil. Este

artigo provocou a motivação para a criação em 1982 da firma de consultoria Stern Stewart

& CO., que registrou um dos eventos mais importantes nas métricas de lucro econômico

com o lançamento do EVA - Economic Value Added.

Para Ehrbar (1999), o EVA é uma medida de desempenho empresarial que

difere da maioria, pois inclui uma cobrança sobre o lucro pelo custo de todo o capital que

uma empresa utiliza. Aritmeticamente, é o lucro operacional após pagamento de impostos

menos o encargo sobre o capital empregado apropriado tanto pelo endividamento com

terceiros quanto com o capital acionário ou próprio. O que resta é o valor em dólares pelo

qual o lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para realizar aquele

lucro.

Ehrbar (1999) comenta que o EVA utilizado plenamente é muito mais que

uma métrica de somar receitas e custos e calcular o lucro residual, é uma forma de medir e

gerir o desempenho empresarial focando a criação de riqueza para os acionistas, uma vez

que gerir visando um EVA mais elevado é por definição, como veremos mais a seguir,

gerir visando um preço de ação mais elevado.

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Seguindo uma perspectiva financeira, Grant (2003) define o EVA através

de seu relacionamento com o valor de mercado adicionado (MVA). Dentro deste contexto o

MVA é igual ao valor presente dos EVA’s esperados no futuro. Considerando que o

MVA é o valor de mercado da empresa menos o capital total empregado no negócio,

podemos observar facilmente como o EVA está relacionado com a geração de valor da

firma, na medida em que registra a superação da taxa de atratividade ou oportunidade da

mesma.

Para Grant (2003) a teoria do EVA tem como alicerce duas principais

premissas: (1) Uma companhia não é verdadeiramente lucrativa ao menos que seus ganhos

gerem uma taxa de retorno sobre o capital empregado superior a taxa de custo do capital

empregado ou taxa de oportunidade, e (2) a geração de valor é criada quando os gerentes

executivos tomam decisões de investimentos observando os valores presentes líquidos

(NPV’s) dos projetos, escolhendo para seus portfólios aqueles que possuem valores

positivos de NPV.

A seguir vamos analisar a estrutura de cálculo do EVA.

3.2 – ESTRUTURA DE CÁLCULO DO EVA

Segundo Young e O’Byrne (2003), o EVA é igual ao NOPAT menos o

custo do capital empregado. A onde NOPAT é o lucro operacional após efeitos tributários,

demonstrando quanto às operações geraram de lucro para a empresa. O custo do capital é

igual ao capital investido ou capital empregado multiplicado pelo custo médio ponderado

do capital. Este último é o WACC, que é igual a soma dos custos de cada componente de

capital – dividas de curto e longo prazo e patrimônio do acionista – ponderado por sua

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proporção relativa, a valor de mercado, na estrutura de capital da empresa. De forma

resumida temos que :

EVA = NOPAT – ( Capital Investido x WACC%)

onde,

NOPAT = Lucro Operacional após Efeitos Tributários

WACC% = Custo Médio Ponderado de Capital

O NOPAT pode ser obtido a partir das vendas líquidas menos o custo do

produto vendido, menos as despesas operacionais de vendas e administrativas, mais a

receita financeira e resultado da equivalência patrimonial, menos a provisão para imposto

sobre a renda, desconsiderando o benefício fiscal sobre a despesa financeira.

O capital investido é a soma de todos os financiamentos da empresa,

separados dos passivos não onerosos de curto prazo, como contas a pagar a fornecedores e

provisões para salários e imposto sobre a renda. Desta forma, o capital total empregado ou

investido é igual a soma do patrimônio líquido que pertence ao investidor com os

empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo pertencentes a credores.

Para Young e O’Byrne (2003), existem várias maneiras de se calcular o

capital investido, as quais encontram-se resumidas da seguinte maneira:

Capital Investido = Caixa em Excesso + Necessidade de Capital de Giro + Ativos Fixos

ou

Capital Investido = Ativos Totais - Passivos Não Onerosos de Curto Prazo

ou

Capital Investido = Empréstimos de Curto Prazo e Longo Prazo + Outros Passivos de

Longo Prazo + Patrimônio Liquido

A definição do capital investido a partir da soma do caixa em excesso,

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necessidade de capital de giro (NCG) e ativos fixos é chamada, por Young e O’Byrne

(2003), de abordagem operacional, enquanto que o cálculo a partir da soma das fontes de

financiamentos é chamado de abordagem financeira. Contudo o importante é que qualquer

uma das alternativas acima levará ao mesmo valor de capital investido na organização.

A partir da figura 1, mostrada a seguir, podemos esclarecer como o capital é

definido no EVA. Observamos que no balanço do EVA os passivos não onerosos de

curto prazo (fornecedores, salários a pagar, impostos e outras contas a pagar) são subtraídos

dos ativos operacionais de curto prazo (estoques, clientes, despesas pagas antecipadamente

e outros), demonstrando que os recursos totais da organização são aplicados no giro (caixa

+ necessidade de capital de giro) e em ativos fixos. Conclui-se assim que tanto faz calcular

o capital empregado pelo lado esquerdo ou direito do balanço patrimonial que o valor

obtido será o mesmo.

Figura 1 : Balanço Normal x Balanço EVA

Balanço Contábil Balanço EVA

Fonte: Adaptado de Young e O’Byrne (2003)

Damodaran (2003) observa que os valores de capital empregados extraídos

pelos livros contábeis refletem os saldos iniciais de patrimônio, dívida e lucros acumulados

Caixa Empréstimos

de Curto Prazo

Clientes+Esto Fornecedor +Sa

ques+ Outros lário+Imposto+

Outros

Empréstimos de

Longo Prazo

Ativo RLP +Outros ELP +

Ativo Perma Patrimônio

nente Liquido

Caixa Empréstimo

de Curto

Prazo

NCG

Empréstimo

de Longo

Prazo +

Outros ELP

Ativos Fixos Patrimônio

Liquido

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demonstrados nos exercícios fiscais da companhia. Desta forma, quanto mais antiga é a

firma, mais ajustes deverão ser feitos para se obter um valor mais aproximado do valor de

mercado do capital empregado. Em algumas situações a melhor alternativa seria obter uma

lista de todos os ativos que a empresa possui e buscar uma avaliação de mercado das

mesmas. Contudo, estas informações são confidenciais e de difícil acesso ao mercado.

Para Damodaran (1997), o custo do capital é a média ponderada dos custos

dos diversos componentes de financiamento, incluindo dívida, patrimônio líquido e títulos

híbridos, utilizados por uma empresa para financiar suas necessidades de recursos. Young e

O’Byrne (2003) demonstram a estrutura de cálculo do custo médio ponderado de capital

(WACC), da seguinte forma:

WACC = Ke *(E / E+D) + (Kd * (1-T)) *(D/ E+D)

onde,

Ke = Custo do Capital do Acionista ou Próprio

Kd = Custo da Divida com Credores ou Terceiros

T = Alíquota do Imposto de Renda

(E / E+D) = Proporção em Valor de Mercado do Patrimônio Liquido em relação ao Mix de

Financiamento.

(D/ E+D) = Proporção em Valor de Mercado da Dívida em relação ao Mix de

Financiamento.

As ponderações para as dívidas junto a credores e para o capital próprio são

baseadas em valor de mercado e não nos registros contábeis. Este raciocínio se fundamenta

no fato de o custo de capital medir o custo de emissão de títulos, tanto de ações quanto de

bônus para financiamento de projetos, e estes títulos são emitidos a valor de mercado, não

pelo valor contábil.

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O custo da dívida junto a credores ou terceiros é a taxa antes do imposto de

renda que a empresa paga aos seus credores. A alíquota do imposto de renda corporativo

deve ser usada a fim de registrar o benefício fiscal da divida, uma vez que, as despesas

financeiras são dedutíveis fiscalmente. Se uma empresa tem várias fontes de financiamento

junto a credores, cada uma à taxa diferente, Young e O’Byrne (2003) afirmam que o custo

deste financiamento para fins de utilização na formula do WACC, deverá ser uma média

ponderada.

O custo do patrimônio líquido, ou do acionista, ou próprio é a taxa de

retorno que os investidores exigem para realizar um investimento patrimonial em uma

empresa. Segundo Damodaran (1997), existem duas abordagens para estimar o custo do

patrimônio líquido: a primeira é através da utilização de um modelo de risco e retorno, e a

segunda é pela aplicação de um modelo de crescimento de dividendos.

O modelo de risco e retorno mais popular no mercado é o CAPM – Modelo

de Precificação de Ativos de Capital (Capital Asset Pricing Model). Este modelo foi

desenvolvido pelos professores William Sharpe, da Universidade de Stanford e John

Lintner, da Universidade de Harvard, a partir de contribuições anteriores de Markowitz

(1952) e Tobin (1958) à teoria de finanças, os quais definiram que os riscos diversificáveis

podem ser anulados através da construção de portfólios restando assim os riscos não

diversificáveis que afetam todos os ativos. O CAPM mede o risco em termos de variância

não diversificável e relaciona os retornos esperados a esta medida de risco. O risco não

diversificável para qualquer ativo é medido pelo seu beta, que pode ser utilizado para gerar

uma estimativa de retorno esperado. Podemos resumir a estrutura de cálculo do CAPM da

seguinte forma:

E(r) = Rf + Beta do Patrimônio Liquido ( E(Rm) – Rf) onde:

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Rf = Taxa Livre de Risco

E(r) = Retorno Esperado

E(Rm) = Retorno Esperado pelo Índice de Mercado

O retorno esperado, encontrado através da formula do CAPM, será o custo do capital

próprio a ser utilizado na determinação do WACC.

Damodaran (1997) ressalta três variantes para a determinação do ativo livre

de risco e do prêmio pelo risco:

Variante 1: Uma taxa de um título do governo de curto prazo é usada como taxa livre de

risco e o prêmio histórico produzido por um índice patrimonial abrangente de mercado de

patrimônio líquido, acima do rendimento daquele título, é utilizado para estimar o retorno

esperado sobre o mercado, ou prêmio pelo risco.

Variante 2 : O raciocínio da variante 1 é válido para análise do primeiro período. As taxas

a termo embutidas na estrutura de prazos são utilizadas como estimativas das taxas livre de

risco esperados para os períodos futuros que são utilizadas para calcular o custo do capital

próprio nos períodos correspondentes.

Variante 3: A taxa em vigor de um bônus do governo de longo prazo é utilizada como taxa

livre de risco, e o prêmio histórico, pago por um amplo índice de mercado acima da taxa

deste título, é usada para estimar o retorno esperado sobre o mercado.

Ross, Westerfield e Jaffe (2002), demonstram que existem raciocínios com

bases teóricas e intuitivas que podem sustentar as três variantes. A primeira variante pode

ser defendida com a visão de que o CAPM é um modelo para um único período de risco e

retorno. A segunda variante se baseia na superioridade das taxas a termo em prever taxas

futuras de curto prazo. A terceira variante adota uma visão estreita ao fazer equivalerem à

duração do título livre de risco e do ativo analisado. Damodaran (1997) afirma que para fins

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práticos a terceira variante é a mais utilizada.

Para Ross, Westerfield e Jaffe (2002), o beta mede a sensibilidade de um

título a movimentos da carteira de mercado, desta forma pode ser expresso pela covariância

do título com o mercado, dividida pela variância do mercado. Através do beta, visualizamos

o risco do negócio em relação ao mercado. Podemos encontrar o beta realizando uma

regressão estatística entre o retorno do título e o retorno da carteira de mercado, sendo o

beta o coeficiente angular desta reta encontrada no processo de regressão. A inclinação

desta reta é a conseqüência das características da empresa ou do negócio em que ela atua.

Ross, Westerfield e Jaffe (2002) destacam três fatores que interferem nesta

relação: a natureza cíclica das receitas, a alavancagem operacional e a alavancagem

financeira. A natureza cíclica das receitas está relacionada ao grau de dependência da

economia, ou seja, existem alguns negócios que apresentam suas receitas em função do

grau de expansão da economia, expandindo-se com o crescimento do PIB, e apresentando

mal desempenho em fase de contração. Como o Beta é a variabilidade conjunta do retorno

de uma ação com o retorno do mercado, dividida pela variância do retorno do mercado, as

ações de comportamento cíclico acentuado possuem betas mais elevados. A alavancagem

operacional demonstra a relação entre custos fixos e custos variáveis. As empresas que

apresentam uma concentração em custos fixos, estão em uma posição mais arriscada com

probabilidade de retornos mais elevados em fase de expansão. Quando a empresa está mais

concentrada em custos variáveis, o risco é menor e os retornos tendem a ser menores em

fase de expansão. Uma empresa é alavancada operacionalmente quando apresenta uma

concentração mais acentuada em custos fixos. A natureza cíclica das receitas de uma

empresa é um fator determinante do beta da empresa e o grau de alavancagem operacional

amplia esse efeito. A alavancagem financeira é a proporção com a qual a empresa usa

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capital de terceiros, e uma empresa alavancada é a que conta com algum capital de terceiros

em sua estrutura de capital. Como uma empresa alavancada precisa fazer pagamento de

juros, independentemente de suas vendas, a alavancagem financeira corresponde aos custos

fixos de financiamento da empresa. Desta forma, quanto maior a exposição financeira à

divida, maior será o risco e, conseqüentemente, maior será o beta.

Fama e French (1992,1993) levantaram algumas criticas relevantes sobre o

modelo do CAPM. Em primeiro lugar, eles mostraram que durante o período de 1941 a

1990, o relacionamento entre o retorno médio das ações e o beta era fraco, sendo

inexistente entre 1963 e 1990. Em segundo lugar, eles argumentaram que o retorno das

ações se relaciona com os indicadores preço/lucro e valor de mercado/valor contábil. As

alternativas mais conhecidas ao CAPM são o modelo de crescimento de dividendos e o

modelo de precificação por arbitragem (APM).

A abordagem do modelo de crescimento de dividendos para estimativa do

custo de patrimônio líquido é definida pelo resultado esperado de dividendos dividido pelo

preço da ação mais taxa de crescimento dos lucros. Damodaran (1997) observa que, embora

seja simples esta abordagem, seu uso limita-se a empresas que se encontrem numa situação

estável e é bastante sensível ou subjetivo a estimativas de crescimentos de lucros e

dividendos. A lógica subjacente ao APM é muito semelhante à do CAPM. Os investidores

são recompensados por assumir riscos sistemáticos não diversificáveis. A principal

diferença é que o modelo APM considera múltiplos fatores de risco sistemático, enquanto o

CAPM trata apenas de um desses fatores, a sensibilidade ao portfólio de mercado. Young e

O´Byrne (2003) colocam que o problema com o APM é que a teoria subjacente ao modelo,

se omite sobre a quantidade dos fatores de risco que devem ser considerados, nem mesmo é

apontando quantos fatores existem. Young e O´Byrne (2003) concluem que enquanto não

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surgir um modelo que seja ao mesmo tempo conceitualmente prático e arrojado, o CAPM

deverá ser utilizado para estimar o custo do capital próprio para se obter o custo médio

ponderado de capital.

Pode-se resumir a estrutura de cálculo do EVA da seguinte forma:

Lucro Operacional

(+) Receita Financeira

(+) Resultado Equivalente Patrimonial

(+) Outras receitas de investimentos

(-) Provisão de I.R.

(-) Benefício fiscal sobre despesas financeiras

= NOPAT Lucro Operacional Liquido após IR

Empréstimos de curto prazo

+ Empréstimos de longo prazo

+ Patrimônio líquido

= Capital investido

Custo do Capital = Ke *(E / E+D) + (Kd * (1-T)) *(D/ E+D)

onde,

Ke = Custo do Capital do Acionista ou Próprio ( Rf + Beta *(Prêmio pelo Risco))

Kd = Custo da Dívida com Credores ou Terceiros ( Despesa Financeira/Estoque da Dívida)

T = Alíquota do Imposto de Renda

(E / E+D) = Proporção do Patrimônio Líquido em relação ao Mix de Financiamento.

(D/ E+D) = Proporção da Dívida em relação ao Mix de Financiamento.

Logo EVA = NOPAT – (Capital investido x Custo de Capital%)

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3.3 – AJUSTES CONTÁBEIS

Observamos no tópico anterior que a estrutura de cálculo do EVA

depende

diretamente da apuração da Demonstração de Resultados e do Balanço Patrimonial. Logo,

os números utilizados na sua mensuração são gerados de acordo com os princípios

contábeis geralmente aceitos. A fim de acertar as distorções evidenciadas nos

demonstrativos financeiros, alguns usuários das técnicas de valor econômico agregado

ajustam os resultados apurados através dos princípios contábeis geralmente aceitos, na

expectativa de calcular valores mais precisos e confiáveis de EVA

, que venham de fato

refletir a geração ou destruição de valor da companhia.

Para Anderson, Bey e Weaver (2004), não existe um modelo ou padrão

estabelecido para os ajustes necessários ao cálculo do EVA

, pois, além de existirem

divergências sobre a relevância desses acertos, não existe um consenso sobre a forma

correta da abordá-los. Young (1999) coloca que o principal objetivo destes ajustes é o de

eliminar distorções de provisionamentos inadequados que distancia o lucro contábil do

fluxo de caixa, buscando aproximar a taxa de retorno contábil à taxa econômica de retorno

da empresa, evidenciado no modelo do fluxo de caixa descontado.

Weaver (2001) coloca um potencial de 164 itens de ajuste nas práticas

contábeis para viabilizar o calculo do EVA

. Contudo, Young (1999) observa que, na

prática, a maioria das companhias que adotaram o EVA

limitam o número dos ajustes

para não mais que cinco, e muitas não estabelecem nenhum tipo de acerto nas parcelas que

compõem o EVA

. Essa postura é explicada por três grandes fatores:

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- Primeiro: os executivos resistem à idéia de divergirem dos números

gerados pelos princípios contábeis geralmente aceitos, uma vez que

eles representam a posição oficial da companhia.

- Segundo: muitas empresas descobriram através de simulações que os

ajustes propostos têm pouca relevância qualitativa sobre os lucros.

- Terceiro: os administradores querem que o sistema de apuração do

EVA

seja o mais simples possível, permitindo que os profissionais

não-financeiros possam compreendê-lo e aceitá-lo como uma medida

para geração de remuneração variável.

Singer e Miller (2003) destacam que o cálculo do EVA

deve focar na

simplicidade, limitando o número de ajustes para aquelas situações que motivem mudanças

no comportamento e no processo de tomada de decisão.

Young e O’Byrne (2003) estabelecem os seguintes ajustes contábeis mais

comuns na mensuração do EVA

:

- Contabilidade de esforços vitoriosos

- Pesquisa e Desenvolvimento

- Imposto de Renda Diferido

- Provisões para Devedores Duvidosos e Garantias

- Depreciação

- Ágio na aquisição de investimento (goodwill)

- Leasing operacional

A seguir examinaremos cada um destes ajustes:

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3.3.1. CONTABILIDADE DE ESFORÇOS VITORIOSOS

A contabilidade de esforços vitoriosos é lastreada pelo argumento de que o

ativo imobilizado deveria apenas contemplar os ganhos de capital que obtiveram êxito, ou

seja, os esforços fracassados deveriam ser lançados a resultado. A lógica por trás desse

raciocínio é que o balanço patrimonial só deveria apresentar ativos que representassem

potencial de geração de benefícios futuros. Stewart (2003) defende que todo gasto de

capital deve ser ativado ou capitalizado, pois, em qualquer negócio de risco, parte do

investimento requerido para encontrar situações de sucesso é investido em posições que

geram insucesso. Logo, esse insucesso é parte inerente ao negócio e, portanto, deve ser

considerado no balanço patrimonial.

Podemos ilustrar esta situação através do negócio de exploração de petróleo.

Esta indústria é caracterizada pelo alto risco de investimento, já que a média mundial de

sucesso exploratório é de aproximadamente de 15% a 20%. Tomando como exemplo uma

empresa que, após realizar estudos geológicos em um campo exploratório, investiu $ 10

milhões em cinco poços de águas profundas (aproximadamente 2.000 metros de

profundidade) custando cada um $2 milhões, o índice de sucesso esperado é de 20%, e os

estudos econômicos demonstram que o poço exitôso gerará $ 4 milhões de fluxo de caixa

das operações, ao longo de cinco anos. A taxa interna de retorno desse projeto é de 28,65%.

Considerando que o custo de capital desta empresa seja de 25%, este investimento torna-se

atrativo para a organização. A figura 2, abaixo, demonstra o fluxo de caixa deste projeto.

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Figura 2: Fluxo de Caixa da Empresa de Exploração

$4 $4 $4 $4 $4

0 1 2 3 4 5

Taxa Interna de Retorno= 28,65%

$ 10

Brock, Ferten e Jennings (2000) apresentam que a prática contábil nesta

indústria é a de levar a resultado os gastos de capital que resultarem em poços secos. Eles

argumentaram que o balanço só deveria mostrar ativos com possibilidade de geração de

fluxo de caixa futuro. Seguindo essa prática, o resultado e o retorno do projeto da empresa

de exploração ficaria da seguinte forma, demonstrado na tabela 1:

Tabela 1 - Retorno da Empresa de Exploração sem Ajuste

ANO 0 1 2 3 4 5

L.BRUTO C/ VENDA DE

PETRÓLEO (*) - 4 4 4 4 4

DESPESA

EXPLORATÓRIA (*) <8> - - - - -

DEPRECIAÇÃO (*) - 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4

LUCRO OPERACIONAL

PÓS EFEITOS

TRIBUTÁRIOS (*)

<8> 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6

CAPITAL INVESTIDO (*)

(ATIVO IMOBILIZADO) 2 1,6 1,2 0,8 0,4 0

RETORNO SOBRE

CAPITAL INVESTIDO - 180% 225% 300% 450% 900%

(*) $ Milhões

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Observamos acima que a prática contábil dos registros dos esforços de

sucesso gera retornos contábeis incompatíveis com os retornos econômicos observados no

fluxo de caixa descontado.

Stewart (2003) coloca que todo o gasto de capital deveria ser ativado e

depreciado em função da vida esperada dos esforços vitoriosos, pois, neste caso, se não

fossem os poços secos, seria impossível descobrir petróleo. Logo, esse fator faz parte da

natureza do negócio. Seguindo esta diretriz, o resultado e o retorno do projeto, seria

contabilizado da seguinte forma , demonstrada na tabela 2:

Tabela 2 - Retorno da Empresa de Exploração com Ajuste

ANO 0 1 2 3 4 5

L.BRUTO C/ VENDA DE

PETRÓLEO (*) - 4 4 4 4 4

DESPESA EXPLORATÓRIA

(*)

DEPRECIAÇÃO (*) - 1,15 1,47 1,86 2,41 3,11

NOPAT (*) - 2,85 2,53 2,14 1,59 0,89

CAPITAL INVESTIDO (*)

(ATIVO IMOBILIZADO) 10 8,85 7,38 5,52 3,11 0

RETORNO SOBRE CAPITAL

INVESTIDO 29% 29% 29% 29% 29%

(*) $ MILHÕES

Como podemos observar, adotando este ajuste encontramos uma taxa de

retorno contábil bastante próxima da taxa de retorno econômico encontrada no fluxo de

caixa descontado, permitindo uma correta monitoração da geração ou da destruição de

valor do projeto ao longo do período analisado.

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3.3.2. PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Uma das mais importantes mudanças na indústria moderna é a substituição

gradual dos gastos de capital em máquinas pelos gastos em aquisição de conhecimento e

prática. Gastos em ativos intangíveis, como pesquisa e desenvolvimento são extremamente

importantes para que as empresas garantam uma geração futura de caixa em uma economia

baseada em conhecimento. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são os

maiores direcionadores de inovação, que, combinados com o treinamento do capital

humano, possibilitam o surgimento de novas marcas, produtos e serviços, gerando uma

demanda crescente.

A prática contábil corrente é a de tratar os gastos em pesquisa e

desenvolvimento como despesa na medida em que eles ocorrem. O raciocínio por trás dessa

prática é o de que a relação entre os gastos executados em pesquisa e desenvolvimento são

tão incertos, que tratá-los como despesa é a opção mais correta diante do principio contábil

da prudência.

Hatfield (2002) coloca que os administradores que possuem bônus atrelados

à geração de lucro tendem a cortar os gastos em pesquisa e desenvolvimento como a

maneira mais fácil de se levar os ganhos a curto prazo, uma vez que estes gastos não são

associados a incrementos imediatos em vendas. Uma outra preocupação apontada por

Hatfield (2002), em função deste tratamento contábil dado a pesquisa e desenvolvimento, é

que os administradores se sentem desencorajados a investir em P&D uma vez que os

resultados da companhia a curto prazo irão apresentar declínios significativos, e eles

entendem que o mercado de capitais irá penalizar o preço das ações das empresas.

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Schwartz (1999) desenvolveu uma pesquisa buscando analisar os impactos

nos preços das ações das companhias que efetuaram aumentos nos gastos com P&D, e

concluiu que o mercado de capitais reconhece estes gastos como investimentos que gerarão

benefícios futuros em geração de caixa. Ele encontrou maiores correlações nos setores

farmacêutico e químico e menores correlações nos setores de papel e celulose e de

cosméticos. Ele concluiu que os impactos são maiores nas indústrias associadas ao uso

intensivo de tecnologia, uma vez que os gastos em P&D garantirão acesso a vantagens

competitivas sustentáveis.

Young e O´Byrne (2003) expõem que a prática do EVA

defende a

capitalização dos gastos em P&D, reduzindo o impacto no lucro operacional e aumentando

o capital empregado. Este ajuste, além de encorajar os administradores a investir em P&D,

uma vez que não afetará os lucros no curto prazo, permitirá que eles monitorem o retorno

sobre os investimentos de uma forma mais consistente e constante ao longo da vida útil do

projeto.

3.3.3. IMPOSTO DE RENDA DIFERIDO

Young (1999) coloca que o imposto diferido é aquele originado através das

diferenças temporais entre o lucro fiscal tributável e o lucro contábil apurado pelos

princípios contábeis geralmente aceitos.

Ehrbar (1999) observa que a maior fonte de imposto de renda diferido é a

depreciação, pois as empresas utilizam o método da depreciação linear para a apuração do

lucro contábil e um cronograma mais acelerado para a depreciação de ativos fixos no

cálculo do lucro tributável para o fisco. Essa diferença de critérios faz com que o lucro

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contábil seja maior que o fiscal, gerando uma maior base tributária. A diferença entre o

imposto efetivamente pago para o fisco e o imposto contábil apurado vai para uma conta

denominada imposto de renda diferido.

Young e O´Byrne (2003) propõem que, para o cálculo do EVA

, a despesa

fiscal diferida deva ser ignorada já que não sensibiliza o caixa. Desse modo, qualquer

débito ao lucro anual, que resultar de imposto de renda diferido, deve ser revertido para o

lucro operacional após impostos. Como o passivo não será pago, a despesa respectiva não

deve ser reconhecida, aproximando, dessa forma, o lucro contábil à visão econômica do

fluxo de caixa.

3.3.4. PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS E GARANTIAS

Grant (2003) coloca que a prática contábil geralmente aceita prevê que as

companhias realizem provisões para custos a serem incorridos no futuro em função de

eventos, circunstâncias ou decisões que ocorreram no passado. As provisões mais comuns

registradas pelas empresas são as provisões para devedores duvidosos, garantias e

reestruturação.

Copeland et al. (2002) observa que, do ponto de vista do lucro operacional

pós efeitos tributários (NOPAT), o reconhecimento de provisões distancia os lucros

contábeis do conceito de fluxo de caixa, pois são despesas não caixa, que refletem custos

ou prejuízos futuros incertos. As empresas muitas vezes usam previsões para gerenciar seus

resultados, estabelecendo-as em anos fartos de lucros e fazendo retiradas delas em anos

fracos.

Young (1999) propõe que o ajuste para o cálculo do EVA

é adicionar ao

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lucro operacional pós efeitos tributários (NOPAT) os incrementos, nas provisões para

devedores duvidosos, garantias e reestruturações, tendo como contrapartida o aumento do

capital empregado. A lógica por trás deste ajuste é a de aproximar a taxa de retorno contábil

à taxa de retorno econômica, balizando de forma mais acurada as decisões de criação ou

destruição de valor das companhias.

Nas notas do seu relatório anual de 2003, a Brasil Telecom, empresa

brasileira de telefonia, divulgou provisões para devedores duvidosos de R$183.023 milhões

e R$153.768 milhões, respectivamente ao final dos anos de 2003 e de 2002. Para fazer este

ajuste, o aumento previsto de R$29.255 milhões é adicionado ao lucro operacional pós

efeitos tributários (NOPAT), líquido do imposto de renda de 34% aplicável à empresa, ou

seja, um ajuste líquido de R$19.308 milhões. O saldo patrimonial de devedores duvidosos

no ano de 2003 é adicionado ao capital investido, uma vez que essa conta é redutora do

capital empregado.

3.3.5. DEPRECIAÇÃO

Com exceção de terrenos e bens intangíveis, os elementos que integram o

ativo imobilizado têm um período limitado de vida útil econômica. Iudicibus, Martins e

Gelbecke (1994) afirmam que o custo de tais ativos deve ser alocado ao resultado de acordo

com o princípio da competência, ou seja, apropriar o custo ao exercício beneficiado pelo

uso do ativo no decorrer de sua vida útil. Eles observam que a prática mais comumente

utilizada pelas empresas é a da depreciação linear obedecendo aos anos de vida útil

estipulados pela legislação fiscal.

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Stewart (2003) coloca que a prática da depreciação pelo método linear

mostra um retorno crescente sobre o capital, começando abaixo do retorno econômico e

terminando acima deste, distanciando assim, o retorno contábil do econômico. Este fato é

gerado pela produção de lucros operacionais estáveis, provocado pela linearidade do

cronograma de depreciação.

Young (1999) propõe que a melhor alternativa de ajuste para depreciação é a

utilização do método dos fundos de amortização. Este método determina que o custo da

depreciação ou de recuperação do ativo é o valor que sobra depois da aplicação da taxa de

retorno econômico sobre o custo do investimento. Este raciocínio segue a mesma lógica de

um empréstimo hipotecário: o pagamento em excesso dos juros é alocado na redução do

saldo principal.

Podemos tomar como exemplo uma empresa de petróleo que investiu $6

milhões na compra de uma máquina para as atividades de exploração, que prevê um fluxo

operacional em caixa constante de $ 3 milhões ao ano, ao longo do período da vida útil do

equipamento. Tendo como base um custo médio ponderado de capital de 25%, este

investimento parece bastante atraente, uma vez que a taxa interna de retorno econômico é

de 41%. A tabela 3 ilustra esses exemplo. Nessas mesmas condições, se aplicarmos o

método da depreciação linear, vamos obter um retornos contábeis crescentes começando

abaixo do retorno econômico e terminando bem acima deste. Pode-se observar esse

demonstrativo através da tabela 4. A tabela 5 apresenta a aplicação da depreciação pelo

fundo de amortização, colocando o retorno contábil sobre o capital investido igual ao

retorno econômico.

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Tabela 3 - Fluxo de Caixa Compra de Máquina Para Atividade de Exploração

Fluxo de Caixa

ANOS 0 1 2 3 4 5

COMPRA DO EQUIPAMENTO -6

FLUXO OPERACIONAL EM

CAIXA PÓS IMPOSTOS 3 3 3 3 3

FLUXO DE CAIXA -6 3 3 3 3 3

TAXA INYTERNA DE

RETORNO

41%

Tabela 4 - Retorno Contábil pelo Método da Depreciação Linear

Demonstração do Resultado

ANOS 0 1 2 3 4 5

MARGEM OPERACIONAL EM

CAIXA 3 3 3 3 3

DEPRECIAÇÃO 1.2 1.2 1.2 1.2 1.2

LUCRO OPERACIONAL PÓS-

EFEITOS TRIBUTÁRIOS 1.8 1.8 1.8 1.8 1.8

CAPITAL INVESTIDO 6 4.8 3.6 2.4 1.2 0

TAXA DE RETORNO

CONTÁBIL

30% 38% 50% 75% 150%

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Tabela 5 - Retorno Contábil pelo Método do Fundo de Amortização

Demonstração do Resultado

ANOS 0 1 2 3 4 5

MARGEM OPERACIONAL EM

CAIXA 3 3 3 3 3

DEPRECIAÇÃO 0,54 0.8 1.1 1.5 2.1

LUCRO OPERACIONAL PÓS -

EFEITOS TRIBUTÁRIOS 2,46 2.2 1.9 1.5 0.9

CAPITAL INVESTIDO 6 5,46 4.7 3.6 2.1 0

TAXA DE RETORNO

CONTÁBIL

41% 41% 41% 41% 41%

Young e O´Byrne (2003) colocam que apesar do método do fundo de

amortização ser o mais indicado para a prática do EVA

, a maioria das empresas não o

aplicam devido a dificuldade de explicar o método aos executivos com planos de

bonificação atrelados ao EVA

e a barreira que o método impõe em atingir melhorias

constantes de EVA

, visto que os retornos sobre o capital investido tendem a aumentar ao

longo do tempo quando se usa a depreciação pelo método linear.

3.3.6. ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS (GOODWILL)

Em uma operação de compra de empresa, a diferença paga em excesso ao

valor patrimonial registrado é conceituada por Assaf Neto e Araújo (2003) como ágio pago

em aquisições ou goodwill. Este ágio pode ser derivado do valor de patentes, know-how

tecnológico, projetos de pesquisa e desenvolvimento em andamento ou de um bom

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relacionamento estabelecido pela empresa adquirida e suas marcas comerciais junto a

clientes e fornecedores.

Young (1999) observa que a prática contábil mais comumente aplicada para

o ágio em aquisições é a capitalização do valor pago em excesso e a sua subseqüente

amortização por períodos não superiores a 40 anos. Existe também, em países como a

Inglaterra e a Holanda, o tratamento de baixa imediata dos valores de ágio contra o saldo de

reservas no patrimônio liquido, não afetando o resultado corrente.

Ehrbar (1999) afirma que para o cálculo EVA,

o ágio pago em aquisições

deve permanecer no ativo permanente sem baixá-lo para resultados ou reservas. Dessa

forma, o ajuste a ser considerado é adicionar a amortização do ágio pago em aquisições do

período corrente ao lucro operacional pós efeitos tributários e somar as parcelas

amortizadas em períodos anteriores e correntes ao capital investido. Ele alega três motivos

para essa prática:

Primeiro, os gerentes focalizam as suas decisões em fluxos de caixa e não em meros

registros contábeis.

Segundo, o tempo de vida dos ativos intangíveis que lastreiam os valores do ágio,

como marcas comerciais, reputação e posicionamento do mercado são

indeterminados.

Terceiro, os acionistas esperam que o retorno sobre o capital investido, baseado no

preço da aquisição, seja igual ou superior ao custo de capital.

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3.3.7. LEASING OPERACIONAL

Copeland et al (2002) define o leasing operacional como qualquer obrigação

derivada de contratos de arrendamento mercantil que a empresa não tenha capitalizado.

Este tipo de operação representa um financiamento e seu material deverá ser tratado como

tal.

Young e O´Byrne (2003) colocam que os princípios contábeis geralmente

aceitos tratam os pagamentos de leasing como uma despesa de aluguel, alocando-os no

custo do produto vendido ou nas despesas operacionais do exercício. Este entendimento

subavalia o capital investido, pois o leasing é uma operação de financiamento e reduz o

lucro operacional pós- efeitos tributários, pois a parcela paga do leasing se refere a juros e

deve ser classificada como despesa financeira, não afetando o lucro operacional. O ajuste

consiste em capitalizar o valor presente dos futuros pagamentos do leasing descontado pela

taxa de juros com que a empresa obtém empréstimo, e adicionar ao lucro operacional pós

efeitos tributários o valor dos juros obtidos pela multiplicação do valor capitalizado do

leasing pela taxa de empréstimo, excluindo o benefício fiscal dos juros no lucro

operacional. A lógica deste ajuste, portanto, consiste em capitalizar qualquer despesa

operacional que seja custo financeiro disfarçado.

3.3.8. AJUSTES CONTÁBEIS - A PRÁTICA

Young (1999) observou que, apesar da lógica por trás dos ajustes propostos

para o cálculo do EVA

estar perfeita, a implementação dos mesmos quase sempre torna-

se desnecessária. Ele coloca que o ponto central nesta questão é se os ajustes produzem

desvios significativos nos resultados e se os mesmos vão produzir mudanças de

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comportamentos e interpretações por parte dos gerentes executivos e analistas. Young

(1999) afirma que, para a maioria das empresas, a resposta é negativa. Ele complementa

que as complexidades de cálculo trazidas pelos ajustes não compensam os problemas que

são causados referentes ao controle e interpretação dos executivos e funcionários.

Erhbar (1999) coloca que, ao efetuar ajuste contábeis para calcular o EVA

, uma empresa

deverá atentar para os seguintes pontos:

- Relevância do ajuste para a tomada de decisão dos gerentes envolvidos. Se

um ajuste não provocar impacto algum no processo decisório, o mesmo não deverá ser

efetuado.

- Disponibilidade dos dados para efetuar os ajustes

- Duração do ajuste. A nova prática contábil deverá permanecer por um

período de no mínimo 3 anos

- As alterações alinham o lucro operacional pós efeito tributário com o valor

de mercado da companhia, ou seja, faz com que ele se aproxime mais dos lucros

econômicos sem utilizar critérios de subjetividade.

- Existe um grau de gerenciamento nos custos, despesas ou desembolsos de

capital nos itens que envolvem o ajuste, e os mesmos beneficiam o valor para o acionista.

Ehrbar (1999) complementa que a estrutura de ajustes irá variar de empresa

para empresa, dependendo da estrutura organizacional, mix de negócios, estratégia e

políticas contábeis. Contudo, todas as organizações devem buscar a simplicidade e

objetividade no cálculo, buscando aproveitar o máximo possível as informações divulgadas

pela companhia de forma oficial. Uma vez estabelecido o padrão de cálculo, este deverá ser

preservado de forma imutável pelo conselho de administração.

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Young e O´Byrne (2003) concluíram que a maioria dos ajustes propostos

para o cálculo do EVA trazem poucos benefícios ou vantagens sobre os números

calculados sem ajustes, pois produzem efeitos marginais irrelevantes face a complexidade

adicionada ao processo.

3.4 – SISTEMA DE GERENCIAMENTO EVA

Apesar dos conceitos básicos que suportam o EVA

serem conhecidos há

muito tempo, Drucker (1995) observa que ele representa um grande avanço na gestão das

companhias, na medida em que promove práticas administrativas que focalizam o

fornecimento de maiores resultados financeiros para os acionistas. A grande virtude deste

sistema de gestão é a implementação de uma cultura de negócios que coloca a criação de

valor no centro de todos os principais processos administrativos e decisórios da empresa.

Para Stewart, Stern e Chew (1996), o EVA é muito mais do que uma

simples métrica a ser calculada e publicada nos relatórios financeiros (considerando ajustes

contábeis). O EVA é, para os três autores, um instrumento que muda a cultura gerencial,

sociabilizando os conceitos financeiros de gestão baseada em valor para todos os

colaboradores da organização, tornando acessível um teoria financeira sólida, de forma que

os gerentes operacionais (financeiros ou não) compreendam e incorporem os princípios

desta disciplina nas decisões do seu dia-a-dia. Ehrbar (1999) observa que, de uma forma

rotineira e automática, os gerentes passam a considerar o custo de capital em cada decisão,

avaliando com precisão as compensações entre custos operacionais e custos de capital.

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Stewart, Stern e Chew (1996) colocam que, quando o EVA se torna foco

único das decisões empresariais, é estabelecido uma rede de conexões diretas, simples e

claras entre o planejamento estratégico, planejamento tático, alocação de capital,

operacionalização diária das atividades e geração de valor para os acionistas. Este processo

pode provocar uma união mais concreta entre as unidades corporativas e as unidades

operacionais através das relações de causa-efeito em torno das iniciativas que agregaram

maior valor para a companhia.

A eliminação das distorções contábeis, através dos ajustes propostos no

capítulo anterior, e a cobrança do custo de capital, fazem do EVA uma medida de

significado muito maior do que a percepção normal da maioria das pessoas. Drucker (1995)

afirma que a contabilização correta dos dados econômicos do negócio e a subtração do

custo de todos os recursos exigidos para produzir receitas, inclusive o custo do capital,

fazem com que o EVA capture com precisão a produtividade combinada de todos os

fatores de produção em uma única medida.

Dzamba (2002) coloca que quando os gerentes são avaliados pelas métricas

tradicionais contábeis de lucro operacional, retorno sobre o patrimônio, ou retorno sobre os

ativos líquidos, tendem a tratar o capital como se fosse gratuito, pois esta métricas não

levam em conta o custo do capital empregado para produzir tais resultados. Ehrbar (1999)

lembra que a principal diretiva da teoria financeira moderna é a maximização do valor

presente líquido da companhia, através da implementação de todos os projetos com VPL’s

positivos. É exatamente este postulado que o EVA implementa nas organizações pois,

como Pettit (2001) afirma , a abordagem matemática do EVA é idêntica a do fluxo de

caixa descontado mas, sob a ótica da dinâmica empresarial, é radicalmente diferente.

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Ehrbar (1999) destaca que, através do EVA, cria-se um sistema contínuo de mensuração e

acompanhamento do valor de cada projeto, ao invés de realizar esta atividade apenas no

momento inicial da aprovação do projeto. Pela metodologia do EVA , o procedimento

para a avaliação de um projeto é prever o que gerará a cada período e descontar ao valor

presente, sem a necessidade de subtração do investimento inicial, pois o EVA já inclui

um encargo sobre o capital e para depreciação. A grande vantagem deste processo é

permitir aos gerentes utilizarem a mesma estrutura analítica consistente nos planos

estratégicos e táticos da companhia, bem como nas operações do dia-a-dia, possibilitando a

implementação diária de uma gestão baseada em valor. Pettit (2001) conclui que a

manifestação do valor intrínseco da companhia em qualquer dado período é melhor feito

pelo EVA, que representa a contribuição anual para o valor presente líquido.

3.4.1 – GESTÃO BASEADA EM VALOR

Drucker (1995) observa que o sistema de gerência financeira predominante

nas organizações atuais consiste em uma miscelânea de regras, diretrizes e procedimentos

que utiliza uma série de medidas e objetivos sem uma relação direta com a criação de valor

para o acionista. Este modelo leva freqüentemente os gerentes a tomarem decisões

equivocadas e desconectadas do plano estratégico traçado para a companhia.

Copeland et al. (2002) coloca que, em contraste a este modelo atual de

gestão financeira, a administração baseada em valor oferece um único foco consistente,

permitindo que todas as decisões sejam modeladas, monitoradas e avaliadas pela riqueza

incremental que determinada iniciativa trará para a companhia. Neste processo, o objetivo

estratégico central, ou principal, é a maximização do valor para o acionista que exigirá uma

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concentração de retornos de longo prazo em termos de fluxo de caixa descontado e não em

mudanças trimestrais de ganho por ação. Dzamba (2002) complementa que, em uma gestão

baseada em valor, a principal missão financeira é investir em ativos que criem fluxo de

caixa superior ao custo de capital.

Copeland et al. (2002) destaca que a perspectiva do administrador de valor é

caracterizada pela busca de investimentos em novas capacidades produtivas que excedam o

custo de oportunidade de capital, buscando remunerar todos os fatores produtivos

envolvidos, empregando os recursos nas utilizações mais produtivas e altamente

valorizadas. Este sistema de gerenciamento mostra aos gerentes gerais quais decisões

aumentarão o lucro econômico, e, por conseguinte, irão gerar mais riqueza para os

acionistas.

Dzamba (2001) comenta que a criação de valor para o corporativo deve ser

medida pelos incrementos no valor total de mercado da companhia e estes aumentos devem

ser divididos com os gerentes que criaram este valor extra. As medidas contábeis

tradicionais, como o retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio e lucro operacional

não conseguem capturar ou mensurar esses incrementos no valor total de mercado da

empresa, não motivando ou recompensando os executivos pela criação ou destruição de

valor gerado. Stewart, Stern e Chew (1996) afirmam que o EVA sintetiza o conceito do

lucro econômico, combinando eficiência operacional com o gerenciamento do capital

empregado demonstrado no balanço patrimonial, servindo como uma medida de

performance para uma gestão baseada em valor, e permitindo o desenho de um sistema de

recompensas que remunerem e motivem os gerentes pelo valor adicional criado,

aproximando os interesses dos acionistas com os dos executivos dirigentes.

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Dentro deste contexto, Pettit (2001) destaca a existência de quatro estratégias

básicas para aumentar o valor da companhia, acarretando no aumento do seu EVA

:

- Melhorar os retornos sobre os capitais existentes através do aumento nos preços ou

margens e do incremento nos volumes processados ou vendidos, ou através da

redução de custos operacionais.

- Racionalizar, liquidar ou cortar investimentos em operações que não gerem retornos

superiores ao custo de capital.

- Aumentar os investimentos no capital de trabalho e na capacidade de produção das

atividades que contribuam para o aumento de lucros e superem o custo adicional de

capital.

- Reduzir o custo de capital, mantendo suficiente flexibilidade financeira que suporte

o plano estratégico da companhia, através do prudente uso do capital de terceiros e

capital próprio.

3.4.2.- DIRECIONADORES DE VALOR EVA

Prober (2000) observa que, quando as companhias buscam operacionalizar

as estratégias citadas no tópico anterior através de uma implementação do EVA,

elas

necessitam determinar as áreas ou atividades mais relevantes para o sucesso do negócio.

Neste momento surgem os direcionadores de valor que desempenham um papel

fundamental na ajuda aos gestores para que entendam quais as ações correntes que

produzem aumento nos EVA’s presentes e futuros.

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“Society of Management Accountants of Canada” (1997) definiu

direcionadores de valor como qualquer variável que afete significativamente o valor da

companhia, e a busca pelo seu entendimento é de suma importância em função de duas

razões:

- Primeiro, a organização não pode agir diretamente sobre o valor. Dessa forma, ela

precisa agir em aspectos que possa influenciar o valor, tais como: satisfação do

cliente, custos operacionais, capacitação interna e investimento de capital.

- Segundo, é através dos direcionadores de valor que o gerente senior aprende a

entender a organização como um todo, permitindo o estabelecimento de um diálogo

claro e direto com o corpo operacional da empresa sobre as expectativas que serão

mensuradas e acompanhadas.

Schor (2004) coloca que, apesar da maximização do valor para o acionista

ser o objetivo mais importante da empresa, o seu entendimento não é direto, específico e

contabilizado claramente no nível dos gerentes operacionais que necessitam saber quais são

os fatores que estão sob sua responsabilidade e que irão afetar a geração de valor capturada

pelo EVA

. Young e O’Byrne (2003) comentam que, em resposta a esse desafio, as

empresas estão desagregando o cálculo do EVA

em direcionadores que impactam no

valor e podem ser mensurados de forma mais apurada no nível de uma unidade operacional

da organização. Como exemplo o chefe de uma fábrica poderá ser avaliado pela duração

do ciclo operacional de compra, produção e estocagem ou por alguma outra medida que se

relacione mais diretamente com as responsabilidades daquele gestor e com os meios

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disponíveis naquele nível que irão influenciar o EVA

apurado nos níveis mais elevados da

companhia. Desta forma, o presidente da empresa será avaliado pelo EVA,

, mas o chefe

da fábrica será avaliado pelos componentes ou direcionadores que geram o EVA

.

Segundo Schor (2004) existem três categorias de Direcionadores de Valor:

Direcionadores de Crescimento, Direcionadores de Eficiência e Direcionadores

Financeiros. A figura 3, abaixo, demonstra que o objetivo final de prever uma geração de

valor positivo e constante é conseqüência de aumentos no fluxo de caixa das operações e de

reduções no custo do capital empregado. Os direcionadores de crescimento e eficiência

determinam o fluxo de caixa das operações e os direcionadores financeiros demonstram a

estrutura de capital da empresa que determina o custo do capital.

Figura 3: Objetivo Corporativo e Direcionadores de Valor

Fonte: Adaptado de Rappaport (2001)

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A figura 4, a seguir, demonstra o relacionamento entre as iniciativas

estratégicas para aumentar o fluxo de caixa das operações e reduzir o custo do capital da

empresa com os direcionadores de crescimento, eficiência e financeiros.

Figura 4: Iniciativas Estratégicas e Direcionadores de Valor

Fonte: Adaptado de Society of Management Accountants of Canada (1997)

Schor (2004) observa que através do exame e definição das iniciativas

estratégicas voltadas para a criação de valor, as organizações identificam e estabelecem

responsabilidades por nível e função. Este processo auxilia os gerentes a focarem suas

atenções nos fatores que realmente interessam a corporação. A figura 5, a seguir, demonstra

a responsabilidade gerencial pelos direcionadores de valor.

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Figura 5: Alinhando Responsabilidade Gerencial com os Direcionadores de Valor

Fonte: Adaptado de Schor (2004)

De acordo com o trabalho de Robert Kaplan e David Norton, cada vez mais

empresas estão utilizando o Balanced Scorecard para identificar os seus direcionadores de

valor. Como parte do apelo do modelo, eles puderam resumir em apenas uma página a

versão estratégica formulada pelos altos executivos para toda a organização, através do

relacionamento de causa e efeito de um conjunto de indicadores prospectivos e perspectivos

de desempenho baseado em diferentes perspectivas, tanto financeiras quanto não-

financeiras. Kaplan (2001) observa que as estratégias propostas pelo sistema EVA

voltadas para a redução dos custos operacionais, eliminação dos ativos improdutivos

destruidores de valor, investimento apenas em projetos que superam o custo de capital da

companhia e otimização da estrutura de capital são plenamente compatíveis com a

perspectiva financeira do Balanced Scorecard. Ele afirma que o BSC expande uma

abordagem específica em EVA

, na medida em que permite o mapeamento e a definição

dos direcionadores de crescimento da receita, explicitando os objetivos e medidas de

proposição de valor para os clientes-alvo, vinculando aos processos internos, inovação,

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infraestrutura de investimento em pessoas e sistemas. A figura 6, abaixo, demonstra este

relacionamento entre o EVA

e o BSC:

Figura 6 : Relacionamento EVA

e BSC

Mclaren (1999) comenta que o EVA

é uma medida única que resume todo

o conceito de geração de valor para o acionista, e a multi-dimensionalidade do Balanced

Scorecard suporta e direciona a análise EVA

. Esta idéia é consistente com o sistema

EVA

que sofre conseqüência da performance dos indicadores mapeados nas perspectivas

do Balanced Scorecard.

Contrada (2000) aponta que a maioria das ferramentas focadas na gestão

baseada em valor enfatiza exclusivamente a geração de valor para o acionista, minimizando

a importância e a relação entre os direcionadores de valor. Ele complementa que focar

apenas em um único elemento do valor sem olhar o todo, traz como conseqüência uma

visão distorcida das ações a serem implementadas. O EVA

poderá ser desmembrado em

Valor para o acionista / EVA

Estratégia Financeira Estratégia de Vendas Estratégia de Produtividade

Construir

franquia Aumentar

Valor para o Consumidor

Melhorar a

Estrutura

de Custos

Melhorar a

utilização do

patrimônio

- Novas fontes de

vendas

- Melhorar

lucrabilidade em

consumidores já

existentes

- Reduzir despesas em

dinheiro

- Eliminar falhas e

Aumentar lucro

- Gerenciar

capacidades já

existentes

- Investimentos

incrementais para

eliminar encalhes Fonte: Kaplan (2001)

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43

partes que revelem as fontes e os recursos que gerem a criação de valor para o acionista. O

que torna atrativo o uso do BSC neste processo é que ele permite demonstrar toda a

estratégia da companhia, procurando estabelecer o relacionamento entre os direcionadores

de valor, integrando e direcionando as ações para o aumento do EVA

de curto e longo

prazo. A figura 7, a seguir, demonstra a contribuição dessas ferramentas na gestão baseada

em valor.

Figura 7 : A Contribuição do EVA e BSC na Gestão baseada em Valor

Fonte: Adaptado de Contrada (2000)

Negócio de Alta

Contribuição

Financeira

Perspectiva de

Aprendizagem

e Crescimento

Contratação de staff

com a qualificação correta

Alinhar incentivos

Individuais com os

objetivos da empresa

Conhecimento de ERP e

Outras tecnologias

Assegurar ambiente de

trabalho seguro

Gerencia

de Suporte

e Vendas

Lucro Econômico

Negócio de Alta

Contribuição Financeira

Melhorar Saídas Melhorar Custos

Operacionais

Melhorar o Giro

Patrimonial

Perspectiva

Financeira

Proposição

de Valor do

Consumidor

Perspectiva

Interna

Proposição de Valor

- Entrega

pontual

-Qualidade Competitiva

- Qualidade Superior

- Avaliação de Resposta

-Serviço ao Consumidor

Básicos

o de Valor do

Consum

idor

Diferenciados

Valor do Consumidor

Padrões de

Produção

Melhoria

dos

Prazos

Flexibili

dade de

Produção

Upgrade do equipamento

Ampliação

de recursos

Valor do

Consumido

r

Melhoria da

Produtividade

e

Produção

com foco Melhoria no

Gerenciamento de

manutenção

Controle de

desperdício

Redução de

overhead

Gerenciamento

de hora extra

Racionalizacão

do maquinário

Gerenciamento do

capital de trabalho

Racionalizacão

do espaço

construído

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44

3.4.3.- O PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO EVA

Singer e Miller (2003) comentam que um processo de implementação de um

sistema de gerenciamento EVA

atravessa as seguintes etapas: Mensuração, Manejamento,

Motivação e Mentalização.

A etapa inicial de Mensuração compreende a identificação dos principais

ajustes contábeis a serem adotados, com o objetivo de traduzir a linguagem contábil das

demonstrações financeiras para a linguagem econômica proposta pelo EVA

. Para

Anderson, Bey e Weaver (2004), não existe um modelo ou padrão estabelecido para os

ajustes necessários ao cálculo do EVA

, pois além de existirem divergências sobre a

relevância desses acertos, não existe um consenso sobre a forma correta de abordá-los,

variando de indústria para indústria. Os ajustes são selecionados ponderando fatores como

materialidade, complexidade e impacto no comportamento gerencial. Singer e Miller

(2003) citam como ajustes comuns a capitalização dos gastos com pesquisa e

desenvolvimento, operações de leasing e itens pouco usuais como gastos com

reestruturação.

A etapa de manejamento ou gerenciamento traz o EVA

para a operação da

organização, lastreando o processo de tomada de decisão. Nesta fase é desenvolvido o

conjunto de ferramentas tecnológicas que suportarão o cálculo do EVA

, buscando

melhorar a análise do negócio através da definição e exposição clara dos direcionadores de

valor da companhia.

Singer e Miller (2003) afirmam que a terceira fase, a Motivação, é o

componente chave para uma implementação EVA

. Nesta etapa é criado um plano de

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incentivos vinculados ao EVA

, e desta forma os gerentes só serão recompensados se

criarem valor para o acionista através de melhorias operacionais sustentáveis. Ehrbar

(1999) observa que a verdadeira chave para o sucesso da estrutura do EVA

reside num

plano de remuneração variável que ative a imaginação e a iniciativa de gerentes e

funcionários.

Young e O’Byrne (2003) colocam que, ao final desta fase, as seguintes

questões serão solucionadas:

- Quem será beneficiado inicialmente? Haverá uma expansão gradual da participação

dos incentivos baseados no EVA

?

- Haverá um componente de remuneração diferido?

- Como será a relação do bônus divisional e corporativo?

- Qual a sensibilidade dos bônus ao desempenho do EVA

e a relação com medidas

não-financeiras?

A última etapa do processo, segundo Singer e Miller (2003), é a

Mentalização. Esta fase compreende a estruturação de treinamentos e comunicação aos

funcionários sobre os princípios de gestão baseada em valor, detalhando os conceitos

básicos do EVA

e os tópicos das finanças corporativas relacionadas. O programa de

treinamento deve atrair o comprometimento genuíno dos funcionários à criação de valor.

Stewart (1995) comenta que um dos erros mais comuns em uma

implementação EVA

é os gerentes apenas executarem a primeira etapa da mensuração, ou

seja, apenas calcularem corretamente o EVA

encarando-o como mais uma métrica na

performance a ser publicada. Stewart (1995) defende que o EVA

é a peça central de um

sistema de gerenciamento financeiro, delimitando todas as políticas, procedimentos e

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46

métodos usados para controlar as operações e a estratégia da organização. Através do

EVA

, os gerentes executivos irão ajustar os objetivos financeiros, comunicando essas

metas internamente e externamente para a comunidade financeira. Desta forma, todas as

oportunidades futuras de investimento de capital serão avaliadas pela ótica do sistema

EVA

.

Stewart (1995) observou que, em diversos casos, as empresas tentam

implementar o EVA

muito rapidamente. Ele sugere que o processo seja gradual,

começando com os gerentes executivos, no dia-a-dia da tomada de decisão, e depois

gradualmente ir descendo os níveis da organização. Se os primeiros gerentes não

entenderem claramente o significado do EVA

, eles não conseguirão explicá-lo e

disseminá-lo de forma convincente para toda a força de trabalho da empresa.

Young e O’byrne (2003); Ehrbar (1999); Stewart, Stern e Chew (1996)

apontam que a implementação do EVA

se torna completamente sem sentido caso a

remuneração da administração não seja atrelada ao EVA

de uma maneira sistemática.

Essa prática vai no coração da administração baseada em valor. Young e O’byrne (2003)

colocam que, uma vez estabelecido o compromisso com o EVA

e delimitado o escopo e a

natureza de implementação, a etapa foco será criar um plano de remuneração dos

administradores. Eles observaram que o sucesso do EVA

é vinculado a criação e

gerenciamento da remuneração baseada em valor. Dado a relevância desta etapa,

detalharemos no capítulo seguinte as práticas para estabelecer um plano de incentivos

baseadas no EVA

.

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3.5 – PLANOS DE INCENTIVO E O EVA

Um dos principais problemas das corporações de capital aberto reside,

atualmente, no conflito entre proprietários e/ou acionistas e os gerentes e/ou

funcionários no controle e uso dos recursos corporativos.

Para Jensen (1989), a corporação aberta é uma invenção social de

enorme importância histórica, onde existe a capacidade de espalhar riscos

financeiros por uma série diversificada de milhões de indivíduos e instituições, e de

permitir aos investidores dirigirem seus riscos segundo suas circunstâncias

particulares. Diversificando riscos e dando margem à criação de um mercado liquido

para divisão de riscos, a corporação aberta conseguiu baixar o custo do capital, e

estes direitos negociáveis sobre a propriedade corporativa (as ações comuns)

também possibilitaram que o risco fosse suportado pelos investidores (mais capazes

de arcar com eles), sem estes últimos terem que gerenciar as empresas.

Entretanto, segundo Jensen (1989), os direitos de propriedade

negociáveis criam conflitos fundamentais de interesse entre os que correm o risco

(acionistas) e os que o administram (gerentes). Devido a esses conflitos, um novo

modelo de gerência foi criado, coerente com a teoria financeira moderna, buscando-

se não mais a maximização dos lucros por ação, mas sim a maximização do Valor.

O gerenciamento baseado em Valor ou VBM, segundo Harris (2002),

é uma forma integrada de gerenciar um negócio com o principal objetivo de

maximizar o valor a longo prazo, de forma sustentável para os acionistas. “É um

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processo que busca maximizar o valor dos investimentos realizados pelos

fornecedores de capital e ampliar o fundo de reservas dos acionistas”. Esse processo

parte do pressuposto que os gerentes irão operar de maneira que gerem o máximo de

retorno sobre o capital investido.

Para Stewart (1990), um pré-requisito essencial nessa criação de valor

é o de transformar gerentes em “proprietários” da organização. A filosofia apontada

por Stewart ressalta que essa não é uma questão meramente monetária, e sim uma

questão de atitude. Os funcionários da gerência e diretoria devem se sentir

responsáveis pelo seu sucesso, uma atitude que diferencia “proprietários” de “meros

funcionários”.

“De acordo com uma análise da Sibson & Co. conduzida pela

Fortune, sobre as 100 maiores empresas que basearam seu

plano de incentivo no EVA

, a maior margem gerada de

rendimentos teve uma correlação de 98% com o Valor gerado e

com a combinação entre o crescimento do faturamento e a

margem relacionada à criação de valor.”

(Sammer, 2000, p.4)

3.5.1 – SISTEMAS DE RECOMPENSAS E INCENTIVOS

Segundo Ehrbar (1999), entre todas as funções sob o controle da alta

gerência e da administração, a que determina maior sucesso ou fracasso de qualquer

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operação é o sistema de recompensas e incentivos que conduz o comportamento dos

funcionários. Isso porque o capital humano é o principal bem para a criação de valor

em uma empresa, já que é através da aplicação de suas energias e idéias que as

matérias-primas são transformadas em bens desejados.

Para Sammer (2000), relacionar planos de incentivo com a

performance de negócio é uma opção “ganha-ganha” para os gerentes e a

organização. Mas um plano realizável requer métricas customizadas e

monitoramento intensivo.

“Talvez mais do que qualquer outro grupo de trabalho, os

gerentes e executivos que conduzem o negócio da empresa são

os que mais necessitam de retornos de incentivo que reflitam

suas responsabilidades. Mas, infelizmente, na maioria das

vezes, não os têm”. (Sammer, 2000, p.1)

Para Stewart (2002), a maioria dos planos de incentivo utilizados

atualmente, de forma incoerente, atuam como barreiras ao desempenho gerencial,

fazendo com que os gerentes sejam muito mais conservadores do que os acionistas

gostariam. Isso acontece justamente porque os próprios acionistas tiram dos gerentes

a iniciativa e motivação através da desvalorização de desempenhos diferenciados e

da supervalorização de desempenhos medianos.

Um sistema de incentivos deve, segundo Kerr (1995), atuar sobre os

membros da empresa de forma recompensadora e não oferecendo obstáculos a serem

transpostos, como na maioria das vezes é feito.

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50

Esses planos de incentivo convencionais (em dinheiro), segundo Stern

e Shiely (2001), se baseiam em bônus que servem como motivação apenas dentro de

um budget planejado para o ano, com as metas determinadas a partir de uma

negociação, que mais se assemelha a uma barganha. Por exemplo, a maioria dos

bônus são oferecidos quando um gerente alcança acima de 80% do plano de lucros e

o aumenta até um patamar máximo, quando os lucros atingem 120% do orçamento.

Assim, quando o gerente percebe que o lucro anual será inferior a 80% ou superior a

120% do orçado, deixa de ter um incentivo monetário para maximizar o

desempenho anual.

Como conseqüência, os gerentes acabam manipulando previsões e

resultados para produzirem resultados medíocres, ou que não possam ser sustentados

a longo prazo nesses planos convencionais, como foi o caso da Lucent, Enron e

Tyco, cujos planos de curto-prazo mataram o valor a longo-prazo. Riceman e Cahan

(2002) ressaltam que a performance medida a curto-prazo induz a “miopia” dos

gerentes. Como exemplo citam os custos com a exploração de óleo, que podem não

produzir retorno durante longos períodos. No caso dos gerentes desta área serem

recompensados com base no curto-prazo, a falta de incentivo é notória.

Schipper (1989) define o processo de ganho gerencial, nos planos de

incentivo convencionais, como uma proposital intervenção com o objetivo de se

obter um ganho privado ou uma maior comodidade, com os gerentes buscando o seu

bônus através da negociação do orçamento mais confortável, superinvestindo no

setor maduro. Assim, os lucros sobem, mas não o suficiente para cobrir o capital

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51

adicional, e, como conseqüência, o EVA

e a riqueza caem.

Segundo Stewart (1999), os funcionários, diante de planos convencionais,

seguem a seguinte filosofia: “Eles fingem nos pagar e nós fingimos que trabalhamos”.

Quando são corretamente planejados, planos de incentivo estimulam os funcionários a

investir de forma inteligente, a usar os bens eficientemente, para desenvolver e gerar novas

oportunidades, aumentando a performance. Já pobremente planejados, os programas de

incentivo agem como breques nas performances. Embora grandes progressos tenham sido

feitos nas ultimas duas décadas, Stewart (2002) enumerou 7 pecados que ainda vêm sendo

praticados:

1) Basear bônus em referências limitadas que podem levar ao erro. Como

exemplo dessas referências podemos citar: vendas, fluxo de caixa e margens.

Muitas vezes acabam sendo utilizadas umas no lugar das outras, gerando

bônus equivocados.

2) Limitação dos gerentes que respondem pelos bônus. Falta de conhecimento

na área financeira e também erro ou falta de treinamento vindo da diretoria.

3) Submeter o bônus ao limite de verba prevista, causando um grande

conservadorismo e metas muito fáceis de serem atingidas.

4) Comunicar mal o plano de incentivo, gerando distorções de entendimento dos

objetivos aos gerentes e funcionários.

5) Planos de incentivo convencionais são muitas vezes excessivamente

dependentes da performance de curto prazo, deixando de lado os objetivos de

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longo prazo, assim acabam não investindo em capacidades que no futuro

proporcionariam um maior horizonte.

6) Dar muita relevância ao plano de opções de ações, que custam mais caro do

que parecem, e de forma errônea padronizam, para baixo, a forma como se é

recompensada as diferentes funções da gerência. Para que os incentivos

funcionem, a empresa deve ser dividida em unidades menores e os

funcionários precisam ter a visão de proprietário, dentro da realidade de sua

área.

7) Concentrar incentivos apenas nos gerentes executivos e diretoria, ao invés de

considerar toda a equipe de funcionários e planejar incentivos que não sejam

suficientes para encorajar os funcionários a se superarem.

Kerr (1995) reforça os erros dos sistemas de incentivos convencionais,

afirmando que os mesmos são elaborados para se obter determinados objetivos

(crescimento no longo prazo; trabalho em equipe;metas negociadas e desafiadoras,

geração de valor), contudo remuneram de forma oposta aos mesmos (bônus

trimestrais e individuais baseados em metas impostas lastreadas em medidas

contábeis tradicionais)

O erro nos planos de incentivo convencionais acontece, geralmente,

desde quando são traçados seus principais objetivos. Young e O’Byrne (2003) os

definem a seguir:

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OBJETIVOS DE UM PLANO DE INCENTIVO CONVENCIONAL

1) Alinhamento de interesses da administração e dos acionistas;

Dar aos administradores a motivação para escolherem estratégias e tomarem

decisões operacionais que maximizem a riqueza dos acionistas.

2) Oferecimento de suficiente alavancagem;

A alavancagem é medida pela variabilidade das recompensas potenciais, para

motivar os gerentes a trabalharem horários mais longos, assumirem riscos e

tomarem decisões desagradáveis, como dispensar funcionários ou fechar uma

fábrica.

3) Limitação do risco de retenção;

Limitar o risco dos gerentes saírem atrás de uma melhor oferta, especialmente

em épocas de recessão setorial.

4) Manutenção dos custos dos acionistas num nível aceitável.

Esses quatro objetivos acabam entrando em contradição uns com os

outros, e requerem algumas compensações difíceis, segundo Ehrbar (1999). Por

exemplo, um plano de alavancagem extremamente elevada poderá criar um enorme

poder de incentivo, mas a alavancagem também aumenta o risco de que os

funcionários valiosos saiam em busca de uma oferta melhor em anos ruins. A alta

alavancagem alinhada com um mau alinhamento poderá acarretar custos

inaceitavelmente altos à medida que a empresa recompensa “realizações” que não

contribuam para a riqueza dos acionistas. E, para que um plano alcance baixo risco

de retenção e baixo custo para os acionistas, será necessário uma alavancagem muito

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pequena, e os executivos, por sua vez, ficarão desmotivados.

Para Ehrbar (1999), a solução para o desalinhamento entre

desempenho e recompensas, nos planos convencionais, é conceder opções com um

preço de exercício que suba a cada ano, alinhado com o custo de capital próprio.

O preço de exercício crescente assegura que gerentes não lucrem a não ser que os

acionistas também o façam, sendo que a quantidade de opções que cada executivo

recebe por ano é determinada pelo volume de seu bônus de EVA

. O gerente, na

verdade, utiliza uma parte de seu bônus para “comprar”as opções, embora sejam

contabilizadas como concessão para evitar qualquer tributação imediata. Os planos

devem ser estruturados de tal forma que os gerentes ganhem apenas quando os

acionistas também ganham. Para Stewart (2002), um programa de incentivos eficaz

é o que alinha os interesses financeiros dos funcionários com os dos acionistas,

criando uma cultura em que todos pensem como proprietários, pagando-os como

proprietários.

Bown (1999) utilizou como exemplo de um Plano de Incentivo mal

formulado, uma empresa do ramo farmacêutico, onde mais do que em qualquer

outra indústria, os acionistas precisavam que seus gerentes aplicassem um foco a

longo prazo para suas atividades. Em empresas farmacêuticas, a dedicação em

pesquisa e desenvolvimento em remédios pode levar vários anos, mas o retorno para

a empresa é substancial quando os medicamentos passam a ser comercializados.

Outro exemplo é o petróleo, que pode levar anos para ser descoberto em um local,

mas quando é achado é mais do que recompensador. Entretanto, nessa empresa

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farmacêutica, os gerentes recebiam incentivos com base nos lucros alcançados em

curto-prazo. Durante anos, quando as vendas ocorreram abaixo das expectativas, os

gerentes foram encorajados a cortar investimentos e, infelizmente, considerando os

maiores investimentos, o corte mais drástico foi justo em Pesquisa e

Desenvolvimento. Em uma empresa de remédios isso pode causar um detrimento

dramático no seu valor de mercado. Segundo Bown (1999), a combinação entre

medidas de performance baseadas em pura contabilidade com um período de curto

prazo para pagamento de bônus, efetivamente encorajam os gerentes a destruírem

valor.

Os objetivos dos planos de incentivo convencionais foram avaliados e

reformulados, segundo os conceitos de bonificação do EVA

. Segundo Young e

O’Byrne (2003), ficaram da seguinte forma:

OBJETIVOS DE UM PLANO DE INCENTIVO BASEADO NO EVA

1) Relacionar incentivos de desempenho a aumentos de riqueza para acionistas

de forma mais estreita;

2) Oferecer um foco único para a gerência de operações, para o orçamento de

capital, planejamento, avaliação de desempenho e remuneração variável;

3) Promover uma cultura de alto desempenho e propriedade onde os gerentes

tomam a iniciativa para criar valor.

Baseados no EVA

, os planos de bônus seguem um caminho

totalmente diferente dos planos tradicionais, alinhando solidamente as metas da

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gerência e dos funcionários com a criação de riqueza para os acionistas. Para Bown

(1999), um plano de incentivo baseado no EVA

dá aos gerentes vantagens muito

próximas às dos acionistas, proporcionando-lhes desempenhos por performance

ilimitados tanto positivos quanto negativos, sem tetos nem pisos. Quanto maior o

EVA

criado, maior o incentivo ou bônus recebido. Esses resultados, entretanto,

também podem ser negativos, tanto no ano vigente, quanto no acumulado em vários

anos. No caso dos ganhos de EVA

serem apenas temporários, os gerentes devem

estar preparados para arcar com o desempenho, não apenas presente, mas também

futuro.

Dar aos gerentes medidas certas de performance e auxiliá-los com

planos de incentivo claros é a melhor maneira de começar um plano de EVA

de

sucesso, segundo Stewart (2000). Os gerentes irão, desta forma, buscar integrar os

processos de gerenciamento de forma que se encaixem com o EVA

, com

significativos resultados na criação de valor. Além disso, com o EVA

, os

funcionários são incentivados continuamente através de um potencial de

crescimento e uma motivação monetária ilimitada para identificarem e realizarem

com sucesso as ações que criam riqueza adicional.

3.5.2. IMPLEMENTANDO UM PLANO DE INCENTIVO BASEADO NO

EVA

Segundo Delves (1999), 3 considerações básicas devem ser seguidas

para implementar o sistema de incentivos baseados no EVA

:

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1- Estabelecer os objetivos e o foco do plano de incentivo e ter certeza

que são alcançáveis

2- Avaliar se o EVA

está correto para o negócio da empresa

3- Desenhar um plano de incentivo que possa ser trabalhado,

compreendido e motivador

Implícito nas 3 considerações acima está a premissa de que nenhuma

medida de performance é perfeita. Ou seja: o fator humano será sempre essencial no

alcance dos objetivos.

Delves (1999) afirma que, uma vez traçados os objetivos, o foco e a

estrutura do plano de incentivo, é importante avaliar todas as situações baseadas no

EVA

e os resultados que se podem obter em cada uma delas, considerando que

inexistem chãos ou tetos, lembrando que o objetivo é a construção de valor a longo

prazo. Existem 3 situações para o pagamento do bônus de acordo com o resultado do

EVA

, segundo Stern e Shieley (2001):

1) Quando o crescimento do EVA

é alcançado segundo os objetivos é pago

100% do bônus target.

2) No caso do resultado do EVA

ser superior ao planejado considera-se,

para o acréscimo no bônus, geralmente superações a cada 50% acima do

resultado. Assim quando o resultado é 150% o bônus é duplicado, e

quando é de 200% o bônus é triplicado.

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3) Quando o EVA

alcançado é menor do que o target daquele ano, o bônus

é cortado. Normalmente, 50% do resultado alcançado gera 50% do bônus

estipulado. Um resultado abaixo de 50% não gera nenhum ganho e

quando o resultado mostra um declínio no EVA

os bônus negativos

devem ser debitados.

Para administrar esses créditos (superação do EVA

) e débitos (EVA

negativo), de uma forma eficiente, que gere valor para a empresa e incentivo para

os funcionários (de maneira que eles estivessem agindo como acionistas da

empresa), foi criado um novo sistema de remuneração de bônus que visasse o longo-

prazo, que foi denominado de Banco de Bônus.

3.5.3- O BANCO DE BÔNUS EVA

Segundo Stewart (2002), o objetivo do Banco de Bônus é associar o

bônus a mudanças permanentes na riqueza dos acionistas, e não apenas a lucros

momentâneos. Os gerentes recebem bônus por melhorias sustentadas do EVA

, que

age como um medidor a longo prazo. Decisões tomadas hoje que elevem a riqueza

da empresa em dois ou três anos serão recompensadas. Os bônus “convencionais”,

que se enquadram dentro da faixa do bônus-alvo são pagos normalmente a cada ano.

Bônus excepcionais e bônus negativos são creditados ou debitados do banco de

bônus.

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Segundo Stern e Shieley (2001), existem dois tipos de banco de bônus:

No primeiro, o bônus-alvo (dentro da meta) é pago anualmente e o

bônus excedente é depositado no banco. Em anos posteriores, resultados negativos

de EVA

são debitados do banco e acumulados ano a ano. Isso significa que os

gerentes têm sempre algo a ganhar em risco, o que os leva a exterminar qualquer

intenção de jogar com o sistema. Tudo é planejado para o pensamento de longo

prazo.

O outro tipo é o bônus total (“tudo incluído”). O bônus total é

depositado no banco de bônus, sendo que um terço pode ser retirado a cada ano.

Novamente, performance negativa leva a débitos. Nesse caso, os gerentes ficam

mais “amarrados”, já que apenas um terço do bônus pode ser retirado a cada ano e

não o total do bônus dentro da meta prevista. O risco é maior, mas existe a grande

vantagem de se ganhar a cada ano o percentual sobre o acumulado do bônus, assim,

com EVA´s positivos o ganho total vai ser sempre maior do que o do primeiro tipo

de banco. Neste tipo de bônus, se o resultado do primeiro ano é negativo, o banco

inicia com um débito. Já no bônus “dentro da meta”, o bônus simplesmente não é

pago. Por isso, a segunda opção de banco de bônus (bônus-total) é considerada por

alguns especialistas a mais vantajosa para a empresa e para o funcionário. O prazo

para se retirar o crédito do Banco de Bônus pode variar entre 5 e 10 anos, a depender

do tipo de negócio da empresa.

Como exemplo de cálculo de bônus e de banco de bônus, segundo o

EVA

, estaremos utilizando uma empresa do segmento de petróleo, onde o plano de

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60

negócios determina o objetivo anual de EVA

e, por conseguinte, os bônus de

incentivo a serem pagos.

Os bônus target para os principais executivos, segundo Stern e Shieley

(2001), podem variar de 20 a 80% com base no salário anual, a depender da posição

do executivo, dos objetivos e dos critérios adotados pela empresa. Considera-se que

,para os maiores executivos, os bônus dependem totalmente do resultado

corporativo; já para uma gerência em determinado setor, o bônus depende tanto da

performance corporativa quanto da divisional e/ou individual. Existem ainda os

fatores de performance que a empresa estipula para cada área.

No exemplo utilizado, considera-se os seguintes fatores de

ponderação:

55% para a performance corporativa, 45% para a divisional.

Abaixo seguem as premissas:

Função: Gerente Setorial Empresa de Petróleo

Bônus-alvo: 30% da base salarial

Salário Anual: 108.000

Fator de Performance Corporativa (FPC) obtida: 1,1(pouco acima do

tgt)

(Base no EVA Planejado: 100MM e EVA Alcançado: 110MM)

Fator de Performance Divisional (FPD) obtida: 0,9 (pouco abaixo do

tgt) (Base no EVA Planejado área: 50MM e EVA Alcançado: 40MM)

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61

Cálculo :

Bônus com base no EVA

: (Salário x %target x FPC) x 55%

(Salário x %target x FPC) x 45%

= (108.000 x 30% x 1,1) x 55%

(108.000 x 30% x 0,9) x 45%

= 19.602 + 13.122

= 32.724

Considerando que a empresa planejou para a gerência um bônus-alvo, cujo

valor somou 32.400, e que tem como política pagar os 100% do bônus-alvo ao ano e

depositar no banco de bônus o total restante. Neste caso, 324 ficariam depositados no banco

e no ano seguinte poderão ser debitados desse valor um bônus negativo ou creditados bônus

positivos, acompanhando a queda ou o crescimento do EVA

, podendo sacá-los do Banco

de Bônus em 5 anos.

Para Gilles (1999), a utilização do banco de bônus tem muitos aspectos

positivos. Primeiro porque foca no ganho de retorno sobre o capital investido no

negócio. Depois, porque é um cálculo flexível e pode ser aplicado a qualquer

segmento de negócio e também a qualquer divisão de negócio. Ainda; evita a

necessidade de ter uma diferente avaliação de performance por grupo ou por setor.

Mas também há algumas dificuldades a serem enfrentadas: a comunicação a respeito

de sua existência deve ser muito bem feita e esclarecida, de forma que seja algo

simples para os funcionários compreenderem, e o plano de incentivo não deve ser

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trabalhado isoladamente, é muito mais eficiente quando faz parte de uma filosofia

gerencial em toda a empresa.

A utilização de um banco de bônus, segundo Ehrbar (1999), faz com

que gerentes focalizem em projetos que criem valor duradouro, através de uma

parcela dos bônus retida como incentivo e sujeita a perdas caso seu desempenho

venha a cair. Essa combinação entre o banco de bônus e o reajuste automático de

alvos têm o efeito de ampliar o horizonte dos gerentes e encorajá-los a avaliar

investimentos em termos de seu impacto no EVA

, e nos bônus, não apenas no ano

corrente mas em anos futuros.

Para concluir pode-se citar os elemento-chave nos planos de bônus de

EVA

, segundo Stewart (2002):

- Remuneração por EVA

crescente. É a maneira mais confiável de ligar o

montante do bônus à quantidade de riqueza que a gerência cria para os

acionistas. Varia de acordo com o gerente em questão. Para CEO e altos

executivos é considerado o EVA

consolidado. Para os gerentes

operacionais, o EVA

de suas áreas específicas. Assim, o EVA

é focalizado

de acordo com os resultados de responsabilidade de cada executivo,

- Inexistência de chão ou tetos. Os gerentes podem receber uma participação

ilimitada da melhoria de EVA

, mas também podem ter bônus negativos.

- Bônus-Alvo. Um bônus competitivo baseado em práticas de remuneração de

empresas equiparáveis.

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- Banco de bônus. Como anteriormente citado, o objetivo é o de associar o

bônus a mudanças permanentes na riqueza dos acionistas e não apenas a

lucros momentâneos.

- Alvos de desempenho determinados por fórmula e não por negociação. Os

executivos ganham seu bônus-alvo quando o aumento do EVA

em valores

for igual a melhoria esperada. Deve-se considerar, para isso, dois fatores

essenciais que se diferenciam dos planos convencionais: o montante anual de

melhoria esperada é normalmente pré-determinado por períodos de

aproximadamente cinco anos ao invés de ser negociado ano a ano e a base à

qual a melhoria esperada é somada, e é automaticamente reajustada para cima

ou para baixo a cada ano em conformidade com a experiência efetiva.

Os principais efeitos de um plano de bônus baseado no EVA

, para

Ehrbar (1999), são a eliminação da remuneração variável do processo de

planejamento anual de lucros e um sensível aumento de consciência de capital por

parte dos gerentes. Assim, uma nova cultura é adotada que elimina a necessidade de

controlar o comportamento de cima para baixo. Para isso, a empresa com planos de

bônus baseados no EVA

deverá ter um sistema de incentivos que recompense os

gerentes por criarem riqueza aos acionistas e os possa punir por destruí-la, de forma

clara, objetiva e previsível.

Para exemplificar como as empresas vêm adotando o Plano de Bônus

com base no EVA

, seguem dois depoimentos de executivos de duas empresas de

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ramos completamente diferentes.

O primeiro é de Corky J. Nelson, que foi contratado para a Ryder

System, uma empresa automotiva, em abril de 1999, como CFO para ajudar a

reparar os danos após a utilização de um plano de incentivos a curto prazo mal

planejado:

"A partir de agora, educamos os funcionários a pensar a longo

prazo, em períodos de 5 anos, e a considerarem o EVA para

esse período. Como resultado, os vendedores da Ryder estão

menos ansiosos em vender, e mais atentos a gerar lucros

verdadeiros em suas vendas. Transações com EVA

positivo

estão 900% acima dos períodos anteriores, e a cada período

tem-se gerado grandes retornos para a empresa. Mas, para

isso, foi realizado um grande treinamento para toda a empresa

sobre o Valor do Capital, envolvendo todas as áreas desde o

pessoal de estoque e os técnicos que precisam decidir também

sobre as melhores opções de compra e de estoque até os mais

graduados executivos. No passado, por exemplo, um técnico

podia sugerir como uma medida preventiva, a reposição

imediata de peças automotivas aos clientes, sem considerar o

custo de emprestar um outro veiculo ao cliente enquanto o

serviço está sendo realizado. Agora pedimos que o técnico

observe o custo do item, do seu trabalho, o tempo e o que isso

nos custa, e ajudamos ele a avaliar o dilema. Não fazemos dele

um expert no EVA

, mas fazemos dele um expert em conduzir

bem o EVA.” (Corky, 2000, p. 1-4)

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A segunda opinião bastante relevante é a do CEO da gigante do ramo

farmaceutico, Eli Lilly que baseia grande parte de seus bônus no EVA

, Randall

Tobias. Tobias aconselha as demais empresas que queiram seguir o exemplo da

Lilly:

"Um dos princípios que é muito importante a se ter em mente é:

faça da maneira mais simples que puder fazer. Uma vez que os

planos são muito complicados, os funcionários não os

entendem e não atingimos o efeito desejado. Também não

subestimo o desafio de educar toda a força de trabalho no

EVA. Temos um curso de treinamento e vamos a cada país

ensinado os conceitos e utilização do EVA

. É um dos

investimentos que fazemos , mas estamos considerando-o muito

benéfico. O fato é que, com o EVA

, os resultados estão indo

cada vez melhor, excedemos a nossa meta em 95%, o que

significa que um balanço positivo foi direcionado ao Banco de

Bônus de todos”. Os acionistas também estão indo muito bem.

Desde o final de julho de 94, quando adotamos o EVA

, o

preço da ação cresceu 105%. É o que realmente conta.”

(Tobias, 1996, p. 173-174)

3.6 – RETORNO DA AÇÃO E O EVA

Um investidor, ao aplicar capital em uma determinada atividade, espera

receber mais dinheiro no futuro do que o volume investido no momento inicial. Afinal, caso

não houvesse essa expectativa, jamais um indivíduo abriria mão da liquidez corrente e da

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propensão ao consumo. Desta forma, ao investir em algo a pergunta-chave que um

investidor deve fazer é quanto vale hoje os fluxos de caixa futuros esperados na atividade.

Young e O’Byrne (2003) afirmam que esse valor é função de três principais fatores: a

magnitude dos fluxos, o momento de ocorrência e o grau de incerteza ou risco.

A magnitude significa que, se tudo permanecer constante, quanto maior

forem os fluxos de caixa esperados, maior será o retorno para o investidor. Contudo o

dinheiro possui valor / custo no tempo, desta forma é preferível receber uma garantia hoje

a ter que aguardar por ela. Logo, quanto mais próximo os fluxos estiverem do momento

presente, maior será o valor para o investidor. Uma vez que estes fluxos ocorrerão no

futuro, existirá sempre um risco ou probabilidade deles não se materializarem. Assim o

grau de incerteza associado a um fluxo de caixa futuro (e não somente o seu tamanho ou

timing) determinarão o valor adicionado gerado pelas atividades do investidor.

Shrives e Wachwicz (2001) demonstram que esses conceitos são capturados

na abordagem do fluxo de caixa descontado, através da seguinte fórmula:

t=n

FCD= FCt / (1+r)t

t= 1

Onde:

FCt = fluxo de caixa esperado no período t

r = taxa de desconto que demonstra o risco

t = período de tempo

Na equação acima, a taxa de desconto é o custo do capital ou custo de oportunidade do

investidor que indica o retorno que ele esperava receber se o dinheiro fosse aplicado em

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outra atividade de risco similar. Nesta abordagem o valor presente dos fluxos de caixa livre

menos o investimento inicial é denominado valor presente liquido ou simplesmente VPL.

Ross, Westerfield e Jaffe (2002), Damodaran (2003) e Abate, Grant e

Stewart (2004) demonstram que o valor presente de uma empresa espelhado no preço da

ação, depende diretamente de seus fluxos de caixa futuros. Eles observam que o VPL

positivo de cada projeto da empresa, indica que a taxa obtida de retorno da atividade

superou o custo de oportunidade de capital, e o conjunto destes retornos superiores são a

fonte primária da criação de valor na empresa. Desta forma temos que o valor da empresa é

igual ao capital empregado mais o valor presente liquido dos fluxos de caixa futuro.

Copeland et al. (2002) aplicou o método do fluxo de caixa descontado

em 31 empresas americanas de grande porte em 1999, com o objetivo de observar a

correlação deste processo com o valor de mercado destas organizações. Os

resultados encontrados demonstraram forte correlação do processo do fluxo de caixa

descontado,espelhado no valor presente líquido, com o valor de mercado das

companhias sendo este responsável por 92% das variações encontradas. Copeland et

al. (2002) complementou afirmando que os administradores ao utilizarem a

abordagem do fluxo de caixa descontado à avaliação de empresas, concentrado-se na

elevação de longo prazo do fluxo de caixa livre, serão recompensados com maiores

preços por ação. Ele finaliza afirmando que dar atenção aos lucros contábeis

freqüentemente leva a decisões destruidoras de valor.

Shrieves e Wachowicz (2001), Damodaran (2003), Copeland et al. (2002) e

Grant (2003), demonstraram que descontar os EVA´s futuros esperados para a organização

para o momento presente, equivale a descontar os fluxos de caixa futuros para o presente,

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isto quer dizer que o valor presente líquido (VPL) é igual aos EVAs futuros descontados.

Damodaran (2003) e Abate, Grant e Stewart (2004) colocam a seguinte expressão:

Valor da Empresa = Capital Empregado + VPL´s dos Projetos Futuros

ou

Valor da Empresa = Capital Empregado + EVAs futuros descontados

É apresentado abaixo, a avaliação de uma empresa pelo método do

fluxo de caixa descontando e pelo método do EVA, com o objetivo de ratificar os

conceitos acima:

Tabela 6 - Avaliação pelo Fluxo de Caixa Descontado

Ano Fluxo de Caixa

Livre ($ milhões) Taxa de Desconto

Valor Presente

($ milhões)

1999 331 7.5% 308

2000 349 7.5% 302

2001 364 7.5% 293

2002 379 7.5% 284

2003 395 7.5% 275

2004 412 7.5% 267

2005 429 7.5% 258

2006 447 7.5% 251

2007 466 7.5% 243

2008 485 7.5% 235

Perpetuidade 14.710 7.5% 7.138

Valor da Empresa 9.854

Numero de Ações 157

Valor por Ação 62,78

Fonte:Adaptado de Copeland et al. (2002)

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Tabela 7 - Avaliação pelo EVA

Ano EVA ($ milhões) Taxa de Desconto Valor Presente

($ milhões)

1999 283 7.5% 263

2000 292 7.5% 252

2001 304 7.5% 245

2002 316 7.5% 237

2003 329 7.5% 229

2004 343 7.5% 222

2005 357 7.5% 215

2006 372 7.5% 209

2007 387 7.5% 202

2008 403 7.5% 196

Perpetuidade 11858 7.5% 5.754

Valor Presente EVA 8.024

Capital Empregado 1.830

Valor da Empresa 9.854

Numero de Ações 157

Valor por Ação 62,78

Fonte:Adaptado de Copeland et al. (2002)

Ehrbar (1999) coloca que a criação de riqueza é determinada não pelo valor

de mercado de uma empresa e sim pela diferença entre o valor de mercado e o capital que

investidores e credores comprometeram naquela empresa. Young e O´Byrne (2003)

observam que a diferença entre o valor total de mercado e o capital total é um numero

chamado valor de mercado agregado ou MVA, logo MVA = valor de mercado – capital

total. O capital investido é o volume de recursos aportados na organização pelas fontes de

financiamento da mesma. Quando o valor de mercado, que é função das expectativas que o

mercado tem em relação aos fluxos de caixa livres futuros descontados pelo custo de

capital, exceder o capital investido, teremos MVA positivo demonstrando geração de valor

ao acionista. Ehrbar (1999) complementa afirmando que o MVA é o montante acumulado

pelo qual a empresa valorizou ou destruiu a riqueza do acionista, sendo a melhor medida

externa de desempenho da gerência por que engloba a visão de mercado da eficácia com a

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qual os gerentes utilizaram os recursos escassos que tinham sob seu controle.

O modelo do fluxo de caixa descontado através do VPL evidencia a análise

da geração de valor nos projetos de investimento. Se imaginarmos que uma empresa nada

mais é que a soma de projetos de investimentos, temos que o MVA é a estimativa do

mercado de valor presente líquido agregado de todos estes projetos. Da mesma forma que o

valor presente líquido subtrai o investimento inicial, o cálculo do MVA toma o valor bruto

do mercado e dele diminui o capital investido na organização até o momento da sua

mensuração. Desta forma, Stewart (1991), Grant (2003) e Abate, Grant & Stewart (2004)

demonstram que o MVA é igual ao VPL da empresa, que por sua vez reflete o valor

presente dos EVA´s futuros, logo eles concluem que:

Valor de Mercado = capital investido + valor presente líquido (VPL)

ou

Valor de Mercado = capital investido + MVA

ou

Valor de Mercado = capital investido + valor presente dos EVAs futuros

Stewart (1991) e Ehrbar (1999) colocam que o MVA de uma empresa é o

valor presente do montante pelo qual investidores esperam que os lucros futuros excedam

ou fiquem aquém do custo de capital, desta forma o lucro que determina o MVA é o

EVA. Logo gerenciar por EVAs futuros mais elevados significa gerenciar por um MVA

mais elevado. Grant (2003) complementa, afirmando que na medida em que o cenário pelo

qual a empresa esta passando refletir retornos abaixo do custo de capital ou perspectiva de

EVA negativo o preço das ações deveram apresentar retornos negativos e tendo a

situação inversa e tendência será uma valorização no preço das ações.

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A consultoria Stern Stewart realizou uma série de testes empíricos do

relacionamento entre o EVA e o MVA. Ela utilizou a base de dados da Performance

1000, que classifica 1000 empresas norte americanas por MVA. Ao final do trabalho ela

constatou que o EVA explica cerca da metade da variação do MVA. A figura 8

demonstra como as várias medidas de desempenho explicam as oscilações no MVA:

Figura 8- Como as Medidas de Desempenho Explicam Variações de MVA

Fonte: Ehrbar (1999)

Ehrbar (1999) lista alguns exemplos a onde a relação entre o MVA e o

EVA se demonstram bastante claras. A figura 9 ilustra estes exemplos:

Figura 9 – Relação Entre MVA e EVA

Fonte: Ehrbar (1999)

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O caso da IBM é o que ilustra de forma mais dramática este relacionamento.

Seu EVA chegou ao pico em 1984, em aproximadamente US$ 4,7 bilhões e depois caiu

até US$ 204 milhões em 1989, acompanhando a queda do MVA de US$ 50 bilhões em

1985 até perto de zero em 1989. O EVA espelhou corretamente o momento da IBM,

enquanto que os lucros por si só não conseguiram demonstrar. Os lucros chegaram ao pico

de US$ 6,6 bilhões em 1985, mas ainda estavam em US$ 5,8 bilhões em 1989.

Apesar da existência do relacionamento direto, descrito acima, entre o valor

presente líquido (VPL), EVA, MVA e o valor de mercado da empresa, a literatura sobre o

EVA e o retorno das ações tem apresentado resultados distintos quanto a existência de

correlação entre estes dois fatores. Dentro deste contexto encontramos estudos que

observaram uma positiva e significativa correlação entre EVA e MVA (Walbert, 1994;

Stewart,1991) e entre EVA e o retorno das ações (O´Byrne,1997). Tully

(1993,1994,1998) coloca que uma das principais forças do EVA é a forte ligação com o

nível dos preços das ações. Ele observou esta ligação através de depoimentos de diretores

financeiros de grandes companhias norte-americanas, como AT&T, que calculou o EVA

de sua companhia desde 1984, e constatou uma forte correlação com o preço da ação e

através do fato do EVA ser a medida que mais se relaciona diretamente com o MVA .

Ele concluiu que isto ocorre em função do mercado valorizar o valor presente liquido das

operações da empresa, em vez de ganhos por ação.

Lehn e Makhija (1996) estudaram o relacionamento entre o MVA e o EVA

como medidas de performance e direcionadores de mudanças estratégicas. Eles

selecionaram 214 companhias norte-americanas durante o período de 1987, 1988, 1992 e

1993 e encontraram uma correlação positiva entre o MVA e o EVA e o retorno das ações,

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demonstrando um relacionamento mais próximo que medidas contábeis tradicionais como

retorno sobre ativos, retorno sobre patrimônio e retorno sobre vendas. Estudos empíricos

desenvolvidos por Grant(1996) demonstram que o EVA tem um significativo impacto

sobre o valor de mercado agregado (MVA) das empresas. Ele encontrou que 32% da

variação do MVA é explicada pelo EVA e que a variação do MVA explica 83% do

processo de criação de riqueza das 50 maiores empresas americanas no ano de 1993.

Estudos feitos por Stewart, Ellis e Budington (2002) demonstram que no

período compreendido entre 24 de março de 2000 e 30 de junho de 2002, empresas que

utilizavam o EVA como medida de desempenho, ferramenta de decisão e sistema de

remuneração obtiveram 91,3% acima do benchmark S&P500 e 39,5% acima das

concorrentes. O mesmo estudo foi repetido abrangendo o período de cinco anos, partindo

de 01 de julho de 1997 a 30 de junho de 2002, e foi constatado que as empresas que

utilizavam o EVA como medida de desempenho, ferramenta de decisão e sistema de

remuneração obtiveram 44,8% acima do benchmark S&P500 e 57,3% acima das

concorrentes. As figuras 10 e 11 ilustram os resultados encontrados:

Figura 10 – Retorno Total do Mercado e Empresas EVA - 24/03/ 2000 a 30/06/2002

Fonte: Stewart, Ellis e Budington (2002)

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Figura 11 – Retorno Total do Mercado e Empresas EVA - 01/07/1997 a 30/06/2002

Fonte: Stewart, Ellis e Budington (2002)

Dodd e Chen (1996) analisaram a correlação entre o retorno das ações e

diferentes medidas de performance corporativa incluindo: EVA, Lucro Residual, Retorno

sobre o Ativo, Lucros por Ação e Retorno sobre o Patrimônio. O estudo foi baseado em

566 companhias norte-americanas durante o período de 1983-1992. Eles concluíram que o

Retorno sobre o Ativo é a métrica que melhor explica a variação dos preços das ações

apresentando R de 24.5% . As demais métricas apresentaram os seguintes R´s:

EVA=20.2%, Lucro Residual=19.4%, Lucros por Ação e Retorno sobre o Patrimônio

aproximadamente de 5 a 7%. Dodd e Chen (2001) ampliaram a sua pesquisa incluindo o

lucro operacional e aumentaram o numero de companhias norte-americanas para 1000

tendo como base de dados a Stern Stewart 1000, durante o ano de 1992. Eles concluíram

que apesar do modelo conceitual teórico suportar uma correlação mais forte do EVA com

o retorno das ações, os testes empíricos apontam o contrário, tendo o lucro operacional com

R´s superiores aos do EVA. A figura 12 abaixo demonstra a conclusão dos testes:

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Figura 12 – Grau de Relevância das Métricas para o Retorno das Ações

Fonte: Adaptado de Dodd e Chen (2001)

Kramer e Peters (2001) usaram a base de dados Stern Stewart 1000,

abrangendo o período 1978-1996, com o objetivo de verificar a correlação entre o MVA e

EVA. Eles agruparam as empresas em 53 industrias utilizando a classificação da Standard

& Poor´s. Ao final do estudo eles concluíram que o lucro operacional pós efeitos tributários

(NOPAT) melhor explica as variações no valor de mercado agregado das companhias do

que o EVA, pois em apenas 10 indústrias o EVA supera o lucro operacional pós efeitos

tributários (NOPAT). Farsio, Degel e Degner (2001) utilizaram a base de dados Stern

Stewart 1000 para o período de 1998-1999, selecionando as companhias que faziam parte

do índice Standard & Poor´s 500 (S&P 500) e o Dow Jones Industrial Average (DJIA) com

o objetivo de testar a relação entre o retorno das ações e o EVA. Como resultado eles

obtiveram uma fraca relação entre o EVA e o retorno total das ações. Bernstein

(1997;1998) realizou testes empíricos sobre a eficiência do EVA e MVA em promover

Lucro Operacional

Lucro

Residual

Eva® - Economic Value Added

Modelo

Conceitual

Baixo

Valor

Alto

Valor

Resultado

Empírico

Alto Valor

Baixo

Valor

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76

uma melhor performance nos retornos das ações. Para isso, selecionou uma carteira

hipotética de ações com alto desempenho em EVA e MVA durante o período de 1987-

1997. Bernstein (1997;1998) concluiu que uma seleção de carteira de ações baseado em

EVA e MVA resulta em menores retornos que uma seleção baseada em métricas de

lucros.

Ehrbar (1999) e Makelainen (2004) colocam que, como os preços das ações

são baseados puramente em expectativas futuras de mudanças nos fluxos de caixa futuros

descontados, os níveis absolutos de EVA e MVA não são tão importantes nas explicações

dos retornos das ações como a mudança ou variações nas expectativas de geração futura de

EVA. Movimentações nos níveis atuais de EVA servem como indicadores de tendência

futura de EVA, logo possuem relação com os retornos das ações.

Abate, Grant e Stewart (2004) apontam duas razões principais para o

EVA ser considerado relevante no processo de análise do retorno das ações, são elas: a

qualidade dos lucros contábeis e o valor presente líquido. Primeiro, o EVA mede o lucro

que a companhia teve acima do custo do capital total empregado, enquanto que o lucro

contábil não considera o custo do capital próprio na sua análise, item este, considerado

chave para as companhias orientadas para a geração de valor. Segundo, os lucros

econômicos estão diretamente relacionados com a criação de riqueza na companhia em

função da relação intrínseca com o valor presente liquido da empresa.

Estas constatações corroboram com a idéia de Stern (1974) que os mercados

eficientes buscam valorizar os ativos da forma mais precisa, utilizando todo o conjunto de

informações disponíveis, buscando, assim, premiar as organizações que são orientadas e

gerenciadas para a criação de valor.

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77

4 – APLICAÇÃO PRÁTICA

4.1- METODOLOGIA

A definição do tipo de pesquisa é condição básica para a escolha da

metodologia adequada para atingir os objetivos propostos. Considerando os critérios

definidos por Vergara (1998), é possível definir a pesquisa quanto aos fins como empírica e

descritiva, e quanto aos meios, a pesquisa se caracteriza por ser telematizada já que as

informações são coletadas através de banco de dados e sistemas computacionais. A

pesquisa também é bibliográfica, pois é suportada em publicações especializadas,livros e

periódicos. Serão utilizados métodos quantitativos baseados em cálculos estatísticos de

regressão linear.

Com a finalidade de atingir os objetivos primários da pesquisa, serão

levantadas as cotações em bolsa da ação da Petrobras para mensurar os retornos obtidos no

período, e a partir das demonstrações financeiras divulgadas pela empresa e informações

publicadas sobre o ativo livre de risco, beta e prêmio de risco, serão elaborados os cálculos

para mensurar o EVA. Para atingir os objetivos intermediários, serão obtidos os lucros

contábeis divulgados e os valores de mercado agregados. A amostra, não probabilística,

será composta de 30 observações compreendendo o período de 1997 a 2004, analisando as

informações ao final de cada trimestre.

De acordo com as pesquisas levantadas na sessão anterior, serão realizadas

regressões entre o retorno da ação e os níveis absolutos de EVA e entre o retorno da ação

e as variações de EVA no período. Adicionalmente serão examinadas a correlação entre o

MVA e o retorno da ação, MVA e EVA e lucro por ação e o retorno da ação.

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4.2 - A EMPRESA

A Petrobras é uma sociedade anônima de capital aberto, que atua de forma

integrada e especializada nos seguintes segmentos relacionados á industria de óleo, gás e

energia: exploração e produção; refino, comercialização, transporte e petroquímica;

distribuição de derivados; gás natural e energia.

Criada em 1953, através da Lei 2.004, a Petrobras é hoje a 15a maior

companhia de petróleo do mundo, segundo os critérios da publicação Petroleum

Intelligence Weekly. A União Federal detém 32,6% do total do capital social da Petrobrás,

sendo que 55,7% das ações ordinárias estão sob seu poder, fato este que lhe dá o controle

das operações da empresa (www.petrobras.com.br, 01/09/2004).

No contexto de abertura do setor petrolífero brasileiro, decretado pela Lei

9.478 em 1997, a Petrobras vem mantendo seu crescimento e liderança no país, preparando-

se para tornar-se uma companhia de energia com atuação internacional. Sua missão é atuar

de forma segura e rentável nas atividades da industria de óleo, gás e energia, nos mercados

nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços de qualidade, respeitando o meio

ambiente, considerando os interesses dos seus acionistas e contribuindo para o

desenvolvimento do país. Sua visão para 2015 é ser uma empresa integrada de energia com

forte presença internacional e líder na América Latina, atuando com foco na rentabilidade e

na responsabilidade social e ambiental. Através da Área de Negócios Internacional, a

empresa atua em nove países da América e África nas áreas de: Exploração e Produção;

Refino, Transporte e Comercialização; Distribuição; Gás e Energia

(www.petrobras.com.br, 01/09/2004).

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A Petrobras possui as seguintes vantagens competitivas: posição de mercado

dominante na produção, refino e transporte de petróleo bruto e produtos derivados de

petróleo no Brasil; base das reservas e vida de reserva comparativamente longa;

especialização tecnológica em águas profundas; eficiências de custo criado por operações

em grande escala combinadas com integração vertical dentro de cada um dos segmentos de

negócio; posição forte nos potencialmente crescentes mercados de gás natural do Brasil; e

sucesso na atração de parceiros internacionais em todas as atividades

(www.petrobras.com.br, 01/09/2004).

A seguir, é apresentada na figura 13 a evolução dos indicadores operacionais

e financeiros da Petrobras durante o período de 1999 a 2003.

Figura 13- Destaques Petrobras

4.3 – CÁLCULOS

Com base nas definições de Damodaran (1997) e Young e O’Byrne (2003)

para o custo médio ponderado de capital, foi obtido as taxas de bônus do governo

americano de 10 anos com o objetivo de representar o ativo livre de risco, para o prêmio de

risco foi calculado a diferença de retorno médio anual entre o índice do mercado de ações,

o dow jones, e a taxa libor de 90 dias composta como proxy do ativo livre de risco, quanto

ao beta, foi calculado as regressões anuais entre os retornos da ação da Petrobras e os

Indicadores 1999 2000 2001 2002 2003

Produção de Oleo e Gás (boed milhão) 1,4 1,5 1,6 1,8 2,0

Reserva Provada de Oléo e Gás SEC (bilhões de boe) 9,6 9,8 9,3 10,5 11,6

Lucro Líquido Consolidado (US$ Milhões) USGAAP 727 5.342 3.491 2.311 6.559

ROCE Consolidado % 10,2 25,5 17,6 22 24

Lucro/Ação (US$/ação) USGAAP 0,7 4,9 3,2 2,1 6,0

% Yield Ação da Petrobras ON 2,0 4,6 6,3 4,8 6,2

Fonte: (http://www2.petrobras.com.br/InformacoesFinanceiras/RelatorioAnual/RelatorioAnual.asp)

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retornos do índice de mercado ibovespa. Foi utilizado a base de dados do Federal Reserve

Bank para obtenção das taxas de bônus do governo americano de 10 anos, e a base de

dados Bloomberg para obtenção do cálculo do prêmio de risco e do beta. Com base nas

demonstrações financeiras divulgadas pela empresa, foi feita a divisão entre as despesas

financeiras anuais e o estoque da divida de cada período, com o objetivo de representar o

custo médio de capital de terceiros, e foi observado a relação de capital próprio e de

terceiros para fins de ponderação entre o custo do capital próprio e o de terceiros. A tabela

8 apresenta os cálculos do custo de capital próprio, a tabela 9 apresenta os cálculos do custo

de capital de terceiros e a tabela 10 apresenta os cálculos do custo médio ponderado de

capital da Petrobras

Tabela 8 – Custo do Capital Próprio

Fonte: Bloomberg e Federal Reserve Bank

Tabela 9 – Custo do Capital de Terceiros

Fonte: Demonstrações Financeiras Consolidadas Petrobras

Anos

Taxa Livre

de Risco %

Premio

Pelo Risco

%

Beta

Custo do

Capital

Próprio %1997 5.80 5.20 1.01 11.05

1998 4.70 8.31 0.94 12.51

1999 6.30 9.00 0.88 14.22

2000 5.20 8.81 0.63 10.75

2001 5.10 7.51 0.61 9.68

2002 4.00 5.64 0.85 8.79

2003 4.25 4.50 0.80 7.85

2004 4.62 5.92 0.79 9.30

Anos

Desp.Finan/

Divida %

Imposto %

(IR/CSSL)

Custo do

Capital de

Terceiros %1997 8.1 34 5.35

1998 7.9 34 5.21

1999 9.4 34 6.20

2000 9.8 34 6.47

2001 7.1 34 4.69

2002 5.1 34 3.37

2003 4.7 34 3.10

2004 5.1 34 3.37

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Tabela 10 – Custo Médio Ponderado de Capital

Fonte: Demonstrações Financeiras Consolidadas Petrobras

Com base nas definições de Ehrbar (1999) para o cálculo do EVA, foi obtido o

lucro operacional pós efeitos tributários a partir das informações trimestrais divulgadas pela

Petrobras para a comissão de valores mobiliários (CVM), e o capital empregado foi obtido

através da soma entre o patrimônio líquido e as fontes de captação onerosas de curto e longo

prazo, tendo a base de dados economatica como fonte. De acordo com as observações feitas

por Young (1999), foi evitada a realização de ajustes contábeis nos números oficiais

divulgados, desta forma, o lucro operacional pós-efeitos tributários foi calculado a partir do

lucro operacional divulgado menos o resultado financeiro e a equivalência patrimonial,

assumindo como alíquota média de imposto de renda e contribuição social o valor de 34%. A

Tabela 11 apresenta os cálculos efetuados para o EVA:

Custo do

Capital Próprio

%

Custo do

Capital de

Terceiros %

% de

Capital

Próprio

% de Capital

de Terceiros

Custo Médio

Ponderado

de Capital % (

ao ano)

Custo Médio

Ponderado de

Capital % ( ao

trimestre)1997 11.05% 5.35% 66% 34% 9.1% 2.3%

1998 12.51% 5.21% 64% 36% 9.9% 2.5%

1999 14.22% 6.20% 48% 52% 10.1% 2.5%

2000 10.75% 6.47% 59% 41% 9.0% 2.2%

2001 9.68% 4.69% 61% 39% 7.7% 1.9%

2002 8.79% 3.36% 53% 47% 6.2% 1.6%

2003 7.85% 3.10% 54% 46% 5.7% 1.4%

2004 9.30% 3.37% 58% 42% 6.8% 1.7%

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Tabela 11 – Cálculo do EVA

Período

Lucro Operacional Pós Efeitos Tributários -

R$ Milhões (1)

Capital Empregado -

R$ Milhões (2)

Custo Médio Ponderado de Capital % ao trimestre (3)

EVA = (1-(2*3)) R$ Milhões

1 Trimestre 1997 95 28,067 2.3% (544)

2 Trimestre 1997 187 28,552 2.3% (463)

3 Trimestre 1997 226 30,338 2.3% (465)

4 Trimestre 1997 284 34,499 2.3% (502)

1 Trimestre 1998 93 30,803 2.5% (668)

2 Trimestre 1998 286 31,129 2.5% (483)

3 Trimestre 1998 29 31,480 2.5% (748)

4 Trimestre 1998 251 35,841 2.5% (635)

1 Trimestre 1999 (1,755) 38,029 2.5% (2,710)

2 Trimestre 1999 335 39,923 2.5% (668)

3 Trimestre 1999 568 48,505 2.5% (650)

4 Trimestre 1999 2,357 49,063 2.5% 1,125

1 Trimestre 2000 2,348 50,679 2.2% 1,209

2 Trimestre 2000 2,173 52,927 2.2% 983

3 Trimestre 2000 2,328 54,403 2.2% 1,105

4 Trimestre 2000 2,011 54,920 2.2% 776

1 Trimestre 2001 1,808 57,140 1.9% 703

2 Trimestre 2001 2,174 54,604 1.9% 1,119

3 Trimestre 2001 1,149 58,636 1.9% 16

4 Trimestre 2001 2,571 58,427 1.9% 1,442

1 Trimestre 2002 963 58,711 1.6% 47

2 Trimestre 2002 1,402 63,180 1.6% 417

3 Trimestre 2002 548 73,410 1.6% (597)

4 Trimestre 2002 3,342 74,049 1.6% 2,187

1 Trimestre 2003 5,991 83,097 1.4% 4,814

2 Trimestre 2003 6,043 97,762 1.4% 4,659

3 Trimestre 2003 4,260 103,348 1.4% 2,796

4 Trimestre 2003 3,883 107,469 1.4% 2,361

1 Trimestre 2004 4,671 111,049 1.7% 2,782

2 Trimestre 2004 4,105 116,644 1.7% 2,120

Fonte: Economatica e Demonstrações Financeiras Consolidadas Petrobras

De acordo com os conceitos de Grant (2003) para o MVA, foi obtido o numero

médio de ações ordinárias e preferenciais em circulação e efetuada a multiplicação pelos

respectivos preços de fechamento em cada período, com o objetivo de obter o valor de

mercado da Petrobras. O capital empregado foi obtido através da soma entre o patrimônio

líquido e as fontes de captação onerosas de curto e longo prazo. A base de dados utilizada

para estes cálculos foi a economatica. A tabela 12 apresenta os cálculos do MVA:

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Tabela 12 – Cálculo do MVA

Período

Numero De Ações

Ordinarias

Numero De Ações

Preferenciais

Preço Ações

Ordinarias

R$

Preço Ações Preferenciais

R$

Valor de Mercado -

R$ Milhões

(1)

Capital Empregado

- R$

Milhões (2)

MVA =(1)-(2) R$

Milhões

1 Trimestre 1997 634,168,418 451,935,669 12.53 15.48 14,944 28,067 (13,123)

2 Trimestre 1997 634,168,418 451,935,669 17.88 21.99 21,281 28,552 (7,271)

3 Trimestre 1997 634,168,418 451,935,669 18.57 22.95 22,147 30,338 (8,192)

4 Trimestre 1997 634,168,418 451,935,669 14.05 19.20 17,586 34,499 (16,913)

1 Trimestre 1998 634,168,418 451,935,669 15.62 20.39 19,123 30,803 (11,680)

2 Trimestre 1998 634,168,418 451,935,669 11.49 16.18 14,596 31,129 (16,533)

3 Trimestre 1998 634,168,418 451,935,669 4.82 9.18 7,208 31,480 (24,272)

4 Trimestre 1998 634,168,418 451,935,669 5.67 10.31 8,253 35,841 (27,588)

1 Trimestre 1999 634,168,418 451,935,669 15.00 18.49 17,869 38,029 (20,160)

2 Trimestre 1999 634,168,418 451,935,669 15.16 21.36 19,268 39,923 (20,655)

3 Trimestre 1999 634,168,418 451,935,669 17.77 22.29 21,341 48,505 (27,163)

4 Trimestre 1999 634,168,418 451,935,669 31.58 35.73 36,176 49,063 (12,887)

1 Trimestre 2000 634,168,418 451,935,669 35.41 37.32 39,325 50,679 (11,354)

2 Trimestre 2000 634,168,418 451,935,669 42.64 43.09 46,517 52,927 (6,410)

3 Trimestre 2000 634,168,418 451,935,669 44.43 41.67 47,007 54,403 (7,397)

4 Trimestre 2000 634,168,418 451,935,669 39.04 36.20 41,114 54,920 (13,806)

1 Trimestre 2001 634,168,418 451,935,669 43.30 38.94 45,058 57,140 (12,082)

2 Trimestre 2001 634,168,418 451,935,669 50.57 44.76 52,300 54,604 (2,303)

3 Trimestre 2001 634,168,418 451,935,669 45.27 43.37 48,309 58,636 (10,327)

4 Trimestre 2001 634,168,418 451,935,669 44.92 43.24 48,029 58,427 (10,398)

1 Trimestre 2002 634,168,418 451,935,669 54.41 50.73 57,433 58,711 (1,278)

2 Trimestre 2002 634,168,418 451,935,669 47.05 43.13 49,327 63,180 (13,853)

3 Trimestre 2002 634,168,418 451,935,669 35.68 32.41 37,278 73,410 (36,132)

4 Trimestre 2002 634,168,418 451,935,669 47.89 41.72 49,226 74,049 (24,823)

1 Trimestre 2003 634,168,418 462,369,507 47.55 43.20 50,131 83,097 (32,967)

2 Trimestre 2003 634,168,418 462,369,507 52.06 47.39 54,924 97,762 (42,838)

3 Trimestre 2003 634,168,418 462,369,507 61.65 56.47 65,207 103,348 (38,141)

4 Trimestre 2003 634,168,418 462,369,507 82.07 74.34 86,420 107,469 (21,048)

1 Trimestre 2004 634,168,418 462,369,507 97.15 85.50 101,142 111,049 (9,907)

2 Trimestre 2004 634,168,418 462,369,507 85.70 77.31 90,094 116,644 (26,549)

Fonte: Economatica

Através da base de dados economatica foi obtida o retorno da ação no

período, tendo como referência o preço de fechamento da ação preferencial da Petrobras, e

o lucro por ação. A tabela 13 demonstra estas informações:

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Tabela 13 – Retorno da Ação e o Lucro Por Ação

Período

Retorno da

Ação %

Lucros Por

Ação (R$)

1 Trimestre 1997 33% 0.06

2 Trimestre 1997 42% 0.16

3 Trimestre 1997 4% 0.83

4 Trimestre 1997 -16% 0.36

1 Trimestre 1998 6% 0.15

2 Trimestre 1998 -21% 0.27

3 Trimestre 1998 -43% 0.10

4 Trimestre 1998 12% 0.76

1 Trimestre 1999 79% -1.42

2 Trimestre 1999 16% 0.44

3 Trimestre 1999 4% 0.33

4 Trimestre 1999 60% 2.27

1 Trimestre 2000 4% 2.13

2 Trimestre 2000 15% 2.04

3 Trimestre 2000 -3% 2.01

4 Trimestre 2000 -13% 2.98

1 Trimestre 2001 8% 2.10

2 Trimestre 2001 15% 2.89

3 Trimestre 2001 -3% 1.50

4 Trimestre 2001 0% 2.60

1 Trimestre 2002 17% 0.80

2 Trimestre 2002 -15% 1.87

3 Trimestre 2002 -25% 2.18

4 Trimestre 2002 29% 2.60

1 Trimestre 2003 4% 5.06

2 Trimestre 2003 10% 3.49

3 Trimestre 2003 19% 4.89

4 Trimestre 2003 32% 2.75

1 Trimestre 2004 15% 3.62

2 Trimestre 2004 -10% 3.50

Fonte: Economatica

Seguindo os estudos examinados na seção anterior, foi utilizada a regressão

linear como a ferramenta para quantificar as relações entre:

- Retornos da Ação e o EVA

- Retornos da Ação e Variação do EVA - Retornos da Ação e o MVA

- Retornos da Ação e Variação do MVA

- Retornos da Ação e o Lucro por Ação

- MVA e o EVA

Os resultados atingidos serão apresentados no próximo tópico.

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85

4.4 – RESULTADOS

Os resultados encontrados nas regressões estabelecidas entre os retornos da

ação e o EVA do período e os retornos da ação e a variação do EVA em cada período,

demonstram uma fraca correlação tendo como coeficientes de determinação R2 ajustado de

-0.0341 para o EVA absoluto do período e de –0.0364 para a variação do EVA no

período.Foram analisados os resíduos, e os mesmos possuem distribuição normal e

variância constante. Estes resultados corroboram o entendimento de Ross, Westerfield e

Jaffe (2002) que o retorno da ação depende de oscilações nos fluxos de caixa futuros, não

estando diretamente relacionadas com níveis absolutos e variações de curto prazo do

EVA. Os valores estatísticos encontrados nestes testes estão demonstrados nas tabelas 14

e 15 abaixo:

Tabela 14 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e o EVA

Tabela 15 –Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e a Variação do EVA

Estimativas dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.0390 Coeficientes 0.096026958 -5.79194E-06

R2 0.0015 Desvio-Padrão 0.050202173 2.80632E-05

R2 Ajustado -0.0341 Estatística t 1.912804828 -0.20638882

Desvio-Padrão 0.2519 P-valor 0.066051133 0.837980643

Observações 30 Abaixo 95% -0.006807646 -6.3277E-05

Acima 95% 0.198861562 5.16931E-05

Estatisticas da Regressão

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.0248 Coeficientes 0.083115394 5.33632E-06

R2 0.0006 Desvio-Padrão 0.047003718 4.13583E-05

R2 Ajustado -0.0364 Estatística t 1.768272757 0.129026732

Desvio-Padrão 0.2523 P-valor 0.088314535 0.898292857

Observações 29 Abaixo 95% -0.013328204 -7.95238E-05

Acima 95% 0.179558992 9.01964E-05

Estatisticas da Regressão

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86

Para as regressões executadas entre o retorno da ação da petrobras e o MVA,

foi encontrado uma forte correlação entre as variações do MVA no período e o retorno da

ação. O fator de determinação R2 ajustado foi de 0.5062 e o P-valor, para um intervalo de

confiança de 95%, foi inferior a 5% validando a relação. Para a regressão entre o retorno da

ação da petrobras e o nível absoluto do MVA foi encontrada uma baixa correlação, tendo

como fator de determinação R2 ajustado de –0.0171. Foram analisados os resíduos, e os

mesmos possuem distribuição normal e variância constante. Os resultados obtidos estão em

linha com o entendimento de Stewart (1991) e Grant (2003), os quais afirmam que os

retornos das ações dependem das perspectivas de EVA´s futuros refletidos nas variações de

MVA .Os valores estatísticos encontrados nestes testes estão demonstrados nas tabelas 16 e

17 abaixo:

Tabela 16 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e a Variação do MVA

Tabela 17 – Regressão entre o Retorno da Ação da Petrobras e o MVA

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.7237 Coeficientes 0.092385536 1.89632E-05

R2 0.5238 Desvio-Padrão 0.032380161 3.47977E-06

R2 Ajustado 0.5062 Estatística t 2.853152477 5.449569221

Desvio-Padrão 0.1742 P-valor 0.008208886 9.12394E-06

Observações 29 Abaixo 95% 0.025946978 1.18234E-05

Acima 95% 0.158824094 2.61031E-05

Estatisticas da Regressão

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.1340 Coeficientes 0.14664188 3.11167E-06

R2 0.0180 Desvio-Padrão 0.089097276 4.34842E-06

R2 Ajustado -0.0171 Estatística t 1.645862661 0.715585361

Desvio-Padrão 0.2498 P-valor 0.110972836 0.480172694

Observações 30 Abaixo 95% -0.035865822 -5.79568E-06

Acima 95% 0.329149581 1.2019E-05

Estatisticas da Regressão

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87

Com o objetivo de validar a relação entre o MVA e o EVA foram

realizadas regressões entre seus valores no mesmo período, e entre eles, trazendo

sistematicamente para o primeiro período os EVA’s subseqüentes. Os resultados

encontrados demonstram que os níveis de MVA dependem dos valores de EVA´s futuros

pois na medida que aproximamos os EVA´s dos períodos seguintes do MVA corrente, os

fatores de determinação R2 ajustados aumentam. Foram analisados os resíduos, e os

mesmos possuem distribuição normal e variância constante.Estes resultados estão em linha

com o entendimento de Ehrbar (1999), que afirma que gerenciar por EVA´s futuros mais

elevados significa gerenciar por um MVA mais elevado e por conseqüência obter retornos

mais elevados das ações, garantindo assim a criação de riqueza para o acionista. Nas tabelas

18,19 e 20 são apresentados os valores estatísticos destes relacionamentos:

Tabela 18 – Regressão entre o MVA e o EVA Corrente

Tabela 19 – Regressão entre o MVA Corrente e o EVA do primeiro período

subseqüente

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.3441 Coeficientes -16021.64746 -2.202147027

R2 0.1184 Desvio-Padrão 2031.639238 1.135695689

R2 Ajustado 0.0869 Estatística t -7.886069119 -1.939029133

Desvio-Padrão 10193 P-valor 1.37053E-08 0.062635977

Observações 30 Abaixo 95% -20183.27645 -4.5285168

Acima 95% -11860.01846 0.124222746

Estatisticas da Regressão

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.3987 Coeficientes -15355.64668 -2.545929445

R2 0.1590 Desvio-Padrão 2047.211178 1.126905565

R2 Ajustado 0.1278 Estatística t -7.500763405 -2.259221645

Desvio-Padrão 10010 P-valor 4.54822E-08 0.03215073

Observações 29 Abaixo 95% -19556.17424 -4.858147124

Acima 95% -11155.11913 -0.233711766

Estatisticas da Regressão

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88

Tabela 20 – Regressão entre o MVA Corrente e o EVA do segundo período

subseqüente

Para a medida contábil tradicional de lucro por ação não foi encontrado uma

relação válida com o retorno da ação da Petrobras. As regressões estabelecidas entre os

níveis correntes de lucro por ação e o retorno da ação, bem como a variação no período do

lucro por ação com retorno da ação do período, demonstraram coeficientes de determinação

R2 ajustados de –0.0185 e de –0.01787 e o P-valor de 0.4971 e de 0.4819 respectivamente.

5 – CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O presente estudo buscou descrever e analisar o EVA como uma

ferramenta de gestão cujo foco principal é a geração de valor para o acionista. A principal

pergunta da pesquisa: será que o retorno da ação da Petrobrás tem uma correlação com o

processo de geração de valor proposto pelo EVA ? , é respondida com a afirmação de

Ehrbar (1999) que gerir a organização objetivando alcançar EVA´s futuros mais elevados,

equivale a garantir um valor de mercado adicionado (MVA) mais elevado e por

conseqüência retornos da ação mais elevados. Os resultados dos testes estatísticos

comprovaram esta relação e detectaram que o MVA possui uma forte correlação com os

Estimativas

dos

Parâmetros

Coeficiente

Linear

Coeficiente

Angular

Correlação 0.4911 Coeficientes -15030.69001 -3.139131898

R2 0.2412 Desvio-Padrão 2016.623961 1.091987151

R2 Ajustado 0.2120 Estatística t -7.453392553 -2.874696735

Desvio-Padrão 9604 P-valor 6.49496E-08 0.007960238

Observações 28 Abaixo 95% -19175.92265 -5.383745105

Acima 95% -10885.45738 -0.894518691

Estatisticas da Regressão

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retornos das ações da Petrobras explicando cerca de 50% das variações ocorridas no

período. Conforme demonstrado na pesquisa, o MVA é igual aos EVA´s futuros

descontados para o valor presente, logo os EVA´s futuros explicam cerca de 50% das

variações ocorridas no período. Os resultados encontrados estão em linha com os estudos

desenvolvidos por Grant(1996), o qual encontrou que 32% da variação do MVA é

explicada pelo EVA, e que a variação do MVA explica 83% do processo de criação de

riqueza das 50 maiores empresas americanas no ano de 1993. De acordo com os estudos

desenvolvidos por Stewart, Ellis e Budington (2002), acredita-se que quando a Petrobras

adotar oficialmente o EVA como ferramenta de gestão e peça chave para a tomada

decisão, implementando um plano de incentivo vinculado ao EVA, os resultados da

correlação entre o retorno da ação e o EVA sejam mais elevados.

Tendo em vista as conclusões deste trabalho, recomenda-se a aplicação desta

pesquisa em empresas que adotaram de forma oficial o EVA como ferramenta de gestão,

avaliando o retorno das ações no período anterior e posterior a implementação. Espera-se

que o presente estudo tenha contribuído, de alguma forma, para reflexões sobre o tema, que

sirva como pesquisa e suscite em futuros trabalhos sobre o assunto.

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6 – GLOSSÁRIO

Beta – Medida de sensibilidade de um título a movimentos da carteira de mercado

Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) – O custo médio de capital dos

projetos e atividades existentes de uma empresa. O custo médio ponderado de capital da

empresa é calculado ponderando-se o custo de cada fonte de fundos por sua proporção no

valor total da empresa.

EBITDA – Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

EVA – O valor econômico adicionado é uma medida de desempenho baseado no

conceito de lucro econômico. Aritmeticamente é o lucro operacional após os efeitos

tributários menos o encargo sobre o capital empregado.

Modelo de precificação de ativos (CAPM) – Teoria de formação de preços de

equilíbrio de ativos que mostra que as taxas esperadas de retorno de todos os ativos com

risco, em equilíbrio, são uma função de sua covariância com a carteira de mercado.

MVA – O valor de mercado adicionado é a diferença entre o valor de mercado da

companhia e o capital total empregado no negócio.

NOPAT – Lucro operacional pós-efeito tributário, obtido a partir das vendas líquidas

menos o custo do produto vendido, menos as despesas operacionais de vendas e administrativas, menos a provisão para imposto sobre a renda.

Retorno sobre ativos (ROA) – Lucro líquido depois de juros e imposto de renda

dividido por ativo total médio.

Retorno sobre capital próprio (ROE) – Lucro líquido depois de juros e impostos

de renda dividido pelo patrimônio líquido médio.

Valor Presente Líquido (VPL/NPV) – Valor presente de entradas líquidas futuras

de caixa, descontadas à taxa de juros de mercado apropriada, menos o valor presente do

custo do investimento.

Taxa Interna de Retorno (TIR) – Taxa de desconto à qual o valor presente líquido

de um investimento é igual a zero. A TIR é um método de avaliação de propostas de

investimento.

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