Um olhar brasileiro em Lisboa · brasileiro. Guilherme Augusto Costa, diretor geral do hotel Ritz...

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Por Guilherme Zanette Fotos Cristiano Domingues Seu sotaque português não nega sua vivência, mas ele é brasileiro. Guilherme Augusto Costa, diretor geral do hotel Ritz Four Seasons Lisboa, é um grande case de sucesso da hotelaria brasileira, sempre muito elogiada no mundo pela qualidade de nosso serviço. A arte de servir bem gera turismo para o Brasil, mas também exporta brilhantes profissionais. É o caso de Guilherme que, com sua dedicação, alcançou, de degrau em degrau, cargos importantes no hotel português. Primeiro foi o posto de Diretor de Food and Beverage, depois Hotel Manager e, por fim, o cargo de Diretor Geral do hotel, mesmo sendo muito raro a Four Seasons promover um diretor geral dentro de um mesmo hotel que só tenha trabalhado lá. “Mas acho que há sempre uma primeira vez... O domínio da língua local, o conhecimento da cultura do país e a relação com os proprietários e sociedade em geral são fatores fundamentais na companhia para se escolher um diretor geral adequado para cada hotel. E eu fui a escolha que reunia melhor essas características na altura”, assume ele. Longe de qualquer tipo de esnobismo, Guilherme reconhece em si mesmo essas e outras características, que ficam nítidas quando conversamos com ele. Dono de um conhecimento expressivo da área em que atua, ele conversou conosco, nessa entrevista, sobre diversos temas, desde seu início de carreira até os rumos da Hotelaria na Europa em crise. Nas linhas a seguir, você vai conhecer mais desse brasileiro que dirige o hotel de mais absoluto luxo em Portugal. Public First Class — Conte-nos um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional. Guilherme Augusto Costa — Sempre tive o gosto de ajudar e de fazer as coisas bem feitas, com muito capricho, no momento e sem esperar pela recompensa. Cresci ouvindo de todos que eram mais próximos de mim que eu era muito prestativo. Quando alguém precisava de alguma coisa, lá ia eu procurar ou ajudar no que fosse necessário. Meu foco sempre foi servir “o cliente’’, fosse quem fosse, eu parava de fazer o que estava fazendo e lá estava pronto para a missão. Nessa altura, ainda era muito tímido embora popular entre meus primos e tios. Logo após a conclusão do ensino secundário e antes de entrar para a faculdade (queria ser piloto e servir na Força aérea), meu pai foi transferido para Washington, para servir na Comissão Naval Brasileira e eu rapidamente tratei de arranjar emprego num fast food local que pertencia a Marriott Corporation. Após isso, estudando a história da companhia, fiquei muito interessado em seguir nesse ramo. Estudei Hotelaria lá, no Montgomery College. Quase três anos depois, voltamos todos para o Brasil, onde terminei o meu curso na Universidade Estácio de Sá (Rio de Janeiro). Acho que era a segunda ou terceira turma do curso, ainda novo aqui no Brasil. Estudava e trabalhava ao mesmo tempo. Nunca gostei de ficar parado. Passei pelo Rio Palace, Rio Atlantica e Sheraton Rio antes de ir para Portugal, para o Algarve e também para o Sheraton. E por que o senhor resolveu atuar no ramo de Hotelaria? Sempre tive uma queda pela arte de servir, de preparar as coisas para os outros, de “passar a bola” melhor do que recebi... Sempre estive muito atento na cozinha e adoro cozinhar. Desde pequeno, andava à volta das comidas, tinha mais prazer em cozinhar do que em comer. Quando fui uma vez passar férias com meus pais no Havaí, e ficamos em um grande hotel Hilton, dentro do quarto tinha um livro (Be my Guest) sobre a história de Conrad Hilton... Um olhar brasileiro em Lisboa Aplicado, perseverante, sempre disposto a ajudar e a servir bem, Guilherme Augusto Costa chegou longe em seu destino traçado “step by step”. Com muita determinação, passou por grandes hotéis no Brasil e desde 2000 está no Ritz Four Seasons Lisboa. De conhecimento impecável no ramo da Hotelaria, não é difícil perceber o porquê de ele ter chegado onde chegou. Public - Capa 30 31 32 33 Capa.pmd 17/05/2012, 16:35 30

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Por Guilherme ZanetteFotos Cristiano Domingues

Seu sotaque português não nega sua vivência, mas ele ébrasileiro. Guilherme Augusto Costa, diretor geral do hotelRitz Four Seasons Lisboa, é um grande case de sucesso dahotelaria brasileira, sempre muito elogiada no mundo pelaqualidade de nosso serviço. A arte de servir bem gera turismopara o Brasil, mas também exporta brilhantes profissionais. É ocaso de Guilherme que, com sua dedicação, alcançou, de degrauem degrau, cargos importantes no hotel português. Primeiro foio posto de Diretor de Food and Beverage, depois Hotel Managere, por fim, o cargo de Diretor Geral do hotel, mesmo sendomuito raro a Four Seasons promover um diretor geral dentro deum mesmo hotel que só tenha trabalhado lá. “Mas acho que hásempre uma primeira vez... O domínio da língua local, oconhecimento da cultura do país e a relação com os proprietáriose sociedade em geral são fatores fundamentais na companhiapara se escolher um diretor geral adequado para cada hotel. Eeu fui a escolha que reunia melhor essas características na altura”,assume ele. Longe de qualquer tipo de esnobismo, Guilhermereconhece em si mesmo essas e outras características, que ficamnítidas quando conversamos com ele. Dono de um conhecimentoexpressivo da área em que atua, ele conversou conosco, nessaentrevista, sobre diversos temas, desde seu início de carreiraaté os rumos da Hotelaria na Europa em crise. Nas linhas aseguir, você vai conhecer mais desse brasileiro que dirige o hotelde mais absoluto luxo em Portugal.

Public First Class — Conte-nos um pouco sobre suatrajetória pessoal e profissional.

Guilherme Augusto Costa — Sempre tive o gosto de ajudare de fazer as coisas bem feitas, com muito capricho, nomomento e sem esperar pela recompensa. Cresci ouvindo detodos que eram mais próximos de mim que eu era muitoprestativo. Quando alguém precisava de alguma coisa, lá ia euprocurar ou ajudar no que fosse necessário. Meu foco semprefoi servir “o cliente’’, fosse quem fosse, eu parava de fazer o

que estava fazendo e lá estava pronto paraa missão. Nessa altura, ainda era muitotímido embora popular entre meus primose tios. Logo após a conclusão do ensinosecundário e antes de entrar para afaculdade (queria ser piloto e servir naForça aérea), meu pai foi transferido paraWashington, para servir na Comissão NavalBrasileira e eu rapidamente tratei dearranjar emprego num fast food local quepertencia a Marriott Corporation. Após isso,estudando a história da companhia, fiqueimuito interessado em seguir nesse ramo.Estudei Hotelaria lá, no MontgomeryCollege. Quase três anos depois, voltamostodos para o Brasil, onde terminei o meucurso na Universidade Estácio de Sá (Riode Janeiro). Acho que era a segunda outerceira turma do curso, ainda novo aquino Brasil. Estudava e trabalhava ao mesmotempo. Nunca gostei de ficar parado. Passeipelo Rio Palace, Rio Atlantica e SheratonRio antes de ir para Portugal, para oAlgarve e também para o Sheraton.

E por que o senhor resolveu atuar noramo de Hotelaria?

Sempre tive uma queda pela arte de servir,de preparar as coisas para os outros, de“passar a bola” melhor do que recebi...Sempre estive muito atento na cozinha eadoro cozinhar. Desde pequeno, andava àvolta das comidas, tinha mais prazer emcozinhar do que em comer. Quando fui umavez passar férias com meus pais no Havaí,e ficamos em um grande hotel Hilton,dentro do quarto tinha um livro (Be myGuest) sobre a história de Conrad Hilton...

Um olhar brasileiro em LisboaAplicado, perseverante, sempre disposto a ajudar e a servir bem, GuilhermeAugusto Costa chegou longe em seu destino traçado “step by step”. Commuita determinação, passou por grandes hotéis no Brasil e desde 2000está no Ritz Four Seasons Lisboa. De conhecimento impecável no ramo daHotelaria, não é difícil perceber o porquê de ele ter chegado onde chegou.

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Guilherme Costa

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