Uma Narrativa Rocambolesca Chamada "Rola ou Enrola?" - João Paulo Hergesel

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UMA NARRATIVA ROCAMBOLESCA CHAMADA ROLA OU ENROLA? Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Nível Doutorado (Universidade Anhembi Morumbi) Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PROSUP/Capes) JOÃO PAULO HERGESEL ([email protected])

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Pesquisa apresentada no I Simpósio Interdisciplinar Gênero e Sexualidade - Uniso.

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UMA NARRATIVA ROCAMBOLESCA CHAMADA ROLA OU ENROLA?Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Nível Doutorado (Universidade Anhembi Morumbi)

Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PROSUP/Capes)

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Resumo TEMA: O estilo Camp no Rola ou Enrola?

QUESTÃO: É possível detectar, na narrativa televisiva que se enreda no quadro Rola ou Enrola?,

elementos do estilo Camp, comumente atribuído à cultura LGBT?

RECORTE: O programa exibido em 07 de junho de 2015.

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Introdução Rola ou Enrola? é um quadro de namoro do Programa Eliana (SBT, 2009-, com direção de Ariel

Jacobowitz) que está em seu quarto ano de exibição, com raras interrupções, e ganhou

recentemente formato ao vivo.

Derivado de Conveyor Belt of Love, o produto consiste em fazer com que os participantes do

sexo masculino desenvolvam alguma atividade no palco durante 60 segundos, com a finalidade

de tentar conquistar uma das cinco participantes do sexo feminino – as quais têm o poder de

escolha.

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Problematização Embora seja comum que o quadro conquiste a vice-liderança em audiência, com picos que o

levam ao primeiro lugar, é notável que a exuberância das brincadeiras, muitas vezes se

vinculando à cultura LGBT, se sobressai diante do caráter sério esperado por um game-show de

relacionamentos.

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Estado da arte

Notas sobre o Camp, de Susan Sontag.

Terceiro Manifesto Camp, de Denilson Lopes.

Considerações sobre produção e consumo e cultura trash no Brasil, de Mayka Castellano.

Ainda em fase de análise, esta pesquisa surge com o propósito de continuar um pensamento

iniciado em 2015 – intitulado “O estilo que se desenrola no Rola ou Enrola?” – e previamente

apresentado no XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul.

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Objetivos Discutir as características de uma obra campy;

Relacionar o estilo cheesy com o quadro Rola ou Enrola?

Entender como se estruturam as escolhas estilísticas dessa atração dominical.

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Justificativa

Um estudo com esse direcionamento – dispondo de viés qualitativo e bibliográfico, pautado

principalmente nos estudos de Susan Sontag e Denilson Lopes – é tido como relevante, pois

oferece uma possível verificação de se a temática Camp, vinculada majoritariamente à cultura

LGBT, aplica-se a uma narrativa midiática para a televisão aberta brasileira.

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Metodologia Para a realização deste trabalho, elegeu-se como recorte o programa exibido em 07 de junho de

2015, data que coincidiu com a Parada Gay em São Paulo e contou com um link no local. A

proposta é analisar não apenas a relação entre a narradora (no caso, a apresentadora Eliana) e

os personagens que se criam (como os participantes, o Bombeiro, o Robô, a Narcisa e o

Banguela), mas aprofundar a visão estilística que se tem sobre o comportamento de cada um

desses seres e a composição das cenas (enquadramentos, angulações, iluminação e

sonoplastia).

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Considerações prévias1. “Camp é a predileção pelo inatural: pelo artifício e pelo exagero” (Sontag) – característica da

hipérbole.

2. O Rola ou Enrola? transforma os sentimento, que deveriam ser sérios, em elementos frívolos.

3. As marcas estilísticas do programa, sobretudo a hipérbole na sonoridade e na iluminação, confere o grau de estilização que caracteriza o Camp.

4. Não é necessário ter um conteúdo inteligente, elitizado; o essencial, para a cultura Camp, é enfatizar o estilo.

5. Existe, no Rola ou Enrola?, um contraste entre o conteúdo, considerado tolo, e a forma, rica em decoração visual – resultando em uma configuração cheesy no corpo da obra.

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Considerações prévias6. Os sentimentos, especialmente o amor e a afinidade, são desnaturalizados, bem como a

iluminação, a sonoplastia, a plateia e os personagens contêm elementos de artifício.

7. Não é preciso compreender o pensamento da produção, do diretor, da apresentadora... A narrativa que se constrói adquire um grau de representatividade per se.

8. Tal como o Camp baseia-se na inocência, é comum que o Rola ou Enrola? não tenha um roteiro exato, permitindo que a narrativa seja construída abertamente.

9. Enquanto, nas narrativas comuns, a história (o que se conta) e a trama (como se conta) caminham juntas ou com poucas divergências, o Rola ou Enrola? é uma narrativa rocambolesca, muitas vezes interrompida ou interferida por outros elementos.

10. “Apesar dos homossexuais serem sua vanguarda, o Camp é muito mais que uma sensibilidade homossexual” (Sontag) – cabe, portanto, a despreocupação com identidade sexual ou gênero.

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Referências principais CASTELLANO, Mayka. “É bom porque é ruim!” – Considerações sobre produção e consumo de cultura trash no Brasil. Em Questão, Porto Alegre, v. 16, n. 2, jul./dez. 2010, p. 283-296.

LOPES, Denilson. Terceiro manifesto Camp. 2002. Disponível em: <https://www.academia.edu/4927688/Terceiro_Manifesto_Camp>. Acesso em: 24 maio 2015.

SONTAG, Susan. Notas sobre o Camp. 1964. Disponível em: <https://perspectivasqueeremdebate.files.wordpress.com/2014/06/susan-sontag_notas-sobre-camp.pdf >. Acesso em: 24 maio 2015.

Corpus

PROGRAMA Eliana (07/06/15) - Rola ou Enrola. Direção de Ariel Jacobowitz. São Paulo: SBT, 2015, 54 min., telev., son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bmZ6cR0URLQ>. Acesso em: 28 ago. 2015.

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