uma parte dessa leitur - Convenção Batista...

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Boa noite!

Gostaria apenas de registrar a minha dificuldade na leitura da revista, considerando que a qualidade de impressão está muito ruim. Sendo uma revista direcionada para adultos, é fundamental que a resolução de impressão seja nítida, evitando, assim, dificuldade de leitura, principalmente para quem usa óculos. As letras estão sombreadas e embaçadas. Há páginas que não é possível ler as informações sobre congressos.

Rosiane Motta

Olá, queridos! Meu nome é Lena de Abreu Jaques, sou membro da PIB do Paiol, Nilópolis. Gostei muito da revista do terceiro trimestre de 2014. Agradeço ao Senhor nosso Deus e Pai pela vida de todos os irmãos responsáveis pela Educação Religiosa dos Batistas Fluminenses. Aprendo muito com as lições da revista Palavra e Vida. Em especial, gostei muito da proposta do Pastor Davi Freitas de Carvalho: Reflexões de como viver e divulgar a fé. E da forma como se apresentou dizendo que tem servido ao Senhor Deus. Foi tão

bom para eu e minha família que começamos a leitura da Bíblia em um ano e estamos realizando o culto doméstico com as crianças diariamente. Louvo ao Senhor por sua vida e ministério!!!! Gostei também do artigo que fala sobre a Bíblia, a Palavra de DEUS, na visão de homens que tiveram influência no passado na humanidade, como Daniel webster, Immanuel Kant e John Ruskin que em sua fala diz: “Qualquer que seja o mérito de alguma coisa escrita por mim, deve-se tão só ao fato de que, minha mãe lia todos os dias para mim um trecho da Bíblia, e cada dia faziam-me decorar uma parte dessa leitura". Enfim, toda a revista estava uma delícia de ler e refletir.!!! Graça e paz!

Lena de Abreu

Graça e paz!

Tenho apreciado muito as lições desta revista, pois tem sido uma bênção para mim e minha igreja. Gostaria muito de estudar um assunto primordial sobre nossa doutrina. Minha sugestão é para que, em uma próxima oportunidade, fosse

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abordado o tema: a doutrina do Espírito Santo, no contexto Batista. Para que possamos amadurecer na fé, na sã doutrina que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos ensinou.

Que o Senhor continue abençoando esta equipe. Um forte abraço!

Wellington Silva Areas IB de Aré, Itaperuna-RJ

Graça e paz!

Gostaria de registrar minha satisfação com esta revista e com todos os colaboradores, principalmente em relação à temática publicada neste primeiro trimestre de 2015.

Destaco as aplicações relevantes para nossa vida

cristã ao término de cada lição e também a diagramação com cores diferentes, para mostrar a importância dos tópicos de estudo. Numa era em que as pessoas não têm muito tempo para pesquisar, por causa da vida corrida e com o uso da praticidade da Internet, torna-se imprescindível o uso de ferramentas cristãs em nosso estudo que facilitem o aprendizado.

Parabéns a todos pelo belo trabalho realizado e que a Revista Palavra e Vida continue abençoando nossas vidas com estudos de qualidade e com as ofertas voluntárias enviadas pelas Igrejas.

Pr. Elias Gomes de Oliveira Primeira Igreja Batista

Missionária em Parque das Missões

Duque de Caxias

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Autonomia,

isolacionismo e

unidade

Quando pensamos no

ideal de Jesus para a Igreja, não

podemos sequer imaginar uma

Igreja que não caminhe em

unidade. A oração de nosso

Salvador, conforme registro em

João 17, era um clamor pela

união em essência. Ser um com

o Pai e com Jesus é algo de tão

intensa profundidade, que seria

inimaginável considerar a

viabilidade desse sonho de

Jesus.

A palavra que melhor

exprime a união de Jesus com o

Pai é “Unigênito”, de genética

única, (do grego μονογενὴς,

monoguenês), indivisível,

inseparável e um em essência

com o Pai. Então, na oração de

Jesus, é esse tipo de união que

ele espera de cada um de nós.

Temos esse tipo de união?

Evidenciamos essa união que

se revela na vida prática,

através da solidariedade, da

participação nas coisas que nos

são comuns, na comunhão e na

cooperação?

Será que no momento

em que nos isolamos e

afastamos da família da fé, dos

que nos deram origem, no

sentido espiritual, e também, de

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modo institucional, nos

subsidiaram com treinamento,

formação teológico-doutrinária e

capacitação, não estaríamos

traindo o ideal de Jesus? O que

Ele desejava quando disse: “que

todos sejam um”?

Quando pensamos na

abordagem estratégica e

corporativa, a autonomia e

independência eclesiástica em

nada prejudica a unidade, mas

quando nos valemos da

autonomia para ficarmos

isolados, esquecidos da

interdependência, estamos, sim,

atentando contra a comunhão.

Há tarefas tão elevadas

que certamente não

conseguiremos realizá-las

sozinhos, nem mesmo como

uma igreja local, mas só

conseguiremos ter sucesso

através da união de todos.

Temos muitas razões

para permanecermos unidos:

temos o mesmo inimigo, somos

pecadores salvos pela mesma

graça, todos queremos

compartilhar essa graça, temos

o mesmo Senhor, somos filhos

do mesmo Deus e iremos para o

mesmo céu!

Senhor, dá-nos a

humildade de lembrar que

dependemos uns dos outros e

que precisamos ter sinergia

para servir, contrariando a

tendência do mundo materialista

e egoísta em que estamos

inseridos, e para fazer

diferença. Senhor, faça o

milagre de que a oração de

Jesus seja atendida pelo Pai e

por nós, Amém!

“Para que todos sejam um,

como tu, ó Pai, o és em mim,

e eu em ti; que também eles

sejam um em nós, para que o

mundo creia que tu me

enviaste” (João 17:21).

Pr. Amilton Vargas

Diretor Executivo da CBF

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Prontos

para

responder "Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós" (1Pedro 3.15)

O momento atual da Igreja de Jesus Cristo impõe urgência ao tratar as doutrinas fundamentais da Bíblia Sagrada como prioridade inegociável. É preciso escrevê-las, discuti-las, ensiná-las com mais profundidade e dedicação, para que possam ser aprendidas, lembradas, divulgadas como tarefa sine qua non da Igreja.

Há muitos céticos que duvidam da existência de Deus e/ou atacam a crença

no Deus da Bíblia. Há muitos críticos que atacam a inspiração e inerrância da Bíblia. Há muitos falsos profetas que promovem doutrinas falsas e negam as verdades básicas da fé Cristã. Todo Cristão deve ser capaz de, pelo menos, dar uma apresentação razoável de sua fé em Cristo, deve saber o que acredita, por que acredita, como compartilhar sua fé com outras pessoas, e como defendê-la contra mentiras e ataques.

A necessidade do conhecimento das doutrinas bíblicas tem aumentado nesses dias, devido ao crescimento das sutilezas de

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Satanás. Mas, por outro lado, estamos advertidos por Jesus que disse: “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.” (Mt 24.24).

Hoje, faz-se necessário discernir os que estão camuflados com doutrinas que parecem cristãs. Não esqueçamos de que o nascedouro de heresias é sempre a ausência de estudo bíblico sistemático. Os falsos ensinos só ganham terreno onde há falta de conhecimento bíblico aliado à ausência do discernimento. Cerca de 750 a.C, por intermédio do ministério do profeta Oséias, Deus já se queixava: "0 meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento..." (Os 4.6).

Após muitos séculos, a falta de conhecimento continua sendo a causa de muitos problemas do homem em relação a Deus.

0 apóstolo Paulo, na primeira carta que escreveu aos Coríntios, falou sobre três tipos de homens, e descreveu a forma como cada um deles reage às

realidades espirituais (1Co 2.14). De acordo com a sua colocação, fica claro que cada pessoa se enquadra em uma das três categorias: ele pode ser natural, espiritual ou carnal. Vejamos, portanto, como esses três tipos podem influenciar nossa vida.

O homem natural. Paulo nos informa que o homem natural não compreende as coisas do Espírito (1Co 2.14a). Ele sustenta a sua afirmação colocando, para isso, duas razões principais: primeiro "porque lhe parece loucura". O homem que não é nascido de novo, portanto, privado do Espírito Santo, não tem interesse e nem apreço pelo ensino da Palavra (Nm 15.31). E depois, ele não só acha loucura ficar ocupando o seu tempo com coisas espirituais, como também a aceitá-las como verdades vindas de Deus. Por isso, acha mais importante ocupar sua mente com a sabedoria do mundo (1Co 1.18-23).

O homem espiritual. O homem que antes andava pelos seus próprios caminhos, não discernindo a importância das coisas de Deus e nem se importando com elas, mediante a obra da

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regeneração, é despertado para reagir favoravelmente às realidades espirituais (2Pe 1.3,4). É que ele, como resultado de uma nova lei que se planta na sua interioridade, deixa de viver apenas em função da sua natureza temporal para viver uma perspectiva eterna e espiritual (1Pe 2.1-5). E entre as muitas características desse novo viver, estão aquelas que lhe permite ser um homem de discernimento (1Co 2.15).

O homem carnal. Infelizmente, para alguns crentes, Paulo disse: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo" (1Co 3.1). Nesse texto, ele não está tratando com pessoas descrentes, mas com os próprios crentes, só que carnais. O crente carnal é

aquele que já foi regenerado, mas, vê como se não fosse. É crente guiado e controlado pela carne (Rm 8.8). A este, a verdade espiritual parece ficar entre fumaças e aquilo que poderia ser claro à sua mente, passa a ser indiscernível (1Co 11.29).

Durante este trimestre, aprenderemos a nos precaver das sutilezas de Satanás e dos perigos à nossa volta. Há heresias, aberrações teológicas e doutrinas que parecem cristãs. Portanto, aproveite bem o estudo “O que todo Crente Precisa Saber” escrito pelo Pr. Dr. Vanderlei Batista Marins, pastor titular da Primeira Igreja Batista em Alcântara.

Graça e Paz! Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda, redator da revista.

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Nós e nossos

filhos Educação exige equilíbrio

A Bíblia diz que os filhos

são herança do Senhor (Sl 127.3) e quem é pai ou mãe sabe o que é amar intensamente, orar com fervor por alguém e sentir a felicidade ao vê-los bem. Porém, os pais também experimentam dores, lágrimas e, muitas vezes, dobram os joelhos pelas madrugadas por causa dos filhos. É missão dos pais educar corretamente e preparar os filhos para a vida adulta de forma segura, com dignidade e temor ao Senhor. Porém, educar filhos e encaminhá-los à vida adulta, de forma comprometida, não é tarefa fácil, não acontece de modo casual, mas intencional. Filhos

não são educados espontaneamente no ambiente do lar, há um trabalho a ser feito pelos pais para que isso aconteça de fato. Um trabalho que exige tempo, energia, paciência e equilíbrio.

Diariamente ouvimos muitas reclamações sobre o comportamento dos jovens, sua falta de compromisso, falta de respeito com os pais, desinteresse pelos estudos, frieza e distanciamento da igreja, etc. Infelizmente, na maioria casos, a culpa é dos próprios pais. Sim, há pais que colocam os filhos no mundo e ficam esperando que, com o tempo, eles se tornem homens e mulheres educados e fervorosos na fé, por si mesmos. Há pais que pensam que educar é alimentar, vestir, dar casa, médico, escola e levar os filhos à igreja nos finais de semana. Essas coisas são importantes na criação dos filhos,

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mas não suficientes para que sejam plenamente educados.

Educação não é algo espontâneo, como o crescimento físico, por exemplo. Educação é ensino transmitido com exemplos e com uma generosa quantidade de tempo juntos. Ser pais presentes na vida dos filhos é o princípio básico para uma boa educação.

Ser pai e mãe é muito prazeroso e compensador, mas tem um lado extremamente desafiador e, diante deste lado difícil, muitos pais terminam por adotarem comportamentos errados na educação dos filhos, embora achando que estejam fazendo a coisa certa.

Os pais são dotados de autoridade dada por Deus e reconhecida pela sociedade para criar seus filhos. Em contrapartida, os filhos são seres dotados de liberdade e inteligência, não podem se desenvolver como cativos. Ter a responsabilidade de educar seres livres em um relacionamento cheio de paixão, torna-se uma tarefa muito desafiadora. Esse desafio leva os pais, em muitos casos, a adotarem um comportamento extremo, como pais autoritários ou libertários. Enquanto uns impõem controle total e inflexível sobre os filhos, outros defendem a prática de nenhum controle sobre as liberdades individuais. São esses extremos que podem produzir uma juventude despreparada para viver de forma comprometida e equilibrada na sociedade. Nem

um, nem outro, a educação dos filhos exige equilíbrio dos pais.

Em entrevista a um programa de TV, o entrevistado, que trabalha no tratamento de jovens viciados em drogas, disse que os maiores traficantes de drogas que existem são os pais. Ele explicou que os pais não sabem se relacionar com os filhos e um relacionamento deficiente cria sementes de ódio e dão exemplos negativos. Segundo o entrevistado, esse conflito no relacionamento entre pais e filhos tornam os jovens vulneráveis a usar drogas. Um renomado advogado do Rio de Janeiro disse certa vez que: “jovens que têm um lar onde o relacionamento se dá com respeito, amor e pais presentes, dificilmente experimentarão drogas, pois estes jovens temem perder a boa família que possuem”. Naturalmente que há exceções.

Contudo, apesar deste quadro assustador, não há motivos para desespero por parte dos pais, pois a Palavra de Deus nos apresenta o caminho para o sucesso na criação dos filhos. Ela nos manda ensiná-los no caminho em que devem andar (Pv 22.6), a fim de que, na fase adulta, onde exercerão plenamente o direito de liberdade individual, não se afastem do caminho certo. O mais importante é os pais entenderem que este caminho em que os filhos devem andar não é apenas apontado por eles para os filhos, mas trilhado por eles junto a seus filhos. Educação não é mandar

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fazer, mas ensinar a fazer, dando o exemplo. O que fazer?

Os pais devem buscar um relacionamento equilibrado com os filhos, não sendo autoritários e nem libertários. O autoritário cria regras, as impõem aos filhos e exigem que eles as cumpram sem questionar. Os libertários deixam os filhos sem regras, fazendo o que bem entendem. São extremos perigosos que não educam, nem preparam para a vida em sociedade.

Os pais devem exercer a autoridade dada por Deus sobre a vida dos filhos, mas não confundir autoridade com autoritarismo. Os pais com autoridade exigem respeito e reconhecimento como liderança, mas são participativos, presentes, amorosos, compreensivos com as aflições dos filhos e se colocam ao lado deles para ajudá-los. Pais que exercem autoridade deixam claras as razões das regras, mas não são inflexíveis quando, por algum motivo, os filhos não conseguem cumpri-las.

A Bíblia ensina sobre a autoridade dos pais, quando diz aos filhos: “Honra teu pai e tua mãe” (Êx 20.12b); “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor” (Ef 6.1a); e “Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a tua mãe” (Pv 23.22).

Porém, a mesma Palavra ensina aos pais a praticarem a autoridade, quando orienta: “E

vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). O autoritário provoca a ira, enquanto que o que tem autoridade transmite segurança e amor.

No entanto, deve-se tomar o cuidado, pois, na tentativa de não ser autoritário, os pais podem virar libertários. Não há exagero neste alerta, pois muitos pais estão assumindo essa postura. Há famílias sofrendo, porque os pais se omitiram da função de educar, permitiram aos filhos fazerem as escolhas que quiseram e agora não conseguem mais assumir a liderança sobre eles. Há pais de adolescentes e até de juniores em profundo sofrimento, porque não sabem como lidar com os filhos, pois muitos, aproveitando a ausência de autoridade dos pais, assumiram o controle das próprias vidas e correm perigo, ao não quererem ouvir seus pais.

Os pais precisam deixar claro para os filhos que aqueles mandam e estes obedecem, que filhos devem satisfação do que fazem aos pais e que nem sempre haverá uma explicação convincente para que os filhos sejam impedidos, pelos pais, de realizarem algumas coisas, tais como: passeios, participar de determinadas festas, etc. Autoridade não é só um direito, mas um dever dos pais, ou seja, mesmo nos momentos em que exercê-la for difícil, os pais precisam praticá-la.

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Pais com autoridade podem dizer aos filhos: “Não concordo e nem aceito o que você fez”, mas nunca fecham a porta para eles. Tal qual o pai do filho pródigo, o pai amoroso e com autoridade, não cansa de dizer ao filho que o ama, não apenas com palavras, mas com os braços sempre abertos para recebê-lo e para festejar sua recuperação, sem envergonhá-lo.

É fato que os dias são difíceis para se educar filhos, que os pais não recebem treinamento para tal e que o resultado na vida dos filhos cairá, invariavelmente, na conta dos pais. Porém, não há motivo para desespero, pois temos ao nosso lado a poderosa e eficaz Palavra de Deus, para nos ajudar nesta difícil, mas extremamente prazerosa e compensadora, tarefa de criar e educar filhos.

Mesmo os pais, que porventura estejam lendo este artigo, mas que julgue não ter mais tempo para educar um filho ou uma filha que se perdeu, abra seu coração e receba em você a Palavra de Jesus ao dizer:

“Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). Acredite, não há caso perdido para Deus, não há filho perdido para Deus. Se como pai e mãe, você perdoar (a si mesmo e a seu filho), buscar a Deus e abrir seus braços amorosos, seu filho vai voltar. Muitos já têm voltado. Louvado seja Deus!

Graças a Deus pela bênção de sermos pais, graças a Ele por se colocar ao nosso lado nesta jornada tão emocionante, de ver nossa cria se desenvolvendo e sendo bênção para o mundo. Peçamos a Ele que nos faça pais cada vez mais equilibrados na criação e educação dessa herança, que são nossos filhos Um abraço carinhoso em todos e que Deus nos ajude hoje e sempre.

Pr. Nataniel Sabino

Autor do livro “Nós e Nossos Filhos”, publicado pela UFMBB.

Terapeuta de casais – com 15 livros publicados

Autor do projeto Casados e Felizes [email protected]

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O que todo crente

precisa saber?

A Palavra de Deus, nossa única regra de fé, conduta e prática, ensina que precisamos estar preparados para responder aos que desejam saber a razão de nossa esperança (1Pe 3.15), o conteúdo da nossa fé. Equipar os salvos, preparando-os para o exercício de um ministério eficaz na Causa do Evangelho (Ef 4.12) é desafio de Deus e responsabilidade da Igreja, para um resultado saudável e

produtivo na dinâmica do Reino (Ef 4.13-15).

O mundo vive perdido em descrenças, desconfianças, ilusões e fanatismo. Segue em corrida desenfreada ao encontro das suas conjecturas, esperando o contato com o divino ou a possibilidade de humanizá-lo. É a criatura seduzida pelo poder, desejando equiparar-se ou superar o Criador, deixando evidente o seu lado vulnerável, sendo facilmente manipulada

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ao abraçar uma proposta altamente falida (Gn 3.1-6).

Conhecer um pouco mais sobre Deus, essência da perfeição divina, seu povo, suas lutas e dores, a trágica realidade da morte, o glorioso lugar da Felicidade Eterna, Trono de Deus e morada dos Santos, a encarnação do Verbo, mostrando a plenitude do amor do Pai, que pelo eterno sacrifício do Filho, aniquilou o domínio do pecado, conforme conteúdo da Palavra, verdade plena e imutável, que aponta para o plano divino de sustento da obra, pelo viés da santificação, conforme a grandeza do Evangelho, que precisa ser o nosso estilo de vida.

Conhecer esse conteúdo da fé é algo gratificante, que nos qualifica e enriquece, deixando-nos mais conscientes de Deus, de nós mesmos e da realidade que nos cerca. Ninguém irá além daquilo que crê, das suas convicções. Quando pastor, na minha querida São Fidélis, aprendi com um ilustre colega, Pr. Israel da Silva Alecrim, que quando o líder cai por pecado, cai sozinho; mas, quando cai por falta de convicção, leva muita gente com ele. O estrago é grande!

Que Deus nos ajude na gloriosa tarefa do

conhecimento da Palavra, da solidez espiritual e das nossas bases de fé.

Que o trimestre seja produtivo. Bons estudos!

Quem escreveu?

Vanderlei Batista Marins é natural de São João da Barra, hoje, São Francisco do Itabapoana – RJ. É pastor titular da Primeira Igreja Batista em Alcântara desde 05/05/2001. Doutor em Teologia, pela Cohen University & Theological Seminary (Califórnia – EUA), onde também obteve o grau de Mestre em Divindade. É Mestre e Bacharel em Teologia, pelo Seminário Teológico Batista Fluminense e Bacharel em Ciências Jurídicas, pela Universidade Salgado de Oliveira. É licenciado em Filosofia e Pós-Graduado em Docência do Ensino Superior, pela Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil. Autor de Excelência no Ministério Pastoral (Niterói, editora Epígrafe, 2009) e do Capítulo 17 – Família – Comentários à Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. É presidente da Convenção Batista Brasileira e da Convenção Batista Fluminense, professor de Teologia e Diretor do Seminário Teológico Batista Gonçalense.

Casado com a Professora Rita de Cassia Miranda Marins, pai de Mikhael Wander, de Eber Jonathas, casado com Larissa e, de Fátima, casada com Adriano.

Servo de Jesus, agradecido por ter sido chamado para o Ministério Pastoral, que ama e respeita a Igreja de Deus, que gosta de gente e deseja que todos sejam alcançados pela salvação e edificação em Cristo Jesus.

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Deus Existe?

A Bíblia não está preocupada em provar a existência do Senhor e sustentador do universo, mas em afirmar a sua gloriosa e inconfundível existência (Gn 1.1). Deus é um ser perfeito, que se mostrou à raça humana através de suas obras naturais, o universo físico (Sl 19.1; Rm 1.19,20), e da Pessoa bendita de seu Filho, Jesus Cristo (Jo 1.14). Tudo o que Deus criou dá testemunho de seu majestoso poder e existência, que não é

criada, pois Ele é eterno, é autoexistente. O apóstolo Paulo, ao pregar em Atenas, grande centro da intelectualidade, desenvolveu o seu ministério entre os judeus na Sinagoga e entre os gentios na praça. Nos embates diários, conheceu alguns filósofos que, após indagação, levaram-no ao Areópago com o seguinte pedido: “Poderemos saber que nova doutrina é essa que

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ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso” (At 17.18-20).

Diante de tamanha oportunidade, o apóstolo fala da postura deles com a divindade, afirmando que quem eles honram como desconhecido é o que ele conhecia e anunciava: um Deus que é Espírito, que fez o mundo e todas as coisas nele existentes, que não se limita às ações humanas, que faz as gerações dos homens, que não está longe, podendo ser encontrado por todos que O buscam, que é a razão da nossa existência, que não leva em conta o tempo da ignorância, que deseja o nosso arrependimento e que é justo juiz (At 17.24-31). Um Deus que além de ser transcendente (Ser infinitamente acima de todo o ser criado) é imanente (não se encontra à parte de sua criação, acha-se presente). I – Seu nome provoca inquietações e faz diferença Independente das pessoas serem cultas ou indoutas, o nome de Deus mexe, provoca reações e faz diferença (At 17.6; Lc 8.35-37; Jo 6.68,69). Isso por ser Ele um ser vivo, atuante, perto do

homem e que tem o governo de tudo nas dimensões física e espiritual. Os atenienses estavam mergulhados na idolatria, evidenciando uma religiosidade ignorante, conquanto fossem da terra da educação, da cultura e da filosofia. Essa situação incomodou e comoveu o apóstolo Paulo, levando-o a pregar aos filósofos epicureus, aqueles que viam o prazer como a mais destacada finalidade da vida e, aos estóicos, que lecionavam que tudo é Deus. Afirmou, ainda, que eles eram religiosos em extremo, mas que não conheciam o verdadeiro Deus (At 17.24-31). Quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, logo vieram as reações: uns escarneceram, outros postergaram e outros creram (At 17.32-34). Esta é a grande maravilha da presença e atuação de Deus! Por ser um assunto inquietante, deparamos com vários pensadores usando argumentos diversos para afirmar a existência de Deus a partir do universo, da história universal, das percepções humanas, da experiência cristã e da fé. É claro, que se negarmos a existência de um criador, resta-nos afirmar que os átomos são a causa de

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tudo. Sobre a grandeza de Deus e o seu nome fazendo diferença é encantador saber de um Ser Superior, que está acima e que pode mais. Nem os mais resistentes e descrentes ficam impassíveis diante da beleza da criação. As coisas que estão à nossa volta, as que estão em nós e aquelas que por séculos falam de Deus, testemunham de sua existência, assim como a nossa experiência pessoal e a fé, dádiva do Senhor, que é a prova daquilo que se não vê (Hb 11.1).

Também não se deve deixar de mencionar os argumentos: Cosmológico – onde o evento causado deve ter uma causa, fornecendo a ideia de um poder causativo; Teleológico – leciona sobre a presença de uma inteligência voluntária que dá causa a um resultado, promovendo a ideia de uma inteligência criativa; Antropológico – trabalha a realidade de um Ser pessoal, que comanda tudo com propriedade e justiça. Patrocina a ideia de pessoalidade e impecável senhorio; Ontológico – admite a existência de Deus a partir de ideias abstratas e necessárias da mente humana, evidenciando a possibilidade de um Ser notável, grandioso, criador,

legislador e pleno de infinitude e perfeição. II – Seu poder e autoridade são mostrados sobre a criação Deus é o autor de tudo que existe (At 7.50), seu poder é inigualável e seu nome é santo e poderoso (Dt 10.17), o Deus pessoal da revelação, o Senhor soberano dos céus e da terra (1Tm 6.15), que mostra-se (Rm 1.20), fala (Gn 8.15), atua e manifesta sua vontade. Seu poder e autoridade estão intimamente ligados à sua Pessoa, pois é através dela que eles são evidenciados. Nós somos reflexo desta Pessoa divina, fomos criados à Sua imagem e semelhança (Gn 1.27) para sermos responsáveis, mediante o Seu chamado, com o fim de promovermos o Seu reino, glorificando o Seu nome. Paulo descreve para os atenienses, a Pessoa de Deus e os seus feitos maravilhosos. Afirmando ser Ele diferente dos deuses da religiosidade daquele povo, pois não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17.24) e que somos sua geração, seu povo exclusivo (Sl 100.3), razão porque é

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impossível identificá-lo com as imagens de madeira, de prata ou de ouro lapidadas por mãos humanas (At 17.29). Diz ainda que o Senhor não leva em conta esse tempo de ignorância, desde que haja arrependimento (At 17.30), pois Deus não é resultado daquilo que Ele faz e nem pode ser visto como sendo a expressão da sua criação. Ele é maior do que os seus feitos, embora em todos eles percebamos o seu poder e a sua autoridade (Sl 8.3;19.1), que se revelou completa e cabalmente em Jesus (Jo 14.9), para que com justiça pudesse julgar o mundo (At 17.31). III – Seus atributos apontam a existência de um Ser incomparável Deus é incomparável por ser isento de contradições, justo em suas ações (Êx 9.27) e amoroso em suas relações (Rm 5.8). Ele é perfeito e espera que este ideal seja o nosso alvo nesta peregrinação (Mt 5.48). Tudo isso e infinitamente mais pode ser visto em seus atributos, características atribuídas a um ser, a essência da perfeição divina. É impossível descrever com precisão a pessoa de Deus, por ser Ele infinito e nós

finitos; eterno e nós criados; perfeito e nós imperfeitos. O que sabemos a seu respeito é pela Palavra por Ele mesmo revelada sob inspiração divina e, então, podermos construir alguns conceitos a seu respeito, mas nunca defini-lo.

Os atributos de Deus podem ser divididos, para melhor compreensão, em: 1. Naturais ou incomunicáveis – Aqueles que somente encontramos em Deus, não são comunicados ou transmitidos a ninguém: Onisciência é o seu pleno conhecimento (Jó 38.18-37; Rm 11.33-36). Onipotência é

poder perfeito, amplo e total (Gn 17.1-7; 18.14; Is 40.26-29). Onipresença é porque não se limita ao tempo ou espaço (Sl 139.7-12). Imutabilidade, n’Ele não existem dúvidas ou variações (Tg 1.17), sua essência é inalterável (Hb 1.12). A Eternidade se refere à natureza de Deus, que não tem começo, fim e nem sucessão de tempo (Dt 32.40; Sl 90.2; Is 41.4), e que não há surpresa para Ele, pois tudo é patente aos seus olhos (2Pe 3.8; Ap 1.8). A Imensidade mostra que a natureza de Deus não é sujeita à extensão e nem à limitação de espaço (1Rs 8.27; Rm 8.38-39). A Unidade comprova que a

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natureza divina é indivisível (Dt 6.4; Is 44.6; 1Co 8.4; Ef 4.5,6), ou seja, seus atributos são inerentes à sua essência, não havendo existências separadas. 2. Morais ou comunicáveis – Aqueles que Deus compartilha com os homens: Santidade é ser separado e purificado (Êx 15.11; 1Pe 1.16; Hb 12.14), é dádiva de Deus em Cristo (Ef 4.24). Bondade é expressão de oportunidade, amparo e investimento (Is 63.7; Rm 15.14) e refere-se a Deus compartilhando com os que foram criados à sua semelhança, a sua própria vida e dádivas (2Pe 1.3; Rm 8.32). A Justiça diz respeito à maneira plena de Deus ser, de agir e ao tratamento impecável quanto à forma, essência e aplicabilidade de todas as coisas (Dt 32.4). O amor é a sua essência (1Jo 4.8), é doação, é ofertar-se para abençoar (Sl 145.9; Jo 3.16). Para pensar e agir

Há pessoas que passam a vida toda tentando provar a inexistência de Deus. Muitas vezes isso acontece porque há um sentimento de grandeza por parte do homem e este passa a temer a ideia de ser destronado por alguém maior do que ele.

Também há aqueles que, embora creiam que pertençam a Deus, vivem como se Ele não existisse – uma grande contradição. Cabe àqueles que foram alcançados por Deus em Sua misericórdia, fazê-Lo conhecido, principalmente por meio do testemunho de verdade e de vida. Independente do ser humano acreditar ou não na existência de Deus, todas as coisas criadas apontam para esta realidade, além da Palavra que, sem sombra de dúvida, mostra a sua existência criadora e preservadora de todas as coisas.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Gênesis 1.1,2 Terça-feira: Salmos 66.8,9;

145.13-21 Quarta-feira: 2Crônicas 7.14-

16 Quinta-feira: Deuteronômio

10.17,18 Sexta-feira: João 3.16; 13.35;

15.9,10 Sábado: Salmos 119.137-142; 1Pedro 3.18; Apocalipse 15.3

Domingo: Judas 24,25

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Deus se arrepende?

A expressão “arrependeu-se o Senhor” não cai bem aos nossos ouvidos, pois traz-nos a ideia de limitação, de equívoco, de falta de conhecimento pleno, de mudança de direção, de caráter ou de propósitos inerentes a um ato não recomendável. Obviamente que ela não surge da tristeza do Senhor por más ações praticadas, pois Ele é soberano, santo (Is 6.1-3), presciente (Gn 15.13); onisciente (Jo 21.15-17; Rm 11.33) e não é o homem (1Sm 15.29). Deus não muda em essência, muda atitude e

métodos, de acordo com o relacionamento do homem com Ele. Quando o homem se distancia e desobedece, a relação de comunhão fica alterada para uma relação de correção (Jr 6.8) ou de repreensão (Jó 5.17), mas promovendo felicidade pelo acerto. Sabemos que a Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana, portanto, há de se levar em consideração que os escritores sagrados tenham colocado em termos humanos os ideais divinos. Por essa razão, encontramos na

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Bíblia várias passagens em que são atribuídos sentimentos e formas humanas a Deus. Esse recurso auxiliou as pessoas ao longo da história, mas em determinados momentos tem provocado certa confusão na cabeça de alguns, que, por falta de um conhecimento mais amplo da Bíblia ou da Teologia, tentam explicar Deus a partir de si mesmas e de suas conclusões. Deus não é um Deus de confusão (1Co 14.33), mas de esclarecimento; e podemos provar isso por meio de sua Palavra. I – Explicando a Palavra pela própria Palavra

A regra básica da hermenêutica é que a Bíblia interpreta a própria Bíblia, ou seja, ela se explica, não sendo apropriado utilizar-se dela para justificar pensamentos ou conjecturas; estes é que precisam ser submetidos ao crivo da Palavra. Em Gênesis 6.6 encontramos: “Então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração”. Essa é a primeira vez que o verbo “arrepender” aparece na Bíblia, a partir daqui nos deparamos com outras referências, dentre elas: Êx 32.14; Jr 18.7,8; 26.3,13,19; Jn 3.10. Originalmente, ela parece refletir

a ideia de “respirar profundamente” e, por conseguinte, a manifestação física dos sentimentos da pessoa, geralmente tristeza, compaixão ou pena. Percebem como são atitudes comuns a nós, seres humanos? Assim, fazendo e sentindo, podemos compreender um pouco daquilo que se passa no “coração” de Deus, quando observa o que os seus filhos estão fazendo, como estão agindo.

Todas as vezes que atribuímos formas humanas a Deus, como por exemplo: a mão de Deus, o coração de Deus, os pés de Deus, estamos empregando um antropomorfismo. Nos textos citados acima, encontramos exemplos de antropopatismo, quando atribuímos um sentimento humano a Deus. Em qualquer idioma a construção linguística carece de alcance ou significado para explicar os sentimentos de Deus; diante dessa ausência, o homem não tem outra opção, senão atribuir-Lhe os seus próprios sentimentos. Em Gênesis 6, Deus determina o dilúvio como um ato de julgamento, mas não se gloria nessa ação, antes, sofre profundamente. Podemos, então, entender que o julgamento pelo pecado é inevitável, mas a fidelidade de Deus aos homens sempre será inalterada e irretocável,

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conforme o exemplo de Noé (Gn 7.1). II – Não confundir o arrependimento de Deus com o arrependimento humano

No Antigo Testamento encontramos duas palavras utilizadas para expressar arrependimento. A palavra “arrepender-se”, do hebraico “naham”, na maioria das vezes, refere-se à compaixão de Deus, quase sempre, mostrando a atitude divina. Descreve de modo antropopático (atribuição de sentimentos humanos a Deus) a mudança do tratamento divino para com o homem, como se a mudança se operasse em Deus (Gn 6.6; 1Sm 15.29; Jn 3.4-10; 1Cr 21.15; Am 7.3). O que vemos nas passagens bíblicas, que parecem atribuir mudança em Deus, são recursos divinos para ilustrar os variados métodos utilizados por Ele em sua soberania; bem como representações antropopáticas da imutabilidade de Deus nas muitas e variáveis condições morais humanas. Por exemplo, Deus não trata o ímpio e o justo da mesma forma. A imutável santidade divina não permite tal coisa. O mesmo ocorre quando o justo se torna ou age como o ímpio. O tratamento de Deus para com ele também deve mudar, pois precisará ser corretivo, exortativo. Deus

abranda ou muda Sua maneira de lidar com as pessoas, de acordo com Seus propósitos soberanos, mas não muda na Sua essência, Ele não é inconstante. O ser humano, sim, muda de uma condição para outra, muda de melhor para pior e vice-versa; está em constante mudança. Devemos, então, interpretar Gênesis 6.6 à luz de Números 23.19. Na maioria dos textos bíblicos que se refere ao arrependimento dos seres humanos, encontramos outra palavra, “Shûb”, do hebraico “voltar-se, retornar” (Is 55.7). Nesse sentido, esse verbo aparece inúmeras vezes, demonstrando claramente a responsabilidade humana no processo de arrependimento (Jr 4.14; Is 24. 23).

No arrependimento humano encontramos mudança na essência. Há uma mudança moral; uma decisão consciente de voltar-se para Deus e desviar-se do mal (Ez 14.6; Is 6.6). III - Não confundir arrependimento com remorso

Arrepender-se, no bom sentido, é do homem, pois ele pode, enquanto há tempo, voltar-se para Deus, abandonar os seus maus caminhos (2Rs 17.13), redirecionar a sua vida; mudar na essência. O arrependimento é algo saudável,

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já o remorso... “é o passado que continua”. Não há mudança, mas pavor, incômodo e tristeza. Foi o caso de Judas (Mt 27.3-5), quando percebeu que o Sinédrio havia condenado Jesus. Ele não mudou de ideia (arrependimento), mas lamentou as consequências de sua atitude, traindo Aquele que o amou, chamou-o para o ofício apostólico e com quem conviveu um período da vida. Ele procurou os líderes religiosos que pagaram pelos seus serviços de deslealdade ao Mestre e amigo (Mt 26.49,50), para devolver o dinheiro, confessando que havia traído sangue inocente, mas eles responderam que não tinham nada com a situação, era um problema dele. Então jogou as 30 moedas, fruto de seu trabalho repugnante e ilícito, no santuário e foi enforcar-se. Pela Palavra, aprendemos que o arrependimento, dádiva do Senhor (At 5.31), nos leva ao conhecimento e à prática da verdade (2Co 7.10). Em Jesus, somos convidados a deixar as coisas da velha vida para trás e vivermos uma nova vida (2Co 5.16,17). Por mais terrível que seja o erro cometido, há perdão para ele (Is 1.18). O pecado não é uma mancha inapagável, pois, mediante a conversão, que é graça concedida por Deus, todos que o recebem podem redirecionar suas vidas; e isso vai além da contrição e da tristeza. O amor de Deus se adapta a cada modo, variante ou condição de

Seus filhos, na direção dos passos deles. Para pensar e agir

Deus é perfeito e imutável em Seus pensamentos e propósitos (Tg 1.17), mas muda de procedimentos e atitudes mediante alteração no relacionamento do homem com Ele. Como está o seu relacionamento com Deus?

Deus não é homem para se arrepender (1Sm 15.29 ), mas deve o ser humano arrepender-se sempre que for necessário. Isso é louvável, agradável, é do homem.

A atitude do Senhor para com o homem leva em conta a forma como este reage à Sua Palavra e vontade. Quem é livre para escolher, precisa ser responsável para assumir as consequências dessas escolhas e atos.

Que haja em nosso coração, sempre que for necessário, o arrependimento. E que não haja em nós e nas nossas relações o remorso – um passado que continua.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Malaquias 3.1-12 Terça-feira: Daniel 5.1-31

Quarta-feira: Hebreus 12.4-13 Quinta-feira: Salmos 39.11-13 Sexta-feira: Provérbios 3.5-12

Sábado: Jonas 3.3-10 Domingo: Apocalipse 2.5;3.19

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Como surgiu o povo de Deus?

De modo geral, todas as pessoas cultivam uma certa curiosidade sobre a sua história. Como gênero humano, a nossa história tem início antes mesmo do nosso nascimento. Haja vista que o nosso principal documento, a certidão de nascimento, faz constar os dados referentes a nós, como a data e o local onde nascemos, mas, principalmente, os nossos progenitores. Ela conta uma parte da minha história como pessoa, a outra parte eu escrevo no dia a dia, interagindo com todos aqueles que estão em contato comigo.

A chamada de Abrão, “pai exaltado”, sinaliza o momento especial entre Deus e os homens: o período patriarcal, ocasionando forma à promessa de Gênesis 3.15 e a esperança de um povo relevante para influenciar e abençoar as famílias da terra (Gn 12.2,3). Tudo isso foi possível, porque um homem se dispôs a

obedecer, renunciar e crer. Esse tripé tem dado sustentação ao povo de Deus em sua trajetória, por conhecer o grande ideal divino: “À tua semente darei esta terra” (Gn 12.7). Seus descendentes seriam, então, um canal de bênçãos e os herdeiros desta promessa.

De igual modo, nós, como parte integrante do Povo de Deus, temos o nosso “registro de nascimento”, a nossa origem espiritual (Gn 1.26,27; Ef 1.3,4). Este povo, na dinâmica do tempo, começa com um construtor de altar, um sensível adorador, exemplo de fé e de persistência nos ideais divinos (Gn 12.8).

Como não há tempo nem espaço suficientes para relatarmos todos os acontecimentos referentes ao nascimento do Povo de Deus, ateremo-nos aos fatos mais importantes.

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I - O plano de Deus na vida humana No Antigo Testamento, encontramos Deus formando o homem (Gn 2.7), sendo-lhe sua referência. No Novo Testamento, Jesus mostra-se como a Palavra encarnada de Deus (Jo 1.14), seu modo de falar, de agir e de restaurar todas as coisas. Dentro da perspectiva judaico-cristã, a história da humanidade começa com Deus/Adão (Gn 1.27,28); a história da fé com Deus/Abrão (Gn 12.1; Gl 3.6,7,9); da posse da promessa com Deus/Josué (Js 1.1-5) e da consumação de tudo, Jesus (Mt 1.21; Lc 1.31-33), o Emanuel que é Deus conosco (Mt 1.23).

Humanamente falando, nosso principal ancestral é o primeiro casal: Adão e Eva. Independente de cor, origem social e etnia, temos um ancestral em comum: um homem e uma mulher. Observe que não há lugar para a Teoria da Evolução e nem para outra estruturação familiar. Não temos como origem um macaco, como popularmente a Teoria da Evolução é difundida, mas temos pessoas intelectual e moralmente capazes de se relacionar, e responsáveis por seus atos e escolhas.

Nossos primeiros pais falharam e puseram em risco a vida sobre a terra (Gn 3), mas o Criador, ainda assim, continuou

no seu propósito de relacionar-se verdadeiramente com o ser humano. O pecado do primeiro casal ofuscou, mas não destruiu a imagem e semelhança de Deus nele contidas, nem o propósito divino. Deus deu-lhes uma promessa, ainda que não pudessem alcançar a profundidade e a extensão dela (Gn 3.15). Os descendentes do homem fiel ao chamado divino se multiplicaram (Êx 1.6,7). Agora, precisavam honrar a santidade de Deus, revelando o seu caráter às nações (Êx 19.4-6; Dt 26.17-19), para entrar na terra prometida aos antepassados e fazer bonito (Gn 4.25,26; 9.26,27). Muitos desencontros e encontros surgiram nessa trajetória e não faltaram pecado, incredulidade, rebeldia, teimosia, obediência, volta a Deus, reconhecimento da lei pré-figurada nos dez mandamentos, perdão, livramento e reconciliação. Sempre foi assim o relacionamento entre Deus e seu povo (1Rs 16.1-7; Is 42.18-25; Jr 31.18-20; Ez 11.16-21).

A Bíblia dá a essa questão uma fundamental importância, creio que por ser este o grande ideal divino: fazer todas as coisas através de um povo seu. Daí a revelação ter início e fim com essa descrição: povo de Deus, matéria relevante na Teologia bíblica.

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II – Um chamado divino e uma resposta humana de fé

Após o início da história

da humanidade, no Éden, encontramos uma sequência de fatos que relatam os efeitos desastrosos do pecado sobre a raça humana e sobre a terra (Gn 4.1-8,23; 6.11-13; 11.1-9). No entanto, a história do homem não está restrita a erros, desobediências e fracassos. Há registros de encontros especiais de Deus com o homem. É possível que o mais importante deles tenha sido com Abrão (Gn 12.1-3). Um homem capaz de crer, mesmo em situação tão adversa: ele e sua mulher Sarai já estavam em idade avançada e não tinham filhos. Mesmo assim, Deus fez-lhe uma promessa: fazer dele uma grande nação. Aos olhos humanos era uma promessa absurda, mas, ainda assim, creu.

A vida do patriarca é a história da fé dinâmica. Ele não teve uma fé estática, parada no tempo e detida num único acontecimento (Gn 21.1-5), mas uma fé que se desenvolvia na medida em que conhecia mais e mais da revelação do próprio Deus. A sua fidelidade foi testada até os extremos (Gn 22.1-3), pois Deus procurava um homem capaz de crer no seu plano para abençoar a terra.

Esse patriarca é um diferencial na história do Povo

de Deus, pois, naquela época, era costume a pessoa, família, tribo e/ou cidade escolherem seus deuses, a fim de que pudessem servi-los e, quando desejassem, também poderiam abandoná-los. Os deuses deveriam estar a serviço dos homens. Na chamada de Abrão, Deus fez diferente: Ele escolheu o homem (Gn 12.1), fez o convite (Gn 12.1), deu a ordem (Gn 17.1) e fez-lhe a promessa (Gn 17.4). Notemos que a iniciativa é de Deus, mas a resposta precisa ser do homem. Deus propõe acordos, pactos, alianças, porém aguarda a resposta humana.

Quando o homem é capaz de crer nas promessas divinas, Deus é fiel para cumpri-las. Só o homem que crê em Deus e nas suas promessas é capaz de ter alegria e obrigação de compartilhar a sua fé com outras pessoas. III – Da individualidade para a coletividade

A história de muitos que

atualmente somos como povo de Deus, começou no coração do próprio Deus: criando o homem à sua imagem e semelhança; revelando seus propósitos no tempo e no espaço; escolhendo pessoas e capacitando-as para a realização dos seus propósitos.

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A história do povo de Deus é a historia da fé e o seu desenrolar na história humana.

Ao longo da Bíblia, encontramos relatos de rebeldia, desobediência, pecado. Mas também estão registradas histórias de homens e mulheres que, apesar de suas falhas, não se esqueceram do chamado do Senhor. Alguns foram feitos sacerdotes, profetas, reis, discípulos, apóstolos, mas também agricultores, pastores de rebanhos diversos, comerciantes, donas de casa, pessoas nascidas em palácios, em tendas, nas grandes cidades ou pequenas vilas. Outros sofreram perseguições, prisões, açoites e até a morte, mas cumpriram o seu papel de testemunhas verdadeiras da revelação divina. O ponto convergente entre todas elas, ao longo do registro do Antigo e do Novo Testamento, é a fé nas promessas de Deus.

Deus chamou um homem para fazer uma revelação importante: iria destruir a terra (Gn 6.13), mas pouparia ele, a família e os animais nas matrizes separadas. Da individualidade do homem Noé, para a bênção e preservação da humanidade, da coletividade. Da mesma forma, Deus chamou o indivíduo Abrão, para abençoar, pela fé, todas as nações da terra. Por fim, Deus enviou Jesus (Mt 1.21), que na individualidade e singularidade de seu sacrifício alcançou todas as pessoas de toda a terra com perdão e salvação.

A história do Povo de Deus começa com Ele, instrumentaliza-se com a chamada de Abrão e sua resposta de fé, e continua nos dias atuais através da Igreja – todos aqueles que aceitam o desafio do

chamado de Jesus (Gn 12.1-3; Mt 4.19; 11.28). Para pensar e agir

A história do Povo de Deus é a história da fé. É a história de pessoas que, desde a criação do mundo até os dias atuais, têm aceitado o chamado de Deus para viver pela fé, buscar um relacionamento verdadeiro com Ele, preservar a Palavra, perseverar nela e compartilhar com responsabilidade e alegria tudo aquilo que Ele tem, ao longo dos anos, proposto para a humanidade.

Quantas pessoas há que, tendo nascido em lares completamente distantes da Palavra e que, ao aceitarem o chamado de Deus em Jesus Cristo, têm alcançado a graça de ver seus familiares e amigos engrossando as fileiras do Povo de Deus.

Essa história se mantém viva através da nossa fé e do nosso testemunho ao longo dos anos. Sendo nossa a responsabilidade de investir e dar continuidade a esse legado que nos foi transmitido pelo Senhor e por todos quantos receberam dEle um chamado.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Gálatas 3.7-9 Terça-feira: Gálatas 3.24-29

Quarta-feira: Hebreus 6.13-15 Quinta-feira: Hebreus 8.1-10 Sexta-feira: 1Pedro 2.9,10 Sábado: Romanos 9.19-26

Domingo: João 1.10-13

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Toda a bíblia é verdade

A Bíblia é a revelação gloriosa de Deus, voz profética (Dt 18.18) e apostólica, espelho da alma e comunicação autêntica no tempo dos ideais eternos. Ao longo da história, ela tem sido imensamente questionada, criticada e, até certo ponto, desprezada, mas resistente ao tempo, aos críticos e a muitos que, em nome da religião, utilizam-se dela para fins pessoais, deixando-a exposta. São os que a visualizam de forma equivocada e irresponsável, não percebendo em seu conteúdo os princípios de libertação, de inclusão social, de restauração, de exercício da consciência, de espiritualidade e de responsabilidade cristã. Não dá para examinar as Escrituras, alimentando-se dela, sem crer e defender a sua

integridade como Palavra absoluta, plena, isenta de qualquer falha ou erro, imutável e eterna de Deus. I – Por ser infalível A Palavra não tem erro. É sopro de Deus (2Tm 3.16), é voz profética que produz ensino, lucidez e esperança (Rm 15.4), não é produto da imaginação ou da conjectura de homem algum, não é obra humana, mas do Senhor. Pois Ele mesmo afirmou “... que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (2Pe 1.20). É verdade divina penetrante e apta para operacionalizar discernimento (Hb 4.12). A Bíblia expõe a verdade. Seu conteúdo

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desvenda algo que anteriormente era desconhecido. É, portanto, o descortinar da Pessoa divina, apresentando as coisas que estavam ocultas desde os séculos eternos. A Bíblia é infalível, porque tudo quanto ela diz acontece, o seu conteúdo se cumpre no tempo de Deus, nada fica no campo do esquecimento ou pelo meio do caminho (Mt 5.17,18). A Palavra é digna de confiança, não mente, transmite de forma integral o querer de Deus para os homens (Sl 119.142,151,156). Ela tem poder para iluminar (Sl 119.105), subtraindo as sombras dos percalços de nossa peregrinação, para fazermos conforme se encontra escrito, no ideal do progresso e da prudência em uma trajetória mais saudável e exitosa (Js 1.8). A Bíblia é muito mais do que um livro com normas para a vida religiosa, do que uma âncora para a instrução teológica e do que uma fonte histórica do pensamento Judaico-Cristão. Ela é o manual do fabricante, um tesouro confiável dos conselhos de Deus (At 20.27) e a total revelação. Sua autoridade encontra-se na Pessoa de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo (Lc 4.32; Jo 7.46), então, a Igreja precisa pautar-se pelos

seus ensinamentos, submetendo-se a eles, pois são infalíveis. A infalibilidade, exatidão, veracidade e credibilidade da Palavra de Deus têm sido confirmadas pela arqueologia, pela pesquisa histórica e pela própria Bíblia e, de forma mais específica, pelos ensinos do Mestre Jesus Cristo. II – As alegações dos críticos diluem-se no tempo Se a Bíblia não fosse a verdade de Deus, mensagem autêntica e irretocável do Divino para o humano, ela já teria sido desmoralizada pelos críticos e por todos quantos, por arrogância ou algum outro interesse, nutrem o desejo de vê-la sem credibilidade, influência ou eficácia para marcar e abençoar vidas. Não são poucos os ataques: afirmam ser ela um livro de mitos, de fábulas, de contradições, de erros e de alegorias. É lamentável a postura do pensamento liberal, ao afirmar que a Bíblia não é em essência, mas contém a Palavra de Deus; que é apenas uma coletânea de documentos antigos; que é um livro restrito a um tempo com suas características, particularidades e cultura; que é apenas uma das formas que Deus utilizou para falar, assim como fez através da natureza e das artes; que foi escrita por homens de

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grande talento, sendo resultado da inteligência e da experiência humana, não tendo nada de sobrenatural envolvido. E do pensamento neo-ortodoxo, quando declara que a Bíblia vai se tornando a Palavra de Deus, quando Ele vai falando aos leitores, ou seja, é um meio pelo qual nos chega a Palavra de Deus. A Bíblia é a Palavra eterna do Senhor (Is 40.8). É a sua voz (Jr 1.9). É a comunicação divina, consumada na Pessoa do Filho (Hb 1.1,2) e revela, pelo Espírito, a mente de Deus aos que crêem e são espirituais (1Co 2.9-13). A Bíblia não é um livro de mitos ou histórias fictícias, conquanto queiram vincular alguns dos seus relatos, como o dilúvio, com a mitologia babilônica; e a Pessoa de Jesus e seus milagres, com a mitologia grega. Jamais terão êxito, porque todos os acontecimentos do Novo Testamento não são desconexos no sentido da história e prendem-se a um fio que liga toda a Revelação: a redenção do homem, além do próprio e elucidativo testemunho da Palavra (2Pe 1.16-21).

Encontramos no texto sagrado alguns relatos com feições aparentemente diferentes, mas não contraditórias, pois os escritores bíblicos descreveram as mesmas coisas, mas não sob a

mesma perspectiva ou ótica. Sendo assim, vale ressaltar que a Palavra de Deus é a verdade que atravessa os tempos e as épocas (Mt 24.35) e que, apesar de atacada, jamais será superada ou vencida, pois o seu autor é sem igual (Is 46.9,10); sua mensagem é nova, desafiadora e surpreende a cada dia e um dos seus alvos é melhorar a qualidade da vida humana (1Pe 3.8-17). Não é prudente interpretá-la a partir das opiniões particulares, pontos de vista de pessoa alguma que se identifique com o seu conteúdo ou comum exame eminentemente técnico; mas, utilizando-se dos recursos disponíveis, dependendo de Deus e com consciência que a Palavra interpreta a si mesma. III – Por ser de origem divina A Bíblia não é apenas um livro escrito por homens, é a Palavra de Deus produzida por inspiração divina. Sua origem é os céus, foi concedida pelo próprio Deus (Dt 18.18), mas em linguagem humana (2Pe 1.21). Sua influência espiritual é grandiosa, mexe com a sensibilidade humana e é parâmetro para confrontar o que a pessoa tem sido com aquilo que Deus deseja que ela seja. Ela é a verdade evidente de Deus (Jo 17.17), que testifica de sua essência. Não é fábula (2Pe 1.16), mas luz que alumia em

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lugar escuro (2Pe 1.19), como produto da inspiração, ou seja, do impelir, do levar e do mover do Espírito Santo (2Pe 1.21b), que conduz os salvos por Cristo, pela iluminação, na compreensão da verdade eterna. Sendo assim, a iluminação do Espírito é a conclusão autêntica, absoluta e necessária da inspiração divina.

Tudo isso no leva a perceber a valorização do agente humano nos propósitos divinos, pois pelo próprio Deus ele foi colocado em destaque, ao afirmar que o Espírito movia e o homem falava. É a interação e conexão divino-humana que nos permite ver a relevância da Palavra para normatizar e direcionar as questões espirituais, de equilíbrio humano e de aprimoramento da fé (2Tm 3.16,17). Daí, afirmar que nossa base espiritual não pode estar centrada na experiência cristã, nas emoções, na história da igreja, nas celebrações cúlticas e em nenhuma visão aberta ou conservadora da prática litúrgica, mas na Bíblia, Palavra eterna de Deus (1Pe 1.24,25). Esses escritos e registros inspirados, comprovados, confirmados e autenticados pelo Cristo encarnado nos permite entender que a nossa base de fé é confiável, verdadeira, divina e que nos dá suporte para uma vida de utilidade no Reino e com progresso espiritual.

Para pensar e agir

A Bíblia é uma fonte inesgotável, um manancial de maravilhas divinas. É a Palavra de Deus em linguagem humana.

Não dá para examinar e alimentar-se das Escrituras sem crer em sua integridade como Palavra absoluta, plena e total de Deus.

A Bíblia é infinitamente superior aos escritos de Buda, Confúcio, Maomé, Charles Russell, Ellen Gould White ou qualquer outro, pois ela trata de promessas e profecias, coisas que aconteceram ou acontecerão: a vinda do Messias, a ressurreição ao terceiro dia, a volta de Cristo para buscar sua igreja, dentre outras. Ao passo que no Alcorão, escritos de Maomé, só existe uma única profecia quanto ao futuro: retorno do Profeta a Meca, algo banal e de comprimento óbvio. Dá para comparar?

A Bíblia é muito mais do que um livro de normas reguladoras da religião, do que âncora para a construção teológica e instrução acadêmica. Ela é um tesouro confiável dos conselhos de Deus e que transmite a Sua vontade aos que crêem. Por que não pautar a vida pela Palavra?

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Salmo 19 Terça-feira: Salmo 119.105-112

Quarta-feira: Hebreus 1.1-4 Quinta-feira: João 5.39

Sexta-feira: Hebreus 4.12 Sábado: 2Timóteo 3.14-17

Domingo: Apocalipse 22.18,19

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O céu realmente existe?

A indagação sobre a existência do céu encontra-se vinculada a um dos dilemas mais expressivo da humanidade: o que acontece após a morte? Isso se torna bem evidente em alguns relatos bíblicos: “...Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por um instante e logo se dissipa” (Tg 4.14); “Lembra-te de como é breve a existência!... Que homem há,que viva e não veja a morte?” (Sl 89.47,48); e “Morrendo o homem porventura tornará a viver?” (Jó 14.14). São questionamentos que mostram a preocupação com a imortalidade: para onde iremos? Onde moraremos quando deixarmos a terra? O que tranquiliza o nosso coração é a certeza de que Deus preparou um lugar chamado céu, para habitação de todos quantos confessarem Jesus como Salvador e Senhor (Jo 14.1-6; Lc 23.43; Ap 2.7).

A descrição apocalíptica do novo céu e da nova terra, porque os primeiros já passaram, indica o estado perfeito de todas as coisas criadas e a morada, o lugar derradeiro, onde os justos habitarão (Is 66.22, 2Pe 3.13, Ap 21.1). Lá, ninguém vai precisar de comida e nem de bebida (Rm 14.17), não haverá casamento e nem desejo sexual (Mt 22.30; Lc 20.35), pois tudo isso será passado, sendo a glória do Senhor suficiente para satisfazer e preencher de maneira total os Seus remidos. I - A Bíblia dá testemunho de sua existência

Este assunto é apresentado na revelação bíblica de forma contundente, indicando que o céu é de Deus (Gn 14.19), lugar acima da terra. Em sentido físico é identificado pelo firmamento (Gn 1.8,20), onde estão o sol (Jó 37.21), a lua (Sl 89.37), as estrelas (Gn 1.14, 26.4), e de onde vem o

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orvalho (Gn 27.28). Em sentido espiritual, o céu é o lugar do trono de Deus, de Sua habitação (Gn 28.17, Ap 12.7,8). Não estando essas abordagens em desacordo com o significado da palavra no hebraico (Shamayim) e no grego (Ouranos), respectivamente “coisas voltadas para cima ou as alturas” e “céu ou ar”. João viu a “Santa Cidade, a Nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada para o seu esposo” (Ap 21.2), era o momento áureo, pois a noiva , figura de grande e inestimável beleza para o povo do oriente, estava pronta (Ap 19.7) e agora, neste momento, se apresenta em toda a exuberância e glória. Essa descrição aponta para a união plena e gloriosa, que não teria mais fim entre o soberano Senhor dos céus e da terra, o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1.29) e o seu povo, que não se refere apenas a Israel, mas a todos os homens (Ap 21.3), de todos os lugares, que foram lavados pelo sangue do Cordeiro (Ap 22.14).

O Tabernáculo aponta para a presença de Deus no meio do seu povo, uma realidade bem marcante no deserto (Js 22.29), quando Israel, na liderança de Moisés, caminhava na direção da Terra da Promessa. Agora, essa presença torna-se envolvente e visível, no sentido de poder ser

tocada, na pessoa do Cristo encarnado (Jo 1.14), o Emanuel (Mt.1.23), pois através da obra redentora que Ele realizou e consumou, é que o céu passou a estar, em parte, na terra pelo viés do senhorio de Cristo. A Bíblia mostra Deus desenvolvendo o bendito trabalho de amparo, conforto e cuidado com os seus (2Co 1.3,4). Esta é uma ação pedagógica do Senhor: Ele faz e nos motiva a fazer com os outros, à luz do que dEle recebemos. Pois, além de Ele ser consolação (Ap 21.4), deixou-nos o Consolador (Jo 14.16,17,26) para não descuidarmos deste ministério, entendendo que é como Igreja que temos o grande desafio de instruir sobre o céu e aprender a viver nele.

Ela ainda mostra que o céu é lugar das coisas novas e perfeitas (Ap 21.5,6), que vão além da voz profética, que apontam somente para a nação e sua restauração (Is 32.17,18; 43.19; 60.19,20). E mais: a Palavra fala sobre céus e céus dos céus (Dt 10.14) e de um homem que foi arrebatado até ao terceiro céu (2Co 12.2), provavelmente, expressões que devam ser entendidas como metáforas, para indicar que tudo é de Deus, seu governo é sobre tudo e sua presença é bendita e augusta. II - É lugar do Trono de Deus

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Tratar deste assunto é um presente para a alma, pois abordamos sobre o majestoso lugar da habitação de Deus (Gn 28.17; Ap 12.7,8), do Seu glorioso trono (Ap 22.3), de onde o soberano Senhor exerce o governo de tudo e de todas as coisas (Hb.2.8). O apóstolo Paulo, falando aos colossenses, recomendou-lhes o grande desafio de buscar e de pensar nas coisas que são do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus (Cl 3.1-3); e João, na visão de Patmos, disse que viu uma multidão, a qual ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos (Ap 7.9). Essa incontável multidão que estava servindo ao Senhor diante do trono, no céu, clamava com grande voz: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7.10). Uma linda e notável celebração, uma “festa de adoração” ao Senhor (Ap 7.11,12).

Somente os que lavaram suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro, os remidos, podem ficar diante do trono de Deus, deliciando-se de Sua presença e servindo de dia e de noite, de forma contínua, ao Senhor no Seu templo (Ap 7.14-17). No templo de Jerusalém, somente

os sacerdotes e levitas podiam entrar para servir, mas através de Cristo, o véu se rasgou de alto a baixo (Mt 27.51) e os salvos, sacerdotes de Deus, estão diante do Seu trono para louvá-Lo em adoração.

À luz do que abordamos, resta-nos a compreensão de que neste tempo de Novo Testamento, novo pacto ou nova aliança de Deus com os homens (Hb 8.6), por meio do sangue (Hb 13.20,21), não tem espaço ou lugar para altar, por ser este um destacado instrumento do Antigo Testamento, da velha aliança, onde por meio de sacrifícios de animais os pecados eram perdoados (Lv.4.4-6).

É lamentável ver como alguns evangélicos estão judaizando a fé cristã, retrocedendo a práticas e cacoetes que não tem nada de cristianismo, mas de judaísmo e até de paganismo. Não nos esqueçamos que o altar foi substituído pelo Trono, pois Cristo, na cruz, ofereceu-se em sacrifício de dimensão eterna (Hb 10.1-13). III - É morada definitiva dos salvos A certeza de morar no céu é resultado da obra redentora do Calvário, da consciência da eficácia deste sacrifício, de sermos ovelhas de Jesus e que ninguém nos

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arrancará de suas mãos (Jo 10.27,28), tendo Ele preparado o lugar para estarmos juntos (Jo 14.1-4). Os salvos estarão com Cristo na eternidade, nos céus, e ali serão apascentados pelo Cordeiro (Ap 7.17), porque dEle adquiriram o direito de entrar na cidade pelas portas (Ap 22.14). Naquele lugar glorioso, os remidos contemplarão o rosto sublime do Pai (Mt 18.10), o verão face a face (1Co 13.12), como Ele realmente é (1Jo 3.2), alimentar-se-ão do esplendor de sua majestade e para sempre estarão com Deus e Deus com eles (Ap 21.3). A salvação pelos méritos de Jesus, a prática cristã e a consequente vida dos salvos testificam que a nossa fé não é vã (1Co 15.14) e que a morte foi tragada pela vitória (1Co 15.54), pois Cristo, primícias dos que dormem (1Co 15.20) declarou: “...não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo, vós também vivereis” (Ap 1.17,18). Que riqueza espiritual é essa garantia firmada por Jesus! NEle temos vida abundante (Ef.2.4-7), vida que atravessa do tempo para a eternidade.

Paulo, no anoitecer de sua vida e ministério, falou a Timóteo, seu filho na fé: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a

todos que amam a sua vinda” (2Tm 4.8). A coroa era o prêmio oferecido aos vitoriosos (1Co 9.24,25; 1Pe 5.4) e é a esta que o apóstolo se refere. Podemos entender como prêmio aos que vivem uma vida de retidão pelos preceitos do Evangelho e submissão a Jesus Cristo, que enfatizou a vida no céu como herança (Mt 25.34), uma recompensa (Mt 5.12a; Mc 10.21). Não existe felicidade maior do que ter cidadania celestial (Fl 3.20)! Para pensar e agir

O céu é lugar de habitação de Deus e para onde irão os remidos de Jesus, aqueles que lavaram suas vestiduras e as branquearam no sangue do Cordeiro.

O céu é muito mais que um estado de espírito e/ou uma condição espiritual; é lugar do trono de Deus e morada dos remidos.

Seria o céu um lugar de inatividade? É claro que não! Serviremos ao Senhor eternamente.

Através do sacrifício de Jesus, as maravilhas do céu passam a ser vivenciadas pelos que creem em seu nome, desde a terra.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Salmos 20.1-6;

121.1-7 Terça-feira: Isaías 66.1,22

Quarta-feira: Apocalipse 21.1-7 Quinta-feira: Mateus 16.1-4, 13-17

Sexta-feira: 2Pedro 3.13 Sábado: João 14.2,3

Domingo: 1Coríntios 2.1-9

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Por que os salvos

sofrem?

O sofrimento é uma experiência democrática entre os seres humanos. Sempre foi alvo de debates e reflexão, mesmo não sendo a Pascologia, Teologia do sofrimento, um assunto tratado na Palavra de Deus, de maneira sistemática, como questão teológica. É notável perceber, no contato com a Revelação Bíblica, que ela começa apresentando a realidade do sofrimento pela dor (Gn 3.1-19) e conclui dizendo que a dor não mais existe (Ap 21.4; 22.1-5). O livro de Jó traz relatos contundentes de sua

fidelidade e compromisso com Deus, diante das privações, dos infortúnios, das perdas materiais e afetivas, além do desgaste do seu corpo e do incômodo com o juízo dos seus amigos. É, portanto, muito mais do que uma peça sobre o sofrimento, é uma exposição do poder de Deus, da confiança de um homem e da vitória sobre tudo que humilha, maltrata e fere. Esse homem é mais lembrado por não ter se dobrado ao sofrimento do que pelas coisas que sofreu, conquanto percebamos a sua

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fragilidade e vulnerabilidade. Pascal, filósofo francês, descreveu o ser humano como um grande paradoxo: dentre todas as criaturas do mundo, o homem é, a um só tempo, a mais grandiosa e a mais miserável. Jó, homem reto, temente e que se desviava do mal (Jó 1.1). Nem mesmo com este currículo de fidelidade e devoção a Deus, ficou imune às calamidades e sofrimentos, mas concluiu vitorioso: “...Em tudo isto não pecou Jó com os seu lábios” (Jó 2.10b). Jesus afirmou categoricamente: “...No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33b). Não é pecado nem desabonador o salvo sofrer. Pois, o sofrimento não consegue suplantar a sua atitude de confiança, a sua garra pela luta, a sua certeza de que todos os quadros serão alterados, é só não desfalecer (Gl 6.9) sua confiança plena na declaração de vitória do Senhor e no Senhor (Jo 16.33; Rm 8.37; 1Co 15.57). I – O sofrimento é inerente à pessoa humana O sofrimento é uma profunda dor ou tristeza,

agonia, aflição ou angústia que nos acompanha, como raça humana, desde a queda dos nossos primeiros pais (Gn 3). Examinando a Palavra, encontramos o sofrimento como expressão dolorosa (Sl 22), como consequência do mal uso da liberdade, das ações erradas ou do pecado (Gn 3.16-19). Sofrimento é passar pelo fogo (1Pe 1.7), pelo deserto (Is 5.5-7) e pelo vale (Sl 23.4), sendo refeito, preservado pela misericórdia divina (Lm 3.22-25), experimentando a consolação, o conforto (1Co 1.3-5) e a paz, verdadeiro refrigério pela presença do Senhor (At 3.20). Ninguém foge à realidade dos altos e baixos da vida, ainda que viva em santidade, retidão, piedade e integridade para com Deus e os homens (Jó 1.1), sempre surgirão as adversidades: as naturais, decorrentes do desgaste dos dias, das labutas, das fadigas ou das complicações biológicas, retratadas nas enfermidades ou deficiências e, as de cunho espirituais, patrocinadas pelo adversário, que não se cansa em tramar para ferir; não me refiro ao físico, porque a Bíblia diz que ele não tem poder para nos

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tocar (1Jo 5.18b), mas as ações que machucam os nossos sentimentos, as nossas emoções e as nossa alegrias, pois, a sua missão é semear a desgraça (Jo 10.10). Na sequência dos acontecimentos, no desenrolar da história, à luz da Escritura Veterotestamentária, vemos a relação do sofrimento com a desobediência do povo de Israel, vindo, também, da parte de Deus a disciplina para corrigir, com vistas ao arrependimento (Ez 2.5). Vemos um Deus sensível ao sofrimento dos que lhe são queridos, tendo profunda compaixão para com eles e providenciando alternativas para a solução (Êx 3.7,9,10). O sofrimento, que é de alcance universal (Rm 8.22), se mostra também com veemência na individualidade humana (Mt 9.20). Mas o Senhor pode utilizar qualquer situação dolorosa em nossa vida para o nosso bem (Rm 8.28). II – O sofrimento é espelho que reflete aprovação ou reprovação

Por ser algo que fere, provoca dores e torna evidente o que a pessoa

está passando internamente, o sofrimento desperta nas outras pessoas especulação, compaixão, prazer e conceitos que podem ser justos ou injustos (Jo 9.2). É lamentável se alegrar, ter prazer na dor alheia, aproveitar o momento para tirar qualquer diferença ou fazer julgamentos, mas foi exatamente o que fizeram os supostos amigos de Jó. A fidelidade é parte integrante da essência divina (Sl 40.10; 89.2-4) sendo, por conseguinte, o que Ele espera de nós em todos os momentos ou circunstâncias da vida (Jó 1.22). O sofrimento não deve ser uma oportunidade para a infidelidade, deslealdade ou murmuração (Jr 12.5,6; At 6.1). Aos servos de Deus convém confiar, esperar e descansar no Senhor (Êx 33.14; Jr 46.27), consciente de que dEle virá a solução. Não é apreciável querer de Deus somente as boas dádivas, e não permanecer firmado em sua presença nos dias maus (Jó 2.10). A fidelidade e a resignação mostram a aprovação da parte do Senhor (Rm 16.10; 2Co 10.18), que os embates do tempo não conseguem abalar nossa fé (Tg 1.2-4),

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pois sabemos em quem temos crido, Aquele que tem poder para guardar o meu tesouro até na eternidade (2Tm 1.12; 4.18). Essa consciência da presença de Deus bem perto (Fp 4.5), conduzindo a história e sendo Senhor sobre ela e sobre tudo na existência humana, não pode ser subtraída daqueles que crêem (Jó 42.2). Assim como a infidelidade, a murmuração e o desespero apontam para quem não tem esperança (1Co 10.9-13), para os inconsistentes quanto às demandas das coisas espirituais, mostrando-se reprovados. O sofrimento, além de ser o exercício moral da alma, revela quem realmente somos: dependentes do Senhor e da providência divina (Mc 9.24) ou autônomos, sem resistência e embasamento espirituais. III – Recompensas do Sofrimento

O sofrimento nos mostra quão frágeis somos, que não dá para ser arrogante, achando-se superior ou inatingível, e que a nossa relação com o tempo é marcada pelo contraditório: nascemos e morremos, sorrimos e choramos,

levantamos e caímos, subimos e descemos, nos alegramos e entristecemos. Que proveito vamos tirar de tudo isso? Foi a indagação do sábio, diante de semelhantes antagonismos da existência humana (Ec 3.2-9). O sofrimento nos quebranta por dentro e por fora (Sl 69.19,20), nos aproxima mais de nós mesmos e de Deus, nos torna mais humanos e mais espirituais, nos permitindo olhar com mais compaixão para os sofrimentos dos outros (2Co 1.4). Só a pregação triunfalista de um Evangelho desconectado da Bíblia, para afirmar que o Filho de Deus não pode passar privações, ter dificuldades ou sofrer e, que passar por tais coisas é sinal de desaprovação divina, falta de fé, pecado ou ação propriamente do diabo (Jo 16.33b). Sofrimento serve para lapidar os salvos (1Pe 1.6,7; 5.10), aperfeiçoá-los (2Co 12.7), qualificando-os para auxiliar os outros em suas aflições (2Co 1.3-6). Jesus se dirigiu aos discípulos afirmando ser feliz quem sofre por amor a Ele (Mt 5.11,12); e Paulo, escrevendo a Timóteo, lecionou: “Ora, todos quantos querem viver

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piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). Nenhum salvo está imune às incompreensões, lutas e sofrimentos. Contudo, a vida cristã não é um fardo, um peso ou um sinal de desgraça, mas uma dádiva, onde a promessa do Senhor garante que ninguém sofre além do que pode suportar (1Co 10.13), que depois da luta tem a vitória (Tg 1.12), e que nEle somos mais do que vencedores (Rm 8.37). O sofrimento, então, é um privilégio para os salvos (Fl 1.29); a perseguição é uma agressão alvejada contra os que levam uma vida digna e santa (2Tm 3.12); pois, toda a natureza criada geme, sofrendo as suas dores (Rm 8.22), mas ela será redimida (Rm 8.20,21). É confortadora a assertiva bíblica, que as aflições deste tempo não podem ser comparadas com a glória que sobre nós será revelada (Rm 8.18) e que a momentânea tribulação produz peso de glória (2Co 4.17), ou seja, os nossos sofrimentos atuais são passageiros, leves e estão produzindo para nós uma glória que, sobre todos eles, excede em peso.

Para Pensar e Agir

Deus não tem filhos especiais. O sofrimento e as dores da vida atingem a todos indistintamente. Muitas pessoas têm buscado falhas em Deus e na Igreja, para justificar a existência do sofrimento, esquecendo com isso seus próprios erros e a condição de toda a humanidade. Coisas ruins acontecem a pessoas boas e justas, conforme o próprio Deus assim afirmou sobre o seu servo Jó. Não estamos sozinhos, se estamos em Cristo! Pois, Em vez de explicar nosso sofrimento, Deus decidiu participar dele, e isso deve nos bastar.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Tiago

5.10,11 Terça-feira: Marcos 5.25-34 Quarta-feira: Hebreus 12.1-3 Quinta-feira: Romanos 8.18-

25 Sexta-feira: Mateus 8.5-13 Sábado: Lucas 22.39-46

Domingo: Jó 42.1-6; 10-13

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Por que guardamos o domingo

e não o sábado?

Guardar o domingo expressa bem mais a realidade dos fatos bíblicos envolvendo a pessoa de Jesus Cristo, por ser o dia mencionado na Palavra como palco de um dos acontecimentos mais significativo para a fé cristã: a ressurreição (Lc 24.1-10), a vitória de Jesus sobre a morte. Sendo a consumação da voz profética e da palavra do próprio Cristo: “...Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei... Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo” (Jo 2.19-21).

O sábado, como expressão do cerimonialismo litúrgico, dia da semana, não é o que encontramos em Êxodo 20.8-11; aqui, é repouso, pausa ou descanso. A guarda do sábado é pacto entre Deus e Israel (Êx 31.13,17), ligado ao judaísmo, à

antiga aliança, e foi violado em determinados momentos ou circunstâncias (Mc 2.23-26; 1Sm 21.1-6; Mt 12.5; Lv 24.8). Mas aliado à circuncisão e à proibição de comer carne impura, distinguia e colocava os judeus em uma posição mais elevada sobre os gentios. Só que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34), foi o que disse o apóstolo Pedro ao contemplar as maravilhas do Senhor na casa de Cornélio. O próprio Jesus realizou milagres no sábado (Jo 9.1-21) e curou na sinagoga (Mc 1.21-26; Lc 13.10-17), demonstrando, com clareza, que o sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado (Mc 2.27) e que Ele até do sábado é Senhor (Mt 12.8).

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O texto básico desta lição mostra Jesus sendo questionado porque os seus discípulos, ao sentirem fome, colheram espigas no sábado, o que não era lícito fazer (Êx 20.10), segundo os legalistas fariseus inquiridores. Era nítida a intenção deles. Não estavam sendo zelosos da lei, e nem interessados em receber benefícios com a presença do Mestre; mas, em encontrar uma oportunidade para dificultar a sua vida. A resposta veio no formato de questionamento: O que fez Davi quanto aos pães da proposição? (Mt 12.3,4) e os sacerdotes que trabalham sábado no templo? (Mt 12.5). Prossegue o Senhor, em alto nível, esclarecendo àqueles que estavam mais interessados em complicar do que solucionar, ao dizer que ali estava quem é maior que o templo (Mt 12.6) e superior a tudo (Hb 3.3-6): o Messias divino vestido de humanidade. O Senhor Jesus concluiu declarando: “...Misericórdia quero e não holocaustos...” (Mt 12.7), fazendo uma alusão a Oséias 6.6, aquele profeta que havia predito a extinção do sábado como dia litúrgico (Os 2.11). O que existe de mais nobre no relacionamento do ser humano com Deus é santificar o descanso ao Senhor, ter coração sincero, atitude correta e não meramente observar e guardar os regulamentos da religião com seus rituais.

I - Sábado: sombra do antigo pacto

A guarda do sábado

encontra sua referência central em Êxodo 20.8-11, escritura dos dez mandamentos ou Lei divina positivada, de cunho moral. A coragem para suplantar a ociosidade, a preguiça e a falta de ânimo para enfrentar o labor cotidiano, precisa ser uma realidade na vida de quem tem temor a Deus. O ideal é mirar-se no seu trabalho (Gn 2.2,8; Sl 104.13,14; Is 45.9-12) e desejar priorizar o modelo divino (Jo 5.17), pois o trabalho dignifica, traz honradez e motiva as conquistas.

Entre os prejuízos do pecado, está a fadiga pelo trabalho (Gn 3.17-19). Mesmo o considerando penoso, o homem não pode furtar-se a este desafio (Gn 1.28; Sl 104.23), pois quem não trabalha, exceto aos impedidos por idade, doença ou alguma deficiência, não conquista nada (Pv 6.6-11) e nem tem direito ao descanso.

Para compreender melhor este assunto, devemos descompatibilizar o sábado descrito na Bíblia – palavra inexistente em nosso vocabulário – do sábado, dia da semana. O vocábulo “sábado” é transliterado para a nossa língua e, se traduzido, o significado seria cessação, pausa, interrupção, descanso ou repouso, conforme a etimologia da palavra shabath, no hebraico e sabaton, no grego. O que se encontra em Gênesis 2.1,2, confirma o sentido claro e

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direto do verbo shabath, que é cessar.

A citação de Gênesis 2, relacionada com Hebreus 4.1-10 nos permite compreender que Deus completou a ação de descansar, ou seja, tem estado parado, transmitindo a ideia de haver cessado a obra criadora; mas, não resta dúvida, que Ele, o Senhor continua trabalhando (Jo 5.17), obviamente, não na obra criadora, mas na de preservação, cuidando de tudo quanto provém de suas benditas e dadivosas mãos.

O sábado, na Lei, não tinha nenhum viés litúrgico ou cerimonial. Se fosse dia da semana, refletiria o cerimonialismo judaico, deixando de ser dia imutável e universal, inclusive em virtude de alteração, até mesmo de fuso horário.

Na escravidão do Egito, o povo não tinha descanso (Êx 5.4-9). Mas, ao ser liberto daquele sofrimento, no deserto de Sim, houve repouso e Deus lhe deu maná, pão do céu, com as instruções necessárias para que nada fosse feito de forma errada (Êx 16.1-8, 26). Contudo, houve quebra, desrespeito à ordem divina (Êx 16.27), mas do Senhor veio a advertência (Êx 16.28), colocando assim, em relevo, a palavra de Moisés (Êx 16.29,30).

O descanso é sagrado (Êx 20.8,9), separado para Deus, após a intensidade do labor humano. Além de descrever necessidade biológica, ele aponta para a exigência de Deus, requerendo dedicação, honra e

glória dos seus. Logo, o sábado era um dia de repouso, separado e santificado ao Senhor e não, meramente, o dia litúrgico, como era para os judeus, à luz dos seus ritos e normas.

II - Vivemos na Nova e não na Antiga Aliança

Jesus inaugurou um novo

tempo, superando os tipos e as figuras da Antiga Aliança, que foram abolidas pela eficácia eterna do seu sacrifício no Calvário, pois, pela Lei, o povo vivia preso às sombras dos bens futuros (Hb 10.1). O sábado era parte integrante das solenidades cerimoniais previstas em Levítico 23, que não passavam de figuras da grande e verdadeira realidade.

A obra de Cristo com seu sacrifício é a consumação dessa realidade, que elimina os sacrifícios de animais e que não admite mediador humano, permitindo acesso à sua presença (Ef 2.18). Tendo, na expiação, a remoção da culpa e a purificação pelo sangue do “Cordeiro Eterno” (Ap 12.10,11), que aglutinou à sua Pessoa os ofícios de Profeta, Sacerdote e Rei, mostrando que nEle se cumpriram todas as coisas da Lei e dos Profetas.

O sábado era sinal da Aliança entre Deus e Israel; como expressão litúrgica, estava incluído entre as festas (Lv 23.1,2). Os termos: meus sábados (Lv 26.2), seus sábados (Lv 26.34,43) e vossos sábados (Lv 26.35) são a mesma coisa. A mudança do pronome não altera a

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essência, pois Jesus também se referiu ao Pai de forma semelhante: “...subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20.17). O que Oséias predisse (Os 2.11), retratando o fim do cerimonialismo judaico, cumpriu-se com Jesus na Cruz, que obteve ministério mais excelente, sendo mediador de superior aliança com base em superiores promessas (Hb 8.6).

Defender a permanência do sábado, dia da semana, como repouso é um equívoco, pois o sábado da legislação mosaica é transliterado e não traduzido. O significado do sábado, como Lei Moral, é visto na atitude de separar um tempo, espaço ou dia para repouso, santificado ao Senhor, com a finalidade de honrar, bendizer e glorificar o Seu nome, que é santo, bendito e eterno.

A Nova Aliança, concerto de Deus com os homens, não é identificada com sinais, marcas humanas ou sacrifício de coisas, mas pela vida do Messias, do sangue vertido para remissão dos pecados (Ef 1.3-7) e para reconciliação com o Pai (Rm 5.11). O que era aparente tornou-se evidente, o que era como enigma por espelho, agora é visto face a face e todo o mistério foi revelado: Jesus é Deus entre nós (Is 7.14), é a sua forma de realizar maravilhas (Mc 6.2). Portanto, em Jesus temos uma Aliança Eterna, insubstituível e imutável com o Pai das luzes, o Deus de toda a consolação (2Co 1.3).

III - Jesus ressuscitou no domingo

Sabemos que todos os

dias são especiais e, por isso, devem ser observados para agirmos de forma íntegra, honesta e espiritual em todas as situações ou circunstâncias da vida. Como salvos, pela graça, mediante a fé (Ef 2.8), vivemos dentro dos ensinos de Cristo, evidenciando profunda necessidade de honrá-lo, por esse motivo, guardamos o domingo, primeiro dia da semana, separado para o louvor de sua glória, promoção de seu Reino e edificação espiritual do corpo, que é a Igreja.

Guardamos o domingo, porque nele Jesus ressuscitou (Mt 28.1-7; Mc 16.1-8; Lc 24.1-10; Jo 20.1-9,19), ou seja, o Pai ressuscitou o seu Filho (Rm 8.11; 1Co 6.14) para a nossa justificação (Rm 4.25). A ressurreição é o acontecimento de maior relevância para o cristianismo, pois se ela não tivesse acontecido, a nossa fé seria vã (1Co 15.17), a morte não teria sido tragada pela vitória (1Co 15.54) e a Revelação Bíblica não seria uma inequívoca e inerrante verdade eterna. A ressurreição é a bandeira de vitória levantada para mostrar que as ofensas da cruz, onde Jesus cravou os nossos pecados, foram anuladas, superando a humilhação daquela morte cruel e horrenda (Cl 2.13,14).

Jesus caminhou conversando com dois discípulos,

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rumo à aldeia de Emaús. Vendo-os entristecidos, começou a discorrer sobre Moisés e os Profetas, abordando tudo quanto a seu respeito encontrava-se nas escrituras. Ficou na residência deles e, ao partir o pão, seus olhos se abriram, então, reconheceram-no, só que Ele desapareceu. Os discípulos entenderam que as coisas que Jesus falava ardia os seus corações; levantaram e retornaram para ter com os outros e contar-lhes a maravilha da ressurreição do Mestre (Lc 24.13-35).

Também na tarde de domingo, Jesus ressuscitado apareceu aos discípulos e transmitiu-lhes a paz (Lc 24.36). Diante de um fato de tão profundo valor espiritual – Jesus não ter ficado no domínio da morte, mas de ter triunfado sobre ela, vencendo-a de maneira total e definitiva – os discípulos se puseram a testemunhar de tão gloriosa maravilha (At 2.32; 4.33).

Através da ressurreição, no primeiro dia da semana, Jesus “nos regenerou para uma viva esperança” (1Pe 1.3); pois, só através dEle nos tornamos nova criatura (2Co 5.17), separados para as boas obras (Tt 2.14), aquelas que acompanham a salvação (Hb 6.9). Sendo, portanto, a ressurreição, o descanso definitivo de Jesus por sua obra re-criadora, concluída com perfeição após o sábado judaico, quando esteve inerte no túmulo; mas, no primeiro dia, “o dia bendito”, Ele se levantou

glorioso e nos assegurou a plenitude da vitória.

Para pensar e agir

Relacionar o sábado dos dez mandamentos com o dia da semana é violar a essência da Palavra de Deus.

O sábado cerimonial ou litúrgico não se encontra vinculado ao Cristianismo, mas ao Judaísmo, pois era um dos sinais entre Deus e Israel.

A ressurreição é o testemunho de triunfo de Jesus sobre a morte. É a bandeira da vitória levantada, mostrando que o pecado e sua crueldade foram suplantados na Cruz e que a morte foi tragada pela vitória. O significado do sábado como Lei moral é separar um espaço, tempo ou dia santificado ao Senhor, para honrar, bendizer e glorificar o Seu nome, que é santo, majestoso e eterno. Como servos, temos feito isso?

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: 2Coríntios 3.12-

17 Terça-feira: Hebreus 4.1-11 Quarta-feira: Atos 20.7-12;

1Coríntios 16.1-4 Quinta-feira: Gálatas 4.8-11

Sexta-feira: Romanos 14.1-12 Sábado: Romanos 10.1-10

Domingo: Salmos 92

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O catolicismo está mudando?

Catolicismo é uma expressão usada para identificar as pessoas que praticam sua fé em sintonia com os ensinos da Igreja Romana e com o Papa. Essa instituição tem variações teológicas, é regida não apenas pela Bíblia, mas também pela tradição e pelo mais destacado documento produzido pelo Concílio Vaticano II: a Constituição Dogmática. A Igreja, ao longo dos anos, apresentou-se como divina, tendo as chaves do Reino herdadas de Pedro, seu “primeiro papa” e que fora dela não há salvação, sendo entendida como sacramento, uma realidade viabilizadora da graça. Conquanto exista no Catolicismo movimentos reformistas tentando

mostrar a necessidade de apresentar Deus e a Igreja mais perto do povo, colocando o imanente em destaque ao transcendente, ele tem se mantido intacto, conservando a essência histórica, os dogmas e alterando apenas suas ênfases. Toda denominação histórica ou não, apresenta-se como igreja verdadeira. Mas, nem todas esboçam suas doutrinas com respaldo exclusivamente na Palavra de Deus. Algumas usam a Bíblia para chegar às pessoas e ganhar adeptos, mas baseiam-se mesmo em livros de seus fundadores, em seus “profetas”, em documentos de líder supremo ou na tradição.

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O Catolicismo muda de tática conforme a feição da sociedade. Troca um papa de pouco carisma por um de estilo mais popular, uma espécie pop-star; altera seus métodos conforme a conveniência, mas nunca muda de essência: continua tendo imagens de escultura, reza para os mortos alcançarem favores de Deus, crê nos dogmas, tem a tradição em pé de igualdade com a Bíblia e cultiva a junção Igreja/Estado. Não dá para se deixar levar pela aparência ou imagem de humildade de líder algum. Este é o marketing: aproveitam a simpatia e o jeito simples de uma pessoa, para dizer que agora a igreja está mudando, como se a instituição fosse meramente um homem. Usam a boa imagem de alguém que afirma ser o “sucessor de Pedro”, para encobrir o que o Catolicismo sempre foi e será: um fruto híbrido do casamento da Igreja com o Estado. Se houvesse uma volta à Bíblia, o “império religioso”, chamado católico, ruiria como ruiu o “império político”. O Catolicismo jamais mudará por dentro, a sua essência... I – Igreja e Estado possuem naturezas diferentes Jesus edificou a sua Igreja para que ela fosse um referencial de vida, expressão do seu Reino, promotora da graça divina e coluna da verdade (1Tm 3.15). Sua essência é divina e não humana; sua natureza é

espiritual e não política; e o seu campo de atuação é o gênero humano e não a diplomacia estatal. A Igreja de Jesus não deve se embaraçar com os negócios desta vida (2Tm 2.4), ela precisa corresponder aos ideais dos céus, colocar em prática a missão que Jesus veio desenvolver (Jo 3.17; Mt 20.28) e levar adiante o seu comissionamento (Mt 28.19,20; At 1.8). O Senhor da Igreja sempre trabalhou para libertar e desenvolver a consciência e a reflexão das pessoas (Mt 16.13-16) e nunca para limitá-la, tornando-a passiva ou escravizada. Qualquer segmento religioso que impõe o seu credo, que coloca um líder como cérebro do povo, que não reconhece a competência do indivíduo para gerir suas análises, atitudes e ações não tem respaldo na Palavra de Deus. O exercício da razão aliado à dependência de Deus, deixando-se usar pelo Espírito sempre foi e será alvo da apreciação do Mestre dos mestres (Mt 16.17). Como faz bem à Igreja trabalhar o ser humano para que ele se liberte da ignorância espiritual, dos costumes da velha vida e da apatia pelo sagrado. O Estado, que é de natureza social e política, não deve ter uma religião e, nem a Igreja, que é de natureza divina e espiritual, deve ter militância político-partidária ou face de Estado, pois suas naturezas são

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distintas. Não me refiro aqui às prerrogativas do cidadão e suas liberdades individuais: o Estado deve zelar pelos direitos e liberdade do cidadão em escolher e proferir a sua confissão religiosa como bem lhe convier, para tanto, deve utilizar dos mecanismos constitucionais para impedir a intolerância, a intransigência e qualquer forma de desrespeito ou abuso. Ao passo que a Igreja deve preparar o ser humano para cumprir seu papel em qualquer segmento com dignidade, decência e honradez, como cidadão que se encontra aqui, mas pertence à outra Pátria (Fl 3.20). Vale ressalvar que Jesus não aprovou a união da Igreja com o Estado, pelo fato de criticar o culto oficial e nunca ter manifestado interesse em estabelecer uma nova religião estatal. II – O seu vigário é humano De acordo com o Novo Dicionário Aurélio, vigário, do Latim, é aquele que faz as vezes de outro. Só que no campo da fé, à luz da Palavra da Deus, fomos libertados da mediação humana (1Tm 2.5), com a garantia de que não ficaríamos órfãos (Jo 14.18) e que seríamos cuidados para sempre (Jo 14.16). Não existe a possibilidade de uma pessoa ser o exclusivo representante de Cristo na terra, ser o guia absoluto do seu rebanho, ser infalível em sua decisão e irretocável em todas as suas

ações. Como salvos em Cristo Jesus, o nosso vigário não é humano. Naquela noite memorável, após a celebração da páscoa, quando Jesus saiu acompanhado de seus discípulos, Ele lhes fez uma sublime promessa (Jo 14.16,26). O Espírito Santo é o autêntico e insubstituível Vigário de Jesus Cristo para a sua Igreja. Sua atuação é perfeita, Ele é infalível e seu poder é absoluto. Ele ensina com maestria a verdade Eterna, nos fazendo lembrar de tudo quanto o Mestre por excelência anunciou, guiando a toda verdade e, sobretudo, anunciará as coisas vindouras (Jo 16.13), ou seja, o Espírito Santo ensinará todas as coisas que Jesus lecionou. E mais: o Espírito nos conduz, através da Bíblia, na compreensão da verdade; ele fala (At 13.2; Ap 2.7); ajuda nas fraquezas e intercede por nós (Rm 8.26); supre-nos de assistência paternal (Jo 14.18); testifica (Jo 15.26); guia (At 8.29; Rm 8.14); ordena (At 16.6,7); conduz (Jo 16.13); nomeia (At 20.28); une pessoas à Igreja (At 2.47); instrumentaliza a santificação (2Ts 2.13,14); sela para o dia da redenção (Ef 1.13,14); e glorifica a Jesus (Jo 16.14). Esta é uma das mais belas feições do seu ministério: conduzir todas as glórias a Jesus e não recebê-las para si. Se Ele age desta forma, então, como o ser humano pode se apresentar recebendo honras e glórias, que pelo ensino do Vigário Divino, o

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Espírito Santo, devem ser dedicadas exclusivamente a Jesus? É uma grande temeridade! Nenhum humano deve se apresentar como infalível ou competente para dividir os méritos que devem ser cabalmente de Jesus. Essa inversão do preceito bíblico de ter um vigário humano no lugar do divino, desperta no povo um sentimento religioso motivado pelo visual, pelos símbolos e não pela sensibilidade ou consciência da Palavra (Rm 10.17); pela esperança de ter os pecados perdoados após a morte, relegando a planos inferiores a exigência bíblica do arrependimento e da conversão (At 3.19). Essa forma de motivação religiosa deixa os fiéis reféns de um Credo, onde desde tenra idade, através do batismo, que afirmam ser sacramento, aprendem que este elo não pode ser rompido jamais e que seus membros são os filhos de pais católicos, ao passo que a Bíblia enfatiza categoricamente que os membros da Igreja de Cristo são os nascidos de novo (Jo 3.3). Como Igreja do Senhor, caminhamos de forma segura, porque a nossa referência não pertence a este mundo, porque o nosso guia não é humano, e porque a nossa fé encontra-se alicerçada na Palavra Eterna e não em documentos de líderes religiosos ou na tradição. É plenamente confortador e animador ter o Vigário Divino que não pode ser substituído pelo humano.

III – Suas doutrinas são desconexas da Bíblia A Igreja do Senhor Jesus precisa ser regida pela Doutrina, conjunto de verdades reveladas na Palavra de Deus, que define os princípios fundamentais da fé e não por Tradição ou Dogma, sentença autoritária, construção humana que não comporta questionamento. O texto de Mateus 16 é utilizado pela Monarquia Absolutista Católica para ensinar que a igreja foi edificada sobre a PEDRA, Pedro. Mas o apóstolo, em companhia de João, após a crucificação de Cristo, em Jerusalém, foi detido e levado às autoridades judaicas e lhes afirmou com entusiasmo e vigor, que a PEDRA é Jesus, o grande autor da salvação (At 4.10-12). A igreja estatal afirma que Pedro foi papa, vigário de Cristo e sumo pontífice, mas não foi esta a visão do apóstolo, pois em momento algum nas suas epístolas, deixa transparecer que era superior aos demais, chefe da Igreja ou substituto visível de Cristo; sempre com simplicidade e zelo apontava para a supremacia do Messias Divino (2Pe 2.4-7), sua igualdade com os demais na Igreja do Senhor (1Pe 5.1) e Paulo, escrevendo aos Romanos, saúda a todos os seus cooperadores, amigos e companheiros que lá estavam, mas nem sequer cita o nome de Pedro (Rm 16.1-15), que não foi papa coisa nenhuma.

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Uma das grandes deficiências desse segmento religioso é o distanciamento da verdade bíblica, é não tê-la como única regra de fé e prática. A força da tradição e a prática de dogmas, tais como: a primazia e infalibilidade papal, a imaculada conceição de Maria, a doutrina do purgatório, a veneração de relíquias, o sacrifício da missa, o interceder pelos mortos, dentre outros, deixa o ensino da Igreja Romana desconectado da Bíblia e da boa hermenêutica, assim como minimiza a eficácia plena do sacrifício no Calvário. Vale destacar que a salvação, além de ser eterna, é pela graça e não pelas obras (Ef 2.8,9), que com a morte de Cristo na cruz, o véu do Templo se rasgou de alto a baixo (Mc 15.38), inaugurando o sacerdócio universal dos crentes: o acesso a Deus ficou livre, podendo qualquer um se aproximar dEle, sem mediação humana. O culto aos santos (imagem), considerados pequenas divindades, a veneração aos mártires e os rituais que mesclam as cerimônias pagãs com as sacerdotais do Antigo Testamento nos permitem afirmar que o Catolicismo é uma mistura de Paganismo, Judaísmo e Cristianismo. Para Pensar e Agir

Toda religião deve ser respeitada. A intolerância é uma prática repugnante! Podemos refletir sobre o corpo doutrinário

de qualquer segmento religioso, mas nunca agredir as pessoas por causa das preferências ou crenças. A prática de vida da Igreja e os seus ensinos devem expressar o autêntico conteúdo da Revelação Bíblica. Nenhum costume religioso, texto produzido por pessoa alguma ou pronunciamentos dogmáticos são infalíveis. Não dá para a Igreja e o Estado se consorciarem, não são da mesma natureza. Ela não deve ser estatal e nem ele ter confissão religiosa. Cada um deve cumprir a sua função: o Estado, a expressão dos preceitos constitucionais e, a Igreja, a expressão dos preceitos divinos. Alguém só muda quando altera a essência, mudar de tática e usar um bom marketing para passar uma imagem mais adequada não é mudança, mas reposicionamento social.

A Igreja só demonstra e vivencia mudança instrumentalizada pelo Espírito através do envolvimento com Jesus e Sua Palavra.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Romanos 2.17-29

Terça-feira: 1Coríntios 10.1-11 Quarta-feira: 1Pedro 2.1-10 Quinta-feira: Gálatas 2.1-17 Sexta-feira: 1Timóteo 2.1-6 Sábado: 1Timóteo 4.1-11 Domingo: Efésios 2.11-22

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Encarnação ou reencarnação?

Os textos básicos desta lição apontam para a pessoa de Cristo: sua eternidade, humilhação e obra redentiva. É um primor o conteúdo da palavra do Apóstolo Paulo aos gentios, apontando para a grandeza dos atos poderosos da salvação de Deus, alcançando todos os descendentes da raça adâmica. Impõe-se como uma poesia de exaltação pela redenção e ápice da criação, cumprida em Cristo, pelo Espírito, de acordo com o propósito eterno de Deus, expressando o seu amor e o seu grande ideal de redimir o gênero humano, viabilizando a reconciliação (Rm 5.10). João fala sobre o LOGOS – PALAVRA. É interessante que este assunto compõe os grandes temas do Evangelho, excedendo a fina flor dos pensamentos helênico e judaico, mostrando a pessoa de Deus vivendo entre os homens, os que reconheceram, adoraram e deram testemunho de sua encarnação (Jo 1.14), sacrifício (Ef

5.2), ressurreição (Jo 21.14) e ascensão (Jo 6.62; At 1.9-11).

Quando leio João 1.1, me lembro de Gênesis 1.1. Este relata como tudo começou no sentido físico, como as coisas tomaram forma visível. Aquele aponta para o autor da nossa religação com Deus, mostra as coisas tomando um direcionamento espiritual, o reordenamento de tudo que foi atingido e desarrumado pelo pecado, pois o Verbo Eterno é Deus, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Ap 1.8).

Pontuando as palavras “encarnação” e “reencarnação” somos confrontados com a verdade de que as questões sobre vida e morte sempre estão na pauta de discursões, comentários e especulações. Há aqueles que não querem sequer pensar na morte, mas outros vivem em função dela. Alguns tinham muito medo dessa realidade, mas não pensam dessa forma, ou porque creem que a morte com seus horrores já foi

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vencida por Jesus na cruz (1Co 15.54) ou estão seduzidos pela possibilidade de não morrerem (Sl 89.48).

Diariamente, grande parte da população está exposta a essa sedução através da TV que tem, nos últimos tempos, se encarregado de divulgar a possibilidade de se não morrer, de comunicação entre os que estão nesta terra e os que já partiram dela e de promover a expansão e defesa dos ensinamentos contrários à Bíblia.

I - Conhecendo um pouco mais dos termos

Foneticamente, essas

duas palavras estão muito próximas. Ao pronunciá-las, de modo geral, as pessoas não fazem nenhuma distinção. Guardando todas as ressalvas, consideremos que a palavra reencarnação é de domínio público; as pessoas têm ouvido com frequência, ao passo que encarnação é de domínio

privado; está mais restrito à literatura bíblica e teológica. Por isso, em certo sentido, as pessoas entendem como uma coisa só. Até mesmo quando o termo encarnação é utilizado em nossas igrejas, muitas vezes, não levando em conta essa proximidade fonética, soa aos ouvidos como reencarnação. Isso acaba por gerar dúvidas, que precisam ser esclarecidas, especialmente sobre as nossas diferenças de outros grupos religiosos que pregam a reencarnação.

Encarnação é a

corporificação de Deus na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.14). Jesus nasceu, viveu e morreu no estado e nas condições da vida humana. Ele

era homem, mas não deixou de ser Deus. Ao se “fazer” homem, Jesus não abandonou o seu estado perfeito (Rm 1.3,4), mas tornou-se “um igual”: viveu na pele as dores e os sentimentos humanos; conheceu a força esmagadora da tentação e lutou contra ela, a fim de vencê-la. Mostrou que pela obediência à Palavra do Pai, o homem vence o inimigo e vence a tentação (Mt 4.1-11). Por conhecer a humanidade, vivendo-a na carne e superando as tentações, Jesus Cristo, o unigênito de Deus, evidenciou o direito de ser Salvador dos viventes (Jo 3.16; Rm 8.3) e fez-se companheiro, oferecendo compaixão e apoio a todos os seus que também passam pela tentação (Hb 2.18; 1Jo 2.1,2).

Reencarnação é a crença em mais de uma existência terrena para o mesmo espírito. Seus adeptos advogam que as pessoas, de maneira sucessiva, vão evoluindo nos sentidos intelectual e moral, enquanto julgam ou expiam os erros do passado. O Espiritismo e outros grupos religiosos que creem desse modo classificam os espíritos em quatro categorias: imperfeitos, bons, superiores e puros; portanto, havendo um elitismo, uma espécie de discriminação no plano espiritual. Através das reencarnações de um mesmo espírito, em diferentes corpos ao longo de muitas vidas, este pode vir a se tornar um espírito puro. Isso fere a doutrina da redenção: libertação mediante pagamento de um resgate (1Pe 1.18,19; Ef 1.7), que deixa livre da servidão do pecado (Jo 8.34-36; Rm 6.18), da lei (Gl 4.3-5) e do temor da morte (Hb 2.14,15).

No sentido mais popular, a reencarnação é o seguinte: estou

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vivendo e o que está acontecendo comigo é um castigo, o que faço não faço por mim mesmo, mas alguém faz através de mim, estou sempre pagando por alguém. Quando então me responsabilizarei pelos meus atos? A Bíblia diz que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12), que ninguém fica livre das consequências de suas ações (Gl 6.7,8) e que Deus não tem o culpado por inocente (Êx 34.7; Na 1.3). A reencarnação é uma doutrina sedutora, uma forma diabólica de irresponsabilidade pela vida como um todo.

II - O objetivo da reencarnação: doutrinas correlatas e refutações

O objetivo da

reencarnação é a purificação, a salvação. Os que assim pensam, creem que se aperfeiçoam pela evolução espiritual, através do sofrimento e pela prática de boas obras. É um caminho totalmente inverso aos ideais de Deus apresentado na Palavra. O mundo jaz no maligno (1Jo 5.19), sendo impossível um aprimoramento espiritual simplesmente pelos feitos humanos, pela passagem no tempo, ou pelas lutas dele decorrentes. A salvação vem exclusivamente dos méritos do Calvário (Ef 2.8,9).

A doutrina espírita da reencarnação nunca está isolada. Ela vem acompanhada de outros ensinamentos e crenças diabólicas, as quais a Bíblia condena, a saber: viver e renascer, a fim de evoluir e aperfeiçoar (Hb 9.27); comunicação com os mortos (Dt 18.10-12; Is 8.19,20; Lc 16.19-31; Lv 20.6); Jesus é um HOMEM que alcançou grande desenvolvimento espiritual

(Jo 1.1; Mt 16.15-17; Jo 6.38; Fp 2.10; Ap 17.14); não há céu nem inferno (Ap 21.8; Lc 23.43; Mt 5.12,29,30; Mt 25.31; Fl 3.20); fora da caridade não há salvação (Ef 2.8-10; At 4.12; At 16.31; Jo 14.6); o diabo e os demônios não existem (Mt 25.41; Ap 20.10; Ef 4.27; Tg 4.7; Ap 12.9; Lc 4.33; Jd 6). Alziro Zarur, renomado espírita brasileiro, chegou a afirmar que Satanás é nosso irmão, por quem devemos orar, uma vez que poderá entrar novamente no círculo de evolução espiritual e tornar-se um espírito perfeito e puro (Mt 25.41; Ap 20.10); Deus existe, só que se encontra longe demais e se manifesta por meio de guias ou intermediários (Fl 4.5; 1Tm 2.5); e, ainda, nega a existência da Trindade (Jo 16.26; 2Co 13.13; 1Pe 1.2) e todas as doutrinas básicas da fé cristã.

III - Benefícios da Encarnação

Encarnação é uma

nomenclatura teológica para referir-se a Jesus “em carne” (Rm 8.3; Cl 1.22), que revelou com perfeição a pessoa de Deus e a plenitude do seu amor (2Co 4.4), trazendo bênçãos espirituais e luz que dissipa as trevas (Jo 1.4).

Sendo Jesus verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus (Cl 2.9) pode trazer salvação à raça humana, que fora destroçada pelo pecado, e mostrar que nEle Deus começou a ter uma completa vida humana, tornando-se próximo do homem (Mt 1.23), podendo ser visto e conhecido (Jo 1.14,18), ensinando que é possível levar uma vida de obediência (Fp 2.8). É notável que a união da divindade e da humanidade de Jesus não

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cessou com sua subida majestosa para os céus, a ascensão (At 1.10,11). Ele retornou para recobrar sua glória (Jo 17.5), com o corpo ressurreto (Lc 24.50,51), sendo o nosso Senhor divino, líder, sumo sacerdote (Hb 3.1), único mediador (1Tm 2.5) e pastor (Hb 13.20).

A encarnação de Jesus – sua divindade na humanidade, além de ser a porta viabilizadora do conhecimento de Deus, motiva uma vida de santidade (Lv 20.26), de aprimoramento espiritual, acreditando que é possível crescer na graça e no conhecimento (2Pe 3.18), cumprindo um papel mais amplo na vida, desenvolvendo as potencialidades, aproveitando as oportunidades, certos do senhorio e comando de Jesus, que é presente do Pai (Jo 3.16). Através dEle temos a vida abundante (Jo 10.10), a presença permanente do Senhor (Mt 1.23; Is 8.8,10), possibilitando-nos uma vida de perfeita e completa comunhão com Deus, quebrando o domínio do pecado (1Jo 3.5) e nos preparando para as boas obras (Ef 2.10).

Para pensar e agir Encarnação e

reencarnação são vocábulos que foneticamente estão próximos aos nossos ouvidos e que, muitas vezes, são até confundidos, mas que na abordagem do Novo Testamento eles são distintos e distantes.

O VERBO é a divindade, é o modo de Deus falar ao homem, é a Sua autorrevelação e não apenas uma criatura primogênita divina.

Embora alguns afirmem que o Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa, isso não é verdade. O que o Espiritismo ensina é um outro evangelho (Gl 1.8). Na verdade, é o Evangelho Segundo Allan Kardec: sem pecado, Espírito Santo, Jesus Cristo, céu, diabo, inferno e salvação.

Muitas pessoas estão no Espiritismo com a certeza de que ele é uma religião cristã (Rm 1.25). Estão iludidas e enganadas! Ajudados pelo Espírito Santo e alicerçados na Palavra, devemos alertá-las com respeito, temor e mansidão (1Pe 3.15) da farsa que está por trás da aparência dessa crença e anunciar o Evangelho da graça do VERBO encarnado – JESUS CRISTO.

A reencarnação é doutrina antibíblica, ao defender uma sucessão de existência terrena para o mesmo espírito (Hb 9.27).

A reencarnação anula o sacrifício de Jesus (Fl 2.8; Jo 14.6).

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Isaías 61.1-3 Terça-feira: 1Timóteo 3.16;

1Pedro 3.18 Quarta-feira: Hebreus 9.24-27 Quinta-feira: Hebreus 10.10-12 Sexta-feira: 2Crônicas 33.1-6

Sábado: Deuteronômio 18.9-14 Domingo: João 1.1-14

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Como entender a realidade da morte?

O Apóstolo Paulo estava trabalhando algumas discrepâncias doutrinárias na Igreja de Corinto e, especificamente, neste capítulo, a problemática da ressurreição. Por influência grega, alguns se baseavam no conceito de ser a matéria ou a substância material a causa de todo o mal, para negar a ressurreição (1Co 15.12,13). Tal posição acarretava sérios prejuízos, como o descrédito da pregação apostólica, a ideia de uma fé fantasiosa ou fictícia e os apóstolos como testemunhas falsas (1Co 15.14-16). Para combater tal

equívoco, Paulo afirmava não haver esperança sem a ressurreição (1Co 15.19), que a morte é um inestimável ganho (Fl 1.21) e que a ressurreição de Cristo é a base da ressurreição dos crentes (1Co 15.20-22).

Comumente as pessoas têm certa dificuldade em lidar com a realidade da morte. Algumas ficam tão aterrorizados que “negam” a existência dela, tentando viver como se fossem eternos. Há, também, aquelas que se negam até mesmo a pronunciar a palavra morte. Outras há que vivem tão

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assustadas com a morte que nem conseguem viver. O certo é que costumamos vê-la como uma intrusa, uma inimiga (1Co 15.26), contudo, a reconhecemos como uma das expressões mais nítidas da vida. Mas, por que isso incomoda tanto o ser humano? Foi dito que “o homem é, dentre todas as criaturas, a única que sabe que vai morrer”

1; sendo, portanto, o

único ser que tem consciência de sua existência.

Por ser uma realidade da qual ninguém escapa, quero convidá-lo, como companheiro na vida e na morte, para objetivamente pensarmos sobre ela.

I - O que é a morte?

É algo que atinge as

pessoas por inteiro: aqueles que morrem e aqueles que vivenciam a morte de alguém. De certa forma, quando vivenciamos a morte de alguém muito próximo a nós, é como se um pouco de nós mesmos morresse também. O que é algo natural e inevitável (Hb 9.27), porque já está no mundo antes mesmo do nosso nascimento – também parece

1 Em Busca da Política por Zygmunt

Bauman – Pg. 39

uma coisa contrária à natureza.

O homem a vê como um castigo por causa do pecado, como uma imposição e até mesmo como uma maldade de Deus (Gn 2.17). Certamente essa foi a primeira experiência de Adão com a morte. Sentiu que algo estranho tomava lugar dentro de si. De imediato não ocorreu a morte física, mas, no íntimo, algo “começava a morrer”. Deu-se início à separação, que se manifestou na forma de fuga daquilo que, até então, era agradável (Gn 3.8-10), culminando com a perda do paraíso (Gn 3.23) e, posteriormente, a convivência com a dor pela morte do seu filho (Gn 4.8).

A melhor definição de morte é separação, porque é algo que sentimos antes mesmo dela se efetuar. É a dissolução da união existente entre o espírito e o corpo (Ec 12.7). A morte física é símbolo, expressão e parte integrante da morte mais profunda que o pecado inevitavelmente traz. No plano físico, nos separamos de pessoas e coisas e no espiritual, a separação é de Deus.

A morte ocasiona angústia, pavor, experiência de privação, ausência do

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convívio, desespero apático; mas em Cristo, olhamos a morte de outra forma, como o início de uma nova vida (2Co 5.15-17), como o tabernáculo terrestre que se desfaz (2Co 5.1) e como uma porta que se abre, viabilizando as maravilhas da eternidade (Ap 21.1-4).

Na Bíblia, a morte é descrita também como uma “sombra” (Jó 10.21; 12.22; Sl 23.4), escurecendo os nossos momentos mais ensolarados e a cada dia avançamos mais em sua direção.

II – Os salvos morrem?

No plano físico, todos

morrem (Sl 89.48), inclusive plantas e animais. Com relação a estes, a morte significa o fim da vida, mas para os seres humanos a morte física não significa o fim da existência. Se o homem não tivesse pecado, teria ele morrido fisicamente? Não sabemos. Talvez acontecesse com todos o mesmo que aconteceu com Enoque e Elias (Gn 5.24; 2Rs 2.1,11).

A morte não é um fim em si mesma, ela abre o acesso à vida; é a transição para uma outra dimensão, onde continua a nossa existência consciente (2Co 5.10; Ap 7.9,10,15), pois Cristo

venceu a morte por nós. Além da morte física, há também a morte espiritual (Gn 2.17; Rm 6.23), como consequência do pecado.

O homem do Antigo Testamento, ainda não tendo posse de toda a revelação de Deus, cria na morte como a entrada no sheol, mundo dos mortos, lugar onde a pessoa era separada e privada de tudo o que lhe era precioso na vida, inclusive Deus e seus familiares. Sendo todos os seres humanos pecadores (Rm 3.23), todos estão espiritualmente mortos, separados de Deus e, por isso mesmo, carecem de sua graça para a reconciliação com o Pai (2Co 5.20 ), para serem vivificados em Cristo (Jo 5.21; 6.63; Rm 4.17; 8.11; 1Co 15.22; Ef 2.5).

Há também a morte eterna, a segunda morte (Ap 2.11), que é a separação dos perdidos no inferno, eternamente longe de Deus (Ap 20.14; 21.8). A segunda morte é a sentença de Deus no juízo final, e não há nada de arbitrário nisso. Deus verdadeiramente está respeitando a escolha que os perdidos fizeram, “permitindo que tenham por toda a eternidade as condições espirituais que escolheram ter enquanto na terra”.

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Cristo esvaziou-se, viveu entre os homens e mesmo não tendo pecado, sendo perfeito, aceitou a morte (Fp 2.7,8; 1Pe 3.18), movido por seu grande amor para conosco (Mc 10.45; 1Ts 5.10), destronando o pecado (1Co.15.54-57), vencendo o diabo e a morte (Hb 2.14,15), eliminando o seu poder sobre os salvos (Rm 6.3,4), que estão mortos para o mundo (Gl 2.20) e vivificados em Cristo. Essa nova realidade ou novidade de vida (Rm 6.4) é guiada pelo Espírito (Gl 5.18) e não pela carne, desenvolvendo-se com qualidade, não apenas no tempo vindouro, mas a partir do presente (Jo 5.24; 8.51,52; Ap 3.20; 20.14), como nova criatura selada pelo Espírito (Ef 1.13) para as delícias da eterna vida.

III – Tragada foi a morte pela vitória

O sacrifício de Jesus

Cristo na Cruz assegura a vitória sobre a morte, que será o último inimigo a ser vencido (1Co 15.26). Só que na dinâmica do tempo, encontramos a morte em pleno avanço, pois, conquanto tenhamos a infalível promessa da vitória de Cristo, ela ainda não foi derrotada na

experiência física individual (Rm 8.9-11; 1Co 15.26). Todavia, a vitória do Mestre da Galiléia sobre o império das trevas e da morte impede que todo aquele que a Ele se rende seja separado do amor de Deus (Rm 8.38,39).

A doutrina da ressurreição, tendo Jesus como primícias dos que dormem (1Co 15.20), é a garantia para a ressurreição dos crentes: mudança do corpo físico para um corpo espiritual (1Co 15.44). ; remoção do pecado que é o aguilhão da morte, apontando que em Cristo a redenção é plena, a vitória é total.

Os apóstolos não silenciaram quanto a vitória de Cristo sobre a morte. Pedro, no Pentecostes, alçou a voz dizendo: “... Jesus, o nazareno,... vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (At 2.22-24). As autoridades religiosas judaicas tiveram poder de entregar Jesus às autoridades romanas para a crucificação (Mt 27.32-54; At 5.30; 7.52), mas ninguém e nem poder algum, conseguiu prendê-Lo no túmulo, deixando-O inerte no seio da morte.

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“Ele não está aqui!” (Mt 28.6). Os grilhões, os laços ou dores da morte foram rompidos, sendo tragada pela vitória triunfante de Jesus. Paulo, contundente erudito da pregação aos gentios, no exercício do seu ministério apostólico, tornou-se um baluarte na proclamação do Evangelho, que tinha como essência a morte e a ressurreição de Jesus, realidade que subtrai qualquer dúvida a respeito das profecias (Is 25.8) e do próprio testemunho do Mestre a respeito da sua vitória visível sobre a morte (Hb 1.10-14), assegurando aos que crêem plena certeza e alegria da salvação.

Além disso, algo que merece relevo é a experiência dos apóstolos Pedro e João diante do Sinédrio, quando interrogados pelo benefício feito a um homem enfermo e do modo que foi curado, a resposta apontou para o nome de Jesus, que eles crucificaram e que Deus ressuscitou (At 4.9,10). O sacrifício e a ressurreição se completam, é a essência total do plano redentor de Jesus, em que a morte foi tragada pela vitória. Se não houvesse ressurreição, a nossa fé não teria sentido e seríamos os mais infelizes, se

esperássemos em Cristo só nesta vida (1Co 15.19).

Para Pensar e Agir

Em Adão, todos

pecaram e ficaram sob o domínio da morte: física, espiritual e eterna (Rm 3.23). Mas Deus, em Cristo, oferece ao homem uma nova chance, um recomeço. Oferece a vida!

Onde só havia o pavor da separação pela morte física (Tg 1.13-15), Deus propôs a vida, com qualidade e quantidade (Jo 10.10).

Aos que estavam mortos em suas ofensas e pecados, Ele os vivificou juntamente com Cristo (Ef 2.1-10).

A morte para os que não têm uma experiência com Jesus é vista como maldição, mas para os salvos, lavados pelo sangue do Cordeiro, esta maldição foi transformada em bênção e vitória, pois o Senhor veio, suplantou e venceu a morte (Fp 2.5-11; Rm 8.1), de sorte que ela não nos alcançará.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: João 8.50-58 Terça-feira: Gênesis 4.3-10

Quarta-feira: Ezequiel 18.1-20 Quinta-feira: 1Coríntios 15.12-

26 Sexta-feira: Mateus 14.1-11

Sábado: João 11.1-25 Domingo: 1Jo 3.11-15

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Como acontece o processo de

santificação?

A santificação é o processso da graça divina para melhorar a condição espiritual do salvo. É ser separado do pecado para uma vida de maior proximidade com Deus e sua justiça. Ela é instrumentalizada pela Palavra (Jo 17.17), é um referencial de vida para os que desejam agradar a Deus, no poder do Espírito Santo (Rm 8.3,4), Aquele que convence do pecado e guia na verdade (Jo 16.8-11,13), mostrando o caminho adequado a ser percorrido para uma melhor qualidade de vida com Deus,

consigo mesmo e com os seus semelhantes (Cl 1.9,10).

A santificação é o resultado da purificação interior, do cruel poder do pecado e da superação da culpa, viabilizando novidade de vida e santidade, que implica em integridade, postura ética saudável, piedade, ser separado para relacionar-se intimamente com o Senhor, sendo uma digna testemunha do seu poder, na promoção do seu Reino (1Pe 3.15).

A primeira epístola de Pedro é uma chamada à

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santidade, envolvendo obediência e verdade, porque Jesus é a verdade (Jo 14.6) e orou para que fôssemos santificados nela (Jo 17.17), com o objetivo de caminharmos integralmente debaixo do senhorio de Cristo (Rm 6.22), experimentando os efeitos da graça libertadora, evidenciando uma nova condição de vida e focando no alvo – Jesus, a vida eterna.

I – Envolve Deus e o homem

A santificação, vida

purificada, é obra de Deus, pelo Espírito Santo, no coração de quem está em Cristo. É uma ação divina subjetiva no íntimo daqueles que foram chamados para uma vida separada e relevante (1Ts 4.7). O processo de santificação envolve fé depositada em Jesus (Gl 2.16; Mt 8.10; At 26.28), pois o conselho de Deus para os seus é motivador de uma vida melhor (Mt 5.48), o grande desafio por Ele oferecido (Lc 20.26; 1Pe 1.15,16), por ser aquele que santifica (Hb 2.11; Ef 1.4; Tt 2.14). Daí, a vida de santidade refletir a atuação do Senhor em nós e a nossa volta para Ele, evidenciando a plenitude do Espírito (Ef 5.18), algo que nos sensibiliza, nos conscientiza, nos permite

refletir e enxergar a nossa condição em relação a tudo e a Deus.

Ser cheio do Espírito é ser vaso, servo voltado para as coisas do alto (Cl 3.1), cheio da Palavra de Cristo (Cl 3.16), iluminado para perceber as maravilhas das riquezas da graça (Jo 14.26; At 6.10; Lc 12.12), sendo auxiliado nas orações (Rm 8.15,26,27) e convencido para não se tornar cauterizado nas demandas espirituais. O efeito mais nítido do senhorio de Cristo é a vida controlada pelo Espírito.

Viver em santidade só é possível se existir temor (2Co 7.1) e inteira dependência da graça (1Pe 1.13), para entendimento espiritual, sobriedade de fé e equilíbrio nas ações cotidianas. Não se pode levar a vida cristã de forma leviana. Somos responsáveis pelos nossos atos, cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12), e pelo processo da santificação. Tendo a santificação iniciado na regeneração, no começo da vida cristã, pela atuação do Espírito Santo, agente divino na purificação (1Pe 1.2; 2Ts 2.13), o seu resultado não poderia ser outro, senão o amor fraternal (1Ts 3.12,13), a fé não fingida (2Tm 1.5), o abandono do pecado (Hb

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12.1,2) e o apego a Deus (Jo 6.68,69).

A santificação pressupõe fugir das paixões carnais ou mundanas, abandonar a ignorância (1Pe 1.14), afastando-se das obras da carne (Gl 5.19-21), sendo obedientes ao Senhor e produzindo o fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-24). O caminho de santidade não é fácil de ser percorrido, recebe ataques do maligno e de pessoas por ele influenciadas, mas é um caminho vitorioso. Santidade é mais do que ser diferente, é ser focado na perfeição, mirando-se no Senhor e refletindo sua glória, tendo-o como motivação (1Pe 1.16).

II – Nos posiciona com atitude na vida

Quem deseja agradar

a Deus precisa deixar de lado o que está vinculado às práticas mundanas ou carnais (1Pe 2.1). É a ética do Evangelho que se desenvolve no estilo de vida do salvo (Hb 6.8,9), pois santidade é bem mais do que princípios que regem a interpretação das bases de fé de um segmento religioso, do que crenças, costumes ou doutrinas; é vida com Cristo, em Deus (Cl 3.3).

Em nossa trajetória ou peregrinação terrena,

devemos levar o nome de Cristo, respaldado por uma conduta estável e digna dAquele que é o alvo de nossa fé (Cl 1.10), aos que vivem sob influência deste mundo corrupto, hostil e perverso. Não é fácil viver separado de um contexto assim, mas é o que o Senhor espera de nós (1Pe 1.16), pois a santificação é uma “maratona” na direção da perfeição (Mt 5.48).

Para desenvolver uma vida santa é preciso mortificar a carne (Cl 3.5), atitude coerente de submissão a Cristo e obediência à sua Palavra (1Pe 3.15), regidos pelo princípio do amor, que deve motivar as nossas ações (Jo 21.15-17), deixando para trás o desejo de prejudicar ou fazer alguém sofrer, aqueles que foram feitos à imagem e semelhança do Pai (Gn 1.26); bem como, eliminar a astúcia enganosa, o desejo de se sair bem a qualquer custo, o fingimento, a hipocrisia ou atos falsificados, as malícias ocultas e as palavras difamadoras ou mentiras injuriosas. Tais coisas não são compatíveis com a vida cristã, à luz dos ideais de Deus (1Pe 3.8-12), que espera o abandono do pecado, refletindo mudança de caráter (Mt 5.1-12) e temor, compatíveis com a

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regeneração (1Pe 1.3,23). O apóstolo Pedro nos aconselha: “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para a salvação” (1Pe 2.2), alimento saudável encontrado nas doutrinas bíblicas, impulsionadoras do crescimento em amor, em santidade e em fé (Ef 4.15), para que os servos de Deus sejam aperfeiçoados e habilitados para toda a boa obra, até a estatura de homem feito, a plenitude de Cristo (Ef 4.12,13).

O salvo é conduzido pelo Espírito Santo a agradar a Deus (Cl 1.10), a celebrar o seu nome com alegria, a ser espiritual, vivo em Deus por meio de Cristo e expressivo na fé, não com arrogância, mas com humildade, como “Pedras vivas” (1Pe 2.5), em atitude, ligados a Cristo e consagrados a Deus.

III – Nos permite entender quem na verdade somos

O salvo por Cristo é

propriedade exclusiva de Deus, chamado por Ele e purificado pela obediência à verdade (1Pe 1.22), no poder do Espírito, como nação santa para que como mensageiro da esperança e do que é bom,

anunciar as boas novas, as virtudes daquele que chama das trevas para a maravilhosa luz (1Pe 2.9).

Somos um sacerdócio real, pois através do véu rasgado (Mc 15.38), o acesso a Deus foi desobstruído, sendo possível o contato com Ele por meio de Cristo. Somos uma geração separada do poder das trevas, pela regeneração, que é o novo nascimento, o espiritual, para um relacionamento amistoso e íntimo com o Pai. Somos o quinhão preferido de Deus (Jr 12.10), o seu povo adquirido, comprado com o sangue do Cordeiro (Ap 22.14), para suplantar o modelo de vida retratado na velha prática regida pelas trevas da maldade e pela corrupção do pecado, para uma condição nova e elevada: povo especial do Senhor, separado dentre os demais (Lv 20.26), que alcançou misericórdia por graça e não por méritos; ovelhas do seu pastoreio; obra-prima da criação, feitura das mãos do Senhor (Ef 2.10) e casa espiritual (1Pe 2.5), para morada de Deus em espírito (Ef 2.22).

A vida cristã precisa ser reconhecida e valorizada como dádiva divina, a ser desenvolvida com proximidade de Deus, afastando-se do

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pecado, das insinuações e propostas do maligno; que desvenda os olhos, dá diretrizes e sinaliza o querer divino para os seus. A santificação está dentro da misericórdia do Senhor (1Pe 2.10) e no trono da graça divina. A vida com Deus produz identidade (1Tm 1.1,2; 1Co 1.1,2; Gl 1.1; Fp 1.1), mudança interna e externa (Mt 8.1-5), consciência de que somos suas testemunhas (At 1.8) e nos desafia a levarmos a luz da vida (Mt 5.14-16; Lc 11.36), sendo parceiros do Senhor na promoção do seu Reino.

Para pensar e agir

O mundo que nos

rodeia, nos oprime cada vez mais. Na maioria das vezes, essa opressão vem de forma sutil ou camuflada. Diariamente somos seduzidos tanto por coisas que vêm diretamente do mundo, como por aquelas que vêm de um cristianismo mais fácil, mais “barato”, mais contemporizado. Será que temos pedido ao Senhor o dom do discernimento, a fim de que vivamos a fé de forma saudável e verdadeira?

Podemos até querer apresentar algumas credenciais para nos

aproximarmos de Deus, tais como: trabalhar na igreja, evangelizar, participar dos grupos musicais e de tantas outras atividades, mas, não nos deixemos enganar. Nada substituiu a santificação, porque sem ela ninguém verá o Senhor (Hb 12.14)

A santificação acompanha a salvação (Hb 6.9). É processo urgente a ser desenvolvido pelos salvos que desejam ser como o Senhor. Não percamos tempo com a periferia das coisas espirituais. É hora de se aprofundar, de avançar e de ter a Bíblia como nosso referencial e modelo para as ações da vida.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Gálatas 2.20; Êxodo 19.6

Terça-feira: João 17.14-17; 1Tessalonicenses 4.1-7

Quarta-feira: 1Coríntios 1.30;

1Pedro 3.15 Quinta-feira: Josué 3.5;

Levítico 20.7,8 Sexta-feira: 1Coríntios 6.1-11

Sábado: Gálatas 5.16,17; Tiago 3

Domingo: 1Pedro 1.15,16; Hebreus 12.14

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Não concordo com a administração da

igreja: devo reter o dízimo, ou entregar

em outro lugar?

Dizimar é privilégio para o crente, e alegria por corresponder com os cuidados bondosos de Deus. Dizimamos por fé, fidelidade, amor e gratidão. Quando entregamos o dízimo durante o culto, aquele ato, expressa o nosso reconhecimento de que todas as coisas que chegam às nossas mãos são dádivas dos céus! Após o retorno de um grupo de Judeus do exílio, a reconstrução do segundo Templo e sua festiva e emocionante inauguração, o povo começou a se descuidar, a entrar numa rotina de normalidade da vida, inclusive no aspecto religioso, e a se esquecer da fidelidade ao Senhor, experimentando, assim, uma decadência moral, religiosa e social.

É exatamente nesse contexto que o Profeta Malaquias levanta a sua voz (Ml 2.7,8) e reafirma que as “janelas

dos céus” se fecharam, porque o povo virou-se contra o Senhor, negligenciando a fidelidade: retendo os dízimos e as ofertas. Então, o profeta faz um notável desafio (Ml 3.10). Dizimar é entregar tudo o que deve ser entregue, sendo absolutamente verdadeiro (At 5.1-11), é ser parceiro de Deus no plano divino de sustento humano da obra. O não dizimar é desprezo ao projeto do Senhor. Daí, ordenar que todos os dízimos sejam levados à casa do tesouro, para que haja mantimento, ou seja, pra subtrair qualquer possibilidade de escassez de sustento do culto. I – O dízimo não nos pertence

O dízimo “não é invenção do homem para sustentar a religião, mas uma exigência de Deus para

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sustentar espiritualmente o homem”. Sua origem encontra-se em Deus. Sempre fez parte da economia divina, nunca foi produto do acaso; reflete o planejamento do Senhor para desenvolver a obra de redenção da humanidade. Ele deve ser empregado para cumprir essa finalidade, além de ser aplicado nas coisas de cunho espiritual ou sagrado, e em tudo deve glorificar o nome do Senhor (Sl 24). O dízimo é uma doutrina ensinada pelo próprio Deus (Gn 14.18-24; 28.18-22; Lv 27.30-32; Nm 18.20-32; Dt 14.22-29; 26.12-15) e o Novo Testamento não abandona essa exigência, ao lecionar que deve ser de forma mais ampla (Mt 23.23; Lc 11.42; Hb 7.1-10; 2Co 9.1-14); é entrega total da vida, é oferecer tudo (Mc 12.41-44); é reconhecimento de que o dinheiro não pode ficar acima dos nossos princípios (Lc 19.8); é voluntariedade, expressão de amor e dependência de Deus (At 2.44,45; 4.32-37); é ter confiança no dono da prata e do ouro para entrar, se for o caso, nas raias do sacrifício (2Co 8.1-5).

A fidelidade e a gratidão devem ser ornamento da vida cristã, que expressamos na devoção, no amor pelas almas perdidas, entendendo que a salvação é de graça, mais a obra custa muito caro, então, não dá para abrir mão de

devolver parte daquilo que o Senhor coloca em nossas mãos. É a obrigatoriedade rígida da Lei, sendo superada pela graciosidade do amor (2Co 9.7). O dízimo é propriedade divina. Lançar mão dele é entrar em seara alheia, é viver exposto ao constrangimento quando lê a Bíblia, quando ouve mensagem sobre o assunto e a sentir-se incomodado e muito mal se tiver o temor de Deus. Quando a Igreja experimenta uma realidade de fidelidade, de boa convivência, de investimento nas demandas do Reino, ela cresce (At 2.47), tem estabilidade espiritual (At 16.4,5) e se alegra (At 2.46), pois são expressivas as maravilhas de Deus: o devorador é repreendido (Ml 3.11), o fruto da sementeira é aumentado (2Co 9.10) e a sensibilidade para a gratidão torna-se encantadora (2Co 9.15). II – Dízimo é expressão de amor e não de contenda

Os crentes devem apresentar-se ao Senhor e celebrar a Sua glória com alegria, por ser rebanho do seu pastoreio (Sl 100), sua propriedade exclusiva (Êx 19.5), comprados por um alto preço (1Co 6.20), para a glória do seu nome (Ef 1.12) e promoção do seu Reino (Rm 1.8).

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A vida cristã não deve ser um fardo, precisa ser leve, de obediência, para não entrar em conflito entre o que se crê e o que se vive. Ela é de paz conosco, com os outros (Hb 12.14) e com Deus. Tudo o que fazemos precisa ser em amor (Cl 3.23), inclusive o dizimar. Não é saudável fazer reclamando, mal dizendo o trabalho, vigiando os demais e murmurando (Fl 2.14), como se tivéssemos fazendo um favor para Deus ou dando uma esmola para a Igreja. A bênção de entregar o dízimo deve ser dia de festa espiritual, de gratidão pela bondade de Deus e de alegria por fazer parte do plano financeiro de Deus para o avanço do seu Reino.

A nossa motivação para dizimar é interna e não propriamente externa, mas lanço mão de alguns fatos para provocar nossa reflexão: os pagãos dizimavam aos seus deuses, os judeus dizimavam e ofertavam empurrados pela Lei e, nós, servos de Jesus, não temos muito mais motivos do que eles? Não podemos ser mais liberais ou generosos? Ir além deles é, realmente, questão de conversão e amor! Dizimar por contenda é retrocesso na fé, é vivenciar um tempo de ignorância e de infantilidade espiritual (1Co 13.11), mas infelizmente acontece hoje como aconteceu na época do profeta. E a mesma

palavra que ele utilizou para corrigir aqueles distúrbios serve para os da atualidade. Sempre se ouviu de crentes querendo administrar o dízimo do Senhor, especialmente quando a vida espiritual não vai bem, sendo marcada por dissabores, pecado e fragilidade na fé. Quando as coisas não acontecem na Igreja conforme o gosto de algumas pessoas, elas começam a se distanciar do convívio eclesiástico, de Deus e da Bíblia. Reclamam e colocam defeito em tudo, retém o dízimo, depositam em sua conta bancária/poupança ou entregam em outra igreja. Essa atitude, geralmente, é para retaliar, pressionar ou forçar a saída do pastor, de algum líder ou para prevalecer sua vontade. Essas pessoas ainda não apreenderam que os problemas da Igreja se resolvem com Deus; que dizimar é atitude espiritual e que algo diferente desse procedimento é carnalidade e altamente conflitante com a ordem divina: “trazei todos os dízimos à casa do tesouro...” (Ml 3.10), obviamente lugar onde cultuamos a Deus, Igreja da qual somos membros.

É estranho o comportamento de querer usufruir, aproveitar e beneficiar-se de tudo quanto a Igreja oferece, às vezes criticando e exigindo com veemência, mas sem contribuir com nada,

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mesmo podendo. O pior é quando por teimosia, intransigência de opinião ou contenda administra o que pertence a Deus como se fosse seu, entregando o dízimo para ajudar programas desses ministérios midiáticos, casas filantrópicas, ofertas missionárias, projetos que cuidam de dependentes químicos e em Igrejas na qual não são membros. Se quiser contribuir com tudo isso, que o faça, mas não com o dízimo. Ele é do Senhor e não deve ser utilizado como objeto de contenda. III – Dízimo é expressão da graça

Faz muito bem olhar a vida cristã como presente de Deus, em que os desejos da velha vida são gradativamente substituídos pela nova natureza (Ef 4.22-24), aceitando o desafio do Senhor (Ef 4.25-32) e refletindo no tempo as maravilhas que somente Deus opera. É graça divina confiar nas promessas do Senhor (1Pe 1.3,4); buscar, pensar e viver na esperança das coisas do alto (Cl 3.1-3); depositar a confiança no projeto divino mais do que no humano (2Co 9.6); e construir tesouros nos céus (Mt 6.20,21) sem prescindir de todos os esforços para melhorar a qualidade de vida na terra.

A consciência humana precisa ser aguçada pela Palavra para entender que tudo pertence a Deus (Sl 24.1), nós somos apenas mordomos, que devem zelar pelas coisas do Senhor, sendo-lhe fiéis e retribuindo, com gratidão, a sua bondade; daí, dizimar não por obrigação, mas por prazer em investir no Reino, tendo alegria espiritual (Rm 15.13). Precisamos deixar nossas preocupações quanto o amanhã nas mãos de Deus (Mt 6.34), certos dos seus cuidados (Sl 55.22). Se refletirmos bem, concluiremos que: Deus não deixa ninguém na mão, as pessoas é que se tornam arredias; o que entregamos a Deus é, antes de tudo, fruto do que Ele nos dá (Dt 8.18); ninguém abrirá mão de nada, se antes não for trabalhado pela graça de Deus (Rm 7.18; Fl 2.13). Isso nos convida a dizimarmos e ofertarmos não por medo, fugindo da ira ou da maldição de Deus; e nem por obrigação, como quem paga uma prestação mensal, mas como privilégio, pois Deus ama ao que dá com alegria (2Co 9.7).

Abrir mão de algo para Deus não é sinônimo de muito recurso ou vida fácil. O exemplo é a Igreja da Macedônia, que tinha pouco, mas foi sensível, amorosa e ajudadora (2Co 8.2). Interessante como a obra de Deus nunca foi realizada com

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dinheiro, mas com fé. Quando ela é exercida, as coisas acontecem. A obra também não é feita com o muito de poucos, mas com o pouco de muitos. Isso é graça! O que entregamos a Deus precisa ser o retrato do culto que a Ele prestamos (Rm 12.1-3), é dar-se ao Senhor (2Co 8.5), é devoção, quebrantamento e vida no trono da graça, em refrigério pela presença gloriosa do Senhor (At 3.19).

Para Pensar e Agir

O dízimo não é doutrina só do Antigo Testamento; ele se encontra de maneira mais acentuada no Novo Testamento, onde Jesus exige tudo, inclusive a vida. Dizimar para cumprir programa, desencumbir-se da responsabilidade porque é líder ou membro atuante na Igreja não é a motivação certa. Essa prática independente das pessoas; dizimamos porque amamos, somos obedientes à Palavra e gratos ao Senhor por tudo o que recebemos de suas mãos. Não dê atenção a quem deseja justificar sua infidelidade, falta de amor, dificuldade financeira ou até dureza de coração, alegando que dízimo é coisa da Lei e não da graça, que faz parte do

ensino de Moisés e não de Jesus. O Santo de Israel foi contundente ao ensinar que a graça excede à Lei e dizimar encontra-se aliado à consciência de juízo, de misericórdia, de fé e de amor. Não dá para omitir esses preceitos da convivência cristã.

Leve o dízimo à Igreja onde você é membro. Não deixe de dizimar por discordar da liderança ou por qualquer outro motivo. Se deseja contribuir com outros segmentos, faça com os seus recursos, não com o dízimo, ele é do Senhor e não seu.

É certo o salvo agir motivado por contenda? Tudo na dinâmica da Igreja deve ser resolvido pela oração e não pela retaliação. Nossas ações precisam ser espirituais, refletindo harmonia com a Palavra de Deus.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Hebreus 7.1-

10 Terça-feira: Mateus 25.14-29 Quarta-feira: Levítico 27.28-

32 Quinta-feira: Deuteronômio

14.22-29 Sexta-feira: Lucas 18.9-14 Sábado: Mateus 23.23-28

Domingo: Atos 4.32-37

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Que evangelho é este?

Sabemos que Evangelho é boas novas; é Deus, em Cristo, trazendo o seu povo de volta pela reconciliação (2Co 5.18,19); é resgate do pecado escravizador (Is 40.9; Jo 8.34-36). São as boas notícias do céu, que proporcionam recompensas e utilidade ao Reino, pelo viés da evangelização, da libertação e da restauração (Lc 4.16-19). É a consumação do plano redentor do Senhor desde a eternidade (Ap 13.8b; Ef 1.4) e que se manifesta no tempo (Jo 1.14), tendo a Igreja como divulgadora e expressão visível das maravilhas do poder de Deus; do que Ele pode fazer na vida de quem crer. É chamada à fé em Jesus (Rm 1.16,17), o verdadeiro Evangelho. Sendo assim, é muito mais do que relato, biografia ou informação

histórica; é personificação do próprio Jesus. Então, não tem como seguir “outro evangelho” (2Co 11.4), algo diferente do que encontramos registrado sob a inspiração divina: a Palavra de Deus. Paulo, experimentado apóstolo aos gentios, dirigiu-se aos crentes da Galácia manifestanto estranheza pela inconsistência da fé por eles demonstrada; pois tão depressa se deixaram levar pelas inversões e deturpações da Verdade Revelada. Daí a pressa do apóstolo para alertá-los quanto ao erro de afastar-se de Deus, pois tinham sido chamados à Igreja de Cristo (Gl 1.6,7) e, agora alguns há que estão focados em agitar, desestruturar, perturbar e desestabilizar os gálatas. Mas, Paulo os advertiu para que

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estivessem atentos, pois qualquer coisa além ou aquém daquilo que dele haviam recebido ou aprendido, que considerassem inválido, por ser anátema (Gl 1.9). I – Evangelho de programa e não de estilo de vida O Evangelho, boas novas de salvação (Is 9.6,7; At 4.12), é dádiva dos céus (Jo 3.16), manifestação da graça divina (Mt 1.21-23; Lc 2.11; Lc 2.27-32) e conselhos ou desígnios de Deus (At 20.27), que se tornam, pelo poder do Espírito, parte integrante da vida da nova criatura (2Co 5.17), daquele que foi regenerado e purificado pelo sangue de Jesus (1Jo 1.7) para a remissão dos pecados.

O novo ser em Cristo não pode se voltar aos rudimentos do mundo (Gl 4.3,9; Cl 2.8), às práticas da velha vida, longe de Deus, na ignorância, na insensibilidade, na impureza e na corrupção dos desejos perversos e vis (Ef 4.18-22), vivendo na periferia das maravilhas espirituais. Mas de forma efetiva, deve se encontrar debaixo do senhorio de Cristo; renovado no espírito e revestido do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade (Ef 4.23,24), imitando ao Senhor e andando no seu amor (Ef 5.1,2), tendo em vista

a Palavra como paradigma ou referencial verdadeiro e espelho para as ações do cotidiano, no ideal de viver refletindo os seus ensinos, não apenas como alvo a ser atingido, mas como estilo prático de vida. Não é agradável perceber, nem tão pouco observar, grassando no contexto evangélico contemporâneo, algumas tendências desconexas da integralidade da Palavra de Deus, em que confundem ativismo com vida consagrada ao Senhor, programa de igreja como expressão do Evangelho para a vida e refletido na vida. À luz da preocupação de Paulo, nos tempos atuais, a coisa não tem sido muito diferente da realidade vivenciada pelos gálatas. Temos observado aparentes intenções ou algumas ações para desestruturar e desestabilizar o povo de Deus, bem como, inversões gritantes do Evangelho, ensinando como sendo seu conteúdo, coisas que nele não existem ou que por ele são mostradas de outra forma.

Tem sido comum apresentar a igreja – instituição – como lugar de mudança da vida humana, quando o Evangelho aponta para Jesus, único que tem poder para instrumentalizá-la (Mt 8.1-4). Assim como apontam para a prosperidade como sinal de aprovação ou aceitação divina (Mt 6.33); e que é necessário

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pertencer à Igreja para melhorar a vida material, quando o Senhor ensinou que não é pelo que perece que devemos adorá-lo (Jo 6.27). Afirmam que a fé deve ser alimentada pelo o que Cristo faz, quando sabemos que é por Ele, através da Palavra (2Tm 3.16,17). Dizem que o culto é um encontro para que as pessoas se sintam bem, extravasem suas emoções, fazendo o que elas gostam ou desejam, entretanto, a Palavra ensina que culto é uma celebração a Jesus, onde os adoradores estão livres dentro dos limites do Senhor (Gn 2.15-17; 1Co 8.9; 2Co 3.17; Tg 2.12; 1Pe 2.16); que suas emoções fluem pelo convencimento do Espírito (Jo 16.8-14) e que a sua maior alegria é ser confrontado pelo Senhor, através da Palavra (Hb 4.12) a fazer a sua vontade (Mt 6.10). II – Onde os fatos bíblicos são transportados e não contextualizados Estamos vivendo uma onda de judaização da Igreja de Cristo. Falam e cantam sobre o altar, o santo dos santos, a arca da aliança e tantos outros temas relacionados ao cerimonialismo e ritualismo judaicos. É um retrocesso, um atraso irreparável no campo da fé, pois tudo isso não passa de sombra dos bens futuros (Cl 2.17). Nós, a Igreja, não temos na pessoa

de Moisés e nem, exclusivamente na legislação mosaica, o nosso referencial, mas estamos referendados em Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29; 2Pe 2.21) e na Nova Aliança (Hb 8.8,13; 12.24). Pois, toda a Lei com os seus aparatos foi, por Ele, cumprida (Mt 5.17) em amor; estando, os que nEle creem, livres e absolvidos da prisão ou da escravidão da Lei (Rm 7.6; 8.3,4,15).

Outra situação gritante é trazer os acontecimentos do Antigo Testamento para os nossos dias, sem a devida contextualização, não levando em conta a distância geográfica e cultural. Tudo que integra a antiga aliança não é para ser transportado, mas aplicado ao povo de Deus, para desafio espiritual, edificação e motivação da fé; ensinando que é possível agir em obediência divina e ser um instrumento do Senhor para cumprimento dos seus ideais. Estão empobrecendo a celebração cúltica da igreja com símbolos e práticas que não tem nenhum parentesco com os preceitos do Novo Testamento ou com o Cristianismo. Tornou-se comum no meio evangélico o uso dos seguintes símbolos judaicos: o Candelabro, o Shofar, a Estrela de Davi, o uso do Quipá e do Talit (pequeno xale).

A nossa celebração como igreja, comunidade cristã

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ou povo de Deus deve ser cristocêntrica. Tendo todas as coisas acontecendo em torno da Pessoa de Cristo, embaladas na Palavra eterna (1Jo 5.7), nossa única regra de fé, prática e conduta. Assim como a Igreja deve ser empolgante, pregando e cantando a salvação, retratando o nascimento, o ministério, o sacrifício de Cristo, a ressurreição e a volta do Senhor. Este é o conteúdo que precisa ser proclamado com mansidão e temor sobre a razão da esperança que existe em cada um de nós (1Pe 3.15,16). III – Sem cruz, sem renúncia e sem compromisso As pessoas são afeitas às dádivas, aos benefícios espirituais, mas não ao preço daí decorrente. Querem um Evangelho que satisfaça as suas necessidades, onde podem encontrar e usufruir tudo a tempo e a hora, mas sem envolvimento ou desgaste e sem a necessidade de corresponder aos preceitos divinos. A Bíblia mostra que tudo foi preparado por Deus, que Ele trabalhou e trabalha até agora (Jo 5.17), que a salvação, de graça para nós, custou um alto preço para Jesus (1Co 7.23) e que trilhar o caminho da vida cristã exige inversão das prioridades – o Senhor ocupando o primeiro lugar (Mt 6.33).

Para seguir a Cristo é necessário negar-se a si mesmo e tomar a cruz (Mt 10.38). É renúncia! Evangelho pressupõe deixar para traz o pecado (Hb 12.1), o modo de viver segundo a forma do mundo (Rm 12.2) e tudo o mais que é conflitante com a vontade divina. Não dá para viver o Evangelho distante da cruz (Jo 12.32), sem se voltar ao sacrifício redentor de Cristo (Tt 2.11-14), sem pagar o preço de romper com o domínio e a influência do pecado (1Co 7.23), e sem ser atacado pelas hostes espirituais da maldade ( Ef 6.10-12).

Evangelho sem cruz não existe, é engodo! A cruz mostra a necessidade de uma entrega completa (Mt 10.38; Lc 14.27), pois não há como ser discípulo sem tomar a cruz, que simboliza a grandeza do Evangelho (1Co 1.17) e toda a sua glória; onde, também, foi paga a nossa dívida (Cl 2.14), deixando-nos livres do pecado e da morte (Rm 6.6-11), viabilizando-nos a maravilha da paz (Ef 2.16), que excede a tudo (Fp 4.7).

A cruz, além de representar uma forma dolorosa e humilhante de morte, ela simboliza o amor grandioso do Senhor, dando-se por nós, pagando o preço da nossa salvação. Não se pode ser indiferente a tudo quanto Jesus fez. É necessária a disposição de renunciar, deixar para trás

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um modo de viver que desagrada ao Senhor (Ef 4.17-19,25-31), comprometendo-se com Ele, com a sua Igreja e com o Evangelho. Com certeza, é o que se espera daqueles que conhecem a Cristo, que tem temor, gratidão por sua obra e desejam honrá-lo com suas vidas, dedicando-se a Ele e vivendo para o seu louvor. Crer em Cristo e servi-lo não combina com um evangelho light, sem a presença da cruz, expressão da graça e do amor incondicional do Senhor e sem a renúncia, sem deixar para traz o pecado, sua influência, tendência e mazelas. O verdadeiro Evangelho nos desafia a buscar ao Senhor, comprometendo-nos com Ele e sua missão, sendo um atalaia da esperança (Ez 3.17; Is 61.1,2), um porta voz das maravilhas da graça e um embaixador que representa bem o Senhor. Para pensar e agir

Jesus é o Evangelho da graça. Viver debaixo do seu senhorio é colocá-lo em prática, testemunhando do seu amor e das maravilhas do seu poder. A propagação do Evangelho sem cruz, sem renúncia e sem compromisso pode até encantar, mas não opera mudança efetiva, vida santa e envolvimento com o Reino. É

preciso cuidado com esse tipo de evangelho light.

O Evangelho é muito mais do que um programa de igreja; é paradigma divino, retratado através de normas espirituais ou conselhos dos céus, para que os salvos o pratiquem como estilo de vida. Assim temos feito?

É lastimável a tendência de judaização da Igreja e de sua expressão cúltica, assim como a humanização do que é divino e a divinização do que é humano. Estão tentando empobrecer a graça e diminuir a grandeza do Cristianismo, reduzindo-o a determinadas formas de paganismo, judaísmo ou quaisquer outros “ismos”.

Seria desnecessário afirmar que se deve tomar cuidado com o Evangelho. Mas, todo cuidado é pouco com esse “evangelho” que tem sido divulgado por muitos, de diversas formas, priorizando os interesses humanos em detrimento da obra de Cristo, seus ensinos e sua missão.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA

Segunda-feira: Lucas 5.27,28 Terça-feira: 1Pedro 2.20,21 Quarta-feira: 1Timóteo 1.5-7 Quinta-feira: 1Timóteo 4.1-6

Sexta-feira: Efésios 5.1,2 Sábado: Colossenses 2.16-19

Domingo: Gálatas 5.1-12

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