UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA - netrantransito.com.br de Maria das GRA... · remuneração, redesenho...

59
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO MARIA DAS GRAÇAS GARCIA PADRE QUALIDADE DE VIDA DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO: Um Estudo de Caso MACEIÓ - AL 2014

Transcript of UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA - netrantransito.com.br de Maria das GRA... · remuneração, redesenho...

1

UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

MARIA DAS GRAÇAS GARCIA PADRE

QUALIDADE DE VIDA DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO:

Um Estudo de Caso

MACEIÓ - AL

2014

2

MARIA DAS GRAÇAS GARCIA PADRE

QUALIDADE DE VIDA DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO: Um Estudo de

Caso

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho

MACEIÓ - AL

2014

3

MARIA DAS GRAÇAS GARCIA PADRE

QUALIDADE DE VIDA DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO: Um Estudo de

Caso

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” Em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

________________________________________________________ PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR:

________________________________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

4

DEDICATÓRIA

A minha mãe

Coriolina Garcia Padre

A minha sobrinha

Andréa

Ao professor Manoel Ferreira do Nascimento Filho

Pela dedicação e compromisso

Sem vocês talvez eu não tivesse chegado tão longe.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, por ter me concedido a oportunidade de

concluir este curso o qual me deu condições para prestar serviço com

responsabilidade à sociedade e às empresas Serrana e Vitória, pela oportunidade e

apoio incondicional na realização desta pesquisa.

Ao Prof. Dr. Manoel pelo apoio e profissionalismo

6

"A sabedoria do homem não está em não

errar, mas em fazer dos erros, o alicerce

para o crescimento".

(Augusto Khouri)

7

RESUMO

Em um cenário cada vez mais competitivo, caracterizado pela busca contínua por ganhos de produtividade, associado à qualidade de produtos e de serviços originados em processos cada vez mais flexíveis, é necessário desenvolver produtos de melhor qualidade, aumentando a produtividade, diminuindo custos e melhorando a imagem da empresa no mercado. Neste cenário, é frequente o impacto negativo destes fatores na Qualidade de Vida do trabalhador. Assim, no intuito de manter os funcionários satisfeitos, considera-se que a Qualidade de Vida no Trabalho seja de extrema relevância para a realização eficaz das atividades laborais. Neste sentido, essa monografia tem como objetivo analisar a percepção dos colaboradores de duas empresas de transporte coletivo urbano da cidade de Vitória da Conquista, BA quanto à satisfação com a qualidade de vida no trabalho identificando os fatores que contribuem para o desgaste físico e psíquico. Os procedimentos metodológicos utilizados caracterizam a pesquisa como exploratória e descritiva. Para coleta dos dados, utilizou-se um questionário e os sujeitos sociais que constituíram a população deste estudo. A análise dos resultados possibilitou identificar que estes profissionais vivenciam aspectos que podem refletir negativamente na saúde e qualidade de vida como: ausência de plano de saúde, insatisfação com a remuneração e com a forma como são tratados na organização, desvalorização, más condições de trabalho, insegurança, falta de tempo para lazer, carga horária, etc. Conclui-se que mudanças nas condições de trabalho são necessárias, pois a satisfação e uma boa prestação de serviços dependem diretamente de uma boa qualidade de vida dos trabalhadores. Para futuras pesquisas, recomenda-se que outras empresas sejam envolvidas, para obter resultados mais abrangentes quanto à evolução da QVT no exercício laboral da população pesquisada havendo necessidade de desenvolver ações que dêem mais tranquilidade aos mesmos, no sentido de se sentirem seguros no emprego. Palavras-chave: Motoristas, QVT, Transporte Coletivo, Saúde.

8

ABSTRACT

In an increasingly competitive landscape, characterized by the continuous search for productivity gains associated with the quality of products and services originating in processes increasingly flexible, it is necessary to develop better quality products, increasing productivity, reducing costs and improving company image in the market. In this scenario, it is often the negative impact of these factors on the quality of life of the worker. Thus, in order to keep employees happy, it is considered that the Quality of Working Life is extremely important for the effective implementation of labor activities. In this sense, this thesis aims to analyze the perception of employees of two transportation companies of the city of Vitória da Conquista, BA regarding their satisfaction with the quality of work life by identifying the factors that contribute to the physical and psychic. The methodological procedures used to characterize research as exploratory and descriptive. For data collection, we used a questionnaire and social subjects which constituted the study population. The analysis identified that these professionals experience aspects that may reflect negatively on the health and quality of life as: lack of health insurance, dissatisfaction with pay and the way they are treated in the organization, devaluation, poor working conditions, insecurity, lack of leisure time, workload, etc. We conclude that changes in working conditions are necessary because the satisfaction and good services directly depend on a good quality of life for workers. For future research, it is recommended that other companies are involved, to get more comprehensive results regarding the evolution of QWL in the exercise of labor researched population, need to develop actions that give more tranquility to them in order to feel safe on the job. Keywords: Drivers, QVT, Public Transport, Health.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01: A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW. ....................... 17

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 01: QUADRO RESUMO DOS FATORES DETERMINANTES DE

ABORDAGENS SOBRE QVT .......................................................... 22

TABELA 02: CATEGORIAS CONCEITUAIS DE QVT .......................................... 23

TABELA 03: PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS ENTREVISTADOS ............ 39

TABELA 04: DADOS ORGANIZACIONAIS DOS MOTORISTAS

PARTICIPANTES DA PESQUISA.................................................... 40

TABELA 05: TRABALHO COMO FONTE DE CRESCIMENTO PESSOAL .......... 41

TABELA 06: FATORES DECORRENTES DO TRABALHO QUE AFETAM A

SAÚDE DO TRABALHADOR ........................................................... 43

TABELA 07: O QUE VOCÊ JULGA NECESSÁRIO QUE A EMPRESA FAÇA

PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO? ..... 45

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BA – Bahia

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

CNS – Conselho Nacionalo de Saúde

DETRANS – Departamento Estadual de Trânsito

EUA – Estados Unidos da América

IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística

Lilacs –Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências e da Saúde

MS – Ministério da Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

OMS – Organização Mundial da Saúde

PubMed MEDLINE – Nacional Library of Medicine dos Estados unidos da América

QVT – Qualidade de Vida no Trabalho

SciELO – Scientific Eletronic Library Online

TRH – Teoria das Relações Humanas

WHO – World Health Organization.

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15

2.1 Qualidade de Vida no Trabalho: Principais Precursores .............................. 15

2.2 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho ............................................... 19

2.3 Principais Modelos para medir Qualidade de Vida no Trabalho .................. 21

2.4 Trabalho, Desejo e Motivação ......................................................................... 27

2.5 Fatores que Interferem na Qualidade de Vida dos Trabalhadores .............. 28

2.6 Fatores Organizacionais que mais Afetam a Qualidade de Vida ................. 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 37

3.1 Ética ................................................................................................................... 37

3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 37

3.3 Universo ............................................................................................................ 37

3.4 Sujeitos e Amostra ........................................................................................... 37

3.5 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................... 38

3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados .......................................................... 38

3.7 Plano para Análise dos Dados ........................................................................ 38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 48

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

APÊNDICE ................................................................................................................ 55

ANEXO ..................................................................................................................... 58

13

1 INTRODUÇÃO

O trabalho é uma das principais ações do homem e considerado como uma

atividade através da qual surgem produtos e serviços desejados pela humanidade.

Nessa perspectiva, este estudo tem como premissa trazer para reflexão questões

relacionadas à saúde e Qualidade de Vida no Trabalho, em especial a dos

motoristas que trabalham em ônibus urbanos da cidade de Vitória da Conquista, Ba.

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) proporciona o bem estar dos

funcionários, criando um universo de integração com superiores, colegas e com o

próprio contexto de trabalho, visando sempre a satisfação da necessidade dos

funcionários no exercício laboral. Sendo assim, ela se preocupa principalmente com

dois aspectos importantes: o bem estar do trabalhador e com a eficácia

organizacional.

Devido à necessidade das empresas de se tornarem competitiva, o mercado

de trabalho vem em busca de uma excelência nos serviços, e por isso almeja uma

qualidade total.

O tema Qualidade de Vida no Trabalho – QVT tem sido constantemente

estudado devido à incessante busca pela satisfação, como um meio de

humanização do trabalho. Neste sentido, os programas de QVT visam modificar

aspectos do ambiente ocupacional por meio da promoção e investimentos para os

funcionários, tais como: perspectiva de crescimento, participação nas tomadas de

decisão da empresa, opção de liberar a criatividade individual, maior reconhecimento

e compensação. Tais investimentos são promovidos para que os funcionários

possam exercer com maior satisfação a contribuição que cada um tem a oferecer à

organização em que trabalham.

Dado a esses fatores, surgiram vários estudos voltados para a Qualidade de

Vida no Trabalho (QVT) focalizada principalmente no potencial humano, cujo

objetivo é proporcionar condições de desenvolvimento pessoal mais humanizado no

contexto do trabalho. Já que segundo Moller (1992) “A qualidade de vida pessoal é

crucial para elevar a auto-estima vez que esta determina bem estar, eficiência,

atitudes, etc.” (p.7).

A determinação da QVT foi estudada por autores nacionais e internacionais,

sendo propostos vários modelos de pesquisas, na tentativa de avaliar a satisfação

dos indivíduos em relação ao trabalho. Tais estudos ressaltam que, apesar de

diferentes perspectivas e visões teóricas sobre a QVT, é a satisfação no trabalho

que proporciona benefícios para as organizações.

14

Em linhas gerais, a QVT é um conceito ligado à experiência de humanização

nas organizações para que estas alcancem ganhos de produtividade e excelência

empresarial, assim como também pode levar à satisfação das necessidades do

trabalhador quando este desenvolve suas atividades na organização.

Autores como Bastos (1994), Dourado e Carvalho (2006) comentam que a

maioria das propostas para melhorar a QVT nas organizações contempla

reestruturações direcionadas ao ambiente de trabalho, novas formas de

remuneração, redesenho de cargos e participação dos trabalhadores no processo

decisório. Mas também para que promova melhor produtividade, a QVT, deve

envolver a imagem social da organização e a interface casa e trabalho, tendo em

vista que a satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo vez

que o trabalho assume dimensões importantes na vida do homem e por estes

passarem boa parte de suas vidas no seu ambiente laboral.

Existe atualmente uma grande preocupação do setor de Recursos Humanos

das empresas em mobilizar esforços para integrar as diversas dimensões existentes

nas organizações, como as tecnológicas, econômicas e sociais todas empenhadas

em possibilitar a implementação da Gestão de Qualidade de Vida Total cuja

finalidade é obter resultados satisfatórios através da motivação dos trabalhadores.

Neste contexto, torna-se imperativo as organizações pensar em sedimentar

suas habilidades potenciais para abraçar o novo conceito de trabalho e seus

principais desafios. Em um cenário no qual é necessário ressaltar que a satisfação

no trabalho não pode estar dissociada da vida dos indivíduos. Pois segundo

Rodrigues (1994), “os empregados que possuem uma vida familiar insatisfatória, tem

no trabalho seu único meio para obter a satisfação de muitas das suas

necessidades, principalmente as sociais” (p.93). Dessa forma o trabalho é

considerado como uma dimensão importante na vida do homem.

No que se refere aos profissionais de transporte coletivo urbano, é possível

perceber que a influência do ambiente externo, agregados às condições de trabalho

contribui para a somatização do desgaste físico e psicológico destes trabalhadores o

que faz com que se torne interessante pesquisar as condições de trabalho e suas

implicações na vida e na saúde destes indivíduos.

Diante do exposto, este estudo busca focalizar a QVT e os fatores que

contribuem para o desgaste físico e psicológico dos motoristas de ônibus urbano na

cidade de Vitória da Conquista, BA, analisando o grau de satisfação, em relação à

Qualidade de Vida no Trabalho destes colaboradores a luz das teorias do Estresse e

Qualidade de Vida no Trabalho.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Qualidade de Vida no Trabalho: Principais Precursores

O homem desde sempre vive de seu trabalho, essa relação trabalho,

organização e indivíduo têm que ser saudável, respeitosa, prazerosa e

compromissada. As pessoas, para assumirem este entrelaçamento, precisam estar

com saúde, felizes e com uma melhor qualidade de vida. No Brasil a relação entre

saúde e trabalho tem sido objeto de estudo recente e crescente por pesquisadores

de diferentes áreas do conhecimento, sendo que o primeiro estudo sobre esta

problemática data de 1973. Entretanto, observa-se que no país, os estudos a

respeito das condições de trabalho do motorista de transporte coletivo urbano são

ainda muito escassos (RAMOS, 1991).

Conforme literatura especializada, os princípios da administração sempre

focalizaram, questões como, a divisão do trabalho e elaboração ou adoção de

manual de técnicas e procedimentos. Daí a importância de desenvolver estudos

sobre essa temática. Já que segundo McGregor (1999), a humanização no ambiente

de trabalho e a sustentabilidade são temas em evidência em todo o mundo na

atualidade.

Neste sentido, a teoria clássica de Taylor (1895-1903) e Fayol (1916)

preconizaram um planejamento para prever, organizar, coordenar, comandar e

controlar, em que se estabelecia a subordinação integral de indivíduo para indivíduo

e de um serviço a outro. Seguindo essa linha de pensamento, as atividades

rotineiras valiam muito mais em termos quantitativos do que qualitativos (Apud

GOULART, 2002).

Com a evolução dos tempos, escolas de Administração foram surgindo

trazendo idéias inovadoras sobre os trabalhadores, sendo que a Escola das

Relações Humanas, iniciada por Mayo (1927), foi a que colocou o indivíduo em

primeiro lugar e a estrutura em segundo, tornando-se dessa forma, base teórica para

os estudos da QVT. A partir daí, passou a existir uma maior preocupação com os

aspectos psicossociais no contexto do trabalho (Apud GOULART, 2002).

Assim, devido à preocupação com a competitividade internacional e o

grande sucesso dos estilos e técnicas gerenciais dos programas de produtividade

japonesa, centradas nos empregados surge na década de 1970, principalmente nos

EUA, um movimento pela QVT. Sobre esse olhar, embasando-se nos trabalhos dos

16

autores da escola de Relações Humanas, como Maslow, Herzberg entre outros,

havia uma tentativa de melhorar a motivação nos empregados.

De acordo com Goulart (2002), a teoria das Relações Humanas surge para

determinar a necessidade de humanização e de democratização na administração

de pessoal, demonstrando como o relacionamento do indivíduo e a integração

destes no grupo social torna-se importante para que o trabalho se realize segundo

padrões de qualidade e eficácia, passando a tratar entre outros, de temas relativos à

motivação humana, liderança, comunicação e dinâmica de grupo. Dessa forma, os

conceitos clássicos de autoridade, hierarquia e racionalização do trabalho, passaram

a ser contestados, em um cenário, no qual o homem econômico da teoria científica

passou a ser o homem social.

A saber, a teoria das relações humanas – TRH teve seu início nos Estados

Unidos, através de um estudo de comportamento dos empregados de uma fábrica,

com objetivo de identificar a correlação entre a iluminação e a eficiência dos

operários medida pela produção dos mesmos, e desenvolvendo uma política de

pessoal que valorizava o bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e

boas condições de trabalho. Nestes termos, a empresa não mais estava interessada

em aumentar a produção, mas em conhecer melhor seus empregados (GOULART,

2002).

O estudo supracitado, ocorreu entre 1927 e 1932, na fábrica de Hawtorne da

Western Eletric Company, empresa de fabricação de equipamentos e componentes

telefônicos, coordenado por Elton Mayo, com objetivo de quebrar paradigmas,

humanizar e democratizar a teoria da administração cientifica, libertando-a dos

conceitos rígidos, sob os seguintes pontos de vista: a) o trabalho é uma atividade

grupal; b) o operário reage como membro de um grupo social (o grupo de trabalho c)

a organização desintegra grupos primários (família), mas forma uma unidade social;

d) o conflito é o germe da destruição; e, e) a formação de uma elite é capaz de

compreender e de comunicar, dotada de chefes democráticos e simpáticos.

Os estudos realizados por Mayo (1927), em Hawthorne (Chicago), foram

planejados com o objetivo de estabelecer uma co-relação entre as condições de

trabalho e a incidência de fadiga ou monotonia entre os empregados. As conclusões

do autor apontaram que a atenção dada ao trabalhador conseguia influir na sua

produtividade, fato que levou ao passo inicial para estudos sobre o processo

motivacional, iniciando-se dessa forma, o constructo de teorias sobre motivação,

tendo como as mais importantes a Teoria de Hierarquia das necessidades - Maslow

17

(1943), a Teoria X e a Teoria Y - McGregor (1950) e a Teoria de Motivação-Higiene

de Herzberg (1968 Apud RODRIGUES, 1991).

Conforme Bergamini (1990), a Teoria de Hierarquia das Necessidades é a

mais conhecida das teorias de motivação sendo formulada por Maslow (1943), então

professor de Psicologia que se tornou conhecido pela sua teoria da hierarquização

das necessidades humanas, como demonstrado na figura 1.

FIGURA 01: A Hierarquia das Necessidades de Maslow.

Fonte: Maslow (1943).

A hierarquia de necessidades humanas foi introduzida por Abraham Maslow

e se refere a uma pirâmide que representa uma divisão hierárquica a respeito das

necessidades humanas. Nessa pirâmide, o comportamento humano é explicado por

Maslow através de cinco níveis de necessidades que estão dispostas em ordem

hierárquica, desde as mais primárias e imaturas, até as mais civilizadas e maduras.

Na base da pirâmide, encontra-se o grupo de necessidades que ele considera ser o

mais básico e reflexivo dos interesses fisiológicos e de sobrevivência.

De acordo com Bergamini (1990), Maslow formulou a hipótese de que em

cada indivíduo existe uma hierarquia de cinco necessidades. À medida que cada

uma é satisfeita, segue-se um degrau rumo à próxima necessidade insatisfeita,

sendo elas: fisiológicas, (fome, sede, sexo e abrigo); de segurança que se referem:

(à busca de proteção contra mal físico ou emocional); as sociais voltadas para o

afeto: (relacionar-se com alguém, aceitação e amizade); de estima que incluem

fatores internos como: (amor-próprio, autonomia e realização); externos, (status,

18

reconhecimento e atenção); e de auto-realização que se refere ao crescimento do

ser humano, incluindo: (crescimento, aumento de seu potencial e auto-realização).

A teoria X e a teoria Y são dois conceitos desenvolvidos por Douglas

McGregor na década de 1950, e representam dois conjuntos de suposições

antagônicas que são feitas aos trabalhadores, as quais servem de base a qualquer

teoria capaz de orientar a liderança de pessoas dentro de uma organização

mostrando a possibilidade de duas formas de gerenciar a produtividade humana.

As duas possibilidades totalmente extremadas, desenvolvem a percepção

dos administradores acerca da natureza dos trabalhadores uma de forma negativa,

chamada de teoria X, e outra positiva, intitulada teoria Y (ARAÚJO, 2008).

Sob a visão da teoria X as organizações partem do pressuposto de que as

pessoas têm aversão ao trabalho e à responsabilidade, preferindo ser dirigidas e,

por isso, devem ser controladas e motivadas pela coação, punição, dinheiro ou

elogios, o que representa forte controle sobre os recursos humanos dentro da

organização. Enquanto isso, a teoria Y parte da hipótese de que as pessoas são

criativas e competentes e consideram que o trabalho é tão natural quanto a diversão

ou o descanso, deixando evidente que, através do ambiente organizacional

adequado, o desenvolvimento dos recursos humanos é muito mais otimizado e pode

ser melhor aproveitado. Estes pressupostos constituem a base da chamada

Administração Participativa.

Em Araújo (2008), McGregor aponta que a visão de um gerente sobre a

natureza dos seres humanos está baseada num certo agrupamento de

pressuposições, e de acordo com elas, este tende a moldar seu comportamento em

relação aos subordinados.

Já a teoria da motivação-higiene formulada pelo psicólogo Frederick

Herzberg em 1968, procurou demonstrar que a motivação se dá apenas nos últimos

níveis da hierarquia das necessidades humanas composta de duas dimensões,

sendo a primeira os fatores de higiene: aspectos e atividades do trabalho que podem

impedir a insatisfação, mas que não influenciam os empregados a crescerem e se

desenvolverem; e a segunda, na qual os fatores motivadores como: aspectos e

atividades relacionados ao trabalho encorajam esse desenvolvimento; ou seja,

geram satisfação (RODRIGUES; GOULART, 2002 apud CHIAVENATO, 1999).

Herzberg (1968), pesquisando as fontes de motivação relacionadas com a

realização do trabalho descobriu que, os indivíduos à medida que se desenvolvem

profissionalmente, adquirem experiência, tornam-se mais responsáveis e passam a

dar mais importância a fatores como auto-realização e estima. A ênfase dessa teoria

19

é que uma concentração nos fatores de higiene pode impedir a insatisfação no

trabalho. O homem segundo Herzberg tem duas categorias básicas de necessidades

independentes entre si que influem de diferentes formas em seu comportamento:

uma é quando se sente insatisfeito com o que faz e mesmo assim se preocupa com

o seu ambiente de trabalho; a outra é quando a pessoa se sente bem refletindo

positivamente no seu trabalho e apresenta melhorias significativas no desempenho.

A teoria dos dois fatores como ficou conhecida, é representada por duas

categorias: a primeira constitui-se dos processos de higiene ou de manutenção por

servirem entre outras coisas à função básica de impedir a insatisfação com o

trabalho; e a segunda que foi chamada de fatores da motivação por parecerem

eficientes ao motivar as pessoas para as realizações superiores. Herzberg (1968)

considera que tanto o ambiente externo, como o contexto do trabalho são

importantes para a motivação humana. Entretanto apenas o ambiente do trabalho e

as circunstâncias que o envolvem tem sido levado em conta pela grande maioria das

políticas de RH das empresas.

2.2 Conceitos de Qualidade de Vida no Trabalho

Segundo a Organização Mundial da Saúde, Qualidade de Vida é um

conceito relativo à percepção dos indivíduos de suas posições na vida, em um

contexto cultural e em um sistema de valores, no qual eles vivem em relação a suas

metas, expectativas, padrões e conceitos (WHO, 1993).

Para Walton (1973), a expressão Qualidade de Vida tem sido usada com

crescente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos,

negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da

produtividade e do crescimento econômico. Para ele a Qualidade de Vida no

Trabalho é resultante direta da combinação de diversas dimensões básicas do

desempenho das atividades, e de outras dimensões não dependentes diretamente

das tarefas, capazes de produzir motivação e satisfação em diferentes níveis, além

de resultar em diversos tipos de atividades e condutas dos indivíduos pertencentes a

uma organização.

De acordo com Sampaio (2004), o termo “Qualidade” se refere a certos

atributos ou características considerados indicadores de superioridade em relação a

determinados assuntos; e “Vida” que só pode ser entendida de forma

contextualizada, e definida como uma categoria que está intrinsecamente ligada à

saúde, relações familiares satisfatórias, finança estável, entre outros.

20

Já o termo genérico Qualidade de Vida no Trabalho, engloba aspectos

analisados como motivação, satisfação, condições de trabalho, estilos de liderança

etc. Conforme Fernandes (1996), em função da diversidade de conceituações para

QVT há uma necessidade de se aprofundar mais nesse tema.

Bowditch e Buono (1992 p. 207) procuraram enfatizar as práticas adotadas

pelas organizações e que se constituem em ações voltadas à QVT. Para estes

autores, “Um arcabouço de definições equaciona a QVT com existência de

condições e práticas organizacionais como: cargos enriquecidos, participação dos

empregados nos processos de tomada de decisões e condições seguras de

trabalho”.

Dessa forma, a QVT pode ser definida como uma forma de pensamento

envolvendo pessoas, trabalho e organizações, onde se destacam dois aspectos

importantes: a preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia

organizacional; e a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do

trabalho.

Vale lembrar que muito se tem falado sobre a QVT, mas a satisfação no

trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo, já que os efeitos

desta nas condições de trabalho podem influir diretamente no bem estar do

indivíduo, manifestando-se através da satisfação no local de trabalho; crescimento e

desenvolvimento dos funcionários; como também na capacidade de atender as

necessidades humanas.

Sobre esse olhar destaca-se que respeitar o trabalhador como ser humano,

significa contribuir para a construção de um mundo mais humano e para um

desenvolvimento sustentável, sinalizando que investir em qualidade de vida é

investir no progresso da sociedade e da economia global.

Rodrigues (1998, p. 93) diz que é extremamente importante que o ambiente

laboral seja acolhedor por quê: “Os empregados que possuem uma vida familiar

insatisfatória tem o trabalho como o único ou maior meio para obter a satisfação de

muitas de suas necessidades, principalmente as sociais”. Assim, assume grandes

dimensões na vida do homem.

De modo semelhante, El-Aouar e Souza (2005, p. 2) definem qualidade de

vida como “o grau de satisfação do indivíduo consigo mesmo e com os outros, o que

inclui as esferas da família, da vida em sociedade, da religião e do trabalho em

mútuas interações”.

Limongi-França (2004, p. 43) apresenta a questão humana afirmando que

“os investimentos em QVT são inevitáveis”, mas salienta que as empresas devem se

21

preocupar também, com a participação dos trabalhadores no processo de

implantação de programas de qualidade de vida no trabalho.

Moretti e Treichel (2003) dizem que a QVT é uma forma de pensamento que

está orientada para o bem-estar do trabalhador e para sua eficiência na

organização.

Seguindo esta linha de pensamento, Honório (1998, p. 37), afirma que a

QVT poderia ser conceituada como:

[...] uma experiência de humanização do trabalho, através da qual uma organização, para alcançar ganhos de produtividade e excelência empresarial, procura satisfazer os seus membros criando condições de trabalho que ofereçam cargos produtivos e satisfatórios; atividades significativas e desafiadoras; sistemas de recompensa inovadores; informações compartilhadas; feedback constante; possibilidades de participação nas decisões e na solução de problemas; e oportunidades de realização pessoal e profissional (HONÓRIO, 1998, p. 37).

Assim tem-se um ambiente onde as pessoas possam se sentir bem com

elas mesmas, com o seu trabalho, entre seus colegas e estar confiantes na

satisfação das próprias necessidades, ao mesmo tempo em que cooperam com o

grupo e com a organização.

2.3 Principais Modelos para medir Qualidade de Vida no Trabalho

Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um conjunto de ações de uma

empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações

gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando

propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização

do trabalho.

Segundo Chiavenato (1998), quando a qualidade do trabalho é boa, tudo

muda e fica diferente, conduzindo-se a um clima de confiança e respeito mútuo, no

qual o indivíduo tenderá a aumentar as suas contribuições. Caso não haja uma boa

qualidade no trabalho, logo haverá uma alienação e a insatisfação do empregado,

chegando ao declínio da produtividade.

Nestes termos, faz-se necessário descrever ou mensurar a percepção dos

trabalhadores em relação à Qualidade de Vida no Trabalho, sendo importante para

isso, adotar uma ferramenta ou modelo, do qual as organizações se utilizarão para

adotar um programa de QVT, como os apresentados na Tabela 1.

22

TABELA 01: Quadro Resumo dos Fatores Determinantes de Abordagens Sobre QVT

AUTOR/MODELOS FATORES DETERMINANTES

Walton (1974)

Compensação justa e adequada; condições de trabalho;

oportunidade de uso e desenvolvimento de capacidades;

oportunidade de crescimento e segurança; integração social no

trabalho; constitucionalismo; trabalho e espaço total da vida e

relevância social da vida no trabalho;

Hackman;

Oldham (1975)

Variedade, identidade e significação da tarefa; autonomia e

feedback.

Westley (1979)

Enriquecimento das tarefas; trabalho auto-supervisionado;

distribuição de lucros e participação nas decisões.

Werther; Davis

(1983)

Projeto de cargos segundo a habilidade, disponibilidade e

expectativas sociais do empregado; práticas de trabalho não

mecanicistas; autonomia; variedade; identidade da tarefa e

retroinformação.

Nadler; Lawler

(1983)

Participação nas decisões, reestruturação do trabalho através

de enriquecimento de tarefas e grupos de trabalho autônomos,

inovação no sistema de recompensas e melhora do ambiente

de trabalho.

Huse; Cummings

(1985)

Participação do trabalhador projeto de cargos, inovação no

sistema de recompensa e melhoria no ambiente de trabalho.

Limongi-França (2004)

O biológico corresponde às características físicas; o social,

relativo aos valores socioeconômicos, culturais e coletivos; e o

organizacional, enfocando o investimento em pessoas;

humanismo e a competitividade.

Quirino; Xavier (1987)

Abordagem objetiva (condições materiais, disponibilidade de

equipamentos, padrões salariais, ambiente físico) e abordagem

subjetiva visaria à mensuração do nível de satisfação dos

trabalhadores com as condições objetivas (satisfatórias ou não

satisfatórias).

Fonte: Adaptado de Rocha, (1998).

O modelo de QVT proposto por Walton (1973, apud WALTON, 1995) revela

um instrumento de análise com boas qualidades que identifica oito dimensões.

Segundo Chiavenato (1999), o autor Walton (1973), propôs oito categorias

incluindo critérios de QVT conforme descrito na Tabela 2.

23

Tabela 02: Categorias conceituais de QVT

CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT

1. COMPENSAÇÃO JUSTA E

ADEQUADA,

Equidade interna e externa

Justiça distributiva de compensação, da adequação e da

remuneração ao trabalho.

Partilha de ganhos de produtividade

2. CONDIÇÕES DE

TRABALHO

Ambiente seguro e saudável

Jornada de trabalho e ambiente físico adequado a

saúde.

Ausência de insalubridade

3. UTILIZAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO DE

CAPACIDADES:

Oportunidade para satisfazer as necessidades

Qualidades múltiplas

Autonomia e autocontrole relativo

Informações sobre o processo de trabalho

4. OPORTUNIDADE DE

CRESCIMENTO CONTÍNUO E

SEGURANÇA

Possibilidades de carreira

Crescimento pessoal

Segurança no emprego

Perspectiva de avanço salarial

5. INTEGRAÇÃO SOCIAL NA

ORGANIZAÇÃO:

Igualdade

Mobilidade

Relacionamento interpessoal

Ausência de preconceito

Senso Comunitário

6. CONSTITUCIONALISMO: Direito de proteção ao trabalhador

Privacidade pessoal

Liberdade de expressão

Tratamento imparcial

Diretos trabalhistas

7. O TRABALHO E O ESPAÇO

TOTAL DE VIDA:

Papel balanceado no trabalho

Estabilidade de Horários

Poucas mudanças geográficas

Tempo de lazer para a família

8. RELEVÂNCIA SOCIAL DO

TRABALHO NA VIDA

Imagem da empresa

Responsabilidade social da empresa

Responsabilidades pelos produtos

Práticas de emprego

Fonte: WALTON (apud FERNANDES 1996: p. 48).

24

Observando-se esta relação percebe-se que a mesma é conveniente à

satisfação de qualquer funcionário que visa crescer em seu ambiente de trabalho,

porém na prática os empresários buscam a todo custo implantar um modelo de QVT

em suas empresas, que nem sempre corresponde às expectativas dos seus

colaboradores (CHIAVENATO, 1999).

Hackman e Oldham (1975) relacionam a QVT às características objetivas do

cargo desempenhado no ambiente organizacional. Este modelo pressupõe que a

QVT resulta da combinação de sete dimensões da tarefa. Segundo o modelo de

Hackman e Oldham (1975), os estados psicológicos críticos são criados pela

presença de cinco dimensões básicas do trabalho, descritas da seguinte forma:

a) Variedade de Habilidades: grau em que o trabalho requer uma variedade de

diferentes atividades e o uso de diferentes habilidades e talentos em sua realização;

b) Identidade da Tarefa: grau em que o trabalho é realizado por completo (do início

até o final) com um resultado visível, sendo composto de tarefas identificáveis; c)

Significado da Tarefa: grau no qual o trabalho tem impacto substancial na vida ou no

trabalho de outras pessoas, na sociedade ou na própria organização; d) Autonomia:

grau com que o trabalho permite a liberdade, independência e discrição do

trabalhador na programação de suas atividades e na determinação dos

procedimentos a serem utilizados; e, e) Feedback do próprio trabalho: grau com

que informações relacionadas ao desempenho na execução das atividades

solicitadas são claramente apresentadas durante sua realização. Além das

dimensões descritas, os autores também consideram duas dimensões

suplementares que têm sido úteis no entendimento dos resultados das tarefas pelos

trabalhadores. Estas dimensões são: Feedback extrínseco ( grau com que os

trabalhadores recebem informações claras a respeito do seu desempenho nas

atividades, segundo a opinião de supervisores e companheiros), e Inter-

relacionamento (grau com que o trabalho requer a interação do trabalhador com

outras pessoas para a realização das atividades (HACKMAN E OLDHAM, 1975).

Rodrigues (1998) afirma que Westley (1979) classifica e analisa quatro

problemas que afetam diretamente a qualidade de vida no trabalho que pode ser

verificada por meio de quatro indicadores fundamentais: o econômico, o político, o

psicológico e o sociológico, que trariam como consequências, respectivamente,

injustiça, insegurança, alienação e ausência de leis e regulamentos.

As causas de insatisfação representadas pelos indicadores econômicos e

político, na realidade, são encontradas desde o século passado, através da

concentração dos lucros e da exploração dos trabalhadores, geralmente

25

relacionadas à injustiça e à concentração de poder, observando-se como resultado o

aumento da insegurança, (WESTLEY, 1979).

O indicador psicológico (alienação) é fator decorrente da desumanização, da

dissociação entre o trabalho e o ser humano, produto de uma falha entre

expectativas do indivíduo e o que ele consegue efetivamente desenvolver; e

consequentemente, a mecanização e a automação que resultam em mudanças na

forma de trabalho que geram uma sensação de crescente ausência de normas e

regulamentos, caracterizando, por sua vez, uma falta de envolvimento do

trabalhador (LIMA, 1995).

Nadler e Lawler (1983), ao analisar as origens do movimento da qualidade

de vida no trabalho, descrevem a primeira fase da QVT, de 1969 a 1974, como um

período em que grande número de pesquisadores, acadêmicos, líderes sindicais e

representantes do governo, preocupados com a relação entre os efeitos das

atividades profissionais sobre a saúde e o bem-estar das pessoas e sua satisfação

no trabalho, começaram a se interessar pelas formas de influenciar a qualidade das

experiências vividas pelas pessoas durante o período de trabalho.

Para Nadler; Lawler (1983, apud CHIAVENATO, 1998), a QVT está

fundamentada em quatro aspectos: a) participação dos funcionários nas decisões; b)

reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas e de grupos

autônomos de trabalho; c) inovação no sistema de recompensas para influenciar o

clima organizacional e d) melhoria no ambiente de trabalho quanto às condições

físicas e psicológicas e horário de trabalho. Conforme afirmam os autores, na

medida em que esses quatro aspectos são incrementados, consequentemente

haverá uma melhoria na QVT.

Nadler; Lawler (1983), também identificam os fatores que prevêem o

sucesso dos projetos de QVT, sendo estes: percepção da necessidade; o foco do

problema que é destacado na organização; estrutura para identificação e solução do

problema; teoria/modelo de projeto de treinamento e participantes; compensações

projetadas tanto para os processos quanto para os resultados; sistemas múltiplos

afetados e envolvimento amplo da organização. Para os autores, é necessária à

teoria, um processo estruturado e antes de tudo treinamento prévio. São também

necessárias mudanças no comportamento do gerenciamento, maior

comprometimento e participação.

Conforme Rodrigues (1998), os pesquisadores definem a QVT como uma

forma de pensamento envolvendo pessoas, trabalho e organização, destacando a

preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional, a

26

participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho, e a relação

entre QVT e a produtividade.

A partir desses três aspectos, foi desenvolvido o modelo de verificação do

nível de QVT baseado na participação do trabalhador que se refere ao envolvimento

dos trabalhadores no processo decisório nos diversos níveis da organização; e no

projeto de cargo que se trata do desenho de cargos, eliminando de vez a alienação

do trabalhador, e da inovação no sistema de recompensa e melhoria no ambiente de

trabalho.

Para Limongi-França (1996), Qualidade de Vida no Trabalho é o conjunto das

ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações gerenciais,

tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho que faz parte das mudanças

pelas quais passam as relações de trabalho na sociedade moderna, em rápida

transformação.

A autora destaca a interdependência de quatro fatores na avaliação da QVT:

o biológico, que corresponde às características físicas ou herdadas com o

metabolismo, resistência e vulnerabilidades do corpo físico; o psicológico, inerente

aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio que formarão a personalidade; o

social, relativo aos valores socioeconômicos, culturais e coletivos; e o

organizacional, enfocando o investimento em pessoas, o humanismo e a

competitividade. Segundo ela, a base da discussão sobre o conceito de QVT, está

em torno de escolhas de bem-estar e percepção por usuários das ações de QVT nas

empresas (funcionários - clientes internos). Sem um ambiente favorável as pessoas

tendem a perceber suas atividades como um fardo, trabalhar se torna uma obrigação

cansativa, que parece exigir sacrifícios superiores a condição do trabalhador,

provocando uma inevitável frustração que consequentemente resulta em baixo

rendimento.

Segundo esse modelo, existem duas formas de se mensurar a qualidade de

vida nas organizações. Uma seria através da abordagem objetiva, que apontaria a

mensuração das condições materiais, como, a disponibilidade de equipamentos,

padrões salariais, ambiente físico, entre outros. E outra, através da abordagem

subjetiva, que visaria à mensuração do nível de satisfação dos trabalhadores com as

condições objetivas (satisfatórias ou não satisfatórias) (QUIRINO E XAVIER, 1987).

Para Quirino e Xavier (1987), “a Qualidade de Vida é uma abordagem que

só recentemente tem sido aplicada à situação de trabalho”. Segundo os autores, ela

tem representado, na literatura de organizações e de recursos humanos, o aspecto

27

globalizante do que antes era abordado através de estudos de motivação, de fatores

ambientais, ergonômicos e de satisfação no trabalho (p.62).

Os referidos autores colocam que, por um lado há aquela ênfase

reivindicativa, por parte do funcionário, que dá relevo ao bem estar e à satisfação no

trabalho, mas por outro, há aquela ênfase dos efeitos da qualidade de vida no

trabalho sobre a produção e a produtividade. Mas, a nova abordagem trouxe uma

renovação aos estudos da satisfação no trabalho, porque fundamenta-se em

técnicas de pesquisa, análises estatísticas e referencial teórico mais avançado, pois

focaliza o trabalho do indivíduo no cenário largo de uma sociedade complexa e em

um ambiente potencialmente heterogêneo (QUIRINO E XAVIER, 1987).

2.4 Trabalho, Desejo e Motivação

O trabalho sempre foi uma atividade importante e necessária para o

crescimento humano. Para compreender a relação entre o contexto do trabalho e o

trabalhador torna-se necessário antes de tudo apropriar-se de alguns conceitos

pelos quais tem passado ao longo dos tempos.

Estudiosos, como Seligmann-Silva (1992), Zanelli (2006), e outros afirmam

que é possível ampliar as concepções sobre o trabalho demonstrando como este é

uma ação humanizada exercida num contexto social, que resulta numa ação

recíproca entre o trabalhador e os meios de produção.

Para Seligmann-Silva (1992)

O trabalho é uma atividade tão específica do homem que funciona como fonte de construção, realização, satisfação, riqueza, bens materiais e serviços úteis à sociedade humana. Contudo, a evolução tecnológica, trouxe consigo componentes estressores e geradores de mal-estar que pode resultar em sofrimento para o trabalhador (SELIGMANN- SILVA, 1992, p. 218).

Conforme dados da autora, os componentes potencialmente estressores

são: a) controle externo sobre a execução do trabalho, b) alienação do trabalhador e

c) fragmentação das tarefas, que conduzem a uma desqualificação tanto do trabalho

como do trabalhador.

A definição de trabalho preconizada por Dias (1992) pontua que o trabalho

pode ser visto como um espaço de dominação e submissão do trabalhador podendo

oferecer elementos que consistem em reprodução do sofrimento na relação

homem/trabalho.

28

Arendt (1997) nos diz que o trabalho é uma ação oferecida pelo trabalhador

através de sua satisfação, portanto será necessária uma ligação direta entre o

trabalhador e seu trabalho. Para a autora, quando não existe essa ligação, surgem

estados de insatisfação e sofrimento no trabalho, fatores comuns à condição

humana. Sendo assim, as pessoas estão sempre em busca de novos desafios e

superando as dificuldades. Logo, para superar desafios e buscar objetivo é

necessário que se tenha desejo. Para Rodrigues (1998), o desejo é uma forma de

motivar as pessoas a buscar algo, mas nem sempre estas são motivadas com o seu

desejo real perante aos objetivos da vida.

Segundo Davis e Newstron (1992, p.47), “embora não haja respostas

simples para a questão da motivação um importante ponto de partida reside na

compreensão das necessidades do empregado”. Ainda de acordo com os autores, o

resultado de um sistema eficaz de comportamento organizacional, quando

combinado com habilidades e capacidades dos empregados, resulta na

produtividade humana. Sobre esse olhar, pode-se dizer que o sucesso de uma

empresa depende de seus colaboradores e funcionários. Assim para obter sucesso

é necessário que esta se preocupe com a Qualidade de Vida no Trabalho, tendo em

vista que não é possível haver organizações estrategicamente vencedoras se não

houver funcionários e colaboradores vencedores, e tão pouco organizações

motivadas se não houver pessoas motivadas.

2.5 Fatores que Interferem na Qualidade de Vida dos Trabalhadores

As transformações econômicas, tecnológicas e institucionais que vêm

ocorrendo, principalmente nas três últimas décadas, têm impactado profundamente

a forma de gerir as organizações, inclusive no que diz respeito à gestão de pessoas.

Tais mudanças têm gerado repercussões diferenciadas na saúde e na integridade

do trabalhador.

Ao estudar a relação entre estresse e trabalho, Villalobos (2004) considera

que os fatores psicossociais subjacentes do trabalho, representam um conjunto de

percepções e experiências, que consistem nas interações entre o ambiente laboral,

as condições da organização constituídas pelas características pessoais do

trabalhador, suas necessidades, cultura, experiências, estilo de vida e sua

percepção de mundo. Villalobos (2004) inclui, entre os principais fatores

psicossociais do trabalho geradores de estresse, aspectos da organização como:

gestão e processo de trabalho e as relações humanas.

29

Nesse sentido, o autor situa a organização em um contexto histórico, com o

conjunto de problemas demográficos, econômicos e sociais, no qual interage,

contemplando as variáveis do macro contexto, sua interação com os elementos do

ambiente organizacional, e o indivíduo, com sua multideterminação.

Fernandes (1996), ao avaliar os fatores psicossociais do trabalho e sua

relação com a saúde psíquica, evidencia também a influência de aspectos

intrínsecos ao indivíduo na produção do estresse, considerando que, nessa relação,

intervêm as atitudes, o estilo de vida, as estratégias de coping e apoio social assim

como a vulnerabilidade e a resistência ao estresse. Com base nesta afirmação,

percebe-se que embora não desconsidere os fatores externos à organização,

enfatiza mediadores da situação ou do indivíduo que podem fortalecer ou debilitar a

influência destes fatores no ambiente de trabalho.

Kalimo (1988), assim como Fernandes (1996), ao discorrer sobre os fatores

psicossociais e suas implicações na saúde do trabalhador, enfatiza a interação de

aspectos do ambiente de trabalho e de variáveis de caráter individual e subjetivo,

como as experiências passadas, os fatores genéticos e as condições de vida, que

vão influenciar o modo como os indivíduos experimentam e interpretam suas

vivências. Embora também considere as diferenças individuais como fatores que

intervêm na relação trabalho-saúde, ressaltam a importância de avaliar tais aspectos

com enfoque no grupo, já que julga que, quando a influência de um fator

psicossocial é intensa, é menor a importância da vulnerabilidade individual.

Vale ressaltar que mesmo a abordagem dos fatores psicossociais no

trabalho tenha sido tema de seu estudo como precipitador do estresse, El-Batawi

(1988) classifica esses fatores em duas categorias: os que têm efeitos negativos na

saúde e os que podem contribuir positivamente para o bem-estar dos trabalhadores.

Esse autor enfatiza o trabalho como fator de fomento à saúde, não devendo,

portanto, subestimar os seus aspectos positivos e efeitos estruturadores.

A Qualidade de Vida no Trabalho está voltada para os aspectos da

satisfação do indivíduo no cargo e no trabalho. É tida como um meio para alcançar o

engrandecimento do ambiente de trabalho e obtenção de maior produtividade e

qualidade do seu resultado, proporcionando também, melhoria da comunicação,

maior entrosamento entre departamentos, harmonia e evita a alienação.

Para Albuquerque (1998), o stress é vivido no trabalho a partir da

capacidade de adaptação, a qual envolve sempre o equilíbrio obtido entre exigência

e capacidade. Se o equilíbrio for atingido positivamente, obter-se-á o bem-estar; se

for negativo, gera diferentes graus de incerteza, conflitos e sensação de desamparo.

30

Conforme o autor, o estresse é talvez a melhor medida do estado de bem-estar

obtido ou não pela pessoa. Já para Everly (1990), o estresse pode ser definido como

um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. O

desequilíbrio ocorre quando a pessoa necessita responder a alguma demanda que

ultrapasse sua capacidade adaptativa

Couto (1987) diz que quando as demandas do ambiente exigem mais do que

as demandas psíquicas do individuo são capazes de suportar como:

(responsabilidades acima da competência intelectual, psicológica e física do

indivíduo, um ambiente de trabalho conflituoso e tenso) evidencia-se o estresse de

sobrecarga. Quando a estrutura psíquica é pouco estimulada pelas exigências do

meio, como é o caso de contextos em que prevalecem trabalhos repetitivos, pouco

estimulantes ou com relacionamentos interpessoais empobrecidos, evidencia-se o

estresse da monotonia.

Como apontado pelos autores, alguns fatores propiciam maior ou menor

vulnerabilidade do indivíduo ao estresse como: a predisposição individual, a

insegurança, a resistência às mudanças, a falta de competência dos indivíduos para

completar suas tarefas, etc. Dessa forma, os indivíduos ter ou não um limite para

suportar a pressão. Quando esta ultrapassa o limite, o resultado é o estresse.

A partir desses conceitos notou-se certa concordância na definição de

estresse, como um desequilíbrio físico, mental e psíquico no ambiente do trabalho.

O ritmo frenético das mudanças e as constantes rupturas e novidades do

mundo moderno, aliados a falta de perspectivas quanto a uma estabilidade, tem

obrigado os indivíduos a um processo contínuo de adaptação que causa

sentimentos de apreensão e ansiedade crônica.

Entendendo-se que o estresse ocupacional se diferencia das demais

manifestações de estresse apenas pelo fato de que as fontes de pressão são

provenientes do ambiente de trabalho ou das contradições entre vida profissional e

vida pessoal e a despeito da popularização corrente da idéia de estresse,

pesquisadores como Lipp (2000), Couto (1987), Selye (1974), entre outros vêm

buscando um consenso no diagnóstico e um conceito comum sobre esse fenômeno.

A partir de estudos realizados pelos autores supracitados, o estresse

ocupacional está presente na maior parte dos ambientes organizacionais, podendo

ser considerado como um problema negativo de natureza perceptual, resultante de

uma capacidade inadequada de lidar com os agentes estressores presentes nos

contextos de trabalho, e que tem como consequências doenças mentais físicas.

31

Isto se agrava, quando há por parte do indivíduo a percepção das

responsabilidades e poucas possibilidades de autonomia e controle. As dificuldades

em adaptar-se a essas situações levam ao estresse. Dessa forma, a adaptação de

um indivíduo a uma nova situação requer um investimento de recursos que vai

depender do seu tipo de comportamento, suas crenças e expectativas frente ao

mundo do trabalho.

Segundo Lipp (2000), o estresse é uma reação adaptativa do organismo

humano ao mundo em constante mudança. Quando suas causas se prolongam e os

meios de enfrentamento são escassos, pode avançar para fases de maior gravidade.

Caso essa situação venha a ser duradoura, entre a reação apresentada e o estado

fisiológico real, ocorrerá um elevado desgaste do organismo, que poderá levar ao

aparecimento de doenças.

No aspecto emocional, o estresse pode desencadear desde a apatia,

depressão, desânimo, sensação de desalento, excesso de sensibilidade emotiva,

até a raiva, a ira, o mau humor e a ansiedade. Ainda para Lipp (2000), “o processo

de irritabilidade pode ser o fator mais comum do estresse”, que no caso dos

motoristas de ônibus urbano podem deixá-los com os nervos à flor da pele. Qualquer

provocação dirigida ao indivíduo neste estado pode levá-lo a uma reação de

intolerância fora do comum (p.18).

Couto (1987), buscando investigar as causas do estresse no trabalho indica

a tensão como um estado de alerta imposto ao organismo para melhorar sua

capacidade de resposta. De acordo com Couto, isso ocorre quando um indivíduo sai

de um estado de relaxamento e se prepara para uma atividade física ou intelectual.

Quando a tensão é excessiva, ele torna um dos fatores determinantes do estado de

desequilíbrio podendo provocar o estresse, e uma série de alterações orgânicas,

resultando em importantes custos individuais e organizacionais.

Dessa forma, pode-se afirmar que, o estresse surge quando a pessoa não

se julga capaz de cumprir as exigências, sentindo que seu papel social está

ameaçado. Então o organismo reage de modo a dominar as exigências que lhe são

impostas.

Em se tratando dos impactos do estresse nos negócios da empresa,

observa-se que, também quando passa de limites toleráveis, pode gerar

absenteísmo, rotatividade, afastamento por doenças de forma geral, conflitos

interpessoais, acidentes de trabalho dentre outros. Nestes termos, se entender que

a saúde humana não tem preço, os danos podem ser incalculáveis. Todavia, é

possível utilizar o estresse de maneira positiva dentro das empresas. Isso porque o

32

estresse é parte de nosso mecanismo natural para lidar com os desafios que estão

ao nosso redor. Sem o seu mecanismo, nosso corpo e nossa mente (que atuam e

são partes indissociáveis) não reagiriam com a mesma intensidade às ameaças e

necessidades do dia a dia. Sobre essa ótica o estresse é vital para a sobrevivência

humana (SELYE, 1956).

A gestão das organizações normalmente relega a um segundo plano a

necessidade de um ambiente saudável, classificando o mal-estar como um problema

exclusivo do colaborador. Contudo, as empresas mais esclarecidas já o corrigem,

pois sabem que a performance do funcionário afeta diretamente os resultados

corporativos e a competência dos colaboradores passa a ser reconhecida como o

motivo principal da empresa. Assim a Qualidade de Vida no Trabalho é mais do que

a segurança e saúde, portanto, é necessário associá-la a qualidade total e a

melhoria do clima organizacional, de modo que possa oferecer condições

adequadas, respeitando o trabalhador na sua totalidade.

Para França (1997):

A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa (Apud VASCONCELLOS, 2001, p.80).

Dessa forma, a política de qualidade aplicada às condições de trabalho, visa

à melhoria do ambiente físico e psicossocial do trabalhador, como forma de

aumentar a produtividade, o bem-estar e a segurança. Trata-se portanto, de uma

abordagem mais dinâmica, essencialmente de matriz preventiva, incidindo sobre as

causas dos agentes estressores e das formas de eliminá-las e/ou diminuírem, ao

invés de uma visão estática, centrada nos seus efeitos.

Segundo Michel (2001, p.89), para que possa haver mudanças referentes à

qualidade de vida no trabalho, algumas condições tem que estar garantidas. Entre

elas estão: a) o reconhecimento da necessidade de mudança sem haver uma

vontade expressa de mudar, tendo em conta a obtenção de uma melhoria das

condições de trabalho; b) cooperação nas relações profissionais inter-hierárquicas

onde a informação, bem essencial de qualquer organização, deve circular nos vários

níveis quer horizontal, ou vertical; c) implicação dos trabalhadores no processo de

melhoria contínua no qual a empresa passa a ser vista como um bem comum e não

uma entidade abstrata o que suscita uma maior identificação e participação ativa no

seu cerne; e d) permanente controle dos resultados, pois não basta elaborar um

33

diagnóstico e fazer uma proposta de melhorias, há que testá-las continuamente, e

adaptá-las sempre que for necessário, tendo em conta as alterações de

equipamentos, de instalações, da organização do trabalho, e do ambiente.

A partir dessas afirmações, considera-se o conceito de qualidade de vida

como a condição biopsicossocial de bem estar, relativa a experiências humanas.

2.6 Fatores Organizacionais que mais Afetam a Qualidade de Vida

a) O ambiente do trabalho

Com a globalização, as pessoas estão sendo obrigadas a atingir elevados

níveis de produtividade, sendo pressionadas pela concorrência, que se torna cada

vez mais acirrada em vários mercados nos quais os clientes a cada dia, estão se

tornando mais exigentes e, com isso, as empresas têm que estar mais preparadas

para satisfazer suas exigências.

Sob a perspectiva de crescimento do mercado, as empresas passam a ver o

seu pessoal como peça chave para o desenvolvimento e reconhecimento no cenário

competitivo. A partir daí surge a necessidade de proporcionar aos seus

colaboradores um ambiente mais agradável e harmonioso, que estimule um melhor

desempenho aumentando assim sua produtividade. Sendo assim, no ambiente de

trabalho deve prevalecer o respeito mútuo e as relações devem ser pautadas na

tolerância generosidade evitando-se a rigidez extrema, de forma a contribuir para um

ambiente de trabalho agradável.

Werther (1983, p.47), diz que “a qualidade de vida no trabalho é afetada por

muitos fatores como: supervisão, condição de trabalho, pagamento, benefícios e

projetos do cargo. Porém, é a natureza do cargo que envolve mais intimamente o

trabalhador”. O autor afirma que o trabalho em equipe é também algo complicado,

pois compor um grupo de trabalho significa colocar em cena, para atuação produtiva

conjunta, diferentes personalidades, história de vida, experiências, competências,

visões de mundo e graus de conhecimentos. Além destes há também outros

aspectos da organização citados por Ballone (2006), que afetam a Qualidade de

Vida, no Trabalho sendo estes, a sobrecarga de trabalho; as máximas exigências

das tarefas; múltiplas jornadas; os ruídos; a temperatura a falta de perspectivas;

mudanças determinadas pela empresa; implantação de novas tecnologias; a

ergonomia, etc.

34

Na visão de Marins (2003, p.136), além destes fatores há um problema

ainda maior que ocorre nos dias atuais. É que “as empresas tem pressa, querem

resultados rapidamente”. Quando o trabalhador se vê sob tanta pressão, seu corpo

começa a responder com ansiedade que pode levar ao estresse, ocupacional.

Neste caso, a conquista da qualidade de vida seja na organização ou fora

dela, em grande parte, depende do próprio indivíduo; do engajamento profissional,

político e social; e, acima de tudo, de sua postura na transformação da realidade.

b) Remuneração

A remuneração é parte importante na relação trabalho/trabalhador, dado que

não pode verificar a Qualidade de Vida no Trabalho sem levar em conta a

remuneração. Como se sabe, toda espécie de emprego está associado a uma

remuneração, pois o homem é empregado para trabalhar e pelo seu trabalho recebe

uma remuneração justa.

Contudo, mesmo que o trabalho se constitua um meio socialmente aceito

para que os seres humanos garantam a sua sobrevivência através da remuneração,

a qualidade de vida no trabalho deve ater ao que se faz na organização para recebê-

lo. Nestes termos, interessa-se averiguar a qualidade de vida no trabalho e na vida

profissional tendo em vista que, o indicador da humanização pela via salarial, tem

que ser proporcional ao que se faz no trabalho e não à manutenção da sua vida fora,

pois para que possa ter segurança na composição da variável QVT, é necessário

amarrá-la a fatores e objetivos mensuráveis (CHIAVENATO, 2008).

c) Condições físico-psicológicas do trabalho

Esta dimensão da QVT é a mais conhecida e também sinalizada por

diversos autores. Ocorre que, muito se reclama das condições opressivas do

trabalho e da necessidade de se produzir mais e melhor. Produtividade (qualidade e

quantidade de produtos e serviços executados com cada vez menos tempo) é a

meta de qualquer organização. No entanto, como já foi visto, são seres humanos, os

responsáveis por esta produção que na maioria das vezes executam o seu labor

sem nenhum tipo de proteção.

Quando se trata das condições físico-psicológicas referem-se ao ambiente

interno tanto físico-geográfico como físico-psicológico de uma organização. Para

Matos (1997, p.118), “a humanização do ambiente de trabalho significa tornar o

clima interno não opressivo, participativo, receptivo ao inter-relacionamento cordial e

cooperativo em todos os níveis”. Se QVT é humanizar o trabalho, não há dúvida de

35

que este ambiente precisa ser alegre e satisfatório para os trabalhadores. Dessa

forma, vê-se que a pressão inerente ao cargo ocupado e as responsabilidades

exigidas pelo empregador de forma coesa, respeitosa e sadia não se confunde com

a submissão continua do trabalhador não havendo, portanto, as pressões

psicológicas que ultrapassam os limites da relação de trabalho e causam danos

visíveis a saúde do trabalhador.

d) Recursos humanos

O setor de Recursos Humanos além de ter o desafio de promover iguais

oportunidades de emprego, também deve procurar melhorar a qualidade de vida no

trabalho observando-se que os esforços para melhorá-la procuram tornar os cargos

mais produtivos e satisfatórios.

O que se percebe na maioria das vezes é que quando estes precisam ser

reformulados, as mudanças são feitas por gerentes operativos sem o envolvimento

direto do setor de Recursos Humanos. Já alguns gerentes buscam a assistência

desse departamento, porque pode ajudar a combinar as necessidades humanas

com as do cargo. Dessa forma, os especialistas em gestão de pessoas devem ser

consultados acerca de como melhorar a qualidade de vida no trabalho por meio da

reformulação de cargo.

Conforme Moretti (2003), a qualidade de vida no trabalho é um desafio para

a administração de Recursos Humanos. Quando esta é cuidadosamente

considerada e indexada a um projeto apropriado, o resultado é um cargo produtivo e

satisfatório. Ainda de acordo com a autora, os elementos organizacionais do projeto

de cargo dizem respeito à eficácia e os cargos projetados de forma eficiente e

permitem que um trabalhador altamente motivado e capaz consiga o máximo de

produção.

Seguindo o pensamento de Moretti (2003), um segundo aspecto do projeto

de cargos refere-se aos elementos ambientais. Segundo o autor, ao projetar cargos,

os gestores devem considerar a habilidade e a disponibilidade dos empregados e ao

mesmo tempo, as expectativas sociais que também devem ser consideradas,

quando se trata das pessoas que vão realizar o trabalho.

Dessa forma, os cargos não podem ser projetados, utilizando apenas os

elementos que ajudam a eficiência. Agindo assim desconsideram-se as

necessidades humanas de quem deve desempenhar o trabalho.

Em um mundo competitivo, dinâmico e que nunca para, trabalhar sob

pressão faz parte do negócio, e, nada mais é do que conseguir trabalhar de forma

36

organizada, cumprir prazos, entregar com qualidade sem se deixar influenciar por

coisas externas. Especialistas acreditam que uma das principais estratégias para

reduzir a pressão no trabalho é a organização e apontam que profissionais

responsáveis por muitas atividades e que precisam tomar diversas decisões

precisam saber se organizar e priorizar as demandas (BRAGA, 1981).

Conforme Mendes (1995), do ponto de vista estrito, os agravos à saúde

relacionados ao trabalho são classificados em dois grupos: no primeiro, incluem-se

aqueles que traduzem ruptura abrupta do equilíbrio entre as condições e o ambiente

de trabalho e a saúde do trabalhador, como os acidentes do trabalho e as

intoxicações agudas de origem profissional. O segundo grupo inclui agravos de

caráter crônico: a doença profissional típica, definida como aquela inerente ou

peculiar a determinado ramo de atividade.

Pode-se, ainda, mencionar grupos de problemas atribuídos à organização do

trabalho no modo de produção capitalista, discutidos por autores como Dejours

(1987) e Laurell; Noriega (1989), como o envelhecimento precoce, a síndrome da

fadiga patológica, os distúrbios do sono e da sexualidade e o estresse crônico.

Seligmann-Silva (1994), que também desenvolveu vários estudos sobre a

saúde do trabalhador pontua que “conforme a situação, o trabalho tanto pode

fortalecer a saúde quanto levar à distúrbios que se expressarão coletivamente em

termos psicossociais e/ou individuais, em manifestações psicossomáticas”. Nessa

perspectiva, para cada categoria profissional, o trabalho assume especificidades que

poderão favorecer a saúde ou presidir o desenvolvimento de quadros de

adoecimento nos trabalhadores. Daí a importância de um ambiente saudável no

contexto do trabalho.

37

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde - CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – o qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Todos os participantes

deste estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Contudo, suas identidades seguem preservadas, conforme apregoa a Resolução

196/96 do CNS-MS, tendo em vista que, não foi necessário identificar-se ao

responder o questionário.

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de

aboragens, quanti-qualitativa. O estudo em questão utiliza alguns critérios dos

postulados de Vergara (2007), como: pesquisa de campo, por estar investigando um

conjunto de dados que só serão adquiridos através da prática, implicando o uso e

aplicação de questionários. Pesquisa exploratória e descritiva, por estar assentando

características dos motoristas de ônibus coletivos urbanos e estabelecendo relação

com a possível causa do estresse e aspectos do exercício laboral, tornando-a base

para explicação desse efeito na qualidade de vida. E pesquisa bibliográfica, pois

está sendo desenvolvido com informações que se firmam em material publicado em

livros, periódicos, revista eletrônica, etc.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu duas empresas de ônibus coletivos urbanos, as

quais atuam no município de Vitória da Conquista, BA.

3.4 Sujeitos e Amostra

A amostra se deu por conveniência quando os sujeitos da amostra estavam

presentes em horários e locais neutros conforme acordo prévio entre empresas,

trabalhadores e pesquisador para que não houvesse interferência no horário de

38

trabalho, assim como também nas respostas dos entrevistados. Os questionários

foram aplicados à 24 motoristas das empresas Serrana e Vitória mediante a entrega

do Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário de QVT,

validado cientificamente e disseminado no meio acadêmico. Composto por 37

questões fechadas, a ele foram anexadas questões que abrange a caracterização

do sujeito tais como: idade, sexo, nível de escolaridade, tempo de atuação, etc. e

uma pergunta objetiva que levou a resposta aberta, aplicadas a uma amostra de

colaboradores nas empresas de transporte coletivo urbano Serrana e Vitória da

cidade de Vitória da Conquista, BA.

3.6 Procedimentos para Coleta dos Dados

Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos motoristas,

num total de (24) vinte e quatro participantes, que concordaram em responder e

participar da pesquisa.

3.7 Plano para Análise dos Dados

Com o estudo realizado, foi possível analisar a QVT dos motoristas de

ônibus das empresas Serrana e Vitória Ltda da cidade de Vitória da Conquista, BA.

Para mapear a percepção que os mesmos possuem em relação a sua função,

utilizou-se a elaboração de tabelas, e análise do discurso para a parte qualitativa.

recorreu a essa técnica por considerar adequada para dar sentido as falas dos

sujeitos entrevistados.

39

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 3 são apresentados os dados referentes ao perfil sócio-

demográfico da população pesquisada. Verifica-se que os sujeitos participantes do

estudo, são todos homens 100%; com idade, entre 20 e 60 anos; destes 75% são

casados 18% são solteiros e 08% são divorciados. Em se tratando do nível de

escolaridade, 10% possuem Ensino Fundamental incompleto; 10% Ensino

Fundamental completo; 40% Ensino Médio incompleto e 41% Ensino Médio

completo.

Tabela 03: Perfil sócio-demográfico dos entrevistados

Dados dos participantes Valor Observado Valor Relativo

Sexo Masculino Feminino

24 100%

Idade Entre 20 e 30 anos

Entre 30e 40 anos Entre 40 e 50 anos Entre 50 e 60 anos

04 20% 11 47% 07 25% 02 08%

Estado civil Casado

Solteiro Divorciado

18 75% 04 16% 02 08%

Nível de escolaridade Ensino fund. incompleto

Ensino fund. completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo

03 12% 03 12% 10 42% 08 34%

Fonte: Dados da pesquisa. Vitória da Conquista, BA. 2013.

As informações sobre o estado civil dos sujeitos da pesquisa indicam que

existe uma predominância de casados, com 75%, sobre os solteiros, que

correspondem a 16%. Destaca-se que 20,7% da amostra possuem entre 20 e 30

anos e 47% entre 30 e 40 anos; 25% entre 40 e 50 anos e 08% estão entre 50 e 60

anos, revelando que os colaboradores das empresas Serrana e Vitória que

participaram deste estudo se encontram em sua maioria constituída de pessoas

jovens. Contudo supõe-se que faixas etárias mais elevadas sugerem maior

experiência do corpo funcional.

A Tabela 4 trata do tempo de serviço e aponta que 16% dos entrevistados,

estão na empresa a menos de 01 ano, 45% estão entre 01 e 05 anos, 25% entre 06

e 10 anos; e 16% acima de 10 anos. A carga horária diária varia entre 07:0h. e 09:0

h. Do total de participantes apenas 09 afirmaram trabalhar 02:0h. extras/dia e 15%

se abstiveram de responder.

40

Tabela 04: Dados organizacionais dos motoristas participantes da pesquisa.

Valor Observado Valor Relativo

Tempo de serviço Menos de 1 ano Entre 1 e 5 anos Entre 06 e 10 anos Acima de 10 anos

04 10 06 04

16% 45% 25% 16%

Carga horária 07:20 horas/dia

09:20 horas/dia Não resp.

09 03 12

37,5% 12,5% 50%

Horas extras 02:0h/dia

Não resp. 09

15 32% 68%

Fonte: Dados da pesquisa. Vitória da Conquista, BA. 2013.

Contudo há um fato a ser questionado que é o número de abstenções com

relação à carga horária e a quantidade de horas extras trabalhadas, quando remete

á fala de um dos colaboradores na resposta da questão aberta, quando diz que a

empresa deveria ter mais respeito com os funcionários no sentido de cumprir o

horário previsto. Nesta fala pode estar implícito que o tempo proposto pela empresa

poderá estar aquém do tempo trabalhado talvez isso justifique o grande número de

respostas em branco abstendo o trabalhador de está expondo a verdadeira conduta

da empresa com relação aos seus funcionários.

Os dados relativos ao tempo de atuação indicam que existem colaboradores

com bastante tempo na empresa, sendo que os mais antigos possuem 18 anos de

trabalho. Os dados revelam que 52,% dos participantes da pesquisa estão há menos

de quatro anos na empresa, indicando um alto índice de rotatividade, o que leva a

pensar na presença e nos impactos do estresse nos negócios da empresa,

observando-se que, quando este passa de limites toleráveis, pode gerar segundo

Selye (1956) absenteísmo, rotatividade, afastamento por doenças de forma geral,

conflitos interpessoais, acidentes de trabalho dentre outros. Dos demais

colaboradores 25% possuem de 5 a 10 anos de serviço e 16% estão há mais de 10

anos na empresa pesquisada.

Os resultados que trata da contribuição do trabalho para o crescimento

pessoal dos participantes, apresentados na Tabela 5, vem demonstrar que tanto os

trabalhadores da empresa 1 quantos aos da empresa 2 se sentem realizados

profissionalmente. Mas quando se trata da aquisição de benefícios sociais advindos

das empresas percebe-se que menos de 50% dos trabalhadores da empresa 01

afirmam recebê-los e apenas 25% da empresa 2 admitem receber tais benefícios.

41

Tabela 05: Trabalho como fonte de crescimento pessoal

Empresa 01 Viação Serrana

Empresa 02 Viação Vitória

Sim Não Sim Não

O Trabalho lhe traz realização profissional e pessoal?

11 01 12 0

Tem acesso a benefícios sociais decorrentes do trabalho?

11 01 06 06

Recebe gratificação por conta da produtividade? 09 01 02 10

Tem acesso a investimentos e cursos proporcionados pelo trabalho?

06 06 06 06

O trabalho lhe proporciona integração com o grupo no contexto do trabalho?

02 10 04 08

Você tem acesso a materiais de proteção? 09 03 08 04

O trabalho respeita sua privacidade e liberdade? 12 0 10 02

Você tem poder decisório na empresa? 04 08 04 08

Você é valorizado pelo esforço no trabalho? 10 02 0 12 Fonte: Dados da pesquisa. Vitória da Conquista, BA. 2013.

A respeito de benefícios que a empresa proporciona, a maioria dos

entrevistados afirmou que as empresas não possuem planos de saúde, ou

assistência odontológica, nem programas recreativos, entre outros, para os

colaboradores e seus dependentes, o que leva a crer que falta aqui componentes

que proporcionam uma melhor qualidade de vida no trabalho.

Com relação às gratificações recebidas pela produtividade, 33% por cento

da empresa 1 diz receber essa gratificação, enquanto os da empresa 2 essa

quantidade correspondem apenas a 6%. Quanto ao acesso a cursos de formação

profissional tanto os funcionários da empresa 1 quanto da empresa 2 somente 25%

destes participam de formações. Quando perguntados sobre o fato das empresas

está proporcionando ações que integram os grupos de trabalho, a maioria, ou seja,

75% dos entrevistados disseram que não existe esta integração. Com relação ao

acesso á materiais de proteção, aproximadamente 74% disseram recebê-los;

quando foi questionado sobre o respeito à privacidade e liberdade dos funcionários

96% disseram ser respeitados. Quanto ao poder decisório nas empresas percebeu-

42

se através de relatos dos funcionários que a liberdade e responsabilidade de tomar

decisões são bastante restritas.

Quanto à valorização pelo trabalho realizado 96% dos entrevistados

disseram ser reconhecidos.

Ressalta-se aqui que em grande parte, a conquista da qualidade de vida

depende da conscientização e do compromisso das empresas, dado que é de

fundamental importância que elas assumam sua parcela de responsabilidade diante

dos problemas e necessidades enfrentados por seus funcionários. Ao que parece as

empresas pesquisadas ainda necessitam de algumas mudanças para que possam

se tornar uma organização ideal, já que segundo relatos dos entrevistados faltam-

lhes ainda benefícios sociais, momentos de integração/ descontração entre o grupo

de trabalhadores que são questões importantes para o crescimento pessoal e

profissional dos trabalhadores.

Quanto às oportunidades oferecidas em relação às formações e habilidades

para o conhecimento profissional dos funcionários, a empresa proporciona cursos de

aperfeiçoamento, mas ainda de forma insipiente.

No que se refere ao crescimento e reconhecimento de seus funcionários, a

empresa proporciona realização profissional dos seus funcionários. No

reconhecimento pelos resultados alcançados, reconhece seus funcionários, no

entanto, é perceptível que isso não ocorre com certa frequência, principalmente em

uma das empresas, sendo este, um ponto de destaque, pois interfere no bom

desempenho do trabalho e no atendimento aos clientes destas empresas.

Outro fator de grande relevância refere-se à remuneração, no qual a grande

maioria questiona por uma remuneração melhor fato relatado principalmente na

questão aberta. Vale lembrar o que nos diz Chiavenato (1999), quando nos

afirma que quando há uma baixa qualidade de vida no trabalho, será maior o nível

de insatisfação dos colaboradores, e menor será o índice de produtividade e

qualidade, também aumentará os comportamentos contraproducentes, como, roubo

sabotagem, etc. Para o autor, quando há alta QVT, maior será a produtividade e

qualidade, como também terá um clima de trabalho ótimo, confiante e transparente

com respeito mútuo entre os colaboradores (p.392).

Para Chiavenato (1999, p.391), a qualidade de vida no trabalho, “representa

em que graus os membros da organização são capazes de satisfazer suas

necessidades pessoais através do seu trabalho na organização”. O mesmo autor

pontua que os fatores envolvidos na qualidade de vida no trabalho são: a satisfação

com o trabalho executado; as possibilidades de futuro na organização; o

43

reconhecimento pelos resultados alcançados; o salário percebido; os benefícios

auferidos; o relacionamento humano dentro do grupo e da organização; o ambiente

psicológico e físico no trabalho; a liberdade de expressão; responsabilidade de

decidir e as possibilidades de participar. Dessa forma, pode-se considerar que, “O

local de trabalho poderá se tornar próprio para o crescimento profissional e pessoal

dos indivíduos” (ULRICH 2000, p.155).

No entanto os gestores das empresas pesquisadas estão longe do padrão

de qualidade apropriada para o bom desempenho de seus colaboradores.

Sobre a valorização pelo esforço, Walton (1973), nos diz que a

compensação que se obtém por meio do trabalho é um aspecto fundamental ao se

analisar a QVT, tendo em vista que a questão salarial representa um fator relevante

quando se trata de qualquer atividade profissional.

Dessa forma, considera-se que a remuneração adequada se refere àquela

que se apresenta como necessária para que os colaboradores consigam atender

suas necessidades pessoais, correspondentes aos padrões culturais, sociais e

econômicos do meio social onde estão inseridos, contribuindo para o equilíbrio entre

equidade interna e externa. Ao que parece, as empresas envolvidas neste estudo

ainda não se encontra dentro do padrão esperado.

As questões apresentadas na Tabela 6 tratam-se de fatores presentes no

contexto do trabalho que podem afetar o desempenho do trabalhador. Quando

questionados sobre o fato de sua atividade está associada ao desgaste físico e

psíquico, aproximadamente (76%) dos trabalhadores afirmaram que são afetados

física e psiquicamente pela sua atividade laboral. (70%) disseram que seu trabalho

lhe traz aborrecimento. 68% acham que a carga horária é pesada; (75%) sentem

que as condições de segurança não garantem a sua integridade física; (70%) não

tem autonomia para se queixar caso seu trabalho lhe afete; (75%) não se sente

seguro trabalhando nestas empresas; (49%) afirmaram que seu trabalho interfere na

sua vida pessoal; e (75%) declararam que afetam também a sua saúde.

Tabela 06: Fatores decorrentes do trabalho que afetam a saúde do trabalhador

Empresa 01 Viação Serrana

Empresa 02 Viação Vitória

Sim Não Sim Não Sua atividade está associada ao desgaste físico e psíquico?

10 02 09 03

O trabalho lhe traz preocupação e aborrecimentos? 08 04 08 04 Sua carga horária é adequada? 06 06 03 09

44

As condições de segurança garantem sua integridade física na empresa?

03 09 03 09

Você tem autonomia na empresa para opinar sobre questões que afetam a sua atividade?

05 07 03 09

Você se sente seguro trabalhando nesta empresa? 03 09 03 09 Seu trabalho interfere na sua vida pessoal? 06 06 05 07 A atividade que você exerce afeta a sua saúde? 08 02 10 02

Fonte: Dados da pesquisa. Vitória da Conquista, BA. 2013.

A Qualidade Total é uma forma de ação administrativa, que prioriza os

produtos ou serviços como o principal foco para todas as atividades da empresa.

Nesse sentido, Walton (1973) ressalta que a empresa deve oferecer aos

colaboradores um ambiente saudável e seguro para a execução de seu trabalho,

assim como elaborar carga horária justa, além de estrutura física adequada e

evidenciar a preocupação constante com o bem estar dos colaboradores.

Como acontece na maioria das organizações, nas empresas pesquisadas

percebeu-se que não existe a política de ouvir seu trabalhador, conhecendo suas

necessidades e dificuldades o que pode está contribuindo para o que os

colaboradores se sintam afetados pelo desgaste físico e psíquico. Ao que se sabe,

uma mudança de conduta, feita de forma correta, e comunicação com os

funcionários, trará um melhor gerenciamento da empresa, e formas de trabalho mais

produtivas. Vale ressaltar que esse contato é indispensável ao crescimento

organizacional e para uma melhor Qualidade de Vida no Trabalho.

Conforme Walton (1973), os colaboradores devem ser conquistados pela

empresa, sendo, reconhecidos e valorizados, recompensados e motivados. Assim, o

sucesso da empresa deve ser dividido com o trabalhador através de investimentos

na qualidade de vida dos mesmos, e também para que esse progresso seja

permanente.

Em relação à segurança no emprego, percebe-se um alto índice de

insegurança por parte dos funcionários das empresas pesquisadas, permitindo supor

que as políticas de recursos humanos praticadas não passam a devida segurança

para uma significativa parcela que corresponde a (75%) dos entrevistados. Ressalta-

se que a segurança para o colaborador é proveniente de um conjunto de fatores que

não se limita apenas às condições de trabalho ou às oportunidades oferecidas, mas

também ao tratamento global que é dado a este em seu cotidiano de trabalho.

45

Sobre a segurança no trabalho, Walton (1973), nos diz que esta tem por

objetivo avaliar as oportunidades que a organização oferece para o desenvolvimento

de seus colaboradores e para a estabilidade no emprego. Levando em conta

também o significado de uma carreira em que o trabalhador tenha sua capacidade

valorizada e reconhecida, como forma de obter o desenvolvimento pessoal e

profissional, além da segurança advinda da permanência no emprego.

Os trabalhadores também relataram que passam pouco tempo com a família

e que tem poucos momentos de lazer, devido às cargas horárias de trabalho

semanais. Segundo Walton (1973), os níveis satisfatórios de integração social

podem ser atingidos por meio de um bom relacionamento interpessoal na

organização, sentimento de comunidade, ausência de preconceitos, apoio e respeito

mútuo entre seus integrantes. Para o autor, a satisfação com o local de trabalho

existe à medida que as necessidades dos trabalhadores sejam supridas de forma

satisfatória. O salário em dia e justo é importante, mas não suficiente condição de

trabalho digno, segundo o autor, respeito, relevância social, tempo para família,

oportunidade de crescimento e interação interpessoal todos são requisitos para uma

boa qualidade de vida no trabalho.

Os resultados apresentados na Tabela 7 correspondem ao número de

entrevistados que responderam à questão aberta, demonstrando os anseios de cada

um com relação às obrigações que as empresas devem cumprir para que os mesmo

se sintam seguros valorizados e protegidos no e pelo que fazem. Como se sabe os

impactos oriundos das condições de trabalho dos motoristas refletem em sua saúde

física e mental assim como também acabam por afetar suas relações sociais e

familiares. Além disso, o trânsito, as más condições de trabalho o contato com os

passageiros e a pressão decorrente das exigências do cumprimento de horários são

fatores que tornam o cotidiano do trabalho dos motoristas extremamente

estressantes criando para esses trabalhadores um estado permanente de

nervosismo. Contudo eles são obrigados manter este sofrimento de forma velada

ainda que as repercussões tragam grandes prejuízos para sua vida e saúde. Isso

pode ser confirmado quando se refere ao número de entrevistados que se

abstiveram de responder algumas questões.

Tabela 07: O que você julga necessário que a empresa faça para melhorar a Qualidade de Vida

no Trabalho?

Empresa 01: Viação Serrana

Empresa 02: Viação Vitória

Nº de Nº de Não responderam

46

funcionários funcionários

Plano de saúde 10 14 0

Melhoria nos Veículos 08 12 04

Oferecer cursos/treinamentos 08 10 06

Melhor assistência aos

usuários

06 08 10

Mais veículos nas ruas 06 09 09

Valorizar mais os

funcionários/ouvi-los

08 10 06

Lazer 11 08 05

Melhoria dos salários 10 11 03

Participação nos lucros 01 0 23

Menor carga horária 06 08 10

Fonte: Dados da pesquisa. Vitória da Conquista, BA. 2013.

Como é possível observar os dados aqui presentes remetem que além das

preocupações com a sua saúde e da família indicado pela totalidade dos

entrevistados quando anseiam por um plano de saúde, os funcionários também se

preocupam com a sua qualificação, e principalmente com a melhoria dos serviços

nas ruas, assim como também reivindicam uma valorização pessoal e profissional

por julgarem necessários, pelo fato destas práticas poderem contribuir para melhoria

da prestação de serviços aos usuários.

Conforme Bitencourt et al. (2004) é essencial que as organizações procurem

profissionais capazes de manter alta performance e, ao mesmo tempo, alto grau de

equilíbrio e saúde, ou seja, pessoas criativas e inovadoras, capazes de manter um

alto desempenho e de trazer soluções para os problemas, mesmo convivendo em

um ambiente turbulento e com constantes mudanças. E como resposta, os

profissionais procuram empresas que sejam capazes de lhes oferecer um ambiente

saudável, incentivo, respeito, reconhecimento, oportunidades de desenvolvimento,

entre outros. Pois a satisfação com o local de trabalho existe à medida que as

necessidades dos trabalhadores sejam supridas de forma satisfatória.

De acordo com os autores, o salário justo é importante, mas não o

suficiente, é necessário também condição de trabalho digna, cuidados em saúde,

respeito, tempo para família, oportunidade de crescimento e interação interpessoal,

etc. aspectos que faltam segundo relatos da maioria dos entrevistados.

Nestes termos, considera-se que uma vida saudável e tranquila

caracterizam-se como essencial para todo ser humano que busca prevenir uma série

de doenças e agravos a saúde, dentre as quais se destaca o estresse. É importante

47

saber que quando a empresa oferece um ambiente saudável que traga benefícios no

desempenho de suas atividades, o colaborador se tornará mais eficiente,

aumentando substancialmente o lucro para a empresa.

48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O transporte coletivo urbano é essencial e de interesse da população, por

isso requer intervenções cuidadosas não só na preservação do direito social no

acesso ao transporte mais barato, mas também no sentido da preservação do direito

dos trabalhadores com relação á sua saúde.

Mudanças nas condições de trabalho dos motoristas de ônibus coletivos

urbanos são de responsabilidade das empresas na qual são alocados. Assim, a

qualidade de vida no trabalho adquire uma importância crescente no contexto das

empresas, constituindo-se em um fator relevante para a melhoria da produtividade,

da competitividade e da modernização da gestão de pessoas.

Compreendeu-se que para melhorar a qualidade de vida no trabalho das

empresas objetos desse estudo, é importante que se dê mais atenção aos aspectos

da saúde, do horário do trabalho e ao mesmo tempo, as empresas devem se

preocupar em promover atividades de lazer e integração social entre os empregados

e suas famílias e melhore as condições da frota.

Este estudo permitiu constatar que a maioria dos colaboradores

participantes da pesquisa mostra-se insatisfeita com o sistema de remuneração

adotado pelas empresas pesquisadas, aspecto que pode refletir negativamente na

qualidade de vida e no desempenho dos funcionários.

Observou-se também que, em relação à equidade interna, a maioria dos

colaboradores demonstra insatisfação com o tratamento recebido, permitindo inferir

que existe uma desvalorização do funcionário quando não é cumprido o horário

proposto, obrigando-os a cumprir uma carga horária diferenciada o que gera

insatisfação, desmotivação e mal estar no ambiente de trabalho, refletindo na QVT.

Vale ressaltar que a melhoria das condições de trabalho representa um dos

principais objetivos da QVT e pode contribuir para que as empresas pesquisadas

atinjam seus objetivos, tendo em vista que a qualidade de vida no trabalho vem

conquistando espaço cada vez maior no ambiente empresarial brasileiro dentro das

estratégias de gestão de pessoas.

Quanto à segurança no emprego, constatou-se que existe um alto índice de

insegurança por parte dos funcionários, permitindo supor que as políticas de

recursos humanos praticadas não passam a devida segurança para uma significativa

parcela dessas pessoas. Sobre esse olhar, alerta-se que a segurança para o

49

colaborador é proveniente de um conjunto de fatores que não se limita apenas às

condições de trabalho ou às oportunidades oferecidas, mas também ao tratamento

global que é dado a este em seu dia-a-dia de trabalho.

Foi possível comprovar que apesar dos percalços, os funcionários das

empresas pesquisadas sentem-se realizados profissionalmente.

Para pesquisas futuras, recomenda-se que um número maior de

funcionários seja considerado, como forma de se obter resultados abrangentes

quanto à evolução da QVT no exercício laboral dos motoristas de ônibus coletivos

urbanos havendo necessidade de melhorias no sentido de adequar o sistema de

remuneração aos seus anseios democraticamente, bem como desenvolver ações

que dêem mais tranquilidade aos mesmos, no sentido de se sentirem seguros no

emprego.

Espera-se que a realização deste estudo, apesar de suas limitações, venha

contribuir para melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores das empresas

pesquisadas, e possa constituir-se também como norte para outros estudos dessa

natureza.

50

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, L. G.; LIMONGI-FRANÇA, A. C. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração. São Paulo, abr./jun. 1998, v. 33, n. 2, p. 40-51. ARAUJO, L. C. G. de. Organização, sistemas e métodos e as tecnologias de gestão organizacional: arquitetura organizacional, benchmarking, empowerrment, gestão pela qualidade total, reengenharia. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. v. 1. ARENDT, Hannah. A condição humana. 8ª ed. Rio de Janeiro Forense Universitária, 1997. BASTOS, A. V. B. Comportamento organizacional: um balance dos resultados e desafios cercam essa tradição de pesquisa. Revista de Administração de Empresas, v. 33, n. 3, p. 52-54. São Paulo, 1994. BALLONE, G. J. Cursos sobre Estresse. (s.l.), 2006. Disponível em: <htpp://WWW.psiqweb.med.br/cursos/stress1.html> BERGAMINI, C. W. Motivação: mitos, crenças e mal-entendidos. Revista de administração de empresas. São Paulo. 30(2) 23-34. Abr/Jun 1990. BITENCOURT, C. Gestão contemporânea de pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2004. BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. Elementos do Comportamento Organizacional. São Paulo. Pioneira, 1992. BRAGA, J. C.; PAULA, S. G. Saúde e Previdência: Estudos de Política Social. São Paulo. CEBES-HUCITEC, 22 p. 1981. CARELLI, G. C. O sabor de ser chefe: bons salários e tratamento de celebridade dão status à profissão de cozinheiro. (s. l.) 2008. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/241104/p. 096.html>. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desempenhar cargos e avaliar o desempenho. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1998. ______. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 21ª Reimpressão Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999. ______. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7ª Ed. Revisada. Rio de Janeiro. CAMPUS Ed. 2003. ______. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE - Resolução 196/96 do CNS-MS, Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de 1987. COUTO, H. A. Stress e qualidade de vida dos executivos. Rio de Janeiro, 1987.

51

DAVIS, K.; NEWSTROM, J. W. Qualidade de vida no trabalho e sistemas sociotécnicos. In: ______. Comportamento humano no trabalho. Tradução de Eunice Lacava Kwasnicka. SãoPaulo: Pioneira, cap. 6, p. 145-169. 2 v. 1992. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Oboré, 1987. DIAS, E. C. A atenção á saúde dos trabalhadores no setor saúde (SUS), no Brasil: realidade, fantasia ou utopia. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1994. (Tese do Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, 1994. DOURADO, D. C. P.; CARVALHO, C. A. Controle do homem no trabalho ou qualidade de vida no trabalho? Cadernos EBAPE. FGV. Volume 4, dez de 2006, p. 1-15. EL. AOUAR, W. A.; SOUZA, W. J. Com músicos, com qualidade e com vida: contribuições teórico-metodológicas aos estudos em qualidade de vida no trabalho (QVT). ANAIS. Brasília, ANPAD, 2005. EL-BATAWI, M. A. Problemas de salud psicosociales de los trabajadores en los países en desarrollo. In: KALIMO, M. A. EL-BATAWI, C. L. Cooper, Los factores psicosociales en el trabajo y su relación con la salud (pp. 15-20). Genebra: OMS, 1988. EVERLY, G. S. A Clínica Guide to the Treatment of the human stress response. Plenum Press, New York, 1990. FERNANDES, E. C. Qualidade de Vida no Trabalho: como medir para melhorar. 3ª Ed. Salvador. Casa da Qualidade, 1996. FRANÇA, A. C. L. e ZAIMA, G. Manual de gestão de pessoas e equipes: Gestão de qualidade de vida no trabalho – GQVT. In: BOOG, G.; BOOG, M. (Orgs.): estratégias e tendências. São Paulo: Gente, 2004. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994-1995. ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GOULART, I. B. Psicologia organizacional e do trabalho; teoria, pesquisa e temas correlatos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. HACKMAN, J. R.; OLDHAM, G. R. Development of the job diagnostic survey. Journal of Applied Psycology. v. 60, n. 2, p. 159-170, 1975. HERZBERG, F.; MAUSNER, B. e SNYDERMAN, B. The motivation to work. New York: John Wiley, 1968. HONÓRIO, L. C. Cisão e Privatização: impactos sobre a qualidade de e vida no trabalho de uma empresa de telefonia celular. 1998. Dissertação (Mestrado em Administração) - CEPEAD, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1998. KALIMO, R. Los factores psicosociales y la salud de los trabajadores: panorama

52

general. In R. Kalimo, M. El-Batawi & C. L. Cooper, Los factores psicosociales en el trabajo y su relación con la salud (pp. 3-8). Genebra: OMS, 1988. KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14. ed. rev. e ampl. Petrópolis: Vozes, 1997. LAURELL, A.C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste operário. São Paulo: Hucitec, 1989. LIMA, I. S. Qualidade de Vida no Trabalho na Construção de Edificações: Avaliação do Nível de Satisfação dos Operários de Empresas de Pequeno Porte. Tese apresentada na UFSC no curso de Engenharia de Produção, 1995. LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de vida no trabalho. QVT: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2004. LIPP, M. E. N. O Stress Está Dentro de Você. São Paulo: Contexto 1984; 2000. McGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. São Paulo: Martins Fontes, 1999. MARINS, Luiz. Livre-se dos “Corvos”. São Paulo: Harbra, 2003. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. MATOS, F. G. Fator QF – Ciclo de felicidade no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1997. MENDES, R. Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995. MICHEL, O. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. 2. ed. São Paulo: 2001. MOLLER, C. O Lado Humano da Qualidade: Maximizando a Qualidade de produtos e Serviços Através do Desenvolvimento das Pessoas. São Paulo. Ed. Pioneira Thompson, 1992. MORETTI, S.; TREICHEL, A. Qualidade de vida no trabalho X auto-realização humana. Santa Catarina, Instituto Catarinense de Pós-Graduação. (ICPG). vol. 1 n. 3 ago/dez/2003- p. 73-80. ____________. Qualidade de vida no trabalho X realização humana. (s.l.), 2005. Disponível em: http://wwwicpg.com.br/artigos/rev.03-12.pdf> NADLER. A.; LAWLER. Quality of work life: perspectives and directions. Organization Dynamics, 1983. OLIVEIRA, S. L. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: Pioneira, 1997. PAIVA, K. MARTINS, C. Qualidade de vida no trabalho e stress de profissionais docentes: uma comparação entre o público e o privado. 185 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - CEPEAD, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999. QUIRINO, T. R.; XAVIER, O. S. Qualidade de Vida no Trabalho de Organização de Pesquisa. Revista de Administração vol. 22(1) – janeiro/março/1987.

53

RAMOS, W. S. Dores músculo - esqueléticas de motoristas de ônibus: o caso Campina Grande- PB. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Campina Grande PB. Brasil, (2004). RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3. ed. revista e ampliada. São Paulo: Atlas, 2008. ROCHA, S. K. Qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso no setor têxtil. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1998. RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. Fundação Edson Queirós Fortaleza: Mimeo, 1991. ______. Qualidade de Vida no Trabalho. 2ª edição. Ed. Vozes, 1994. ______. Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. Petrópolis, Vozes, 1998. ROZESTRATEN. R. J. A. Psicologia do trânsito: Sua definição e área de atuação. Psicologia e Trânsito, 1(1), 6-19. 1983. ______. Psicologia do trânsito: conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU, 1988. 154p. SAMPAIO, J. R. (Org.). Qualidade de Vida no Trabalho e Psicologia Social. 2ª edição revisada e ampliada. São Paulo. Casa do Psicólogo, 2004. SELIGMANN-SILVA, E. Desgaste Mental no Trabalho Dominado. Rio de Janeiro: ed. UFRJ; Cortez, 1992. SELYE, H. Stress, a tensão da vida. Edição original publicada por McGraw – Hill Book Company, Inc. 1956. ______. Stress without distress. Filadélfia: Lippincott. 1974. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a Pesquisa Qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1994. ULRICH, D. Recursos Humanos nas organizações. Novas perspectivas para os profissionais de RH. São Paulo: Futura 2000. VASCONCELOS, A. F. Qualidade de vida no trabalho: origem, evolução e perspectivas. (artigo). Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 08, nº. 1, janeiro/março, 2001. VERGARA, S. C. Método de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2005. ______. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 8 ed. São Paulo: Atlas,2007. VILLALOBOS, J. O. Estrés y trabajo. Instituto Mexicano del Seguro Social. Revista de Medicina y Salud. (s.l.), 2004. Disponível em: www.medspain.com/n3-feb99/stress.htm.

54

WALTON, R. E. Quality of working life: what is it? Sloan Management Review, v.15, n. 1, 1973. Qualidade de Vida no Trabalho. In: LIMONGI-FRANÇA, A. C. et al. As pessoas na Organização. São Paulo: Editora Gente, 2002. ______. A calidad de la vida en el trabajo: su significado e importância. Administración de Empresas, Ano 6, n.71, 1976. ______. Criteria for quality of work life. In: DAVIS, L. E.; CHERNS, R. L. (Eds.), The quality of working life: Problems, prospects, and the state of the art (pp. 12-54). USA, New York: Free Press, 1995. WESTLEY, W. A. Problems and solutions In: te quality of working life. Human Relations, v. 32. n. 2, p. 113-123, 1979. WERTHER, B. W. J.; DAVIS, K. Administração de pessoal e recursos humanos. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Carta de Otawa para a Promoção da Saúde. Relatório Mundial. Geneva. WHO, 1993. ZANELLI, J. C.; ANDRADE, J. E. B.; BASTOS, A. V. B. Psicologia, Organização e Trabalho. Porto Alegre. Artmed, 2006.

55

APÊNDICE

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MOTORISTAS

Prezado colaborador:

Solicito a vossa gentileza de responder este questionário referente a uma pesquisa

que busca analisar a Qualidade de Vida no Trabalho. Esclareço que os

questionários não serão identificados, sendo guardado sob sigilo absoluto. Logo

sinta-se a vontade para responder as questões de forma verdadeira.

Leia com atenção cada questão e escolha a resposta conforme sua opinião.

Agradeço a sua colaboração.

Dados Gerais

Idade: ( ) 20 a 30 ( ) 30 a 40 ( ) 40 a 50 ( ) Acima de 50

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Estado civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Viúvo(a) ( ) Separado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Outros

Escolaridade:

( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo

( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior completo

Tempo de serviço: ( ) Menos de 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) Acima de 10 anos

Carga Horária de Trabalho: Horas Extras:

56

Leia atentamente as questões e marque um X na alternativa que corresponde a sua avaliação em cada item

Sim Não

01 Você considera o trabalho como uma forma de crescimento e realização pessoal ou profissional?

02 Você se identifica com o seu trabalho?

03 O seu trabalho está associado a desgaste físico e psicológico?

04 Para você, o oferecimento de benefícios sociais tais como: plano de saúde e odontológico, bolsa de estudos, auxílio creche e convênios; é indicativo de Qualidade de Vida no Trabalho?

05 O salário que você recebe é justo e adequado às suas atribuições na empresa que você trabalha?

06 Seu trabalho lhe traz preocupação e aborrecimento?

07 O salário é equivalente ao dos profissionais que desenvolvem as mesmas tarefas em outra empresa?

08 A carga horária é adequada para a execução de suas atividades?

09 As condições de segurança e prevenção de acidentes garantem a sua integridade física no ambiente de trabalho?

10 Você recebe gratificações, benefícios de acordo com sua produtividade?

11 Você sente alguma dificuldade relacionada ao aspecto físico para realizar o seu trabalho?

12 A empresa disponibiliza equipamentos e materiais necessários para execução de suas atividades?

13 Você tem autonomia para decidir sobre assuntos importantes que afetam sua atividade no trabalho?

14 Você está satisfeito com os resultados obtidos no seu trabalho?

15 As tarefas que você realiza estão de acordo como a sua função dentro da empresa?

16 Você utiliza seus conhecimentos e habilidades para desempenhar seu trabalho?

17 A empresa oferece as informações necessárias para que execute o seu trabalho adequadamente?

18 A empresa oferece oportunidade de crescimento profissional?

19 A empresa investe na sua capacitação com treinamentos e cursos?

20 Você se sente estável e seguro trabalhando nesta empresa?

21 As oportunidades de crescimento são iguais para todos os funcionários?

22 Na empresa seus colegas são discriminados pela aparência?

23 O relacionamento entre os funcionários é baseado no respeito mútuo e companheirismo?

24 A empresa proporciona integração entre os funcionários fora do local de trabalho?

25 A empresa cumpre as normas e regras previstas na Legislação Trabalhista?

26 No ambiente de trabalho há respeito à sua privacidade e liberdade?

27 Você tem oportunidade de expor suas idéias e implementar sugestões para melhoria da empresa ou do ambiente de trabalho?

28 Sua carga de trabalho interfere ou atrapalha a sua vida pessoal?

29 Há equilíbrio entre a sua vida pessoal e profissional, considerando sua carga de trabalho?

57

Descreva abaixo o que você julga necessário que a empresa faça para melhorar a sua Qualidade de Vida no Trabalho. ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

30 Sua participação em cursos e treinamento pela empresa são planejados e previamente agendados?

31 Seus cursos e treinamentos são realizados fora do horário de trabalho?

32 Seu horário de trabalho na empresa permite que você disponha de tempo para conviver com sua família?

33 Os colaboradores da empresa são reconhecidos e valorizados na comunidade pelo trabalho que realizam?

34 A empresa possui noção de responsabilidade social, ou seja, apóia iniciativas comunitárias?

36 A empresa se preocupa constantemente com os produtos e serviços prestados à sociedade?

37 Atribua uma nota de 0 a 10 à sua Qualidade de Vida no Trabalho

58

ANEXO

59