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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU OS EFEITOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS PARA O EQUILÍBRIO EM IDOSOS COM DISTÚRBIO COGNITIVO LEVE Ademilson Silva de Araújo ORIENTADORA: Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

OS EFEITOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS PARA

O EQUILÍBRIO EM IDOSOS COM DISTÚRBIO

COGNITIVO LEVE

Ademilson Silva de Araújo

ORIENTADORA:

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro 2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

OS EFEITOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS PARA

O EQUILÍBRIO EM IDOSOS COM DISTÚRBIO

COGNITIVO LEVE

Apresentação de monografia à AVM como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicomotricidade

Por: Ademilson Silva de Araújo

Rio de Janeiro

2017

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus por ter permitido qυе tudo isso acontecesse,

ао longo de minha vida, е não somente nestes anos como universitário,

mas, em todos os momentos participando de minha vida como o maior mestre

qυе alguém pode conhecer.

A esta Universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе tornaram

possível vislumbrar υm horizonte superior.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte da minha formação.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós,

Iracema de Brito Silva e Manuel Gabriel

Silva e Severina Araújo e Severino Vicente

da Silva (in memoriam), motivos de orgulho

em minha vida.

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RESUMO

Durante o processo de envelhecimento, o ser humano compromete algumas

estruturas fisiológicas importantes para o seu desempenho físico. Baseando-se

nesta afirmativa e na hipótese de que já foi confirmado que o exercício de

estimulação psicomotora favorece o equilíbrio de idosos com distúrbio cognitivo

leve, bem como a Psicomotricidade interfere na qualidade de vida dos idosos,

embora sejam pouco usados estes pressupostos psicomotores, no contexto da

vida de pessoas nessa faixa etária. O presente estudo teve como questão

norteadora: a saúde do idoso sofre a influência da Psicomotricidade na sua

qualidade de vida? Para responder pretendeu-se desenvolver o objetivo

principal do trabalho que foi identificar o desempenho e a qualidade de vida da

terceira idade, com distúrbios cognitivos leves, praticante dos exercícios

psicomotores. A metodologia utilizada consistiu em realizar, inicialmente, uma

revisão bibliográfica a partir das obras de autores e fontes importantes e

reconhecidas acerca do tema, buscando-se demarcar a importância da

Psicomotricidade e a realidade apresentada no universo da Terceira Idade. O

estudo é de abordagem qualitativa e descritiva em que inclui um levantamento

bibliográfico, preferencialmente, dos últimos quinze anos. Com os resultados,

concluiu-se que se torna indispensável que a Psicomotricidade atue como

promotora na saúde do idoso, uma vez que as atividades irão proporcionar

melhoria considerável na qualidade de vida dessas pessoas.

Palavras-chave: Psicomotricidade. Idoso. Distúrbios Cognitivos.

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METODOLOGIA

Como sustentação da temática desse estudo, escolhe-se o

levantamento bibliográfico, de cunho eminentemente teórico, realizado por

meio de uma revisão bibliográfica centrada na visão de teóricos que buscam

compreender o indivíduo como um ser que aplica as diversas vertentes do

conhecimento para o seu desenvolvimento e, sobretudo dos processos de

aprendizagem.

Neste sentido, a metodologia do trabalho consiste em realizar,

inicialmente, uma revisão bibliográfica a partir das obras de autores e fontes

importantes e reconhecidas acerca do tema, buscando-se demarcar a

importância da Psicomotricidade e a realidade apresentada no universo da

Terceira Idade. O estudo é de abordagem qualitativa e descritiva em que inclui

um levantamento bibliográfico, preferencialmente, dos últimos quinze anos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Aspectos fisiológicos e psicossociais no processo de envelhecimento 10

CAPÍTULO II

Programa de atividade psicomotora na qualidade de vida dos idosos 21

CAPÍTULO III

O desempenho dos idosos nos exercícios psicomotores. 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 48

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INTRODUÇÃO

A população idosa vem crescendo numa grande proporção, em todo o

mundo e, no Brasil, essa realidade não é diferente, principalmente nas últimas

décadas. Com isso, cresce a preocupação em produzir conhecimentos que

favoreçam o bem estar biopsicossocial das pessoas na terceira idade.

Em consequência do envelhecimento, o ser humano compromete

algumas estruturas fisiológicas importantes para seu desempenho motor de

modo geral. Vale salientar que tais modificações no idoso se processam em

relação a fatores tanto fisiológicos como emocionais, intervindo no costume e

tipo de vida que o idoso apresenta.

Diante do exposto, pode-se dizer que a capacidade que os idosos têm

de manterem-se independentes se deve, em grande parte, à manutenção da

flexibilidade, força e resistência musculares, características que, em seu

conjunto, poderiam ser consideradas como componentes da aptidão muscular.

A Psicomotricidade contribui para a melhoria da qualidade de vida, desta

população, tendo em vista que o declínio deste parâmetro estaria relacionado

às mudanças estruturais do sistema locomotor e do sistema emocional

associada ao envelhecimento e na maneira como o idoso percebe seu corpo.

Nessa concepção sobre a Psicomotricidade na vida dos idosos e

considerando que se trata de uma ciência que tem no corpo a origem das

aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas; e que, por intermédio da prática

psicomotora, a pessoa passa a conhecer e a utilizar seu corpo, percebendo a

íntima relação que existe entre pensamentos, atos e sentimentos, torna-se

importante o seguinte questionamento: A saúde do idoso sofre a influência da

Psicomotricidade na sua qualidade de vida?

Sabe-se que a Psicomotricidade proporciona aos idosos a redescoberta

de valores, sentimentos, capacidades, havendo um sentido muito maior do que

meramente a repetição de exercícios puramente ginásticos. A prática regular

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de Psicomotricidade influencia na melhoria da conscientização corporal como

vivências intencionais e no bem estar psicofísico dos indivíduos da terceira

idade. Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é identificar o desempenho

e a qualidade de vida da terceira idade, com distúrbios cognitivos leves,

praticante dos exercícios psicomotores.

A escolha das Atividades Psicomotoras para Idosos com distúrbios

cognitivos leves e praticantes de exercícios físicos, como estratégia do

desenvolvimento deste estudo, surgiu em decorrência do conceito estabelecido

pela sociedade referente à qualidade de vida dos idosos. Com este

entendimento, o estudo se justifica porque o tema central avalia a

Psicomotricidade, que se caracteriza por uma ferramenta utilizando os

movimentos para atingir outras aquisições e compreendendo, que esta,

também, estuda o homem por meio de seu corpo em movimento.

Cabe ressaltar, que o objeto do estudo é a pessoa da terceira idade com

distúrbios cognitivos leves, que busca nas atividades psicomotoras, aplicadas

aos idosos, o equilíbrio e a melhor qualidade de vida. Para que se alcance este

objetivo, pretende-se levantar na literatura referenciais bibliográficos, dos

últimos 15 anos, preferencialmente, no Brasil. O estudo é de abordagem

qualitativa e descritiva, a metodologia consiste em realizar, inicialmente, uma

revisão da literatura a partir das obras de autores e fontes importantes

reconhecidas acerca do tema, buscando-se demarcar a importância da

Psicomotricidade e a realidade apresentada no universo da Terceira Idade.

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CAPÍTULO I

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS NO

PROCESSO DE ENVELHECIMENTO

O presente capítulo trata do tema velhice e o processo de

envelhecimento humano, numa abordagem fisiológica e psicossocial, tendo em

vista que a questão da longevidade humana é algo que já se fazia presente na

mais remota história, seja buscando a fórmula da eterna juventude, associada

à felicidade plena, ou como preocupação constante do homem em todos os

tempos.

1.1 Construção sócio histórica do envelhecimento

A imortalidade e a eterna juventude são aspirações míticas da espécie

humana. A procura da fonte da juventude é assunto desde os mais antigos

escritos. Os gregos descreveram uma raça dourada, composta por um povo

que vivia centenas de anos sem envelhecer e que morreria dormindo quando

chegasse o seu dia. Aristóteles e Galeno acreditavam que cada pessoa nascia

com certa quantidade de calor interno, que iria se dissipando com o passar dos

anos, considerando a velhice o período final desta dissipação de calor. Neste

sentido, Aristóteles sugeria o desenvolvimento de métodos que evitassem a

perda de calor, prolongando a vida, fugindo um pouco da mitologia utilizada até

então para dar uma conotação científica a este fenômeno (AZEVEDO, 2001).

No século XVI, surgiram os primeiros trabalhos científicos acerca do

envelhecimento humano, com representantes como Bacon, Descartes e

Benjamim Franklin, que acreditavam ser apenas o desenvolvimento de

métodos científicos eficazes para vencer as transformações da velhice. Sobre

isto, foi escrito por Francis Bacon (1561-1626) “A História Natural da Vida e da

Morte e a Prolongação da Vida”, defendendo a ideia de que um espírito jovem

inserido em um corpo velho faria regredir a evolução da natureza. Por outro

lado, Benjamim (1745-1813) foi o primeiro a dizer que são as doenças

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responsáveis pela morte e não o envelhecimento – que não é doença. (LEME,

1996).

Em 1999, o Papa João Paulo II registrou uma carta aos anciãos,

assegurando que estes ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com

mais sabedoria, porque os reveses os tornaram mais experientes e

amadurecidos. Eles são guardiões da memória coletiva e, por isso, intérpretes

privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e

guiam a convivência social. Compreende-se que atualmente é negada ao idoso

sua função social, uma vez que habilidades como aconselhar e lembrar são

mecanismos não valorizados.

É recorrente a exploração da velhice, que acontece a partir de

mecanismos institucionais visíveis como as casas de repouso, asilos, bem

como por questões psicológicas e mecanismos científicos com pesquisas que

demonstram deterioração física, deficiência nas relações interpessoais (CHAUÍ,

1994). Daí surge, então, o reconhecimento da autoridade religiosa no processo

de envelhecimento e, é válido salientar, essa atitude tem partido também de

outros autores que se dispõem a tratar a questão da velhice. Segundo Cícero

(1997), deve-se combater a velhice por meio de exercícios físicos e de boa

alimentação, uma vez que os velhos a conservam tanto melhor quando

permanecem intelectualmente ativos.

Segundo Peixoto (1998), até um determinado momento da história, era

denominado velho (vieux) ou velhote (veillard) aquele indivíduo que não

desfrutava de status social, embora o termo velhote também fosse utilizado

para denominar o velho que tinha sua imagem definida como “bom cidadão”.

As questões sobre o tema “envelhecimento humano” ganharam

evidência na pauta das pesquisas científicas no início da década de 1920, com

investigações que contemplavam, essencialmente, as transformações

fisiológicas e suas perdas para o organismo nesta fase do

desenvolvimento.(PAIVA, 1896)

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O termo idoso foi adotado para individualizar tanto a população

envelhecida em geral, como aquela mais favorecida. A partir de então, os

possíveis problemas dos velhos passaram a ser vistos como “necessidades

dos idosos” (PEIXOTO, 1998).

Secco (1999) fez importante resumo histórico do tema, apontando as

mudanças políticas e sociais e suas influências nas formas de se conceber o

envelhecimento desde a Grécia antiga, passando pela Idade Média e

Renascimento. O trabalho debate o valor que se tem dado à juventude, à força

e à aparência atlética em detrimento da velhice em todas as sociedades.

Salienta a questão da produtividade e da força de trabalho que já não fazem

parte da pessoa envelhecida, o que a faz ficar à margem dos meios de

produção das sociedades capitalistas, restando a esta apenas o ócio.

Neste sentido, outros trabalhos têm demonstrado que nos grandes

centros urbanos, onde os membros das famílias estão ocupados em suas

obrigações cotidianas, tem aumentado a institucionalização e isolamento de

idosos em asilos, casas de repousos e em clínicas em que a pessoa pode ser

cuidada por profissionais contratados especialmente para esse fim. Segundo

Freire Júnior e Tavares (2005), muitos idosos que possuem doenças crônicas

que necessitam de cuidados específicos acabam sem condições de

permanecerem em suas famílias por não possuírem familiares disponíveis para

isso.

1.1.1 A memória na velhice

Nas últimas décadas, houve um enorme crescimento na população de

homens e mulheres acima dos 60 anos. Alguns ultrapassam os 80, 90 anos

em condições clínicas satisfatórias, mas são raros os que não apresentam

dificuldades com a memória. Isso desconcerta um pouco os familiares. “Meu

avô conta, com minúcias, histórias que ocorreram quando tinha cinco anos e

morava no interior e se esquece do número do telefone de casa ou o que

comeu no almoço”, fala o neto preocupado. (SOARES, 2011)

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Para Fernandes e Loureiro (2009, p. 56) “Memória é a capacidade de a

mente humana fixar, reter, evocar e reconhecer impressões ou fatos passados”

De acordo com Le Goff (2003), memória é vista como a faculdade humana

responsável pela conservação do passado, das experiências vividas.

Por outro lado, Souza (1999) assegura que as lembranças contribuem

de forma significativa para a sociedade na construção da cultura e no

estabelecimento do vínculo do que passou com o que está por vir. Para Meihy

e Hollanda (2013), a palavra memória é, atualmente, uma das mais evocadas

em muitas manifestações, seja na área das ciências humanas ou nas falas

comuns. Isso tem levado diferentes setores a se posicionar em face das

alternativas que ela traduz.

Esse movimento de resgatar a memória nas ciências sociais humanas é

extremamente importante, pois é do vínculo com o passado que se extrai a

força para formação de identidade, principalmente quando se fala da memória-

experiência, da memória vivida nos diferentes tempos da vida (BOSI, 2003).

O estudo da memória envolve um campo transdisciplinar e vasto que se

expande para o conceito de testemunho. A natureza singular e subjetiva da

memória é um fator inseparável do testemunho. Os testemunhos trazem um

tipo de conhecimento específico sobre o passado, em especial a experiência

vivida, a memória e o esquecimento (LACAPRA, 2005).

Para Bila (2008), o testemunho é uma tentativa de recuperar, mostrar e

denunciar acontecimentos que marcaram a história e a vida dos sujeitos

envolvidos, principalmente os dependentes, permitindo assim, conhecer a

versão da história daqueles que não tiveram voz junto à história oficial. A

memória, nesse sentido, permite o resgate das experiências do passado,

daquilo que permaneceu desprezado e silenciado sob o peso das

reconstruções historiográficas dominantes. Neste sentido, pode-se dizer que a

missão do testemunho é:

Desenterrar historias reprimidas por la historia dominante, abandonar el yo burgués para permitir que los testimonialistas hablen por su

cuenta, recrear el habla oral y coloquial de los narradores informantes

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y colaborar en la articulación de la memoria colectiva” (YÚDICE,

1992, p.207).

Nesta vertente, para Neves (2000), a memória constitui-se como forma

de preservação e retenção do tempo, salvando-o do esquecimento e da perda.

Portanto, história e memória, por meio de uma inter-relação dinâmica, são

suportes das identidades individuais e coletivas.

No entendimento de Halbwachs (2006), ainda que o ato de lembrar seja

individual, são os grupos sociais pelos quais o indivíduo transitou e transita que

determinam o que é memorável ou não. Haja vista que memória é uma

construção feita no presente que seleciona fatos do passado a partir dos

quadros sociais da memória, ou seja, a memória é uma construção coletiva,

pois se refere ao indivíduo num dado contexto social. Portanto, a memória

individual está ancorada à memória dos grupos que determinam aquilo que

será memorável.

Sendo assim, essa relação entre o individual e o social se estende para

a constituição do que Halbwachs (2006) denomina de memória coletiva. A

memória individual existe a partir de uma memória coletiva, ao mesmo tempo

em que a memória coletiva é composta pelas lembranças individuais. É sobre a

relação entre o ser individual e o mundo que se organizam as lembranças e os

processos que explicam ou não o significado do repertório de lembranças

armazenadas.

A memória é um fenômeno construído social e individualmente.

Indubitavelmente existe uma ligação muito estreita entre a memória e o

sentimento de identidade, seja a identidade individual ou a coletiva, pois a

memória e a identidade são fatores extremamente importantes do sentimento

de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua

reconstrução de si. (POLLACK, 1992)

Na visão de Magalhães (1989) a velhice é vista e tratada de modo

diferente, de acordo com períodos históricos e com estrutura social, cultural,

econômica e política de cada povo. Para os Azande, povo do Sudão, por

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exemplo, os idosos teriam maior chance de serem bruxos e, portanto, poderiam

ser levados aos tribunais acusados de bruxaria (EVANSPRITCHARD, 2005).

Na cultura africana, o idoso era visto como uma fonte de sabedoria e,

por consequência, digno de atenção redobrada por parte das outras pessoas,

visto que todo o aprendizado e experiências já vividos pelo ancião eram

ensinados aos mais jovens e às suas famílias, a fim de sustentar a identidade

do povo, por meio de tradições, modos de vida e de cultura disseminados na

comunidade durante décadas (DIAS, 2014). Desse modo, o idoso, para

algumas culturas, representa a continuidade da história, pois o velho

representa o binômio memória/continuidade dos valores almejados pelo grupo

social. Pode-se afirmar, ainda, que essa adequação não se restringe somente

às sociedades indígenas, em que o papel do idoso é de extrema importância

para a manutenção e transmissão dos conhecimentos da tribo. É sabido que

sociedades milenares da Ásia, como é o caso da Japão, também têm uma

relação de extremo respeito aos idosos, chegando aos dias atuais (SANTOS

2011).

1.2 O envelhecimento biológico

Alterações biológicas aguardadas no idoso com o envelhecimento

ocorrem no sistema cardiovascular (HOGAN, 2005; JANI RAJKUMAR, 2006).

Para De Vitta (2000). Quando o idoso é submetido a um esforço, ocorre uma

diminuição na capacidade do coração de aumentar o número e a força dos

batimentos cardíacos. Com o envelhecimento, ocorre também redução da

frequência cardíaca em repouso (DE VITTA, 2000), aumento do colesterol (DE

VITTA, 2000; HAYFLICK 1997) e da resistência vascular, com o consequente

aumento da tensão arterial (DE VITTA, 2000).

Na perspectiva de Stratton et al. (1994), o decréscimo do débito cardíaco

máximo, associado à idade, decorre da frequência cardíaca máxima, pois esta

diminui de 6 a 10 batimentos por minuto (bpm). O débito cardíaco submáximo

ou em repouso, no entanto, é pouco influenciado pela idade. Porém, o débito

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cardíaco máximo reduz-se progressivamente com o passar dos anos

(SHEPHARD, 2003).

O miocárdio, com o envelhecimento, proporciona regiões com fibrose,

depósito de lipofuscina e substância amilóide. Já no endocárdio, é produzido

um depósito de lipídios e cálcio nas válvulas, com frequentes depósitos de

cálcio e lipídios (MOTTA, 2004).

Tanto no pericárdio como no endocárdio, ocorre aumento do colágeno.

Com o envelhecimento, acontece atrofia, com degeneração de fibras

musculares no miocárdio, como também hipertrofia das fibras que restaram.

Para Affiune (2002), há uma diminuição da complacência do ventrículo

esquerdo, ausência de hipertrofia miocárdica, com retardo no relaxamento do

ventrículo, com elevações da pressão diastólica dependente da contração

arterial para a manutenção do enchimento.

No miocárdio, acontece um aumento do sistema colagênico e elástico e

de depósitos de gordura e substâncias amiloides. Já nas grandes artérias

ocorre perda da componente elástica e aumento do colágeno, determinando,

assim, maior rigidez da parede (GALLAHUE E OZMUN, 2005). Essa perda de

elasticidade nas paredes arteriais (e sua maior rigidez) representa comumente

uma condição descrita como arteriosclerose. Esta, por sua vez, é causada por

um aumento na calcificação das artérias e pelo surgimento de colágeno

(GALLAHUE E OZMUN, 2005).

Para Spirduso (2005) e Shephard (2003), com o envelhecimento, a

frequência cardíaca não é afetada por nenhuma modificação relevante, em

repouso. Na frequência cardíaca máxima em exercício, porém, ocorre um

declínio bem documentado (HAYFLICK, 1997; SHEPHARD, 2003; SPIRDUSO,

2005).

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Neste sentido, prossegue Spirduso (2002), o idoso não atingirá a

frequência cardíaca máxima dos tempos de juventude, pelo fato de o coração

envelhecido estar menos sensível a estimulações beta-adrenérgica. Entretanto,

pensa que, quando não acometido por doenças, o coração do idoso funciona

tão bem quanto o de um jovem. (HAYFLICK, 1997)

Não existem indícios de declínio funcional cardíaco com a idade em

sujeitos com ausência de doença cardíaca. Com o envelhecimento, ocorre

aumento progressivo na pressão arterial sistólica. Assim, uma incidência

crescente de hipotensão postural é decorrente de uma regulação deficiente da

pressão arterial (SHEPHARD, 2003).

Para Affiune (2002), o envelhecimento constitui algumas modificações

estruturais, porque este leva à diminuição da reserva funcional, estabelecendo

um limite para o desempenho durante a atividade física. O autor relata um

resumo geral sobre algumas alterações estruturais que ocorrem no coração do

idoso.

Sob o aspecto de Shephard (2003), a atividade física moderada e

também regular atua significativamente na prevenção de algumas doenças

cardiovasculares, como doença cardíaca isquêmica, AVC, hipertensão, doença

vascular periférica. Entretanto, se tais doenças já estão manifestas nos

indivíduos, os casos de morbilidade assim como de mortalidade serão

influenciados de uma forma favorável por um treinamento progressivo

moderado.

Hayflick (1997) assegura que, com o envelhecimento, ocorre a

diminuição da função pulmonar. Nos homens, essa redução é fator de risco

preponderante para incidência de doença coronária. Esta função pulmonar

aumenta durante a adolescência, estabiliza até o período dos 30 anos e,

depois disso, começa a declinar.

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Segundo Gorzoni e Russo (2002), algumas alterações estruturais no

aparelho respiratório são evidentes com o envelhecimento. Shephard (2003),

por sua vez, alega que o envelhecimento mostra uma caixa torácica enrijecida,

com diminuição na elasticidade pulmonar, e que a capacidade vital decresce

enquanto o volume residual aumenta. Contudo, a capacidade pulmonar total

apresenta poucas alterações.

No sistema respiratório, o envelhecimento, de acordo com De Vitta

(2000), acarreta diminuição da ventilação pulmonar, redução da elasticidade

dos alvéolos e subtração da capacidade vital. A redução do consumo máximo

de oxigênio (VO2 max) ocorre pelo apoucamento da massa ventricular

decorrente do envelhecimento (AFFIUNE, 2002).

Gorzoni e Russo (2002) constatam que, para os idosos sadios, as

principais alterações funcionais do aparelho respiratório, decorrentes do

processo natural de envelhecimento, reduzem a complacência da parede

torácica; a força dos músculos respiratórios; a capacidade vital; a pressão

arterial de oxigênio; a taxa de fluxo expiratório; a difusão pulmonar de CO2; a

sensibilidade respiratória à hipóxia; fazem crescer a complacência pulmonar;

aumentam os volumes residuais; exacerbam a gradiente artéria-alveolar de

oxigênio e mantêm a capacidade pulmonar total.

Segundo Shephard (2003), um esforço expiratório intenso pode ser

responsável pelo colapso das vias respiratórias nos idosos. O mesmo autor

afirma que, em exercícios intensos, os idosos frequentemente se queixam de

dispnéia. A capacidade aeróbia máxima diminui com a idade, na maioria das

vezes. Porém, as pessoas fisicamente ativas possuem capacidade aeróbia

melhor do que os idosos com a mesma idade, inativos, ou jovens e

sedentários.

As pessoas idosas fisicamente ativas têm a capacidade semelhante a

jovens ativos. Desta maneira, o exercício pode modificar alguns processos

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fisiológicos que diminuem com a idade, melhorando a eficiência cardíaca, a

função pulmonar e os níveis de cálcio (HAYFLICK, 1997). Neste sentido, o pior

desempenho físico do idoso e sua menor capacidade de adaptações ao

exercício provêm da combinação entre necessidade de gasto energético,

consumo de O2 e redução do débito cardíaco (GORZONI E RUSSO, 2002).

O sistema biológico mais comprometido com o envelhecimento é o

Sistema Nervoso Central (SNC), responsável pelas sensações, movimentos,

funções psíquicas e pelas funções biológicas internas (CANÇADO E HORTA,

2002).

No tocante às alterações no Sistema Neuromuscular, Lustri e Morelli

(2004) afirmam que, entre as características do processo de envelhecimento,

são muito importantes do ponto de vista funcional as do sistema muscular.

Uma das alterações mais evidentes é a perda de massa muscular ou

sarcopenia. A perda de massa ocorre principalmente pela diminuição no peso

muscular e também em sua área de seção transversal.

Neste segmento, também se deve à perda de unidades motoras e ao

fato de que, nas placas motoras dos idosos, as pregas são mais numerosas e

as fendas sinápticas se tornam mais amplas, reduzindo a superfície de contato

entre o axônio e a membrana plasmática. Por conseguinte, o idoso terá menor

qualidade em sua contração muscular, menor força menor coordenação de

movimentos, e, possivelmente, maior probabilidade de sofrer acidentes.

A comunidade científica observa que as alterações no sistema nervoso

associadas ao envelhecimento podem ser causadas por morte celular, atrofia

neuronal, perda de substância branca e aumento do volume dos ventrículos

encefálicos. As áreas cerebrais que apresentam maior perda neuronal e de

volume são os lobos frontal e temporal e o complexo amígdala hipocampo, por

causa de seu papel no aprendizado e na memória. Também há uma perda

contínua no córtex dos giros pré-centrais, correspondendo á área motora

primária e córtex cerebelar.

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Surge dessas informações e análises a importância do movimento

psicomotor para o idoso, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida

desta população. Desta forma, a equipe de profissionais, unidos em prol do

bem estar da população da Terceira Idade, possibilitará que a mesma seja um

agente dinâmico, social, construtor de sua identidade e alcançado com firmeza

e autoconfiança.

1.2 O envelhecimento fisiológico

As alterações fisiológicas, na maioria das vezes, podem ser observadas

pela vagarosidade do pulso, do ritmo respiratório, da digestão e assimilação

dos alimentos. Contudo, o próprio indivíduo sente a declínio de sua capacidade

de satisfação sexual. O organismo torna-se cada vez mais difícil para ambos os

sexos, contudo, a atividade sexual não desaparece, apenas torna-se menos

intensa e frequente. (NETTO, 2004)

Para o autor, entretanto, a conservação pelo interesse sexual após os 60

anos de idade é um dos aspectos considerados como um sinal de sustentação

das boas condições de saúde. Estudos comprovam que a atividade sexual

alivia as artrites, aumenta a produção de cortisona das glândulas suprarrenais

e contribui igualmente para o equilíbrio psíquico. É irreal acreditar que as

pessoas que sofrem com problemas coronarianos correm risco de uma crise

cardíaca durante a relação sexual.

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CAPÍTULO II

PROGRAMA DE ATIVIDADE PSICOMOTORA NA

QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS

Neste capítulo, é desenvolvido o programa dos exercícios psicomotores

como vertente na qualidade de vida, com o objetivo de averiguar se o nível de

qualidade de vida da terceira idade sofre influência destes exercícios como

tática de educação em saúde.

2.1 Qualidade de Vida

Segundo Paschoal (2000), o assunto Qualidade de Vida surgiu a partir

da Segunda Guerra Mundial, quando foi empregado o conceito de “boa vida”

para se referir à conquista de bens materiais. Entretanto, o conceito foi

ampliado e passou a mensurar o quanto uma sociedade havia se desenvolvido

economicamente. Os indicadores econômicos permitiam comparar a Qualidade

de Vida entre as diferentes nações e culturas.

A partir daquele momento, o termo passou a indicar, além do

crescimento econômico, o desenvolvimento social. O referido termo tem noção

de modo eminente na natureza humana e tem sido relacionado ao grau de

satisfação encontrado na vida familiar e amorosa. Implica a capacidade de

efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade

considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos

significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos

e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas (MINAYO; HARTZ;

BUSS, 2000).

Neste sentido, assinala-se:

Nos países desenvolvidos, a emergência da preocupação com o tema qualidade de vida ocorreu depois da segunda grande guerra mundial

e coincidiu com o desenvolvimento de procedimentos e técnicas destinados à manutenção da vida de enfermos crônicos e terminais, avanços esses que decorreram, em parte, das oportunidades geradas

por aquele conflito. Tais progressos geraram discussão sobre a relação custo-benefício, considerando tanto o bem-estar do indivíduo

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como os interesses da sociedade. Foi nesse contexto que começou a

falar em qualidade de vida em saúde. (REBELATTO E MORELLI,

2004, p. 23):

Na década de 60, percebeu-se que, embora os indicadores

socioeconômicos fossem importantes, era imprescindível avaliar a qualidade de

vida percebida pelas pessoas, o quanto elas estavam ou não satisfeitas com a

qualidade de suas vidas (PASCHOAL, 2000; NERI, 2004).

O termo qualidade de vida representa as sensações subjetivas de sentir-

se bem. Devido às insuficientes discussões sobre o tema até a década de

1980, o termo era usado como sinônimo de satisfação com a vida, autoestima.

Ou seja, a Psicomotricidade como Estratégia de Educação em Saúde,

felicidade, saúde, valor e significado da vida, habilidade de cuidar de si mesmo

e independência funcional. (GOMES, 2010).

A partir de 1990, surge um consenso entre os investigadores acerca de

dois aspectos relevantes no conceito de qualidade de vida: subjetividade e

multidimensionalidade. Atualmente, a maioria das definições de qualidade de

vida enfatiza a sua natureza subjetiva (a percepção individual) (GASPAR, et al.

2005). Ainda neste período, a Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou

que os meios utilizados para medir a qualidade de vida revestem-se de

particular importância na avaliação de saúde, tanto dentro de uma perspectiva

individual como social. A OMS define Qualidade de Vida como “a percepção do

indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de

valores em que vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

percepções” (WHO, 1994, p.32).

Muitas são as escalas de avaliação, contudo, existem diferenças em

relação aos aspectos conceituais subjacentes, à importância dada à

subjetividade, em detrimento da objetividade na escolha dos itens, bem como

na natureza e no peso de cada domínio para avaliação de Qualidade de Vida,

como recurso causador de conceitos pertinentes à população em questão, a

serem posteriormente averiguados sob um enfoque psicométrico. Em função

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destas particularidades, tem sido ressaltada a importância da utilização da

metodologia qualitativa (FLECK; CHACHAMOVICH; TRENTINI, 2003).

2.1.1 Qualidade de vida na terceira idade

Os múltiplos enfoques do processo de envelhecimento apontam para a

necessidade de atenção abrangente à saúde do indivíduo idoso. Esta forma de

atuação está implícita no preconizado pela Organização Mundial da Saúde, ao

estabelecer que saúde não é meramente ausência de doença, mas estado de

completo bem-estar físico, psíquico e social, o que coloca em relevância a

melhoria da qualidade de vida (PAPALÉO NETTO, 2007).

Segundo Fernandes (2010), o conceito de qualidade de vida foi se

caracterizando ao longo da história, estando, em alguns momentos, conectado

à dimensão individual, e, em outros, à coletividade. No entanto, sempre teve a

saúde como referência. A Política Nacional do Idoso foi publicada por meio da

Lei número 8.842 de 4 de janeiro de 1994, criando o Conselho Nacional do

Idoso.

Art. 1: A política nacional do Idoso tem por objetivo assegurar os

direitos sociais do Idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade; Art. 2: Considera-se o Idoso, para os efeitos desta Lei, a pessoa maior de

sessenta anos de idade; Art. 3: I: A família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao Idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua

dignidade, bem estar e o direito á vida; II: O processo de envelhecimento diz respeito á sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; III: O Idoso não

deve sofrer discriminação de qualquer natureza. (BRASIL, 1994)

Paschoal (2000) afirma em seus textos que a busca por uma boa

qualidade de vida é um dos principais objetivos da vida humana, especialmente

nos anos de vida mais avançados. O aumento da longevidade é valioso à

medida que oferece oportunidades para o prolongamento de uma vida

saudável e produtiva. Com a chegada da velhice, a debilidade física, a

dependência, a perda de papéis, os estereótipos e preconceitos, enfim, as

inevitáveis perdas decorrentes do processo de envelhecimento podem levar à

diminuição da qualidade de vida dos idosos. Surge então a preocupação em

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transformar a sobrevida aumentada do ser humano numa etapa significativa da

vida.

Neri (2004) relata que o estudo da qualidade de vida em idosos é

recente, mas, devido ao processo de envelhecimento populacional dos países

desenvolvidos, a temática vem tomando proporções elevadas, principalmente

porque há um fortalecimento da ideia de que as patologias apresentadas no

idoso demandam altos custos para o indivíduo e a sociedade.

Aferir a qualidade de vida dos idosos não é trabalho fácil, por isso é

necessário tomar critérios de natureza biológica, psicológico e sócio estrutural.

Elementos como longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação,

controle cognitivo, competência social; produtividade; atividade; status social;

renda, continuidade de papéis familiares e ocupacionais e continuidade de

relações informais são vistos como indicadores de bem-estar na velhice. Ainda

não foi possível ter certeza do grau de importância de cada um, suas inter-

relações e causas entre eles, mas sabe-se que as diferentes variáveis

relacionadas à qualidade de vida na velhice podem ter diferentes impactos

sobre o bem-estar subjetivo (SANTOS et al., 2002)

Na visão de Diener (1984), os idosos procuram, cada vez mais,

experimentar o que há de melhor na vida, buscam a saúde física, além da

saúde mental e psicológica, para acompanhar o dia a dia corrido que se

vivencia hoje. Suas buscas se dão por meio de jogos e divertimento para

manter uma vida mais satisfatória e realizada.

2.2 Programa de Atividade Psicomotora em Idosos

Infelizmente, em alguns países como o Brasil, não há ainda um trabalho

sério visando o desabrochar das potencialidades dos idosos. Entretanto,

apesar de tal fato ser uma cruel realidade, percebe-se que várias instituições

estão procurando investir cada vez mais na prevenção das doenças

hipocinéticas e na valorização do cidadão com mais experiência de vida

(BARRETO; SILVA, 2004).

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Segundo Coana et. al. (2003), envelhecimento é um fenômeno

biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade,

manifestando-se em todos os domínios da vida. Este é um desenvolvimento

gradual de alterações estruturais e fisiológicas que ocorrem em qualquer

organismo vivo e se escalonam desde o nascimento até a morte, não sendo

devidas a doenças ou traumatismos evitáveis, ainda que uns e outros possam

concorrer para o envelhecimento mais rápido. Tais alterações estão associadas

com uma probabilidade maior de morte.

Dessa forma, observando o indivíduo de forma geral, a psicomotricidade

faz-se necessária, tanto para a prevenção e tratamento das dificuldades,

quanto para a exploração do potencial ativo de cada um (FISCHER, 1998).

2.2.1 Elementos psicomotores

O indivíduo é constituído por duas instâncias intrínsecas: função tônica e

motilidade. A função tônica é responsável pelo equilíbrio do corpo e pelas

atitudes que embasam toda ação corporal. Em nível de relacionamento, esta

função está vinculada à afetividade, já que a relação com o outro está ligada

aos aspectos da comunicação e dos pensamentos relacionados com o mundo

do outro. São emoções, sentimentos, rejeições, em que todos estes fatos são

sempre vividos no plano tônico-afetivo (ARRAIGADA, 2003).

Quanto à função de motilidade, segundo alguns estudiosos, é

responsável pelos movimentos e deslocamentos do corpo, possibilitando a

relação com a realidade do mundo que rodeia o indivíduo. Entretanto, a função

de motilidade só pode atuar livremente se a função tônica permitir à primeira

liberdade de movimentos. O essencial no campo psicomotor é a questão do

olhar, do toque, do corpo e do movimento. É em direção a essa ligação que

deveria estar dirigida a formação, pois é aí onde reside a originalidade que a

psicomotricidade apresenta. Estar em contato com o outro somente é possível

quando se está em contato consigo mesmo (VELASCO, 2006).

2.2.2 Motricidade fina

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A coordenação viso manual representa a atividade mais frequente e

mais comum no homem, que atua para pegar um objeto e lançá-lo, para

escrever, desenhar, pintar, recortar, dentre outros. Inclui uma fase de

transporte da mão, seguida de uma fase de agarra e manipulação, resultando

em um conjunto com seus três componentes: objeto/olho/mão. A atividade

manual guiada pela visão faz intervir, ao mesmo tempo, o conjunto dos

músculos que asseguram a manutenção dos ombros e braços, do antebraço e

da mão, que é particularmente responsável pelo ato manual de agarrar ou pelo

ato motor, assim como os músculos óculo-motores que regulam a fixação do

olhar, as sacudidas oculares e os movimentos de perseguição (VELASCO,

2006).

Para a coordenação desses atos, é necessária a participação de

diferentes centros nervosos motores e sensoriais, que as demonstram pela

organização de programas motores e pela intervenção de diversas sensações

oriundas dos receptores sensoriais, articulares e cutâneos do membro

requerido. A fixação visual necessita sucessivamente da visão periférica; em

seguida, das sacudidas oculares que restabelecem o olho em visão central que

os movimentos de perseguição tendem a manter quando o alvo se movimenta

(ROSA NETO, 2009).

2.2.3 Coordenação motora e o idoso

Hollmann (1983) faz uma classificação quanto ao tipo da coordenação:

i. Coordenação intramuscular: cooperação neuromuscular;

ii. Coordenação intermuscular: cooperação de diversos músculos;

iii. Coordenação motora-fina: harmonia e precisão dos movimentos finos

dos músculos das mãos, pés e rosto, ou coordenação dos músculos

pequenos para atividades finas;

iv. Coordenação visio-motora: coordenação de movimentos que são

orientados pela visão, associada a outras habilidades. Exemplos: olho-

mão, olho- pés.

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À medida que os anos da vida se aproximam, há um declínio marcante

nas capacidades físicas devido à crescente diminuição do rendimento motor,

que variam de pessoa para pessoa, consequentes das inúmeras alterações do

organismo humano no decorrer do processo de envelhecimento, vistas

anteriormente neste estudo. Assim sendo, a eficiência da coordenação motora

também é comprometida, podendo até mesmo deteriorar-se se não for

exercitada. (DIAS; DUARTE, 2005)

Ainda segundo as autoras, os exercícios físicos funcionam como

recursos poderosos contra o envelhecimento do corpo e da mente, pois eles

retomam a autoestima. As pessoas idosas se beneficiam de forma geral,

especialmente, com exercícios para melhoria da postura, mobilidade da

musculatura, respiração e resistência, aumento dos reflexos, da coordenação e

equilíbrio. Assim sendo, a coordenação motora deve estar dentre os principais

fatores a serem trabalhados num programa de atividade física dirigido para o

idoso.

Dentre os vários tipos de coordenação, a óculo-manual é

particularmente importante na vida dos idosos, pois as funções sensoriais são

as mais afetadas pelo processo de envelhecimento, levando a um declínio da

visão causado pela deterioração da córnea, da lente, da retina e do nervo

óptico e, também, de uma falta de firmeza das mãos e pernas. (RAUCHBACH,

1990).

Os exercícios de coordenação que devem ser trabalhados com os

idosos devem visar os padrões de movimentos da vida diária, não sendo

necessários jogos de movimentos complexos que causam desconforto pela

dificuldade na execução. Opta-se, então, por movimentos coordenados de

braços e pernas, mão e mão, mão e pés, educando dessa forma, a ação

reflexa dos movimentos nas ações do dia-a-dia.

2.2.4 Motricidade global

O idoso realiza cenas da vida cotidiana: fala enquanto se movimenta;

canta e dança ou então se põe primeiro a dançar e o canto nasce em seguida.

Ele expressa, de forma simultânea, sua afetividade e exercita sua inteligência.

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O idoso passa grande parte da sua vida trabalhando e, por isso, sua conduta

está representada pela sua atividade motora. (FONSECA, 2008)

No entanto, é fundamental respeitar o ritmo individual de cada idoso,

pois cada um tem um ritmo próprio, não só pela sua originalidade, mas também

pela maturação dos centros nervosos, que não é idêntica, nem com o mesmo

grau, em cada um. Importa mais o trabalho realizado pelo idoso do que o

resultado desse trabalho. A perfeição progressiva do ato motor implica em um

funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e de atitude

(VELASCO, 2006).

O movimento motor global, mesmo sendo mais simples, é um

movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal. Os

movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na

melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e das

percepções. O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de

trabalho efetuado nem o registro alcançado, mas o controle de si mesmo,

obtido pela qualidade do movimento executado, isto é, precisão e pela maestria

de sua execução. (ROSA NETO, 2009)

2.3 Impactos das atividades psicomotoras em idosos

A psicomotricidade se faz necessária para a prevenção e tratamento de

problemas, a fim de conseguir o máximo do potencial dos indivíduos, não só

motor, mas em outros aspectos da personalidade, que se inter-relacionam.

(LAPIERRE, 2002)

Barros (2008) acrescenta que, nas experiências psicomotoras, deve-se

multiplicar e desenvolver as capacidades físicas, a coordenação e os fatores de

condicionamento físico, assim como o estímulo das condições cognitivas,

psíquicas, espirituais e sociais. A autoestima elevada ajuda o idoso a

ultrapassar as dificuldades próprias da idade, levando-o a acreditar em si,

tornando-o capaz de arriscar, tomar decisões e manter relações sociais

saudáveis.

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De acordo com Tribino (2006), as atividades psicomotoras são

fundamentais para que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu

corpo e tire proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom nível

sua autonomia física e mental. Conforme as carências dos longevos em nível

biopsicossocial, os programas de reabilitação propostos para idosos, em geral,

visam incrementar a força muscular, o equilíbrio, a flexibilidade e a resistência

cardiorrespiratória, bem como manter o bem estar físico psicológico e social do

idoso, tornando-o mais independente e ativo.

Objetiva-se melhorar a capacidade funcional e minimizar ou prevenir o

aparecimento de incapacidade, mantendo a autonomia e a qualidade de vida

com o envelhecimento. Com isso, a gerontomotricidade visa recuperar e

conservar, de forma funcional, as condutas psicomotoras; e melhorar e

aprimorar o conhecimento de si e a eficácia das ações, sobretudo das

atividades de vida diária. (FERREIRA, 2000)

Pode-se afirmar que a Psicomotricidade leva a pessoa a conhecer e a

utilizar seu corpo, percebendo o quanto está integrado e ligado ao pensamento

e a suas emoções. Na terceira idade, ela valoriza suas capacidades,

conscientiza seu poder de sabedoria, estimula o cuidado com a saúde, bem-

estar físico e também atua na autoestima, autoconfiança e autoimagem. (VOLL,

2002)

De acordo com GONÇALVES (2011), a Psicomotricidade surge na vida

de idosos para unir e exercitar os diferentes campos de sua vida, como

emocional, social, físico e motor. O corpo adoece por causa da emoção da

visão de si dos seus desgastes biológicos e a psicomotricidade é uma área de

atuação que trabalha com todo o corpo concomitantemente.

Acrescente-se, ainda, que a Psicomotricidade propicia um equilíbrio

entre o corpo e o ambiente, quando se trabalha a conduta motora, o cognitivo e

o afetivo, obtendo uma melhor qualidade de vida, quando, já estando na

terceira idade, consegue ter o domínio de seu corpo, melhorando sua

autoestima. A psicomotricidade na terceira idade tem elementos valiosos, que

podem contribuir de forma significativa na promoção de saúde do idoso, sua

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socialização e a manutenção de sua autonomia, pois o envelhecimento não

está ligado somente ao físico, mas também ao biopsicossocial, necessitando

de um atendimento multidisciplinar. (SANTOS, 2014)

Neste aspecto, a participação do psicomotricista, como profissional de

saúde para a terceira idade, visa os benefícios na saúde física e mental que

estão relacionados com estados depressivos e a auto realização do potencial

intelectual e emocional. (BRUGGER, 2002)

A psicomotricidade atua na terceira idade melhorando a qualidade de

vida e na promoção de saúde, por meio da reeducação psicomotora, que é

uma importante ferramenta no processo do envelhecimento, isto é, que

contribui na melhora das conquistas sociais, na independência e na

manutenção da autonomia do indivíduo idoso. (VOLL, 2002)

Gonçalves (2014) apontou a relação da psicomotricidade aplicada aos

idosos e a relevância que ela tem na qualidade de vida, assim como também

uma análise qualitativa através de questionário aplicado em idosos praticantes

de atividades físicas diárias. Como resultado, notou a importância dessa

prática para que o idoso viva com uma melhor qualidade de vida, em que a

psicomotricidade se encaixa com o intuito de unir os diferentes campos da vida

dos idosos, equilibrando o físico, emocional, social e motor. Nesse estudo, foi

comprovado que os idosos praticantes de atividades físicas adquirem uma

melhor movimentação, controle da postura, manutenção da imagem corporal,

do equilíbrio, organização espaço-temporal, interagindo e unindo o corpo e a

mente e sociedade, e que a psicomotricidade proporciona uma maior

desenvoltura motora.

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CAPÍTULO III

O DESEMPENHO DOS IDOSOS NOS

EXERCÍCIOS PSICOMOTORES

Este capítulo aborda o desempenho dos idosos ativos e inativos nas

atividades psicomotoras, tendo em vista que se pode observar que, na

atividade física, tem sido avaliado um importante componente de um estilo de

vida saudável devido, individualmente, a sua associação tanto para à saúde

física, quanto à saúde mental.

3.1 Atividades Físicas

A longevidade tem se tornado de extrema importância na sociedade,

gerando adaptações na população devido à nova realidade, valorizando assim,

a capacidade e o potencial dos idosos e desenvolvendo estruturas que

atendam às novas necessidades (SILVA et al., 2007).

Estudos antropológicos e evidências históricas relatam a existência da

atividade física desde os primórdios da humanidade, como um componente

integral da expressão religiosa, social e cultural. Hoje, o exercício físico é uma

necessidade incondicional para o homem, pois com a tecnologia, depara-se

com elevado nível de estresse, ansiedade e sedentarismo que danifica a saúde

de grande parte da população mundial.

O envelhecimento encarrega-se de proporcionar a perda gradativa das

aptidões funcionais e da capacidade cognitiva, aumentando o risco do

sedentarismo. O exercício físico combate o sedentarismo e contribui para a

manutenção da aptidão física e do nível de atenção no idoso. O prejuízo no

domínio cognitivo, em especial o aspecto da atenção, contribui para aumentar

a dependência do idoso, fazendo com que ocorra restrição da sua atuação na

sociedade (VILA et al., 2013).

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Segundo Kramer; Erikson (2006) os estudos têm verificado que

indivíduos que praticam atividade física sistematizada e regular melhoram

substancialmente as funções cognitivas, bem como que indivíduos praticantes

de atividade física sistematizada e regular melhoram substancialmente as

funções cognitivas (KRAMER; ERICKSON, 2006). Acrescentando os autores

Lista e Sorrentino (2010) alertam que a prática de atividade física interfere de

forma positiva na angiogênese, neurogênese e sinaptogênese cerebral através

de diferentes mecanismos moleculares.

Neste segmento, a influência do exercício físico na redução dos efeitos

do envelhecimento, desde a melhora do desempenho à prevenção de doenças,

aumento da longevidade, melhora da cognição e do humor é evidente. Tanto o

treinamento aeróbio quanto o treinamento de força muscular contribuem na

prevenção e no tratamento das doenças mentais mais prevalentes em idosos,

como a depressão, as demências e a doença de Parkinson. Diversos

mecanismos de ação neurobiológicos são propostos para explicar o efeito do

exercício na redução do processo de envelhecimento (DESLANDES, 2013).

Para Banhato (2009), no que se refere ao envelhecimento cerebral, a

exercício físico regular tem apresentado uma característica neuroprotetora

contra problemas degenerativos do sistema nervoso central. Alguns estudos

atuais indicam que o exercício físico, favorece a síntese de neurotrofinas que

são substâncias responsáveis pela criação de novos neurônios (neurogênese)

em diversas áreas cerebrais além de servirem como mediadoras nas sinapses,

melhorando a conectividade entre os neurônios.

Ressalte-se, também, que a evolução da função cognitiva proporcionada

pelo exercício físico pode estar vinculada ao aumento do fluxo sanguíneo

cerebral e, consequentemente, de oxigênio e outros substratos energéticos.

Outra hipótese é em relação aos efeitos do estresse oxidativo sobre o Sistema

Nervoso Central, de modo que a prática de exercício físico aeróbio poderia

aumentar a atividade de enzimas antioxidantes, aumentando a capacidade de

defesa contra os danos provocados por espécies reativas de oxigênio.

Acredita-se que após uma sessão aguda de exercício, aumenta a liberação de

diversos neurotransmissores, tais como: norepinefrina e seus precursores,

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serotonina e β-endorfinas que é um modulador fisiológico da memória

(ANTUNES et al., 2006).

3.1.1 Exercício Físico Aeróbico e Função Cognitiva em Idosos

O exercício físico como alternativa para melhorar a função cognitiva

parece ser um objetivo a ser alcançado, sobretudo, em virtude da sua

aplicabilidade, pois se trata de um método relativamente barato, que pode ser

direcionada a grande parte da população.

A influência do efeito do exercício físico na cognição depende da

natureza da tarefa cognitiva que está sendo avaliada e do tipo de exercício

físico que foi aplicado. De acordo com Weingarten (1973), esta afirmativa

baseia-se na complexidade da tarefa cognitiva. Segundo ele, o

condicionamento físico pode ter um impacto positivo no desempenho cognitivo

de tarefas complicadas, mas não influencia na performance de tarefas simples.

Entretanto, no estudo de Gutin (1973), o autor indica que os efeitos do

exercício são mediados pela complexidade da tarefa cognitiva e pela duração

do exercício, pois o tempo de reação e o nível ótimo de exercício induzindo o

alerta poderiam ser inversamente associados a tarefas relacionadas com

escolhas. O autor ainda adverte que exercício com duração entre 45 segundos

e dois minutos, com frequência cardíaca entre 90 e 120 batimentos por minuto,

seria benéfico para a performance cognitiva, ao passo que exercícios com

duração de seis minutos e que aumentassem a frequência cardíaca para

próximo a 150 batimentos por minuto seriam prejudiciais à performance

cognitiva.

As advertências dos efeitos benéficos do exercício físico sobre o

desempenho cognitivo, particularmente em idosos, foram realizadas

experimentalmente por diversos pesquisadores, como Van Boxtel et al. (1997)

que creem que tarefas cognitivas poderiam ser sensíveis à capacidade aeróbia.

Eles observaram efeitos positivos na memória lógica e na Escala Wechsler de

Memória (WMS) no grupo treinado, em comparação com o controle que não

treinou.

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Binder et al. (1999), examinando a relação entre performance em testes

psicométricos e performance física em idosos, concluíram que a velocidade do

processamento cognitivo é um componente importante da fragilidade física,

embora seja coerente considerar que existe um pequeno percentual de

variância na performance em testes físicos padronizados. Os autores relataram

que o declínio cognitivo com o avançar da idade está mais relacionado ao

decréscimo cognitivo global.

Particularmente, estariam envolvidos nesse processo a velocidade do

processamento de informações e a habilidade de usar a memória de curto

prazo enquanto a informação está sendo processada. Isso ocorreria em idosos,

especialmente em virtude do envelhecimento do sistema nervoso central, que

limitaria as respostas adaptativas que são necessárias ao seu funcionamento

independente.

Após treinamentos, verificou-se a melhora na atenção, memória,

agilidade e no padrão de humor em relação a um grupo de mulheres

sedentárias. Diante disso, sugerem que a participação em um programa de

exercício aeróbio pode ser vista como uma alternativa não medicamentosa

importante para a melhora cognitiva em idosas. (PERRIG-CHIELLO et all,

1998)

Segundo Perrig-Chiello et all (1998) o exercício físico pode interferir na

performance cognitiva por diversos motivos:

i. Em função do aumento nos níveis dos neurotransmissores e por

mudanças em estruturas cerebrais (isso seria evidenciado na

comparação de indivíduos fisicamente ativos x sedentários);

ii. Pela melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo

mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis);

iii. Na melhora limitada obtida por indivíduos idosos, em função de

uma menor flexibilidade mental/atencional quando comparado

com um grupo jovem.

Por outro lado, Etnier et all. (1997) examinaram diversos aspectos que

tentam explicar essa relação complexa entre o exercício físico e cognição,

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elucidando ponderações e hipóteses que podem ajudar a compreender e

explicar parte destas diversidades. Acredita-se que a influência do exercício na

cognição é contraditória quando mudanças pequenas e temporárias ocorrem

em parâmetros fisiológicos. Igualmente, o exercício pode ter pouco impacto na

cognição quando for realizado de forma aguda, ao contrário do treinamento,

que seria capaz de produzir ganhos de condicionamento físico e dessa forma

ser usado como intervenção para melhorar o desempenho cognitivo (ETNIER,

J.L; et al 1997).

Trindade et al. (2013) puderam concluir em seus estudos e resultados,

que idosos que praticantes de atividade física aeróbica regular possuíam

melhor desempenho cognitivo, e consequentemente melhor capacidade

funcional o que levaria a menores índices de depressão e melhor qualidade de

vida.

De forma mais específica, Coelho et al. (2009) em um estudo de revisão

procuraram analisar o efeito da atividade física sistematizada nas funções

cognitivas em pacientes com Alzheimer, e concluíram que a atividade física

sistematizada pode contribuir para melhorar a capacidade cognitiva nessa

população, em especial nas habilidades de linguagem, atenção e função

executiva.

Quanto aos exercícios físicos intensos, ou seja, aqueles de pequena

duração e grande intensidade, estudos demonstraram que devido à demanda

anaeróbia máxima tal intensidade pode causar um estado de fadiga e

consequentemente um declínio das funções cognitivas. Evidencias apontam

que o exercício intenso afeta de forma seletiva alguns aspectos da cognição.

Exercício com intensidade elevada pode retardar transitoriamente processos

que controlam a preparação da resposta, e interpretação de informações

globais, entretanto podem melhorar significativamente a memória de curto

prazo. (ANTUNES et al., 2006).

Cabe dizer que o Programa de Exercícios Aeróbios, utilizando a

intensidade individualizada no limiar ventilatório e o Programa de Treinamento

Mental resultaram no mesmo grau de melhora na função cognitiva, sugerindo

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que a utilização combinada dos dois métodos pode potencializar os resultados

por causa da melhora do coeficiente de memória que foi maior do que

utilizando apenas uma técnica. Entretanto, a falta de comparação dos

resultados a um grupo sem qualquer tipo de atividade estabelece barreiras no

sentido de conclusões definitivas.

Os protocolos desenvolvidos para investigar os efeitos do exercício

intenso nas funções cognitivas são caracterizados pela demanda anaeróbia

máximos, podendo causar um estado de fadiga e consequentemente um

declínio cognitivo. Esses tipos de protocolos são breves e intensos, com

duração de poucos minutos, geralmente sendo a avaliação cognitiva realizada

imediatamente após o término do exercício. O que pode fortalecer estudos que

não obtiveram êxito em mostrar a relação entre exercício exaustivo e

processos que envolvem percepção, integração sensória ou discriminativa.

(HOLLMANN, 1986)

Acontece porque o exercício com intensidade elevada pode adiar

temporariamente processos que controlam a preparação da resposta, tais

como a diminuição na performance cognitiva. No entanto, existem algumas

evidências de que o exercício intenso poderia facilitar alguns aspectos da

cognição. (HOLLMANN, 1986)

Por outro lado, o exercício realizado em esteira produziu um efeito

seletivo no desempenho dos participantes, com relação à análise e

interpretação de mapas, uma vez que os indivíduos demonstraram menor

habilidade em interpretar as informações globais apresentadas no mapa;

entretanto, a memória de curto prazo foi melhorada significativamente, levando

os autores à conclusão de que o exercício físico intenso afeta de forma

diferenciada o processamento cognitivo seja ele de alto ou baixo nível. Além

disso, associado à intensidade do exercício parece que o nível de

condicionamento físico possui papel importante na determinação do impacto do

exercício físico intenso na função cognitiva. (TOMPOROWSKI, 2003)

Segundo Foss et al (2000) a atividade física é definida comumente,

como todo movimento voluntário realizado pela musculatura esquelética onde

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os níveis basais se elevam aumentando o dispêndio de energia. Pode-se dizer,

também que:

Atividade física é a base de realizar atividades de vida diária como caminhar, se vestir, comer; tomar banho e tarefas realizadas no

trabalho, como digitar, escrever, levantar peso; e participar de atividades esportivas e recreativas. Assim, o papel da atividade física é um fator muito importante na vida dos idosos porque, trará modo de

vida independente. (SPIRDUSO 2005, p.31)

De acordo com estudos o idoso ao praticar atividade física, ele estará

agregando valores que aprimoraram sua capacidade física, psicológica e

social. (MATSUDO, 2006) O aspecto fisiológico regula os níveis de glicose no

sangue, melhora a condição cardiorrespiratória; melhora a resistência muscular

localizada, coordenação motora e melhorando a agilidade dos movimentos.

O aspecto psicológico aumenta a capacidade de relaxamento, redução

do estresse, ansiedade, autoestima, controle motor e a performance,

autoimagem e aumenta a capacidade cognitiva. Aspectos sociais aumentam de

integração social, cultural, formação de novos amigos, convívio familiar e

relações sociais. Contudo, atividade física vai além de aspectos biológicos e

funcionais, se torna fonte de conhecimento, comunição, sentimento, emoção e

prazeres estéticos. SPIRDUSO (2005, p.30)

Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM) a prescrição

de exercícios físicos tem por finalidade de promover a saúde física do

indivíduo, levando em consideração suas valências físicas. Pitanga (2008)

complementa que antes de realizar um programa de exercícios é preciso

utilizar um questionário de estratificação de risco cardiovascular e uma triagem

de saúde (anamnese). No entanto, permite que o profissional de educação

física conheça os fatores de e detalhes da vida da pessoa, prevenindo um

possível acidente e tornando o programa de exercício físico mais efetivo.

Ao elaborar um programa efetivo de exercícios físicos é preciso que seja

analisada a resposta fisiológica entre os indivíduos, salientando que cada

indivíduo responde a estímulos (capacidade funcional e genética) diferentes na

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prática de atividade física. O ACSM (2007) preconiza que ao fazer mudanças

das prescrições de exercícios físicos, tendo em vista da natureza diversificada

e das necessidades de saúde da população, é necessário ajustar a intensidade

e a duração do exercício e monitorar a Frequência Cardíaca (FC), Pressão

Arterial (PA), e quando haja a necessidade de aprimoramento, um exame

Eletrocardiograma (ECG).

Cabe dizer que, o programa de exercícios físicos presume em

estruturas, para que os interesses individuais, as capacidades e as limitações

sejam trabalhados (FOSS; 2000). Ressalte-se que ao realizar uma atividade

sistematizada se deve respeitar a individualidade biológica e ter cuidados para

que o indivíduo não desenvolva, com a prática, estresse físico e mental.

3.1.2 Exercício em idosos com comprometimento cognitivo leve

É unanime a opinião de estudiosos ao afirmarem que indivíduos que

praticam atividade física sistematizada melhoram substancialmente as funções

cognitivas e a saúde como um todo. Um dos efeitos favoráveis da atividade

física sobre a cognição seria por meio da modulação do sistema inflamatório. O

efeito agudo do exercício provoca dano tecidual, aumento de radicais livres e

inflamação. Em longo prazo, doses reiteradas de práticas de exercício físico

provocam um aumento de antioxidantes e redução dos níveis de citosinas pró-

inflamatórias como o fator Neuro-humoral (TNF), além de estimular a

expressão de citosinas anti-inflamatórias como IL-10 (CALOF, 1995).

Podem-se destacar, também, alguns mecanismos associados à prática

de exercício físico que contribuem para a melhora no desempenho cognitivo,

como aumento na circulação sanguínea cerebral e na síntese de

neurotransmissores (ANTUNES et al, 2006).

Eggermont et al. (2006) e Antunes et al. (2006) realizaram revisões

literárias sobre o exercício físico e função cognitiva. O primeiro estudo aponta

que os efeitos positivos do exercício físico dependem da condição cardíaca do

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paciente. Sendo assim, deve ser realizada uma avaliação mais intensa,

verificando, principalmente, as condições cardíacas do mesmo. Na segunda

revisão, Antunes conclui que há controvérsias em estudos, pois vários apontam

que o exercício físico aeróbio melhora as funções cognitivas, porém há outros

estudos que não possuem resultados semelhantes.

Em outro estudo, Colcombe et al. (2006) verificaram em idosos

participantes de um programa específico de exercícios aeróbios durante seis

meses e observaram que houve aumento do volume da substância cinzenta no

córtex frontal e temporal, além de aumento da substância branca em regiões

frontais do cérebro. Além dos exercícios aeróbios promoverem melhoras

cognitivas, a participação regular em programas de atividade física

sistematizada parece ter uma influência positiva na redução de quedas e

capacidade fisiológica além de benefícios psicológicos e emocionais (NELSON,

1976).

Pessoas idosas que se exercitam regularmente são mais motivadas,

possuem maior sentimento de auto eficácia, diminuem a probabilidade de

desenvolver doenças crônicas e aumentam a disposição geral e capacidade

funcional para realização das atividades de vida diária (DANTAS, 2009)

Entretanto, uma anotação de grande relevância sobre a relação entre

perdas cognitivas e redução da função cardiovascular decorrente do

envelhecimento é citada, afirmando-se que a redução da função cardiovascular

pode levar a um decréscimo progressivo na oxigenação e uma hipóxia tecidual

ao longo do tempo, implicando em declínio cognitivo. Inúmeros autores

acreditam que a prática regular do exercício físico poderia influenciar

positivamente nessa situação, diminuindo ou retardando o ritmo deste processo

evolutivo. (ZAGO, 2010)

Na visão de Teixeira (2012), apesar de todos esses benefícios da prática

de exercício físico na cognição de idosos, são poucos os estudos utilizando

essa ferramenta não farmacológica para idosos.

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Segundo um estudo realizado por Freitas (2010) a atividade física

também pode promover melhor capacidade de resiliência nos idosos em uma

Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em Campinas. As

atividades propostas pelos profissionais que trabalham nestas Instituições iam

desde jogos recreativos, visando à socialização e a integração entre os idosos

da comunidade com os institucionalizados e entre eles mesmos; até os

passeios em cidades históricas resgatando fatos e histórias de época,

objetivando o emergir de lembranças passadas. Como processo terapêutico, as

oficinas de trabalhos manuais e as atividades físicas mostraram êxito na

melhorar da qualidade de vida dos idosos.

A literatura elucida a relevância do exercício físico aliado à saúde do

idoso nomeadamente a prevenção e ao combate de fatores de risco

associados a doenças crônicas e perda da adaptabilidade funcional. Assim

como se pode dizer que a influência do exercício físico na redução dos efeitos

do envelhecimento, desde a melhora do desempenho à prevenção de doenças,

aumento da longevidade, melhora da cognição e do humor é evidente.

(DESLANDES, 2013).

O autor ainda afirma que tanto o treinamento aeróbio quanto o de força

muscular contribuem na prevenção e no tratamento das doenças mentais mais

prevalentes em idosos, como a depressão, as demências e a doença de

Parkinson. Diversos mecanismos de ação neurobiológicos são propostos para

explicar o efeito do exercício na redução do processo de envelhecimento.

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CONCLUSÃO

Sabe-se que a população idosa tem aumentado, tanto no Brasil assim

como quanto em outros lugares e regiões do mundo. Porém, a saúde e a

qualidade de vida não estão caminhando na mesma grandeza, em virtude dos

impactos oriundos do estilo de vida não saudável e no abuso quanto ao uso da

tecnologia. Deste modo, o presente estudo e pesquisas relacionadas à

habilidade física do idoso procuraram, por meio da informação, os benefícios

da atividade física e a importância da manutenção da capacidade funcional dos

idosos.

A partir da análise dos textos, pode-se afirmar que a função social da

memória na velhice implica num trabalho de seleção e reconstrução realizada

pelo sujeito no presente, delimitado pelas relações sociais estabelecidas

durante a sua vida. Tal memória é portadora de um conjunto de referências

sociais, que avigora as suas identidades. Recordar os conteúdos que estão

guardados em suas memórias possibilita reafirmar sua existência e reconhecer

a si mesmo por meio das transformações vividas no decorrer do tempo, além

de possibilitar a manutenção da memória coletiva.

Por meio deste trabalho, ficou evidenciada que a psicomotricidade

proporciona aumento do contato social, melhora a saúde física e mental,

garante a evolução do desempenho funcional e, consequentemente, a maior

independência, autonomia e qualidade de vida do idoso.

Destaca-se que os dados revelam que a prática de atividades físicas

como musculação, hidroginástica e ritmos influencia na melhora e manutenção

dos componentes psicomotores, proporcionando uma maior desenvoltura da

coordenação global, esquema corporal, equilíbrio, organização espacial e

temporal.

A Psicomotricidade tem um papel essencial na vida do idoso,

contribuindo para o seu bem estar, auxiliando na prevenção de doenças,

expandindo a capacidade de condução do corpo em sua globalidade emocional

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e motora. Momento em que o conceito biopsicossocial se torna intenso e

presente, potencializando a forma de se enfrentar o processo de

envelhecimento, uma vez que, não é apenas biológico, mas também

psicológico e social, abrangendo todos os campos da vida dos idosos.

Os resultados encontrados nos elementos motores mostram que houve

diferenças expressivas entre os idosos praticantes de atividades físicas e aos

não praticantes. Acredita-se que estes resultados sejam úteis para o

desenvolvimento de novos projetos que mobilizem os idosos a se tornarem

mais ativos, estimulando uma melhora no seu estado geral de saúde.

É importante destacar, também, que esta revisão revelou que, junto ao

processo de envelhecimento, nasce o desgaste de algumas funções cognitivas,

e que a prática de atividades físicas aeróbias regulares pode reverter ou

atenuar parte desse processo e manter o idoso inserido de forma ativa na

sociedade.

Com base nos estudos analisados, concluiu-se que indivíduos idosos

moderadamente ativos e praticantes de atividade física aeróbica sistematizada

e regular melhoram substancialmente as suas funções cognitivas,

possibilitando maior autonomia, maior capacidade de realizar suas atividades

diárias de forma independente e, consequentemente, melhora da qualidade de

vida. Evidenciou-se ainda, em relação à influência do programa de exercício

físico regular na cognição, que esse benefício cognitivo se dá por meio do

melhoramento da capacidade cardiorrespiratória, aumento do aporte sanguíneo

cerebral e aumento da atividade neurotransmissora originados pelo exercício.

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Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM DOCUMENTO … · OS EFEITOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS PARA O EQUILÍBRIO EM IDOSOS COM DISTÚRBIO COGNITIVO LEVE Ademilson Silva de Araújo ORIENTADORA:

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05

METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Aspectos fisiológicos e psicossociais no processo de envelhecimento 10

1.1 Construção sócio histórica do envelhecimento 10

1.1.1 A memória na velhice 12

1.1.2 O envelhecimento biológico 15

CAPÍTULO II

Programa de atividade psicomotora na qualidade de vida dos idosos 21

2.1. Qualidade de Vida 21

2.1.1 Qualidade de vida na terceira idade 23

2.2 Programa de Atividade Psicomotora em Idosos 24

2.2.1 Elementos psicomotores 25

2.2.2 Motricidade fina 25

2.2.3 Coordenação motora e o idoso 26

2.2.4 Motricidade global 27

2.3 Impactos das atividades psicomotoras em idosos 28

CAPÍTULO III

O desempenho dos idosos nos exercícios psicomotores 31

3.1. Atividades Físicas 31

3.2. Exercício Físico Aeróbico e Função Cognitiva em Idosos 33

3.2.1 Exercício em idosos com comprometimento cognitivo leve 38

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 43 INDICE 48