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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CURSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
A LOGÍSTICA GERANDO DIFERENCIAL COMPETITIVO E AUMENTO DE RESULTADOS
Por: Rita Vieira Coelho Xavier
Orientadora: Profº M.S Adélia Araújo
Rio de Janeiro 2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
CURSO DE GESTÃO ESTRATÉGICA E QUALIDADE
A LOGÍSTICA GERANDO DIFERENCIAL COMPETITIVO E AUMENTO DE RESULTADOS
Trabalho submetido à Universidade Candido Mendes, para a obtenção
do título de especialização.
Por: Rita Vieira Coelho Xavier
Rio de Janeiro
2004
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AGRADECIMENTOS
À todos os que eu amo muito: Meu pai, meu ídolo, minha mãe,
meu apoio e minha irmã. Ao meu Marido pelas minhas
Ausências e pelo seu apoio, apesar delas.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho aos meus filhos que ainda existirão.
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RESUMO
Historicamente, podemos observar que a logística não é algo novo, ela vem
sendo utilizada ao longo dos séculos, mas somente nos tempos atuais, com a mudança
no próprio conceito, é que tem sido considerada um fator importante para o
gerenciamento das empresas.
O presente trabalho apresenta de forma breve o Supply Chain Management, Just
in Time e Custeio ABC como ferramentas relevantes no gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos, e seus benefícios. E ainda, como o marketing está associado a logística e
essa integração é essencial para as empresas que buscam competitividade e aumento de
resultados.
Por fim, uma análise sobre a importância que deve ser dada ao pós-venda, na
tentativa de fidelização dos clientes, pois com a concorrência dos dias atuais, novos
investimentos têm sido feitos, constantemente, para a conquista de novos clientes, o que
leva as empresas à concorrência e diminuição de seus resultados
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INTRODUÇÃO
O Gerenciamento da Logística com a visão de integração dos diversos setores da
empresa, tem resultado em excelente retorno financeiro, por minimização de custos e
paralelamente garantindo fidelização dos clientes. Estes resultados, consolidam o
diferencial competitivo que as empresas vem buscando.
Esse diferencial é importante, porque hoje é cada vez maior o número de pessoas
que não compram somente o produto, mas também, todos os serviços que estão
imbutidos nele.
Por outro lado, a satisfação dos clientes, é hoje, um desafio cada vez mais difícil
de ser atingido, porque os mesmos, estão cada vez mais conscientes dos seus direitos e
por isso mais exigentes em relação aos produtos e serviços.
É nesse sentido, que a logística passou a ser o foco de muitas empresas. Pois,
todos os processos, desde a aquisição dos produtos à entrega aos clientes, e até os
contatos do pós-venda, são atribuições da logística, que deixou de ser um departamento,
para imbuir vários gerentes numa mesma visão e alcançar juntos, resultados favoráveis à
empresa.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................ 6
CAPÍTULO 1
LOGÍSTICA..................................................................................... 8
CAPÍTULO 2
GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS........... 19
CAPÍTULO 3
LOGÍSTICA DE RESULTADOS.................................................. 30
CAPÍTULO 4
LOGÍSTICA X MARKETING E PÓS – VENDA....................... 52
CONCLUSÃO.................................................................................. 57
ANEXO 1.......................................................................................... 58
BIBLIOGRAFIA..............................................................................60
ÍNDICE............................................................................................. 61
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CAPÍTULO 1
LOGÍSTICA
1.1. Histórico
Desde os tempos da luta travada entre gregos e troianos, de 1250a.C a 1240 a.C.,
pelo domínio da cidade de Tróia já se utilizava a logística. Para vencer os inimigos, o
guerreiro Ulisses criou uma estratégia. O Exército fingiu se retirar e deixou um
gigantesco cavalo de madeira diante das muralhas de Tróia. Como consideravam o
cavalo um animal sagrado, os troianos recolheram o presente, que escondia soldados
gregos em seu interior. Dessa forma, a cidade foi invadida, saqueada e queimada. Com a
vitória, os gregos passaram a controlar o tráfego marítimo na região.
Ao longo da história humana, as guerras têm sido ganhas e perdidas através do
poder e da capacidade da logística, ou a falta deles. Argumenta-se que a derrota da
Inglaterra na Guerra da Independência dos EUA pode ser, em grande parte, atribuída a
uma falha logística. O exército britânico na América dependia quase que totalmente da
Inglaterra para os suprimentos. No auge da guerra, havia 12.000 soldados no ultramar e
grande parte dos equipamentos e da alimentação partia da Inglaterra. Durante os
primeiros seis anos da guerra, a administração desses suprimentos vitais foi totalmente
inadequada, afetando o curso das operações e o moral das tropas. Até 1781 eles não
tinham desenvolvido uma organização capaz de suprir o exército e, àquela altura dos
acontecimentos, já era muito tarde.
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Podemos notar que durante muitos séculos, a logística esteve associada apenas a
atividade militar. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, contando com uma
tecnologia mais avançada, a logística acabou por abranger outros ramos da
administração militar. Assim, a ela foram incorporados os civis, transferindo a eles os
conhecimentos e a experiência militar.
No início de 1991, a logística e a estratégia competitiva, demonstraram sua
importância. Como preparação para a Guerra do Golfo, os Estados Unidos e seus aliados
tiveram de deslocar grandes quantidades de materiais a grandes distâncias, com tempo
curto.
Apenas num passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o
impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem
competitiva.
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1.2. Conceitos
Bowersox (1989) afirma que a 1ª definição veio dos gregos. “É a ciência do
raciocínio correto que utiliza meios matemáticos”. Os gregos, então, destacavam o
raciocínio correto já por definição.
American Marketing Association (1948): “ Logística é a movimentação e
manutenção de mercadorias do ponto de produção ao ponto de consumo ou de
utilização”. (Colin e Porras,1996). Nessa época, a definição de logística era focada nas
mercadorias, e não mais no raciocínio. A movimentação dos produtos, ou mercadorias
era, então, a definição de logística.
Mais tarde, Moller (1994), fornece a definição mais conhecida, chamada de 7
R’s: Assure the right product, in the right quantity, in the right time, with the right price
for the right costumer. Ou seja, assegurar a disponibilidade do produto certo, na
quantidade certa, em condições adequadas, no local certo, no momento certo, para o
cliente certo, no preço correto. É a definição mais completa, pois considera não só a
movimentação das mercadorias, mas de que forma deve ocorrer, como, quando, pra
quem, onde e por quanto. Ela é uma junção dos conceitos anteriores que consideram a
movimentação de mercadorias e o raciocínio correto para executa-los. O conceito
transmite a idéia de Qualidade Total.
Bowersox e Closs (1996) “Logística é definida como o processo de gerir
estrategicamente a aquisição, movimentação e estocagem de materiais, partes e produtos
acabados (com os correspondentes fluxos e informações) através da organização e de
seus canais de marketing, para satisfazer as ordens da forma mais efetiva em custos”.
Essa definição, já destaca a gestão estratégica no fluxo de mercadorias, e satisfação
financeira. Acompanhando a tendência das empresas em preocupar-se com seus custos.
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Christopher (1997), após comentar que existem muitas maneiras de definir
logística, sugere que o conceito principal poderia ser: “A logística é o processo de
gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais,
peças e produtos acabados através da organização, de modo a poder maximizar as
lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo”. Esse
autor, vinculou a logística à possibilidade de gerar potencial competitivo, na medida em
que a logística pode permitir aumento de lucratividade para atender pedidos a baixos
custos.
A definição mais recente de logística é dada pelo Noth American Council of
Logistics Management (NACLM): “Logística é o processo de planejar, implementar e
controlar o fluxo e armazenamento eficiente e eficaz em termos de custo de matérias
primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correlatas desde o
ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de obedecer às exigências dos
clientes”. Esse conceito, mostra a tendência atual de atender às exigências dos clientes, a
fim de garantir permanência no mercado, pois os clientes, estão cada vez mais
conscientes de seus direitos.
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1.3. A Evolução do Conceito de Logística
A evolução do processo de logística pode ser dividida em três fases, segundo
Novack et al (1994), alcançando atualmente a fase de Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos. Eles só não delimitam o tempo em que ocorreram essas fases.
A primeira fase foi caracterizada pelas atividades de distribuição, administração
logística, transporte interno, planejamento e controle logístico e armazenamento de
produtos acabados.
Nesta fase, as empresas procuravam formar lotes econômicos de compras para
transportar seus produtos, dando menor importância aos estoques. A abordagem da
logística era dada nas possíveis economias obtidas com a utilização de diversos modos
de transporte de menores custos, no uso de veículo de maior capacidade e na busca de
fretes mais reduzidos. Já existia uma preocupação com os custos logísticos, contudo, a
abordagem era estritamente interna às empresas, cada uma procurava individualmente
reduzir ao máximo seus custos, mesmo que isso afetasse os outros membros da cadeia de
suprimentos.
Posteriormente, na segunda fase, a interpretação da logística foi ampliada para as
atividades de processamento de pedidos, serviço ao cliente, armazenamento e gestão de
estoques de produtos acabados e o transporte para recebimento de insumos e matérias-
primas.
Outra característica desse segundo momento da logística foi a introdução da
informática nas operações das empresas. Como conseqüência da adoção da informática,
surgiram modelos de otimização de estoques, sequenciamento da produção, otimização
dos locais de centros de distribuição, entre outros.
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Surgiu, a partir dessa fase, uma preocupação por parte das empresas com a
racionalização de seus processos. Os pontos dessa racionalização foram a otimização e o
planejamento das atividades. O planejamento da produção era responsabilidade do setor
de fabricação. Por conta disso, a produção era alterada segundo os próprios conceitos da
fabricação e sem maiores consultas às demais áreas da empresa. Essa prática gerava
estoques excessivos em toda a cadeia de suprimentos. Uma maneira de diminuir esses
efeitos negativos era ampliar o planejamento para outros setores da empresa, bem como
fornecedores e clientes.
A segunda fase da logística pode ser caracterizada como o início da
racionalização integrada da cadeia de suprimentos. Contudo, observe-se que essa
racionalização de processos era muito rígida pois ainda não era possível estabelecer
uma correção dinâmica do planejamento ao longo do tempo.
A terceira fase desta evolução foi identificada pela integração dos componentes
da cadeia de suprimentos em dois níveis, ao nível interno da empresa e no
relacionamento da empresa com seus fornecedores e clientes. A troca de informações
entre os diversos elementos da cadeia de suprimentos passou a ocorrer por via
eletrônica, através de EDI (troca eletrônica de informações)
Outra característica dessa fase é uma maior preocupação plena com a satisfação
do cliente, compreendendo não somente o consumidor final, como também todos os
elementos intermediários da cadeia de suprimentos. O intercâmbio de informações
ocorre de forma intensa nessa fase. Entretanto as principais características são a busca de
parcerias com fornecedores e clientes ao longo da cadeia de suprimentos;
compartilhando informações estratégicas entre esses parceiros e grande enfoque na
satisfação total do consumidor final.
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Para Novack et al (1994), ao se evoluir da Fase I para a Fase III, a
responsabilidade da empresa ultrapassa a cadeia de suprimentos chegando a tingir
responsabilidade pela escolha da origem da matéria-prima.
Percebe-se, com esta última fase, que a Logística vem mudando seu enfoque
dentro das organizações, deixando de ser uma ferramenta de redução de custos para
tornar-se um componente-chave da estratégia da organização.
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1.4. Atividades da Logística
Porter (1989) classifica as atividades de valor em duas categorias: atividades
primárias (logística de suprimento, operações, logística de distribuição, marketing e
vendas, assistência técnica) e atividades de apoio (Infra-estrutura da empresa,
gerenciamento de recursos humanos,desenvolvimento de tecnologia, aquisição de
insumos e serviços).
Ainda Porter, relaciona cinco categorias genéricas de atividades primárias. Essas
categorias podem ser subdivididas em uma série de atividades que dependem de
características específicas da indústria e da estratégia da empresa, abaixo estão
relacionadas essas categorias:
- Logística Interna: é composta pelas atividades recebimento, armazenagem e
distribuição de insumos, controle de estoques, manuseio de material e
programação de frotas.
- Operações: São as atividades relacionadas com a transformação dos insumos
em produtos finais
- Logística Externa: Atividades associadas à coleta, armazenagem e distribuição
física do produto para compradores, como armazenagem de produtos acabados,
manuseio de materiais, processamento de pedidos e programação.
- Marketing e Vendas: Oferecem um meio pelo qual compradores entram em
contato com os produtos de uma empresa.
- Serviços: É a categoria composta pelas atividades de suporte ao cliente,
compreendendo os serviços de pré-vendas (telemarketing, informações aos
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clientes, entre outros) e os de pós-venda (garantia e assistência técnica, por
exemplo).
As atividades primárias e de apoio relacionam-se com o nível de serviço
logístico, que, definido por Ballou (1999), é a qualidade com que o fluxo de bens e
serviços é gerenciado.
As atividades executadas em uma cadeia de valor não são independentes entre si;
pelo contrário, elas constituem um sistema de atividades interdependentes. As
interligações que ocorrem entre essas atividades são denominadas de elos.
Essencialmente, os elos são relações entre a forma como uma atividade de valor é
executada e o custo ou o desempenho de uma outra atividade, dentro da empresa ou fora
dela (Porter, 1989).
A cadeia de valor completa é muito extensa, pois, envolve a manufatura, seus
fornecedores, distribuidores, atacadistas, varejistas e clientes. Tradicionalmente, cada
empresa em uma cadeia de valor procura tirar o máximo de vantagem para si, ignorando
os possíveis impactos de suas atitudes sobre as demais. No entanto, o Gerenciamento da
Cadeia de Suprimentos, implica no tratamento da cadeia de valor como um todo.
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1.5. A Logística no Brasil
Assim como na maioria dos países desenvolvidos, também no Brasil, a
prática e a importância da logística vem se desenvolvendo muito rápido, como prova
foram realizados no ano de 1996 diversos seminários nacionais e internacionais sobre
casos de excelência em logística empresarial em diferentes cidades brasileiras.
Com o objetivo de estimular a melhoria da competitividade da empresa
nacional através do aprimoramento dos processos logísticos, foi criado no ano de 1996 o
prêmio LOGIS TOP, que é concedido aos melhores do ano no setor de logística nas
categorias de usuário e operador logístico, transportador, transporte – equipamento e
acessório, sistemas hardware e software, movimentação e armazenagem.
Fleury e Lavalle (1995), incentivados pela falta de informação de como
as empresas brasileiras organizam seus processos logísticos, publicaram o resultado de
uma pesquisa desenvolvida pela COPPEAD/UFRJ, a qual teve como objetivo principal
obter informações sobre as práticas gerenciais logísticas adotadas por empresas líderes
de vários setores da economia brasileira. Para a pesquisa, foi utilizado o modelo de
Bowersox (1989) de forma adaptada em um grupo selecionado de 10 grandes empresas,
cuja mediana de faturamento é de US$600 milhões anuais. Dentre os resultados
constatados verifica-se que as empresas utilizam as mais variadas estruturas logísticas.
Em todas as empresas pesquisadas, as atividades de armazenagem e transporte estão
total ou parcialmente sob controle da gerência logística.
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O componente estoque é compartilhado entre a gerência de logística e alguma
outra gerência em 50% das empresas, seu controle é total em 20% e nenhum em 30%. O
componente de processamento de pedidos e suprimento também apresenta o mesmo
padrão de centralização. O serviço ao cliente é o componente sobre o qual existe o
menos nível de controle por parte do sistema de logística. Embora o monitoramento do
desempenho logístico se apresente como uma preocupação dos entrevistados, ela não é
correspondida quando são respondidos quais os indicadores que estão sendo
monitorados. A troca eletrônica de informações (EDI) já existe em todas as empresas,
porém na maioria se restringe à área financeira.
Segundo a análise de Lavalle (1995), as empresas com maior
complexidade logística não possuem necessariamente maior sofisticação logística,
porém apresentam maiores oportunidades de serem consideradas com alto grau de
flexibilidade.
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CAPÍTULO 2
GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
2.1. Considerações
O Gerenciamento da cadeia de suprimentos nada mais é do que administrar o
sistema de logística integrada da empresa, ou seja, o uso de tecnologias avançadas, entre
elas o gerenciamento de informações e pesquisa operacional, para planejar e controlar
uma complexa rede de fatores, visando produzir e distribuir produtos e serviços para
satisfazer o cliente.
A Cadeia de Suprimentos ideal não deve ser estática – baseada apenas em
técnicas como demanda projetada e custos atuais – pois quando as condições iniciais
mudam, a configuração da Cadeia deve ser revisada.
Quanto mais flexível a cadeia, menos sobressaltos, reinvestimentos ou
deslocamentos de pessoal ela sofrerá. Para garantir diferencial competitivo e
sobrevivência, as empresas, devem, cada vez mais, ter as cadeias de suprimentos
projetadas para flexibilidade e eficiência de resposta.
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2.2. Técnicas e Procedimentos da Gestão de Suprimentos
O período entre 1980 e 2000 foi marcado por grandes transformações nos
conceitos gerenciais, especialmente no que toca à função de operações. O movimento da
qualidade total e o conceito de produção enxuta trouxeram consigo em conjunto de
técnicas e procedimentos como o Just In Time (JIT). Amplamente adotadas em quase
todos os países industrializados de economia de mercado, estas técnicas e procedimentos
contribuíram para um grande avanço da qualidade e produtividade. Na trilha deste
turbilhão de mudanças dois outros conceitos surgiram e vêm empolgando as
organizações produtivas.
O primeiro deles, a logística integrada, despontou no começo da década de 80 e
evoluiu rapidamente nos 15 anos que se seguiram, impulsionada principalmente pela
revolução da tecnologia de informação e pelas exigências crescentes de desempenho em
serviços de distribuição, conseqüência principalmente dos movimentos da produção
enxuta e do JIT. Embora ainda em evolução, o conceito de logística integrada já está
bastante consolidando nas organizações produtivas dos países mais desenvolvidos, tanto
a nível conceitual quanto de aplicação.
O segundo dos conceitos, o Supply Chain Management - SCM, ou
Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, começou a se desenvolver apenas no início
dos anos 90. Mesmo a nível internacional, são poucas as empresas que já conseguiram
implementá-lo com sucesso, e a nível acadêmico o conceito ainda pode ser considerado
em construção. Existem inclusive alguns profissionais que consideram o SCM como
apenas um novo nome, uma simples extensão do conceito de logística integrada, ou seja,
uma ampliação da atividade logística para além das fronteiras organizacionais, na
direção de cliente e fornecedores na cadeia de suprimentos.
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Em contraposição a esta visão restrita, existe uma crescente percepção de que o
conceito de Supply Chain Management é mais do que uma simples extensão da logística
integrada, pois inclui um conjunto de processos de negócios que em muito ultrapassa as
atividades diretamente relacionadas com a logística integrada. Além disso, existe uma
clara e definitiva necessidade de integração de processos na cadeia de suprimentos. O
desenvolvimento de novos produtos é talvez o mais óbvio deles, pois vários aspectos do
negócio deveriam ser incluídos nesta atividade, tais como: o marketing para estabelecer
o conceito; pesquisa e desenvolvimento para a formulação do produto; fabricação e
logística para executar as operações; e finanças para a estruturação do financiamento.
Compras e desenvolvimento de fornecedores são outras duas atividades que extrapolam
funções tradicionais da logística, e que são críticas para a implementação do SCM.
O que parece claro é que este novo conceito chegou para ficar. Os
extraordinários resultados obtidos pelas empresas que já conseguiram implementá-lo
com sucesso, são uma garantia de que este não é apenas um modismo gerencial, mas
algo que vem crescentemente despertando a atenção da alta cúpula gerencial nas grandes
e mais modernas empresas internacionais. Pesquisas preliminares sobre os ganhos que
podem ser obtidos pela utilização correta do conceito, indicam que as empresas têm
obtido reduções substanciais nos custos operacionais da cadeia de suprimentos.
No Brasil, a onda do SCM começou a se espalhar no final da década de 90,
impulsionada pelo movimento da logística integrada que vem se acelerando no país.
Embora muito se tenha falado, pouco ainda se conhece sobre o verdadeiro
significado deste novo conceito, e principalmente sobre as barreiras e oportunidades
para sua implementação. O objetivo deste texto é contribuir para um melhor
entendimento desta poderosa, mas ainda pouco conhecida ferramenta gerencial.
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2.3. Supply Chain Management
O Supply Chain Management - ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos - é
a ciência que visa unir todas as fases do processo de Supply Chain (cadeia de
suprimentos), visando otimizar os métodos e etapas de produção, compras e
suprimentos, inventário, administração, previsões, armazenagem, transporte e entrega
dos produtos. Baseia-se na parceria de empresas de diversos setores de cada uma das
etapas do supply chain como fornecedores, indústria, armazéns, varejistas,
distribuidores, empresas de logística, etc...
O processo se inicia com o pedido do cliente, depois vem a produção, o
armazenamento e a distribuição dos produtos e suprimentos para o site do cliente. Este
tipo de processo reduz o tempo, proporciona o compartilhamento de previsões de
vendas, diminuição de custos, agiliza as entregas e otimiza a produtividade.
Tudo visando a satisfação do cliente.
Ao final da década de 60, foram desenvolvidos sistemas para 'Controle de
Estoque', cuja função básica era controlar os consumos de materiais e, baseado nestes
históricos, prever as necessidades para os próximos períodos. A primeira grande
evolução ocorreu na década de 70: a previsão de consumo passou a ser afetada
diretamente pelas necessidades da área de produção da empresa e considerava as
compras em andamento para atender parte destas necessidades. Esta ferramenta foi
chamada de MRP - Material Requirement Planning - ou Planejamento das Necessidades
de Materiais. No início da década de 80 o conceito foi novamente ampliado, sendo
chamado de MRP II. Nesta etapa, além de surgir o conceito de planejamento mestre -
MPS, Master Plan Scheduling - as áreas produtivas e estoque foram integradas a
compras, vendas e algumas funções financeiras.
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Enfim, no final da década de 80 surge o conceito ERP e, nos softwares, foram
desenvolvidas ferramentas para controlar com abrangência todas as áreas críticas de uma
empresa. Após o advento do ERP, a necessidade observada era que o software deveria
acompanhar a evolução de um ambiente empresarial. Com este intuito, surgiu o conceito
SCM - Supply Chain Management - sigla para Gerenciamento da cadeia logística. Esta
solução veio a complementar o ERP, gerenciando toda a cadeia logística do cliente até o
fornecedor, passando pelo planejamento finito de produção, planejamento da logística de
distribuição, transportes, etc. Em resumo, planejando e controlando as entidades internas
e externas da companhia.
O Supply Chain Management foi projetado com elementos que permitem que
suas aplicações estejam integradas com todas as outras aplicações ERP ou pode ser
instalado isoladamente, "stand alone" quando necessário. Como esta solução foi
desenvolvida como um "best of breed" com elementos que facilitam a sua integração
com outros sistemas a sua instalação com sistemas legados ou outros pacotes é bastante
simplificada. A integração da cadeia Clientes e Fornecedores é completa. São soluções
que auxiliam na previsão e controle da demanda, no planejamento fino de produção, nas
compras, distribuição em ambiente "multi-site", na programação finita da produção bem
como nas execuções do chão de fábrica. Para o planejamento muito complexo o SCM
possui uma capacidade a mais, baseada em planejamento de alta performance. As
simulações gráficas ajudam a analisar os efeitos de planos alternativos na área
financeira, na capacidade de produção e estoques. Mais do que uma simples análise, este
sistema pode identificar rapidamente o impacto de qualquer mudança, refazendo planos
e corrigindo ações. O SCM aumenta a visibilidade e o poder de controle da empresa,
porque otimiza e coordena as atividades num eficiente e unificado processo para todo e
qualquer segmento de empresa.
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Embora seja um conceito em evolução, cuja utilização ainda se restringe a um
conjunto de empresas mais avançadas, o SCM já está na agenda da maioria dos gerentes
das grandes empresas internacionais. Artigos na imprensa especializada, como a
Fortune, estão anunciando o SCM como a nova fonte de vantagens competitivas. Nos
encontros de profissionais, o conceito passou a ter um destaque especial. Das mais de
200 seções do Congresso do CLM de 1997, cerca de 25% das apresentações
incorporavam as palavras Supply Chain Management .
O enorme interesse pelo tema é totalmente justificado em função tanto dos
exemplos de sucesso já conhecidos, quanto do nível de complexidade e descoordenação
da grande maioria dos canais de distribuição hoje existentes. A Miliken, maior produtora
de tecidos dos EUA é uma das primeiras empresas a adotar o conceito de SCM ainda
nos anos 80, conseguiu extraordinários resultados no seu projeto com a Seminal,
fabricante de confecções, e a Wal-Mart, maior rede varejista americana. Em pouco mais
de 6 meses do início do processo de colaboração, baseado na troca de informações de
vendas e estoque entre os membros do canal, a Miliken conseguiu aumentar suas vendas
em 31%, ao mesmo tempo em que aumentava em 30% o giro de estoques dos produtos
comercializados naquele canal.
A Wal-Mart, por seu turno, tem obtido excelentes resultados em termos de
crescimento e rentabilidade, em grande parte devido à alavancagem que tem conseguido
com sua estrutura diferenciada de relacionamento na cadeia de suprimentos. A Dell
Computers é outra empresa que, através da reconfiguração de sua cadeia de suprimentos,
vem conseguindo responder quase que imediatamente aos pedidos customizados de seus
clientes. O resultado tem sido um crescimento e lucratividade extraordinários. Em 12
anos a empresa cresceu de um empreendimento de fundo de quintal para uma
corporação de US$ 12 bilhões de faturamento. Em 1998, suas vendas cresceram de US$
7,7 bilhões para US$ 12,3 bilhões, enquanto o lucro saltou de US$ 518 milhões para
US$ 944 milhões.
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O sucesso da Dell é tão grande que a empresa foi classificada como a de melhor
desempenho no setor de tecnologia de informação pela revista Business Week em 1998.
A Dell é certamente uma das empresas que mais avançou no conceito de SCM, ao
estabelecer um esquema de distribuiçào direta, oferecendo customização em massa e um
grau tão avançado de parceria nas terceirizações que pode ser chamado de integração
virtual. Uma série de estudos realizados nos EUA nos últimos anos tem confirmado as
oportunidades de ganho com a adoção do SCM.
Um estudo da Mercer Consulting mostrou que as empresas que conseguem
implementar as melhores práticas de SCM tendem a se destacar em relação à redução
dos custos operacionais, melhoria da produtividade dos ativos e redução dos tempos de
ciclo. Um outro estudo recente realizado pelo MIT identificou como principais
benefícios do SCM a redução de custos de estoque, transporte e armazenagem, melhoria
dos serviços em termos de entregas mais rápidas e produção personalizada, e
crescimento da receita devido à maior disponibilidade e personalização. As empresas
analisadas no estudo indicaram ganhos impressionantes: redução de 50% nos estoques;
aumento de 40% nas entregas no prazo; redução de 27% nos prazos de entrega; redução
de 80% na falta de estoques; aumento de 17% na receita.
Considerando os enormes benefícios que podem ser obtidos com a correta
utilização do conceito de SCM, surpreende verificar que tão poucas empresas o tenham
implementado.
As razões para tanto são basicamente duas. A primeira deriva da relativa
novidade do conceito, ainda em formação e pouco difundido entre os profissionais; e a
segunda com a complexidade e dificuldade de implementação do conceito. SCM é uma
abordagem que exige mudanças profundas em práticas arraigadas, tanto a nível dos
procedimentos internos, quanto a nível externo, no que diz respeito ao relacionamento
entre os diversos participantes da cadeia. A nível interno, torna-se necessário quebrar as
barreiras organizacionais resultantes da prática do gerenciamento por silos, que se
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caracteriza pela perseguição simultânea de diversos objetivos funcionais conflitantes, em
detrimento de uma visão sistêmica onde o resultado do conjunto é mais importante que o
resultado das partes. Quebrar esta cultura arraigada e convencer os gerentes de que
deverão estar preparados para sacrificar seus objetivos funcionais individuais em
benefício do conjunto, tem se mostrado uma tarefa desafiante. Alcançá-la implica em
abandonar o gerenciamento de funções individuais e buscar a integração das atividades
através da estruturação de processos-chave na cadeia de suprimentos.
Dentre os processos de negócios considerados chave para o sucesso de
implementação do SCM, os sete mais citados encontram-se listados na a seguir: 1.
Relacionamento com os clientes; 2. Serviço aos clientes; 3. Administração da demanda;
4. Atendimento de pedidos; 5. Administração do Fluxo de produção; 6.
Compras/Suprimento; 7. Desenvolvimento de novos produtos.
Resumidamente, estes sete processos-chave têm como objetivos principais:
· Desenvolver equipes focadas nos clientes estratégicos, que busquem um
entendimento comum sobre características de produtos e serviços, a fim de torna-
los atrativos para aquela classe de clientes;
· Fornecer um ponto de contato único para todos os clientes, atendendo de forma
eficiente a suas consultas e requisições;
· Captar, compilar e continuamente atualizar dados de demanda, com o objetivo de
equilibrar a oferta com a demanda;
· Atender aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo de entrega
combinado; · Desenvolver sistemas flexíveis de produção que sejam capazes de
responder rapidamente às mudanças nas condições do mercado;
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· Gerenciar relações de parceria com fornecedores para garantir respostas rápidas e
a contínua melhoria de desempenho;
· Buscar o mais cedo possível o envolvimento dos fornecedores no
desenvolvimento de novos produtos.
A experiência tem demonstrado que a montagem de equipes para gerenciamento
de processos na cadeia de suprimentos é um grande desafio gerencial. Para tanto, é
absolutamente necessário um esforço dedicado de pessoas compromissadas, que
possuam a virtude da persistência. As equipes servem para quebrar as barreiras
organizacionais e devem envolver todos aqueles que participam das atividades
relacionadas com a colocação e distribuição dos produtos no mercado. As empresas de
maior sucesso estendem sua atuação para além de suas fronteiras organizacionais,
envolvendo participantes externos que são parceiros na cadeia de suprimentos.
Os membros destas equipes avançadas coordenam, comunicam e cooperam de
forma intensiva. Uma das primeiras perguntas para quem pretende fazer a mudança para
equipes é saber quem deve participar da equipe de Supply Chain. A idéia é que haja um
grupo permanente de membros-chave e um grupo de participantes esporádicos, que
seriam convocados quando necessário. O fato é que as organizações têm tantas
peculiaridades e diferem em tantos aspectos umas das outras que não faz sentido pensar
em uma solução única para todas as situações.
O conjunto de funções-chave que, em geral, estão representadas nas equipes é:
logística, suprimento/compras, fabricação, administração de estoque, serviço ao cliente e
sistemas de informação. Outras funções que participam ocasionalmente são marketing,
vendas, promoções e pesquisa e desenvolvimento. À frente deste processo de
gerenciamento por equipes estão geralmente profissionais de logística ou
comprar/suprimento. No entanto, para liderar um processo como este qualquer executivo
deve funcionar como um facilitador e integrador das diversas exigências e interesses,
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muitas vezes conflitantes. Para ser capaz de assumir este papel, qualquer profissional
deveria ampliar seu entendimento das demais funções do negócio.
Existe um conjunto de características que tendem a contribuir para o sucesso das
equipes de SCM:
Estabelecimento de objetivos e metas claras em áreas-chave (tempo de entrega,
índices de disponibilidade, giro de estoques, entrega no prazo);
Determinação do papel de cada membro da equipe na perseguição dos objetivos;
Estabelecimento de uma estratégia de implementação;
Formalização de medidas quantitativas de desempenho para medir os resultados
alcançados.
Embora a montagem de equipes seja importante, a utilização de todo o potencial
só irá ocorrer se a empresa conseguir se interligar aos participantes externos na cadeia de
suprimento. Estes participantes incluem fornecedores, distribuidores, prestadores de
serviço e clientes. Dada a natureza colaborativa que deve possuir a cadeia de
suprimento, torna-se crucial selecionar os parceiros corretos. O que se deseja são
empresas que não apenas sejam excelentes em termos de seus produtos e serviços, mas
que sejam sólidas e estáveis financeiramente. A relação de parceria na cadeia estendida
deve ser vista como um arranjo de longo prazo.
Muito importante também é lembrar que a cadeia de suprimento estendida
necessita um canal de informações que conecte todos os participantes. A maioria das
grandes empresas possui os requisitos tecnológicos para fazer a extensão. O problema é
que elas os estão utilizando de forma incorreta. Idealmente, a informação que se torna
disponível quando o consumidor efetua a compra deveria ser imediatamente
compartilhada com os demais participantes da cadeia, ou seja, transportadoras,
29
fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria-prima. Dar visibilidade às
informações do ponto de venda em tempo real ajuda todos os participantes a gerenciar a
verdadeira demanda de mercado de forma mais precisa, o que permite reduzir o estoque
na cadeia de suprimento de forma substancial. Pelo que foi visto anteriormente, fica
evidente que a implementação do conceito de SCM exige mudanças significativas tanto
nos procedimentos internos quanto nos externos, principalmente no que diz respeito ao
relacionamento com clientes e fornecedores.
No Brasil, o principal esforço para implementação do conceito está sendo feito
no âmbito do movimento ECR Brasil. Liderando o processo estão os fabricantes de
produtos alimentícios e bebidas por um lado, e os supermercados do outro. Embora seja
enorme o potencial de redução de custos na cadeia, um conjunto de mudanças profundas
precisa ser efetuado. No caso dos supermercados, por exemplo, existe um amplo
conjunto de antigas práticas que estão muito arraigados e que podem ser considerados
como barreiras ao bom andamento de projetos de SCM.
Dentre estas práticas se destacam: o relacionamento com os fornecedores, ainda
fortemente dominado pela política de queda de braço mensal com relação aos preços dos
produtos; a grande maioria dos produtos ainda é recebida diretamente nas lojas, o que
dificulta o controle do recebimento e a avaliação de desempenho dos fornecedores; as
empresas ainda estão organizadas em silos funcionais, com compra, logística, e
administração das lojas sendo gerenciadas de forma independente e isolada; a mão-de-
obra atualmente disponível não possui a formação ou capacitação necessária para operar
com base nos novos requisitos do SCM; a tecnologia de informação ainda apresenta
fortes deficiências, principalmente no que diz respeito aos softwares de análises de
dados, e também aos procedimentos para manutenção dos cadastros de produtos e
fornecedores.
30
CAPÍTULO 3
LOGÍSTICA DE RESULTADOS
3.1. A Importância dos Custos Logísticos na Cadeia de Suprimentos
Para PORTER (1991), a liderança no custo e a diferenciação também podem ser
alcançadas simultaneamente quando a posição do custo é determinada em grande parte
pela parcela de mercado, pelo nível de tecnologia, pelo serviço oferecido o por outros
fatores. Se uma empresa tem condições de abrir uma grande vantagem quanto à parcela
de mercado, as vantagens de custo da parcela em algumas atividades permitem-lhe
incorrer custos agregados em outra parte e ainda manter a liderança no custo líquido, ou
a parcela reduz o custo da diferenciação relativa aos concorrentes. PORTER (1991)
chama a atenção para o fato de que a liderança no custo e na diferenciação está sempre
ameaçada pelos concorrentes, que são capazes de investir, também, para atingir essas
performances.
Na nova era dos mercados competitivos e globalizados, o aspecto custo vem cada
vez mais assumindo uma importância significante na busca frenética das empresas por
maior eficiência e produtividade. Porém, ao objetivarem a redução de custos, as
empresas vêm focando no tradicional custo do produto e se esquecem ou dimensionam
mal os custos relacionados à logística.
Este tipo de custo, em geral, assume a segunda posição em termo de valores, só
perdendo para o próprio custo da mercadoria (porém em alguns casos, os custos
logísticos são até maiores do que o próprio custo do produto, como no caso do sal).
Portanto, saber identificar e mensurar esse tipo de custo pode muitas vezes significar a
própria existência da empresa.
31
Quando falamos em custos logísticos, a primeira idéia que vem na cabeça é o
custo com frete ou transportes. Apesar deste ser o mais significativo, os custos logísticos
não se resumem somente à isso. Podemos identificar custos na armazenagem, nos
estoques, no processamento de pedidos e é claro no transporte.
Os custos relacionados à armazenagem são aqueles que são aplicados nas
estruturas e condições necessárias para que a empresa possa guardar seus produtos
adequadamente. Faz parte deste tipo de custo, o aluguel do armazém, os custos com
aquisição de paletes, custo com pessoal do armazém, etc.
Já os custos com estoques são aqueles que são gerados a partir da necessidade de
estocar os materiais. Nesta categoria, com certeza o mais expressivo é o custo de
oportunidade do capital parado, que nada mais é do que o valor que a empresa perde
imobilizando o capital em estoque em vez de aplicar esse valor no mercado financeiro,
ganhando a remuneração dos juros. Existem outros custos com estoques como as perdas
e roubos, a própria depreciação dos materiais, etc
No que diz respeito, aos custos relacionados à emissão de pedidos, seus valores
são inexpressivos em relação aos demais. Todos os gastos relacionados à emissão de
pedidos na empresa devem ser computados para essa categoria. São considerados custos
com emissão de pedidos: o salário do comprador, o aluguel do espaço destinado ao setor
de compra, os papéis usados na emissão do pedido, etc.
Os custos com transportes, freqüentemente calculado, geralmente dá origem às
despesas com fretes que a empresa vê na nota fiscal ou que já está incluído no preço.
Todas as despesas relacionadas à movimentação de materiais fora da empresa podem ser
consideradas custos com transportes. Enquadram-se aqui os custos com a depreciação
dos veículos, pneus, combustíveis, custo de oportunidade dos veículos, manutenção, etc.
Uma vez identificado quais são os custos logísticos, as empresas devem atentar para
aqueles que geralmente não são computados por serem quase imperceptíveis.
32
Um caso clássico é o custo de oportunidade. Apesar de ser chamado de custo, na
verdade o que ocorre é que a empresa deixa de ganhar com juros financeiros
imobilizando o capital em estrutura (armazém, paletes e estruturas de armazenagem),
máquinas e equipamentos (empilhadeiras e esteiras), veículos (caminhões), etc.
Quanto maior for o juro no país, maior será o custo de oportunidade. Em se
tratando de Brasil, onde os juros são altíssimos, os custos de oportunidade associados à
logística são relativamente altos se comparados com outros países.
Um outro custo logístico de fácil identificação , mas de agregação nem tanto, é o
de depreciação de máquinas, equipamentos e veículos. Apesar deste custo ser
contabilizado na forma tradicional, raramente é alocado como custo da logística e
conseqüentemente não é agregado aos preços dos produtos, sendo considerado como
despesa fixa.
As empresas devem conhecer profundamente seus próprios custos logísticos,
para que passem a ter condições de estabelecerem metas de diminuição e repassar os
ganhos para a cadeia como um todo. Assim, outras empresas pertencentes à cadeia
absorvem as novas práticas, reduzem seus custos logísticos, contribuindo para a
competitividade da cadeia.
Na moderna concepção do gerenciamento da cadeia de suprimento, os custos
logísticos devem ser bem dimensionados e controlados, pois se antes a concorrência se
resumia somente entre as empresas, hoje essa concorrência se dá entre as cadeias
produtivas.
33
Se antes a concorrência era entre a Ford e a Volkswagen, hoje a concorrência se
dá entre a Cadeia Produtiva da Ford e a Cadeia Produtiva da Volkswagen. Será mais
competitiva aquela que apresentar melhor qualidade e menor preço para o consumidor.
Resta para as empresas entender que este é um caminho sem volta e que somente
através da integração e da diminuição dos custos logísticos é que as cadeias podem se
tornar competitivas.
34
3.2. Custeio ABC
Segundo alguns autores, o ABC já era conhecido e usado por contadores em
1800 e início de 1900. Outros registros históricos mostram que o ABC já era bastante
conhecido e usado na década dos anos 60
O sistema de custeio baseado em atividades (ABC) tem-se convertido no
elemento de ligação entre o custeio de produtos, mensuração de desempenho e
justificação de investimentos. Entretanto, esse não é um sistema que foi desenvolvido
somente agora, em conseqüência da pressão advinda da introdução das novas
tecnologias de produção.
Na verdade, o sistema de custeio baseado em atividades (ABC) tem passado
através dos tempos por três fases de evolução, e vem amadurecendo significativamente
através dos anos. Na primeira fase, segundo TROXEL e WEBER JR. (1990), por volta
dos últimos anos da década de 60, algumas empresas já vinham usando o conceito de
que são as atividades que consomem recursos e não os produtos, porém, até então, ainda
não se usava a expressão sistema de custeio "baseado em atividades". Na ocasião, a
aplicação do conceito trouxe grande contribuição em termos de mudanças criativas na
gestão das operações e estratégias de marketing.
Na segunda fase, que vai aproximadamente de 1980 a 1985, em algumas
empresas farmacêuticas e de produtos de consumo o sistema de custeio baseado em
atividades passou a ser considerado como uma nova abordagem de custeio com
características próprias, que incorporava novos e importantes conceitos. Todavia, tal
sistema podia ainda ser visto apenas como uma forma alternativa do sistema tradicional
de custeio.
35
Em níveis acadêmicos, as pesquisas estavam apenas começando e seus resultados
eram apenas preliminares. Os eventuais praticantes do sistema de custeio baseado em
atividades, portanto, não podiam contar, ainda, com adequado suporte, em termos de
literatura publicada sobre o assunto.
Na terceira fase, o sistema de custeio baseado em atividades (ABC) adquire
maturidade e torna-se parte integrante do léxico das empresas modernas. Esta faz se
distingue das anteriores por três características:
• O reconhecimento de que a lucratividade dos produtos é uma questão estratégica
e não somente um problema contábil;
• O desenvolvimento de uma disciplina adequadamente estruturada para a
implementação do sistema de custeio baseado em atividades (ABC);
• A disponibilidade de um software especialmente projetado para facilitar a
criação do sistema de custeio baseado em atividades (ABC);
O uso do ABC está intimamente associado ao bom senso e ao fomento à
criatividade. TAYLOR, FAYOL, ELTON MAYO e tantos outros que contribuíram para
o desenvolvimento da administração científica fizeram uso da análise de atividades para
seus estudos de tempos e movimento de organização do trabalho. Pode-se considerar
também como precursor do ABC o próprio método alemão conhecido como RKW.
Em meados da década de 80, nos EUA, os professores Robert Kaplan e Porter
desenvolveram e aprofundaram os estudos sobre ABC.
36
No Brasil, os estudos e pesquisas sobre o ABC tiveram início em 1989, no
Departamento de Contabilidade e Atuaria da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da USP, onde esta matéria é lecionada tanto no nível de graduação como
de pós-graduação.
Considerada atualmente como a mais moderna ferramenta de estratégia
empresarial, o método de custos baseado em atividades - Activity Based Costing, tem
chamado a atenção de profissionais nos Estados Unidos e na Europa e, de forma mais
intensa, agora no Brasil, por sua capacidade de medir o consumo de atividades por
produtos em nível de unidades, lotes grandes ou pequenos, projetos de produção e
utilização dos recursos gerais de fabricação. O conceito de atividade consumindo
recursos e de produtos consumindo atividades é fundamental para uma visualização de
como o sistema de operações se desenvolve e o que é e como adiciona valor ao sistema
produtivo, o que acaba por tornar as operações mais eficientes e a empresa mais
competitiva a longo prazo.
No método ABC as atividades são o foco do processo de custeio. Os custos são
investigados, relacionando-se as atividades aos produtos, com base na demanda por tais
atividades de produção ou o serviço em questão. Portanto, as bases de alocação usadas
no custeio baseado na atividade são medições das atividades executadas, que podem
incluir horas do tempo de ajuste de máquina ou número de vezes em que isso foi feito.
Outra contribuição relevante do custeio por atividade foi a extensão de sua aplicação
para outras funções além da produção, como nas atividades comerciais e nos sistemas de
serviços.
O ABC não é mais um sistema de acumulação de custos para fins contábeis, ou
seja, não apura o custo de produtos e serviços para a elaboração de balanços e
demonstração de resultados. É um novo método de análise de custos, que busca rastrear
os gastos de uma empresa para analisar e monitorar as diversas rotas de consumo dos
recursos diretamente identificáveis com suas atividades mais relevantes, e destas para os
produtos e serviços.
37
No método de custos baseado em atividades, ABC, assume-se como pressuposto
que os recursos de uma empresa são consumidos por suas atividades, e não pelos
produtos que ela fabrica. Os produtos surgem como conseqüência das atividades
consideradas estritamente necessárias para fabricá-los e/ou comercializá-los, e como
forma de se atender a necessidades, expectativas e anseios dos clientes.
O método ABC demonstra a relação entre Recursos consumidos (o que foi gasto:
água, luz, salários, etc.), Atividades executadas (onde foi gasto: produção, informática,
vendas, etc.) e Objetos de Custo (para que foi gasto: produto A, Produto B, Atividade X,
etc.). Como mostrado na seqüência abaixo a visão dos 3 módulos:
A - Recursos
B - Atividades
C - Objetos de Custo
Enquanto no método tradicional a alocação é feita através de critérios de rateios
limitados (geralmente quantidade produzida/vendida), no ABC existe uma
multiplicidade de critérios (denominados de geradores de custo ou cost drivers) cada
qual específico à atividade (custo) a que se relaciona (por exemplo: número de notas
fiscais emitidas, número de requisições de compras, etc.).
Gerador de Custos (cost driver) é o fator que causa mudança no desenvolvimento
de uma atividade, mensurando os respectivos recursos exigidos por essa atividade, ou
seja, é a causa do volume de recursos consumidos pela atividade.
Os recursos estão relacionados as atividades/sub-atividades, e estas aos objetos
de custos. Para cada recurso ou atividade os drivers podem ser diferenciados (e
geralmente são). Exemplos de Cost Drivers:
38
• Energia = Kw instalados
• Salários = total de salários
• Manutenção de micros = número de micros
• Desenvolvimento de sistemas = horas alocadas
- N° de funcionários por atividade
- N° de cópias por atividade
- N° de notas emitidas por atividade
A sua implementação pode ser trabalhosa em função da necessidade do
mapeamento das atividades e do levantamento de dados, mas o seu funcionamento é
relativamente simples. O sistema ABC, em uma primeira etapa aloca os custos dos
recursos às atividades, e em uma segunda etapa aloca os custos das atividades aos
objetos de custos (produtos, clientes, canais etc.).
O ABC aplicado às atividades logísticas permite a extensão do sistema por toda
cadeia de suprimento possibilitando a propagação desses benefícios para todas empresas
que a compõe. Neste caso o ABC seria também um facilitador para minimizar o Custo
Total da Cadeia de Suprimento, não analisando os custos de maneira fragmentada por
empresa.
No Brasil, o sistema ABC vem sendo aplicado em uma série de empresas, porém
são poucas as aplicações focadas nas atividades logísticas.
Em contrapartida a esta tendência, o movimento ECR Brasil criou um subcomitê
do qual participam 18 empresas, dos setores da indústria e do varejo, cujos primeiros
resultados foram apresentados no Congresso ECR Brasil em Novembro de 2000. Numa
das seções do congresso foi apresentado um projeto piloto realizado pelas empresas
Sonae/Cândida, Coca-Cola/Panamco-Spal e Copersucar-União. Este projeto-piloto foi
baseado na metodologia ABC e considera o processo desde a saída da linha de produção
até a disponibilizarão dos produtos nas gôndolas dos varejistas.
39
Este pode ser o início de uma conscientização da importância do tema para as
empresas que operam no Brasil.
3.3. Just In Time
O Just in Time (JIT) surgiu no Japão, nos meados da década de 70, sendo sua
idéia básica e seu desenvolvimento creditados à Toyota Motor Company, a qual buscava
um sistema de administração que pudesse coordenar a produção com a demanda
específica de diferentes modelos e cores de veículos com o mínimo atraso.
O sistema de "puxar" a produção a partir da demanda, produzindo em cada
estágio somente os itens necessários, nas quantidades necessárias e no momento
necessário, ficou conhecido no Ocidente como sistema Kanban. Este nome é dado aos
cartões utilizados para autorizar a produção e a movimentação de itens, ao longo do
processo produtivo, como será visto mais adiante neste capítulo. Contudo, o JIT é muito
mais do que uma técnica ou um conjunto de técnicas de administração da produção,
sendo considerado como uma completa "filosofia", a qual inclui aspectos de
administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto,
organização do trabalho e gestão de recursos humanos.
Embora haja quem diga que o sucesso do sistema de administração JIT esteja
calçado nas características culturais do povo japonês, mais e mais gerentes e acadêmicos
têm-se convencido de que esta filosofia é composta de práticas gerenciais que podem ser
aplicadas em qualquer parte do mundo. Algumas expressões são geralmente usadas para
traduzir aspectos da filosofia Just in Time:
• produção sem estoques;
• eliminação de desperdícios;
• manufatura de fluxo contínuo;
• esforço contínuo na resolução de problemas;
40
• melhoria continua dos processos.
Just in Time é um objetivo. Para atingi-lo é necessário envolver, desenvolver e
integrar muitos conceitos e técnicas e começar a mudar a cultura da empresa. Esses
conceitos são abarcados pelo conceito superior de Company-wide
Quality Improvement (melhoria da qualidade da empresa como um todo)
(CQI).O objeto do CQI é criar uma organização na qual cada empregado, do topo aos
níveis mais baixos, trabalha para fazer da empresa a melhor em seu campo de atuação.
Baseia-se na idéia de que cada pessoa é especialista em seu próprio trabalho, e pela
utilização do poder do pensamento coletivo, do trabalho e da criatividade de todos na
empresa, ser possível competir com qualquer empresa da Terra.
Um dos principais aspectos do CQI, essencial ao alcance do JIT, é o processo de
melhoramento anual projeto a projeto. A filosofia subliminar a esse conceito baseia-se
na crença de que todo melhoramento ou mudança relevante somente pode ocorrer
projeto a projeto.
Basicamente há dois tipos de problemas: esporádicos e crônicos. Problemas
esporádicos são aqueles que ocorrem espontaneamente, geralmente sem serem esperados
e ao acaso. Por exemplo, uma máquina pode quebrar, urna mangueira pode furar; por
nenhuma razão aparente uma máquina, de repente, começa a produzir um produto de
qualidade inferior. Alternativamente, uma negociação trabalhista pode acirrar-se e
acarretar o aparecimento de interrupções na produção. Geralmente, problemas
esporádicos são tomadores de atenção. Geram também grande excitação, resultando na
entrada em cena de especialistas e outros solucionadores de problemas. Com o tempo o
problema é resolvido e a vida segue seu curso normal até o próximo problema o que
pode ocorrer a curto prazo.
41
Esses problemas esporádicos variam do trivial ao sério, freqüentemente
consumindo considerável tempo do dia-a-dia administrativo. Alguns administradores
podem achar que todo seu tempo está sendo gasto neles, conseqüentemente resta muito
pouco tempo para qualquer outra coisa, que dirá para os melhoramentos e o JIT.
Os problemas crônicos são diferentes. Primeiro, eles não são tão prontamente
identificados e individualizados, como os problemas esporádicos. Por exemplo, multas
empresas enfrentam o problema do nível de aproveitamento dos suprimentos. O
aproveitamento é, geralmente, medido em termos de porcentagem, digamos, 90%. É
muito provável que muitos administradores concordarão que, apesar de preferirem
aproveitamento de 100%, com estoque de segurança zero, Isso é meta inatingível.
No passado, tais administradores teriam provavelmente tentado aprimorar os
10% de perda, porém devido ao tempo que despendem com os problemas esporádicos e
de não haver abordagem sistemática para atacar os 10% de perda, a perda permanece,
ano após ano. Depois de conviverem anos com as perdas, passam a considerá-las
aceitáveis e inevitáveis; muitas teorias firmaram-se na explicação de como esse nível
pode ser justificado. Nesse momento, mais do que buscar um meio de reduzir as perdas,
os administradores procuram meios de evitar que as coisas piorem. Em outras palavras,
eles procuram avisar antecipadamente os problemas esporádicos em potencial.
Enquanto isso, o problema crônico dos 10% de perda perdura por anos a fio.
Para alcançar o JIT é necessário encontrar meios de atacar esses problemas
crônicos na forma projeto a projeto. Significa que todas as normas estabelecidas devem
ser questionadas. Não pode haver "nível aceitável" de estoques de segurança, de
estoques intermediários, de estoques de produtos acabados, de material em processo, de
disponibilidade de máquina, de absenteísmo, de retrabalho, refugo, de reclamação de
clientes, de exigências de garantia, de tempo de aprovação de crédito, de erros em
faturas, mal endereçamento de telefonemas ou correspondência, de negociações
42
trabalhistas, de reclamações sobre serviços, de falhas no lançamento de produtos, de má
informação de marketing, de modificações no design, etc.
Aplica-se o mesmo princípio aos fornecedores; eles não poderão operar
melhoramentos se não souberem como.
Dessa forma, para alcançar as metas da empresa, é preciso ajudar os
fornecedores a fazer o mesmo. Isso Implica um relacionamento cooperativo com
controle a longo prazo e não um relacionamento antagônico baseado em multiplicidade
de fornecedores.
Apesar descrevermos o aspecto relevante do CQI, o conceito em si está em
contínua evolução. Empresas no nível mais elevado de CQI estão constantemente
desenvolvendo métodos mais efetivos visando torná-las mais e mais competitivas; as
metas, porém, nunca mudam. Dentro do CQI há muitos objetivos.
Os conceitos, técnicas e planejamento incluem:
• Estabelecimento de um grupo de trabalho de alto nível;
• Estabelecimento de grupos funcionais/regionais/de fábrica,
• grupos inter/intradepartamentais;
• atividades de pequenos grupos de funcionários diretos;
• técnicas de identificação seleção e solução de problemas e ações corretivas para
projetos;
• monitoração de custos;
• monitoração de programas;
• facilitação e suporte;
• desenvolvimento e auditoria de sistemas.
43
O sistema JIT tem corno objetivo fundamental a melhoria contínua do processo
produtivo. A perseguição destes objetivos dá-se, através de um mecanismo de redução
dos estoques, os quais tendem a camuflar problemas.
Os estoques têm sido utilizados para evitar descontinuidades do processo
produtivo, diante de problemas de produção que podem ser classificados principalmente
em três grandes grupos:
• Problemas de qualidade: quando alguns estágios do processo de produção
apresentam problemas de qualidade, gerando refugo de forma incerta, o estoque,
colocado entre estes estágios e os posteriores, permite que estes últimos possam
trabalhar continuamente, sem sofrer com as interrupções que ocorrem em estágios
anteriores. Dessa forma, o estoque gera independência entre os estágios do processo
produtivo.
• Problemas de quebra de máquina: quando uma máquina pára por problemas
de manutenção, os estágios posteriores do processo que são "alimentados" por esta
máquina teriam que parar, caso não houvesse estoque suficiente para que o fluxo de
produção continuasse, até que a máquina fosse reparada e entrasse em produção normal
novamente. Nessa situação, o estoque também gera independência entre os estágios do
processo produtivo.
• Problemas de preparação de máquina: quando urna máquina processa
operações em mais de um componente ou item, é necessário preparar a máquina a cada
mudança de componente a ser processado. Esta preparação representa custos referentes
ao período inoperante do equipamento, à mão-de-obra requerida na operação de
preparação, à perda de material no início da operação, entre outros. Quanto maiores
estes custos, maior tenderá a ser o lote a ser executado, para que estes custos sejam
rateados por uma quantidade maior de peças, reduzindo, por conseqüência, o custa por
unidade produzida. lotes grandes de produção geram estoques, pois a produção é
executada antecipadamente à demanda, sendo consumida por esta em períodos
subseqüentes.
44
Como se vê, o estoque funciona como um investimento necessário quando
problemas como os citados estão presentes no processo produtivo. O objetivo da
filosofia JIT é reduzir os estoques, de modo que os problemas fiquem visíveis e possam
ser eliminados através de esforços concentrados e priorizados, a estoque e o
investimento que este representa podem ser simbolizados pela água de um lago que
encobre as pedras que representam os diversos problemas do processo produtivo. Desse
modo, o fluxo de produção (representado pelo barco) consegue seguir às custas de altos
investimentos em estoque. Reduzir os estoques assemelha-se a baixar o nível da água,
tornando visíveis os problemas que, quando eliminados, permitem um fluxo mais suave
da produção, mesmo sem estoques, Reduzindo-se os estoques gradativamente, tornam-se
visíveis os problemas mais críticos da produção, ou seja, possibilita-se um ataque
priorizado. À medida que estes problemas vão sendo eliminados, reduzem-se mais e
mais os estoques, localizando-se e atacando-se novos problemas "escondidos".
O Sistema de administração da produção Just in Time é mais do que um conjunto
de técnicas, sendo considerado uma filosofia de trabalho. Seus objetivos fundamentais
são a qualidade e a flexibilidade do processo. Esta filosofia diferencia-se da abordagem
tradicional de administrar a produção nos seguintes aspectos:
1. Os estoques são considerados nocivos por ocuparem espaço e representarem
altos investimentos de capital mas também e principalmente por esconderem
ineficiências do processo produtivo, como problemas de qualidade, altos tempos de
preparação de máquina para troca de produtos e falta de confiabilidade de equipamentos;
2. Coloca ênfase na redução dos lotes de fabricação através da redução dos
tempos de preparação de equipamentos;
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3. Assume a meta de eliminação de erros, não os considerando como inevitáveis;
4. Coloca ênfase no fluxo de materiais e não na maximização da utilização da
capacidade;
5. Transfere a responsabilidade de funções como o balanceamento das linhas, o
controle da qualidade e a manutenção preventiva à mão-de-obra direta, deixando à mão-
de-obra indireta as funções de apoio e auditoria;
6. Coloca ênfase na ordem e limpeza da fábrica como pré-requisitos
fundamentais para o atingimento dos objetivos pretendidos.
O sistema JIT pode ser definido como um sistema de manufatura cujo objetivo é
otimizar os processos e procedimentos através da redução contínua de desperdícios. Os
desperdícios atacados podem ser de várias formas: desperdício de superprodução,
desperdício de material esperando no processo, desperdício de transporte, desperdício de
processamento, desperdício de movimento nas operações, desperdício de produzir
produtos defeituosos e desperdícios de estoque. As metas colocadas pelo JIT em relação
aos vários problemas de produção são:
• zero defeitos,
• tempo zero de preparação (setup),
• estoque zero,
• movimentação zero,
• quebra zero,
• lead time zero,
• lote unitário (uma peça).
46
O sistema de produção que adota a filosofia JIT deve ter determinadas
características, as quais formam um corpo coerente com os princípios do JIT. São
características:
O sistema JIT não se adapta perfeitamente à produção de muitos produtos
diferentes, pois, em geral, isto requer extrema flexibilidade de faixa do sistema
produtivo em dimensões que não são conseguidas com a filosofia JIT.
Conseqüentemente, deve ser dada ênfase ao "projeto adequado à manufatura" e ao
"projeto adequado à montagem", de modo a permitir que os setores produtivos tenham
um foco definido, sem, entretanto restringir demais a variedade de produtos oferecidos
ao mercado.
O layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se os componentes
produzidos em famílias com determinado roteiro de produção e formas similares; dessa
forma, podem-se montar pequenas linhas de produção (células), de modo a tornar o
processo mais eficiente, reduzir a movimentação e o tempo gasto com preparação de
máquina.
A gerência da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos encarregados
no balanceamento da linha, na não-aceitação de erros, paralisando-se a linha até que os
erros sejam eliminados, se for necessário, e na produção de modelos mesclados.
A responsabilidade pela qualidade é transferida à produção e é dada ênfase ao
controle da qualidade na fonte, adotando os princípios do Controle da Qualidade Total.
A redução dos estoques (favorecendo a consciência dos problemas de qualidade) e a
resolução dos problemas de qualidade (reduzindo a necessidade da manutenção de
estoques) forma um cicio positivo de aprimoramento contínuo.
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É dada ênfase na redução dos tempos do processo, como forma de conseguir
flexibilidade. Os tempos gastos com atividades que não agregam valor ao produto
(tempo de fila, tempo de preparação de máquina e tempo de movimentação) devem ser
eliminados, enquanto os tempos gastos com atividades que agregam valor (tempo de
processamento) devem ser utilizados de forma a maximizar a qualidade dos produtos
produzidos.
O fornecimento de materiais no sistema JIT deve ser urna extensão dos
princípios aplicados dentro da fábrica, tendo corno principais objetivos os lotes de
fornecimento reduzidos, recebimentos freqüentes e confiáveis, lead times de
fornecimento reduzidos e altos níveis de qualidade.
O elemento humano tem participação fundamental no sistema JIT, sendo o
envolvimento da mão-de-obra e o trabalho em equipe pré-requisitos para a
implementação do JIT.
O planejamento da produção no sistema JIT deve garantir uma carga de trabalho
diária estável, que possibilite o estabelecimento de um fluxo contínuo de material. O
sistema de programação e controle da produção está baseado no uso de cartões para a
transmissão de informação entre os centros produtivos. Esse sistema é denominado de
sistema kanban, e seque a lógica de "puxar" a produção, produzindo somente o
necessário, na quantidade necessária e no momento necessário, de modo a atender à
demanda dos centros consumidores.
O JIT requer aplicação intensa de programas de envolvimento do trabalhador,
particularmente daqueles que incorporam técnicas de solucionar problemas.
O JIT não pode ser atingido da noite para o dia. É uma meta de longo prazo.
Envolve todo o pessoal, em todos os níveis, em um processo contínuo, ano a ano. As
questões verdadeiras são quando, onde e como começar.
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As vantagens, do sistema de administração da produção Just in Time podem ser
mostradas através da análise de sua contribuição aos principais critérios competitivos.
Dados os preços já pagos pelos equipamentos, materiais e mão-de-obra, o JIT
busca que os custos de cada um desses fatores, seja reduzido ao essencialmente
necessário. As características do sistema JIT, o planejamento e a responsabilidade dos
encarregados da produção pelo refinamento do processo produtivo favorecem a redução
de desperdícios. Isto pode ser notado, por exemplo, no esforço para eliminar as
operações desnecessárias ao produto, já na fase de projeto. Adicionalmente a estes
esforços de tornar eficiente o tempo em que valor é agregado ao produto, esforços
também são gastos no sentido de eliminar o tempo gasto com atividades que não
agregam valor. A redução dos tempos de setup, interno e externo, além da redução dos
tempos de movimentação, dentro e fora da empresa, são exemplos claros disso. A
flexibilidade dos postos de trabalho e dos trabalhadores constitui-se num elemento chave
que permite o ajuste contínuo, necessário à maximização da eficiência da produção.
A produção JIT busca reduzir os custos através da minimização de estoques. Não
pode haver formação desnecessária de estoque em processo. Matérias-primas e
componentes comprados são mantidos em volumes baixos, através de entregas
freqüentes de pequenas quantidades. O estoque de produtos acabados representa apenas
a quantidade planejada na programação mensal e diária. O sistema kanban de controle
também favorece a redução de estoques pela simples retirada de cartões do sistema. O
esforço de minimizar o tamanho dos lotes também reduz o nível médio de estoques.
Lotes pequenos e tempos curtos de preparação de máquina resultam em menores
cicios de produção (lead times).
A rápida adaptação às variações da demanda não só deixa os clientes satisfeitos,
mas também previne contra produção de estoques excessivos.
49
O sistema kanban de controle do fluxo de materiais também favorece a
eficiência, pois a redução dos estoques torna visíveis os problemas como
desbalanceamento da produção, fazendo com que o fluxo não possa continuar até que os
problemas sejam corrigidos. O fluxo de produtos de qualidade ruim não é permitido,
minimizando os custos com retrabalho e evitando que valor seja agregado a peças que
não poderão ser utilizadas. Finalmente, as políticas de automação previnem contra a
automatização de processos ineficientes.
O projeto do sistema evita que os defeitos fluam ao longo do fluxo de produção;
o único nível aceitável de defeitos é zero. A pena pela produção de itens defeituosos é
alta, isto é, a parada da produção. Isto motiva a busca das causas dos problemas e das
soluções que eliminem as causas fundamentais destes problemas. Os trabalhadores são
treinados em todas as tarefas de suas respectivas áreas, incluindo a verificação da
qualidade.
Sabem, portanto, o que é uma peça com qualidade e como produzi-ia. Se um lote
inteiro for gerado de peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará o
número de peças afetadas. O aprimoramento da qualidade faz parte da responsabilidade
dos trabalhadores da produção, estando incluída na descrição de seus cargos.
A confiabilidade das entregas também é aumentada através da ênfase na
manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o processo mais
robusto. As regras do kanban e o principio da visibilidade permitem identificar
rapidamente os problemas que poderiam comprometer a confiabilidade, permitindo sua
imediata resolução.
Como o sistema kanban prevê a manutenção de certo estoque de componentes
entre os centros de produção, conforme foi descrito, se houver uma variedade muito
grande de produtos e de componentes, o fluxo de cada um não será contínuo e sim
intermitente, gerando altos estoques em processo para cada item, principalmente
considerando-se a demanda de cada um. Isto contrariaria uma série de princípios da
50
filosofia JIT, comprometendo sua aplicação. Outro problema resultante da grande
variedade de produtos seria a conseqüente complexidade dos roteiros de produção. O
princípio geral de transformação do processo produtivo numa linha contínua de
fabricação e montagem de produtos fica prejudicado se um conjunto de roteiros
preferenciais não pode ser estabelecido.
Finalmente, a redução de estoques do sistema pode aumentar o risco de
interrupção da produção em função de problemas de administração da mão-de-obra,
como greves, por exemplo, tanto na própria fábrica como na de fornecedores. Da mesma
forma, o risco de paralisação por quebras de máquinas também é aumentado.
A implementação do sistema JIT requer um enfoque sistêmico, no qual uma série
de aspectos da empresa tem que ser modificada. Não é apenas uma questão da aplicação
de uma técnica específica, mas, antes de mais nada, mudanças em vários campos, alguns
dos quais são pré-requisitos para a implantação da filosofia JIT. Entre estes aspectos
pode-se citar:
• Comprometimento da alta administração: o sucesso da implantação do JIT
não pode ser obtido sem urna implantação clara da crença da alta administração no
sistema JIT. Mudanças de atitude em toda a empresa são necessárias para a integração
das diversas áreas, desenvolvendo uma mentalidade global voltada para a resolução de
problemas. Programas de treinamento neste sentido devem ser suportados pela alta
administração. Os procedimentos para autorização de investimentos de capital para
aprimoramento dos processos devem ser claramente estabelecidos e simplificados.
• Medidas de avaliação de desempenho: a forma de avaliar o desempenho dos
diversos setores deve ser modificada para ser clara, objetiva e voltada a incentivar o
comportamento de todos os funcionários de forma coerente com os critérios
competitivos da empresa e com os princípios da filosofia JIT. Em particular, medidas de
desempenho exclusivamente relacionadas a taxas de utilização de equipamentos e
volume de produção são contra-recomendadas.
51
• Estrutura organizacional: a estrutura organizacional deve ser modificada para
reduzir a quantidade de departamentos especialistas de apoio, os quais costumam ser
responsáveis por aspectos que, segundo a filosofia JIT, passam a ser de responsabilidade
da própria produção. Entre eles, a qualidade, a manutenção (ao menos parte da
manutenção preventiva), o balanceamento das linhas e o aprimoramento dos processos.
Os especialistas devem atuar no sentido de capacitar os funcionários da produção para
que possam assumir tais responsabilidades, executando auditorias periódicas.
• Organização do trabalho: a organização do trabalho deve favorecer e enfatizar
a flexibilidade dos trabalhadores, a comunicação fácil entre os setores produtivos e o
trabalho em equipe.
• Conhecimento dos processos: a compilação de fluxogramas de materiais e de
informação para todas as atividades, seja na área de manufatura, seja de projeto, seja de
escritório, seguida da eliminação metódica das atividades que geram desperdícios ou
apenas não agregam valor, é pr&requisito importante. Em particular, a aplicação desses
procedimentos nos processos de preparação de equipamentos é um pré-requisito
fundamental,
• Ênfase nos fluxos: tanto na administração de escritórios como'de manufatura,
devem ser criadas estruturas celulares, baseadas nos fluxos naturais de materiais e/ou
informações. Estas estruturas devem facilitar os seguintes aspectos:
52
CAPÍTULO 4
LOGÍSTICA X MARKETING E PÓS – VENDA
4.1. Logística e Marketing
A integração logística e marketing não só é possível, como absolutamente
necessária as empresas que desejam ser competitiva no mercado atual.
A logística é o braço operacional do marketing. O marketing vende o
produto e a logística materializa a posse desse produto ao cliente.(Figueiredo, Kleber,
COPPEAD)
A promoção da integração entre estas duas áreas funcionais está longe de
ser trivial, sendo que poucas empresas conseguem êxito. O êxito normalmente é obtido
em empresas onde existe planejamento conjunto de vendas e operações, o que envolve
mudanças na estrutura e na infra-estrutura organizacional.
Em empresas com pequena integração, os gerentes de logística tendem a
perceber seu serviço de distribuição melhor do ele realmente é. Por sua vez, os gerentes
de marketing, atribuem pouco ou nenhum crédito ao serviço de distribuição física à
satisfação do consumidor final, ou a um maior volume de vendas.
O que falta, em algumas empresas é a visão de que a venda só se
completa quando o consumidor ou o cliente coloca a mão no produto. Fazer o
desenvolvimento de produtos, campanhas publicitárias ou revisão de preços sem
identificar que o impacto logístico pode jogar os investimentos de marketing no lixo. Por
isso, deve ser considerada também como logística, decisões que abrangem quesitos
como embalagens, mix de vendas, canais de distribuição, geografia de entrega, níveis de
estoque e serviço atrelado ao produto.
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Atualmente, conhecer as necessidades do cliente, bem como sua
percepção sobre a qualidade dos serviços prestados, passou a ser fundamental àquelas
empresas que pretendem agregar valor aos produtos comercializados como forma de
diferenciação e, conseqüentemente, de alavancagem de seus negócios.
Por outro lado, todo o esforço para se buscar a melhor maneira de
atendimento às necessidades dos clientes pode ser em vão se o desempenho das
operações não atinja suas expectativas, portanto, o foco no cliente é a chave para o
sucesso. Afinal de contas, clientes e empresas aprenderam a não somente esperar um
bom serviço como também a exigi-lo.
54
4.2. A Logística do Pós-Venda
Manter um bom relacionamento com os clientes é, hoje em dia, um fundamento
básico no mundo dos negócios. É através da manutenção de uma carteira de clientes fiéis
que uma empresa pode minimizar a dependência de estar continuamente conquistando
novos clientes, numa frenética luta com um número cada vez maior de concorrentes.
Esta acirrada perseguição a novos clientes tem aumentado dramaticamente os custos de
marketing e, por esta razão, seguidamente ouvimos falar que manter os clientes
conquistados sai mais barato do que atrair clientes novos.
Já em 1983, num clássico artigo (After the sale is over...), o "guru" de marketing,
Theodore Levitt, dizia que "as pessoas compram expectativas, não coisas". O autor
defendia que o relacionamento entre consumidor e fornecedor deveria ser caracterizado
muito mais por ser duradouro e contínuo do que ficar restrito ao momento da venda. No
futuro, prosseguia Levitt, a entrega, o serviço, a confiabilidade e a qualidade das
interações serão muito mais importantes do que o produto e a tecnologia empregada em
sua fabricação. Ao fazer uma analogia entre as etapas de uma compra (antes, durante e
depois) com as etapas do relacionamento entre casais (namoro, noivado e casamento), o
autor dizia que se existirem provas concretas de atenção, preocupação e respeito "uma
vez concluída" a venda, a relação será sólida e duradoura. Se, ao contrário, ficar claro
que o que o vendedor quer é apenas vender seu produto, nenhum vínculo será
estabelecido e provavelmente assistiremos uma relação de rejeição no momento da
realização de uma nova compra.
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Quase vinte anos depois, observamos que a previsão de Levitt se concretizou. A
redução do nível de diferenciação entre produtos concorrentes fez com que a decisão de
compra por parte do cliente ficasse influenciada não só pela relação entre o valor
percebido do produto e seu preço, mas também pela comparação entre a qualidade do
serviço oferecido e seu custo para o cliente. Muitas empresas precisaram de muito tempo
para entender que não é suficiente fabricar um bom produto para conseguir clientes.
Infelizmente pode ocorrer de os clientes não apreciarem os aspectos técnicos mais
sofisticados, resultado de muitas horas ou anos de trabalho de projetistas e pesquisadores
muito bem remunerados. É mais fácil e mais rápido, entretanto, que o cliente note que o
produto em dado momento deixa de funcionar e que conseguir que o mesmo seja
reparado acaba sendo um pesadelo ou porque demora o diagnóstico ou porque não há
peças de reposição disponíveis.
Dessa forma, os clientes esperam que o serviço pós-venda seja um atributo do
produto tanto quanto a qualidade, o design, seu rendimento e o preço. A satisfação que
um produto proporciona não é relacionada apenas ao produto em si, mas também ao
pacote de serviços que o acompanha. A função do pós-venda é garantir esta satisfação,
ajudando a fidelizar o cliente e divulgar a boa reputação da empresa também para outros
possíveis compradores
. O Pós-venda citado nesse capítulo, refere-se à todas as atividades logísticas, já
explicadas anteriormente, que se bem realizadas, garantem a satisfação dos clientes,
fidelizando-os para compras futuras. O Pós-venda, nesse caso, pode gerar diferencial
competitivo, considerando que a venda não termina quando o produto é entregue ao
cliente. Existe a intenção de criar um elo de ligação.
Infelizmente as empresas não medem as vendas perdidas nem a deserção de
clientes. Mesmo num setor considerado de ponta em muitos aspectos de seu negócio,
como é o das montadoras de automóveis, que vendem um produto de alto valor
agregado, podemos afirmar que elas não sabem, e nem se preocupam em saber, quantos
clientes trocaram de marca em função do péssimo atendimento recebido no pós-venda
56
proporcionado por suas concessionárias. Se tivessem esta informação, poderiam avaliar
os ganhos que teriam durante a "vida útil" dos clientes que a abandonaram, ou seja, o
intervalo de tempo no futuro que estes clientes poderiam comprar seus produtos e seus
serviços, e comparar o valor presente destas receitas futuras com o investimento
necessário para melhorar o serviço pós-venda. E se subtraíssem desse investimento o
que gastam em custosas campanhas de marketing para atrair clientes para substituir
aqueles que se foram, veriam que o retorno do investimento em melhorar o serviço pós-
venda seria muito rápido.
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CONCLUSÃO
A Logística pode gerar diferencial competitivo e conseqüente aumento de
resultados, se, antes de tudo, for um objetivo da alta administração, que deve
implementar a visão que a responsabilidade dos processos logísticos deve ser de vários
setores da empresa.
Conseqüentemente, os departamentos da empresa, precisarão criar, implementar
e avaliar em conjunto os processos produtivos da empresa, posicionamento no mercado,
e até lançamento de novos produtos.
Todos os funcionários têm de estar conscientes da importância do cliente, porque
toda a filosofia logística, ou seja, a logística só tem razão de ser, pelo cliente a quem ela
atenderá.
Todo o processo não é estático, portanto, deve ser constantemente avaliado para
possíveis modificações, afim de atender às mundanças no ambiente interno e externo da
organização.
Apesar de serem utilizadas com sucesso em várias empresas, as ferramentas de
gerenciamento, ainda são consideradas em construção no meio acadêmico e uma
realidade relativamente pequena no contexto geral da empresas de todo o mundo.
Portanto, ainda há muito o que se pesquisar nessa área de estudos e somente com um
número significativo de empresas que utilizam essas ferramentas gerenciais , e
principalmente, de empresas que têm profissionais conscientes da importância destes
processos, é que teremos mais discussões à respeito.
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ANEXO 1 ATIVIDADES CULTURAIS REALIZADAS
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ANEXO 1 ATIVIDADES CULTURAIS REALIZADAS
60
BIBLIOGRAFIA BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. Tradução de Hugo T. Y. Yoshizaki. São Paulo: Atlas, 1993. BOWERSOX, Donald J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. Tradução Equipe do Centro de Estudos em Logística, Adalberto Ferreira das Neves. São Paulo: Atlas, 2001.
CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo : Pioneira, 1997.
CORONADO, Osmar. Controladoria no atacado e varejo: logística integrada e modelo de gestão sob a óptica da gestão econômica logisticon. São Paulo: Editora Atlas, 2001. FIGUEIREDO, Sandra e CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: teoria e prática. 2ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1997. FLEURY, Paulo Fernando Fleury. Logística Empresarial: A perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. KAPLAN, Robert S. e COOPER, Robin. Custo e Desempenho. Administre seus Custos para ser mais Competitivo. São Paulo: Futura, 1998. MARTIN, Nilton Cano. Da Contabilidade à Controladoria: A Evolução Necessária. Número 28. Revista Contabilidade & Finanças, janeiro/abril 2002. McNAIR, C.J. Maximizando o lucro final: Alto desempenho em todas as linhas do "lucros e perdas". São Paulo: Makroon Books, 2000. NAKAGAWA, Masayuki. Introdução à Controladoria: Conceitos, Sistemas, Implementação. São Paulo: Editora Atlas, 1995.
NOVAES, Antônio Galvão - Logística aplicada: suprimento e distribuição física. 2.ed., São Paulo: Pioneira, 1994.
PORTER, M. E., Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1991. SCHIMIDT, Paulo (Organizador). Controladoria agregando valor para a empresa. Porto Alegre: Editora Bookman, 2002.
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ÍNDICE
CAPÍTULO 1 – LOGÍSTICA 1.1. Histórico................................................................................................................... 8 1.2. Conceitos.................................................................................................................. 10 1.3. Evolução dos Conceitos de logística........................................................................ 12 1.4. Atividades da Logística............................................................................................ 15 1.5. A Logística no Brasil................................................................................................ 17 CAPÍTULO 2 – GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 2.1. Considerações.......................................................................................................... 19 2.2. Técnicas e Procedimentos da Gestão de Suprimentos............................................. 20 2.3. Supply Chain Management ..................................................................................... 22 CAPÍTULO 3 – LOGÍSTICA DE RESULTADOS 3.1. A Importância dos Custos Logísticos na Cadeia de Suprimentos........................... 30 3.2.Custeio ABC…………………………………………………………..........………34 3.3. Just In Time………………………………………………….…….……………….39 CAPÍTULO 4 – LOGÍSTICA X MARKETING E PÓS – VENDA 4.1. Logística e Marketing ............................................................................................. 52 4.2. Logística do Pós-Venda........................................................................................... 54
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Universidade Candido Mendes Projeto “ A Vez do Mestre” Pós graduação “Lato Sensu”
Curso Gestão Estratégica e Qualidade
A Logística Gerando Diferencial Competitivo e Aumento de Resultados
Por: Rita Vieira Coelho Xavier Prof. Ms Adélia Araújo
Data da Entrega:___________________________ Avaliador: _______________________________ Conceito:____________ Avaliador: _______________________________ Conceito:____________ Avaliador: _______________________________ Conceito:____________ Conceito final:______________ ______________________,_______de___________________de__________.
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