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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÂO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM NA TERCEIRA
IDADE.
Por: Letícia Gravano Pacheco Pereira
Orientadora: Dayse Serra
Data : 31/01/2011
1UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM
NA TERCEIRA IDADE
Objetivo Geral:Compreender a importância da aprendizagem na
terceira idade.
Objetivos Específicos: Refletir a aprendizagem como
instrumento facilitador para uma melhor qualidade de vida na
terceira idade e verificar a conquista da autonomia em idosos
inseridos em projetos de aprendizagem.
Curso: Psicopedagogia
Por: Letícia Gravano Pacheco Pereira
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de ampliar meus
conhecimentos.
Agradeço a meus pais e a toda a minha família, em especial, meu
marido Wander e a minha filha Carolina que sempre me apoiaram na
realização dos meus projetos de vida.
Agradeço a todos os idosos que participaram desta pesquisa, em
especial, meus pais, minha tia e minha madrinha.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que sempre buscam um
sentido para trazer qualidade às suas vidas, como percebemos na sabedoria
de Cora Coralina:
“Feliz aquele que ensina o que sabe e aprende o que ensina”
“Estamos todos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o
tempo”
“Não podemos acrescentar dias à nossa vida, mas podemos
acrescentar vida aos nossos dias”
3RESUMO
Esta monografia objetiva fazer uma pesquisa acerca da relevância da
aprendizagem na terceira idade. Em virtude da melhoria aos serviços de saúde,
as pessoas, de uma forma geral, estão vivendo mais. Considerando o
envelhecimento da população, faz-se necessário que esta camada da
população seja inserida no contexto atual da sociedade de forma a viver com
mais autonomia e qualidade de vida. Para que tal fato aconteça, é preciso que
os idosos estejam receptivos ao ato de aprender e que encontrem condições
favoráveis ao processo de aprendizagem que pode ocorrer em qualquer fase
da vida do ser humano, inclusive, na velhice. A pesquisa visará, também,
demonstrar que o psicopedagogo, profissional que cuida da qualidade da
aprendizagem, é peça prioritária para intervir, se necessário for, na busca de
uma relação mais eficaz com o aprender.
4METODOLOGIA
Esta monografia trata-se de uma pesquisa acerca da importância da
aprendizagem na terceira idade. Os principais autores utilizados na realização
desta pesquisa foram: Chaimowicz, Vigotsky e Paulo Freire.
Esta pesquisa foi realizada com vinte idosos com mais de 60 anos,
moradores dos bairros de Icaraí e Cubango em Niterói ,no Rio de Janeiro.
O instrumento utilizado na pesquisa foi um questionário.
5SUMÁRIO
PÁGINA
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO I: O IDOSO E A APRENDIZAGEM. 08
CAPÍTULO II: A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZA-
GEM NA TERCEIRA IDADE EM DIVERSOS SETO-
RES. 14
CAPÍTULO III: A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓ-
GICA COM IDOSOS. 33
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 37
ANEXO I - QUESTIONÁRIO 39
ANEXO II- REPORTAGEM 41
ANEXO III – WEBGRAFIA 43
6INTRODUÇÃO
O envelhecimento humano é um fenômeno que está mudando o perfil
demográfico no Brasil. De acordo com a pesquisa feita pelo IBGE, a
expectativa de vida no país aumentou cerca de 3 anos entre 1999 e 2009.A
nova expectativa de vida do brasileiro é de 73,1 anos. Entre as mulheres são
registradas as menores taxas de mortalidade. Representam 55,8% das
pessoas com mais de 60 anos. Houve um aumento do número de idosos em
torno de 6,4 milhões para 9,7 milhões. Em termos percentuais, a proporção de
idosos na população subiu de 3,9% para 5,1%. Pessoas com mais de 80 anos
poderá atingir, em 2050, os 13,7 milhões representando um crescimento em
torno de 4,16% ao ano.
O declínio das taxas de natalidade com a introdução e a difusão dos
métodos anticonceptivos orais no Brasil em 1960, a diminuição da fecundidade
no Brasil que posiciona 2 filhos por mulher e o declínio da mortalidade infantil
como resultado da melhoria em todos os estados no acesso da população aos
serviços de saúde contribuíram para o crescimento da população idosa. Em
outras palavras, os avanços da ciência e as melhorias das condições de vida
colaboraram para o aumento relativo e absoluto da população idosa.
Em virtude das diversas pesquisas que apontam o envelhecimento rápido e
crescente da população brasileira, o tema desta monografia contempla a
preocupação com uma camada que, principalmente, nas grandes cidades,
apresenta uma perspectiva de vida condizente com a modernidade, isto é , os
idosos sentem a necessidade de interagir com os mais novos e de se adequar
às novidades. Para que tal interação aconteça, o tema desta pesquisa
monográfica é a aprendizagem na terceira idade, que visa fazer com que o
idoso use o aprender como instrumento facilitador para uma melhoria na
qualidade de vida. Esta pesquisa objetiva, também, verificar a conquista da
autonomia pelos idosos inseridos em projetos de aprendizagem.
Sendo assim, a questão central desta pesquisa é: a aprendizagem é
relevante na terceira idade? Considerando a quantidade de pessoas que estão
se aposentando ainda em pleno vigor mental e físico, faz-se necessário um
7trabalho de conscientização da sociedade a fim de criar recursos para auxiliar o
indivíduo idoso a desenvolver as suas potencialidades.
Sabe-se que, nesta etapa da vida, a competitividade por novos
cargos, salários melhores, diminui; favorecendo ao ato de aprender, que é
fundamental na espécie humana, maior prazer, maior satisfação.
Há, portanto, um enfoque na aprendizagem centrada na resolução
de problemas e tarefas que se confrontam na vida cotidiana.Consequentemen-
te, esta pesquisa visa trazer contribuições para o idoso ter condições de gerir
de forma equilibrada, autônoma e produtiva o cotidiano de suas vidas.
No decorrer desta monografia, serão apresentadas as seguintes
abordagens: o idoso e a aprendizagem, a importância da aprendizagem na 3ª
idade em vários setores e os recursos utilizados pela Psicopedagogia para
melhoria da aprendizagem do idoso.
É importante salientar que, para que haja maior inserção social do idoso,
é fundamental um estudo que revele o papel primordial da aprendizagem na
terceira idade. Desta forma, a pesquisa estará contribuindo para dar a
importância devida às pessoas que também são responsáveis pela formação
de uma sociedade melhor.
8CAPÍTULO I: O IDOSO E A APRENDIZAGEM.
A população idosa vem crescendo, consideravelmente, graças ao
declínio das taxas de natalidade, a diminuição da fecundidade no Brasil e a
diminuição da mortalidade infantil como resultado da melhoria no acesso da
população aos serviços de saúde. Desta forma, embora esta parcela da
população ainda não tenha sido contemplada de forma honrosa, percebe-se
que houve mudanças significativas, tais como a criação do estatuto do idoso
aprovado em setembro de 2003 que institui penas severas para quem
desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Vale destacar o artigo
2° que diz:” O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-
se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para
preservação de sua saúde física, mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”. Esta lei
veio assegurar a parcela de igualdade dos idosos com relação às demais
pessoas da população, já que aqueles vivem em um contexto de
desigualdades sociais por não encontrarem um amparo no sistema público de
saúde e previdência adequados. Por este motivo, os idosos desenvolvem
incapacidades, perdem autonomia e qualidade de vida (Chaimowicz, 1998). É
importante, neste momento, ressaltar algumas considerações referentes à vida
do idoso.
O processo de envelhecimento depende de três classes de fatores
principais: biológicos, psíquicos e sociais. São estes fatores que podem
preconizar a velhice, acelerando ou retardando o aparecimento e a instalação
de doenças e de sintomas característicos da idade madura.
O envelhecimento fisiológico compreende uma série de alterações nas
funções orgânicas e mentais, devido aos efeitos da idade avançada sobre o
organismo, fazendo com que o mesmo perca a capacidade de manter o
equilíbrio, pois as funções fisiológicas começam a declinar. Entretanto, estas
alterações podem provocar duas situações distintas: um organismo
envelhecido, em condições normais, que pode sobreviver adequadamente e
9um submetido a situações de stress físico,emocional, que pode apresentar um
quadro que vai culminar em processos patológicos.
Desta forma, o envelhecimento, do ponto de vista fisiológico, depende
significativamente do estilo de vida que a pessoa assume desde a infância ou
adolescência. As pessoas idosas, fisicamente ativas, têm capacidade
semelhante à das pessoas jovens ativas. Isso significa que alguns processos
fisiológicos, que diminuem com a idade, podem ser modificados pelo exercício
e pelo condicionamento físico(Argimon & Stein, 2005).
.Outro aspecto a ser comentado em relação ao idoso, diz respeito à área
cognitiva.O declínio cognitivo ocorre como um aspecto normal do
envelhecimento, pois este é um processo biológico natural. Estudos relativos
ao desempenho intelectual demonstraram que as aptidões cognitivas começam
a diminuir após os 60 anos de idade. No entanto, o declínio das funções
intelectuais não se dá de maneira uniforme (Stein,2005). Quando se trata de retratar um idoso, é preciso considerar variações individuais muito grandes. Por
exemplo: há indivíduos com 65 anos sofrendo de doenças crônicas, com pouca
autonomia, enquanto há outros com 80 anos com ativa participação social e
boa imagem de si próprio. Estudos indicam que atividades diversas podem
atenuar o declínio cognitivo dos idosos. Baseado nesta premissa, pode-se
supor que um idoso que faça exercícios físicos, realize trabalhos voluntários,
mantenha uma atividade remunerada ou participe assiduamente de um grupo
de amigos, tenderá a ter menor declínio cognitivo.
Graças, também, aos estudos da Neurociência –ciência que estuda o
sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento, funcionamento, -
constatou-se que o cérebro possui uma plasticidade que o possibilita
remodelar-se em função das experiências vividas pelo sujeito, que, no caso,é o
idoso, O cérebro modifica-se sob o efeito não só da experiência, mas também
das percepções, das ações e dos comportamentos.
.Outro aspecto de grande relevância para ser abordado diz respeito ao
papel social do idoso. Considerando que, na sociedade capitalista, o foco é
produzir mais e mais, o envelhecimento é visto como um “problema”, pois os
10processos que implicam na diminuição gradativa da possibilidade de
sobrevivência, acompanhada por alterações regulares na aparência, no
comportamento, na experiência e nos papéis sociais, impedem que a pessoa
idosa seja valorizada enquanto indivíduo que produz riqueza. Desta forma, a
velhice passa a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na
medida em que a individualidade já teria os seus potenciais evolutivos e
perderia, então,o seu valor social.
O papel social do idoso é muito importante no significado do
envelhecimento, pois o mesmo depende da forma de vida que as pessoas
tenham levado, como das condições atuais que se encontram. Pensando nesta
importância, faz-se necessário o resgate do sentido de vida do idoso.
Para que ocorra este ressignificado de vida, é conveniente a menção de
algumas considerações. Segundo estudos, sabe-se, por exemplo, que a
aposentadoria gera uma crise no indivíduo .
Segundo Magalhães, Krieger, Vivian, Straliotto, Marques e
Euzeby(2005), o trabalho consiste em aspectos importantes da identidade
individual. De acordo com estes mesmos autores, “ em nossa cultura, o papel
profissional é, identidade e um dos pilares fundamentais da autoestima te em
um dos aspectos mais senso de utilidade (p.2)”
Sendo assim, a interrupção do trabalho e a conseqüente perda dos
vínculos sociais estabelecidos neste contexto, podem implicar em danos na
qualidade de vida do indivíduo acarretando em sentimentos de inutilidade, de
solidão e de baixa autoestima.A retirada da vida de competição, e a sensação
de ser útil se reduzem. No início, a aposentadoria parece-lhe ser um bom
momento para o descanso. Aos poucos, percebe que sua vida tornou-se inútil.
Nesta ausência de papéis é que pode-se observar o verdadeiro problema do
aposentado: sua angústia, sua marginalização e, muitas vezes, o seu
isolamento do mundo. Percebendo que ninguém necessita dele por estar
isolado, recusado e excluído da sociedade, ele se sente cada vez mais
angustiado, tornando difícil sua adequação ao mundo no qual vive.
11O destaque dado ao aspecto social tem muita relevância para esta
pesquisa, pois a pessoa idosa, por conta das dificuldades próprias da idade,
necessita de um estímulo externo, especialmente da família, para determinar
as características e o comportamento do idoso. Assim, na família
suficientemente sadia, onde se predomina uma atmosfera saudável e
harmoniosa entre as pessoas, existe a possibilidade do crescimento de todos,
incluindo o idoso, pois todos possuem funções, papéis, lugares e posições. As
diferenças de cada um são respeitadas e levadas em consideração.
Já em famílias onde há desarmonia, falta de respeito e não
reconhecimento de limites, o relacionamento é carregado de frustrações, com
indivíduos deprimidos e agressivos. Essas características promovem
retrocesso na vida das pessoas. O idoso torna-se isolado socialmente e com
medo de cometer erros e ser punido.
Outra situação comum na etapa da velhice é a perda da autonomia. As
pessoas que cercam o idoso, normalmente têm atitudes, com o pretexto de
cuidar do bem estar do mesmo, que contribuem para que ele vá perdendo a
sua autonomia. Buscando protegê-lo e poupá-lo, o impedem de participar das
decisões e tiram sua liberdade de escolha chegando a decidir o que ele deve
comer e vestir. Há casos em que a família assume a administração dos bens
do idoso criando assim uma dependência cada vez maior.
Um outro aspecto importante a ser abordado é a aposentadoria que,
muitas vezes, é insuficiente e faz com que a grande maioria dos idosos torne-
se dependente dos “ favores “ de seus familiares.
Reconhece-se que para cada família o envelhecimento assume
diferentes valores que pode apresentar tanto aspectos de satisfação como de
pesadelo.
Além da família, o convívio em sociedade permite a troca de carinho,
experiências, idéias, sentimentos, conhecimentos, dúvidas, além de uma trova
permanente de afeto.
Outros aspectos importantes consistem na estimulação do pensar, do
fazer, do dar, do trocar, do reformular, do aprender.
12O idoso necessita estar engajado em atividades que o façam sentir-se
útil. Mesmo quando possui condições financeiras, o idoso deve estar envolvido
em atividades ou ocupações que lhe proporcionem prazer e felicidade.
A atividade em grupo é uma forma de manter o indivíduo engajado
socialmente, onde a relação com outras pessoas contribui de forma
significativa em sua qualidade de vida.
O idoso precisa ter vontade de participar do grupo para que assim possa
usufruir dele e tornar a sua vida mais satisfatória.
Desta forma, para que o indivíduo envelheça melhor, é necessário que
aprenda a ver no processo de envelhecimento mudanças benéficas, salutares,
mostrando que, na velhice, é possível utilizar e desenvolver o raciocínio
cognitivo e não apenas brincar, dançar e repetir. O idoso é capaz de aprender,
pois o ser humano aprende até a morte, e, como aprendiz, ele pode viver
melhor, participando em grupo, de sua própria aprendizagem e da construção
da aprendizagem de outros, com dignidade, autoestima elevada, autoconfiança
recuperada ou firmada na busca constante de sua completude.
Vários estudiosos têm buscado desenvolver métodos e estudos para
uma pedagogia voltada para alunos velhos. A Gerontagogia surge da
necessidade de dar origem a uma ciência que congregue métodos e técnicas
especialmente destinados à aprendizagem da pessoa de idade. Para este
autor, ao contrário da Pedagogia __ com preocupações essencialmente
sociológicas, que assenta no modelo de aquisição de conhecimentos e que se
dirige aos que vão ensinar nas escolas__e ao contrário da Andragogia__ um
modelo sobretudo econômico que tem em vista as pessoas já em exercício no
mercado de trabalho e que procuram aperfeiçoamento e reciclagem em termos
de educação__, a Gerontagogia traduz uma abordagem de competências que
não tem como objeto nem a formação inicial nem a reciclagem dos
conhecimentos, mas que tem como fim a metacognição, isto é, a faculdade de
planificar de dirigir a compreensão e de avaliar o que foi aprendido.
A Gerontagogia( contribuição da Pedagogia na Gerontologia) apresenta-
se como uma forte aliada nas mudanças de concepções com os idosos
13principalmente no que tange à educação continuada ao longo da vida.Quanto
mais bem equipado para viver em sociedade e quanto mais atualizado e
conectado com as rápidas mudanças que acontecem na contemporaneidade,
mais apto a pessoa se encontra para desfrutar das possibilidades da vida que
lhe são oferecidas.
No Brasil, a Gerontagogia é tratada com outra terminologia __ a
Gerontologia Educacional ou Educação Gerontológica é um campo
interdisciplinar que se desenvolve no âmbito da evolução da educação dos
idosos, da formação de recursos humanos para lidar com a velhice, e na
mudança das perspectivas das sociedades em relação aos idosos e ao
envelhecimento.
Sob este prisma, merece atenção o que determina o Estatuto do Idoso (
Lei nº 10.741, de 01/10/2003), capítulo V, nos Artigos 21 e 25, que se refere à
Educação, Esporte e Lazer
_ Artigo 21 _ O Poder Público criará oportunidades de acesso do
idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material
didático aos programas educacionais a ele destinados.
_ Artigo 25_ O Poder Público apoiará a criação de universidade
aberta para as pessoas idosas.
Esses suportes teóricos dão embasamento à proposta de melhoria da
qualidade de vida da pessoa idosa. Tal proposta como o protagonista do
processo educativo em busca de um envelhecimento bem sucedido.coloca o
ser idoso aprendente.
14CAPÍTULO II: A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM NA
TERCEIRA IDADE EM DIVERSOS SETORES.
A complexidade da vida atual exige um modo de pensar que leve a
descoberta de novos caminhos para viver o envelhecimento em sua plenitude,
respeitando as singularidades do ser idoso.
Viver plenamente é estar sempre pronto a se posicionar, a responder a
desafios e a ressignificar a própria existência. É participar, envolver-se, ousar
novas experiências. A sociedade deve criar oportunidades para que,
permanentemente, as pessoas idosas possam aprender a dar um novo sentido
a sua existência, jamais admitindo a possibilidade da indiferença em suas
ações e relações com o outro. Este aprendizado inicia-se através da
socialização, que é um processo amplo, permanente e contínuo de
aprendizagens sobre a vida em sociedade. Essa interação humana
socializadora facilita o autoconhecimento, de fundamental importância para
refletir-se sobre a relevância do sentido das aprendizagens necessárias às
pessoas idosas.
Além da dimensão do autoconhecimento, é importante que se tenha o
conhecimento contextualizado da sociedade em que se vive. Como seres
sociais, os idosos precisam compreender tanto a realidade local em que estão
inseridos como a sua interdependência com a realidade global.
Essa compreensão exige que os idosos busquem o desenvolvimento crítico e a conscientização de suas origens e histórias de vida como referências
para situar-se no mundo. A partir desta consciência, esta camada da
população, que, muitas vezes, sente-se excluída, passa a viver o
envelhecimento como cidadãos ativos. A partir daí, o conceito de idoso
excedente, isto é, aquele que não tem condições de produzir, passa a ser
desmistificado, uma vez que a produção neste estágio de vida não se perde,
apenas se transforma.
15 É com esse entendimento que, gradualmente, vem se ampliando as
atividades de lazer, de cultura, esportivas, educacionais e de saúde para dar
suporte as novas demandas dessa faixa crescente da população. De acordo
com pesquisa feita, as atividades mais procuradas pelos idosos são:
hidroginástica, natação yoga, bailes e eventos culturais.
A seguir, serão exemplificados alguns setores que têm relevância para o
aprendizado na terceira idade.
2.1 O idoso e a sexualidade.
É uma crença comum que com a velhice vem a perda de interesse pelo
sexo, assim como a impotência sexual. É certo que tanto os homens como as
mulheres passam por mudanças físicas nas funções corporais, mas isso não
significa que o interesse e a potência sexuais sejam destruídos. A atividade
sexual é função de numerosos fatores, além da saúde e condição física. A
compatibilidade com o cônjuge, sobretudo para a pessoa idosa, é um
importante fator na manutenção da atividade sexual.
Os padrões de comportamento sexual desenvolvidos no decorrer da vida
têm importante influência no comportamento sexual da velhice. Aqueles que,
16no plano sexual, foram relativamente ativos continuam sendo relativamente
mais ativos na velhice do que aqueles que foram menos ativos anteriormente.
O comportamento sexual entre as pessoas idosas é, sem dúvida, inibido
por algumas atitudes populares em relação ao sexo e ao envelhecimento. As
atitudes em relação ao funcionamento sexual das pessoas idosas também são
frequentemente antagônicas. Alguns indivíduos acreditam que, ao atingirem a
meia idade, devem por de lado o sexo. Muitas pessoas idosas acham que
mostrar qualquer interesse pelo sexo é uma atitude imprópria para elas e que o
sexo deve estar limitado aos jovens que são capazes de reprodução. Porém,
para que a sexualidade possa se manifestar de maneira saudável, é preciso
detalhar alguns pontos importantes.
Com o passar dos anos, o corpo se transforma.As mulheres sentem
claramente estas mudanças, principalmente no período da menopausa. Este
assinala o fim da capacidade reprodutora, mas não dos desejos.Assim, a
sexualidade continua a proporcionar sensações agradáveis, carinho, afeto e
boa comunicação, resultando em sentimento de felicidade, segurança e bem-
estar.
É necessário reconhecer que cada um tem uma maneira própria de
expressar sua sexualidade. Não é proibido fazê-lo.
As mudanças que ocorrem no homem a partir do processo de
envelhecimento diferem da mulher. Normalmente o homem não pensa que o
seu tempo acabou. A produção de espermatozóides após os 40 anos é menor.
Há redução da produção de testosterona, mas de forma lenta e pouco
pronunciada. Além destas mudanças,há homens que desencadeiam crises
com sintomas psicológicos como depressão, irritabilidade e falta de impulso
sexual.
Na mulher há uma mudança em nível pessoal e social que se inicia entre
os 48 e 51 anos que é a menopausa, ou seja, o fim da menstruação e da
função reprodutiva.Com a menopausa, as mudanças fisiológicas ocorrem na
pele, mama e na mucosa genital. Há, também, sintomas psicológicos como
irritabilidade ou mudanças de humor, variáveis de mulher para mulher.
17 Mesmo tendo ciência de todas essas considerações, o importante é que
o idoso aprenda que a vivência da sexualidade na velhice nada mais é do que
a continuação de um processo que se iniciou na infância.
Os idosos que participaram da pesquisa demonstraram falta de hábito
de falar ou expor seus problemas relacionados à sexualidade, mas mostraram
interesse no tema.
É necessário que os profissionais de saúde tenham presente a possível
existência de alterações sexuais e interroguem seus pacientes a respeito do
assunto, contribuindo para que o idoso vença a vergonha e esclareça suas
dúvidas.
2.2 A inclusão digital da pessoa idosa.
O interesse dos idosos pela aprendizagem da tecnologia computacional
está centrado no desejo de incluir-se no progresso social. O acesso da
população idosa na era digital possibilita a manutenção de seus papéis sociais,
do exercício de cidadania, a autonomia, o acesso a uma sociedade dinâmica e
complexa, mantendo a mente ativa.
Não há idade para se aprender. A tecnologia está a serviço de todos. As
possibilidades da informática são imensas e podem facilitar a vida de todas as
pessoas sem preconceitos quanto à idade ou classe social. Diante disso, cada
vez mais se vê que pessoas com mais idade estão buscando informar-se e
aprender a lidar com as oportunidades e facilidades que os computadores
podem propiciar.
Por outro lado, percebe-se, ainda, que muitas pessoas na terceira idade
pensam que não são capazes de utilizarem o recurso da informática e ficam
abismadas como seus netos têm tanta facilidade de manusear tal instrumento.
Quando tentam utilizar um computador, se deparam com uma dificuldade de
lidar com esta nova tecnologia. Além deste obstáculo, muitos idosos não
encontram o apoio necessário, pois filhos e netos não demonstram paciência,
18por já dominarem a máquina, em passar as informações e ensinar os mais
velhos a trabalharem no computador.
Retomando o fato de muitas pessoas idosas se interessarem pela
informática, nota-se que, hoje, pelo fato dos computadores e sistemas
paralelos de comunicação serem instrumentos básicos para a obtenção de
maneira rápida de variadas informações e a internet ser o acesso mais fácil e
rápido para se obter qualquer tipo de informação, as pessoas idosas utilizam a
internet não apenas como uma fonte de pesquisa, mas também para promover
novas amizades e estreitar laços familiares.
Mais do que uma ligação com o mundo, a web acaba tornando-se um
lugar legítimo de socialização. Deste modo, o uso da internet pode ser um
aliado para as pessoas idosas, sendo uma alternativa para relacionamentos,
informações e entretenimento, e o aprendizado da tecnologia do computador
pode dar ao idoso mais autonomia, maior autoestima e uma nova colocação
dentro do convívio social através de uma aproximação com as gerações mais
novas. Além disso, pode representar um importante elemento no
desenvolvimento cognitivo e social na medida que facilita a atuação do homem
na sociedade, pois ao contrário do rádio e da televisão que sugerem uma
postura passiva, o computador possibilita troca de informações e
conhecimento.
A utilização das ferramentas digitais, como os computadores, oferece
grande potencial para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas,
inclusive as idosas, na medida em que estimulam o processamento cognitivo,
facilitam as informações e disponibilizam serviços externos sem a necessidade
de se sair de casa.
Constatou-se, através do questionário, que a maior parte dos idosos que
foram analisados ainda possuíam muita resistência ao computador. No entanto,
os que demonstraram maior interesse, responderam que passavam grande
parte do dia pesquisando na internet, principalmente, receitas e curiosidades e,
à noite, conversavam com os amigos no MSN.
192.3 O idoso e a cultura.
O processo de aprendizagem pode ser definido como o modo como os
seres adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o
comportamento. Os idosos por serem indivíduos amadurecidos biologicamente
têm algumas peculiaridades na forma como aprendem. Aprendem não apenas
como comunicar, mas o modo como querem comunicar.
De acordo com Vygotsky - professor e pesquisador nascido na Rússia
em 1896, que se dedicou nos campos da pedagogia e psicologia – é a relação
com o meio que favorece a aprendizagem, inclusive pela questão cultural. A
cultura também é o meio no qual o processo de aprendizagem se estabelece.
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação
da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a
interpretação do mundo real. O idoso internaliza as formas culturalmente dadas
de uma forma diferente, uma vez que traz consigo o referencial e uma
bagagem acumulada ao longo da vida. O indivíduo, à medida que envelhece,
tem condições de escolher com mais sabedoria aquilo que deseja aprender e
aquilo que não tem interesse em saber.
A interação social e a linguagem são elementos fundamentais para o
desenvolvimento. Nesse sentido, Vygotsky define dois níveis de
desenvolvimento, o real e o potencial. No primeiro considera-se aquilo que o
indivíduo já sabe, o que já conseguiu aprender e no segundo nível, o potencial
que o indivíduo tem para aprender. Entre estes dois níveis existe um espaço
chamado de Zona de Desenvolvimento Proximal, que é onde a aprendizagem
de fato acontece, através da mediação de outro sujeito, ou seja, é nesta
distância que se trabalha aquilo que o indivíduo sabe e aquilo que ele é capaz
de aprender sob orientação e estímulo de um outro sujeito. Portanto, este autor
entende que o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, que a construção da
aprendizagem inicia de fora para dentro e esta relação é sempre mediada pela
cultura.
20 Vygotsky diz que o indivíduo aprende a significar tudo aquilo que o cerca
a partir de sua capacidade de compreensão e da mediação com a cultura.
Assim o idoso não depende apenas do seu potencial genérico para
aprender,mas a todo momento é influenciado pela mediação sociedade e
sujeito. O idoso não pára de aprender, reciclar e renovar as formas de
assimilação e captação de informações.O indivíduo da terceira idade nem
sempre necessita de alguém “ mais velho “, mas de alguém com um
conhecimento diferente do que construiu ao longo da própria vida.
Inserida neste processo de construção da aprendizagem está a cultura -
conjunto de costumes, tradições e valores – que representa um jeito próprio de
ser, estar e sentir o mundo. “Jeito” este que leva o indivíduo a fazer, ou a
expressar-se, de forma característica.Daí ser a cultura um forte agente de
identificação pessoal e social, um fator essencial na promoção da saúde, na
medida em que o indivíduo se realiza como pessoa e expande suas
potencialidades. Grupos que se reúnem por um interesse cultural comum e
permitem-se criar obtém excelentes resultados. Ao fazer versos, cantar, pintar,
representar, o idoso percebe aptidões inexploradas e, envolvido nas atividades,
abandona o mau humor, a depressão, esquece as dores e supera limitações.
Como exemplo desse envolvimento do idoso na produção cultural, existe
o projeto Talentos da Maturidade, criado em 1999 pelo Grupo Santander Brasil,
que conta com a participação, cada vez maior, de pessoas acima de sessenta
anos em trabalhos artísticos.A idéia é integrar o público idoso à sociedade
através da produção cultural, mostrando que a vida não acaba quando
envelhecemos.
A iniciativa reúne trabalhos artísticos feitos por idosos no campo da
pintura, escultura, música, vocal e literatura e premia em dinheiro as melhores
criações. A idéia do projeto é estimular o potencial criativo e reconhecer o valor
dos idosos na sociedade.
Do grupo de idosos observados, apenas os que possuíam uma situação
financeira mais confortável produziam atividades artísticas, especialmente a
pintura e a literatura. Os demais revelaram que gostam das artes, mas não
21podem priorizar estas atividades, por conta da falta de recursos para
investimento.
2.4 O idoso e seus direitos.
O conceito de idoso em nossa sociedade vem, histórica e culturalmente,
alterando-se e adequando-se às necessidades dessa sociedade e de seus
interesses econômicos e políticos. É um conceito mais dinâmico, participativo,
autônomo e saudável.
O aumento da população idosa possibilitou o surgimento de políticas que
visam oportunizar situações novas, educativas e de cidadania para os idosos.
Essas políticas geraram a necessidade de uma nova legislação, um estatuto
que contemplasse esse novo conceito de velhice e de seus direitos.
O artigo segundo do Estatuto do Idoso revela que, ao idoso, estão
assegurados todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa, ao cidadão
brasileiro. Este artigo apresenta a igualdade do idoso, com relação às demais
pessoas que vivem nesse país.
Ainda o artigo segundo apresenta o direito à diferença, ou seja, que
sejam atribuídos aos idosos direitos e cuidados especiais, relevantes à sua
atual idade, saúde, condição econômica, social, cultural e seus desejos e
necessidades.
No Estatuto do Idoso, encontram-se referências ao compromisso que a
sociedade, o poder público e a família têm com esse indivíduo.
O Estatuto ainda garante direitos em relação à vida, entendida como
vida saudável e digna. Direito à saúde, através de um conjunto articulado de
ações e serviços que previnam, protejam e recuperem a saúde do idoso.
O direito à liberdade, ao respeito e a dignidade são lembrados de acordo
com o artigo 10, onde o idoso é tratado como “[...] pessoa humana e sujeito de
22direitos civis, políticos, individuais e sociais [...]. Neste caso, garante-se em lei,
que a velhice seja encarada como uma fase diferenciada da vida, mas
altamente significativa e produtiva para o indivíduo e a sociedade.
O direito à educação merece um enfoque especial, pois revela que todo
o indivíduo pode e consegue aprender, por toda a vida, inclusive, na velhice.
Essa educação para terceira idade supõe um saber escutar o outro, partilhar
suas memórias e saberes, valorizar suas conquistas, crenças e descobertas.
Uma educação que considere as diversidades e que as encare como uma
riqueza.
O fato é que todos os direitos previstos no Estatuto são fundamentais,
porém é o direito de aprender e de usar esse aprendizado para inserir-se numa
cultura, aquele que melhor faz o idoso perceber que a velhice é apenas um
continuar a vida, uma soma de experiências. Portanto, os direitos contidos no
Estatuto do Idoso, são uma reflexão que fundamenta uma ação, levando
indivíduos da terceira idade a serem mais atuantes, felizes e produtivos.
Todos os idosos que fizeram parte da pesquisa têm consciência dos
seus direitos previstos no Estatuto e procuram vivê-los na medida do possível.
.
2.5 O idoso e o lazer.
O envelhecimento transforma, além das mudanças biológicas e das
transformações psicológicas, as relações do indivíduo com o meio social.
Com o envelhecer, as funções sociais do homem se tornam mais
reduzidas, quer por escolha pessoal, quer sobretudo por pressões da própria
sociedade. A pessoa idosa, talvez na maioria dos casos, começa a formar de si
mesma uma imagem negativa, resultante de um conjunto de idéias e atividades
vindas da sociedade. Assim, a certa altura da vida, o indivíduo começa a sentir-
se velho, significando que ele já não é mais o que costumava ser e para piorar,
juntamente com as várias limitações impostas pelo envelhecimento, vem
paralelamente à aposentadoria, que atrapalha financeira,psicológica e
23socialmente a estrutura do idoso. Muitos chegam a pensar que a velhice é
sinônima de doença e fraqueza.
A diminuição do prestígio social, a angústia e o temor da morte, além do
sentimento de inutilidade, do medo de converter-se numa carga para a família
e para a sociedade, as modificações fisiológicas, são fatores que aceleram o
processo de envelhecimento, levando as pessoas a se entregarem ao
abandono.
Mediante esta situação, parece haver uma necessidade de novos
olhares para os idosos, de uma forma que se comece a pensar em como
melhorar essa fase da vida.
O lazer pode vir a ser uma forma de tentar amenizar as conseqüências
trazidas pelo processo do envelhecimento, tentando resgatar a autonomia, a
autoestima e,assim, lhes proporcionar bem-estar, podendo aumentar a
satisfação e o prazer de viver.
Apesar das perdas que sofrem devido à idade avançada, os idosos
mantêm as mesmas necessidades psicológicas e sociais que possuíam nas
outras fases da vida e, por isso, reconhecem e valorizam o lazer. Mesmo com
todas as dificuldades do cotidiano, os idosos não abrem mão de vivenciarem o
lazer, pois este se consiste em um tempo privilegiado para a obtenção de bem
estar em qualquer que seja a idade. Através do lazer, os idosos podem se
manter mais saudáveis física, psicológica e socialmente.
Segundo Marcellino(1983), não há um consenso entre os autores sobre
a forma de entender o lazer. Há os que consideram uma atitude, um estilo de
vida, portanto, até mesmo o trabalho pode ser considerado uma forma de
lazer.Há os que entendem o lazer como uma atividade realizada num “tempo
livre”, não só do trabalho, mas de outras obrigações sociais.
Os idosos, em geral, parecem não aceitar o fato de o lazer ser um
aspecto de grande importância em suas vidas e que, quando não vivenciado, é
devido à falta de condições e de oportunidades. Mas, é através de atividades
espontâneas e naturais das pessoas é que podemos perceber a sua relação
com o lazer e a influência que este exibe na vida dos homens, em suas
24diversas etapas, especialmente, na velhice. Nesta etapa da vida existe, devido
à maior disponibilidade de tempo, grandes possibilidades para estas pessoas
optarem por atividades que lhe tragam autorrealização e melhoria da qualidade
de vida.
Fazendo a pesquisa com os idosos selecionados, percebe-se que a
forma de entender o lazer é bem diferenciada. Mas, de uma forma geral, todos
consideram a importância do lazer em suas vidas, principalmente, utilizando-o
como uma ferramenta para amenizar os problemas do cotidiano.
2.6 O idoso e a atividade física.
. A prática de exercícios físicos é um hábito que deve ser desenvolvido
pela pessoa idosa como um instrumento para um envelhecimento saudável. A
atividade física renova todo o organismo do idoso e o ajuda a se sentir potente.
Com o envelhecimento, algumas perdas e alterações acontecem no
organismo. Algumas são biológicas; as perdas orgânicas e funcionais,
psicológicas; relacionadas à capacidade adaptativa, sociais; interação na
sociedade, funcionais; capacidade de realizar as atividades da vida diária.
Essas alterações em muitas culturas podem ser sinônimas de exclusão tanto
no processo produtivo como familiar, pois os idosos são simplesmente
isolados, ou seja,é tirada toda a possibilidade do idoso desenvolver suas
potencialidades.
Portanto, para que os idosos não fiquem distantes de um espaço social,
ao terem suas vidas prolongadas, em relativa alienação, inatividade,
dependência, sem qualidade de vida, deverá haver mudanças na estrutura
social. Em outras palavras, as políticas públicas devem se preocupar com a
terceira idade, destacando a necessidade efetiva de programas que enfatizem
a prática de atividades físicas.
Como exemplo de projeto para atividade física, em Niterói, existe o
projeto Gugu que prioriza exercícios físicos, colaborando com a saúde do corpo
e da mente.
25Rauchbach (2001) afirma que o envelhecimento é um processo múltiplo
e complexo de mudanças ao longo da vida, com incrementos, reduções e
reorganizações de caráter funcional e estrutural.
Como já foi dito anteriormente, é muito importante na velhice adotar
hábitos e modificar outros que influenciem na qualidade de vida, pois o
organismo deverá se adaptar às novas mudanças que obriga a pessoa idosa
saber lidar com o próprio corpo, procurando entender esse processo de
transformação.Reorganização e aplicação de dietas e atividades saudáveis
ajuda na prevenção das enfermidades e fortalece a autoestima do idoso.
Uma das atividades saudáveis é a atividade física que oferece ao idoso,
além de alterações no seu desenvolvimento, benefícios psicológicos e sociais.
Estudos de Matsudo verificaram uma diminuição da incidência das
enfermidades quando adotados comportamentos positivos em relação à saúde,
dentre eles, o estilo de vida ativo. E Rauchbach (2001) completa que a adoção
de modos de vida ativos durante toda a vida, leva a uma velhice produtiva.
A prática da atividade física é um ponto muito importante na vida do
idoso, pois segundo Alves (2002), a prática da atividade física proporciona ao
indivíduo vários benefícios, dentre eles: melhora da velocidade ao andar e o
equilíbrio, melhora da autoeficácia, contribuição para a manutenção e / ou o
aumento da densidade óssea, auxílio no controle de diabetes, da artrite, das
doenças cardíacas e dos problemas como colesterol alto e hipertensão,
diminuição da depressão, manutenção do peso corporal e melhora da
mobilidade do idoso.
Em se tratando de aprendizagem do idoso, é conveniente destacar a
influência da atividade física na concentração. Octogenários fisicamente ativos
parecem mais concentrados e se distraem com menos facilidade do que os
sedentários da mesma idade. Estas foram algumas conclusões apresentadas
em conferência da Sociedade Norte-Americana para a Psicologia do Esporte e
Atividade Física em, Hunt Valley, Maryland. Um estilo de vida ativo, mesmo
sem prática de atividades intensas, ajuda a manter a capacidade de pensar e
reagir a situações na velhice. Um dos motivos associados a este benefício, é a
26melhoria da condição cardiovascular causando um aumento do fluxo de sangue
e a oxigenação do cérebro. Outro estudo concluiu que o exercício aeróbico,
além de contribuir para a concentração, auxilia na tomada de decisão.
Os tipos de exercícios que mais beneficiam a manutenção das
atividades cerebrais e a prevenção de uma grande deterioração dessas
funções ainda estão em estudo, mas os efeitos da prática de exercícios físicos
regulares estão amplamente difundidos e aplicam-se também para a população
idosa, levando em conta suas limitações. Alcançando-se uma idade avançada
com o hábito diário da prática de exercícios, garante-se, entre outras funções,
um bom funcionamento do sistema nervoso, a baixa probabilidade da
manifestação de patologias neurológicas e uma relativa qualidade de vida.
Fica evidente que o idoso que muda o estilo de vida e adota atividades
físicas contribui para uma melhor qualidade de sua vida. É importante salientar
que quem nunca praticou atividade física pode começar com qualquer idade,
desde que observados os fatores de saúde e a capacidade funcional do corpo.
Ao analisar as respostas dos idosos selecionados para a construção
desta monografia, ficou evidente que a atividade física regular e a adoção de
um estilo de vida ativo são necessários para a promoção da saúde e qualidade
de vida durante o processo de envelhecimento.
2.7 O idoso e o trabalho.
No passado, como a expectativa de vida era curta, a aposentadoria
servia para “descansar sentado, esperando a morte chegar”, mas,
atualmente, com a longevidade e com a necessidade de aumentar a sua renda
para viver com mais qualidade, o idoso aposentado é muitas vezes obrigado a
voltar ao mercado de trabalho. Existem casos que o idoso é “arrimo “de sua
família.
Por outro lado, há idosos que optam pela manutenção de suas
atividades, pois evitam o quadro de depressão que é frequente para quem se
depara ,de uma hora para a outra, com um tempo livre que não tiveram durante
27toda a vida e ao qual não estão habituados. Além disso, o idoso pode contribuir
com suas experiências diversificadas e adquiridas em anos de vivência e de
trabalho. Indivíduos saudáveis que estejam na terceira idade ainda podem
exercer atividades profissionais, por apresentarem capacidade física e
intelectual e por possuírem conhecimentos e experiências acumuladas. As
potencialidades mentais dos indivíduos de terceira idade, hoje comprovadas,
merecem, portanto, ser entendidas como sinônimo da força produtiva de que
são detentores ( Amarilho, 2005).
O mercado de trabalho, entretanto, mostra-se preconceituoso, receoso,
limitando a ocupação de determinados cargos obrigando o idoso a conviver
com o problema de recolocação e inserção no mercado que valoriza o jovem e
discrimina o “velho”, ao considerá-lo como um trabalhador que já se tornou
improdutivo e obsoleto.
O preconceito em relação ao idoso está relacionado à cultura brasileira,
ou seja, em países desenvolvidos o idoso é respeitado e possui papéis sociais
importantes para a manutenção econômica do país. No caso do Brasil, por
bases culturais, o idoso ainda é visto como incapaz, improdutivo e dependente.
Todavia, através de trabalhos direcionados à terceira idade vem se
demonstrando falsa e comprovando que o idoso muito tem a contribuir em
nossa sociedade.
Diversos estudos têm mostrado que as pessoas que trabalham até
mesmo com trabalho informal sem carteira assinada apresentam melhores
condições de saúde do que a população geral, e que pessoas doentes e
incapazes são, geralmente, excluídas do mercado de trabalho.
A partir da implementação do Estatuto do Idoso e da divulgação dos
direitos e benefícios amparados por ele, vários segmentos profissionais e
ambientes voltados para o amparo do idoso têm-se preocupado em adaptar as
condições de trabalho de forma a atender as especificidades desta fase da
vida, uma vez que, segundo dados estatísticos, o envelhecimento da
população está se acentuando. A quantidade de anos vividos está em
constante ascensão e, consequentemente. , há um enorme interesse pela
28melhoria de serviço que proporcione qualidade de vida e novos costumes e
hábitos para esta camada da população.
Acompanhando esta nova tendência social, “o velho “está deixando de
ser visto sob uma aparência negativa para ser abarcado sob um olhar de
resgate da cidadania, da autonomia enquanto sujeito, tornando arcaica, cada
vez mais, a ideia de inutilidade e exclusão.
Assim sendo, o trabalho é fundamental para o desenvolvimento pessoal
e reconhecimento social. O trabalho mais significativo na conquista e
manutenção da qualidade de vida para os seres humanos, Quando associado
a idéia de satisfação e realização pessoal, amplia as possibilidades de uma
sobrevida saudável e digna e, preserva, sobretudo, o papel social do indivíduo
no meio onde se encontra inserido.
Observando as respostas dadas pelos idosos no questionário realizado,
percebe-se que todos eles estão exercendo alguma atividade no âmbito do
trabalho. Uns necessitam aumentar a renda para ajudarem os filhos e outros
querem ter um outro rendimento para poderem , por exemplo, viajar, ir para
academia, fazer outros cursos.
2.8 O idoso e a saúde.
O conceito de velhice como uma fase do processo evolutivo é muito
recente e vem substituir o antigo significado de envelhecer que trazia toda uma
carga de negatividade. Atualmente, a velhice passa a ser objeto de cuidado e
atenção especiais, que eram certamente inexistentes.A mudança que vem se
observando nas relações que a sociedade estabelece com a velhice verifica-se
no aumento da esperança de vida devido ao progresso da medicina que com
todo o seu aparato tecnológico enfrenta as doenças crônicas favorecendo a
longevidade e contribuindo para o aumento significativo da população idosa.
Pode-se dizer, portanto, que, embora a maioria dos idosos apresente algum
tipo de doença crônica, é possível continuar vivendo com qualidade e
escrevendo sua história de vida, desde que essas doenças sejam controladas.
29 Entretanto, nesta etapa da vida, recomenda-se uma maior atenção à
saúde física e psíquica.. A questão mais grave é que a idéia de enfermidade na
pessoa que envelhece, leva-a a perceber-se doente e incapaz, a resignar-se
com este estado, negando-se a aceitar os limites naturais e resistindo, assim, a
descobrir formas mais saudáveis de conviver com eles.Na medida em que se
oferece ao idoso e à sociedade, em geral ,informações sobre o processo
natural do envelhecimento e alternativas para um envelhecer saudável, a ideia
negativa vai se modificando. Essa é uma tarefa que deve ser um desafio a
todos os idosos que querem viver com consciência a fase da terceira idade.
É importante salientar, que de acordo com a Organização Mundial
de Saúde, ser saudável não significa apenas a ausência de doenças, mas a
experiência de um estado de bem estar físico, mental e social. Caberá,
portanto, aos governos implementarem políticas e programas que melhorem a
saúde, participação e segurança dos idosos para que possam custear o
envelhecimento de seus cidadãos. Portanto, todos os esforços devem ser
empreendidos para garantir a capacidade funcional, mental e cognitiva do
idoso.
Além desses esforços, há que se considerar o enfoque na
educação para o autocuidado dos idosos. Acredita-se que seja um dos
caminhos que podem contribuir para que os idosos venham a se cuidar e
direcionar positivamente a sua vida, preservando sua autonomia e mantendo
sua independência no maior grau possível. Considera-se, portanto, que o
envelhecimento pode vir a ser uma experiência positiva.
Os idosos observados para a construção desta monografia consideram a
fase da terceira idade um pouco difícil, mas procuram se cuidar para poderem
usufruir da vida com mais qualidade.
2.9 O idoso e a morte.
Comumente se associa morte à velhice e por isso há uma recusa em
considerar-se idoso. Envelhecimento e morte se constituem num processo
natural da existência humana, porém nem sempre é aceito pelos seres que o
vivenciam.
30Quando o saber e a história de vida do idoso são valorizados,
entendidos e respeitados, este ser percebe que sua existência tem um
significado. Essas atitudes acolhem o idoso, pois existe o reconhecimento de
sua singularidade, promovendo um sentido no envelhecer e possibilitando o
enfrentamento da morte. Neste caso, os idosos adaptam-se melhor ao
processo do envelhecer, quando seu espírito encontra-se saudável e otimista;
ficam mais propensos a ver a velhice como uma fase de experiências
acumuladas, de maturidade e liberdade para se assumirem, bem como para se
libertar de certas responsabilidades( ZIMERMAN,2000).
Esse mesmo idoso,que vê a velhice como uma fase de experiências
acumuladas, visualiza a morte como uma passagem para a continuidade
espiritual.” Pela espiritualidade nos preparamos para o encontro, face a face
com o Pai e Mãe de infinita bondade e misericórdia, criador de todas as coisas
e fonte de nosso ser” (BOFF,2001).
Quando, ao contrário, a história de vida do idoso não é valorizada, a sua
vida passa a não ter nenhum sentido; o seu envelhecimento admite um sentido
negativo e, consequentemente, o seu entendimento em relação à morte é
muito infantil.
Os idosos que fizeram parte da pesquisa sentiram um certo desconforto
ao responderem sobre o tema da morte. No entanto, têm consciência de que é
importante aprender a encarar a morte como um processo natural, assim como
nascer e viver.
2.10 O idoso e a educação.
Educar o idoso para conhecer e acreditar em suas reais
capacidades,desenvolver seus talentos e ensiná-lo a colocar o conhecimento a
serviço de sua construção como sujeito, isto é, a exercer a sua cidadania são
tarefas da Gerontologia Educacional que é uma pedagogia específica para o
idoso. A Gerontologia Educacional aponta um novo paradigma nas áreas da
educação e do envelhecimento, tendo em vista as descobertas recentes da
Neurociência acerca da plasticidade cerebral, que possibilita as pessoas
regenerarem seus cérebros, conservarem suas faculdades mentais, memória e
31inteligência intactas através da reflexão, do pensar. A plasticidade trata-se de
um conjunto de processos fisiológicos que explicam a capacidade dos
neurônios mudar suas respostas em função de determinado estímulo. Quanto
mais o nosso organismo se interage com o ambiente e se insere num contexto
socializador, mais esse organismo se modifica.
Os idosos têm tido a oportunidade de vivenciar ou re-vivenciar a
convivência no meio acadêmico por meio das universidades para a terceira
idade. A proposta das UNATIs ( Universidades Abertas à Terceira Idade ) é de
integrar idosos com outras gerações de jovens e adultos que ainda estão
inseridos nas universidades. Foi observado que os alunos idosos ao terem
contato intergeracional tinham uma melhora do potencial físico, mental e social
e que poderiam por iniciativa própria romper processos de isolamento aos
quais se viam submetidos ( Frutuoso, 2000 ).
A Educação Permanente proposta pelas unatis oferece a oportunidade,
às pessoas de qualquer idade, de não serem surpreendidas e deixadas para
trás pelas inovações sociais. A perspectiva é de que uma adaptação
permanente é necessária e possível aos seres humanos em todas as idades,
sendo essa adequação oferecida pela educação permanente que incorpora o
lado do saber intelectual e também a experiência acumulada ao longo da vida.
Resultados de avaliações dessas propostas indicam que alunos das unatis
adoecem menos e participam mais, tanto nos espaços educativos quanto na
vida social. Essa conduta de trabalho junto a essa faixa etária avançada faz
com que os idosos passem a fazer menos uso de medicamentos e de químicas
para manterem um organismo saudável, tanto físico quanto mental, emocional
e consequentemente com maior engajamento social.
Com base na oferta das atividades propostas nas unatis, pode-se dizer
que a mesma segue uma linha proposta de trabalhos que considera a velhice a
partir de uma visão que veio marcada também pela promulgação do Estatuto
do Idoso, que trouxe esse segmento populacional para um novo espaço na
sociedade brasileira, embora ainda marcado pela tradicional visão improdutiva
da velhice.
32 Em relação ainda às unatis, é importante salientar que a formação que
se desenvolve deve partir das necessidades sugeridas pelos próprios idosos,
sendo assim, parceiros na elaboração dos programas. Para Palma (2000), as
atividades devem ser organizadas de maneira a responder às preocupações
dos idosos, dos problemas que precisam resolver e das expectativas e
motivações que pretendem satisfazer,
Além desta educação mais formal, deve-se levar em conta a educação
voltada a um processo informal de aquisição de conhecimentos, de
desenvolvimento de habilidades, ou de contato com novas tecnologias que
podem facilitar a vida da pessoa idosa.
A educação informal pode ocorrer por meio de leitura, palestras, visitas a
museus, exposições, filmes, concertos, participação em grupos de interesses
diversos de aprofundamento da espiritualidade e da religiosidade, de
aprendizado sobre o processo de envelhecimento, o que facilitará ao idoso a
compreensão e aceitação desta nova etapa da vida. Também pela convivência
e troca com pessoas de outras gerações, pela curiosidade em desvendar as
novas tecnologias, a pessoa idosa estará se permitindo experimentar novas
oportunidades de aprendizado, de lazer, de entretenimento, possibilitando
manter diálogo a respeito destas novas experiências, o que favorece e
enriquece o relacionamento interpessoal.
A educação não-formal do adulto idoso, realizada nas UNATIs caminha
com Paulo Freire no respeito e na valorização da autonomia do sujeito,
entendida como um imperativo ético, e não um favor que podemos ou não
conceder uns aos outros.
O grupo de idosos, objeto de pesquisa desta monografia, participa de
projetos para a terceira idade como ginástica, dança de salão, passeios
culturais. Todos os idosos revelaram que “a vida ficou mais colorida “ e que se
sentem mais felizes ao participarem dos projeto.
33CAPÍTULO III: A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
COM IDOSOS.
A Psicopedagogia é um campo de conhecimento que se propõe a
integrar conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas com o
objetivo de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos
inerentes ao aprender humano. Como área de conhecimento multidisciplinar, a
Psicopedagogia faz uso da integração de vários campos do conhecimento, tais
como a Psicologia, a Psicanálise, a Filosofia, a Pedagogia, a Neurologia, entre
outros. A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas
dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico.
Segundo Bossa (2000), o termo aprendizagem, com o qual trabalha a
Psicopedagogia, “remete a uma visão de homem como sujeito ativo num
processo de interação com o meio físico e social”, em cujo processo interferem
seu equipamento biológico, condições afetivo-emocionais e intelectuais.
O trabalho psicopedagógico com o idoso visa basicamente reintegrá-lo à
sociedade, incentivando-o a reintegrar sua vida, por meios de estímulos que
despertem seu desejo pelo saber. Esse saber não é apenas o “saber”
acadêmico e escolarizado, mas, principalmente, o desejo de aprender e saber
ainda mais com a vida. Estimular o cérebro da pessoa idosa, através de jogos
e brincadeiras, proporcionar novas sinapses, ter novamente projetos de vida,
reativar a memória com exercícios, ler, escrever, voltar a ser o autor de sua
própria história, com dignidade e autoestima elevada, simplesmente, porque
ainda pode contemplar a vida.
O papel do psicopedagogo é fazer com que o idoso tenha esse novo
“olhar” para a vida. O profissional deve promover situações de desafios
intelectuais que capacitam, reciclam e promovem um grande bem estar
pessoal.
34 Esta função do psicopedagogo é de grande relevância, visto que, muitos
idosos apresentam uma grande resistência para novos fatos e desafios. O
tédio, o ócio, o medo de ousar são sentimentos que afastam o idoso do
convívio social. E, nestes casos, o que restam são lembranças, saudades e o
sentimento de abandono. O idoso, aos poucos, perde sua identidade, sua meta
de vida, seu foco. Para diminuir este sentimento de solidão e abandono, o
psicopedagogo deve propiciar atividades que permitam a expressão dos
sentimentos de cada pessoa idosa, através, por exemplo, de atividades
artísticas, de atividades grupais como, a dança, que fazem com que o idoso
amplie o conhecimento de si e dos outros, desenvolva habilidades, potenciais e
capacidades criativas, aumente a motivação, a autonomia e a socialização.
Estes aspectos mostram-se como benefícios para o desenvolvimento da
maturidade emocional do idoso.
Sendo assim, é conveniente sinalizar que o psicopedagogo, ao fazer as
intervenções com os idosos, deve considerar o sujeito e seus projetos de vida,
as diferentes formas de viver, as concepções, os valores, os interesses e as
necessidades individuais e coletivas.
35
CONCLUSÃO:
A partir da pesquisa realizada com vinte idosos, pode-se concluir que,
apesar da resistência de alguns no que concerne ao uso do computador, todos
revelaram a importância da tecnologia computacional no cotidiano da
sociedade atual. Apesar das dificuldades, reconhecem que, se houvesse maior
interesse, a simples ação de mexer em caixas eletrônicos, facilitaria
enormemente o dia a dia.
Em contrapartida, no que tange aos assuntos abordados, tais
como:cultura, direitos, lazer, atividade física, trabalho, saúde, educação, todos
os idosos demonstraram um enorme engajamento, visto que, pontuaram como
aspectos fundamentais para a existência da vitalidade que possuíam. A
demonstração do prazer de viver era maior do que qualquer problema que
estivessem passando.
No que se refere ao tema da morte, todos os idosos demonstraram
temor sobre o tema.
A pesquisa revelou que apenas o tema sexualidade ainda era permeado
de muitos tabus e preconceitos. No entanto, metade dos idosos aceitariam um
debate sobre o assunto a fim de desmistificar os conceitos que,até então,
acreditavam.
Mediante tais resultados, pode-se entender que para que haja maior
inserção social do idoso com qualidade de vida, é necessário que se ofereça
ao idoso condições de perceber que, enquanto se vive, a apr endizagem é um
processo infinito. Para que haja esta consciência vital para todas as etapas,
inclusive na velhice, em alguns casos, faz-se necessário que haja um mediador
a fim de possibilitar situações que levem o idoso a desenvolver um senso
crítico, juntamente com outros idosos,na troca de experiências.
Cabe, portanto,ao psicopedagogo iniciar a sua intervenção a partir da
história de vida de cada sujeito idoso, para que este se sinta valorizado e
respeitado. Esta atividade, mesmo que seja envolta de momentos tristes ou
36desagradáveis, geralmente, proporciona prazer ao idoso, pois sugere uma
troca de experiências que, na maioria das vezes, contribui para outras
reflexões acerca da própria vida.
Além destas reflexões, ao falar de si mesmo, o idoso tem a possibilidade
de ressignificar a sua própria existência e construir, a partir daí, novos projetos
de vida. Perceber a importância de ser o sujeito da sua própria história,
aumenta a responsabilidade do idoso consigo mesmo, pois cabe a ele
favorecer ou não idéias e situações que o façam viver com mais qualidade.
Observando os resultados da pesquisa, foi perceptível, mesmo tendo
resistência para algumas áreas, o interesse pelo aprender, principalmente, por
terem adquirido com essa aprendizagem maior qualidade de vida.
Desta forma, o psicopedagogo tem um enorme papel junto ao idoso,
principalmente para os mais resistentes. Partindo do princípio de que todo ser
humano, em todas as etapas da vida, busca a felicidade, pode-se concluir a
grande relevância da aprendizagem na terceira idade mediada pelos
psicopedagogos.
37BIBLIOGRAFIA
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ZIMERMAN, G. I. Velhice: aspectos biopsicossociais. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro:
Sextante, 2001.
FRUTUOSO, Dina. 3ª idade com qualidade. 3ª Ed. R.J.: UERJ, 2000
39ANEXO I
QUESTIONÁRIO
Idade:______ Sexo:______ Profissão:______
1- Se tivesse oportunidade, aceitaria aprender a utilizar o computador?
( ) Sim ( ) Não
2- Você, se precisasse, utilizaria à internet?
( ) Sim ( ) Não
3- O lazer contribui para amenizar os problemas do cotidiano?
( ) Sim ( ) Não
4- Acha que o idoso pode aprender sempre e melhor?
( ) Sim ( ) Não
5- Sente-se contrariado quando uma pessoa mais jovem discorda do seu
ponto de vista?
( ) Sim ( ) Não
6- Você acredita que a sexualidade seja importante para as pessoas da
terceira idade?
( ) Sim ( ) Não
7- Você participa de algum projeto ou atividade cultural?
( ) Sim ( ) Não
8- Você encara a morte com naturalidade?
( ) Sim ( ) Não
9- Acredita que seus direitos, previstos na lei, estão sendo cumpridos?
( ) Sim ( ) Não
4010- Os idosos estão sendo aceitos,com facilidade, no mercado de trabalho?
( ) Sim ( ) Não
11- As políticas governamentais de saúde beneficiam integralmente as pessoas
da terceira idade?
( ) Sim ( ) Não
12- Participa, com freqüência, de alguma atividade física?
( ) Sim ( ) Não
41
ANEXO II
Publicado no site: http://g1.globo.com
iPods, dieta e Betty White podem ajudar idosos a chegar aos 100 Da Reuters
04/05/10 10h30
Por Walden Siew
NOVA YORK (Reuters Life!) - Acompanhar o ritmo da cultura pop, as tendências recentes como iPods e mensagens de texto, e um jantar com a atriz Betty White podem ser a chave para a longevidade, de acordo com pessoas que conhecem o assunto --os centenários.
Manter atividade social, seguir uma dieta saudável, fazer exercícios e dormir o bastante tampouco prejudicam.
"Se eu pudesse deixar uma mensagem, seria a de que uma pessoa jamais deveria parar de aprender. Ponto. É isso", disse Maurice Eisman, centenário morador de Maryland.
Eisman foi um dos 100 centenários entrevistados em uma pesquisa sobre os segredos da longevidade.
Rir e rezar também têm papel importante, bem como manter a conexão com a família e os amigos e acompanhar os acontecimentos e aparelhos atuais.
42Oito por cento dos centenários afirmaram que haviam usado mensagens de texto ou instantâneas, ante 1 por cento no ano anterior. E 12 por cento deles estavam usando iPods, quatro por cento a mais do que há três anos, de acordo com pesquisa conduzida pela GfK Roper para a Evercare.
Há quase mil centenários vivos nos Estados Unidos, e o número deve chegar a mais de 601 mil em 2050, de acordo com o Serviço de Recenseamento dos EUA.
"Acredito que todo mundo tem alguma coisa a dizer sobre o que está acontecendo em sua vida, e não deve aceitar as coisas passivamente", afirmou Marie Keeler, 101, de Minnesota.
White, a atriz octogenária que estrelou um comercial do Super Bowl, foi a escolha preferencial dos centenários como companhia para um jantar. Ela superou o ator Bill Cosby, que havia vencido nos dois anos anteriores.
Tiger Woods, que ocupava o segundo lugar da lista no ano passado, não estava incluído este ano, depois das revelações sobre suas infidelidades conjugais. Mais de metade dos centenários afirmaram que não convidariam Woods para um jantar.
Bill Clinton, Michelle Obama e Sarah Palin também estavam entre os convidados favoritos dos centenários para um jantar.
Muitos centenários disseram acompanhar a cultura popular, ouvindo música ou assistindo a vídeos em computadores, e 11 por cento deles disseram ter assistido a um vídeo no YouTube.
43ANEXO III
WEBGRAFIA
http://www.trabalhoevida.com,br acessado em 04/10/10.
http://www.portaldoenvelhecimento.net acessado em 27/10/10
http://www.artigonal.com acessado em 07/11/10.
http://www.scielo.com.br acessado em 15/11/10
http://www.abpp.com.br acessado em 05/01/11
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