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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A EDUCAÇÃO Por: Josué Amaral Teixeira Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro, Fev./2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A

EDUCAÇÃO

Por: Josué Amaral Teixeira

Orientador

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro, Fev./2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA A

EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como condição

prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino

Superior.

Por: Josué Amaral Teixeira

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AGRADECIMENTOS

A José Cândido Fragoso, pelo

companheirismo e amizade.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe, Nair, por todo apoio em

todos os momentos da minha vida, pelo

carinho e paciência. A minha esposa,

Sandra, pelo carinho, pela atenção, por

compartilhar de forma tão completa minhas

idéias e incansável apoio em todos os

meus projetos de vida. Ao meu filho Diego,

pela paciência e compreensão com a

minha ausência.

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RESUMO

A Educação Física (EF), enquanto componente curricular, carece de

melhor reconhecimento social. Tanto a vertente da aptidão física praticada há

tempos quanto a das práticas esportivas privilegiadas atualmente demonstram

pouco valor resolutivo. Outras abordagens devem ser propostas, como, por exemplo,

a educação para a saúde. Desta forma, discutem-se as possíveis relações

existentes entre a atividade física (AF) e a saúde, incluindo-se combate ao

sedentarismo, assumido como importante fator de risco da doença coronária, a partir

de crianças em idade escolar. Discutiu-se, também, o conteúdo e procedimentos

metodológicos durante as aulas de EF, além de procedimentos que favoreçam a

adoção da disciplina como um componente importante do currículo escolar.

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METODOLOGIA

A presente monografia foi realizada a partir de uma pesquisa

bibliográfica sobre o tema em questão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08 CAPÍTULO I MOTIVAÇÃO E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................... 10 CAPÍTULO II A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS OBJETIVOS ................................................ 14 CAPÍTULO III EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UMA NOVA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................................

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CAPÍTULO IV IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO ..........................................................................................................

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CONCLUSÃO................................................................................................... 40 BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 42 ÍNDICE............................................................................................................. 45 FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................. 46 ANEXOS.......................................................................................................... 47

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INTRODUÇÃO

No mundo atual observa-se a presença de uma realidade estimuladora

da competitividade entre os homens e, infelizmente, a educação física também se

enquadra neste contexto visto que hoje em dia parece assumir um caráter de

treinamento ou adestramento do movimento corporal.

Na instituição de ensino o ambiente não é diferente e por este motivo

às aulas de educação física se transformaram em verdadeiros treinamentos

desportivos que visam colocar os alunos como “máquinas de rendimento” as quais

tem por fim atingir a capacidade de obtenção dos melhores resultados nas

competições inter-escolares.

Perante esta situação descrita acima a presente monografia parte do

seguinte problema: será que podemos alterar a realidade da educação física escolar

de modo a colocá-la como uma disciplina importante para a educação no sentido de

demonstrar ao aluno a importância da prática esportiva e suas contribuições para

uma melhoria da qualidade de vida?

Ao longo deste texto tentaremos responder a esta pergunta e por

conseqüência resolver tal problema, sendo que para isto elaboramos alguns

objetivos a serem atingidas.

Estes objetivos consistem em: 1) identificar quais são as verdadeiras

finalidades e objetivos da educação física escolar; 2) analisar um modo de como

chegar a atingir tais objetivos durante as aulas nas escolas; e 3) demonstrar a

importância da educação física na formação educacional do aluno.

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Se ao final deste estudo tais objetivos forem alcançadas acreditamos

que o conteúdo aqui descrito será de fundamental importância para os educadores

físicos, pois como profissionais da área é importante que tenhamos conhecimento do

que na verdade a educação física escolar se propõe e de que maneira podemos

atuar no sentido de fazer com que ela não se transforme em uma simples atividade

onde o aluno acaba com aparência cansada, extenuada e incapaz de retomar o

restante das atividades escolares, como acontece normalmente hoje em dia.

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CAPÍTULO I

MOTIVAÇÃO E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Na relação ensino-aprendizagem, em qualquer ambiente, conteúdo ou

momento, a motivação para esta tarefa constitui-se um dos elementos centrais para

sua execução bem sucedida. Constantemente, indaga-se o que uma pessoa

pretende, o que influencia sua decisão, o que será importante para ela naquele

momento, naquela circunstância.

Vários fatores motivam o ser humano, em seu dia-a-dia, tanto de forma

interna como de forma externa. A força de cada motivo e seus padrões ocorrem,

influenciam e são inferenciados pela maneira de perceber o mundo que cada

indivíduo possui.

Um dos principais fatores que interferem no comportamento de uma

pessoa é, indubitavelmente, a motivação, que influi, com muita propriedade, em

todos os tipos de comportamentos, permitindo um maior envolvimento ou uma

simples participação em atividades que se relacionem com: aprendizagem,

desempenho e atenção.

No tocante à Educação Física, a situação parece semelhante, pois

pode-se dizer que depende muito das aspirações dos alunos para que um

determinado elemento motivacional tenha uma função positiva, ou seja, um aluno

pode se sentir mais motivado ao praticar basquetebol, e outro pode sentir o mesmo

com relação ao voleibol.

Cabe também, uma observação ao educador, em qualquer que seja

sua feição (técnico, professor, instrutor, dirigente, familiar, ...) sua personalidade, sua

aparência, naturalidade, dinamismo, entusiasmo pelo trabalho, bom humor,

cordialidade, disposição são importantes fatores motivacionais observados por quem

os cerca.

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Machado (1995) cita que muitos são os motivos responsáveis pelo bom

desenvolvimento e desempenho na aquisição e manutenção de habilidades. Existem

vários tipos de atividades e nem todas envolvem o movimento muscular (ouvir uma

aula teórica é uma atividade diferente de participar de um debate, jogar futebol ou

dramatizar um texto).

Geralmente as atividades que requerem maior participação, com mais

movimentos, concentram maior número de motivos dos participantes, despertando

maior interesse e desafio, o que por si só é estimulante e motivador. Uma

preparação psicológica bem programada e bem administrada em atividades de

rotina, conseguirá trabalhar o nível motivacional, a aquisição de maior confiança, o

equilíbrio emocional e, o indivíduo munido dessas qualidades poderá transpor as

demais barreiras de desempenho, como os problemas com: adversários, ambiente,

arbitragem, integração com o grupo, personalidade e preparo físico.

Para Maggil (1984) a motivação é importante para a compreensão da

aprendizagem e do desempenho de habilidades motoras, pois tem um papel

importante na iniciação, manutenção e intensidade do comportamento. Sem a

presença da motivação, os alunos em aulas de Educação Física, não exercerão as

atividades ou então, farão mal o que for proposto.

O professor de educação Física deseja "motivar" seus alunos para o

esporte, e quando leva isto a sério, procura direcionar seus alunos para a prática de

maneira que venham a praticá-la também fora das aulas obrigatórias. Também é

preciso considerar que entre os objetivos relevantes do ensino moderno desta

disciplina, está o preceito da Educação Física Permanente, isto é, como promoção e

motivação da prática dos esportes para o resto da vida.

Segundo Costa (1989) o interesse na atividade esportiva não deve

acabar com término do período escolar, com acontece, ainda hoje, com muitos

adolescentes. Ao contrário, o esporte deve constituir um campo de ação e de

vivência interessante e atraente para o homem. A isto se pode acrescentar que o

esporte não deve ser uma prática por mera obrigação, mas sim que tenha

características prazerosas.

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É função do professor de Educação Física, quando deseja motivar

seus alunos para a prática permanente dos esportes, observar os seus objetivos,

fazer o possível para criar valores de estímulos positivos e atraentes ao maior

número de participantes ou até para todos os alunos.

A motivação no esporte depende da estrutura da personalidade do

atleta, sobretudo de como e em que medida se convertem algumas necessidades

esportivas relevantes em alguma característica da estrutura deste indivíduo.

O desenvolvimento intelectual é um forte aliado do desportista que

busca o sucesso; nesta dimensão a visão da necessidade e utilidade da prática

esportiva, relacionando o envolvimento do treinamento físico com questões de

ordem geral, as funções socializadoras, as funções compensadoras no esporte.

Considerando que o reforço intelectual da motivação no esporte requer

um determinado nível intelectual, é compreensível que este esforço possua uma

maior importância entre pesquisadores da Psicologia do Esporte do que

propriamente entre os esportistas ou dirigentes.

De Marco & Junqueira (1993) consideram que cabe observar que a

motivação nos esportes é determinada, por um lado, pelas possibilidades

específicas do esporte como campo de ação e de vivência, e por outro lado, pela

influência dos aspectos motivacionais específicos da personalidade. Esses últimos

ultrapassam de longe os limites do esporte. Continuam dizendo que:

"as motivações dos atletas tem sido classificadas de diversas

maneiras, incluindo desde as necessidades fisiológicas ou

psicológicas básicas até a influência de fatores decorrentes da

vida em sociedade. Além do mais, as motivações podem ser

resultado da natureza intrínseca da tarefa ou do prêmio, tanto

social como material.

Muitas correntes novas na pesquisa da motivação trazem

informações úteis para técnicos e atletas, tais como as

tentativas de analisar a motivação no esporte e o estudo dos

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processos cognitivos que formam as "estruturas" motivacionais

nos indivíduos quando desempenham alguma atividade em

situações que visam sucesso" (p. 89-90).

O papel mais importante desempenhado pelo técnico é o de motivador.

Fazendo com que um treinador sensível esteja consciente das necessidades de

seus atletas, este mesmo treinador deve conhecer uma grande variedade de

técnicas motivacionais e achar a combinação ideal para resultados produtivos. As

atitudes do treinador devem se ajustar a cada pessoa, pois os conceitos de incentivo

e desempenho ótimo são subjetivos e particulares.

O gosto pelas atividades esportivas deve ser fixado nos alunos, pois, a

Educação Física através do esporte transmite muitos valores interessantes à

sociedade, como a obediência às normas/regras inquestionáveis e uma maior

produtividade do homem, tendo a escola como preparadora de recursos humanos

subalternos à ideologia dominante, em virtude da alienação causada pelo fazer

inquestionável/inquestionado. Por isso é preciso pedagogizar o esporte, trata-lo

como conteúdo educativo e não como mera atividade.

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CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS OBJETIVOS

Ao contrário do que muitos pensam a educação física não deve ser

totalmente dissociada do esporte, já que um de seus objetivos consiste em promover

a socialização e interação entre seus alunos, o que há de se reconhecer que o

esporte proporciona.

O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na

instituição de ensino é que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de

responsabilidade muito alta quanto à obtenção de resultados, o que afeta a criança

psicologicamente de uma forma negativa (Barros Neto, 1997).

Desta maneira, as atividades recreativas e rítmicas poderiam ser

consideradas como meios mais eficazes para promover esta socialização dos alunos

que a educação física tanto apregoa, uma vez que normalmente são realizadas em

grupos os quais obedecem ao princípio da cooperação entre seus componentes,

estimulando assim a criança em sua apreciação do comportamento social, domínio

de si mesmo, autocontrole e respeito ao próximo.

Outro objetivo da educação física consiste no estímulo a atividade

criativa do aluno. Segundo Le Boulch (apud Barros e Barros, 1972) as crianças que

estão na faixa etária entre 2 e 7 anos devem ser estimuladas ao máximo em sua

capacidade de criação e por isso as aulas de educação física na escola devem

basear-se no atendimento aos diversos aspectos naturais da vida ao ar livre e na

liberdade de movimentos, ou seja, expansão de atividades espontâneas e criativas.

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Assim, por exemplo, para fazer com que a criança desperte mais sua

capacidade de imaginação o professor pode oferecer uma aula através de atividades

rítmicas na qual peça a seus alunos para se movimentarem livremente de acordo

com o som que estão ouvindo, ao invés de determinar quais movimentos cada aluno

deve fazer a uma ordem sua.

Também neste período entre 2 e 7 anos ocorre um fato muito

importante para o estímulo à criação nas crianças, uma vez que é neste espaço de

tempo que elas aprendem a ler e assim descobrir um novo mundo, repleto de

atrações e de novas situações que contribuem para aumentar-lhes o poder

imaginativo concorrendo, assim, para o desenvolvimento de sua capacidade criativa.

Ainda neste contexto, Gonçalves (1997) nos fala da importância

existente no fato de o professor proporcionar aos alunos movimentos portadores de

um sentido para os mesmos, uma vez que movimentos mecânicos realizados

abstratamente só contribuem para a inibição da criação e da participação dos alunos

em aula e, por conseqüência, os torna indivíduos que deixam de interpretar o mundo

por si próprios e passam a interpretá-lo pela visão dos outros.

Mais um objetivo da educação física escolar consiste no

desenvolvimento orgânico e funcional da criança, procurando, através de atividades

físicas, melhorar os fatores de coordenação e execução de movimentos. Para atingir

este objetivo, Barros e Barros (1972) nos fala que:

(...) “as atividades de correr, saltar, arremessar (atletismo

ligeiro), trepar, pendurar-se, equilibrar-se, levantar e

transportar, puxar, empurrar, saltitar, girar, saltar corda

permitem a descarga da agressividade, estimulam a auto-

expressão, concorrem para a manutenção da saúde,

favorecem o crescimento, previnem e corrigem os defeitos de

atitude (boa postura)”(...) (p.16)

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Assim, fica claro a importância que o professor tem em proporcionar

aos alunos atividades cuja caracterização permitam aos mesmos uma

movimentação constante e de exploração máxima do ambiente. É evidente que

estas atividades devem ser adequadas ao estado de desenvolvimento de cada

criança para assim fazer com que os movimentos sejam próprios ao seu grau de

desenvolvimento morfofisiológico, o que contribui de maneira significativa para o

avanço orgânico e funcional dos alunos em cada etapa de sua vida escolar.

Por último destacaremos um objetivo da educação física escolar o qual

consiste em desenvolver a aprendizagem de gestos e movimentos fundamentais das

diferentes formas de atividades físicas e desportivas.

Em torno deste tópico é que se situa a grande discussão que se faz a

respeito da educação física na atualidade, uma vez que muitos o vêem como um

estímulo ao simples desenvolvimento físico através de gestos e movimentos

padronizados, tirando assim o caráter educacional pertencente a educação física

que visa atuar sobre a formação do caráter humano e contribuir para um maior

rendimento do trabalho intelectual.

Sobre isto, De Marco (1995) nos mostra a educação física como sendo:

(...) “ um espaço educativo privilegiado para promover as

relações interpessoais, a auto-estima e a auto-confiança,

valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em

função de suas possibilidades e limitações pessoais” (...) (p.

77)

Novamente o esporte será um fator prejudicial visto que em muitas

vezes não respeita tais limitações pessoais em cada indivíduo e acaba por prejudicar

o desenvolvimento orgânico e funcional do mesmo.

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Outro autor que se manifesta contra o ensino de gestos e movimentos

padronizados é João Batista Freire (1991) a quem atribui à educação física um papel

de ensino de movimentos respeitando as individualidades da criança, o estímulo à

liberdade e à criatividade individual.

Neste contexto o professor assume um “personagem” o qual deve

aplicar as atividades físicas por meio de exercícios de fácil execução, com

graduação para cada idade e tendo em conta a evolução física e psíquica do aluno,

dando-lhe liberdade para movimentar-se espontaneamente e da forma que desejar.

Estes movimentos de caráter mais subjetivo e espontâneo

caracterizam o que Kunz (1994) denomina de “mundo fenomenológico dos

movimentos” o qual, em sua opinião, afastaria de vez uma provável limitação

existente na “educação física mecanizada” e desta forma o proveito pedagógico que

poderia se tirar do processo ensino-aprendizagem seria bem maior.

2.1 A visão dos Parâmetros Curriculares Nacionais na Educação

Física

Em 1999, o Ministério da Educação publicou os Parâmetros

Curriculares Nacionais no segmento Ensino Médio que, acrescentado aos

anteriores, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, contempla a Educação Básica.

A última publicação prestigia o componente curricular educação física,

inserindo-o na área maior de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. No entender

dos consultores, a educação física, integrada às demais disciplinas, faz parte do

universo dos conhecimentos humanos relativos à manifestação das intenções e da

comunicação.

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Por meio de vivências próprias, de observações e de pesquisa, pode-

se constatar que, de forma geral, a educação física nesse nível de ensino limita-se à

prática e à especialização das modalidades esportivas iniciadas no nível

fundamental. Em sentido oposto, pensar uma educação física diferente e relevante

às necessidades do cidadão foi tarefa primordial dos elaboradores.

A nova proposta aborda as diversas manifestações da cultura corporal:

jogo, atividades rítmicas, esportes, luta e ginástica, do ponto de vista do

aprofundamento do conhecimento científico. Espera-se com o novo ensino que o

educando acrescente conhecimentos úteis às suas ações cotidianas, aplicando-os e

valorizando-os cada vez mais.

Portanto, alternando momentos de estudos teóricos e práticos, com

pesquisas e com a apresentação de trabalhos, pretende-se que a educação física

adquira o mesmo grau de importância das demais disciplinas, deixando de lado a

exclusividade de prática recreativa que até o presente tem caracterizado o seu fazer

pedagógico.

Cidadão é aquele que dispõe dos instrumentos básicos para atuar em

sociedade, entre eles, ler e interpretar informações, utilizar novas tecnologias, agir

conscientemente quanto ao meio ambiente e relacionar-se de forma ética com seus

igual. Os Parâmetros Curriculares do Ensino Médio acrescentam à cidadania mais

um fator: o monitoramento autônomo da atividade física.

Dessa forma, entendemos como completa a formação um indivíduo

apto a compreender a sua responsabilidade na adoção e na manutenção de um

estilo de vida ativo, interpretando a cultura corporal de movimento como fator de

crescimento da humanidade.

Na mesma direção, espera-se que o homem e a mulher sejam capazes

de participar de atividades coletivas, construindo as regras que mediam essas

relações, compreendendo a participação deles nesse processo como agentes e não

meros espectadores.

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Com essa abordagem, espera-se que os Parâmetros Curriculares do

Ensino Médio na especificidade da educação física desencadeiem um compromisso

diferenciado do professor com o seu aluno e do aluno com o componente. Mais do

que ensinar movimentos ou regras, o educador orientará a formação do ser humano,

tendo por meta, sobretudo, a construção de conhecimentos. Em outras palavras,

deseja-se que a ação e a reflexão constantes sobre as mais diversas atividades

motoras terminem por valorizar e por ampliar os instrumentos de ação do homem

sobre o mundo.

2.2 A prática docente

Para refletir sobre o trabalho pedagógico desenvolvido na escola das

séries iniciais do ensino fundamental, entende-se ser necessário compreender como

se estruturam as escolas e suas práticas. Apoiando-se nas conclusões de Silva

(1999: 59-60), considero que a escola infantil tem pautado suas ações na intenção,

quase que exclusiva, de preparar criança para o ensino fundamental.

Nesse sentido, utiliza como estratégia dominante a repetição de

exercícios de prontidão, nos quais se emprega a brincadeira ora como recurso

didático, ora como instrumento de sedução e controle. Entendo que essa estratégia

não se compatibiliza com as características da atividade lúdica da criança, que

requer liberdade para explorar sua criatividade.

Nessa linha de raciocínio, pode-se afirmar que o brincar como prática

social infantil não tem sido compatível com a função que a escola vem cumprindo.

Nela, deixam de ser valorizadas as iniciativas tímidas das crianças, que refletem

características de aleatoriedade e indeterminação, com as quais a escola não sabe

trabalhar e nem lidar.

A conseqüência é que o professor acaba mais controlando os passos e

as respostas das crianças diante das tarefas (atividades) propostas do que as

incentivando a produzirem algo interessante e de fato educativo.

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Tal situação reitera a importância de se refletir sobre a prática docente

na escola, de se adotar uma atitude investigativa em relação a essa prática e, ainda,

de se pesquisar alternativas para aperfeiçoá-la. Segundo Schön (1997):

“Quando um professor tenta ouvir os seus alunos e refletir-na-

ação sobre o que aprende, entra inevitavelmente em conflito

com a burocracia da escola. Nesta perspectiva, o

desenvolvimento de uma prática reflexiva eficaz tem que

integrar o contexto institucional. O professor tem de se tornar

um navegador atento à burocracia. E os responsáveis

escolares que queiram encorajar os professores a tornarem-se

profissionais reflexivos devem tentar criar espaços de liberdade

tranqüila onde a reflexão-na-ação seja possível. Estes dois

lados da questão - aprender a ouvir os alunos e aprender a

fazer da escola um lugar no qual seja possível ouvir os alunos -

devem ser olhados como inseparáveis.” (p. 87).

Para Makiguti (1994), erra-se quando se deixa a cargo de

determinados profissionais, que não têm formação em educação ou que estão fora

das escolas e das salas de aula, as decisões relacionadas aos objetivos e às metas

educacionais. O autor considera essencial que se redirecionem os estudos

pedagógicos de modo a relacioná-los com situações reais de ensino.

O processo de teorização deve se basear nisto. Em vez de permitir aos

acadêmicos 'lá de cima' pronunciamentos sobre o que acontece 'embaixo', nas

escolas, perturbando a estratosfera com esta ou aquela teoria, para depois modificá-

la de acordo com as tendências do momento, os profissionais que atuam na

educação, embasados em suas experiências diárias, devem abstrair indutivamente

princípios e reaplicá-los em suas práticas na forma de melhorias concretas.

Nessa mesma linha, argumenta que os objetivos devem ter origem nas

necessidades e no dia-a-dia dos alunos. Os professores deveriam valorizar o que as

crianças consideram importante, o que nelas desperta interesse durante o seu

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processo de formação, ao invés de pensarem apenas nas necessidades dos

adultos. Devem, assim, evitar sobrecarregar seus alunos com informações que

sejam sem sentido para as suas vidas, ou que sejam exageradamente abstratas.

Makiguti (1994) compara a apreensão de tais conteúdos a uma

indigestão, propondo combatê-la da seguinte forma:

“(...) Infelizmente, os efeitos da intoxicação psicológica nas

crianças, causada pela aprendizagem forçada de conteúdos

incompreensíveis, não são percebidos de imediato. Por isto, as

conseqüências perniciosas desse processo ... não são

reconhecidas. A situação é séria, mas, ao pesquisarmos as

causas do problema, defrontamo-nos com um paradoxo:

professores e pais acreditam estarem colaborando com o

futuro bem-estar das crianças, apesar de as tornarem infelizes

durante o processo. ... a escola que sacrifica a felicidade

presente da criança e faz da felicidade futura seu objetivo

violenta a personalidade infantil e o processo de aprendizagem

propriamente ditos.” (p. 39).

Considerando-se que é na escola que o licenciando estagia e trabalha

quando formado, cabe desenvolver no mesmo a consciência da importância de uma

postura investigativa em relação à sua prática. Tal postura deve envolver tanto os

momentos de construção como de utilização de recursos pedagógicos. Tal postura

deve incluir também a consciência da necessidade de valorização dos interesses e

das necessidades da criança.

O desenvolvimento dessa atitude durante o curso de formação é

facilitado pela presença de um professor que atue como orientador e procure

contribuir para a promoção de novas aprendizagens, para o aperfeiçoamento do

desempenho, para o estabelecimento do diálogo e para a prática de uma avaliação

continuada. Em síntese, defendo a importância de se buscar, durante o período de

formação e de estágios do futuro professor, propiciar oportunidades de reflexão

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sobre a prática desenvolvida junto com os alunos. Para isso, porém, o professor

formador também precisa refletir continuamente sobre sua atuação profissional.

2.3 Do esporte Institucionalizado à Educação Física como disciplina

Recorro a Tubino (1992) para discutir a influência do esporte na

Educação Física escolar. O autor aponta como se modificaram as concepções

referentes ao esporte. Considero que as dimensões propostas pelo autor também se

aplicam à Educação Física escolar, que de certa forma sofre os reflexos e as

influências do esporte e que, da mesma forma que este, vem sofrendo modificações

no modo como é concebida.

Tais mudanças possibilitam admitir, na Educação Física escolar,

mudanças de conceito e de concepção quanto a suas relações sociais na escola,

permitindo assim, que se pense em formas alternativas de desenvolvimento da

disciplina, que a tornem menos formal e mais prazerosa para as crianças.

Tubino (1992) refere-se a um “esporte da Antiguidade”, assim como

destaca o surgimento do chamado “Esporte Moderno” no século passado, em uma

perspectiva pedagógica, sem restringir os aspectos de disputas das competições.

Entretanto, o ideário olímpico do esporte foi sendo abalado pela busca de

profissionalismo no esporte, gerando com isso, conflito entre o amadorismo e o

profissionalismo.

Como não se admitia em hipótese alguma o profissionalismo nas

competições, os casos identificados eram passíveis de severas punições. A

perspectiva pedagógica inicial do esporte moderno desaparecia gradativamente e

mantinha-se ainda o preconceito em relação à prática desportiva feminina, por muito

tempo mantido.

Busco refletir sobre a Educação Física escolar, considerando os

aspectos negativos da supervalorização do esporte competitivo (Tubino, 1992), bem

como as tendências e correntes da Educação Física brasileira (Ghiraldelli Jr., 1988),

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em especial as tendências militarista (1930 -1945), pedagogicista (1945 - 1964) e

Competitivista (1964 - 1985 aproximadamente). A intenção é estabelecer relações

com a formação do professor de Educação Física e compreender as influências

históricas nas características da Educação Física escolar.

Para Ghiraldelli Jr., é necessário que a periodicidade das tendências

seja entendida com cautela, já que as mesmas, embora só se explicitem em uma

dada época, já estão latentes em épocas anteriores e, além disso, tendências que

aparentemente desapareceram são incorporadas por outras. Ressalte-se ainda a

distância entre a teoria e o que de fato ocorre na prática, ou seja, nas aulas.

Para Ghiraldelli (1988):

“O problema também é complexo quando desejamos entender

a organização mental dos professores de Educação Física.

Todas essas tendências são mais ou menos incorporadas, e

estão vivas nas cabeças dos professores atuais. Eles são

absorvidos em forma de amálgama e, não raro, levam a um

ecletismo pouco produtivo.” (p.16)

Não é fácil, então, compreender as influências no processo de

formação dos professores de Educação Física. Nos anos 70 e 80, período da

Tendência Competitivista, houve uma forte influência da prática do desporto escolar

competitivo, marcado pela realização dos Jogos Escolares Brasileiros - JEBs,

descaracterizando-se quase que totalmente a Educação Física escolar, tanto nas

séries em que se recomendava a iniciação desportiva, ou seja, de 5ª a 8ª série do

primeiro grau, como na prática do desporto nas séries do segundo grau.

Secundarizou-se, então, o caráter formativo e pedagógico da Educação

Física, praticamente restrito às primeiras séries do primeiro grau, cujo ensino, no

entanto, foi deixado quase que totalmente a cargo de professores sem a devida

qualificação, com formação apenas em magistério de segundo grau.

Ainda que muitos sejam os autores que contestem os benefícios de um

esporte voltado unicamente para os resultados, na escola, as aulas de Educação

Física também instituíram os resultados de forma muito arraigada. Contudo, a

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reação dos intelectuais da área não deixou de provocar uma revisão conceitual do

esporte, influenciando também a revisão de conceitos e posturas na prática da

Educação Física escolar.

Tal perspectiva pode ser constatada, na década de oitenta e na virada

da de noventa, por parte de muitos autores - professores e pesquisadores que se

posicionaram em defesa da valorização de uma Educação Física mais humanista e

mais educativa.

A partir dos anos noventa, o esporte adquire importância social mais

expressiva. O movimento esportivo mundial cresceu e expandiu-se, com o

conseqüente aumento de sua relevância social. Valorizam-se, inevitavelmente, as

práticas de atividades físicas, inclusive as escolares.

O esporte é revisto nos ambientes escolares, admitindo-se, em meados

da década, a idéia de se implantar um esporte participação. Essa iniciativa provocou

forte reação por parte de muitos professores/treinadores de Educação Física, ou

seja, dos que se tornaram muito mais técnicos do que professores/educadores de

Educação Física. Tais profissionais continuam, especialmente quando se trata de

competições, a defender regras duras e exigentes, buscando assegurar a

seletividade necessária para se chegar à vitória.

Tubino (1992) refere-se à Carta Internacional de Educação Física e

Desportos (UNESCO, 1978) como um documento que veio consolidar a discussão

internacional desenvolvida na época sobre o esporte e que apontou para um novo

conceito do mesmo. Destaca, ainda, que se abre a perspectiva do direito à prática

esportiva, aumentando-se significativamente a dimensão social de um esporte

reconceituado. Na escola, esse direito pode ser interpretado como um direito à

prática da atividade física de maneira geral, reivindicada para todos os níveis

escolares.

Após o redimensionamento conceitual, o esporte é considerado como

problema humano e social. Seu significado social passou a abranger manifestações

comprometidas com a educação, a participação e a performance, sendo visto por

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Tubino como “um campo sociocultural de estruturas e conteúdos de grande

complexidade, que se apresenta com grande fascínio para todos os atores ativos e

passivos, propiciando oportunidades únicas para a convivência humana”.

Aplicando essa concepção à escola e apoiando-me também em outros

autores que defendem a prática de uma Educação Física escolar democratizada,

considero como direito de toda a criança praticar Educação Física e ter acesso ao

brinquedo e ao jogo na escola. Julgo ainda que atividades bem desenvolvidas, com

materiais adequados, podem desenvolver fascínio nas crianças, integrando-as entre

si, bem como com seus professores e com os alunos-mestres.

Dessa forma recorrendo ainda a Tubino (1992) para sustentar minha

defesa quanto à necessidade de tornar a Educação Física escolar, para crianças,

mais agradável e participativa, destaco suas palavras:

“O esporte, com o seu conceito compromissado com as suas

perspectivas na educação, na participação das pessoas

comuns e também no rendimento, em situações específicas,

inclusive quanto às finalidades, e visto como direito de todos,

passou a merecer novas abordagens e estudos para que sua

dimensão social seja realmente entendida” (p. 13).

Assim, tem-se que essa dimensão social ampliada da atividade física

precisa nortear novas possibilidades para a prática da Educação Física nas

instituições de ensino. Os objetivos como o desenvolvimento integral do indivíduo e

a sociabilidade, onde aparecem a competição, a cooperação, lealdade e a resolução

de problemas, características da vida em sociedade, devem ser ressaltados, uma

vez que o conteúdo da educação não está constituído somente por aquilo que se

ensina, incorpora a totalidade das condições que pertencem ao ato pedagógico.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UMA NOVA ABORDAGEM

DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Atualmente, a escola se constitui no ‘locus‘ ideal para o início da

educação para a saúde. E neste sentido, a Educação Física (EF) emerge como

condutora principal deste processo pedagógico.

Estudos nesta área, como por exemplo, os desenvolvidos por Gerber

(1992), Pate (1995), Maitino (1998) apontam que crianças em idade escolar

apresentam vários indicadores de risco os quais, na idade adulta, são preditivos da

DC, razão pela qual a prevenção primária da aterosclerose deve ser iniciada

precocemente. Sugerem ainda que a escola se constitui em espaço de excelência

para o início de procedimentos pedagógicos sobre Educação para a Saúde.

De modo geral, o conteúdo das aulas de EF das escolas públicas de

ensino básico privilegiam tipificações de algumas modalidades esportivas, como por

exemplo, Futebol de Salão, Basquetebol, Voleibol e outras. A abordagem, ainda que

em termos gerais, sobre conteúdo e metodologia da atividade física e suas

interfaces com a saúde é rara, senão inexistente. A propósito, o conceito de

atividade física regular relacionada à saúde deve ser comunicada com mais

seriedade à criança em idade escolar.

Admitem inúmeros pesquisadores da área, dentre os quais Armstrong,

Sleap, Alderson, Crutchley, que a Educação Física tem importante papel a

desempenhar neste desafio. Posto que o objeto de estudo da Educação Física é o

homem em movimento, deduz-se que o movimento, entendido aqui enquanto

atividade física, se constitua na variável de maior interesse deste processo. Ocorre,

contudo, que na realidade brasileira, salvo melhor juízo, a Educação Física escolar

não inclui, entre seus objetivos, a articulação da atividade física com a saúde.

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Historicamente, conceitos básicos sobre atividade física, enquanto

elemento de promoção da saúde, não são abordados. A Lei de Diretrizes e Bases

(LDB) da Educação Nacional (n° 9 394, de 20 de dezembro de 1996), no seu artigo

26, parágrafo 3º, estabelece que “a Educação Física, integrada à proposta

pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se

às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos

noturnos”.

Desta maneira, fica evidente que, enquanto componente curricular da

Educação Básica, integrada à proposta curricular, a Educação Física está sendo

levada para dentro da escola, incluindo-se nos fazeres escolares. Para tanto, deve

oferecer proposta consistente, atualizada e particularmente articulada com algum

interesse social que supere o ativismo inconseqüente do fazer por fazer.

Esta nova situação se diferencia da anterior, na qual, o parecer 853/71

do Conselho Federal de Educação, enquanto desdobramento da Lei 5 692/71,

discorria sobre a doutrina do currículo e fixava o núcleo-comum para os currículos do

ensino de 1º e 2º graus. O artigo 7º da referida lei tratava da obrigatoriedade da

inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e

Programas de Saúde nos currículos plenos do ensino de 1º e 2º graus. Estabelecia

ainda que o currículo pleno de cada escola seria constituído por disciplinas, áreas de

estudo e atividades.

Para melhor entendimento destes componentes curriculares, parte-se

do mais para o menos amplo e do menos para o mais específico. Desta forma, nas

atividades, as aprendizagens deverão ocorrer antes sobre experiências colhidas em

situações concretas do que pela apresentação sistemática dos conhecimentos; nas

áreas de estudo - formadas pela integração de conteúdos afins, consoante a

atendimento que já é tradicional - as situações de experiência tenderão a equilibrar-

se com os conhecimentos sistematizados; e nas disciplinas, sem dúvida as mais

específicas, as aprendizagens se farão predominantemente sobre conhecimentos

sistematizados.

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Neste cotejo entre atividades, áreas de estudo e disciplinas, há que se

considerar que

“(...) assim como o conhecimento há de estar desde a

atividade, sob pena de que o ensino a nada conduza, também

não se dispensa alguma conexão com o real no estudo das

disciplinas, sem o que se descambará para um intelectualismo

vazio e inconsistente” (SE/CENP., p. 268).

Neste contexto, localizava-se a EF, caracterizada como atividade. Isto

não implicava que estivesse hierarquizada ou que a Lei em algum momento lhe

atribuísse menor importância em cotejo com as disciplinas. Apenas particularizava

um e outro componente curricular. Se, nas atividades, as práticas prevaleciam, de

forma alguma excluía o conhecimento.

De modo geral, o conhecimento e as práticas oferecidas nas aulas de

EF carecem de melhor direcionamento. Sabidamente, a EF tal como se apresenta

nos dias atuais não se sustentaria no âmbito escolar público, caso dependesse de

reconhecimento social.

Esta situação pode estar associada à excessiva ênfase dada às

práticas esportivas, as quais, invariavelmente, não são entendidas enquanto meio

educacional, senão como fim. Generalizou-se que aulas de EF sugerem bola, apito,

quadra polivalente, formação de equipes, disputa, campeonato, premiação. Nada de

mais se estes procedimentos estivessem articulados com a formação geral do aluno

e se o produto não sobrepujasse o processo. Situações de desempenho, que

objetivam resultados, são melhor ambientadas em clubes esportivos.

De qualquer forma, seria oportuno oferecer aos alunos outras

“roupagens” da EF, como por exemplo, a promoção da saúde com suas inúmeras

implicações. Não se trata, entretanto, de estabelecer relação de causalidade entre a

EF e estado satisfatório de saúde, senão proporcionar aos alunos, contato com um

conhecimento que lhes possa ser útil.

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A observação de Sleap (1990, p. 19) é bastante pontual. Comenta o

autor que a EF tem sido freqüentemente vista como educação do ou através do

físico mas a educação sobre (ou para) o físico também deve ser cogitada.

Educação sobre como manter o corpo em boas condições para melhorar a qualidade

e quantidade de vida deve ser considerada tão relevante quanto os ensinamentos de

habilidades para um esporte coletivo, o qual pode não ser nunca mais jogado, uma

vez terminados os dias escolares.

De fato, o que está sendo proposto é que as crianças em idade escolar

tenham acesso a um conjunto de informações teóricas e práticas a propósito da

atividade física regular, sistemática e vinculada à aquisição e manutenção de níveis

satisfatórios de aptidão física, além da adoção de estilo de vida saudável, na medida

do possível, com aderência na fase adulta.

Não se trata, necessariamente, de condicionar fisicamente as crianças,

senão oferecer-lhes formação escolar – posto que a escola constitui-se no espaço

onde aprende-se alguma coisa – sobre conteúdo e procedimentos metodológicos

relacionados à atividade física e à saúde, o que, por certo, inclui o combate ao

sedentarismo.

Em nosso meio, iniciativas neste sentido são raras. Guedes & Guedes

(1993, p. 18) por exemplo, apontam para a existência de fundamento lógico,

racional, no sentido de atribuir-se à Educação Física escolar outro eixo de interesse,

qual seja o da Educação para a promoção da saúde em superação ao

desenvolvimento de habilidades atléticas e/ou recreacionais, até por que, na

sociedade atual, número significativo de pessoas adultas contribuem fortemente com

o aumento estatístico de doenças cardiovasculares, as quais, de alguma forma,

estão associadas com o sedentarismo.

Possivelmente, a razão mais convincente para a promoção de estilo de

vida ativo na escola é dada por Bar-Or (1987, p. 306) ao enfatizar que a escola

constitui-se realmente no único lugar no qual todas as crianças, sem restrições de

educação, formação, sexo, raça e passado atlético têm a oportunidade de

beneficiarem-se de tais experiências.

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O crescente interesse pela atividade física pode ser discutido sob

inúmeros aspectos. Um deles diz respeito às evidências estabelecidas entre a

atividade física regular com a prevenção da DC. O atual nível e padrão de atividade

física das crianças é causa de grave preocupação. Professores de EF de todos os

níveis de escolaridade devem colaborar uns com os outros, com a comunidade e

com a família, para enfrentar este desafio, no entendimento de Armstrong (1990, p.

1).

Novas iniciativas estão sendo exploradas com crianças, resultando em

elevado perfil de aptidão física relacionada à saúde, como uma característica básica

da EF escolar (Sleap, 1990, p. 17).

Armstrong (1990, p. 13) sugere que o primeiro objetivo da inclusão da

AF relacionada à saúde nos currículos da EF deve ser no sentido de as crianças

realizarem activity independence, ou seja, tornarem-se independentes quanto às

suas atividades. Os professores devem ajudá-las e encorajá-las a internalizarem a

motivação para serem ativas, de forma que, quando a motivação extrínseca dos

professores for retirada, a criança continue com um estilo de vida ativo. Para

conseguir esta independência, a criança deve entender os princípios sobre

atividades que objetivam a saúde, além de saber como tomar decisões no sentido

de implementar programas individuais, os quais devem ser periodicamente

redirecionados e modificados com o passar dos anos.

Não se tem dado muita atenção à promoção da saúde nesta faixa

etária e neste nível de escolaridade. E é exatamente nestes anos iniciais que os

estilos de vida começam a ser cristalizados.

Bray (1987, p. 7) enfatiza alguns aspectos da escola primária que

facilitam a promoção dos princípios da saúde nesta faixa etária. De modo geral, as

crianças têm curiosidade sobre seus próprios corpos e são particularmente

receptivas às informações sobre saúde; as professoras supervisionam todo o

desenvolvimento da criança, razão pela qual é possível integrar vários elementos

sobre comportamentos saudáveis como um todo, ao invés de áreas isoladas como

usualmente acontece no ensino médio.

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Finalmente, entende o autor que freqüentemente ocorre estreita ligação

com o ambiente familiar, o que pode ser excelente mecanismo para influenciar os

pais, se alterações significativas forem observadas no comportamento das crianças

em relação às aulas de EF.

Reconhecendo que as origens de muitas doenças crônicas (incluindo-

se a Doença Coronária) estão relacionadas com padrões de comportamentos

desenvolvidos durante a infância, The United States Departament of Health and

Human Services estabeleceu em 1980 que um dos objetivos da saúde, para a

nação, seria que, na década de 90, a proporção de crianças e adolescentes na faixa

etária de 10 a 17 anos participando regularmente em programas apropriados de

atividades físicas, notadamente naqueles que visem aptidão cardiorrespiratória, os

quais tenham aderência na fase adulta, seja maior que 90,0%.

3.1 A instituição de ensino

A escola primária se constitui em ambiente privilegiado para a

promoção/instalação de estilo de vida ativo, em parceria com a família. A curiosidade

natural das crianças pode ser utilizada no sentido de ajudá-las a entender como o

seu organismo funciona, e a importância da atividade física (AF) deve ser enfatizada

e relacionada com outros aspectos da educação.

As crianças podem ser orientadas através de conteúdo teórico-prático

de EF que inclua ginástica, habilidades em jogos, dança, natação, e outros. Com

atrativo e balanceado programa de atividades as crianças podem desenvolver

repertório de habilidades motoras condizentes com seu nível de maturidade e

sentirem-se confiantes quanto às suas próprias possibilidades (Armstrong, 1990, p.

9). Propõe ainda, o mesmo autor, que programas de atividade física direcionadas

para crianças podem ser implementados com algum sucesso se elas estiverem

intrinsecamente motivadas para realizar estas atividades. Não porque tenham de

participar, senão porque queiram participar.

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Recente publicação do Sports Council sugere uma sessão diária de

atividades vigorosas em cada escola primária como parte de programa de EF, ou

como seu suplemento. Contudo, esta recomendação precisa ser entendida com

algum cuidado em virtude da resistência que as crianças apresentam em participar

de programas compulsórios e estruturados de atividades físicas vigorosas.

Deve ser mais interessante proporcionar às crianças experiências

motoras atraentes, prazerosas, objetivando favorecer a motivação para futura

participação. As partes relevantes do programa de estudos devem ser interpretadas

com ênfase na promoção de estilo de vida ativo que, espera-se, irá persistir na vida

adulta. Deve ser demonstrado claramente às crianças que a atividade pode ser

agradável e que a competição ou excelência atlética não é necessária para a

promoção da saúde.

As crianças devem ser expostas a grande variedade de atividades em

duplas, ou em equipes e a ênfase deve ser dada ao desenvolvimento de bases

saudáveis de habilidades motoras que podem contribuir para experiências bem

sucedidas e agradáveis, tanto no presente, como no futuro. Desta forma, se faz

necessário que os professores estejam atualizados com os atuais conceitos sobre

exercício e ciências da saúde, além de ter bem claro o crescente corpo de

conhecimento associado com a aderência ao exercício. Esta situação implica

programas de educação inicial e continuada (Armstrong, 1990, p. 11).

As aulas de Educação Física, pela sua própria natureza, constituem-se

no espaço ideal para promover atividades físicas e em outras realidades sociais, os

professores da área têm reagido positivamente para a emergente inclusão da

aptidão física relacionada com a saúde, no currículo. O propósito imediato do

professor pode ser o desempenho mas o seu objetivo final deve ser a educação.

Um relatório desenvolvido Her Majesty's Inspectorate comentou que

gastam-se centenas de horas ensinando as habilidades da maioria dos jogos de

equipes, quando, de fato, considerável parcela dos jovens não prosseguirá com

estas atividades, tão logo deixem a escola (Dowling, 1987, p. 46).

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Pode-se admitir que a promoção da saúde se constitui, de fato, em

objetivo central da EF na escola. Ela oferece a única contribuição que

provavelmente não seja efetivamente oferecida em qualquer outro lugar. Facilita,

outrossim, o crescimento físico e educa as crianças sobre os inúmeros atributos da

saúde relacionados com a AF. Para alguns pesquisadores, como Sleap (1990, p.

21), por exemplo, o assunto assume tamanha seriedade ao afirmar que fica muito

difícil visualizar quais outros objetivos podem ser justificados tão fortemente como a

saúde.

3.2 As campanhas educativas

Em países e regiões nas quais os agravos cardiovasculares, de modo

geral e a doença coronária em especial, assumem aspectos epidêmicos, as

campanhas preventivas procuram envolver grandes comunidades.

O enfoque principal recai sobre a identificação e desejável controle dos

fatores de risco. É evidente que os assim chamados fatores de risco não devem ser

considerados isoladamente, de maneira que o tabagismo, a hipertensão arterial, a

hipercolesterolemia, o sedentarismo e outros, são intercorrentes. Resulta daí que

nenhuma ação profilática tem sentido se objetivar o controle de um ou dois fatores

de risco isoladamente. Todos os esforços propõem mudança de comportamento, ou

seja, a adoção de estilo de vida comprometido com a saúde, entendida aqui no seu

sentido mais amplo.

Os resultados dessas campanhas, em relação à população adulta,

carecem de melhor consistência. De qualquer forma, todos os esforços devem ser

dirigidos no sentido de socializar um tipo de conhecimento útil à sociedade. Em

nosso meio, Chammé (1997, p. 72) argumenta que ações e programas de Saúde

Pública carecem de melhor condição formativa ou educativa, posto que os existentes

atualmente limitam-se ao plano informativo.

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Convém salientar que o comportamento relacionado à saúde está,

invariavelmente, atrelado ao estilo de vida geral da comunidade, o que por sua vez,

envolve aspectos culturais, atitudes e valores, além da sua situação ambiental e

sócio-econômica.

A desejável operacionalização de medidas preventivas não depende

apenas da ação de especialistas. No plano coletivo, ela depende, antes, das

estruturas sócio-econômicas. (Rouquayrol, 1994, p.18).

Sabidamente, é muito difícil persuadir pessoas adultas a alterar

costumes estabelecidos durante longos anos, razão pela qual em inúmeros países

medidas educativas vêm sendo operacionalizadas junto às crianças em idade

escolar, notadamente durante as aulas de Educação Física, na tentativa de levar o

conhecimento da escola para a família. Se campanhas educativas direcionadas para

adultos não produzem o efeito desejável, não seria o caso de atingi-los através das

crianças e dos adolescentes?

Neste sentido a Educação Física torna-se um campo muito grande de

ações, em que através das vivências em situações decorridas, o indivíduo

desenvolve sua atitude e capacidade de ação, além é claro de perceber o seu

mundo de movimentos, entender as implicações deste para a sua saúde e estética e

também entender as questões éticas relacionadas ao esporte, pois surgem muitos

problemas a serem resolvidos, não diferente da vida em sociedade.

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CAPÍTULO IV

IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A prática pedagógica não deve ser entendida apenas como o momento

em que a aula se dá. Ainda que a idéia comum que se tenha da prática seja a de um

espaço que obedeça a certas normas e modelos que visam estabelecer o que, de

forma geral, ocorre ou deveria ocorrer em aula (Perrenoud, 1997).

A prática pedagógica inicia-se bem antes do momento propriamente

dito da aula e não termina com o fim desta, mas vai além, no que poderíamos

chamar de um processo contínuo que se complementa cotidianamente mas não se

completa, pois não é finito e sim passível de reconstrução e re-elaboração.

Assim, as atividades relativas ao planejamento, à preparação das

aulas, à escolha dos materiais, à avaliação da aula, dos alunos e sua própria auto-

avaliação são alguns elementos que permeiam o trabalho pedagógico do professor,

assim como a metodologia adotada, o conteúdo a ser ensinado, a especificidade de

um componente curricular, elementos que não são unívocos e estáticos e que, por

isso, apresentam-se de formas diferentes (tanto quanto ao locus como em relação

ao tempo) no próprio trabalho pedagógico, bem como na representação que se tem

deste.

Desta forma, a prática pedagógica exige um processo de constante

reflexão por parte do professor. Este processo que se dá antes e depois do

momento da aula é fundamental para que as relações que se estabelecem em aula

possam ser melhor compreendidas e desenvolvidas.

Em sua atividade, o professor se envolve numa intensa e complexa

rede relacional em que tem de tomar (num certo espaço de tempo) várias micro-

decisões.

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É preciso ter claro que, no processo ensino-aprendizagem, vários

fatores estão atuando, tais como a característica da atividade, a disposição do

espírito, o estado de cansaço ou tensão sentidos pelos alunos e pelo professor

(Perrenoud, 1997).

Esse autor aponta que: "Seja qual for a variação de uma aula para

outra, a prática pedagógica é constituída em classes muito ordenadas e controladas,

por uma sucessão de micro-decisões das mais variadas naturezas" (Perrenoud,

1997, p. 37). Compreender como o professor se relaciona com estes elementos,

procurando observar como opera e que importância atribui aos mesmos pode ser

uma forma importante e interessante para melhor visualizar como vem se dando a

prática pedagógica dos professores.

Além disso, captar elementos do imaginário do professor de EF não

significa adotar uma postura psicologista, mas reconhecer que este imaginário é

construído no processo social e é carregado de conteúdos e sentidos ideológicos

(Bakhtin, 1997, p. 95). Portanto, o discurso individual de cada professor manifesta o

universo subjetivo que ele constrói a partir das suas vivências objetivas/sociais. Essa

carga subjetiva também redimensiona e reconstrói, em certa medida, esta mesma

realidade.

Desta forma, para um projeto que pretende contribuir para mudanças

na prática pedagógica do professor de EF, torna-se relevante apreender e

compreender a representação que este professor tem acerca de seu trabalho, pois

esta representação é constituída e constituidora da realidade social na qual ele se

insere. É claro que alguns cuidados necessitam ser tomados. Como observa Bakhtin

(1997, p. 32),

"Um signo não existe apenas como parte de uma realidade; ele

também reflete e refrata uma outra. Ele pode distorcer essa

realidade, ser-lhe fiel, ou apreendê-lo de um ponto específico,

etc. Todo signo está sujeito aos critérios de avaliação

ideológica (isto é: se é verdadeiro, falso, correto, justificado,

bom ...".

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De fato, a visão estereotipada de que a Educação Física oferecida nas

escolas era de má qualidade e o professor um profissional de segunda categoria era

bastante comum e que ainda sofre resquícios atualmente desse estigma. Essa fama,

aliada ao uso abusivo do esporte nas aulas, terminou por levar a disciplina a uma

crise de identidade, já identificada na década de 70, em plena vigência da tendência

competitivista da Educação Física.

Segundo Dufour (citado por Ferreira, 1984, p. 19):

“A Educação Física praticada nas escolas parece estar

sofrendo uma crise de identidade. Esta crise se revela pela

existência de conflitos entre o status da Educação Física em

relação aos outros ramos de Educação e em relação ao

desporto. O primeiro tipo de conflito aparece quando se situa a

Educação Física no quadro geral da Educação. Os autores

assumem posições contraditórias, ora caracterizando a

Educação Física como “uma atividade natural, corporal,

puramente instintiva, muitas vezes inconsciente, obedecendo

às leis de uma mística do eugenismo” e ora como “uma

atividade intelectual, que, embora partindo da praxis, dela se

destaca, ultrapassa o concreto e conduz a ginásticas

intelectuais muito complicadas, até mesmo sofisticadas”. O

segundo tipo, da Educação Física identificada com o desporto

“reduz-se e concretiza-se na competição, nos recordes, no

ultrapassar-se a si próprio, o que implica uma entrega total do

ser à conquista dos cumes”. O sentido de auto-competição e

de auto-superação parece não ter sido incorporado pela

escola. As qualidades lúdicas, tais como espontaneidade e

capacidade de desenvolver satisfação pessoal com

desempenho e iniciativa, características do esporte educativo,

não estão sendo enfatizadas pelas atividades de Educação

Física. Em contrapartida, estas atividades têm se caracterizado

por uma prática essencialmente mecânica.”

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Dois fatos marcantes parecem ter determinado, nessa ocasião, os

rumos da Educação Física: a retomada da realização dos Jogos Olímpicos após a

Segunda Guerra Mundial e a apresentação do “Projeto de Doutrina de Educação

Física Desportiva” pelo Instituto Nacional de Esportes da França, em 1945, que deu

origem à Educação Física Desportiva Generalizada, influenciando diretamente a

prática da Educação Física na escola.

Iniciou-se um movimento voltado para a formação de equipes

desportivas, reproduzindo-se o modelo dos Jogos e de suas deformações, tais

como: “cientificismo exagerado, propaganda política e supervalorização da

tecnologia” (Lisboa, citado por Ferreira, 1984, p. 20).

O fenômeno do esporte-espetáculo pode ter levado a escola a

incorporar valores contrários aos ideais próprios à educação. As atividades físicas

desempenhariam papel complementar nesse processo de educação geral.

Para Ferreira (1984):

“A identificação com o esporte-espetáculo a que parece estar

submetida a Educação Física na instituição escolar constitui

uma ameaça aos propósitos últimos da educação. Ela absorve

e passa a utilizar, em seu processo de ensino uma concepção

autoritária.

O papel do professor apresenta-se apenas como disciplinador,

servindo-se de metodologias que controlam a participação do

aluno, impedindo-lhe o crescimento pessoal e social.

A escola, como instituição, parece não ter absorvido a

Educação Física e o esporte em seus objetivos de formação de

um homem livre, que se conhece, se experimenta, se vence, se

respeita o direito dos outros e se mantém consciente de seus

deveres e responsabilidades.

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A escola parece estar se prestando ao desenvolvimento de

uma ideologia de reprodução, acrítica, identificando-se mais

com a instituição desportiva cujos valores são: desempenho

máximo, vitória a qualquer preço, glória, vantagens de ser

campeão, submissão do homem, disciplina autoritária e

possibilidade, no mais das vezes ilusória, de ascensão social.

Parece que a escola, ... acredita no fato de um campeão ser

necessário para estimular a prática do esporte por um grande

número de pessoas.” (: 20-21)

Assim, constata-se que a Educação Física vista apenas pelo plano da

reprodução do movimento, de caráter seletivo, em que se valoriza o desempenho

dos alunos bem dotados, ignorando-se os menos aptos, reduz sua abrangência e

seu potencial, negando seus objetivos, somente alcançáveis se desenvolvidos de

modo que o aluno tenha a oportunidade e a possibilidade de participação no

processo educacional da Educação Física, cujas atividades apresentam um caráter

global que não pode ser esquecido.

A Educação Física é uma disciplina que possibilita, talvez mais do que as

outras, espaços onde se pode dar início a mudanças significativas na maneira de se

implementar o processo de ensino/aprendizagem, tendo em vista as diversas

situações em que os dados do cotidiano associados à cultura de movimentos podem

ser utilizados como objetos para reflexão.

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CONCLUSÃO

Perante a análise feita anteriormente, a conclusão mais importante a

que podemos chegar desta pesquisa é que realmente existe uma necessidade de se

alterar a maneira pela qual ela é exercida atualmente e, sim, é possível promover

esta alteração pedagógica de modo a se tirar um maior proveito do processo ensino-

aprendizagem, sendo que para isto não precisamos necessariamente abandonar os

movimentos de caráter desportivo, mas adapta-los a uma realidade que não exerça

sobre os alunos uma pressão constante na busca incessante de resultados.

Desta forma podemos sugerir àqueles que militam na área escolar a

realização de uma metodologia que estimule o aluno em todas as esferas de seu

comportamento humano (motora, cognitiva, afetiva e social) e não somente a

motora, como observa-se atualmente.

Propõe-se, então, uma Educação Física de qualidade porque:

- É um meio efetivo de inclusão social com o significado de promover em todas as

crianças - qualquer que sejam suas capacidades/incapacidades, sexo, idade,

cultura, etnia, religião ou nível social - com as habilidades, atitudes, valores,

conhecimento e entendimento para a participação permanente em atividade física e

esportes;

- Ajuda a assegurar o desenvolvimento integrado e completo de mente, corpo e

espírito;

- É o único conteúdo escolar cujo foco principal está no corpo, atividade física,

desenvolvimento físico e saúde;

- Ajuda as crianças a desenvolver modelos e interesses em atividade física, que são

essenciais para o desenvolvimento saudável e que é uma posição básica para

adultos com estilos de vida saudáveis;

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- Ajuda as crianças a desenvolver o respeito pelo seu corpo e pelo corpo dos outros;

- Desenvolve o entendimento da função da atividade física na promoção da saúde;

- Contribui para a autoconfiança e auto-estima das crianças;

- Realça o desenvolvimento social preparando as crianças a lidar com a competição,

vitória e derrota; e cooperação e colaboração;

- Promovem as capacidades e conhecimentos para o trabalho futuro em esporte,

atividade física, recreação e lazer, uma área crescente de empregos.

Cabe agora aos educadores físicos, estudarmos e conhecermos o que

cada aluno pode potencialmente realizar e em quais condições pode apresentar um

nível de desenvolvimento que lhe permita realizar determinados movimentos

ordenados pelo professor, para que assim possamos contribuir, dentro da educação

física escolar, com o avanço do processo de desenvolvimento motor o qual ocorre

em todos nós, seres humanos.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS..................................................................................... 03 DEDICATÓRIA............................................................................................... 04 RESUMO........................................................................................................ 05 METODOLOGIA............................................................................................. 06 SUMÁRIO....................................................................................................... 07 INTRODUÇÃO............................................................................................... 08 CAPÍTULO I MOTIVAÇÃO E PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................... 10 CAPÍTULO II A EDUCAÇÃO FÍSICA E SEUS OBJETIVOS ................................................ 14

2.1 A visão dos Parâmetros Curriculares Nacionais na Educação Física.. 17 2.2 A prática docente ................................................................................. 19 2.3 Do esporte Institucionalizado à Educação Física como disciplina ....... 22

CAPÍTULO III EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UMA NOVA ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................................................................

26

3.1 A instituição de ensino ......................................................................... 31 3.2 As campanhas educativas ................................................................... 33

CAPÍTULO IV IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO ..........................................................................................................

35

CONCLUSÃO................................................................................................. 40

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 42 ÍNDICE............................................................................................................. 45

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia: A importância da educação física para a educação

Data da entrega: _______________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Avaliado por:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

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ANEXOS