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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” PROJETO: “A VEZ DO MESTRE” A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO EM TURMAS DO 1º ANO DO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL Por: Claudia Maximiano Francisquini Orientadora: Profº Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”

A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO EM

TURMAS DO 1º ANO DO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por: Claudia Maximiano Francisquini

Orientadora: Profº Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”

A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO EM

TURMAS DO 1º ANO DO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Trabalho Monográfico

apresentado como requisito

parcial para a obtenção de grau

de especialista em Supervisão

Escolar.

Por: Claudia Maximiano Francisquini

Orientadora: Profº Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2003

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Agradeço primeiramente a Deus

pela saúde força e capacitação, que por

sua maravilhosa graça, me concedeu,

dando-me condição de mais uma

conquista.

Aos amigos e parentes que me

incentivaram e apoiaram e que, de alguma

forma, contribuíram para a realização deste

trabalho.

À nova amiga Karyne pela

presença amiga e incentivo em todas as

horas.

A todos meus sinceros

agradecimentos.

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Este trabalho é dedicado as

pessoas mais importantes na minha vida.

À minha mãe que, com seu amor

estímulo, carinho e compreensão, nunca

mediu esforços para me ajudar e dar

condições para que eu chegasse ate aqui.

Ao meu esposo Gilson que

sempre me incentivou e acompanhou em

cada conquista.

A todos que sempre me

estimularam a seguir em frente.

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RESUMO

O presente trabalho aborda um tema tão importante e presente

em nossa vida escolar, como alunos e professores e que ainda se constitui

um nó nesse processo ensino aprendizagem, a AVALIAÇÃO. A avaliação

não deve ter como função determinar a aprovação ou reprovação, tornando-

se um instrumento de exclusão. A mensuração classifica, exclui o aluno e

seleciona os melhores, ocasionando o afastamento e se tornando a causa

maior da evasão escolar.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),

aprovada em 96 determina que a avaliação seja continua e cumulativa e que

os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos, retirando da

prática avaliativa seu caráter classificatório, ainda predominante. Visando

uma mudança de postura e baseando-se nos procedimentos apontados

pelos PCN, a Secretaria Municipal de São João de Meriti, juntamente com a

equipe elaborou uma Proposta de Ação para auxiliar os professores

Diante da necessidade de mudança na prática avaliativa,

buscando a formação do aluno como cidadão, percebemos a real precisão

de uma reflexão, preparação e embasamento teórico por parte dos

professores, pois a partir da percepção da forma de aprender dos alunos, o

professor poderá refletir e procurar aprimorar sua prática estando a todo o

momento comprometido com a aprendizagem. O professor precisa repensar

sua prática, questionar o que é aprendizagem e a função social do que

ensina garantindo assim a aprendizagem significativa do aluno.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................07

CAPITULO l – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.......................................10

1.1– Conceito de Avaliação

1.1.1 Avaliação Classificatória

1.1.2 Avaliação Diagnostica

1.1.3 Avaliação Mediadora

1.1.4 Avaliação Dialógica

1.2 – Funções da Avaliação

CAPITULO II – AVALIAÇÃO NOS PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS 18

2.1 – Critérios de Avaliação

2.2 – Orientações para Avaliação

2.3 – As avaliações oficiais

CAPITULO III – PROPOSTA DE AÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO

MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE MERITI........... ........................................25

3.1 – A organização da escola por ciclo

CAPÍTULO IV – RECUPERAÇÃO DA APRENDIZAGEM NÃO DA NOTA ..31

4.1 – Pensando a recuperação

4.2 – Recuperação Paralela

4.3 – Planejando a recuperação

4.4 – Técnicas que podem ser utilizadas na Recuperação Paralela

CONCLUSÃO................................................................................................37

BIBLIOGRAFIA..............................................................................................40

ANEXOS........................................................................................................42

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INTRODUÇÃO

Faz-se neste trabalho um estudo sobre um tema tão importante

ao processo de ensino-aprendizagem, denominado Avaliação,.procurando

verificar a atuação do professor no processo de avaliação em turmas do 1º

ciclo do Ensino Fundamental.

Pretendemos, portanto analisar, utilizando como metodologia a

pesquisa bibliográfica e observação de algumas Reuniões Pedagógicas e

Grupos de Estudos de uma escola, as formas e instrumentos de avaliação

utilizados pelos professores do Ciclo básico de alfabetização, da Rede

municipal de Ensino do Município de São João de Meriti, assim como a

proposta de Ação Político-Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação.

Visto que muitos professores ainda não estão efetivamente preparados para

as mudanças, nos enfoques e nas novas perspectivas do sistema de

avaliação proposto, tentaremos conceituar avaliação, a fim de atenuar as

dificuldades encontradas pelos mesmos na implementação da abordagem

diagnóstica da avaliação.

A avaliação é um processo presente em todos os momentos de

nossas vidas. No âmbito escolar não é diferente, pois se apresenta em

vários aspectos e situações.

Diante de tanto desenvolvimento, há necessidade de mudanças

no processo educativo, principalmente no que tange a avaliação, que apesar

de se constituir uma questão desafiadora, em nível de escola nem sempre

tem sido discutida. Procuramos confrontar a realidade da escola às

determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei

9.394/96.

Para que a avaliação funcione para os alunos com o um meio de

autocompreensão, importa que tenha, também, o caráter de uma avaliação

participativa.

Os parâmetros Curriculares apontam para procedimentos ideais

de avaliação que face às diversificadas realidades provocam um certo

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distanciamento, entre os propósitos universalizadores e as múltiplas

realidades vividas no cotidiano escolar.

A SEMEar, Proposta de Ação Político-pedagógica da Secretaria

Municipal de Educação, propõe uma avaliação que acompanhe o processo

de construção do conhecimento do aluno, contribuindo para o seu

desenvolvimento. Uma avaliação nas concepções diagnóstica mediadora e

dialógica, que privilegie o desenvolvimento do processo e não apenas o

resultado.

A maior parte da resistência a qualquer tipo de mudança está na

própria classe dos professores, reagindo frente a tantas imposições de

inovações; sem às vezes um preparo adequada para enfrentá-las e

implantá-las de forma respaldada e comprometida. É preciso, por parte dos

professores, de coragem e competência.

A liberdade para avaliar inclui também o conhecimento do que

seja avaliação; por isso a ação do professor deve ir alem dos instrumentos

tradicionais de avaliação, numa visão quantitativa e promover a formação

integral de um ser pensante.

A situação do fracasso escolar que atinge grande parte da

população brasileira encontra nos mecanismos de avaliação uma de suas

principais causas.

Às vezes a avaliação aponta aquilo que o aluno não sabe e perde

a oportunidade de descobrir o que ele já conseguiu alcançar. Outras vezes é

usada como instrumento até mesmo para consegui disciplina em sala de

aula.

O professor que está atento à construção do conhecimento de

seus alunos deve cultivar, na sua prática pedagógica, uma postura de

constante investigação.

Os envolvidos com a Educação estão sempre discutindo e

tentando encontrar meios e alternativas que proporcionem ao educando uma

educação de qualidade, e ao serem avalIados, seja.um ato consciente, não

o excluindo da unidade de ensino.

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A história de vida do educador, como aluno e professor, explica a

contradição entre o discurso e a ação na hora de avaliar. Na vivência, do

professor (enquanto aluno), a avaliação classificatória ou eliminatória foi uma

constante e, para ter uma perspectiva de mudança necessária uma reflexão

sobre a concepção da avaliação que vai nortear o trabalho no dia a dia da

escola.

Candau aponta a avaliação como um dos aspectos mais

problemáticos da prática pedagógica. Diz ainda que no processo de

formação dos professores, será preciso uma filosofia que pretenda uma

educação transformadora. Os sistemas educacionais precisam revitalizar os

cursos, estimular práticas críticas, criadoras em que os alunos vivenciem

aquilo que é teorizado.

Na maioria das vezes, os educadores percebem a ação de educar

e avaliar como momentos distintos. Apesar de, em seu cotidiano, muitas

vezes trabalharem acompanhando efetivamente o desenvolvimento de seus

alunos, percebendo conhecimentos adquiridos e compreendendo as

dificuldades, ao tentar registrar suas observações, eles a fazem em registros

classificatórios, eliminatórios e estanques.

.A reconstrução da prática de avaliar, essencial à educação em

todos os seus níveis, implica considerar como avaliação, a reflexão

transformada em ação, que nos encaminha à novas reflexões.

Celso Antunes cita alguns pressupostos, funções e procedimentos

que auxiliam o professor na elaboração de um projeto de avaliação do

rendimento escolar.

Ele afirma que a tarefa do professor ao avaliar exige competência,

discernimento, equilíbrio, além de conhecimentos técnicos.

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CAPITULO I – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

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1.1 – CONCEITOS DE AVALIAÇÃO

Em meio a esse contexto de crise de paradigma, quando as

mudanças ocorridas no campo da ciência refletem também nos vários

setores da sociedade, quando concluímos ser necessário transformar a

escola, nos deparamos com o grande nó da educação, que é a avaliação.

"Se as concepções de educação,

docente, aluno, currículo, planejamento

de ensino e avaliação da aprendizagem

forem amplas, visando à formação do

aluno como ser social; as instituições

buscarão formas de avaliar sua atuação

extra-muros, indagando-se

constantemente se estão contribuindo

para despertar a consciência, estimular

para a busca de alternativas ou

desenvolvimento de ações individuais e

coletivas de transformação”.

SOUSA (1991,p.76)

Existem vários conceitos que tentam definir a prática avaliativa,

entre essas definições observa-se que:

Avaliação é uma apreciação qualitativa

sobre dados relevantes do processo de

ensino e aprendizagem que auxilia o

professor a tomar decisões sobre o seu

trabalho.Podemos então definir a

avaliação escolar.como um componente

do processo de ensino-aprendizagem

que visa, através da verificação e

qualificação dos resultados obtidos

determinar a correspondência destes

com os objetivos propostos.

LUCKESI(1995,p.48.)

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Com este conceito, pode-se perceber que há muito.tempo a

avaliação vem sendo motivo de preocupação para os educadores e para

todos aqueles que estão envolvidos com a.educação. Se a educação é um

processo necessário na vida de todos os indivíduos, paralelamente a ela

tem-se sempre, a avaliação.

Através de estudos entende-se a necessidade de mudança no

processo educacional é preciso que todos os indivíduos tenham acesso a

educação quantitativa e qualitativa, proporcionando.assim uma

transformação social e crítica.

Em meio ao contexto de crise de paradigma, quando as

mudanças ocorridas no campo da ciência refletem também nos vários

setores da sociedade, quando concluímos ser necessário transformar a

escola, nos deparamos com o grande nó da educação, que é a avaliação.

1.1.1 - AVALIAÇÃO CLASSIFICATÓRIA

Estudos desenvolvidos demonstram que, por um longo tempo, o

processo de avaliação foi interpretado exclusivamente em sua dimensão

técnica: tratava-se de otimizar instrumentos de teste, técnicas de elaboração

de questões avaliativas, conversão de resultados em conceitos ou notas, e

assim por diante. A avaliação assim estudada era interpretada como um ato

neutro, instrumental. Sob uma capa de neutralidade técnica, a avaliação

estaria, na verdade, trabalhando a favor das classes dominantes, uma vez

que expulsam aqueles alunos cujo universo sócio-cultural não correspondia

aos valores dominantes transmitidos na escola. a avaliação, nessa

perspectiva classificatória, reduz-se a um momento final do processo de

ensino-aprendizagem, limitando-se a categorizar o aluno em termos de nota.

Buscar formas alternativas de avaliação significa, antes de

qualquer coisa, tentar entender os pressupostos, a base desses

procedimentos de avaliação classificatória, denunciando os elementos

ideológicos que os informam. Significa, ainda, compreender a cultura da

avaliação sob nova perspectiva.

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Em primeiro lugar, uma noção por trás da avaliação classificatória

é a ideologia da "igualdade de oportunidades" propiciada pela educação.

Nesse sentido, a neutralidade da avaliação significa que ela ajudaria tão-

somente a identificar aqueles que têm condições de aprender e prosseguir

no sistema de ensino e aqueles que não têm, sendo, portanto, reprovados.

Em segundo lugar, esse tipo de avaliação faz parte de uma visão

do processo de ensino-aprendizagem em que o conhecimento é interpretado

como algo estático, acabado, a ser ministrado verticalmente. Por professores

a seus alunos, de forma mecânica e repetItIva. Nesse sentIdo, o processo

de ensIno-aprendizagem dicotomiza-se: o professor ensina, e o aluno

aprende ou não aprende. A avaliação surge como um julgamento de

resultados finais, visando medir e controlar quanto os de conhecimento foi

memorizado pelo aluno. Ignora-se, nessa perspectiva, o dinamismo do

conhecimento produzido pelo homem, particularmente, no contexto das

grandes transformações científicas e tecnológicas.

A avaliação é o último refúgio das escolas tradicional e tecnicista,

sendo a parte mais legalizável do ensino, conferindo legitimidade a toda

prática social da escola tradicionalista que privilegia a memorização dos

conteúdos curriculares. No entanto, os efeitos negativos da avaliação

tradicional estão se explicitando, provocando um desconforto entre todos os

envolvidos no processo educativo.

A classificação dos alunos em Bons, Médios e Fracos, após o

ritual da pedagogia dos (exames são a formalidade última da avaliação

tradicional. O fenômeno da profecia auto-realizável de previsão do

desempenho futuro com base no desempenho atual, que se estabelece no

início do período letivo, acaba se concretizando).

A avaliação quantitativa, classificatória, adotada nas escolas é

também responsável pela repetência, evasão, exclusão e marginalização,

pois o baixo rendimento escolar que serviu para reter o aluno não é

superado pela repetição da série.

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"Dessa forma, o ato de avaliar não serve

como uma parada para pensar a prática

e retornar a ela, mas sim como um meio

de julgar a prática e torná-la

estratificada”.

Luckesi-SEMEar (1998 p.102)

Porém, as posições de contestação da avaliação tradicional e

tecnicista vêm crescendo e o estabelecimento de um processo avaliativo que

esteja a serviço do aluno e não contra ele, vem ganhando espaço.

Nesse sentido, em suas características diagnóstica, mediadora e

dialógica, a avaliação cumpre o seu papel de, superando o atraso do

processo avaliativo, atingindo seu real significado ; de ser instrumento de

acompanhamento da construção do conhecimento do aluno, numa visão de

totalidade.

1.1.2 - AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA:

Visa detectar os níveis de aprendizagem atingidos pelos alunos e

decidir o que precisa ser feito para corrigir os desvios,

“No caso da avaliação da aprendizagem,

essa tomada de decisão (...) se refere à

decisão do que fazer com o aluno

quando a sua aprendizagem se

manifesta satisfatória ou o que fazer

quando sua aprendizagem se manifesta

insatisfatória”. Se não tomar uma

decisão sobre isso, o ato de avaliar não

completou seu ciclo constitutivo “

LUCKESI – SEMEar (1998,p.103)

Sendo a prática pedagógica um processo continuo e global, de

ação-reflexão-ação, a, avaliação é parte integrante desse processo, indo

além da simples correção de provas e/ou trabalhos, como na avaliação

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tradicional, refere -se a reflexão sobre a ação realizada e a resposta : obtida

para, a partir daí, buscar meios para modificar o resultado não satisfatório.

1.1.3 - AVALIAÇÃO MEDIADORA:

É uma característica do construtivismo sócio-histórico, Através

dela busca-se a dinamização das oportunidades de ação-reflexão, o

acompanhamento permanente do professor, o desafio ao aluno, a

compreensão das dificuldades do aluno entendendo o seu processo de

cognição.

"Essa avaliação é ação, no sentido de

levar o aluno do saber provisório a um

saber enriquecido. Nesta visão de

avaliação não há um resultado único. Há

um processo. Há sempre um vir a ser”.

(Jussara Hoffmann)

Neste sentido, poderemos chegar a um posicionamento mais

democrático quanto ao verdadeiro significado da avaliação, respeitando o

ritmo de cada aluno, pois a avaliação mediadora é o elo entre o aluno e o

objeto do conhecimento, mediando a passagem de um nível para outro.

Mediar refere-se ao que está acontecendo no meio, ou entre duas

ou mais coisas separadas no tempo e/ou espaço. O movimento se realiza

por mediação que faz a passagem de um nível a outro.

1.1.4 - AVALIAÇÃO DIALÓGICA:

Subsidia a avaliação mediadora, que se efetiva através do

diálogo.

O diálogo se dá na situação de mediação social e simbólica

fundamentando a interação do sujeito com o mundo. É basicamente uma

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atividade interpessoal, com possibilidade de se prolongar, nas atividades

intrapessoais, o discurso interior de pensar o mundo.

Devemos nos propor uma avaliação que, sendo parte integrante

do processo educativo, acompanhe o processo de construção do

conhecimento do aluno, contribuindo para o seu desenvolvimento. Uma

avaliação nas concepções diagnóstica, mediadora e dialógica, que privilegie

o desenvolvimento do processo e não apenas o resultado.

Esse período de transição, que Vygotsky chamou de zona de

desenvolvimento proximal, precisa ser compreendido pelo professor, pois

com a mediação necessária propiciará o real desenvolvimento que se

deseja.

1.2 - FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO

Com a finalidade primordial de diagnosticar os avanços e

dificuldades do trabalho escolar, a avaliação busca melhorias dentro da ação

educativa, procurando sanar falhas, através do replanejamento e buscando

novos rumos ao projeto escolar.

Algumas funções da avaliação:

Função Informativa

A avaliação é usada com a função de informação, através da qual

alunos, pais e professores identifiquem os aspectos em que o educando

apresenta mais facilidade ou dificuldade, a forma, o ritmo, a capacidade e o

estilo de sua aprendizagem, que reações lhe são apresentadas diante de

situações propostas para resolver.

Cabe ao professor dar a devida atenção às informações

recebidas, caso contrário essas informações poderão ter efeitos negativos

para o aluno.

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Função Administrativa

A função administrativa ou burocrática da avaliação baseia-se na

necessidade de classificar os alunos numa seqüência de possibilidades do

rendimento escolar, e paralelo a isso, a sua, promoção ou retenção em

relação ao nível escolar em que se, encontram.Para que se atenda a esta

necessidade, é preciso observar, com relação à avaliação, o ponto de vista

da medida educacional, pois este é considerado um processo de

quantificação do grau desenvolvimento adquirido pelo aluno.

A nota conceito que é dado ao aluno no processo de ensino-

aprendizagem serve como um sinal indicador num termômetro, de que o

aluno tem ou não condições de ser aprovado. Isso tudo, na verdade parece,

algumas vezes, visar apenas o cumprimento das exigências administrativas.

Percebe-se que notas ou conceitos obtidos não servem para

determinar qualidade e extensão da aprendizagem, pois as funções de

sentido educativo podem e devem ser assumidas no processo de avaliação,

mas têm sido consideradas na prática escolar.

Função de Orientação

Não é possível haver orientação sem informação. Portanto, a

função de orientação é decorrente da função de informação.

A função de orientação solicita que os dados obtidos pela

informação sejam analisados pelo professor e aluno; em conjunto

interpretando-os em relação a habilidades e inabilidades, a interesses e

desinteresses, a atitudes favoráveis e desfavoráveis, a estilo pessoal,

hábitos de estudo, ajustamento pessoal e social etc., proporcionando ao

aluno, mediante feedback contínuo e sistemático, a assimilação de uma

visão cada vez mais ampla, integral e realista de si mesmo.

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CAPITULO II - A avaliação nos Parâmetros

Curriculares Nacionais

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A avaliação, ao não se restringir ao julgamento sobre sucessos ou

fracassos do aluno, é compreendida como um conjunto de atuações que tem

a função de alimentar, sustentar orientar a intervenção pedagógica.

Acontece contínua e sistematicamente por meio da interpretação qualitativa

do reconhecimento construído pelo aluno. Possibilita conhecer o quanto ele

se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem

em determinados momentos da escolaridade, em função da intervenção

pedagógica realizada.

A avaliação subsidia o professor com elementos para uma

reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos

de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou

reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual

ou de todo o grupo.

A avaliação deve ocorrer durante todo o processo de ensino e

aprendizagem e não somente após o fechamento de etapas do trabalho,

como é habitual. Isso possibilita ajustes constantes, num mecanismo de

regulação do processo de ensino e aprendizagem, que contribui,

efetivamente, para que a tarefa educativa tenha sucesso.

O acompanhamento e a reorganização do processo de ensino e

aprendizagem na escola inclui, necessariamente, uma avaliação inicial, para

o planejamento do professor, e uma avaliação ao final de uma etapa de

trabalho.

A avaliação investigativa inicial dará ao professor oportunidade de

se informar sobre seus alunos e adequar seu planejamento de trabalho às

necessidades dos mesmos.

A avaliação inicial serve para o professor obter informações

necessárias para propor atividades e gerar novos conhecimentos, assim

como para o aluno tomar consciência do que já sabe e do que pode ainda

aprender sobre um determinado conjunto de conteúdos. Ela pode se realizar

no interior mesmo de um processo de ensino e aprendizagem, já que os

alunos põem, inevitavelmente em jogo, seus conhecimentos prévios ao

enfrentar qualquer situação didática.

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A avaliação contínua do processo acaba por subsidiar a avaliação

final, isto é, se o professor acompanha o aluno sistematicamente ao longo

do processo pode saber, em determinados momentos, o que o aluno já

aprendeu sobre os assuntos.

O uso da avaliação, numa perspectiva democrática, só poderá

acontecer de forem superados o caráter de terminalidade e de medição de

conteúdos aprendidos - tão arraigados nas práticas escolares - a fim de que

os resultados da avaliação possam ser concebidos como indicadores para a

reorientação da prática educacional e nunca como um meio de estigmatizar

os alunos.

A avaliação contemplada nos Parâmetros Curriculares Nacionais

é compreendida como: elemento integrador entre a aprendizagem e o

ensino; conjunto de ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação da

intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto

de ações que busca obter informações sobre o que foi aprendido e como;

elemento de reflexão contínua para o professor sobre sua política educativa;

instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de seus avanços,

dificuldades e possibilidades; ação que ocorre durante todo o processo de

ensino e aprendizagem e não apenas em momentos específicos

caracterizados como fechamento de grandes etapas de trabalho. Avaliar a

aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino oferecido.

2.1 - Critérios de avaliação

A atividade de avaliação exige critérios claros que oriente leitura

dos aspectos a serem avaliados.

Os critérios de avaliação têm um papel importante, pois explicitam

as expectativas de aprendizagem, considerando objetivos e conteúdos

propostos para a área e para o ciclo, a organização lógica e interna dos

conteúdos, as particularidades de cada momento da escolaridade e as

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possibilidades de aprendizagem decorrentes de uma etapa do

desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, em uma determinada situação

na qual os alunos tenham boas condições de desenvolvimento do ponto de

vista pessoal e social.

Os Critérios de Avaliação por Área e por Ciclo, definidos nos

Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda que indiquem o tipo e o grau de

aprendizagem que se espera que os alunos tenham realizado a respeito dos

diferentes conteúdos, apresentam formulação suficientemente ampla para

ser referência para as adaptações necessárias em cada escola, de modo a

poderem se construir critérios reais para a avaliação e, portanto,

contribuírem para efetivar a concretização das intenções educativas no

decorrer do trabalho nos ciclos. A definição dos critérios de avaliação deve

considerar aspectos estruturais de cada realidade.

Os critérios, na verdade, não apresentam todos os conteúdos que

foram estudados no ciclo, mas, ressaltam os que são essenciais para

aprendizagem do aluno. Proporcionando, pois, um melhor aproveitamento

do ciclo seguinte, ou seja, sem nenhum comprometimento com o seu

desempenho.

Esses critérios não visam a aprovação ou reprovação dos alunos.

Requer na verdade umas análises de cada caso isoladamente, efetuada

pelos professores.

É importante determinar os caminhos que deveremos percorrer

para obtermos a informação necessária em relação aos processos de

aprendizagem ocorridos em cada momento específicos da escolaridade, ou

seja, é necessário tomar decisões sobre como avaliar.

.Para tal decisão, é preciso considerar alguns aspectos:

a) utilizar diversos instrumentos que possibilitem, por um lado,

contrastar com os dados obtidos nos diferentes instrumentos, por outro,

fazer uma avaliação das diferentes capacidades e conteúdos curriculares;

b) fazer uso de diferentes códigos como verbal, escrito, gráfico,

numérico, pictório, etc, considerando as diferentes aptidões dos alunos, sem

que esses códigos se tornem obstáculos para alcançar a avaliação;

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c)observar a transferência da aprendizagem em diversos

contextos;

d) explicitar com clareza informações sobre o que se pretende

avaliar, sem introduzir variáveis que possam distorcer os dados obtidos;

e) ser aplicáveis em situações de aprendizagem comumente

estruturadas em sala de aula, isto é, que não se diferenciem em sua

estrutura das que já foram realizadas.

2.2 - Orientações para avaliação

Embora a avaliação, na perspectiva apontada, aconteça

sistematicamente, durante as atividades de ensino e aprendizagem, é

preciso que a perspectiva de cada momento da avaliação seja defInida

claramente, para que se possa alcançar o máximo de objetividade possível.

As orientações para a avaliação deverão ser definidas a partir da

concepção de ensino e aprendizagem, das orientações didáticas colocadas

em práticas e de como está compreendida a função da avaliação no

processo educativo.

A partir desses critérios citados anteriormente, pode-se enumerar

alguns procedimentos possíveis para a avaliação:

Æ observação sistemática - o professor poderá acompanhar o processo

de aprendizagem dos seus alunos, através de registros em tabelas,

listas de controles diários de classe etc.

Æ análise das produções feitas pelos alunos - produção de textos

escritos; produções orais, plásticas, musicais; cadernos de classe;

jogos de simulação; expressão corporal etc.

Æ intercâmbios orais com os alunos - situações como diálogos,

entrevistas, debates, assembléias etc.

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Æ as tradicionais provas - onde os alunos precisam ter objetividade, ao

expor sobre algum tema ou ao responder algum questionário.

Na avaliação, considera-se de suma importância a diversidade de

procedimentos. Estes devem ser selecionados de acordo com as condições

as condições de trabalho de cada escola, da clientela que devemos atingir e

cada professor.

Quanto mais os alunos tenham clareza dos conteúdos e do grau

de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terão condições de

desenvolver, com a ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos para

vencer dificuldades.

A avaliação não deve ser considerada função exclusiva do

professor. A auto-avaliação é uma situação de aprendizagem em que o

aluno desenvolve estratégias de análise e interpretação de suas produções

e dos diferentes procedimentos para se avaliar.

2.3 - As avaliações oficiais: boletins e diplomas

Um outro lado na questão da avaliação é o aspecto normativo do

sistema de ensino, que diz respeito ao controle social. A escola é

socialmente delegada a tarefa de promover o ensino e a aprendizagem de

determinados conteúdos e contribuir de maneira efetiva na formação e seus

cidadãos; por isso deve responder à sociedade por essa responsabilidade.

Para tal estabelece uma série de instrumentos para registro e documentação

da avaliação e cria atestado oficial de aproveitamento.

Importante ressaltar a diferença que existe entre a comunicação

da avaliação e a qualificação. Uma coisa é a necessidade de comunicar o

que se observou na avaliação, e outra coisa é a qualificação que se extrai

dela e se expressam em notas ou conceitos, histórico escolar, boletins,

diplomas, e cumprem uma função social. Se a comunicação da avaliação

estiver pautada apenas em qualificações, pouco poderá contribuir para o

avanço significativo das aprendizagens; mas, se as notas não forem o único

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canal que o professor oferece de comunicação sobre a avaliação, podem

constituir-se uma referência importante, uma vez que já se instituem como

representação social do aproveitamento escolar.

Avaliar não é reprovar, mas sim compreender e promover a cada

momento, o desenvolvimento pleno da criança, do jovem ou de qualquer

individuo ou grupo social que se submeta ao processo de aprendizagem, de

maneira geral.

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CAPÍTULO III - PROPOSTA DE AÇÃO POLÍTICO-

PEDAGÓGICA DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE

MERITI

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A SEMEar é um documento norteador para o Sistema

Educacional do Município de São João de Meriti. Lança as diretrizes

necessárias à manutenção da unidade do Sistema Educacional Meritiense.

A elaboração da proposta iniciou-se num grande debate realizado

pelos professores e equipes técnico-administrativo-pedagógicas nas escolas

e a partir de textos enviados as Unidades Escolares. Os resultados desses

debates, expressos em relatórios e enviados à Secretaria Municipal de

Educação serviram de ponto de partida para o desenvolvimento dos

trabalhos.

“(...)em Educação, os frutos são colhidos

a médio e longo prazo e no presente,

nos cabe lançar as sementes e criar as

condições necessárias a uma boa

colheita. SEMEar significa a esperança

de estabelecer novos rumos da efetiva

transformação na educação meritiense”.

SEMEar (1998, p.17)

3.1 - A organização da escola por ciclos

VASCONCELOS (1993) -considera a organização da escola em

Ciclos uma das mais avançadas concepções de educação escolar. Mas tal

ação requer a participação do professor nas propostas, investimento no

professor (capacitação), trabalhar de forma honesta com a avaliação e

atendimento ao aluno com dificuldades (monitoria, espaços de revisão, aulas

no contra-turno, atendimento individualizado).

Dentro de um sistema de Ciclos deve imperar a avaliação em seu

sentido pleno de fornecedora de informações para a melhoria do percurso do

aluno até o sucesso. A liberdade e a flexibilidade permitidas dentro de cada

ciclo vão possibilitar uma variedade de soluções e estratégias que levarão

ao percurso mais adequado às necessidades de cada aluno, respeitando o

ritmo real de cada criança.

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Em 1998, a Secretaria Municipal de Educação do Município de

São João de Meriti iniciou o processo de organização de seu sistema de

ensino em ciclos, seguindo as sugestões dos PCN e da abertura dada pela

LDB (Art. 23). Era grande a expectativa, comum em qualquer mudança. A

vontade de vencer o desafio de educar melhor as crianças Meritienses, os

impulsionou a trabalhar pelo sucesso do ciclo. A organização em ciclos,

comum em outros países como Estados Unidos e Inglaterra, já é adotada

em vários estados e municípios brasileiros, e tem obtido excelentes

resultados. Hoje, o percentual de alunos retidos ao final do ciclo, cai a cada

ano, e está bem abaixo da soma dos reprovados nas séries que foram

aglutinadas.

O ciclo baseia-se na idéia de que o desenvolvimento neurológico

do aluno, seu cérebro, não pára quando ele é reprovado. Não há razão,

portanto para que se comece tudo de novo no ano seguinte. O ciclo norteia-

se por uma visão de avaliação que deve estar centrada em todos os

componentes do processo de ensino-aprendizagem (desempenho docente,

administração da instituição, suporte pedagógico dado ao professor,

conteúdos selecionados, métodos e técnicas utilizadas, etc) e não somente

na cuIpabilização do aluno. Neste sistema deve-se analisar o processo

vivido pelos alunos, tentando diagnosticar os níveis de aprendizagem

atingidos, observando avanços e possibilidades, buscando redirecionar o

trabalho, para sanar as dificuldades.

Inicialmente alguns professores argumentavam que o ciclo visava

reduzir "na marra" as taxas de reprovação. Hoje, após o processo ser

colocado na prática, percebem como é importante acreditar que o aluno é

capaz de aprender, investir num ensino equilibrado que busque aumentar a

compreensão aos conteúdos trabalhados e caminhar passo a passo fazendo

a recuperação paralela. Precisamos abrir mão de uma escola que se orgulha

em reprovar, por uma escola que se preocupa com aprendizagem de

verdade. Depois da aula, na primeira esquina, poucos se lembram o que foi

colocado. Os alunos precisam aprender os conteúdos entendendo a relação

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deles com a vida e como eles podem lhe ajudar a entender sua própria vida

e a viver melhor.

No ano 2000., foi concluída a reorganização do sistema de ensino

em ciclos. Organizando assim no Ensino Fundamental (diurno):

.

A retenção, caso necessária, ocorre ao final de cada ciclo. É

importante frisar que a permanência no ciclo não é sinônimo de fracasso ou

reprovação. Professores, alunos e pais devem encarar essa permanência

como um período para dar um suporte maior ao aluno e melhorar seu

desempenho. Sendo assim, eles não irão "voltar" ao ponto inicial do ciclo,

darão continuidade ao seu processo de desenvolvimento, com um trabalho

voltado a sanar suas dificuldades, a partir do ponto onde estão e, que os

alunos possam ser reclassificados ao o ciclo seguinte.

A avaliação é feita atribuindo os conceitos AE, AS, AP e AI, de

acordo com a Resolução n° 3/98.

1º ciclo

2º ciclo

3º ciclo

4º ciclo

1º ANO 1º ANO 1º ANO 1º ANO

2º ANO 2º ANO 2º ANO 2º ANO

3º ANO

Agrupadas

Classe de

alfabetização

1º e 2º séries

Agrupadas

3º e 4º séries

Agrupadas

5º e 6º séries

Agrupadas

7º e 8º séries

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No livro Avaliar para Promover, de Jussara Hoffman, encontramos

a seguinte assertiva sobre ciclos:

“Regimes não seriado são coerente aos princípios de

uma avaliação contínua, medIadora, que se

fundamenta no princípio de provisoriedade do

conhecImento. Toda resposta e manifestação do

aluno são provisórias frente à história do seu

conhecimento. Ele as reformula, complementa,

enriquece, acrescentam-lhe dúvidas sucessivamente.

O seu acompanhamento exige a cOmpreensão dessa

história pelo educador -não a soma das partes -mas

os elos entre as diferentes experiências educativas

vividas por ele, uma ação pedagógica

sucessivamente assumida pelos professores da

escola. Trata-se de um compromisso compartilhado

pelo corpo docente que ultrapassa limites de tempo e

divisões disciplinares e confia na capacidade de

aprendizagem de todas as crianças e jovens a partir

de desafios e oportunidades que levem em conta

suas possibilidades e interesses”.

Dentre as implicações positivas da organização por ciclos ou

progressão continuada, destacam-se as seguintes:

„ "cria-se a necessidade de repensar o sentido da escola, das práticas

avaliativas, dos conteúdos curriculares, do trabalho pedagógico, da própria

organização escolar, enfim repensar o papel social da escola."

„ "implica em mudanças nas concepções e práticas pedagógicas”;

„ "implica numa mudança de atitudes dos pais, que deixam de se

preocupar apenas com a aprovação, passando a se interessar pelo

conhecimento adquirido pelo filho";

„ "implica em instrumentalizar o professor para trabalhar com grupos

heterogêneos";

„ "promove a democratização do ensino"

„ “atende ao desafio do futuro imediato, que é uma aprendizagem

dialógica, uma aprendizagem cooperativa, comunicativa, interdisciplinar”;

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„ "implica em entender que a escola perdeu o monopólio do saber,

precisando explorar a bagagem cultural do aluno";

„ "reconhece que as pessoas passam por diferentes fases no seu

desenvolvimento, que não correspondem a períodos curtos de um ano e

muito menos, ao ano do calendário escolar".

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CAPÍTULO IV - A RECUPERAÇÃO DA

APRENDIZAGEM E NÃO DA NOTA

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A recuperação é outro aspecto que deve ser refletido quando se

fala em avaliação da aprendizagem. O que se verifica é que, na maioria das

vezes, a recuperação é realizada no final do período letivo, servindo apenas

para o aluno recuperar a nota, sem que se atue no mais importante: seu

processo de aprender.

Dessa maneira, entre o período de avaliação e o período da

recuperação, dificilmente ocorrem a análise dos problemas de aprendizagem

e as ações para diminuí-los. Aplica-se uma nova prova, caracterizada

erroneamente como a própria recuperação, e atribui-se uma nova nota.

Interessante observar, também. que essa nota, ao invés de representar o

desempenho manifesto na recuperação, é geralmente o produto de uma

média entre a nota de avaliação e a nota de recuperação desconsiderando o

esforço que o aluno possa ter feito para reaprender.

4.1 - Pensando a Recuperação

A Lei de Diretrizes e Bases estabelece no Art.24, inciso V:

a) avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados

ao longl do período sobre os de eventuais provas finais;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência

paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a

serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.

A leitura do artigo nos informa que a Lei n.o 9394/96 estabelece a

obrigatoriedade dos estudos de recuperação, o que não constitui novidade,

visto que já estava garantido na lei anterior e é de consenso do professor

comprometido ser a recuperação parte integrante do processo ensino-

aprendizagem.

Observando também no mesmo artigo, inciso I, que “a carga

horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo

de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluindo o tempo reservando

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aos exames finais, quando houver”, percebemos que para estabelecer um

período de recuperação final precisaríamos estender ainda mais o ano

letivo”.

Nesse sentido, a recuperação, preferencialmente paralela, ao

período letivo, de que nos fala a lei, vem de encontro a nossa realidade,

além de ser, pedagogicamente, muito mais produtiva, pois as dificuldades de

aprendizagem apresentadas pelo aluno devem ser imediatamente

diagnosticada e combatidas para que não venham agravar-se com o passar

do tempo.

4.2 - Recuperação Paralela

Certamente nos acostumamos a trabalhar como se todos

fôssemos iguais, caminhando no mesmo ritmo. Essa primícia faz com que

alguns fiquem pelo caminho, por não ter suas necessidades atendidas.

A recuperação paralela é receita de sucesso para o trabalho

pedagógico.

Vejamos o que nos diz a lei:

Artigo 12 -A escola tem a incumbência de:

IV -prover meios de recuperação paralela dos alunos com

menor desempenho.

Artigo 13 -Os docentes incumbir-se-ão de:

IV -estabelecer estratégias de recuperação para os alunos

de menor rendimento.

Falta de tempo. Esse é o argumento usado por alguns.

Pensemos: quanto tempo temos gasto na escola em atividades que não

levam os alunos a aprendizagem efetiva?

Precisamos administrar melhor nosso tempo, para incluir o que

realmente pode contribuir no cresci'mento dos alunos, a recuperação

paralela é uma dessas atividades. As dificuldades em organizá-la e realizá-

la, começam a ser vencidas quando passamos a valorizá-la.

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4.3 - Planejando a Recuperação

Recuperar não é ensinar novamente o que o aluno esqueceu,

mas dar a ele uma nova chance para aprender. Pode-se adotar as seguintes

etapas: diagnosticar (natureza das dificuldades do aluno), analisar os

resultados (prováveis causas das dificuldades); planejar as atividades.

Trabalhando a avaliação tendo por base os objetivos propostos,

pode-se diagnosticar facilmente quais as aprendizagens que faltam ao aluno

e que devem ser recuperadas.

Os trabalhos de recuperação devem visar a melhoria da

aprendizagem e não do conceito, o que ocorrerá como conseqüência.

As causas das dificuldades podem ser de natureza física

(problemas visuais, auditivas, de saúde...); psicológicos (baixa auto-estima,

problemas familiares, tensões, incompreensão do professor...); ambientais

(condições sócio-econômicas, desvalorização da educação pela família...) e

pedagógicas envolvendo:

� .desequilíbrio do programa de ensino,

� .falhas metodológicas,

� .condições desfavoráveis da sala de aula,

� .deficiências do professor.

Ao levantamento dos fatores que interferem na aprendizagem

segue-se uma análise para localizar a dificuldade. A partir das informações

obtidas planeja atividades para sanar as deficiências.

No trabalho de recuperação deverá professor proporcionar ao

aluno novas oportunidades para que ele alcance os objetIvos aInda não

atIngidos. Cabe ao professor, junto com a equipe técnico-pedagógica

encontrar a melhor forma de atuar, que não será a já utilizada, pois não foi

eficiente.

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4.4 - Técnicas que podem ser utilizadas na Recuperação Paralela

Tendo em vista as dificuldades dos alunos e os recursos materiais

e humanos, de que disponíveis, poderão ser utilizadas na recuperação

paralela as mais diversas técnicas de ensIno. Apresentamos algumas:

1- trabalho diversificado -é o recurso mais simples de atendimento à

recuperação, passar por se desenvolver como uma etapa natural do

processo ensino-aprendizagem.

Nesse tipo de trabalho o professor dá atendimento a um grupo

que tenha as mesmas dificuldades, enquanto o outro trabalha

independentemente, orientado por um roteiro (leituras, pesquisas,

exercícios, fichas de trabalho independente etc.)

2- monitoria -é uma forma de trabalho diversificado onde são utilizados os

alunos que já alcançaram certa independência de estudo e

desenvolveram capacidade de liderança, na orientação de grupos de

alunos que necessitem de recuperação. Esses alunos-monitores após

receberem algumas instruções do professor, poderão ser aproveitados

apoiando grupos da sua própria turma ou de turmas de níveis mais

elementares.

Para o aproveitamento desses alunos em turmas diferentes da

sua, será necessário estimulá-los a colaborarem em horários diferentes do

seu.

3- classe de apoio -é mais uma forma de recuperação em que se procura

agrupar numa mesma classe alunos com as mesma dificuldades,

embora oriundos de classes diferentes.

Para a utilização desse recurso será necessário: professor

disponível, para orientar a classe de apoio; a colaboração do coordenador

de turno para a movimentação dos alunos e adequação dos horários e,

ainda, a do Supervisor Educacional no levantamento das dificuldades

específicas do aluno em recuperação, oferecendo subsídios ao professor.

Haverá também a necessidade de local para acomodar a classe de apoio.

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4- módulos de ensino -constitui-se numa série de fichas de trabalho

independente apresentadas ao aluno, gradual e progressivamente,

atendendo a dificuldades Trabalhando diagnosticadas. Esses módulos

poderão ser utilizados notadamente na recuperação paralela.

A elaboração dos módulos poderá ser feita por um professor

isoladamente, por um grupo de professores de uma mesma série e/ou

mesma área, pelo OP. após consulta aos professores.

5- pesquisa -é um recurso, muito utilizado pelo professor, que poderá

também ser usado na recuperação, sobretudo quando o aluno já tem

alguma independência de estudo e poderá, orientado pelo professor,

ultrapassar etapas em ordem crescente de dificuldades.

6- instrução programada -mais dirigida que os módulos de ensino, mas de

elaboração mais trabalhosa. Nesta modalidade os alunos são orientados,

metodicamente, através de uma seqüência de passos de

comportamentos decorrentes imediatamente avaliáveis em termos de

acertos e erros.

A vantagem do uso desta técnica e ensino na recuperação que,

sendo extremamente individualizada, atende dificuldades específicas dos

alunos e, com atividade de trabalho independente, poderá ser realizada sem

a presença do professor.

7- "team teaching"-é uma maneira de se fazer a recuperação utilizando

vários professores, num mesmo local, com alunos em rodízio. Desse

modo, pode-se atender a pequenos grupos que apresentam falhas em

aspectos ou áreas diferentes.

A aplicação esta técnica exIge a disponibilidade e um local amplo

e professores com tempo livre para se ocuparem da recuperação.

Também tem sido utilizada esta técnica lançando-se mão de

estagiários, que aproveitam esta oportunidade para darem suas "mini-aulas".

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CONCLUSÃO

A avaliação da aprendizagem vem sofrendo diversas

modificações ao longo dos anos, muitos são os envolvidos com a educação,

e a questionam como um processo de exclusão, pois se torna uma das

principais causas do afastamento do educando da unidade escolar.

A secretaria de Educação também demonstra interesse em mudar

esse quadro de exclusão e juntamente com educadores, equipe pedagógica

e outros envolvidos no processo de ensino-aprendizagem tentam encontrar

um meio de avaliar o aluno de forma continua, a fim de que consiga um

crescimento na aprendizagem de acordo com suas diferenças individuais.

Durante muitos séculos, a avaliação ficou restrita aos mesmos

instrumentos, ou seja, provas e exames, onde os alunos precisavam repetir

na íntegra tudo o que haviam ouvido durante as aulas, onde eles

permaneciam calados, sem questionar ou tampouco passar suas

experiências de vida num todo.

A prática avaliatória autoritária é seletiva, classificatória e o aluno

não é avaliado num processo global. Suas aptidões apenas são testadas e

seus conhecimentos medidos.

A avaliação necessitava de uma urgente revisão que levasse à

formação de um cidadão crítico e consciente do seu real papel dentro da

sociedade.

Torna-se necessário que o processo avaliativo facilite o ensino e a

aprendizagem do aluno, e que não se permita um conceito de avaliação

relacionado ao processo de julgar ou decidir a respeito do saber adquirido

pelo aluno.

Ao avaliar seu aluno, a escola avalia seu próprio projeto

pedagógico, fazendo os ajustes necessários em busca do sucesso e não do

fracasso escolar.

A Secretaria de Educação do município de São João de Meriti

após diversos estudos, debates e discussões, percebeu que era necessária

uma mudança no processo de Avaliação da aprendizagem do aluno, e

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elaborou uma proposta de Avaliação, que é denominada Contínua,

Automática.

Mas observa-se que na prática, a Avaliação Contínua ou

Promoção Automática encontra muitos obstáculos, e um deles é o

despreparo do professor, ao pensar que nesta avaliação não se pode lançar

mão dos instrumentos já conhecidos, ou seja, provas, testes, treinos

ortográficos, construção de frases e textos, interpretação e outros

instrumentos de acordo com a necessidade do educando. Ele pode e deve

usá-los sempre que for necessário.

Na verdade, algumas vezes, esse tipo de avaliação gera

comodismo tanto no professor quanto no aluno, faltando incentivo e estímulo

em ambas as partes, pois alguns educadores, sem nenhum

comprometimento político, ficam limitados apenas a observar o fracasso do

aluno sem tentar auxiliá-lo e resgatá-lo como cidadão' crítico inserido na

sociedade; e, por sua vez, o aluno se acomoda, já que sua aprovação e algo

assegurado.

A Avaliação Continuada deve auxiliar o processo de ensino-

aprendizagem, tornando professor e aluno aliados na construção do saber,

deverá ser motivadora e qualitativa.

Afinal, o aluno não é objeto de estudo, mas um ser que pensa,

sente e age. Isto é, o sujeito da construção do conhecimento.

Nessa perspectiva, é preciso buscar uma avaliação com

possibilidade de mudanças, que ajude a promover o educando ao invés de

selecionar e classificar, retendo o menos favorecido.

Tratando-se da recuperação paralela, enfatizada na nova LDB,

ela é procedimento recomendável em todo o processo de ensino. E claro

que não se pode esperar que, no decorrer do processo ensino-

aprendizagem, todos os alunos obtenham igual sucesso, pois cada indivíduo

tem seu ritmo próprio de aprender. Assim, para contornar tais variáveis e

assegurar o sucesso do educando, a ministração da recuperação paralela

não pode ser objeto de opção, mas obrigação de cada escola, e deve ser

trabalhada de forma bem planejada, considerando-se os conteúdos a serem

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recuperados, em que momento vai acontecer a recuperação, que estratégias

vão ser usadas com os alunos de menos rendimento.

Quando a avaliação servir para mostrar novos rumos ao professor

e ao próprio ensino, orientando-os para a formação de um indivíduo ativo e

participante, que tenha a capacidade e conhecimento para argumentar e

questionar, aí sim, a escola terá cumprido seu papel como veículo

disseminador do saber.

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BIBLIOGRAFIA

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WERNECK, Hamilton. Ensinamos demais Aprendemos de menos. 18 ed.

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ANEXOS

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 07

CAPITULO II – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 10

1.1– Conceito de Avaliação 11

1.1.5 Avaliação Classificatória 12

1.1.6 Avaliação Diagnóstica 14

1.1.7 Avaliação Mediadora 15

1.1.8 Avaliação Dialógica 15

1.2 – Funções da Avaliação 16

CAPITULO II – AVALIAÇÃO NOS PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS 18

2.1 – Critérios de Avaliação 20

2.2 – Orientações para Avaliação 22

2.3 – As avaliações oficiais 23

CAPITULO III – PROPOSTA DE AÇÃO POLÍTICO-PEDAGÓGICA DO

MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DE MERITI 25

3.1 – A organização da escola por ciclos 26

CAPÍTULO IV – RECUPERAÇÃO DA APRENDIZAGEM NÃO DA NOTA 31

4.1 – Pensando a recuperação 32

4.2 – Recuperação Paralela 33

4.3 – Planejando a recuperação 34

4.4 – Técnicas que podem ser utilizadas na Recuperação Paralela 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 40

ANEXOS 42