UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … DE CARVALHO LEAO.pdf · A arte-educação se...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ARTE-EDUCAÇÃO – CONSTRUINDO UMA
ATITUDE INTERDISCIPLINAR
CLÁUDIA DE CARVALHO LEÃO
ORIENTADORA: PROF ª. FABIANE MUNIZ DA SILVA
RIO DE JANEIRO JUNHO / 2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Trabalho monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção do Grau deEspecialista Psicopedagogia.
RIO DE JANEIRO JUNHO / 2004
ARTE-EDUCAÇÃO – CONSTRUINDO UMA
ATITUDE INTERDISCIPLINAR
CLÁUDIA DE CARVALHO LEÃO
3
AGRADECIMENTO
Agradeço à Escola de Artes Tear por ter imprimidoem Mim o mapa da arte-educação.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha filha Laura.
5
RESUMO
A arte-educação pode ser um instrumento facilitador para a realização
de uma proposta interdisciplinar de educação. E, esta proposta é bastante ousada
na medida em que o sistema escolar formal ainda não incentiva seus educadores
a serem pesquisadores.
Interdisciplinaridade dá trabalho e faz pensar. Há que se exercitar o
diálogo entre as disciplinas e nunca pensar que algo pode ser fechado em si
mesmo. Este exercício depende de se conhecer mais os sentidos, degustando
cada um deles para estar bem nutrido esteticamente.
A arte-educação pode ser um banquete a ser compartilhado por todas
as disciplinas num objetivo comum de construção de conhecimento através do
corpo sensível, permitindo uma expressão mais dinâmica e ousada do aluno. A
cultura é o lugar dos sentidos. Ao aluno, o educador deve oportunizar uma maior
experimentação dos sentidos. Aqui nos propomos a fazer uma experimentação
estética através das linguagens da arte. A partir delas vamos compreender e
fundamentar os processos cognitivos.
O último capítulo deste trabalho traz uma série de exemplos de
projetos e planejamentos em arte-educação. Neles podemos verificar a
interligação das atividades como se fossem elos de uma mesma corrente.
Sempre uma proposta pode estar ligada à outra porque não há conhecimento que
se dê sozinho, um acrescenta ao outro, novas idéias, novas maneiras de ver e de
sentir.
A atitude interdisciplinar é a prática da educação através da arte. É
uma atitude corajosa diante de um mundo tão especialista, mas que vem de
encontro à idéia de humanização da educação.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
SOBRE INTERDISCIPLINARIDADE 08
CAPÍTULO II
SOBRE ARTE-EDUCAÇÃO 12
CAPÍTULO III
SOBRE ATITUDE INTERDISCIPLINAR EM ARTE-EDUCAÇÃO 16
CAPÍTULO IV
PLANEJAMENTOS, PROJETOS E SITUAÇÕES DIDÁTICAS 20
CONCLUSÃO 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
7
INTRODUÇÃO
A arte-educação se apresenta neste trabalho como uma possibilidade
de colocar em prática o desejo de uma atuação interdisciplinar dentro da escola
em vários níveis.
Nos dias de hoje as disciplinas vivenciadas separadamente não
satisfazem as necessidades de um ensino/aprendizagem que permita um
entendimento adequado de uma realidade globalizada.
Como epistemologia da arte, a arte-educação trás em seu bojo a
integração entre razão e emoção, há tanto dicotomizadas nas relações pessoais,
na relação professor-aluno e nas relações entre as situações pedagógicas vividas
na escola.
A arte-educação pode ser uma importante ferramenta no estudo e
prática interdisciplinares ajudando ao professor e ao aluno a estarem inseridos no
mundo de forma mais completa e integrada.
O objetivo deste trabalho é verificar o papel da arte-educação como
atividade interdisciplinar e foi realizado através de pesquisa bibliográfica.
8
CAPÍTULO I
SOBRE INTERDISCIPLINARIDADE
9
É curioso notar que uma atitude interdisciplinar pode começar pelo
desejo de significado. Como primeira busca, o desejo de significar, dar sentido à
palavra interdisciplinaridade, que anda nas cabeças e nas bocas, mas, raramente
no coração. Como nos diz Ivani Fazenda, “o que caracteriza a atitude
interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a transformação da
insegurança num exercício do pensar, num construir”. (Fazenda, 1981, pág. 18)
Este exercício de construção não parece ser apenas teórico já que ele
consiste numa prática diária de conscientização da dinâmica, do movimento, da
vida. Ele surge a partir de momentos pedagógicos sentidos como “ideais”, ainda
sem nome e sem fundamentação. Lück aponta:
“Busca-se estabelecer o sentido de unidade na diversidade, mediante uma visão de conjunto, que permita ao homem fazer sentido dos conhecimentos e informações dissociados e até mesmo antagônicos que vem recebendo, de tal modo que possa reencontrar a identidade do saber na multiplicidade de conhecimentos”.
(Lück, 1994)
É necessário então, juntar os diversos “pedaços” de conhecimento, não
numa colagem ou num quebra-cabeça, mas num fio invisível, maleável, onde todo
o conhecimento encontre lugar e todos se complementem.
“O pensar e o agir interdisciplinar se apóiam no princípio de que nenhuma fonte de conhecimento é, em si mesma, completa e de que, pelo diálogo com outras formas de conhecimento, de maneira a se interpenetrarem, surgem novos desdobramentos na compreensão da realidade e sua representação”.
(Fazenda, 1979, apud Lück)
Lück nos sugere que “a partir da importância e necessidade de uma
contínua interinfluência de teoria e prática”, se estabelece à interdisciplinaridade.
São interfacetados os conhecimentos do modo como olhamos.
Dependendo da intencionalidade. Se nossa intenção é estar no movimento,
fazendo parte dele, estamos pensando interdisciplinarmente. Se nossa tendência
10
é buscar uma união entre as disciplinas, superando fronteiras, abrindo janelas,
estamos em atitude interdisciplinar. Como nos diz Lück:
“... na circularidade como método... o indivíduo entra, necessariamente, no circuito, de modo que de pense sobre seu modo de pensar os conhecimentos, estabelecendo o sentido de integração consigo mesmo e dele para com a realidade, constituindo-se, esse processo, em vista disso, numa verdadeira ciranda de conscientização”.
(Lück, 1994)
Fica claro então, o que podemos chamar de pensamento crítico. É o
diálogo refletido entre as diversas áreas de conhecimento, possibilitando um estar
crítico-reflexivo no mundo. Isto é possível quando pensamos que tudo tem seu
duplo.
“Trata-se, pois, de restabelecer a intercomunhão entre as diversas dimensões da vida e dos seres e de estabelecer a prática de pensar, analisar e representar a realidade segundo um esforço de intercomunhão com os outros”.
(Marques, 1988, apud Lück)
Dentro do âmbito educacional, que é o nosso objeto de estudo, a
interdisciplinaridade vem “recuperar a dinâmica das relações recíprocas”, (Lück,
1994) entre educadores e educandos e destes com a realidade de uma nova
maneira de viver a escola.
“Estabelecendo-se uma mudança de atitude a respeito da formação e ação do homem, das quais fazem parte os aspectos afetivos, relacionais e éticos, concomitantemente com os racionais, lógicos e objetivos”.
(Lück, 1994)
Acredita-se que as linguagens da arte inseridas na escola possam
contribuir para a construção de uma visão interdisciplinar, pois, segundo Rizzi,
“arte-educação é epistemologia da arte, pois, as questões relacionadas ao
ensino/aprendizagem em artes são questões que se inserem na reflexão mais
ampla a respeito da construção do conhecimento”.
11
A partir do envolvimento afetivo do fazer artístico e de seus
fundamentos teóricos há uma maior aproximação com o sentido interdisciplinar.
Um sentido dos sentidos. Amplo saber estético que a arte pode nos permitir. E
como nos afirma Lück:
“..., a interdisciplinaridade se constitui em uma forma de ver o mundo que encontra paralelo na Ecologia, na Gestalt, no Holismo, no movimento da Qualidade Total, na Teoria de Sistemas, que estabelecem a partir do mesmo ponto de vista, novos e similares instrumentos conceituais e metodológicos para promover a compreensão do mundo que permita ao homem resolver os problemas amplos com que se defronta, segundo uma visão interativa e globalizadora”.
(Lück, 1994)
É possível aproximar a arte-educação de todos esses movimentos,
constituindo mais uma maneira de não dissociar escola e vida.
12
CAPÍTULO II
SOBRE ARTE-EDUCAÇÃO
13
Existem muitas formas de apreensão de conhecimento. Uma delas é o
reconhecimento dos sentidos. O corpo é a porta de entrada de todo o
conhecimento através dos sentidos, transformando essa coleta sensorial em
informação para gerar processos cognitivos. A arte abre as portas do corpo para
os sentidos. Basta querer nutrir-se esteticamente. Não a estética do belo, mas a
estesia, como capacidade de perceber através dos sentidos. E segundo Martins:
“A aula de arte é uma celebração, um banquete, uma confraternização amorosa, uma comunhão da inteligência. Banquete que se torna PF (prato feito) quando a interação das relações humanas é subjugada autoritariamente pelo reino dos conteúdos frágeis a fragmentados”.
(Barbosa, apud Martins, 2002)
Desde os anos 90 temos aqui no Brasil uma concepção e construção
de conhecimento em arte denominada “Proposta Triangular do Ensino da Arte”,
formulada por Ana M. Barbosa1. Esta proposta implica uma interseção da
experimentação com a codificação e com a informação. É um inter-
relacionamento entre arte e público elaborado a partir de 3 pressupostos: Ler
obras de Arte / Fazer arte e Contextualizar.
O primeiro (Ler Obras de Artes) é o questionamento, a busca, a
descoberta e o encantamento que podem despertar uma análise critica do aluno.
O Fazer Arte como segundo momento, implica no processo de criação do aluno
oportunizado pelo educador, que oferece materiais, sejam eles simbólicos ou
concretos. E no terceiro pressuposto, o Contextualizar, é permitido estabelecer
relações com outras disciplinas, criando conexões infinitas entre o objeto de arte,
o olhar do observador e o olhar do artista/aluno/criador.
“A Proposta Triangular permite uma interação dinâmica e multidimensional, entre as partes e o todo e vice-versa, do contexto do ensino da arte, ou seja, entre as disciplinas básicas da área, entre outras disciplinas, no inter-relacionamento das três ações básicas: Ler, Fazer e Contextualizar”.
(Rizzi, apud Barbosa, 2002)
1 Ana M. Barbosa. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Editora Perspectiva, 1994.
14
Como mobilizar estes saberes, se não pelo contato sensível,
conhecendo como são construídos os sentidos?
Devemos aprimorar as leituras para abrir o olhar, o ouvido, o corpo.
Deixar-se entrar numa trama de transmissões vindas dos educadores, alunos,
mídias, entorno cultural e demais disciplinas.
As linguagens da arte e suas múltiplas faces são ferramentas que
promovem a sensibilização, a expressão e o exercício criador do aluno. As artes
visuais, a dança, o teatro, a musica e a literatura, podem ser fios condutores para
uma abertura dos canais sensíveis ao aluno. Devemos pensar que estas portas
que se abrem ao estímulo estético servem para expressar a vida, interpretando-a
e ressignificando-a sob a ótica pessoal.
Segundo Martins “a técnica artística não existe apenas para ser experimentada, mas para que sustente e dê corpo à idéias que se desvelam pelas linguagens dar Artes Visuais, Dança, Teatro, Música e outras tantas”.
(Martins, 1998)
As idéias que são oportunizadas pelas linguagens da arte se
engendram como uma sinfonia, onde as características de cada uma não se
diferenciam, mas podem somar-se e interagir criando uma imagem sensorial no
espectador/aluno/educador trazendo-o de volta ao mundo estético, nutrindo-o.
Segundo Duarte Jr., “educar significa colocar o indivíduo em contato
com os sentidos que circulam em sua cultura”. Estar conectado com o mundo é
humanizar-se. Para isto, os sentidos devem estar atentos, circulando, permitindo
o maior equilíbrio entre o sentir, o pensar e o fazer. Um equilíbrio próprio da vida
quando vivida esteticamente.
Toda realidade existencial tem a ver com os sentidos. Uma educação
através da arte deve ser carregada de características lúdicas e estéticas para
levar o aluno a criar significações fundadas em sua vida. Deve fazer sentido,
“harmonizando experiências e significações”. (Duarte Jr., 1988)
15
Cabe ao arte-educador mediar as conexões entre as experiências do
aluno. E as linguagens da arte, quando contextualizadas, podem ser o caminho
das relações necessárias ao processo cognitivo.
16
CAPÍTULO III
SOBRE ATITUDE INTERDISCIPLINAR
EM ARTE-EDUCAÇÃO
17
O arte-educador é muitas vezes confundido com o recreador. Aquele
que leva o entretenimento, a diversão para dentro da escola. Esta confusão tem
sua razão de ser na medida em que o próprio arte-educador não sabe qual é o
seu lugar. Na maioria das vezes esse profissional tem uma formação ambígua. E,
por “gostar” de arte acaba se colocando como arte-educador.
Existem muitas maneiras de utilizar a arte na educação. Mas nós
vamos tratar aqui de uma educação pela arte. A arte é o nosso objeto de estudo.
É através de suas linguagens que vamos compreender e fundamentar os
processos cognitivos. E dentro dessa visão vamos utilizar a Metodologia
Triangular em Arte e seus desdobramentos sob uma visão integradora e
interdisciplinar.
A Proposta Triangular do Ensino da Arte e seus três pressupostos já
foram abordados no capítulo anterior. Aqui vamos descrever com mais detalhes
cada ação desta proposta para que demonstremos seu caráter interdisciplinar.
Comecemos lembrando que esta descrição é puramente didática e que estes
momentos podem ocorrer juntos para o sujeito que os vivencia. Porém, para o
educador há de ficar claro cada momento e seu objetivo especifico. Ler Obras de
Arte: é neste momento que o aluno está sendo despertado. Não há julgamento de
redução, como certo e errado. Há critérios de julgamento tais, como: pertinência,
coerência, possibilidade, esclarecimento, abrangência, exclusividade, entre
outros. (Rizzi, apud Barbosa, 2002)
Nesta leitura da obra, seja ela uma pintura, uma música ou um balé,
não cabe tentar adivinhar as intenções do artista. O importante é o que a obra
trouxe de sentimentos, de indagações e de significações para o aluno em
questão. Este primeiro momento é muito importante por ser um detonador de todo
um processo de desenvolvimento, ou melhor, de “envolvimento” estético. Dentro
dele podem haver estágios mais ou menos mensuráveis, que segundo Michael
Parsons, vão no sentido da dependência para a autonomia do sujeito. (Rizzi, apud
Barbosa, 2002, pág. 67). Segundo ele, o primeiro estágio é o da “preferência”.
São intuições vindas das reações à obra. Não há razão envolvida.
18
No segundo estágio a emoção é a mais importante representação em
torno do belo e do não belo.
Já a palavra “expressividade”, segundo Parsons, é a palavra-chave do
terceiro estágio. “É o momento em que se toma consciência da própria
experiência como algo íntimo e único”. (Rizzi, apud Barbosa, 2002)
No quarto e quinto estágios já se manifestam as capacidades de
relacionar e de buscar fundamentos para as interpretações e os juízos. E as
palavras sínteses são: “estilo e forma” e “autonomia”. (Rizzi, apud Barbosa, 2002)
O segundo momento da Proposta Triangular denomina-se Fazer Arte.
É aqui que a expressão do aluno toma forma concreta a partir do estimulo ou
sensibilização anteriores, seja pelo caminho dos materiais concretos, ou pela
sensibilização da música, da literatura, do texto teatral, da expressão corporal e
outras. São referenciais estéticos que dão continente ao criador para que sua
expressão tenha sentido para ele e para o outro. É como uma releitura onde há
transformação, interpretação e criação com base em um referencial, que pode
estar explícito ou implícito no trabalho final do aluno. (Rizzi, apud Barbosa, 2002)
A partir do momento de criação o aluno poderá estabelecer relações
que traduzam sentido e significado com outras linguagens da arte e também com
disciplinas diversas. É o terceiro momento, definido por Contextualizar. Trazendo
à tona, fazendo-se conhecer ao mundo que o cerca. Não se destacando, mas
sendo parte de seu entorno, criando um diálogo multicultural.
“operar de maneira conatural à linguagem hipertextual é em si mesmo uma forma de conhecimento relativizada, pois pode ser subjetivamente e/ou socialmente construída. Isso permite praticar uma educação em direção à multiculturalidade e à Ecologia”.
(Rizzi, apud Barbosa, 2002)
A Metodologia Triangular nos permite abordar a interdisciplinaridade na
educação como uma construção diária, um passo-a-passo que dá um sentido de
19
pertencimento. Os conteúdos “viajam” para dentro e fora do sujeito, numa
dinâmica de relações que se transforma a cada momento.
“A Proposta Triangular não indica em procedimento dominante ou hierárquico na combinação das varias ações e seus conteúdos. Ao contrario, aponta para o conceito de persistência na escolha de determinada ação e conteúdos enfatizando a coerência entre os objetivos e os métodos”.
(Rizzi, apud Barbosa, 2002)
É importante salientar que esta maneira de abordar o processo de
ensino é completamente diferente da visão disciplinar que a escola
tradicionalmente trás em seu bojo. Não só se difere na concepção, no método e
nos objetivos, como também nas possibilidades de criação/transformação da
própria metodologia. Podemos pensar então, num lugar mais amplo, o lugar da
atitude interdisciplinar. Se pensarmos atitude como comportamento, maneira de
ser e de agir. Pensamos em algo que não está fora do sujeito, mas é o sujeito.
Sendo assim, a existência depende das relações com o entorno e do sentido de
pertinência. Atitude de existir é uma atitude interdisciplinar. Segundo Chico
Alencar, “educar é ensinar a olhar para fora e para dentro, superando o divórcio
típico de nossa sociedade, entre objetividade e subjetividade”.
20
CAPÍTULO IV
PLANEJAMENTOS, PROJETOS
E SITUAÇÕES DIDÁTICAS
21
Este capítulo vem apresentar algumas propostas de atividade em arte-
educação vivenciadas em escolas formais, projetos sociais e cursos para
educadores. Todas as atividades aconteceram entre 2002 e 2003 no Rio de
Janeiro e foram dinamizadas por arte-educadores.
Projeto de Integração Família/Escola para o Centro Popular de
Educação Stella Maris.
Público: Ensino Fundamental e suas famílias e a equipe docente.
Intenções: Integrar família e equipe docente com o objetivo de haver
por parte das famílias uma maior compreensão do projeto político-pedagógico da
escola e que a equipe docente possa se aproximar dos familiares de seus alunos
e abra novos canais de comunicação com os mesmos.
Dinamizadores: Dois arte-educadores membros da equipe e um arte-
educador de fora da equipe como ponto de observação e relator. O
psicopedagogo da instituição.
Atividades Propostas:
1) Música integradora onde todos são cantados pelo nome e devem ir
para o centro da roda. (música “Olaria do Povo”, dom. Público)
2) Construção da identidade de cada um. Falar sobre o que contém
uma carteira de identidade. O que tem ali que realmente nos identifica?
Que outras coisas poderiam estar nesta carteira que nos identificariam
mais, além do nome? Confeccionar, cada um, a sua carteira de
identidade. Material: cartolina branca, lápis de cera, canetas coloridas e
barbante.
3) Pendurar, cada um, suas identidades em volta do pescoço e formar
grupos de conversa divididos por critérios criados por eles. Por
exemplo: mesma letra do nome/masculino ou feminino/identidade mais
coloridas, etc. Depois dos grupos formados os integrantes deverão
22
conversar, tentando saber o máximo de informações uns sobre os
outros. Terminada a conversa, cada integrante dos grupos vai colar na
testa de um de seus companheiros de grupo uma característica ou
adjetivo, sem que o outro saiba qual é. Tentar fazer com que ele
descubra através de mímica e/ou sons (sem palavras). Material:
etiquetas e canetas.
4) Os mesmos grupos deverão, cada um, confeccionar um painel com
os encantamentos e estranhamentos que tem e/ou tiveram em relação
à escola. Apresentarão dos painéis para todos os grupos. Verificar as
diferenças e os pontos em comum. Material: folhas de papel 40 quilos e
lápis de cera.
5) Expor os painéis para que sirvam de base para um fórum de
discussão sobre os pontos apresentados, relacionando-os com o
projeto político-pedagógico da escola.
6) Almoço coletivo – um piquenique no pátio da escola.
7) Avaliação do dia: a) com as famílias e professores.
b) com a equipe da escola.
A avaliação com as famílias e equipe, por uma questão prática de
tempo e de quantidade de pessoas, não pôde ser longa. Optamos por apresentar
uma questão subjetiva: “Se este dia fosse uma cor, qual seria?”. Em roda, cada
um fala a cor que identifica como síntese do dia, enquanto nós anotamos para
posterior observação. Qual cor se repetiu mais vezes e por que.
A avaliação com a equipe foi longa e seguiu alguns critérios:
1) Avaliação pessoal privilegiando os sentimentos.
2) Avaliação técnica:
• As questões levantadas nos painéis faziam sentido à equipe?
• O que foi identificado como pertinente?
• O que deve ser mudado/transformado?
• A partir da discussão dos painéis ficou mais claro o projeto
político-pedagógico da escola para as famílias?
23
• Houve integração entre equipe e famílias?
Todos tiveram a possibilidade de se colocar em relação às questões,
oralmente. Depois foi ouvido o relato do ponto de observação feito pelo arte-
educador de fora da equipe. Após a leitura foi aberto um fórum de discussão
mediado pelo psicopedagogo da instituição a partir das questões pontuadas. E
por último, foi pedido a todos que escrevessem sugestões para o tema do
próximo encontro entre família e escola.
O resultado das avaliações, de forma geral, foi bastante interessante.
Demonstrou que o trabalho com arte e ludicidade é capaz de “falar” mais sobre o
sujeito do que uma proposta apenas verbal. Os familiares se colocaram de forma
espontânea sobre as atividades conotando-as como muito agradáveis e
prazerosas. Falaram também da importância de poder discutir junto com a equipe
sobre os problemas da escola e assim poder contribuir coletivamente. Já a
avaliação da equipe foi mais aprofundada e com revelações importantes sobre a
escola. Chegou-se a conclusão de que o olhar de quem nos olha é o que nos faz
olhar para nós mesmos. Este retorno foi fundamental para que a equipe
embasasse melhor o projeto político-pedagógico, principalmente em relação a
questão política da educação.
4.1. PROJETO ARTECIDADANIA PARA EDUCADORES SOCIAIS
Objetivo Geral: Motivar os educadores para uma prática mais reflexiva,
utilizando a arte como meio e tornando-os autores de suas práticas.
Tema: Manifestações culturais com enfoque na Formação do Povo
Brasileiro.
Intenções: - Levantar o patrimônio cultural do grupo.
- Trabalhar com educadores a importância e algumas
formas de se fazer uma avaliação iniciante.
24
Atividades Propostas:
1) Em relação à etnia – Brincadeira “Troca de lugar quem...” – ao
citarmos características físicas das pessoas, quem se perceber com as
mesmas deve trocar de lugar. O grupo será orientado a não falar sobre
os colegas. Cada um deve pensar sobre si. No final, conversar sobre
as origens de cada um.
2) Em relação aos brinquedos e brincadeiras – Apresentamos uma
carta de “O que é, o que é”, sobre uma brincadeira infantil. Cada um
pensa uma brincadeira significativa de sua infância e dividimos o grupo
em dois. Depois, cada grupo deverá descobrir as brincadeiras do outro
através de um jogo de mímica.
3) Em relação aos costumes familiares – Colocamos no centro da
roda objetos e imagens de objetos. Cada um deverá selecionar um
objeto que lembre algum costume ou história de sua família. Dividimos
o grupo em quatro e cada um deverá contar sua história para os outros.
Depois o grupo deverá criar um esquete teatral utilizando os objetos e
um pouco da história de cada um.
4) Em relação às histórias familiares – Escutar, acompanhando com a
letra a música “Eu” da coleção Palavra Cantada, que fala da árvore
genealógica de uma família. Perguntar às pessoas sobre as histórias
de suas famílias. Cada um deverá escrever uma pequena história
sobre a origem/formação de sua família ou sobre algum de seus
ancestrais. Recolher estas histórias para trabalhar depois.
5) Em relação às festas Populares – O grupo encontrará na sala
várias saias diferentes e serão estimulados a explora-las de várias
formas ao som da música instrumental “Dança dos Meninos” (M.
Nascimento e UAKTI), procurando motiva-los para a dança e o
movimento.
6) Conversa: Que músicas, danças e festas populares vocês
conhecem? Pedir para que um ensine aos outros alguma manifestação
que conhecer.
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7) Contar a história: “A Menina Avoada” de Manoel de Barros, com
ilustrações feitas em bordado.
8) Ver um pequeno trecho do filme “A Colcha de Retalhos”, onde as
mulheres estão bordando e contando suas histórias de vida e
mostrando como estas vão passando de geração em geração e
transformando as identidades de cada um.
9) Lembrar o que foi trabalhado e mostrar que cada um tem uma
herança cultural e que este é Patrimônio Cultural do grupo. Propor que
cada um faça um bordado representando esta herança percebida
durante a aula. Para isto receberão um pedaço de tecido, agulhas e
linhas coloridas.
10) Enquanto bordam conversamos sobre o Patrimônio Cultural e
colocamos as questões: O que se entende por cultura? Como se
trabalha cultura? Onde identificamos cultura no nosso trabalho com
crianças e adolescentes, na instituição onde trabalhamos e nas nossas
vidas?
11) Avaliação: Qual foi o objetivo desta aula? Se compreenderam as
atividades como uma avaliação iniciante.
Na primeira atividade os alunos ficaram muitos interessados e
propuseram muitos critérios para trocar de lugar. Em relação às etnias a maioria
trocou de lugar com as diversas origens (indígenas, européia, africana, ...). A
criação das advinhas também foi muito interessante no nível da criatividade. Os
objetos foram rapidamente identificados e neste momento aprofundaram muito a
questão das memórias familiares, tanto na parte oral, como na escrita e nas
dramatizações. O interessante deste momento familiar foi um sentimento de
pertencimento, do reconhecimento do que nos forma e nos faz ser como somos, a
nossa essência.
Todo o trabalho foi marcado por muito sentimento, mas a reflexão
também foi aprofundada na medida em que explicitaram que o fato de terem
vivido a aula ludicamente foi o que deu sentido. E só assim foi permitido falar
sobre o vivido e que esta era uma diferença metodológica.
26
Acreditamos que nosso objetivo foi alcançado quando se deram conta
que a aula foi de reconhecimento da demanda do grupo, ou seja, avaliação
iniciante, e que também foi uma aula de conteúdo histórico já que nos remeteu a
épocas e temas da cultura brasileira.
4.2. PROJETO SEMEAR PARA PROFESSORES ALFABETIZADORES
DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Tema: Do viver musical ao registro gráfico.
Objetivo: Levar o grupo a criação de registros gráficos das construções
sonoras elaboradas, buscando a relação daquelas com a construção do
conhecimento no processo de alfabetização da língua materna.
Dinamizador: Arte-educador com formação musical.
Atividades Propostas:
1) Jogo de apresentação com texto e ritmo (fruta-do-conde, caqui,
jerimum, água da fonte, ipê, urucum) – corpo e voz/verso de
apresentação.
• Criação em grupos;
• Apresentação da produção;
• Cânone de som e movimento a partir da produção dos grupos.
2) Parlendas e jogos rítmicos (uma velha muito velha com nariz cheio
de barro.../lá em cima do piano...) – marcação do pulso/marcação do
texto.
• Cânone e duas vozes e variações.
3) Experimentando diferentes sons do corpo – cânone com os sons do
corpo.
27
• Em grupos, colocar palavras no cânone, tendo o ritmo como
critério;
• Apresentação da produção dos grupos.
4) Primeiro momento avaliativo: dificuldades
• Relação com a prática com professor;
• Processo de criação (dificuldades, conquistas e sensações);
• Onde e como a linguagem musical pode ser percebida no
cotidiano escolar?
5) Jogo sonoro e de memória com sons de bichos.
• Jogo da memória com materiais sonoros.
6) Composição sonora:
• Divididos em dois grupos criar composição sonora utilizando
todos os recursos sonoros trabalhados;
• Criação e registro gráfico da produção sonora;
• Troca de registros gráficos para que o outro grupo execute;
• Apresentação das produções criadas pelo grupo autor.
7) Avaliação: Onde a linguagem musical pode ser percebida no
processo de alfabetização da língua materna?
• O corpo está presente no processo de alfabetização?;
• Que sentidos estão relacionados neste processo?;
• O caminho utilizado durante a aula para chegar ao registro
sonoro é o mesmo utilizado pela escola no processo de
construção da escrita?;
• Como as linguagens da arte podem ser percebidas neste
processo?;
• Só tem e faz sentido o que é sentido. O que você pensa sobre
esta afirmação?;
• O registro como expressão e como resgate de memória.
Os educadores se mostraram surpresos com as relações que
conseguiram fazer entre a música e o processo de alfabetização oral e escrito.
Relacionaram a fala com a melodia desde a entonação à ortografia.
28
Se ressentiram bastante ao perceber o quanto o corpo foi e ainda é
negligenciado no processo de alfabetização, que se torna muitas vezes árduo e
sem sentido. Justamente por não ter sido sentido, vivenciado. E que este pode
ser um caminho muito mais prazeroso para chegarmos à alfabetização.
Para a nossa equipe a experiência foi gratificante porque os resultados
das produções foram se ampliando, ficando cada vez mais elaborados a cada
estímulo das atividades. Sendo assim, a reflexão sobre o tema da aula também
foi mais aprofundada e mexeu com uma série de vícios e de imagens de
fracassos vividos pelos educadores em questão.
4.3. PROJETO ARTECIDADANIA PARA EDUCADORES SOCIAIS –
A ESCUTA
Tema: A Escuta.
Intenções: A escuta do educador;
O que vem a ser uma educação do sensível?
Atividades Propostas:
1) Vôo de imaginação, de olhos fechados, focando a atenção auditiva e
fazendo registro de memória dos sons captados desde o mais distante
possível do espaço até os sons de dentro de cada um. Trazer para o
grupo os sons percebidos e verificar se conseguem identificar.
2) Jogo de esconder sonoro – Uma pessoa sai e o grupo escolhe três
sons diferentes para a pessoa achar o objeto escondido. Um som para
quando está próximo ao objeto, no meio do caminho e um para quando
está longe do objeto.
3) Sonoplastia para os movimentos de uma pessoa.
4) O grupo é dividido em três alturas (graves, médio e agudo) e deve
cantar uma mesma música nas três alturas, começando no primeiro e
29
terminando no terceiro grupo ou de acordo com a regência do
dinamizador.
5) Jogo da música repartida – Um sai e uma música é dividida para
cada pessoa do grupo. Todos cantam sua parte ao mesmo tempo
enquanto andam pela sala. Aquele que saiu deve tentar ouvir a música
e coloca-la em ordem (a música deve ser conhecida por todos). Na
segunda vez duas pessoas terão o mesmo pedaço da música.
6) Jogo do instrumentista e do instrumento – as mesmas duplas do
jogo anterior vão experimentar ser instrumentista e instrumento. O
corpo faz som ao ser tocado pelo instrumentista. Depois de
experimentar em duplas farão uma grande roda onde os
instrumentistas vão trocar de instrumentos ao comando do
dinamizador.
7) A partir de suas imagens dos livros “A Imagem do Som de Caetano
Veloso” e “A Imagem do Som de Gilberto Gil”, o grupo vai se dividir em
dois de acordo com a imagem que cada um se identificou mais. Cada
grupo vai receber uma sugestão de roteiro para um programa de rádio
contendo dois temas: O que nossos ouvidos lêem? e O que escutam
nossos olhos?. Os grupos receberão pequenos instrumentos musicais
que poderão ajuda-los na sonoplastia do programa. Os programas
serão gravados.
8) Audição dos programas. Avaliação:
• Pontos a serem observados: Audição Cultural;
• Ouvir X Escutar;
• Silêncio é o lugar do som;
• Escutar no ruído;
• O que vem a ser uma educação do sensível e como
desenvolvê-la;
• Os sentidos moram uns nos outros;
• A escuta do educador.
O grupo se mostrou bastante atento em todas as atividades a partir do
foco pedido, a “atenção auditiva”.
30
As reflexões giraram em torno da angústia que o educador se encontra
diante de tantos seres a serem escutados diariamente. Falaram da falta que
sentem de alguém que também escute suas práticas e com o qual possa haver
uma troca. Conseguiram perceber com clareza a questão da audição cultural,
desde a questão da mídia até a cultura das comunidades em que estão inseridos.
Entendem que exercitam bastante a escuta no ruído e muito pouco o exercício do
silêncio.
Aguçar os sentidos transforma nossa percepção de mundo e pode
ajudar ao educador a integrar situações pedagógicas ao cotidiano do educando.
Esta foi a conclusão do grupo. Sendo assim, acreditamos que nosso objetivo foi
alcançado.
4.4. PROJETO ARTECIDADANIA PARA EDUCADORES SOCIAIS –
MÚSICA
Tema: Música
Objetivos:
• Perceber que a linguagem musical é permeada por outras
linguagens da arte e que pode ser trabalhada mesmo sem o domínio
teórico da mesma, tendo como ponto de partida a vivencia, a pesquisa
e a cultura.
• Descobrir a musicalidade existente dentro de cada um.
• Provocar o educador a trabalhar com a linguagem musical a partir de
sua experiência, levando em consideração a cultura musical de seu
entorno.
Atividades Propostas:
1) Todos recebem um bilhete com a seguinte informação: “comunicar-
se somente através de gestos – não usar qualquer som”. Formar a criar
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diálogos a partir de sons sem palavras, usando somente a voz e o
corpo. A partir deste encontro estabelecer um código de comunicação
que identifique cada um.
2) Cada dupla se junta a outra dupla onde um apresenta o outro com a
linguagem criada anteriormente.
3) Uma vez realizadas as apresentações a turma é dividida em dois
grupos. Cada grupo buscará uma sonoridade/linguagem que os
identifique como grupo étnico, fornecendo as seguintes informações:
nome do grupo, onde vive, o que gosta e o que não gosta.
4) Mantendo a formação dos grupos, cada uma recebe um papel com o
nome de uma história bem conhecida, sem que o outro grupo saiba
qual é a história. Cada grupo contará a história fazendo uso do corpo e
de sonoplastia. Ao final, o outro grupo deverá identificar a história que
foi contada.
5) Paisagem sonora: cada grupo receberá uma imagem sem que o
outro veja e, a partir dessa, criar uma perspectiva sonora para ser
registrada pelo outro grupo através do desenho, usando como
referência apenas o som (o grupo que ouve a imagem estará de
costas).
6) Impressões sentidas e vividas até o momento.
7) Andar pelo espaço no ritmo do pandeiro. Ao ouvir duas batidas
rápidas mudar de direção (frente e costas). Ao ouvir três batidas
rápidas, dar a mão a alguém mais próximo e continuar a brincadeira.
8) Cada um recebe um jornal e escolhe uma manchete ou notícia que
deve ser lida substituindo o maior número de palavras por sons que
expressam as mesmas.
9) Divididos em quatro grupos cada grupo escolherá seis imagens de
revistas e a partir destas, criar uma história em quadrinhos sem texto.
Estas histórias serão trocadas e lidas pelos grupos, explorando ao
máximo a sonoridade presente em cada história.
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Avaliação: Pontos a serem observados:
• Som também é música;
• Música como aliada;
• Música como estímulo para a apresentação de diversos
conteúdos.
A atividade de se comunicar sem som mexeu muito com as pessoas,
trazendo insegurança, mas também momentos muito engraçados. O grupo foi
bastante criativo e todos exploraram a mímica e os sons inventados. A maioria se
surpreendeu com o resultado das conversas mudas e sonoplásticas e em como
conseguiram se entender. Os grupos étnicos foram bem elaborados.
No primeiro surgiu a questão da arte e suas linguagens. E no segundo
surgiu o feminino e a persistência como características. Na conotação das
histórias sonorizadas os grupos se entregaram muito e criaram a partir de
vivências deles dentro das comunidades onde moram e atuam. A atividade da
paisagem sonora trouxe uma preocupação dos grupos em passar exatamente a
imagem que viam. O dinamizador interferiu fazendo-os compreender que eles
deveriam priorizar as características marcantes da imagem, como: profundidade,
ser humano, animais, movimento. Por fim, os resultados puderam ser resgatados
por ele através dos desenhos dos colegas. Elaboraram bem todas as atividades
seguintes até chegarem à história em quadrinho.
Nesta atividade, necessitaram de muito tempo para elaborar e as
fizeram muito claras. Todos os grupos conseguiram ler sem dificuldade.
Falamos sobre o sentido da escuta e de como escutamos e somos
escutados. Utilizar qualquer som como música também chamou a atenção do
grupo, pois pensavam que trabalhar com música em sala de aula era cantar uma
“musiquinha” ou ouvir gravações. Falaram sobre um horizonte ampliado na
relação com a linguagem sonora e da possibilidade de integrar conteúdos como:
criação de histórias e leitura e escrita através da música.
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4.5. PROJETO PARA CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE
EDUCADORES DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA
FAVINHO E MEL – MULTIESPAÇO EDUCACIONAL
Tema: Patrimônio Humano.
Objetivos:
• Identidades;
• Origens;
• Manifestações Culturais;
• Educar na igualdade e na diferença.
Duração: 3 dias.
Dinamizadores: 2 arte-educadores.
Atividades Propostas:
BLOCO I – Quem somos?
1) Cantando a música “Companheiras”, que inclui o nome de cada
pessoa presente – na roda, sem as mãos dadas. Começam a cantar a
música. Ao ser chamado pelo nome, cada um vai para o centro da roda
e vai formando uma roda de mãos dadas, até o último a ser chamado.
2) Nutrição poética – cada um sorteia um pedaço da imagem do quadro
de Gauguin “De onde viemos, o que somos, para onde vamos”, sem
saber o que é. Atrás de cada imagem tem uma letra e um número. As
letras correspondem ao mesmo pedaço da imagem (todos os “a” são
iguais). Os grupos se reúnem pela letra e discutem o que vêem ali,
fazendo uma leitura do fragmento. Em seguida, se reunindo pelos
números, os grupos observam a imagem inteira e fazem nova leitura,
com as contribuições do grupo anterior e comparando as duas visões,
da obra e do fragmento.
34
3) Contextualização: com a obra no retroprojetor, apresenta-se o
artista, seus contextos espaço-temporais, acrescentando-se
informações sobre a obra e seus significados.
4) Jogo do “Troca de lugar quem...” – faz-se uma roda e ao citar uma
característica as pessoas que acharem que a possuem trocam de lugar
rapidamente.
5) Sensibilização para auto-retrato – conversa sobre as características
pessoais e cada um. Como se percebem e percebem o outro?
Fechando os olhos, com música ao fundo, tocar o próprio rosto
percebendo traços, formas, texturas. Ao abrir os olhos, encontram um
espelho. Perceber e reconhecer detalhes de seu rosto.
6) Produção do auto-retrato – cada um desenha seu auto-retrato e
preenche uma ficha com características pessoais: nome, idade, origem,
o que gosta/não gosta, religião.
7) Elaboração do Museu da Pessoa – com todos os auto-retratos no
centro, o grupo deve criar critérios para classifica-los e reuni-los em
subgrupos. Cada grupo montará a exposição do Museu da Pessoa dos
seus personagens e farão uma visita guiada onde cada subgrupo
apresenta sua exposição.
8) Roda de Partilha.
BLOCO II – De onde viemos?
1) Acordando o corpo – perguntar se o grupo conhece músicas e
danças que remetam à formação do povo brasileiro, espacialmente ao
índio, ao negro e ao europeu. Os dinamizadores também propõem
algumas.
2) Assistir ao vídeo “Brasil República na TV”.
3) Debate e sensibilização – dividir em subgrupos e discutir o vídeo a
partir do eixo: Direitos Humanos.
4) Análise da Bandeira do Brasil – observando os símbolos e signos.
5) Reconstruindo a Bandeira do Brasil com recorte e colagem.
6) Exposição e partilha.
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BLOCO III – Manifestações Culturais
1) Brinquedos e brincadeiras populares.
2) Gincana – dividir o grupo em equipes em forma de estafetas. Ler a
cada vez uma ficha com a história de um brinquedo ou de uma
brincadeira. Os primeiros das filas correm até um ponto e falam o nome
do brinquedo, marcando um ponto se acertar. Cada grupo lista três
brincadeiras infantis e brincam de mímica para que os outros grupos
descubram. Os grupos recebem ao final as fichas com a história das
brincadeiras e devem posiciona-las numa linha de tempo.
3) Lendas e personagens – ambientação do espaço para criar um clima
de contação de histórias e mistério. Contação da lenda da “mula sem
cabeça” pelo dinamizador. Depois, uma roda de conversa sobre outras
versões da lenda. Ver quem quer contar outras histórias.
4) Festas e tradições – conversa sobre as festas populares que o grupo
conhece. Distribuir texto e imagens e tocar músicas sobre o carnaval e
sobre outras festas populares. Divisão em grupos que vão escolher
uma festa e pesquisar no material dado. Depois, devem preparar uma
apresentação da festa escolhida para o grupo todo, carnavalizando a
festa.
5) Roda de partilha – refletir sobre a importância de conhecermos e
trabalharmos com a cultura popular.
BLOCO IV – Para onde queremos ir?
1) Acordando o corpo com uma dança que inclui os nomes dos bairros
do Rio de Janeiro.
2) Jogo da “roda do não sai”, tentando abrir caminhos.
3) Ouvir a música “Águas de Março”, acompanhando com a letra.
4) Ouvir a história “Abrindo Caminhos” de Ana Maria Machado,
observando as imagens.
5) Partilha no grupo sobre a história.
36
6) Momento para reflexão individual: o que o move para abrir
caminhos? Que pedras, oceanos, paus e pedras existem nesse
caminho? Que estradas, túneis e pontes se pode construir?
7) Divisão em grupos – cada grupo recebe um papel que representa
uma pedra no caminho. Escrever um problema neste papel e amassar.
8) Troca de problemas entre os grupos. Cada grupo cria uma solução
para os problemas e em forma de esquetes teatrais apresentam os
problemas e soluções.
9) Discussão sobre o vivido.
10) Chá da atitude (capacidade, habilidade e atitude) – é servido um
chá em clima formal. Com o chá virá uma ficha para cada um onde
colocará suas atitudes para o ano em questão, assumindo um
compromisso.
11) Partilha e avaliação da capacitação – falar de patrimônio humano
parece algo redundante, pois conhecido de todos. Ficou claro desde o
início das atividades que os educadores, em sua maioria, não tem
noção de sua história coletiva, do que o faz brasileiro em sua essência.
Foi unânime a importância de termos trabalhado conteúdo histórico. As
linguagens da arte propiciaram vivencias integradoras trazendo um
conteúdo importante a ser trabalhado com os educadores e também
para que eles trabalhassem com os alunos. A capacitação foi de
grande valia para os planejamentos do ano letivo.
4.6. PROJETO BRASIL MUSICAL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL
DA ESCOLA FAVINHO E MEL – MULTIESPAÇO EDUCACIONAL
Tema: Raízes da Música Brasileira
Objetivos: Através da apreciação da música brasileira e do contexto
histórico envolvido traçar os planejamentos e conteúdos programáticos da classe
de alfabetização até a quarta série do ensino fundamental.
37
4.6.1. INDÍOS
Exemplos Musicais:
• Aunicuniti (brinquedo cantado de origem guarani);
• Bolojó (toré caiapó para concentrar para a guerra ou para algum
feito grandioso);
• Toré de Buzo (toré xucuru-cariri)2;
• Canto de Toré xucuru-cariri3.
Exemplos de Instrumentos Musicais:
• Pau-de-chuva (para chamar a chuva);
• Maracá (chocalho que marca o tempo forte das danças dos
homens);
• Tambor de fenda (feito de bambu ou de madeira, com 2 ou 4 sons);
• Reco-reco;
• Flauta de bambu.
Atividades Propostas:
1) Trabalhar com palavras de origem indígena (a música tupi do CD
“Meu Pé Meu Querido Pé” de Hélio Ziskind trata do tema).
2) Argila (fazendo utensílios).
3) História “O Nome da Fruta”, de origem guarani, recolhida por Silvio
Romero.
4) Brincar de tribo: dividir a turma em dois ou mais grupos, criando
características próprias, inclusive outra linguagem e pintura corporal
como formas de identificação. Cada tribo faz seu ritual de apresentação
de seus costumes e uma presenteia a outra com desenhos feitos de
colagem de materiais da natureza.
5) Contação de lendas indígenas variadas: a criação do mundo; Iara; o
canto da flauta mágica, etc. A partir delas criar atividades de
dramatização, plástica ou criação de texto, dando a oportunidade ao
2 CD Música do Brasil – Editora Abril 3 Idem
38
aluno de criar o final da história. Depois, mostrar as semelhanças
diferenças dos finais reais e dos inventados por eles.
4.6.2. NEGROS
Exemplos musicais:
• Cavalo Piancó (dança e música do Piauí) *CD Canções do Brasil-
selo palavra Cantada.
• Erê (música de Carlinhos Brown) *CD Canções Curiosas - selo
Palavra Cantada.
• Patuscada de Gandhi (bloco Filhos de Gandhi) *CD Ilê Aiê de
Gilberto Gil.
• batuque mais bonito (Maracatu do Bloco Nação Erê de Pernambuco)
* CD Canções do Brasil - selo Palavra Cantada.
• Vovó pra que tu qué o didá / Vovó não qué casca de coco no terreiro
(jongo de Tamandaré) *CD Turista Aprendiz do grupo A Barca.
Exemplos de danças:
• Jongo/coco/maracatu/samba/congo
Exemplos de instrumentos musicais:
• Agogô/afoxé/caxixi/berimbau/cuíca/caxambu/ganzá/marimba
Atividades propostas:
1) pesquisar palavras de origem negra.
2) Dançar e conhecer o jongo ( típico do Rio de Janeiro da comunidade
da serrinha em Madureira)
3) Contar a história do Congo da Maria Amada (Minas Gerais) e
encena-la dançando.*CD Canções do Brasil - selo palavra cantada.
4) Pesquisar a culinária de origem negra. Pedir receitas às famílias e
fazer um lanche coletivo produzido pelas crianças. Criação de um livro
de receitas.
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4.6.3. PORTUGUÊS
Exemplos musicais:
• Arre Burrinho (dom.público - Portugal)*
• Tanto que chorei ( dom.público - Portugal)*
• Zabelinha tecedeira (dom.público- Portugal)*
• História cantada Dona Carochinha (dom.público - Portugal)* CD Dois
a Dois - selo Palavra Cantada.
• Cantigas de roda: Se essa rua fosse minha e Terezinha de Jesus
(dom. público)
Exemplos de instrumentos musicais:
• Todos os instrumentos básicos como a flauta, o cavaquinho e o
violão chegaram ao Brasil via Portugal. Assim como o piano, a
clarineta, o contrabaixo, o violoncelo, a viola, a sanfona, o triângulo e
até o pandeiro. Apresentar o Choro como forma musical brasileira e
também a música clássica.
Danças dramáticas de origem européia:
• Bumba-meu-boi
• Reisado
• Pastoril
• Carnaval (que tem sua origem na Europa, sendo uma herança do
entrudo português e das mascaradas italianas, desembarcando no Rio
de janeiro em 1641)
Atividades propostas:
1) Depois de vivenciar um pouco da cultura dos índios, negros e
portugueses, pesquisar nas famílias quais as raízes de cada um. Inferir
o que temos de comum como brasileiros. As misturas de raças e suas
riquezas.
2) Confecção da árvore genealógica de cada um e uma grande árvore
da turma com sucatas.
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3) Mostrar a formação de um orquestra tradicional, mostrando o som
de cada instrumento. Para ilustrar o CD Meu Pé Meu querido Pé do
Hélio Ziskind.
Depois de conhecer os povos que formaram o povo brasileiro vamos
ao encontro dos universos musicais das regiões do Brasil.
1) Região Norte
Músicas:
• Coco Peneruê ( índios)
• E outros Quinhentos virão (Boi-Bumbá do Grupo Garranchoso,
Amazonas)* CD Canções do Brasil - Selo palavra Cantada
• Igrejinha (Tocantins)* CD Canções do Brasil - Selo palavra Cantada
• De todos os reinos (Acre)* CD Canções do Brasil - Selo palavra
Cantada
• Rodaciranda (Ammapá)* CD Canções do Brasil - Selo palavra
Cantada
Atividades propostas:
1) brincar de garantido e caprichoso com estafetas de dançar o boi,
criando refrão para as torcidas.
2) Confecção de água de cheiro
3) Brincar da Castanha ligeira (brincadeira de roda do Pará)
2) Região Nordeste
Exemplos musicais:
• Cacau (dança e música da Bahia)
• Coco do macaco (dom. Público)
• Coco da lagartixa ( dom. público )* CD Na Pancada do ganzá de
Antônio Nóbrega
41
• Maracatu Misterioso (Antonio Madureira )* CD Na Pancada do ganzá
de Antônio Nóbrega
• Vinde, Vinde (dom. público)* CD Na Pancada do ganzá de Antônio
Nóbrega
• Pout-pourri Luiz Gonzaga * CD Forró de todos os tempos de Alceu
Valença
• País Tropical (Gilberto Gil)
• Atrás do trio Elétrico (Caetano Veloso)
Atividades propostas:
1) Danças - Cacau( Bahia) e Cavalo piancó (Alagoas )
2) Contar a história de Mestre Vitalino e trabalhar com argila.
3) Pesquisar com as famílias quem veio do Nordeste e quem já foi ao
Nordeste,
compartilhando lembranças e fotos.
3) Região Centro-Oeste
Exemplos Musicais :
• Nandaia (Mato Grosso )* CD Canções do Brasil - Selo palavra
Cantada
• Sai preguiça ( Goiás )* CD Canções do Brasil - Selo palavra Cantada
• Tristeza do jeca ( Almir Sater)* CD Dose Dupla - Almir Sater
• Carrapicho e a Pimenta (Almir Sater)* CD Dose Dupla - Almir Sater
• Chalana ( Mario Zan/Arlindo pinto)*CD Almir Sater ao vivo.
Atividades propostas:
1) Treinamento para imitar bichos do Pantanal (onça, jacaré, quero-
quero, etc)
2) Depois de treinados e transformados em bichos, dançam a Nandaia
(dom. público)* CD canções do Brasil
3) Realizar uma versão da Cavalhada de Pirinópolis
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4) Região Sudeste
Exemplos Musicais:
• Jongo
• Ó Abre Alas (Chiquinha Gonzaga)
• Jura ( Sinhô )
• Cidade maravilhosa ( André Filho )
• Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa )
• Garota de Ipanema ( Tom e Vinícius)
• Vai Passar ( Chico Buarque )
• Bandeira do Divino (Ivan Lins )
• Você conhece o vento? (hip-hop de Nelson Triunfo)*CD Canções do
Brasil - Selo palavra cantada.
Atividades propostas:
1) Percussão corporal para criação de RAP com o mote do Chico
Science: "a cidade não pára, a cidade só cresce, o de cima sobe e o de
baixo desce"
2) Confecção de tapetes com colagem a partir de desenho com
barbante para a festa do Divino.
3) Experimentação de instrumentos de percussão para criação e
composição de músicas para formar um bloco de carnaval.
5) Região Sul
Exemplos Musicais:
• Pezinho (dom. público RS)
• Cana-verde (dança folclórica de SP )
• Sinhá Marreca (dom. público SC)
• Tatu de volta no meio ( dom. público RS )* CD Canções do Brasil -
selo Palavra Cantada
43
• Roda de Chimarrão (Kleiton e Kledir)* CD Kleiton e Kledir - coleção
Obras primas.
• Pára, Pedro ( José Mendes e José Portella)* CD Kleiton e Kledir -
coleção Obras primas.
Atividades propostas:
1) Contar e encenar algumas lendas da região escolhidas pelos alunos
negrinho do Pastoreio, Como Surgiu a Noite, O lagarto Encantado, etc)
2) Aprender a dançar a Cana- verde do Sul.
Finalização do projeto: Convidar as famílias para uma grande viagem
pelo Brasil, passando pelas 5 regiões. Em cada uma a família participará de uma
oficina dinamizada pelos alunos sob orientação dos professores.
Ao final, todos fazem uma grande roda para dançar a Dança do beija-
Flor (Benke) de origem indígena.
Avaliação: O projeto foi vivenciado por toda a escola. Os conteúdos
programáticos de todas as séries foram dados a partir das músicas trabalhadas e
seus contextos. Foram criados livros de histórias, livros de receitas, esquetes
teatrais com conteúdo histórico, jogos gigantes com conteúdo de matemática e
mapas sonoros em geografia. As idéias iniciais do projeto foram extrapoladas. As
criações foram diversas e todos se envolveram muito, até a equipe de trabalhos
auxiliares mais uma vez a arte mostrou ser um excelente estímulo à apresentação
de conteúdos de disciplinas diversas.
44
CONCLUSÃO
Ao tratar-se de interdisciplinaridade dentro dos espaços de discussão
da educação como um todo, ainda é comum dar a este tema um tom de futuro, do
que está por vir, de algo utópico.
Neste trabalho a proposta da arte-educação como ferramenta ou ponte
entre as diversas disciplinas vem exemplificada no último capítulo sob a forma de
variados planejamentos interdisciplinares. Em alguns deles a arte é o foco. Em
outros, os conteúdos de todas as disciplinas estão integrados através das
linguagens da arte.
Por ser uma linguagem com formulações teóricas advindas dos
diversos pensamentos em educação, psicologia e artes, a arte-educação trás em
seu bojo a possibilidade de dinamizar o ensino desde a educação infantil até a
educação de adultos, sem perder de vista o olhar didático-pedagógico, o que a
torna capaz de adentrar espaços formais e não formais de educação.
A arte-educação está compromissada com uma atitude interdisciplinar.
Ela não existe sem os outros saberes. Por isto, a pretensão deste trabalho é
transportar o jeito dinâmico de se viver a vida para dentro da escola. Atitude de
existir. Atitude interdisciplinar.
45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A., A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Editora Perspectiva,
1994.
BARBOSA, A., Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo:
Editora Cortez, 2002.
DUARTE, Jr., Fundamentos Estéticos da Educação. São Paulo: Editora
Papirus, 1988.
FAZENDA, I. Práticas Interdisciplinares na Escola. São Paulo: Editora Cortez,
2001.
GENTILLI, P. e ALENCAR, C. Educar na Esperança em Tempos de
Desencanto. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2001.
LÜCK, H. Pedagogia Interdisciplinar – Fundamentos Teórico-Metodológico.
Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1994.
MARTINS, M. , PICOSQUE, G e GUERRA, M. Didática do Ensino da Arte – A
Língua do Mundo – Poetizar, Fruir e Conhecer Arte. São Paulo: FTD, 1998.
46
ÍNDICE
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
SOBRE INTERDISCIPLINARIDADE 08
CAPÍTULO II
SOBRE ARTE-EDUCAÇÃO 12
CAPÍTULO III
SOBRE ATITUDE INTERDISCIPLINAR EM ARTE-EDUCAÇÃO 16
CAPÍTULO IV
PLANEJAMENTOS, PROPJETOS E SITUAÇÕES DIÁRIAS 22
4.1. Projeto Artecidadania para Educadores Sociais 23
4.2. Projeto Semear para Professores Alfabetizadores do Município do RJ 26
4.3. Projeto Artecidadania para Educadores Sociais – A Escuta 28
4.4. Projeto Artecidadania para Educadores Sociais – Música 30
4.5. Projeto para Capacitação da Equipe de Educadores do Ensino Fundamental
da Escola Favinho e Mel – Multiespaço Educacional 33
4.6. Projeto Brasil Musical para o Ensino Fundamental da Escola Favinho e Mel –
Multiespaço Educacional 36
4.6.1. Índio 37
4.6.2. Negro 38
4.6.3. Português 39
CONCLUSÃO 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas
Pós-Graduação “Latu Sensu”
Título da Monografia
ARTE-EDUCAÇÃO – CONSTRUINDO UMA
ATITUDE INTERDISCIPLINAR
Data da Entrega: ________________ Avaliado por: Fabiane Muniz da Silva Grau: ________
Rio de Janeiro, ____ de _____________ de ____
__________________________________________________________
Coordenação do Curso