UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor...

95
ESTUDO ECOCARDIOGRÁFICO DO SEIO CORONÁRIO NA FASE CRÔNICA DA DOENÇA DE CHAGAS Glauco André Machado Brasília/DF 2014 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

Transcript of UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor...

Page 1: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

ESTUDO ECOCARDIOGRAacuteFICO DO SEIO CORONAacuteRIO NA

FASE CROcircNICA DA DOENCcedilA DE CHAGAS

Glauco Andreacute Machado

BrasiacuteliaDF

2014

UNIVERSIDADE DE BRASIacuteLIA

FACULDADE DE MEDICINA

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM MEDICINA TROPICAL

II

ESTUDO ECOCARDIOGRAacuteFICO DO SEIO CORONAacuteRIO

NA FASE CROcircNICA DA DOENCcedilA DE CHAGAS

Glauco Andreacute Machado

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada

ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Medicina Tropical da Faculdade de

Medicina da Universidade de Brasiacutelia

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

Medicina Tropical na aacuterea de

concentraccedilatildeo Cliacutenica das Doenccedilas

Infecciosas e Parasitaacuterias

Orientador Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Co-orientador Prof Dr Daniel Franccedila Vasconcelos

BrasiacuteliaDF

2014

III

IV

Estudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Fase Crocircnica da

Doenccedila de Chagas Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina Tropical como requisito para obtenccedilatildeo do titulo de

Mestre em Medicina Tropical Banca Examinadora

Presidente - Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Membro Titular - Prof Dr Otoni Moreira Gomes

Fundaccedilatildeo Cardiovascular Satildeo Francisco de Assis - FCSFA

Membro Titular - Prof Dr Paulo Cesar de Jesus

Universidade de Brasiacutelia - UnB

V

DEDICATOacuteRIA

Aqui estou pronto para fazer o mais difiacutecil em meio a tudo que

aconteceu fazer somente uma dedicatoacuteria natildeo eacute o caso Tinha o sonho de

que vocecirc Gabriela pudesse conhecer esse trabalho Acho que gostaria dos

ldquodesenhinhosrdquo que fiz com tanto carinho

Dudu diz estar chateado porque vocecirc foi para o ceacuteu Ele natildeo entende

ndash na verdade eu tambeacutem natildeo ndash mas ele sente sua falta das brincadeiras e

das coisas que vocecirc ensinava para ele Vocecirc era chefe dele lembra Mas

natildeo se preocupe ele vai crescer

Todos aqui estatildeo com saudade de vocecirc Vovoacute Maria quase Isso

natildeo queria te contar mas a essa altura com certeza vocecirc jaacute sabe Vocecirc se

parece muito com ela e isso me enche de orgulho

Dizem que um livro eacute como um filho mas eu natildeo concordo com isso e

qualquer coisa neste sentido doacutei bastante Quando cursava faculdade

peguei na biblioteca um livro escrito por um professor local nas primeiras

paacuteginas havia um diaacutelogo interessante e descontraiacutedo com o leitor que dizia

ldquoquando estudante tambeacutem gostava de ler as primeiras paacuteginas como

biografia e dedicatoacuteriardquo A influecircncia de um professor natildeo se pode

mensurar foi naquele mesmo instante que descobri que tambeacutem escreveria

um livro

Sei que professores normalmente se desculpam com seus familiares

por sua ausecircncia durante o periacuteodo em que estiveram imbuiacutedos na

confecccedilatildeo de suas teses Natildeo sei o que lhe dizer Gabriela coisas assim me

crucificariam eternamente e sei que vocecirc natildeo gostaria disso Mas te amo

muito e peccedilo que estejamos sempre proacuteximos

Sabe Gabriela o que estaacute escrito nesta obra ainda natildeo pode ser

considerado verdadeiro eacute preciso mais tempo e muito mais empenho Ao

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 2: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

II

ESTUDO ECOCARDIOGRAacuteFICO DO SEIO CORONAacuteRIO

NA FASE CROcircNICA DA DOENCcedilA DE CHAGAS

Glauco Andreacute Machado

Dissertaccedilatildeo de Mestrado apresentada

ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em

Medicina Tropical da Faculdade de

Medicina da Universidade de Brasiacutelia

para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de mestre em

Medicina Tropical na aacuterea de

concentraccedilatildeo Cliacutenica das Doenccedilas

Infecciosas e Parasitaacuterias

Orientador Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Co-orientador Prof Dr Daniel Franccedila Vasconcelos

BrasiacuteliaDF

2014

III

IV

Estudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Fase Crocircnica da

Doenccedila de Chagas Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina Tropical como requisito para obtenccedilatildeo do titulo de

Mestre em Medicina Tropical Banca Examinadora

Presidente - Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Membro Titular - Prof Dr Otoni Moreira Gomes

Fundaccedilatildeo Cardiovascular Satildeo Francisco de Assis - FCSFA

Membro Titular - Prof Dr Paulo Cesar de Jesus

Universidade de Brasiacutelia - UnB

V

DEDICATOacuteRIA

Aqui estou pronto para fazer o mais difiacutecil em meio a tudo que

aconteceu fazer somente uma dedicatoacuteria natildeo eacute o caso Tinha o sonho de

que vocecirc Gabriela pudesse conhecer esse trabalho Acho que gostaria dos

ldquodesenhinhosrdquo que fiz com tanto carinho

Dudu diz estar chateado porque vocecirc foi para o ceacuteu Ele natildeo entende

ndash na verdade eu tambeacutem natildeo ndash mas ele sente sua falta das brincadeiras e

das coisas que vocecirc ensinava para ele Vocecirc era chefe dele lembra Mas

natildeo se preocupe ele vai crescer

Todos aqui estatildeo com saudade de vocecirc Vovoacute Maria quase Isso

natildeo queria te contar mas a essa altura com certeza vocecirc jaacute sabe Vocecirc se

parece muito com ela e isso me enche de orgulho

Dizem que um livro eacute como um filho mas eu natildeo concordo com isso e

qualquer coisa neste sentido doacutei bastante Quando cursava faculdade

peguei na biblioteca um livro escrito por um professor local nas primeiras

paacuteginas havia um diaacutelogo interessante e descontraiacutedo com o leitor que dizia

ldquoquando estudante tambeacutem gostava de ler as primeiras paacuteginas como

biografia e dedicatoacuteriardquo A influecircncia de um professor natildeo se pode

mensurar foi naquele mesmo instante que descobri que tambeacutem escreveria

um livro

Sei que professores normalmente se desculpam com seus familiares

por sua ausecircncia durante o periacuteodo em que estiveram imbuiacutedos na

confecccedilatildeo de suas teses Natildeo sei o que lhe dizer Gabriela coisas assim me

crucificariam eternamente e sei que vocecirc natildeo gostaria disso Mas te amo

muito e peccedilo que estejamos sempre proacuteximos

Sabe Gabriela o que estaacute escrito nesta obra ainda natildeo pode ser

considerado verdadeiro eacute preciso mais tempo e muito mais empenho Ao

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 3: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

III

IV

Estudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Fase Crocircnica da

Doenccedila de Chagas Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina Tropical como requisito para obtenccedilatildeo do titulo de

Mestre em Medicina Tropical Banca Examinadora

Presidente - Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Membro Titular - Prof Dr Otoni Moreira Gomes

Fundaccedilatildeo Cardiovascular Satildeo Francisco de Assis - FCSFA

Membro Titular - Prof Dr Paulo Cesar de Jesus

Universidade de Brasiacutelia - UnB

V

DEDICATOacuteRIA

Aqui estou pronto para fazer o mais difiacutecil em meio a tudo que

aconteceu fazer somente uma dedicatoacuteria natildeo eacute o caso Tinha o sonho de

que vocecirc Gabriela pudesse conhecer esse trabalho Acho que gostaria dos

ldquodesenhinhosrdquo que fiz com tanto carinho

Dudu diz estar chateado porque vocecirc foi para o ceacuteu Ele natildeo entende

ndash na verdade eu tambeacutem natildeo ndash mas ele sente sua falta das brincadeiras e

das coisas que vocecirc ensinava para ele Vocecirc era chefe dele lembra Mas

natildeo se preocupe ele vai crescer

Todos aqui estatildeo com saudade de vocecirc Vovoacute Maria quase Isso

natildeo queria te contar mas a essa altura com certeza vocecirc jaacute sabe Vocecirc se

parece muito com ela e isso me enche de orgulho

Dizem que um livro eacute como um filho mas eu natildeo concordo com isso e

qualquer coisa neste sentido doacutei bastante Quando cursava faculdade

peguei na biblioteca um livro escrito por um professor local nas primeiras

paacuteginas havia um diaacutelogo interessante e descontraiacutedo com o leitor que dizia

ldquoquando estudante tambeacutem gostava de ler as primeiras paacuteginas como

biografia e dedicatoacuteriardquo A influecircncia de um professor natildeo se pode

mensurar foi naquele mesmo instante que descobri que tambeacutem escreveria

um livro

Sei que professores normalmente se desculpam com seus familiares

por sua ausecircncia durante o periacuteodo em que estiveram imbuiacutedos na

confecccedilatildeo de suas teses Natildeo sei o que lhe dizer Gabriela coisas assim me

crucificariam eternamente e sei que vocecirc natildeo gostaria disso Mas te amo

muito e peccedilo que estejamos sempre proacuteximos

Sabe Gabriela o que estaacute escrito nesta obra ainda natildeo pode ser

considerado verdadeiro eacute preciso mais tempo e muito mais empenho Ao

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 4: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

IV

Estudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Fase Crocircnica da

Doenccedila de Chagas Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Medicina Tropical como requisito para obtenccedilatildeo do titulo de

Mestre em Medicina Tropical Banca Examinadora

Presidente - Prof Dr Cleudson Nery de Castro

Universidade de Brasiacutelia - UnB

Membro Titular - Prof Dr Otoni Moreira Gomes

Fundaccedilatildeo Cardiovascular Satildeo Francisco de Assis - FCSFA

Membro Titular - Prof Dr Paulo Cesar de Jesus

Universidade de Brasiacutelia - UnB

V

DEDICATOacuteRIA

Aqui estou pronto para fazer o mais difiacutecil em meio a tudo que

aconteceu fazer somente uma dedicatoacuteria natildeo eacute o caso Tinha o sonho de

que vocecirc Gabriela pudesse conhecer esse trabalho Acho que gostaria dos

ldquodesenhinhosrdquo que fiz com tanto carinho

Dudu diz estar chateado porque vocecirc foi para o ceacuteu Ele natildeo entende

ndash na verdade eu tambeacutem natildeo ndash mas ele sente sua falta das brincadeiras e

das coisas que vocecirc ensinava para ele Vocecirc era chefe dele lembra Mas

natildeo se preocupe ele vai crescer

Todos aqui estatildeo com saudade de vocecirc Vovoacute Maria quase Isso

natildeo queria te contar mas a essa altura com certeza vocecirc jaacute sabe Vocecirc se

parece muito com ela e isso me enche de orgulho

Dizem que um livro eacute como um filho mas eu natildeo concordo com isso e

qualquer coisa neste sentido doacutei bastante Quando cursava faculdade

peguei na biblioteca um livro escrito por um professor local nas primeiras

paacuteginas havia um diaacutelogo interessante e descontraiacutedo com o leitor que dizia

ldquoquando estudante tambeacutem gostava de ler as primeiras paacuteginas como

biografia e dedicatoacuteriardquo A influecircncia de um professor natildeo se pode

mensurar foi naquele mesmo instante que descobri que tambeacutem escreveria

um livro

Sei que professores normalmente se desculpam com seus familiares

por sua ausecircncia durante o periacuteodo em que estiveram imbuiacutedos na

confecccedilatildeo de suas teses Natildeo sei o que lhe dizer Gabriela coisas assim me

crucificariam eternamente e sei que vocecirc natildeo gostaria disso Mas te amo

muito e peccedilo que estejamos sempre proacuteximos

Sabe Gabriela o que estaacute escrito nesta obra ainda natildeo pode ser

considerado verdadeiro eacute preciso mais tempo e muito mais empenho Ao

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 5: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

V

DEDICATOacuteRIA

Aqui estou pronto para fazer o mais difiacutecil em meio a tudo que

aconteceu fazer somente uma dedicatoacuteria natildeo eacute o caso Tinha o sonho de

que vocecirc Gabriela pudesse conhecer esse trabalho Acho que gostaria dos

ldquodesenhinhosrdquo que fiz com tanto carinho

Dudu diz estar chateado porque vocecirc foi para o ceacuteu Ele natildeo entende

ndash na verdade eu tambeacutem natildeo ndash mas ele sente sua falta das brincadeiras e

das coisas que vocecirc ensinava para ele Vocecirc era chefe dele lembra Mas

natildeo se preocupe ele vai crescer

Todos aqui estatildeo com saudade de vocecirc Vovoacute Maria quase Isso

natildeo queria te contar mas a essa altura com certeza vocecirc jaacute sabe Vocecirc se

parece muito com ela e isso me enche de orgulho

Dizem que um livro eacute como um filho mas eu natildeo concordo com isso e

qualquer coisa neste sentido doacutei bastante Quando cursava faculdade

peguei na biblioteca um livro escrito por um professor local nas primeiras

paacuteginas havia um diaacutelogo interessante e descontraiacutedo com o leitor que dizia

ldquoquando estudante tambeacutem gostava de ler as primeiras paacuteginas como

biografia e dedicatoacuteriardquo A influecircncia de um professor natildeo se pode

mensurar foi naquele mesmo instante que descobri que tambeacutem escreveria

um livro

Sei que professores normalmente se desculpam com seus familiares

por sua ausecircncia durante o periacuteodo em que estiveram imbuiacutedos na

confecccedilatildeo de suas teses Natildeo sei o que lhe dizer Gabriela coisas assim me

crucificariam eternamente e sei que vocecirc natildeo gostaria disso Mas te amo

muito e peccedilo que estejamos sempre proacuteximos

Sabe Gabriela o que estaacute escrito nesta obra ainda natildeo pode ser

considerado verdadeiro eacute preciso mais tempo e muito mais empenho Ao

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 6: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

VI

final de tudo o que foi dito ficam estas palavras como uacutenica verdade Fiz o

melhor possiacutevel movido pela paixatildeo por vocecirc verdadeiramente

Natildeo haacute ningueacutem que merece mais isso do que vocecirc princesinha por

isso lhe dedico integralmente este trabalho

Maacuteh

Gabriela Aguiar Machado 09042009 dagger 22082014

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 7: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus pelas oportunidades concedidas

Agradeccedilo a minha famiacutelia pelo apoio incondicional aos colegas

mestrandos pela amizade que construiacutemos e aos professores do Nuacutecleo de

Medicina Tropical especialmente ao professor Dr Joatildeo Barberino dos

Santos pelo conhecimento compartilhado e pelo exemplo de vida

Especialmente gostaria de agradecer aos professores Dr Cleudson

Nery de Castro e Dr Daniel Franccedila Vasconcelos pela paciecircncia e forma

saacutebia com que me conduziram ateacute aqui

Agradeccedilo ao professor Dr Luiz Fernando Junqueira Junior pela

interpretaccedilatildeo dos traccedilados eletrocardiograacuteficos ao professor Dr Gustavo

Adolfo Sierra Romero pelas orientaccedilotildees estatiacutesticas aos profissionais dos

serviccedilos de Cardiologia e Medicina Nuclear do Hospital Universitaacuterio de

Brasiacutelia assim como aos profissionais que realizaram o xenodiagnoacutestico e a

Sra Luacutecia de Faacutetima do Nuacutecleo de Medicina Tropical Sem vocecircs este

trabalho natildeo seria possiacutevel

Para finalizar agradeccedilo aos pacientes que gentilmente participaram

deste estudo

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 8: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ao - Aorta

AV - Atrioventricular

BCRD - Bloqueio completo do ramo direito

CCC - Cardiopatia chagaacutesica crocircnica

CPM - Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

ECG - Eletrocardiograma

HUB - Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia

IAM - Infarto agudo do miocaacuterdio

IVC - Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (ver nota abaixo)

Kg - Quilogramas

m2 - Metros quadrados

NAV - Noacute atrioventricular

NMT - Nuacutecleo de Medicina Tropical

PICSO - Pressatildeo intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio

RNM - Ressonacircncia nuclear magneacutetica

SEC - Sistema excito-condutor cardiacuteaco

SC - Seio coronaacuterio

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TEP - Tromboembolismo pulmonar

TNF- α - Fator de necrose tumoral alfa

VD - Ventriacuteculo direito

VE - Ventriacuteculo esquerdo

NOTA Insuficiecircncia venosa cardiacuteaca eacute o termo utilizado para caracterizar um

possiacutevel transtorno circulatoacuterio especiacutefico do leito venoso coronariano ou seja

insuficiecircncia venosa do proacuteprio coraccedilatildeo Este termo natildeo deve ser confundido com

congestatildeo sistecircmica (ingurgitaccedilatildeo jugular hepatomegalia edema de membros

inferiores etc)

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 9: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

IX

FINANCIAMENTO

Apoio financeiro da Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal de Niacutevel

Superior (CAPES)

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 10: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

X

SUMAacuteRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VIII

FINANCIAMENTO IX

RESUMO XII

ABSTRACT XIII

1INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Infecccedilatildeo Chagaacutesica 2

12 Epidemiologia 4

13 Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica 5

14 O seio coronaacuterio 7

15 O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 14

16 Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 16

17 Ecocardiografia do seio coronaacuterio 16

18 Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica 17

19 Adelgaccedilamento miocaacuterdico 18

110 Aneurisma apical 25

111 Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco ndash SEC 28

112 Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica 31

113 Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito 32

2 JUSTIFICATIVA 35

3 OBJETIVOS 36

31 Objetivo Geral 36

32 Objetivos Especiacuteficos 36

4 MEacuteTODO 37

41 Tipo de estudo 38

42 Locais em que os exames foram realizados 38

43 Duraccedilatildeo 39

44 Amostra 39

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes 39

46 Criteacuterios de inclusatildeo 40

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 11: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

XI

47 Criteacuterios de exclusatildeo 40

48 Variaacuteveis a investigar 40

49 Protocolo 41

410 Anaacutelise estatiacutestica 41

411 Aspectos eacuteticos 42

5-RESULTADOS 43

6-DISCUSSAtildeO 49

7-CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 56

8-REFEREcircNCIAS 58

9- ANEXOS 73

91- Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica 74

92- TCLE 77

93- Avaliaccedilotildees adicionais da disfunccedilatildeo diastoacutelica 81

94- Dados brutos da CPM e dos diacircmetros do seio coronaacuterio 82

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 12: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

XII

RESUMO

Foi investigada uma provaacutevel participaccedilatildeo do seio coronaacuterio (SC) na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica (CCC) Dentre os mecanismos fisiopatoloacutegicos

que gozam de amplo reconhecimento nesta cardiopatia estatildeo os distuacuterbios

da microcirculaccedilatildeo coronariana que imputam a esta cardiopatia um caraacuteter

isquecircmico Notadamente novas descobertas apontam o SC como estrutura

altamente especializada podendo participar ativamente na circulaccedilatildeo

venosa coronariana o que nos pareceu merecedor de uma anaacutelise

pormenorizada sobre sua possiacutevel participaccedilatildeo na CCC Para tanto foi

realizado estudo com ecocardiografia transtoraacutecica do diacircmetro maacuteximo e

miacutenimo do SC e o valor da diferenccedila entre estes diacircmetros (Δ) em

participantes com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica Tambeacutem foi verificada a

associaccedilatildeo destes paracircmetros do SC com a presenccedila de disfunccedilatildeo

diastoacutelica agrave ecocardiografia com alteraccedilotildees no eletrocardiograma de

repouso (ECG) com a cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) e com o

xenodiagnoacutestico Resultados Natildeo houve diferenccedila na prevalecircncia de

alteraccedilotildees entre os grupos de estudo para os exames ECG (p=017) e CPM

(p=009) Natildeo houve correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo e Δ do SC com

alteraccedilotildees no ECG e disfunccedilatildeo diastoacutelica Observou-se diferenccedila com

tendecircncia estatiacutestica (p=005) na comparaccedilatildeo entre as meacutedias do (Δ) entre

pacientes com CPM normal versus CPM alterada Conclusotildees Uma

possiacutevel disfunccedilatildeo do SC pode preceder ou estar presente na fase inicial da

CCC podendo ser identificada com o Δ do seio coronaacuterio na

ecocardiografia transtoraacutecica

Palavras ndash Chave Patogenia doenccedila de Chagas seio coronaacuterio

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 13: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

XIII

ABSTRACT

A probable involvement of the coronary sinus (CS) in chronic

Chagas cardiomyopathy (CCC) was investigated Among the

pathophysiological mechanisms that enjoy wide recognition in this disease

are disorders of the coronary microcirculation which impute to this character

ischemic heart disease Notably new findings suggest the CS as highly

specialized structure and can actively participate in the coronary venous

circulation which seemed worthy of a detailed analysis of its possible

participation in the CCC To this end we conducted a study with

transthoracic echocardiography the maximum and minimum diameter of the

CS and the value of the difference between these diameters (Δ) in

participants with and without Chagas infection We also evaluated the

association of these parameters of the CS with the presence of diastolic

dysfunction by echocardiography changes in examinations

electrocardiogram (ECG) myocardial perfusion scintigraphy (MPS) and

xenodiagnosis Results There was no difference in the prevalence of

changes between the study groups for ECG (p = 017) and MPS (p = 009)

tests There was no correlation between the maximum diameter and Δ CS

with ECG changes and diastolic dysfunction We observed a statistical trend

(p = 005) when comparing the averages of (Δ) between patients with

normal versus altered MPS Conclusions A possible dysfunction of the SC

may precede or be present in the initial CCC and can be identified with the

Δ of the coronary sinus in transthoracic echocardiography

Key ndash words Pathogenesis Chagas disease coronary sinus

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 14: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A doenccedila de Chagas tambeacutem conhecida como Tripanossomiacutease

Americana tem como agente etioloacutegico o protozoaacuterio hemoflagelado

Trypanosoma cruzi Foi descrita em detalhes e de forma extraordinaacuteria por

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas meacutedico brasileiro no iniacutecio do seacuteculo

XX (CHAGAS e VILLELA 1922) Chagas deixou um legado jamais visto na

histoacuteria da medicina

O acometimento cardiacuteaco desta moleacutestia obteve destaque jaacute em seu

primeiro estudo anatomopatoloacutegico que comeccedila com uma descriccedilatildeo da

cardiopatia ldquoo coraccedilatildeo eacute uma das viacutesceras para o qual o

schizotrypanosome mostra predileccedilatildeo tanto no homem e em animais

(VIANNA 1911) O fasciacutenio com o estudo da cardiopatia logo surgiu e a

doenccedila de Chagas tornou-se sinocircnimo de cardiopatia chagaacutesica (RAMOS e

ROSSI 1999)

Entretanto apesar dos avanccedilos no controle da transmissatildeo e do

expressivo empenho cientiacutefico (PRATA 1999) ainda natildeo dispomos de

tratamento eficiente e sequer compreendemos integralmente a fisiopatologia

do acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila que atinge milhotildees de pessoas na

Ameacuterica Latina

Do ponto de vista da patogecircnese a doenccedila de Chagas caracteriza-se

por um processo extremamente complexo e pouco compreendido

(ANDRADE 1999 ENGMAN amp LEON 2002) Entretanto alguns conceitos

estatildeo bem estabelecidos A cardiopatia chagaacutesica eacute causada

pelo Trypanossoma cruzi A reaccedilatildeo do hospedeiro a este parasito eacute

basicamente uma resposta inflamatoacuteria Durante a fase aguda da infecccedilatildeo

os parasitos localizados no interior das fibras cardiacuteacas causam sua ruptura

e o processo inflamatoacuterio difuso e intenso pode sem dificuldades ser

correlacionado diretamente com a accedilatildeo parasitaacuteria Na fase crocircnica a

reaccedilatildeo inflamatoacuteria continua Muda todavia de caraacuteter tende a se tornar

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 15: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

2

multifocal ao inveacutes de difusa associa-se com a produccedilatildeo de tecido fibroso e

natildeo guarda relaccedilatildeo com a presenccedila dos parasitos A sua intensidade varia

dentro de amplos limites (ANDRADE 1974)

Conceitualmente reconhecem-se quatro mecanismos patogecircnicos

como os principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento da cardiopatia

chagaacutesica crocircnica disautonomia cardiacuteaca distuacuterbios microvasculares lesatildeo

miocaacuterdica por agressatildeo direta do parasito e lesatildeo miocaacuterdica por

mecanismo imunoloacutegico (MARIN-NETO et al 2007)

Neste contexto verdadeiras lacunas do conhecimento como o

frequente acometimento do ramo direito do sistema excito-condutor cardiacuteaco

(SEC) e o marcado afilamento do aacutepex e parede poacutestero-lateral do VE ainda

estatildeo por serem preenchidas

Cabe destacar que a variabilidade na evoluccedilatildeo cliacutenica desta doenccedila

tambeacutem constitui desafio aos pesquisadores Os indiviacuteduos podem falecer

em decorrecircncia de insuficiecircncia cardiacuteaca na fase aguda ou crocircnica

permanecer assintomaacuteticos por deacutecadas com ou sem sinais de

acometimento cardiacuteaco ou ainda permanecer a vida toda assintomaacuteticos

como ocorre com os portadores da forma indeterminada da doenccedila

(VASCONCELOS 2007)

Infecccedilatildeo chagaacutesica

Na maioria dos casos a infecccedilatildeo em humanos eacute provocada pelo

contato da pele ou mucosas com as fezes eou urina de triatomiacuteneos

infectados Tambeacutem satildeo descritos casos de transmissatildeo por transfusatildeo

transplacentaacuteria por acidentes de laboratoacuterio por ingestatildeo oral do

tripanosoma (WHO 2002) e ateacute por transplante de oacutergatildeos

Apoacutes o contato inicial do parasito com o sangue do hospedeiro seja

qual for a forma de transmissatildeo o hemoflagelado (tripomastigota) entra nas

ceacutelulas teciduais transforma-se em amastigota e apoacutes poucas horas o

parasito multiplica-se readquire o flagelo e finalmente provoca a ruptura da

3

ceacutelula O ciclo bioloacutegico do T cruzi com maiores detalhes pode ser

apreciado na figura ndash 1

FIGURA ndash 1 Ciclo bioloacutegico do T cruzi - O triatomiacuteneo defeca durante o repasto e os tripomastigotas presentes nas fezes penetram atraveacutes da pele lesionada ou mesmo mucosas iacutentegras 2- Os tripomastigotas invadem ceacutelulas onde se transformam em amastigotas 3- Os amastigotas multiplicam-se assexuadamente dentro das ceacutelulas produzindo a ruptura desta e retornando entatildeo a corrente sanguiacutenea 4- Os amastigotas na corrente sanguiacutenea transformam-se em tripomastigotas 5- Tripomastigotas na corrente sanguiacutenea satildeo ingeridos pelo triatomiacuteneo durante o repasto 6- Epimastigotas no intestino meacutedio 7- Epimastigotas multiplicam-se no intestino meacutedio 8- Tripomastigotas no intestino posterior Modificado de lthttpswwwdpdcdcgovdpdxgt Acesso em 15 de junho de 2014

Apoacutes a ruptura celular com o parasito no espaccedilo extracelular

desencadeia-se a resposta inflamatoacuteria tiacutepica da fase aguda Apoacutes esta fase

os indiviacuteduos entram em periacuteodo de remissatildeo por tempo variaacutevel que pode

durar de 20 a 30 anos Aproximadamente 30 dos pacientes acometidos

iratildeo desenvolver a doenccedila cardiacuteaca ao longo da vida (MACEDO 1980)

A desproporccedilatildeo entre parasitismo miocaacuterdico grau de inflamaccedilatildeo e

intensidade da fibrose proporcionaram o surgimento de vaacuterias hipoacuteteses

4

sobre a patogenia da fase crocircnica da infecccedilatildeo chagaacutesica (VASCONCELOS

2007)

Epidemiologia

Embora a doenccedila de Chagas seja encontrada em toda Ameacuterica

Latina suas manifestaccedilotildees cliacutenicas sua epidemiologia as caracteriacutesticas do

parasito do vetor e do hospedeiro reservatoacuterio variam de regiatildeo para regiatildeo

(WHO 2002)

Em 1989 estimava-se que 16 a 18 milhotildees de pessoas eram

portadoras de infecccedilatildeo chagaacutesica nas Ameacutericas e que outras 50 milhotildees

estavam sob risco de contraiacute-la (WHO 1991) A doenccedila de Chagas mais do

que qualquer outra doenccedila parasitaacuteria estaacute relacionada ao baixo

desenvolvimento social e econocircmico (WHO 2002) Nos paiacuteses ao sul da

Ameacuterica do Sul onde existe a maior concentraccedilatildeo de estudos estima-se

que 10 a 24 das pessoas infectadas desenvolveratildeo sinais e sintomas

relacionados agrave doenccedila No Brasil calcula-se que aproximadamente 5

milhotildees estejam infectados Desse universo 500000 portadores de

cardiopatia e destes 10 seriam portadores de cardiopatia grave

(SCHMUNtildeIS 2000)

A doenccedila de Chagas eacute responsaacutevel por significativa taxa de

letalidade Muitos oacutebitos ocorrem de forma suacutebita e na maioria das vezes

com viacutetimas abaixo dos 50 anos de idade o que acarreta um alto custo

social

Apenas o custo das arritmias da cardiopatia crocircnica poderia alcanccedilar

US$ 46 milhotildees por ano se todos os pacientes que o necessitassem fossem

adequadamente tratados Jaacute para a implantaccedilatildeo de marca-passos e

realizaccedilatildeo de cirurgias complexas para as formas digestivas avanccediladas

subiria a US$ 250 milhotildees para atender a todos os chagaacutesicos brasileiros

que teoricamente necessitam desses procedimentos (FERREIRA et al

2005)

5

Felizmente graccedilas agraves poliacuteticas de combate agrave transmissatildeo da doenccedila

em 1997 a transmissatildeo vetorial foi interrompida no Uruguai no Chile em 8

das 12 aacutereas endecircmicas do Brasil e em 4 das 16 aacutereas endecircmicas da

Argentina (PRATA 2001 WHO 2002)

Paiacuteses natildeo endecircmicos na Ameacuterica do Norte Europa e Regiatildeo do

Paciacutefico Ocidental tem visto o recente surgimento da doenccedila de Chagas

devido agrave migraccedilatildeo de mais de 15 milhotildees de pessoas oriundas de aacutereas

endecircmicas (SCHMUNIS 2007)

O elevado custo da doenccedila de Chagas eacute reconhecido como um

desafio emergente em alguns paiacuteses natildeo endecircmicos como Estados Unidos

e Espanha (MILEI 2009 DE AYALA et al 2009)

Histoacuteria da cardiopatia chagaacutesica

Os primeiros relatos do acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas

se encontram nos trabalhos do proacuteprio Carlos Chagas especialmente a

partir de importante contribuiccedilatildeo em 1920 e o estudo com Vilela (CHAGAS e

VILELA 1922)

Como jaacute mencionado apoacutes o estudo anatomopatoloacutegico de (VIANNA

1911) surge o fasciacutenio pelo estudo desta cardiopatia que culmina com a

ampliaccedilatildeo do conhecimento clinico com CHAGAS (1930)

Em 1936 Miguel Couto Filho eacute quem primeiro demonstra o

acometimento especiacutefico do SEC (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980

p60)

Em 1948 novamente o conhecimento cliacutenico sobre cardiopatia

chagaacutesica logra grande salto com os estudos de Francisco Laranja

Emmanuel Dias e Genard Nobrega (LARANJA et al 1948)

Com respeito agrave fisiopatologia apoacutes a descriccedilatildeo das diferenccedilas

histopatoloacutegicas entre as fases crocircnica e aguda (CHAGAS 1916 a e b)

alguns autores propuseram a teoria aleacutergica em que uma resposta do tipo

6

aleacutergica seria induzida pela presenccedila constante do parasito (TORRES 1941

MAZZA 1949)

Com a publicaccedilatildeo dos trabalhos de KOumlBERLE (1962) uma nova

teoria surgiu A ausecircncia frequente de achados inflamatoacuterios em bioacutepsias

natildeo justificaria a evoluccedilatildeo da doenccedila Entatildeo agrave semelhanccedila do mecanismo

responsaacutevel pela doenccedila digestiva em que a reduccedilatildeo da inervaccedilatildeo

parassimpaacutetica provocaria a dilataccedilatildeo do esocircfago e intestino a desnervaccedilatildeo

parassimpaacutetica associada ao aumento da atividade simpaacutetica levaria agrave

hipertrofia e agrave dilataccedilatildeo cardiacuteaca Entretanto a correlaccedilatildeo entre a

desnervaccedilatildeo e as alteraccedilotildees cardiacuteacas natildeo foram confirmadas (LOPES amp

TAFURI 1983 ALMEIDA et al 1987)

A demonstraccedilatildeo da presenccedila do anticorpo EVI em chagaacutesicos

(COSSIO 1974) a induccedilatildeo experimental da accedilatildeo citotoacutexica de linfoacutecitos

contra as fibras miocaacuterdicas (SANTOS-BUCH amp TEIXEIRA 1974) e a

identificaccedilatildeo de antiacutegenos comuns entre o T cruzi e as fibras miocaacuterdicas

(SADIGURSKY et al 1988 LEVIN et al 1989 CUNHA- NETO et al 1995)

fortaleceram a hipoacutetese da autoimunidade para tentar explicar a evoluccedilatildeo

crocircnica da doenccedila Poreacutem esta teoria falha em justificar o caraacuteter multifocal

dos achados histopatoloacutegicos bem como a lesatildeo digestiva frequentemente

encontrada nos pacientes chagaacutesicos

A presenccedila de alteraccedilotildees segmentares da contratilidade ventricular

as evidecircncias de disfunccedilatildeo endotelial o aumento da reatividade plaquetaacuteria

aleacutem da produccedilatildeo de neuraminidase pelo parasito tecircm sido demonstradas

experimentalmente Como resultado a hipoperfusatildeo local caracteriza as

alteraccedilotildees microvasculares como mecanismo responsaacutevel pela patogenia

da doenccedila de Chagas (MORRIS et al 1990 ROSSI 1990)

Recentemente a utilizaccedilatildeo de teacutecnicas como a imuno-histoquiacutemica e

a PCR (reaccedilatildeo de cadeia de polimerase) permitiram identificar seja qual for

o mecanismo patogecircnico da doenccedila de Chagas que a presenccedila do parasito

ou de seus antiacutegenos deve estar envolvida no processo patogecircnico

7

independentemente dos mecanismos anteriormente descritos (BASQUIERA

et al 2003)

Dessa forma a patogecircnese da cardiopatia chagaacutesica permanece

como assunto controverso

O seio coronaacuterio

O seio coronaacuterio (SC) eacute uma estrutura tubular muscular que mede de

2-3 cm de comprimento por 1 cm de largura localizado no sulco

atrioventricular (AV) esquerdo na superfiacutecie posterior do coraccedilatildeo

(WILLIAMS et al 2001) Coleta aproximadamente dois terccedilos do sangue

venoso do miocaacuterdio e o drena para o aacutetrio direito (ROUVIERE 1991) ver

figura ndash 2

FIGURA ndash 2 Vista poacutestero-inferior do coraccedilatildeo em que se nota o seio coronaacuterio e suas principais tributaacuterias Modificado de lthttpswwwcvphysiologycomgt Acesso em 15 de junho de 2014

Estudos envolvendo o SC satildeo realizados em diferentes aacutereas da

cardiologia como eletrofisiologia (MELO et al 1998) reperfusatildeo miocaacuterdica

(MURAD-NETTO amp MURAD 2010 GIORDANO 2003) terapia com ceacutelulas

8

2tronco (NETO et al 2004) e ateacute mesmo nas valvopatias com o advento de

dispositivo implantaacutevel no SC por via percutacircnea (FELDMAN amp

CILINGIROGLU 2011 DAVIS 2012) Graccedilas a estes avanccedilos observamos

com maior frequecircncia revisotildees anatocircmicas acerca do SC e suas tributaacuterias

em diferentes populaccedilotildees (BALLESTEROS et al 2010)

Ao contraacuterio de outras veias a parede do SC eacute relativamente espessa

e em vez de musculo liso formando uma camada meacutedia eacute constituiacutedo

integralmente por fibras miocaacuterdicas Isso foi demonstrado primeiramente

por KEITH (1902) seguido por COAKLEY amp KING (1959) LIOTTA (1971) e

VON LUDINGHAUSEN amp BOOT (1992) Dentre estes autores destacamos

LIOTTA (1971) quem asseverou ser o SC semelhante a uma cavidade

cardiacuteaca com estrutura muscular constituiacuteda por fasciacuteculos proacuteprios e por

fasciacuteculos atriais (ver figura ndash 3) demonstrou radioloacutegica e

hemodinamicamente que o SC possui atividade contraacutetil proacutepria e

caracterizou a dilataccedilatildeo do SC na fibrilaccedilatildeo atrial Para o referido autor o SC

eacute o terceiro aacutetrio do coraccedilatildeo somando-se aos congecircneres aacutetrios direito e

esquerdo Como argumento destaca que ambos tecircm origem no mesmo

periacuteodo embrioloacutegico e possuem a mesma estrutura anatocircmica

9

FIGURA ndash 3 Histologia de um corte transverso ao niacutevel do terccedilo meacutedio do seio coronaacuterio demonstrando que o mesmo possui fibras esfincterianas (setas menores) e longitudinais (setas maiores) Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Outros autores relataram ainda a presenccedila de ceacutelulas especializadas

no SC que poderiam participar na conduccedilatildeo interatrial (ANTZ et al 1998) e

na gecircnese de algumas arritmias cardiacuteacas (VOLKMER et al 2002)

Neste contexto importante revisatildeo anatocircmica e histoloacutegica

(BARCELOacute et al 2004) demonstrou que o SC possui endocaacuterdio miocaacuterdio

e epicaacuterdico aleacutem de um ramo de conduccedilatildeo e um noacute composto por ceacutelulas

semelhantes agraves ceacutelulas do nodo sinusal

Estes achados certamente expressam a importacircncia do SC entretanto

para a realizaccedilatildeo do presente estudo nos ocuparemos dos achados de

LIOTTA (1971) reconhecendo que o SC eacute um oacutergatildeo contraacutetil responsaacutevel

por drenar 70 do sangue venoso da circulaccedilatildeo coronariana sendo

composto por fibras miocaacuterdicas proacuteprias e outras de origem atrial atuando

em conjunto para um adequado mecanismo de drenagem venosa

10

A contraccedilatildeo e o relaxamento do seio coronaacuterio ocorrem simultaneamente

com o aacutetrio direito natildeo havendo refluxo deste aacutetrio para o seio coronaacuterio ou

deste uacuteltimo para o leito venoso coronariano graccedilas aos mecanismos

anatocircmicos funcionais descritos a seguir

Durante a diaacutestole do aacutetrio direito o relaxamento desta cacircmara ocasiona

o descenso do teto do SC formado pelo Tendatildeo de Todaro e pelo Limbo

inferior de Vieussens Este descenso do teto em conjunto com a vaacutelvula de

Tebesio presente em sua desembocadura ocasiona o fechamento desta

extremidade do SC evitando refluxo desde o AD ver figura ndash 4

FIGURA ndash 4 Elementos anatocircmicos que constituem o teto do seio coronaacuterio e a vaacutelvula de Tebesio () TT = tendatildeo de Todaro LI = limbo inferior de Vieussens Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Durante a siacutestole atrial ocorre o contraacuterio esta extremidade se abre e o

seio coronaacuterio se contrai esvaziando seu conteuacutedo no aacutetrio direito A

contraccedilatildeo do seio coronaacuterio produz uma flexatildeo da veia cardiacuteaca magna

evitando refluxo para esta importante veia ver figura ndash 5 Tambeacutem poderia

11

evitar refluxo nesta extremidade do seio coronaacuterio a vaacutelvula de Vieussens

entretanto esta se encontra presente em apenas 43 das pessoas

De igual modo na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio encontram-se

algumas pregas ldquosemilunaresrdquo que tambeacutem poderiam evitar refluxo

sanguiacuteneo para a veia cardiacuteaca magna durante a contraccedilatildeo do seio

coronaacuterio ver figura ndash 6

FIGURA ndash 5 Flexatildeo da veia cardiacuteaca magna ocasionada pela contraccedilatildeo do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

12

FIGURA ndash 6 Prega semilunar localizada na superfiacutecie interna do seio coronaacuterio

identificada com o fio negro em seu interior Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

Cabe destacar que tambeacutem natildeo haacute refluxo para as demais veias que

drenam ao seio coronaacuterio porque os orifiacutecios de desembocadura destas

veias aleacutem de possuiacuterem vaacutelvulas (ver figura ndash 7) estatildeo circundados por

fibras miocaacuterdicas do seio coronaacuterio (ver figura ndash 8) que ao se contraiacuterem

fecham estes orifiacutecios Este mecanismo anti-refluxo eacute similar ao existente

nas veias cavas e pulmonares que impedem o refluxo quando os aacutetrios se

contraem

13

FIGURA ndash 7 Vista interna do seio coronaacuterio em que se observam as vaacutelvulas () nos orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam na parede inferior do seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

FIGURA ndash 8 Fibras miocaacuterdicas (seta) contornando os orifiacutecios de desembocadura das veias que drenam ao seio coronaacuterio Extraiacutedo de LIOTTA (1971)

14

O seio coronaacuterio na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Do ponto de vista patogecircnico o SC ainda natildeo foi estudado na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica como se nota em revisatildeo a este respeito

(MARIN-NETO et al 2007) Nem mesmo os trabalhos sobre distuacuterbios

microvasculares contemplaram o SC como se nota em (PRADO et al

2011) que revisou trabalhos sobre este tema da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica discutindo diversos aspectos como o papel da endotelina-1 e do

tromboxano A2 O mesmo tambeacutem se daacute em revisatildeo mais recente (MARIN-

NETO et al 2013)

O orifiacutecio de desembocadura do SC em conjunto com o tendatildeo de

Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo de Kock importante reparo

anatocircmico localizado no aacutetrio direito onde estaacute parte do sistema de

conduccedilatildeo especificamente o noacute atrioventricular (NAV) e parte do feixe de

His Por isso alguns autores mencionam o SC durante descriccedilatildeo teacutecnica do

local em que foram retiradas amostras de tecido miocaacuterdico para estudo

histopatoloacutegico do sistema de conduccedilatildeo como se vecirc em TORRES amp

DUARTE (1948) e no estudo da doenccedila de Chagas experimental no catildeo

(SCALABRINI et al 1996)

Estudo sobre terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica (PORTO et al 2009) utilizou teacutecnica de cateterizaccedilatildeo do

SC com objetivo de alcanccedilar uma posiccedilatildeo anatocircmica favoraacutevel agrave

estimulaccedilatildeo do ventriacuteculo esquerdo (VE) entretanto sem estabelecer

qualquer correlaccedilatildeo do SC com a patogecircnese desta cardiopatia

VILAS-BOAS (2002) investigando a origem da produccedilatildeo de citocinas

proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa

chagaacutesica dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas moleacuteculas na aorta (Ao) no

SC e na veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC

maior que na Ao e na veia supra-hepaacutetica Este trabalho tinha por objetivo

estabelecer se a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias ocorria

em siacutetio cardiacuteaco ou intestinal natildeo haacute qualquer menccedilatildeo de que o SC

15

pudesse participar ativamente na fisiopatologia da cardiopatia chagaacutesica

crocircnica

JACKSON et al (2010) realizaram estudo descritivo transversal em

uma comunidade de latinos e norte-americanos que viviam em Genebra

com os seguintes objetivos conhecer a prevalecircncia da doenccedila de Chagas

avaliar os fatores de risco para a infecccedilatildeo pelo T cruzi o estaacutegio cliacutenico da

doenccedila e o risco de transmissatildeo local por transfusatildeo e transplante Apesar

da tatildeo em voga globalizaccedilatildeo da doenccedila de Chagas o que chama atenccedilatildeo

neste trabalho eacute o surpreendente relato dos autores merecendo aqui a

transcriccedilatildeo ipsis litteris ldquocuriosamente cinco pacientes sintomaacuteticos com

ECG normal apresentaram disfunccedilatildeo diastoacutelica de grau leve ou dilataccedilatildeo do

seio coronaacuterio agrave ecocardiografiardquo

16

Ecocardiografia na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Estudos em doenccedila de Chagas utilizando ecocardiografia remontam

do final da deacutecada de 1960 onde pela ecocardiografia unidimensional se

tentou demonstrar alteraccedilotildees global e segmentar do VE No estudo de DE

ROSA (1964) os achados mais precocemente detectados na etapa

assintomaacutetica foram aumento do diacircmetro diastoacutelico do VE (80)

hipocinesia do septo interventricular (15) e hipertrofia septal (5)

CAcircMARA et al (1991) identificou alteraccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica em

pacientes com cardiopatia chagaacutesica sem insuficiecircncia cardiacuteaca O

resultado encontrado sugere que a disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE precede ou

estaacute presente na fase inicial das alteraccedilotildees de contratilidade deste

ventriacuteculo

Ecocardiografia do seio coronaacuterio

ANDRADE et al (1986) destacavam que os aspectos

ecocardiograacuteficos do SC natildeo recebiam muita atenccedilatildeo na literatura havendo

apenas alguns trabalhos sobre conexatildeo venosa anocircmala com imagens

obtidas no corte paraesternal Os referidos autores realizaram anaacutelise de

rotina do SC com imagens obtidas no corte apical de quatrocentos

pacientes consecutivos com idades variando de cinco dias a oitenta anos e

conclui que o corte apical fornece informaccedilotildees detalhadas natildeo soacute da

anatomia normal mas tambeacutem de anormalidades deste segmento do

coraccedilatildeo

DrsquoCRUZ et al (2000) relatam que utilizando ldquozoomrdquo para registrar o

SC com modo-M no corte apical duas cacircmaras o diacircmetro do SC pode ser

precisamente registrado e facilmente medido durante o ciclo cardiacuteaco

Com base nas observaccedilotildees acima citadas adotamos no presente

estudo o modo-M no corte apical duas cacircmaras para avaliaccedilatildeo do SC

17

Manifestaccedilotildees iniciais da cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Apoacutes a forma aguda da doenccedila de Chagas sobreveacutem a forma

indeterminada cuja ausecircncia de sintomas eacute a principal caracteriacutestica A

(PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS 1985) definiu como criteacuterios diagnoacutesticos da forma indeterminada

1) positividade de exames soroloacutegicos eou parasitoloacutegicos 2) ausecircncia de

sintomas eou sinais de doenccedila 3) eletrocardiograma convencional normal

e 4) exames radioloacutegicos de coraccedilatildeo e aparelho digestoacuterio normais

Entretanto indiviacuteduos na forma indeterminada quando avaliados com

meacutetodos diagnoacutesticos mais sensiacuteveis com frequecircncia variaacutevel apresentam

algum grau de alteraccedilatildeo estrutural eou funcional do coraccedilatildeo e aparelho

digestoacuterio (MACEDO 1980 BARRETTO amp MADY 1986)

Embora assintomaacuteticos em condiccedilotildees de repouso e as cacircmaras

cardiacuteacas com dimensotildees e funccedilatildeo sistoacutelica normais esses indiviacuteduos tecircm

capacidade funcional diminuiacuteda em comparaccedilatildeo aos indiviacuteduos normais As

alteraccedilotildees dos paracircmetros ecocardiograacuteficos da funccedilatildeo diastoacutelica sugerem

que esta alteraccedilatildeo seja responsaacutevel pela diferenccedila (MADY et al1997)

A respeito da disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE na cardiopatia chagaacutesica

crocircnica levantamos a hipoacutetese de que a falha na drenagem do SC cause

um transtorno circulatoacuterio com repercussatildeo retroacutegrada uma vez que a

drenagem venosa do VE eacute realizada principalmente por veias que tributam

ao SC

A congestatildeo vascular seria entatildeo capaz de determinar isquemia

miocaacuterdica cuja manifestaccedilatildeo ecocardiograacutefica inicial eacute a disfunccedilatildeo

diastoacutelica seguindo-se o principio demonstrado por HEYNDRICKX et al

(1978) que estabeleceram a seguinte cascata isquecircmica heterogeneidade

de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo diastoacutelica do VE discinesia

regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor precordial

18

O efeito deleteacuterio da congestatildeo miocaacuterdica sobre a funccedilatildeo diastoacutelica

jaacute foi demonstrado por outros pesquisadores (DAVIS et al 1995 PRATT et

al 1996)

Adelgaccedilamento miocaacuterdico

ROCHITTE et al (2007) demonstraram com ressonacircncia nuclear

magneacutetica (RNM) que na cardiopatia chagaacutesica crocircnica aacutereas de afilamento

miocaacuterdico e fibrose predominam em regiotildees de dupla irrigaccedilatildeo arterial

aacutepex ventricular (entre a arteacuteria interventricular anterior e interventricular

posterior) e na regiatildeo poacutestero-lateral do VE (entre a arteacuteria coronaacuteria direita

e circunflexa) ver figura ndash 9

Figura ndash 9 Aacutereas de adelgaccedilamento miocaacuterdico (borratildeo negro) em territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial Extraiacutedo de Rochitte et al (2007)

Vale ressaltar que alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica foram

observadas em portadores da doenccedila de Chagas com dor toraacutecica sem

obstruccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias MARIN-NETO et al (1992) Estas

19

alteraccedilotildees de perfusatildeo miocaacuterdica podem ser responsaacuteveis pela fibrose

observada por meio de RNM nos portadores da doenccedila de Chagas com

insuficiecircncia cardiacuteaca ou arritmia ventricular nas mesmas localizaccedilotildees

observadas na necropsia aacutepice do VE e regiotildees poacutestero-laterais ver figuras

ndash 10 e 11

FIGURA ndash 10 Coraccedilatildeo chagaacutesico com lesatildeo vorticilar (seta) e aumento discreto das quatro cacircmaras cardiacuteacas Autoria JS Meira-Oliveira Reproduzido de MARIN-NETO et al Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007 Disponiacutevel em lthttps wwwcircahajournalsorggt Acesso em 17 de maio de 2014

20

FIGURA ndash 11 Afilamento miocaacuterdico da regiatildeo poacutestero-lateral e basal do ventriacuteculo esquerdo com substituiccedilatildeo por fibrose Extraiacutedo de Higuchi et al (2003)

Sobre o adelgaccedilamento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

gostariacuteamos de salientar que a funccedilatildeo miocaacuterdica adequada depende da

qualidade da funccedilatildeo celular e esta por sua vez depende de condiccedilotildees oacutetimas

do meio ambiente no qual as ceacutelulas vivem o liacutequido extracelular para que

seja realizado o intercacircmbio entre escorias do metabolismo celular e

substacircncias nutritivas como por exemplo oxigecircnio

Um meio ambiente oacutetimo para atividade celular somente pode ser

mantido com adequado fluxo sanguiacuteneo arterial aos tecidos Entretanto o

fluxo arterial depende entre outras coisas de uma adequada circulaccedilatildeo

venosa pois a falha desta compromete sobremaneira o equiliacutebrio necessaacuterio

agrave perfusatildeo tissular

A falha na drenagem venosa por parte do SC pode ocasionar um

transtorno na circulaccedilatildeo venosa coronariana com repercussatildeo retroacutegrada

capaz de determinar isquemia

21

Evidentemente as aacutereas do coraccedilatildeo com dupla irrigaccedilatildeo arterial

apresentariam lesotildees mais intensas devido a maior necessidade de

drenagem venosa

O aacutepex cardiacuteaco eacute constituiacutedo em sua maior parte pelo VE e em

menor proporccedilatildeo pelo ventriacuteculo direito (VD) O segmento anterior do aacutepex eacute

irrigado pela arteacuteria coronaacuteria descendente anterior (ramo da arteacuteria

coronaacuteria esquerda) e drenado pela veia cardiacuteaca magna principal tributaacuteria

do SC O segmento posterior do aacutepex cardiacuteaco eacute irrigado pela arteacuteria

coronaacuteria interventricular posterior (ramo da arteacuteria coronaacuteria direita) e

drenado pela veia cardiacuteaca meacutedia ou interventricular posterior que tambeacutem

eacute tributaacuteria do SC ver figura ndash 12

FIGURA ndash 12 Disposiccedilatildeo das arteacuterias coronaacuterias na superfiacutecie cardiacuteaca Fonte adaptado de lthttps wwwtexasheartinstituteorggt Acesso em 15 de maio de 2014

Como se vecirc as aacutereas de dupla irrigaccedilatildeo arterial remontam sobretudo

ao VE e satildeo drenadas por veias que tributam em sua quase totalidade ao

SC Diante da hipoacutetese de alteraccedilatildeo no mecanismo de drenagem do SC

acreditamos que haveria em niacutevel retroacutegrado principalmente nas aacutereas de

22

dupla irrigaccedilatildeo arterial tendecircncia a congestatildeo na microcirculaccedilatildeo aumento

da pressatildeo hidrostaacutetica e formaccedilatildeo de edema miocaacuterdico assim como

aumento da resistecircncia e limitaccedilatildeo ao fluxo arterial no territoacuterio

microvascular podendo causar isquemia miocaacuterdica natildeo por oclusatildeo

arterial coronariana mas por um possiacutevel estado de insuficiecircncia venosa

coronariana situaccedilatildeo que etimologicamente pode ser melhor designada

como insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC) ver figura ndash 13

FIGURA ndash 13 Fenocircmeno isquecircmico no territoacuterio microvascular devido a insuficiente drenagem venosa coronariana Fonte Elaborado pelo autor

Este conceito fisiopatoloacutegico poderia explicar a ocorrecircncia de

fenocircmenos de isquemia miocaacuterdica com arteacuterias coronaacuterias peacutervias achado

frequente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Note-se que o mecanismo fisiopatoloacutegico de isquemia na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica natildeo ocorre pela forma mais prevalente em que a

obstruccedilatildeo ao fluxo sanguiacuteneo em niacutevel arterial habitualmente causada por

um trombo que se instala sobre uma placa ateroscleroacutetica rota eacute

responsaacutevel pela isquemia do segmento distal ver figura ndash 14

23

FIGURA ndash 14 Isquemia no territoacuterio distal a obstruccedilatildeo arterial causada por um trombo no leito arterial coronariano Fonte Elaborado pelo autor

A falha na drenagem venosa pelo SC tambeacutem poderia explicar

algumas alteraccedilotildees vasculares descritas na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

como por exemplo a hipertrofia da camada meacutedia arterial denominada

lesatildeo de Magarinos Torres e a dilataccedilatildeo arteriolar demonstrada por

HIGUCHI et al (1999)

Para noacutes estas alteraccedilotildees representam mecanismos compensatoacuterios

ou seja consequecircncias retroacutegradas originadas pela falha no mecanismo de

drenagem do SC natildeo sendo portanto responsaacuteveis por alteraccedilotildees na

perfusatildeo distal

Cabe destacar que alteraccedilotildees arteriais com ou sem hiperplasia mural

(mas natildeo ateromatosas) foram cogitadas como responsaacuteveis por lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas afirmativa jaacute rechaccedilada uma vez que estas satildeo

irregulares (natildeo sistematizadas) muito dispersas e descontiacutenuas ao longo

dos vasos (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Mas afinal para onde vai o fluxo sanguiacuteneo que natildeo circula

adequadamente no territoacuterio de dupla irrigaccedilatildeo arterial coronariana GOMES

et al (1979) demonstraram experimentalmente por meio de hiperperfusatildeo

coronaacuteria que o territoacuterio drenado pelo SC eacute capaz de apresentar um

fenocircmeno denominado derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio que consiste na

passagem do fluxo sanguiacuteneo desde o compartimento intravascular para o

24

interior das cacircmaras cardiacuteacas Este fenocircmeno ocorre por intermeacutedio dos

vasos tebesianos e arterioluminais

Como jaacute mencionado a congestatildeo venosa ocasionada por uma

possiacutevel falha na drenagem pelo SC pode ser responsaacutevel pela dilataccedilatildeo

arteriolar existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica demonstrada por

HIGUCHI et al (1999) Esta dilataccedilatildeo arteriolar denota a existecircncia de

sobrecarga de volume intravascular e portanto factiacutevel agrave existecircncia do

mencionado fenocircmeno de derivaccedilatildeo de fluxo coronaacuterio

Estas observaccedilotildees concordam com o caraacuteter focal das lesotildees bem

como outro aspecto fisiopatoloacutegico que considera o mecanismo de

produccedilatildeo das lesotildees isquecircmicas da cardiopatia chagaacutesica crocircnica como

lesotildees de reperfusatildeo (ROSSI amp RAMOS 1996)

Possivelmente tambeacutem corrobora a hipoacutetese de IVC o achado de

MIGNONE (1958) ao verificar topograficamente que as lesotildees miocaacuterdicas

de infiltraccedilatildeo celular difusa e de esclerose ambas em grau pronunciado

predominam nos dois terccedilos internos da espessura da parede do VE

podendo segundo o autor falar-se em predileccedilatildeo por estas regiotildees Jaacute no

VD a esclerose eacute menos pronunciada do que no esquerdo e natildeo demonstra

preferecircncia por localizaccedilatildeo especial

Didaticamente a aacuterea isquecircmica pode ser caracterizada pela figura

geomeacutetrica de uma piracircmide cuja base estaacute voltada para o endocaacuterdio e o

veacutertice para o epicaacuterdio Entretanto quando o deacuteficit de perfusatildeo

responsaacutevel pela aacuterea isquecircmica tem origem no leito arterial coronariano

esta piracircmide apresenta um maior acircngulo conformado por seu veacutertice

(piracircmide tipo A) Ao contraacuterio quando o deacuteficit de perfusatildeo tem origem no

leito venoso coronariano a piracircmide apresenta um menor acircngulo

conformado por seu veacutertice (piracircmide tipo B) ver figura ndash 15

A base da piracircmide isquecircmica representa a aacuterea em que se inicia o

acometimento miocaacuterdico podendo estender-se ao longo do endocaacuterdio e

em direccedilatildeo ao epicaacuterdio cujo maior ou menor acircngulo formado pelo veacutertice

poderia explicar porque o aneurisma chagaacutesico possui colo estreito e o

25

aneurisma poacutes-infarto propriamente dito possui colo largo como veremos

adiante

FIGURA ndash 15 Representaccedilatildeo esquemaacutetica das aacutereas de acometimento miocaacuterdico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica que predominam nos terccedilos interno e meacutedio (endocaacuterdio e mesocaacuterdio) do ventriacuteculo esquerdo representados pelas setas cheias Na margem inferior observam-se as piracircmides isquecircmicas tipo A e B Fonte Elaborado pelo autor

Aneurisma apical

Em alguns casos o aacutepex cardiacuteaco exibe intenso afilamento com

posterior dilataccedilatildeo aneurismaacutetica considerada lesatildeo patognomocircnica da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica designada como lesatildeo vorticilar esquerda por

RASO (1964) devido agrave localizaccedilatildeo neste voacutertex cardiacuteaco Esta lesatildeo eacute

constituiacuteda por uma zona de fibrose que representa seu substrato

histopatoloacutegico Tende a ser mais acentuada na regiatildeo endocaacuterdica e pode

existir tecido muscular iacutentegro nas adjacecircncias da aacuterea subepicaacuterdica Em

ocasiotildees a parede da lesatildeo eacute constituiacuteda pela sobreposiccedilatildeo do endocaacuterdio

26

com o epicaacuterdio como consequecircncia da total desapariccedilatildeo do tecido

muscular (ANDRADE amp ANDRADE 1955 CAPRIS et al 1969)

Com relaccedilatildeo aos aneurismas poacutes-infartos a maioria apresentam

focos de necrose franca ou de necrobiose com substituiccedilatildeo fibrosa podendo

isto ser demonstrado mesmo em lesotildees antigas Inicialmente a isquemia

acomete a regiatildeo endocaacuterdica formando-se uma lesatildeo constituiacuteda por uma

aacuterea central necroacutetica uma aacuterea de injuacuteria e uma aacuterea de isquemia ver

Figura ndash 16

FIGURA - 16 Na figura acima se observam as caracteriacutesticas histoloacutegicas do infarto miocaacuterdico Aacuterea de necrose (1) aacuterea de injuacuteria (2) e aacuterea de isquemia (3) Fonte Elaborado pelo autor

No aneurisma chagaacutesico natildeo aparece necrose nem necrobiose

encontrando-se uma atrofia parietal por miocitoacutelise com substituiccedilatildeo por

tecido conectivo inicialmente muito mais frouxo que o tecido cicatricial

fibroso por infarto (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980 p130)

27

Por meio de CPM SIMOtildeES et al (2007) avaliaram

comparativamente o aneurisma poacutes-infarto e o chagaacutesico sendo identificada

importante diferenccedila estrutural entre ambas as lesotildees a primeira

apresentando colo mais largo e a segunda um colo estreito

Cogitamos que estas lesotildees sejam originadas a partir de diferentes

mecanismos de isquemia e por isso apresentam diferentes expressotildees

anatocircmicas A oclusatildeo arterial tromboacutetica causadora do infarto determina

uma lesatildeo constituiacuteda por uma aacuterea de necrose injuacuteria e isquemia

Evidentemente a forma radial com que estas aacutereas estatildeo dispostas

determina uma lesatildeo com maior extensatildeo do que aquela existente na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

A oclusatildeo tromboacutetica determina uma piracircmide isquecircmica tipo ndash A Na

CCC a falha no mecanismo de drenagem venosa do SC determina uma

piracircmide isquecircmica tipo - B ver figuras ndash 17a e 17b

FIGURA ndash 17a Aneurisma sobre aacuterea isquecircmica consequente a oclusatildeo arterial tromboacutetica A extensatildeo da aacuterea isquecircmica eacute significativamente maior na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando maior dimensatildeo ao colo da lesatildeo aneurismaacutetica Fonte Elaborado pelo autor

28

FIGURA ndash 17b Lesatildeo vorticilar sobre aacuterea isquecircmica consequente a falha na drenagem venosa do seio coronaacuterio A extensatildeo da aacuterea isquecircmica causada por este mecanismo eacute significativamente menor na regiatildeo epicaacuterdica proporcionando menor dimensatildeo ao colo da lesatildeo vorticilar Fonte Elaborado pelo autor

Lesotildees do sistema excito-condutor cardiacuteaco - SEC

Na CCC o bloqueio do ramo direito eacute o transtorno de conduccedilatildeo mais

frequente diferente das outras miocardiopatias em que predominam o

bloqueio do ramo esquerdo (CASTAGNINO amp THOMPSON 1980)

Em estudos histopatoloacutegicos as lesotildees do ramo direito que poderiam

causar distuacuterbios de conduccedilatildeo em chagaacutesicos crocircnicos foram localizadas em

seu segmento inicial eou no segmento intramiocaacuterdico (OLIVEIRA et al

1972) assim como na trabeacutecula septo marginal do ramo direito (ROCHA et

al1994)

Ao estudar o SEC com cortes histoloacutegicos seriados ANDRADE

(1974) descreveu um achado curioso o ramo esquerdo originando-se do

feixe de His como finos feixes que se orientam para o subendocaacuterdio e apoacutes

todos ou quase todos os fasciacuteculos terem tido origem eacute que surge o ramo

direito Desta forma o ramo anterior esquerdo natildeo se originaria do ramo

esquerdo e sim do ramo direito O referido autor relata ter encontrado as

29

duas porccedilotildees do ramo esquerdo de uma maneira algo arbitraacuteria

considerando uma metade posterior (a primeira a aparecer nos cortes

histoloacutegicos seriados) e a outra metade anterior (geralmente surgindo da

bifurcaccedilatildeo com o ramo direito)

ANDRADE (1974) descreveu ainda que na maioria dos casos

caracteristicamente as lesotildees envolvem a porccedilatildeo inferior do noacute

atrioventricular (NAV) a metade direita do feixe principal de His a zona de

ldquobifurcaccedilatildeordquo do ramo direito com os fasciacuteculos anteriores do ramo esquerdo

e o ramo direito (porccedilatildeo proximal) Estes casos exibiam ao

eletrocardiograma (ECG) bloqueio completo do ramo direito (BCRD) e

hemibloqueio anterior esquerdo fornecendo excelente correlaccedilatildeo com os

achados histopatoloacutegicos

Para explicar a possiacutevel relaccedilatildeo do SC com os transtornos de

conduccedilatildeo do estiacutemulo eleacutetrico na cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos

salientar que o SC repousa sobre o sulco atrioventricular na superfiacutecie

posterior do coraccedilatildeo contornando dois terccedilos do anel mitral quando entatildeo

penetra no miocaacuterdio proacuteximo agrave crux cordis e dirige-se ao interior da

cavidade atrial direita Esta porccedilatildeo ldquopenetranterdquo do SC encontra-se em

relaccedilatildeo anatocircmica com estruturas macroscoacutepicas do aacutetrio direito

representadas na figura ndash 18 e microscoacutepicas da regiatildeo designada junccedilatildeo

AV

30

FIGURA ndash 18 Vista interna do aacutetrio direito por meio de abertura em sua parede anterior Em linhas tracejadas observa-se a porccedilatildeo final ou penetrante do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo com a vaacutelvula tricuacutespide (1) tendatildeo de Todaro (2) oacutestio do seio coronaacuterio (3) e vaacutelvula de Thebesio (4) Fonte Modificado de Burkhardt (2007)

Do ponto de vista macroscoacutepico a desembocadura do SC em

conjunto com o tendatildeo de Todaro e a vaacutelvula tricuacutespide formam o triacircngulo

de Kock importante referecircncia anatocircmica habitualmente preservada em

atos ciruacutergicos por conter dentro de seus limites o NAV e a porccedilatildeo inicial do

feixe de His estruturas microscoacutepicas da junccedilatildeo AV

A porccedilatildeo penetrante do SC passa por traacutes e por baixo do NAV para

entatildeo terminar mais adiante agrave direita do feixe de His ver figura ndash 19

Diante do exposto cogitamos a possibilidade de que as lesotildees no SC

possam se estender para o lado direito do feixe de His e a porccedilatildeo inferior do

NAV

31

FIGURA ndash 19 A seta tracejada representa a porccedilatildeo penetrante do seio coronaacuterio e sua relaccedilatildeo com o nodo atrioventricular (NAV) e o feixe de His (HIS) O feixe de His localiza-se entre o septo muscular (SMUSC) e o septo membranoso (SMEMB) ramificando-se em sua extremidade distal nos ramos esquerdo (RE) e direito (RD) Adaptado de lthttps wwwrelampaorgbrgt Acesso em 15 de junho de 2014

Inflamaccedilatildeo na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa natildeo chagaacutesica

habitualmente apresentam niacuteveis elevados de citocinas proacute-inflamatoacuterias

Acredita-se que a congestatildeo venosa cause alteraccedilatildeo da permeabilidade

intestinal permitindo a translocaccedilatildeo para a circulaccedilatildeo sistecircmica de bacteacuterias

ou suas toxinas ativando o sistema imune

Para investigar a origem da produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias

em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de causa chagaacutesica VILAS-BOAS

(2002) dosou a concentraccedilatildeo seacuterica destas substacircncias na Ao no SC e na

veia supra-hepaacutetica encontrando concentraccedilatildeo de TNF- α no SC maior que

na Ao e que na veia supra-hepaacutetica Identificou ainda que os estados

congestivos avaliados por meio de medidas cliacutenicas eou hemodinacircmicas

parecem influenciar o processo proacute-inflamatoacuterio concluindo o referido autor

32

que essas evidecircncias podem permitir uma melhor compreensatildeo do processo

envolvido na ativaccedilatildeo do sistema imune em pacientes com insuficiecircncia

cardiacuteaca de etiologia chagaacutesica

A este respeito pode-se cogitar que o estado congestivo seja

responsaacutevel pela ativaccedilatildeo das ceacutelulas endoteliais das veias coronaacuterias que

possuem a capacidade de modular a atividade inflamatoacuteria como

demonstrado por MOHL (2008) em ensaio cliacutenico randomizado de pacientes

com infarto agudo do miocaacuterdio (IAM) que apresentaram recuperaccedilatildeo

miocaacuterdica e melhoria clinicamente significativa Estes resultados satildeo

creditados ao efeito da terapecircutica endovascular PICSO (pressatildeo

intermitente de oclusatildeo do seio coronaacuterio) sobre o endoteacutelio das veias

coronaacuterias que segundo os autores gera estiacutemulos moleculares capazes de

alterar padrotildees de mediaccedilatildeo inflamatoacuteria que induzem a regeneraccedilatildeo

miocaacuterdica Para se alcanccedilar estes resultados com PICSO eacute necessaacuterio

estrito controle da pressatildeo e duraccedilatildeo do periacuteodo de oclusatildeo

Com respeito agrave cardiopatia chagaacutesica crocircnica natildeo haacute que se fazer

ilaccedilatildeo sobre regeneraccedilatildeo miocaacuterdica Entretanto o mecanismo

fisiopatoloacutegico para modulaccedilatildeo da atividade inflamatoacuteria por intermeacutedio do

endoteacutelio das veias coronaacuterias pode sinalizar um caminho para novas

investigaccedilotildees na CCC

Disfunccedilatildeo do ventriacuteculo direito

Uma particularidade da cardiopatia chagaacutesica crocircnica eacute o predomiacutenio

das manifestaccedilotildees da disfunccedilatildeo ventricular direita cujas explicaccedilotildees

fisiopatoloacutegicas natildeo estatildeo bem claras embora existam algumas hipoacuteteses

(MARIN-NETO amp ANDRADE 1991) Os sinais e sintomas de congestatildeo

sistecircmica somente surgem quando a disfunccedilatildeo esquerda se instala O bom

desempenho funcional do VE mascara a disfunccedilatildeo direita que soacute se

manifestaria quando a disfunccedilatildeo esquerda estiver instalada Em estudos

33

experimentais realizados em catildees existe nitidamente predominacircncia da

lesatildeo do VD (ANDRADE et al 1980)

Antes de expor algumas reflexotildees acerca da disfunccedilatildeo do VD na

cardiopatia chagaacutesica crocircnica devemos mencionar que o estudo do VD eacute

um campo relativamente novo na cardiologia tendo sido designado em 2006

pelo Instituto Nacional do Coraccedilatildeo Sangue e Pulmatildeo dos Estados Unidos

(National Heart Lung and Blood Institute) como prioridade em pesquisa

cardiovascular (VOELKEL et al 2006)

Sir William Harvey foi o primeiro a descrever a importacircncia do VD em

1616 em seu tratado ldquoDe Motu Cordisrdquo mas essa importacircncia permaneceu

subestimada pela comunidade cientiacutefica por um longo periacuteodo A cardiologia

ocupou-se com o estudo do (VE) sua fisiologia e estrutura subestimando o

estudo do VD (HADDAD et al 2008 a e b)

Na primeira metade do seacuteculo XX os estudos do VD ficaram limitados

a um pequeno grupo de pesquisadores que se viram intrigados pela hipoacutetese

de que a circulaccedilatildeo humana podia funcionar adequadamente sem a funccedilatildeo

contraacutetil do VD (grande equiacutevoco provocado pelo uso de um modelo canino

com pericaacuterdio aberto) A partir da deacutecada de 1950 ateacute 1970 cirurgiotildees

cardiacuteacos reconheceram a importacircncia do lado direito do coraccedilatildeo ao avaliar

procedimentos paliativos para hipoplasia do coraccedilatildeo direito Desde entatildeo a

funccedilatildeo do VD foi reconhecida na insuficiecircncia cardiacuteaca no IAM do VD

doenccedila cardiacuteaca congecircnita e hipertensatildeo pulmonar (CASTRO 2012)

Em relaccedilatildeo agrave fisiologia a funccedilatildeo primaacuteria do VD eacute receber o retorno

venoso sistecircmico e bombeaacute-lo na circulaccedilatildeo pulmonar A despeito de sua

parede fina o VD pode bombear o mesmo volume de sangue que o VE pois

os dois estatildeo conectados em seacuterie Aleacutem disso tem a seu favor um sistema

de baixa impedacircncia e maior distensibilidade da vasculatura pulmonar o que

faz com que trabalhe com 25 da forccedila de trabalho do VE (GIUSCA et al

2010)

A interdependecircncia funcional do VD e do VE significa que forma

tamanho e complacecircncia de um ventriacuteculo interferem com as propriedades

34

hemodinacircmicas do outro Isso se deve a terem uma parede em comum que

eacute o septo interventricular (SIV) serem circundados por fibras musculares em

continuidade e dividirem o mesmo espaccedilo no saco pericaacuterdico

(APOSTOLAKIS amp KONSTANTINIDES 2012)

O maior acometimento do VD direito na cardiopatia chagaacutesica pode

explicar-se pelo fato de que a textura deste eacute diferente do VE As mioceacutelulas

do VD satildeo normalmente 25 mais finas e menos compactas que as do VE

o que determina uma maior vascularizaccedilatildeo expansiva ndash natildeo por maior

abundacircncia de vasos ndash fato muito bem avaliado por (LINZBACH 1948) e

(JANSEN 1962) o que influencia na patologia de cada parede Devido agrave

existecircncia de maior interstiacutecio vascular o parasitismo e a inflamaccedilatildeo podem

ser mais intensos no VD

Como vimos na CCC existe um importante acometimento do VD

cujas manifestaccedilotildees sistecircmicas satildeo tardias Entretanto apesar da ausecircncia

de manifestaccedilotildees sistecircmica natildeo se pode afirmar que o mesmo ocorra ao

niacutevel do sistema venoso coronariano O acometimento do VD pode ser

responsaacutevel por um aumento da resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio com repercussatildeo direta sobre a circulaccedilatildeo

coronariana

35

2 JUSTIFICATIVA

A patogenia da cardiopatia chagaacutesica crocircnica explicada em parte por

alteraccedilotildees vasculares isquecircmicas vem ganhando espaccedilo no meio cientifico

aleacutem disso estudo anatocircmico e funcional do SC (LIOTTA 1971) aporta

dados que nos permitem reconhecer que o mesmo possa participar

ativamente na circulaccedilatildeo venosa cardiacuteaca atuando como uma bomba de

drenagem venosa

Diante do exposto aventamos a hipoacutetese de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica exista um verdadeiro estado de insuficiecircncia circulatoacuteria

coronariana como bem postulou KOumlBERLE (1962) ao considerar as lesotildees

miocaacuterdicas isquecircmicas como consequecircncia de uma ldquoinsuficiecircncia

coronariana relativardquo Entretanto ao inveacutes de associar tal fenocircmeno agrave

desnervaccedilatildeo cardiacuteaca objetivamos demonstrar a existecircncia de disfunccedilatildeo do

SC e consequente falha na drenagem de parte da circulaccedilatildeo venosa

coronariana como possiacutevel responsaacutevel por importantes achados da

cardiopatia chagaacutesica crocircnica

Ampliar o conhecimento sobre a fisiopatologia do acometimento

cardiacuteaco na doenccedila de Chagas poderaacute ajudar a identificar adequadamente

aqueles pacientes que desenvolveratildeo o dano cardiacuteaco e possivelmente

estabelecer intervenccedilotildees terapecircuticas precoces

36

3 OBJETIVOS

31 Objetivo Geral

Comparar por meio da ecocardiografia transtoraacutecica os diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes diacircmetros

(Δ) entre indiviacuteduos com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

32 Objetivos Especiacuteficos

Analisar se existe comparabilidade entre os grupos que compotildeem a

amostra deste estudo

Comparar o resultado dos exames de ECG e CPM (gated-SPECT) entre

os grupos estudados

Comparar as medidas ecocardiograacuteficas do seio coronaacuterio [diacircmetros

maacuteximo e miacutenimo e a diferenccedila entre os mesmos (Δ)] entre os grupos

estudados

Verificar se existe associaccedilatildeo entre as medidas ecocardiograacuteficas do seio

coronaacuterio com as seguintes variaacuteveis

bullSexo

bullECG alterado

bullHipoperfusatildeo miocaacuterdica avaliada pela CPM (gated-SPECT)

bullAlteraccedilatildeo de contratilidade e disfunccedilatildeo diastoacutelica

bullResultado do xenodiagnoacutestico artificial

37

4 MEacuteTODO

Foram realizados exames de ecodopplercardiografia transtoraacutecica

sempre pelo mesmo meacutedico ecocardiografista do Serviccedilo de Cardiologia do

HUB que desconhecia a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a serem

ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica A avaliaccedilatildeo funcional foi realizada

utilizando-se paracircmetros definidos pela Sociedade Americana de

Ecocardiografia (LANG et al 2005) incluindo-se os diacircmetros transversos

maacuteximo e miacutenimo do SC com o modo-M no corte apical duas cacircmaras

durante o ciclo cardiacuteaco As medidas referentes ao menor diacircmetro do SC

foram obtidas no iniacutecio do complexo QRS do ECG e as medidas do maior

diacircmetro durante a contraccedilatildeo ventricular

A variaccedilatildeo no diacircmetro do SC (Δ) ou seja a diferenccedila percentual

entre o maior e o menor diacircmetro foi avaliada por meio da seguinte equaccedilatildeo

Onde Maacutex seio coronaacuterio e Miacuten seio coronaacuterio representam a meacutedia

dos maiores e menores diacircmetros do seio coronaacuterio respectivamente

As variaacuteveis ecodopplercardiograacuteficas obtidas foram correlacionadas

com dados adquiridos nos exames de cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica

(CPM) ECG e xenodiagnoacutestico este uacuteltimo foi realizado apenas nos

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Os exames de CPM foram realizados no Serviccedilo de Medicina Nuclear

do HUB desconhecendo-se a condiccedilatildeo clinica dos participantes quanto a

serem ou natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica As imagens tomograacuteficas

(gated-SPECT) foram obtidas apoacutes a administraccedilatildeo endovenosa de

Sestamib 99mTc com dose no repouso de 30 mCi e no estresse de 30 mCi

Foi utilizado protocolo repousoestresse de um dia Estresse miocaacuterdico sob

38

o uso de dipiridamol na dose de 10 mg20kg EV Uso de aminofilina 240 mg

Injeccedilatildeo de Sestamib 99mTc apoacutes o dipiridamol O processamento foi

realizado com cortes tomograacuteficos de 6 mm de espessura nos trecircs eixos do

coraccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de imagens tridimensionais O aparelho utilizado foi

o Millenium MG da marca GE

Os exames de ECG foram realizados no Serviccedilo de Cardiologia do HUB

com registro padratildeo de 12 derivaccedilotildees mais o traccedilado longo da derivaccedilatildeo DII

O registro foi obtido em aparelho da marca Micromed modelo Wincardio

com velocidade do papel em 25 ms e calibraccedilatildeo de 1mV = 1 cm Cada

traccedilado foi identificado com o nome completo do participante idade sexo e

data de realizaccedilatildeo do exame A interpretaccedilatildeo dos ECGs foi realizada por um

uacutenico cardiologista que desconhecia se os participantes eram ou natildeo

portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

Para o xenodiagnoacutestico artificial foram utilizadas ninfas da espeacutecie

Rhodnius prolixus de terceiro e quarto estaacutegio Antes de examinar o

xenodiagnoacutestico de cada paciente foi anotado o nuacutemero de triatomiacuteneos

vivos que mudaram de estaacutegio Os triatomiacuteneos foram examinados pelos

teacutecnicos da seccedilatildeo de xenodiagnoacutestico do Nuacutecleo de Medicina Tropical

(NMT) que tem experiecircncia neste mister haacute mais de 20 anos A unidade de

exame foi o ldquopoolrdquo constituiacutedo pelo conteuacutedo intestinal de cinco triatomiacuteneos

41 Tipo de estudo

Estudo comparativo de prevalecircncia de alteraccedilotildees ecocardiograacuteficas

do SC em pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica

42 Locais em que os exames foram realizados

Nuacutecleo de Medicina Tropical da UnB Brasiacutelia ndash DF

Ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e Parasitaacuterias Serviccedilo de

Cardiologia e Serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB Brasiacutelia ndash DF

39

43 Duraccedilatildeo

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em 20 de

novembro de 2013 procedendo-se apoacutes o aceite aacute coleta dos dados e

posteriores analises estatiacutesticas findando-se os trabalhos em 10 de julho de

2014

44 Amostra

Participaram voluntariamente do estudo portadores de infecccedilatildeo

chagaacutesica em acompanhamento no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB com sorologia confirmada em dois exames de

diferentes metodologias sendo a combinaccedilatildeo mais frequente

imunoflourescecircncia e hemoaglutinaccedilatildeo indireta A amostragem deste grupo

foi realizada a partir de uma lista de 350 pacientes com posterior seleccedilatildeo

pela data de nascimento ateacute o limite de 45 anos para mulheres e 40 anos

para homens Em seguida foi feito contato telefocircnico e o convite para

participar do estudo

Para compor o grupo sem infecccedilatildeo chagaacutesica foram convidados

funcionaacuterios do HUB e do NMT que posteriormente foram confirmados

como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica pela sorologia negativa com

quimioluminescecircncia realizada no laboratoacuterio do HUB

Os portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica foram alocados no grupo ndash 1 e

os natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica no grupo ndash 2

45 Definiccedilatildeo cliacutenica dos participantes

Foram considerados como natildeo portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica

aqueles que apresentaram a respectiva sorologia negativa

40

Foram considerados como portadores de infecccedilatildeo chagaacutesica aqueles

que apresentaram sorologia positiva em dois exames com diferentes

meacutetodos

Foram considerados como portadores de cardiopatia chagaacutesica

crocircnica os participantes que aleacutem da sorologia positiva apresentaram

anormalidades eletrocardiograacuteficas compatiacuteveis com doenccedila de Chagas

estando sintomaacuteticos ou natildeo (Ministeacuterio da Sauacutede 2005)

46 Criteacuterios de inclusatildeo

Foram incluiacutedos no estudo voluntaacuterios de ambos os sexos com idade

miacutenima de 18 anos e maacutexima de 40 anos para os homens e 45 anos para as

mulheres

47 Criteacuterios de exclusatildeo

Foram excluiacutedos os voluntaacuterios com diagnoacutestico de hipertensatildeo

arterial sistecircmica diabetes mellitus indiviacuteduos aleacutergicos ou sensiacuteveis a

medicamentos corantes iodo marisco ou laacutetex

48 Variaacuteveis investigadas

481 Na avaliaccedilatildeo ecodopplercardiograacutefica foram avaliados os

diacircmetros maacuteximo e miacutenimo do SC assim como a diferenccedila entre estes

diacircmetros (Δ)

482 No ECG foram avaliadas alteraccedilotildees no ritmo eou conduccedilatildeo do

estimulo eleacutetrico assim como sinais de sobrecarga das cacircmaras cardiacuteacas

483 Na CPM foram avaliadas a perfusatildeo miocaacuterdica e a funccedilatildeo

ventricular

484 O xenodiagnoacutestico foi avaliado quanto ao resultado positivo ou

negativo

41

49 Protocolo

Apoacutes avaliaccedilatildeo cliacutenica realizada pelo autor deste trabalho os

voluntaacuterios foram submetidos ao exame ecodopplercardiograacutefico

transtoraacutecico no serviccedilo de Cardiologia do HUB com aparelho Aplio 400

(Toshiba) sempre com o mesmo meacutedico ecocardiografista a fim de manter

as mesmas condiccedilotildees de exame para todos os pacientes

Os eletrocardiogramas foram realizados no serviccedilo de Cardiologia do

HUB com aparelho digital de 12 canais Wincardio (Micromed)

As cintilografias miocaacuterdicas foram realizadas em aparelho Millenium

MG (GE Medical Systems) no serviccedilo de Medicina Nuclear do HUB

Os xenodiagnoacutesticos foram realizados no Nuacutecleo de Medicina Tropical

da Universidade de Brasiacutelia

As informaccedilotildees obtidas foram armazenadas em planilha do programa

Excelreg da Microsoft Officereg

410 Anaacutelise estatiacutestica

Os dados das variaacuteveis categoacutericas foram comparados utilizando

teste natildeo parameacutetrico de chi-quadrado e nos casos em que foram

identificados valores esperados menores que 5 foi utilizado o valor de

significacircncia do teste exato de Fisher unicaudal ou bicaudal dependendo da

natureza da comparaccedilatildeo

Para verificar se existia diferenccedila na variaccedilatildeo percentual do diacircmetro

do SC (Δ) entre os grupos ndash 1 e 2 foi realizada comparaccedilatildeo das meacutedias

entre os grupos com o teste t

Entretanto antes de realizar o teste t verificamos se a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal com os testes natildeo parameacutetricos

Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wil constatando-se que a variaacutevel Δ

apresentava distribuiccedilatildeo normal

42

Antes de realizar o teste de comparaccedilatildeo de meacutedias verificamos a

variacircncia dos grupos com o meacutetodo Folder F

As anaacutelises de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis quantitativas contiacutenuas

foram realizadas por meio do coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

As anaacutelises estatiacutesticas foram realizadas com software IBM SPSS

Statistics 21

411 Aspectos eacuteticos

Para a devida apreciaccedilatildeo eacutetica o projeto foi submetido agrave Plataforma

Brasil e posteriormente avaliado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa em

Seres Humanos da Faculdade de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade de

Brasiacutelia CEPFS-UnB obtendo aprovaccedilatildeo em 20112013 sob registro de

nuacutemero 461680 (Anexo ndash 91)

Todos os participantes do estudo assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido (Anexo ndash 92)

43

5 RESULTADOS

Foram coletadas informaccedilotildees de 33 participantes que compunham

dois grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo

chagaacutesica e o grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo

chagaacutesica A comparabilidade entre os participantes dos grupos de estudo

realizada por meio dos dados antropomeacutetricos idade e sexo encontra-se na

tabela ndash 1

TABELA ndash 1 Dados antropomeacutetricos idade e sexo dos participantes de ambos os grupos

Caracteriacutestica

Grupo 1

(n=17) DP

Grupo 2

(n=16) DP

p-valor

Peso (Kg)

7431

1851

7382

1260

093

Altura (cm) 16647 933 1710 874 016

Superfiacutecie corporal (msup2) 182 024 185 018 063

Iacutendice de massa corporal (Kgmsup2) 2662 535 2523 357 039

Idade (anos) 3535 670 3125 719 010

Sexo (masculino) 717 - 716 - 058

Variaacuteveis contiacutenuas expressas como meacutedias e variaacuteveis categoacutericas expressas em nuacutemeros absolutos Teste de hipoacutetese chi-quadrado para as variaacuteveis categoacutericas e t de Student para as variaacuteveis continuas n = nuacutemero de voluntaacuterios DP = desvio padratildeo Kg = quilogramas msup2 = metros quadrados

A leitura dos eletrocardiogramas mostrou que entre os participantes

do grupo ndash 1 14 apresentaram eletrocardiograma normal e 3 (1764)

mostraram alteraccedilotildees Todos os participantes do grupo ndash 2 apresentaram

exames normais A tabela ndash 2 mostra os resultados dos traccedilados com as

alteraccedilotildees encontradas bem como o resultado da sorologia e a condiccedilatildeo

clinica dos participantes de ambos os grupos

44

TABELA ndash 2 Resultados do eletrocardiograma sorologia e condiccedilatildeo clinica dos participantes de ambos os grupos SOROLOGIA ECG CONDICcedilAtildeO CLINICA TOTAL

Negativa Normal Normal

16

Positiva Normal Forma Indeterminada

14

Positiva BIRD Forma Cardiacuteaca

1

Positiva BCRD e ARV Forma Cardiacuteaca

1

Positiva Eixo indeterminado BVPF ARV e RCRD

Forma cardiacuteaca 1

ECG = Eletrocardiograma BIRD = Bloqueio incompleto do ramo direito BCRD = Bloqueio completo do ramo direito ARV = Alteraccedilatildeo de repolarizacao ventricular BVPF = Baixa voltagem no plano frontal RCRD = Retardo de conduccedilatildeo pelo ramo direito

Quanto agrave cintilografia miocaacuterdica dentre os participantes do grupo ndash

1 11 participantes apresentaram exame normal enquanto 5 participantes

apresentaram alteraccedilotildees e 1 participante natildeo realizou o exame No grupo ndash

2 15 participantes apresentaram exame normal e apenas 1 apresentou

alteraccedilatildeo Na tabela ndash 3 encontram-se os resultados da cintilografia

miocaacuterdica

TABELA ndash 3 Resultados da cintilografia miocaacuterdica de ambos grupos

Resultados

Grupo 1 n = 16

Grupo 2 n = 16

Normal 11 15 Hipoperfusatildeo no segmento apical 2 0 Hipoperfusatildeo na parede anteroseptal 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 2 0 Hipoperfusatildeo no segmento meacutedio da parede anterior do VE 0 1 Hipoperfusatildeo na parede inferolateral do VE 1 0 Hipoperfusatildeo na parede anterior do VE 2 0 Nota Alguns participantes do grupo ndash 1 apresentaram mais de uma alteraccedilatildeo

Na avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica as medidas do diacircmetro transverso do

SC foram realizadas durante o ciclo cardiacuteaco sendo realizadas pelo menos

45

trecircs medidas para o maior diacircmetro e trecircs medidas para o menor diacircmetro

em cada participante dependendo da frequecircncia cardiacuteaca individual

Posteriormente foi extraiacuteda a meacutedia aritmeacutetica destes valores para cada

participante As anaacutelises destas variaacuteveis encontram-se na tabela ndash 4

TABELA ndash 4 Comparaccedilatildeo dos diacircmetros maacuteximo miacutenimo e Δ do seio coronaacuterio entre ambos os grupos Diacircmetros

(mm)

Grupo 1

n=17

Grupo 2

n=16

Meacutedia

(IC95)

DP Meacutedia

(IC95)

DP Diferenccedila entre

as meacutedias

(IC95)

p-valor

Maacuteximo 881

(781 a 981)

223 902

(841 a 981)

163 - 021

(-160 a 119)

077

Miacutenimo 426

(385 a 465)

097 454

(404 a 504)

113 -027

(-102 a 047)

046

Δ 051 009 050 01 001

(-008 a 005)

073

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

Natildeo houve correlaccedilatildeo entre as medidas do seio coronaacuterio e as

variaacuteveis sexo e ECG Observou-se diferenccedila com tendecircncia estatiacutestica

(P=005) na comparaccedilatildeo das meacutedias do Δ entre participantes com CPM

normal versus CPM alterada ver tabela ndash 5 e graacutefico ndash 1

A diferenccedila no diacircmetro maacuteximo foi de 11 mm (067 a 288) entre o

grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=021) e de 022 mm (-077

a 141) entre o grupo com CPM alterada versus CPM normal (p=066)

46

TABELA ndash 5 Comparaccedilatildeo dos valores meacutedios das medidas do seio coronaacuterio em relaccedilatildeo agraves variaacuteveis sexo alteraccedilotildees no eletrocardiograma e na cintilografia miocaacuterdica Variaacutevel Diacircmetro

maacuteximo

(DP)

Diacircmetro miacutenimo

(DP)

Δ

(DP)

Diferenccedila entre as

meacutedias do Δ (IC 95)

p-valor

Sexo Masculino n=14

967 (242)

456 (140)

053 (009)

Feminino n=19

836 (128)

428 (069)

048 (009)

005 (-002 a 011)

016

ECG Normal n=30

887 (201)

440 (11)

050 (008)

Alterado n=3

830 (075)

437 (058)

047 (010)

003 (-002 a 011)

016

Cintilografia a Normal

n = 26 866

(188) 444

(108) 048

(008)

Alterado n= 6

976 (212)

423 (102)

056 (010)

008 (-0001 a 016)

005

a = 1 participante do grupo ndash 1 natildeo realizou cintilografia miocaacuterdica = p-valor corresponde ao teste de hipoacutetese para a comparaccedilatildeo entre as meacutedias do Δ Δ = [(maior diacircmetro do SC ndash menor diacircmetro do SC) maior diacircmetro do SC] x 100

DP = desvio padratildeo IC = intervalo de confianccedila

47

GRAacuteFICO ndash 1 Distribuiccedilatildeo dos valores do Δ do SC dos participantes com CPM normal e alterada

Nenhum dos participantes apresentou alteraccedilatildeo de contratilidade

segmentar e a disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo avaliada pela

relaccedilatildeo EA ocorreu em 58 (117) dos indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625

(116) dos indiviacuteduos do grupo ndash 2 Quando avaliada pela fraccedilatildeo de

encurtamento (EF) a disfunccedilatildeo diastoacutelica ocorreu em 1176 (217) dos

indiviacuteduos do grupo ndash 1 e em 625 (116) dos indiviacuteduos individuo do grupo

ndash 2

Quando se compararam as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes a

disfunccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo em relaccedilatildeo ao diacircmetro maacuteximo

do seio coronaacuterio natildeo foi encontrada correlaccedilatildeo significativa ver tabela ndash 6

Do mesmo modo quando se compararam as variaacuteveis

ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo

48

em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo se encontrou correlaccedilatildeo ver

tabela ndash 7

Tambeacutem comparamos as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao

Doppler do anel tricuacutespide em relaccedilatildeo ao (Δ) do seio coronaacuterio natildeo sendo

encontrado correlaccedilatildeo ver tabela ndash 8

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e todos apresentaram resultado negativo

TABELA ndash 6 Correlaccedilatildeo entre o diacircmetro maacuteximo do seio coronaacuterio e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que avaliam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral -0243 017

EF Mitral 0126 048 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 7 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas que estimam a funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

EA Mitral - 0045 080

EF Mitral -0101 057 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

TABELA ndash 8 Correlaccedilatildeo entre Δ e as variaacuteveis ecocardiograacuteficas referentes ao Doppler do anel tricuacutespide Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo P-valor

Onda A - 005 079

Relaccedilatildeo EA - 011 053

Onda S 010 058

Onda E - 012 052 = Coeficiente de correlaccedilatildeo de Spearman

49

6 DISCUSSAtildeO

Para essa investigaccedilatildeo inicialmente foram selecionados 20

participantes para o grupo ndash 1 e 19 participantes para o grupo ndash 2 Poreacutem

houve trecircs perdas no grupo ndash 1 sendo que um participante desistiu e dois

foram excluiacutedos um por ser portador de hipertensatildeo arterial sistecircmica e

outro por apresentar idade superior ao limite estabelecido

Por semelhante modo no grupo ndash 2 houve trecircs perdas uma por

impossibilidade teacutecnica de visibilizar o SC ao ecocardiograma uma por

desistecircncia e uma exclusatildeo por hipertensatildeo arterial sistecircmica Ao final

ficamos com uma amostra de 33 participantes na composiccedilatildeo de dois

grupos grupo ndash 1 constituiacutedo por 17 participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica e

grupo ndash 2 constituiacutedo por 16 participantes sem infecccedilatildeo chagaacutesica

O limite de idade estabelecido em 40 anos para os participantes do

sexo masculino e em 45 anos para o sexo feminino teve por objetivo excluir

participantes cuja idade representasse fator de risco constitucional para

doenccedila ateroscleroacutetica coronariana A populaccedilatildeo estudada apresentou

meacutedia de 3535 anos no grupo ndash 1 e 3125 no grupo ndash 2 ou seja indiviacuteduos

jovens com menor possibilidade de apresentar doenccedila cardiacuteaca

O eletrocardiograma um exame simples e muito utilizado em nosso

meio tem sido de grande valia para o estudo da doenccedila de Chagas graccedilas

a sua boa sensibilidade

Essa cardiopatia pode mostrar em tese todas as alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas possiacuteveis apesar de que muitas satildeo alteraccedilotildees

inespeciacuteficas frequentes em outras cardiopatias Neste sentido

(JUNQUEIRA JUNIOR 1992) demonstrou que diversas manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas isoladas podem ocorrer com a mesma frequecircncia em

pessoas com e sem infecccedilatildeo chagaacutesica A associaccedilatildeo de vaacuterias

manifestaccedilotildees eletrocardiograacuteficas inespeciacuteficas nos portadores da infecccedilatildeo

chagaacutesica poderia ser considerada o inicio da cardiopatia (bordeline) e

50

determinadas manifestaccedilotildees a exemplo do BCRD e hemibloqueio anterior

esquerdo tem significado claramente patoloacutegico

Dessa forma constatamos que a maioria dos participantes do grupo ndash

1 podem natildeo apresentar acometimento cardiacuteaco ou estarem em um estaacutegio

incipiente da cardiopatia jaacute que apenas 3 participantes apresentaram

traccedilado eletrocardiograacutefico alterado e apenas 1 participante apresentou

bloqueio completo do ramo direito achado este que ao lado da sorologia

positiva para doenccedila de Chagas eacute considerado por alguns como

patognomocircnico da cardiopatia chagaacutesica

O exame cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica (CPM) natildeo mostrou

diferenccedila estatisticamente significativa entre os grupos A CPM com teacutecnicas

de medicina nuclear tem sido utilizada na fase indeterminada da doenccedila de

Chagas para detectar comprometimento cardiacuteaco precoce entretanto em

estudos natildeo controlados e com resultados divergentes Para (ABUHID et al

2010) a CPM em repouso-estresse utilizando 99m Tc-MIBI natildeo foi capaz de

detectar precocemente alteraccedilotildees miocaacuterdicas na fase indeterminada da

doenccedila de Chagas Todos os seus pacientes apresentaram perfusatildeo normal

e apenas um apresentou sinais de disfunccedilatildeo ventricular Ao contraacuterio no

estudo de PEIX et al (2013) realizado com participantes previamente

selecionados por apresentarem alteraccedilatildeo de contratilidade segmentar agrave

ecocardiografia com strain foram encontradas alteraccedilotildees de perfusatildeo e

motilidade

No presente estudo a avaliaccedilatildeo ecocardiograacutefica convencional de

ambos os grupos mostrou que o exame foi considerado normal apesar

haver disfunccedilatildeo diastoacutelica em 2 ou 3 participantes dependendo do criteacuterio

utilizado mas sem repercussatildeo hemodinacircmica ou significacircncia estatiacutestica

A funccedilatildeo diastoacutelica do ventriacuteculo esquerdo foi avaliada por meio das

velocidades do fluxo mitral relaccedilatildeo EA (onda E = pico de velocidade do

enchimento raacutepido onda A = enchimento tardio devido agrave contraccedilatildeo atrial) e

fraccedilatildeo de encurtamento (EF) Estes paracircmetros expressam o fluxo

51

transmitral e encontram-se alterados quando existe limitaccedilatildeo no relaxamento

miocaacuterdico do ventriacuteculo esquerdo ou seja disfunccedilatildeo diastoacutelica

Achamos por bem ampliar a avaliaccedilatildeo da funccedilatildeo diastoacutelica com

paracircmetros referentes ao septo e parede lateral natildeo havendo resultado

significante entre os grupos estudados ver tabela 6A e 7A (Anexo ndash 93)

O estudo ecocardiograacutefico do seio coronaacuterio por abordagem

transtoracica foi facilmente realizado tendo sido medido com sucesso os

diacircmetros transversais maacuteximo e miacutenimo desse segmento da circulaccedilatildeo

venosa coronariana Inicialmente tiacutenhamos duacutevidas quanto agrave realizaccedilatildeo do

presente estudo por meio de ecocardiografia transesofaacutegica mas o estudo

por via transtoraacutecica mostrou-se adequado e sem os inconvenientes de ser

invasivo

Natildeo houve correlaccedilatildeo estatisticamente significativa das variaacuteveis

relativas aos diacircmetros do seio coronaacuterio entre os grupos estudados

Entretanto a associaccedilatildeo com tendecircncia estatiacutestica entre o (Δ) do

SC na ecocardiografia e a hipoperfusatildeo na CPM sugere que uma possiacutevel

disfunccedilatildeo do seio coronaacuterio precede ou estaacute presente na fase inicial do

acometimento cardiacuteaco na doenccedila de Chagas na amostra estudada

O resultado encontrado no presente estudo pode representar o

estaacutegio inicial da cascata proposta por HEYNDRICKX et al (1978) embora

natildeo tenhamos demonstrado todos os seus componentes A referida cascata

consiste em heterogeneidade de perfusatildeo alteraccedilatildeo metaboacutelica disfunccedilatildeo

diastoacutelica do VE discinesia regional alteraccedilotildees eletrocardiograacuteficas e dor

precordial

Isso poderia explicar porque natildeo obtivemos ecircxito na pesquisa de

disfunccedilatildeo diastoacutelica na ecocardiografia ou seja esta apareceraacute num estaacutegio

posterior Deve-se considerar que o processo isquecircmico da CCC eacute de longa

duraccedilatildeo e com episoacutedios de reperfusatildeo Aleacutem disso os participantes do

presente estudo satildeo jovens com idade meacutedia de 3535 e 3125 anos entre o

grupo dos portadores e natildeo portadores da infecccedilatildeo chagaacutesica

respectivamente

52

A consequecircncia hemodinacircmica desta possiacutevel disfunccedilatildeo do seio

coronaacuterio seria a IVC com repercussatildeo sobre a perfusatildeo miocaacuterdica

identificada no presente estudo pela alteraccedilatildeo na CPM

O xenodiagnoacutestico foi realizado apenas nos indiviacuteduos que

compunham o grupo ndash 1 e apresentou resultado negativo em todas as

amostras o que provavelmente se explica pelas caracteriacutesticas intriacutensecas

do meacutetodo como sua baixa sensibilidade Tambeacutem deve-se levar em conta

que a amostra estudada foi constituiacuteda por indiviacuteduos jovens que em sua

quase totalidade residem no Distrito Federal o que pode significar menor

tempo de permanecircncia em zona rural ou aacuterea endecircmica apresentando baixa

ocorrecircncia de reinfecccedilatildeo Aleacutem disso os integrantes do grupo ndash 1 satildeo

assistidos periodicamente no ambulatoacuterio de Doenccedilas Infecciosas e

Parasitarias do HUB e muitos destes jaacute realizaram tratamento com drogas

tripanomicidas Destacamos que um participante do presente estudo

quando da realizaccedilatildeo do xenodiagnoacutestico estava em tratamento com

benzonidazol que fora prescrito por profissional meacutedico inadvertido da

pesquisa em curso

Por tudo o que foi exposto no presente estudo haacute indiacutecios de que o

SC possa participar no desenvolvimento da cardiopatia chagaacutesica crocircnica e

cogitamos que um possiacutevel estado de IVC esteja associado ao

desenvolvimento da lesatildeo vorticilar esquerda

Inicialmente acreditaacutevamos que o acometimento do VD fosse

responsaacutevel por um aumento na resistecircncia ao fluxo sanguiacuteneo no territoacuterio

adiante do seio coronaacuterio o que dificultaria a drenagem venosa pelo SC e

possivelmente desencadearia a insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

Por isso analisamos o Doppler do anel tricuacutespide natildeo havendo

correlaccedilatildeo estatisticamente significativa entre o (Δ) do SC e as variaacuteveis

Dopplerecocardiograacuteficas desta vaacutelvula como demonstrado na tabela ndash 8

Portanto cogitamos que na CCC possam existir alteraccedilotildees proacuteprias

do SC

53

LIOTTA (1971) conclui que o SC ldquoes entonces una pequentildea

bomba aspirante e impelente que drena el 70 de la sangre venosa

producida en la parede miocaacuterdicardquo O termo ldquoimpelenterdquo pode ser traduzido

para o portuguecircs como injetora sendo entatildeo o SC capaz de aspirar o

sangue contido nas veias coronaacuterias que nele desembocam e injetaacute-lo no

aacutetrio direito

Realmente o seio coronaacuterio natildeo eacute um tubo passivo e por isso o

simples aumento do seu diacircmetro diastoacutelico natildeo apresentou associaccedilatildeo

estatiacutestica com a hipoperfusatildeo miocaacuterdica Somente numa analise mais

abrangente contemplando o proacuteprio funcionamento do seio coronaacuterio ou

seja o (Δ) foi possiacutevel identificar esta tendecircncia

Possivelmente diferentes variaacuteveis hemodinacircmicas atuam em

conjunto para que no momento da contraccedilatildeo do SC ocorra o aumento da

pressatildeo em seu interior fazendo o sangue fluir para o aacutetrio direito ver figura

ndash 21

FIGURA ndash 21 Atividade cronotroacutepica e lusitroacutepica do seio coronaacuterio (SC) Fonte Elaborado

pelo autor

54

Cogitamos entatildeo que na CCC possam existir alteraccedilotildees nas variaacuteveis

hemodinacircmicas responsaacuteveis pela contraccedilatildeo do SC causando prejuiacutezos agrave

drenagem venosa cardiacuteaca se natildeo vejamos

Dentre os mecanismos que regem a circulaccedilatildeo sanguiacutenea existe uma

forccedila perpendicular agrave direccedilatildeo do fluxo (Q) chamada pressatildeo (P) e na

oposiccedilatildeo a esta uacuteltima estaacute a resistecircncia (R)

O fluxo intravascular depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia

Q = PR

A pressatildeo no interior de um vaso sanguiacuteneo por analogia com as

forccedilas hidraacuteulicas depende do fluxo de sangue e da resistecircncia oferecida agrave

sua progressatildeo P = Q x R

Vale lembrar que resistecircncia eacute a relaccedilatildeo entre a pressatildeo e o fluxo R=

PQ

Apoacutes rever estes conceitos fisioloacutegicos devemos lembrar que VILAS-

BOAS (2002) identificou o SC como importante siacutetio de produccedilatildeo de

citocinas proacute-inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de

etiologia chagaacutesica o que para noacutes pode ser indiacutecio de que na cardiopatia

chagaacutesica crocircnica existam alteraccedilotildees proacuteprias do SC apesar de que a

amostra de sangue coletada no SC seja habitualmente interpretada como

representativa do acometimento de outras partes do coraccedilatildeo

O SC lesionado por exemplo com fibras miocaacuterdicas destruiacutedas pelo

T cruzi poderia perder desempenho hemodinacircmico devido agrave reduccedilatildeo de

sua resistecircncia (R) e forccedila contraacutetil esta uacuteltima responsaacutevel pelo aumento de

pressatildeo no interior do SC (P) que impulsiona o sangue para o interior do

aacutetrio direito

Dessa forma existiria reduccedilatildeo do fluxo venoso (Q) pois o mesmo

depende da relaccedilatildeo entre pressatildeo e resistecircncia Q = P R

Cabe destacar que o volume ejetado pelo SC depende tambeacutem do

retorno venoso e segundo a Lei de Frank-Starling ateacute certo ponto quanto

maior a preacute-carga maior a forccedila de contraccedilatildeo (estiramento de fibras

miocaacuterdicas) e logo seu deacutebito

55

O retorno venoso do SC depende do desempenho ventricular

esquerdo responsaacutevel pelo aporte sanguiacuteneo na extremidade arterial da

circulaccedilatildeo coronariana assim como da accedilatildeo mecacircnica ventricular pois sua

contraccedilatildeo e relaxamento exercem efeito direto sobre as veias coronaacuterias ao

permitirem que as mesmas se encham durante a diaacutestole e sejam

comprimidas durante a siacutestole contribuindo assim para a drenagem venosa

cardiacuteaca

Em situaccedilotildees de baixo aporte sanguiacuteneo ao SC este apresentaraacute um

deacutebito reduzido Entretanto se o fluxo permanecer constante e o seio

coronaacuterio natildeo estiver em condiccedilotildees oacutetimas para contrair-se tambeacutem haveraacute

reduccedilatildeo de seu deacutebito

Note-se que lesotildees ldquovascularesrdquo foram descritas por Magarino Torres

em estudo anatomopatoloacutegico que data de 1941 ldquoo infiltrado celular

inflamatoacuterio no tecido intersticial do miocaacuterdio comeccedila no niacutevel e ao redor

dos capilares e natildeo perto de S cruzi se o uacuteltimo estiver presente no interior

de macroacutefagos e fibras cardiacuteacas ou estiver livre Esta eacute uma miocardite

exsudativa relacionada com iniacutecio de lesotildees vascularesrdquo (TORRES 1941)

Cogitamos que as lesotildees descritas por Magarino Torres sejam

secundaacuterias a falha da drenagem venosa coronariana constituindo-se num

verdadeiro estado de insuficiecircncia venosa cardiacuteaca (IVC)

56

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A maior parte dos estudos referentes agrave circulaccedilatildeo coronariana

destina-se ao segmento arterial devido agrave doenccedila ateroscleroacutetica que

evidentemente tem grande importacircncia Ate mesmo alguns procedimentos

realizados no segmento venoso dedicam-se ao referido tema como por

exemplo cirurgia de arterializaccedilatildeo do SC ndash em desuso ndash e o mais recente

deles PICSO

Nas reflexotildees acerca da cardiopatia chagaacutesica crocircnica salienta-se a

hipoacutetese da auto-imunidade para justificar a evoluccedilatildeo desta cardiopatia

chagaacutesica mas tal hipoacutetese natildeo consegue explicar o caraacuteter multifocal dos

achados histopatoloacutegicos

Ocorre que no coraccedilatildeo o caraacuteter multifocal das lesotildees miocaacuterdicas

pode dever-se em parte agraves lesotildees isquecircmicas produzidas pela falha no

mecanismo de drenagem venosa do SC ou seja as aacutereas de afilamento

apical e poacutestero inferior do VE Ademais lesotildees do SEC podem ser

explicadas em parte pela extensatildeo do processo inflamatoacuterio originado no

seio coronaacuterio Lamentavelmente o nuacutemero reduzido de alteraccedilotildees

eletrocardiograacuteficas entre os participantes com infecccedilatildeo chagaacutesica neste

estudo natildeo permitiu testar esta hipoacutetese com propriedade

Ademais na cardiopatia chagaacutesica crocircnica coexistem fenocircmenos

imunoloacutegicos que tambeacutem podem ser explicados em parte por certas

propriedades do endoteacutelio das veias coronaacuterias Talvez isso possa explicar

os resultados de CORDOVA-BOCANEGRA amp CASTRO (2008) que apoacutes

trinta anos de observaccedilatildeo demonstrou tendecircncia de evoluccedilatildeo progressiva

maior da cardiopatia nos pacientes com perfil de parasitemia decrescente A

este respeito supomos que quanto maior a congestatildeo venosa coronariana

maior o efeito endotelial e ativaccedilatildeo do sistema imune que atuaraacute sobre o

parasito circulante Entretanto a congestatildeo venosa tambeacutem causaraacute

isquemia nos territoacuterios de dupla irrigaccedilatildeo arterial

57

A cardiopatia chagaacutesica crocircnica tambeacutem eacute reconhecida por seu

importante componente arritmogecircnico Eacute possiacutevel que o acometimento do

tecido especializado de gecircnese e conduccedilatildeo do estimulo eleacutetrico presente no

SC possa participar no mecanismo arritmogecircnico desta cardiopatia

merecendo por tanto um estudo mais aprofundado

Quanto agrave disautonomia existente na cardiopatia chagaacutesica crocircnica

cabe destacar que o SC entra em contato no sulco coronaacuterio posterior com

nervos provenientes do plexo cardiacuteaco que lhe proporcionam uma rica

inervaccedilatildeo (LIOTTA 1971) fato corroborado por BARCELOacute et al (2004) que

relata a presenccedila de gacircnglios neuronais em importante quantidade no SC

Neste sentido uma suposta desnervaccedilatildeo do SC eou das terminaccedilotildees

nervosas proacuteximas ao SC poderiam participar no mecanismo da

disautonomia da CCC merecendo tambeacutem um estudo mais aprofundado

Esperamos prosseguir as investigaccedilotildees sobre a possiacutevel participaccedilatildeo

do SC na cardiopatia chagaacutesica crocircnica entretanto aumentando o

contingente amostral com indiviacuteduos de maior idade que sabidamente

exibem maior acometimento cardiacuteaco nesta doenccedila Desta forma

esperamos estudar a lesatildeo vorticilar esquerda num contexto fisiopatoloacutegico

que contemple o seio coronaacuterio

58

8 REFEREcircNCIAS

ABUHID IM PEDROSO ER REZENDE NA Scintigraphy for the

detection of myocardial damage in the indeterminate form of Chagas

disease Arq Bras Cardiol 201095(1)30-4

ALMEIDA HO BRANDAtildeO MC REIS MA OBBI H TEIXEIRA VP

Desnervaccedilatildeo e cardiopatia no chagaacutesico crocircnico Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v48 p43-47 1987

ANDRADE JL SOMERVILLE J CARVALHO AC CAMPOS O

MITRE N MARTINEZ E ATIK E PIERETTI F Echocardiographic

Routine Analysis of the Coronary Sinus by an Apical View Normal and

abnormal features Texas Heart Institute Journal vol 13 No 2 June 1986

ANDRADE ZA Patologia do sistema excito-condutor do coraccedilatildeo na

miocardiopatia chagaacutesica Revista de Patologia Tropical v 3 p 367-428

1974

ANDRADE ZA ANDRADE SG SADIGURSKY M COSTA LIMA JA

Doenccedila de Chagas experimental no catildeo Relaccedilatildeo morfoloacutegica e

eletrocardiograacutefica na fase aguda da infecccedilatildeo Arquivos Brasileiros de

Cardiologia v35 p485-490 1980

ANDRADE ZA Immunopathology of Chagas Disease Memoacuterias do

Instituto Oswaldo Cruz V94 (Suppl I) p 71-80 1999

ANDRADE ZA Y ANDRADE SG A patologia da miocardite crocircnica

chagaacutesica Boletim da Fundaccedilatildeo Gonccedilalo Moniz 6 1-53 1955

59

ANTZ M OTOMO K ARRUDA M SCHERLAG B PITHA JTONDO

C LAZZARA R JACKMAN W Electrical conduction between the right

atrium and the left atrium via the musculature of the coronary sinus

Circulation 981790-5 1998

APOSTOLAKIS S KONSTANTINIDES S The Right Ventricle in Health

and Disease Insights into Physiology Pathophysiology and Diagnostic

Management Cardiology [SI] v 121 p 263-273 2012

BALLESTEROS LE RAMIacuteREZ LM FORERO PL Study of the coronary

sinus and its tributaries in colombian subjectsRev Colom

Cardiol v17 n1 Bogota enefeb 2010

BARCELOacute A FUENTE L STERTZER S Anatomic and Histologic Review

of the Coronary Sinus Int J Morphol 22(4)331-338 2004

BARRETTO ACP amp MADY C Forma indeterminada da doenccedila de

Chagas Arquivos Brasileiros de Cardiologia v 47 p299-302 1986

BASQUIERA AL SEMBAJ A AGUERRI AM OMELIANIUK M

GUZMAacuteN S MORENO BARRAL J CAEIRO TF MADOERY RJ

SALOMONE OA Risk progression to chronic Chagas cardiomyopathy

influence of male sex and of parasitaemia detected by polymerase chain

reaction Heart v 89 p 1186-1190 2003

BURKHARDT JD WILKOFF BL Interventional Electrophysiology and

Cardiac Resynchronization Therapy Delivering Electrical Therapies for Heart

Failure Circulation 1152208-2220 2007

60

CAcircMARA EJN SILVA IVA ROCHA JAS ROBERT W Estudo

ecodopplercardiograacutefico da funccedilatildeo diastoacutelica do VE na miocardite crocircnica

chagaacutesica em fase natildeo descompensada Arq Bras de Cardiol 57 (supl C)

139 1991

CAPRIS TA BARCAT JA FERNAacuteNDEZ MOORES AJ Miocarditis

chagaacutesica Cronica Estudio anatocircmico de 16 casos Medicina (Buenos Aires)

2993 1969

CASTAGNINO E amp THOMPSON C Cardiopatia Chagaacutesica Editorial

Kapelusz SA Buenos Aires 1980

CASTRO ML Estudo da Funccedilatildeo Ventricular Direita na Estenose Mitral

Reumaacutetica Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias da Sauacutede Infectologia e

Medicina Tropical) ndash Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias da Sauacutede

Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade

Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Universidade Federal de Minas

Gerais 2012

CHAGAS C amp VILLELA E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase americana

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 14 p 5-61 1922

CHAGAS C Processos patogecircnicos da Tripanozomiase Americana

MemInstOswaldo Cruz 8 5-36 1916 a

CHAGAS C Tripanosomiacutease americana (Forma aguda da moleacutestia)

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v8 p37-59 1916 b

CHAGAS E Forma cardiacuteaca da Trypanosomiase Americana Mem Inst

Oswaldo Cruz 1930 vol24 n3 pp 89-125

61

COAKLEY JB KING TS Cardiac muscle relations of the coronary sinus

the oblique vein of the left atrium and the left precaval vein in mammals

JAnat 9330-35 1959

CORDOVA-BOCANEGRA Joe Milton CASTRO Cleudson Demostracatildeo

da parasitemia pelo Trypanosoma cruzi em pacientes com doenccedila de

Chagas crocircnica durante 30 anos In 24a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em

Doenccedila de Chagas e 12a Reuniatildeo de Pesquisa Aplicada em Leishmaniose

2008 Uberaba-MG

COSSIO PM DIEZ C SZARFMAN A Chagasic cardiopathy

Demonstration of a serum gama globulin factor which reacts with

endocardium and vascular structures Circulation v49 p13-21 1974

CUNHA-NETO E DURANTI M GRUBER A Autoimunity in

Chagasrsquodisease cardiopathy biological relevance of a cardiac myosin-

specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi

antigen Proceding of National Academy of Science v92 p3541-3545

1995

DAVIS C Percutaneous mitral valve repair in a ventilator-dependent patient

Anaesthesia Volume 67 Issue 4 pages 420ndash423 April 2012

DAVIS KL MEHLHORN U LAINE GA ALLEN SJ Myocardial edema

left ventricular function and pulmonary hypertension J Appl Physiol 78 132-

7 1995

DrsquoCRUZ I SHALA MB JOHNS C Echocardiography of the Coronary

Sinus in Adults Clin Cardiol Vol 23 march 2000

62

DE AYALA AP PEREZ-MOLINA JA NORMAN F LOPEZ-VELEZ R

Chagasic cardiomyopathy in immigrants from Latin America to Spain Emerg

Infect Dis 15 607ndash8 2009

DE ROSA MA Ecocardiografia en la enfermedad de Chagas Primera

Jornada de Actualizacioacuten em Miocadiopatia Chagaacutesica Crocircnica Academia

Nacional de Medicina de Buenos Aires Criteria Committee New York Heart

Association INC Diseases of the Heart and Blood Vessels Nomenclature

and criteria for diagnosis 6 th ed Boston Little Brown and cols 1964

p114

ENGMAN DM LEON JS Pathogenesis of Chagas heart disease role of

autoimmunity Acta Tropica 81 123ndash132 2002

FELDMAN T CILINGIROGLU M Percutaneous Leaflet Repair and

Annuloplasty for Mitral Regurgitation JACC vol 57 nordm 5 529-37 2011

FERREIRA MS LOPES ER SILVA AM ROCHA A DIAS JC

LUQUETTI AO Doenccedila de Chagas In Veronesi (Org) Tratado de

Infectologia 3ed Atheneu 2005 v 2 p 1485-1529)

GIORDANO FJ Retrograde coronary perfusion a superior route to deliver

therapeutics to the heart J Am Coll Cardiol 421129-31 2003

GIUSCA S JURCUT R GINGHINA C VOIGT JU The right ventricle

anatomy physiology and functional assessment Acta Cardiologica [SI] v

65 n 1 p 67-77 2010

GOMES OM MORAES NL FIORELLI AI ARMELIN E

BITTENCOURT D PILEGGI F MACRUZ R DEacuteCOURT LV ZERBINI

63

EJ Fenocircmeno de derivaccedilatildeo do fluxo coronaacuterio primeira demonstraccedilatildeo

experimental Arq Bras Cardiol 32141 1979

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

I Anatomy Physiology Aging and Functional Assessment of the Right

Ventricle Circulation [SI] v 117 p 1436-1448 Marc 2008 a

HADDAD F et al Right Ventricular Function in Cardiovascular Disease Part

II Pathophysiology Clinical Importance and Management of Right

Ventricular Failure Circulation [SI] v 117 p 1717-1731 Abr 2008 b

HEYNDRICKX GR BAIG H NELLENS P LEUSEN I FISHBEIN MC

VATNER SF Depression of regional blood flow and wall thickening after

brief coronary occlusions Am J Physiol 234H653-9 1978

HIGUCHI ML FUKASAWA S BRITO T PARZIANELLO LC

BELLOTTI G RAMIRES JAF Different microcirculatory and interstitial

matrix patterns in idiopathic dilated cardiomyopathy and Chagasrsquo disease a

three dimensional confocal microscopy study Heart 82279ndash285 1999

HIGUCHI ML BENVENUTI LA REIS MM METZGER MARTIN

Pathophysiology of the heart in Chagarsquos disease current status and new

developments Cardiovascular Research v 60 p96-107 2003

JACKSON Y GEacuteTAZ L WOLFF H HOLST M MAURIS A TARDIN

A SZTAJZEL J BESSE V LOUTAN L GASPOZ JM JANNIN J

ALBAJAR VINAS P LUQUETTI A CHAPPUIS F Prevalence Clinical

Staging and Risk for Blood-Borne Transmission of Chagas Disease among

Latin American Migrants in Geneva Switzerland PLoS Negl Trop Dis

4(2)e592 2010

64

JANSEN HH Myokardosestudien Pathoklise der Herzkammern auf grund

seitendifferenter Struktureigenheiten ArchKreislForsch 37 1 1962

JUNQUEIRA JUNIOR L F Discriminaccedilatildeo entre manifestaccedilotildees

eletrocardiograacuteficas normais anormais e borderline na doenccedila de Chagas

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 25 nSupl III p 83-

83 1992

KEITH A The anatomy of the valvular mechanism round the venous orifices

J Anat 37 Proc II-XXXVI 1902

KOumlBERLE F Patologia da Moleacutestia de Chagas Medicina CARL1(2)73-

98 1962

LANG RM BIERIG M DEVEREUX RB FLACHSKAMPF FA

FOSTER E PELLIKKA PA PICARD MH ROMAN MJ SEWARD J

SHANEWISE JS SOLOMON SD SPENCER KT SUTTON MS

STEWART WJ Recommendations for Chamber Quantification A Report

from the American Society of Echocardiographyrsquos Guidelines and Standards

Committee and the Chamber Quantification Writing Group Developed in

Conjunction with the European Association of Echocardiography a Branch of

the European Society of Cardiology J Am Soc Echocardiogr 181440-1463

2005

LARANJA FS DIAS E NOBREGA G Cliacutenica e terapecircutica da doenccedila de

Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 46(2)473-529 jun 1948

LEVIN MJ MESRI E BANAROUS R Identification of major

Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagasrsquo heart disease

American Journal of Tropical Medicine and Hygiene v4 p530-538 1989

65

LINZBACH AJ Die Faserkonstanz des menschlichen Herzens und das

klinische Herzgewicht Verhandlungen dtsch Ges Pathol 32143 1948

LIOTTA S Contribucioacuten al estudio anatoacutemico y funcional del seno coronario

(sinus coronarius) Tesis doctoral Universidad Nacional de Cordoba -

Facultad de Ciencias Meacutedicas em 1971

LOPES ER TAFURI WL Involvement of the autonomic nervous system in

Chagasrsquoheart disease Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

v16 p206-212 1983

MACEDO VO Forma indeterminada da doenccedila de Chagas Jornal

Brasileiro de Medicina v38 p34-40 1980

MADY C IANNY BM ARTEAGA E SALEMI VMC SILVA PRS

CARDOSO RHA DALLAS D Capacidade Funcional Maacutexima e Funccedilatildeo

Diastoacutelica em Portadores de Cardiomiopatia Chagaacutesica sem Insuficiecircncia

Cardiacuteaca Congestiva Arquivos Brasileiros de Cardiologia Satildeo Paulo v 69

n4 p237-241 Apr 1997

MARIN-NETO JA CUNHA-NETO EMACIELBC SIMOtildeES

MV Pathogenesis of chronic Chagas heart disease Circulation (New York

NY) Boston MA USA v 115 p 1109-1123 2007

MARIN-NETO JA amp ANDRADE ZA Por que eacute usualmente predominante

a insuficiecircncia cardiacuteaca direita da doenccedila de Chagas Arquivos Brasileiros

de Cardiologia v57 n3 p181-1831991

MARIN-NETO JA MARZULLO P MARCASSA C GALLO JUNIOR L

66

MACIEL BC BELLINA CR et al Myocardial perfusion abnormalities in

chronic Chagas heart disease as detected by Thallium-201 scintigraphy Am

J Cardiol 199269(8)780-4

MARIN-NETO JA SIMOtildeES MV RASSI JUNIOR A Pathogenesis of

chronic Chagas cardiomyopathy the role of coronary microvascular

derangements Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v 46

p 536-541 2013

MAZZA S La enfermedad de Chagas em La Repuacuteblica Argentina

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v 47 p273-288 1949

MELO WD PRUDENCIO LA KUSNIR CE PEREIRA AL

MARQUES V VIEIRA MC DE PAOLA AA Anatomia Angiograacutefica do

Sistema Venoso Coronaacuterio Aplicaccedilotildees em Eletrofisiologia Cliacutenica Arq Bras

Cardiol volume 70 (nordm 6) 409-413 1998

MIGNONE C Alguns Aspectos da Anatomia Patoloacutegica da Cardite

Chagaacutesica Crocircnica Tese Prof Cated De Anatomia Pat da Fac Med da

Univ SPaulo Tipografia Rossolillo S Paulo 238 pp 1958

MILEI J GUERRI-GUTTENBERG RA GRANA DR STORINO R

Prognostic impact of Chagas disease in the United States Am Heart J 157

22ndash9 2009

MINISTEacuteRIO DA SAUacuteDE SECRETARIA DE VIGILAcircNCIA EM SAUacuteDE

Consenso Brasileiro em doenccedila de Chagas Rev Soc Bras Med Trop

200538(Supl 3)7-29

67

MOHL W et al Myocardial protection via the coronary sinus long term

effects of intermittent coronary sinus occlusion as adjunct to reperfusion in

acute myocardial infarction Circ J72 526ndash533 2008

MORRIS SA TANOWITZ HB WITTNER M BILEZIKIAN JP

Pathophysiological Insigths Into the Cardiomyopathy of ChagasrsquoDisease

Circulation v82 n6 p1900-1909 Dec 1990

MURAD-NETTO S MURAD V Retrograde Coronary Perfusion Technique

historical rescue Rev Bras Cardiol 2010 23(5)286-291 setembrooutubro

MURAD-NETTO S MOURA R ROMEO LJ NETO AM DUARTE N

BARRETO F JENSEN A VINtildeA RF VRASLOVIK F OBERDAN A

BENETTI F SASLAVSKY J VINtildeA MF AMINO JG Terapia de Ceacutelulas-

tronco no Infarto Agudo do Miocaacuterdio Atraveacutes de Perfusatildeo Coronariana

Retroacutegrada Uma Nova Teacutecnica Arq Bras Cardiol volume 83 (nordm4) outubro

2004

OLIVEIRA JAM OLIVEIRA JSM KOEBERLE F Pathologic anatomy of

the His-Tawara system and eletrocardiographic abnormalities in chronic

Chagasrsquo heart disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia 25 17-23 1972

PEIX A GARCIacuteA R SAacuteNCHEZ J CABRERALO PADROacuteN K VEDIA

O CHOQUE HV FRAGA J BANDERA J HERNAacuteNDEZ-CANtildeERO A

Cintilografia de perfusatildeo miocaacuterdica e comprometimento cardiacuteaco na fase

indeterminada da doenccedila de chagas Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v100

n2 Feb2013

PORTO FM CURY FILHO H NOGUEIRA JM FILHO G RIBEIRO S

SARAIVA JF Terapia de ressincronizaccedilatildeo cardiacuteaca na miocardiopatia

68

dilatada chagaacutesica RELAMPA Revista Latino-Americana de Marcapasso e

Arritmia v 22 p 19-22 2009

PRADO CM JELICKS LA WEISS LM FACTOR SM TANOWITZ

HB ROSSI MA The Vasculature in Chagas Disease Adv Parasitol 76

83ndash99 2011

PRATA A Evolution of the clinical and epidemiological knowledge about

Chagas disease 90 years after its discovery Memoacuterias do Instituto Oswaldo

Cruz Rio de Janeiro RJ v 94 nSuppl I p 81-88 1999

PRATA A Clinical and Epidemiological aspects of Chagas disease The

Lancet Infectious Diseases v1 p92-100 2001

PRATT JW SCHERTEL ER SCHAERFER SL ESHAM KE

MCCLURE DE HECK CF et al Acute transient coronary sinus

hypertension impairs left ventricular function and induces myocardial edema

Am J Physiol 271H834-41 1996

PRIMEIRA REUNIAtildeO DE PESQUISA APLICADA EM DOENCcedilA DE

CHAGAS Validade do conceito de forma indeterminada de doenccedila de

Chagas Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 1846 1985

RAMOS SG ROSSI MA Microcirculation and Chagas disease

hypothesis and recent results Rev Inst Med Trop S Paulo vol41 n2 Satildeo

Paulo marapr 1999

RASO P Contribuiccedilatildeo ao estudo da lesatildeo vorticilar (especialmente do

vortex esquerdo) na cardite chagaacutesica crocircnica Belo Horizonte Minas

Gerais Brasil 1964

69

ROCHA A LIMA F JOAQUIM L SILVA Z HEREDIA RAG LOPES

ER The histopathology of the trabecular section of the right branch of the

bundle of His in chronic chagasic patients with a right bundle-branch block

Arq bras cardiol 63(2)97-100 ago 1994

ROCHITTE CE NACIF MS DE OLIVEIRA JUacuteNIOR AC SIQUEIRA-

BATISTA R MARCHIORI E UELLENDAHL M HIGUCHI ML Cardiac

magnetic resonance in Chagas disease Artif Organs Apr31(4)259-67

2007

ROSSI MA Microvascular changes as a cause of chronic Cardiomyopathy

in Chagasrsquo Disease American Heart Journal v120 n1 p233-236 1990

ROSSI MA RAMOS SG Alteraccedilotildees Microvasculares Coronarianas na

Doenccedila de Chagas Arq Bras Cardiol volume 66 (nordm 3) 1996

ROUVIERE H Delmas A Anatomiacutea humana descriptiva topograacutefica y

funcional 10ordf Ed Barcelona Editorial Masson SA 1991

SADIGURSKY M VON KREUTER BF SANTOS-BUCH CA

Development of chagasic autoimmune myocarditis associated with anti-

idiotype reaction Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v83 p 363-368

1988

SANTOS-BUCH CA amp TEIXEIRA AR The imunology of experimental

Chagas disease III Rejection of allogenic heart cells in vitro Journal of

Experimental Medicine v 140 p 38-53 1974

SCALABRINI A CARDOSO A ANDRADE SG ANDRADE ZA

Correlaccedilatildeo clinicopatoloacutegica na forma indeterminada da doenccedila de Chagas

Experimental no Catildeo Arq Bras Cardiol volume 67 (nordm 6) 1996

70

SCHMUNtildeIS GA A tripanossomiacutease Americana e seu Impacto na Sauacutede

Puacuteblica das Ameacutericas In BRENER Z ANDRADE ZA BARRAL-NETO

M Trypanosoma cruzy e Doenccedila de Chagas 2 ed Rio de Janeiro

Guanabara Koogan SA 2000 Cap 1 p 1-15

SCHMUNIS GA Epidemiology of Chagas disease in non-endemic countries

the role of international migration Mem Inst Oswaldo Cruz 102 Suppl 175ndash

852007

SIMOtildeES MV OLIVEIRA LF HISS FC FIGUEIREDO AB PINTYA

AO MACIEL BC MARIN-NETO JA Caracterizaccedilatildeo do Aneurisma

Apical da Cardiopatia Chagaacutesica Crocircnica mediante uso de Corregistro de

imagens Cintilograacuteficas Arq Bras Cardiol 89 (2) 131-134 2007

TORRES CM DUARTE E Miocardite aguda na doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz 46(4) 1948

TORRES CM Sobre a anatomia patoloacutegica da doenccedila de Chagas

Memoacuterias do Instituto Oswaldo Cruz v36 p391-404 1941

VASCONCELOS DF Anaacutelise Morfofuncional Ecocardiograacutefica em

Condiccedilotildees de Repouso e de Esforccedilo Isomeacutetrico Manual Correlacionada agrave

Funccedilatildeo Autonocircmica Cardiacuteaca em Indiviacuteduos Normais e em Portadores das

Diferentes Formas da Doenccedila de Chagas Tese (Doutorado em Ciecircncias

Meacutedicas) ndash Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de Brasiacutelia Brasiacutelia Universidade de Brasiacutelia

2007

VIANNA G - Contribuiccedilatildeo para o estudo da anatomia patoloacutegica da moleacutestia

de Chagas Mem Inst Oswaldo Cruz 3 276-294 1911

71

VILAS-BOAS F Identificaccedilatildeo de siacutetios de produccedilatildeo de citocinas proacute-

inflamatoacuterias em pacientes com insuficiecircncia cardiacuteaca de etiologia

chagaacutesica Tese (Doutorado em Ciecircncias) ndash Departamento de Cardio-

Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo

Paulo Universidade de Satildeo Paulo 2002

VOELKEL N F QUAIFE RA LEINWAND LA BARST RJ MCGOON

MD MELDRUM DR DUPUIS J LONG CS RUBIN LJ SMART

FW SUZUKI YJ GLADWIN M DENHOLM EM GAIL DB

NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE WORKING GROUP

ON CELLULAR AND MOLECULAR MECHANISMS OF RIGHT HEART

FAILURE Right ventricular function and failure report of a National Heart

Lung and Blood Institute working group on cellular and molecular

mechanisms of right heart failure Circulation [SI] v 114 n 17 p 1883-

1891 2006

VOLKMER M ANTZ M HEBE J et al Focal atrial tachycardia originating

from the musculature of the coronary sinus J Cardiovasc Electrophysiol

1368-71 2002

VON LUDINGHAUSEN M OHMACHI N amp BOOT C Myocardial coverage

of the coronary sinus and related veins Clin Anat 51-15 1992

WILLIAMS PL WARWICK R DYSON M BANNISTER LH Grays

anatomy 38th ed Edinburgh Scotland Churchill Livingston 2001

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

811 1-95 1991

72

WHO Control of Chagas Disease Geneva WHO Technical Reports Series

905 1-109 2002

wwwdpdcdcgovdpdx (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcvphysiologycom (acesso em 15 de junho de 2014)

wwwcircahajournalsorg (acesso em 17 de maio de 2014)

wwwfiocruzbrchagascgicgiluaexesysstarthtmsid=94 (cesso em 12 de

julho de 2011)

wwwtexasheartinstituteorg (acesso em 15 de maio de 2014)

wwwrelampaorgbr (acesso em 15 de junho de 2014)

73

9 ANEXOS

74

91 APROVACcedilAtildeO DO COMITEcirc DE EacuteTICA

75

76

77

92 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Tiacutetulo do Projeto ldquoEstudo Ecocardiograacutefico do Seio Coronaacuterio na Doenccedila de

Chagasrdquo

Pesquisador Responsaacutevel Glauco Andre Machado

Telefone (61) 3035 ndash 2107 ou (61) 8155 ndash 7217

Email glaucoandrehotmailcom

Vocecirc estaacute sendo convidado(a) para realizar exames de sangue que satildeo

utilizados para o diagnoacutestico da doenccedila de Chagas Depois de confirmar o

diagnoacutestico seraacute feito o estudo do funcionamento do coraccedilatildeo atraveacutes do

ecocardiograma cintilografia e eletrocardiograma Tambeacutem avaliaremos e

funcionamento do esocircfago e intestino atraveacutes de radiografias

Se vocecirc natildeo for portador da doenccedila de Chagas seratildeo realizados apenas os

exames que avaliam o coraccedilatildeo

Os exames acima citados satildeo realizados todos os dias no Hospital

Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB para conhecer o coraccedilatildeo esocircfago e intestino das

pessoas e satildeo indolores

Para realizar o eletrocardiograma e o ecocardiograma vocecirc vai deitar em uma

maca o meacutedico passaraacute gel na pele sobre seu peito e em seguida um aparelho

registraraacute o funcionamento do coraccedilatildeo

O eletrocardiograma eacute um exame que registra a atividade eleacutetrica do coraccedilatildeo

Satildeo usados sensores no peito nos pulsos e nos tornozelos Os sinais eleacutetricos seratildeo

registrados em papel quadriculado Quanto aos riscos deste exame eventualmente

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

O ecocardiograma transtoraacutecico padratildeo (sem uso de drogas) eacute um exame natildeo

invasivo que estuda a estrutura e o funcionamento do coraccedilatildeo com o uso de

ultrassom Este exame apresenta imagens em movimento e estaacuteticas do muacutesculo e

das valvas cardiacuteacas aleacutem do fluxo de sangue no interior do coraccedilatildeo Apesar de raro

78

podem ocorrer reaccedilotildees dermatoloacutegicas em funccedilatildeo do gel necessaacuterio para melhorar a

qualidade do exame

Para realizar a cintilografia miocaacuterdica vocecirc receberaacute uma medicaccedilatildeo

injetada em uma veia no braccedilo que seraacute posteriormente captada pelas ceacutelulas do

coraccedilatildeo Nas diversas partes do coraccedilatildeo este medicamento emite uma radiaccedilatildeo que

eacute convertida em imagem luminosa (cintilaccedilatildeo) observada atraveacutes de uma cacircmara As

imagens satildeo obtidas em duas etapas repouso e estresse A fase de estresse seraacute

realizada na esteira rolante Pacientes incapacitados para o esforccedilo fiacutesico portadores

de bloqueio de ramo esquerdo ou marcapasso realizaratildeo esta etapa de estresse com

injeccedilatildeo de dipiridamol (substacircncia vasodilatadora) Pacientes com asma bronquite

crocircnica ou enfisema e que natildeo consigam realizar o exame na esteira realizaratildeo o

exame com infusatildeo de dobutamina (substacircncia que aumenta a forccedila de contraccedilatildeo do

coraccedilatildeo) Em relaccedilatildeo aos riscos e efeitos adversos a medicaccedilatildeo utilizada na

cintilografia miocaacuterdica produz baixos niacuteveis de radiaccedilatildeo sendo seguro o uso em

humanos Apesar de raro pode ocorrer reaccedilatildeo aleacutergica a este medicamento Cerca da

metade dos pacientes que usam dipiridamol para o estresse farmacoloacutegico

apresentaratildeo sintomas como flushing (sensaccedilatildeo de calor na cabeccedila) dor toraacutecica

cefaleia tonturas e queda da pressatildeo arterial Outros efeitos adversos satildeo

palpitaccedilotildees falta de ar tonturas e naacuteuseas (infarto do miocaacuterdio eacute raro 11000

exames )

O esofagograma eacute um exame contrastado que estuda a faringe e o esocircfago O

contraste utilizado se chama baacuterio um sal insoluacutevel que seraacute misturado com aacutegua O

baacuterio eacute inerte ou seja natildeo eacute absorvido pelo organismo Para realizar o esofagograma

vocecirc deveraacute ingerir o baacuterio e depois seratildeo realizadas as radiografias O objetivo

maior do exame eacute estudar atraveacutes das radiografias a forma e a funccedilatildeo da degluticcedilatildeo

na faringe e no esocircfago Como efeito adverso pode ocorrer impactaccedilatildeo fecal ou

constipaccedilatildeo se o baacuterio natildeo for totalmente eliminado As contraindicaccedilotildees para a

realizaccedilatildeo deste exame incluem perfuraccedilatildeo do esocircfago ou intestino obstruccedilatildeo

intestinal ou prisatildeo de ventre grave dificuldade grave para degluticcedilatildeo e gravidez

O enema opaco tambeacutem conhecido como clister opaco eacute um exame

diagnoacutestico que utiliza imagens radiograacuteficas do intestino Para a realizaccedilatildeo deste

exame seraacute feita lavagem intestinal antes do exame e no momento do exame seraacute

introduzido no interior do coacutelon um liacutequido espesso composto por baacuterio substacircncia

capaz de revestir as paredes internas do coacutelon e reto possibilitando a evidenciaccedilatildeo

dos mesmos em imagens radiograacuteficas Como reaccedilotildees adversas eacute comum que o

paciente sinta certo desconforto durante a realizaccedilatildeo do exame pois o baacuterio ocasiona

desconforto abdominal levando agrave sensaccedilatildeo de urgecircncia para evacuar Este exame

estaacute contraindicado se houver qualquer chance do baacuterio passar para a cavidade

79

peritoneal o que pode ocorrer atraveacutes de viacutesceras perfuradas ou no ato ciruacutergico se

este suceder o procedimento radioloacutegico

Em relaccedilatildeo ao exame de sangue seraacute realizada sorologia que eacute o estudo do

soro sanguiacuteneo para identificar anticorpos eou antiacutegenos Vaacuterias doenccedilas podem ser

diagnosticadas atraveacutes de sorologia especiacutefica como por exemplo a doenccedila da

Chagas Os participantes que apresentarem sorologia positiva para doenccedila de

Chagas tambeacutem realizaratildeo exame parasitoloacutegico (xenodiagnoacutestico) que consiste em

coletar uma amostra de sangue para posterior estudo com vetores que transmitem a

doenccedila de Chagas (barbeiros) Vocecirc pode sentir um leve desconforto no braccedilo

quando da realizaccedilatildeo da coleta de amostra de sangue com agulha e seringa

Sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria vocecirc natildeo pagaraacute nada pelos exames

e natildeo receberaacute nada em pagamento

Caso natildeo queira participar da investigaccedilatildeo vocecirc continuaraacute recebendo o

atendimento normal no Hospital Universitaacuterio de Brasiacutelia ndash HUB Qualquer duvida

que tiver agora ou no futuro sobre os exames e a pesquisa poderaacute ser retirada por Dr

Glauco responsaacutevel pelo trabalho

As informaccedilotildees obtidas na investigaccedilatildeo seratildeo confidenciais seu nome seraacute

mantido em sigilo Caso participe da pesquisa a qualquer momento seu

consentimento poderaacute ser retirado

Se vocecirc entendeu o documento que leu e o que foi explicado e deseja

participar da pesquisa queira dar seu consentimento assinando no espaccedilo abaixo em

trecircs vias desse documento Uma ficaraacute com vocecirc outra com o pesquisador e a

terceira no comitecirc de eacutetica CEPFSUNB (telefone 3307 ndash 3799 email

cepfsunbbr)

Eu_________________________________________ RG nordm

____________________ apoacutes ler o documento e ouvir as explicaccedilotildees que me foram

dadas por Dr Glauco sinto-me esclarecido(a) e disponho-me a participar deste

estudo voluntariamente

Brasiacutelia _____ de ____________ de 2013

Nome do paciente ___________________________

Assinatura do paciente ___________________________

80

Nome do responsaacutevel por obter o consentimento ___________________________

Assinatura do responsaacutevel por obter o consentimento________________________

Nome da Testemunha ___________________________

Assinatura da Testemunha ___________________________

Nome do pesquisador responsaacutevel ___________________________

Assinatura do pesquisador responsaacutevel ___________________________

81

93 AVALIACcedilOtildeES ADICIONAIS DA DISFUNCcedilAtildeO DIASTOacuteLICA

TABELA ndash 6A Correlaccedilatildeo entre os diacircmetros maacuteximos do seio coronaacuterio e

disfunccedilatildeo diastoacutelica avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede

lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal -0169 034

EA Lateral -0019 091

TABELA ndash 7A Correlaccedilatildeo entre o Δ do seio coronaacuterio e disfunccedilatildeo diastoacutelica

avaliada por dopplerecocardiografia do septo e parede lateral Variaacutevel Coeficiente de correlaccedilatildeo p-valor

EA Septal 0065 072

EA Lateral 0034 085

82

94 DADOS BRUTOS DA CPM E DOS DIAcircMETROS DO SEIO

CORONAacuteRIO

GRUPO CINTILOGRAFIA SC (lt) SC (gt) (Δ)

2 NORMAL 30250 72500 05828

2 NORMAL 52000 110000 05273

2 NORMAL 41667 88000 05265

2 ALTERADO 36600 99000 06303

2 NORMAL 45500 75250 03953

2 NORMAL 57833 110857 04783

2 NORMAL 36750 89000 05871

2 NORMAL 37000 89000 05843

2 NORMAL 33200 74833 05563

2 NORMAL 56000 80000 03000

2 NORMAL 50750 74000 03142

2 NORMAL 76000 131400 04216

2 NORMAL 43429 84833 04881

2 NORMAL 44600 98400 05467

2 NORMAL 43400 87167 05021

2 NORMAL 40800 78600 04809

1 NORMAL 29000 53000 04528

1 NORMAL 33000 60600 04554

1 NORMAL 34250 64600 04698

1 ALTERADO 42000 90750 05372

1 NORMAL 33600 61000 04492

1 ALTERADO 46000 79000 04177

1 ALTERADO 53000 99000 04646

1 ALTERADO 50833 137250 06296

1 NORMAL 50250 75667 03359

1 NORMAL 48200 90500 04674

1 NORMAL 52000 118250 05603

1 ALTERADO 25200 80600 06873

1 NORMAL 40500 93750 05680

1

40750 105250 06128

1 NORMAL 62333 110500 04359

1 NORMAL 38857 82667 05300

1 NORMAL 44667 96000 05347

Page 16: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 17: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 18: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 19: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 20: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 21: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 22: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 23: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 24: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 25: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 26: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 27: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 28: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 29: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 30: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 31: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 32: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 33: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 34: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 35: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 36: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 37: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 38: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 39: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 40: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 41: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 42: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 43: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 44: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 45: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 46: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 47: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 48: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 49: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 50: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 51: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 52: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 53: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 54: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 55: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 56: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 57: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 58: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 59: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 60: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 61: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 62: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 63: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 64: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 65: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 66: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 67: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 68: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 69: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 70: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 71: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 72: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 73: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 74: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 75: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 76: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 77: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 78: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 79: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 80: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 81: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 82: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 83: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 84: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 85: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 86: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 87: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 88: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 89: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 90: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 91: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 92: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 93: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 94: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
Page 95: UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE MEDICINA · 2017. 11. 24. · SEC - Sistema excito-condutor cardíaco SC - Seio coronário TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido