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Universidade do Estado do Pará Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais Mestrado Douglas Gasparetto Distribuição Ecoepidemiológica da Malária no Estado do Pará Brasil, no período de 2003 a 2011 Belém - PA 2013

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Universidade do Estado do Pará Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – Mestrado

Douglas Gasparetto

Distribuição Ecoepidemiológica da Malária no Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011

Belém - PA 2013

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Douglas Gasparetto

Distribuição Ecoepidemiológica da Malária no Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências Ambientais no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará. Orientador(a): Profa. Dra. Lucieta Guerreiro Martorano. Coorientador(a): Profa. Dra. Cléa Nazaré Carneiro Bichara.

Belém - PA 2013

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Douglas Gasparetto

Distribuição Ecoepidemiológica da Malária no Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Ciências Ambientais no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará.

Data da aprovação: 25/03/2013

Banca Examinadora

_____________________________________ – Orientadora

Profa. Lucieta Guerreiro Martorano Doutora Fitotecnia/Modelagem Agrometeorológica Universidade Federal do Rio Grande do Sul

_____________________________________

Profa. Giselle Maria Rachid Viana Doutora em Ciências Biológicas Universidade Federal do Pará

_____________________________________

Prof. Nelson Veiga Gonçalves Doutor em Ciências da Informação Universidade de Brasília

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DEDICATÓRIA

Ao fator determinante que serviu de alicerce nesta

jornada, minha filha Maria Eduarda Pesconi

Gasparetto e meus pais Paulo Gasparetto e Marlene

Gysi Gasparetto.

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AGRADECIMENTOS

Ao Ser Supremo, pela bondade da vida e a possibilidade de

empreender esse caminho evolutivo, por propiciar tantas oportunidades de

estudos e por colocar em meu caminho pessoas amigas e preciosas.

Aos meus mestres, Lucieta Guerreiro Martorano, Nelson Veiga e

Cléa Nazaré Carneiro Bichara e colaboradores, pelo apoio durante minha

formação científica.

Aos meus colegas da UEPA, IEC, Embrapa Amazônia Oriental e em

geral, pela colaboração e paciência nos meus momentos de estresse.

A CAPES pelo auxílio financeiro para o desenvolvimento desta

pesquisa.

Ao Programa de Pós-graduação do CCNT desta UEPA,

representado pelo Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes, pelos momentos

partilhados, sem esmorecimento e pelo fantástico projeto que desenvolveram.

Aos professores desta instituição pelos ensinamentos que me

transmitiram e pelo esforço e paciência que demonstraram ter, mantendo-me

motivado durante um longo período de trabalho intensivo.

A Gleicyane Melo pela compreensão nas madrugadas de parceria

nos acompanhamentos de estudos, me apoiando na pesquisa e

desenvolvimento deste grande projeto.

Às pesquisadoras Dra Giselle Maria Rachid Viana e Dra Marinete

Marins Póvoa pelas dúvidas supridas sobre a ecoepidemiologia da malária e

assuntos relativos ao agravo.

Ao Instituto Evandro Chagas, em nome de sua diretora, a

pesquisadora Elisabeth Conceição de Oliveira Santa, por ceder o espaço do

Laboratório de Geoprocessamento.

Em especial ÀS MINHAS ORIENTADORAS, inicialmente por terem

aceitado o desafio de me orientar, um agradecimento carinhoso por todos os

momentos de paciência, compreensão e muita competência com a ciência.

Enfim, a todos aqueles que de uma maneira ou de outra

contribuíram para que este percurso pudesse ser concluído.

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“O sucesso é ser um professor perverso. Ele

seduz as pessoas inteligentes e as faz jamais

cair.”

Bill Gates

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RESUMO

A malária é um dos mais sérios e complexos problemas de saúde que a humanidade continua enfrentando no século XXI, sendo o maior causador de problemas socioeconômicos no mundo. Objetivou-se avaliar a distribuição ecoepidemiológica da malária no Estado do Pará - Brasil, no período de 2003 a 2011 para subsidiar estratégias de políticas publicas. Analisou-se a distribuição espaço-temporal da positividade do agravo integrando-se variáveis climáticas para identificar possíveis correlações entre esses fatores bióticos e abióticos. Foram utilizados dados secundários climatológicos, epidemiológicos, cartográficos, de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e informações disponíveis na literatura. Elaborou-se planos de informação contendo as variáveis ecoepidemiológicas e fez-se a integração utilizando técnicas de geomática. As cartas base de precipitação pluvial, temperatura do ar (médias e amplitudes térmicas) e deficiência hídrica no solo foram correlacionadas às taxas de maior positividade de malária. Nos resultados obtidos apontaram que nos nove anos analisados registram-se 948.142 casos de malária, sendo as maiores ocorrências no período de julho a setembro, totalizando 32% dos casos e formando três grandes clusters, localizados no centro da ilha do Marajó, no entorno da represa de Tucuruí e no município de Jacareacanga e seu entorno. Dominantemente, os clusters com a maior ocorrência da malária apresentaram IDH abaixo de 0.65, evidenciando efeitos socioeconômicos relacionados ao agravo. As amplitudes térmicas nas zonas de maior positividade da malária ficam em torno de 100C. No trimestre de maior deficiência hídrica de julho a setembro, observou-se que o total de precipitação pluvial computado nesse período segue um padrão sigmoidal que explica a positividade elevada da malária com 93% de probabilidade, concentrada entre 50 a 250 mm de precipitação no trimestre, nas zonas mapeadas. Conclui-se que, principalmente nas três zonas destacadas há necessidade de intensificar ações preventivas de saúde pública nos meses de julho a setembro para mitigar efeitos da dinâmica espaço-temporal da positividade da malária no Estado do Pará.

Palavras-chave: Malária. Geomática. Precipitação Pluvial. Amplitude Térmica.

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ABSTRACT

Malaria is one of the most serious and complex health problems facing

mankind remains in the XXI century, being the major cause of socio-economic problems in the world. This study aimed to evaluate the distribution ecoepidemiologycal malaria in Para - Brazil, in the period 2003-2011 to support public policy strategies. We analyzed the spatial and temporal distribution of positive injury integrating climate variables to identify possible correlations between biotic and abiotic factors. Secondary data climatological, epidemiological mapping of the Human Development Index (HDI) and information available in the literature. Drew up plans containing information variables ecoepidemiologycal and made the integration using techniques geomatics. Letters base precipitation, air temperature (medium and temperature ranges) and soil water deficit were correlated with higher positivity rates of malaria. The results obtained showed that in the nine years examined must be registered 948,142 cases of malaria, with the largest events in the period from July to September, totaling 32% of cases and forming three large clusters located in the center of Marajo Island, in the vicinity of Tucurui Dam and the city of Jacareacanga and its surroundings. Predominantly, the clusters with the highest occurrence of malaria showed HDI below 0.65, showing socioeconomic effects related to the condition. The temperature ranges in areas of greatest positive malaria are around 100C. In the quarter with the highest water deficit from July to September, it was observed that the total rainfall computed in this period follows a sigmoidal pattern that explains the high positivity of malaria with 93% probability, concentrated between 50 and 250 mm of rainfall in the quarter in areas mapped. We conclude that, particularly in the three areas highlighted no need to intensify preventive public health in the months from July to September to mitigate effects of spatiotemporal dynamics of the positivity of malaria in Para.

Keywords: Malaria. Geomatics. Rainfall. Thermal Amplitude.

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LISTA DE FIGURAS DA INTRODUÇÃO GERAL

Figura 1 Distribuição geográfica da malária humana no mundo 19

Figura 2 Distribuição espacial da malária por nível de risco 21

Figura 3 Distribuição espacial dos municípios críticos para Malária

no Estado do Pará em 2010

24

Figura 4 Distribuição temporal da malária no Brasil no período de

1980 a 2010

26

LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 1

Figura 1 Curvas da distribuição mensal de ocorrência da malária

comparadas com a valores (mm) de deficiência hídrica

39

Figura 2 Boxplot da série histórica anual do IPA 40

Figura 3

Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica

comparada às ocorrências da malária em 2005, no

Estado do Pará

41

Figura 4

Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica

comparada às ocorrências da malária em 2009, no

Estado do Pará

42

Figura 5

Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica

comparada às ocorrências da malária em 2010, no

Estado do Pará

43

Figura 6

Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica

comparada às ocorrências da malária em 2011, no

Estado do Pará

44

LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO 2

Figura 1 Mapa de identificação dos clusters da malária no Estado

do Pará, no período de 2003 a 2011

76

Figura 2 Índice de positividade anual e regressão polinomial da 77

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malária no Estado do Pará, no período de 2003 a 2011

Figura 3 Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2005

78

Figura 4 Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2010

79

Figura 5 Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2011

80

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a.C. Antes de Cristo

ANA Agência Nacional de Água

CAD Capacidade de Água Disponível

CTAA Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento

DIP Doenças Infecto-contagiosas e Parasitárias

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IDW Inverse Distance Weighted

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IPA Índice de Positividade da Malária / Incidência Parasitária

Anual

IPM Índice de Precipitação Média

IQR Amplitude Interquartil

Km Quilômetro

mm Milímetro

MS Ministério da Saúde

NEP Número de Exames Positivos no Período

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

OPAS Organização Pan-americana da Saúde

P População

PACS Programas de Agentes Comunitários de Saúde

PI Plano de Informação

PIACM Plano de Intensificação das Ações de Controle da

Malária na Região Amazônica

PNCM Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária

Pnud Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

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PPGCA Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais

PRPtri Total de precipitação pluvial ocorrida no trimestre (julho a

setembro)

PSF Programa Saúde da Família

RBM Roll Back Malaria

SIPAM Sistema de Proteção da Amazônia

SIS Sistema de Informação em Saúde

SISLOC Sistema de Localidade

SIVEP-Malária Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da

Malária

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

UEPA Universidade do Estado do Pará

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL 15

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO 17

1.1.1 A malária: gênero e ciclo evolutivo do plasmódio 17

1.1.2 Transmissão da malária 18

1.1.3 A Malária na Amazônia e seus fatores ambientais 20

1.1.4 Planos ou Programas de controle da malária no Brasil 25

1.2 REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO GERAL 27

2 ARTIGO 1 - VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E CLIMÁTICAS

APLICADAS A ECOEPIDEMIOLÓGICA DA MALÁRIA NO

ESTADO DO PARÁ- BRASIL, NO PERÍODO DE 2003 A 2011

33

RESUMO 33

Palavras-chave 33

ABSTRACT

34

Keywords

34

INTRODUÇÃO

34

MATERIAL E MÉTODOS

36

Procedimentos éticos

36

Área de trabalho

37

Bancos de dados

37

Depuração e estatística

37

RESULTADOS

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

44

Notas

45

Bibliografia

47

3 ARTIGO 2 – DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA MALÁRIA ASSOCIADA ÀS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NO ESTADO DO PARÁ – BRASIL, NO PERÍODO DE 2003 A 2011

52

RESUMO 53

Palavras-chave 54

ABSTRACT 54

Keywords 55

INTRODUÇÃO 55

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MATERIAL E MÉTODOS 58

Procedimentos Éticos 58

Área de Trabalho 58

Banco de Dados 59

Depuração e Estatística 59

RESULTADOS 62

DISCUSSÃO 65

AGRADECIMENTOS 69

REFERÊNCIAS

70

4 CONCLUSÕES GERAIS

81

ANEXOS 83

ANEXO I – Normas da Revista Scripta Nova 83

ANEXO II – Normas da Revista Acta Amazônica 91

ANEXO III - Portaria do Ministério da Saúde - MS Nº. 1.932 de

2003 que instituiu o Programa Nacional de Acompanhamento e

Assessoramento da Malária.

97

ANEXO IV - Portaria da Secretaria de Vigilância em Saúde -

SVS/MS Nº 59 que criou o Comitê Técnico de Acompanhamento e

Assessoramento do PNCM

99

ANEXO V - NOTA TÉCNICA N0.

036/2001/CGPNCM/DEVIT/SVS/MS

101

ANEXO VI – Aceite de submissão da Revista Acta Amazônica 104

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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Naturais e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – Mestrado

Tv. Enéas Pinheiro, 2626, Marco, Belém-PA, CEP: 66.095-100 http://www.uepa.br/paginas/pcambientais

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP),

Biblioteca do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia, UEPA, Belém - PA.

G249d Gasparetto, Douglas

Distribuição ecoepidemiológica da Malária no Estado do Pará –

Brasil, no período de 2003 a 2011. / Douglas Gasparetto; Orientação

Lucieta Guerreiro Martorano. -- Belém, 2013.

104 f. : il.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade

do Estado do Pará, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia, Belém,

2013.

1. Malária. 2. Epidemiologia. 3. Precipitação (Meteorologia). 4.

Mudanças Climáticas. I. Martorano, Lucieta Guerreiro. II. Titulo.

CDD 616.9362

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1 INTRODUÇÃO GERAL A malária, também conhecida na Amazônia como paludismo, é uma

doença infecciosa causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium,

transmitidos pelo contato do mosquito fêmea do gênero Anopheles (BRASIL,

2006), ao sugar o sangue humano.

Existem muitas tentativas de estabelecer a origem da malária no mundo,

mas os estudos ainda são fragmentados e escassos na determinação da

procedência da doença. Estudos apontam que esse agravo é originário da

África Tropical, onde o parasita se adaptou bem aos hospedeiros. A malária

humana existe desde a mais remota antiguidade, pois registros arqueológicos

relatam ocorrência de febre e esplenomegalia1, além de inscrições em templos

egípcios descrevendo casos de febre intermitente (FERREIRA, 1996; AYALA,

2009).

Hipócrates descreveu sobre a doença no século IV a.C. com uma

riqueza de detalhes, que pouco se acrescentou nos próximos milênios

(BRUCE-CHWATT, 1988). E, apesar de todo o conhecimento disponível, a

malária continua atingindo milhões de pessoas no mundo, causando elevada

morbidade (BRASIL, 2012).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a malária como um

dos mais sérios e complexos problemas de saúde que a humanidade continua

enfrentando no século XXI. Aproximadamente 300 milhões de pessoas em todo

o mundo são infectadas pela doença, e entre 1 a 1,5 milhão morrem todos os

anos. Este agravo produz um alto custo, reduzindo em 1/3 as taxas de

crescimento econômico de países endêmicos (OMS, 2011). Dados da

Organização Pan-americana da Saúde (OPAS, 2006) mostram que dos

919.534 casos notificados em seus países membros, 60% ocorrem no Brasil,

atingindo mais de 620 mil pessoas em 807 municípios, com 99,9% dos casos

concentrados na Amazônia brasileira (SANTOS, 2010). Nos Estados das

demais regiões, os casos registrados são quase totalmente importados ou

1 Esplenomegalia: vocábulo grego “splenikós”. Também denominada megalosplenia, consiste

no aumento do baço.

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16

alóctones2 da região Amazônica ou de outros países onde ocorre transmissão

(BRASIL, 2008). Nas Américas, a malária é endêmica em 21 países tropicais e

subtropicais. O Brasil é o país com maior número de casos, oriundos da Região

Amazônica, onde a doença acomete indistintamente crianças, adolescentes e

adultos (SIVEP/Malária, 2009).

Esse agravo é amplamente distribuído nos continentes africano, asiático

e nas Américas, com caráter endêmico em 91 países, representando, assim,

um dos principais determinantes de morbimortalidade nas áreas tropicais e

subtropicais dos países em desenvolvimento e emergentes destes continentes.

O continente africano é responsável por 90% dos casos mundiais,

respondendo por 15 a 25% das mortes de crianças com menos de cinco anos

de idade (WHO, 2008; WHO, 2010).

Dessa forma, objetivou-se analisar a distribuição ecoepidemiológica da

malária no Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011. Destaca-se

que o período foi selecionado devido ao grande aumento do número de casos

a partir do ano 2000, passando a ser registrado de forma sistêmica em 2002

pelo SISMAL, que migrou em 2003 para o atual SIVEP-Malária. Estes sistemas

foram implantados para um melhor controle do agravo, pois neste período o

número de casos positivos ultrapassou as taxas alarmantes registradas na

década de 1990 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

A dissertação foi estruturada em: 1- introdução geral que contextualiza o

problema e a importância da malária no mundo, no Brasil e na Amazônia, tendo

como foco de estudo o Estado do Pará; 2- artigo completo submetido na

Revista Scripta Nova da Universidade de Barcelona (Qualis A2); 3 - artigo

completo submetido na Revista Acta Amazônica do Instituto Nacional de

Pesquisas Amazônicas (Qualis A2), conforme anexo 6; 4 - conclusões gerais

onde apresenta-se as principais conclusões obtidas com base nos resultados

analisados e discutidos nos capítulos 2 e 3. Para consubstanciar as

informações apresentadas, inseriram-se como anexos, os seguintes

documentos: anexo I - normas da Revista Scripta Nova 2013; anexo II - normas

da Revista Acta Amazônica 2013; anexo III - portaria do MS Nº. 1.932 de 2003

2 Alóctone: Termo composto originário do grego: allos (outros) + khton (terra). Significa que não

tem suas origens no lugar onde se desenvolve.

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17

que instituiu o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária

(PNCM); anexo IV - portaria SVS/MS Nº 59, Comitê Técnico de

Acompanhamento e Assessoramento do PNCM; anexo V - NOTA TÉCNICA

N0. 036/2001/CGPNCM/DEVIT/SVS/MS contendo os municípios críticos para

Malária, no Brasil; e, anexo VI - comprovante de submissão do artigo na

Revista Acta Amazônica.

1.1 Referencial Teórico 1.1.1 A malária: gênero e ciclo evolutivo do plasmódio

Atualmente, são encontrados cinco espécies do gênero plasmódio no

mundo que causam doença em humanos: P. falciparum, P. malariae, P. vivax.

P. Knowlesi e P. ovale, sendo apenas três encontrados no Brasil (P. falciparum,

P. malariae, e P. vivax). (VENTURA, 2010).

O Plasmodium malariae e Plasmodium vivax por suas características

biológicas ocasionam uma forma de malária mais branda; ao contrário, o

Plasmodium falciparum pode ocasionar quadros graves, sobretudo em

decorrência da alta carga parasitária ou de outros fatores relativos à relação

parasita-hospedeiro. As manifestações variam desde o quadro clássico até

aparecimento de distúrbios da coagulação, choque, insuficiência renal ou

hepática, encefalopatia aguda, edema pulmonar, coma, podendo levar ao óbito

(BRASIL, 2008).

Os sintomas clínicos típicos desta doença são: febre alta (380C)

acompanhada de calafrios, tremores, suores e cefaléia. Outras manifestações

também podem estar presentes como náuseas, vômitos, astenia, fadiga,

diarréia, tosse, artralgia e dor abdominal, e nos casos mais graves a icterícia,

coma e insuficiência renal. Dependendo da espécie do parasita infectante,

pode ocorrer óbito (BRASIL, 2012).

O Plasmodium possui um ciclo evolutivo que se desenvolve em duas

fases: a fase assexuada no homem (hospedeiro intermediário) e fase sexuada

no mosquito (hospedeiro definitivo) (GOMES, 2011).

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18

A fase assexuada do plasmódio, denominado esquizogônica, inicia-se

após a picada do anofelino fêmea, com a inoculação de esporozoítos3

infectantes no homem. A seguir, os esporozoítos circulam na corrente

sanguínea durante alguns minutos e rapidamente penetram nas células do

fígado (hepatócitos), dando início ao ciclo pré-eritrocítico ou esquizogonia

tecidual, que duram seis dias para a espécie P. falciparum, oito dias para a P.

vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae. Durante esta fase, o P. vivax e o P.

ovale apresentam desenvolvimento lento de alguns dos seus esporozoítos,

formando os hipnozoítos, formas latentes do parasito responsáveis pelas

recaídas da doença meses ou anos após (BRASIL, 2005). Ao final do ciclo

tecidual, os esquizontes rompem o hepatócito, liberando milhares de elementos

na corrente sanguínea, chamados merozoítos. Ressalta-se que cada

hepatócito rompido libera cerca de 2.000 merozoítos quando a infecção é

devida ao P. malariae; 10.000, quando devida ao P. vivax e 40.000, quando

devida ao P. falciparum (NEVES, 2003; BRASIL, 2005; BRASIL, 2008).

A fase sexuada ocorre quando a fêmea de um anofelino faz repasto

sanguíneo de um indivíduo com plasmódios circulantes, com a presença de

gametócitos masculino e feminino, estes passarão por uma transformação no

estômago do mosquito. Há a fecundação dos gametos, originando o ovo ou o

zigoto que se transforma em oocineto. Este penetra na parede do estômago e

entram na hemolinfa do mosquito, transformando-se em oocisto, o qual dá

origem a esporozoítos, que migram e se alojam nas glândulas salivares do

mosquito, quando a partir daí as fêmeas tornam-se infectantes, estando,

portanto, aptas a transmitirem a doença ao sugar o sangue de outro indivíduo,

fechando assim, o ciclo evolutivo dos plasmódios (BRASIL, 2005).

1.1.2 Transmissão da malária

A transmissão da malária ocorre em todo o mundo, atingindo

principalmente regiões localizadas a +110 e -110 de latitude, mantendo toda

esta faixa em estado de constante monitoramento e controle (Figura 1) (OMS,

2011).

3 Esporozoíto é uma célula alongada, causadora da malária, surgida no oocisto da fêmea do

gênero de mosquito Anopheles.

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19

Figura 1 - Distribuição geográfica da malária humana no mundo.

Fonte: OMS, 2011

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

- PNUD (2011), órgão vinculado à Organização da United National (2010), um

dos fatores que reflete a alta transmissão da doença é o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH). No relatório das United Nations (2010) é

ressaltado que dos 42 países no ranking de menor IDH, em 83% são

registradas elevadas taxas de analfabetismo e mortalidade infantil, atreladas a

transmissão de doenças como a AIDS e a malária. Assim, baixos valores de

IDH podem estar associados à malária e, consequentemente na redução da

expectativa de vida na Amazônia.

Para que exista a transmissão da malária é necessária à existência de

portadores de gametócitos (reservatórios humanos) e de vetores portadores do

plasmódio (PRINCE, 2007).

Os mosquitos transmissores (vetores) da malária humana pertencem ao

reino Animal, filo Arthropoda, classe Insecta, subclasse Pterygota, ordem

Diptera, subordem Nematocera, família Culicidae, subfamília Anophelinae,

gênero Anopheles. (CONSOLI & OLIVEIRA, 1994). Este gênero compreende

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20

cerca de 400 espécies, das quais apenas um número reduzido tem importância

epidemiológica (MORAIS, 2012).

No Brasil, são conhecidos também por carapanã, muriçoca, mosquito-

prego, suvela e pernilongo; existem centenas de espécies de anofelinos com

potencial de transmitir a malária. Cinco espécies são consideradas como

vetores principais. São elas: Anopheles (Nyssorynchus) darlingi, Anopheles

(Nyssorynchus) aquasalis, Anopheles (Nyssorynchus) albitarsis, Anopheles

(Kerteszia) cruzi e Anopheles (Kerteszia) bellator (TADEI, 1988; MORAIS,

2012).

Em geral esses vetores evoluem em águas limpas e sombreadas de

remansos de rios, córregos, igarapés, lagoas, represas, açudes, valetas de

irrigação, alagados e pântanos (DEANE, 1948).

No Brasil, o principal vetor da malária é o Anopheles (Nys) darlingi. Seus

criadouros frequentemente são de águas limpas de baixa correnteza e

sombreadas. O Anopheles (Nys) aquasalis, predomina no litoral e tem

preferência por criadouros de águas salobras (CONSOLI e OLIVEIRA, 1994).

Por sua vez, a subespécie Kertesia desenvolve-se em águas acumuladas pelas

bromeliáceas, conhecidas no Sul pelo nome de gravatás (MARQUES, 2009). A

malária pode ser transmitida acidentalmente por transfusão de sangue (sangue

contaminado com estágios infectantes do plasmódio), pelo compartilhamento

de seringas (em usuários de drogas ilícitas) ou por acidente com agulhas e/ou

lancetas contaminadas (acidentes ocupacionais) (PEREIRA, 2011).

1.1.3 A Malária na Amazônia e seus fatores ambientais

A distribuição espacial da malária na Amazônia apresenta-se de forma

diferenciada de outras regiões brasileiras, sendo influenciada por sua

biodiversidade, vegetação, solo, ar, clima, fatores políticos e formas de

ocupação humana (BARBOSA, 2011). Conforme Ferraroni & Dourado (1977) e

Gasparetto (2010) estas características, somadas à contínua reorganização do

espaço geográfico e aos fatores ambientais e políticos, favorecem a expansão

e manutenção endêmica do agravo criando áreas de diferentes riscos de

transmissão (Figura 2) (BRASIL, 2008).

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Figura 2 – Distribuição espacial da malária por nível de risco.

Fonte: BRASIL (2008)

A Amazônia apresenta características climatológicas bem como a forma

de ocupação geográfica desordenada através, por exemplo, de garimpo,

assentamentos, seringais e grandes projetos, que propiciam o desenvolvimento

do ciclo epidemiológico da malária, assim como o aumento do fluxo migratório

decorrentes de políticas desenvolvimentistas que mudaram o perfil

epidemiológico na região (KATSURAGAWA, 2008).

O perfil epidemiológico também é afetado diretamente pelos fatores

ambientais que desempenham um papel importante no risco de transmissão da

malária, podendo dividir o ambiente em natural e modificado pela ação

humana. Conforme Castro (2007), o impacto de cada um desses grupos, varia

por área geográfica e depende do contexto socioeconômico em que são

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observados. Considerando o contexto Amazônico, o ambiente natural inclui

topografia, hidrografia, tipo de solo e clima. Estudos realizados no final do

século XIX e início do XX deixavam clara a importância de cada um desses

fatores na transmissão da malária (COSTA-DIAS, 2003).

A transmissão da malária na floresta Amazônica é facilitada pelas

condições ideais de temperatura e umidade para o ciclo de vida do vetor. Além

disso, a interação entre precipitação, evaporação e temperatura modula a

umidade do ambiente, alterando a sobrevida e atividade dos mosquitos do

gênero Anopheles, fazendo com que a distribuição deste agravo seja em toda a

Amazônia brasileira (MARTIN, 1997).

A duração do ciclo do Plasmodium no vetor pode variar conforme a

temperatura ambiente, sendo menor entre 27º e 31ºC. O modelo ambiental

mostra que o risco de transmissão da malária tem relação com altos níveis de

precipitação pluvial, enquanto a maturação e sobrevida de larvas se relacionam

com a temperatura (HOSHEN & MORSE, 2004). Para Molineaux (1988), a

capacidade vetorial dos anofelinos pode variar com a temperatura, sendo maior

entre 22 e 30ºC. Nessa faixa de temperatura, o tempo de vida dos vetores

aumenta, bem como o número de repastos sanguíneos feito pelas fêmeas.

Além disso, o ciclo aquático do vetor diminui de 20 para 7 dias (KONDRASHIN,

1992) e o intervalo de tempo entre a emergência e oviposição também

decresce (MOLINEAUX, 1988). Já a sazonalidade da precipitação pluvial se

associa positivamente com a taxa de inoculação entomológica, enquanto a

temperatura mínima se associa negativamente (MABASO et al. 2007).

Segundo Peixoto (1917) e Confalonieri (2004) também são fatores

maximizadores do risco de transmissão, o início e fim da estação chuvosa,

quando os solos estão mais úmidos e a variação do nível da água nos rios e

igarapés propicia a formação de criadouros de mosquito em suas margens. De

fato, dados empíricos revelam a alta exposição de populações ribeirinhas à

malária; além disso, solos argilosos e baixas altitudes favorecem a transmissão

da doença.

Porém, para Barbieri (2000), o desenvolvimento do ciclo de transmissão

desta doença não depende apenas das características naturais dos meios

como variáveis climáticas, entre outras, que favorecem a proliferação do

agente infeccioso, causador da doença, mas também pela presença do

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homem, cujo sangue serve de alimento aos vetores transmissores. Em uma

determinada área, em que prevalece certo equilíbrio ecológico - as populações

de mosquitos e do homem permanecem em um estado estável - e as

condições naturais do meio são pouco modificadas, a doença mantêm-se em

níveis estáveis de prevalência.

A quebra desse equilíbrio ocorre com a entrada de grandes contingentes

humanos, modificando o equilíbrio natural e alterando as características

reprodutivas e o habitat dos vetores. Há, nesse caso, uma maior abundância

de alimento (sangue humano) para os vetores, favorecendo o aumento da sua

densidade e instalando altos níveis de transmissão (SAWYER, 1999).

O Estado do Pará reflete está realidade amazônica e nos últimos anos

tem registrado altos valores de positividade da doença. Associado a este fator,

tem-se um elevado índice de antropização, motivados por processos

econômicos (interesses madeireiros, grandes projetos de hidrelétricas,

extrativismo vegetal e mineral, reativação de garimpos de ouro) e políticos ou

de grandes núcleos urbanos sobre áreas fragilizadas ambientalmente

(PARENTE, 2008).

De acordo com o relatório de saúde do Sistema Nacional de Vigilância

em Saúde (2011), no Estado do Pará foram notificados 136.476 casos de

malária autóctones só em 2010, o que correspondente a aproximadamente

42% dos casos notificados no país, neste ano. Quando comparados aos anos

de 2009 e 2010 observa-se um aumento de aproximadamente 36% dos casos

registrados neste estado.

Dezenove municípios críticos (Afuá, Altamira, Anajás, Anapú, Bagre,

Breves, Cametá, Curralinho, Goianésia do Pará, Ipixuna do Pará, Itaituba,

Jacareacanga, Mojú, Novo Progresso, Oeiras do Pará, Pacajá, Paragominas,

Portel e Tucuruí) dos 144 pertencentes ao Estado do Pará fazem parte da lista

de municípios que contribuíram com 80% das notificações por malária no ano

de 2010 no país. Dentre eles, 12 municípios (Figura 3) são muito críticos, pois

apresentaram em 2010 o Índice Parasitário Anual - IPA ≥50/mil habitantes, o

que caracteriza alto risco de contrair malária (SISTEMA NACIONAL DE

VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011).

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Figura 3 – Distribuição espacial dos municípios críticos para Malária no

Estado do Pará em 2010.

Fonte: Adaptado do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, 2011.

Com relação às espécies parasitárias mais prevalentes no estado,

observa-se que em torno de 82% das infecções por malária foram causadas

pelo P. vivax, aproximadamente 16% por P. falciparum, forma mais grave da

doença, seguido de 1,5% por malária mista e menos de 1% por P. malariae.

Dos municípios paraenses, 11 apresentaram redução de malária por P.

falciparum entre os anos de 2009 e 2010 havendo aumento não significativo

(4%) em relação ao ano anterior. O número de internações apresentou

aumento de 29% em todo território paraense e de 42% nos 19 municípios

críticos. Na Amazônia Legal, o aumento foi de aproximadamente 15%

(SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011).

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1.1.4 Planos ou Programas de controle da malária no Brasil

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2011), dentre as doenças

infecciosas que agridem o ser humano, a malária é um grave problema no

Brasil, considerando as grandes distâncias e dificuldades de acesso para

programas de controle que implementam as estratégias de controle deste

agravo.

O controle da malária é um grande desafio, uma vez que medidas

tradicionais não são eficazes, como borrifação intradomiciliar de efeito residual,

telagem de portas e janelas, drenagem de criadouros, manejo do ambiente,

entre outras (SANTOS, 2007). Várias destas medidas já foram tomadas no

Brasil, como, também as metas propostas pela OMS e a Roll Back Malaria -

RBM para reduzir em 50% no número de casos positivos para malária até 2010

e 75% até 2015, tomando por base os 613.241 casos registrados em 2000 e o

Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária na Região

Amazônica - PIACM que vigorou entre julho de 2000 a dezembro de 2002

(BRASIL, 2004; LADISLAU et al., 2006).

O PIACM tinha por objetivo reduzir em 50% a morbimortalidade por

malária na região da Amazônia Legal; evitar o surgimento de epidemias

localizadas; reduzir a sua gravidade e, consequentemente, o número de

internações e óbitos. No final de 2001 houve redução em 40% dos casos

quando comparados a 1999; diminuição de 70% no número de internações e,

consequentemente, redução de 36,5% no número de óbitos por malária. No

entanto, no período de 2003 a 2005, o índice cresce em quase todos os

estados, chegando a atingir os valores do final da década de 1980 e início de

1990 (Figura 4) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

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Figura 04 – Distribuição temporal da malária no Brasil no período de

1980 a 2010.

Fonte: Adaptado de SIVEP-Malária, 2012

Com este cenário de alta positividade do agravo, em 2003 o Ministério

da Saúde, através da portaria MS Nº. 1.932 de 2003 instituiu o Programa

Nacional de Prevenção e Controle da Malária – PNCM (Anexo III) com os

objetivos de:

Melhorar a qualidade do trabalho de campo no controle vetorial;

Integrar as ações de controle da malária na atenção básica, com a

efetiva participação dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde - PACS

e do Programa Saúde da Família - PSF.

Desenvolver atividades de informação e de mobilização político-

social, com o objetivo de aumentar a participação da população nas ações de

prevenção e controle da malária;

Fortalecer a vigilância em saúde para ampliar a capacidade de

predição e de detecção precoce de surtos da doença;

Utilizar os instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder

público no controle do meio ambiente para evitar surtos da doença; e

Anos

Ocorr

ência

da

ma

lári

a

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Atuar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –

INCRA e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis – IBAMA, nas regiões endêmicas de malária, visando à promoção

de ações de prevenção e controle da doença para evitar surgimento de

epidemias decorrentes de atividades antrópicas.

Após este período, em 2005 foi constituído, através da portaria da

Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS Nº 59 o Comitê Técnico de

Acompanhamento e Assessoramento – CTAA do PNCM (Anexo IV) para

acompanhar, supervisionar e assessorar a implementação das atividades do

PNCM e propor mecanismos que possibilitem a sua plena execução (BRASIL,

2003; BRASIL, 2005).

A partir de 2005 a 2009, o Programa Nacional de Prevenção e Controle

da Malária do Ministério da Saúde constatou queda no número de casos do

agravo. A partir de então foi observado um crescimento, influenciado pelos

Estados do Amazonas e Pará, que lideram o ranking das notificações. Com

isso, o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis assinou o

Projeto de Expansão do Acesso às Medidas de Prevenção e Controle da

Malária, financiado pelo Fundo Global de Luta contra AIDS, Tuberculose e

Malária, que adquiriu 1.100,00 mosquiteiros impregnados com inseticida de

longa duração, com a meta é reduzir os casos para aproximadamente 150 mil

até 2015. No Estado do Pará, as áreas mais críticas foram contempladas pelo

projeto (Anajás, Itaituba, Itupiranga, Jacareacanga, Pacajá, Novo Repartimento

e Tucuruí), totalizando 15% dos municípios beneficiados (Anexo V).

1.2 REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO GERAL

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VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS E CLIMÁTICAS APLICADAS

A ECOEPIDEMIOLOGIA DA MALÁRIA NO ESTADO DO PARÁ-

BRASIL, NO PERÍODO DE 2003 A 2011

Douglas Gasparetto1; Lucieta Guerreiro Martorano

2; Giselle Maria Rachid

Viana3; Cléa Carneiro Nazaré Bichara

4.

1Laboratório de Geoprocessamento, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia,

Universidade do Estado do Pará. Tv. Enéas Pinheiro, 2626, Marco, Belém – PA, Brasil.

[email protected]

2 Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental. Trav. Dr. Enéas Pinheiro s/n, Marco,

Belém – PA, Brasil.

[email protected]

3 Seção de Parasitologia, Instituto Evandro Chagas, BR-316 km 7 s/n – Levilândia ,

Ananindeua – PA, Brasil.

[email protected]

4 Departamento de Saúde Comunitária, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.

Universidade do Estado do Pará. Trav. Perebebuí, 2623, Marco, Belém – PA, Brasil.

[email protected]

Resumo Este estudo apresenta a utilização da geomática aplicada na análise ecoepidemiológica

da malária no Estado do Pará – Brasil no período de 2003 a 2011, correlacionando com

variáveis socioeconômicas e climáticas. Objetivou-se gerar o cálculo da Incidência

Parasitária Anual (IPA) e box plot e identificar o tipo de dispersão do agravo/ano e

correlacionar com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), para avaliar os

impactos das políticas públicas, e a deficiência hídrica no período de maior positividade

da malária. O estudo foi desenvolvido utilizando a geomática a partir dos softwares

Tabwin32, Terra View 4.1 e ArcGis10. Foi calculado o IPA, correlacionado com a

interpolação do IDH e deficiência hídrica. Verificou-se que o agravo requer condições

climáticas adequadas e que o Estado do Pará responde a estas condições; o agravo se

desenvolveu em áreas com déficit hídrico que varia entre 30 e 120 mm; e acometendo

principalmente áreas com IDH inferior a 0,65.

Palavras-chave: malária, geomática, Índice de Desenvolvimento Humano,

deficiência hídrica.

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Abstract This study presents the use of geomatics applied in the analysis Ecoepidemiologycal

malaria in Para - Brazil in the period 2003 to 2011 and correlated with socioeconomic

and climate. Aimed to generate the calculation of Annual Parasite Index (API) and box

plot and identify the type of dispersion grievance / year and correlate with the Human

Development Index (HDI), to assess the impacts of public policies, and water

deficiency period of greater positivity of malaria. The study was

conducted using geometrics’ software from Tabwin32, Earth View 4.1 and ArcGis 10.

Was calculated the IPA, correlated with the interpolation of the HDI and water

deficiency. It was found that the injury requires appropriate weather conditions and the

state of Para meets these conditions, the tort has developed in areas with water deficit of

between 30 and 120 mm, and mainly affecting areas with HDI lower than 0.65.

Keywords: malaria, geomatics, Human Development Index, water deficiency.

INTRODUÇÂO

A Amazônia está em foco nacional e mundial no que se refere à sociedade e a

natureza[1]. No que diz respeito à natureza, ressalta-se a importância da maior floresta

tropical do planeta enquanto acervo de biodiversidade e como base de prestação de

serviços ambientais para a estabilização do clima global. Na condição de sociedade,

alerta-se para os riscos de uma utilização predatória da base natural da região que pode

ameaçar tudo o que se poderá obter, no presente e no futuro, de uma utilização mais

qualificada de seus atributos naturais e locais[2][3] tendo influência direta nas

condições de saúde das populações humanas[4].

As condições de saúde humanas influenciadas pela relação entre a sociedade e a

natureza, desde a antiguidade, tem sido motivo de estudos por parte de pesquisadores de

diversas áreas do conhecimento, fato que pode ser observado na obra clássica de

Hipócrates (Sec. V a.c.) intitulada “SOBRE O AR, A ÁGUA E OS LUGARES”, que se

tornou um marco referencial do pensamento desta relação[5]. Os estudos da relação

entre a epidemiologia e o meio ambiente sustentável têm sido viáveis, a partir da

possibilidade de se trabalhar com um conceito intuitivo, a imagem, a partir de suas

dimensões espaciais e temporais, ambas componentes intrínsecas da informação em

saúde[6][7][8][9][10][11].

Diversas análises sobre a espacialização da prevalência e incidência de uma

determinada doença têm sido viabilizadas pela utilização de imagens e de técnicas de

geoprocessamento[12]. Deste modo, a identificação de vulnerabilidades ou condições

ambientais que permitem a difusão de doenças no espaço são objetos de estudos e

pesquisa científica utilizando a geomática[13][14].

Estas pesquisas têm permitido a construção de cenários onde a caracterização da

relação ambiente, saúde e doença de uma população humana podem identificar e avaliar

seus impactos através de medidas de prevenção e controle, pois a atividade antrópica

gera impactos ambientais que repercutem nos meios físico-biológicos e

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socioeconômicos, afetando os recursos naturais e a saúde humana, podendo causar

desequilíbrios ambientais no ar, nas águas, no solo e no meio sociocultural[15][16][17].

Assim, “... a vigilância epidemiológica é hoje a ferramenta metodológica mais

importante para a prevenção e controle de doenças em saúde pública, levando em

consideração as variáveis climáticas e socioeconômicas”[18].

Diante desta consideração, estes cenários epidemiológicos ao serem relacionados

a variáveis climáticas e socioeconômicas possibilitam o estudo das relações entre fatores

bióticos e abióticos com a positividade de doenças infecto-contagiosas e parasitárias

(DIPs), nas populações em determinados espaços geográficos, em função de um tempo e

de circunstâncias específicas estabelecendo, desta forma, a possibilidade de construção

de cenários ecoepidemiológicos[19][20].

A construção de cenários ecoepidemiológicos é a relação entre as variáveis

ambientais, epidemiológicas e socioeconômicas e tem sido amplamente utilizada

quando é necessário observar alterações, de forma qualitativa e quantitativa, de

diferentes relações entre variáveis ambientais (vegetação, drenagem e clima),

socioeconômicas (população rural e urbana, tipos de produção, demografia, atividade

produtiva, tipo de moradia) e epidemiológicas (incidência e prevalência de agravos

infecto-contagiosos), dentre outros[21]. Considerando que estas alterações ocorrem de

forma processual e sistemática, em função do tempo e em determinados espaços

geográficos, as análises ecoepidemiológicas tem sido utilizadas para gerar relatórios de

impacto nas três variáveis acima, a partir da implantação de projetos geradores de

fatores de riscos a saúde e ao meio ambiente.

Historicamente, estes processos de fatores de riscos têm gerado impactos no

meio ambiente e nos fatores de risco de malária[22]. Desta forma, estes processos

estabelecem cenários, cuja necessidade de compreensão motiva a execução do estudo

sistemático, objeto deste estudo.

Estudos sistemáticos e processuais de malária tem se constituído de um grande

desafio para a epidemiologia. Este fato é devido à malária ser uma DIP, que acomete

principalmente regiões tropicais que abrigam um terço das florestas úmidas do planeta,

que concentram cerca de 30% da diversidade biológica mundial e apresenta imenso

potencial genético, princípios ativos de inestimável interesse econômico e social e oferta

de produtos florestais com alto valor no mercado[23][24][25]. A ocorrência desta

doença é relacionada a uma cadeia epidemiológica formada pelo homem, pelo vetor –

Anopheles – e pelo parasita – Plasmodium[26][27] e por questões ambientais e

socioeconômicas[28].

Esses estudos epidemiológicos sistemáticos têm mostrado a necessidade da

incorporação de novos modelos de análise da distribuição deste agravo, considerando

sua distribuição em áreas geográficas com diferentes características ambientais e

socioeconômicas, desafio este que tem sido solucionado, nas últimas décadas, pela

utilização da geomática[29].

A geomática é um conjunto de recursos computacionais voltados para viabilizar

processos de análises espaciais, constituindo-se de sistemas de informação que têm

coordenadas geográficas como elementos indexadores de seus dados, compondo

soluções em hardware e software, que juntos constituem ferramentas para a geração de

informações sobre fenômenos que ocorrem em um determinado espaço geográfico.

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Estas ferramentas podem integrar dados ambientais, socioeconômicos e de saúde,

identificando padrões de distribuição espacial de agravos e de condições de saúde de

populações humanas[30].

Neste contexto, estas ferramentas têm sido apontadas como integradoras em

análises de dados ambientais, sócio-econômicos e de saúde, que georreferenciados

permitem identificar padrões de distribuições espaço-temporais e tendências de doenças

e óbitos verificadas em uma determinada área geográfica, através de análises históricas

de eventos ocorridos[31][32].

As últimas décadas testemunharam uma evolução muito rápida de diversas áreas

do conhecimento, dentre estas, as ciências médicas, devido à incorporação de recursos

tecnológicos automatizados. Assim, a relação interdisciplinar que as ciências passaram a

ter contribuiu de forma significativa para o aumento da produção do conhecimento.

Como exemplo deste processo interdisciplinar de produção de conhecimento, tem as

análises ecoepidemiológicas, que consideram a dimensão espaço-temporal que a

informação em saúde intrinsecamente possui.

Desta forma, objetivou-se neste trabalho avaliar a distribuição espacial da

malária no Estado do Pará – Brasil, no Período de 2003 a 2011, correlacionando com

variáveis socioeconômicas e climáticas. Busca-se gerar informações voltadas ao

acompanhamento sistemático dos indicadores de malária. Geograficamente, ao longo do

processo de ocupação humana, vários impactos ambientais têm provocado pressões,

ocasionando fatores de risco a determinadas doenças, incluindo a malária[33][34]. Este

fato é comprovado pelo Sistema Nacional de Vigilância em Saúde que identifica 48

municípios críticos para malária no Brasil, sendo 25% localizados no Estado do Pará.

Desta forma, estes processos estabelecem padrões de ocorrências, cuja necessidade de

compreensão motiva a execução do estudo sistemático, objeto deste estudo.

MATERIAL E MÉTODOS

Procedimentos éticos

Não foram coletados materiais biológicos humanos. O estudo foi desenvolvido a

partir de dados secundários, de domínio público e as informações dos pacientes foram

preservadas a partir da utilização de geocódigos, que são mecanismos formais de

indexação de informações descritivas acerca das características de dados espaciais,

gerados com técnicas de geoprocessamento e banco de dados relacionais com aplicação

direta, também em estudos ecoepidemiológicos. Os geocódigos armazenaram

informações relacionadas a características epidemiológicas dos pacientes, confirmados

laboratorialmente e proporcionaram a organização interna do banco de dados para que

todos os dados estivessem indexados e pudessem ser acessados de forma fácil e ágil.

Esse mecanismo permitiu a análise dos dados utilizando-se operações que envolveram

apenas o espaço – proximidade e tamanho, e as relacionadas à modelagem estatística do

espaço com seus dados[35].

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Área de trabalho

Foram utilizadas informações correspondentes ao Estado do Pará, localizado

entre as coordenadas 02º 27’ 45,463” e -10º 02’ 43,867” de latitude sul e -59º 08’

32,704” e -45º 47’ 44,463” de longitude oeste, que tem clima equatorial, ocupa uma

área de 1.248,042 km² e população estimada em 7.740,195 habitantes. É o segundo

maior Estado do Brasil, dividido em 144 municípios e está localizado no centro da

região norte, na Amazônia, tendo como limites o Suriname e o Amapá ao norte, o

oceano Atlântico a nordeste, o Maranhão a leste, Tocantins a sudeste, Mato Grosso a

sul, o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. Seus principais rios são

Amazonas, Tapajós, Xingu, Jari, Tocantins, Pará e sua vegetação é predominante de

mangues no litoral, campos na Ilha de Marajó, cerrado e Floresta Amazônica[36].

Bancos de dados

Todos os dados utilizados são secundários, como: bases cartográficas na escala

1:250.000[37] e do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH[38] do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, dados meteorológicos cedidos pelo

Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, dados pluviais disponibilizados pela

Agencia Nacional de Águas - ANA e do Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM.

Com relação aos dados epidemiológicos, utilizaram-se dados dos Sistemas de

Informação em Saúde - SIS do Ministério da Saúde - MS: Sistema de Informação de

Vigilância Epidemiológica da Malária – SIVEP-Malária. Todos os dados foram

adquiridos nos sites oficiais das instituições, sendo todas de domínio público.

Depuração e estatística

Foram depuradas as redundâncias, incompletudes e atributos desnecessários

oriundos dos bancos de dados dos SIS, utilizando o software Tabwin 32,

disponibilizado pelo Ministério da Saúde.

Para avaliar se o total mensal de ocorrências positivas para malária apresentava

correlação com a deficiência hídrica, fez-se o levantamento dos dados do agravo por

local de infecção cruzando-se com o Plano de Informação - PI de máxima deficiência

hídrica, onde os balanços hídricos foram calculados considerando-se uma capacidade de

água disponível no solo de 300 mm, conforme os pressupostos metodológicos[39], no

Estado do Pará, criando-se uma série histórica descritiva.

Na área de estudo, o risco de contrair a doença é medido de acordo com a

Incidência Parasitária Anual (IPA)[40] que é classificado como sendo de alto (IPA ≥

50), médio (IPA 10 ≥ 49.9) ou baixo (IPA de 0.1 ≥ 9.9) risco de transmissão[41]. Neste

estudo, o IPA foi calculado a partir das bases de dados dos SIS no período de 2003 a

2011. Para tanto, foi necessário calcular a população estimada por ano de estudo e em

seguida efetuar o cálculo do fator de risco pela equação IPA:

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Em que: IPA: Incidência Parasitária Anual de casos por 1.000 habitantes (‰); NEP:

número de exames positivos no período e P: número da população no período.

Foi desenvolvido o cálculo do primeiro quartil (Q ¼) e terceiro quartil (Q ¾)

para que pudesse identificar Amplitude Interquartil (IQR), pela fórmula:

IQR= Q¾ - Q ¼

A partir do IQR, foi calculada a mediana para desenvolver o boxplot do IPA

anual, identificando possíveis dispersões de ocorrências do agravo ao longo do período

do estudo. Com isso, pode-se identificar a disparidade do IPA, mostrando os anos de

maior expressividade.

Para o processamento e interrelacionamento espacial das bases de dados

depuradas dos SIS e cartográficas, foram utilizadas técnicas de junções (join e

joinSpatial)[42] com o software ArcGis 10.

Foi realizada a interpolação do IPA calculado e deficiência hídrica, a partir do

modelo estatístico denominado “inverso das distâncias” (Interpolador IDW). O modelo

se baseia na dependência espacial, isto é, supõe que quanto mais próximo estiver um

ponto do outro, maior deverá ser a correlação entre seus valores, ou seja, os eventos de

tempo e clima são expressos pelas mesmas condições atmosféricas. Desta forma,

atribui-se maior peso para as amostras mais próximas do que para as amostras mais

distantes do ponto a ser interpolado. Assim, o modelo consiste em se multiplicar os

valores das amostras pelo inverso das suas respectivas distâncias do ponto de referência

de interpolação dos valores[43].

A interpolação serviu para expressar os bancos de dados no formato de mapas

temáticos, referente ao período de 2003 a 2011.

Foram correlacionados os dados de deficiência hídrica, considerando a

Capacidade de Água Disponível no solo (CAD), igual a 300mm, o IPA e o IDH, dos

anos de maior variação do IPA, ou seja, os anos que formaram clusters do agravo no

Estado do Pará.

Posteriormente, foram geradas análises que permitissem subsidiar a tomada de

decisões dos gestores da rede pública de saúde do Estado do Pará, quanto às estratégias

para o controle da malária neste Estado.

1000*P

NEPIPA

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RESULTADOS

Foi observado que no período de alta oferta pluvial os casos de notificação

foram inferiores a 80 mil, no período analisado. Todavia, a partir do inicio dos meses

que se inicia a deficiência hídrica, os valores de ocorrência aumentaram de maio a

agosto, evidenciando possíveis efeitos da contribuição da escassez de água no solo para

alimentar os corpos hídricos, onde predominam a incidência do hospedeiro da malária

(Figura 1). Nesses meses (maio a agosto) o aumento da deficiência hídrica, coincide

com o aumento no número de notificação por malária, atingindo incrementos de

aproximadamente 143% (de 73.409 para 104.414 casos). Já o período de agosto a

dezembro quando a deficiência hídrica atinge valores entre 85 a 115 mm com os solos

mais secos reduzem os efeitos de proliferação do mosquito, decrescendo as ocorrências

de malária. Nos meses de janeiro a abril quando não há déficit hídrico no solo, os

registros sofrem decréscimo, sendo no mês de abril as menores taxas de ocorrência de

malária.

Figura 1 – Curvas da distribuição mensal de ocorrência da malária

comparadas com a valores (mm) de deficiência hídrica

Fonte: Gráfico elaborado pelo primeiro autor

Ao avaliar a distribuição anual de casos positivos para malária (IPA), verificou-

se maior expressividade em 2005. Ficou evidenciado que a partir deste período ocorreu

uma disparidade do IPA do agravo (Figura 2), considerando que a mediana possui um

valor baixo comparado com IQR e o valor máximo do IPA. Esses valores evidenciam

Oco

rrên

cia

da

mal

ária

Def

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rica

(m

m)

Meses

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40

que muitos municípios possuem um valor médio de IPA e poucos possuem um IPA alto.

Ao avaliar o IPA, nota-se que existem áreas de concentração do agravo ao longo do

Estado do Pará, no período da análise, sendo mais expressivo nos anos de 2005, 2009,

2010 e 2011.

Figura 2-Boxplot da série histórica anual do IPA

Fonte: Gráfico elaborado pelo primeiro autor

Em 2005, a malária foi registrada em todo o Estado do Pará, porém mais

concentrada nas regiões a sudoeste e principalmente nordeste do Estado (município de

Anajás) e no entorno da represa de Tucuruí. Para todos os anos as concentrações de

ocorrências da malária foram localizadas em uma faixa de deficiência hídrica de 30 a

120 mm.

Para os quatro anos de maiores variações do IPA, a localização espacial do

agravo foi recorrente principalmente em municípios com IDH < 0,65 e apenas em

Cametá e Itaituba com IDH de 0,65 a 0,74 e em Novo progresso e Tucuruí com IDH >

0,75.

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41

Figura 3 – Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica comparada às

ocorrências da malária em 2005, no Estado do Pará

Fonte: Mapa elaborado pelo primeiro autor

No período de 2005 a 2008 o IPA reduziu, aumentando a partir de 2009 (Figura

4). Já em 2009 a malária ocorreu na mesma área do ano de 2005, com menos

expressividade, com exceção da região norte, onde ficou concentrada, principalmente

no município de Anajás, conforme Figura 4.

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Figura 4 – Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica comparada às

ocorrências da malária em 2009, no Estado do Pará

Fonte: Mapa elaborado pelo primeiro autor

Em 2010 e 2011, o agravo acompanhou a dinâmica de distribuição espacial do

ano anterior de maiores ocorrências, havendo um deslocamento da concentração

principal, atingindo os municípios localizados ao Sul de Anajás (Figura 5).

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Figura 5 – Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica comparada às

ocorrências da malária em 2010, no Estado do Pará

Fonte: Mapa elaborado pelo primeiro autor

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Figura 6 – Distribuição espacial do IDH e deficiência hídrica comparada às

ocorrências da malária em 2011, no Estado do Pará

Fonte: Mapa elaborado pelo primeiro autor

Nos mapas observam-se três grandes zonas (clusters), no centro da ilha do

Marajó, no entorno da hidrelétrica de Tucuruí e no sudoeste do estado, corroborando

com resultados apontados por diversos autores. Muitos destacam que a malária possui

forte relação homem-ambiente. A construção de estradas, projetos agropecuários,

assentamentos, extrativismo vegetal e/ou mineral, exploração de madeira, entre outros,

provocam profundas modificações ambientais, rompendo o equilíbrio ecológico das

áreas que sofreram pressão desses agentes antrópicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apresentados reforçam que a transmissão da malária pelo vetor

Anopheles, depende de condições ambientais propícias[44]. Uma destas condições é a

disponibilidade de água no solo, pois à medida que aumenta o déficit hídrico, a partir de

maio, também aumenta o número de casos positivos da doença, tendo uma alta

correlação.

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45

O agravo respondeu às variáveis climáticas avaliadas, evidenciando que nos

extremos da deficiência hídrica são registradas as menores taxas da doença,

considerando que sob essas condições ocorrem reduções ou destruição dos criadouros,

sejam naturais ou artificiais[45]. Ficou destacado também que a deficiência hídrica

predominante à proliferação do agravo fica na faixa entre 30 e 120 mm.

Assim, observa-se que o Estado do Pará apresenta condições favoráveis para

proliferação do agravo e que este acometimento ocorre em todo o estado[46], porém

registrou-se uma discrepância no acometimento. Esta discrepância indica que muitos

municípios estão próximos de uma média IPA e poucos municípios têm alto IPA. Isso

comprova que existem zonas (clusters), em que os casos são mais concentrados, a partir

das características avaliadas, pois favorecem ao fechamento do ciclo da doença[47].

Há três grandes zonas (clusters) de concentração de maiores ocorrências de

malária que merecem atenção em programas de saúde pública no Pará, indicando que

essas áreas necessitam de mais atenção considerando que em todo o período analisado

os focos do agravo se mantiveram nas mesmas regiões.

Em todos os anos analisados, os aglomerados epidemiológicos do agravo foram

mais expressivos nas áreas críticas[48], mostrando respostas em termos de variáveis

climáticas e socioeconômica à intensificação da malária.

A partir do IDH, verificou-se que a malária diferentes faixas [49], porém fica

evidente que nas áreas de clusters, que responderam à variável deficiência hídrica, há

predominância de IDH inferior a 0,65, reforçando que os aspectos socioeconômicos às

demais variáveis analisadas podem expressar efeitos da malária no Estado do Pará em

áreas de baixo IDH.

Ao correlacionar e observar os dois anos de maior ocorrência do agravo (2010 e

2011) com o IDH onde foram aplicadas políticas públicas de distribuição de

mosquiteiros (34.000) impregnados de inseticida de longa duração, para municípios

selecionados utilizando um indicador composto ponderado, constata-se que está medida

não foi eficaz para o controle do agravo sendo necessária a implementação de novas

políticas públicas de prevenção do agravo.

Notas

[1] Organização Mundial da Saúde, 2011.

[2] Costa, 1998.

[3] Andrade, 2010.

[4] Barbier, 2007.

[5] Bruce-Chwatt, 1988.

[6] Barcelos, 1996.

[7] Bousquat, 2000.

[8] Ferreira, 2000.

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46

[9] Edler, 2001.

[10] Viana, 2011.

[11] Argento, 2013.

[12] Veiga, 2001.

[13] Kubo, 1995.

[14] Gurgel, 2012.

[15] Sabroza, 1992.

[16] Honório, 2009

[17] Brasil, 2012

[18] Guia de Vigilância Epidemiológica, 2009.

[19] Veiga, 2008.

[20] Goldsten, 2012

[21] Gasparetto, 2010

[22] Vasconcelos, 2006.

[23] Miguel, 2007

[24] Braga, 2010.

[25] Dias, 2010.

[26] Ferraroni, 1983

[27] Forattini, 2002.

[28] Dias, 2004.

[29] Terrazas, 2005.

[30] Rosa, 2009.

[31] Waldman, 1998.

[32] Waldman, 2012.

[33] Souza, 2000.

[34] Parente, 2008.

[35] Brasil, 2007.

[36] IBGE, 2010.

[37] Escala geográfica regional, capaz de cobrir toda a área de estudo, segundo

metodologia adaptada da Capacitação e Atualização em Geoprocessamento em Saúde

do Ministério da Saúde.

[38] É uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do

desenvolvimento humano: renda, educação e saúde.

[39] Metodologia desenvolvida por Martorano et al. (2011) cedida para o

desenvolvimento deste trabalho.

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47

[40] Estima o risco de ocorrência da malária, numa determinada população em intervalo

de tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir a doença.

[41] Tauil, 2011.

[42] Técnicas de união de dados vetoriais do tipo ponto e linha, sendo de: uma para

várias e várias para várias.

[43] Varella, 2008.

[44] Barbosa, 2011.

[45] Tavares, 2005.

[46] Brasil, 2012.

[47] Renault, 2007.

[48] Secretaria de Vigilância em Saúde, 2011.

[49] Achcar, 2011.

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Distribuição espaço-temporal da malária associada às condições climáticas no

Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011

Douglas GASPARETTO1;

Lucieta Guerreiro MARTORANO2;

Giselle Maria Rachid VIANA3;

Cléa Carneiro Nazaré BICHARA4.

1 Laboratório de Geoprocessamento, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia,

Universidade do Estado do Pará. Tv. Enéas Pinheiro, 2626, Marco, Belém – PA, Brasil.

[email protected]

2 Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental. Trav. Dr. Enéas Pinheiro s/n, Marco,

Belém – PA, Brasil.

[email protected]

3 Seção de Parasitologia, Instituto Evandro Chagas, BR-316 km 7 s/n – Levilândia,

Ananindeua – PA, Brasil.

[email protected]

4 Departamento de Saúde Comunitária, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.

Universidade do Estado do Pará. Trav. Perebebuí, 2623, Marco, Belém – PA, Brasil.

[email protected]

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53

Distribuição espaço-temporal da malária associada às condições climáticas no

Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011

RESUMO

A Organização Mundial de Saúde aponta a malária como uma doença parasitária

tropical com severos impactos socioeconômicos. A Amazônia concentra 99% dos casos

que ocorrem na América do Sul, embora seja um agravo de baixa letalidade, sua

presença é preocupante. Objetivou-se avaliar a distribuição espaço-temporal da

positividade do agravo com variáveis climáticas, no período de 2003 a 2011 para

identificar possíveis correlações entre esses fatores bióticos e abióticos e, subsidiar

estratégias em programas de controle da doença no Estado do Pará. Utilizaram-se dados

secundários de domínio público e informações da literatura, sendo as análises espaciais

usando técnicas de geomática e geoestatística e, as avaliações temporais, usando

estatística descritiva. Avaliaram-se efeitos térmicos e hídricos usando dados de

precipitação pluvial, temperatura do ar e deficiência hídrica com uma capacidade de

água disponível no solo de 300 mm. Correlacionou-se totais pluviais no período de

julho a setembro com a positividade do agravo. Observou-se nos nove anos analisados

948.142 casos de malária, sendo as maiores ocorrências no período de julho a setembro,

totalizando 32% dos casos, coincidindo com os meses de maior deficiência hídrica, nas

três zonas de concentração do agravo, sendo uma no centro da ilha do Marajó, outra no

entorno da represa de Tucuruí e, a terceira no município de Jacareacanga. Verificou-se

que é possível estimar os efeitos pluviais sobre o agravo, com 93% de probabilidade, no

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período de maior estiagem nas zonas de concentração. Conclui-se que a distribuição

espaço- temporal da malária responde aos efeitos do clima, no Estado do Pará.

PALAVRAS-CHAVE: Geomática, Precipitação Pluvial, Amplitude Térmica.

Malaria spatial-temporal distribution, associated with state of Pará - Brazil

climate conditions, in a nine years period, 2003 to 2011

ABSTRACT

The World Health Organization points that Malaria is a tropical parasitic disease, with

socioeconomics impacts. 99% of Malaria cases in South America concentrates at

Amazonia Region, and even if it has a low lethality rate, its presence is concerning. This

study amid to evaluate the spatial - temporal distribution of cases positivity directly

related to the weather conditions, from 2003 to 2011, to recognize a possible

interconnection between these biotic and abiotic factors and also subizide strategies in

disease control programs at Para. The research used secondary data from public domain

and literature information, using geomantic and geostatics techniques for spatial

analysis and descriptive statistics to temporal evaluations. Thermal and hydric effects

were also measured using data from rainfall, air temperature and hydro deficit with a

300 mm of available water capacity in soil. The results showed a correlation between

rainfall totals and the occurrences of malaria positive cases from July to September. In

these nine chosen years were registered 948.142 cases with the majority (32%)

happening in this exactly trimester, matching with the most hydro defective months in

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three hotspots or clusters: one on Marajo island center; other surrounding Tucurui lake

and the third one in Jacareacanga city. With that basis became possible to estimate the

pluvial effects upon the grievance, reaching 93% probability of success, at hotspots

higher drought season. Concluding with this that the malaria spatial - temporal

distribution responds to climate effects and changes, in the state of Para.

KEYWORDS: Geomatics, Rainfall, Thermal Amplitude.

INTRODUÇÃO

A malária é uma doença infeciosa (Brasil 2012) considerada um dos

mais sérios e complexos problemas de saúde pública que, ainda no século XXI (WHO

2008) é responsável por grandes impactos sociais e econômicos, capaz de reduzir em

1/3 as taxas de crescimento econômico em mais de 100 países endêmicos, por se

encontrar em áreas com características climáticas, ambientais e socioeconômicas

favoráveis à sua dinâmica de transmissão (Santos 2010). Em 1970 foram notificados

66.689 casos de malária no Brasil que aumentaram significativamente a partir de 1975

(Marques 1986; Veronesi 2002). Em 2000, o governo federal criou o Plano de

Intensificação de Ações de Controle da Malária (PIACM), obtendo redução das

notificações de casos em 2003 para 206.718, sendo que 99,9% destes estavam

concentrados na Amazônia brasileira (Sawyer 1985), alcançando 807 municípios (WHO

2008).

Em 2003, houve a implantação do Programa Nacional de Prevenção e

Controle da Malária (PNCM), que permitiu uma redução de 2.64% no número de casos

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de malária na região Amazônica em relação ao ano de 2002, contribuindo para a

diminuição de 11.86% no número de infecções por P. falciparum (SVS/MS, 2003).

Todavia, no ano seguinte foram detectados 459.013 casos de malária na Amazônia

Legal, representando um acréscimo de 12.5% comparado ao ano anterior (SVS/MS,

2004), demonstrando a ausência de sustentabilidade das ações de controle da malária na

região Amazônica em consequência, sobretudo, dos problemas técnico-científicos,

operacionais e políticos enfrentados nesta região (Loiola et al. 2002; Ladislau et al.

2006).

Estudos mostram que algumas características ambientais da Amazônia

brasileira são relevantes não apenas para a determinação dos quadros epidemiológicos,

como também, para implicações em relação à assistência à saúde (Brasil 2008).

Concomitantemente, a situação da malária piora ao se analisar o processo de migração

interno, relacionado à expansão da fronteira agrícola, madeireira, à construção de

rodovias e hidroelétricas e às atividades de garimpo e mineração desenvolvidas no

Estado do Pará. Este movimento migratório desordenado dificulta o controle da malária,

permitindo um enorme fluxo de pessoas não-imunes para áreas de alta transmissão.

Além disto, permite o refluxo de indivíduos com a infecção para regiões onde a

transmissão já fora interrompida, possibilitando, eventualmente, sua reintrodução

(Martins et al. 2006).

Na Amazônia, a transmissão da malária é facilitada pelas condições

climáticas (WHO 2008), visto que a interação entre precipitação, evaporação e

temperatura, modula a umidade do ambiente e favorece a sobrevida e atividade dos

vetores do gênero Anopheles em oposição aos extremos climáticos de precipitação

pluvial onde são identificados os menores índices de positividade da doença,

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considerando que com estas características ocorre a diminuição ou destruição dos

criadouros, sejam naturais ou artificiais (Tavares 2005). A capacidade vetorial do

gênero Anopheles pode variar com a temperatura do ar, tendo maior expressão na faixa

térmica entre 22 ºC e 30 ºC (WHO 2008), que favorece o aumento do tempo de vida,

bem como o número de repastos sanguíneos feito pelas fêmeas, assim como favorece a

redução do ciclo aquático do vetor de 20 para 7 dias e o intervalo de tempo entre a

emergência e oviposição (Molineaux 1988).

Também são fatores maximizadores do risco de transmissão o início e

o fim da estação chuvosa, quando os solos estão mais úmidos e a variação do nível da

água nos rios e igarapés propicia a formação de criadouros naturais e artificiais de

mosquito em suas margens (Kondrashin 1992). O desenvolvimento do ciclo de

transmissão desta doença, não depende apenas das características naturais do meio

como clima, regime pluviométrico, entre outros (Tauil 2011), que favorecem a maior

articulação do agente infeccioso causador da doença, mas também pela presença do

homem, cujo sangue serve de alimento aos vetores transmissores (Barbier e Sawyer

2000), atuando como hospedeiro vertebrado (Wagley 1964). Em áreas em que prevalece

certo equilíbrio ecológico, as populações de mosquitos e do homem permanecem em

um estado estável, as condições naturais do meio são pouco modificadas e a doença se

mantém em níveis estáveis de acometimento nas populações humanas (IPCC 2012).

Desta forma, objetivou-se neste trabalho avaliar a distribuição espaço-

temporal dos casos de malária associada à condições climáticas no Estado do Pará –

Brasil, no período de 2003 a 2011, para subsidiar estratégias de programas de controle

da doença neste Estado.

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MATERIAL E MÉTODOS

PROCEDIMENTOS ÉTICOS

As informações dos pacientes foram preservadas a partir da utilização

de geocódigos, que são mecanismos formais de indexação de informações descritivas

acerca das características de dados espaciais, gerados com técnicas de

geoprocessamento e banco de dados relacionais com aplicação direta, também em

estudos ecoepidemiológicos (Brasil 2012). Os geocódigos armazenaram informações

relacionadas a características epidemiológicas dos pacientes, confirmados

laboratorialmente, com malária no Estado do Pará e proporcionaram a organização

interna do banco de dados para que todos os dados estivessem indexados e pudessem

ser acessados de forma fácil e ágil. Este mecanismo permitiu a análise dos dados

utilizando-se operações que envolveram apenas o espaço – proximidade e tamanho, e as

relacionadas à modelagem estatística do espaço com seus dados (Brasil 2007).

ÁREA DE TRABALHO

Utilizou-se base de dados disponíveis, correspondentes às informações

do Estado do Pará, localizado entre as coordenadas 02º 27’ 45,463” e -10º 02’ 43,867”

de latitude sul e -59º 08’ 32,704” e -45º 47’ 44,463” de longitude oeste, que ocupa uma

área de 1.248,042 km² e população estimada em 7.740,195 habitantes (IBGE 2010). É o

segundo maior Estado do Brasil, dividido em 144 municípios e está localizado no centro

da Região Norte, na Amazônia, tendo como limites o Suriname e o Amapá ao norte, o

oceano Atlântico a nordeste, o Maranhão a leste, Tocantins a sudeste, Mato Grosso a

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sul, o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. Sua capital é Belém, estando

a uma altitude média de 9 metros em relação ao nível do mar (IBGE 2010).

BANCOS DE DADOS

O referido trabalho foi realizado a partir de fontes de dados

secundárias, como: bases cartográficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

- IBGE na escala 1:250.000, dados meteorológicos cedidos pelo Instituto Nacional de

Meteorologia - INMET, dados pluviais disponibilizados pela Agencia Nacional de

Águas - ANA e pelo Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM. Com relação aos

dados epidemiológicos, utilizaram-se dados dos Sistemas de Informação em Saúde -

SIS do Ministério da Saúde - MS: Sistema de Informação de Localidades – SISLOC e

do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária – SIVEP-Malária.

Todos os dados foram adquiridos nos sites oficiais das instituições, sendo todas de

domínio público. A aquisição dos dados foi feita por meio de solicitações por

formulários eletrônicos, sendo solicitados com as seguintes especificações: dados por

município de infecção, mês e ano, referentes ao Estado do Pará, no período de 2003 a

2011.

DEPURAÇÃO E ESTATÍSTICA

Para a descrição do índice de positividade da doença no período do

estudo, foi feito uma depuração das redundâncias, incompletudes e atributos

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desnecessários oriundos dos bancos de dados dos SIS, utilizando-se o software Tabwin

32.

Para avaliar se o índice de positividade apresentava respostas

associadas às condições climáticas, fez-se o levantamento dos dados do agravo por local

de infecção cruzando-se com o Plano de Informação - PI de deficiência hídrica anual,

onde os balanços hídricos foram calculados considerando-se uma capacidade de água

disponível no solo de 300 mm, conforme os pressupostos metodológicos descritos em

Martorano et al (2011). Posteriormente, contabilizou-se o total de precipitação pluvial

correspondente ao trimestre que inicia o período de deficiência hídrica nas áreas

identificadas como de maior positividade para o agravo. Também foi calculada a

amplitude térmica do trimestre para verificar se havia respostas do número de

positividade e as condições térmicas nas áreas de maior acometimento do agravo no

Estado do Pará, criando-se uma série histórica e expressando os bancos de dados no

formato de mapas temáticos, referente ao período de 2003 a 2011.

Foi correlacionado a precipitação pluvial com a positividade da

malária no trimestre de maior acometimento do agravo, utilizando a função sigmoidal

do algoritmo backpropagation que é derivado do modelo perceptron/adaline

(Rumelhart e Mcclelland 1986), devido sua robustez e baixo tempo de processamento

(Widrow e Lehr 1990), com o software SigmaPlot 12.3.

Nas áreas da Bacia Amazônica, o risco de contrair a doença é medido

de acordo com o Índice de Positividade Anual (IPA), que classifica a área como sendo

de alto (IPA ≥ 50), médio (IPA de 10 ≥ 49.9) ou baixo (IPA de 0.1 ≥ 9.9) risco de

transmissão (Tauil 2011; Brasil 2007). Neste estudo, o IPA foi calculado a partir das

bases de dados dos SIS no período de 2003 a 2011. Para tanto, foi necessário calcular a

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população estimada por ano de estudo e, em seguida efetuar o cálculo do fator de risco

IPA:

Em que: IPA: Índice de Positividade anual de casos por 1.000 habitantes (‰); NEP:

número de exames positivos no período e P: número da população no período.

Para o processamento e interrelacionamento espacial das bases de

dados depuradas dos SIS e cartográficas, foram utilizadas técnicas de junções (join e

joinSpatial) com o software ArcGis 10.

Foi realizada a interpolação das variáveis climáticas (precipitação

pluvial e amplitude térmica) a partir do modelo estatístico denominado “inverso das

distâncias” (Interpolador IDW). O modelo se baseia na dependência espacial, isto é,

supõe que quanto mais próximo estiver um ponto do outro, maior deverá ser a

correlação entre seus valores, ou seja, os eventos de tempo e clima são expressos pelas

mesmas condições atmosféricas. Desta forma, atribui-se maior peso para as amostras

mais próximas do que para as amostras mais distantes do ponto a ser interpolado.

Assim, o modelo consiste em se multiplicar os valores das amostras pelo inverso das

suas respectivas distâncias do ponto de referência de interpolação dos valores (Varella e

Sena Junior 2008).

Posteriormente, foi configurada a estruturação topológica, que permite

identificar as relações espaciais inerentes ao posicionamento relativo dos objetos,

independentes de suas dimensões ou coordenadas nos planos de informações.

1000*P

NEPIPA

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62

Para mostrar as informações geradas e processadas, foi aplicada a

técnica de álgebra de mapas nos planos de informação. Já para a sobreposição das bases

de dados e expressão dos possíveis hotsplots, a distribuição da malária (cada ponto no

mapa representam 60 casos positivos) e precipitação pluvial, em mapas temáticos,

utilizou-se os softwares Terra View 4.1 e ArcGis 10.

Posteriormente, foram geradas análises que permitissem subsidiar a

tomada de decisões dos gestores da rede pública de saúde do Estado do Pará, quanto às

estratégias para o controle da malária neste Estado.

RESULTADOS

No período entre 2003 e 2011 contabilizou-se 1.323,270 casos de

malária no Estado do Pará, sendo considerados casos confirmados laboratorialmente

948.142, que correspondem a 72% das notificações. Os resultados evidenciaram para

todo o período do estudo, que há três expressivos clusters do agravo (Figura 1),

localizados no centro da Ilha do Marajó (norte do Estado), nas proximidades do

município de Jacareacanga (sudoeste do Estado) e, no entorno da hidrelétrica de

Tucuruí (leste do Estado).

Foi observado elevado índice de positividade em todo o período

analisado, com maior ocorrência registrada nos anos 2005, 2010 e 2011, para todo o

estado, que consolidaram aproximadamente 41% do total das infecções, assim

distribuídas: 103.455 (2005), com redução até 69.905 (2008), seguindo de posterior

elevação até 136.586 casos em 2010 casos, mantendo-se estabilizado em 2011 com

134.865 casos positivos. Este alto número de casos positivos se manteve elevado, em

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média geral, nas três áreas dos clusters, porém o ano de maior positividade do agravo

foi 2009 para a região de Anajás (Figura 2). Isto foi devido ao alto número de casos do

agravo nos municípios próximos, como Oeriras do Pará e Cametá.

Na correlação da distribuição espacial da precipitação pluvial com os

anos de maior índice de positividade do agravo, observou-se alta correlação com a

distribuição espacial do IPA. Foi possível ainda, observar que as maiores taxas de

ocorrência têm sua localização espacial em regiões com condições de precipitação

pluvial média, considerando as características climáticas do Estado.

A precipitação pluvial nos anos de maior positividade de ocorrência

da malária variou de 876 a 3.260 mm em 2005 (Figura 3), de 1.236 a 3.280 mm em

2010 (Figura 4) e de 1.731 a 3.704 mm em 2011 (Figuras 5). Foi possível identificar

que as maiores taxas do agravo, considerando-se as características pluviais do Estado do

Pará, ocorreram em 2005 com uma variação na intensidade das chuvas entre 1.953,93 a

2.730,72 mm, 2010 entre 1.967,13 a 2.332,54 mm e 2011 entre 2.289,28 a 2.846,17

mm.

Ao avaliar os meses com maior positividade do agravo, percebeu-se

nitidamente que o período crítico foi de junho a agosto, independente do ano e que

responsável por aproximadamente 32% das 948.142 notificações positivas, coincidindo

com o período de redução da oferta pluvial na região, que inicia em abril e se estende

até novembro. Mas, é no período de julho a setembro que os casos são mais

expressivos, nas três áreas de maior positividade da malária, ou seja, no trimestre com

maior deficiência hídrica nas três regiões, apresentadas na Figura 1. Assim sendo, ao

contabilizar o total de eventos pluviais no período de menor oferta e classificar em

ordem crescente eventos e positividade, encontrou-se correlação descrita por uma

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função sigmoidal, indicando que mesmo no período de menor oferta pluvial, ainda há

efeitos pluviais na intensificação no índice de positividade média que foi expresso pela

função IPM.

IPM = _________261402,3_______

{1 + EXP [-( PRPtri – 518,3)]}

64,4

Em que: IPM = Índice de Positividade Média; PRPtri, refere-se ao total de precipitação

pluvial no trimestre de julho a setembro.

Pela equação, é possível estimar o potencial de positividade nas áreas

de maior positividade para malária, com aproximadamente 93% de probabilidade dos

efeitos pluviais na expressividade no agravo. Essas evidências indicam que no período

que reduzem a oferta pluvial nas zonas investigadas, os anos em que os totais são

superiores a 200 mm, no trimestre há um crescimento acentuado, sendo que a cada 50

mm adicionais, os números de casos aumentam em progressão geométrica até totais de

300 mm pluviais, propiciando condições favoráveis a proliferação dos criadouros, a

oviposição, bem como a eclosão dos ovos.

A amplitude térmica nos meses e anos de maior positividade da

malária, com IPA ≥ 50, foi identificada em uma faixa variável nos intervalos de 9 a 10

0C em julho, de 9 a 11

0C em agosto e de 10 a 12

0C em setembro de 2005; de 10 a 11

0C em julho, de 9 a 10

0C em agosto e setembro de 2010; e de 8 a 10

0C em julho e

agosto e de 10 a 11 0C em setembro de 2011 e registrando uma média geral, para o

período de 2003 a 2011 no Estado do Pará, em torno de 10 0C.

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65

DISCUSSÃO

Os resultados apresentados reforçam que a transmissão da malária

pelo vetor Anopheles, depende de condições ambientais propícias, corroborando com

DNDI (2011) que destaca a influência do calor, umidade e vegetação abundante para

propiciar o ciclo do agravo. Os vetores migram com a elevação das temperaturas e

representam uma ameaça à saúde humana (Barros 2006).

Assim, observa-se que o Estado do Pará apresenta condições propícias

para a proliferação da malária, onde no período estudado foram diagnosticados 948.142

casos positivos da doença, porém acredita-se que este número seja maior que o

observado, considerando a subnotificação proveniente de lugares de grandes distâncias

e difícil acesso (Castro e Singer 2007). Concordando com informações divulgadas no

jornal “The Lancet”, citadas por Castro (2008) onde destaca que um dos fatores que

pode ocasionar o aumento esporádico do número de malária é o que foi observado no

período de nove anos, de 2001 a 2010, em que os remédios são cada vez menos

eficazes, e que o número de pacientes que demonstra sinais de resistência aumentou em

cerca de 20% e outro fator maximizador para o número de acometimentos pela infecção,

combinado com as condições ambientais, são os fatores climáticos (Fundação Oswaldo

Cruz 2007).

A título de exemplo, o Projeto Análise da Vulnerabilidade da

População Brasileira aos Impactos Sanitários das Mudanças Climáticas, realizado pela

Fundação Oswaldo Cruz (2007), em estudo retrospectivo sobre a vulnerabilidade da

população brasileira quando submetida a eventos climáticos extremos e às endemias

sensíveis às oscilações climáticas, demonstrou que dentre os Índices Sintéticos de

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Malária nos Estados Brasileiros - ISMEB, o Pará alcançou o pior grupo, reforçando a

importância das análises interdisciplinares, integrando fatores bióticos e abióticos.

Eventos climáticos como El Niño e La Niña são mecanismos que

alteram o comportamento atmosférico em escala global e regional, respectivamente,

onde as mudanças ocasionadas no período de sua ocorrência são relevantes, por

provocarem alterações na relação clima e dinâmica das doenças infecciosas regionais

(Ribeiro et al. 2003). No período de estudo, o Estado do Pará teve as maiores taxas da

doença nos anos 2005, 2010 e 2011. Em 2005, o agravo pode estar relacionado aos

fortes efeitos do fenômeno El Niño. Coutinho et al. (2010) ressalta que no período de

2004 a 2006 os efeitos de La Niña e El Niño modularam as condições de tempo e clima,

na Amazônia. Além disto, vale também ressaltar o fenômeno da resistência do P.

falciparum à Cloroquina, droga utilizada para o tratamento da malária por P. falciparum

não-complicado até 2005 no Brasil (Brasil 2006; Zalis 2000; Hyde 2007).

Outro fator importante foi à melhoria dos sistemas de notificações,

com a implementação do SIVEP-Malária em 2003 que passou a registrar de forma mais

eficiente as notificações do antigo SISMAL. Nos anos de 2010 e 2011, a malária pode

ter sofrido influência da capacidade resolutiva dos sistemas de saúde e dos programas

de vigilância e controle para diagnósticos e tratamento precoces, em termos

governamentais (Confalonieri 2005). As eleições estaduais de 2010 podem também ter

influenciado no aumento de notificações positivas, devido à ocorrência de mudanças do

efetivo técnico da área de saúde, onde o IPA foi considerado alto, ou seja, ≥ 50, de

acordo com Brasil (2007). Estas evidências associadas a média de precipitação anual

dos três anos analisados, reforçam que o agravo responde aos efeitos de variáveis

climáticas. Os totais de chuva no período de julho a setembro, período de máxima

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estiagem nas zonas mais acometidas pelo agravo, influenciam diretamente no aumento

do índice de positividade, com uma probabilidade de 93% de eficácia do modelo

sigmoidal, apresentado.

Barbier e Sawyer (2007) destacam a influência da precipitação pluvial

na dinâmica da malária. Neste trabalho, observou-se que o acometimento do agravo foi

mais expressivo em áreas geográficas com condições climáticas que possuem uma

amplitude térmica média em torno de 10 0C, evidenciando que o vetor responde à

condições térmicas e hídricas específicas no Estado do Pará.

As zonas de maior acometimento do agravo apontadas neste trabalho

coincidem com as áreas mapeadas pelo Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e

2011, onde são ressaltados os dezenove municípios críticos no estado (Afuá, Altamira,

Anajás, Anapú, Bagre, Breves, Cametá, Curralinho, Goianésia do Pará, Ipixuna do Pará,

Itaituba, Jacareacanga, Mojú, Novo Progresso, Oeiras do Pará, Pacajá, Paragominas,

Portel e Tucuruí). Esses municípios contribuíram com 80% das notificações por malária

no ano de 2010, sendo que os 12 municípios mais críticos apresentaram Índices de

Positividade Anual (IPA), superior ou igual a 50 casos por mil habitantes,

caracterizando alto risco de contrair malária.

Essas zonas (clusters) estão localizadas em três grandes áreas: no

centro da ilha do Marajó, no entorno da hidrelétrica de Tucuruí e no município de

Jacareacanga e municípios limítrofes. Diversos autores relacionam o surgimento da

infecção às relações antrópicas e o meio ambiente, tais como: construção de estradas,

projetos agropecuários, assentamentos, extrativismo vegetal e/ou mineral, exploração de

madeira, entre outros, que provocaram profundas modificações ambientais por

romperem o equilíbrio ecológico daquele espaço. Portanto, ao se constatar que os

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clusters de malária resultam desta ruptura, consequência dos processos interativos entre

homem-ambiente, possivelmente a oscilação de casos pode estar associada à dinâmica

dessas relações (Sawyer 1985; Marques 1986; Sawyer 1996; Paula 1997; Barbier e

Sawyer 2000; Barbier e Sawyer 2007).

O cluster identificado no centro da ilha do Marajó, principalmente no

município de Anajás, tem apresentado o maior número de casos de malária do Estado

do Pará nos últimos 5 anos (Brasil 2012). De acordo com critérios estabelecidos pelo

Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária da Secretaria de Vigilância em

Saúde do Ministério da Saúde - PNCM/SVS/MS, anajás está classificado como um

município de alto risco por possuir um IPA superior a 50 casos para cada 1.000

habitantes (Tauil 2011). Estima-se que tenha sido gasto só no ano de 2008,

exclusivamente com o controle da malária em Anajás, cerca de 90% do recurso federal

destinado à vigilância e controle de doenças e agravos à saúde, o que equivale,

aproximadamente, a R$ 115.000,00 (Nóbrega 2011).

Os acometimentos no sudoeste paraense, no município de

Jacareacanga e região limítrofe, são relatados em estudos semelhantes à área em

questão, no norte do Mato Grosso, relacionados a um aumento dos casos de malária

devido ao processo de ocupação e uso da terra, com a ocorrência simultânea de

atividades de colonização agrícola e pecuária, do garimpo e da criação de núcleos

urbanos, com forte articulação entre a circulação de pessoas nessas áreas (Barbier

2000). Porém, em outras situações, também se percebe que os fatores, antes

determinantes para a ocorrência do agravo (como o garimpo), com o passar dos anos

foram sendo substituídos por outros fatores que ganham maior destaque, como o

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adentramento desordenado de núcleos populacionais urbanos sobre a floresta, o

desmatamento, entre outros (Barcelos e Bastos 1996).

Enquanto se observam áreas hipoendêmicas na Amazônia, com

relativa estabilidade da transmissão, notificam-se endemias em regiões de ocupação

recente (Camargo et al. 2004). Este é o caso da região de Tucuruí no Estado do Pará. O

cluster ao entorno da hidrelétrica de Tucuruí é proveniente do uso e ocupação da terra,

migração e crescimento desordenado da periferia do município e principalmente devido

à implantação do reservatório (Vasconcelos 2005).

Esta pesquisa pode contribuir para a tomada de decisões pelos

gestores municipais e estaduais da área de abrangência do estudo, sobretudo na

alocação/distribuição correta de recursos financeiros para as áreas mais críticas, afetadas

pelo agravo. A partir da equação desenvolvida, tendo como modelo os dados do período

de 2003 a 2011, é possível estimar probabilisticamente utilizando a variável

precipitação pluvial, o número de casos positivos da malária com uma margem de

acerto de 93% para as áreas mais acometidas. Com isso, saberemos antecipadamente as

áreas que serão mais atingidas por esta doença. Desta forma, será possível deslocar

equipes de ações em saúde, realizar treinamentos e desenvolver politicas públicas

eficientes de prevenção e controle para este agravo nesta região.

AGRADECIMENTOS

Os autores expressam seus agradecimentos a CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão da bolsa de mestrado ao

primeiro autor. Também, registram-se os agradecimentos aos colegas da Universidade

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do Estado do Pará, Instituto Evandro Chagas, Embrapa Amazônia Oriental pela

colaboração científica e crescimento profissional. Ao Programa de Pós-graduação do

CCNT da UEPA, representado pelo coordenador Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes,

pelos momentos partilhados e ensinamentos. Também, vale registrar o apoio da seção

de Parasitologia do Instituto Evandro Chagas, em especial à Dra. Marinete Marins

Póvoa, sanando dúvidas sobre a ecoepidemiologia da malária e a problemática do

agravo.

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Wagler. C. 1964. Amazon town: a study of man in the tropics. New York: Alfred A.

Knopf, INC., xi; 315 p.

WHO. 2008. World Malaria Report. Library Cataloging-in-Publication Data 2008,

Washington, DC.

(http://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241563697_eng.pdf). Acessado em

25/4/2012.

Widrow, B.; Lehr, M.A. 1990. 30 Years of Adaptive Neural Networks: Perceptron,

Madaline and Backpropagation. Proceedings of the IEEE, v. 78, n. 9.

Zalis, M. 2000. Malaria drug resistance. Ciência e Cultura: Journal of the Brazilian

Association for the Advancement of Science, 52: 213-219.

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Figura 1. Mapa de identificação dos clusters da malária no Estado do

Pará, no período de 2003 a 2011.

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Figura 2. Índice de positividade anual e regressão polinomial da

malária no Estado do Pará, no período de 2003 a 2011.

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Figura 3. Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2005.

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Figura 4. Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2010.

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Figura 5. Distribuição espacial da malária e precipitação pluvial no

Estado do Pará, no ano de 2011.

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3 CONCLUSÕES GERAIS

A partir dos resultados obtidos e das discussões geradas pode-se

concluir que para o período estudado, a transmissão da malária pelo vetor

Anopheles, depende de condições ambientais propícias indicando três zonas

com predominância de ocorrência do agravo.

O Estado do Pará apresenta condições socioeconômicas e climáticas

favoráveis para a proliferação da malária, onde no período estudado foram

diagnosticados 948.142 casos positivos da doença, sendo que o acometimento

do agravo foi mais expressivo no trimestre de julho a setembro.

No período analisado, os anos de 2005, 2010 e 2011 foram os mais

expressivos em positividade da malária, sendo que a precipitação pluvial média

ficou próxima a 2.350,0 mm e, a amplitude térmica foi de aproximadamente 10

0C, indicando que a doença requer condições climáticas específicas para o seu

desenvolvimento.

A malária sofre alta dependência espaço-temporal das chuvas que

ocorrem no trimestre de julho a setembro. Nesse período, o agravo se prolifera,

devido ao fechamento do ciclo epidemiológico. Com a Precipitação Pluvial

superior a 50mm e inferior a 300mm, descritos por uma função sigmoidal,

expressa um crescimento acelerado e proliferação do agravo.

As três grandes zonas (clusters), no centro da ilha do Marajó, no

entorno da hidrelétrica de Tucuruí e no sudoeste do estado, mapeadas nesta

pesquisa, corroboram com resultados apontados por diversos autores. Muitos

destacam que a malaria possui forte relação homem-ambiente. A construção de

estradas, projetos agropecuários, assentamentos, extrativismo vegetal e/ou

mineral, exploração de madeira, entre outros, provocam profundas

modificações ambientais, rompendo o equilíbrio ecológico das áreas que

sofreram pressão desses agentes antrópicos.

Ao observar os valores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),

observa-se que a malária agride indistintamente todas as faixas sociais e

econômicas analisadas pelo índice. Porém fica claro que em todas as áreas de

clusters, que responderam à variável deficiência hídrica, o IDH é inferior a 0,65,

exceto Tucuruí, mas todo entorno, o IDH se encontra em níveis baixo,

reforçando que os aspectos socioeconômicos evidenciam relações com o

aumento da malária, no Estado do Pará. Tendo como base o Relatório de

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Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), que em

2011 lançou um desafio que a contínua melhoria do Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) depende de medidas arrojadas para a redução dos riscos

ambientais e da desigualdade, os dados obtidos evidenciam a necessidade de

medidas preventivas ou mitigadoras, principalmente nas zonas de maior

positividade de malária.

Também ficou evidenciado que o Estado do Pará é muito heterogêneo,

levando em consideração as variáveis que influenciam direta e indiretamente a

malária, gerando um problema de escala geográfica pequena, para a

interpretação dos dados e descrição das análises. Torna-se importante,

também, desenvolver análises focais em escalas médias e grandes, a fim de

isolar e correlacionar variáveis interdependentes, retirando-se possível viés na

pesquisa. Além disso, a geomática gerou informações e análises precisas e é

considerada essencial para apoio à decisão dos gestores públicos, levando em

consideração que a malária tem sua transmissão vetorial e com isso passível

de se aplicar técnicas de álgebras de mapas para expressar as informações

relacionais através de mapas temáticos ou carta-imagens.

Após as análises espaciais e temporais apresentadas, espera-se ofertar

aos gestores de saúde pública, a comunidade técnica e científica, bem como à

sociedade do Estado do Pará, informações para subsidiar estratégias de

alocação e distribuição de recursos financeiros às áreas mais críticas, afetadas

pelo agravo.

O modelo sigmoidal estima o índice de positividade do agravo, a partir

de dados de precipitação pluvial computada no trimestre de julho a setembro. O

número de casos positivos da malária pode ser estimado pelo modelo com 93%

de probabilidade nas áreas mais acometidas. O modelo sigmoidal permite

prognosticar o índice de positividade nas áreas mais vulneráveis à malária.

Desta forma, ações voltadas à saúde pública podem ser tomadas para

minimizar os efeitos da doença como: estruturação dos Postos de Notificação,

antecipação no treinamento de equipes de campo, mobilização social em

saúde, vigilância epidemiológica, planejamento de ações preventivas e controle

para mitigar os efeitos do agravo no estado do Pará.

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ANEXOS

ANEXO I – Normas da Revista Scripta Nova

Menú principal Índice de Scripta Nova

Scripta Nova

REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES

Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98

[Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

NORMAS PARA LA PRESENTACIÓN DE ORIGINALES

Los artículos que se propongan a Scripta Nova deberán ser originales, inéditos y no

haber sido publicados ni aceptados en otra revista. Tampoco deberán estar en

proceso de evaluación ni tener compromisos editoriales con ninguna otra

publicación.

Se aceptarán artículos escritos en castellano, portugués, catalán, gallego e italiano.

Aquellos artículos que no cumplan estas normas de presentación serán rechazados.

Los artículos que sean rechazados en cualquiera de las fases del proceso editorial

no serán devueltos a sus autores y se procederá a su destrucción. No se mantendrá

correspondencia con los autores una vez notificado el rechazo de los artículos.

Modo de entrega de los originales

Los artículos propuestos se enviarán únicamente en formato digital, como archivo

adjunto a un mensaje de correo electrónico, a la dirección <[email protected]>.

Se presentarán en algún procesador de textos compatible con Windows y se

procurará que el documento esté formateado solamente en el grado imprescindible.

En el caso de artículos escritos por diferentes autores, todos ellos deberán firmar

una carta en la que se hagan constar que han leído el artículo y que son

corresponsables de lo que se dice en él. A no ser por razones excepcionales y muy

justificadas, no se admitirán artículos procedentes de tesis doctorales firmados por

el autor y el director de la misma.

Extensión y presentación de los artículos

Aunque Internet permite cierta flexibilidad en cuanto al tamaño de los artículos, los

autores deberían esforzarse por proponer textos en torno a las 30 páginas,

considerando un formato DIN A4, escrito a un espacio (interlineado simple) con

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84

letra base Times New Roman de 12 puntos, lo que equivale aproximadamente a

unos 100.000 caracteres. Salvo razones muy justificadas, no se aceptarán artículos

que rebasen dichas dimensiones.

Las comunicaciones presentadas a los Coloquios Internacionales de Geocrítica

tendrán unas 15 páginas de extensión, lo que equivale a unos 50.000 caracteres.

Estructura del artículo

Cada original deberá contener:

el título del trabajo;

el nombre completo del autor o de los autores, con indicación de su lugar de

trabajo, su dirección electrónica y su dirección postal;

el resumen y el título del artículo en el idioma en que esté redactado, así

como en inglés y, si es necesario, en castellano;

las palabras clave en el idioma en que esté redactado el artículo, así como en

inglés y, si es necesario, en castellano;

el texto del artículo, con los cuadros y las figuras si los hubiere;

las notas y

la bibliografía.

Dvisiones

El título general del artículo debe escribirse en letra mayúsculay negrita de 14

puntos.

Se recomienda que los artículos se dividan en dos niveles jerárquicos no

numerados. Los títulos correspondientes al primer nivel se escribirán en letra

minúscula y negrita de 14 puntos; los del segundo nivel en letra minúscula, cursiva

y negrita de 12 puntos. Si hubiera un tercer nivel, el título se escribirá en letra

minúscula y cursiva de 12 puntos.

Los artículos llevarán siempre una introducción sin titular.

Elementos tipográficos

Se utilizará un solo tipo de letra (Times New Roman) y de un solo tamaño (12

puntos).Las notas finales y las indicaciones sobre la fuenteen los cuadros y las

figurasserán de cuerpo menor (10 puntos).

Las mayúsculas sólo se utilizarán en el título del artículo y en los apellidos de los

autores citados en la bibliografía. Nunca se utilizarán en las citas

abreviadas incluidas en las notas.

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La letra negrita se utilizará solamente en los títulos de las subdivisiones y en los

títulos de los cuadros y las figuras. No debe utilizarse en el cuerpo del texto del

artículo.

La cursiva se utilizará en los títulos de libros y revistas, así como en los títulos de

las subdivisiones de segundo y, eventualmente, de tercer nivel. También se pondrán

en cursiva las palabras o expresiones escritas en un idioma diferente al del

artículo. Excepcionalmente, podrán utilizarse para resaltar ideas o palabras de

especial significado. A no ser que se escriban en un idioma distinto al del artículo,

las citas literales nunca se pondrán en cursiva.

Resumen y palabras clave

El resumen será un extracto del contenido del artículo, que ponga énfasis

en sus aportaciones originales. Se procurará evitar iniciarlo con la fórmula "Este

artículo trata de..." y similares.

Los artículos irán precedidos de un resumen en la lengua en que se publica,otro en

inglés y, si es necesario, un tercero en castellano. Se encabezarán con eltítulo del

artículo en negrita seguido de la palabra “Resumen” entre paréntesis (“Abstract” en

el caso del resumen en inglés).

El resumen deberá tener una extensión de 100 a 150 palabras. Se acompañará de

entre tres y cinco palabras clave separadas por comas.

Cuadros y figuras

A parte del texto sólo existirán cuadros y figuras.

Cuadros

Los cuadros incluyen información que no puede ir en el texto, o que amplía o

complementa lo que se dice en él: cuadros, tablas estadísticas y resúmenes

sintéticos, entre otros.

Se enumerarán correlativamente con cifras arábigas y se situarán en el texto, en el

lugar que les corresponda. Siempre habrá que aludir a ellos explícitamente en el

texto.

Cada cuadro debe encabezarse con la expresión "Cuadro..." (ejemplo: Cuadro 3)

yen la línea siguiente se indicará el título, escrito en minúscula y negrita. Al

final,con un cuerpo de letra de 10 puntos, se indicará la fuente de

información. Cuando proceda se indicará “Fuente: Elaboración propia”.

Los cuadros de cierta complejidad se enviarán en archivo aparte.

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Figuras

Con la denominación de figuras se incluyen los gráficos, mapas, fotografías,

dibujos y similares.

Su inclusión en el artículo debe responder a verdaderas exigenciasdel contenido y

en ningún caso a meras razones estéticas. Deberá remitirse a ellas explícitamente en

el texto del artículo.

Las figuras se enumerarán correlativamente con cifras arábigas y se situarán en el

texto, en el lugar que les corresponda. Asimismo, se enviarán en archivo aparte en

alguno de los formatos habituales (JPG, GIF, PNG, etc.).

Cada figura llevará al pie la indicación "Figura..." (ejemplo: Figura 4), seguida del

título en negrita y minúscula. A continuación puede añadirse alguna breve

explicación y la indicación de la fuente, con letra de 10 puntos y sin negrita.

Notas

Las notas se situarán al final del texto y de manera numerada y vinculada. Se

utilizarán para aportar datos u observaciones complementarios al contenido del

texto y para citar de forma abreviada.

En este último caso, la nota incluirá el apellido del autor, el año de publicación de

la obra y la(s) página(s) donde se encuentre la referencia obtenida. Por

ejemplo:Casals, 2001, p. 25 o Casals 2001, p. 25.

En caso de que haya más de tres autores se podrá incluir únicamente el primero de

ellos seguido de la expresión “et al.”.

Las citas abreviadas siempre se harán en las notas, y jamás en el texto.

Bibliografía

La bibliografía deberá aparecer completa al final del artículo, tras las notas,

ordenada alfabéticamente y, para cada autor, en orden cronológico, de más antiguo

a más reciente.

Las referencias bibliográficas se harán según la norma ISO 690. Una versión

reducida de dicha norma puede consultarse en el sitio de Geocrítica,

<http://www.ub.es/geocrit/b-normes.htm>.

La referencia a los libros deberá necesariamente incluir el apellido del autor en

mayúscula, el nombre (o la inicial) del mismo en minúscula, el título completo de

la obra (en cursiva), el lugar de publicación, la editorial y el año de publicación.

Opcionalmente se indicará después del título el número de edición, el nombre del

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traductor o cualquier otra información que se considere relevante. También podrá

consignarse el número de páginas del libro al final de la referencia, después del

punto que sigue al año.

Ejemplo:

VILÁ, Joan. Introducción al estudio teórico de la geografía. Barcelona: Ariel,

1983. 377 p.

La referencia a los capítulosde libro deberá necesariamente incluir el apellido del

autor en mayúscula, el nombre (o la inicial) del mismo en minúscula, el título del

capítulo del libro, el título de la obra a la que pertenece el capítulo (en cursiva), el

lugar de publicación, la editorial, el año de publicación y las páginas que

comprende el capítulo.

Ejemplo:

ARANGO, Joaquín. La inmigración en España a comienzos del siglo XXI. In

LEAL, Jesús. (ed.). Informe sobre la situación demográfica en España 2004.

Madrid: Fundación Fernando Abril Martorel, 2004, p. 161-186.

La referencia a los artículos deberá necesariamente incluir el apellido del autor en

mayúscula, el nombre (o la inicial) del mismo en minúscula, el título del artículo, el

nombre de la revista (en cursiva), la fecha de publicación del artículo, el

volumen, el número y las páginas que comprende el artículo.

Ejemplo:

LEE, Jeanyong. Integration to the Chinese Society: Korean Minority in China

during the Campaign Period (1957-1978). Journal of Asia-Pacific Affairs, 2001,

vol. 3, nº 1, p. 3-26.

La referencia a las tesis doctoralesdeberá necesariamente incluir el apellido del

autor en mayúscula, el nombre o la inicial del mismo en minúscula, el título de la

tesis(en cursiva), el nombre del director, la ciudad y la universidad o centro donde

se ha realizado la defensa. También podrá consignarse el número de páginas dela

tesisal final de la referencia, después del punto que sigue al año.

Ejemplo:

BONASTRA TOLÓS, Joaquim. Ciencia, sociedad y planificación territorial en la

institución del Lazareto. Tesis doctoral dirigida por Pedro Fraile de Mendiguren.

Barcelona: Universidad de Barcelona, 2008. 547 p.

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Modelo para presentar las referencias a recursos electrónicos

Los recursos electrónicos se citarán según la norma ISO 690-2. Deberán citarse

siguiendo los criterios básicos empleados para referenciar los recursos

bibliográficos, pero se añadirán algunas variantes imprescindibles para ubicar

adecuadamente la fuente electrónica. En esencia, estas variantes son el tipo de

soporte, la disponibilidad y acceso y la fecha de consulta.

Tipo de soporte

Hace referencia a la designación específica donde se encuentra el recurso

electrónico referenciado. Los principales tipos son: [En línea], [Correo electrónico],

[CD-Rom], [Disco], [CD de música], [DVD] y [Programa informático]. La

identificación del recurso [En línea] se utiliza fundamentalmente para la

información accesible en Internet.

Disponibilidad y acceso

Es la dirección electrónica de Internet donde se encuentra el elemento referenciado.

Debe ser exacta y precisa, y no prestarse a confusión ni ambigüedad en el momento

de su ubicación. Debe corresponder exactamente a la dirección de consulta y no ha

de incluir ningún elemento ajeno a la misma puntos comas, etc.). La dirección debe

ir precedida por el símbolo menor (<) y complementada con el símbolo mayor (>),

sin espacios intermedios.

Fecha de consulta

Es la fecha en que se ha realizado la última consulta al recurso. Es importante en la

medida que la información electrónica puede ser modificada o alterada

constantemente, a pesar de que sea posible recuperarla en los repositorios

especializados. Debe ser clara e incluir el día, el mes y el año de la consulta. Para

algunos recursos, como las versiones electrónicas de los periódicos, se recomienda

agregar también la hora, tal como se muestra en este ejemplo: [27 de octubre de

2002, 22:00].

En la medida de lo posible, los recursos electrónicos se citarán según el siguiente

modelo general:

RESPONSABLE PRINCIPAL. Título. Responsable(s) secundario(s). [Tipo de

soporte]. Edición. Lugar de publicación: Editor (Colección), fecha de publicación,

fecha de actualización o revisión. Descripción física. Notas. <Disponibilidad y

acceso>. [Fecha de consulta]. Número normalizado.

Los elementos entre corchetes deben ir necesariamente en esta forma. Se debe

respetar la puntuación y los espacios.

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Ejemplos:

CAPEL, Horacio. Las políticas de atención a las necesidades de los inmigrantes

extranjeros de escasos recursos. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y

Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de julio de

2002, vol. VI, nº 117. <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-117.htm>. [27 de octubre de

2002]. ISSN: 1138-9788.

SEREÑANA y PARTAGÁS, Prudencio. La prostitución en la ciudad de

Barcelona. Edición y estudio introductorio de Rafael ALCAIDE. [En línea].

Barcelona: Universidad de Barcelona (Colección Geocrítica Textos Electrónicos, nº

2), 2000 [1882]. <http://www.ub.es/geocrit/ pspcredi.htm>. [27 de octubre de

2002]. ISBN: 84-475-2488-4.

Para cualquier duda o aclaración remitirse al trabajo de Assumpció Estivill y

Cristóbal Urbano, disponible en <http://www.ub.es/biblio/citae-e.htm>.

Evaluación

Los artículos publicados en Scripta Nova son leídos y evaluados en primer lugar

por miembros del Consejo de Redacción, quienes, tras analizar el trabajo,pueden

aceptarlos o rechazarlos. En este último caso se especificará al autor el motivo del

rechazo (no encaja en el perfil de la revista, no apto para su publicación en la

revista, no es una contribución al tema estudiado, exceso de originales, etc.). Esta

evaluación interna también puede recomendar al autor que introduzca

modificaciones en el artículo antes de ser enviado a evaluación externa.

En caso de ser aceptado por el Consejo de Redacción, el artículo será enviado a dos

evaluadores externos. Durante esta evaluación, tanto los nombres de los autores

como el de los evaluadores serán anónimos. Cuando las evaluaciones sean

contradictorias, el artículo se enviará a otros evaluadores.

La decisión final de publicar o rechazar los artículos es tomada por el Consejo de

Redacción, basándose en los informes presentados por los evaluadores. Los autores

deberán considerar, en los casos necesarios, las observaciones de los evaluadores y

de los editores de la revista y enviar un nuevo texto para que sea publicado.

Se procurará comunicar a los autores los resultados de la evaluación en el plazo

más breve posible.

Copyright

Los textos publicados son propiedad intelectual de sus autores y de la revista.

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Pueden utilizarse libremente para usos educativos y académicos, siempre que se

cite el autor y la publicación, con su dirección electrónica exacta. En todo caso

deberá comunicarse el uso y pedirse autorización al director de la revista.

La utilización de los textos en otros sitios web podrá realizarse únicamente

mediante el enlace al archivo ubicado en el sitio de Geocrítica. No se permite la

reproducción o copia del archivo y su posterior publicación en otro sitio web, a

menos que se disponga de la autorización expresa de sus autores y de la revista.

Los autores están autorizados a reproducir sus artículos completos en sus páginas

personales y/o repositorios institucionales, incluyendo siempre un enlace a la

revista.

Sede de Scripta Nova

Facultad de Geografía e Historia de la Universidad de Barcelona

Departamento de Geografía Humana

Montalegre, 6

08001 Barcelona

España

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ANEXO II - Normas da Revista ACTA AMAZÔNICA

ISSN 0044-5967 printed version

INSTRUCTIONS TO AUTHORS

Submission Preparation Checklist

It is expected that manuscripts submitted to Acta Amazonica are prepared according to

the Author Guidelines. Thus, please be sure your manuscript follows these guidelines

before uploading your submission. Manuscripts that do not adhere to Journal´s instructions are returned to authors.

1. Maximum size of the file should be 3MB.

2. A letter submitting the manuscript (cover letter) should state that:

a) The research data are original and accurate; b) all the authors participated

substantially and are prepared to assume public responsibility for its content; c) the

contribution presented to this journal has not previously been published, nor it has been

submitted for publication elsewhere, entirely or in part. The cover letter should be uploaded at the Journal´s web site as a "supplementary document".

3. Manuscripts are accepted in Portuguese, Spanish, or English, but the Editorial Board

encourages contributions in English. It should be noted that the veracity of the

information contained in the manuscript is exclusive responsibility of authors.

4. Maximum length for articles and reviews is 30 pages (or 7500 words, keeping out the

first page, see item 8), including bibliography, tables, figures and legends; ten pages

(2500 words) for short communications; and five pages for other contributions. Tables

and figures should be inserted at the end of the text, in this sequence. In addition, a

copy of figures must be uploaded in the Journal Web site upon submission (see items 24-31).

5. Manuscripts properly formatted according to "Instruction to authors" are sent to

Associate Editors for pre-evaluation. In this first judgment it is taken into consideration

the scientific relevance and intelligibility of the manuscript, and its scope within the

Amazonian context. In this phase, contributions out of the scope of the Journal or of

little scientific relevance are declined by the editors. Manuscripts approved in the first

judgment are sent to scientific referees for evaluation, at least two reviewers; experts of

institutions other than those of the authors.

6. A contribution can be considered for publication if it has received at least two positive

opinions in the evaluation process. Approval of manuscripts will be based on the scientific content and the adequate presentation according to the Journal format.

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92

7. Manuscripts requiring corrections will be returned to the authors for revision. The

revised version needs to be returned to the Associate Editor in TWO weeks’ time. A

response letter is expected to be uploaded in the Journal system detailing corrections

that have been made. In this letter, recommendations not incorporated into the revised

version, if any, need to be responded. The entire process is online, and can be followed at the Journal Web site,http://sbmission.scielo.br/index.php/aa/login.

8. The manuscript organization should follow this order; in the first pages: Title,

authorship, and institutional and electronic address. In the following pages: Title,

Abstract, Keywords; Introduction, Materials and Methods, Results, Discussion,

Acknowledgements (including financial support), and References. Figures and tables

(with legends) are to be inserted at the end of the manuscript. For submissions

presented in Portuguese or Spanish it is also required: title, abstract and keywords in

English. Likewise, for submission in English is also required: title, abstract and keywords

in Portuguese.

9. Short communications are to be written separating the topics (Introduction, etc) in

paragraphs, but without including their titles. They also have to include: Title,

authorship, institutional and electronic address and all the topics of the full article. Three

figures and two tables are permitted. The format of the first page and that of the References are the same as for the full article.

10. Full name(s) of the author(s), with the last name in capital letters, and complete

address of authors and Institution(s), including telephone, fax, e-mail must be recorded on the Journal system when submitting the manuscript.

11. IMPORTANT NOTE: Manuscripts not properly formatted according to "Instructions to

authors" are NOT accepted for publication.

FORMAT AND STYLE

12. The manuscript is to be prepared with a text editor (doc, docx or rtf extension),

typed using "Times New Roman" 12-point font. It should be double-spaced with 3-cm margins; pages and lines consecutively numbered.

13. Title. Adjust to the left; capitalize first letter of sentence.

14. Abstract up to 250 words (150 for short communications) must contain succinctly,

the objective, methodology; results and conclusions, emphasizing important aspects of the study. Scientific names of species and other Latin terms should be in italic.

15. Keywords. They must consist of three to five terms. Each keyword term may consist

of two or more words. However, words used in the title cannot be repeated as keywords.

16. Introduction. Should emphasize the purpose of the study and supply a brief

summary of previous relevant studies, as well as clearly state the objectives or

hypotheses to be tested. Do not anticipate data or conclusions of the manuscript in this

section.

17. Materials and Methods. Should contain enough information, chronologically

organized to explain the procedures carried out, in such a way that other researches can

be able to repeat the study. Statistical treatments of data should be described. Standard

techniques need only be referenced. Measuring units and their abbreviations should

follow the International System and, when necessary, should include a list of the

Page 95: Universidade do Estado do Pará - paginas.uepa.br · desenvolvimento deste grande projeto. Às pesquisadoras Dra Giselle Maria Rachid Viana e Dra Marinete Marins Póvoa pelas dúvidas

93

abbreviations utilized. Specific instruments used in the study should be described

(model, manufacturer, city and country of manufacturing). Voucher material (sample for

future reference) should be deposited in one or more scientific collections and informed in the manuscript.

18. Ethics and legal aspects: For studies that requires special permissions (e.g. Ethic

Committee/National Commission of Ethic in Research-CONEP, IBAMA, CNTBio,

INCRA/FUNAI, EIA/RIMA, others) the registration/approval number (and publishing date) must be informed.

19. Results. Should present a concise description of information obtained, with a

minimum of personal judgment. Do not repeat in the text all the data contained in

tables and illustrations. Numeral should be one space-separated from units. For

example, 60 °C and NOT 60°C, except for percentages (for instance, 5% and NOT 5 %).

Use units and symbols of the international system and exponential symbolism. For

example: cmol kg-1 instead of meq/100g. Do not present the same information (data)

in tables and figures simultaneously.

20. Discussion. The discussion should focus on results obtained. Avoid mere speculation.

However, well based hypotheses can be incorporated. Only relevant references should

be included. Conclusions should contain a concise interpretation of main results and a

final message, which should highlight the scientific implications of the study.

Conclusions can be included at the end of the discussion or as a separated section.

21. Acknowledgements (including financial support) should be brief and concise.

22. References. At least 70% of references must be scientific journal articles. Citations

should preferentially be from last 10 years. It is suggested not to exceed 40 references.

They should be cited in alphabetic order of author names, and should be restricted to

citation included in the text. In this section, the journal title is NOT abbreviated. Please

see the examples below:

a) Articles from periodicals:

Walker, I. 2009. Omnivory and resource - sharing in nutrient - deficient Rio Negro waters: Stablilization of biodiversity? Acta Amazonica, 39: 617-626.

Alvarenga, L.D.P.; Lisboa, R.C.L. 2009. Contribuição para o conhecimento da

taxonomia, ecologia e fitogeografia de briófitas da Amazônia Oriental. Acta Amazonica, 39: 495-504.

b) Dissertations and theses:

Ribeiro, M.C.L.B. 1983. As migrações dos jaraquis (Pisces: Prochilodontidae) no rio

Negro, Amazonas, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Fundação Universidade do Amazonas, Manaus, Amazonas. 192p.

c) Books:

Steel, R.G.D.; Torrie, J.H. 1980. Principles and procedures of statistics: a biometrical approach. 2nd ed. McGraw-Hill, New York, 1980, 633p.

d) Books chapters:

Absy, M.L. 1993. Mudanças da vegetação e clima da Amazônia durante o Quaternário.

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In: Ferreira, E.J.G.; Santos, G.M.; Leão, E.L.M.; Oliveira, L.A. (Ed.). Bases científicas

para estratégias de preservação e desenvolvimento da Amazônia. v.2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, p.3-10.

e) Citation of electronic Source:

CPTEC, 1999. Climanalise, 14: 1-2 (www.cptec.inpe.br/products/climanalise). Accessed on 19/05/1999.

23. In the text, citations of references follow a chronological order. For two or more

references from the same year cite according to alphabetical order. Please see the

following examples.

a) One author:

Pereira (1995) or (Pereira 1995).

b) Two authors:

Oliveira and Souza (2003) or (Oliveira and Souza 2003).

c) Three or more authors:

Rezende et al. (2002) or (Rezende et al. 2002).

d) Citations from different years (chronological order):

Silva (1991), Castro (1998) and Alves (2010) or (Silva 1991; Castro 1998; Alves 2010).

e) Citations in the same year (alphabetical order):

Ferreira et al. (2001) and Fonseca et al. (2001); or (Ferreira et al. 2001; Fonseca et al. 2001).

FIGURES

24. Photographs, drawings and graphics should have high definition, with high black and

white contrast, numbered sequentially in Arabic numerals. The figure legend must be at

the bottom of the figure. Do NOT use grey tones in scatter graphs or bar charts. In

scatter graphs back and white (solid, dotted or dashed) lines and symbols open or solid

(circle, square, triangle or diamond) can be used. For bar charts, black, white, stripped

or dotted bars can be used. Border the plotting area with a thin solid line, but do NOT

use a border line in the graphic area. Avoid unnecessary legends in the plotting area. Do

NOT use letters too small (< size 10) in figures (either in title axes or within the plotting

area). In axes (vertical, horizontal), use inward marks in scale divisions. Do NOT use

horizontal or vertical grid lines, except in maps or similar illustrations. Meaning of

acronyms used in figures must be described in the figure legend.

25. Figures should be limited to seven (7) in articles, and to three (3) in short

communications, and should be of high quality.

26. Figures should be formatted to fit within the page dimensions of the Journal,

namely, within a column (8 cm) or the width of the entire page (17 cm), and allowing

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95

space for the figure legend (caption). Illustrations can be resized during the production

process in order to optimize Journal space. Scales should be indicated by a line or bar

(horizontal) in the figure and, if necessary, referenced in the figure legend, for example, bar = 1 mm.

27. Figures in the text, with initial letter capitalized, can be cited directly or indirectly (in

parenthesis). For example: Figure 1 or (Figure 1). In the caption, figure number should be followed by a period. For example: "Figure 1. Analysis…"

28. For figures that have been previously published, the authors should clearly state in

the manuscript that a permission for reproduction has been granted. The document that conceded such authorization should be uploaded in the Journal system.

29. Photographs and illustrations (bitmap) should be in the tiff or jpeg format, with high

resolution (at least 300 dpi). For scatter graphs use xls, xlsx, eps, cdr or ai format. Each

figure included in the text should also be uploaded at the Journal´s web site as an individual file, a "supplementary document".

30. Photographs are expected to be black and white, preferably. Color photographs can

be accepted; however, there is a printing cost, which is charged to authors.

Alternatively and without costs to authors, a color figure can be used in the Journal

electronic version (if this is essential); whereas a black and white version of the same figure can be used in the printed version.

31. Authors can be invited to submit a color photograph to illustrate the Journal cover page. In this case, the printing cost will be afforded by the Journal.

TABLES

32. Tables should be well organized and numbered sequentially with Arabic numerals. A

maximum of five tables is permitted for articles and two for short communication. The

numbering and the title (self-explanatory) should be at top of the table. A table may

have footnotes. Meaning of acronyms used in tables (head columns, etc) must be detailed in the table title.

33. Tables should be generated using a text editor (extension rtf, doc or docx), and

should not be inserted in the manuscript as a figure (e.g. in jpg format).

34. Citations in the text can be made directly or indirectly (in parenthesis), with the

initial letter capitalized. For example: Table 1 or (Table 1). In the table legend, the table number should be followed by a period, for instance: "Table 1. Analysis...".

ADDITIONAL INFORMATION

1. Acta Amazonica can make minor formatting and grammar corrections in the

manuscript to adjust to editorial and language standard. Finally, the proof is sent to

authors for a last verification. In this phase only typographical or spelling mistakes can

be corrected in the proof. NO major changes can be made on the manuscript at this

stage, otherwise the entire manuscript could return to the evaluation process by the Editorial Board.

2. Acta Amazonica does not charge a fee for publication. Further information can be

obtained by e-mail [email protected]. If your inquiry is about a submission please inform the submission number.

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96

3. Subscriptions to Acta Amazonica can be paid by check or money order. Institutional

subscriptions US$ 100.00; individual subscription US$ 75.00. Please contact by e-mail: [email protected].: (55 92) 3643-3236 or fax: (55 92) 3643-3029

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ANEXO III - Portaria do Ministério da Saúde - MS Nº. 1.932 de 2003 que instituiu o Programa Nacional de Acompanhamento e Assessoramento da Malária

ADVERTÊNCIA

Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União

Ministério da Saúde Gabinete do Ministro

PORTARIA Nº 1932, DE 09 DE OUTUBRO DE 2003

Institui o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, o Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do Programa e dá outras providências.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e considerando a necessidade de se estabelecerem ações permanentes de prevenção e controle da malária no Brasil, resolve:

Art. 1º Instituir o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária – PNCM, com as seguintes diretrizes:

I - desenvolver atividades de informação e de mobilização político-social, com o objetivo de aumentar a participação da população nas ações de prevenção e controle da malária;

II - fortalecer a vigilância em saúde para ampliar a capacidade de predição e de detecção precoce de surtos da doença;

III - melhorar a qualidade do trabalho de campo no controle vetorial;

IV - integrar as ações de controle da malária na atenção básica, com a efetiva participação dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa Saúde da Família;

V - utilizar os instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público no controle do meio ambiente para evitar surtos da doença;

VI - atuar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, nas regiões endêmicas de malária, visando à promoção de ações de prevenção e controle da doença para evitar surgimento de epidemias decorrentes de atividades antrópicas;

VII - desenvolver instrumentos de programação, acompanhamento e supervisão das ações desenvolvidas pelos gestores federal, estaduais e municipais.

Art. 2º Fica criado o Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do PNCM, que será coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e contará com representantes do Ministério da Saúde; da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS; de Universidades, de Institutos de Pesquisas; da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – SBMT; da Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO; do Instituto Nacional de Colonização e

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Reforma Agrária – INCRA; e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.

Art. 3º Ficam criadas Câmaras Técnicas Específicas do PNCM com a finalidade de implementarem, em nível nacional, os componentes do programa que se fizerem necessários.

Parágrafo único. As Câmaras Técnicas de que trata o caput deste artigo serão coordenadas pela Secretaria de Vigilância em Saúde e contarão com técnicos de notório conhecimento nas áreas inerentes a cada Câmara.

Art. 4º O Secretário de Vigilância em Saúde definirá a composição do Comitê Técnico e das Câmaras Técnicas.

Art. 5º Fica delegada competência ao Secretário de Vigilância em Saúde para, caso necessário, editar normas regulamentadoras desta Portaria.

Art. 6º Fica revogada a Portaria nº 663/FUNASA, de 27 de dezembro de 2002, publicada no DOU nº 4, Seção 1, pág. 61, de 6 de janeiro de 2003.

Art. 7º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

HUMBERTO COSTA

Saúde Legis - Sistema de Legislação da Saúde

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ANEXO IV - Portaria da Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS Nº 59 que criou o Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento – CTAA do PNCM

ADVERTÊNCIA

Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União

Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde

PORTARIA Nº 59, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2005

O SECRETÁRIO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, no uso das suas atribuições, e considerando o disposto na Portaria nº 1.932/GM, de 9 de outubro de 2003, resolve:

Art. 1º - Constituir o Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária - PNCM.

Art. 2º - Compete ao Comitê:

I. Acompanhar, supervisionar e assessorar a implementação do PNCM; e II - Propor mecanismos que possibilitem a plena execução do PNCM.

Art. 3º - O Comitê será integrado por:

I. JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS II. FABIANO GERALDO PIMENTA JÚNIOR Diretoria Técnico de Gestão - DIGES/SVS/MS III. JOSÉ LÁZARO DE BRITO LADISLAU - CGPNCM/DIGES/SVS/MS IV. ANTÔNIO RAFAEL DA SILVA - Universidade Federal do Maranhão – UFMA V. EDENICE REIS DA SILVEIRA - Departamento de Atenção Básica - DAB/SAS/MS VI. ROBERTO MONTOYA - Organização Pan-americana de Saúde – OPAS VII. COR JESUS FERNANDES FONTES - Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT VIII. JOSÉ MARIA DE SOUZA Instituto Evandro Chagas IEC/SVS/MS IX. LUIZ HILDEBRANDO PEREIRA DA SILVA - Centro de Pesquisas de Medicina Tropical - CEPEM X. RITA DE CÁSSIA BARRADAS BARATA - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo XI. PEDRO LUIZ TAUIL -Universidade de Brasília – UNB XII. WILSON DUARTE ALECRIM - Fundação de Medicina Tropical – FMT XIII. RICARDO LOURENÇO DE OLIVEIRA - Instituto Oswaldo Cruz – IOC XIV. MARCO AURÉLIO PAVARINO - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -

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INCRA XV. INÊS CARIBE NUNES MARQUES - Ministério do Meio Ambiente - MMA

§ 1º Os membros deverão declarar a inexistência de conflito de interesses com suas atividades no debate dos temas pertinentes ao Comitê, sendo que, na eventualidade de existência de conflito de interesses, os mesmos deverão abster-se de participar da discussão e deliberação sobre o tema.

§ 2º Os membros poderão deixar de integrá-lo a qualquer tempo a pedido do membro integrante ou a critério dos demais membros, mediante formalização da solicitação de desligamento feita ao Coordenador.

Art. 4º - O Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do PNCM será coordenado pelo Secretário de Vigilância em Saúde e/ou seu substituto, que terá as seguintes competências:

I. coordenar as reuniões do Comitê; II. indicar um técnico da área para desenvolver atividades necessárias ao funcionamento do Comitê;

III. aprovar os relatórios e recomendações oriundas das reuniões ordinárias e extraordinárias.

Parágrafo único. O Secretário da SVS/MS exercerá a função de Coordenador do Comitê e será substituído na sua ausência pelo Diretor Técnico de Gestão.

Art. 5º - O Comitê reunir-se-á, ordinariamente, durante as Reuniões de Avaliação Nacional do PNCM ou, extraordinariamente, quando convocados pelo seu Coordenador, ou por cinquenta por cento mais um de seus membros.

§ 1º As decisões serão tomadas mediante a aprovação de metade mais um de seus membros.

§ 2º As reuniões ordinárias e extraordinárias serão realizadas em Brasília ou em local a ser definido por decisão do coordenador.

Art. 6º - A participação no Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do PNCM é considerada atividade de relevante interesse para o Ministério da Saúde e não será remunerada.

Art. 7º - Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

JARBAS BARBOSA DA SILVA JÚNIOR

Saúde Legis - Sistema de Legislação da Saúde

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ANEXO V - NOTA TÉCNICA N0. 036/2001/CGPNCM/DEVIT/SVS/MS

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ANEXO VI – Aceite de submissão da Revista Acta Amazônica

Preview (AA-2013-0123)

From: [email protected], [email protected]

To: [email protected]

CC: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

Subject: Acta Amazonica - Manuscript ID AA-2013-0123

Body: Mar-2013 Dear Mr. Gasparetto: Your manuscript entitled "Distribuição espaço-temporal da malária associada às condições climáticas no Estado do Pará – Brasil, no período de 2003 a 2011" has been successfully submitted online and is presently being given full consideration for publication in the Acta Amazonica. Your manuscript ID is AA-2013-0123.

Please mention the above manuscript ID in all future correspondence or when calling the office for questions. If there are any changes in your street address or e-mail address, please log in to ScholarOne Manuscripts at http://mc04.manuscriptcentral.com/aa-scielo and edit your user information as appropriate. You can also view the status of your manuscript at any time by checking your Author Center after logging in to http://mc04.manuscriptcentral.com/aa-scielo . Thank you for submitting your manuscript to the Acta Amazonica.

Sincerely, Acta Amazonica Editorial Office

Date Sent: Mar-2013