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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
JOICE MENESES MANSUR ANDREZZO
COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA RECUPERAÇÃO DA SÍNDROME DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
BIGUAÇU
2009
JOICE MENESES MANSUR ANDREZZO
COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA RECUPERAÇÃO DA SÍNDROME DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob orientação da Professora Dra. Luciana Martins Saraiva.
BIGUAÇU
2009
JOICE MENESES MANSUR ANDREZZO
COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA RECUPERAÇÃO DA SÍNDROME DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título Psicólogo e aprovado pelo Curso de Psicologia, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu.
Área de Concentração: Psicologia Social e Psicologia da Saúde
Biguaçu, .....junho de 2009.
___________________________________________________
Profª. Luciana Martins Saraiva, Drª.
Orientador
___________________________________________________ Profa. Dra. ............ ......... .......
UNIVALI – CE de São José
____________________________________________________
Prof. MSc. ........ ........... ........ UNIVALI – CE de São José
Dedico este trabalho, ao meu esposo e filhos..
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus Grande Arquiteto do Universo, pelo privilegio de existir;
Ao meu esposo pelo encorajamento e dedicação;
Aos meus filhos, pela compreensão, abdicação e carinho;
Aos meus pais por acreditarem em mim;
Aos meus mestres que dedicaram seu tempo para me instruir com paciência;
A minha Supervisora Dra. Luciana Saraiva, dedicada em todos os momentos;
A minha amiga Eva, pela inestimável ajuda sempre;
A psicóloga Paula, pelos empurrões para o alto sempre que eu fraquejava;
Aos irmãos em Cristo pela intercessão;
Enfim a todos que direta ou indiretamente colaboraram para que este
trabalho pudesse ser realizado.
Aquele que desperdiça o dia de hoje,
lamentando o de ontem, desperdiçará o
de amanhã, lamentando o de hoje.
(P.Raskin)
JOICE MENESES MANSUR ANDREZZO
COMUNIDADE TERAPÊUTICA PARA RECUPERAÇÃO DA SÍNDROME DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título Psicólogo e aprovado pelo Curso de Psicologia, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu.
Área de Concentração: Psicologia Social e Psicologia da Saúde
Biguaçu, 26 de junho de 2009.
___________________________________________________
Profª. Luciana Martins Saraiva, Drª.
Orientadora
___________________________________________________ Profº. Paulo C. Nascimento, M.
UNIVALI - CCS – Biguaçu
____________________________________________________ Prof. Zuleide Maria Ignácio, M.
UNIVALI – CCS - Biguaçu
SIGLAS ABREVIADAS A.A. – Alcoólatras Anônimos
ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
CONEN/SC – Conselho Estadual de Entorpecentes do Estado de Santa Catarina
CT– Comunidade Terapêutica
CTs – Comunidades Terapêuticas
DMT – Dimetiltripta
FEBRACT – Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas
LSD – Dietilamida do Acido Lisérgico 25
OMS – Organização Mundial da Saúde
MDMA – Metilenodioximetanfetamina
NEAD – Núcleo Einstein de Álcool e Drogas
SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas
SNC – Sistema Nervoso Central
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
THC –Tetraidrocanabinol
RESUMO
O presente estudo foi realizado com o objetivo de caracterizar os Modelos de Comunidades
Terapêuticas para tratamento da síndrome da dependência química, localizadas na Grande
Florianópolis. O estudo é do tipo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa. A
amostragem investigada foi constituiu de 02 dirigentes de CTs. Utilizou-se como instrumento
para coleta de dados a Entrevista semi-estruturada. O estudo aponta, dentre outros, que os
modelos de tratamento utilizado é o Minnesota e Abordagem Centrada na pessoa, ambas as
CTs desenvolvem programas de atendimento a família dos internos, a ressocialização é parte
integrante dos Programas Terapêuticos e que, de acordo com a ótica dos entrevistados, as CTs
para cumprimento de seus objetivos e finalidades, servem-se de recursos de origem diversas.
Palavras-Chave: Comunidade Terapêutica. Dependência química. Modelos de tratamento.
Drogas.
ABSTRACT
The present study was carried through with the objective to characterize the Models of
Therapeutical Communities for treatment of the syndrome of the chemical dependence,
located in Grande Florianópolis. The study it is of the descriptive and exploratório type, with
qualitative boarding. The investigated sampling was constituted of 02 controllers of CTs. The
half-structuralized Interview was used as instrument for collection of data. The study it points,
amongst others, that the models of used treatment are the Minnesota and Abordagem
Centered in the person, both the CTs develop attendance programs the family of the interns,
the ressocialização is integrant part of the Therapeutical Programs and that, in accordance
with the optics of the interviewed ones, the CTs for fulfilment of its objectives and purposes,
is served of diverse resources of origin.
Word-Key: Therapeutical community. Chemical dependence. Models of treatment. Drugs.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 9
2.1 CONCEITO DE DROGA ............................................................................................... 9
2.1.1 Classificação das drogas............................................................................................. 10
2.1.2 Droga psicotrópica...................................................................................................... 11
2.1.3 Triangulo básico do consumo de drogas .................................................................. 12
2.2 SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA.............................................................. 13
2.2.1 Diagnósticos da síndrome da dependência química ................................................ 15
2.3 TIPOS DE USUÁRIOS DE DROGAS........................................................................... 15
2.3.1 Tratamento.................................................................................................................. 16
2.4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS ( CT) ................................................................... 17
2.4.1 Definição de CT ......................................................................................................... 17
2.4.2 Origem e evolução das CTs........................................................................................ 18
2.4.3 Finalidade e estrutura das CTs ................................................................................. 20
2.4.4 Comunidades Terapêuticas no Brasil ....................................................................... 21
2.4.5 Caracteristicas de funcionamento das CTs ............................................................. 22
2.4.6 Serviços comuns nas CTs ........................................................................................... 22
2.4.7 Principais modelos de CTs........................................................................................ 24
2.4.7.1 Minnesota .................................................................................................................. 24
2.4.7.2 Synanon ..................................................................................................................... 25
2.4.7.3 Day Top Village ........................................................................................................ 25
2.4.7.4 Odyssey House .......................................................................................................... 26
2.4.7.5 Portage ....................................................................................................................... 26
2.5 ABORDAGEM SOBRE AS DIVERSAS MODALIDADES DE INTERVENÇÕES
NO ÂMBITO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA .................................................................. 26
2.5.1 Objetivos do tratamento ............................................................................................ 27
2.5.2 Intervenções terapêuticas........................................................................................... 27
2.5.3 Reinserção social......................................................................................................... 28
2.5.4 Agentes socializantes .................................................................................................. 29
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 29
3.1 TIPO DE PESQUISA...................................................................................................... 29
3.2 AMOSTRA E COLETA DOS DADOD......................................................................... 30
4 APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS .............................................. 31
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...................................................................... 31
4.2 ANALISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 33
4.2.1 Modelo de Tratamento .............................................................................................. 33
4.22 Programa Terapêutico ................................................................................................ 34
4.2.3 Critérios de admissão e alta........................................................................................35
4.2.4 Atendimento a família e visitas...................................................................................35
4.2.5 Ressocialização e serviço de suporte..........................................................................36
4.2.6 Número de internos, reinternos e reinternações provenientes de outras CTs.......36
4.2.7 Equipe técnica e suas funções.....................................................................................37.
4.2.8 Unidades de atendimento e capacidade de atendimento..........................................37
4.2.9 Dificuldades encontradas.............................................................................................37
4.2.10 Manutenção da CTs..................................................................................................37
4.3 ANÁLISE DO CAPITULO...........................................................................................38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS............................................................................................................................41
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................41
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................42
REFERÊNCIAS....................................................................................................................43
APÊNDICE...........................................................................................................................47
8
1 INTRODUÇÃO
O uso indevido de drogas licita ou ilícitas constitui-se, atualmente, em problema
que preocupa o mundo inteiro, devido sua complexidade e amplitude, é um mal que ameaça a
sociedade afetando seus valores, políticos, econômicos, sociais e culturais.
O uso das Substancias Psicoativas (SPA), que são identificadas popularmente
como drogas, se propaga em todos os continentes e segundo De Paula e Pires (2002, p.7) “a
dependência destas compromete a vida de cerca de 10% da população mundial. Estima-se,
assim, que no século XXI mais de 600 milhões de pessoas sofrerão as conseqüências desta
doença.”
A dependência de SPA (álcool e outras drogas) é uma síndrome médica bem
definida internacionalmente, cujo diagnóstico é realizado pela presença de variedade de
sintomas que indicam que o individuo consumidor apresenta uma serie de prejuízos e
comprometimentos devido ao seu consumo. O tratamento é voltado para a redução dos
sintomas, que afetam não apenas o paciente, mas toda a comunidade ao seu redor, sendo
necessária uma abordagem multiprofissional para que resulte em um tratamento realmente
eficaz.
Conforme Yaria (1992), de um modo geral concebe-se a toxicomania de maneira
paradoxal, como sinal de um mal estar mais profundo e, ao mesmo tempo, um sintoma
prevalente.
Burns (1995, p. 23) refere que
É esperado que haja bastante polemica em volta da definição da dependência química e de seu tratamento, devido ao fato de hoje não se conhecer as causas exatas. Além disso, cada profissão tem a tendência natural de ver o problema de seu ponto de vista. Segundo um velho ditado: ‘Quando a única ferramenta é um martelo, todos os problemas são pregos’. É natural que os psicólogos vejam o problema do aspecto emocional e os médicos, do lado físico, ainda que todos reconheçam que se trata de uma doença multifacetada.
Para Vasconcelos (1998, p. 28) nas ultimas décadas, o tratamento das
dependências de substancias psicoativas tem sido tema de debate constante tanto no meio
cientifico como na comunidade em geral. Vasconcelos segue afirmando que os “diversos
modelos de abordagem do problema vêm sendo discutidos ocasionando uma verdadeira Torre
de Babel, na qual prevalecem mais polemicas do que posições consensuais.”
O presente trabalho se justifica pela ampla vivência da autora em Comunidades
Terapêuticas (CT), onde desenvolve suas atividades laborais. Além de contribuir na formação
9 dos futuros profissionais da área da psicologia na compreensão de programas de atendimento
oferecido pelas comunidades terapêuticas o que, conseqüentemente, poderá beneficiar a
qualidade do tratamento oferecido aos usuários.
Assim sendo, este trabalho de pesquisa se propõe a identificar os Modelos de
Comunidades Terapêuticas, para tratamento da síndrome da dependência química, localizadas
na Grande Florianópolis.
A questão que norteia este trabalho é: Quais os Modelos de Comunidades
Terapêuticas, para tratamento da síndrome da dependência química, localizadas na Grande
Florianópolis? Sendo o objetivo geral a caracterização dos Modelos de Comunidades
Terapêuticas, para tratamento da síndrome da dependência química, localizadas na Grande
Florianópolis.
A objetivação especifica da pesquisa, envolve levantar, através da literatura, os
Modelos de Comunidades Terapêuticas para o tratamento da síndrome da dependência
química e identificar os Modelos de Comunidades Terapêuticas, para tratamento da síndrome
da dependência química, localizadas na Grande Florianópolis.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão apresentados os conceitos relevantes ao tema da pesquisa como:
droga, síndrome da dependência química, tipos de usuários de drogas, Comunidades
Terapêuticas, abordagem sobre as diversas modalidades de intervenções no âmbito da
síndrome da dependência química.
2.1 CONCEITO DE DROGA
Segundo o Glossário de Álcool e Drogas (BRASIL, 2004), droga é uma palavra
com vários significados. Pode significar medicamento ou remédio, ser entendida como
qualquer substância que modifica o funcionamento do organismo produzindo alterações
fisiológicas que resultam em mudanças das funções do corpo ou do comportamento.
Longenecker (1998) define droga como sendo toda e qualquer substância, seja
natural ou sintética que, quando absorvida pelo organismo modifica suas funções. O termo
10 droga presta-se a várias interpretações, mas comumente suscita a idéia de uma substância
proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o
humor e o comportamento.
Jervis (apud FERNANDES, 1997, p. 8) propõe uma definição que vai para além
da dimensão química e farmacológica da substância quando cita que “droga é todo o
conjunto de substâncias químicas introduzidas voluntariamente no organismo com o fim de
modificar as condições psíquicas e que, enquanto tal, criam mais ou menos facilmente uma
situação de dependência no sujeito.”
Para outros autores como Fernandes (1990) e Comas (apud FERNANDES, 1997)
o fenômeno droga é, fundamentalmente, cultural, ou seja, é aquilo que uma dada comunidade
convencionou chamar droga. Enquanto uma substância não for denominada como droga não
é droga, e inclusive uma substância pode ser em certas ocasiões e circunstâncias, droga, e
noutras não.
Porém a definição que é utilizada até os dias atuais é da OMS (apud HUMANUS,
2008), que define droga como sendo qualquer substância que, não sendo produzida pelo
organismo, tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo
alterações em seu funcionamento.
2.1.1 Classificação das drogas
O Núcleo Einstein de Álcool e Drogas (NEAD, 2008) classifica as drogas:
a) Quanto à origem, podem ser:
- naturais: as extraídas de uma fonte exclusivamente natural, em geral de
plantas;
- semi-sintéticas: são as drogas obtidas em laboratório, a partir de uma matriz
natural; e
- sintéticas: as drogas totalmente obtidas em laboratório, sem a necessidade de
precursores naturais.
b) Quanto ao status legal das substâncias, podem ser:
- lícitas: aquela que possuem permissão do Estado para serem comercializadas
e consumidas; e
- ilícitas: aquelas que não podem ser consumidas e muito menos
comercializadas, pelo menos com a anuência do Estado.
11
c) Quanto aos efeitos farmacológicos das drogas, podem ser:
- Drogas depressoras do sistema nervoso central: as drogas depressoras de
ação central ou psicolépticos são substâncias capazes de lentificar ou diminuir
a atividade do cérebro, possuindo também alguma propriedade analgésica.
Pessoas sob o efeito de tais substâncias tornam-se sonolentas, lerdas,
desatentas e desconcentradas. São elas: Álcool, Benzodiazepínicos
(tranqüilizantes ou calmantes), Barbitúricos (soníferos), Opiáceos e Inalantes.
- Drogas estimulantes do sistema nervoso central: as estimulantes centrais ou
psicoanalépticos são substâncias capazes de aumentar a atividade cerebral. Há
aumento da vigília, da atenção, aceleração do pensamento e euforia. Seus
usuários tornam-se mais ativos, 'ligados'. São elas: a Cocaína, Anfetaminas e
derivados, Nicotina e a Cafeína
- Drogas perturbadoras do sistema nervoso central (alucinógenas): as drogas
perturbadoras, alucinógenas ou psicodislépticas são aquelas relacionadas à
produção de quadros de alucinação ou ilusão, geralmente de natureza visual.
Os alucinógenos não possuem utilidade clínica (como os calmantes),
tampouco podem ser utilizados legalmente (como o álcool, o tabaco e a
cafeína). Os alucinógenos não se caracterizam por acelerar ou lentificar o
sistema nervoso central. A mudança provocada é qualitativa. O cérebro passa
a funcionar fora do seu normal e sua atividade fica perturbada. São elas:
Mescalina, Maconha, Psilocibina (cogumelo), LSD-25, DMT (Ayahuasca ou
Santo Daime), MDMA (Ecstasy) e Anticolinérgicos naturais (lírio) e
sintéticos
2.1.2 Droga psicotrópica
De acordo com o CEBRID (2008) a palavra psicotrópica é composta de duas
outras: psico (palavra grega) que significa o nosso psiquismo, é o que fazemos, sentimos e
pensamos, e trópica que significa ter atração por. Logo, psicotrópica quer dizer: atração pelo
psiquismo. Sendo assim, drogas psicotrópicas são aquelas que atuam no nosso cérebro,
alterando de alguma maneira o nosso psiquismo.
Para Seidl e Costa (apud SENAD, 1999) drogas psicotrópicas são aquelas que
atuam sobre o cérebro, modificam seu funcionamento, provocam alterações no humor, nas
12 percepções, no comportamento e nos estados da consciência ou da mente. Essas alterações
dependem de vários fatores, dentre os quais o tipo de substância que é consumida.
Existem várias classificações para as drogas psicotrópicas, porém a mais utilizada
pelos pesquisadores é a do pesquisador francês Chaloult, por ser simples é prática. Conforme
Carlini et al (2001) Chaloult classificou as drogas psicotrópicas em três grandes grupos: o
das depressoras, das estimulantes e o das perturbadoras da atividade do Sistema Nervoso
Central (SNC).
Drogas Depressoras: como o próprio nome indica, diminuem a atividade do SNC, ou seja, esse sistema passa a funcionar mais lentamente. Como conseqüência aparecem os sintomas e os sinais dessa diminuição: sonolência, lentificação psicomotora etc. Algumas dessas substâncias são úteis como medicamentos em casos nos quais o SNC da pessoa está funcionando "muito acima do normal", como por exemplo, em epilepsias, insônias, excesso de ansiedade etc. Entre os meninos em situação de rua, as drogas depressoras mais consumidas são: álcool, inalantes e benzodiazepínicos Drogas Estimulantes: são aquelas que estimulam atividade do SNC, fazendo com que o estado de vigília fique aumentado (portanto, diminui o sono), haja "nervosismo", aumento da atividade motora etc. Em doses mais elevadas chegam a produzir sintomas perturbadores do SNC, tais como delírios e alucinações. A droga estimulante mais usada por meninos em situação de rua é a cocaína e seus derivados, como cloridrato, crack, merla, pasta etc. Drogas Perturbadoras: nesse grande grupo temos as drogas que produzem uma mudança qualitativa no funcionamento do SNC. Assim, alterações mentais que não fazem parte da normalidade como, por exemplo, delírios, ilusões e alucinações, são produzidos por essas drogas. Por essa razão, são chamadas de psicoticomiméticas, ou seja, drogas que mimetizam psicoses. Entre meninos em situação de rua, as drogas perturbadoras mais usadas são: maconha e alguns medicamentos anticolinérgicos, dentre os quais o triexifenidil (Artane) é o mais consumido (CARLINI 1994 apud CARLINI et al, 2001, p. 11).
Conforme Carlini et al (2001) as drogas psicotrópicas mais consumidas são:
Anticolinérgicos, benzodiazepínicos, álcool (bebidas alcoólicas), cocaína, crack e merla,
maconha e THC, solventes ou inalantes e tabaco.
2.1.3 Triangulo básico do consumo de drogas
Conforme SENAD (1999) as substâncias psicoativas têm grande capacidade de
gerar dependência, o que acarreta prejuízos não só para o usuário das mesmas, mas também a
todos que estão, direta ou indiretamente, em contato com a pessoa.
É comum o usuário apresentar outros distúrbios psiquiátricos e “conflitos
interiores” que de alguma forma faz com que ele tenha atração para experimentar as
substâncias psicoativas. O convívio do indivíduo com outras pessoas podem gerar conflitos
13 ou influências que possibilitam o surgimento do fenômeno drogadição. Abre-se, assim, um
círculo vicioso: os conflitos ambientais, influências externas, conflitos intrapsíquicos,
comorbidades psiquiátricas exigem uma solução, a solução mais fácil e econômica é a droga
(SEIDL; COSTA, apud SENAD, 1999).
As autoras seguem afirmando que um preço muito alto é pago para a solução
droga. A droga alimenta, estimula até a exaustão os conflitos antes existentes e quem mais
sofre é a família que ao descobrir que um dos seus membros é usuário de drogas faz várias
adaptações que em regra tornam-se desastrosas.
Para melhor compreender o consumo de drogas Seidl e Costa (apud SENAD,
1999) ilustram com a figura
Pessoa
Droga Contexto Sociocultural
Onde:
- o primeiro elemento - pessoa - refere-se ao individuo, levando em conta suas
características, sua história e seu momento de vida;
- o segundo elemento – droga – identifica uma substancia psicoativa com
características, quanto à forma como atua e ao potencial de causar danos ao
organismo.
- o terceiro elemento – contexto sociocultural – diz respeito às características
sociais, culturais, históricas e econômicas que identificam cada sociedade ou
comunidade e que determinam ofertas e demandas diferenciadas para o uso ou
abuso de drogas, é preciso considerar a pessoas e suas relações com a substância
e com o seu contexto (SEIDL; COSTA, apud SENAD, 1999).
Conclui-se que o uso inadequado de substâncias psicoativas são transtornos
pessoais, familiares e sociológicas.
2.2 SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
14
A dependência química é um dos transtornos psiquiátricos mais freqüentes da
atualidade. Segundo Malbergier (2005) estudo realizado pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp) mostrou que 25% a 35% dos adultos dependem da nicotina (cigarro) e que
quase 20% dos entrevistados já haviam experimentado alguma droga como maconha (6,9%),
os solventes (5,8%) e a cocaína (2,3%).
A mesma autora cita que a síndrome da dependência química é caracterizada pela
perda do controle do uso de determinada substância psicoativa e que as substâncias
psicoativas, atuam sobre o sistema nervoso central, provocando sintomas psíquicos e
estimulando o consumo repetido dessa substância.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (apud HUMANUS, 2008),
uso nocivo é um padrão de uso de substâncias psicoativas que está causando dano à saúde", podendo ser esse de natureza física ou mental. A intoxicação aguda ou 'ressaca', dependendo de sua intensidade, por si só, não é considerada dano à saúde. A presença da síndrome de abstinência ou de transtornos mentais relacionados ao consumo (p.ex. demência alcoólica) exclui esse diagnóstico.
Conforme o NEAD (2008) a despeito da existência de várias explicações teóricas
para as causas da síndrome da dependência química, um conceito é unânime: “dependência é
uma relação alterada entre um indivíduo e seu modo de consumir uma substância”. Sendo que
esta alteração no modo de consumo pode originar problemas para o usuário. Sendo que alguns
indivíduos não apresentam problemas relacionados ao seu consumo. Enquanto outros
“apresentam problemas, mas não podem ser considerados dependentes”. E, finalmente, entre
os usuários há diferentes níveis de gravidade. Contudo é preciso “entender como os sintomas
observados são moldados pela personalidade dos indivíduos e pelas influências sócio-
culturais”.
Malbergier (2005) considerada a síndrome da dependência química uma doença,
que apresenta os seguintes sintomas: Tolerância: necessidade de aumento da dose para se
obter o mesmo efeito; Crises de abstinência: ansiedade, irritabilidade, insônia ou tremor
quando a dosagem é reduzida ou o consumo é suspenso; Ingestão em maiores quantidades ou
por maior período do que o desejado pelo indivíduo; Desejo persistente ou tentativas
fracassadas de diminuir ou controlar o uso da substância; Perda de boa parte do tempo com
atividades para obtenção e consumo da substância ou recuperação de seus efeitos;
Negligência com relação a atividades sociais, ocupacionais e recreativas em benefício da
droga; e Persistência na utilização da substância, apesar de problemas físicos e/ou psíquicos
decorrentes do uso.
Desse modo, fala-se em dependência quando o consumo é compulsivo, existe
negação dos sintomas de abstinência ocasionando problemas sociais, físicos e psicológicos.
15
2.2.1 Diagnósticos da síndrome da dependência química
Segundo a OMS (apud CONEN/SC, 2007, p. 11) um diagnóstico definitivo de
dependência deve usualmente ser feito somente se três ou mais dos seguintes requisitos
tenham sido experienciados ou exibidos em algum momento durante o ano anterior:
- Forte desejo ou compulsão para consumir a substância; - Dificuldade para controlar o comportamento de consumir a substância, em termos
de seu início, término ou níveis de consumo; - Estado de Abstinência fisiológico quando o consumo da substância cessou ou foi
reduzido, como evidenciado por: Sintomas característicos para a abstinência da substância
- Retorno ao uso da substância (ou similar) para alívio ou evitação destes sintomas - Evidência de Tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância são
requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. Se o indivíduo mantém a dose estável, outra forma de verificar a presença deste critério é a redução dos efeitos da substância;
- Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substância, aumento da quantidade de tempo necessário para obter ou tomar a substância ou ainda para se recuperar de seus efeitos
- Persistência no uso da substância, a despeito de evidências claras de conseqüências manifestamente nocivas.
Os critérios diagnósticos da Síndrome da Dependência Química possuem níveis
de gravidade distintos para cada caso, por isso a importância de um profissional especializado
para a realização do diagnóstico.
2.3 TIPOS DE USUÁRIOS DE DROGAS
A OMS (apud CONEN/SC, 2007) os tipos de usuários de drogas são classificados
como:
a) Eventual ou Experimentador: é o usuário curioso, que usa a droga
pouquíssimas vezes, levado por amigos que o induzem a essa experiência; ou
movido pela ausência de informação e curiosidade. Normalmente não se fixam
em nenhuma.
16
b) Usuário ocasional ou recreativo: usa em ocasiões favoráveis como: festas,
situações em que precisa produzir certo tipo de trabalho, reuniões para trocar
idéias, encontros sexuais. Não percebe o prejuízo.
c) Usuário habitual ou funcional: é aquele que está a um passo do vício e
dependência. Começa a apresentar alterações no comportamento.
d) Usuário dependente ou Disfuncional possui um forte impulso psíquico que
impede sua abstinência (ou não uso), dando-lhe um desconforto tal que,
fatalmente, ele irá procurar a droga.
e) Usuário de abuso: é aquele que faz uso abusivo, que passa a se prejudicar e
sentir as conseqüências de sua dependência. Usa de maneira compulsiva:
enquanto houver droga, não pára.
f) Usuário crônico: no qual já está instalada a Síndrome da dependência
Química. Em que a busca da droga se faz por compulsão, desejo irrefreável. Ele
percebe que a droga está lhe causando vários problemas, mas não pára. A
tolerância já está instalada e o dependente precisa de doses cada vez maiores.
2.3.1 Tratamento
Há uma possibilidade ilimitada de modelos de tratamento para a síndrome da
dependência química, que vai desde os ditos “mais famosos”, passando pelos tradicionais, até
os conhecidos do grande público. Não há um serviço melhor que o outro, cada um deles
possui vantagens e desvantagens, e sim pacientes mais indicados para cada serviço. (OMS,
2000).
Segundo Silveira (1995), o dependente é uma pessoa que se encontra diante de
uma realidade objetiva ou subjetiva insuportável, e não a conseguindo modificar ou se
esquivar, resta-lhe como única alternativa a alteração da percepção dessa realidade, que é feita
pelo dependente através de substâncias psicoativas.
Milby (1988) classifica as modalidades de tratamento da síndrome de
dependência química em quatro grandes grupos: Abordagens médico-farmacológicas:
incluem hospitalização para desintoxicação e tratamento de doenças relacionadas à
dependência; tratamento psiquiátrico convencional; cirurgia cerebral (lobotomia); uso de
drogas psiquiátricas; tratamento não-psiquiátrico com clínico geral; terapia de manutenção
com opiáceos e terapias com antagonistas; Abordagens psicossociais: incluem psicoterapia
17 psicanalítica; psicoterapia de apoio; psicoterapia e orientação familiar sistêmica; terapia
comportamental; psicoterapia de grupo (comportamental, centrada na pessoa, psicanalítica)
e, ainda, aconselhamentos baseados no uso da autoridade racional; Abordagens
socioculturais: englobam as metodologias seguidas pelas Comunidades Terapêuticas e os
Grupos de Narcóticos Anônimos; e Intervenções baseadas em abordagens religiosas: às
vezes, nessas abordagens, inclui-se o trabalho de médicos, psicólogos e assistentes sociais,
mas o enfoque institucional básico é a doutrinação religiosa e o aconselhamento espiritual.
Para Edwards, Marshall e Cook (1999) a dependência pode ser tratada de diversas
maneiras: na rede primária de atendimento à saúde, nas unidades comunitárias de álcool e
drogas, na unidade ambulatorial especializada, nos grupos de auto-ajuda, nos hospitais-dia e
gerais, na moradia assistida, nos hospitais psiquiátricos, no sistema judiciário, nas Empresas e
nas comunidades terapêuticas.
Nesta pesquisa, será destacado o tratamento em Comunidades Terapêuticas (CT),
principalmente devido ao seu crescimento nos últimos anos.
2.4 COMUNIDADES TERAPÊUTICAS (CT)
Comunidade Terapêutica para correção da Síndrome da Dependência Química
utiliza a abordagem comunitária como instrumento primário e facilitador do crescimento e da
mudança individual é o ponto de distinção entre as comunidades terapêuticas e outras formas
de ambiente de tratamento.
2.4.1 Definição de CT
A Associação Nacional de Comunidades Terapêuticas dos Estados Unidos define
este ambiente de tratamento como
um tratamento comunitário altamente estruturado que emprega sanções e penalidades, privilégios e prestígios determinados pela comunidade como parte de um processo de recuperação. As comunidades terapêuticas fomentam o crescimento pessoal por meio da mudança de comportamentos e atitudes individuais. Essa mudança está ambientada em uma comunidade de residentes e profissionais trabalhando juntos para ajudar a si mesmos e aos outros, tendo como foco a integração individual dentro da comunidade (THERAPEUTIC..., 2005).
A RDC nº 101 , de 30 de maio de 2001 (ANVISA, 2001), define CTs
18
são serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substancias psicoativas (SPA), em regime de residência ou outros vínculos de um ou dois turnos, segundo modelo Psicossocial, são unidades que têm por função a oferta de um ambiente protegido, técnica e eticamente orientados, que forneça suporte e tratamento aos usuários abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas, durante período estabelecido de acordo com o programa terapêutico adaptado às necessidades de cada caso. É um lugar cujo principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares. Oferece uma rede de ajuda no processo de recuperação das pessoas, resgatando a cidadania, buscando encontrar novas possibilidades de reabilitação física e psicológica, e de reinserção social
A CT segundo Yaria (1992), é um sistema social que deve facilitar uma
aprendizagem terapêutica dentro das normas de convivência e enquadramento de tarefas, sob
o conceito de abstinência total das drogas e na voluntariedade. O trabalho é a base da
disciplina instituicional que educa na co-responsabilidade. A hierarquina, na CT, é com base
nas conquistas de cada residente, no conhecimento de si mesmo e nas lideranças positivas.
Para o autor a CT é uma
sistemática de grupo, onde cada um dos grupos responde a diferentes necessidades dos residentes. Alguns seguirão os alinhamentos típicos dos grupos terapêuticos. Outros terão como função atacar os comportamentos negativos para a sobrevivência do grupo e procurarão reforçar as conquistas positivas [...].Trata-se de continuamente reforçar as conquistas positivas e a estrutura grupal. A possibilidade de mudança mediatiza-se através da função de “holding” que tem a instituição. (YARIA, 1992, p. 13).
De Leon (2003) refere que a CT utiliza uma abordagem de auto-ajuda,
diferentemente das correntes psiquiátricas, psicológicas e médicas. Aborda sobre a natureza
terapêutica de todo o ambiente, tendo grande flexibilidade, tratando o individuo na sua
totalidade que tende a ser um processo de longo prazo, possibilitando um resultado na
mudança pessoal e no estilo de vida. Finalmente, observa ainda quanto à atenção e o perigo da
intromissão de instrumentos e práticas que contrariem a essência da proposta da CT.
O termo CT, segundo Fracasso (2001), se refere a um grupo de pessoas reunidas
objetivando a auto-ajuda e a recuperação recíproca. Para isso é preciso possuir uma forte
motivação e características compatíveis a vida comunitaria.
2.4.2 Origem e evolução da CT
Em 1860 foi criado na Inglaterra o movimento cujo objetivo era o renascimento
espiritual, e uma crítica a igreja anglicana, denominada Oxford e, originalmente, chamada
Associação Cristã do Primeiro Século. Em 1900 seu nome foi mudado para Rearmement. Os
19 príncipios do grupo oxford era: a busca de um estilo de vida fiel aos ideais cristãos;
compromisso de encontros semanais para leitura é comentários da Bíblia; e o compromisso da
reciprocidade da honestidade. Ainda a autora, dez anos após o inicio do grupo Oxford,
constatou-se que 25% dos membros participantes eram alcoolistas em recuperação
(FRACASSO, 2001).
Segundo Fracasso (2001), em 1935 os participantes do grupo Oxford deram
origem, nos Estados Unidos, ao grupo de Alcoólicos Anônimos (AA). A partir do movimento
dos AAs surgem as experiências que vieram a dar origem as CTs.
Segundo Cunha Filho (2008) os modelos de tratamento para dependentes
químicos, hoje denominados CT, não teve a sua origem no tratamento de adictos, mas no
tratamento de doentes psiquiátricos com comportamento anti-social, tendo nascido no Reino
Unido, em 1946, através do Tenente-Coronel Tom Main. Todavia, este reconheceu que o
termo devia grande parte do seu significado ao médico psiquiatra Maxwell Jones e ao seu
trabalho na Unidade de Reabilitação Social do Belmont Hospital (actual Henderson Hospital).
Segundo Fracasso (2001) os experimentos realizados por Maxell Jones, psiquiatra
escocês, em 1952 transformou o tratamento tradicional de três hospitais ingleses em uma
experiência de CT, onde o paciente era participante ativo do seu próprio tratamento,
diminuindo o uso de medicamentos e aproximando o corpo técnico dos pacientes, em situação
de igualdade onde todos participavam da organização diária das atividades.
De acordo com Kalina e Kovadloff (1988), Maxwell Jones, psiquiatra e diretor do
hospital Dingleton, na Escócia, foi o primeiro a utilizar o termo "Comunidade Terapêutica" e
preocupado com o fato de que a psiquiatria tradicional parecia não estar ajudando os pacientes
convidou vários profissionais distintos para o que chamou de "reunião mundial", visando
verificar a melhor forma de falar diretamente com seus pacientes, mudando assim a imagem
autoritária do hospital.
Conforme Yaria (1992), Maxwell Jones enfatizava que a CT implica que a
responsabilidade pelo tratamento não é exclusiva da equipe médica treinada, mas cabe
também aos membros da comunidade, isto é, aos residentes.
O mesmo autor afirma que a eficácia terapêutica da comunidade surgiu de
maneira casual, quando após a 2ª Guerra Mundial, a escassez de pessoal médico fez com que
as equipes de enfermagem e manutenção tivessem acesso mais direto ao paciente,
participando do atendimento. A aproximação entre os pacientes, e entre estes e o pessoal, e a
ajuda mútua existente, principalmente em relação ao tratamento dos chamados “veteranos de
guerra”, veio confirmar por um lado o que M. Sullivan já havia descrito como um clima
20 emocional terapêutico, mas também por outro fornecer situações de remissão sintomática que
não eram conseguidas pela psiquiatria tradicional.
O autor segue afirmando que deste modo, a “Comunidade Terapêutica” foi
definida como uma situação grupal de “viver aprendendo”. Nesta definição, a aprendizagem
estava ligada à experiência do comunitário e à vivência social, relacionando-se com algo que
está para além do conceito de tratamento. É com a inclusão das diversas dependências no
cenário clínico, durante a década de 50, que a CT adquire maior força como acompanhamento
sistemático e programado de indivíduos com dependências. Todavia, estas interpretavam a
dependência do álcool e outras drogas mais como um comportamento desviante, fruto de um
desenvolvimento defeituoso da personalidade, ou de deficiências crónicas no alcançar a
normalidade social, educacional ou econômica.
Para Fracasso (2001) o conceito básico do tratamento era entendido como um
sistema da aprendizagem social no qual o crescimento pessoal e social se dá através da
interação entre os pares.
2.4.3 Finalidade e estrutura das CTs
Os objetivos das CT não são apenas os resultados do tratamento, mas também as
conseqüências de uma reabilitação social envolvendo intervenção também em outros locais
fora do espaço da CT (POZAS, 1996).
Conforme Sabino e Cazenave (2005, p. 167-174),
O objetivo dessas instituições é o de promover uma transformação da personalidade do indivíduo, um amadurecimento pessoal e favorecer sua reinserção à sociedade. Para isso, criam-se novos valores como espiritualidade, responsabilidade, solidariedade, honestidade e amor.
A abordagem comunitária como instrumento primário e facilitador do crescimento
e da mudança individual é o ponto de distinção entre as comunidades terapêuticas e outras
formas de ambiente de tratamento.
Para Araújo (2003) há quatro dimensões comportamentais visadas para que o
indivíduo opere a ressocialização terapeuticamente objetivada: a) o desenvolvimento
individual, destacado pela habilidade para lidar com a emoção e construção da identidade e
pelo encontro das atitudes mais maduras; b) a mudança de aspectos subjetivos do
comportamento, é marcada pela identificação com o método terapêutico, percepções do
indivíduo quanto as circunstâncias externas que estimulam o consumo de drogas, as
motivações internas para a mudança, a prontidão para o tratamento, e a percepção crítica da
21 mudança obtida ao longo do processo; c) a incorporação de princípios comportamentais e
sociais, tais como a auto-eficácia, o entendimento do papel social e da necessidade de se
colocar no lugar do outro; e d) a integração social, possível apenas se pautada pela
cooperação, conformidade e comprometimento.
2.4.4 Comunidades Terapêuticas no Brasil
As Comunidades Terapêuticas, também conhecidas por “Fazendas” ou “sítios”,
são um ambiente terapêutico bastante recorrente no meio brasileiro. Porém, os estudos acerca
do tema são praticamente nulos na literatura científica nacional, restritos a relatos da
experiência de profissionais envolvidos nesse ambiente de tratamento (ARAÚJO, 2003).
As CTs foram criadas em 1979 com o intuito de dar uma resposta aos problemas
provenientes da dependência de drogas, possuindo assim um ambiente que necessariamente é
livre das mesmas e uma forma de tratamento em que o paciente é tratado como o principal
protagonista de sua cura. Trata-se de um sistema estruturado, com limites precisos e funções
bem delimitadas, regras claras e afetos controlados, através de normas, horários e
responsabilidades. Toda estrutura é para que o paciente se situe totalmente no tratamento,
sendo assim, o trabalho intenso, tanto pela equipe profissional, quanto pelos pacientes
(POZAS, 1996),
Conforme Mont Serrat (2002), membro do conselho deliberativo da Federação
Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT) e responsável pela definição do papel
das CTs no Brasil, o aumento significativo de CT esta diretamente relacionado ao aumento do
consumo de drogas ilícitas por parte dos jovens. No Brasil as CTs filiadas à FEBRACT já são
mais de 80.
O autor segue afirmando que, tanto em países ditos de primeiro mundo como nos
de terceiro mundo, é grande o número de CTs e que “quando os princípios de recuperação, de
resgate da cidadania, de reabilitação física e psicológica e de reinserção social são
corretamente aplicados, os tratamentos apresentam resultados positivos e importantes”. Para o
autor o objetivo das CTs é agir nos fatores psicossociais do paciente, ficando a aplicação de
medicamentos por conta dos hospitais e clínicas.
Para Sabino e Cazenave (2005) as CTs têm como objetivo a promoção da
transformação da personalidade do indivíduo, além do amadurecimento pessoal e o
favorecimento a reinserção à sociedade. Razões pelas quais são criados novos valores como
“espiritualidade, responsabilidade, solidariedade, honestidade e amor.”
22
Segundo Mont Serrat (2002) tomando como base os dados da Febract é possível
dizer que, em termos mundiais, das pessoas que freqüentaram as CTs 30% a 35%
abandonaram definitivamente o consumo de drogas.
2.4.5 Caracteristicas de funcionamento das CTs
Yaria (1992), afirma que a mola mestra do programa terapêutico é o grupo de
pares e que a CT falhará nos seus objetivos se o residente não for reconhecido na sua
individualidade, pois a escuta da sua história é fundamental no processo terapêutico.
Conforme Yaria ( 1992) o funcionamento básico das CTs seguem mais ou menos
as mesmas caracteristicas quais sejam: rigidez hierárquica social com liderança autocrática na
vida comunitária; os recém-chegados com estatuto muito baixo, desempenhando a maioria
das tarefas; subida na hierarquia e aumento dos privilégios conforme a modificação do
comportamento no sentido positivo e de responsabilidade, servindo de modelo aos recém-
chegados; existe um sistema definido de recompensas ou punições se as regras são violadas;
existem reuniões de grupo terapêutico comunitário três ou mais vezes semanalmente, com
confrontação verbal mais ou menos violenta e duração variável; geralmente o líder do grupo é
o residente mais antigo.
Segundo Baukeland (1995), a sua observação é que em CT os pares tem a
possibilidade de crescerem, dentro de uma visão humanitária e para isso, precisam da mutua
ajuda dos companheiros de tratamento, sendo que aos residentes são proporcionadas
responsabilidades e, frente a isso, podem confrontar um ao outro para a obtenção de maior
honestidade e maturidade.
2.4.6 Serviços comuns nas CTs
Cunha Filho (2008) refere que as CTs devem proporcionar um atendimento e
desenvolver programas que visem promover instrumentos capazes de servir de subsídios que
venham a resgatar dependentes de substâncias psicoativas, com transtornos mentais e de
comportamento, buscando sua readaptação ao convívio social e familiar tais como: programa
de desintoxicação, que envolve cuidados biológicos; isolamento comunitário, que permite a
23 tomada de consciência quanto à sua problemática e por fim um treinamento básico sobre a vida
dentro da instituição o interno doravante denominado residente se vê confrontado com sua
história por um grupo de pares e dentro de uma equipe terapêutica.
De acordo o autor a CT promove outros serviços como: unidades de apoio, para
quem não tenha superado ainda a fase de uso ou abuso de drogas podendo contar com uma
equipe técnica capaz de avaliar e encaminhar o usuário a um atendimento especifico
dependendo do caso, triagem, onde são atendidos aqueles que estão buscando o tratamento,
reinserção social, para os que ja concluiram de forma satisfatória o tratamento, estando em
processo de reinserção social e familiar e grupos de familia, que são desenvolvidos durante o
processo terapêutico intensivo de terapia familiar, na fase de tratamento do dependente, e
tambem depois deste (CUNHA FILHO, 2008).
Para Sabino e Cazenave (2005), a CT é um programa eficiente, tanto que é
desenvolvido no mundo todo. Porém, quanto a essa metodologia de tratamento para a
síndrome da dependência química, fazem-se necessários estudos para constatar se o
"isolamento" do mundo e da droga não venha a favorecer uma recaída no momento de saída
da CT, devido ao despreparo à reinserção social, uma vez que a abstinência foi promovida
num ambiente de contenção.
Para as autoras as CTs também devem atender ao seu objetivo
atender pacientes dependentes de substâncias psicoativas que almejam uma recuperação, pois algumas vezes encontramos pacientes usuários ocasionais (não-dependentes), internações indiscriminadas, pacientes com outros diagnósticos psiquiátricos associados à dependência - o que requer um tratamento mais específico - e também internações utilizadas pela família do paciente com caráter punitivo.
Conforme algumas considerações de Elena Goti (1990) sobre a abordagem
Comunidade Terapêutica devem levar-se em consideração à voluntariedade do residente, estas
instituições, não se destinam a todo tipo de dependente (isto ressalta a importância
fundamental da triagem como início do processo terapêutico, muitas vezes algumas CTs,
através de suas equipes, se sentem onipotentes e "adoecem" acreditando que se o residente
não quiser ficar na CT é porque não quer recuperação. Não consideram que o residente tem o
direito de escolher como e onde quer se tratar).
Devem reproduzir o melhor possível, a realidade exterior para facilitar a
reinserção, fornecer um modelo de tratamento residencial, com meio altamente estruturado,
atuando através de um sistema de pressões artificialmente provocadas, que venham a
estimular a explicitação da patologia do residente, frente a seus pares. Os pares servem de
espelho da conseqüência social de seus atos, assegurando um clima de tensão afetiva, no qual
o residente é o principal ator de seu tratamento e a equipe oferece apenas, apoio e ajuda.
24
Do ponto de vista cultural, o fenômeno moderno da CT está inserido na proposta
da filosofia existencial que deu vida a escola da psicologia denominada Humanista.
2.4.7 Principais modelos de CTs
São várias as propostas para o tratamento da Síndrome da Dependência Química,
todas as propostas devem levar em consideração o individuo na sua singularidade. Os critérios
e métodos contemplados no processo de tratamento devem contemplar as abordagens
médicas, psicoterápicas e sociais, centradas no individuo.
Os principais Modelos de CTs são:
2.4.7.1 Minnesota
Segundo Burns (1995) este modelo foi fundado, em 1935, a partir da necessidade
dos AAs de dispor de local para internar os alcoólatras que pretendiam deixar de beber.
Quando um psiquiatra e um psicólogo tentaram desenvolver um trabalho junto aos alcoólatras
que ocupavam uma grande parte dos 1.600 leitos do hospital estadual Wilmar State em
Minnesota, gerando assim a primeira experiência para tratamento de alcoolismo
multidisciplinar que envolvia membros e princípios de A.A.
O mesmo autor cita que os resultados dessa experiência mostraram que o hospital
não era o ambiente adequado para o tratamento de alcoólatras, assim a equipe multidisciplinar
passou a permitir que os alcoólatras entrassem e saíssem do hospital livremente, o que,
conseqüentemente, gerou conflitos internos.
Posteriormente, este mesmo psicólogo, foi contratado para dar continuidade a sua
experiência na clinica Hazelden onde teve origem o Modelo Minnesota, precursor de todos os
modelos para tratamento de dependência química, cuja base está estruturada nos 12 passos do
grupo de A.A e faz uso de uma abordagem multidisciplinar.
2.4.7.2 Synanon
25
Esta CT teve origem a partir de 1958, através de Chuck Derick, membro de um
pequeno grupo de alcoólotras em recuperação (AA), que decidiram viver juntos para facilitar
a procura de uma vida alternativa longe das drogas. E, assim, nasce a primeira CT
denominada Synanon.
Para Fracasso (2001) Synanon tratava da dependência do álcool e outras drogas e
também os que sofriam de perturbações afetivas. Tais quadros eram abordados muito mais de
uma forma social global do que através de uma abordagem clínica rigorosa. Uma das
principais técnicas utilizadas era a agressão verbal confrontativa. Durante uma reunião de
grupo, um indivíduo era criticado, humilhado e satirizado no seu comportamento, só podendo
defender-se através de palavras, sem recorrer à violência ou às ameaças.
Segundo Cunha Filho (2008)
O Synanon também fornecia cursos, palestras e facilitava a reintegração social, através da continuidade da formação acadêmica ou de clubes de lazer e outros contatos na comunidade. O uso de qualquer droga, incluindo o álcool, era proibida para todos os membros, e a equipe era na sua maioria composta por antigos pacientes dependentes em recuperação. O projecto de Synanon defrontou-se posteriormente com severas dificuldades institucionais, mas a sua ideologia, hoje levemente modificada, serviu de base para as Comunidades Terapêuticas actuais.
2.4.7.3 Day Top Village
Em 1963 um dependente em recuperação da Comunidade Terapêutica Synanon
Chamado David Deitch juntamente com Monsenhor William O’Brian inaguram a instituição
Day Top Village, que teve seus principios e objetivos primeiramente voltados à recuperação
de alcoólotras abrindo posteriormente suas portas para dependentes de outras drogas devido a
grande demanda.
Cabe salientar que de Day Top partiu os conceitos básicos de Comunidade
Terapeutica até os dias de hoje.
Conforme Fracasso (2001) em 1979 a experiência de Day Top chegou na Italia
dando origem a Escola de Formadores de Comunidade Terapêutica Top a inclusão de novos
instrumentos, de acordo com a realidade cultural europeia e latina.
Para Cunha Filho (2008)
O programa comunitário “Day Top”, denominado “comunidade terapêutica programada”, foi iniciado em 1964, em Nova Iorque, por intermédio de William O’Brien e David Deitch. Foi muito influenciado pelo Synanon, já que, no seu início, um antigo membro do pessoal de Synanon se tornou diretor do “Day Top”.
26
Os métodos terapêuticos, segundo Cunha Filho (2008), assemelham-se aos de
Synanon substituindo a necessidade das drogas proporcionando o restabelecimento
psicológico e social do indivíduo. Parte da equipe técnica é formada por antigos pacientes em
recuperação, formados na própria instituição.
2.4.7.4 Odyssey House
É um modelo de tratamento iniciado em 1967, cujo programa terapêutico é livre,
constituído de três fases sendo: uma fase preliminar; o tratamento propriamente dito em
regime de internamento; e o retorno à sociedade. O interno, após cumprir a primeira e
segunda etapa, passa para a fase de retorno onde atinge a situação de externo e é encaminhado
a um sistema de terapias (CUNHA FILHO, 2001)
2.4.7.5 Portage
O Modelo “Portage”, foi criado com base no Modelo Day Top Village, recebeu
importante influência da filosofia preconizada por Maxwell Jones. Segundo Cunha Filho
(2008), os pacientes são oriundo de uma população de “itinerantes, muitas vezes instáveis,
com estilo hippie, marginais, ou ainda com histórico criminal associado ao uso de
substâncias”. A equipe técnica é formada por ex-usuários que passaram pelo programa
terapêutico e por outros profissionais como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes
sociais, que precisam capacitar-se através da vivência no programa “Porttage”, para posterior
dedicação ao tratamento de dependentes químicos.
2.5 ABORDAGEM SOBRE AS DIVERSAS MODALIDADES DE INTERVENÇÕES NO
ÂMBITO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
O Conselho Estadual de Entorpecentes de Santa Catarina (CONEN/SC (2007)
evidencia a referência quanto a várias propostas para o tratamento da Síndrome da
Dependência Química, todas as propostas devem levar em consideração o individuo na sua
singularidade. Os critérios e métodos contemplados no processo de tratamento devem
contemplar as abordagens médicas, psicoterápicas e sociais, centradas no individuo.
27
Na abordagem centrada no individuo a teoria existencial-humanista, trabalha
essencialmente com relações humanas e fornece subsídios para torná-las mais sadias e
fecundas, estimulando as potencialidades do indivíduo.
Através do tema sobre a síndrome da dependência química, este referencial,
entende-se que a função do indivíduo perante a vida é a realização pessoal. O objetivo é fazer
o indivíduo valorizar a sua existência, buscando na essência aquilo que ele possui de mais
íntimo, precioso e individual, durante a sua vivência e experiência. (ROGERS, 1977)
A definição de um processo terapêutico deve estar baseada na avaliação criteriosa
de cada caso considerando, ainda, os aspectos sociais, familiares e econômicos além da
quantificação e qualificação da droga de uso/abuso.
2.5.1 Objetivos do tratamento
Conforme CONEN/SC (2007) a redução progressiva do uso/abuso de drogas e /ou
minimização das conseqüências ocorre com, a busca da abstinência através do não uso de
drogas, autoconsciência, autocrítica, mudança significativa no estilo de vida e melhor
qualidade de vida, capacitação para reassumir a sua própria vida incluindo a reinserção social.
Alem disso, devem-se realizar entrevistas, exame físico, exame psíquico, exames
laboratoriais, exames neurocognitivos e psicológicos.
Convém ressaltar que a possibilidade de sucesso de uma intervenção é maior
quando o paciente procura tratamento voluntariamente, e quando participa ativamente do
estabelecimento de um projeto terapêutico. É importante saber que o atendimento a
dependentes químicos caracteriza duas etapas principais: a desintoxicação, que objetiva a
retirada da droga do organismo (metabolismo/excreção); a reabilitação que objetiva a
reorganização da vida do individuo sem a interferência prejudicial da droga.
2.5.2 Intervenções Terapêuticas
De acordo com o CONEN/SC (2007), estão previstas dentro das propostas de
intervenções terapêuticas os tratamentos em CTs que são serviços de atenção psicossocial de
pessoas com transtornos de comportamentos decorrentes do uso/abuso de substancias
psicoativas (SPA). São unidades que devem oferecer um ambiente terapêutico protegido e
28 orientado, de forma técnica, possibilitando a promoção, da abstinência, da recuperação e da
reinserção social dos usuários desses serviços.
Para Sabino e Casenave (2005) o funcionamento das CTs é embasado na premissa
de que, quando não se é possível favorecer mudanças no indivíduo dependente, faz-se
necessário mudar a sua condição, seu meio e tirá-lo da situação onde o consumo ocorre. O
processo terapêutico é focado nas intervenções pessoais e sociais, concedendo atribuições,
direitos e responsabilidades ao indivíduo dependente num meio seguro quanto ao consumo de
drogas.
2.5.3 Reinserção Social
Segundo o CONEN/SC (2007), o objetivo fundamental da Reinserção Social é a
progressiva ressocialização do dependente químico em um ambiente que reforce a capacidade
de ser autônomo, de buscar a realização pessoal, profissional e social, inter-relacionar-se,
auto-afirmar-se, buscar um significado para a própria vida e potencializar o processo de
maturidade (pensar, projetar e escolher).
A reinserção social é um processo que envolve o individuo, sua família, a
comunidade e o Estado com o objetivo de criar, de forma saudável, novas redes de
relacionamento do individuo com toda a sociedade. Este processo se concretiza com tomada
de consciência do individuo, no aprendizado ou no resgate de valores morais e éticos, tendo o
apoio da família, da sociedade e do Estado, criando mecanismos de educação, saúde, trabalho
esporte, lazer, cultura, apoio psicológico para exercício de sua cidadania.
Para o CONEN/SC (2007, p. 20),
como o fenômeno da dependência química é complexo e multifacetado, todos os processos relacionados à Prevenção, Tratamento e Reinserção Social devem por conta disso, organizar a luz da transdisciplinaridade sendo que quanto mais transdiciplinar for à equipe de trabalho, melhores serão os resultados obtidos. Especificamente na reinserção social os esforços da equipe devem ser direcionados no sentido de ajudar o dependente a: - superar suas ansiedades; - lidar com os seus desejos e aspirações reais; - avaliar o nível de stress e ansiedade e- aprender a controlá-los - aumentar a auto-eficacia na resolução de problemas; - aprender a conviver com frustrações e insucessos; - reconhecer seus valores pessoais e interesses; - formular e concretizar suas escolhas.
Em respeito as normas definidas pela FREBRACT as CTs devem, possuir
critérios de admissão e de alta, além de procedimento de reinserção social do paciente.
29
Sabino e Casenave (2005) afirmam que para a validade do tratamento, os
indivíduos dependentes de substâncias psicoativas devem, inicialmente, acreditar na sua
recuperação, e para que isso ocorra faz-se necessário a experiência e conhecimento dos
profissionais, no sentido de melhor apoiá-los durante o processo.
2.5.4 Agentes Socializantes
Em conformidade com CONEN/SC (2007) podemos destacar entre os agentes
socializantes mais importantes da reinserção social, a família, suporte e apoio nas tomadas de
decisão, o grupo social onde se encontra inserido, o ambiente de trabalho, a escola, as pessoas
associadas às relações afetivas, as pessoas associadas à utilização do tempo livre, as
atividades culturais, as atividades ligadas ao lazer e os novos amigos do período de
abstinência.
É recomendado, mudar hábitos, evitar amigos, lugares e pessoas que o remetam
ao período da ativa, evitar situações de nível de ansiedade muito elevado, freqüentar grupos
de auto ajuda e suporte e praticar atividades que dêem prazer e alegria.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Nesta seção será apresentado o encaminhamento metodológico da pesquisa.
3.1 TIPO DE PESQUISA
A presente pesquisa pode ser classificada quanto à natureza como uma pesquisa
aplicada, pois, segundo Silva e Menezes (2005, p. 20), trata-se da pesquisa que visa “gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos”.
Quanto à abordagem, pode ser classificada como qualitativa definida por Marconi
e Lakatos (2002, p. 140) como sendo aquela baseada “na presença ou ausência de algumas
qualidades ou características, e também na classificação de tipos diferentes de dada
propriedade”. Para Haguette (1999, p. 63), o método qualitativo “fornece uma compreensão
profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância do aspecto
subjetivo da ação social”. Já, para Godoy (1995) a pesquisa qualitativa caracteriza-se
30 fundamentalmente pela imersão do pesquisador no contexto a ser pesquisado, pelo caráter
descritivo, e pelo enfoque indutivo. Enquanto que Chizzotti (1991) destaca a necessidade de
participação do pesquisador a fim de conhecer a realidade do que está sendo pesquisado.
Quanto aos objetivos, pode ser classificada como descritiva e exploratória.
Descritiva, pois “visa descrever as características de uma determinada população ou
fenômeno [...]” (GIL, 2002, p. 41). E, exploratória uma vez que, segundo Silva e Menezes
(2005, p. 21) “visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico; entrevistas com
pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado [...].
Do ponto de vista do procedimento técnico, a presente pesquisa pode ser
classificada como estudo de caso que Gil (1999, p. 72) define como aquele “caracterizado
pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado [...]”.
3.2 AMOSTRA E COLETA DOS DADOS
A coleta de dados foi realizada somente após a aprovação do Projeto de Pesquisa
pelas Comunidades Terapêuticas e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI.
O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi a entrevista estruturada que,
segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 94) “É aquela em que o entrevistador segue um roteiro
previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas” (APÊNDICE
A). Para Colognese e Mélo (1998) a entrevista estruturada se caracteriza fundamentalmente
por ter as perguntas formuladas com antecedência, e o entrevistador como um sujeito ativo
podendo fazer perguntas adicionais para melhor esclarecer questões que não foram
elucidadas.
Foram realizadas entrevistas com 02 (dois) profissionais dirigentes das CTs
localizadas na Grande Florianópolis, em dois dias seguidos, nas dependências das respectivas
Comunidades Terapêuticas e durante o horário de trabalho dos profissionais, após a leitura e
assinatura do Termo de Consentimento Livre (APÊNDICE B). Ambos foram previamente
contatados visando informar sobre o objetivo da pesquisa e solicitar autorização e
agendamento para a coleta de dados (APÊNDICE C).
As CTs entrevistadas foram escolhidas pela sua localização geográfica devido a
facilidade de realizar as entrevistas, e estarem situadas na região do campus.
31
Os dados coletados foram transcritos em forma de relato dialogado e analisados a
partir da Análise de Conteúdo, que segundo Bardin (1991) “é um conjunto de técnicas de
análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens”. Seu objetivo, conforme Chizzotti (1991, p. 81). “é compreender
criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações
explícitas ou ocultas”
4 APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS
Nesta seção serão apresentados os resultados dos dados coletados e a análise dos
mesmos.
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Os dados coletados foram categorizados a fim de descobrir aspectos comuns e
incomuns entre os Modelos de Comunidades de Comunidades Terapêuticas para Tratamento
da Síndrome da Dependência Química, localizadas na Grande Florianópolis.
Os entrevistados serão identificados por letras A e B, seguindo os princípios
éticos com seres humanos e respeitando os sujeitos envolvidos nesta pesquisa assumindo o
compromisso de manter o anonimato.
Foram entrevistados 02 (dois) dirigentes das CTs: sendo o “A” – Diretor geral, 42
anos, do sexo masculino, casado, cursando ensino superior no curso de processos gerenciais,
com 12 anos de experiência na área, trabalhando 10 anos na CT. E o “B” – Coordenador
Técnico, 52 anos, do sexo masculino, casado, de formação superior de Enfermagem, com 29
anos de experiência na área e trabalha 8 anos na CT.
Após a transcrição das entrevistas, visando melhor compreensão foram elaboradas 10 (dez)
categorias, conforme tabela a seguir:
TABELA 1: Categorias desenvolvidas a partir das respostas dos Dirigentes das CTs.
CATEGORIAS INFORMAÇÕES ORAIS
1 Modelo de Tratamento
A- “... usamos o método Minessota aliado a Mecanismos Científicos e
Espiritualidade Cristã”.
B- “... Abordagem Centrada na Pessoa”.
32
2 Programa Terapêutico
A- “... utilizamos terapias como: 12 Passos, Reunião de Sentimento e
Grupos Terapêuticos, Terapia Familiar, Terapia Individuais, Grupos de
Apoio”..
B- “... Abordagem Centrada na Pessoa e a proposta de tratamento é de
90 dias”.
3 Critérios de Admissão e Alta
A- “... entrevista de admissão previa na comunidade onde é apresentada
proposta de tratamento em seguida é entregue uma relação dos requisitos
para a internação: documentos, exames médicos, enxoval, histórico
escolar, avaliação psiquiátrica, se faz uso de medicamentos trazerem os
encaminhamentos médicos etc.”.
B- “... Realizado triagem, verificado o desejo de realizar tratamento, as
condições clinicas e comorbidades são avaliadas. A alta é efetivada a
pedido do cliente ou quando conclui o período de tratamento proposto”.
4 Atendimento a família e Visitas
A- “... através dos grupos de apoio distribuídos nas regiões, através de
encontros marcados periodicamente na CT com acompanhamento
psicológico e terapêutico pastoral, palestras proferidas na CT,
comunidade, escolas, empresas publicas e privadas, para os adultos após
30 dias de sua internação ele recebe visitas todos os finais de semana das
14 às 18h para os adolescentes após sete dias ele recebe a primeira
visita”.
B- “... No momento não realizamos atendimento a família, somente
orientações gerais, as visitas são livres e a qualquer dia, solicitamos que
se possível no período da tarde”.
5 Ressocialização e Serviço de
Suporte
A- “... faz parte de nosso programa a Reinserção social: temos uma casa
com 14 vagas exclusiva onde o residente após período de tratamento
solicita a inserção na modalidade de reinserção, o conselho avalia o
pedido e no caso de o residente estar apto ao programa ele permanece
por um período de 3 meses,durante esse tempo ele recebe o auxilio
necessário para providenciar seus documentos, tratamento de
saúde,buscar emprego e a reintegração sócio familiar nesse período,
após 3 meses ele precisa já ter conseguido um local para morar e liberar
a vaga para outro. Sim, através dos grupos de apoio, visitas periódicas
na sua casa, telefonemas, atendimentos esporádicos na própria CT e
encontros mensais onde são ministradas palestras reuniões com
familiares e equipe terapêutica”.
B- “... Sim. Realizamos grupo de ajuda e prevenção a recaída as quintas-
feiras. Sim. O cliente inicia visitas em casa apos 40 dias de internação,
em finais de semana alternados”.
6
6.1 Números de internos hoje 6.2 Números de reinternações, após o término do tratamento 6.3Números de internos, hoje que já internaram em outras CTs.
A- “... temos capacidade para atender 40 no modelo de tratamento e mais
20 em reinserção”.
B- “... Estão internados 24 pessoas”.
A- “... esses números não são possíveis precisar a menos que se tenha um
período para verificação, mais posso afirmar que a demanda de retorno é
considerável”.
B- “... Aproximadamente 70 por cento”.
A- “... em torno de 30% já passaram isso não que dizer que fizeram um
tratamento completo”.
B- “... 15 internos”.
33
7 Equipe Técnica e suas Funções.
A- “... entre medico, psicólogo, enfermeiro, terapeuta, assistente social,
monitor, professores e administrativo somam-se 16 profissionais”.
B- “... Enfermeiro, 02 técnicos de enfermagem, 01 professor de educação
física e fisioterapeuta”.
8 Unidades de Atendimento e
Capacidade de Atendimento.
A- “... Atualmente são 4 Unidades sendo 3 no estado de SC e 1 no PR.
Temos capacidade para 60 residentes distribuídos nas modalidades de
tratamento, reinserção social e atendimento dia”.
B- “... 25 internos. Somente uma”.
9 Dificuldades encontradas.
A- “... As dificuldades são a falta de políticas publicas para dar uma
condição maior ao usuário de substancias psicoativas para que possa ser
atendido com amparo legal, que o individuo seja encaminhado com o
mínimo de seus direitos assistidos como ser humano integral,com isso as
dificuldades que a maioria das CTs encontram que é a falta de recursos
financeiros para investimentos em profissionais e estrutura física para
proporcionar um ambiente digno e prazeroso para a recuperação de
dignidade, respeito, amor próprio, responsabilidade e cidadania”.
B- “... Sustentabilidade, credibilidade, triagem”.
10 Manutenção da CT´s.
A- “... Nossa instituição se mantêm com recursos oriundos de doações
voluntarias, convênios com prefeituras, campanhas de arrecadações de
gêneros diversos bazares e outros”.
B- “... Com dificuldade, e com recursos provenientes da mensalidade e
convênios”.
4 2 ANÁLISES DOS RESULTADOS
As Analises das Categorias foram feitas em conformidade com as respostas dos
entrevistados, levando-se em conta as fundamentações teóricas, e a realidade de cada
Instituição.
4.2.1 Modelo de tratamento
De acordo com as respostas dos entrevistados, as duas CTs utilizam modelos de
tratamentos específicos, sendo que o entrevistado ‘A’, utiliza o Modelo Minessota, (Burns
1995), aliado a Mecanismos Científicos, (Abordagens psicossociais) (Milby 1988) e
Espiritualidade Cristã (abordagens religiosas), (Milby 1988). O entrevistado ‘B’ refere
utilizar o Modelo de Abordagem Centrada na Pessoa (Abordagens psicossociais) (Milby
1988).
34
O Conselho Estadual de Entorpecentes de Santa Catarina (CONEN/SC (2007)
evidencia a referência quanto a várias propostas para o tratamento da Síndrome da
Dependência Química, todas as propostas devem levar em consideração o individuo na sua
singularidade. Os critérios e métodos contemplados no processo de tratamento devem constar
de abordagens médicas, psicoterápicas e sociais, centradas no individuo.
4.2.2 Programa terapêutico
O entrevistado “A” refere que desenvolve o programa terapêutico, utilizando
diversos instrumentos tais como: 12 Passos, Reunião de Sentimento, Grupos Terapêuticos,
Terapia Familiar, Terapia Individuais, e Grupos de Apoio, conforme abordagem psicossocial,
abordagem socioculturais e religiosas, (Milby 1988), de acordo com a resolução nº 101 , de
30 de maio de 2001 (ANVISA, 2001), define que as CTs são serviços em regime de
residência que oferecem um ambiente protegido, técnica e eticamente orientados, que forneça
suporte e tratamento aos usuários abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas,
durante período estabelecido de acordo com o programa terapêutico adaptado às necessidades
de cada caso. É um lugar cujo principal instrumento terapêutico é a convivência entre os
pares.
O entrevistado B que utiliza um programa terapêutico Centrado na Pessoa
(Abordagens psicossociais) (Milby 1988), pode ser justificado de acordo com o que preconiza
os objetivos de Comunidade Terapêutica que refere que a mola mestra do programa
terapêutico é o grupo de pares e que a CT falhará nos seus objetivos se o residente não for
reconhecido em sua , singularidade pois a escuta da sua história é fundamental no processo
terapêutico Yaria (1992), tambem conforme nos abrilhanta Baukeland (1995), é que em CT os
pares têm a possibilidade de crescerem, dentro de uma visão humanitária e para isso, precisam
da mutua ajuda dos companheiros de tratamento, sendo que aos residentes são proporcionadas
responsabilidades e, frente a isso, podem confrontar um ao outro para a obtenção de maior
honestidade e maturidade.
Elena Goti (1990) cita que do ponto de vista cultural, o fenômeno moderno da CT
está inserido na proposta da filosofia existencial que deu vida a escola da psicologia
denominada Humanista.
35 4.2.3 Critérios de admissão e alta
Verificou-se que ambas seguem critérios de Admissão e alta, orientados e
preconizados pelos regimentos próprios da Instituição. Segundo a OMS (apud, CONEN/SC,
2007, p. 11) os critérios diagnósticos da Síndrome da Dependência Química possuem níveis
de gravidade distintos para cada caso, por isso a importância de um profissional especializado
para a realização do diagnóstico.
Cunha Filho (2008), evidencia a necessidade, de instrumentos definidos para a
admissão como triagem, onde são atendidos aqueles que estão buscando o tratamento,
reinserção social, para os que ja concluiram de forma satisfatória o tratamento, estando em
processo de reinserção social e familiar e grupos de familia, que são desenvolvidos durante o
processo terapêutico intensivo de terapia familiar, na fase de tratamento do dependente, e
tambem depois deste. A Federação Brasileira das Comunidades Terapêuticas FREBRACT as
CTs devem, possuir critérios de admissão e de alta, além de procedimento de reinserção social
do paciente.
4.2.4 Atendimento a família e visitas
Constatou-se que ambas as instituições desenvolvem programas de atendimento a
família, e também seguem critérios de visitação. Este resultado vai ao encontro de Milby
(1988) que ressalta a importância do atendimento a família e das visitas como instrumento de
ressocialização.
Para Pozas (1996) os objetivos das CTs não são apenas os resultados do
tratamento, mas também as conseqüências de uma reabilitação social envolvendo intervenção
também em outros locais fora do espaço da CT.
Já, Sabino e Cazenave (2005, p. 167-174), discorrem que o objetivo dessas
instituições é o de promover uma transformação da personalidade do indivíduo, um
amadurecimento pessoal e favorecer sua reinserção à sociedade. Entendendo as visitas como
instrumento de ressocialização. Cabe aqui, destacar o que dita o CONEN/SC (2007), que o
objetivo fundamental da Reinserção Social é a progressiva ressocialização do dependente
químico em um ambiente que reforce a capacidade de ser autônomo, de buscar a realização
36 pessoal, profissional e social, inter-relacionar-se, auto-afirmar-se, buscar um significado para
a própria vida e potencializar o processo de maturidade (pensar, projetar e escolher).
A reinserção social é um processo que envolve o individuo, sua família, a
comunidade e o Estado com o objetivo de criar, de forma saudável, novas redes de
relacionamento do individuo com toda a sociedade. Este processo se concretiza com tomada
de consciência do individuo, no aprendizado ou no resgate de valores morais e éticos, tendo o
apoio da família, da sociedade e do Estado, criando mecanismos de educação, saúde, trabalho
esporte, lazer, cultura, apoio psicológico para exercício de sua cidadania.
4.2.5 Ressocialização e serviço de suporte
Observa-se que ambas as CTs, desenvolvem programas de Ressocialização e
suporte, instrumentos estes indispensáveis para o desenvolvimento de um Programa
Terapêutico. Este resultado vem ao encontro do que preconiza a RDC nº 101, de 30 de maio
de 2001 (ANVISA, 2001), ao definir a obrigatoriedade das CTs fazerem constar em seus
programas terapêuticos fases de ressocialização e serviço de suporte.
4.2.6 Número de internos, reinternos e reinternações provenientes de outras CTs
Quanto ao número de internos “A” 40 e “B” 24, ambos os entrevistados atendem
um numero de internos condizente do que determina a legislação vigente RDC – 101/01 da
ANVISA.
Em relação aos reinternos após o término do tratamento o entrevistado “A”
respondeu que este nº é de difícil definição, que necessita de um período para levantamento
com a finalidade de apurar estes dados. O entrevistado “B”, afirmou que o numero é em torno
de 70%, ambos concordam que o número de reinternações é bastante expressivo.
Quanto as reinternações em outras CTs observou-se que a demanda que é
representativo podendo atingir a margem de 30%, não sendo isso determinante se terminaram
o programa ou não.
Mont Serrat (2002) refere com base em dados fornecidos pela FEBRACT que é
possível dizer que, em termos mundiais, 30% a 35% das pessoas que freqüentaram as CTs,
abandonaram definitivamente o consumo de drogas.
37
4.2.7 Equipe técnica e suas funções
Observando as respostas dos entrevistados denota-se que ambas as Instituições,
seguem as normas técnicas previstas para CTs, no quesito Equipe Técnica RDC 101/01 da
ANVISA, e ainda seguem as linhas gerais de atendimentos a dependentes químicos em
ambiente de CT.
4.2.8 Unidades de atendimento e capacidade de atendimento
Ambos os entrevistados estão em conformidade com a resolução que regulamenta
as CTs, RDC 101/01 da ANVISA, referem que suas comunidades mantêm Unidades de
Atendimento e capacidade em conformidade com a legislação.
4.2.9 Dificuldades encontradas
Observa-se que as respostas vem ao encontro do que a OMS (2000) cita como
dificuldades encontradas pelas CTs para sua manutenção. São elas: a falta de Políticas
Publicas, credibilidade, recursos financeiros, e eficiência na triagem justamente pela falta de
recursos alem de investimentos do poder público, o que resulta na dificuldade de manter
melhores equipes de profissionais e ampliação dos serviços oferecidos.
4.2.10 Manutenção da CTs
Observa-se pelas respostas fornecidas, pelos entrevistados que a manutenção das
CTs, elencadas nesta pesquisa, é realizada com bastante dificuldade, justamente pelas
observações feitas na categoria anterior, os recursos são oriundos de fontes diversas, contando
em muito com a colaboração de voluntários, alguns convênios e iniciativas próprias de
arrecadação elaboradas pelas Entidades.
38 4.3 ANÁLISE DO CAPÍTULO
Após categorizar e analisar as entrevistas observa-se que os modelos de
tratamento para dependência química são: O modelo MINNESOTA que visa integrar várias
técnicas psicológicas com a proposta dos doze passos do A. A (Alcoólicos Anônimos, 1978).
Trata-se de um modelo multidisciplinar, que utiliza profissionais de diversas áreas bem como
"conselheiros leigos", e visa, sobretudo, a integração dessas diferentes abordagens num clima
de humildade, pois é complicado trabalhar com profissionais de áreas diferentes.
O processo, baseado no conceito de dependência química como um fenômeno
bio-psico-sócio-espiritual, é ancorado numa dinâmica essencialmente grupal na qual os
residentes compartilham entre si suas histórias de vida e dificuldades, aprendendo a
identificar suas emoções, valores e atitudes antes distorcidos pela síndrome da dependência
química.
A partir daí, aprendem um novo estilo de vida, livre da dependência de drogas. O
essencial na CT é trabalhar em um clima de aceitação mútua, proporcionar uma convivência
com outras pessoas que já passaram pelas mesmas dificuldades, experenciando um novo
estilo de vida em abstinência. Assim sendo o Modelo Minnesota pode ser adaptado a
ambulatórios como em sistemas de internação e aplicado em CTs (BURNS, 1992, 1995 e
1998; ANDERSON, 1981; HEILMAN, 1980; KURTZ,1979; SPICER,1993).
No outro modelo que é trabalhado a abordagem psicológica centrada na pessoa,
propõe, uma teoria que coloca o indivíduo no centro do Universo. Que o vê livre para agir
conforme sua natureza, como um ser capaz de perceber as coisas que o cercam, de interagir
com os fenômenos e de resolver seus problemas. E isto porque acredita que: “O ser humano
tem a capacidade, latente ou manifesta, de compreender-se a si mesmo e de resolver seus
problemas de modo suficiente para alcançar a satisfação e eficácia necessárias ao
funcionamento adequado.” (ROGERS; ROSEMBERG, 1977)
Nesse sentido, a Abordagem Centrada na Pessoa objetiva construir um ser
humano autêntico, autônomo e responsável pelo seu caminho. Trabalha com a capacidade do
indivíduo de transformar a si e ao mundo em que vive, a partir de um modelo em que o
indivíduo é o valor central. Propõe fazer com que o indivíduo supere o sofrimento pessoal e
descubra ou fortaleça o real sentido da vida, alcançando assim, a mudança social e o
desenvolvimento pessoal simultaneamente.
Tal concepção está fundamentada na certeza de que existe um campo de
experiência único para cada indivíduo. Este campo de experiência ou "campo fenomenal"
contém tudo o que se passa no organismo em qualquer momento, e que está potencialmente
39 disponível à consciência. Incluem eventos, percepções, sensações e impactos dos quais a
pessoa não toma consciência, mas poderia tomar se focalizasse a atenção nesses estímulos. É
um mundo privativo e pessoal que pode ou não corresponder à realidade objetiva. Ou seja, a
atenção é colocada naquilo que a pessoa experimenta como seu mundo, não na realidade
comum. E isto porque, como campo de experiência é limitado por restrições psicológicas e
limitações biológicas que variam de indivíduo para indivíduo. Temos tendência a dirigir
nossa atenção para perigos imediatos, assim como para experiências seguras ou agradáveis, ao
invés de aceitar todos os estímulos que nos rodeiam. (FONSECA, 1998)
Quanto à percepção que os entrevistados têm sobre o programa terapêutico
aplicado nas CTs, seguem modelos de programa terapêutico de acordo com a legislação
vigente RDC – 101/01.
Observa-se que ambas as Instituições desenvolvem programas de atendimento a
família dos internos, sendo estes serviços preconizados pelas normas da legislação que
regulamenta as Comunidades Terapêuticas, bem como pela literatura cientifica disponível,
também estas CTs, seguem via de regra critérios de admissão e alta, estruturados,
possibilitando uma avaliação diagnóstica precisa pára cumprimento das regras e normas pré
estabelecidas pelos programas terapêuticos, o que possibilita a verificação dos resultados
obtidos com o tratamento, e uma estatística dos usuários dos serviços, no que diz respeito a
reinternações, e contra referencias. CUNHA FILHO (2008), OMS (apud, CONEN/SC, 2007,
p. 11), Resolução (RDC – 101/01 – ANVISA), ELENA GOTI (1990). A ressocialização que é
fundamentalmente o serviço de suporte oferecido após o período de internação, as CTs
abordadas executam programas que se desenvolvem de maneiras bem distintas, no entanto
seguem linhas terapêuticas similares quanto ao conteúdo.
A ressocialização é parte integrante dos Programas Terapêuticos, que inicia na
própria CT, quando do início das visitas familiares, estendendo-se até a alta do período de
internação, e externamente mantido pelos grupos de auto-ajuda, e envolvimentos em serviços
de reintegração social educacional, e do mercado de trabalho. , CONEN/SC, (2007), RDC nº
101, de 30 de maio de 2001 (ANVISA, 2001), POZAS, (1996).
Observa-se que de acordo com a ótica dos entrevistados, as CTs para
cumprimento de seus objetivos e finalidades, servem-se de recursos de origem diversas, sendo
estes recursos, geralmente das iniciativas próprias, e convênios com organismos públicos, que
de acordo com os entrevistados são angariados com dificuldades, o que causa transtornos nas
consecuções de suas propostas. Ambas as CTs, teceram criticas a falta de mecanismos de
auto- sustentabilidade, que poderia ser concretizado, por maior credibilidade , o que originaria
40 Políticas Públicas especifica, possibilitando um melhor atendimento ao usuário, e gerando
serviços de referencia no setor.
41 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS
FUTUROS
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dependência de SPA (álcool e outras drogas) é uma síndrome médica bem
definida internacionalmente, cujo diagnóstico é realizado pela presença de variedade de
sintomas que indicam que o individuo consumidor apresenta uma serie de prejuízos e
comprometimentos devido ao seu consumo. O tratamento é voltado para a redução dos
sintomas, que afetam não apenas o paciente, mas toda a comunidade ao seu redor, sendo
necessária uma abordagem multiprofissional para que resulte em um tratamento realmente
eficaz. Percebe-se a necessidade de incluir nos currículos acadêmicos disciplinas específicas
que abordem o tema de dependência química e que preparem o futuro profissional de
psicologia para lidar com pessoas com problemas de drogadição. Esta falta de instrução é um
dos principais fatores de ansiedade entre os profissionais de saúde.
Os profissionais da saúde encontram certas dificuldades na maneira de trabalhar
essa temática, justamente pela falta de preparo acadêmico.
Neste sentido pode-se pensar que o enfoque dos profissionais voltado à falta de
formação acadêmica está diretamente ligado a idealização, que neste caso não representa um
mecanismo defensivo, mas a incansável busca do ser humano pela perfeição e, depositando na
formação a solução de todos os problemas.
O funcionamento das CTs é embasado na premissa de que, quando não se é
possível favorecer mudanças no indivíduo dependente, faz-se necessário mudar a sua
condição, seu meio e tirá-lo da situação onde o consumo ocorre. O processo terapêutico é
focado nas intervenções pessoais e sociais, concedendo atribuições, direitos e
responsabilidades ao indivíduo dependente num meio seguro quanto ao consumo de drogas.
Há uma possibilidade ilimitada de modelos de tratamento para a síndrome da
dependência química, que vai desde os ditos “mais famosos”, passando pelos tradicionais, até
os conhecidos do grande público. Não há um serviço melhor que o outro, cada um deles
possui vantagens e desvantagens, e sim pacientes mais indicados para cada serviço.
42
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
É recomendada a reaplicação desta pesquisa em outras Comunidades
Terapêuticas, principalmente na Grande Florianópolis visto o aumento considerável de
instituições desta natureza, com o objetivo de comparar os resultados obtidos.
Implantação de grupos de discussão nas diversas áreas de tratamento, repreensão e
prevenção as drogas.
Finalmente possibilitar qualidade nas diversas abordagens em relação à droga-
dependência, possibilitando a reflexão sobre as formas de enfrentamento deste problema que
assola não só o Brasil, mas toda a humanidade.
43 REFERÊNCIAS ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 101, de 30 de maio de 2001. Estabelece Regulamento Técnico disciplinando as exigências mínimas para o funcionamento de serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, segundo modelo psicossocial, também conhecidos como Comunidades Terapêuticas, parte integrante desta Resolução. São Paulo: ANVISA/SENAD, 2001. ANDERSON, D.J. Perspectives on Treatment: The Minnesota Experience. Hazelden Foundation, 1981. ARAÚJO, Marcelo Ribeiro de. Comunidades terapêuticas: um ambiente tratamento comum, mas pouco estudado no Brasil. Programa Álcool e Drogas - Hospital Israelita Albert Einstein. 15 ago. 2003. Disponível em: <http://aed.one2one.com.br/novosite/atualizacoes/as_137.htm>. Acesso em: 03 nov. 2008.
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YARIA, Juan A. Toxicomania: a verdade social em negativo. São Paulo: Loyola, 1992.
47
APÊNDICES
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APÊNDICE A – Solicitação de viabilidade de pesquisa
Antônio Carlos, dezembro de 2008.
Prezado Senhor (a)
Responsável pela Instituição
Nome da Instituição:
Eu, Joice Meneses Mansur Andrezzo, aluno (a) do Curso de Psicologia da UNIVALI
– CE Biguaçu, sob a orientação da professora Doutora Luciana Martins Saraiva, venho por
meio de este encaminhar o meu projeto de Trabalho de Conclusão de Curso para sua análise e
parecer a respeito da viabilidade da mesma ser desenvolvida na Comunidade
Terapêutica:_________________________________________________________________
A pesquisa tem como título “Comunidade Terapêutica, para Recuperação da
Síndrome da Dependência Química”, e tem como objetivo caracterizar os Modelos de
Comunidades Terapêuticas, para tratamento da síndrome da dependência química, localizadas
na Grande Florianópolis.
A referida pesquisa teve seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UNIVALI. Conforme os preceitos éticos em pesquisa, informo que os dados coletados
durante o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo mantido sigilo
sobre a identidade dos profissionais participantes.
Comprometo-me também em fornecer a esta Instituição uma cópia do relatório final
do estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados junto aos profissionais
interessados.
Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para esse estudo.
Atenciosamente,
________________________________________
Joice Meneses Mansur Andrezzo
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APÊNDICE B – Termo de consentimento livre e esclarecido.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:
Você está sendo convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.
Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do
estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do
pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Titulo do Projeto: “Comunidade Terapêutica para Recuperação da Síndrome da Dependência
Química”
Pesquisador Responsável: Joice Menezes Mansur Andrezzo
Telefones para Contato: (48) 3272–0216 / 48 9108–1165
Pesquisadores Participantes: (48) 3279–9714
Vimos através deste termo de compromisso, formalizar os pressupostos éticos
segundo o qual, este projeto de pesquisa, está sendo realizado. O presente projeto tem como
objetivo geral: Caracterizar os Modelos de Comunidades Terapêuticas, para tratamento da
síndrome da dependência química localizadas na grande Florianópolis.
A presente coleta de dados será realizada segundo os princípios éticos de pesquisa
com seres humanos e utilizando como base à resolução normativa número 01/1997 e número
001/CEP/UNIVALI/2002, sendo que todos os sujeitos envolvidos nesta pesquisa assumem o
compromisso de manter o anonimato dos sujeitos.
Não estão previstos riscos e desconfortos durante a realização da entrevista. Os
pesquisadores estarão disponíveis para qualquer informação e esclarecimento que o Senhor
(a) tiver necessidade, antes e durante, a realização da pesquisa. Pelo fato desta pesquisa ter
única e exclusivamente interesse científico, a mesma foi aceita espontaneamente pelo Senhor
(a), que, no entanto poderá desistir a qualquer momento da mesma, inclusive sem nenhum
motivo, bastando para isso, informar da maneira que achar mais conveniente, a sua
desistência. Por ser voluntária e sem interesse financeiro, o Senhor (a) não terá direito a
nenhuma remuneração. Os dados referentes ao Senhor (a) serão sigilosos e privados, e a
50 divulgação do resultado visará apenas mostrar os possíveis benefícios obtidos pela pesquisa
em questão, sendo que o Senhor (a) poderá solicitar informações durante todas as fases desta
pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Esta pesquisa será realizada entre os meses
de março e junho de 2007. Os resultados desta pesquisa serão disponibilizados assim que a
mesma esteja concluída.
Contatos com as pesquisadoras poderão ser feitos no Curso de Psicologia da
UNIVALI pelo telefone (048) 3279-9714.
- Nome do Pesquisador: Joice Menezes Mansur Andrezzo
- Assinatura do Pesquisador: ________________________
CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO
Eu,______________________________________________________,RG_______________
______________CPF__________________________, abaixo assinado, concordo em
participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a
pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios
decorrentes de minha participação. Foi- me garantido que posso retirar meu consentimento a
qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu
acompanhamento/assistência/tratamento.
Local: Data:
Nome:
Assinatura do Sujeito ou Responsável:____________________________________________
Telefone para Contato:_________________________________________________________
51
APÊNDICE C – Termo de compromisso de realização de pesquisa.
TERMO DE COMPROMISSO DA PESQUISADORA
Nós, abaixo assinadas, professora e aluna do Curso de Psicologia da
UNIVALI – CE Biguaçu, nos comprometemos em realizar a pesquisa do Trabalho de
Conclusão de Curso “Modelos de Comunidades Terapêuticas, para Recuperação da
Síndrome da Dependência Química”, desenvolvendo todas as atividades relacionadas
à sua concretização.
________________________________________
Profª. Luciana Martins Saraiva
__________________________________________
Acadêmica: Joice Meneses Mansur Andrezzo
Biguaçu, _______ /_______ /________.
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APÊNDICE D - Roteiro para a Entrevista.
ROTEIRO PARA A ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Idade ________________________________________ 2. Sexo_________________________________________ 3. Estado civil___________________________________ 4. Cargo que ocupa_______________________________ 5. Formação_____________________________________ 6. Especialização na area_________________________ 7. Tempo de experiência na área_____________________ 8. Tempo na instituição____________________________ 9. Tempo que trabalha com esta temática______________
II. Roteiro Tópico
1. Qual modelo de tratamento aplicado na comunidade?_______________________ 2. Utiliza algum programa terapêutico? ( ) Sim ( ) Não a) Em caso afirmativo qual_______________________________________________ b) Como se desenvolve__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Tempo de duração____________________________________________________ 3. Quais critérios utilizados para a admissão e alta dos internos? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. É realizado atendimento a família do interno? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, como é realizado_______________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 5. Qual o sistema de visitas aos internos? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Consta do Programa Terapêutico a Ressocialização dos internos? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, como é desenvolvida____________________________________
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__________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. A Instituição oferece serviço de suporte após a alta do interno? ( ) Sim ( ) Não Em caso afirmativo, como é realizado_______________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Qual número de internos hoje? ________________________________________ 9. Quantos internos reinternaram após o término do programa terapêutico?________ 10. Quantos dos internados hoje em sua instituição já passaram por internações em
outras comunidades terapêuticas?_______________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11. Quantos profissionais fazem parte da equipe técnica e quais suas funções?_______ 12. Quantas e quais unidades de atendimento compõem-se a Instituição?___________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13. Qual a capacidade de atendimento para cada unidade?_______________________ _____________________________________________________________________ 14. Quais são as dificuldades encontradas pelas Comunidades Terapêuticas?________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15. Como a Comunidade Terapêutica se mantém?_____________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________