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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA - BIGUAÇU MANOELA LUCIANO DE AMORIM BULLYING: Quem já viveu sabe definir. BIGUAÇU 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA - BIGUAÇU

MANOELA LUCIANO DE AMORIM

BULLYING: Quem já viveu sabe definir.

BIGUAÇU

2011

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MANOELA LUCIANO DE AMORIM

BULLYING: Quem já viveu sabe definir.

BIGUAÇU

2011

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito para obtenção do grau de Bacharel

em Psicologia na Universidade do Vale de Itajaí

no Curso de Psicologia orientado pela professora

Ilma Borges.

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IDENTIFICAÇÃO

ÁREA DE PESQUISA: Psicologia Educacional e Social.

TEMA: Discute sobre educação, relações sociais em ambientes escolares e práticas de

violência intituladas bullying.

TÍTULO DE TRABALHO: Bullying: quem já viveu sabe definir.

ALUNA

Nome: Manoela Luciano de Amorim

Código de Matrícula: 6.1.3389

Centro: Biguaçu

Curso: Psicologia

Semestre: 2006/11

ORIENTADORA

Nome: Ilma Borges

Categoria Profissional: Psicóloga

Titulação: Mestre em engenharia de produção - inteligência artificial.

Curso: Psicologia

Centro: Biguaçu

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“Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a

matemática ou a biologia; a convivência, para muitos

alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais

difícil de ser aprendida".

Cléo Fante

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SUMÁRIO

IDENTIFICAÇÃO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 5

1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 7 Objetivos específicos ............................................................................................. 7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 9

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 21

3.1 Tipo de pesquisa .................................................................................................... 21

3.2 Descrição da amostra ............................................................................................. 22

3.3 Procedimentos de coleta de dados ......................................................................... 22

4 ANÁLISE E INTRPRETAÇÃO DOS RESULTADOS .................................... 24

4.1 Você já sofreu algum tipo de intimidação agressão ou assédio.......................... 24

4.2 Que idade você tinha quando isso aconteceu ....................................................... 25

4.3 Quando foi a última vez que você sofreu algum tipo de intimidação, agressão

ou assédio ................................................................................................................ 26

4.4 Quantas vezes você já sofreu intimidação, agressão ou assédio ....................... 27

4.5 Onde isso aconteceu ................................................................................................ 28

4.6 Como você se sentiu quando isso aconteceu.......................................................... 29

4.7 Quais foram as consequências da intimidação, agressão ou assédio sofrido por

Você....................................................................................................................................

30

4.8 O que você pensa sobre que pratica intimidação, agressão ou assédio na

escola

.............................................................................................................................. 31

4.9 Na sua opinião de quem é a culpa se a intimidação, agressão ou assédio

continuam acontecendo

.................................................................................................. 33

4.10 Por favor marque se você é .................................................................................. 34

4.11 Quem intimidou, agrediu ou assediou você é ...................................................... 34

4.12 Que tipo de intimidação agressão ou assédio você sofreu ................................... 36

4.13 O que poderia ser feito para resolver esse problema ............................................ 37

4.14 Você já intimidou, agrediu ou assediou alguém ................................................... 39

5 RESPONSABILIZAÇÃO PELO BULLYING ................................................ 41

5.1 Pais ........................................................................................................................ 42

5.2 Escola .................................................................................................................... 43

5.3 Sociedade .............................................................................................................. 43

5.4 Possíveis soluções ................................................................................................. 44

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 46

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 48

ANEXO .................................................................................................................. 50

GRÁFICOS ...........................................................................................................

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INTRODUÇÃO

Esta monografia de pesquisa se propôs a estudar sobre a incidência do o

bullying, suas causas e consequências, em um recorte da população escolar – alunos de

escolas municipais - do Município de Biguaçu /SC.

Como relevância social para o desenvolvimento desta pesquisa teve-se como

ponto de partida o estudo de dados de violência já estudados em outras instituições e,

devidamente publicados. Este viés bibliográfico pretende abranger, inclusive, o bullying

que, nas escolas, muitas vezes passa despercebido aos olhos pedagógicos, podendo

causar sofrimento psíquico a vítima.

Procurou-se mostrar como, no ambiente escolar, a intolerância, a agressividade,

a violência, a falta de habilidade para resolver conflitos e a dificuldade de

reconhecimento das alteridades são desafios a serem superados no cotidiano escolar

onde as relações humanas são marcadas pelo conflito num espaço onde seria práxis: a

negociação das integridades.

Assim, se fez necessário, o estudo nas instituições escolares para detectar a

incidência do fenômeno bullying. O profissional da psicologia pode intervir, orientando

alunos e professores a como lidar com a violência simbólica.

O embasamento teórico deste trabalho debruça-se em recentes estudos feitos no

Brasil, mais precisamente em uma escola pública do município de São José do Rio

Preto (SP), pelo programa Educar para a Paz de Cléo Fante e por estudos realizados em

escolas brasileiras pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e

Adolescência – ABRAPIA.

A partir desse referencial teórico e dos resultados da pesquisa exploratória

proposta, procurou-se compreender e propor a prática de um profissional de psicologia

atuando na área educacional, diante de evidências da prática dos casos de bullying, com

vistas à redução de seus danos.

A relevância científica deste projeto se evidencia na importância da socialização

do conhecimento da psicologia no papel do psicólogo junto às instituições escolares,

particularmente no que diz respeito ao bullying, tema que vem desafiando profissionais

da área da psicologia em sua prática profissional.

A relevância pessoal para este estudo baseou-se na forma de aprofundar os

estudos e conhecimentos sobre o tema, tendo em questão a perspectiva de atuar

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profissionalmente na conscientização e prevenção dos malefícios que o bullying

apresenta para suas vítimas e para o ambiente escolar. Portanto, este estudo questionou

a incidência do fenômeno bullying nas instituições escolares da rede pública de ensino

do Município de Biguaçu.

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1 OBJETIVO GERAL

Analisar a incidência do fenômeno bullying em alunos de ensino fundamental,

matriculados em instituições escolares da rede pública de ensino, localizadas no

município de Biguaçu.

1.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar quantitativamente o fenômeno bullying em seus aspectos gerais em

escolas da rede pública de ensino, localizadas no município de Biguaçu, dando

ênfase aos estudantes do fundamental.

Caracterizar o bullying a partir de suas particularidades em escolas da rede

pública de ensino, localizadas no município de Biguaçu.

Investigar os possíveis prejuízos de ordem psicológica, escolar e social em

vítimas de bullying a partir de um questionário aplicado aos alunos de escolas da

rede pública de ensino, localizadas no município de Biguaçu.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITO/HISTÓRICO

A psicologia tem como perspectiva estudar o psicossocial, a cultura e a história

do ser humano, o que consequentemente leva a necessidade de se analisar as relações e

emoções do homem em sua vida social. Dessa forma, tenta fundamentar, compreender e

mediar os comportamentos humanos nos diversos acontecimentos e mudanças ao longo

de sua existência. Tendo em vista o exposto, considera-se então, uma conexão das

relações do ser humano e os aspectos sociais e culturais que se caracterizam por ações

diárias da vida do sujeito. Nesta perspectiva a pesquisa aqui proposta tem como

finalidade estudar e investigar a incidência de um tipo de violência que ocorre nas

instituições escolares, a violência simbólica que hoje podemos chamá-la de bullying.

Uma vez que não existe uma palavra na língua portuguesa que seja capaz de

expressar todas as situações possíveis ou significados que o termo bullying, trazido da

língua inglesa denota, o presente trabalho usa o termo para caracterizar a violência

simbólica, que não se pode traduzi-la simplesmente como violência simbólica, mas sim

como: brutalizar, amedrontar, tiranizar, entre outros.

Como definição das atitudes do termo entende-se por bullying:

Um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que

ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos

contra outro(s), causando dor, angustia e sofrimento. Insultos,

intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente,

acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e

infernizam a vida de outros alunos levando-os a exclusão, além de

danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do

comportamento bullying (Fante, 2005, p.28).

De acordo com Neto (2005), o bullying é uma palavra de origem inglesa, que ao

traduzi-la pode-se ter vários termos, que enquanto substantivo significa tirano, valentão,

e enquanto verbo, brutalizar, amedrontar, tiranizar. A adoção universal do termo

bullying foi decorrente da dificuldade em traduzi-lo para diversas línguas, como,

Alemanha, França, Espanha, Portugal e Brasil, entre outros.

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No Brasil o bullying começa a ganhar maior visibilidade e passa a ser mais

estudado, depois que se teve claro o termo traduzido e entendido como uma forma de

manifestar a violência. Pode-se afirmar que em termos de produção científica neste país

ainda há um atraso com relação a outros países como Noruega, Suíça e Estados Unidos.

A partir da década de 1970 iniciou-se um interesse no país pelo problema, e pelas

conseqüências que ele pode provocar. Não se tem relatos de quando esse tipo de

violência começou a aparecer, pois, o que se sabe é que a violência simbólica é tão

antiga quanto à própria escola e acontece em escala mundial.

Com um alto índice de suicídios entre estudantes a situação começou a ser

estudada no ano de 1970. Dan Olweus professor da Universidade de Bergen na

Noruega, que foi o precursor dos estudos sobre bullying, começou a dar mais ênfase ao

fenômeno1 bullying a partir do ano de 1980, após alguns estudos o autor teve sua

proposta de intervenção exportada.

Segundo Silva (2006), o bullying se caracteriza por uma ação entre iguais

(crianças e adolescentes das mesmas idades ou idades aproximadas), ou seja, alunos que

partilham do mesmo espaço físico (que dividem o mesmo espaço, como sala de aula, o

recreio ou a escola como um todo). O autor Chalita (2008) defende que o bullying

acontece até entre irmãos, por meio das comparações feitas pelos pais ou por quem

convive com as crianças, fazendo comparações, essas danosas ao desenvolvimento

emocional que por sua vez, começa cedo.

Muitos pais tendem a comparar um filho ao outro, involuntariamente.

Desde a disposição para determinada atividade, como jogar bola, até o

controle sobre o sono matutino. Em geral a demora em levantar da cama

é considerada sintoma de problema. Também é comparada a força física

– pobres dos mais frágeis, que não se portam como valentões, porque já

começaram a trajetória com a alma agredida; como não encontraram

forças para se defender e temem dizer isso aos pais, quando agredidos

fisicamente ou moralmente na escola, preferem o universo doloroso do

silêncio. E assim, o bullying vai nascendo. Os mais fortes humilham os

mais fracos, que não têm espaço para revelar a dor que sentem na alma

(CHALITA, 2008).

1 O uso do termo “fenômeno” neste trabalho foi usado única e exclusivamente no sentido gramatical

do vocábulo, ou seja, este tema é um fenômeno no sentido que ocorre em toda e qualquer instituição escolar,

não tendo, o vocábulo, nenhuma relação ou fundamentação com a teoria fenomenológica. Seria o mesmo que,

se uma pessoa ao afirmar: “dar carinho e amor ao filho são atitudes positivas na educação do mesmo”, que

houvesse um cunho positivista, pelo uso do vocábulo “positivo”. Deixando claro então, que este trabalho,

mesmo usando um termo que remete ao pensamento fenomenológico, nada tem a ver com o mesmo.

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De acordo com Cruz e Carvalho (2008), todo conflito implica em oposição e

luta, e vem carregado de agressividade, em que um dos lados procura superar a

resistência do outro, buscando a realização do seu interesse, quer por meio de cooptação

e convencimento, ou pela anulação do interesse do outro. Segundo os mesmos autores,

como nem todo conflito traz em si a ideia de destruição do outro, a ação agressiva nem

sempre é sinônimo de violência. O ato de traduzir uma ação como violenta ou não,

passa pelo conjunto de significados para os três sujeitos envolvidos – a vítima, o agente

e o observador. Afirmam ainda os autores, que só haverá violência se houver

significado atribuído ao ato.

Conforme Silva (2006), o fenômeno envolve temas como violência, agressão e

crueldade, utilizam-se para isso, citações de autores, para uma melhor definição do

assunto.

Todos aqueles que são atingidos pela violência transformam-se em

vítimas. Pois são prejudicados de alguma forma pelo uso da força ou

privados de algum bem, seja ele a vida, a integridade do corpo ou do

espírito, a dignidade, a liberdade de movimento ou os bens materiais.

Por isso constitui violência matar, ferir, prender, roubar, humilhar,

explorar o trabalho alheio. Existe violência quando alguém

voluntariamente faz uso da força para obrigar uma pessoa ou um grupo

a agir de forma contrária à sua vontade, quando os impede de agir de

acordo com a sua própria intenção, ou, ainda, quando priva alguém de

um bem (ARANHA; MARTINS, 1998, apud, SILVA, p.186).

Conforme os estudos de Fante (2005), os atos de bullying são comportamentos

deliberados, produzidos de forma repetitiva num período prolongado de tempo contra

uma mesma vítima, e apresenta uma relação de desequilíbrio de poder, o que dificulta a

defesa. Sem motivações evidentes, ocorrem de forma direta, por meio de agressões

físicas (bater, chutar, tomar pertences), e verbais/indireto, (apelidar de maneira

pejorativa e discriminatória, insultar, constranger) por meio da disseminação de rumores

desagradáveis e desqualificados, visando à discriminação e exclusão da vítima de seu

grupo social.

Lopes (2005) classifica também como uma forma de bullying, o cyberbullying,

que segundo o autor ocorre através da intimidação eletrônica, por celulares ou internet,

nos quais os alunos utilizam-se de mensagens e e-mails difamatórios, ameaçadores,

assediadores e discriminatórios, provocando agressões.

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O bullying parte, pois, de uma vontade consciente e desejo de magoar ou

amedrontar alguém quer físico, verbal ou psicologicamente (FERRARI, 2006). Smith &

Sharp (1994, apud PEREIRA, 2002) descrevem-no como sistemático abuso de poder.

Os autores definiram o bullying como um comportamento que poderia ser físico ou

verbal, tendo um efeito de “etiquetagem” para a vítima.

Essa agressão pode deixar desde um simples arranhão, até marcas permanentes.

Já o lado psicológico, da humilhação, apesar de estudado durante décadas, ainda não

teve um parecer conclusivo. Já a agressão do bullying na forma indireta, pode ter

consequências de humilhações sofridas ao longo da vida, os sintomas: baixa autoestima,

angústia, tristeza, raiva, depressão, irritabilidade, instabilidade emocional, pânico,

gastrite, colite, asma, bronquites e distúrbios alimentares. Pode-se então caracterizar o

bullying como um ato agressivo ou até violento (MARTANI, 2004).

A agressividade pode se estabelecer na infância, e segundo Wallon (apud,

CRUZ e CARVALHO, 2008) o exercício de lidar com ela é diferente a cada momento

da vida, e passa por um permanente processo de aprendizagem e transformação na

vivência de diferentes relações sociais. A partir de estudos dos mesmos autores, tudo

indica que a agressividade se inicia em um processo de manifestação de disputa e

interesses. Embora as práticas de violência e agressividade às vezes se confundam, há

uma distinção em seus significados. A agressividade ao exceder-se e adquirir finalidade

destrutiva, transforma-se em violência.

Já conflitos, são, de acordo com Moraes e Otta (2008), disputas por recursos,

sejam eles materiais como bens, alimentos, objetos, ou até por afeto, atenção, carinho,

território ou controle social. Para que se possam manter os benefícios da vida em grupo,

as pessoas precisam resolver seus conflitos de interesses, pois o desequilíbrio ameaça

sua estabilidade social.

Como aponta Ferrari (2008), a relação de poder está presente nos grupos de

disputa entre alunos. As praticas de bullying apontam consequências graves,

principalmente o bullying da forma indireta, acarretando prejuízos à construção da

subjetividade, de uma autoestima negativa, dificultando o processo de aprendizagem e

de socialização e contribuindo, inclusive para a evasão.

Entre os estudos mais recentes realizados no Brasil em uma escola da rede

pública de São José do Rio Preto, com o programa Educar para a Paz de Cléo Fante,

identificou-se que 67% dos alunos envolvidos estavam entre vítimas e agressores de

bullying, e após a intervenção os índices de violência entre os alunos foram reduzidos

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para 10%. Outro estudo realizado pela psicóloga Isabel da Silva Leme,

com adolescentes das escolas públicas e particulares da Grande São Paulo, aponta que,

entre 4.020 estudantes, aproximadamente 20% dos alunos de 6ª série dizem ser

xingados ou empurrados pelo menos uma vez por semana.

O bullying tem algumas classificações entre seus participantes, que podem ser

encontradas diferentes maneiras em cada literatura. Segundo a classificação da

ABRAPIA2 os alunos envolvidos com o bullying são:

alvos, os alunos que somente sofrem;

alvos/autores, os alunos que ora sofrem, ora praticam;

autores, são aqueles que só praticam;

testemunhas, são os alunos que não sofrem nem praticam bullying, mas

convivem em um ambiente onde isso ocorre.

Já a classificação usada pela autora Fante (2005)3 no Programa Educar Para a

Paz usa a seguinte nomenclatura para classificar o bullying:

vítima típica, aquela que serve de bode expiatório para um grupo;

vítima provocadora, aquela que provoca e atrai reações agressivas contra

as quais não consegue lidar com eficiência;

vítima agressora, aquela que reproduz os maus tratos sofridos;

agressor, aquele que vitimiza os mais fracos;

espectador, é o aluno que presencia o bullying, porém não o sofre nem o

pratica.

O estudo da ABRAPIA (2008) afirma que o alvo de bullying é um aluno ou um

grupo prejudicado ou que sofrem as consequências dos comportamentos de outros e que

não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos

danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de

insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas geralmente sem esperança quanto

às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa autoestima é agravada por

intervenções críticas ou pela indiferença sobre seu sofrimento. Alguns creem serem

merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não

2 Para maiores detalhes ver classificação no site da ABRAPIA – www.abrapia.com.br [acessado

em 25/04/2009] 3 Para maiores detalhes ver classificação na referência da autora. p.23.

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reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo

desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular

doenças. Trocam de colégio com frequência, ou abandonam os estudos. Há jovens em

extrema depressão que acabam tentando ou cometendo o suicídio (ABRAPIA).

De acordo com Fante (2005), a vítima típica é um indivíduo (ou grupo de

indivíduos) geralmente pouco sociável, que sofre repetidamente as consequências dos

comportamentos agressivos de outros e que não dispõe de recursos, status ou habilidade

para reagir ou fazer cessar essas condutas prejudiciais. Normalmente relaciona-se

melhor com adultos. As vítimas típicas sentem dificuldade de se impor em grupos, e

apresenta conduta habitual não-agressiva, motivo pelo qual parece que não irá revidar se

atacada. A vítima provocadora possui um “gênio ruim”, tenta brigar ou responder

quando é atacada ou insultada, mas de maneira eficaz, ela é responsável por causar

tensões no ambiente em que se encontra. A vítima agressora é aquele aluno que, tendo

passado por situações de sofrimento na escola, tende a buscar indivíduos mais frágeis

que ele para transformá-los em bodes expiatórios, na tentativa de transferir os maus-

tratos sofridos. O agressor costuma manifestar pouca empatia, frequentemente é

membro de família com pouco ou nenhum relacionamento afetivo, normalmente os

familiares utilizam comportamentos violentos como modelos para solucionar conflitos.

O agressor se apresenta mais forte que os colegas, sente necessidade de vangloriar-se de

sua superioridade real ou imaginaria sobre outros alunos. O espectador representa a

grande maioria dos alunos que convivem com o problema e adota a lei do silêncio por

temer se transformar em novo alvo para o agressor, muitos deles podem se sentir

inseguros e incomodados.

A partir dos estudos de Ferrari (2008), a intolerância, a agressividade, a

violência, a falta de habilidade para resolver conflitos e a dificuldade de reconhecimento

da alteridade são alguns dos principais desafios do cotidiano escolar. As relações

humanas são marcadas pelo conflito e a escola é um desses campos, visto que é um dos

locais de negociação das integridades. Assim, faz-se necessário, o estudo nas

instituições escolares para detectar a incidência do fenômeno bullying. O profissional da

psicologia pode intervir, orientando alunos e professores a como lidar com a violência

simbólica.

Para Fante (2005) a vítima do bullying pode apresentar queda no rendimento

escolar, assim como a baixa autoestima e a dificuldade na aprendizagem. Isso altera

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significativamente a capacidade natural de socialização com os colegas, resultando no

isolamento social do indivíduo.

Os alvos ou vítimas do bullying são os que mais sofrem frente ao fenômeno.

Sistematicamente discriminadas, humilhadas ou intimidadas por outros colegas, passam

a demonstrar sentimentos de insegurança e de inferioridade, que são automaticamente

incrementados com a intimidação sofrida, o que as impede de reagir ou solicitar ajuda

(GUARESCHI, 2008). Geralmente, eles têm poucos amigos, procuram se isolar do

grupo e são identificados por algum tipo de diferença física ou comportamental. Além

disso, têm dificuldades ou inabilidades que os impedem de buscar ajuda, são

desesperançados quanto a sua aceitação no grupo e tendem a um comportamento

introvertido (NETO, 2005).

De acordo com Fante (2005), as vítimas não violam a lei do silêncio, pelo

conformismo, pela vergonha de se expor frente aos colegas ou até mesmo por medo de

virar alvo de gozações ainda maiores. Fante (2005) ainda afirma que os familiares da

vítima só interferem quando o problema efetivamente já se instalou, e suas

consequências oferecem maior risco do que encarar a represália dos autores. Aos olhos

da família da vítima de bullying não será vista como vítima tão cedo, porém essa

violência por não ser vista rapidamente pode resultar em tragédias dentro e fora da

escola.

É importante salientar que o ataque pode vir a qualquer momento e a vítima se

sente como se a todo o momento estivesse insegura, como se fosse apanhada

desprevenidamente a qualquer instante. E quanto mais demonstra seu amedrontamento

perante a situação, mais os agressores veem uma vítima em potencial, assim, quanto

mais medo mostra, mais é atacado (PEREIRA, 2002).

Outras consequências para as vítimas, além da perda da autoestima, sentimentos

negativos e vingativos, é possível e provável o desenvolvimento de doenças mentais

(FANTE, 2005).

Boulton & Smith (1994, apud, PEREIRA, 2002) evidenciaram que,

nas escolas primárias, as crianças vítimas de bullying tendem a ter uma

fraca autoestima, manifestada em várias medidas. Os autores

investigaram recentemente como é que as crianças respondiam e

paravam os comportamentos agressivos. Com uma amostra de 723

alunos das escolas secundárias, das quais 40% foram vítimas naquele

ano letivo, verificou-se que 20% dos alunos referiram que se tornaram

mais negligentes ao tentarem escapar de serem vítimas; 295 disseram

que era difícil concentrarem-se no trabalho escolar; 22% sentiram-se

doentes e indispostos depois de serem agredidos e 20% experienciaram

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dificuldades em adormecer ou durante o sono como resultado do

bullying. As vítimas experienciam com mais frequência pouca

aceitação, rejeição ativa e são menos escolhidas como melhores amigos

e apresentam fracas competências sociais tais como cooperação,

partilha e ser capaz de ajudar os outros.

O suicídio/homicídio entre alunos envolvendo a temática bullying, infelizmente,

nos últimos anos, cresceu de forma considerável e ganhou destaque na mídia

internacional, quando o mundo assistiu fatos envolvendo escolares onde as vítimas,

desesperadas, buscaram a solução mais radical para se livrarem do desespero que

passavam na escola (FERRARI, 2006).

Corrobora com Guareschi (2008), os estudos da ABRAPIA. Ambos afirmam

que os agressores de bullying normalmente são indivíduos que têm pouca empatia,

frequentemente pertencem a famílias conflituosas, nas quais há pouco relacionamento

afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles,

toleram e ofendem como modelo para solucionar conflitos com comportamentos

agressivos ou explosivos. Acredita-se que os que praticam o bullying têm grande

probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos antissociais e/ou violentos,

podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinquentes ou criminosas.

Já as testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com

a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as "próximas vítimas". Apesar

de não sofrerem as agressões diretamente, muitas delas podem sentir-se incomodadas

com o que veem e inseguras sobre o que fazer. Algumas reagem negativamente diante

da violação de seu direito a aprender em um ambiente seguro, solidário e sem temores.

Tudo isso pode influenciar negativamente sobre sua capacidade de progredir no âmbito

escolar e social (ABRAPIA, 2008).

Os agressores costumam ser muito populares entre estudantes, como comprova

Schäfer (2005, apud, SILVA, 2006. p.45).

Depois de perguntar aos alunos de 13 e 14 anos de quais crianças eles

gostavam e de quais não, desenvolvemos um perfil de preferência que

nos deu uma boa percepção de um ranking social individual em classe.

O resultado foi surpreendente. Em contraste com a relativa baixa

posição dos agressores durante a escola primária, eles haviam se

tornado muito populares entre seus colegas de classe. As vítimas, por

outro lado, receberam poucos pontos de empatia.

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A citação acima demonstra como as pessoas sentem certa “atração” com relação

a estas agressões, e mais, como as pessoas vítimas deste tipo de violência são

rebaixadas e rotuladas, de não serem as “mais legais”, ou seja, as mais populares nos

grupos de referência.

Fante (2005), conclui que o comportamento bullying vem ganhando força entre

meninas, inclusive fazendo uso de maus-tratos físicos como forma de mostrar poder em

seus grupos sociais, principalmente na escola, mas, Silva (2006) concorda com Fante no

aspecto de que o bullying entre meninas é mais frequente da forma indireta, a partir do

uso de boatos para magoar uma vítima, uma forma de agressão que evita o confronto

direto, porém, os prejuízos podem ser ainda mais comprometedores.

[...] algumas agressões alternativas são invisíveis aos olhos dos adultos.

Para se esquivarem da desaprovação social, as meninas se escondem

sob uma fachada de doçura para se magoarem mutuamente em segredo.

Elas passam olhares dissimulados e bilhetes, manipulam

silenciosamente o tempo todo, encurralam-se nos corredores, dão as

costas, cochicham e sorriem. Esses atos, cuja intenção é evitar serem

desmascaradas e punidas, são epidêmicos em ambientes de classe

média, em que as regras de feminilidade são mais rígidas.

(SIMMONS, 2004, apud, SILVA, 2006. p.33).

Isto pode estar relacionado com o comportamento cultural milenar onde a

menina aprende os comportamentos femininos que deve segui-los. Os comportamentos

masculinos quando expressos por meninas, pode acarretar em exclusão no meio social,

por isso os meios de formas de violência explicita, que faz-se pensar em marginalidade,

são menos frequentes entre elas (FANTE, 2005). Entretanto, o bullying entre meninas

está cada vez mais frequente o que nos leva a pensar que a violência está acontecendo

por grupos ou por pessoas de várias culturas.

O bullying é um fenômeno que ocorre não só em escolas públicas, mas como já

foi dito no presente trabalho, o bullying acontece em escolas do mundo inteiro, públicas,

particulares, de regiões pobres e ricas, sem distinção de cor, raça e poder.

De acordo com Guareschi (2008), as causas variam de caso para caso e cada

escola deve pensar em uma estratégia para combater e reduzir a violência escolar. O

mesmo autor afirma que: para que ocorra uma redução do bullying escolar é preciso que

haja o envolvimento de todos – professores, funcionários, alunos e pais – é fundamental

e imprescindível para a implementação de práticas e projetos de prevenção e redução do

bullying em sua forma indireta.

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Por isso faz-se necessária uma intervenção fundamentada de um profissional

preparado para tal conscientização. Esta não deve acontecer somente dentro da

instituição escolar, mas em toda a sociedade, podendo assim, transformar esta cultura

tão cruel com os mais frágeis. E já mostrando conhecimento disto, e lançando como

medida de prevenção, o estado de Santa Catarina implantou a Lei estadual Nº 14.6514,

em 12 de janeiro de 2009 que autoriza o poder executivo a instruir o Programa de

Combate ao Bullying de ação interdisciplinar e de participação comunitária, nas escolas

públicas e privadas do Estado de Santa Catarina, prevendo a adoção de ações e uma

participação comunitária nas escolas públicas e privadas do Estado.

Segundo Fante (2005) para que se possa desenvolver estratégias de intervenção

psicológica em instituições escolares é necessário que a comunidade escolar esteja

consciente da existência do fenômeno e, sobretudo, das consequências advindas desse

tipo de comportamento, que pode ocorrer em todas as escolas do mundo,

independentemente das características culturais, econômicas e sociais dos alunos, e que

deve ser encarado como fonte geradora de inúmeras outras formas de violências. A

partir desse entendimento a instituição e os colaboradores desta, poderão identificar as

características com uma visão diferenciada.

De acordo com Ferreira (2010) a educação do jovem no século XXI tem se

tornado algo muito difícil, devido à ausência de modelos e de referenciais educacionais.

Os pais de ontem, mostram-se perdidos na educação das crianças de hoje. Estão cada

vez mais ocupados com o trabalho e pouco tempo dispõem para dedicarem-se à

educação dos filhos. Esta, por sua vez, é delegada a outros, ou em caso de famílias de

menor poder aquisitivo, os filhos são entregues à própria sorte.

O autor acima afirma ainda afirma que os pais não conseguem educar seus filhos

emocionalmente e, tampouco, sentem-se habilitados a resolverem conflitos por meio do

diálogo e da negociação de regras. Optam muitas vezes pela arbitrariedade do não ou

pela permissividade do sim, não oferecendo nenhum referencial de convivência pautado

no diálogo, na compreensão, na tolerância, no limite e no afeto. A escola também tem se

mostrado inabilitada a trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos,

reproduzindo muitas vezes a educação doméstica, seja por meio dos maus-tratos, do

conformismo, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações

4 Disponível em: www.alesc.sc.gov.br

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interpessoais. Os professores não conseguem detectar os problemas, e muitas vezes,

também demonstram desgaste emocional com o resultado das várias situações próprias

do seu dia sobrecarregado de trabalhos e dos conflitos em seu ambiente profissional.

Muitas vezes, devido a isso, alguns professores contribuem com o agravamento do

quadro, rotulando com apelidos pejorativos ou reagindo de forma agressiva ao

comportamento indisciplinado de alguns alunos (FERREIRA, 2010).

São de fundamental importância as orientações sobre convivência familiar. Após

um período destas atividades, é interessante que, além da investigação constante sobre a

realidade escolar, que se apresente à evolução conquistada, para que o programa seja

revisto e mantido. Cavalcante sugere, para inibir o bullying, o esclarecimento do que é

este comportamento, avisar que a prática não é tolerada, conversar com os alunos, e

escutar suas sugestões ou reclamações, estimular os estudantes a informar os casos,

reconhecer e valorizar as atitudes no combate ao problema, identificar possíveis

agressores e vítimas e acompanhar seu desenvolvimento, interferir diretamente nos

grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica de bullying, prestar atenção nos mais

tímidos e calados, pois geralmente as vítimas se retraem, realizar dinâmicas entre os

alunos, estimulando o bom relacionamento (FERREIRA, 2010).

A Psicologia Escolar e Educacional “tem se constituído historicamente como

importante campo de atuação da Psicologia. Psicólogos escolares e educacionais são

profissionais que atuam em instituições escolares e educativas, bem como dedicam-se

ao ensino e à pesquisa na interface Psicologia e Educação” (ABRAPE, 2008).

O objetivo da Psicologia Escolar é “ajudar a aumentar a qualidade e a eficiência

do processo educacional através da aplicação dos conhecimentos psicológicos.

(YAMAMOTO, 2001,18:13), Como por exemplo, o psicólogo escolar pode fazer

orientação vocacional, palestras, ministrar aulas para alunos, dinâmicas, auxiliar aos

pais em relação aos problemas de aprendizagem, emoções, bullying entre outros. No

entanto, o psicólogo não atuar como clínico, visto o ambiente em questão é a escola

(RESENDE E SILVEIRA, 2010).

O psicólogo deve transmitir à escola que é importante que ensinem os seus

alunos a lidarem com suas emoções, dar espaço nas aulas, para a expressão do afeto,

para que não se envolvam em comportamentos violentos, transformando-os em agentes

disseminadores de uma cultura de paz que se estenda aos seus demais contextos de vida.

Então, o verdadeiro combate à violência, se faz, de maneira eficaz, ao atacá-la na causa,

com uma verdadeira educação, que ensine ao estudando a aprender erradicar de dentro

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de si mesmo os agentes causadores da violência; e liberar a essência construtora das

virtudes, causas do bem, agentes da paz e antítese da violência; condição essencial para

se achar os parâmetros éticos perdidos; e estabelecer os parâmetros éticos, os valores

morais e espirituais entre os seres humanos (FERREIRA, 2010).

Andrade (2005) afirma que a atuação do Psicólogo Escolar/Educacional “... deve

estar no âmbito da educação formal realizando pesquisas, diagnóstico e intervenção

preventiva ou corretiva em grupo e individualmente.” De acordo com Contini (2000)

apud Viana (2008) “Nos dias atuais o Psicólogo Escolar/Educacional não atua somente

visando déficits de aprendizagem dos alunos, mas também na promoção de saúde dos

mesmos”. Para que o profissional em psicologia atue sobre os problemas da

aprendizagem dos discentes faz-se necessário destacar duas capacidades Analítica e

Instrumental. Sendo que primeira que segundo Wechsler (1996), são “as habilidades de

identificar os elementos inerentes ou alheios à natureza do processo educacional e às

metas da instituição escolar no contexto sociopolítico, de avaliar necessidades e

possibilidades de mudança nesse processo e nessas metas de planejar alternativas de

intervenção orientadas para a concretização dessas mudanças” e a segunda “envolve as

habilidades técnicas (aplicação de testes, condução de entrevistas e observações,

estratégias de intervenção psicopedagógica, (...) (RESENDE E SILVEIRA, 2010).

Sabe-se que mudanças não ocorrerão num curto espaço de tempo, mas podemos

colaborar para a formação de uma nova mentalidade que promova a paz. Para que se

poça combater a violência de modo preventivo, é preciso agir com um projeto planejado

e bem estruturado por todos os integrantes do âmbito escolar e na comunidade social.

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3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Como pontua Gil (1991), a pesquisa exploratória tem como objetivo principal o

aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições, sendo que seu planejamento é

bastante flexível, possibilitando a consideração dos mais diferentes aspectos do fato

estudado. Já Kerlinger (1980), afirma que a pesquisa exploratória tem como objetivo

identificar a variável de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde

ela se insere neste tipo de pesquisa pressupõem-se que o comportamento humano é

compreendido no contexto social onde acontece.

Esta pesquisa pretendeu quantificar o fenômeno bullying em instituições

escolares no município catarinense de Biguaçu. Deste modo, trata-se de um fenômeno

social, que implica com o contexto sócio histórico dos sujeitos, onde não se pretende

somente qualificar o fenômeno, mas sim identificar as formas que o bullying vem

acontecendo na escola.

Para Richardson (1989), “método em pesquisa significa a escolha de

procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos fenômenos”. A pesquisa

deve ser planejada e executada em conformidade com as normas estatuídas para cada

método de investigação.

O entendimento de Gil (1994) sobre o significado da pesquisa é que ela tem por

objetivo fundamental “descobrir respostas para problemas, mediante o emprego de

procedimentos científicos”.

Para o presente trabalho de conclusão de curso, optou-se por um recorte com o

caráter quantitativo, o qual segundo Richardson (1989) a pesquisa quantitativa significa

transformar opiniões e informações em números para possibilitar a classificação e

análise. Exige o uso de recursos e de técnicas estatísticas. Esta modalidade de pesquisa

caracteriza-se pelo emprego da quantificação desde a coleta das informações até a

análise final por meio de técnicas estatísticas, independente de sua complexidade.

Oliveira (1997) aponta que o método quantitativo é empregado no

desenvolvimento de pesquisas descritivas de âmbito social, econômico, de

comunicação, mercadológicas e de administração que representa uma forma de garantir

a precisão dos resultados, evitando distorções.

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3.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA.

A população foi composta em sua totalidade de 200 adolescentes, estudantes do

ensino fundamental de escolas da rede pública de ensino, pertencentes ao município de

Biguaçu. A amostra foi coletada da seguinte forma: 100 alunos foram selecionados da

escola que apresentou maior número de alunos, informação essa coletada via Secretaria

da Educação do Município de Biguaçu, e os outros 100 foram divididos para as outras

duas escolas sendo 50 para cada instituição. Totalizando três escolas do município

estudado.

A amostra utilizada para a aplicação do questionário de pesquisa foi composta

por estudantes devidamente matriculados nas escolas.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados nas dependências de escolas da rede pública de

ensino, localizadas no município de Biguaçu, somente após a aprovação do projeto pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI e após o contato com os representantes

legais da escola (Secretário de Educação e diretores). A coleta aconteceu em outubro de

2009. Os alunos foram selecionados a partir da demanda da escola, escolhida pelo

diretor e coordenador de ensino.

A pesquisadora apresentou os objetivos da pesquisa primeiramente aos

responsáveis e apresentou o projeto em sua integra, após, aceite deste, a estagiária se

apresentou as escolas (Diretores, Coordenadores pedagógicos e Supervisores

pedagógicos) para dar início a pesquisa, logo, foi dado continuidade ao processo com a

seleção dos sujeitos participantes.

Para realizar este processo a acadêmica enquanto pesquisadora foi pessoalmente

às salas de aula apresentar o seu projeto e solicitar a adesão voluntária dos sujeitos de

pesquisa (estudantes). A adesão implicou na Carta de Apresentação, no Termo de

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Consentimento Livre e Esclarecido e no Consentimento de Participação na Instituição

Escolar.

O instrumento de coleta de dados selecionado para aplicação da pesquisa

quantitativa foi o questionário de pesquisa Kidscape5 (ANEXO).

O questionário foi criado em Londres e utilizado pela Instituição Inglesa –

trabalha e pesquisa sobre o tema – para identificar: as práticas de bullying freqüentes na

instituição, vítimas, agressores e expectadores. Este questionário foi usado pelo

Programa Educar Para a Paz, coordenado pela autora Cléo Fante (2005), já citado no

presente trabalho.

Kidscape é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo manter

as crianças seguras dos agressões com competências práticas e com recursos

necessários. Kidscape é a primeira caridade no Reino Unido, criada especificamente

para prevenir o assédio moral e abuso sexual infantil. O grupo Kidscape equipa crianças

vulneráveis com o conhecimento não-ameaçador e habilidades práticas em como se

manter seguro e reduzir a probabilidade de futuros danos. A organização trabalha com

crianças e jovens menores de 16 anos de idade, seus pais / encarregados de educação, e

aqueles que trabalham com eles. Kidscape oferece suporte Helpline, que é mais

conhecido no Brasil como serviço telefônico gratuito – 0800, e oferecer aconselhamento

aos pais de crianças intimidadas, folhetos, literatura, pôsteres, guias de formação, vídeos

educativos sobre assédio moral e a proteção das crianças e dos pais. A Organização

Kiscape dispõe de uma ferramenta – o questionário - o qual foi utilizado no estudo em

questão.

5 Kidscap, disponível em www.kidscape.org.uk e www.observatoriodainfancia.com.br.

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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A partir do questionário aplicado aos alunos que compuseram a amostra, os

dados foram apresentados conforme a sequência das questões propostas no questionário

de pesquisa em forma de gráficos para melhor visualização e apresentação dos

resultados de forma argumentativa.

Diante do questionário é importante salientar que o aluno que respondeu Sim na

primeira questão pôde responder todas as outras questões; já, para os alunos que

responderam Não, não foram consideradas as questões 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 11, pois essas

questões estão diretamente relacionadas com a vítima de bullying. Considerou-se

também que os alunos que responderam Sim na primeira questão formam a amostra

total (100%) para as questões 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 11.

4.1 A primeira questão pergunta se o participante já sofreu algum tipo de

intimidação, agressão ou assédio na instituição escolar.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Da compilação de dados colhidos nas 200 respostas coletadas à questão de

número 1, resultou: Mais da metade dos alunos (55%) que participaram da aplicação do

questionário já sofreu ou sofre diariamente algum tipo de violência nas dependências da

escola. Comparando-se a um estudo publicado no livro de Fante (2005), em um

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pequeno município de aproximadamente quatro mil habitantes demonstrou que entre os

casos de violência na escola 17% foram casos de bullying. O que indica que no presente

estudo o bullying está acontecendo com um número de alunos maior, ou seja, mais da

metade dos alunos que participaram do estudo estão envolvidos com o a violência

simbólica.

4.2 Esta questão tratou da idade do participante quando este sofreu a violência,

agressão ou assédio na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três

escolas públicas do município de Biguaçu.

Corroborando as respostas a esta segunda questão, o gráfico acima, identifica que

mais da metade dos alunos envolvidos com o bullying (51%) estão na faixa etária entre

11 a 14 anos e, no caso específico, alunos do ensino fundamental. Indicativo de uma

fase de violência e conflito nas escolas do município estudado. 43% dos alunos dizem

ter sofrido bullying de 5 a 11 anos, 4% dizem ter sofrido quando tinham menos de 5

anos e 2% dos alunos omitiram ou não se sentiram a vontade para responder a questão.

De acordo com o coordenador do Programa Anti-Bullying (ou Programa de Redução

do Comportamento Agressivo entre os Estudantes) da ABRAPIA, Lopes (2008) afirma

que, apesar do bullying ser mais comum entre adolescentes de 11 a 13 anos, ele também

pode acontecer no Ensino Médio. O estudo mostrado pela ABRABIA confirma os

dados obtidos no presente trabalho no que se refere aos alunos de 11 a 14 anos.

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4.3 A questão seguinte se refere à última vez em que o participante sofreu

intimidação, agressão ou assédio na instituição escolar.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Questionamento feito somente aos alunos que se declararam já vitimados pelo

bullying na escola. De 110 alunos que compõe a amostra de crianças e adolescentes

vitimizados 41% afirmam que foi há 1 ano ou mais, 32% afirmam que o fenômeno

ocorreu nos últimos 30 dias, 18% nos últimos 6 meses, 6% dizem ter sofrido no dia da

aplicação do questionário e 3% dos alunos não se sentiram a vontade para responder a

questão.

De acordo com Constamtini (2004), quando não há intervenções efetivas contra o

bullying, o ambiente escolar passa a ser totalmente contaminado, pois todas as crianças, sem

exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e

medo. O que pode confundi-las a avaliar quando foi a ultima vez que sofreu bullying, já que

o fenómeno traz um sofrimento contínuo e diário.

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4.4 A questão a seguir se refere ao número de vezes no qual o participante já foi

vítima de agressão, intimidação ou assédio na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Aqui se constatou um dado preocupante: a reincidência dos ataques sobre a mesma

vítima. Percebe-se que 43% afirmaram ter sofrido diversas vezes, 32% afirmam ter

sofrido uma única vez, 14% sofreram a violência quase todos os dias, 7% sofreram

várias vezes ao dia e 4% omitiram ou não se sentiram a vontade para responder a

questão.

Para Costantini (2004), os adultos no âmbito escolar não dão a devida importância ao

bullying, justamente porque em muitos casos o aluno intimidado não revela o que o

vitimiza; assim, a subestimação dos adultos, de maneira proposital ou não, e a não ação

contra o fenômeno, além da ideia de não envolvimento com os conflitos entre discentes e

até mesmo a participação deste adulto como espectador, permite que estes atos de

intimidação se perpetuem e não sejam coibidos como deveriam, muitas vezes passando a

fazer parte do cotidiano escolar como na situação “normal”.

Em uma pesquisa realizada em duas escolas da cidade de Cáceres-MT, uma de cunho

privado e a outra estadual, utilizaram o mesmo questionário – Kidscape – para avaliar a

incidência de bullying nas instituições no ano de 2010. O questionário foi aplicado a 386

alunos, entre 6 e 17 anos, matriculados nas instituições desde a 1° série do ensino

fundamental ou 2° ano, até a 8° série do ensino fundamental ou 9° ano. A pesquisa foi

realizada pela pesquisadora Letícia Paola Almeida e pela Universidade Estadual de Mato

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grosso. O referido estudo observou que como objeto de analise o número de vezes da

ocorrência de bullying chamou muita atenção, pois revela que um número relevante sofre

com o fenômeno, varias vezes ao dia, mais precisamente 8% dos entrevistados, e

demonstrou ainda que, na maioria dos casos pelo menos uma vez já foram vitimas do

bullying, com um percentil de 30,1%, os que não sofreram, não quiseram se pronunciar, ou

não lembraram de ter sofrido bullying, totalizaram 21,8% dos casos, quase todos os dias,

11,7%, diversas vezes na vida, 26,7%, e os que não responderam o questionário, 1,8%. Este

quadro é preocupante, pois a frequência dessas atitudes dão veracidade ao grande dilema de

que o fenômeno se torna cada vez mais presente no cotidiano dos alunos, é por isso e muito

mais se exigem soluções para tal problema, para então poder propiciar aos alunos, uma

escola livre de violências.

4.5 Esta questão se refere ao ambiente onde a agressão, violência ou assédio

aconteceu na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

O local onde houve o maior número de indicações de incidência do fenômeno nas

dependências da escola foi na sala de aula, com 29% dos alunos, em segundo lugar foi

em outro local (28%), e em terceiro lugar no pátio da escola (21%), em seguida indo ou

vindo da escola (11%), em quinto lugar no refeitório da escola (6%), 4% dizem ter

sofrido bullying nos banheiros do estabelecimento e 1% não se sentiu a vontade para

responder essa questão ou omitiu. É importante salientar que alguns alunos marcaram

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mais de uma alternativa nesta questão. A reflexão, aqui se faz necessária sobre a

atuação, senão omissa, pelo menos, despreparada, do corpo docente das escolas, uma

vez que os locais descritos são espaços de responsabilidade destes.

Constatou-se que os locais de incidência do bullying, em destaque encontram-se as salas

de aulas com um percentual de 22,8%, ainda que acompanhada pelos professores, muitos

são os casos de bullying nas salas em virtude de ser o maior tempo que os alunos passam

juntos, e às vezes não obedecem a ordens, não se intimidam ou não respeitam os seus

superiores, em seguida, os pátios escolares com 18,7%, local este onde os alunos não estão

sob supervisão, e ainda que seja um curto período é o suficiente para que ocorram diversos

tipos de agressões.

Relacionando o atual estudo com o estudo supracitado percebesse uma

semelhança quanto ao índice de incidência de bullying nas salas de aula e no pátio da

escola, alertando assim, quanto à vigilância e a conscientização do problema em questão

dentro da escola.

4.6 A questão a seguir trata de como os alunos se sentiram ao serem vítimas de

agressão, violência ou assédio na instituição escolar.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

A maior parte dos alunos dizem se sentir mal (34%) após ser alvo/vítima de

bullying, mas uma parcela dos alunos afirmam que não os encomodou (28%), 14% dos

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alunos se sentiram assustados, 13% ficaram com medo, 10% não queriam mais ir a

escola e 1% omitiu ou não se sentiu a vontade para responder a questão.

Os alunos que são vitimas se sentem acuados e amedrontados, os que são

agressores, se sentem no direito de humilhar ou fazer o que quiser com o seu colega, e as

testemunhas, na maioria das vezes preferem não interferir no que veem, pois tem medo de

ocorrer o mesmo com elas, à vítima de bullying dificilmente recorre para se proteger, por

medo de algo pior, insegurança, ou ainda que os professores ou pais não levem a serio seu

testemunho, porém quando recorrem se maltratados, procuram auxílio dos pais e

professores. É fato que o bullying se faz presente nas escolas e que muitas vezes estes casos

de violência estão tão bem camuflados que ninguém consegue identificá-los e media-los; ou

as pessoas veem e preferem não tomar parte, ou até mesmo, não se sentem preparadas para

tal, inclusive os professores, justificando a necessidade de maiores debates na área da

educação visando uma conscientização sobre os efeitos do bullying, os quais não ficam

restritos às vítimas, agressores e espectadores, mas à sociedade de uma forma geral

(SILVA, 2010).

4.7 Trata-se a seguir das consequências sofridas pelo participante após serem

vítimas de agressão, violência ou assédio na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Quanto às consequências sofridas pela vítima, 61% dos alunos afirmaram que a

intimidação, agressão ou assédio não teve consequências, 30% disseram que algumas

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consequências foram ruins. Percebeu-se que e nos itens „consequências terríveis e „fez

você mudar de escola‟ os alunos que omitiram ou não se sentiram a vontade para

responder esta questão, a porcentagem foi à mesma, de 3%.

Segundo Silva (2010) o crescente número de alunos acometidos pelo Bullying, é

observável e pode afetar a autoestima da criança, e às vezes a levando até ao isolamento

social e a solidão, vê-se que a criança que não faz parte do grupo passa por diversos

transtornos sozinhos em bancos afastados do pátio.

A vítima apresenta-se geralmente, é pouco sociável, inseguro e desesperançado

quanto à possibilidade de adequação ao grupo. Sua baixa autoestima é agravada por

críticas dos adultos sobre a sua vida ou comportamento, dificultando a possibilidade de

ajuda. Tem poucos amigos, é passivo, retraído, infeliz e sofre com a vergonha, medo,

depressão e ansiedade. Sua autoestima pode estar tão comprometida que acredita ser

merecedor dos maus-tratos sofridos (NETO, 2005).

A base de todos estes prejuízos é a impossibilidade de se formar e manter vínculos

afetivos numa instituição total, pois estes são um referencial primordial na elaboração

da concepção de si e do mundo. É a vinculação afetiva, inclusive, que propicia as

estimulações sensorial, social e afetiva fundamentais para que o indivíduo adquira

amplas condições de aprendizagem em todas estas áreas. "Parece claro que a infância

conturbada e privada de laços afetivos fortes traz consequências futuras para o

repertório comportamental dos indivíduos, inclusive para sua autoestima, que pode

definir sua forma de relacionamento com o outro e com o mundo em geral" (WEBER &

KOSSOBUDZKI, 1996).

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4.8 Esta questão possibilitou ao participante marcar entre as alternativas o que

pensa sobre o agressor da violência, agressão ou assédio na instituição escolar.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

No item em que os alunos responderam o que pensam sobre quem pratica o

bullying, 47% respondeu que não gosta dos agressores, 33% que tem pena deles, 13%

não pensa nada sobre quem pratica a agressão e uma parte afirma gostar deles (7%).

Segundo Neto(2005), é pouco comum que a vítima revele espontaneamente o

bullying sofrido, seja por vergonha, por temer retaliações, por descrer nas atitudes

favoráveis da escola ou por recear possíveis críticas. O silêncio só é rompido quando os

alvos sentem que serão ouvidos, respeitados e valorizados. Conscientizar as crianças e

adolescentes que o bullying é inaceitável e que não será tolerado permite o

enfrentamento do problema com mais firmeza, transparência e liberdade. O autor ainda

afirma que o agressor pode manter um pequeno grupo em torno de si, que atua como

auxiliar em suas agressões ou é indicado para agredir o alvo. Dessa forma, o autor dilui

a responsabilidade por todos ou a transfere para os seus “liderados”- testemunhas. Esses

alunos, identificados como assistentes ou seguidores, raramente tomam a iniciativa da

agressão, são inseguros ou ansiosos e se subordinam à liderança do autor para se

proteger ou pelo prazer de pertencer ao grupo dominante. A maioria dos alunos não se

envolve diretamente em atos de bullying e geralmente se cala por medo de ser a

próxima vítima. O silencia das testemunhas e vitimas pode ser interpretado pelos

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autores como afirmação de seu poder, o que ajuda a acobertar a prevalência desses atos,

transmitindo uma falsa tranquilidade aos adultos.

Grande parte das testemunhas sente simpatia pelos alvos, tendem a não culpá-los

pelo ocorrido, muitos acabam acreditando que o uso de comportamentos agressivos

contra os colegas é o melhor caminho para alcançar a popularidade e o poder e, por isso,

tornam-se autores de bullying (NETO, 2005).

4.9 A questão a seguir possibilita o aluno indicar a culpa caso a intimidação

agressão ou assédio continuam acontecendo na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

O conteúdo do questionário permitiu que os alunos culpassem alguém pela agressão

(bullying) na escola, 42% dos alunos afirmaram que a culpa é de quem agride, 28%

disseram que a culpa é dos pais dos agressores, 15% responderam que os culpados são

os outros alunos que só assistem e não fazem nada, 6% culpam a direção da escola e

também com 6% das respostas, os alunos dizem que a cupa é de quem é agredido, 2%

dos alunos dizem que a culpa é dos professores e 1% omitiu ou não se sentiu a vontade

para resolver a questão. É importante salientar que na questão acima alguns alunos

responderam mais de uma alternativa.

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O agressor/intimidador tem a necessidade de projetar em suas vítimas o que ele vivencia

em seu cotidiano, a fim de ser esta a única maneira de lidar com suas deficiências pessoais e

se fazer notado, reconhecido e satisfeito (FANTE, 2005).

4.10 Esta questão pediu que os participantes marcassem se são meninos ou meninas.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

No estudo constatou-se que metade da amostra estudada era menino (50%) e a outra

metade era menina (50%). Isso possibilitou que se pudesse avaliar igualmente os

gêneros.

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4.11 A próxima questão permite que a vítima assinale quanto ao gênero de quem o

assediou, agrediu ou vitimizou na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Na questão mostrada pelo gráfico acima 55% dos participantes afirmaram ter

sofrido ou sofrer agressão, assédio ou intimidação por menino, 27% dizem ter se sentido

vítima de agressões vindas de meninas, 17% sofreram ou sofrem de agressões de ambos

os sexos e 1% dos alunos omitiu ou não se sentiu a vontade para responder a questão.

Silva (2010) afirma que no passado acreditava-se que esse tipo de comportamento era

próprio dos meninos, porém, com os avanços das pesquisas, constatou-se ser comum

também entre as meninas. Enquanto a maioria dos meninos utiliza, comumente, os maus-

tratos físicos e verbais, e, já as meninas se valem mais, das fofocas, difamação, exclusão e

da manipulação para provocar sofrimento psicológico nas vítimas. Os ataques das meninas,

ao contrário dos meninos acontecem dentro de um círculo restrito de amizades, o que torna

a agressão mais difícil de identificação. Outro fato constatado é que as meninas parecem

agir com mais requinte de sutileza e crueldade com olhares dissimulados e maliciosos,

bilhetes, manipulam silenciosamente, encurralam-se nos corredores, dão as costas para as

vítimas, usam o silêncio, conspiram, criticam, cochicham e sorriem.

Segundo Cruz e Carvalho (2008) as relações de gênero, como as demais relações

sociais, são permeadas por relações de poder e apesar de serem fatores distintos, podem

se apresentar nas relações sociais, se o poder no sentido foucaultiano do termo esta

presente em todas as relações sociais e se estes poderes centralizados ou difusos são

negociados permanentemente entre grupos ou indivíduos e o mesmo não se pode dizer

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da violência, onde o excesso de dano e poder são elementos que, articulados pelo desejo

de destruição e controle, provocam violência.

4.12 O conteúdo do questionário permite que os alunos indiquem que tipo de

agressão, intimidação ou assédio já sofreu na escola.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Com relação ao gráfico acima, 41% dos alunos disseram ter sofrido violência verbal,

28% disseram ter sofido violência física, 14% afirmam o tipo de violência que já sofreu

foi a violência emocional, 11% disseram que a violência foi do tipo racista, 6%

assinalaram a violência do tipo sexual, e menos de 1% omitiu ou não se sentiu a vontade

para desponder a questão.

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4.13 Especificamente nesta questão os alunos tiveram a oportunidade de escrever o

que poderia ser feito para se resolver o problema da violência simbólica intitulada

bullying na instituição escolar. Logo após foi criadas categorias que pudessem encaixar

devidamente o que o aluno quis dizer com a escrita nesta questão, já que era discursiva.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Nesta questão os participantes tiveram um espaço livre no questionário para

escreverem o que pensam sobre a forma de resolver o problema da violência simbólica

na escola, portanto devido as mais variadas respostas, a pesquisadora intitulou

categorias que puderam definir as expressões usadas pelos alunos, para assim

quantificar esta questão e colocá-la exposta em forma de gráfico.

Através das categorias descritas no gráfico acima, constatou-se que 28% dos alunos

afirmaram que o problema poderia ser resolvido através de diálogo com o agressor. O

outro fator que merece consideração refere-se ao número de alunos que omitiu, não

respondeu ou não sabia responder sobre a resolução do problema; a respeito de uma

visão crítica e pessoal (22%), 13% dos alunos disseram que a agressão na escola seria

resolvida se os agressores fossem punidos, 10% dos alunos falaram que os alunos que

agridem devem ser expulsos da escola, 9% disseram que os agressores deveriam ser

denunciados para o Conselho Tutelar, 8% disseram que não há o que fazer pois a

agressão entre os alunos é normal, 6% respondeu que os agressores deveriam ser

denunciados a Polícia e 4% afirmam que os agressores deveriam ser mortos. A partir

dos dados analisados, percebeu-se que a agressividade e a radicalidade expressada pelos

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alunos, como por exemplo, em algumas das respostas: “teria que matar” (sic), “dar um

tiro na cabeça deles” (sic), “chamar a polícia e mandar prender esses idiotas” (sic) estão

bem evidentes para alguns alunos.

Em contraponto, um dos entrevistados se expressa da seguinte forma: “a escola

deveria fazer palestras para mostrar para essas pessoas” (sic); a este exemplo pode-se

somar os responsáveis, os quais os alunos identificaram no processo para solucionar o

problema (pais, escola, professores, sociedade, etc.) que necessitam igualmente de uma

conscientização conforme relata Fante (2005, p.97) em seu livro sobre o Fenômeno

Bullying e das estratégias para intervir e prevenir através do Programa Educar para a

Paz vem de encontro com o que foi dito pelos alunos ao dizer-nos que:

Conhecer a realidade da escola – conscientização – e assumir o

compromisso de intervir nos problemas – comprometimento – são os

dois passos decisivos para começar a abordar a questão da violência em

uma escola: primeiro, portanto, a conscientização, e segundo, o

compromisso.

A autora acima ainda afirma que a violência, hoje, está estritamente ligada ao

conceito de alteridade, expressando-se nas formas e mecanismos pelos qual a sociedade

convive com as diferenças. Quanto aos fatores externos a escola, ou seja, a sociedade,

Fante (2005) afirma que os grandes problemas da sociedade atual, como a pobreza e o

desemprego, são responsáveis pela desigualdade social, e favorecem um ambiente de

agressividade, delinquência e atitudes antissociais.

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4.14 A questão a seguir pergunta ao aluno se ele já intimidou, agrediu ou assediou

alguém na instituição escolar.

Dados obtidos através da aplicação do questionário de pesquisa kidscape em três escolas

públicas do município de Biguaçu.

Considera-se, portanto, que 67% dos alunos disserem que não praticam bullying,

30% afirmaram que praticam a violência e 3% omitiu ou não se sentiu a vontade para

responder a questão.

Alguns jovens que comentaram a reprodução da violência assinalaram no

questionário terem sofrido e praticado a violência de igual maneira, ou seja, eles viram-

se como um “bode expiatório” por sofrer a violência (FANTE, 2005; MAKARON,

2009) e ao mesmo tempo, buscam indivíduos mais frágeis para transformá-los em seus

próprios bodes expiatórios; além disso, que os mesmos internalizam tais práticas por

meio do aprendizado por modelação (família) e por conta disso compreendem que a

agressão pode torná-los líderes de um grupo. Podem fazê-los ascender através daqueles

que são mais frágeis, possibilitando subir e/ou galgar socialmente para o topo de uma

hierarquia social no ambiente em que convivem (SCHAFER, 2005 apud FLORES,

2007).

De acordo com Neto (2005) muitos prejuízos podem fazer parte da vida do agressor

como:

Enurese noturna Alterações do sono Cefaléia Dor epigástrica Desmaios

Vômitos Dores em extremidades Paralisias Hiperventilação Queixas

visuais Síndrome do intestino irritável Anorexia Bulimia Isolamento

Tentativas de suicídio Irritabilidade Agressividade Ansiedade Perda de

memória Histeria Depressão Pânico Relatos de medo Resistência em ir

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à escola Demonstrações de tristeza Insegurança por estar na escola Mau

rendimento escolar Atos deliberados de autoagressão são Sinais e

sintomas possíveis de serem observados em alunos alvos de bullying

(NETO, 2005).

O autor de bullying é tipicamente popular, tende a envolver-se em uma variedade de

comportamentos antissociais; pode mostrar-se agressivo inclusive com os adultos; é

impulsivo; vê sua agressividade como qualidade; tem opiniões positivas sobre si mesmo; é

geralmente mais forte que seu alvo; sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar

danos e sofrimentos a outros. São menos satisfeitos com a escola e a família, mais

propensos ao absenteísmo e à evasão escolar. As possibilidades são maiores em crianças ou

adolescentes que adotam atitudes antissociais antes da puberdade e por longo tempo

(SILVA, 2010).

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5 RESPONSABILIZAÇÃO PELO BULLYING

Outro núcleo de análise investigado e trazido à tona pelos alunos refere-se à

responsabilidade pelo bullying, pelas agressões presentes no ambiente escolar. Para

tanto, divide-se a responsabilização em quatro subcategorias, dentre elas a escola, os

pais, os professores e a sociedade.

Tratar da responsabilização da escola remete-nos às afirmações de Ruy (2004)

que afirma ser esta instituição social como maior contribuinte para a educação e muitas

vezes complementar a educação recebida pelos pais; ademais, podemos acrescentar

outras atribuições da mesma, como por exemplo, orientações no que tange à saúde,

conhecimentos e a educação moral e facilitar o relacionamento social dos alunos. Isso

pode ser comprovado por meio da fala de três alunos, ao destacar que “a escola deve

fazer palestras e trabalhos para que esses alunos não pratiquem mais a violência” (sic)

como uma forma de solucionar o problema, “dar um tipo de aula especial” (sic) e “ter

pessoas cuidando no recreio” (sic).

Alguns alunos destacaram soluções que podem clarificar a responsabilidade da

escola e a culpabilização da mesma nesse sentido, para isso declaram “os professores

deveriam prestar mais atenção nisso” (sic). Acrescenta-se, ainda, a questão da

segurança como fator de proteção e intervenção para a escola prevenir tais práticas

agressivas, sugerindo a utilização de câmeras e pessoas para supervisionar e observar os

alunos.

Chalita (2008) afirma que as atitudes de desarmonia no grupo nascem de razões

diversas. Não há um manual que ensine o que fazer para que o filho ou o aluno não se

sinta diminuído em razão do bullying. Nem há receita para que, em decorrência dessas

agressões, o aluno não se transforme em uma pessoa cujo bloqueios dificultem a relação

com outras pessoas. O que se constata é que o universo do agredido se agiganta de tal

forma que o medo o aprisiona, deixando-o lá dentro, protegido pelo nada. Apenas ali

sem falar muito, sem exprimir alegria ou tristeza, sem revelar a dor.

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5.1 Pais

Trata-se também da educação familiar como fator da violência; dessa forma, a

posição dos alunos das escolas pesquisadas ao referirem-se aos pais igualmente como

detentores de uma responsabilidade, pois um jovem aponta que “os pais deveriam dar

mais educação para eles” (sic) e, mais do que isso, atores sociais capazes de promover

mudanças no sentido de sanar e/ou diminuir o bullying na escola, partindo de uma visão

exógena da situação.

Entretanto, a posição dos pais como influenciadores nesse fenômeno foi também

trazida e dita por um dos alunos ao dizer que “a educação vem de casa”. Com isso,

podem ser citadas as palavras de Guareschi e Silva (2008, p. 81) com relação à

responsabilidade dos pais.

Ao longo do desenvolvimento humano, os pais são os principais

exemplos da vida de um indivíduo. Pode-se observar que, de modo

geral, crianças com comportamentos hostis são filhos de pais

igualmente hostis, agressivos, negligentes, intolerantes. Relações

baseadas em agressividade ou desamor tendem a manter e reforçar esse

tipo de comportamento dentro do grupo em que as crianças ou

adolescentes estão incluídos.

Guareschi (2008) ainda afirma que muitas vezes o meio familiar acaba sendo o

fator responsável pelas atitudes submissas, ou agressivas adotadas pelas crianças. Ao

longo do desenvolvimento humano os pais servem como modelo, que provavelmente

são levados para a vida adulta. De acordo com Guareschi (2008) as relações familiares

baseadas em agressividade ou desamor tendem a manter e reforçar esse tipo de

comportamento dentro do grupo que as crianças ou adolescentes estão incluídos. Pais

que mantêm comportamentos deste tipo tendem a provocar isolamento, vergonha,

medo, agressividade e até mesmo comportamentos sintomáticos como, cefaléia,

gastrites, falta de apetite, etc.

Mesmo não sendo possível apontar a presença de uma influência familiar no

questionário utilizado na pesquisa, pois este não abrangeu tal ponto, grande parte dos

autores (dentre eles pode-se citar NETO, 2005); indicam a influência familiar como um

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forte fator para reproduzir a violência, como no estudo de Fante (2005), apontando que

o autoritarismo dos pais induz os filhos a impor sua autoridade sobre outras pessoas.

5.2 Professores

Para alguns alunos que participaram da amostra na aplicação do questionário de

pesquisa ficou claro que os professores devem prestar mais atenção no assunto. Isso nos

permite questionar sobre que tipo de posição os professores têm tomado com relação a

essas agressões, intimidações e assédios, pois para Beaudoin e Taylor (2006) a relação

que é mantida entre professores e alunos, influencia a situação de bullying praticada

pelos últimos; ou seja, se a agressão existente é uma brincadeira sutil praticada

regularmente entre eles ou uma forma de estar constantemente envolvido em brigas e

confusões.

A responsabilização do bullying com relação aos professores como foco de

atenção pode ser referenciado partindo do pressuposto que segundo Fante (2005) a sala

de aula é apontada como o local onde ocorre o maior de incidência do fenômeno. E no

presente estudo confirmou-se que a sala de aula continua sendo o local que acontece o

maior índice de violência, e por conta disso percebe-se o papel do professor em sala de

aula e a responsabilização da escola nesse sentido. De acordo com Guareschi (2008) o

ambiente escolar tem grande importância e influência no desenvolvimento do indivíduo,

visto que é local de formação da pessoa. O autor ainda afirma que desta relação podem

ocorrer algumas conseqüências, que se colocam direcionada para os professores, mas

que afeta também a escola. É o desrespeito dos alunos pelos professores, pois os alunos

que praticam o bullying podem não estar internalizando as questões de ética e respeito

ao outro e, desse modo, não mostram respeito aos seus iguais nem as autoridades,

provocando assim um desgaste na relação professor-aluno.

5.3 Sociedade

No que tange à sociedade, apenas um aluno citou ser esta uma das responsáveis

por tal fenômeno. Portanto, um jovem declara que “não tem o que fazer, porque nós nos

batemos e isso já é normal” (sic). Diante deste relato percebe-se a existência de uma

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rede maior responsabilizada como, pais, parentes, professores, a influência de outros

alunos, vizinhos, entre outros.

Apesar dos alunos não tratarem com detalhes de como essa sociedade influencia

nesse processo de violência, Fante (2005, p.170) aponta os fatores externos à escola;

dentre eles ela cita o meio social como um destes e acrescenta que alguns pesquisadores

discorrem sobre a exclusão social como principal fator de proliferação da violência,

além disso, uma vez excluídos do convívio social, os jovens não encontram alternativa

senão a violência, uma forma de mostrar que existem e que também fazem parte do

mesmo contexto social.

5.4 Possíveis soluções

A maioria das respostas dos alunos que trataram das soluções foi à

conscientização dos alunos que praticam a violência. Um dos participantes da amostra

se expressa da seguinte forma: “a escola deveria fazer palestras para mostrar para essas

pessoas” (sic); a este exemplo podem-se somar os responsáveis, os quais os alunos

identificaram nesse processo de solucionar o problema (pais, escola, professores,

sociedade, etc.) que necessitam igualmente de uma conscientização.

Conforme Fante (2005) ao citar o Programa Educar Para a Paz que usa como

estratégia de intervenção, conhecer a realidade escolar e assumir o compromisso de

intervir nos problemas e o comprometimento. Para o estudo citado, são os passos

decisivos para começar a abordar a questão da violência em uma escola: a

conscientização e o compromisso. Estes dois fatores fazem parte de um ato de

conscientização da sociedade contra este tipo de violência.

Silva (2010) alerta que para saber lidar com esse tipo de fenômeno dentro de

casa e nas escolas os pais, tão como educadores, devem sempre estar atentos a sinais e

procurar investigar o fenômeno bullying; compreender como o bullying tem se

manifestado no contexto escolar; identificar as possíveis causas deste tipo de agressão;

elencar os problemas emocionais gerados no processo de agressão; levantar elementos

que possam contribuir com os programas psicopedagógicos do sujeito acometido pelo

bullying.

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Segundo Neto (2005), a única maneira de combater esse tipo de prática é a

cooperação por parte de todos os envolvidos: professores, funcionários, alunos e pais.

Permitir a participação dos alunos nas decisões e no desenvolvimento do projeto é uma

garantia ainda maior de sucesso. Desta forma promove-se um ambiente escolar seguro e

sadio, onde haja amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada

um de seus alunos.

O autor acima ainda afirma que todos os programas anti-bullying devem ver as

escolas como sistemas dinâmicos e complexos, não podendo tratá-las de maneira

uniforme. Em cada uma delas, as estratégias a serem desenvolvidas devem considerar

sempre as características sociais, econômicas e culturais de sua população. O

envolvimento de professores, funcionários, pais e alunos é fundamental para a

implementação de projetos de redução do bullying. A participação de todos visa

estabelecer normas, diretrizes e ações coerentes. As ações devem priorizar a

conscientização geral; o apoio às vítimas de bullying, fazendo com que se sintam

protegidas; a conscientização dos agressores sobre a incorreção de seus atos e a garantia

de um ambiente escolar sadio e seguro. O fenômeno bullying é complexo e de difícil

solução, portanto é preciso que o trabalho seja continuado.

Enfim, é fundamental que se construa uma escola que não se restrinja a ensinar

apenas o conteúdo programático, mas também onde se eduquem as crianças e

adolescentes para a prática de uma cidadania justa.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudou-se o fenômeno bullying a partir da interação com os alunos na

aplicação do questionário sobre aspectos da violência nas três escolas que possibilitaram

a retirada da amostra com a aplicação do questionário de pesquisa kidscape, as

percepções e conhecimentos quanto à sua realidade, através de um trabalho quantitativo

mostrou-se de suma importância para o conhecimento da realidade do município de

Biguaçu.

Assim, como objetivo geral pretendeu-se analisar quantitativamente o fenômeno

em seus aspectos gerais, e com os objetivos específicos buscou-se a realização de uma

pesquisa por meio de um questionário com os alunos das instituições que participaram

do presente estudo, e através deste, pôde-se observar os possíveis prejuízos de ordem

psicológica, escolar e social em vítimas, observadores e agressores de bullying em três

escolas da rede pública de ensino, localizadas no município de Biguaçu. Foi possível

identificar a quantidade da reprodução da violência e a responsabilização pelos atos

violentos devido à construção de gráficos que possibilitou uma melhor visualização dos

índices.

As crianças e adolescentes que compuseram a amostra populacional deste estudo

em grande parte enfrentam consequências físicas e emocionais de curto e longo prazo,

as quais podem causar dificuldades acadêmicas, sociais e emocionais. A exposição à

violência faz com que crianças e adolescentes em idade de formação de caráter estejam

mais propensas a sofrerem depressão e baixa autoestima quando adultos. De acordo

com Neto (2005), quanto mais jovem for à criança frequentemente agressiva, maior será

o risco de apresentar problemas associados a comportamentos antissociais em adultos e

à perda de oportunidades, como a instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos

pouco duradouros.

A partir dos objetivos, pode-se caracterizar a importância do papel do psicólogo

atuando em conjunto com alunos e responsáveis pela instituição, entre eles, professores

diretores e funcionários, e responsáveis pela criança ou adolescente, familiares, para

compreender os prejuízos de tamanha violência reproduzida na escola. O psicólogo se

estabelece como um intermediário nessa relação, mais do que isso, promover discussões

e campanhas a partir do que é visto e proposto pela instituição demandante de seu

trabalho, comprometer-se socialmente com seu papel e sua práxis profissional,

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direcionando tais autores sociais para uma auto-reflexão sobre seu papel e

responsabilidade dentro do contexto em que estão inseridos, ou seja, como mudam e são

mudados numa relação dialética.

Diante do que se observou no presente trabalho, torna-se possível construir em

conjunto com os autores supracitados, um projeto sócio-educativo capaz de

disponibilizar o cabedal teórico que o psicólogo dispõe, transmitindo e socializando

com tal conhecimento. Nesse sentido, cabe ressaltar que o conhecimento acadêmico

necessita ser posto em prática – realizando projetos e aplicando-os -, compreendendo

sua responsabilidade como profissional e sua ética para com a própria ciência

psicológica.

Fante (2005) afirma que eliminar a violência total de uma instituição é um

trabalho considerado para muitos autores, quase que impossível, entretanto, acredita-se

que é possível e variável através da conscientização, planejamentos, investimentos,

atitudes de compromisso e responsabilidade, cooperação e, sobretudo tempo, para que

uma nova contracultura seja estabelecida. O papel do círculo familiar e social é de suma

importância para que o bullying seja pensado criticamente em seus efeitos, e não levado

para a vida adulta e reproduzido como o mobbing (assédio moral pelo chefe sobre o

subordinado no ambiente de trabalho).

Os índices de violência encontrados nas instituições estudadas mostram que,

mais da metade dos alunos já sofreram ou sofrem bullying diariamente, isso significa a

necessidade urgente de uma intervenção e de um programa anti-bullying pautado em um

bom referencial teórico, para uma possível conscientização, e posteriormente a redução

de tal violência através de um psicólogo na instituição pesquisada que muito auxiliaria

com intervenções, por meio de projetos e campanhas de conscientização.

Pretendeu-se, com este trabalho de pesquisa exploratória embasada em amplo

referencial bibliográfico, poder contribuir para que o profissional da Psicologia

proponha e desenvolva, nas escolas, estratégias de intervenção a partir da consciência e

do conhecimento da existência e forma do fenômeno bullying e, o que parece ser mais

importante: este estudo servir de referência a novas pesquisas.

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