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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DARYEN LAUS DOS ANJOS UM OLHAR SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA ÁREA DE QUALIDADE DE PRODUTO DA EMPRESA PORTOBELLO S/A A LUZ DA ESCALA DE WALTON (1973) Tijucas 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DARYEN LAUS DOS ANJOS

UM OLHAR SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA

ÁREA DE QUALIDADE DE PRODUTO DA EMPRESA PORTOBELLO

S/A

A LUZ DA ESCALA DE WALTON (1973)

Tijucas

2014

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DARYEN LAUS DOS ANJOS

UM OLHAR SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NA

ÁREA DE QUALIDADE DE PRODUTO DA EMPRESA PORTOBELLO

S/A

A LUZ DA ESCALA DE WALTON (1973)

Trabalho de Conclusão de Estágio (TCE)

apresentado como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Administração da

Universidade do Vale do Itajaí – Centro de

Ciências Sociais Aplicadas – Gestão.

Orientador: Professor Ayrton Santos de Queiroz,

MSc.

Tijucas

2014

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais,

Darlan e Márcia e aos meus avós maternos,

Gilson e Sônia, que sempre priorizaram minha

educação e meus estudos, sem os quais não

chegaria até aqui. Eu amo vocês!

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente da Deus, que me deu

forças para continuar em momentos de desgaste físico e

emocional.

Ao professor Ayrton, que com muita paciência e

competência me orientou e apoiou durante a elaboração

deste trabalho.

Aos professores que ao longo do curso me

proporcionaram conhecimentos e experiências

engrandecedoras.

Ao Sr. Ricardo dos Santos e à Portobello S/A, que

abriram as portas para que esta pesquisa pudesse ser

realizada.

Aos meus pais e avós que sempre me apoiaram e

me incentivaram a estudar e buscar o conhecimento.

A minha madrinha Darlene, que com muito carinho

participou da minha formação.

Ao meu padrasto Ronaldo e minha madrasta

Juliana, que sempre me deram todo apoio necessário.

Ao meu namorado Marcos Antônio pelo amor,

paciência, compreensão e incentivo.

Aos amigos Pedro Dellavechia e Diego Franco

pela ajuda prestada durante a realização deste trabalho.

Aos queridos amigos que estiveram presentes

nesta fase tão importante, em especial, a minha irmã de

coração Raissa.

Aos colegas de trabalho que estiveram presentes

nesta caminhada.

As pessoas que de alguma forma me incentivaram

e acreditaram na minha competência em concluir este

trabalho.

Muito obrigada!!!

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Nada é impossível quando você

possui vontade, determinação e crença de

que pode realizar! (Daryen L. Anjos).

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário Daryen Laus dos Anjos b) Área de estágio Administração de Recursos Humanos c) Orientador de conteúdo Prof. Ayrton Santos de Queiroz d) Supervisor de campo Ricardo Alexandre dos Santos e) Responsável pelo Estágio Profª. Marisa Pigatto

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

a) Razão Social Portobello S/A b) Endereço BR 101 – KM 163 Número: s/n c) Setor de Desenvolvimento do Estágio Qualidade de Produto d) Duração do estágio 240 horas e) Nome e cargo do supervisor de campo Ricardo Alexandre dos Santos, Gerente de Qualidade de Produto f) Carimbo e visto da organização

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RESUMO

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um fenômeno em expansão dentro das organizações que visam as pessoas e sua própria evolução. A QVT é decorrente da preocupação com as relações existentes entre o trabalho, o homem, as organizações e seu ambiente, pois as pessoas querem trabalhar em empresas que lhes proporcionem boas condições de trabalho, crescimento e realização profissional e pessoal, as empresas buscam trabalhadores comprometidos e produtivos e a sociedade necessita de pessoas e organizações que estejam engajadas no progresso social sustentável. Com uma visão mais humanizada do trabalho, diversos modelos teóricos propõe mensurar a QVT e viabilizar o seu desenvolvimento contínuo. A partir desta visão o objetivo geral deste trabalho foi analisar os índices de satisfação de QVT dos colaboradores da área de Qualidade de Produto da empresa Portobello S/A e teve como objetivos específicos: identificar o perfil dos colaboradores, investigar o grau de satisfação dos colaboradores em relação aos fatores de Qualidade de Vida no Trabalho e propor ações de melhoria para os índices com baixo desempenho de QVT. Para tornar possível esta pesquisa, utilizou-se o método quantitativo descritivo, que diz respeito à quantificação e descrição dos dados obtidos através do questionário adaptado do modelo de QVT de Richard Walton (1973), composto por oito categorias (dimensões) que abrangem os diversos aspectos que envolvem o trabalhador e as organizações. Como principal resultado verificou-se que em geral os funcionários estão satisfeitos com a Qualidade de Vida no Trabalho proporcionada pela empresa em todas as suas dimensões, que são: compensação justa e adequada, condições de trabalho, uso e desenvolvimento de capacidades, oportunidade de crescimento e segurança, integração social na organização, constitucionalismo, o trabalho e o espaço de vida total e a relevância social da vida no trabalho. Entretanto, alguns aspectos podem ser aprimorados mediante ações que possibilitem maior satisfação ou não insatisfação e em consequência mais motivação e produtividade.

Palavras-chave: QVT. Motivação. Satisfação. Produtividade.

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ABSTRACT

Quality of Work Life (QWL) is a growing phenomenon within organizations aimed at people and their own evolution. The QWL is due to concern about the relationship between work, man, organizations and their environment, because people want to work in companies that provide them with good working conditions, professional growth and personal fulfillment. Already companies seeking committed workers and productives, and society requires people and organizations that are engaged in sustainable social progress. With a more human vision of work, many theoretical models proposed to measure the QWL and enable its continuous improvement. From this vision the aim of this study was to analyze the QWL employees satisfaction levels of Product Quality area at Portobello S / A and had the following objectives: to identify the profile of employees, investigate the degree of employee satisfaction in relation to the Quality of Life at Work factors and propose improvement actions for indexes with low performance QVT. To make possible this study, we used quantitative descriptive method, which regards the measurement and description of the data obtained from the questionnaire adapted Richard Walton QLW model (1973) comprises eight categories (dimensions) covering the different aspects involving workers and organizations. The main result was found that in general the employees are satisfied with the Quality of Life at Work provided by the company in all its dimensions, which are: fair and adequate compensation, working conditions, use and development capabilities, growth opportunity and security, social integration in the organization, constitutionalism, the work and the total living space and the social relevance of work life. However, some aspects can be improved by actions that enable greater satisfaction or dissatisfaction and not as a result more motivation and productivity. Keywords: QWL. Motivation. Satisfaction. Productivity.

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Lista de Figuras

Figura 1 - Modelo básico de motivação. .................................................................................. 27

Figura 2 - Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow. ........................................ 30

Figura 3 - Os três fatores da motivação para produzir. ............................................................ 38

Figura 4 - Teoria da expectação de Lawler III. ........................................................................ 40

Figura 5 - Organograma da Portobello S.A até o Nível Gerencial. .......................................... 83

Figura 6 - Organograma da área de Qualidade de Produto ...................................................... 84

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 - Gênero .................................................................................................................... 86

Gráfico 2 - Idade ....................................................................................................................... 87

Gráfico 3 – Estado Civil ........................................................................................................... 87

Gráfico 4 - Escolaridade ........................................................................................................... 88

Gráfico 5 – Renda Familiar ...................................................................................................... 89

Gráfico 6 – Tempo de Empresa ................................................................................................ 89

Gráfico 7 - Compensação Justa e Adequada ............................................................................ 93

Gráfico 8 - Condições de Trabalho........................................................................................... 97

Gráfico 9 - Uso e Desenvolvimento de Capacidades ............................................................. 100

Gráfico 10 - Oportunidade de Crescimento e Segurança ....................................................... 103

Gráfico 11 - Integração Social na Empresa ............................................................................ 106

Gráfico 12 - Constitucionalismo ............................................................................................ 109

Gráfico 13 - O Trabalho e o Espaço de Vida Total ................................................................ 112

Gráfico 14 - Relevância Social do Trabalho na Vida ............................................................. 115

Gráfico 15 - Qualidade de Vida no Trabalho ......................................................................... 116

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Justiça na Compensação (B.1.1) ............................................................................. 90

Tabela 2 - Equidade Interna (B.1.2) ......................................................................................... 91

Tabela 3 - Equidade Externa (B.1.3) ........................................................................................ 91

Tabela 4 - Partilha dos Ganhos de Produtividade (B.1.4) ........................................................ 92

Tabela 5 - Benefícios Extras (B.1.4) ........................................................................................ 92

Tabela 6 - Jornada de Trabalho (B.2.1) .................................................................................... 94

Tabela 7 - Quantidade de Trabalho (B.2.2) .............................................................................. 94

Tabela 8 - Uso de Tecnologias (B.2.3) ..................................................................................... 95

Tabela 9 - Salubridade (B.2.4).................................................................................................. 95

Tabela 10 - Equipamentos de Proteção (ambiente seguro) (B.2.5) .......................................... 96

Tabela 11 - Fadiga (B.2.6) ........................................................................................................ 96

Tabela 12 - Autonomia (B.3.1) ................................................................................................. 98

Tabela 13 - Importância do Trabalho (B.3.2) ........................................................................... 98

Tabela 14 - Qualidades Múltiplas (Poli Valência) (B.3.3) ....................................................... 99

Tabela 15 - Avaliação de Desempenho (B.3.4) ........................................................................ 99

Tabela 16 - Autocontrole Relativo (responsabilidade) (B.3.5) .............................................. 100

Tabela 17 - Possibilidade de Carreira (B.4.1) ........................................................................ 101

Tabela 18 - Possibilidade de Crescimento Pessoal (capacitação) (B.4.2) .............................. 102

Tabela 19 - Segurança no emprego (B.4.3) ............................................................................ 102

Tabela 20 - Possibilidade de Crescimento Pessoal (incentivo aos estudos) (B.4.1) .............. 103

Tabela 21 - Ausência de Preconceitos (B.5.1)........................................................................ 104

Tabela 22 - Relacionamento (B.5.2) ....................................................................................... 105

Tabela 23: Senso Comunitário (trabalho em equipe) (B.5.3) ................................................. 105

Tabela 24 - Valorização (B.5.4) ............................................................................................. 106

Tabela 25 - Direitos Trabalhistas (B.6.1) ............................................................................... 107

Tabela 26 - Liberdade de Expressão (B.6.2) .......................................................................... 108

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Tabela 27 - Direitos e Deveres (B.6.3) ................................................................................... 108

Tabela 28 - Privacidade Pessoal (B.6.4) ................................................................................. 109

Tabela 29 - Papel Balanceado no Trabalho (tempo para família) (B.7.1) .............................. 110

Tabela 30 - Papel Balanceado no Trabalho (tempo para lazer) (B.7.2) ................................. 111

Tabela 31 - Estabilidade de Horários (B.7.3) ......................................................................... 111

Tabela 32 - Orgulho do Trabalho (B.8.1) ............................................................................... 113

Tabela 33 - Imagem da Empresa (B.8.2) ................................................................................ 113

Tabela 34 - Responsabilidade Social (B.8.3) ......................................................................... 114

Tabela 35 - Responsabilidade pelos Produtos/Serviços (B.8.4) ............................................. 114

Tabela 36 - Práticas de Emprego (políticas de RH) (B.8.5) ................................................... 115

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Lista de Quadros

Quadro 1 - Evolução dos modelos de gestão de pessoas. ......................................................... 24

Quadro 2 – Teorias motivacionais. ........................................................................................... 41

Quadro 3 - Fatores desencadeadores da QVT. ......................................................................... 44

Quadro 3 - Origens da Qualidade de Vida no Trabalho. .......................................................... 48

Quadro 4 - Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler ................................. 49

Quadro 5 - Conceitos de Qualidade de Vida. ........................................................................... 52

Quadro 6 – Conceitos de QVT ................................................................................................. 52

Quadro 7- Modelo das dimensões básicas da tarefa Hackman & Olhham (1975). .................. 56

Quadro 8 - Dimensões do cargo (HACKMAN E OLDHAN, 1975). ...................................... 56

Quadro 9 - Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho. .................................................... 58

Quadro 10 - Categorias conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ...................... 60

Quadro 11 - Ranking de Qualidade de Vida no Trabalho ........................................................ 67

Quadro 12 - Aplicação do Questionário aos colaboradores do CQPA..................................... 71

Quadro 13 - Linha do tempo da Portobello S.A. ...................................................................... 78

Quadro 14 - Quadro de Funcionários da área de Qualidade de Produto ................................. 84

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................... 15 1.1 OBJETIVOS ................................................................................... 16

1.1.1 Objetivo Geral ..................................................................... 16 1.1.2 Objetivos específicos ......................................................... 16 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................... 19 2.1 O VALOR DO TRABALHO PARA O HOMEM ........................................ 19

2.2 O HOMEM E O TRABALHO NOS DIAS ATUAIS ..................................... 21

2.3 A MOTIVAÇÃO HUMANA X TRABALHO ............................................. 26

2.3.1 Teorias da Motivação ......................................................... 29 2.4 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) ..................................... 42

2.4.1 Aspectos históricos da QVT .............................................. 42 2.4.1.1. Origem e Evolução ............................................................. 46

2.4.1.2. Conceitos............................................................................. 50

2.4.1.3. Perceptivas .......................................................................... 53

2.5 MODELOS DE QVT ........................................................................ 54

2.5.1 Modelo de Walton ............................................................... 59 2.6 PRODUTIVIDADE X QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO .................... 63

2.7 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO NO BRASIL ............................... 66

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................... 69 3.1 DELINEAMENTO DO MÉTODO .......................................................... 69

3.2 POPULAÇÃO . ................................................................................ 70

3.3 COLETA DE DADOS ........................................................................ 70

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................. 71

3.5 TRATAMENTO E ANALISE DE DADOS ............................................... 74

4 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................. 76 5 ANALISE DOS RESULTADOS ..................................................... 86 5.1 PERFIL DOS COLABORADORES ....................................................... 86

5.2 GRAU DE SATISFAÇÃO DOS COLABORADORES EM RELAÇÃO À QVT . 90

5.2.1 Compensação Justa e Adequada ...................................... 90 5.2.2 Condições de Trabalho ...................................................... 94 5.2.3 Uso e Desenvolvimento de Capacidades ......................... 98 5.2.4 Oportunidade de Crescimento e Segurança .................. 101 5.2.5 Integração Social na Organização ................................... 104 5.2.6 Constitucionalismo ........................................................... 107 5.2.7 O Trabalho e o Espaço de Vida Total .............................. 110 5.2.8 Relevância Social do Trabalho na Vida .......................... 112

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5.3 ANÁLISE GERAL DA QVT E SUGESTÕES DE MELHORIAS ................. 116

6 CONCLUSÕES ............................................................................ 122 7 REFERÊNCIAS ............................................................................ 125 APÊNDICE ..................................................................................................... 128

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1 Introdução

A competitividade entre as organizações e a incessante busca pela

excelência da qualidade tem causado inquietação e faz com que os gestores

busquem desenvolver ações estratégicas para se diferenciar no mercado e

assim identificar alternativas para agregar valor à marca e superar a

concorrência.

Em busca do diferencial, a tendência das empresas, além de investir em

tecnologias e qualidade dos seus produtos e serviços, é investir também no

seu capital humano, assim direcionam esforços para alcançar as metas e os

objetivos projetados. Deste modo, a importância de qualificar, capacitar e fazer

com que as pessoas participem e se sintam partes integrantes e fundamentais

para o sucesso da empresa refletem diretamente na produtividade, no

comprometimento e no comportamento das pessoas para com as diretrizes

organizacionais.

A escola das Relações Humanas e as teorias motivacionais foram

fundamentais para esta visão mais humanizada do trabalho, buscando

entender os processos que conduzem o homem a praticar determinados

comportamentos e desta forma, prover embasamentos que possibilitam a

melhor compreensão destes fenômenos.

A partir do interesse de estudar e compreender o comportamento do

homem e suas motivações nas esferas organizacionais, surgiu também a

necessidade se de estabelecerem condições de trabalho capazes de

proporcionar ao trabalhador um ambiente seguro e saudável para melhor

aproveitamento de seus conhecimentos e habilidades, bem como o

desenvolvimento pessoal e profissional.

Neste ínterim, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) surgiu como

ferramenta para identificar estas necessidades e fornecer informações que

possibilitem traçar estratégias efetivas na gestão de pessoas, pois a percepção

de que a produtividade está diretamente ligada aos níveis de satisfação

relacionados aos aspectos da QVT fez despertar o interesse dos gestores e

das organizações em função da necessidade por competitividade e

sobrevivência no mercado.

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A partir desta visão, surgiu a necessidade de se avaliar a QVT na

percepção dos colaboradores da área de Qualidade de Produto da Empresa

Portobello S/A e sugerir ações de melhoria nesse sentido. Deste modo, ao ser

a qualidade de vida no trabalho um fator tão relevante no cenário atual das

organizações, almeja-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: será que

os funcionários da área de Qualidade de Produto da empresa Portobello S.A

estão satisfeitos em relação à QVT?

1.1 Objetivos

Os objetivos buscam apontar a que fins a pesquisa se propõe, assim, a

seguir apresentam-se o objetivo geral e os objetivos específicos do estudo.

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral da pesquisa segundo Richardson (2012, p.62) define

“[...] o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa”. Deste modo, a

pretensão desta pesquisa é analisar os índices de satisfação de QVT dos

colaboradores da área de Qualidade de Produto da empresa Portobello S.A.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos “[...] definem as etapas que devem ser

cumpridas para alcançar o objetivo geral” (RICHARDSON, 2012, p.63),

conforme constam a seguir, os objetivos específicos desta pesquisa são:

a) Identificar o perfil dos colaboradores;

b) Investigar o grau de satisfação dos colaboradores em relação

aos fatores de Qualidade de Vida no Trabalho;

c) Propor ações de melhoria para os índices com baixo

desempenho de QVT.

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1.2 Justificativa

Ao observar o contexto do mercado, verifica-se que a produtividade e a

competitividade são fatores relevantes para a sobrevivência das organizações.

Um dos requisitos básicos para garantir esta sobrevivência é a qualidade, não

somente dos produtos ou serviços destinados aos clientes finais, mas da

forma, dos processos e das pessoas por meio dos quais ela é obtida.

É evidente que a participação dos colaboradores é fundamental para

alcançar bons níveis de qualidade, contudo para que isto seja possível é

necessário, também, ter qualidade de vida no trabalho. Esta ferramenta tornou-

se referência para as empresas que buscam o sucesso.

Segundo a revista Exame, em pesquisa realizada anualmente, as

melhores empresas para se trabalhar repetidamente apresentam altos níveis

satisfação em QVT e programas de gestão de pessoas exemplares por se

destacarem no ambiente de trabalho, onde são levados em consideração

credibilidade, respeito, imparcialidade, orgulho e camaradagem bem como o

perfil da empresa, que agrega benefícios, remuneração, ética e cidadania,

desenvolvimento profissional e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

(CHIAVENATO, 2004).

O ponto de partida para as empresas que se preocupam com a QVT é

buscar mensurá-la na percepção dos seus colaboradores para que se

identifiquem os focos de insatisfação a fim de traçar estratégias que

transformem o cenário de uma forma positiva. Neste intuito a presente

pesquisa expõe a percepção dos colaboradores da área de Qualidade de

Produto da empresa Portobello S.A. para que seja possível aos gestores

planejar e executar ações que auxiliem nesta evolução.

Esta visão despertou o interesse e a aceitação da empresa pelo tema,

uma vez que se trata do setor que avalia a qualidade dos seus produtos. E

também por ser viável, por não envolver custos e possibilitar uma melhoria

para área.

O estudo será de grande valia para Universidade por se tratar de uma

pesquisa cujo tema é um dos mais explorados na área de recursos humanos e

por que será executado em uma das maiores e mais respeitadas empresas

ceramistas da América Latina. Será de grande valia também para a acadêmica

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em vista dos conhecimentos que serão aprendidos. Poderá refletir de forma

positiva na sociedade como bom exemplo para outras empresas e outros

estudos.

Para iniciar a pesquisa, no capitulo seguinte será abordada a

fundamentação teórica, item essencial para validação científica do estudo.

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2 Fundamentação Teórica

A fundamentação teórica apresenta uma revisão bibliográfica sobre o

tema Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e os principais aspectos a que

circundam, servindo como base para elaboração deste estudo.

Este capítulo está dividido em subtítulos que abordam o trabalho e seu

valor para o homem bem como suas relações nos dias atuais. Abrangem os

aspectos históricos da QVT no que tange sua origem e evolução, conceitos,

perspectivas e os modelos já desenvolvidos apresentados na literatura, em

especial o modelo de Richard Walton (1973). As teorias motivacionais e a

busca pela satisfação dos trabalhadores são apresentadas como “ponto chave”

para o desenvolvimento das teorias posteriores. A relação entre produtividade

e qualidade de vida no trabalho e por fim a QVT no Brasil.

2.1 O Valor do Trabalho para o Homem

Há muito tempo o homem vive em busca da satisfação de suas

necessidades, do aprimoramento de técnicas desenvolvidas bem como das

habilidades e dos conhecimentos aprendidos ao longo de sua existência. Vive

em busca de sua evolução, pois é de sua natureza perseguir a melhoria

continua para si e para o grupo social, ao qual está inserido.

Kwasnicka (1990) afirma que todos os atos humanos em geral podem

ser caracterizados como trabalho, desde simples gestos até os mais complexos

processos intelectuais, assim, pode-se considerar que a relação homem-

trabalho sempre existiu, visto que o ser humano é o único ser pensante da

cadeia biológica capaz de agir em prol de mudanças a fim de se adaptar ou de

ser adaptado ao ambiente em que vive e aos seres que nele habitam.

Observa-se que “o trabalho, essencialmente, é uma ação própria do

homem mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual

vive historicamente em insubstituível relação”, assim, o autor ainda afirma que

o homem sempre trabalhou e que não existira momento em que não será

necessário trabalhar (MIGLIACCIO FILHO, 1994, p.22).

É possível constatar o imensurável valor do trabalho para o homem ao

observar que é um dos meios pelos quais satisfaz suas necessidades e

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desejos, busca alcançar objetivos pré-estabelecidos e conquistas almejadas,

assim como, também se observa o fundamental valor do homem para o

trabalho, pois é ele quem o executa, tornando-os interdependentes. Como diria

Aristóteles, “se cada instrumento pudesse, a uma ordem dada, trabalhar por si,

se as lançadeiras tecessem sozinhas, se o arco tocasse sozinho a cítara, os

empreendedores não iriam precisar de operários e os patrões dispensariam os

escravos (ARISTÓTELES, apud DEMASI, 1999).

Desta forma, ao ser movido por melhores condições de vida o homem

trabalha praticando ações que lhe permitam progredir. Seja ela uma ação

intelectual ou física, cujo num primeiro momento se utiliza da capacidade

intelectual para desenvolver técnicas a fim de facilitar suas tarefas e num

segundo momento utiliza sua mão de obra ou de terceiros para tornar reais

suas ideias, contribuindo para melhoria da sua qualidade de vida e da

sociedade.

Neste sentido, o trabalho está inserido em diversos contextos e pode ser

visto de diversas perspectivas, como por exemplo, “no sentido econômico e

social, o trabalho pode ser definido como o emprego que faz o homem de suas

forças físicas e morais, para produção de riquezas ou serviços” (KWASNICKA,

1990, p.46). Assim, entende-se o trabalho como a troca de mão de obra, de

força de trabalho por determinada remuneração, desta forma, o trabalhador

tem a possibilidade de prover sua autossustentação e a de sua família no que

se refere à satisfação de necessidades básicas, tais como alimentação,

moradia e segurança, como também seus desejos materiais e de lazer, tais

como a aquisição de uma televisão nova ou uma viagem a passeio.

Com importante colaboração, Abraham Maslow (1943) desenvolveu a

teoria da hierarquia das necessidades básicas como fator motivacional de

trabalho (RODRIGUES, 1994), assunto que será explorado mais adiante. Esta

teoria serviu como base para diversos outros estudos a respeito do

comportamento do homem e suas motivações em relação ao trabalho.

A visão psicológica do trabalho para o homem o constitui como fonte

para construção de uma identidade, de uma referencia do seu caráter, da união

com um grupo e até mesmo como meio para realizações pessoais, pois de

acordo com Druker (1997, p. 294) “[...] o trabalho é uma extensão da

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personalidade. É realização. É uma das maneiras pelas quais uma pessoa

conceitua-se a si mesma e mede seu valor e humanidade”.

Contudo, a burocratização dos processos, a limitação de autonomia dos

empregados por parte das organizações no que tange ao desenvolvimento de

suas atividades, a repressão em suas mais diversas formas, a má gestão por

parte dos superiores, a alienação e a perda do significado do trabalho, entre

outros fatores, fazem com que se crie uma resistência à colaboração, o

desgaste físico e psicológico, o surgimento de doenças ocupacionais, falta de

motivação e consequente queda de produtividade (RODRIGUES, 1994).

Assim o trabalho pode ser de grande valia e edificador para o caráter e a

identidade do individuo, bem como pode ser fonte de desgaste físico e

psicológico, desencadeando grandes prazeres ou enormes frustrações.

As relações entre o homem e o trabalho estão em constante

transformação, pois são dependentes do cenário econômico, político, social e

cultural no qual se encontram. Neste sentido, a seguir, serão apresentados

alguns aspectos desta intensa troca.

2.2 O Homem e o trabalho nos dias atuais

Diversos fatores como a rápida e intensa urbanização, o

aperfeiçoamento dos meios de transportes, o incremento no comercio interno e

internacional, a redistribuição de riquezas entre os países, bem como o

desenvolvimento industrial, a necessidade de produção em grandes escalas,

entre outros, fizeram mudar drasticamente os cenários econômicos, sociais,

culturais e políticos no mundo (KWASNICKA, 1990).

Neste contexto os estudos e pesquisas voltados para o desenvolvimento

do trabalho, dos processos, das tecnologias e da relação do individuo com este

meio se tornaram necessários para construção de teorias que pudessem

auxiliar no entendimento e articulação deste complexo meio que continua em

constante e acelerada transformação.

Como já foi dito, a preocupação com o trabalho sempre esteve presente

na humanidade, contudo somente após a revolução industrial adquiriu um

caráter mais solido em função do expansivo aumento da produção em massa,

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havendo consequente necessidade de recrutar mais mão de obra e torna-la

capacitada para o controle e execução das tarefas (DRUKER, 1997).

Neste sentido, um dos pioneiros no desenvolvimento de estudos

capazes de permitir essa compreensão foi Frederick W. Taylor, ao perceber

que apesar da forma autoritária e arrogante com que os superiores muitas

vezes tratavam seus empregados, essencialmente eram os trabalhadores que

moviam as fábricas (KWASNICKA, 1990).

De acordo com Rodrigues (1994), apesar da forma racional e

especializada com que Taylor apresentou a divisão do trabalho ter levado os

operários a jornadas de trabalho quase desumanas, seus métodos tinham

como objetivo um maior e melhor desempenho das maquinas e dos

trabalhadores, organizando o processo produtivo em simples tarefas

previamente definidas e remunerando o trabalhador de acordo com sua

produção. “A filosofia proposta era a racionalização da produção, trazendo,

como produtos finais, a produtividade e a motivação econômica do trabalhador”

(RODRIGUES, 1994, p.29), transformando a natureza do trabalho em rotinas

simples, repetitivas e fáceis de controlar.

Entretanto, com o passar dos anos, a crescente fragmentação do

trabalho e o excesso de mecanismos para controle dos processos e das

pessoas em busca eficácia fez com que se perdesse o próprio significado do

trabalho. A eficácia no trabalho fazia com que se reduzissem o numero de

empregados nas fábricas causando descontentamento e insegurança. A

insatisfação dos trabalhadores fez crescer a força dos movimentos sindicais e a

Administração Cientifica (ou tradicional) mostrou-se inadequada (CASADO,

2002).

A partir de Taylor diversos autores surgiram trazendo novas abordagens

e conceitos voltados para o aperfeiçoamento das técnicas de produção, das

estratégias de administração e em especial, das relações de trabalho entre a

organização e seus empregados.

Na medida em que o tempo passa e as transformações ocorrem, os

conceitos evoluem e fica mais notória a importância do individuo, no sentido de

que é impossível existir uma organização sem pessoas e é ainda mais

improvável que obtenha sucesso e solidez sem o comprometimento e a

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motivação dos empregados para a conquista dos objetivos que devem ser

comuns.

As constantes mudanças nos cenários que envolvem a organização

conduzem-na a repensar sua visão de negócios e a adotar modelos de gestão

que lhe proporcionem diferencias competitivos de acordo com as condições de

mercado da época em que vive. Os modelos de gestão de pessoas ganharam

destaque, passando por evoluções e constituindo teorias que visam alcançar

padrões de comportamento que auxiliam na conquista dos objetivos

organizacionais, pois há muito o fator humano vem se revelando essencial para

seu bom desempenho (FISCHER, 2002).

Em diferentes épocas e contextos a gestão das pessoas dentro das

empresas foi se tornando necessária por ser parte integrante dos processos de

produção e prestação de serviços, sendo inicialmente vista como custo até ser

reconhecida como peça chave na estratégia corporativa, ou seja, deixando de

ser custo para se tornar investimento.

Vale apresentar, no Quadro 1 a seguir, a evolução dos modelos de

gestão de pessoas para ressaltar a importância destas correntes e a forma

como foram surgindo dentro dos contextos de suas épocas, a fim de permitir a

adaptação dos processos, o entendimento do comportamento humano nas

empresas e a condução destes para serem alinhados a visão, missão, valores,

cultura e estratégias organizacionais, afinal “toda e qualquer organização

depende, em maior ou menor grau, do desempenho humano para seu

sucesso” (FISCHER, 2002, p. 11).

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MODELO

BASE

TEÓRICA

CONCEITOS

OBJETIVOS

MODELO DE GESTÃO DE

PESSOAS COMO DEPARTAMENTO

PESSOAL

Administração Científica

Gerenciar os funcionários como custos. Preocupação com as transações, com os procedimentos e processos que fizessem o homem trabalhar de maneira efetiva.

Busca de trabalhadores adequados às tarefas cientificamente ordenadas. Eficiência de custos com o trabalho; Produtividade; Recompensa; As pessoas como recursos produtivos.

MODELO DE GESTÃO DE

PESSOAS COMO GESTÃO DO

COMPORTAMENTO HUMANO

Escola das Relações

Humanas e Psicologia

Organizacional

Surgimento da Administração de Recursos Humanos. Psicologia humanista na teoria organizacional; Descoberta da intermediação da relação das pessoas com a empresa através dos gerentes de linha; Teorias motivacionais.

Avaliação e desenvolvimento de pessoas; Relações interpessoais; Motivação e Liderança. Voltada para integração, comprometimento, cooperação, flexibilidade, adaptabilidade e qualidade dos empregados; As pessoas como seres humanos.

MODELO ESTRATÉGICO DE

GESTÃO DE PESSOAS

Administração de Recursos

Humanos com caráter

estratégico

As políticas de recursos humanos (RH) alinhadas com a estratégia corporativa da empresa; Correspondente a fatores internos e externos à organização; Afetada pelos interesses dos stakeholders e pressões situacionais.

Filosofia da participação com influencia sobre os funcionários; Organização do trabalho; Orientação estratégica para as políticas e praticas de RH; Desempenho humano versus resultados dos negócios da empresa; Pessoas como recursos estratégicos.

MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS

ARTICULADO POR COMPETENCIAS

Ênfase da Competitividade

gerada pela globalização

Originaria nas mudanças ocorridas nos mercados internacionais e crescimento da competitividade; Responsável pelo envolvimento dos funcionários com a empresa, seus negócios, processos e produtos.

Competências necessárias para atingir posicionamento diferenciado; Deve ser condizente com o ambiente de competitividade e se articular em torno de competências; As pessoas como parceiras da organização.

Quadro 1 - Evolução dos modelos de gestão de pessoas. Fonte: Adaptado de FISCHER, 2002.

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Conforme o Quadro 1 observa-se que inicialmente as pessoas eram

vistas como custos e “peças” necessárias para engrenagem de produção de

bens e serviços, tendo como modelo uma gestão orientada exclusivamente a

possibilitar a execução das tarefas e fazer cumprir a legislação trabalhista

vigente. Com o a escola das relações humanas e a influência da psicologia nas

teorias organizacionais, as atenções se voltam para as pessoas e suas

relações, destacando o gerente como importante figura de intermediação entre

os funcionários e os interesses da empresa. A partir da gestão de pessoas

como estratégia se vê não só a necessidade de pautar um comportamento

humano condizente com suas funções como também alinhá-los ao

planejamento estratégico como um todo. E finalmente, na chamada Era do

Conhecimento, a administração de pessoas orientada por competências

humanas necessárias para se alcançar competitividade e posicionamento

diferenciado (FISCHER, 2002).

Os indivíduos passam a ser vistos como parceiros da organização. De

um lado as empresas investem em salários, incentivos, crescimento

profissional, capacitação, segurança, etc. e em contra partida as pessoas

investem esforço, dedicação, responsabilidade, comprometimento, etc. a fim de

obterem retorno positivo de uma relação de trabalho sustentável e saudável

para ambos, em uma constante troca de interesses em busca de objetivos em

comum (FARACO, 2010).

Contudo vale ressaltar a importância do trabalho, não somente para o

interesse das organizações e do próprio trabalhador, como também, para a

sociedade capitalista em que se vive hoje, sendo fonte de contribuição para o

desenvolvimento da sociedade como um todo, fazendo parte integrante da vida

de pessoas consideradas de bem. O trabalho atribuído de sentido tem valor

especial, além de ser útil para a organização e para a sociedade, permite o

desenvolvimento, a valorização, o reconhecimento e a autorrealização do

indivíduo (ANDRADE, et. al., 2012).

A valorização do capital humano e a gestão de pessoas ganharam

espaço de destaque em um mundo globalizado, de aceleradas transformações

tecnológicas, vastos acessos a informações e ao conhecimento, ocupando

posição estratégica dentro das grandes organizações, pois cada vez mais os

gestores são convencidos de que o individuo que esteja motivado e satisfeito

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com seu ambiente de trabalho, com o grupo ao qual está inserido e com o

próprio trabalho, consequentemente produzirá mais (LIMONGI-FRANÇA,

2004), contudo esta visão só foi possível em virtude dos estudos a respeito da

motivação humana, os quais serão apresentados a seguir.

2.3 A Motivação Humana x Trabalho

O homem é um ser complexo e multidimensional. Seu comportamento é

pautado em diversos fatores internos, como suas características de

personalidade, capacidade de aprendizagem, motivação, percepção do

ambiente, emoções, valores, etc. Como também é influenciado por fatores

externos, tais como as características organizacionais, fatores sociais, políticos,

etc. (CHIAVENATO, 2004). Contudo um dos fatores de maior relevância para a

gestão do comportamento humano é a motivação.

Segundo o autor é difícil definir o conceito de motivação, uma vez que

pode ser utilizado em diversos sentidos, no entanto, apresenta a definição de

que “motivo é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de determinada

forma, ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento

especifico” (KAST, 1970 apud CHIAVENATO, 2004 p.63).

A motivação é considerada um aspecto interno (intrínseco) do individuo

e está relacionada ao sistema de cognição, que de uma forma geral:

“representa aquilo que as pessoas sabem sobre si mesmas e sobre o ambiente que as rodeia. O sistema cognitivo de cada pessoa envolve seus valores pessoais e é influenciado por seu ambiente físico e social, por sua estrutura fisiológica, por seus processos fisiológicos, por suas necessidades e por suas experiências anteriores (CHIAVENATO, 2004, p.64)”.

É possível perceber que as pessoas possuem motivações diferentes de

acordo com suas necessidades e objetivos, o que consequentemente produz

padrões de comportamento distintos. Entretanto, mesmo que os padrões de

comportamento sejam variáveis, o processo do qual se originam é basicamente

o mesmo para todas as pessoas conforme ilustra a Figura 1 a seguir:

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Figura 1 - Modelo básico de motivação. Fonte: Leavitt, 1964 apud Chiavenato, 2004, p.65.

Na Figura 1 é possível observar que o processo de motivação se inicia

por meio de um estímulo (impulso) provocado em função de uma necessidade

a fim de alcançar um objetivo, o que conduz a um determinado comportamento.

No entanto Chiavenato (2004) ressalta que mesmo que o modelo acima seja

utilizado para todas as pessoas, o resultado é incalculavelmente variável, pois

depende de três fatores básicos: percepção do estimulo, necessidades e

cognição de cada pessoa. Assim é possível verificar que nenhum

comportamento é espontâneo ou isento de finalidade, pois sempre há um

objetivo para explica-lo.

Segundo o autor, a partir do momento que surge uma necessidade,

inicia-se um ciclo motivacional. O surgimento das necessidades faz romper o

equilíbrio do organismo, causando desconforto, desequilíbrio e insatisfação.

Isto faz com que o individuo busque ações, que lhe caracterizam um

comportamento, a fim de descarregar a tensão gerada. Se o comportamento

for eficaz, então a necessidade será satisfeita, o que trará ao individuo o seu

estado de equilibro. Portanto, a necessidade satisfeita deixa de ser fator

motivador de comportamento visto que já não causa desconforto ou

desequilíbrio.

Todavia a necessidade nem sempre pode ser satisfeita, podendo ser ela

frustrada ou compensada. Quando ocorre a frustração, a tensão causada

procura outro meio de saída, “seja por via psicológica (agressividade,

descontentamento, tensão emocional, apatia, estresse, etc.), seja por via

fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas)”,

então, para que seja compensada é preciso que outra necessidade seja

satisfeita no lugar desta que não foi possível satisfazer (CHIAVENATO, 2004,

p.66).

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O autor observa ainda que as necessidades são temporárias e

passageiras, assim, a motivação humana torna-se um processo cíclico, visto

que o comportamento é resultante da busca pela resolução de problemas e

satisfação de necessidades conforme vão surgindo.

Para Casado (2002), a motivação é considerada um impulso à ação e é

vista como um fator intrínseco (interno no individuo), ficando evidente que se

origina internamente em cada indivíduo. Esta visão talvez explique a

impotência dos gestores e das organizações no que tange os aspectos

motivacionais das pessoas no trabalho, pois neste sentido, motivar os

colaboradores sugere algo impossível de se realizar.

No entanto, segundo a autora, a estratégia motivacional presente no

modelo dos recursos humanos sugere

“uma perspectiva mais complexa da natureza humana segundo a qual diferentes fatores se inter-relacionam no processo motivacional: dinheiro, aspectos sociais, o trabalho em si e perspectivas de crescimento. Ponto central dessa abordagem é que diferentes trabalhadores possuem diferentes fatores motivacionais e, além de buscar modos de satisfação distintos, também têm diferentes contribuições a fazer à organização.” (CASADO, 2002, p. 250).

Ainda de acordo com a autora, a estratégia gerencial no processo

motivacional pretende compreender a natureza complexa da motivação,

buscando entender as peculiaridades de cada subordinado, a fim de lidar com

todo o potencial existente, e ao conhecer as diferenças, conduzir a realização

dos desígnios individuais em consenso com os objetivos da organização. O

diferencial dessa abordagem é que o papel do gestor não é manipular e sim

estabelecer uma parceria junto aos colaboradores, na qual as habilidades e

objetivos de cada um sejam considerados na busca pela obtenção das metas

organizacionais.

Neste sentido diversos autores criaram teorias que propõe explicar o que

motiva o comportamento humano e como ele é motivado. As teorias de maior

relevância encontradas na literatura serão esplanadas a seguir.

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2.3.1 Teorias da Motivação

As teorias da motivação buscam explicar fenômenos que influenciam o

homem a desenvolver determinados comportamentos. Cada uma expressa

uma forma especial de ver o ser humano e nenhuma é considerada como

verdade absoluta sobre o tema (CASADO, 2002). A seguir serão apresentadas

as principais abordagens e seus conceitos sobre as teorias da motivação.

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow (1954)

A teoria desenvolvida por Abraham Maslow em 1954 busca explicar o

comportamento do homem em função de suas necessidades e desejos. Para

Maslow a motivação é algo constante, infinito e complexo de todo ser humano,

pois,

“o homem é um animal que deseja e que raramente alcança um estado de completa satisfação, exceto durante curto tempo. À medida que satisfaz um desejo, sobrevém outro que quer ocupar o seu lugar. Quando este é satisfeito, surge outro ao fundo. É característica do ser humano, em toda a sua vida, desejar sempre algo.” (MASLOW, 1954 apud CASADO, 2002, p.251).

Apesar de os desejos serem constantes pressupõe-se que obedecem a

uma ordem de prioridade, pois Maslow argumenta que não há o desejo ou

necessidade de realização profissional, por exemplo, se o indivíduo estivesse

morrendo de fome. Desta forma, ele criou categorias fundamentais que

classificam as necessidades de acordo com sua predominância, são elas:

a) Necessidades Fisiológicas;

b) Necessidades de Segurança;

c) Necessidades Sociais;

d) Necessidades de Autoestima e;

e) Necessidades de Autorrealização;

As necessidades que norteiam o comportamento humano, apontadas

por Maslow, apresentam uma predominância umas sobre as outras

representadas por uma pirâmide. Na base se encontram as necessidades

fisiológicas e de segurança, consideradas mais baixas e recorrentes, portanto,

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chamadas de necessidades primárias. Já nos níveis acima estão as

necessidades sociais, de autoestima e autorrealização, consideradas mais

sofisticadas e intelectualizadas, deste modo, intituladas necessidades

secundarias (CHIAVENATO, 2004).

A pirâmide da hierarquia das necessidades segundo Maslow pode ser

melhor compreendida ao observar a Figura 2 a seguir:

Figura 2 - Hierarquia das necessidades humanas segundo Maslow. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2004, p.6.

De acordo com a Figura 2, as necessidades mais básicas do ser

humano estão localizadas na base da pirâmide, portanto, são fundamentais

para que se possa alcançar as demais. As necessidades fisiológicas

representam o nível mais baixo e são inatas do ser humano, tais como,

alimentação (fome e sede), sono e repouso (cansaço), abrigo (contra o frio ou

calor) e sexo (reprodução da espécie), assim são relacionadas com a

subsistência e existência do individuo e quando não satisfeitas dominam a

direção do seu comportamento.

Uma vez relativamente satisfeitas, surgem as necessidades de

segurança que também são consideradas inerentes ao homem. Conduzem a

pessoa a buscar proteção contra perigos reais ou imaginários e possui grande

relevância na vida organizacional, pois as pessoas possuem relação de

dependência com as organizações e ações gerenciais arbitrárias bem como

decisões inconsistentes e incoerentes podem provocar incerteza e insegurança

quanto a sua permanência no trabalho.

Mediante a satisfação das necessidades dos dois grupos anteriores,

surgem as necessidades sociais, que estão relacionadas à vida associativa do

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individuo junto a outras pessoas. Estão presentes neste grupo as necessidades

de participação, aceitação, troca de amizades, de afeto e de amor. Se

frustradas ou não suficientemente satisfeitas provocam um comportamento

resistente, antagônico e hostil em relação a outras pessoas o que conduz à

falta de adaptação social e consequente solidão (CHIAVENATO, 2004).

A necessidade de estima está ligada a auto avaliação e autoestima, ou

seja, como a pessoa se vê. De acordo com o autor estas necessidades

“envolvem a auto apreciação, autoconfiança, necessidade de aprovação social, reconhecimento social, status, prestígio, reputação e consideração. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, valor, força, prestigio, poder, capacidade e utilidade. Sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, os quais, por sua vez, podem levar ao desanimo ou a atividades compensatórias.” (CHIAVENATO, 2004, p.67)

No topo da pirâmide encontram-se as necessidades de autorrealização,

as quais são caracterizadas pelo desejo da pessoa de realizar seu próprio

potencial e se desenvolver continuamente. A busca por autonomia,

independência, autocontrole, competência e alcance dos potenciais individuais

fazem com que as recompensas dependam apenas de si mesmos. Ou seja,

uma vez que as necessidades anteriores podem ser satisfeitas por

recompensas extrínsecas (externas) à pessoa, como comida, dinheiro e

amizades, as necessidades de autorrealização são obtidas internamente

(intrínsecas) através de sentimentos de realização (CHIAVENATO, 2004).

Ainda de acordo com Chiavenato (2004, p.68) pode-se observar que

segundo a teoria de Maslow (1954) “uma necessidade satisfeita não é

motivadora de comportamento. Apenas necessidades não satisfeitas

influenciam o comportamento, dirigindo-o para objetivos individuais”,

entretanto, o interesse pelas recompensas recebidas em função da satisfação

de necessidades pode conduzir o individuo a agir produzindo determinadas

condutas.

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Teoria dos Dois Fatores de Herzberg (1959)

Os estudos referentes aos dois fatores de Frederick Herzberg (1959) se

iniciaram em meados dos anos 1950 através de pesquisas realizadas nas

teorias motivacionais já existentes. Contudo o que tornou seu trabalho

reconhecido e respeitado foi a elaboração de uma teoria baseada no estudo

com 200 entrevistados, entre eles engenheiros e contadores. Primeiramente foi

perguntado sobre as situações em que se sentiram excepcionalmente bem no

trabalho, e em seguida sobre os momentos em que se sentiram muito mal.

Como resultado Herzberg observou que nas primeiras ocasiões os

estados de satisfação eram relativos ao trabalho em si e seu desempenho,

dependendo exclusivamente das ações dos entrevistados. Já no segundo

momento foram relatadas ocorrências em que fatores externos e a participação

não ativa contribuíram para o descontentamento. (CASADO, 2002).

Então, observou-se que os indivíduos possuem dois grupos de

necessidades, um baseado em fatores intrínsecos (internos), relacionados ao

trabalho em si, e o outro em fatores de natureza extrínseca (externa),

relacionados ao ambiente, as condições de trabalho e as pessoas. Este

resultado levou Herzberg (1959) a formular a teoria dos dois fatores, sendo

eles os fatores motivacionais (intrínsecos) e os fatores higiênicos (extrínsecos).

De acordo com Chiavenato (2004), os fatores motivacionais fazem

referência ao teor do cargo, as tarefas e aos deveres relacionados com o cargo

em si, possuem a capacidade de produzir satisfação duradoura e aumentar

consideravelmente os níveis de produtividade, pois envolvem sentimentos de

realização, crescimento e reconhecimento profissional por meio da execução

de atividades que oferecem desafios e significado para o trabalho.

Estes fatores quando atingidos provocam elevada satisfação e quando

não atingidos provocam a ausência de satisfação, e não a insatisfação. São

constituídos pelo próprio conteúdo do cargo que abrange a delegação de

responsabilidades, a liberdade de como executar o trabalho, oportunidades de

promoção, uso das habilidades pessoais, estabelecimentos de objetivos e

avaliação destes, simplificação e enriquecimento do cargo. (CHIAVENATO,

2004). Já os fatores higiênicos

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“refere-se às condições que rodeiam a pessoa enquanto trabalha, englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão recebido, o clima de relações entre a direção e os empregados, os regulamentos internos, as oportunidades existentes, etc.” (CHIAVENATO, 2004, p.69).

São utilizados pelas organizações a fim de obter motivação das

pessoas, entretanto, não possuem capacidade relevante para influenciar o

comportamento dos indivíduos de forma efetiva, pois se destinam somente a

evitar fontes de insatisfação ou desequilíbrio. Assim, quando supridos evitam a

insatisfação e quando ausentes provocam a insatisfação.

Com intuito de prover maior motivação no trabalho, Herzberg (1959)

propõe o enriquecimento de tarefas através da ampliação dos objetivos,

responsabilidade e desafios do cargo. Se comparada a teoria de Maslow,

observa-se que os fatores higiênicos integram as necessidades fisiológicas, de

segurança e sociais e os fatores motivacionais são correspondentes às

necessidades de autoestima e autorrealização. (CHIAVENATO, 2004).

Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland (1953)

Assim como na teoria de Maslow, as necessidades da teoria de

McClelland (1953) são vistas como sendo de ordem biológica, contudo não

obedecem a uma hierarquia. Estas necessidades foram categorizadas em três

tipos: de poder, de afiliação e de realização. Inter-relacionam-se e apresentam

variados níveis de intensidade nas pessoas de acordo com seus perfis

psicológicos e dos processos de socialização aos quais foram expostas

(GONDIM e SILVA, 2014).

De acordo com Gondim e Silva (2014), McClelland afirma que as

necessidades são adquiridas, aprendidas e ressaltadas conforme sua

relevância para o individuo. A necessidade de poder evidencia o desejo de

influenciar, reorientar e mudar as atitudes e condutas alheias. A necessidade

de afiliação faz referência a manutenção dos relacionamentos interpessoais e

interação social, em função dos interesses pessoais. A necessidade de

realização é caracterizada pela busca de autonomia, sucesso pessoal e

autorrealização.

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Entre os destaques desta teoria está a importância que o autor dá aos

processos de socialização e da cultura para servir como base na definição dos

perfis psicológicos mais adequados às demandas do ambiente de trabalho.

Teoria ERC de Alderfer (1969)

O Psicólogo Clayton Alderfer (1969) estruturou seu modelo teórico

partindo de uma revisão da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow

(1954) e o desenvolvimento de outras pesquisas. A proposta apresentada

também buscou o entendimento dos processos motivacionais através de uma

hierarquia, entretanto com algumas diferenças (CASADO, 2002).

Na pirâmide de Alderfer (1969), são apontados três níveis de

necessidades, sendo eles:

a) Necessidade de Existência (E): Preocupa-se em garantir as

exigências materiais básicas à sobrevivência.

b) Necessidade de Relacionamento (R): Voltada para o desejo

de manter contatos pessoais relevantes e satisfação das

relações interpessoais e interação social.

c) Necessidade de Crescimento (C): Responsável pelo desejo de

desenvolvimento pessoal e crescimento contínuo.

Se comparada com a teoria de Maslow (1954), a necessidade de

existência corresponde às necessidades fisiológicas e de segurança; a

necessidade de relacionamento, às necessidades sociais e de estima; e por

fim, a necessidade de crescimento equivale às necessidades de

autorrealização e estima. Desta forma, a necessidade de estima está presente

em duas categorias, a de relacionamento e de crescimento.

A principal diferença entre as teorias é que Maslow (1954) afirma que

uma necessidade de nível mais alto só surge quando outra de nível inferior é

satisfeita, enquanto que Alderfer (1969) sugere que todos os níveis atuam

simultaneamente. O autor também aponta “a existência de um componente de

regressão na dinâmica da motivação, o que faz com que a falta de satisfação

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de uma necessidade aumente a importância das necessidades de nível mais

baixo” (CASADO, 2002, p.253).

Teoria X e Y de McGregor (1960)

Segundo Robbins (2002), Douglas McGregor (1960) sugeriu em suas

teorias que o ser humano pode ser visto de duas formas distintas. A primeira,

na teoria X, aponta uma visão negativa e a segunda, na teoria Y, uma visão

positiva.

Suas conclusões surgiram a partir da observação da forma com que os

gestores tratavam seus subordinados, baseados em agrupamentos de

premissas, que de certo modo influenciavam o comportamento em relação aos

funcionários, assim, McGregor associa sua teoria de motivação com a posição

de liderança e de como os gestores veem seus funcionários.

As premissas que influenciam a teoria X, de acordo com Robbins (2002,

p.153) são as seguintes:

1. Os funcionários, por natureza, não gostam de trabalhar e, sempre

que possível, tentarão evitar o trabalho.

2. Como eles não gostam de trabalhar precisam ser coagidos,

controlados ou ameaçados com punições para que atinjam as metas.

3. Os funcionários evitam responsabilidades e buscam orientação

formal sempre que possível.

4. A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os

fatores associados ao trabalho e mostra pouca ambição.

Assim, é possível observar que o homem é visto como preguiçoso, que

para cumprir uma tarefa estabelecida precisar ser obrigado, que busca a

isenção de responsabilidades em relação à atividade, além de não pretender a

realização profissional.

Já as premissas da teoria Y, ainda segundo o mesmo autor, sugere uma

visão bem distinta, conforme segue:

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1. Os funcionários podem achar o trabalho algo tão natural quanto

descansar ou se divertir.

2. As pessoas demonstrarão auto-orientação e autocontrole se

estiverem comprometidas com os objetivos.

3. As pessoas, na média, podem aprender e aceitar, ou até a buscar, a

responsabilidade.

4. A capacidade de tomar decisões inovadoras pode estar em qualquer

pessoa, não sendo um privilégio exclusivo daquelas em posição

hierárquica mais alta.

Então, enquanto a teoria X é extremamente negativa em relação ao

comportamento do homem, a teoria Y apresenta exatamente o contrário.

Aborda o homem como ser que possui o trabalho como algo inerente a sua

vida, que é comprometido com suas tarefas, que pode aprender e buscar ter

responsabilidades, assim como pode ser criativo, inovador e pretender

autorrealização profissional.

Teoria da Equidade de Adams (1963)

A teoria da equidade, proposta por Adams (1963) busca expor a

percepção de justiça dos funcionários nas comparações realizadas em função

do seu próprio trabalho, denominadas como entradas (experiência, esforço,

dedicação, competência) e do retorno alcançado em relação a ele

(remuneração, reconhecimento, promoção), com o de outros. A percepção

obtida nesta comparação, entradas-resultados, quando iguais assemelha-se a

um estado de equidade, entretanto, quando desiguais ocorre uma tensão de

equidade. Essa tensão negativa constitui fator de motivação para uma ação

corretora. (ROBBINS, 2002)

Robbins (2002) aponta que o funcionário pode escolher entre quatro

pontos de referencia para sua comparação, sendo eles: próprio-interno, que diz

respeito as suas experiências em outra posição dentro da mesma empresa;

próprio-externo, caracterizada como as experiências vividas em situação fora

da empresa atual; Outro-interno assimila-se a outra pessoa ou grupo da

mesma empresa; Outro-externo faz menção a outra pessoa ou grupo de

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empresa diferente. A escolha do ponto de referencia é definida de acordo com

as informações sobre o referencial bem como sua atração. Outras quatro

variáveis: sexo, tempo de emprego, nível na organização e histórico

profissional, também são de grande relevância.

Para Adams (1963), se o trabalhador constatar alguma injustiça

certamente irá convergir seu comportamento em vista de modificar as entradas

(por exemplo, menos dedicação), modificar seus resultados (por exemplo,

desempenho), distorcer sua autoimagem, distorcer a imagem dos outros,

buscar outros pontos de referencia e/ou abandonar o terreno (pedir demissão)

(ROBBINS, 2002, p.166).

Assim, “os indivíduos comparam as entradas e os resultados de seu

trabalho com aqueles de outros funcionários, e respondem de maneira a

eliminar quaisquer injustiças” (ROBBINS, 2002, p.165).

Teoria Contingencial de Vroom (1964)

A teoria proposta por Victor Vroom em 1964 é voltada para o ambiente

de trabalho, restringindo-se somente à motivação para produzir, rejeitando

noções preconcebidas e reconhecendo as diferenças individuais

(CHIAVENATO, 2004). Vroom (1964) buscou estudar as relações entre as

variáveis dinâmicas que explicam o comportamento dos indivíduos no trabalho

(CASADO, 2002).

Segundo o autor, a motivação de cada pessoa para produzir é

determinada por três fatores, que são: os objetivos individuais (força para

atingir os objetivos), a relação percebida pelo trabalhador entre a produtividade

e o alcance de seus objetivos pessoais e a capacidade de influenciar seu

próprio nível de produtividade (CHIAVENATO, 2004). Estes fatores são mais

bem percebidos na Figura 3, a seguir:

.

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Figura 3 - Os três fatores da motivação para produzir. Fonte: Chiavenato (2004, p. 71).

Assim, os fatores citados na Figura 3 são influenciados por três

condições que são capazes de conduzir o individuo a desejar o aumento da

sua produção, são eles:

a) Objetivos pessoais do individuo: que podem ser representados

por dinheiro, segurança no cargo, aceitação social,

reconhecimento, trabalho interessante, entre outros;

b) Relação percebida entre satisfação dos objetivos e a alta

produtividade: se o objetivo de uma pessoa for aumentar o

salário e sua base de remuneração for por produtividade,

consequentemente buscará produzirá mais;

c) Percepção de sua capacidade de influenciar sua

produtividade: se o empregado acreditar que um grande

esforço terá pouco efeito sobre resultado, tenderá a não se

esforçar muito. (CHIAVENATO, 2002, p. 71)

Pode-se observar então que se o individuo tiver expectativas em relação

à obtenção de recompensas e que se perceber que para alcançar as

recompensas terá que produzir, automaticamente terá motivação para alcançar

os objetivos organizacionais estabelecidos. Em contra partida, se não

compreender a existência da relação entre produtividade e recompensa, não se

motivará a produzir.

No intuito de explicar sua teoria, Vroom (1964)

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“propõe um modelo de expectação da motivação que se baseia em objetivos intermediários e gradativos (meios) que conduzem a um objetivo final (fins). Segundo esse modelo, a motivação é um processo que governa escolhas de comportamentos. O individuo percebe as consequências de cada alternativa de comportamento como resultados representando uma cadeia de relações entre meios e fins. Assim, quando o individuo procura resultado intermediário (produtividade elevada, por exemplo), está buscando meios para alcançar resultados finais (dinheiro, benefícios sociais, apoio do supervisor, promoção ou aceitação do grupo)” (CHIAVENATO, 2004, p.71).

Para elucidar sua proposta o autor apresenta três conceitos. O primeiro

é a valência, que retrata a importância pessoal que um objetivo possui. Os

objetivos podem ter valência positiva, quando atrai o comportamento em sua

direção, pode ser neutra quando a pessoa é indiferente ou ainda negativo

quando a pessoa prefere não buscar. Entretanto, a valência do objetivo

(resultado) pode ser diferente de seu valor, por exemplo, pode-se desejar muito

algo (alta valência) e ao alcançar obter pouca satisfação (pouco valor) e vice

versa. O segundo conceito é o de expectativa, que se refere à medida que a

pessoa acredita que seus objetivos possam ser atingidos, pois associa a ação

com seu resultado. E por fim, o conceito de força que faz referencia a energia

empregada para realizar a ação. (CASADO, 2002).

O Modelo Contingencial de Motivação enfatiza a diferença entre as

pessoas e os cargos, desta forma, “o nível de motivação de uma pessoa é

contingente sob duas forças que atuam em uma situação de trabalho: as

diferenças individuais e as maneiras de operacionaliza-las” (CHIAVENATO,

2004, p.72).

Teoria da Expectação de Lawler III (1971)

O pesquisador Edward Lawler III percebeu em seus diversos trabalhos

sobre motivação que o dinheiro é capaz de influenciar e motivar o

desempenho, o companheirismo e a dedicação à organização, bem como

outros comportamentos. Entretanto observou-se defasada potencia

motivacional para o fator dinheiro em virtude do mau aproveitamento pela

maioria das organizações (CHIAVENATO, 2004).

De acordo com Chiavenato (2004) existe uma inconsistência na relação

entre dinheiro e desempenho e isto pode ser observado por diversas situações,

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tais como, o atraso no recebimento do incentivo salarial decorrente do

desempenho do trabalhador, isto por que a fraqueza do incentivo e o extenso

espaço de tempo para recebê-lo fazem com que essa relação torne-se frágil.

A não distinção salarial em virtude das avaliações de desempenho, pois

os gerentes e avaliadores não gostam de se indispor com pessoas de baixo

desempenho e deixam de remunerar os que possuem ótimo aproveitamento,

assim se mantém uma média salarial e a relação dinheiro versus desempenho

torna-se dissonante. As políticas de remuneração são pautadas em políticas

governamentais e convenções sindicais, regulamentando os salários

indistintamente e outra vez não distinguem o bom e o mau desempenho.

Neste sentido percebe-se que o fator dinheiro se bem condicionado

pode ser altamente motivador, afinal ele é uma das principais razões que levam

as pessoas a trabalharem em uma organização.

Desta forma Lawler III (1971) concluiu que duas bases sólidas

sustentam sua teoria. A primeira é de que as pessoas desejam o dinheiro para

lhes permitir tanto a satisfação das necessidades fisiológicas e de segurança

como também as sociais, de estima e autorrealização, pois ele é um meio e

não um fim em si, podendo comprar diversas coisas que satisfazem varias

necessidades pessoais. A segunda é que se as pessoas perceberem e

acreditarem que seu desempenho é necessário para obtenção de mais

dinheiro, seguramente irão desempenhar da melhor maneira possível. A Figura

4, a seguir, ilustra esta equação:

Figura 4 - Teoria da expectação de Lawler III. Fonte: Chiavenato (2004, p. 74).

A Figura 4 apresenta a equação da teoria proposta por Lawler III, onde

acreditar que o dinheiro trará a satisfação de necessidades e que para obtê-lo

é preciso bom desempenho, como consequência haverá por parte do

trabalhador a motivação para desempenhar.

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No Quadro 2, a seguir, é apresentado um resumo das teorias

motivacionais no intuito de facilitar o entendimento do tema abordado.

AUTOR/ANO BASE TEÓRICA ENFASE RESUMO

Maslow (1954)

Teoria da Hierarquia das Necessidades

Necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de autoestima e autorrealização.

As necessidades do individuo organizadas em uma pirâmide hierárquica, onde uma só poderá ser satisfeita mediante a satisfação das necessidades de nível inferior.

Herzberg (1959)

Teoria dos Dois Fatores

Fatores motivacionais e fatores higiênicos.

Os fatores motivacionais fazem referencia ao cargo e ao trabalho em si e os fatores higiênicos referem-se ao ambiente, condições de trabalho e as pessoas.

McClelland (1953)

Teoria das Necessidades Adquiridas

Necessidades de poder, de afiliação e de realização.

As necessidades são adquiridas, aprendidas e ressaltadas pelo individuo ao longo do tempo conforme sua relevância.

Adelfer (1969) Teoria ERC Necessidades de Existência (E), Relacionamento (R) e Crescimento (C)

Existem três níveis de necessidades que se inter-relacionam entre si e acontecem de forma simultânea.

McGregor (1960)

Teoria X e Y Ênfase no comportamento do individuo sob a ótica do gestor

Teoria X afirma que o individuo é um ser preguiçoso e não gosta de trabalhar, que precisa ser coagido e ameaçado para fornecer resultados. Teoria Y afirma que o individuo percebe o trabalho como algo natural, que busca responsabilidades e se compromete com a empresa.

Adams (1963) Teoria da Equidade

Equilíbrio entre as Entradas e Saídas

Percepção de justiça quando há comparação nas entradas (relacionadas ao próprio trabalho – experiência, esforço, dedicação, etc.) e saídas (relacionadas ao retorno obtido – remuneração, reconhecimento, etc.) com outras pessoas.

Vroom (1964) Teoria Contingencial

Motivação para produzir

Motivação para produzir determinada por três fatores: objetivos individuais, relação percebida entre produtividade e alcance dos objetivos pessoais e capacidade de influenciar seu próprio nível de produtividade.

Lawler (1971) Teoria da Expectação

Dinheiro como fator motivador de desempenho

O dinheiro capaz de influenciar e motivar comportamentos. As necessidades não satisfeitas somadas a crença de que o dinheiro poderá satisfazer as necessidades e de que a obtenção de dinheiro requer desempenho, desencadeará motivação para desempenhar.

Quadro 2 – Teorias motivacionais.

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Fonte: Adaptado pela autora a partir de Chiavenato (2004), Casado (2002), Gondim e Silva (2014) e Robbins (2002).

Ao verificar as teorias apresentadas observa-se que “a motivação tem

sido vista como uma saída para melhorar o desempenho profissional no que

diz respeito tanto à produtividade quanto à saúde organizacional e à satisfação

dos trabalhadores” (CASADO, 2002, p. 257). Nesse ínterim fica a cargo do

gestor identificar o comportamento de seus subordinados acatando a natureza

intrínseca e individual da motivação, buscando gerir a energia de cada um no

sentido de alinhar os objetivos da organização com as particularidades de cada

trabalhador a fim de obter um ambiente mais produtivo, saudável e harmônico.

Como conclusão deste item, observou-se que cada teoria apresenta

uma contribuição para elucidar o complexo teórico que abrange a motivação e

nenhuma é considerada como verdade absoluta, de fato, elas são

complementares entre si.

Para que seja possível alcançar um ambiente mais produtivo, saudável e

harmônico, como incentivo à motivação dos trabalhadores é indispensável que

haja qualidade de vida no trabalho, assim, no próximo capítulo serão

abordados tópicos que fazem referencia a este importante fenômeno da

atualidade.

2.4 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT)

Neste capitulo serão apresentados os aspectos históricos da Qualidade

de Vida no Trabalho no que tange a origem e evolução, aos conceitos e as

perspectivas sobre o tema. Serão apresentados ainda os modelos de QVT,

com destaque para o modelo de Walton (1973), a relação entre produtividade e

QVT e a QVT no Brasil.

2.4.1 Aspectos históricos da QVT

A intensa internacionalização dos mercados, o acelerado

desenvolvimento das tecnologias e as constantes transformações pelas quais o

mundo vem passando são grandes responsáveis pelo acirramento da

competitividade organizacional.

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A necessidade de se tornar competitiva e sólida faz com que as

empresas estejam em constante busca da qualidade; qualidade de produtos,

qualidade de serviços, qualidade no atendimento, qualidade nos processos,

qualidade de vida, qualidade de vida no trabalho, etc., pois são partes

integrantes do que se vê como Qualidade Total (FERNANDES et. al., 2008).

De acordo com Fernandes (et.al., 2008) a Qualidade Total tem como

objetivo criar uma organização onde todos trabalhem pela melhoria contínua,

pois sempre mais exigentes, os clientes externos e internos à organização

buscam suprir suas necessidades e realizar seus desejos, de forma a ficarem

satisfeitos com a qualidade do retorno obtido.

A qualidade de vida no trabalho (QVT) surge como uma integrante da

qualidade total, reconhecida por diversos estudiosos como sendo fator decisivo

na estratégia e desempenho corporativo, além de ser fonte para a conquista de

um posicionamento diferenciado perante seus concorrentes e imagem positiva

na sociedade.

O fenômeno da QVT caminha por um universo de diversos aspectos da

vivencia do individuo e das organizações. Limongi-França (2004) aponta

fatores como a segurança, saúde, bem-estar físico e mental, motivação e

satisfação do colaborador, bem como o relacionamento interpessoal, tipo de

liderança, oportunidade de desenvolvimento dos conhecimentos, crescimento

profissional e autonomia como sendo capazes de proporcionar maior

participação dos funcionários e criar um ambiente de integração entre todos os

envolvidos.

Como se percebe, o foco principal da QVT é o capital humano, afinal

hoje as pessoas são vistas como fator primordial para o crescimento e

fortalecimento da organização.

Baseado em um modelo de gestão em que o individuo é percebido pelo

seu aspecto biopsicossocial, ou seja, biológico, psicológico e social interligados

entre si, observa-se que ele é “um ser indissociável, dotado de desejos,

necessidades e ambições, que influem e interferem em sua capacidade de

produção” (GALEANO et. al., 2010, p.3). Torna-se evidente que as empresas

precisam abandonar o conceito de que os funcionários trabalham

exclusivamente para obtenção de retorno financeiro, que negam seus

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sentimentos e emoções e aceitar que eles se envolvem que se dedicam e

criam expectativas de reconhecimento por seus esforços.

Assim é possível observar que o capital humano da empresa, se bem

condicionado, pode ser o seu maior destaque, fazendo-se necessárias ações

que proporcionem qualidade de vida e satisfação no trabalho e como

resultados se obtenham produtividade e comprometimento dos colaboradores

(TOLFO, et.al., 2001).

Neste sentido a QVT é abordada como importante ferramenta para se

entender e intermediar os aspectos situacionais observados nos contextos das

organizações, onde os diferenciais competitivos são bruscamente minimizados

em função das tecnologias e das técnicas de produtividade semelhantes e

facilmente acessíveis. Isso torna ainda mais desafiadora a missão de

conquistar e manter o diferencial e a excelência na produtividade de bens e

serviços prestados.

A percepção de que as pessoas podem ser a referência para este

diferencial tão cobiçado, fez surgir diversos modelos para a gestão estratégica

de pessoas, tendo como foco não somente o empregado e as relações

trabalhistas, como também sua qualidade de vida dentro e fora da organização.

São muitos os fatores que desencadeiam a necessidade de se ter

qualidade de vida no trabalho e alguns são apontados por Limongi-França

(2004) no Quadro 2 a seguir:

FATORES DESENCADEADORES DA QVT CARACTERISTICAS

VÍNCULOS E ESTRUTURA DA VIDA PESSOAL

Família; Atividades de lazer e esporte; hábitos de vida; expectativa de vida; cuidados com a saúde; alimentação; combate à vida sedentária; grupos de afinidades e apoio.

FATORES SOCIOECONÔMICOS

Globalização; tecnologia; informação; desemprego; políticas de governo, organizações de classe; privatização de serviços públicos; expansão do mercado de seguro-saúde; padrões de consumo mais sofisticados.

METAS EMPRESARIAIS Competitividade; qualidade do produto; velocidade; custos; imagem corporativa.

PRESSÕES ORGANIZACIONAIS

Novas estruturas de poder; informação; agilidade; corresponsabilidade; remuneração variável; transitoriedade no emprego; investimento em projetos sociais.

Quadro 3 - Fatores desencadeadores da QVT. Fonte: LIMONGI-FRANÇA, 2004, p. 23.

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Assim, os fatores apresentados no Quadro 2 deixam claro que para se

ter qualidade de vida no trabalho é preciso observar os aspectos relacionados

ao individuo no ambiente de trabalho e na sua vida pessoal, como também os

aspectos relacionados à organização e ao mercado ao qual está inserida.

Todos os fatores, de alguma forma, se relacionam entre si.

Para auxiliar na compreensão dos fatores apresentados no Quadro 2,

Limongi-França e Arellano (2002) apontam diversos campos de estudos

científicos, dentre os quais se destacam:

a) A Saúde: como meio de preservar a integridade física, psicológica e

social do ser humano;

b) A Ecologia: sendo o homem o ator do desenvolvimento sustentável;

c) A Ergonomia: que visa o conforto e o desempenho nas diversas

posições de trabalho;

d) A Psicologia: que demonstra influencia nas atitudes, perspectivas e

envolvimento com o trabalho;

e) A Sociologia: que atua sobre o que é compartilhado e construído

socialmente;

f) A Economia: que destaca a consciência de que os bens são finitos e

que a distribuição destes bens, recursos e serviços devem envolver

de forma igualitária a responsabilidade e os direitos da sociedade;

g) A Administração: que busca ferramentas para aumentar a

capacidade de mover recursos a fim de atingir resultados, e

finalmente;

h) A Engenharia, que elabora as formas de produção que facilitam a

manufatura, o armazenamento de materiais, o uso da tecnologia, a

organização do trabalho e o controle dos processos.

Ao analisar estes aspectos observa-se que as contribuições dadas pelas

ciências que estudam o ser humano permitem identificar dois movimentos

principais na gestão da Qualidade de Vida no Trabalho:

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“o primeiro, individual, caracteriza-se pelo aprofundamento da compreensão a respeito do estresse e das doenças associadas às condições do ambiente organizacional; o segundo, organizacional, refere-se à expansão do conceito de qualidade total, que deixa de restringir-se a processos e produtos para abranger aspectos comportamentais e satisfação de expectativas individuais, visando à concretização dos resultados da empresa” (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002, p. 297).

Portanto assimilam-se duas posições antagônicas. De um lado, os

trabalhadores e suas reivindicações por melhores condições de trabalho que

lhes proporcionem bem estar e satisfação, e do outro, a organização com

interesse nos efeitos de maximização da qualidade e da produtividade sobre

seus bens e serviços (CHIAVENATO, 2004).

Para chegar à visão atual sobre a QVT, diversos estudos e conceitos

foram formados ao longo do tempo e no intuito de esclarecer as concepções

obtidas seguem no próximo item os aspectos abordados na origem e evolução

do tema.

2.4.1.1. Origem e Evolução

As teorias da administração sofrem constantes mudanças de

paradigmas e isso se deve ao instável cenário capitalista no qual as

organizações e consequentemente as pessoas estão inseridas. Para a

Qualidade de Vida no Trabalho a situação não diverge, pode-se dizer até que

as transformações são mais aceleradas e frequentes em virtude dos diversos

aspectos intangíveis que o assunto abrange.

Os primeiros estudos científicos a respeito da visão humanista nas

teorias da administração foram desenvolvidos por Elton Mayo e colaboradores

(1927 a 1932) através de experimentos realizados na Western Eletric Company

(Hawthorne, Chicago), e também pelo Tavistock Institute, em Londres, com

Eric Trist e colaboradores (a partir de 1949). Ambos deram origem à escola

sociotécnica na qual a organização do trabalho era baseada em autonomia,

trabalho em equipe, satisfação do trabalhador no trabalho e em relação a ele,

onde o principal objetivo era encontrar um modelo que agrupasse o trinômio

Individuo/Trabalho/Organização (SANT’ANNA, et.al., 2011).

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A partir daí o interesse crescente pelas pessoas fez surgir outras escolas

de pensamentos voltados para compreender as relações existentes entre a

organização e o trabalhador bem como o comportamento e as motivações dos

indivíduos no meio organizacional.

Somente na década de 1960 o fenômeno da QVT tomou impulsos

através da iniciativa de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e

governantes que buscavam novas formas de organizar o trabalho a fim de

minimizar os efeitos negativos a saúde e o bem estar do trabalhador

(MORETTI, 2005).

O termo Qualidade de Vida no Trabalho foi apresentado por Louis Davis

(UCLA, Los Angeles) na década de 1970 quando realizava um estudo sobre

desenvolvimento de cargos. Seu conceito a respeito da QVT refere-se à

preocupação com o bem estar e a saúde dos colaboradores no desempenho

de suas funções (CHIAVENATO, 2008). Rodrigues (1994) afirma que:

“a qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o inicio de sua existência. Com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem estar ao trabalhador na execução de sua tarefa”.

(RODRIGUES, 1994, p.76).

Nadler e Lawler (1983, apud Limongi-França; Arellano, 2002) apontam a

QVT dividida em duas fases distintas. A primeira está concebida no período

compreendido entre 1969 até 1974 quando houve o interesse de diversos

pesquisadores por entender as relações entre o trabalho, saúde e bem-estar

dos trabalhadores bem como sua satisfação com este meio, além da forma de

influenciar a qualidade das experiências vividas no ambiente de trabalho.

Entretanto, em função de problemas como a inflação e os custos de energia

nos EUA, o foco das atenções se desviam e a QVT perde espaço.

Contudo já na segunda fase, em meados de 1979, surge novo interesse

devido ao acirramento da competição internacional aliado a crescente

preocupação com a produtividade e a responsabilidade social das empresas.

Isto conduziu as organizações a mudarem sua postura em relação ao

trabalhador e à qualidade de vida no trabalho, passando a entendê-los como

fatores tão importantes quanto às inovações tecnológicas (LIMONGI-FRANÇA;

ARELLANO, 2002).

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Autores como Richard WALTON (1973), William WESTLEY (1979), K

DAVIS & W. WERTHER (1983), D. NADLER & E. LAWLER (1983) e E. HUSE

& T. CUMMINGS (1985) trouxeram importantes contribuições para a literatura

sobre a qualidade de vida no trabalho (RODRIGUES, 1994) e apresentam

abordagens que serão explanadas mais adiante.

WESTLEY (1979, apud RODRIGUES, 1994) expõe as origens da

qualidade de vida no trabalho tomando como base problemas oriundos de

quatro fatores principais: o econômico, o político, o psicológico e o sociológico.

No Quadro 3 a seguir, apresenta-se a evolução da QVT na visão do autor.

NATUREZA DO

PROBLEMA

SINTOMA DO

PROBLEMA

AÇÃO PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA

INDICADORES PROPOSTAS

Econômico (1850)

Injustiça União dos trabalhadores

Insatisfação Greves

Cooperação; Divisão dos lucros; Participação nas decisões.

Político (1850-1950)

Insegurança Posições políticas

Insatisfação Greves

Trabalho auto supervisionado; Conselho de trabalhadores; Participação nas decisões.

Psicológico (1950)

Alienação Agentes de mudança

Desinteresse Absenteísmo e "Turnover"

Enriquecimentos das tarefas.

Sociológico Anomia Autodesenvolvimento

Ausência de significação do trabalho Absenteísmo e "Turnover"

Métodos sócio-técnicos aplicados aos grupos

Quadro 4 - Origens da Qualidade de Vida no Trabalho. Fonte: Westley, 1979, p.122 apud RODRIGUES, 1994, p. 88.

De acordo com o Quadro 3 pode-se observar que o problema econômico

traz a injustiça em função da concentração de lucros e exploração do

trabalhador causando insatisfação e greves, entretanto, como solução propõe-

se a divisão de lucros e maior participação nas decisões. O problema político

traz como consequência a insegurança em função da concentração de poder,

ocasionando, também, insatisfação e greves, toda via, sugere maior

envolvimento dos trabalhadores e novas posições políticas.

Já o fator psicológico origina a alienação, que causa desinteresse, faltas

e rotatividade, é sugerido o enriquecimento das tarefas como solução proposta.

Por ultimo e não menos importante, o fator sociológico que a traz a anomia

como uma falta de envolvimento moral e perda do significado do trabalho, no

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49

entanto, como proposta apresenta a aplicação de métodos sócio-técnicos para

o grupo.

Já os autores Nadler e Lawler (1983) desenvolveram uma visão com as

definições das fases evolutivas da QVT, conforme Quadro 4 a seguir.

PERÍODO FOCO PRINCIPAL DEFINIÇÃO

1959/1972 Variável A QVT foi tratada como reação individual ao trabalho ou às consequências pessoais de experiência do trabalho.

1969/1975 Abordagem

A QVT dava ênfase ao individuo antes de dar ênfase aos resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo era vista como um elo dos projetos cooperativos do trabalho gerencial.

1972/1975 Método A QVT foi o meio para o engrandecimento do ambiente de trabalho e a execução de maior produtividade e satisfação.

1975/1980 Movimento

A QVT, como movimento, visa à utilização dos termos "gerenciamento participativo" e "democracia industrial" com bastante frequência, invocador como ideais do movimento.

1979/1983 Tudo A QVT é vista como um conceito global e como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade.

Previsão Futura Nada

A globalização da definição trará como consequência inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes QVT nada representará.

Quadro 5 - Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler Fonte: Nadler & Lawler, 1983, p.22-24, apud RODRIGUES, 1994, p.81.

Ao observar o Quadro 4 em consonância com estudos publicados

recentemente, pode-se afirmar que a QVT ainda é vista como um método que

pode proporcionar engrandecimento da produtividade, da qualidade e da

satisfação dos envolvidos. Entendida como um conceito global deve abranger a

organização como um todo, partindo da alta administração da empresa para os

níveis mais baixos. Apesar de passados mais de 30 anos, hoje se vê cada vez

mais interesse por parte das organizações que buscam solidez.

Vê-se a preocupação em desenvolver ações que proporcionem a

qualidade de vida no trabalho para o capital intelectual em vista de um melhor

aproveitamento de suas competências e resultados, a preocupação dos

pesquisadores em continuar a estudar e entender a QVT e dar maior

sustentação às suas teorias, dos sindicalistas na luta pela defesa dos

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trabalhadores, da sociedade por um mundo mais justo e humano e do próprio

trabalhador em vista de seus interesses pessoais.

Para desenvolver ações que proporcionem a QVT é necessário

primeiramente que se entendam seus conceitos e princípios, nesse intuito, no

próximo item apresentam-se os principais conceitos encontrados na literatura

pesquisada.

2.4.1.2. Conceitos

O fenômeno da Qualidade de Vida no Trabalho apresenta certa

dificuldade para definição de um conceito especifico e para contextualiza-lo,

contudo alguns autores apresentam suas contribuições a fim de elucidar os

aspectos que circundam o tema.

Como já foi citado, Louis Davis (1970), precursor da temática qualidade

de vida no trabalho, entende-a como a preocupação com o bem estar geral e a

saúde dos trabalhadores no desempenho das suas tarefas (TIMENI, 2012).

Para auxiliar no entendimento dos conceitos e aspectos, em um estudo

com o objetivo de medir a satisfação na Qualidade de vida no trabalho (QVT)

dos voluntários em programas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE),

os autores Rodrigo Ribeiro de OLIVEIRA, Ana Cristina Limongi-FRANÇA,

Dagmar Silva Pinto de CASTRO e Jairo PEREIRA construíram um quadro

analítico dos conceitos que a literatura traz, no qual se apresenta no Quadro 5

a seguir:

ANO/AUTOR

DEFINIÇÃO ÊNFASE

1973 Walton

Atendimento de necessidades e aspirações humanas, calcado na ideia de humanização e responsabilidade social da empresa.

Humanização e responsabilidade social com foco no poder da empresa.

1981 Druker

Avaliação qualitativa da qualidade relativa das condições de vida, incluindo-se atenção aos agentes poluidores, barulho, estética, complexidade, etc.

Responsabilidade social da empresa nos movimentos sociais, culturais e políticos.

1983 Werther & Davis

Esforços para melhorar a qualidade de vida, procurando tomar cargos mais produtivos e satisfatórios.

Valorização de cargos, mediante análise de elementos organizacionais, ambientais e comportamentais.

1983 Nadler & Lawler

Maneira de pensar a respeito das pessoas, participação na resolução de problemas, enriquecimento do trabalho, melhoria no ambiente de trabalho.

Visão humanista no ambiente de trabalho.

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ANO/AUTOR

DEFINIÇÃO ÊNFASE

1992 Fernandes

Conjunto de fatores que, quando presentes numa situação de trabalho, tornam os cargos mais satisfatórios e produtivos, incluindo atendimento de necessidades e aspirações humanas.

Humanização no cargo.

1995 Camacho

Classificação de programas: orientação familiar, saúde, ambiente, contato e convívio, evolução/desenvolvimento, cultura e desligamento.

Foco motivacional: sobrevivência com dignidade, segurança, participação, autorrealização e perspectiva de futuro.

1996 França

QVT é o conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção de QVT ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial.

Preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na empresa.

1997 Silva & Demachi

Conscientizar os indivíduos por meio de processos da necessidade de serem capazes de gerenciar seu estilo de vida, tornando-o mais saudável, feliz e produtivo.

Programas de Qualidade de Vida e Promoção da Saúde.

1998 Rodrigues

QVT como tentativa de aumentar a participação do empregado na administração da organização.

Papéis e conflitos do novo Gerente, com seus respectivos efeitos colaterais.

1999 Dejours

Importância do reconhecimento no trabalho. Propõe que simplifiquem-se as coisas, mas que as encarem em toda a sua complexidade.

Identidade, reconhecimento e transgressão no trabalho.

2001 Vasconcelos

Necessidade de viver bem na empresa, pois é nela que as pessoas passam a maior parte de suas vidas.

Melhor valorização do homem na empresa.

2002 Martins

Ações humanitárias serão vistas como fonte de diferenciação em um ambiente de negócios, o qual não dá nenhuma indicação de que deixará de ser competitivo.

Humanização na gestão como diferencial competitivo.

2003 Chiavenato

QVT envolve tanto os aspectos físicos e ambientais como os aspectos psicológicos do local de trabalho. A QVT assimila duas posições antagônicas: de um lado, a reinvidicação dos empregados quanto ao bem-estar e à satisfação no trabalho e, de outro, o interesse das organizações quanto aos seus efeitos potenciais sobre a produtividade e a qualidade.

QVT uma questão de sobrevivência organizacional.

2004 Arellano

QVT tem como objetivo principal a busca do equilíbrio psíquico, físico e social dos empregados, dentro do contexto organizacional, considerando as pessoas como seres integrados nessas três dimensões, através de ações que refletem em aumento na produtividade e na melhoria da imagem da empresa tanto no contexto interno, como externamente, levando ao crescimento pessoal e organizacional.

QVT como diferencial competitivo das empresas. Valorizando o equilíbrio do homem organizacional.

Qualidade de Vida no Trabalho corresponde à condição experienciada pelo individuo na busca das suas metas organizacionais

QVT é um constructo subjetivo; os aspectos organizacional, humano e social interagem

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ANO/AUTOR

DEFINIÇÃO ÊNFASE

2006 Martele Dupois

hierarquicamente, dentro dos domínios do trabalho onde a redução da distancia que separa o individuo dessas metas é refletida por um impacto positivo na qualidade de vida geral do individuo, desempenho organizacional e, consequentemente, no funcionamento global da sociedade.

entre si e devem ser integrados na definição de QVT; Há uma relação indissociável entre QV e QVT.

2007 Royuel et al.

QVT como sendo melhores empregos, focando tanto para remuneração, como para as características do trabalho. Trata-se de um conceito relativo e multidimensional e que deve considerar: características que o emprego traz ao trabalho; equilíbrio entre as características do empregado e as requisições do cargo; avaliação subjetiva do empregado (satisfação com o trabalho) relativa a estas características.

Definição baseada na agenda de Política social da Comissão Europeia.

Quadro 6 - Conceitos de Qualidade de Vida. Fonte: Adaptado pelos autores a partir de Arellano (2008 p. 11-14); Martins (2002 p.8);

Limongi-França (1996 p.144, 145); França Jr. (2004 p.2); Marras (2005 p.179) apud OLIVEIRA; et.al., 2008, p.4-6.

Conforme o Quadro 5 observa-se a qualidade de vida no trabalho como

um fenômeno multidimensional capaz de proporcionar equilíbrio entre as

características do individuo e seus os objetivos, as metas da organização e ao

funcionamento da sociedade como um todo.

Mediante a relevância do assunto e os constantes estudos a respeito,

outros conceitos puderam ser observados, conforme ilustra o Quadro 6 a

seguir:

ANO/AUTOR DEFINIÇÃO ÊNFASE

Ribeiro e Campos 2009

QVT como um programa de reformulações em nível do trabalho visando eficácia e produtividade organizacional e atendimento das necessidades básicas do trabalhador.

Eficácia e produtividade organizacional bem como satisfação das necessidades dos colaboradores

Sampaio 2012

A QVT como um “guarda-chuva teórico” com consequências práticas, associados a outros fenômenos organizacionais e relacionados à saúde mental do colaborador.

Baseia-se em conceitos claramente estabelecidos e modelos teóricos ora convergentes, ora concorrentes.

Quadro 7 – Conceitos de QVT Fonte: Adaptado pela autora a partir de Ribeiro e Campos (2009, p.32); Sampaio (2012, p.122).

Ao analisar os Quadros conceituais pode-se dizer que não existe uma

definição exata do conceito de QVT, entretanto, ela é composta pelos conceitos

das diversas áreas que contribuem para os estudos a respeito de seus

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53

interesses. As perspectivas deste fenômeno em ascensão seguem no próximo

item.

2.4.1.3. Perceptivas

Em um ambiente de rápidas mudanças devido à globalização da

economia e novos paradigmas da gestão organizacional, o termo qualidade de

vida no trabalho ganhou destaque, sendo objeto de estudos e pesquisas de

interesse crescente dos acadêmicos, das organizações e dos precursores do

tema no terceiro milênio. Segundo Limongi-França (2004).

“na ultima década, a qualidade de vida no trabalho das empresas, ascendeu, de forma gradativa e sistêmica, de características essencialmente operacionais e legisladas para ações corporativas estratégicas.” (LIMONGI-FRANÇA, 2004, p.32)

Assim, o ambiente e as condições de trabalho, o relacionamento

interpessoal, as qualificações profissionais, as lideranças e a qualidade de vida

passaram a ser elementos que potencializam para os resultados e o

desempenho da organização, do grupo e dos indivíduos (LEHDERMANN,

et.al., 2009).

A QVT deixou de ter uma abordagem exclusivamente voltada para a

saúde e segurança do trabalhador no ambiente de trabalho e passou a receber

o status de estratégia empresarial, no qual envolve a cultura organizacional, a

cidadania, o voluntariado, a responsabilidade social, entre outros, possuindo

como dimensões básicas os aspectos socioeconômicos, organizacionais e das

condições humanas no trabalho (LIMONGI-FRANÇA 2004).

Segundo a autora, outro aspecto que ganhou grande relevância é o novo

papel dos gestores dentro das organizações, sendo necessárias mudanças no

intuito de estabelecer novas competências gerenciais calcadas em

características que envolvem conhecimentos, técnicas, habilidades e atitudes

direcionadas para integração comunitária, organizacional e do individuo com o

trabalho, pois nesta visão é o gestor que propulsiona os valores da QVT dentro

das organizações.

Assim, o que se vê é uma contínua preocupação em estabelecer

parâmetros que possam interligar entre si a motivação e a satisfação dos

colaboradores com o trabalho, a concretização dos objetivos organizacionais

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54

com qualidade e excelência e a construção de uma sociedade mais justa

através em ações que permitam alcançar esses ideais. Para isto são

necessários modelos que permitam transformar as teorias em aplicações

práticas e neste sentido, seguem no próximo capitulo alguns modelos já

desenvolvidos.

2.5 Modelos de QVT

Para possibilitar o alcance de resultados satisfatórios em qualidade de

vida no trabalho é preciso estabelecer métodos e indicadores capazes de

avaliar e revelar a situação em que a empresa se encontra a fim de

proporcionar mais objetividade e clareza na definição das ações, para tanto, é

de fundamental importância mensurar a percepção dos trabalhadores em

relação à QVT.

Neste sentido, alguns autores criaram modelos que visam avaliar e

medir os aspectos que envolvem o indivíduo, a organização e o meio em que

vivem de forma sistêmica.

Chiavenato (2004) considera os modelos desenvolvidos por Nadler e

Lawler, Hackman e Oldhan e Walton como sendo os de maior relevância,

entretanto, outros modelos também são apresentados.

Na visão de Nadler e Lawler (1983) a QVT está fundamenta em quatro

aspectos principais:

a) A participação dos funcionários nas decisões;

b) A reestruturação do trabalho por meio do enriquecimento das

tarefas e dos grupos de trabalhos;

c) A inovação no sistema de recompensas a fim de influenciar o

clima organizacional;

d) A melhoria do ambiente de trabalho.

Desta forma, na medida em que forem incorporadas ações direcionadas

para estes aspectos, como consequência deverá haver uma melhora na QVT

(CHIAVENATO, 2004). Para que os projetos em QVT tenham sucesso, os

autores expõem alguns pontos que devem ser considerados, são eles:

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55

Percepção da necessidade;

O foco do problema que é destacado na organização;

Estrutura para identificação e solução do problema,

teoria/modelo de projeto de treinamento e participantes;

Compensações projetadas tanto para os processos quanto

para os resultados;

Sistemas múltiplos afetados e;

Envolvimento amplo da organização. (NADLER e LAWLER

1983, p.27-28 apud RODRIGUES, 1994, p.92).

Na visão dos autores, é preciso perceber a real necessidade e dar foco

ao problema identificado traçando um plano de ação que permita capacitação

das pessoas e mensuração dos resultados, abrangendo a todos, pois não

basta apenas se desenvolverem práticas de QVT, é preciso que a alta gerência

esteja engajada e participando ativamente do processo para que ele possa

atingir a organização como um todo.

Já na concepção de Hackman e Oldhan (1975) o modelo de QVT está

pautado na mensuração do nível motivacional gerado pelo trabalho e nas

características deste, podendo ser avaliado através do indicador denominado

“Potencial Motivador do trabalho”.

As características das tarefas (cargos) são capazes de conduzir a

estados psicológicos que influenciam diretamente nos resultados pessoais e do

trabalho. Os aspectos que se referem aos estados psicológicos críticos

envolvem a percepção do significado do trabalho, das responsabilidades pelos

resultados e conhecimento dos resultados reais gerados. Os aspectos que

abordam os resultados pessoais e do trabalho estão ligados diretamente à

satisfação geral e a motivação para o trabalho de alta qualidade, absenteísmo

e baixa rotatividade (FERNANDES, 1996).

A seguir no Quadro 7, apresentam-se as dimensões que influenciam a

motivação no ambiente laboral, estão interligadas entre si e são estruturadas

da seguinte forma:

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DIMENSÕES DA TAREFA

ESTADOS PSICOLOGICOS CRÍTICOS

RESULTADOS PESSOAIS E DE TRABALHO

Variedade de Habilidades

Percepção da significância do Trabalho.

Satisfação geral com o trabalho. Identidade da Tarefa

Significado da Tarefa

Inter-relacionamento Percepção da responsabilidade pelos resultados.

Motivação interna para o trabalho. Autonomia

Feedback do próprio trabalho Conhecimento dos reais

resultados do trabalho

Produção de trabalho de alta qualidade / Absenteísmo e rotatividade baixas. Feedback extrínseco

Quadro 8- Modelo das dimensões básicas da tarefa Hackman & Olhham (1975). Fonte: Hackman & Olhham (1975) apud FERNANDES (1996, p. 56).

Assim no Quadro 7 é possível perceber que as dimensões do cargo são

responsáveis pelos reflexos psicológicos causados nos trabalhadores bem

como nos resultados pessoais e do trabalho obtidos. As três primeiras

dimensões, que são a variedade de habilidades, identidade e significado da

tarefa, permitem ao individuo ter a percepção do significado do seu trabalho e

obter satisfação em relação a ele. As duas dimensões seguintes, inter-

relacionamento e autonomia, permitem a percepção de responsabilidade pelos

resultados gerando motivação para o trabalho. Nas ultimas duas dimensões

observa-se o retorno obtido em relação aos resultados do trabalho

possibilitando maior qualidade e menores índices de faltas e rotatividade.

Os aspectos da dimensão dos cargos são identificados pelos autores

conforme apresenta o Quadro 8 a seguir:

DIMENSÕES DO CARGO DESCRIÇÃO

Variedade de Habilidades O cargo deve requerer diversas habilidades, conhecimentos e competências.

Identidade da Tarefa Execução do trabalho do inicio ao fim para que o individuo perceba que produz um resultado palpável.

Significado da Tarefa A pessoa deve ter clareza na percepção de como o seu trabalho influi sobre o trabalho dos outros.

Autonomia Responsabilidade pessoal para planejar e executar as tarefas

Retroação do Próprio Trabalho A tarefa deve proporcionar retorno para que a própria pessoa possa avaliar seu desempenho.

Retroação Extrínseca Retorno dos superiores hierárquicos ou clientes referentes ao desempenho da tarefa.

Inter-relacionamento A tarefa deve possibilitar contato interpessoal com colegas ou cliente internos e externos.

Quadro 9 - Dimensões do cargo (HACKMAN E OLDHAN, 1975). Fonte: Adaptado de CHIAVENATO, 2004, p. 450.

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57

De acordo com o Quadro 8 os aspectos do cargo devem envolver o

individuo e a organização como um todo, possibilitando a aplicação das

habilidades, conhecimentos e competências às tarefas, execução e

mensuração do trabalho em todos os seus processos, significado da

importância nos resultado, responsabilidade e feedback dos envolvidos

(superiores, clientes e colegas).

Desta forma, na visão de Hackman e Oldhan, pode-se observar que as

dimensões do cargo bem como os reflexos psicológicos acarretados pelo

desenvolvimento das tarefas e resultados obtidos estão interligados e

proporcionam motivação para o trabalho.

Richard Walton (1973) é considerado até hoje como um dos

colaboradores mais importantes da literatura, em seu trabalho construiu um

modelo de análise sobre qualidade de vida no trabalho que possibilita subsidiar

pesquisas quantitativas e qualitativas ao englobar fatores dimensionais ligados

aos mais diversos aspectos da vida do trabalhador. Sua analise está pautada

em oito categorias conceituais que serão explanadas mais adiante em capitulo

dedicado especialmente ao seu trabalho.

Além dos modelos apresentados por Chiavenato (2004) alguns autores

fazem referência a outros que também são considerados de importância para

os estudos relacionados à QVT, pois são complementares entre si.

Fernandes (1996) traz o modelo proposto do Westley (1979) onde é

possível verificar que sua avaliação a respeito da QVT enfatiza uma

abordagem sociotécnica e está pautada em quatro indicadores fundamentais,

que são: o econômico, o político, o psicológico e o sociológico, conforme

mostra o Quadro 9, a seguir:

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Econômico Político Psicológico Sociológico

Equidade Salarial Segurança Emprego Realização Potencial Participação nas

decisões

Remuneração Adequada

Atuação Sindical Nível de Desafio Autonomia

Benefícios Retroinformação Desenvolvimento

Pessoal Relacionamento

Interpessoal

Local de Trabalho Liberdade de

Expressão Criatividade

Grau de Responsabilidade

Carga Horária Valorização do Cargo Autoavaliação Valor Pessoal

Ambiente Externo Relacionamento com

a Chefia

Variedade e identificação com a

Tarefa

Quadro 10 - Indicadores de Qualidade de Vida no Trabalho. Fonte: Westley (1979) adaptado por Rushel (1993) apud FERNANDES, 1996, p.53.

A abordagem de Westley, apresentada no Quadro 9, permite possibilitar

o atingimento da satisfação tanto das necessidades pessoais do trabalhador

quanto da organização, em vista de promover ações direcionadas a todos os

aspectos situacionais que envolvem o trabalho.

Por ultimo, apresenta-se o modelo proposto por Werther & Davis (1983)

que segundo Silva (et.al., 2010) traz elementos organizacionais, ambientais e

comportamentais como fatores que influenciam diretamente o projeto de cargos

em relação à QVT. Os elementos organizacionais dizem respeito ao fluxo e às

práticas de trabalho buscando evitar uma abordagem mecanicista. Em

referencia aos elementos ambientais se destacam a significação nas condições

de trabalho que devem envolver as habilidades e disponibilidade do trabalhador

e as expectativas sociais. Já os elementos comportamentais abordam as

necessidades humanas e os comportamentos individuais no ambiente de

trabalho.

Os autores destacam a rotina no trabalho como um fator negativo às

partes envolvidas, pois grande parcela dos trabalhadores dizem ser necessário

ter um cargo interessante, desafiador e compensador para se ter uma boa vida

no trabalho, sendo fundamental que as exigências organizacionais, ambientais

e comportamentais sejam associadas a um projeto de cargos apropriado

(WERTHER & DAVIS apud SILVA, et. al., 2010).

Ao avaliar os modelos propostos é possível verificar que todos tem um

ponto em comum: a busca pela satisfação do colaborador em seu ambiente de

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trabalho em troca de qualidade e produtividade. Estes modelos são pautados

nos diversos fatores que circundam o tema e são estruturados em propostas

que visam à sistematização desses fatores para que possam ser mensurados e

aplicados a realidade de cada situação organizacional.

O modelo proposto por Walton (1973) é considerado um clássico na

temática da QVT e possui uma extensa abrangência dos aspectos envolvidos.

Desta forma, no próximo item abordar-se-á a teoria sugerida com maiores

detalhes.

2.5.1 Modelo de Walton

Richard Walton (1973) é considerado um dos autores pioneiros sobre o

tema qualidade de vida no trabalho em função de suas contribuições

largamente utilizadas até hoje. Para ele

“expressão qualidade de vida tem sido usada com crescente frequência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades indústrias em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico” (WALTON, 1973 p. 11 apud RODRIGUES, 1994, p.81).

O autor afirma que a QVT deve objetivar a construção de uma

organização mais humanizada, em que o cargo permita certo nível de

responsabilidade e autonomia, em que haja feedback sobre o desempenho de

tarefas, enriquecimento do trabalho bem como ênfase no desenvolvimento do

individuo (LEHDERMANN, et.al., 2009). Assim os estudos de Walton permitem

afirmar que:

“A ideia de QVT é calcada em humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o entendimento de necessidades e aspirações do individuo, através da reestruturação do desenho de cargos e novas formas de organizar o trabalho, aliado a uma formação de equipes de trabalho com maior poder de autonomia e uma melhoria do meio organizacional” (WALTON, 1973 apud LEHDERMANN, et. al., 2009, p.124).

Seus trabalhos de pesquisas lhe permitiram construir um modelo que

pudesse responder os questionamentos a respeito da QVT e mensurar de

forma objetiva os critérios envolvidos. Walton buscava respostas para

perguntas tais

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60

“Como deveria a Qualidade de Vida no trabalho ser conceituada e como ela pode ser medida?; Quais são os critérios apropriados e como eles são inter-relacionados?; Como cada um é relacionado à produtividade?; São estes critérios uniformemente destacados em todos os grupos de trabalho?” (WALTON, 1973 p.11 apud RODRIGUES, 1994, p.82).

Por meio destes questionamentos Walton (1973) definiu em seu modelo

oito categorias centrais inter-relacionadas com o intuito de avaliar a QVT nas

organizações e medir os resultados obtidos. As oito categorias são ilustradas

no Quadro 10 que segue abaixo:

CRITÉRIOS INDICADORES DE QVT

COMPENSAÇÃO JUSTA E ADEQUADA

Equidade interna e externa

Justiça na compensação

Partilha dos ganhos de produtividade

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Jornada de trabalho razoável

Ambiente físico seguro e saudável

Ausência de insalubridade

USO E DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES

Autonomia

Autocontrole relativo

Qualidades múltiplas

Retroinformação sobre o trabalho desempenhado

OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E SEGURANÇA

Possibilidade de Carreira

Crescimento pessoal

Segurança de emprego

INTEGRAÇÃO SOCIAL NA ORGANIZAÇÃO

Ausência de preconceitos

Igualdade

Relacionamento

Senso comunitário

CONSTITUCIONALISMO

Privacidade pessoal

Liberdade de expressão

Direitos trabalhistas

O TRABALHO E O ESPAÇO TOTAL DE VIDA

Papel balanceado no trabalho

Estabilidade de horários

Tempo para lazer da família

RELEVÂNCIA SOCIAL DO TRABALHO NA VIDA

Imagem da empresa

Responsabilidade social da empresa

Responsabilidade pelos produtos e serviços

Práticas de emprego

Quadro 11 - Categorias conceituais de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) Fonte: Adaptado de FERNANDES (1996, p. 48).

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61

Rodrigues (1994) e Fernandes (1996) elucidam os conceitos das

categorias apresentadas no Quadro 10, trazendo esclarecimentos a respeito de

cada termo, baseados no conhecimento fornecido por Walton (1973), conforme

segue.

A compensação justa e adequada trata-se principalmente da

remuneração recebida em troca do trabalho realizado, pois este é o principal

meio pelo qual o individuo ganha a vida. A compensação pode ser definida de

acordo com diversos fatores, tais como as relações entre salário e experiência,

responsabilidade, talento, habilidade e demanda de mão de obra, sendo

necessário levar em consideração as necessidades pessoais, os padrões

culturais, sociais e econômicos bem como a equidade de remuneração entre

membros de uma mesma organização e em relação aos profissionais do

mercado de trabalho.

Condições de trabalho é a categoria que visa o ambiente organizacional

e as condições que este oferece. Adota como critérios a avaliação do numero

de horas trabalhados na jornada de trabalho e sua relação com as tarefas

desempenhadas, a carga de trabalho que expressa a quantidade de trabalho

executada em determinada jornada, o ambiente físico e suas condições de

bem estar e organização para o desempenho da tarefa, material e

equipamentos de qualidade e em quantidades necessárias a execução do

trabalho, o ambiente saudável e suas condições de segurança e saúde em

relação aos riscos expostos, além da quantidade de estresse que o profissional

é submetido na sua jornada de trabalho. De forma geral Walton diz que para

melhorar esta categoria são necessários:

“horários razoáveis reforçados por um período normal de trabalho padronizado; condições físicas de trabalho que reduzam ao mínimo o risco de doenças e danos; limite de idade imposto quando o trabalho é potencialmente destrutivo para o bem-estar das pessoas abaixo ou acima de uma certa idade” (WALTON, 1973, p.13 apud RODRIGUES, 1994, p. 83).

O uso e desenvolvimento de capacidades visam às oportunidades que o

trabalhador tem de aplicar em seu dia-a-dia seu saber e aptidões profissionais,

utilizando como critérios: a autonomia permitida ao individuo para programação

e execução do seu trabalho; o significado da tarefa desempenhada na sua vida

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e de outras pessoas dentro e fora da organização; a identidade da tarefa

medida na sua integridade e avaliação dos resultados; a variedade de

habilidade que possibilita a utilização das capacidades do profissional; e a

retroinformação que permite uma avaliação do seu trabalho e suas ações.

A categoria que envolve a oportunidade de crescimento e segurança tem

por finalidade medir as oportunidades de desenvolvimento e crescimento

pessoal de seus empregados e a segurança no emprego. Está baseada nos

critérios de possibilidade de carreira, que visa permitir avanços na instituição e

na carreira reconhecidos por colegas, família e comunidade; de crescimento

pessoal voltado para educação continuada a fim de desenvolver e aplicar as

potencialidades que o colaborador possui; e a segurança no emprego que

estabelece certo grau de segurança à manutenção dos seus empregos.

Entretanto é na oportunidade de carreira que muitas vezes surge a barreira da

falta de educação formal, necessária para ocupação de cargos mais elevados.

Para esta categoria Walton sugere:

“Aplicação respectiva: a expectativa de usar o conhecimento e as habilidades expandidas e recém-adquiridas em atribuições de trabalho futuro; Desenvolvimento: a extensão em que as atividades atuais de alguém contribuam para manter e expandir sua capacidade antes de leva-lo à obsolescência; Oportunidades de progresso: a avaliação das oportunidades de progredir em termos organizacionais ou de carreiras reconhecidas pelos semelhantes membros da família ou associados; Segurança: a segurança de emprego ou de renda associada ao trabalho do trabalhador.” (WALTON, 1973 p.14 apud RODRIGUES, 1994, p. 84).

A Integração social na organização é a categoria do modelo de Walton

que mede o grau de integração social existente no trabalho. Para que seja

possível essa integração alguns fatores como a ausência de preconceitos de

cor, raça, sexo, religião, nacionalidade, estilo de vida, aparência física,

ausência de estratificação e mobilidade social, o relacionamento baseado em

auxilio recíproco, apoio sócio-emocional, abertura interpessoal e respeito às

individualidades são necessários no intuito de induzir a um bom nível no senso

de comunidade.

O constitucionalismo mede o grau em que os direitos do trabalhador são

cumpridos na organização. Como critérios de avaliação têm-se os direitos

trabalhistas em cumprimento à legislação, a privacidade pessoal, a liberdade

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de expressão ao expor seus pontos de vistas sem medos de represálias e as

normas e rotinas que influenciam o trabalho.

O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional do trabalhador é medido

através da categoria trabalho e espaço total de vida, pois Walton afirma que a

“experiência de trabalho de um indivíduo pode ter efeito negativo ou positivo

sobre outras esferas de sua vida, tais como suas relações com sua família”

(Walton, 1973, p.16 apud Rodrigues, 1994, p.84), assim é necessário que haja

equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, com estabilidade de horários,

espaço de lazer bem como convívio familiar.

Por fim, está a categoria de relevância social da vida no trabalho que

visa mensurar a percepção do empregado em relação à responsabilidade

social da empresa na comunidade, à qualidade de prestação dos serviços e ao

atendimento prestado aos seus colaboradores e para isso alguns critérios são

necessários. Destaca-se a imagem da instituição perante o empregado e a

comunidade e o orgulho e satisfação em fazer parte desta; a responsabilidade

social da instituição para com a comunidade a fim de resolver problemas e não

lhe causar danos; a responsabilidade social pela qualidade dos produtos e

serviços prestados à comunidade; e a responsabilidade social pelos

empregados que é percebida pela valorização e participação na instituição

através de políticas de recursos humanos.

Desta forma é possível perceber que todos estes aspectos atingem

diretamente a qualidade de vida no trabalho e quando não são bem aplicados e

gerenciados refletem nos níveis de motivação e satisfação dos empregados, e

em consequência refletem também nos níveis de desempenho e produtividade.

Assim se percebe que existe uma relação intima entre a QVT e a

produtividade, abordagem esta que será tratada a seguir.

2.6 Produtividade X Qualidade de Vida no Trabalho

A produtividade é há muito tempo um dos principais fatores de

contribuição para o crescimento das organizações. Comumente ela tem sido

definida como o nível de aproveitamento dos recursos utilizados na produção

de bens e serviços na perspectiva de otimizar ao máximo os meios utilizados a

fim de ganhar mais competitividade.

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Ao analisar a questão da produtividade pode-se observar que ela é vista

de diversas perspectivas, dependendo da área em que ela é abordada. Por

exemplo, na administração a produtividade trata dos controles de processos,

interações entre pessoas e trabalho e a sobrevivência da empresa, já sob a

óptica da engenharia de produção visa na analise dos processos de inovação

tecnológica e seu impacto na produtividade (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Limongi-França (2004) expõe que para Adam Smith (1972) precursor da

ciência econômica, o aprimoramento das forças de trabalho está intimamente

ligado ao crescimento de mercados e por consequência ao aumento das

riquezas geradas. Afirma ainda que a divisão do trabalho e as especializações

seriam uma forma de minimizar os custos e aumentar a produtividade bem

como o poder de compra do consumidor, nesse sentido, esta lógica talvez

possa ter sido a precursora do taylorismo, que defendia a produção em larga

escala. A preocupação com a produção e acumulo de riquezas era tamanha

que o trabalhador era visto apenas como mais uma “peça” da engrenagem

produtiva.

Entretanto com o passar dos anos diversos fatores, entre eles o

despertar para a importância do capital humano e intelectual da empresa,

fizeram os conceitos a respeito das pessoas mudarem gradativamente ao

serem incorporadas às organizações como fonte de diferencial competitivo.

Bennet (1983 apud Limongi-França, 2004) afirma que a produtividade vai alem

de uma boa produção ou ser eficiente, pois esta diretamente relacionada com o

dinamismo humano e neste sentido é preciso haver uma melhoria na qualidade

de vida de cada individuo através da motivação com o trabalho, dignidade e

participação ativa nos processos para que se tenha melhora na produtividade.

Ao perceber que o individuo que esteja saudável, motivado e satisfeito

com seu ambiente e condições de trabalho apresenta uma melhora significativa

no seu desempenho organizacional é impossível não relacionar o nível de

qualidade de vida no trabalho com o índice de produtividade.

Ao que se vê ambos estão intimamente ligados, pois:

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“Um dos fatores mais essenciais para assegurar a produtividade dos Recursos Humanos, sem dúvida alguma, é a garantia da plena saúde e vitalidade. Os programas de qualidade de vida mudam o comportamento, atuam preventivamente, reduzem custos e contribuem para atrair ou reter colaboradores. Ao elegermos SAÚDE E VITALIDADE como fatores essenciais para a produtividade, tínhamos em mente que a chave do desenvolvimento e crescimento das organizações, e indiretamente da produtividade, está na capacidade cerebral dos Recursos Humanos. Em outras palavras, a capacidade de iniciativa, a competência profissional, a inventividade, a autodisciplina e o pensamento estratégico – o habito de agir no presente, tendo em vista o futuro – estão diretamente ligados às condições de saúde e educação de cada um” (Marques, 1996, p. 197 apud LIMONGI-FRANÇA, 2004, p. 47).

Além destes, são diversos os fatores que influenciam a QVT no sentido

de gerar maior produtividade. Levering (1995, p.18 apud MOURA, 2011, p.25)

destaca: A questão salarial; a liberdade de expressão; a confiança nos chefes;

a amizade com os colegas de trabalho; o trabalho em si; a responsabilidade

social da organização; a equidade salarial; a abertura a novas políticas; a

possibilidade de ascensão profissional e pessoal; as condições físicas do

ambiente de trabalho; o respeito; a auto realização; o status; a segurança; o

uso de várias habilidades; o feedback; o envolvimento com o trabalho; incentivo

ao aperfeiçoamento; a ética profissional; recompensas não financeiras; o bom

nível de comunicação; uma boa administração; o desafio em busca de novas

soluções; a criatividade, entre outros.

Assim, as diversas políticas de qualidade e excelência são adotadas

nas empresas visando não somente a produtividade, mais também, visando o

colaborador com intuito de despertar uma “maior disposição para o trabalho,

melhoria do clima interno, maior comprometimento, fidelidade à empresa e

atração pelos benefícios” (LIMONGI-FRANÇA, 2004, p.175) considerando

todas as esferas do ambiente organizacional e do meio em que estão inseridos.

Por ser um fenômeno em expansão e de crescente interesse, a QVT

vem ganhando espaço e foco de estudos. Apesar de ser um tema recente no

país, a seguir será apresentado um pouco da QVT no Brasil.

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2.7 Qualidade de Vida no Trabalho no Brasil

Os estudos a respeito da qualidade de vida no trabalho no Brasil são

recentes, surgidos nos anos 80 e impulsionados pela competitividade,

internacionalização das empresas, abertura dos mercados, bem como os

intensos avanços tecnológicos e a preocupação com o trabalhador.

Este cenário acarretou a necessidade de novas exigências nas relações

de trabalho, pois como consequência houve reflexos na vida dos trabalhadores,

que sofreram com pressões, aumento da responsabilidade, insegurança, fadiga

e estresse. Fatores estes que refletem negativamente na produtividade e

qualidade dos produtos e serviços (ROCHA, 2012).

Neste sentido, importantes pesquisadores brasileiros, tais como Ana

Cristina Limongi-França, Eda Conte Fernandes, Idalberto Chiavenato, Tânia

Casado, Marcos Vinicius Carvalho Rodrigues, entre outros, veem

desenvolvendo trabalhos que auxiliam nas práticas empresariais e

educacionais visando contribuir para a melhoria dos índices de qualidade de

vida no trabalho. Todavia, Sampaio (2012, p.135) afirma que “o maior desafio

para QVT é a produção de um conhecimento válido para as novas formas de

relações de trabalho e de organização de trabalho”.

Em paralelo aos estudos acadêmicos, pesquisas relacionadas ao tema

também são concretizadas, como exemplo, na pesquisa realizada pela Regus,

empresa global líder em fornecimento de soluções corporativas, em 2012. Nos

resultados foi possível identificar que apesar de a carga de trabalho dos

brasileiros ter aumentado, a maioria dos profissionais pesquisados informou ter

mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional se comparado a 2010.

Segundo a pesquisa, em 2010 o índice de qualidade de vida no trabalho era de

45 pontos no Brasil e em 2012 passou a ser de 151, um salto na frente de

países teoricamente mais desenvolvidos.

No quadro 11 a seguir, é ilustrado o ranking de qualidade de vida no

trabalho onde é possível observar que o país ocupa o segundo lugar, estando à

frente de países como EUA, Japão e Alemanha.

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Ranking de qualidade de vida Pontuação

1. México 153

2. Brasil 151

3.China 145

4. Índia 139

5. África do Sul 135

6. Austrália 129

7. Estados Unidos 123

8. Holanda 120

9. Canadá 113

10. França 109

11. Japão 105

12. Bélgica 104

13. Reino Unido 104

14 Alemanha 95

Quadro 12 - Ranking de Qualidade de Vida no Trabalho Fonte: Regus, 2012 apud ABRANTES, 2012.

Segundo Abrantes (2012), o que justifica essa melhora é o otimismo dos

trabalhadores que estão mais satisfeitos com as perspectivas de carreiras e

com as próprias companhias.

O olhar dos gestores para a importância das questões inerentes à QVT e

a implantação de ações que permitam conseguir uma melhora nos aspectos

gerais do trabalho atingem de forma direta o trabalhador, que reflete sua

satisfação e equilíbrio por meio do comprometimento, responsabilidade e

aumento da produtividade com qualidade. Reflete ainda nos resultados

organizacionais e na imagem da empresa perante a sociedade. Contudo, “no

Brasil, a participação do trabalhador avançou em alguns segmentos, mas

permanece tímida nas organizações burocratizadas, rotinizadas e

centralizadas, que ainda são numerosas”. (SAMPAIO, 2012, p.135)

Do contrário da afirmação feita por Nadler e Lawller, de que a QVT iria

se tornar “nada”, ela está ocupando cada vez mais espaço e se tornando peça

chave na administração estratégica das organizações, porem para que sua

continuidade seja garantida, Sampaio (2012, p.134) aponta que “as

perspectivas futuras do tema no Brasil dependem de uma maior articulação de

pesquisadores, consultores e profissionais de QVT nas organizações públicas

e privadas”.

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Pesquisas a respeito do tema se fazem necessárias e os estudos de

ordem científica devem seguir critérios e métodos a fim de obter validação e

aceitação. Neste sentido, o próximo item trata dos aspectos metodológicos

abordados nesta pesquisa.

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3 Aspectos Metodológicos

Neste capitulo serão abordados os aspectos metodológicos utilizados

nesta pesquisa, evidenciando a sua caracterização, seu contexto e

participantes, os procedimentos de coleta de dados bem como os instrumentos

utilizados. Apresenta-se ainda a forma de tratamento dos dados e de

mensuração dos resultados.

3.1 Delimitando o método

Para explicar a ciência é preciso a utilização de métodos que certifiquem

a veracidade dos fatos investigados. Para Lakatos e Marconi (2003)

“o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais, que com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.83).

Inclusa nas ciências sociais, mais precisamente na área da

Administração de Recursos Humanos, a presente pesquisa está baseada em

estudo de natureza descritiva aliada ao método de abordagem quantitativo,

assim, de acordo com Lakatos e Marconi (2003) não se concentra em explicar

os fatos, mas sim em descrevê-los através da análise de dados quantificados.

Richardson (2012) explica que o método quantitativo se caracteriza pela

quantificação tanto da coleta de informações quanto no tratamento dos dados

por ela obtidos. A quantificação dos dados pode ser realizada por meio de

técnicas estatísticas, como: percentual, média e desvio-padrão e, também,

coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros.

De acordo com Richardson “os estudos de natureza descritiva propõem-

se investigar o “que é”, ou seja, a descobrir as características de um fenômeno

como tal” (RICHARDSON, 2012, p.71), ligado a abordagem quantitativa busca

descobrir e classificar a relação entre as variáveis e também investigar a

relação de causalidade entre os fenômenos. Após definidas as características,

é preciso definir o publico alvo da pesquisa, abordado a seguir.

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3.2 População

A população (universo) de uma pesquisa é composta por todos os

integrantes de um determinado grupo de pessoas, contudo nem sempre é

possível alcançar o conjunto como um todo, então, uma parte desta população

é classificada como amostra (Lakatos e Marconi, 2003).

Para Richardson (2012, p.157) “[...] população pode ser o conjunto de

indivíduos que trabalham num mesmo lugar [...]” enquanto que,

“Cada unidade ou membro de uma população, ou universo, denomina-se elemento, e quando se toma certo numero de elementos para averiguar algo sobre a população a que pertencem, fala-se de amostra. Define-se amostra, portanto, como qualquer subconjunto do conjunto universal ou da população” (RICHARDSON, 2012, p.158).

Nesta pesquisa optou-se em utilizar o conjunto como um todo, no qual

abrange os colaboradores da área de Qualidade de Produto da empresa

Portobello S.A em sua totalidade. A população é composta por 58 (cinquenta e

oito) colaboradores divididos em dois setores: Assistência Técnica, com 13

(treze) pessoas e CQPA (Controle de Qualidade de Produto Acabado) que

conta com 45 (quarenta e cinco) pessoas. A coleta de dados foi realizada

conforme se explica adiante.

3.3 Coleta de Dados

Nesta fase da pesquisa foram iniciados os procedimentos para aplicação

do instrumento adotado, o questionário.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p.165) efetuar a coleta de

dados “exige do pesquisador paciência, perseverança e esforço pessoal, além

do cuidadoso registro dos dados e de um bom preparo anterior”.

A coleta de dados junto ao setor de Assistência Técnica foi realizada no

dia 19/09/2014 em uma única turma. Já para o CQPA, por se tratar de um setor

mais extenso, no qual os colaboradores estão alocados nas fábricas, as turmas

foram divididas.

Em concordância com o gerente da área, foi aproveitada a ocasião em

que os funcionários estavam reunidos para treinamento relacionado à

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segurança e após breve explicação do tema e dos objetivos da pesquisa, o

questionário foi aplicado. Os treinamentos ocorreram nos dias 22/09/14 e

23/09/14 em quatro turmas, conforme demonstra o Quadro 12, a seguir:

Data Horário Turno Nº de Colaboradores

22/09/2014 17h00 Revezamento 09

22/09/2014 23h00 III 11

23/09/2014 10h30 I 10

23/09/2014 17h00 II 11

Quadro 13 - Aplicação do Questionário aos colaboradores do CQPA. Fonte: Dados da Pesquisa (2014)

Apesar de atingir os colaboradores em grande número, haviam nestas

datas quatro funcionários ausentes, os quais não responderam o questionário.

O instrumento de coleta de dados escolhido é explicado no próximo item.

3.4 Instrumento de Coleta de Dados

O instrumento escolhido para coletar os dados desta pesquisa foi o

questionário, que em sua essência cumpre duas funções, a de descrever

características e de medir determinadas variáveis de um grupo social. Os

questionários podem ser classificados por duas situações: pelo tipo de

perguntas, que podem ser fechadas, abertas ou que combine ambos; e pelo

modo de aplicação, por meio de contato direto ou por correio (RICHADSON,

2012).

Nesta pesquisa utilizou-se um questionário de perguntas fechadas, que

segundo Richardson (2012, p. 191) “são aqueles instrumentos em que as

perguntas ou afirmações apresentam categorias ou alternativas de respostas

fixas e preestabelecidas”. Segundo este autor, tem-se como vantagem a

utilização deste tipo, a agilidade em concluir o preenchimento total, de não ser

tão cansativo ao respondente e a facilidade em codificar as respostas.

Entretanto, como desvantagem, aponta a limitação de respostas entre todas as

alternativas que seriam possíveis.

O método de aplicação escolhido foi o contato direto com os

entrevistados, pois assim houve a possibilidade de explicar e discutir os

objetivos da pesquisa bem como esclarecer duvidas e evitar que alguma

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pergunta ficasse em branco. O contato foi realizado de forma coletiva conforme

já mencionado.

O fenômeno abordado no questionário foi a Qualidade de Vida no

Trabalho segundo os preceitos de Richard Walton (1973), renomado

pesquisador, que propôs um modelo de analise baseado em oito categorias ou

dimensões conceituais, que buscam explicar de forma abrangente os critérios

que envolvem a QVT.

O questionário foi composto por dois blocos de perguntas. O bloco A,

que buscou identificar o perfil do colaborador através de dados de identificação

como gênero, idade, estado civil, grau de escolaridade, cargo, tempo de

empresa e renda familiar. E o bloco B, onde o objetivo era verificar o grau de

satisfação do entrevistado em relação a cada categoria e seus fatores.

A primeira categoria exposta foi a compensação justa e adequada, que

buscou verificar o quão satisfeito o funcionário está em relação à remuneração,

aos benefícios e a participação nos resultados obtidos. Os subitens desta

dimensão trataram de questões especificas que remetem ao salário em si, ao

salário se comparado ao do colega, ao salário comparando-o com o do

mercado de trabalho, aos benefícios extras (alimentação, transporte, saúde,

etc.) e a participação nos lucros e resultados da empresa. Na segunda

categoria trataram-se das condições de trabalho, que procurou verificar a

satisfação em relação às condições do ambiente, recursos e trabalho em si a

que o individuo é submetido. Nos subitens foram abordadas questões

relacionadas às jornadas de trabalho (quantidade de horas trabalhadas), a

carga de trabalho (quantidade de trabalho), tecnologia (equipamentos) utilizada

no cumprimento das tarefas, salubridade (ambiente e condições de trabalho),

equipamentos proteção individual e coletiva bem como o cansaço percebido

em função das atividades.

Na sequência foi abordada a categoria uso e desenvolvimento de

capacidades, que tem como objetivo medir o quão satisfeito o colaborador está

com a utilização dos seus conhecimentos e habilidades em seu dia-a-dia. Os

subitens foram compostos pelos critérios de autonomia (oportunidade de tomar

decisões), importância da atividade desempenhada, poli Valencia

(possibilidade de desenvolver várias tarefas), feedback da avaliação de

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desempenho (ter conhecimento do quanto seu trabalho esta bom ou ruim) e a

responsabilidade pelo trabalho.

Na categoria seguinte foram atribuídas questões relacionadas à

oportunidade de crescimento e segurança, que buscou verificar o quanto o

colaborador está satisfeito com a oportunidade de desenvolvimento e

crescimento pessoal que a empresa oferece bem como a segurança em

relação ao próprio emprego. Os subitens abordaram questões referentes à

oportunidade de crescimento profissional, treinamentos realizados, frequência

de demissões e as situações em que ocorrem e o incentivo dado pela empresa

para estudar.

A quinta categoria refere-se à integração social na organização, que de

forma geral, busca medir o grau de integração social existente na empresa.

Para tanto, questões como discriminação (social, racial, religiosa, sexual, etc),

relacionamento com colegas e superiores, comprometimento da equipe e

colegas com o trabalho e valorização de ideias e iniciativas foram pertinentes

nos subitens. Já na sexta categoria foi abordado o constitucionalismo, que

considera os direitos do colaborador e o respeito às leis. Nos subitens desta

categoria fez-se menção ao respeito dos direitos do trabalhador por parte da

empresa, liberdade de expressão (oportunidade de expor opiniões), as normas

e regras existentes e o respeito à individualidade (características individuais e

particulares).

A sétima categoria refere-se ao trabalho e o espaço de vida total, que

buscou medir a satisfação do funcionário em relação ao equilíbrio entre a vida

pessoal e a vida no trabalho. Os subitens abordaram questões relacionadas a

influencia do trabalho sobre a vida e/ou rotina familiar, sobre o lazer e aos

horários de trabalho e de descanso.

Na oitava categoria abordou-se a categoria de relevância social do

trabalho na vida, que buscou verificar a satisfação em relação à

responsabilidade social da empresa perante a comunidade, a qualidade de

prestação dos serviços/produtos e ao atendimento a seus colaboradores. Seus

subitens tratam de fatores referentes ao orgulho do trabalho realizado, a

imagem da empresa perante a sociedade, a integração comunitária

(contribuição com a sociedade), a qualidade dos serviços prestados e dos

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produtos oferecidos e por fim, a política de recursos humanos (como a

empresa trata seus funcionários).

Todas as categorias e seus subitens buscaram mensurar a percepção

dos colaboradores e medir seu grau de satisfação com relação aos fatores e

dimensões da Qualidade de Vida no Trabalho.

Para estratificar estes dados e permitir sua compreensão, foram

utilizados métodos apresentados no item a seguir.

3.5 Tratamento e Analise de Dados

Os dados obtidos na pesquisa foram verificados e classificados através

da tabulação, que para Lakatos e Marconi (2003) é o arranjo dos dados em

tabelas que possibilitam maior agilidade e facilidade ao verificar suas inter-

relações.

“É uma parte do processo técnico de analise estatística, que permite sintetizar os dados de observação, conseguidos pelas diferentes categorias e representa-los graficamente. Dessa forma, poderão ser melhor compreendidos e interpretados mais rapidamente” (LAKATOS e MARCONI, 2003, p.167).

Ainda segundo estes autores, a tabulação pode ser feita a mão e a

máquina, contudo a tabulação mecânica é indicada, pois economiza tempo,

esforço e diminui as margens de erros. A tabulação dos dados obtidos nessa

pesquisa foi realizada através do programa Excel, encontrado no pacote Office

da Microsoft.

Por meio da tabulação dos dados foram extraídas informações como

porcentual e média, utilizadas como base para analise e interpretação dos

elementos abordados no questionário vinculado com a teoria pesquisada.

Os colaboradores foram perguntados sobre a satisfação percebida em

cada variável de analise (fator) de cada categoria (dimensão) presente no

questionário. Como opção dispunham de uma escala de resposta que variavam

de 1 (um) a 5 (cinco), onde um significa muito insatisfeito, dois constitui

insatisfeito, três representa neutralidade, quatro denota satisfação e cinco

significa muito satisfeito.

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Para verificar e analisar os resultados tomou-se como base a

apresentação de cada variável (questão) através do porcentual das respostas

obtidas, na sequencia verificou-se a média da categoria e por fim realizou-se a

analise universal de todas as dimensões através da média geral encontrada,

também foram sugeridas algumas ações de melhoria. Quanto à técnica de

analise de dados utilizou-se a analise de conteúdo, que de acordo com

Richardson (2012, p. 223 apud Berelson, 1954:18) “é uma técnica de pesquisa

para a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conjunto manifesto da

comunicação”. Este processo foi aplicado nas oito categorias (dimensões)

averiguadas.

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4 Caracterização da Empresa

A caracterização da empresa Portobello S.A, a seguir, traz informações

sobre o histórico, visão, missão e valores, bem como os canais de distribuição,

produtos e serviços. São apresentados também os Programas de Qualidade e

a Política de Qualidade e Meio Ambiente Portobello. Apresenta-se ainda o

organograma geral da empresa limitado ao nível gerencial e o organograma da

área em que a pesquisa foi realizada, a Qualidade de Produto. As informações

foram pesquisadas no acervo e no site da empresa.

Histórico

O grupo Portobello foi criado em 1944 quando fundou a Usina de Açúcar

Tijucas, USATI S/A, localizada na cidade de São João Batista/SC onde seu

principal objetivo era produção de açúcar branco. Em função de seu sucesso e

grande volume de produção e lucro, a empresa cresceu e expandiu seus

negócios para outras atividades. Entretanto, em meados dos anos 90, com o

aumento da concorrência e a queda na participação do mercado, o grupo

encerrou suas atividades neste ramo.

Apesar de não mais operar no mercado de produção e refinaria de

açúcar, o grupo Portobello atua nos ramos de revestimentos cerâmicos,

argamassas e rejuntes, logística, construção civil e projetos especiais. Seus

objetivos para diversificação do mercado de atuação eram reduzir a

dependência do Governo, atuar em áreas de competitividade internacional e

áreas onde a capacidade de investimento do grupo permitisse posição de

liderança. Assim o ramo cerâmico foi a opção escolhida por apresentar

atrativos de crescimento da demanda interna, disponibilidade de grande

volume de matéria prima na região e localização próxima ao Porto de Itajaí, o

que permitiria fácil acesso ao escoamento da produção para o mercado

internacional.

A nova fase se iniciou em 16 de junho de 1979 com a fabricação de

produtos cerâmicos na Portobello I, primeira fábrica construída no parque fabril

localizado em Tijucas/SC. No mesmo ano foi iniciada a construção da

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Portobello II, que contava com a tecnologia mais moderna existente no

mercado mundial da época. Na sequencia a terceira unidade fabril, Portobello

III, começou a operar e a empresa alcançou a marca de produção de 1 milhão

de m² por mês.

No ano de 1994 foi inaugurado o atual escritório administrativo e houve a

implantação das fábricas de argamassa, peças especiais, terceira queima e

monoporosa, o que permitiu a produção de 1,25 milhão m² por mês e o

emprego de mais de mil colaboradores. Já em 1997 foi instalada a unidade de

Polimento de Porcelanato e no ano 2000 a fábrica de Porcelanato passou a

operar, permitindo a produção dos Porcelanatos Portobello.

Atualmente o parque fabril, considerado dos mais modernos e

competitivos do mercado, atua com dez fábricas numa área construída de

aproximadamente 205 mil m², instaladas em uma área total de 500 mil m².

Possui destaque no mercado internacional por seu layout eficiente, pelos

processos de produção, pelos equipamentos de ultima geração e pelo nível de

automação das maquinas. É considerada a maior indústria de cerâmica da

America Latina concentrada em um mesmo local e líder no mercado nacional.

A seguir no Quadro 13 será apresentada uma breve descrição da

evolução da empresa na linha do tempo.

ANO FATOS RELEVANTES

1979 Inicio da Produção.

1981 Inicio das Exportações.

1984 Lançamento da linha Carga Pesada.

1987 Ampliação do Parque Fabril com Atingimento de Produção de 1 milhão m²/mês.

1991 Produção de Revestimentos Externos (mosaicos).

1992 Comercialização de Revestimentos Italianos / Inicia o Programa Outsourcing.

ANO FATOS RELEVANTES

1994 Conquista da Certificação de Qualidade ISO.

1997 Instalação do Polimento de Porcelanato.

1998 Inicio da Rede de Franquias Portobello Shop.

2000 Inauguração da Fábrica de Porcelanato.

2003 Implantação do Gás Natural como Principal Fonte de Energia.

2005 Atingimento de 60% das vendas com Exportação.

2008 Ingresso ao Novo Mercado da Bovespa / Expansão do Parque Fabril / Atinge a Marca de Cem Lojas Portobello Shop.

2010 Produção de Extra Fino / Forte incremento ao Outsourcing.

2011 Implantação da INKJET (impressora digital) / Marketing Digital Portobello / Lançamentos de Aplicativos para Tablets. Adoção do iPad como Padrão para Equipe.

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ANO FATOS RELEVANTES

2012

Lançamento da Campanha "Até o Básico é Único" / Consolida-se como a Maior Rede de Lojas Especializadas em Revestimentos Cerâmicos do País, com 120 Lojas /Torna-se a Maior Empresa de Revestimentos Cerâmicos da America Latina

2013 Lançamento da Linha Grandes Formatos e Implantação da Fábrica para Produzi-los (60cm x 60cm / 60cm x 120 cm / 120cm x 120cm)

Quadro 14 - Linha do tempo da Portobello S.A. Fonte: Adaptado a partir de informações da Empresa (2014).

Ao analisar a linha do tempo apresentada no Quadro 13, pode-se

observar que a Empresa vem buscando se aperfeiçoar e se consolidar no ramo

em que atua. Integrante do novo mercado da Bovespa, a Portobello S.A possui

seu capital aberto e nos últimos cincos anos mantém um crescimento médio de

20%. Em 2013 ultrapassou a marca de faturamento bruto de R$ 1 bilhão e uma

produção próxima de 30 milhões metros quadrados, o que afirma a sua posição

altamente competitiva. Entretanto para alcançar esta posição de destaque a

empresa investe fortemente em seus produtos, através de design, inovação e

soluções tecnológicas, nos seus processos, com a implantação de programas

de qualidade e responsabilidade ambiental, bem como nos seus funcionários,

parceiros e clientes, valorizando os relacionamentos e criando laços de

respeito e confiança mutua.

Para que seus objetivos sejam alcançados a empresa pauta suas

diretrizes corporativas de acordo com sua Missão, Visão e Valores

organizacionais, os quais são apresentados a seguir.

Missão

“Ajudar a construir um ambiente em que se viva melhor, provendo

produtos e serviços de revestimentos cerâmicos.”

Visão

“Ser reconhecido como líder brasileiro em soluções inovadoras e em

excelência comercial, no segmento de revestimentos cerâmicos e serviços

associados.”

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Valores

“Inovação: Somos uma empresa sintonizada com as tendências do

mercado. Nosso portfólio, de alta qualidade e avançado design, garante a

clientes e consumidores soluções atuais e personalizadas.”

“Qualidade: Priorizamos os princípios da qualidade total em nossas

atividades. Seguimos a prática de melhorias continuas visando alcançar nossos

objetivos em tempo, inovação e custos.”

“Integridade: Somos uma empresa reconhecida pela ética com que

conduzimos os nossos negócios, pela integridade de nossos profissionais, pelo

relacionamento duradouro com nossos clientes, consumidores e fornecedores

e pelo cumprimento de nossas obrigações sociais.”

“Lucratividade: A rentabilidade é a medida do nosso desempenho. o

lucro garante a remuneração dos acionistas, o desenvolvimento da empresa e

o bem estar dos profissionais que nela trabalham.”

“Internacionalidade: Estamos competitivamente inseridos no mercado

internacional, através de parceiros, intercambio tecnológico, importação e

exportação. Tradição, credibilidade e reconhecimento caracterizam o nosso

relacionamento com o mercado.”

“Cliente / Consumidor: Nosso sucesso é avaliado pela satisfação de

nossos clientes e consumidores. Ouvi-los, atender às suas expectativas e

reunir os recursos para encanta-los são metas permanentes de nossa

empresa.”

Assim a Portobello baseia suas crenças acreditando que o ambiente em

que vive é a essência do seu negócio, que o design pode transformar

ambientes e emocionar pessoas. Possui o compromisso de inovar sempre,

criando e distribuindo produtos e serviços adequados para um número cada

vez maior de pessoas. Tem o dever de preservar e valorizar as relações

humanas e acredita na evolução da gestão, dos processos e da tecnologia com

simplicidade, qualidade e harmonia com o meio ambiente.

A marca Portobello busca criar e distribuir produtos com design arrojado

e serviços contemporâneos de revestimentos para pessoas e empresas que

estão em busca da viabilização de sonhos e projetos com originalidade,

qualidade e preço justo.

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Canais de Distribuição, Produtos e Serviços

A gestão estratégica e a experiência internacional na comercialização

dos seus produtos permite conquistar cada vez mais clientes e parceiros. A

empresa atende o mercado interno e 65 países dos cinco continentes através

dos seus canais de venda, que são:

Revendas multimarcas: são os revendedores de materiais de

construção multimarcas. A Portobello dispõe no interior das lojas de

área especial com espaço personalizado e ambientes revestidos de

seus produtos. Os principais clientes são pessoas físicas ou jurídicas

que realizam obras de pequeno porte.

Portobello Shop: é única rede de lojas especializadas em

revestimentos cerâmicos do Brasil. É parte integrante do grupo

Portobello S.A e traz para o mercado o conceito de uma linha

exclusiva de produtos além de oferecer serviços que auxiliam na

decisão e no desenvolvimento da obra.

Engenharia: é o canal destinado para venda de grandes volumes e

soluções em revestimentos cerâmicos para prédios residenciais e

comerciais de grande porte. Os principais clientes são empresas do

setor da construção civil e grandes consumidores que possuem a seu

dispor uma equipe composta principalmente por engenheiros e

arquitetos.

Exportação: é o canal destinado ao mercado internacional, por meio

do qual a empresa exporta para mais de 65 países. A venda ocorre

por intermédio de representantes internos e autônomos e

distribuidores exclusivos.

Os canais de distribuição são os meios pelos quais são distribuídos os

produtos e serviços que a Portobello oferece. O portfólio é imenso e integra

mais de 120 linhas de produtos, os quais são distintos de acordo com a

finalidade, matéria prima, tipologias, formatos, cores e acessórios. Os serviços

oferecem soluções em revestimentos cerâmicos, como consultoria de

engenheiros e arquitetos, além de garantir Assistência Técnica em produto e

mão de obra.

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A busca pela Qualidade

Com o intuito de oferecer os melhores produtos e serviços ao mercado

que atende, a empresa busca a qualidade de forma continua e para isto

implantou programas e ações que auxiliam no atingimento destes objetivos. A

saber:

Sistema de Gestão da Qualidade ISO 9001/2000 – sistema de gestão

que visa à satisfação dos clientes, mediante analise de indicadores de

desempenho e melhoria continua dos processos.

Preocupação Ambiental - a partir de 2003 a empresa passou a utilizar o

gás natural como principal fonte de energia. A existência de duas Estações de

Tratamento de Efluentes aliadas ao empenho da empresa em obter a

certificação da ISO 14001 garante o comprometimento com o desenvolvimento

autossustentável.

Reciclagem de Lixo – processo de coleta seletiva de lixo. Deve ser um

compromisso de todos.

Set-up – é o sistema de troca rápida adotado na área fabril da

Portobello, cujo objetivo é agilizar a produção de pequenos lotes e oferecer um

maior numero de produtos ao cliente.

Política da Qualidade e Meio Ambiente Portobello – está diretamente

ligada à responsabilidade social e se baseia nos seguintes pilares:

“Colaboradores: utilizar sistemas de gestão integrados que busquem

o aperfeiçoamento, a qualificação e a capacitação continua dos

colaboradores nas atividades rotineiras e o desenvolvimento de

novas habilidades, alem de envolvimento de todos na melhoria

continua e consciência ambiental.”

“Padrões: garantir os padrões de qualidade e de atendimento das

necessidades dos clientes através dos Sistemas de Gestão da

Qualidade e Meio Ambiente.”

“Parceiros: buscar parceiros estimulados a utilizar as mesmas

práticas ambientais e de qualidade utilizadas nos sistemas de Gestão

da Qualidade e Meio Ambiente, ao mesmo tempo em que ofereçam

produtos e serviços viáveis a empresa.”

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“Meio Ambiente: visar o desenvolvimento sustentável e minimizar os

impactos das atividades industriais através da prevenção da

poluição, educação ambiental, uso racional dos recursos naturais,

atendimento à legislação ambiental e seus requisitos aplicáveis.”

“Clientes: satisfazer os clientes através do atendimento das suas

necessidades, oferecendo produtos e serviços que atendam e

superem suas expectativas.”

“Melhoria Contínua: buscar a conscientização e o comprometimento

dos colaboradores e parceiros com a melhoria contínua dos Sistemas

de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente.”

Com o desenvolvimento de programas e ações que visam o progresso

de forma sustentável e contínua com base na qualidade total, a empresa

estabelece suas diretrizes em busca dos objetivos organizacionais. Entretanto

possui consciência de que para alcançar sucesso em suas empreitadas

depende (e muito) das pessoas envolvidas com a organização, e neste sentido,

persegue também a melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho, investindo em

seu capital intelectual e buscando formar uma grande equipe com os melhores

profissionais.

Estrutura Organizacional

A Portobello S.A conta com um quadro de mais de dois mil e seiscentos

funcionários. Está organizada em uma estrutura composta por uma presidência

- representante dos acionistas do grupo, por um corpo de diretores, uma

estrutura gerencial e uma estrutura operacional, composta por analistas,

técnicos, operadores, engenheiros, técnicos, inspetores, assistentes, auxiliares,

etc.

O organograma apresentado na Figura 5, a seguir, contempla a

estrutura organizacional até o nível de gerencia, no intuito de expor o corpo

estratégico da empresa.

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Figura 5 - Organograma da Portobello S.A até o Nível Gerencial. Fonte: Acervo da empresa (2013).

O presente estudo foi realizado área de Qualidade de Produto, que

abrange os setores de Assistência Técnica (AT) e Controle de Qualidade de

Produto Acabado (CQPA), desta forma, na Figura 06 a seguir, é exposto o

organograma da área.

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Figura 6 - Organograma da área de Qualidade de Produto Fonte: Criado pela autora a partir das informações cedidas pela empresa (2014).

A área de Qualidade de Produto é composta por 58 (cinquenta e oito)

colaboradores distribuídos nos cargos de acordo com o Quadro 14, que segue

abaixo:

Setor Cargo Número de Funcionários

Assistência Técnica Gerente 01

Analista de Assistência Técnica 05

Assistente Administrativo 05

Auxiliar Administrativo 01

Estagiária 01

CQPA Coordenador 01

Estagiária 01

Auxiliar Administrativo 01

Facilitadores 04

Inspetores CQPA 38

Quadro 15 - Quadro de Funcionários da área de Qualidade de Produto Fonte: Pesquisa realizada no período de Setembro/2014.

Em resumo, a equipe de Qualidade de Produto é responsável pelo

ultimo contato do produto dentro da fábrica e o primeiro contato do produto

defeituoso no mercado. No Controle de Qualidade do Produto Acabado

(CQPA) os facilitadores e inspetores são responsáveis por inspecionar os

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produtos acabados e verificarem a qualidade do mesmo. Se os produtos

estiverem de acordo com as normas exigidas e não apresentarem problemas

aparentes, são liberados, caso contrário, são reprovados e enviados para

analise do tipo de defeito e posterior correção. Já a equipe de Assistência

Técnica (AT), através dos analistas, é responsável por analisar e avaliar os

defeitos reclamados pelo mercado, os quais não foram bloqueados pelo CQPA,

e caso as reclamações sejam procedentes indeniza-se o cliente.

A área de Qualidade de Produto é destinada a verificar e controlar a

qualidade dos produtos fabricados bem como atender o cliente da maneira

mais eficiente possível, assim, para que possam ter um bom desempenho é

necessário que as pessoas que ali atuam tenham qualidade de vida no

trabalho. Neste sentido, no capitulo a seguir serão apresentados os resultados

da pesquisa realizada para medir a satisfação dos funcionários em relação à

QVT.

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5 Analise dos Resultados

A análise dos resultados mostra o retrato da pesquisa realizada.

Apresenta primeiramente o perfil dos colaboradores, em seguida os índices

porcentuais obtidos em cada fator e os indicadores (médias) de cada categoria.

Na sequencia são analisadas as médias gerais das dimensões da Qualidade

de Vida no Trabalho, além de serem apresentadas algumas sugestões para

melhoria dos indicadores.

5.1 Perfil dos Colaboradores

A identificação do perfil dos colaboradores pesquisados é apresentada

conforme os dados obtidos.

No Gráfico 1, a seguir, são apresentados os gêneros.

Gráfico 1 - Gênero

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme apresenta o Gráfico 1, 50% são do sexo masculino e 50% do

sexo feminino, que por coincidência, refletem um equilíbrio perfeito.

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De acordo com Gráfico 2, a seguir, apresenta-se a Idade.

Gráfico 2 - Idade

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com o Gráfico 2, 24% possuem idade entre 18 e 25 anos,

32% tem entre 26 e 32 anos, 24% possuem entre 33 e 40 anos, 18% estão

entre 41 e 50 anos e apenas 2% apresentam idade superior a 50 anos.

O Gráfico 3, a seguir, apresenta o estado civil.

Gráfico 3 – Estado Civil

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

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Em relação ao estado civil, conforme o Gráfico 3, há uma composição

dos seguintes porcentuais: 37% são casados, 41% são solteiros, 2% são

divorciados e 20% são amasiados.

A seguir, no Gráfico 4, é apresentada a escolaridade.

Gráfico 4 - Escolaridade Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em concordância com o Gráfico 4, a escolaridade do grupo é

representada da seguinte forma: 2% possuem apenas o ensino fundamental,

41% possuem o ensino médio, 26% possuem o ensino superior completo, 18%

possuem o ensino superior incompleto e 13% não identificaram seu grau de

instrução.

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O Gráfico 5, a seguir, representa a renda familiar.

Gráfico 5 – Renda Familiar

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em relação à renda familiar dos funcionários, de acordo com o Gráfico 5,

foram colhidas a seguintes informações: 2% têm renda de até 1.356,00 reais,

54% têm renda entre 1.357,00 e 3.390,00 reais, 33% têm renda entre 3.391,00

e 6.780,00 reais e 11% possuem renda acima de 6.781,00 reais.

Por fim, o Gráfico 6 a seguir, representa o tempo em que os

colaboradores estão na empresa.

Gráfico 6 – Tempo de Empresa

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

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Quanto ao tempo de emprego na empresa, conforme o Gráfico 6, 17%

possuem menos de um ano de casa, 56% possuem entre 1 e 5 anos, 12%

possuem entre 6 e 10 anos, 5% possuem entre 11 e 15 anos, 5% possuem

entre 16 e 20 anos e outros 5% possuem acima de vinte anos de casa.

Desta forma é possível perceber que existe um equilíbrio em relação ao

gênero, pois metade pertence ao sexo masculino e a outra metade ao sexo

feminino. É possível perceber também que a maioria pesquisada possui idade

entre 26 e 32 anos, são casados ou amasiados, possuem o ensino médio,

recebem uma renda familiar entre 1.357,00 e 3.390,00 reais e possuem entre 1

e 5 anos de tempo de emprego.

5.2 Grau de Satisfação dos Colaboradores em Relação à QVT

A seguir apresentam-se os dados obtidos e mensurados de acordo com

o grau de satisfação dos colaboradores da área de Qualidade de Produto da

empresa Portobello S/A em relação à QVT.

5.2.1 Compensação Justa e Adequada

A primeira categoria pesquisada aborda a Compensação Justa e

Adequada e suas variáveis medem: a justiça na compensação, a equidade

interna e externa (salários compatíveis dentro e fora da organização, a

participação nos resultados e por fim a percepção quanto aos benefícios

recebidos.

Na Tabela 1, a seguir, é apresentada a primeira variável de analise que

perguntou ao colaborador sobre a satisfação em relação à remuneração

(salário) recebida:

Tabela 1 - Justiça na Compensação (B.1.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 2 3,7

2 19 35,2

3 17 31,5

4 16 29,6

Total 54 100,0

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De acordo com os dados obtidos na Tabela 1 é possível afirma que

38,9% dos funcionários estão com tendência para insatisfação, 31,5% se

mantém com neutralidade e 29,6% estão satisfeitos. Apesar de haver um

equilíbrio, a maioria dos colaboradores está insatisfeita neste quesito.

A Tabela 2 ilustra a segunda variável proposta que busca mensurar a

equidade interna na empresa (comparação com o salário de colegas na mesma

função), que segue abaixo:

Tabela 2 - Equidade Interna (B.1.2) Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A Tabela 2 mostra uma tendência positiva em relação a este quesito,

com percentuais de 40,7% de neutralidade e 31,5% para satisfação, isto

significa que os funcionários percebem igualdade entre os salários praticados

na área.

A terceira variável compõe a percepção dos funcionários em relação à

equidade externa, ou seja, a comparação dos salários recebidos na empresa

com os salários que são praticados no mercado. Os resultados seguem

conforme demonstra a Tabela 3, a seguir:

Tabela 3 - Equidade Externa (B.1.3) Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 3, revela-se neutralidade em relação a este

quesito com 46,3%, entretanto, há valores negativos, com 29,6% das respostas

direcionadas a insatisfação.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 6 11,1

2 9 16,7

3 22 40,7

4 14 25,9

5 3 5,6

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 2 3,7

2 14 25,9

3 25 46,3

4 13 24,1

Total 54 100,0

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A variável quatro buscou medir a satisfação dos funcionários em relação

às recompensas e participação dos resultados. A Tabela 4 a seguir demonstra

os resultados obtidos:

Tabela 4 - Partilha dos Ganhos de Produtividade (B.1.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme ilustra a Tabela 4, pode-se observar que existe uma grande

tendência para satisfação, com índice de 81,5% considerando-se a soma de

respostas a partir da neutralidade (3), o que configura um bom desempenho

para este fator.

Na ultima variável desta categoria buscou-se mensurar a satisfação dos

colaboradores em relação aos benefícios concedidos pela empresa e os

resultados podem ser observados na Tabela 5, a seguir:

Tabela 5 - Benefícios Extras (B.1.4) Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Observa-se na Tabela 5 que 40,8% dos pesquisados tendem para

satisfação no quesito, enquanto 24,1% são indiferentes e 35,2% estão

insatisfeitos.

Todas as variáveis de analise citadas acima configuram os indicadores

que medem a categoria Compensação Justa e Adequada. O Gráfico 7 é

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 4 7,4

2 6 11,1

3 22 40,7

4 18 33,3

5 4 7,4

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 6 11,1

2 13 24,1

3 13 24,1

4 15 27,8

5 7 13,0

Total 54 100,0

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composto pela média de cada variável de análise junto a média geral da

categoria e apresenta os resultados a seguir:

Gráfico 7 - Compensação Justa e Adequada Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Ao analisar o Gráfico 7 observa-se que as questões que tratam do

salário em si (justiça na compensação, equidade interna e externa) revelam

maior insatisfação com médias abaixo de 3, e neste sentido, a média com

menor desempenho foi em relação a insatisfação com o salário recebido,

alcançando apenas 2,87.

Entretanto, para os quesitos que se relacionam à participação de

resultados e benefícios extras verifica-se uma tendência para satisfação, onde

as médias foram de 3,22 e 3,07 respectivamente. A média geral obtida nesta

dimensão foi de 3,01, o que representa um meio termo em vista da escala de

respostas (de 1 a 5).

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5.2.2 Condições de Trabalho

As Condições de Trabalho representam a segunda categoria

reconhecida no modelo de Walton e abarca fatores referentes ao ambiente

organizacional e às condições que ele oferece. Em suas variáveis de analise foi

proposto investigar a satisfação dos funcionários em relação à jornada e

quantidade de trabalho, o uso de tecnologias e equipamentos pertinentes à

atividade, salubridade (ausência de riscos), segurança do ambiente e do

individuo e fadiga.

Na Tabela 6, a seguir, é apresentado o porcentual gerado pela

percepção dos colaboradores em função da jornada de trabalho semanal, ou

seja, a quantidade de horas trabalhadas na semana.

Tabela 6 - Jornada de Trabalho (B.2.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme a Tabela 6 existe uma notável tendência positiva, pois 46,3%

dos funcionários estão satisfeitos e 31,5% estão muito satisfeitos em relação a

este quesito. Desta forma pode-se afirmar que estão satisfeitos com a carga

horária realizada.

Em relação à carga ou quantidade de trabalho recebido, na Tabela 7 a

seguir, podem-se observar resultados:

Tabela 7 - Quantidade de Trabalho (B.2.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 2 3,7

3 9 16,7

4 25 46,3

5 17 31,5

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 7 13,0

3 14 25,9

4 27 50,0

5 6 11,1

Total 54 100,0

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De acordo com a Tabela 7 pode-se verificar que também existe uma

tendência muito positiva visto que 61,1% estão satisfeitos e 25,9% se

mantiveram neutros, enquanto apenas 13% se dizem insatisfeitos.

No terceiro item desta categoria foi perguntado aos colaboradores sobre

a satisfação entendida em relação ao uso de tecnologias e equipamentos

pertinentes à função. Apresentam-se a seguir na Tabela 8 os resultados:

Tabela 8 - Uso de Tecnologias (B.2.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Nota-se na Tabela 8 que 38,9% dos colaboradores estão satisfeitos,

33,3% mantiveram-se neutros e os outros 27,8% apresentaram insatisfação.

Apesar de um porcentual negativo, representado por 15 dos 54 pesquisados,

pode-se dizer que há maior tendência positiva nesta variável de análise.

A Tabela 9 apresenta o resultado da percepção dos colaboradores em

função da salubridade (ausência de riscos excessivos no ambiente e condições

de trabalho) e os resultados podem ser vistos a seguir:

Tabela 9 - Salubridade (B.2.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 9 verifica-se que 38,9% dos colaboradores

estão insatisfeitos com a exposição sofrida durante a jornada de trabalho e

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 2 3,7

2 13 24,1

3 18 33,3

4 19 35,2

5 2 3,7

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 10 18,5

2 11 20,4

3 19 35,2

4 11 20,4

5 3 5,6

Total 54 100,0

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96

outros 35,2% colocaram-se neutros nesta questão. Apenas 25,9% mostraram-

se satisfeitos.

No item seguinte do questionário os pesquisados foram perguntados

sobre a satisfação referente aos equipamentos de proteção individual e

coletivos fornecidos pela empresa. Na Tabela 10 a seguir é apresentado o

resultado:

Tabela 10 - Equipamentos de Proteção (ambiente seguro) (B.2.5)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme demonstra a Tabela 10 é possível perceber que existe grande

positividade neste quesito, pois 40,7% demonstram estarem satisfeitos e 35,2%

muito satisfeitos, enquanto 18,5% ficaram neutros e apenas 5,6% insatisfeitos.

A Tabela 11, a seguir, expressa a percepção dos funcionários com

relação ao cansaço físico que o trabalho lhes causa.

Tabela 11 - Fadiga (B.2.6)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Verifica-se na Tabela 11 que também existe muita positividade neste

fator e que apenas 20,4% dos entrevistados demonstraram insatisfação.

O Gráfico 8, a seguir, apresenta a média obtida em cada variável de

análise da dimensão Condições de Trabalho e também a média geral da

categoria.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 3 5,6

3 10 18,5

4 22 40,7

5 19 35,2

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 2 3,7

2 9 16,7

3 23 42,6

4 17 31,5

5 3 5,6

Total 54 100,0

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97

Gráfico 8 - Condições de Trabalho Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme propõe o Gráfico 8, de forma geral, há uma positividade em

relação a esta categoria, apesar de o ambiente fabril ser um tanto

desconfortável, em função dos ruídos, poeira e outros agentes, pode-se dizer

que não há insatisfação.

A variável de análise que obteve a melhor média, 4,06, foi em relação

aos equipamentos de proteção individual e coletivo. Já o índice que apresentou

menor desempenho está relacionado à salubridade do ambiente e das

condições de trabalho, com média de apenas 2,74. A média geral obtida foi de

3,45, o que pode ser considerado um bom desempenho na escala avaliada,

apesar do baixo resultado em determinado fator.

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98

5.2.3 Uso e Desenvolvimento de Capacidades

A terceira categoria estudada representa as oportunidades que o

colaborador possui de utilizar e desenvolver suas capacidades, habilidades e

aptidões profissionais em seu dia-a-dia. Neste sentido a seguir apresentam-se

os resultados colhidos em relação aos fatores que compõe esta dimensão da

QVT.

A primeira questão avaliada refere-se à autonomia, que diz respeito à

oportunidade de tomar decisões nas tarefas pertinentes ao cargo, programar e

executar seu trabalho da forma que julgar mais conveniente. A Tabela 12,

seguir, representa o porcentual alcançado neste item:

Tabela 12 - Autonomia (B.3.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Como se pode observar na Tabela 12 o resultado é muito positivo e

caracteriza satisfação, pois 61,1% se enquadram nesta estimativa contra

apenas 7,4% que se disseram insatisfeitos. Ainda 31,5% se mantiveram

indiferentes.

Em relação à importância e o significado que o trabalho representa para

si, na Tabela 13 a seguir, verifica-se também um resultado muito positivo.

Tabela 13 - Importância do Trabalho (B.3.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 3 5,6

3 17 31,5

4 20 37,0

5 13 24,1

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 4 7,4

3 16 29,6

4 23 42,6

5 10 18,5

Total 54 100,0

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99

É possível constatar este resultado positivo ao observar que na Tabela

13, onde também 61,1% dos colaboradores se disseram satisfeitos, enquanto

apenas 9,3% se mostraram insatisfeito com a importância e significado do seu

trabalho, enquanto 29,6% se mantiveram indiferentes.

A Tabela 14, na sequência, exibe os resultados alcançados em relação à

poli Valencia que o trabalho proporciona, ou seja, a oportunidade de

desempenhar diversas tarefas e trabalhos utilizando suas capacidades

profissionais no cumprimento das funções.

Tabela 14 - Qualidades Múltiplas (Poli Valência) (B.3.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 14 a satisfação é claramente perceptível e

caracteriza muita positividade, pois 48,1% se disseram satisfeitos e 18,5%

muito satisfeitos.

Na questão seguinte foi perguntado ao colaborador sobre sua satisfação

em relação à avaliação de desempenho, no sentido de obter retorno referente

ao seu trabalho e ter conhecimento do quão bom ou ruim está. A Tabela 15 a

seguir demonstra o resultado.

Tabela 15 - Avaliação de Desempenho (B.3.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 8 14,8

3 10 18,5

4 26 48,1

5 10 18,5

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 4 7,4

2 6 11,1

3 23 42,6

4 18 33,3

5 3 5,6

Total 54 100,0

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100

Conforme apresenta a Tabela 15 pode-se observar forte neutralidade

neste item, o que caracteriza 42,6% das respostas, enquanto 18,5% estão

insatisfeitos e 38,9% se dizem satisfeitos.

Na variável que confere responsabilidade ao trabalhador em relação as

suas atividades a Tabela 16, a seguir, expressa os resultados obtidos.

Tabela 16 - Autocontrole Relativo (responsabilidade) (B.3.5)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Verifica-se na Tabela 16 que novamente houve um resultado positivo

representado por 66,7% de satisfação, 24,1% de neutralidade e apenas 7,4%

de insatisfação.

No Gráfico 9, a seguir, são apresentadas as médias adquiridas em cada

variável de analise verificada e a média geral da categoria Uso e

Desenvolvimento de Capacidades.

Gráfico 9 - Uso e Desenvolvimento de Capacidades

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 4 7,4

3 13 24,1

4 25 46,3

5 12 22,2

Total 54 100,0

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101

É possível observar no Gráfico 9 que esta categoria apresentou de

maneira geral resultados muitos positivos, onde todas as médias ficaram acima

de 3, ou seja, acima da neutralidade com tendência direcionada para

satisfação. A média geral da categoria apresentou pontuação de 3,63.

A variável de analise que obteve a maior média, 3,83, diz respeito à

responsabilidade conferida ao colaborador em relação ao seu trabalho, isto

quer dizer que a grande maioria sente-se responsável pelo trabalho que

executa e pelos resultados que proporcionam, assumindo um autocontrole

relativo elevado. Já a menor média foi de 3,19 e refere-se à avaliação de

desempenho ou feedback do quão bom ou ruim está o desenvolvimento de

suas tarefas, assim os colaboradores se mostraram menos satisfeitos neste

quesito.

5.2.4 Oportunidade de Crescimento e Segurança

A dimensão da QVT que observa a Oportunidade de Crescimento e

Segurança refere-se às possibilidades de ascensão profissional, através da

possibilidade de carreira, ao desenvolvimento e crescimento pessoal por meio

de capacitação e educação continuada e segurança no emprego, que confere

certa estabilidade no cargo ocupado. Neste sentido, a seguir apresentam-se os

resultados obtidos nos fatores investigados nesta categoria.

A Tabela 17, a seguir, apresenta a percepção dos colaboradores em

função da possibilidade de carreira e crescimento profissional.

Tabela 17 - Possibilidade de Carreira (B.4.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 17 pode-se verificar que 38,9% dos

pesquisados se mantêm neutros e outros 33,4% se dizem satisfeitos com as

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 5 9,3

2 10 18,5

3 21 38,9

4 13 24,1

5 5 9,3

Total 54 100,0

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102

oportunidades recebidas. Entretanto, 27,8% se dizem insatisfeitos neste

quesito.

A questão seguinte tratou de perguntar sobre a satisfação percebida em

relação aos treinamentos realizados. Na tabela 18 a seguir, verificam-se os

resultados conseguidos.

Tabela 18 - Possibilidade de Crescimento Pessoal (capacitação) (B.4.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme mostra a Tabela 18 pode-se ver que os colaboradores estão

satisfeitos com o programa de treinamentos e capacitação oferecidos pela

empresa, com resultado positivo de 48,2%.

O assunto abordado no item seguinte foi a segurança no emprego, no

qual os funcionários foram perguntados sobre como se sentem em relação à

frequência de demissões ocorridas na empresa. Na Tabela 19, que se

apresenta a seguir, podem-se verificar os resultados.

Tabela 19 - Segurança no emprego (B.4.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A Tabela 19 apresenta um resultado positivo neste quesito com 50% de

satisfação dos funcionários pesquisados contra apenas 5,6% de insatisfação e

ainda 44.4% de indiferença. O que significa que metade da população

pesquisada se sente segura e estável no emprego.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 9 16,7

3 18 33,3

4 15 27,8

5 11 20,4

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 3 5,6

3 24 44,4

4 20 37,0

5 7 13,0

Total 54 100,0

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103

No ultimo quesito sugerido para essa categoria foi perguntado sobre a

satisfação em relação ao incentivo que a empresa oferece para estudar. A

Tabela 20 a seguir expõe os resultados.

Tabela 20 - Possibilidade de Crescimento Pessoal (incentivo aos estudos) (B.4.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Na Tabela 20 pode-se observar um resultado dividido, onde 33,4%

demonstram insatisfação, 24,1% se mostram indiferentes e os outros 42,6% se

dizem satisfeitos. Assim, apesar desta divisão a maioria ainda considera-se

satisfeita neste item.

O Gráfico 10 a seguir apresenta as médias obtidas em cada variável de

análise e também a média geral da dimensão Oportunidade de Crescimento e

Segurança.

Gráfico 10 - Oportunidade de Crescimento e Segurança

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 7 13,0

2 11 20,4

3 13 24,1

4 13 24,1

5 10 18,5

Total 54 100,0

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104

Pode-se observar no Gráfico 10 que a quarta categoria analisada

apresentou um resultado positivo, com média de 3,31, acima do que se

considera neutro (3).

Destaca-se a variável que ponderou a segurança no emprego com a

maior média, de 3,57, o que caracteriza tendência de satisfação para este item.

A média obtida é provável reflexo das políticas de gestão de pessoas adotadas,

em que a demissão ocorre em casos extremamente necessários, pois não

caracteriza práticas da empresa.

Apesar de ter um resultado considerado ainda positivo, com média de

3,15, o item que abordou a percepção em relação ao incentivo aos estudos foi

o que obteve a menor média.

5.2.5 Integração Social na Organização

A categoria que se refere à Integração Social na Organização buscou

verificar o grau de integração existente entre o individuo e seus colegas,

chefias e organização e para isto avaliou questões como a discriminação

social, caracterizada pela ausência de preconceitos, os relacionamentos

existentes entre o colaborador, colegas e chefias, senso comunitário da equipe

e valorização pessoal.

A primeira questão buscou mensurar o grau de satisfação dos

colaboradores em relação à ausência de preconceitos e discriminação de

qualquer tipo (social, racial, religiosa, sexual, etc.). Na Tabela 21 apresentam-

se os resultados obtidos.

Tabela 21 - Ausência de Preconceitos (B.5.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 3 5,6

3 7 13,0

4 18 33,3

5 25 46,3

Total 54 100,0

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105

É nítido o alto grau de satisfação apresentado em relação a este quesito

na Tabela 21, o que configura que 79,6% dos funcionários pesquisados não

sofrem preconceitos e discriminação, revelando uma tendência para muita

satisfação, enquanto 13% se mantêm neutros e apenas 7,5% se dizem

insatisfeitos.

A Tabela 22, a seguir, expõe os resultados obtidos em relação ao

relacionamento com os colegas e com as chefias.

Tabela 22 - Relacionamento (B.5.2) Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Novamente é explicito o alto grau de satisfação, pois de acordo com a

Tabela 22, 42,6% dos funcionários se dizem satisfeitos e 46,3% muito

satisfeitos, enquanto que apenas 7,4% se mantêm neutros e 3,7% apresentam

insatisfação.

O senso comunitário em relação ao auxilio recíproco, ao trabalho em

equipe e o comprometimento da mesma com o trabalho, foi tratado no item

seguinte e seus resultados são apresentados a seguir na Tabela 23.

Tabela 23: Senso Comunitário (trabalho em equipe) (B.5.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 23 é possível verificar um resultado

elevadíssimo para o quesito, pois 81,5% dos pesquisados estão satisfeito e

18,5% são indiferentes.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 2 3,7

3 4 7,4

4 23 42,6

5 25 46,3

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

3 10 18,5

4 30 55,6

5 14 25,9

Total 54 100,0

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106

O ultimo fator abordado na categoria tratou de investigar o quanto o

colaborador está satisfeito com a valorização de suas ideias e iniciativas no

trabalho. Conforme a Tabela 24 os resultados são apresentados a seguir.

Tabela 24 - Valorização (B.5.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Percebe-se na Tabela 24 que os funcionários em sua maioria

demonstram satisfação, revelando um índice de 57,4%. Em contrapartida

14,8% dos pesquisados ainda demonstram insatisfação.

O Gráfico 11 apresenta as médias obtidas em cada variável de análise,

bem como a média geral da dimensão Integração Social na Empresa.

Gráfico 11 - Integração Social na Empresa

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme mostra o Gráfico 11 pode-se constatar que até o momento foi

a categoria que recebeu o melhor desempenho, distinta por uma média geral

de 4,03, o que caracteriza tendência de muita satisfação. O fator que

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 8 14,8

3 15 27,8

4 23 42,6

5 8 14,8

Total 54 100,0

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107

apresentou o melhor desempenho, com média de 4,31 é relativo ao

relacionamento entre colegas e chefias.

5.2.6 Constitucionalismo

O Constitucionalismo buscar verificar o grau de satisfação dos

colaboradores em relação ao cumprimento dos direitos do trabalhador por parte

da empresa e como fatores que auxiliam nesta percepção estão os direitos

trabalhistas em acordo com a legislação vigente, a liberdade de expressão, as

normas e rotinas do trabalho e o respeito a privacidade pessoal e as

individualidades.

Neste ínterim a primeira questão abordada na categoria perguntou aos

colaboradores sobre a satisfação em relação ao respeito aos direitos do

trabalhador e na Tabela 25, a seguir, os resultados são apresentados.

Tabela 25 - Direitos Trabalhistas (B.6.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Como se pode observar na Tabela 25 existe uma tendência positiva,

com 53,7% de satisfação. Do total de pesquisados ainda 25,9% se mantêm

indiferentes e 20,4% se dizem insatisfeitos.

Quanto à liberdade de expressão, a Tabela 26 a seguir mostra os

resultados obtidos em relação à satisfação do colaborador em poder expressar

suas opiniões.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 11 20,4

3 14 25,9

4 19 35,2

5 10 18,5

Total 54 100,0

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108

Tabela 26 - Liberdade de Expressão (B.6.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com o exposto na Tabela 26 é possível verificar que

novamente existe uma tendência positiva caracteriza por 66,7% de satisfação

neste quesito, o que significa que os funcionários se sentem seguros em expor

suas opiniões sem medos de represálias ou retaliações.

Em relação aos direitos e deveres do trabalhador configurados pelo grau

de satisfação com as normas e regras propostas no ambiente organizacional, a

Tabela 27 a seguir apresenta os resultados obtidos.

Tabela 27 - Direitos e Deveres (B.6.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

É possível verificar na Tabela 27 que os funcionários estão satisfeitos

com as normas e regras impostas no trabalho. Esta positividade é

caracterizada com um índice de 66,6% de satisfação.

No que se refere à privacidade pessoal e o respeito à individualidade e

particularidades de cada um, a Tabela 28 a seguir, aponta os resultados.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 5 9,3

3 12 22,2

4 25 46,3

5 11 20,4

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 2 3,7

2 2 3,7

3 14 25,9

4 26 48,1

5 10 18,5

Total 54 100,0

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109

Tabela 28 - Privacidade Pessoal (B.6.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme exposto na Tabela 28, a tendência para positividade se

mantém apresentando um índice de 70,3% de satisfação neste fator, o que

representa que as pessoas se sentem respeitadas tanto pela empresa quanto

pelos colegas.

Na sequencia são apresentadas no Gráfico 12 as médias obtidas em

relação às variáveis de análise e a média geral desta dimensão, que

basicamente procurou verificar o grau de satisfação relacionado aos direitos

constitucionais do trabalhador.

Gráfico 12 - Constitucionalismo

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme se pode observar no Gráfico 12 as variáveis apresentaram

médias acima da neutralidade com tendências para satisfação. A média geral

da categoria apresentou um indicador de 3,71 e de fato o item que obteve a

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 2 3,7

3 13 24,1

4 26 48,1

5 12 22,2

Total 54 100,0

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110

melhor média, com 3,85, foi o que verificou o grau satisfação em virtude do

respeito à privacidade e individualidade de cada um.

O alto nível de desempenho positivo desta categoria provavelmente é

reflexo das ações que a empresa pratica. Possui um código de ética e conduta,

que entre outras informações, trata de maneira expressiva que a Portobello é

contra qualquer tipo de discriminação ou preconceito, que valoriza o respeito

mutuo e os bons relacionamentos entre seus funcionários, parceiros e clientes.

5.2.7 O Trabalho e o Espaço de Vida Total

A sétima categoria do modelo proposto por Walton é o Trabalho e o

Espaço de Vida Total e seu principal objetivo é verificar o equilíbrio existente

entre o trabalho e a vida do individuo. Para isto investiga fatores como o papel

balanceado entre o trabalho e a vida pessoal com tempo para família, para o

lazer e a estabilidade de horários. A seguir são expostos os resultados obtidos

em cada variável.

A Tabela 29, a seguir, compõe o resultado obtido sobre quando foram

perguntados a respeitos da satisfação com a influência do trabalho sobre sua

vida/rotina familiar.

Tabela 29 - Papel Balanceado no Trabalho (tempo para família) (B.7.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

É possível observar na Tabela 29 que a maioria se manteve com

neutralidade, alcançando um índice de 42,6%, entretanto há uma tendência

muito positiva com 38,9% de satisfação e 7,4% de muita satisfação, o que

permite pressupor que os funcionários não veem interferência do trabalho e

suas rotinas familiares.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 5 9,3

3 23 42,6

4 21 38,9

5 4 7,4

Total 54 100,0

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111

Na questão seguinte buscou-se verificar o quanto o colaborador está

satisfeito com a influência do trabalho sobre a possibilidade de lazer. Na Tabela

30 a seguir verificam-se os resultados.

Tabela 30 - Papel Balanceado no Trabalho (tempo para lazer) (B.7.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 30 pode-se observar que novamente a maioria

se manteve neutra, com 44,4% e novamente com tendência positiva, com

índices de 27,8% de satisfação e 9,3% de muita satisfação. O que se leva a

crer que não há interferência do trabalho nas possibilidades de lazer do

funcionário.

Na ultima questão relacionada a esta categoria foi questionado sobre a

satisfação com os horários de trabalho e descanso. A Tabela 31 apresenta os

resultados obtidos.

Tabela 31 - Estabilidade de Horários (B.7.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme se observa na Tabela 31, o resultado positivo é nítido. Os

funcionários se revelaram satisfeitos com índice de 46,3% e muito satisfeitos

com índice de 13%, ou seja, os horários de trabalho e descanso estão dentro

de suas expectativas.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 3 5,6

2 7 13,0

3 24 44,4

4 15 27,8

5 5 9,3

Total 54 100,0

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 9 16,7

3 13 24,1

4 25 46,3

5 7 13,0

Total 54 100,0

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112

De forma geral os resultados obtidos em cada variável de analise foram

muito positivos e o Gráfico 13, a seguir, mostra as médias obtidas tanto na

variável quanto na categoria.

Gráfico 13 - O Trabalho e o Espaço de Vida Total

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com o Gráfico 13 é possível perceber que as médias obtidas

se mantêm acima da neutralidade, o que caracteriza tendência para satisfação

nos quesitos propostos. A categoria de forma geral alcançou média de 3,40, o

que é considerado um bom resultado.

5.2.8 Relevância Social do Trabalho na Vida

A Relevância Social do Trabalho na Vida é a ultima dimensão proposta e

tem por finalidade verificar a satisfação do funcionário em relação ao orgulho

sentido pelo trabalho realizado, a imagem e responsabilidade social da

empresa, responsabilidade pela qualidade dos produtos e serviços prestados,

bem como do retorno proporcionado aos colaboradores.

Na Tabela 32, a seguir, verificam-se os resultados obtidos da percepção

dos colaboradores em relação ao orgulho que sentem em realizar o seu

trabalho.

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113

Tabela 32 - Orgulho do Trabalho (B.8.1)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com os dados obtidos, na Tabela 32 é possível verificar que

existe uma grande satisfação dos funcionários em relação ao orgulho do

trabalho que realizam. Entre os pesquisados, 37% se dizem satisfeitos e 33,3%

muito satisfeitos, enquanto 22,2% se mantiveram neutros e 7,5% estão

insatisfeitos.

No item seguinte foram questionados a respeito da imagem que a

empresa possui perante a sociedade. Na Tabela 33 a seguir apresentam-se os

resultados.

Tabela 33 - Imagem da Empresa (B.8.2)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Conforme a Tabela 33 pode-se perceber que existe um alto nível de

satisfação neste quesito. Dos pesquisados, 48,1% dos funcionários estão

satisfeitos e 29,6% estão muito satisfeitos, todavia, é possível verificar que

alguns se mantiveram indiferentes representados por 14,8% e 7,4% se dizem

insatisfeitos.

A questão seguinte tratou de perguntar aos colaboradores sobre sua

satisfação quanto à integração comunitária e a contribuição com a sociedade

que a empresa pratica. Os resultados podem ser observados na Tabela 34, a

seguir.

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 1 1,9

2 3 5,6

3 12 22,2

4 20 37,0

5 18 33,3

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 4 7,4

3 8 14,8

4 26 48,1

5 16 29,6

Total 54 100,0

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114

Tabela 34 - Responsabilidade Social (B.8.3)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Os resultados verificados na Tabela 34 são muito positivos, o que

caracteriza que os funcionários também se sentem satisfeitos neste quesito. Os

números representam 50% de satisfação, 13% de muita satisfação, 29,6% de

neutralidade e novamente, apenas 7,4% de insatisfação.

A responsabilidade da empresa em relação a qualidade pelos serviços

prestados e produtos oferecidos foram tratadas na questão seguinte, e os

resultados são verificados na Tabela 35, a seguir.

Tabela 35 - Responsabilidade pelos Produtos/Serviços (B.8.4)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

A Tabela 35 expõe a percepção dos funcionários em relação a este fator

e pode-se observar que novamente a tendência é positiva. Os números

apontam 59,3% de satisfação e 20,4% de muita satisfação.

A última pergunta do questionário tratou de abordar a percepção dos

funcionários em relação às políticas de recursos humanos e a maneira com

que a empresa trata os funcionários. Na Tabela 36 a seguir os resultados são

expostos.

Respost4Frequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 4 7,4

3 16 29,6

4 27 50,0

5 7 13,0

Total 54 100,0

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

2 4 7,4

3 7 13,0

4 32 59,3

5 11 20,4

Total 54 100,0

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115

Tabela 36 - Práticas de Emprego (políticas de RH) (B.8.5)

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

De acordo com a Tabela 36 é possível verificar que mesmo havendo

uma tendência positiva, representada por 44,4%, ainda existem pessoas que

se mantêm indiferentes, com 20,4% do resultado e outras 35,2% insatisfeitas.

Como já foi dito, a categoria Relevância Social do Trabalho da Vida

busca mensurar a importância do trabalho na vida do funcionário e em relação

à sociedade. A seguir no Gráfico 14 são apresentas as médias obtidas nas

variáveis de análise bem como a média geral da categoria.

Gráfico 14 - Relevância Social do Trabalho na Vida

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

No Gráfico 14 é possível observar que os quesitos abordados receberam

um ótimo desempenho com médias que se caracterizam positivas e acima da

neutralidade. Entretanto, o fator que mediu a satisfação em relação às políticas

de recursos humanos praticadas obteve a média de 3,06, considerada pouco

RespostaFrequência (nº de

funcionários)Porcentual

1 6 11,1

2 13 24,1

3 11 20,4

4 20 37,0

5 4 7,4

Total 54 100,0

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116

abaixo em relação às outras. Este resultado mostra que os funcionários estão

indiferentes as políticas adotadas, o que desperta a curiosidade de se saber os

motivos que levaram a esta percepção. A média geral da categoria foi de 3,72,

revelando uma tendência positiva de satisfação nos quesitos abordados.

As dimensões e os fatores envolvidos na proposta do modelo de Walton

foram mensurados através do questionário aplicado, verificados e

apresentados conforme os dados informados acima.

5.3 Análise geral da QVT e Sugestões de Melhorias

A seguir no Gráfico 15 são apresentados os indicadores finais da

Qualidade de Vida no trabalho, compostos pela média de cada categoria e a

média final. Algumas ações que a empresa já pratica são elencadas para

justificar o bom desempenho obtido na maioria dos fatores investigados e

ações de melhorias são propostas no intuito de colaborar com área de

Qualidade de Produto da Empresa Portobello S/A.

Gráfico 15 - Qualidade de Vida no Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

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117

Ao observar o Gráfico 15 é possível verificar que a categoria que

mensurou a satisfação percebida em relação à Compensação justa e

adequada, obteve uma média de 3,01, o que representa neutralidade, ou seja,

em alguns quesitos há satisfação e em outros nem tanto. O resultado positivo

pode ser reflexo dos planos de remuneração que são praticados pela empresa,

como o Plano de Participação dos Resultados (PPR) e as políticas de

meritocracia e remuneração variáveis. Oferece benefícios como refeitório

próprio, vale alimentação, vale transporte, assistência médico-hospitalar,

assistência odontológica, assistência farmacêutica, ambulatório, auxílio

maternidade, auxilio creche/babá, seguro de vida em grupo, incentivo aos

estudos com parceria firmada junto ao SENAI/SC, entre outros, o que pode

justificar o desempenho positivo de algumas variáveis. Entretanto, a

insatisfação com o salário próprio e com o salário se comparado aos dos

colegas foram os indicadores que obtiveram o menor desempenho entre todos

os aspectos investigados.

A compensação de acordo com Chiavenato (2004) é o sistema de

incentivos e recompensas que a empresa possui para remunerar e

recompensar seus colaboradores e detém um caráter multivariado, não se

caracterizando apenas por dinheiro em si, mas também reconhecimento,

autoestima e segurança no emprego, etc. Para melhoria desse índice, sugere-

se a revisão das políticas de remuneração variáveis contemplando os cargos

abaixo da hierarquia de coordenadores, utilizando indicadores para medir o

desempenho. Reformular o programa de remuneração praticado entre os

cargos da mesma área bem como, a implantação de um programa de

recompensas não financeiras, que valorize o comprometimento, a

responsabilidade e a dedicação que o colaborador presta à empresa, isto pode

possibilitar o aumento da renda individual, bem como do reconhecimento, da

motivação e da satisfação e em consequência gerar o aumento da

produtividade organizacional, pois como afirma Limongi-França (2004), o

funcionário que estiver satisfeito e motivado tenderá a produzir mais.

A categoria Condições de Trabalho refere-se à segurança e a

salubridade no trabalho onde não deve haver exposição dos trabalhadores a

condições ambientais, jornadas de trabalho e/ou riscos que possam ameaçar

sua integridade física e mental (LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002).

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118

É possível perceber que houve um bom desempenho, com indicador de

3,45. Esta performance é justificável, pois a empresa possui uma forte

campanha de conscientização da importância, principalmente, do uso correto

dos EPI’s e obrigatoriedade dos mesmos no desempenho das tarefas. O

principal objetivo é a redução dos índices de acidentes de trabalho e

preservação da integridade física do colaborador. Acredita-se que o resultado

não é melhor por causa das condições ambientais das fábricas, onde há calor,

poeira, barulho, riscos de acidentes, entre outros fatores que ameaçam de

certa forma a integridade do colaborador.

Como sugestão propõe-se ações que permitam maior comodidade e

menos desgaste físico no interior de todas as fábricas, como por exemplo, a

instalação de ventiladores industriais que minimizem o calor, espaços

exclusivos para inspeção equipados com bancadas que permitam maior

ergonomia, iluminação adequada e cercas de proteção para maior segurança,

pois como afirma Chiavenato (2004, p.348) “a saúde e segurança das pessoas

constituem uma das principais bases para a preservação da força de trabalho

adequada”.

A dimensão que avaliou o Uso e Desenvolvimento de Capacidades

obteve uma média positiva e tendenciosa para satisfação, com indicador de

3,63. A Portobello valoriza o colaborador e lhe confere autonomia e

responsabilidade nas tarefas desempenhadas, pois acredita na competência de

sua equipe de trabalho. Oferece oportunidades de desenvolvimento de

habilidades através de sistemas de gestão integrados que perseguem o

aperfeiçoamento, a qualificação e a capacitação contínua dos trabalhadores.

Para melhoria do indicador sugere-se maior envolvimento do gestor com

a equipe por meio de um programa de avaliação de desempenho individual

contínuo, a fim de proporcionar feedback com maior frequência sobre o

desenvolvimento das tarefas e das condutas pessoais, o que permite

possibilitar maiores informações para tomada de decisão, pois de acordo com

Robbins (2002) as avaliações fornecem informações para decisões importantes

como promoções, transferências e demissões, necessidades de programas de

treinamentos bem como feedback aos funcionários sobre como a empresa vê o

trabalho deles, podendo ser vista como fonte de motivação e valorização.

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119

Como já mencionado, a dimensão que visa a Oportunidade de

Crescimento e Segurança diz respeito às condições que a empresa oferece

para o colaborador se desenvolver e crescer profissional e pessoalmente, bem

como sentir segurança em relação ao cargo ocupado. Esta categoria

apresentou média de desempenho de 3,31, o que caracteriza um resultado

positivo. Isto possivelmente é reflexo da valorização do colaborador interno por

meio do POP – Programa Oportunidades Portobello, que visa à promoção e

oportunidade aos funcionários, oferece cursos gratuitos para melhoria da

qualificação, como exemplo, o supletivo. Entretanto, para outros níveis há

maior valorização do nível técnico, através de parceria firmada com o

SENAI/SC. Chiavenato (2004) afirma que entre outros fatores, a aprendizagem,

o conhecimento e a formação profissional são fundamentais para o

desenvolvimento pessoal e organizacional, neste sentido, sugere-se a

implantação de um programa de bolsas de estudos para cursos de níveis

superiores, visto que a maioria dos pesquisados possui nível médio e a

empresa não dispõe este tipo de beneficio.

A quinta categoria do modelo de Walton é responsável por mensurar a

satisfação do trabalhador relativa às suas relações sociais na organização.

Esta categoria atingiu o melhor resultado entre todas as dimensões, com média

de 4,03, ou seja, tendência de muita satisfação. O trabalho em equipe e a

colaboração entre todos são destacados como um referencial para o alcance

dos objetivos organizacionais e a valorização das ideias e iniciativas dos

colaboradores são tratadas de maneira diferenciada. Para ilustrar este ultimo

quesito pode-se citar o Programa BIP – Boas Ideias Portobello, onde o

colaborador é recompensado financeiramente se suas ideias forem

implantadas. Mais recentemente, com a Copa do Mundo no Brasil, a empresa

lançou a campanha “Ideia de Craque” onde os funcionários foram incentivados

a exporem suas propostas de melhoria. Apesar de ser considerada com um

ótimo desempenho, sugere-se para esta dimensão a aplicação de palestras de

conscientização voltadas para reforçar a importância do trabalho em equipe e

do senso comum na direção dos objetivos, além dos impactos positivos que

esta união pode proporcionar aos resultados da área e da empresa como um

todo, pois de acordo com Robbins (2002) as equipes são fontes para o

compartilhamento de ideias e implementação de melhorias.

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120

A categoria que visa o Constitucionalismo também alcançou uma boa

atuação, com média de 3,71. É provável que este resultado seja reflexo do

código de ética e conduta estabelecido pela empresa onde questões como o

respeito ao individuo, o respeito aos direitos e deveres, a liberdade de

expressão, bem como os próprios direitos constitucionais tanto do trabalhador

como da empresa são abarcados. Como possibilidade para melhoria da média

desta categoria sugere-se maior veiculação das práticas legais adotadas pela

empresa em todos os aspectos, por meio de treinamentos e/ou reuniões que

tenham como objetivo esclarecer dúvidas e informações ocultas, visto que a

comunicação clara e transparente reflete confiança e credibilidade.

A dimensão que avalia O Trabalho e o Espaço de Vida Total também

obteve um bom desempenho, com média de 3,40. Esta categoria enfatiza a

influencia do trabalho na vida familiar, de lazer e repouso do funcionário.

Limongi-França e Arellano (2002) interpõem que as condições do trabalho não

devem interferir na vida privada e nem no descanso do colaborador. Assim,

mesmo obtendo um saldo positivo, como sugestão para melhoria deste

indicador se propõe que a empresa verifique a possibilidade de firmar parcerias

com diferentes empresas de entretenimento e recreação, como cinemas,

parque aquático, boliche, entre outros, no intuito de fornecer maiores

possibilidades lazer ao colaborador e sua família.

A última dimensão verificada, a Relevância Social do Trabalho na Vida,

obteve a segunda melhor média entre todas as categorias, com 3,72. Este

resultado é replexo da preocupação da empresa com seus colaboradores e

com a sociedade na qual está inserida e neste sentido desenvolve ações de

integração social e no trabalho.

Como exemplo destas ações pode-se citar o Coral Anjos Luz, composto

pelos filhos dos funcionários que se apresentam em eventos especiais da

empresa e da comunidade; o programa Colaborador Destaque do Mês que

busca incentivar e motivar os operadores das fábricas para melhoria da

qualidade e produtividade; o programa Visitas Familiares que visa estimular e

propiciar a aproximação entre a organização, seus colaboradores e familiares;

o programa Mamãe Portobello no qual a empresa fornece a suas

colaboradoras gestantes o enxoval completo, limitado a um valor especifico; o

Prêmio Educação Ambiental que ocorre em forma de gincana e visa à

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conscientização dos alunos das escolas municipais, estaduais e particulares de

Tijucas quanto à preservação do meio ambiente; a Homenagem por tempo de

casa (15, 20 e 25 anos) em solenidade especial além de um premio em férias;

eventos de comemoração: festa do trabalhador, dia das crianças, dia das

mães, dia dos pais, aniversário da empresa, destaque do ano, natal, entre

outras; o Projeto Kakko realizado por meio de parceria firmada entre a

Portobello, o SENAI e o SEBRAE com o objetivo de ensinar mosaico aos

reeducandos do presídio de Tijucas, para que ao voltar para sociedade tenham

uma profissão.

A responsabilidade social, segundo Chiavenato (2004) representa a

atuação responsável dos membros, as atividades de beneficência e os

compromissos da empresa com a sociedade em geral, portanto, os altos

índices alcançados neste aspecto dimensional da QVT se justificam pela

intensa preocupação que a Portobello possui com todos os envolvidos em sua

atuação como organização.

A final da analise dos resultados firmados por esta pesquisa foi possível

constatar que o indicador geral de Qualidade de Vida no Trabalho da área de

Qualidade de Produto da empresa Portobello S.A obteve média de 3,53, o que

caracteriza um resultado positivo e satisfatório para os fatores abordados.

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6 Conclusões

A Qualidade de Vida no Trabalho é, de fato, um fenômeno crescente

dentro das organizações que buscam um diferencial competitivo visando às

pessoas. É improvável que a empresa obtenha excelência em qualidade de

produtos e serviços sem que haja a qualidade de vida daqueles que os

produzem, neste ínterim, os aspectos que abrangem esta abordagem procuram

nortear as estratégias que podem ser traçadas no intuito de proporcionar maior

satisfação aos colaboradores em relação ao trabalho e todos os fatores

envolvidos, e em consequência proporcionar maiores ganhos em

produtividade, rentabilidade e qualidade total.

A percepção de que as pessoas devem participar de forma ativa e ter

autonomia nos processos que abrangem suas rotinas, faz com que se crie um

maior comprometimento e motivação no sentido de que se sintam responsáveis

pelos resultados obtidos. Pode-se perceber ao longo da pesquisa que a

Portobello possui a consciência de que precisa investir em seu capital

intelectual para que possa obter retorno positivo desta relação. Ao ser

considerada uma das maiores e mais bem conceituadas empresas do ramo

ceramista, possui responsabilidade social e ambiental, caracterizada por seus

programas de desenvolvimento sustentável e melhoria contínua.

Cercada de aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais,

psicológicos, ambientais, entre outros, a QVT é um desafio para os gestores

que tem a missão de planejar e tornar possíveis os programas e ações

estabelecidos em vista da Qualidade de Vida no Trabalho, ou seja, necessitam

alinhar a gestão de seus colaboradores com os objetivos organizacionais.

A presente pesquisa teve como objetivos específicos: identificar o perfil

dos colaboradores, que em resumo permitiu verificar que a grande maioria da

população estudada possui idade média entre 26 e 32 anos, escolaridade de

nível médio, são casados ou amasiados, têm uma renda familiar média de até

3.390,00 reais e possuem tempo de empresa entre 1 e 5 anos. Quanto ao

gênero, verificou-se um equilíbrio perfeito, onde metade pertence ao sexo

feminino e a outra metade ao sexo masculino; investigar o grau de satisfação

dos colaboradores em relação aos fatores de QVT, e pode-se concluir que

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houve uma boa percepção, pois a maioria dos indicadores obteve bom

desempenho, com destaque para as categorias de integração social na

organização e relevância social do trabalho na vida. Entretanto, os fatores que

envolvem o salário e a equidade entre remunerações, contemplados na

categoria compensação justa e adequada, obtiveram os menores resultados, o

que sugere uma maior atenção para estes quesitos; e propor ações de

melhoria para os indicadores com baixo desempenho, onde procurou-se propor

ações que visam aumentar a satisfação nos itens com desempenho mais

baixos e também algumas propostas para melhorar a satisfação já percebida

na maioria dos fatores investigados.

Como objetivo geral foi proposto analisar os índices de QVT dos

colaboradores da área de Qualidade de Produto da empresa Portobello S/A,

onde foi possível verificar os seguintes resultados: compensação justa e

adequada: média 3,01, condições de trabalho: média 3,45, uso e

desenvolvimento de capacidades: média 3,63, oportunidade de crescimento e

segurança: média 3,31, integração social na organização: média 4,03,

constitucionalismo: média 3,71, o trabalho e o espaço de vida total: média 3,40,

e por fim a relevância social do trabalho na vida: média 3,72. Assim, com um

indicador geral de 3,53 é possível afirmar que os colaboradores da área de

Qualidade de Produto da empresa Portobello S/A estão satisfeitos em relação

à QVT, entretanto, ações como a reformulação dos programas de

remuneração, revisão das políticas de remuneração variáveis, implantação de

um programa de bolsas de estudos, entre outras já citadas na analise dos

resultados, podem ser adotadas para melhoria desta percepção.

Por se tratar de uma pesquisa de abordagem quantitativa e descritiva

verificou-se certa limitação na analise de resultados, visto que não foi possível

investigar o que leva os colaboradores a terem determinada percepção, e neste

sentido, como sugestão de pesquisa futura propõe-se realizar um estudo de

natureza qualitativa, baseado no mesmo modelo de QVT utilizado, que busque

identificar e entender as raízes dos problemas e colher junto aos participantes

sugestões de melhorias dentro de um plano de ação para que sejam efetivas

em seu propósito.

Por fim conclui-se que a Qualidade de Vida no Trabalho é um tema que

está sendo cada vez mais explorado e vem ganhando espaço entre as

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empresas que buscam nas pessoas o seu diferencial competitivo. Que os

gestores possuem o enorme desafio de torna-la real dentro do ambiente

organizacional e que para obter sucesso e solidez necessita do envolvimento e

participação da organização como um todo.

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APÊNDICE

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Pesquisa sobre Qualidade de Vida no Trabalho

Esta é uma pesquisa do curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí e gostaria de solicitar a

sua colaboração para responder ao questionário a seguir. Este servirá de base para analisar o índice de

satisfação de Qualidade de Vida no Trabalho no setor de Controle de Qualidade da empresa Portobello

S.A. Não existem respostas certas ou erradas, o que importa é sua percepção sobre cada item da pesquisa.

Não é necessário informar seu nome, portanto, não haverá identificação. Desde já agradeço a cooperação

e coloco-me a disposição para esclarecer eventuais duvidas.

BLOCO A – Perfil do Colaborador

A.1 Dados de Identificação

A.1.1 Gênero: [ ] Feminino [ ] Masculino

A.1.2 Idade: [ ] Entre 18 e 25 [ ] Entre 26 e 32 [ ] Entre 33 e 40 [ ] Entre 41 e 50 [ ] Mais de 50

A.1.3 Estado Civil: [ ] Casado [ ] Solteiro [ ] Divorciado [ ] Amasiado [ ]

Outro_________________________

A.1.4 Grau de Escolaridade: [ ] Ensino fundamental [ ] Ensino médio [ ] Ensino superior completo [ ]

Ensino superior incompleto [ ] Outro_________________________

A.1.5 Cargo: _______________________________

A.1.6 Tempo de empresa: _____________________

A.1.7 Renda Familiar: [ ] Até 1.356,00 [ ] de 1.357,00 a 3.390,00 [ ] de 3.391,00 a 6.780,00 [ ] de

6.780,00 a 16.950,00

[ ] acima de 16.951,00.

BLOCO B – Questionário sobre Qualidade de Vida no Trabalho Assinale o número que estiver de acordo com o seu grau de insatisfação ou satisfação com os

questionamentos abaixo, considerando que 1 significa muito insatisfeito e 5 muito satisfeito.

Questões Muito Muito

Insatisfeito Satisfeito

B.1 Compensação Justa e Adequada

B.1.1 O quanto você está satisfeito com seu salário

(remuneração)? 1 2 3 4 5

B.1.2

O quanto você está satisfeito com seu salário, se você o

comparar com o salário dos seus colegas que ocupam a

mesma função na empresa?

1 2 3 4 5

B.1.3 O quanto você está satisfeito com seu salário, se você o

comparar com os salários do mercado de trabalho? 1 2 3 4 5

B.1.4 O quanto você está satisfeito com as recompensas e a

participação em resultados que você recebe da empresa? 1 2 3 4 5

B.1.5

O quanto você está satisfeito com os benefícios extras

(alimentação, transporte, médico, dentista, etc) que a

empresa oferece?

1 2 3 4 5

B.2 Condições de Trabalho

B.2.1 O quanto você está satisfeito com sua jornada de trabalho

semanal (quantidade de horas trabalhadas)? 1 2 3 4 5

B.2.2 Em relação a sua carga de trabalho (quantidade de

trabalho), como você se sente? 1 2 3 4 5

B.2.3 Em relação ao uso de tecnologia no trabalho que você faz,

como você se sente? 1 2 3 4 5

B.2.4 O quanto você está satisfeito com a salubridade (ambiente e 1 2 3 4 5

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Questões Muito Muito

Insatisfeito Satisfeito

condições de trabalho) do seu local de trabalho?

B.2.5

O quanto você está satisfeito com os equipamentos de

segurança, proteção individual e coletiva disponibilizados

pela empresa?

1 2 3 4 5

B.2.6 Em relação ao cansaço que seu trabalho lhe causa, como

você se sente? 1 2 3 4 5

B.3 Uso e Desenvolvimento de Capacidades

B.3.1 Você está satisfeito com a autonomia (oportunidade tomar

decisões) que possui no seu trabalho? 1 2 3 4 5

B.3.2 Você está satisfeito com a importância da

tarefa/trabalho/atividade que você faz? 1 2 3 4 5

B.3.3 Em relação à poli-Valência (possibilidade de desempenhar

várias tarefas e trabalhos) no trabalho, como você se sente? 1 2 3 4 5

B.3.4

O quanto você está satisfeito com a sua avaliação de

desempenho (ter conhecimento do quanto bom ou ruim está

o seu desempenho no

trabalho)?

1 2 3 4 5

B.3.5 Em relação à responsabilidade conferida (responsabilidade

de trabalho dada a você), como você se sente? 1 2 3 4 5

B.4 Oportunidade de Crescimento e Segurança

B.4.1 O quanto você está satisfeito com a sua oportunidade de

crescimento profissional? 1 2 3 4 5

B.4.2 O quanto você está satisfeito com os treinamentos que você

faz? 1 2 3 4 5

B.4.3 Em relação às situações e a frequência em que ocorrem as

demissões no seu trabalho, como você se sente? 1 2 3 4 5

B.4.4 Em relação ao incentivo que a empresa dá para você

estudar, como você se sente? 1 2 3 4 5

B.5 Integração Social na Organização

B.5.1 Em relação à discriminação (social, racial, religiosa, sexual,

etc.) no seu trabalho como você se sente? 1 2 3 4 5

B.5.2 Em relação ao seu relacionamento com colegas e chefes no

seu trabalho, como você se sente? 1 2 3 4 5

B.5.3 Em relação ao comprometimento da sua equipe e colegas

com o trabalho, como você se sente? 1 2 3 4 5

B.5.4 O quanto você está satisfeito com a valorização de suas

idéias e iniciativas no trabalho? 1 2 3 4 5

B.6 Constitucionalismo (respeito às leis)

B.6.1 O quanto você está satisfeito com a empresa por ela

respeitar os direitos do trabalhador? 1 2 3 4 5

B.6.2 O quanto você está satisfeito com sua liberdade de

expressão (oportunidade dar suas opiniões) no trabalho? 1 2 3 4 5

B.6.3 O quanto você está satisfeito com as normas e regras do seu

trabalho? 1 2 3 4 5

B.6.4

Em relação ao respeito a sua individualidade

(características individuais e particularidades) no trabalho,

como você se sente?

1 2 3 4 5

B.7 O Trabalho e o Espaço de Vida Total

B.7.1 O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho

sobre sua vida/rotina familiar? 1 2 3 4 5

B.7.2 O quanto você está satisfeito com a influência do trabalho

sobre sua possibilidade de lazer? 1 2 3 4 5

B.7.3 O quanto você está satisfeito com seus horários de trabalho

e de descanso? 1 2 3 4 5

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Questões Muito Muito

Insatisfeito Satisfeito

B.8 Relevância Social do Trabalho na Vida

B.8.1 Em relação ao orgulho de realizar o seu trabalho, como

você se sente? 1 2 3 4 5

B.8.2 Você está satisfeito com a imagem que esta empresa tem

perante a sociedade? 1 2 3 4 5

B.8.3 O quanto você está satisfeito com a integração comunitária

(contribuição com a sociedade) que empresa tem? 1 2 3 4 5

B.8.4 O quanto você está satisfeito com os serviços prestados e a

qualidade dos produtos que a empresa fabrica? 1 2 3 4 5

B.8.5

O quanto você está satisfeito com a política de recursos

humanos (a forma de a empresa tratar os funcionários) que

a empresa tem?

1 2 3 4 5

Daryen Laus dos Anjos

[email protected]

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Nome do estagiário Daryen Laus dos Anjos

Orientador de conteúdo Prof. Ayrton Santos de Queiroz

Supervisor de campo Ricardo Alexandre dos Santos

Responsável pelo Estágio Profª. Marisa Pigatto