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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL DEISY JANINY GONÇALVES SILVA ASPECTOS TAXONÔMICOS E PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis aff. basicola ISOLADO DE CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA BAHIA ILHÉUS BAHIA 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL

DEISY JANINY GONÇALVES SILVA

ASPECTOS TAXONÔMICOS E PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis

aff. basicola ISOLADO DE CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA

BAHIA

ILHÉUS – BAHIA 2017

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DEISY JANINY GONÇALVES SILVA

ASPECTOS TAXONÔMICOS E PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis

aff. basicola ISOLADO DE CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA

BAHIA

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal. Linha de Pesquisa: Proteção de Plantas Orientador: Prof. Dr. Jadergudson Pereira Co-orientadora: Profª Drª Edna Dora Martins Newman Luz Co-orientadora: Profª Drª Elizabeth Amélia A. Duarte

ILHÉUS – BAHIA 2017

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DEISY JANINY GONÇALVES SILVA

ASPECTOS TAXONÔMICOS E PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis

aff. basicola ISOLADO DE CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA

BAHIA

Ilhéus, 21/02/2017

_________________________________________

Jadergudson Pereira Engenheiro Agrônomo – Doutor em Biologia de Fungos

UESC (Orientador)

_________________________________________

José Luiz Bezerra Biólogo – Ph.D em Fitopatologia

PPGPV – UESC

_________________________________________

Thiago Alves Santos de Oliveira Engenheiro Agrônomo – Doutor em Fitopatologia

UFRB

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DEDICATÓRIA

A Deus, pela saúde e oportunidade que foram concedidas a mim para a concretização desse sonho.

Aos meus pais Dália e José Lopes, à minha família e a todos que

fizeram o possível ou intercederam para que este sonho fosse

realizado.

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Dedico.

AGRADECIMENTOS

“Gratidão não é apenas a mais rica das

virtudes, mas sim a mãe de todas as outras”.

Cícero

A Deus, por sempre iluminar meus caminhos, me concedendo saúde,

coragem, amor, força, e alegrias para a realização deste sonho.

Aos meus pais, pelo apoio, dedicação e incentivo nos momentos de

dificuldade, e por ficarem ao meu lado para a realização desse sonho.

Aos meus irmãos José Victor e Débora, pelo amor, compreensão e alegrias.

Aos meus avós (in memorian), por serem exemplo de vida.

A toda minha família, pelo apoio.

Ao meu Orientador, Dr. Jadergudson Pereira, pela confiança, apoio,

compreensão, ensinamentos, conselhos e pela contribuição inestimável para minha

formação como profissional.

À minha Co-orientadora, Drª. Elizabeth Duarte, pelos ensinamentos,

disponibilidade e importante apoio nas análises moleculares.

À minha Co-orientadora, Drª. Edna Dora, pelo carinho, incentivo e

ensinamentos.

À Universidade Estadual de Santa Cruz, pela oportunidade que tive de cursar

mestrado nesta instituição.

Ao Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal e todo o corpo

docente, com o qual tive a oportunidade de conviver durante o curso.

Ao Dr. Célio Kersul e ao Dr. Bonadie, pelas mudas de cacau, graviola e

seringueira cedidas para a realização do presente trabalho.

A Delinho e Zezinho, que me ajudaram com o trabalho pesado.

Aos meus companheiros de laboratório e de curso: Gisele, Francis, Mateus,

Thaís e Thaiana, que me ofereceram ajuda sempre que precisei.

Aos colegas amigos que fiz durante esta etapa de vida.

À equipe do laboratório de biologia molecular da Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, pelo apoio.

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Á CAPES, pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa de estudos,

possibilitando o desenvolvimento desta dissertação.

A todos aqueles que, direta e indiretamente, contribuíram para realização

deste sonho.

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1 – Ocorrência de Podridão Negra em raízes de cenoura causada por

Thielaviopsis basicola e Ceratocystis fimbriata* (Cf) no Brasil.............................

10

Figura 2 – Raízes de Daucus carota com sintomas de Podridão Negra

(Thielaviopsis aff. basicola) provenientes de estabelecimento comercial

localizado em Ilhéus, Bahia..................................................................................

11

Figura 3 – Crescimento de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes meios de

cultura..............................................................................................................

16

Figura 4 – Estruturas teleomórficas de Thielaviopsis aff. basicola.......................

18

Figura 5 – Estruturas anamórficas de Thielaviopsis aff. basicola.......................

19

Figura 6 – Detalhes de estruturas teleomórficas de Thielaviopsis aff.

basicola.................................................................................................................

20

Figura 7 – Filogenia Bayesiana derivada de análises do conjunto de dados

concatenados (CERF 7F)....................................................................................

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CAPÍTULO 2

Figura 1 – Incisão no caule de Annona muricata 5 cm acima do solo............. 31

Figura 2 – Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de

Theobroma cacau, Annona muricata, Capsicum annuum e Passiflora edulis

f. flavicarpa.......................................................................................................

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8

Figura 3 – Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de

Lycopersicon esculentum e Hevea brasiliensis...............................................

33

Figura 4 – Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de

Coriandrum sativum e Petroselinum crispum..................................................

34

Figura 5 – Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em raízes feridas de

Beta vulgaris, Ipomoea batatas e Daucus carota............................................

35

Figura 6 – Plantas de Petroselinum crispum (A, B) e Coriandrum sativum

(C, D) após 45 dias da inoculação com Thielaviopsis aff.

basicola...........................................................................................................

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Figura 7 – Lesões necróticas em caules de Coriandrum sativum e

Petroselinum crispum inoculadas com Thielaviopsis aff. basicola (A, C) e

estruturas reprodutivas do patógeno (B, D)....................................................

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1

Tabela 1 – Comparação morfológica entre espécies de Thielaviopsis e

Chalaropsis (Complexo Ceratocystis)..............................................................

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CAPÍTULO 2

Tabela 1 – Inoculação do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em plantas

de oito famílias botânicas de importância para o Estado da Bahia.................

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................ xii

1. INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................

1

2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................

3

3. CAPITULO 1 – Aspectos taxonômicos de Thielaviopsis aff. basicola isolado de cenoura (Daucus carota L.) no Estado da Bahia.......................

7

RESUMO....................................................................................................... 7

3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 8

3.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 11

3.2.1 Obtenção e manutenção do isolado de Thielaviopsis aff. basicola....................................................................................................

11

3.2.2 Crescimento do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes meios de cultura.....................................................................

12

3.2.3 Caracterização morfométrica do isolado de Thielaviopsis aff. basicola....................................................................................................

12

3.2.4 Extração de DNA, sequenciamento e análises filogenéticas......... 13

3.2.4.1 Extração do DNA................................................................... 13

3.2.4.2 PCR e sequenciamento........................................................ 13

3.2.4.3 Análises filogenéticas............................................................ 14

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 15

3.3.1 Crescimento do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes meios de cultura.....................................................................

15

3.3.2 Caracterização morfométrica do isolado de Thielaviopsis aff. basicola....................................................................................................

16

3.3.3 Extração de DNA, sequenciamento e análises filogenéticas......... 23

4. CAPITULO 2 – Patogenicidade cruzada de Thielaviopsis aff. basicola isolado de Daucus carota em algumas plantas de importância econômica para o Estado da Bahia................................................................

26

RESUMO............................................................................................................ 26

4.1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 27

4.2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................ 29

4.2.1 Obtenção de inoculo de Thielaviopsis aff. basicola ............................. 29

11

4.2.2 Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em hospedeiros de famílias

diversas........................................................................................................

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4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 36

5. CONCLUSÕES GERAIS............................................................................... 40

REFERÊNCIAS................................................................................................. 41

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ASPECTOS TAXONÔMICOS E PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis

aff. basicola ISOLADO DE CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA

BAHIA

RESUMO

Thielaviopsis basicola foi descrito pela primeira vez como Torula basicola, parasitando bases de haste de Pisum (ervilhas) e Nemophila auriculata em King's Cliffe, na Inglaterra. Anos depois foi relatado em alguns países da Europa, causando a Podridão negra de raízes em Daucus carota (cenoura). No Brasil, há relatos deste fungo em cenoura no Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Maranhão. Objetivou-se, neste trabalho, estudar aspectos taxonômicos de T. aff. basicola isolado de cenoura, uma vez que o mesmo apresentou estruturas reprodutivas sexuadas e sua patogenicidade em plantas cultivadas de importância econômica para o sul da Bahia, como Annona muricata, Beta vulgaris, Coriandrum sativum, Petroselinum crispum, Ipomoea batatas, Hevea brasiliensis, Theobroma cacao, Passiflora edulis f. flavicarpa, Capsicum annuum e Lycopersicon esculentum. Foram testados diferentes meios para o desenvolvimento do fungo (Milho-Ágar, Extrato de Malte-Ágar 2% e Batata-Dextrose-Agar). Os estudos morfológicos foram feitos em microscópio ótico, com lâminas preparadas contendo estruturas reprodutivas. Para a análise em Microscópio Eletrônico de Varredura, amostras do tecido de cenoura com estruturas do fungo foram montadas em “stubs” e revestidas em ouro. Para análises moleculares foram utilizadas as respectivas regiões de genes ITS, VG9-R, Cer-MCM7F, Cer-MCM7R, RPB2-5Fb, RPB2-7Rb. A sequências obtidas foram comparadas com depositadas no GenBank. Em mudas de plantas herbáceas e lenhosas foram induzidos ferimentos, em seguida inoculou-se com uma pipeta 100 μL de uma suspensão de 2,5 × 106 fialoconídios/mL, nas testemunhas 100 μL de água estéril. Em raízes de I. batatas e B. vulgaris foram feitos ferimentos superficiais com o auxílio de um estilete, inoculando-se a suspensão conforme descrito anteriormente. Também foram utilizados discos de micélio de 5 mm de diâmetro a partir de cultura do patógeno e BDA puro para testemunhas. O local de inoculação foi vedado com filme de PVC para evitar a dessecação e entrada de patógenos secundários. O isolado de T. aff. basicola apresenta ascomas peritecióides globosos,100–225 × 175–262,5 μm, pescoço (rostro) longo, 500–725 μm de comprimento × 22,5–30 μm largura na base × 17,5–25 μm largura na extremidade. Apêndices na base do ascoma ausentes. Hifas ostiolares 87,5–187,5 μm comp. Ascos não observados. Ascósporos com formato típico de “chapéu”, 4–6 × 3 μm, que acumulam-se como massa de coloração creme a amarelada na extremidade do pescoço. Aleurioconídios, 10–15 μm × 7–10 μm, observados no micélio basal dos ascomas. Fiálides 57,5–232,5 μm comp. × 5–7,5 μm (L da base), 2,5–5 μm (L da ponta). Fialoconídios unicelulares, 10–18 μm × 4 μm. Aleuroconídios (artroconídios ou clamidósporos) 24–55 μm, em cadeias de 3 a 7 células com dimensões 6–9 × 7–10 μm. Os resultados obtidos por comparação de sequências do isolado de T. aff. basicola utilizando-se as regiões gênicas com aquelas depositadas no GenBank indicam haver dois grupos distintos e que o isolado de T. aff basicola não agrupou

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com nenhum, indicando ser este geneticamente distinto. As inoculações mostraram que há alguma especialização do fungo quanto ao hospedeiro, pois o mesmo só foi patogênico à C. sativum e P. crispum, ambas da família Apiaceae.

Palavras chave: Ascomycota. Filogenia. Taxonomia. Cacau. Coentro.

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A cenoura (Daucus carota L.) pertence ao grupo das raízes tuberosas e é

uma hortaliça da família Apiaceae de elevada importância mundial, sendo também

expressiva no Brasil, onde é cultivada em larga escala nas Regiões Sudeste,

Nordeste e Sul. Segundo o CEPEA (2016), a cenoura é a quinta hortaliça mais

cultivada no Brasil e 80% da produção são destinados ao mercado interno. Com

uma produção de cenouras estimada em um milhão de toneladas por ano, o país

possui uma área de cultivo superior a 20 mil hectares. Os principais produtores são

Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia. A Bahia de 2014 para 2015 ocupou a

quarta posição com 1.200 ha de área plantada nas safras verão e inverno, onde os

municípios produtores que mais se destacam na atualidade são Lapão, Irecê e João

Dourado (DUMBRA, 2015).

A cultura da cenoura é bastante suscetível a diferentes patógenos, tendo os

fungos como principais agentes etiológicos responsáveis por várias doenças. Dentre

as doenças pós-colheita, a Podridão Negra das Raízes, causada pelo fungo

Thielaviopsis basicola/Ceratocystis, promove perdas significativas (LOPES; REIS

2016).

Thielaviopsis basicola (Berk. & Broome) Ferraris é um fungo de solo,

cosmopolita, polífago entre espécies de importância econômica e não apresenta

estádio sexual (teleomorfo) conhecido. Atualmente está classificado no Filo

Ascomycota, Classe Sordariomycetes, Ordem Microascales, Família

Ceratocystidaceae (INDEX FUNGORUM, 2017). O fungo não penetra diretamente

através da epiderme da planta sadia, que oferece uma forte barreira mecânica,

necessitando de vetor ou ferimentos, sendo que em condições de campo, o fungo

penetra principalmente através de cortes efetuados por ferramentas durante os

tratos culturais, como colheita, poda, desbrota, enxertia etc, mas, também pode

decorrer do ataque de insetos. Produz endoconidióforos que emergem lateralmente

da hifa, formando fiálides hialinas a castanho claro que produzem fialoconídios

hialinos, unicelulares com superfície lisa, dispostos em cadeias de comprimento

variável. Aleurioconidióforos emergem lateralmente a partir da hifa, são septados e

os aleuroconídios são marrons, globosos a piriformes, ocorrendo individualmente ou

em cadeias curtas (ENGELBRECHT; HARRINGTON, 2005). Os clamidósporos são

cilíndricos, multicelulados com paredes espessas e de coloração castanho escuro.

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Este fungo foi relatado em cenoura em alguns países, como a Austrália,

Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Nova Zelândia e Taiwan, sendo

detectado em D. carota L. subsp. sativus [Hoffm.] Arcang. na Bulgária (PUNJA;

GAYE, 1993; FARR; ROSSMAN, 2017). Além disso, outras espécies de

Thielaviopsis também foram relatadas neste mesmo hospedeiro na Bulgária, como

T. punctulata (Hennebert) A. E. Paulin, T. C. Harr. & McNew e Chalaropsis

thielavioides Peyronel (= T. thielavioides [Peyronel] A. E. Paulin, T. C. Harr. &

McNew) (FARR; ROSSMAN, 2017). No Brasil, T. basicola foi relatado no Rio Grande

do Sul (DALBOSCO et al., 2004), Distrito Federal (INÁCIO et al., 2012) e Maranhão

(SILVA; COSTA, 2013). Entretanto, Carvalho e Carmo (2003) visualizaram

estruturas teleomórficas de Ceratocystis fimbriata Ellis & Halst em raízes de cenoura

com sintomas de Podridão Negra comercializadas no Rio de Janeiro.

Dessa forma, frente à ampla gama de hospedeiros, esse trabalho foi proposto

com o objetivo de caracterizar morfológica e molecularmente um isolado de

Thielaviopsis basicola (complexo Ceratocystis) obtido de raízes de cenoura, uma vez

que apresentou o estádio teleomórfico, fato este não relatado até o momento na

literatura mundial, bem como verificar sua patogenicidade a alguns hospedeiros de

importância econômica para o Estado da Bahia.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

No gênero Thielaviopsis Went são encontradas espécies causadoras de

Podridão Negra das raízes em diversos hospedeiros. Fungos deste gênero são

patógenos de solo, sapróbios, cosmopolitas que afetam grande número de espécies

vegetais de importância econômica no Brasil, podendo causar doença em várias

culturas, como alface (Lactuca sativa L.), abacaxi (Ananas comosus L.), cenoura (D.

carota), cana-de-açucar (Saccharum officinarum L.), coco (Cocos nucifera L.), dendê

(Elaeis guineinsis Jacq.), cacau (Theobroma cacao L.) entre outras (ABBAS, 2007;

GAYED 1972; KOIKE; HENDERSON 1998; PEREG, 2013; WILSON WIJERATNAM

et al., 2005).

Thielaviopsis foi descoberto por Went (1893), baseado em uma única espécie

(Thielaviopsis ethacetica Went) em cana-de-açúcar. Antes da descoberta de

Thielaviopsis, De Seynes (1886) já havia descrito Sporoschisma paradoxum, De

Seynes e Saccardo (1892) consideraram que o fungo pertencia ao gênero Chalara

(Corda) Rabenh, propondo, portanto, a combinação Chalara paradoxa (De Seynes)

Sacc.

Höhnel (1904) também relatou um fungo do endosperma de coco, idêntico a

S. paradoxum, considerando que o mesmo era T. ethacetica, confirmado em

seguida por Went, uma vez que o epíteto paradoxa tinha prioridade sobre

ethacetica. Portanto, Höhnel propôs a combinação Thielaviopsis paradoxa (De

Seynes) Höhn.

Berkeley e Broome (1850) relataram Torula basicola Berk. & Broome

parasitando bases de hastes de ervilhas (Pisum sativum L.) e Nemophila auriculata

(Boraginaceae). Em 1910 Ferraris transferiu To. basicola para Thielaviopsis,

surgindo a combinação Thielaviopsis basicola (Berk. & Broome) Ferraris, colocando-

o como anamorfo de Thielavia basicola Zopf. Porém, em 1925, McCormick mostrou

que não existe ligação teloanamorfo entre Thielavia basicola e T. basicola.

Alguns autores consideraram que nomes de gêneros pleomórficos deveriam

ser baseados em caracteres mais concretos (HENNBERT, 1968; NAG RAJ;

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KENDRICK, 1975; HUGHES, 1953). Barron (1968) opinou que a distinção entre os

clados Chalara (Corda) Rabenh, Chalaropsis Peyrone e Thielaviopsis é arbitrária e,

devido a isso, colocou Thielaviopsis e Chalaropsis como sinônimos de Chalara.

Thielaviopsis, Chalara, Chaetochalara B. Sutton & Piroz, Hughesiella Bat. & A.F.

Vital e Trichocladium Harz mostram semelhança entre si. Chalara e Chaetochalara

têm um anamorfo monomórfico, Trichocladium, que possui conídios monomórficos e

solitários, Hughesiella possui um único conídio, enquanto Thielaviopsis difere de

Chalaropsis e Hughesiella por possuir artroconídios formados em uma cadeia de 4-8

conídios que permanecem ligados, parecendo um conídio multiseptado (ABBAS et

al., 2007; HENNBERT; SUTTON, 1994).

Nag Raj e Kendrick (1975) tentaram agrupar todos os fungos que possuem o

estado Chalara, mas este é encontrado em alguns Discomycetes, bem como em

Pyrenomycetes (PAULIN; HARRINGTON, 2000) e é, portanto, o produto de uma

evolução convergente.

No decorrer de vários estudos Paulin-Mahady et al. (2002), com base na

análise parcimônica das sequências da região do rDNA nuclear e sequências

parciais da subunidade LSU, colocaram quatro espécies de Chalara como um grupo

monofilético dentro do gênero Ceratocystis Ellis & Halst., são elas Ch. ovoidea Nag

Raj & W. B. Kendr., Ch. thielaviodes (Peyronel) Nag Raj & W. B. Kendr., Ch. populi

Veldeman ex Kiffer & Delon, e Ch. elegans Nag Raj & W. B. Kendr., que produzem

aleurioconídios típicos de Thielaviopsis, para o qual as espécies foram transferidas.

Três espécies, T. ovoidea (Nag Raj & W. B. Kendr.) A. E. Paulin, T. C. Harr. &

McNew, T. populi (Veldeman ex Kiffer & Delon) A. E. Paulin, T. C. Harr. & McNew e

T. thielavioides, foram morfologicamente semelhantes entre si, porém, as

sequências de rDNA mostraram-se distintas. Esses autores discordaram de Nag Raj

e Kendrick (1975) em colocar Thielaviopsis, Chalaropsis e Hughesiella como

sinônimos de Chalara, pois consideraram este último como um gênero distinto de

Thielaviopsis e alteraram sua descrição genérica. Além disso, colocaram

Chalaropsis e Hughesiella como sinônimos de Thielaviopsis. Portanto, a

classificação de T. basicola permaneceu inalterada, como confirmado pelos estudos

de rDNA feitos por Paulin-Mahady et al. (2002).

Segundo Abbas et al. (2007), a taxonomia de T. basicola ainda é bastante

confusa, pois diversos estudos demonstraram propostas de mudança na sua

nomenclatura. Recentemente, com base em análises moleculares, De Beer et al.

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(2014) colocaram T. basicola em Ceratocystis “incertae sedis”, alegando que este

táxon não foi consistentemente acomodado em algum dos sete maiores clados

formados (Ceratocystis s.s., Chalaropsis, Endoconidiophora Münch, Davidsoniella Z.

W. de Beer, T. A. Duong & M. J. Wingf., Thielaviopsis, Huntiella Z. W. de Beer, T. A.

Duong & M. J. Wingf. e Ambrosiella Brader).

Thielaviopsis basicola é um patógeno de solo, filamentoso, polífago e

cosmopolita entre espécies de importância econômica, causando nas mesmas a

Podridão Negra das Raízes. Não apresenta estágio sexual (teleomorfo) conhecido,

produz aleurioconídios marrons, globosos a piriformes que podem ser simples ou em

cadeias curtas, células conidiogênicas fialídicas simples e tubulares, que seguem

em direção ao ápice e produzem cadeias de conídios primários retangulares ou, em

alguns casos, conídios secundários escuros em forma de barril. Enquanto os

conídios germinam rapidamente, sendo responsáveis pela rápida disseminação do

patógeno, há também clamidósporos (artroconídios), que são considerados esporos

de resistência, e permanecem viáveis em condições adversas, os quais são

estimulados a germinar por exsudatos radiculares de plantas hospedeiras (ABBAS

et al., 2007; DE BEER et al., 2014).

Segundo Teixeira-Yañez (2005), acredita-se que T. basicola foi introduzido no

Brasil através de turfa contaminada importada, utilizada na formulação de substrato

para produção de mudas.

No Brasil T. basicola ocasiona diversas doenças em diferentes culturas. Em

cenoura, a Podridão Negra das raízes foi relatada primeiramente no Rio Grande do

Sul (DALBOSCO et al., 2004), em seguida no Distrito Federal (INÁCIO et al., 2012) e

Maranhão (SILVA; COSTA, 2013). Apesar da observação de Thielaviopsis por esses

autores, nesses locais, Carvalho e Carmo (2003) relataram C. fimbriata como sendo

o agente etiológico da doença em raízes de cenoura comercializadas no Rio de

Janeiro. Além de T. basicola, outras espécies também foram relatadas em cenoura

ocasionando a mesma doença, como T. punctulata e Chalaropsis thielavioides

Peyronel, relatados na Bulgária (FARR; ROSSMAN, 2017).

Recentemente, Silva e Pereira (2016) relataram a ocorrência de T. aff.

basicola em cenoura no Estado da Bahia. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi

caracterizar morfologica e molecularmente um isolado de T. aff. basicola (Complexo

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Ceratocystis) obtido de cenoura, bem como relatar a ocorrência do morfosexual

deste fungo, ainda não reportado na literatura mundial, e verificar a patogenicidade

deste isolado a algumas espécies vegetais de importância econômica para o Estado

da Bahia.

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3 CAPÍTULO 1

ASPECTOS TAXONÔMICOS DE Thielaviopsis aff. basicola ISOLADO DE

CENOURA (Daucus carota L.) NO ESTADO DA BAHIA

RESUMO

Thielaviopsis basicola foi descrito pela primeira vez como Torula basicola, parasitando bases de haste de Pisum (ervilhas) e Nemophila auriculata em King's Cliffe, na Inglaterra. Anos depois foi relatado em alguns países da Europa, ocasionando a Podridão negra de raízes em Daucus carota (cenoura). No Brasil, há relatos deste fungo em cenoura no Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Maranhão. Objetivou-se, neste trabalho, estudar aspectos taxonômicos de T. basicola isolado de cenoura, uma vez que o mesmo apresentou estruturas reprodutivas sexuadas. Foram testados diferentes meios para o desenvolvimento do fungo (Milho-Ágar, Extrato de Malte-Ágar 2% e Batata-Dextrose-Agar). Os estudos morfológicos foram feitos em microscópio ótico, com lâminas preparadas contendo estruturas reprodutivas. Para a análise em Microscópio Eletrônico de Varredura, amostras do tecido de cenoura com estruturas do fungo foram montadas em “stubs” e revestidas em ouro. Para análises moleculares foram utilizadas as respectivas regiões de genes ITS, VG9-R, Cer-MCM7F, Cer-MCM7R, RPB2-5Fb, RPB2-7Rb. A sequências obtidas foram comparadas com depositadas no GenBank. O isolado de T. aff. basicola apresenta ascomas peritecióides globosos,100–225 × 175–262,5 μm, pescoço (rostro) longo, 500–725 μm de comprimento × 22,5–30 μm largura na base × 17,5–25 μm largura na extremidade. Apêndices na base do ascoma ausentes. Hifas ostiolares 87,5–187,5 μm comp. Ascos não observados. Ascósporos com formato típico de “chapéu”, 4–6 × 3 μm, que acumulam-se como massa de coloração creme a amarelada na extremidade do pescoço. Aleurioconídios, 10–15 μm × 7–10 μm, observados no micélio basal dos ascomas. Fiálides 57,5–232,5 μm comp. × 5–7,5 μm (L da base), 2,5–5 μm (L da ponta). Fialoconídios unicelulares, 10–18 μm × 4 μm. Aleuroconídios (artroconídios ou clamidósporos) 24–55 μm, em cadeias de 3 a 7 células com dimensões 6–9 × 7–10 μm. Os resultados obtidos por comparação de sequências do isolado de T. aff. basicola utilizando-se as regiões gênicas com aquelas depositadas no GenBank indicam haver dois grupos distintos e que o isolado de T. aff basicola não agrupou com nenhum, indicando ser este geneticamente distinto.

Palavras chave: Apiaceae. Ascomycota. Filogenia. Taxonomia.

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3.1 INTRODUÇÃO

Thielaviopsis basicola (Berk. & Broome) Ferraris (= Chalara elegans Nag Raj

& W. B. Kend.) foi relatado amplamente em todo o mundo em uma vasta gama de

hospedeiros. Primeiramente foi descrito como Torula basicola (Berk. & Broome),

parasitando bases de hastes de ervilhas (Pisum sativuml L.) e “Nemophila

auriculata” em King's Cliff, Inglaterra. Anos depois foi relatado em Daucus carota L.

(cenoura) em alguns países, causando a Podridão Negra das Raízes, como na

Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Nova Zelândia e Taiwan,

sendo detectado em D. carota L. subsp. sativus [Hoffm.] Arcang. na Bulgária

(PUNJA; GAYE, 1993; FARR; ROSSMAN, 2017). Além da cenoura, esse patógeno é

responsável por doenças em mais de 140 espécies de plantas, destacando-se alface

(Lactuca sativa L.), citros (Citrus spp.), quiabo (Abelmoschus esculentus L.)

Moench), feijão de corda (Vigna unguiculata L.), fumo (Nicotiana tabacum L.),

amendoim (Arachis hypogaea L.), plantas ornamentais, entre outras (FARR;

ROSSMAN, 2017). Atualmente está classificado no Filo Ascomycota, Classe

Sordariomycetes, Ordem Microascales, Família Ceratocystidaceae (INDEX

FUNGORUM, 2017).

Espécies de Thielaviopsis Went são caracterizadas por apresentar células

conidiogênicas fialídicas simples e tubulares, que seguem em direção ao ápice e

produzem cadeias de conídios retangulares ou, em alguns casos, conídios

secundários escuros em forma de barril. Algumas espécies produzem clamidósporos

simples, asseptados, ou mais complexos e multisseptados, esporos de resistência

que podem sobreviver no solo durante muitos anos, em épocas de condições

climáticas adversas, e são estimulados a germinar por compostos produzidos pelas

raízes de plantas suscetíveis (ABBAS et al., 2007).

Com base apenas na morfologia, a primeira ocorrência de T. basicola no

Brasil, causando Podridão Negra em raízes armazenadas de cenoura, foi feita há

pouco mais de uma década no Rio Grande do Sul (DALBOSCO et al., 2004), em

seguida no Distrito Federal (INÁCIO et al., 2012) e Maranhão (SILVA; COSTA,

2013). Carvalho e Carmo (2003) relataram a Podridão Negra da Cenoura causada

por C. fimbriata, no Rio de Janeiro.

9

Milosavljevic et al. (2015) encontraram na superfície de raízes armazenadas

de cenoura (D. carota L. subsp. sativus [Hoffm.] Arcang.), um vegetal importante

para a Sérvia, o micélio negro do fungo, cujo sintomas manifestaram-se como

manchas negras irregulares que progrediam de tamanho. Após confirmação pelos

Postulados de Koch, juntamente com análises moleculares, comprovaram que o

agente causal da doença era Chalara thielavioides.

Além de T. basicola, outras espécies também foram relatadas em cenoura

ocasionando a mesma doença, como T. punctulata (Hennebert) A. E. Paulin, T.C.

Harr. & McNew e Chalaropsis thielavioides Peyronel (= T. thielavioides [Peyronel]

A.E. Paulin, T.C. Harr. & McNew), relatados na Bulgária (FARR; ROSSMAN, 2017).

Recentemente, Silva e Pereira (2016) relataram a ocorrência de T. aff.

basicola em cenoura na Bahia. A distribuição da ocorrência de T. basicola no Brasil

pode ser visualizada na Figura 1.

O objetivo deste trabalho foi caracterizar morfologica e molecularmente um

isolado de T. basicola (Complexo Ceratocystis) obtido de cenoura, bem como relatar

a ocorrência do morfossexual deste fungo ainda não reportado na literatura.

10

Figura 1. Ocorrência de Podridão Negra em raízes de cenoura causada por

Thielaviopsis basicola e Ceratocystis fimbriata* (Cf) no Brasil. BA =

Bahia; DF = Distrito Federal; MA = Maranhão; RJ = Rio de Janeiro; RS =

Rio Grande do Sul. *Provavelmente T. punctulata.

MA (2013)

RJ (2003) - Cf

RS (2004)

DF (2012) BA (2016)

11

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os estudos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia e Nematologia,

casa de vegetação do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal e no

Centro de Microscopia Eletrônica da UESC, Ilhéus, Bahia. As análises moleculares

foram feitas no Laboratório de Biologia Molecular da Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Bahia.

3.2.1 Obtenção e manutenção do isolado de Thielaviopsis aff. basicola

O isolado de Thielaviopsis utilizado neste estudo foi obtido de raízes de

cenoura produzidas na região de Jaguaquara, Bahia, apresentando sintomas de

Podridão Negra, sendo estas coletadas em um estabelecimento comercial localizado

no Bairro do Salobrinho, município de Ilhéus, Bahia (Fig. 2).

Figura 2. Raízes de cenoura com sintomas de Podridão Negra (Thielaviopsis aff. basicola) provenientes de estabelecimento comercial localizado no município de Ilhéus, Bahia.

12

Amostras do material foram levadas para o Laboratório de Fitopatologia e

Nematologia para realizar o isolamento indireto do patógeno. Para isso, as raízes

foram lavadas em água corrente e detergente neutro e fragmentos do tecido interno

sob a lesão foram cortados e desinfestados, utilizando-se o protocolo padrão: álcool

70% durante 30 segundos; hipoclorito de sódio 2% durante um minuto; água

destilada estéril por um minuto. Após secagem em papel de filtro esterilizado, os

fragmentos foram colocados em meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA),

contido em placas de Petri de 9 cm de diâmetro, as quais foram mantidas à

temperatura de 25ºC ±1 ºC em incubadora B.O.D. Após 48 horas, discos de BDA

contendo micélio das bordas da colônia foram repicados para obtenção de cultura

pura, a qual foi mantida em tubos de cultura com BDA e pelo método de Castellani

(CASTELLANI, 1939).

3.2.2 Crescimento do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes

meios de cultura

Com a finalidade de selecionar o melhor meio de cultura para o

desenvolvimento do fungo, testaram-se quatro meios: Corn Meal Agar (CMA,

Himedia®), Extrato de Malte-Agar 2% (EMA, Merck®) e o Batata-Dextrose-Agar

(BDA) preparado em laboratório (200 g de batata; 10 g de dextrose Himedia®; 17 g

de ágar Merck®; 1000 ml de água destilada). Todos os meios de cultura foram

preparados considerando os cuidados descritos por Dhingra e Sinclair (1995). Os

meios de cultura foram distribuídos em placas de Petri de 9 cm de diâmetro, para os

quais foi repicada a cultura pura de Thielaviopsis, sendo estas armazenadas a 25 ±

1 ºC em incubadora B.O.D. por 7 a 10 dias.

3.2.3 Caracterização morfométrica do isolado de Thielaviopsis aff. basicola

A caracterização morfológica do isolado de Thielaviopsis foi feita segundo

metodologia descrita por Paulin-Mahady et al. (2002) e De Beer et al. (2014). Para

observação de estruturas reprodutivas (peritécios, ascósporos, aleuroconídios,

fialoconídios, etc.) ao microscópio ótico, foram confeccionadas lâminas contendo

13

lactofenol com e sem azul de algodão. Foram feitas medições de 30 fialoconídios, 30

aleuroconídios, 30 ascósporos, 20 fiálides, 15 aleuroconidióforos e 15 peritécios.

Para obtenção de imagens em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)

(Quanta 25, EI Company®), amostras do tecido de D. carota com estruturas

reprodutivas do fungo foram montadas em “stubs” de metal cobertos com fita

condutora de carbono, os quais passaram por metalizador (SCD050, Bal-Tec®) para

revestimento em ouro e posterior visualização ao MEV.

3.2.4 Extração de DNA, sequenciamento e análises filogenéticas

3.2.4.1 Extração do DNA

O DNA foi extraído a partir de cultura pura do isolado de Thielaviopsis

(anamorfo e teleomorfo), utilizando-se o kit UltraClean® Microbial DNA Isolation

(MoBio, USA), seguindo as recomendações do fabricante. A integridade e a

quantidade do DNA foram verificadas usando eletroforese em gel de agarose 0,8% e

o Qubit® 2.0 Fluorometer (Invitrogen), respectivamente.

3.2.4.2 PCR e sequenciamento

As reações foram preparadas com os seguintes reagentes e concentrações:

60 ng de DNA de cada amostra (anamorfo e teleomorfo); 1x de tampão da enzima

Taq DNA polimerase; 3,7 mM de MgCl2; 0,6 pmol/μL de dNTPs; 0,4 pmol/μL de cada

primer; 2,5 U de Taq DNA polimerase, com volume final ajustado para 50 μL com

água ultra pura. Os ciclos de amplificações foram realizados no Veriti Thermal Cycler

PCR (Appplied Biosystems), seguindo as condições térmicas estabelecidas para

cada primer estudado. Os produtos amplificados foram visualizados em gel de

agarose 1%, corados com brometo de etídio e visualizados sob luz ultravioleta. Em

seguida, os amplicons foram purificados utilizando o kit Illustra® GFX PCR DNA and

Gel Band Purification (GE Healthcare Life Sciences) para posterior identificação

nucleotídica, utilizando o sequenciador automático ABI-Prism 3500 Genetic Analyzer

(Applied Biosystems), da empresa ACTGene Análises Moleculares LTDA. A edição e

14

montagem das sequências foram realizadas com o programa Sequencher 4.1.4

(Gene Code Corporation).

3.2.4.3 Análises filogenéticas

As sequências de diferentes regiões genéticas foram alinhadas com o auxílio

do software MEGA6®. Foram estudadas três regiões de genes diferentes: região ITS

(nuclear ribosomal DNA, Internal Transcribed Spacers), usando ITS4

(TCCTCCGCTTATTGATATGC) e ITS5 (GGAAGTAAAAGTCGTAACAAGG),

descritos por White et al. (1990); os primers ITS1-F (TCCGTAGGTGAACCTGCGG),

descrito por White et al. (1990); VG9-R (TTACGTCCCTGCCCTTTGTA), descrito por

De Hoog e van den Ende (1998); o componente 7 do complexo de manutenção do

minicromossomo (MCM7), Cer-MCM7F (ACICGIGTITCIGAYGTNAAGCC) e Cer-

MCM7R (TTRGCAACACCAGGRTCACCCAT), designados por De Beer et al.

(2014); a segunda subunidade maior da RNA polimerase II (RPB2) utilizando RPB2-

5Fb (GAYGAYMGWGATCAYTTYGG) e RPB2-7Rb

(CCCATRGCTTGYTTRCCCAT), descritos por Liu et al. (1999).

As regiões genicas estudadas (ITS, ITS-VG9, RPB2, MCM7) foram

analisadas separadamente e, posteriormente, comparadas com análise combinada.

As análises de máxima verossimilhança (ML) e IB Inferência Bayseana com 500

repetições bootstrap foram realizadas utilizando-se o software MEGA6® (Tamura et

al., 2013).

A identificação do anamorfo e teleomorfo do isolado de Thielaviopsis foi feita

a partir da comparação com sequências depositadas no banco de dados GenBank,

utilizando o BLASTn (Basic Local Alignment Search Tool), do National Center for

Biotechnology Information (NCBI) (http://www.ncbi.nlm.nih.gov). As sequências

obtidas neste estudo serão depositadas no GenBank.

15

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Crescimento do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes

meios de cultura

Dentre os meios de cultura testados, o que propiciou maior formação de

estruturas reprodutivas foi o Extrato de Malte-Ágar (EMA), no qual observaram-se

abundantes peritécios após 7 a 10 dias da repicagem, mesmo com a colônia

apresentando somente 2 a 3 cm de diâmetro (Figura 3B). Nos demais meios (BDA e

CMA), foram formados peritécios em menor número no mesmo período, apesar do

diâmetro das colônias ter sido similar. Isto é relevante, tendo em vista a necessidade

de se obter ascósporos e outras estruturas reprodutivas em menor tempo para o

preparo de suspensões.

Yarhood (1981) observou que T. basicola se desenvolve bem no meio

Czapek-Dox Agar e principalmente numa faixa de pH de 8-9,5, com temperatura

menor que 20 ºC.

Dhingra e Sinclair (1995) recomendam os meios Czapek-Dox Agar ou V-8

para produção de clamidósporos de T. basicola, o que ocorre entre 3 a 4 semanas.

Paulin-Mahady et al. (2002), Mbenoun et al. (2014) e De Beer et al. (2014)

utilizaram EMA ou BDA para cultivar isolados de Ceratocystis e Thielaviopsis, mas

não abordaram qual o melhor meio para a produção de peritécios ou outras

estruturas reprodutivas em menor tempo. Diferentemente do observado neste

trabalho, Rodrigues (2016) verificou que, dentre quatro meios testados para a

produção de peritécios de Ceratocystis cacaofunesta Engelbr. & T. C. Harr., o

melhor foi o BDA preparado em laboratório. Tais diferenças podem ocorrer, uma vez

que há variação na concentração de nutrientes nos meios semissintéticos e

espécies, ou isolados de uma mesma espécie, podem responder de forma diferente

aos estímulos nutricionais, mantendo-se outros fatores ambientais controlados

(temperatura, luminosidade, etc). Assim, a composição do meio de cultura determina

a quantidade e qualidade do crescimento micelial e esporulação dos fitopatógenos

(DHINGRA; SINCLAIR, 1995).

16

Figura 3. Crescimento de Thielaviopsis aff. basicola em diferentes meios de cultura. A - Batata-Dextrose-Agar (BDA); B - Extrato de Malte-Agar (EMA), propiciando a formação de peritécios com produção abundante de ascósporos (detalhe); C – Corn Meal Agar (CMA).

3.3.2 Caracterização morfométrica do isolado de Thielaviopsis aff. basicola

Thielaviopsis basicola (Berk. & Broome) Ferraris, Fl. Ital. Crypt., Fungi 1: 233.

1912.

= Chalara elegans Nag Raj & W.B. Kendr., Monogr. Chalara Allied Genera (Waterloo): 111 (1975)

= Torula basicola Berk. & Broome, Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 5: 461 (1850)

= Trichocladium basicola (Berk. & Broome) J.W. Carmich., in Carmichael, Kendrick, Conners &

Sigler, Genera of Hyphomycetes (Edmonton): 185 (1980)

Ascomas peritecióides globosos, pretos, ostiolados, superficiais ou imersos

no substrato, 100–225 × 175–262,5 μm; pescoços (rostros) longos, retos, pretos,

500–725 μm de comprimento, 22,5–30 μm largura na base e 17,5–25 μm largura na

extremidade. Apêndices na base do ascoma ausentes. Hifas ostiolares (fimbrias)

castanhas claras a hialinas, não septadas, paredes lisas, 87,5–187,5 μm comp.

Ascos não observados. Ascósporos hialinos, unicelulares com formato típico de

“chapéu”, 4–6 × 3 μm, que acumulam-se como massa de coloração creme a

A B C

17

amarelada na extremidade do pescoço (Figuras 4 e 6). Aleurioconídios marrons,

globosos a piriformes, simples ou em cadeias curtas, 10–15 μm × 7–10 μm,

observados no micélio basal dos ascomas.

Fiálides castanhas claras a hialinas, 57,5–232,5 μm comp. × 5–7,5 μm (L da

base), 2,5–5 μm (L da ponta). Fialoconídios unicelulares, hialinos, cilíndricos, 10–18

μm × 4 μm. Aleurioconidióforos hialinos a marrons, 1–4 septos ,18–66 × 3–4 μm;

Aleuroconídios (artroconídios ou clamidósporos) castanho escuros, 24–55 μm, em

cadeias de 3 a 7 células, 6–9 × 7–10 μm (Figura 5).

Espécime examinado: BRASIL. BAHIA: Ilhéus, Salobrinho, Frutaria Claudinete

(14°79'78''S, 39°17'77''W), 15.X.2015, leg. Jad. Pereira, em raízes de Daucus carota

com sintomas de Podridão Negra (TFB 658).

Desde o seu estabelecimento, diversos autores não descreveram ou

observaram o estádio sexuado de T. basicola (BERKELEY; BROOME, 1850;

YARWOOD, 1981; PUNJA; SUN, 2000; PAULIN-MAHADY et al. 2002), fato este

ressaltado por De Beer et al. (2014) na mais recente revisão taxonômica de

Ceratocystis e gêneros próximos. Neste estudo, foram observadas estruturas

sexuadas no isolado de T. aff. basicola utilizado (IB = isolado da Bahia), o que torna

este fato inédito para a ciência e o caracteriza como importante contribuição no

conhecimento do ciclo reprodutivo deste fungo. Assim como T. cerberus, T.

ethacetica, T. paradoxa e T. punctulata, o isolado IB de T. aff. basicola produz

peritécios com rostros longos e ascósporos em forma de chapéu (Figura 4),

característicos de Ceratocystis sensu lato. Na Tabela 1 é possível observar alguns

caracteres taxonômicos de diversas espécies próximas de T. basicola, permitindo

uma comparação adequada das principais diferenças entre estas.

Relatos da ocorrência de T. basicola em cenoura foram feitos tanto no exterior

(PUNJA; GAYE, 1993; FARR; ROSSMAN, 2017) como no Brasil (DALBOSCO et al.,

2004; INÁCIO et al., 2012; SILVA; COSTA, 2013). Carvalho e Carmo (2003) fizeram

o primeiro relato da Podridão Negra em raízes armazenadas de cenoura no Brasil,

entretanto, relataram ser o agente causal Ceratocystis fimbriata, não registrando

formação de estruturas típicas de T. basicola naquela ocasião.

18

Figura 4. Estruturas teleomórficas de Thielaviopsis aff. basicola. A – Ascomas

peritecióides com massa de ascósporos na abertura ostiolar sobre raiz de

Daucus carota; B – Morfologia do ascoma com evidência do rostro longo;

C - Hifas ostiolares (fímbrias) e ascósporos sendo liberados em cadeia.

19

Figura 5. Estruturas anamórficas de Thielaviopsis aff. basicola. A – Aleuroconídios catenulados (artroconídios); B – Fiálide terminal. C – Fialoconídios cilíndricos, unicelulares. D – Aleurioconídios globosos a piriformes, simples.

20

O mais provável é que o fungo estudado por aqueles autores tratava-se de T.

punctulata (= Ceratocystis radicicola), o qual também foi isolado deste hospedeiro na

Austrália (VAN WYK et al., 2009), uma vez que esta espécie também forma

estruturas sexuadas e os aleuroconídios apresentam morfologia semelhante ao

ilustrado por Carvalho e Carmo (2003). Apesar disso, estes autores não

descreveram as medidas das estruturas reprodutivas e nem fizeram análises

moleculares, não permitindo que inferências seguras sobre a verdadeira identidade

daquele fungo sejam feitas com base na publicação.

Quando se compara as características morfológicas do isolado IB com as de

outras espécies causadoras da Podridão Negra em raízes de cenoura, observam-se

diferenças marcantes. O isolado IB forma peritécios no substrato natural e in vitro,

enquanto Chalaropsis thielavioides (= T. thielavioides), por exemplo, não forma,

além do primeiro apresentar dois tipos de aleuroconídios, sendo um formado nas

hifas basais do ascoma (simples) e o outro no estádio assexuado (artroconídios).

Duas diferenças marcantes entre o isolado IB e T. punctulata (= Ceratocystis

radicicola) são a formação de apêndice do ascoma (ausente vs. presente) e o

tamanho dos ascósporos (4–6 × 3 µm vs. 8–15 × 3–4 µm). Ressalta-se, que até o

momento, Ch. thielavioides e T. punctulata não foram relatados em D. carota no

Brasil.

Figura 6: Imagens em Microscópio Eletrônico de Varredura A – Detalhe da base do peritécio; B – Hifas ostiolares com acúmulo de ascósporos de Thielaviopsis aff. basicola.

21

Não se conheciam relatos anteriores da ocorrência de T. basicola em raízes

armazenadas de cenoura na Bahia, sendo o primeiro relato da Podridão Negra neste

estado feito a partir do estudo de Silva e Pereira (2016), ampliando o conhecimento

da distribuição desta doença no território nacional, como mostrado na Figura 1.

Historicamente, a taxonomia de T. basicola tem sido bastante confusa, fato

este bem ilustrado por Abbas et al. (2007), os quais registram a cronologia das

mudanças propostas na nomenclatura deste fungo por diversos autores.

Recentemente, com base em análises moleculares, De Beer et al. (2014) colocaram

T. basicola em Ceratocystis “incertae sedis”, alegando que este táxon não foi

consistentemente acomodado em algum dos sete maiores clados formados

(Ceratocystis s.s., Chalaropsis, Endoconidiophora, Davidsoniella, Thielaviopsis,

Huntiella e Ambrosiella). De fato, ao se observar os agrupamentos filogenéticos

obtidos considerando-se as regiões gênicas LSU, 60S e MCM7, T. basicola ficou

isolado em todas as análises. Algumas considerações sobre o posicionamento

genético do isolado IB são feitas no item 2.3.3.

Harrington e McNew (1997) citam que há variação em espécies de

Ceratocystis quanto à autocompatibilidade e autoesterilidade, o que pode ser

visualizado na Tabela 1, onde espécies de Ceratocystis, Thielaviopsis e gêneros

afins apresentam homo ou heterotalismo. No caso deste estudo, observou-se a

primeira condição, sendo que o isolado IB forma fácil e rapidamente estruturas

sexuadas in vitro, tanto em Extrato de Malte-Agar 2% como Batata-Dextrose-Ágar,

conforme discutido no item 2.3.1. O homotalismo pode proporcionar vantagem

reprodutiva para o fungo e permitir a manutenção de genótipos bem adaptados em

locais de escassez de linhagens compatíveis (PAOLETTI et al., 2007). Paulin-

Mahady et al. (2002) tentaram a produção de peritécios in vitro pareando diferentes

isolados de T. basicola e Ch. thielavioides, mas não obtiveram sucesso. Um dos

aspectos atribuídos pelos autores a este fato é que parece ter havido a perda do

estádio sexuado pelo menos uma vez em Ceratocystis.

22

Tabela 1 – Comparação morfológica entre espécies de Thielaviopsis e Chalaropsis (Complexo Ceratocystis).

Táxon Comp. Sexual

2

Teleomorfo

Peritécio (μm)

Rostro (μm)

Apêndice do ascoma

Aleuroconídios (μm)

Ascósporos (μm)

Conídios primários

(μm)

Conídios secundários

(μm)

Referência

Chalaropsis ovoidea - - - - - 8–16 × 4–10 - 10–21 × 2–4 - Paulin-Mahady et al. (2002)

Ch. populi - - - - - 6.7–12 × 6–9 - 6–18 × 2.2–3.8 - Kiffer and Delon (1983)

Ch. thielavioides - - - - - Simples, 10–20 × 8–

16 - 10-21 x 4-10 Paulin-Mahady et al. (2002)

T. basicola IB1 HO + 100–225

μm × 175–262,5

500–725 Ausente 1) globosos a piriformes, simples ou

em cadeias curtas, 10–15 μm × 7–10 μm;

2) artroconídios em cadeias de 3 a 7

células, 6-9 × 7-10 cada

4–6 × 3 10–18 × 4 Não observados Silva e Pereira (2016)

T. basicola - - - - - Artroconídios em

cadeias de 4 a 8 células, 7–12 × 10–17

- 7-17 × 2,5-4,5 - Ellis (1971)

T. cerberus

HO + 260–340 × 268–348

650–984 Digitado a estelar

Obovoides a subglobosos, simples ou em cadeias, 9–12

× 6–8

7–9 × 3–4 7–12 × 4–5 - Mbenoun et al. (2014)

T. ethacetica HT + 154–215 ×

156–216 672–862 Digitado Obovoides a

subglobosos, simples ou em cadeias, 14–

18 × 8–11

7–9 × 3–4 7–8 × 4–5 8–12 × 6–7 Mbenoun et al. (2014)

T. euricoi - - - - Ausente Obovoides a

subglobosos, simples ou em cadeias, 11–

14 × 8–11

- 9–11 × 4–5 11–16 × 6–7 Mbenoun et al. ( 2014)

T. musarum Indetermi

nada + 300 × 350 1100–

1200 Ausente Obovoides a

subglobosos, simples ou em cadeias, 12–

16 × 6–9

6–11 × 2-3.5 10–12 × 4–5 10–13 × 6–7 Mbenoun et al. (2014)

T. paradoxa HT + 237–317 ×

279–348 1063–1367

Digitado Obovoides a subglobosos, simples ou em cadeias, 10–

16 × 8–12

9–11 × 3–4 10–14 × 4–5 6–7 × 9–13 Mbenoun et al. (2014)

T. punctulata HT + 180–320

diam. 440–980 Digitado Subglobosos,

simples, 13–16 × 10–12

8–15 × 3–4 8–14 × 4–5 4–6 × 10–14 Mbenoun et al. (2014)

1IB = Isolado da Bahia.

2HO = Homotálico; HT = Heterotálico.

23

3.3.3 Extração de DNA, sequenciamento e análises filogenéticas

Na Figura 7, os resultados obtidos por comparação de sequências do isolado

IB de T. aff. basicola (anamorfo e teleomorfo), utilizando-se a região gênica CERF

7F, com algumas existentes no GenBank de táxons de Ceratocystis sensu lato de

diferentes partes do mundo, depositadas por De Beer et al. (2014), nota-se a

presença de dois clados distintos. No primeiro clado encontram-se T. paradoxa, T.

euricoi, T. musarum, T. ethacetica, T. cerberus, T. radicicola, Huntiella oblonga, T.

basicola, Chalaropsis thielavioides e Ch. ovoidea. No segundo clado, encontram-se

C. cacaofunesta e C. platani.

Claramente vê-se que o isolado IB (anamorfo e teleomorfo) não agrupou com

nenhum dos clados, indicando ser este geneticamente distinto. Na revisão de

Ceratocystis sensu lato, De Beer et al. (2014) verificaram que T. basicola não

agrupou com nenhum dos clados formados, o que levou os autores a incluírem este

fungo em Ceratocystis “incertae sedis”. Ressalta-se que as sequências de T.

basicola utilizadas naquele estudo foram obtidas apenas de estruturas anamórficas,

uma vez que os autores enfatizam não haver estádio sexuado conhecido para este

fungo, o que é corroborado por outros autores.

O isolado IB possui a característica de se reproduzir sexuadamente, o que

pode ter sido em virtude de possível cruzamento (hibridação) com alguma espécie

de Ceratocystis. Por ter possivelmente herdado genes que expressam

particularidades genéticas e morfológicas, o isolado IB ficou mais próximo do clado

dois (Figura 7). Como citado anteriormente, Engelbrecht e Harrington (2005)

afirmam a possibilidade de ocorrer hibridação entre espécies de Ceratocystis.

Outro aspecto importante a ser ressaltado é que o isolado IB diferenciou-se

de T. punctulata e Ch. Thielavioides, ambas espécies causadoras da Podridão

Negra em raízes de cenoura, tanto no aspecto morfológico como genético (Tabela 1

e Figura 7, respectivamente). Resultados semelhantes para T. basicola foram

obtidos por Paulin-Mahady et al. (2002).

Estudos moleculares complementares serão feitos para ampliar a

comparação do isolado IB com outras sequências de T. basicola depositadas no

GenBank, uma vez este estudo restringiu-se apenas na utilização de CERF 7F,

marcador utilizado por De Beer et al. (2014). Entretanto, pode-se inferir que o

isolado IB é um novo táxon, o qual será devidamente acomodado e ampliará a lista

24

de espécies causadoras da Podridão Negra da Cenoura. Não há dúvidas que a

descoberta da fase sexuada deste fungo permitirá definir a classificação de T.

basicola, o qual tem sido tão controverso na história micológica mundial.

25

Figura 7. Filogenia Bayesiana derivada de análises do conjunto de dados concatenados (CERF 7F). Ramos representam probabilidades BI (inferência Bayesiana) de 95%; bootstrap com valores iguais ou superiores a 70% a partir de 500 replicas, indicados nos nós os valores ML (Maximum Likelihood).

Clado 1

Clado 2

26

4 CAPÍTULO 2

PATOGENICIDADE CRUZADA DE Thielaviopsis aff. basicola ISOLADO DE

Daucus carota L. EM ALGUMAS PLANTAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

PARA O ESTADO DA BAHIA

RESUMO

Daucus carota é uma hortaliça de elevada importância mundial. No Brasil, é cultivada em larga escala nas Regiões Sudeste, Nordeste e Sul, com produção anual de mais de um milhão de toneladas de raízes. A doença conhecida como Podridão Negra, ocasionada por Thielaviopsis basicola, causa perdas significativas na produção. Objetivou-se neste trabalho estudar a patogenicidade do isolado de T. aff. basicola em plantas cultivadas de importância econômica para o sul da Bahia, como Annona muricata, Beta vulgaris, Coriandrum sativum, Petroselinum crispum, Ipomoea batatas, Hevea brasiliensis, Theobroma cacao, Passiflora edulis f. flavicarpa, Capsicum annuum e Lycopersicon esculentum. Em mudas de plantas herbáceas e lenhosas foram induzidos ferimentos, em seguida inoculou-se com uma pipeta 100 μL de uma suspensão de 2,5 × 106 fialoconídios/mL, nas testemunhas 100 μL de água estéril. Em raízes de I. batatas e B. vulgaris foram feitos ferimentos superficiais com o auxílio de um estilete, inoculando-se a suspensão conforme descrito anteriormente. Também foram utilizados discos de micélio de 5 mm de diâmetro a partir de cultura do patógeno e BDA puro para testemunhas. O local de inoculação foi vedado com filme de PVC para evitar a dessecação e entrada de patógenos secundários. As inoculações mostraram que há alguma especialização do fungo quanto ao hospedeiro, pois o mesmo só foi patogênico à C. sativum e P. crispum, ambas da família Apiaceae.

Palavras chave: Podridão Negra. Coentro. Salsa. Cacau.

27

3.1 INTRODUÇÃO

O gênero Thielaviopsis contempla diversas espécies fúngicas distribuídas em

vários lugares do mundo em uma ampla gama de hospedeiros, incluindo plantas

herbáceas e lenhosas de diferentes famílias (FARR; ROSSMAN 2017).

No Brasil há relatos de poucas espécies pertencentes a este gênero, dentre

elas Thielaviopsis musarum (R. S. Mitchell) Riedl na bananeira, Thielaviopsis

paradoxa na cana-de-açúcar, cacau, coqueiro, dendê e outras espécies de

palmeiras (CARVALHO et al., 2013), e o mais importante, T. basicola em cenoura

(SILVA; COSTA, 2013) e outros hospedeiros.

Thielaviopsis basicola tem uma gama de hospedeiros de mais de 140

espécies, sendo frequentemente encontrado nas famílias Apiaceae, Fabaceae,

Malvaceae, Solanaceae e Cucurbitaceae (FARR; ROSSMAN 2017).

Daucus carota é uma hortaliça da família Apiaceae de elevada importância

mundial. No Brasil, é cultivada em larga escala nas Regiões Sudeste, Nordeste e

Sul, com produção anual de mais de um milhão de toneladas de raízes. Esta planta

é bastante suscetível a diferentes patógenos tendo como os principais agentes

etiológicos os fungos, responsáveis por várias doenças como Podridão de Pré e

Pós-emergência, Queima-das-Folhas, Podridão das Raízes, Tombamento de

Plântulas, entre outras. Dentre as doenças pós-colheita, a Podridão Negra das

Raízes, causada pelo fungo T. basicola, promove perdas significativas.

Abbas et al. (2007) observaram, no Paquistão, raízes de feijão Caupi

(Vigna unguiculata L.) com sintomas de podridão, confirmando ser T. basicola o

agente causal da doença. Pereg (2013) relatou a ocorrência de T. basicola em

plantas de algodão na Austrália com sintomas de crescimento retardado ou lento no

início da estação, em comparação com plantas saudáveis ao redor atrasando a

floração ou maturidade da planta.

A primeira ocorrência de Podridão Negra em raízes armazenadas de cenoura

foi feita há pouco mais de uma década no Rio Grande do Sul (DALBOSCO et al.,

2004), e posteriormente no Distrito Federal (INÁCIO et al., 2012) e Maranhão

28

(SILVA; COSTA, 2013). No Rio de Janeiro, Carvalho e Carmo (2003) atribuíram a

Podridão Negra em raízes de cenoura a C. fimbriata.

Desta forma, objetivo deste trabalho foi estudar a possível patogenicidade de

um isolado de T. aff. basicola a algumas espécies vegetais de importância

econômica para o Estado da Bahia.

29

4.2 MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Fitopatologia e

Nematologia da UESC, onde o isolado foi cultivado para a obtenção da suspensão

de inóculo e discos de micélio, e na casa de vegetação do Programa de Pós-

Graduação em Produção Vegetal, onde foram cultivadas e inoculadas plantas das

famílias Apiaceae, Annonaceae, Amaranthaceae, Convolvulaceae, Euphorbiaceae,

Malvaceae, Passifloraceae e Solanaceae.

4.2.1 Obtenção de inóculo de Thielaviopsis aff. basicola

O isolado do patógeno foi cultivado em meio Extrato de Malte-Agar (EMA 2%)

contido em placa de Petri que foram mantidas em incubadora a 25 ºC durante 10

dias. Após esse período, foram adicionados 5 mL de água destilada esterilizada

sobre a colônia formada na placa, fazendo-se uma raspagem da superfície micelial

com uma alça de Drigalski e filtração em gaze, para obtenção de uma suspensão de

inóculo (fialoconídios) na concentração de 2,5 × 106 fialoconídios/mL, seguindo o

utilizado por Laia et al. (2000). Também foram utilizados discos de micélio de 5 mm

de diâmetro a partir da cultura do isolado.

4.2.2 Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em hospedeiros de famílias

diversas

Para verificar a patogenicidade cruzada do isolado de T. aff. basicola obtido

de cenoura a outros hospedeiros, inocularam-se plantas das seguintes famílias:

Annonaceae - Annona muricata L. (graviola); Amaranthaceae – Beta vulgaris L.

(beterraba); Apiaceae - Coriandrum sativum L. (coentro) e Petroselinum crispum

(Mill.) Nym. (salsa); Convolvulaceae - Ipomoea batatas [L.] Lam. (batata doce);

Euphorbiaceae - Hevea brasiliensis [Willd. Ex A.Juss.] Müll. Arg. (seringueira);

30

Malvaceae - Theobroma cacao L. (cacau); Passifloraceae - Passiflora edulis f.

flavicarpa O. Deg. (maracujá); Solanaceae - Capsicum annuum L. (pimentão) e

Lycopersicon esculentum Mill. (tomate).

Em mudas de cacau, graviola, maracujá, pimentão e tomate foram feitas

incisões superficiais no caule 5 cm acima do solo, com o auxílio de uma lâmina

desinfestada com álcool 70% (Figura 1). Sobre os ferimentos foram pipetados 100

µL da suspensão do inóculo, vedando-os, logo após, com filme de PVC para evitar a

dessecação e entrada de patógenos secundários (Figuras 2 e 3). Na seringueira,

devido à liberação do látex que dificulta a aplicação da suspensão de inóculo, discos

de micélio de 5 mm de diâmetro foram utilizados para inocular plantas dos clones

CDC 312, IAN 6590, FX 3864, SIAL 893 e PMB1 (Figura 3: C e D). Para cada clone

foram consideradas a testemunha e o tratamento (planta inoculada).

Em mudas de coentro e salsa, por possuírem o caule mais frágil, foram feitos

ferimentos superficiais com auxilio de um estilete desinfestado com álcool 70% e

inoculação com discos de micélio (Figura 4).

31

Figura 1. Incisão no caule de Annona muricata, 5 cm

acima do solo

32

Figura 2. Inoculação cruzada de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de Theobroma cacao, Annona muricata, Capsicum annuum e Passiflora edulis f. flavicarpa. A, C, E e G – inoculadas; B, D, F e H – testemunha.

33

Figura 3. Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de Lycopersicon esculentum e Hevea brasiliensis. A e C – inoculadas; B e D – testemunha.

34

Figura 4. Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de Coriandrum sativum e Petroselinum crispum. A – inoculada; B – testemunha; C: detalhe da manutenção da umidade nos locais de inoculação.

Em raízes de batata e beterraba também foram feitos ferimentos superficiais

com o auxílio de um estilete, inoculando-se a suspensão conforme descrito

anteriormente. Raízes sadias de cenoura foram inoculadas paralelamente com a

mesma suspensão para confirmação da patogenicidade do isolado (Figura 5).

Foram utilizadas dez plantas/raízes de cada espécie, sendo cinco

testemunhas positivas (suspensão de inóculo ou disco de micélio) e cinco

testemunhas negativas (água estéril ou disco de meio de cultura EMA 2%).

Realizaram-se observações do terceiro ao 10º dia após a inoculação para verificar a

ocorrência de sintomas em raízes, e do terceiro até o 45º dia após a inoculação em

mudas. Para confirmação da condição patogênica do isolado utilizado, este foi

novamente inoculado em raízes sadias de cenoura e posteriormente reisolado,

cumprindo-se os Postulados de Koch.

35

Figura 5. Inoculação de Thielaviopsis aff. basicola em raízes feridas de Beta vulgaris, Ipomoea batatas e Daucus carota (A, C, E e G – inoculadas; B, D, F e H – testemunha).

36

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No teste de patogenicidade cruzada do Thielaviopsis aff. basicola em

hospedeiros de diferentes famílias, o isolado não foi patogênico às espécies de

graviola, pimentão, seringueira, tomate, maracujá e cacau aos 45 dias após a

inoculação, e à beterraba e batata doce aos 10 dias após a inoculação. Não houve

manifestação de sintomas durante o período de avaliação (Tabela 1). Deste modo, a

ausência de sintomas nesses hospedeiros pode ser em virtude de vários fatores,

como variabilidade genética e especialização por hospedeiro.

O fato do isolado de T. aff. basicola ter sido patogênico ao coentro e à salsa

(Figuras 6 e 7), e não aos demais hospedeiros, mostrou haver especificidade deste

em nível da Família Apiaceae. Isto sinaliza a importância de se entender melhor os

mecanismos de patogenicidade, tendo em vista enorme gama de hospedeiros de T.

basicola em diversas partes do mundo. Punja e Sun (2000) verificaram substancial

variação genética de isolados de T. basicola obtidos de diversas culturas,

especulando que esta variabilidade pode ser em função da adaptação aos

hospedeiros específicos.

37

Tabela 1 – Inoculação do isolado de Thielaviopsis aff. basicola em plantas de oito famílias botânicas de importância para o Estado da Bahia.

Família Espécie Método de Inoculação1

Reação à Inoculação2

Annonaceae Annona muricata SI -

Amaranthaceae Beta vulgaris SI -

Apiaceae Coriandrum sativum DM +

Daucus carota SI +

Petroselinum crispum DM +

Convolvulaceae Ipomoea batatas SI -

Euphorbiaceae Hevea brasiliensis DM -

Malvaceae Theobroma cacao SI -

Passifloraceae Passiflora edulis f. flavicarpa

SI -

Solanaceae Capsicum annuum SI -

Lycopersicon esculentum SI -

1SI = suspensão de inoculo e; DM = disco de micélio.

2+ = presença de sintomas/sinais e; - =

ausência de sintomas/sinais.

38

Figura 6. Plantas de Petroselinum crispum (A, B) e Coriandrum sativum (C, D) após 45 dias da inoculação com Thielaviopsis aff. basicola. A e C – inoculadas; B e D – testemunha.

39

Figura 7. Lesões necróticas em caules de Coriandrum sativum e Petroselinum crispum inoculadas com Thielaviopsis aff. basicola (A, C) e estruturas reprodutivas do patógeno (B, D).

40

4 CONCLUSÕES GERAIS

1. A formação de estruturas reprodutivas de Thielaviopsis aff. basicola deu-se

de forma mais rápida no meio Extrato de Malte-Ágar, observando-se

abundância destas 10 dias após a repicagem.

2. Com base nas características morfológicas, identificou-se isolado do fungo

obtido de Daucus carota como T. aff. basicola, uma vez que este apresenta

estruturas semelhantes a T. basicola mas também se reproduz de forma

sexuada, fato este característico do complexo Ceratocystis.

3. As análises moleculares permitiram obter grupos distintos de Ceratocystis

spp. e Thielaviopsis spp., mas revelou que o isolado de T. aff. basicola, objeto

deste estudo, não alinhou com os mesmos, indicando ser este geneticamente

distinto.

4. O isolado foi patogênico apenas a Coriandrum sativum e Petroselinum

crispum, ambas da família Apiaceae, nas quais observaram-se lesões

necróticas escurecidas, bem como estruturas reprodutivas do patógeno. Esse

resultado indica haver alguma especialização do isolado a espécies desta

família.

5. Estudos moleculares complementares são necessários para ampliar a

comparação de sequências gênicas do isolado estudado com outras

sequências de T. basicola depositadas no GenBank, uma vez este estudo

restringiu-se apenas na utilização de CERF 7F.

6. Pode-se inferir que o isolado estudado é um novo táxon, permitindo definir a

classificação de T. basicola.

41

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