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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva O agronegócio e as intoxicações agudas por agrotóxicos em Mato Grosso, Brasil. Shinarley Azevedo da Silva Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva para obtenção do título de Mestre. Linha de pesquisa: Diversidade Sócio- Cultural, Ambiente e Trabalho - Avaliação dos impactos dos agrotóxicos na saúde e ambiente. Orientador: Prof. Dr. Wanderlei A. Pignati Co-Orientador: Prof. Dr. Ageo Mario C. da Silva Cuiabá 2014

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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Saúde Coletiva

O agronegócio e as intoxicações agudas por agrotóxicos

em Mato Grosso, Brasil.

Shinarley Azevedo da Silva

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva para

obtenção do título de Mestre.

Linha de pesquisa: Diversidade Sócio-

Cultural, Ambiente e Trabalho - Avaliação

dos impactos dos agrotóxicos na saúde e

ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Wanderlei A. Pignati

Co-Orientador: Prof. Dr. Ageo Mario C. da

Silva

Cuiabá

2014

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O agronegócio e as intoxicações agudas por agrotóxicos

em Mato Grosso, Brasil.

Shinarley Azevedo da Silva

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva para

obtenção do título de Mestre.

Linha de pesquisa: Diversidade Sócio-

Cultural, Ambiente e Trabalho - Avaliação

dos impactos dos agrotóxicos na saúde e

ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Wanderlei A. Pignati

Co-Orientador: Prof. Dr. Ageo Mario C. da

Silva

Cuiabá

2014

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança - Cep: 78060900 -CUIABÁ/MT Tel : (65) 3615-8884 - Email : [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO: O agronegócio e as intoxicações agudas por agrotóxicos

em Mato Grosso, Brasil.

AUTORA: Mestranda SHINARLEY AZEVEDO DA SILVA

Dissertação defendida e aprovada em 20/08/2014

Composição da Banca Examinadora:

Presidente Banca / Orientadora: Doutor WANDERLEI ANTONIO PIGNATI

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinador Interno: Doutora MARTA GISLENE PIGNATTI

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinador Externo: Doutor ELIAS NASRALA NETO

Instituição: UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

CUIABÁ, 20/08/2014

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelas oportunidades concedidas;

Ao meu amor e companheira Adriana, pelo carinho, paciência e cuidado dispensados

na caminhada do dia a dia;

Aos meus pais, avó e irmãos pelo amor e orações;

Aos meus amigos, que são anjos na minha vida, em especial à Darléia, que sempre

me incentivou e me ouviu nos momentos mais difíceis deste curso;

Ao meu orientador Prof. Dr. Pignati e Co-orientador Prof. Dr. Ageo, pela confiança,

ensinamentos, amizade e por me oferecerem um estudo tão gratificante;

Aos professores do Instituto de Saúde Coletiva pelo compartilhamento de saberes;

À minha turma de mestrado pelas alegrias e crescimentos compartilhados;

A equipe da Secretaria Acadêmica em especial à Jurema e Hailton, sempre

atendendo com carinho e presteza;

Aos colegas de trabalho do Cerest, que sempre deram suporte e apoio nos momentos

em que precisei estar ausente;

À Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, pela disponibilização do banco de

dados para a pesquisa.

E a todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

estudo.

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Ambiente limpo não é o que mais se

limpa e sim o que menos se suja”

(Chico Xavier)

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SILVA, SA. O agronegócio e as intoxicações agudas por agrotóxicos em Mato

Grosso, Brasil [dissertação de mestrado]. Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva da

UFMT; 2014.

RESUMO

Introdução: As intoxicações por agrotóxicos são caracterizadas como problema de

saúde pública no mundo e ocasionam danos irreversíveis ao organismo do homem,

podendo evoluir ao óbito. Elas são decorrentes da cadeia produtiva gerada pelo

agronegócio e impactam sobre o ambiente e sobre as vidas animal e humana.

Objetivo: Avaliar as notificações de intoxicações por agrotóxicos e a sua relação

com o uso destes produtos em Mato Grosso, no período de 2007 a 2012. Métodos:

Estudo realizado em duas etapas: na primeira foi realizada análise descritiva acerca

das notificações de intoxicação por agrotóxicos registradas no SINAN, abrangendo

as dezesseis Regiões de Saúde de Mato Grosso, no período de 2007 a 2012 e sua

relação com a utilização deste produto no estado. Na segunda etapa foi realizado

estudo analítico acerca destas intoxicações por agrotóxicos e realizada se análises

descritiva, bivariada e regressão múltipla. Resultados: Etapa 1- Das 760

notificações analisadas, as regionais que apresentaram os maiores percentuais de

casos estão inseridas na cadeia do agronegócio neste estado: Sinop (16%),

Rondonópolis (13%), Barra do Garças (11%) e Tangará da Serra (9%). A maioria

dos casos ocorreu de maneira acidental (39%) seguida pela tentativa de suicídio

(29%). Etapa 2: Das 312 notificações resultantes da etapa 1, as maiores incidências

de intoxicações ocorreram em indivíduos do sexo masculino (69,23%). A faixa etária

com maiores frequências foi de 20 a 39 anos. 46,51% corresponderam á cor parda, e

mais que metade dos casos (70%) possuía até o nível fundamental completo. O local

da exposição foi o ambiente de trabalho (48%), intoxicação de forma acidental

(38%). Nos meses de outubro a março foram verificadas as maiores ocorrências que

coincidem com o período da safra agrícola. Em 66% dos casos houve atendimento

hospitalar e em 2% dos intoxicados houve cura com sequelas. Foram encontradas

associações entre três variáveis sobre as características de exposição aos agrotóxicos

e a variável desfecho “se são decorrentes do trabalho”, que são: o ambiente de

trabalho, agrotóxico de uso agrícola e exposição ambiental, sendo que todos

apresentaram p= < 0,001. Considerações: Os resultados sinalizam para os impactos

negativos do processo produtivo do agronegócio, indicando que os agrotóxicos que

são utilizados intensivamente na produção agrícola, estão induzindo intoxicações

agudas que coincidem com o período das safras agrícolas, sendo que as maiores

incidências estão nas regionais maiores produtoras. Os dados sugerem temas

específicos a serem incluídos nas capacitações destinadas aos profissionais de saúde:

a) classificação de agente tóxico; b) nome comercial do agrotóxico; c) Princípio ativo

e outros detalhes da vigilância de investigação das intoxicações exógenas do SINAN.

Recomenda-se um estudo sobre a viabilidade de integração do Sistema de

Informação de Agrotóxicos (SIA) à base de dados do SINAN, como meio de

minimizar as falhas no preenchimento das variáveis referentes aos agrotóxicos. Faz-

se necessário a implantação das ações da vigilância a saúde das populações expostas

aos agrotóxicos em Mato Grosso.

Descritores: Agronegócio; Agrotóxicos; Intoxicações.

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SILVA, SA. Agribusiness and acute poisoning by pesticides in Mato Grosso, Brazil

[dissertation]. Cuiabá: Institute of collective health of UFMT; 2014.

ABSTRACT

Introduction: The pesticide poisoning are characterized as public health problem

worldwide and cause irreversible damage to the body of man, can evolve to death.

They result in the production chain generated by agribusiness and impact on the

environment and on human and animal lives. Objective: To evaluate reports of

pesticide poisoning and its relation to the use of these products in Mato Grosso, in

the period 2007 to 2012 Methods: Study conducted in two stages: first descriptive

analysis was performed on notifications of pesticide poisoning recorded in SINAN,

covering sixteen health regions of Mato Grosso, in the period from 2007 to 2012 and

its relation to the use of this product in the state. In the second step was carried out

analytical study on these pesticide poisoning and performed descriptive, bivariate

and multiple regression analyzes. Results: Step 1 Of 760 complaints analyzed, the

regional who had the highest percentages of cases are inserted in the agribusiness

chain in this state: Sinop (16%), Rondonópolis (13%), Barra do Garças (11%) and

Tangará da Serra (9%). Most cases occurred from accidental way (39%) followed by

attempted suicide (29%). Step 2: Of the 312 notifications resulting from step 1, the

highest incidences of poisoning occurred in males (69.23%). The age group with the

highest frequency was 20-39 years. 46.51% were mixed race, and more than half the

cases (70%) had completed elementary level up. The venue of the exhibition was the

work environment (48%), accidental poisoning (38%). In the months from October

to March the major events that coincide with the period of harvest were verified. In

66% of cases there was in hospital and 2% of cure was intoxicated with sequelae.

Associations were found between three variables on the characteristics of pesticide

exposure and the outcome variable "if they are from work", which are: the working

environment, pesticide use in agriculture and environmental exposure, and all with p

<0.001. Considerations: The results point to the negative impacts of the

agribusiness production process, indicating that the pesticides that are used

intensively in agricultural production, are inducing acute poisoning which coincide

with the period of the harvest, with the highest incidences are higher in regional

production . The data suggest specific to be included in training for professionals of

health issues: a) classification of toxic agent; b) trade name of the pesticide; c)

Active Ingredient and other details of the surveillance research of exogenous

intoxications SINAN. A study on the feasibility of integrating the Pesticide

Information System (CIS) database SINAN as a means of minimizing errors in the

completion of the variables related to pesticides is recommended. It is necessary to

implement the actions of the health surveillance of populations exposed to pesticides

in Mato Grosso.

Keywords: agribusiness; pesticides; poisoning.

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Produção agrícola no Mato Grosso nos anos 2002 a 2012, em milhões de

hectares. ................................................................................................................... 28

Tabela 2 - Média anual dos agrotóxicos em litros, tipo, finalidade de uso e classe

toxicológica dos mais utilizados em Mato Grosso no período de 2005 a 2009. ...... 37

Tabela 3 - Total de agrotóxico utilizado por litros, total da população e demanda de

agrotóxico por habitantes do Estado de Mato Grosso, 2000 a 2012. ....................... 40

Tabela 4 - Intoxicações por agrotóxicos segundo agente tóxico, Brasil, SINAN, 2007

a 2013. ..................................................................................................................... 54

Tabela 5 - Distribuição dos casos notificados, confirmados e óbitos de intoxicações

por agrotóxicos, segundo sexo e estados brasileiros,SINAN, 2007 a 2012. ............ 55

Tabela 6 - Casos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e sexo, Brasil,

SINITOX, 2011. ...................................................................................................... 56

Tabela 7 - Intoxicações em Mato Grosso, segundo classificação por agente tóxico,

2007 a 2012, SINAN/MT. ....................................................................................... 71

Tabela 8 - Distribuição das notificações de intoxicações por agrotóxicos em Mato

Grosso, 207 a 2012, segundo agente tóxico. ............................................................ 72

Tabela 9 - Distribuição das notificações de intoxicação por agrotóxico por ano,

segundo Regional de Saúde, Mato Grosso, 2007 a 2012. ....................................... 73

Tabela 10 - Consumo de agrotóxicos, população residente, exposição ambiental e

notificações (Etapas 1 e 2) em Mato Grosso, 2007 a 2012. ..................................... 76

Tabela 11 - Exposição ambiental (litros/habitante) distribuída segundo Regiões de

Saúde de Mato Grosso, 2007 a 2012. ...................................................................... 77

Tabela 12 - Distribuição das notificações segundo variáveis sócio-demográficas dos

intoxicados, Mato Grosso, SINAN, 2007 a 2012. ................................................... 79

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Tabela 13 - Taxas de intoxicações por agrotóxicos, distribuídas por Regionais de

Saúde, nos anos de 2007 a 2012, Mato Grosso. ...................................................... 80

Tabela 14 - Intoxicações exógenas segundo variáveis relacionadas aos agrotóxicos,

Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN. ........................................................................ 82

Tabela 15 - Intoxicações por agrotóxicos segundo variáveis relacionadas aos

intoxicados, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN. ................................................... 83

Tabela 16 - Distribuição das notificações segundo variáveis sócio-demográficas dos

intoxicados, Mato Grosso, SINAN, 2007 a 2012. ................................................... 84

Tabela 17 - Distribuição das intoxicações por agrotóxicos segundo as variáveis sobre

as características de exposição aos agrotóxicos, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

................................................................................................................................. 85

Tabela 18 - Distribuição das intoxicações por agrotóxicos das variáveis segundo as

vias e circunstâncias de contaminação pelo agrotóxico, Mato Grosso, 2007 a 2012,

SINAN. .................................................................................................................... 86

Tabela 19 - Intoxicações por agrotóxicos das variáveis segundo características de

exposição aos agrotóxicos, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN. ........................... 86

Tabela 20 - Intoxicações por agrotóxicos em Mato Grosso, distribuídas por

município, SINAN, 2007 a 2012. .......................................................................... 110

Tabela 21 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Água Boa, 2007 a 2012. ......................................................................................... 112

Tabela 22 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Alta Floresta, 2007 a 2012. .................................................................................... 112

Tabela 23 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Baixada Cuiabana, 2007 a 2012. ........................................................................... 112

Tabela 24 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Barra do Garças 2007 a 2012. ................................................................................ 113

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Tabela 25 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Cáceres 2007 a 2012. ............................................................................................. 113

Tabela 26 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Colíder 2007 a 2012. .............................................................................................. 113

Tabela 27 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Diamantino 2007 a 2012. ....................................................................................... 114

Tabela 28 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Juara 2007 a 2012. ................................................................................................. 114

Tabela 29 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Juína 2007 a 2012. ................................................................................................. 114

Tabela 30 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Peixoto de Azevedo 2007 a 2012. ......................................................................... 114

Tabela 31 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Pontes e Lacerda, 2007 a 2012. ............................................................................. 115

Tabela 32 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Porto Alegre do Norte, 2007 a 2012. ..................................................................... 115

Tabela 33 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de São

Félix do Araguaia, 2007 a 2012. ............................................................................ 115

Tabela 34 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de

Sinop, 2007 a 2012. ............................................................................................... 116

Tabela 35 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de

Rondonópolis, 2007 a 2012. .................................................................................. 116

Tabela 36 - Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Tangará da

Serra, 2007 a 2012. ................................................................................................ 117

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Lista de figuras

Figura 1 - Produção agrícola e consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas

lavouras do Brasil, de 2002 a 2011. ......................................................................... 25

Figura 2 - Lavouras temporárias e consumo de agrotóxicos por municípios, Mato

Grosso, 2012. ........................................................................................................... 27

Figura 3 - Coeficiente de incidência de acidentes de trabalho por agrotóxicos em

trabalhadores da agropecuária, Brasil, SINAN (2007-2012). .................................. 47

Figura 4 - Coeficiente de incidência de acidentes de trabalho por intoxicação por

agrotóxico em trabalhadores da agropecuária, Brasil, 2000-2009, SIM. ................ 50

Figura 5 - Distribuição das notificações de intoxicação por agrotóxicos, segundo

Regional de Saúde, SINAN/MT, 2007 a 2012. ....................................................... 74

Figura 6 - Casos de intoxicação notificados segundo mês e ano de ocorrência em

Mato Grosso no período de 2007 a 2012. ................................................................ 74

Figura 7 - Distribuição das atividades exercidas das notificações de intoxicação por

agrotóxico em Mato Grosso, 2007 a 2012. .............................................................. 75

Figura 8 - Notificações de intoxicação por agrotóxicos em Mato Grosso, segundo

circunstância de Exposição, SINAN, 2007 a 2012. ................................................. 78

Figura 9 - Notificações por agrotóxicos distribuídas por ano, SINAN, 2007 a 2012,

Mato Grosso. ............................................................................................................ 81

Lista de quadros

Quadro 1 - Finalidade de uso e grupo químico dos agrotóxicos. ............................ 34

Quadro 2 - Classe toxicológica e cor da faixa no rótulo de produto agrotóxico. .... 35

Quadro 3 - Agrotóxicos em avaliação, em relação aos problemas que os mesmos

podem apresentam à saúde humana. ........................................................................ 36

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Quadro 4 - Pesquisas realizadas em Mato Grosso, acerca das consequências da

utilização de agrotóxicos sobre o meio ambiente e saúde humana. ......................... 45

Quadro 5 - Sintomas de intoxicação aguda e crônica relacionadas aos efeitos da

exposição aos agrotóxicos. ...................................................................................... 52

Quadro 6 - Regionais de Saúde em Mato Grosso. ................................................... 66

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Lista de siglas

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho

CEREST - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

CIAT - Centro de Informação e Atendimento Toxicológico

CIB – Comissão Intergestora Bipartite

CIT – Comissão Intergestora Tripartite

COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

DDT - Dicloro-difenil-tricloroetano

EPI – Equipamento de proteção individual

ERS – Escritório Regional de Saúde

FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

INCA - Instituto Nacional do Câncer

INDEA - Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso

MAPA- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MS – Ministério da Saúde

NOTIVISA- Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária

NR - Norma Regulamentadora

OMS - Organização Mundial de Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

PARA - Programa de Análise de Resíduos em Alimentos

PIS – Programa de Integração Social

PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

SES - Secretaria de Estado de Saúde

SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica

SIH - Sistema de Informação Hospitalar

SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade

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SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SINDAG - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas

SUS - Sistema Único de Saúde

SVS – Superintendência de Vigilância em Saúde

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ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO 17

1.1.PERGUNTAS NORTEADORAS 21

1.2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO 22

2.REVISÃO DE LITERATURA 23

2.1.O agronegócio no mundo, Brasil e Mato Grosso 23

2.2.Agrotóxicos: Definição e regulamentação 29

2.2.1. Brasil 29

2.2.2. Mato Grosso 32

2.3. A classificação dos agrotóxicos 33

2.4 Os agrotóxicos, o meio ambiente e a saúde humana 40

2.5.Grupos de risco 47

2.6.Intoxicações agudas por agrotóxicos 49

2.7. Intoxicações crônicas por agrotóxicos 51

2.8. As intoxicações por agrotóxicos no Sistema Único de Saúde – SUS 52

2.9.Vigilância em Saúde à população exposta aos agrotóxicos 57

2.10. Os sistemas de informação relacionados aos agrotóxicos no SUS 60

3.OBJETIVOS 62

3.1.Objetivo Geral 62

3.2.Objetivos Específicos 62

4.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 63

4.1.Delineamento do estudo 63

4.2.Área de estudo 63

4.3.Fontes de dados 66

4.4.Critérios de Inclusão 67

4.5.Critérios de Exclusão 67

4.6.Variáveis 67

4.7. Considerações Éticas 69

4.8. Divulgação e produção dos dados 70

4.9.Vantagens para a Saúde Coletiva e para o SUS 70

4.10.Limitações do estudo 70

5.RESULTADOS 71

5.1.Análise descritiva – Etapa 1 71

5.2.Análise descritiva – Etapa 2 78

5.3.Análise bivariada 84

5.4.Regressão múltipla 86

6.DISCUSSÃO 88

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 93

8.REFERÊNCIAS 95

ANEXOS 105

Anexo 1 – Autorização para utilização do banco de dados 106

Anexo 2 – Ficha de Investigação Intoxicação Exógena 107

APÊNDICES 109

Apêndice 1 - Tabelas não utilizadas nos resultados 110

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1.INTRODUÇÃO

O uso de agrotóxicos tornou-se uma das marcas da modernização agrícola

no mundo, pois são utilizados em todos os processos do agronegócio. Historicamente

eram utilizados como armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial (OPAS,

1997).

No Brasil, seu uso inicial se deu em programas de saúde pública, visando o

combate de insetos transmissores de agente patogênicos, conforme os registros da

Organização Pan-Americana de Saúde. Posteriormente, na década de 60, sua

utilização aumentou devido à implantação de políticas governamentais voltadas para

o desenvolvimento agrícola do país (SILVA et al., 2005).

As políticas de desenvolvimento agrícola estão atreladas à concessão de

crédito rural, vinculado ao consumo de venenos agrícolas, como também à redução

da carga tributária, que beneficia o setor industrial de agrotóxicos e

consequentemente estimula a venda e o consumo dos mesmos na produção no

campo. Tais contribuições estimulam o agronegócio no mundo todo, em especial no

Brasil, por ser um país privilegiado pela sua grande extensão territorial e clima

tropical (CARNEIRO et. al, 2012; AUGUSTO et. al. 2012; PIGNATI e

MACHADO, 2011; CARTA POLÍTICA, 2009; PIGNATI,2007).

No Brasil, 40% do PIB advêm da cadeia produtiva do agronegócio, e para

dimensionar a vasta utilização dos agrotóxicos neste país, no ano de 2012 a produção

agrícola brasileira foi distribuída em 74 milhões de hectares, abrangendo as culturas

de algodão, arroz, borracha, café, cana, feijão, mandioca, milho, soja, sorgo, trigo e

citrus, sendo utilizados 1,05 bilhões de litros do produto. Desde o ano de 2008 ocupa

posição de maior consumidor mundial e Mato Grosso é o estado que mais consome e

utiliza agrotóxicos em relação aos demais estados brasileiros (CARNEIRO et. al,

2012; AUGUSTO et. al., 2012; IBGE, 2010; BRASIL, 2010).

Mato Grosso é o maior produtor de soja, algodão, milho, girassol e gado

bovino. No Brasil, é o estado campeão na utilização de agrotóxicos, correspondendo

a 20% do consumo, seguido pelos estados de São Paulo (18%), Paraná (14%), Rio

Grande do Sul (11%), Minas Gerais (9%), Goiás (8,8%), Bahia (6,5%), Mato Grosso

do Sul (4,7%), Santa Catarina (2%) (SINDAG, 2012).

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Neste estado, somente no ano de 2012 foram utilizados 113.251.212 litros

de agrotóxicos distribuídos em 9,88 milhões de hectares de lavouras, cuja finalidade

das substâncias ou mistura destas substâncias de natureza química, são utilizadas

para prevenir, destruir ou repelir os agentes patogênicos de vida animal ou vegetal

que ameacem a alta produtividade no campo (PORTO e SOARES, 2012; IBGE,

2010; PIGNATI, 2007).

A maior quantidade de agrotóxicos é destinada às monoculturas (produção

em grandes espaços de terra), pois objetivam combater as pragas nas lavouras para

que se possa obter maior quantidade de produtos para vender no mercado

internacional (PORTO e SOARES, 2012).

São utilizados também nas residências, nos processos de jardinagem, para

eliminar ratos, baratas, moscas, piolhos; nos setores veterinário e pecuário, são

utilizados para combater os carrapatos e algumas doenças, como é o caso da

pediculose; e finamente, na Saúde Pública a sua utilização está direcionada ao

controle de vetores transmissores de doenças endêmicas, como é o caso da dengue

(ITHO, 2002).

No ano de 2012 o estado apresentou a seguinte produção nas lavouras

temporárias: a) soja: 21.841.292 toneladas, com utilização de 6.980.690 hectares; b)

cana-de-açúcar: 17.108,709 toneladas, com utilização de 246.298 hectares; c)

milho: 15.646.716 toneladas, com utilização de 2.740.833 hectares; d) algodão

herbáceo (em caroço): 2.804.712 toneladas, utilizando 728.645 hectares (IBGE,

2013).

A demasiada utilização de agrotóxicos pelo setor agrícola (seja ela feita por

trator, manual ou por aviação) muitas vezes é realizada bem próxima a fontes de

água, córregos, criação de animais, residências e vilas; sem o uso dos equipamentos

de proteção individual pelo trabalhador; e sem obedecer às delimitações de distância

aérea e terrestre estabelecidas, conforme preconiza as legislações vigentes, expondo

a saúde humana nas condições ocupacional, ambiental e alimentar, atingindo

sobretudo os trabalhadores, seus familiares, a população circunvizinha a uma

unidade produtiva e a população em geral (SILVA et al., 2005; BELO et al., 2012;

CUNHA, 2010; CURVO, 2013; PIGNATI, 2007; RIGOTTO, 2003; PORTO e

SOARES, 2012).

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Vários estudos evidenciaram que as atividades agrícolas geram riscos para a

saúde humana, ocasionando intoxicações agudas por agrotóxicos, podendo o ser

humano vir a desenvolver doenças crônicas como é o caso das neoplasias,

desregulações endócrinas, problemas neurológicos, problemas cardiovasculares,

pulmonares, problemas de fertilidade, malformações congênitas, doenças mentais e

tentativas de suicídio (GIBSON e KOIFMAN, 2008; HOSHINO, 2008; CUNHA,

2010; STOPELLI, 2005; GRISOLIA, 2005; PIRES et. al., 2005).

Pignati (2007) analisou a relação de processos de produção, saúde e

vigilância em saúde dos trabalhadores de Mato Grosso, nos anos de 1988 a 2005.

Neste estudo foi observado que 70% dos acidentes de trabalho (dentre eles

intoxicações por agrotóxicos, neoplasias e más-formações congênitas) estavam

relacionados às atividades exercidas no agronegócio. Foi observado ainda que há

deficiência nos serviços de assistência/vigilância/promoção de saúde.

Para Cunha (2010) em Mato Grosso existe associação entre níveis

alto/médio de uso de pesticidas e mortalidade por neoplasias malignas de esôfago,

estômago, pâncreas, encéfalo, próstata, leucemias e linfomas para as faixas etárias de

60 a 69 anos e 70 anos ou mais. Em relação ao câncer de mama, foi observada uma

associação com o uso alto/médio de pesticidas para as faixas etárias de 40 a 49 anos

e de 50 a 59 anos. Para as Regiões do estado que mais utilizam agrotóxicos, foram

detectadas as maiores taxas de neoplasias.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, cerca de

3 a 5 milhões de pessoas sofram intoxicações agudas decorrentes da exposição aos

agrotóxicos, e cerca de 220 mil mortes ao ano (OPAS, 1996; PIRES et al., 2005).

Como fontes de dados para a orientação das ações de Vigilância em Saúde

relacionadas às intoxicações por agrotóxicos, o Brasil dispõe de dois sistemas de

informação no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS): o Sistema de Informações

Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), cujos registros advêm das notificações

decorrentes do atendimento prestado através dos Centros de Informação e

Assistência Toxicológicas (CIATs); e o Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), consolidado e descentralizado, que permite a todos os

municípios o acesso aos bancos de dados e a consulta nas formas local e

regionalizada (OLIVEIRA et al., 2008; SINAN, 2007).

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O SINITOX originou-se na década de 1980 em decorrência da necessidade

de gerar informações aos profissionais de saúde pública e à população em geral,

informando e orientando sobre o diagnóstico, prognóstico, tratamento e prevenção

das intoxicações e envenenamentos, assim como sobre a toxicidade das substâncias

químicas e biológicas e os riscos que elas ocasionam à saúde.

As informações obtidas através deste sistema são geradas a partir de

registros realizados pelos Centros de Informação e Assistência Toxicológica

existentes no país. Mato Grosso é o estado que mais consome/utiliza agrotóxicos no

país, e não dispõe de um CIAT, o que justifica o fato de não haver nenhum registro

no sistema de casos de intoxicação por agrotóxicos para os anos de 2007 a 2013

(CARNEIRO et. al, 2012; AUGUSTO et. al, 2012; SINITOX, 2010).

O segundo sistema e objeto de estudo desta pesquisa, o SINAN, foi

implantado pelo Ministério da Saúde e dispõe sobre os procedimentos técnicos para a

notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador, dentre eles as

intoxicações por agrotóxicos (BRASIL, 2004).

Estas notificações (intoxicações por agrotóxicos) são realizadas em rede de

serviços sentinela específica vinculadas à Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde

do Trabalhador (RENAST), que tem como objetivo, disponibilizar informação

consistente e de fácil acesso sobre a situação da produção, perfil dos trabalhadores e

ocorrência de agravos relacionados ao trabalho (BRASIL, 2004).

Considerando que os impactos gerados pelo agronegócio podem acarretar

reações adversas à saúde humana, corroborando para a ocorrência de intoxicações

agudas o presente trabalho analisou as notificações de intoxicações por agrotóxicos

registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no

período de 2007 a 2012, em Mato Grosso, e a sua relação com o uso deste produto no

estado.

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1.1.PERGUNTAS NORTEADORAS :

1.Como estão distribuídas as notificações de intoxicação por agrotóxicos em Mato

Grosso, registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN),

segundo Regiões de Saúde, para o período de 2007 a 2012?

2. Será que as Regionais que mais utilizam agrotóxicos são as que mais notificam no

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)?

3.Será que estas notificações coincidem com o período safra das principais culturas

de grãos produzidas no estado?

4.Será que estas notificações são decorrentes do trabalho?

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1.2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A produção e a utilização de agrotóxicos nas lavouras deste estado têm

aumentado significativamente, pois Mato Grosso apresenta uma economia pautada

no agronegócio de alta produtividade que interage com os mercados nacional e

mundial.

Considerando que a utilização dos agrotóxicos é fator de risco para a saúde

humana, saúde animal e para o meio ambiente e que as intoxicações agudas

provocadas pelas exposições ambiental, ocupacional e alimentar a este veneno

tornou-se causa de morbi-mortalidade a nível mundial, configurando-se em um

desafio para a Saúde Pública; esta pesquisa se justifica a partir de dados secundários

(fichas de investigação, objeto deste estudo) além de caracterizarem o perfil das

intoxicações agudas por agrotóxicos junto às Secretarias Estadual e Municipais de

Saúde de Mato Grosso e traçar a análise situacional de saúde de populações,

contribuem ainda, para a sensibilização de gestores em saúde, na perspectiva de

aprimoramento das ações de prevenção, intervenção e monitoramento, voltadas

principalmente às populações expostas ambientalmente ao uso dos agrotóxicos

(BEDOR, 2008).

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2.REVISÃO DE LITERATURA

2.1.O agronegócio no mundo, Brasil e Mato Grosso

A popularização do uso dos agrotóxicos se deu após a Segunda Grande

Guerra, com o uso do DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), que foi primeiro

agrotóxico utilizado no combate e controle das pragas na agricultura. O sucesso deste

mecanismo de controle das pragas no campo foi tão eficaz para o controle das

pragas, que corroborou para que novos compostos fossem produzidos no mercado e

como consequência, houve um fortalecimento das indústrias de agroquímicos que

vigora até os dias atuais (SOARES e PORTO, 2007).

A II Guerra Mundial trouxe transformações tecnológicas e contribuiu

diretamente para a difusão do maquinário agrícola em todo o mundo e este foi o

principal objetivo da Revolução Verde, que levantava a bandeira da modernização e

do desenvolvimento de alta produtividade através do uso indiscriminado de agentes

químicos e que buscava alcançar especialmente os países não industrializados

(GUIVANT, 1992).

O Brasil assumiu este modelo de produção agrícola entre os anos de 1960 e

1970, consolidando a sua produção de exportação através do apoio governamental,

que fornece até os dias atuais, subsídio de créditos agrícolas voltados para a

implantação de agroindústrias, empresas de maquinários e de agroquímicos, como

também, descontos na compra de insumos e maquinários destinados ao exercício do

agronegócio no país (PORTO e SOARES, 2012; PIGNATI, 2007).

Exemplificando o que foi mencionado no parágrafo anterior, no ano de 1997

foi publicado no Diário Oficial da União o Convênio n.100, que reduz em 60%

(sessenta por cento) a base de cálculo do ICMS nas saídas interestaduais de alguns

produtos, dentre eles “inseticidas, fungicidas, formicidas, herbicidas, parasiticidas,

germicidas, acaricidas, nematicidas, raticidas, desfolhantes, dessecantes, espalhantes,

adesivos, estimuladores e inibidores de crescimento (reguladores), vacinas, soros e

medicamentos, produzidos para uso na agricultura e na pecuária”.

Esta estratégia estimulou a economia nacional, através da aquisição e

consequente consumo de agrotóxico no agronegócio no campo e este convênio foi

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mais uma vez prorrogado, com vigência atual até o mês de julho de 2014 (BRASIL,

1997).

Pode-se citar ainda o Decreto Federal nº 5.630, que reduz a zero das

alíquotas da “contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes na importação

e na comercialização no mercado interno de adubos, fertilizantes, defensivos

agropecuários” (BRASIL, 2005).

Há outros incentivos fiscais também advindos do Estado, que estimulam o

agronegócio no país, como a construção de estradas, o baixo preço cobrado pela

energia, da concessão de uso da água, de empréstimos dos bancos públicos, dentre

muitos outros privilégios (RIGOTTO, 2003).

No âmbito de Mato Grosso é evidenciada a lei n.6.883, de 02 de junho de

1997 (consolidada até a lei complementar 521/2013), que institui a recuperação e

expansão da cultura do algodão (tendo em vista ser a segunda maior cultura no

estado) e cujo objetivo é estimular investimentos públicos e privados e promover

agroindustrialização através incentivos fiscais aos produtores rurais interessados,

conforme discrimina o artigo 3 da referida lei:

“Aos produtores de algodão que atenderem aos pré-requisitos

definidos no art. 2º será concedido um incentivo fiscal de

75% (setenta e cinco por cento) do Imposto sobre Operações

relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de

Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação - ICMS, incidente sobre o valor de

comercialização do algodão, abrangendo, ainda, a respectiva

prestação de serviço de transportes nos casos de

vendas”(BRASIL, 1997).

Estes e muitos outros incentivos corroboram para que o Brasil seja o

campeão no consumo de agrotóxicos em relação aos demais países, ocupando o

primeiro lugar desde 2008 (AUGUSTO et. al., 2012).

Para dimensionar o mercado de agrotóxicos no Brasil, na safra que envolveu

o segundo semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, “o mercado nacional de

venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de produtos, sendo 833 mil

toneladas produzidas no país e 246 mil toneladas importadas” (SINDAG, 2008;

CARNEIRO et. al., 2012; AUGUSTO et. al., 2012).

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A figura 1, abaixo relacionada, demonstra que no Brasil (safra de 2011)

foram plantados 71 milhões de hectares de lavoura temporária (soja, milho, cana,

algodão) e permanente (café, cítricos, frutas, eucaliptos), utilizando cerca de 853

milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nessas lavouras e apresentando uma

exposição (ambiental, ocupacional e alimentar) média de 12 litros de agrotóxicos por

habitante no país (CARNEIRO et. al., 2012; AUGUSTO et. al., 2012).

Figura 1 - Produção agrícola e consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas

lavouras do Brasil, de 2002 a 2011.

Fonte: CARNEIRO et. al., 2012.

No ano de 2012 foram utilizados nas lavouras temporárias e permanentes

1,05 bilhões de litros distribuídos em 74 milhões de hectares, correspondendo a uma

média aproximada de 14 litros de agrotóxicos por habitante no país (IBGE, 2013).

Esta tendência crescente de agrotóxicos pulverizados nas lavouras do país

nos remete a alguns questionamentos: Estas monoculturas químico-dependentes tem

se preocupado com o desenvolvimento sustentável, a fim de gerar saúde e segurança

aos trabalhadores e para a população? Será que o agronegócio no país, em especial

em Mato Grosso, tem produzidos alimentos para abastecer o mercado interno,

alimentando a população do estado ou tem produzido mercadorias a serem

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encaminhadas para o exterior? Em Mato Grosso (estado onde se encontram as

maiores regiões do agronegócio) será que ações de Vigilância em Saúde têm

alcançado estas populações que se encontram expostas (ambiental, ocupacional e

alimentarmente) aos agrotóxicos?

Em Mato Grosso, as atividades agrícolas foram ampliadas durante a década

de 70, isto se deu em virtude da migração de proprietários, empresários e madeireiros

vindos de diversas regiões do país em busca de oportunidades financeiras (PIGNATI,

2007).

É o estado de maior extensão territorial da região Centro-Oeste, rico em

recursos naturais, possui sua economia baseada na agricultura e na agropecuária e é

constituído por três dos grandes biomas brasileiros: o cerrado, a floresta tropical e o

pantanal. Sua extensão territorial é de aproximadamente 903.366,192km2, densidade

demográfica de 3,36 hab/km2 e sua população é estimada em aproximadamente

3.035.122 habitantes distribuídos em 141 municípios (IBGE, 2010).

Atualmente o estado é o maior produtor de soja, algodão, milho, girassol e

gado bovino onde as produções são realizadas através de grandes monoculturas

destinadas à exportação e tal prática demanda uma grande quantidade de agrotóxicos

nas lavouras. Como consequência, é o estado que mais consume agrotóxicos no país,

representando 18,9%, seguido por São Paulo (14,5%), Paraná (14,3%), Rio Grande

do Sul (10,8%), Goiás (8,8%), Minas Gerais (9,0%), Bahia (6,5%), Mato Grosso do

Sul (4,7%), Santa Catarina (2,1%) (MOREIRA et. al, 2012; IBGE, 2010; PIGNATI,

2007).

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Figura 2 – Lavouras temporárias e consumo de agrotóxicos por municípios, Mato

Grosso, 2012.

Fonte: IBGE, 2012; INDEA-MT, 2012.(Organizado por Pignati, 2012 - UFMT/ISC).

Percebe-se que os municípios que mais utilizam agrotóxicos em Mato

Grosso estão inseridos em três Regiões de Saúde, que também são as principais

regiões produtoras no estado: Tangará da Serra, Sinop e Rondonópolis (IBGE,

2010).

A tabela abaixo (tabela 1) contempla a produção agrícola no estado de Mato

Grosso, em milhões de hectares, no período de 2002 a 2012.

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Tabela 1 – Produção agrícola no Mato Grosso nos anos 2002 a 2012, em milhões de

hectares.

Fonte: IBGE/SIDRA 2012.

Observa-se um aumento na produção agrícola por hectares para o período

acima descrito, com destaque para o plantio de soja, que chegou a utilizar 24,9

milhões de hectares somente no ano de 2012 (tabela 1).

Este modelo de produção agrícola tem provocado uma série de prejuízos ao

ecossistema, como erosão, assoreamento, poluição de importantes cursos de água,

desaparecimento de nascentes e perda da biodiversidade, trazendo impactos ao meio

ambiente e ocasionando alterações nos perfis de saúde humana e animal (PERES,

2009; CARNEIRO et. al., 2012).

Estudo realizado em Manaus (Brasil) e na freguesia de Galegos Concelho de

Penafiel (Portugal), cujo objetivo era analisar as práticas na aplicação,

armazenamento e formação sobre os agrotóxicos nas comunidades agrícolas destes

dois países, detectou irregularidades em relação: a mistura dos produtos, não

utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), ausência de leitura de

rótulos, destino final de embalagens, mau manuseamento, escolha incorreta dos

fertilizantes e falta de cumprimento da legislação; aumentando o risco de exposição

ocupacional face aos agrotóxicos (NEVES, 2012).

Neves (2012) evidenciou a não percepção de risco por parte de

trabalhadores quando manuseiam agrotóxicos.

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2.2.Agrotóxicos: Definição e regulamentação

2.2.1. Brasil

No Brasil há legislação específica que regulamenta a produção,

comercialização, registro e uso dos agrotóxicos no território nacional, que é a lei

7.802. Esta lei define os agrotóxicos como:

“Produtos e os agentes de processos físicos,

químicos ou biológicos, destinados ao uso nos

setores de produção, no armazenamento e

beneficiamento de produtos agrícolas, nas

pastagens, na proteção de florestas, nativas ou

implantadas, e de outros ecossistemas e também

de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja

finalidade seja alterar a composição da flora ou

da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de

seres vivos considerados nocivos” (BRASIL,

1989).

O termo agrotóxico, desde a década de 1970, sempre esteve envolvido em

discussões de cunho político-econômico, pois antes da promulgação da Constituição

Federal de 1988, eram denominados defensivos agrícolas. Esta definição atribuía um

ar de leveza aos agrotóxicos, pois contribuía para mascarar um problema que viria a

ser considerado de Saúde Pública. Há ainda outras terminologias utilizadas como

exemplo, remédio para as plantas, veneno, pesticidas, praguicidas (PERES et. al

2003; OLIVEIRA, 2010).

No âmbito federal, há também o Decreto nº 4.074, cuja finalidade é

regulamentar a Lei 7.802. Esta legislação federal em vigor define as competências

para os órgãos envolvidos. Ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) cabe avaliar a eficiência agronômica e conceder o registro de agrotóxicos;

ao Ministério da Saúde compete executar a avaliação e classificação toxicológica; e

ao Ministério do Meio Ambiente cabe a avaliação e a classificação do potencial de

periculosidade ambiental (BRASIL,2002).

A atuação destes órgãos é imprescindível para que haja o exercício do

controle em relação aos agrotóxicos, pois tem por objetivo regulamentar a

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importação, exportação, produção, armazenamento, transporte, comercialização e o

uso deste produto no país. (BRASIL, 2002; PERES et. al, 2003).

Outra norma nacional sobre a utilização segura dos agrotóxicos é a Norma

Regulamentadora 31 (NR 31) que tem por objetivo “estabelecer os preceitos a serem

observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o

planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária,

silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde e meio

ambiente do trabalho” (BRASIL, 2005).

Esta Norma considera como exposição direta aos agrotóxicos os

trabalhadores que manipulam os agrotóxicos e produtos afins, em qualquer uma das

etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação, descarte, e

descontaminação de equipamentos e vestimentas; e considera ainda, a exposição

indireta aos trabalhadores que não manipulam diretamente os agrotóxicos, adjuvantes

e produtos afins, mas circulam e desempenham suas atividade de trabalho em áreas

vizinhas aos locais onde se faz a manipulação dos agrotóxicos em qualquer uma das

etapas de armazenamento, transporte, preparo, aplicação e descarte, e

descontaminação de equipamentos e vestimentas, e ou ainda os que desempenham

atividades de trabalho em áreas recém tratadas (BRASIL, 2005).

Outra legislação vigente no país é a Instrução Normativa nº 2/2008, do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, que regulamenta a

pulverização aérea de agrotóxicos, e tem por objetivo estabelecer proteção às

pessoas, aos bens e ao meio ambiente, através da redução de riscos oriundos do

emprego de produtos de defesa agropecuária pela aviação agrícola (BRASIL, 2008).

Esta instrução estabelece alguns critérios para a segurança da saúde humana

e do meio ambiente em relação às pulverizações agrícolas aéreas, e proíbe a

realização de pulverizações a menos 500 metros de povoados, cidades, vilas, bairros,

de mananciais de captação de água para abastecimento de população; e 250 metros

de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de animais

(BRASIL,2008).

Estas indagações abaixo relacionadas, não compõem o objeto deste estudo,

contudo nos leva às reflexões: Como será que estão sendo realizadas as fiscalizações

acerca das várias regulamentações que visam proteger as pessoas e o meio ambiente

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dos riscos gerados pela exposição aos agrotóxicos? Como estão sendo fiscalizadas as

pulverizações aéreas e terrestres? Será que elas têm respeitado os limites

preconizados nas legislações vigentes no país?

Atualmente foi publicada a Lei Federal 12.873, que autoriza a Companhia

Nacional de Abastecimento a “utilizar o regime diferenciado para a contratação de

todas as ações relacionadas à reforma, modernização, ampliação ou construção de

unidades armazenadoras próprias destinadas às atividades de guarda e conservação

de produtos agropecuários em ambiente natural” (BRASIL, 2013).

Entretanto, os artigos 52, 53 e 54 abordam um assunto que nem estava

disposto na proposta inicial desta lei e autoriza a produção, distribuição,

comercialização e uso, quando declarado estado de emergência fitossanitária ou

zoossanitária de agrotóxicos e afins e produto veterinários, quando solicitados pelo

Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Prefeito Municipal.

No mesmo mês de outubro do corrente ano, foi homologado o Decreto

8.133, que dispõe sobre a declaração de estado de emergência fitossanitária ou

zoossanitária estabelecida na Lei Federal. Fica decretado através de seu artigo 1:

“ O Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento poderá declarar estado de emergência

fitossanitária ou zoossanitária quando for constatada

situação epidemiológica que indique risco iminente de

introdução de doença exótica ou praga quarentenária

ausente no País, ou haja risco de surto ou epidemia de

doença ou praga agropecuária já existente” (BRASIL,

2013).

Em seguida, foi publicada a Portaria 1109 pelo o Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), na qual permite a importação da substância

benzoato de emamectina, agrotóxico até então, proibido no Brasil (BRASIL, 2010).

Diante deste exposto, em menos de duas semanas, uma lei, um decreto e

uma portaria envolvendo discussões como a pulverização aérea e a importação de

defensivos não aprovados no Brasil, foram aprovados e publicados com o intuito de

acelerar o processo de liberação de agrotóxicos não permitidos, e 14 estados do

Brasil decretaram situação epidemiológica emergencial e Mato Grosso foi um destes

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estados. No estado de Mato Grosso, dos 141 municípios, 99 decretaram estado de

emergência fitossanitária em relação à lagarta Helicoverpa armigera.

A observação que levantamos aqui é a rapidez com que se levou para

tramitar esta lei e ter a sanção presidencial, em detrimento de um grupo de empresas

que planta soja, milho e algodão para exportação. Enquanto isto, o perigo causado

por estes agrotóxicos proibidos no país, dizimam vidas humanas e animal e acabam

com o meio ambiente.

2.2.2. Mato Grosso

O estado de Mato Grosso também possui legislação “que dispõe sobre o uso,

a produção, o comércio, o armazenamento, o transporte, a aplicação e a fiscalização

de agrotóxicos, seus componentes e afins”, que é a Lei n° 8.588 (MATO GROSSO,

2006).

No tocante ao comércio, sua venda é realizada através de receituários

agronômicos e cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) e ao Instituto de Desenvolvimento Agropecuário (INDEA) fiscalizar a

comercialização que envolve a utilização destes produtos (PERES et. al, 2003).

Havia neste estado, o Decreto nº 2.283/2009, que estabelecia a admissão no

território estadual (em relação ao armazenamento, a comercialização e ao uso) os

agrotóxicos e afins devidamente cadastrados no Instituto de Defesa Agropecuária do

Estado de Mato Grosso – INDEA/MT.

Este decreto delimitava a aplicabilidade terrestre de agrotóxicos a uma

distância mínima de 300 (trezentos) metros de povoações, cidades, vilas, bairros, de

mananciais de captação de água para abastecimento de população; 150 (cento e

cinquenta) metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamentos de

animais; e 200 (duzentos) metros das nascentes, ainda que intermitentes (MATO

GROSSO, 2009).

Em seguida, foi homologado o Decreto Estadual nº 1.362/2006, e uma das

modificações estabelecidas neste novo Decreto, era a diminuição da distância para

aplicabilidade terrestre dos agrotóxicos de 300 para 90 (noventa) metros “de

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povoações, cidades, vilas bairros, e mananciais de captação de água, moradia isolada

agrupamento de animais e nascentes ainda que intermitentes”. Nota-se uma redução

de 210 (duzentos e dez) metros em relação à delimitação estabelecida no Decreto

anterior, gerando maior vulnerabilidade à saúde das populações expostas

ambientalmente às pulverizações realizadas pela via terrestre (MATO GROSSO,

2006).

Atualmente foi publicado um novo Decreto, nº 1.651/2013, que também

“dispõe sobre o uso, a produção, o comércio, o armazenamento, o transporte, a

aplicação, o destino final de embalagens vazias e resíduos, e a fiscalização de

agrotóxicos, seus componentes e afins neste estado”. Entretanto, este decreto mantém

o que havia sido estabelecido no decreto 1.362, que é a distância mínima de 90

(noventa) metros em relação à aplicação terrestre de agrotóxicos em áreas de

povoações, cidades, vilas bairros, e mananciais de captação de água, moradia isolada

agrupamento de animais e nascentes ainda que intermitentes (MATO GROSSO,

2013).

O novo decreto nº 1.651 foi homologado com o objetivo de revogar o

anterior Decreto Estadual nº 1.362. Este último havia sido publicado sem passar pela

aprovação da Câmara Setorial de Agrotóxicos de Mato Grosso e foi amplamente

defendido pela bancada ruralista que é composta pelos maiores produtores de grãos

neste estado.

Para (LEFF, 1994) o ambiente é resultado das relações complexas e

sinérgicas, geradas pela articulação dos processos de ordem física, biológica,

econômica, política e cultural.

2.3. A classificação dos agrotóxicos

De acordo com Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) os agrotóxicos

são classificados quanto a sua finalidade de uso, em relação ao grupo químico a que

pertencem e em reação a sua toxicidade (OPAS, 1996).

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O quadro 1 a seguir, discrimina a classificação dos agrotóxicos em relação a

sua finalidade de uso e ao grupo químico ao qual pertencem.

Quadro 1- Finalidade de uso e grupo químico dos agrotóxicos:

Finalidade de Uso Grupo Químico

Inseticidas Organoclorados, organofosforados, carbamatos e piretróides

Fungicidas Ditiocarbamatos, fentalamidas, dinotrofenóis, fenoxiacéticos,

organomercuriais, trifenil estânico e compostos formilamina

Herbicidas Dinitrofenóis, pentaclorofenol, carbamatos, fenoxiacéticos, dipiridilos,

dinitrofenóis, benzonitrilas, glifosato

Fumigantes Geradores de metilisocianato

Rodentidas/Raticidas Hidroxicumarinas e indationas

Moluscocidas Carbamatos

Nematicidas Hidrocarbonetos halogenados

Acaricidas Organoclorados e dinitrofenóis

Fonte: OPAS, 1996.

Os herbicidas são os agrotóxicos mais utilizados no Brasil, correspondendo

a aproximadamente 50%, seguido pelos inseticidas (25%) e pelos fungicidas (22%).

Os herbicidas possuem a finalidade de combater as ervas daninhas no campo

(BOMBARDI, 2012; PELAEZ et. al. 2011; OPAS, 1996).

Em relação ao poder tóxico dos agrotóxicos, todos os produtos devem

apresentar em seus rótulos uma faixa colorida que indique a sua classe toxicológica

(OPAS, 1996).

O quadro 2, a seguir, demonstra a classe toxicológica dos agrotóxicos, sua

classificação e a cor da faixa a ser estabelecida no rótulo do produto.

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Quadro 2 - Classe toxicológica e cor da faixa no rótulo de produto agrotóxico

Classe Classificação Faixa

I Extremamente tóxicos Vermelha

II Altamente tóxicos Amarela

III Medianamente tóxicos Azul

IV Pouco tóxicos Verde

OPAS, 1996.

O herbicida glifosato tornou-se comum em usos domésticos, tendo em vista

as pessoas acreditarem que este agrotóxico é “fraco” e não representa risco para a

saúde humana, pois é classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) como pouco tóxico, representado pela faixa verde (RIGOTTO, 2003).

Em contrapartida, estas pessoas desconhecem que a mesma ANVISA

incluiu o glifosato entre os ingredientes ativos que estão em reavaliação toxicológica,

pois vários estudos já comprovaram que o glifosato é permeável à placenta humana,

podendo estar relacionado a problemas hormonais, reprodutivos e câncer

(CARNEIRO et. al, 2012; AUGUSTO et. al, 2012).

O quadro 3, abaixo relacionado, apresenta tipos de agrotóxicos que se

encontram em avaliação pela ANVISA no Brasil e apresentam risco para a saúde

humana.

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Quadro 3 - Agrotóxicos em avaliação, em relação aos problemas que os mesmos

podem apresentam à saúde humana.

Agrotóxico Problemas relacionados Proibido ou restrito

Abamectina Toxidade aguda e suspeita de toxidade

reprodutiva do IA e de seus metabólitos.

Comunidade Europeia – Proibido

Acefato

Neurotoxidade, suspeita de

carginogenicidade e de toxidade

reprodutiva.

Comunidade Europeia – proibido.

Carbofurano Alta toxidade aguda, suspeita de

desregulação endócrina.

Comunidade Europeia e Estados

Unidos – proibido.

Forato Alta toxicidade aguda e neurotoxicidade. Comunidade Europeia e Japão –

proibido.

Fosmete Neurotoxicidade Comunidade Europeia - proibido

Glifosato

Casos de intoxicação, solicitação de

revisão Ingesta Diária Aceitável (IDA)

por parte da empresa registrante,

necessidade de controle de impurezas

presentes no produto técnico e possíveis

efeitos toxicológicos adversos.

Revisão Ingesta Diária Aceitável

Lactofem Carcinogênico para humanos Comunidade Europeia – proibido

Paraquate Alta toxicidade aguda Comunidade Europeia – proibido

Parationa Metílica

Neurotoxicidade, suspeita de

desregulação endócrina, mutagenicidade e

carcinogenicidade.

Comunidade Europeia e China –

proibido

Tiram

Estudos demonstram mutagenicidade,

toxicidade reprodutiva e suspeita de

desregulação endócrina

Estados Unidos – proibido

Fonte: ANVISA, 2011

Recentemente, alguns agrotóxicos tiveram seu uso proibido no Brasil, como

é o caso do Endossulfan, proibido desde julho de 2013. Este produto apresenta alta

toxicidade aguda, suspeita de desregulação endócrina e toxicidade reprodutiva. Outro

agrotóxico também proibido é Metamidofós (desde 2012), por apresentar alta

toxicidade aguda e neurotoxicidade (ANVISA, 2011).

Estudo realizado na unidade de oncologia pediátrica de um hospital

universitário em Dakshina Kannada, na Índia, cuja finalidade era verificar a presença

de resíduos de Endosulfan na medula óssea, em crianças com doenças malignas

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hematológicas agudas, e observar se estas crianças residem em áreas pulverizadas

com este agrotóxico.

O estudo detectou que crianças com doenças malignas hematológicas

tinham níveis elevados de endosulfan na medula óssea em comparação às crianças

sem, e foram consideradas de áreas expostas ao pesticida. O odds ratio foi de 7,5

para o grupo de crianças expostas (RAU, 2012).

Em outro estudo realizado por (CURVO, 2013) cujo objetivo era a

construção de matriz de indicadores de saúde e ambiente para o estado de Mato

Grosso, identificou piora nos indicadores entre os anos de 1996 e 2006, sendo que no

ano de 2006, 9,93% dos municípios do estado com os piores índices de pressão. Foi

observado ainda que a média de uso de agrotóxicos nos municípios apresentou

associação estatisticamente significante para a morbidade por câncer em pacientes

menores de 20 anos (p=0,021).

A tabela 2 sumariza informações acerca dos agrotóxicos mais utilizados em

Mato Grosso e a média de utilização (em litros) segundo o tipo agrotóxicos, a

finalidade de uso e classe toxicológica nos anos de 2005 a 2009.

Tabela 2- Média anual dos agrotóxicos em litros, tipo, finalidade de uso e classe

toxicológica dos mais utilizados em Mato Grosso no período de 2005 a 2009.

Agrotóxicos Uso Classe Toxicológica Média de uso

Glifosato Herbicida IV - Pouco Tóxico 23.844.641

Metamidofós Inseticida I - Extremamente Tóxico 6.023.458

Endossulfam Inseticida I - Extremamente Tóxico 5.058.453

2,4 D Herbicida I - Extremamente Tóxico 4.363.291

Óleo mineral Inseticida IV - Pouco Tóxico 4.025.795

Tebuconazol Fungicida IV - Pouco Tóxico 4.024.942

Atrazina Herbicida III Medianamente Tóxico 3.019.684

Metomil Inseticida I - Extremamente Tóxico 2.734.160

Parationa metílica Inseticida I - Extremamente Tóxico 1.668.894

Carbendazim Fungicida III Medianamente Tóxico 1.497.100

Carbosulfan Inseticida II - Altamente Tóxico 1.221.763

Imazetapir Herbicida III Medianamente Tóxico 1.134.964

Pyraclostrobin Fungicida II - Altamente Tóxico 1.064.344

Clomazona Herbicida III Medianamente Tóxico 1.041.577

Haloxifope p metílico Herbicida III Medianamente Tóxico 1.001.906

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Clorpirifós Inseticida II - Altamente Tóxico 994.269

Diquat Herbicida III Medianamente Tóxico 879.092

Fenaxaprop-p-ethyl Herbicida II - Altamente Tóxico 805.041

Flutriafol Fungicida III Medianamente Tóxico 799.580

Azoxistrobina Fungicida III Medianamente Tóxico 783.747

Diuron Herbicida III Medianamente Tóxico 701.609

Paraquate Herbicida I – Extremamente Tóxico 678.634

Fomesafen Herbicida III Medianamente Tóxico 601.509

Acefato Inseticida III Medianamente Tóxico 545.824

Trifluralina Herbicida III Medianamente Tóxico 512.108

Permitrina Inseticida III Medianamente Tóxico 498.074

Trifloxistrobin Fungicida II - Altamente Tóxico 468.973

Trifenil hidróx. Estanho Fungicida I – Extremamente Tóxico 437.229

Monocrotofos Inseticida I – Extremamente Tóxico 425.876

S-metacloro Herbicida III Medianamente Tóxico 414.116

Profenofos Inseticida II - Altamente Tóxico 399.386

Cipermitrina Inseticida II - Altamente Tóxico 371.183

Fluazifop-p-butilico Herbicida III Medianamente Tóxico 329.643

Etefon Reg. Crsc. I – Extremamente Tóxico 327.258

MSMA Herbicida III Medianamente Tóxico 318.582

Cyclosulfamuron Herbicida III Medianamente Tóxico 309.100

Tetraconazol Fungicida II - Altamente Tóxico 274.656

Imidacloprida Inseticida III Medianamente Tóxico 272.181

Carboxin + thiram Fungicida III Medianamente Tóxico 256.596

Eter polig. de nonifeno Adjuvante IV – Pouco Tóxico 266.036

Zeta-cirpermetrina Inseticida II – Altamente Tóxico 255.526

Thiodicarb Inseticida II – Altamente Tóxico 229.776

Lufenuron Inseticida III Medianamente Tóxico 222.768

Malationa Inseticida III Medianamente Tóxico 221.111

Diafentiurom Inseticida III Medianamente Tóxico 218.398

Carbofurano Inseticida I – Extremamente Tóxico 215.612

Sethoxydim Herbicida III Medianamente Tóxico 192.472

Athimethoxam Inseticida III Medianamente Tóxico 72.777

Outros

4.166.275

TOTAL 82.230.412

Fontes: IBGE, (2010); INDEA-MT, (2010); MOREIRA et al., (2010).

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Observa-se um elevado consumo, em especial de herbicidas e fungicidas. O

herbicida glifosato foi o agrotóxico mais utilizado no período de 2005 a 2009,

apresentando uma média de 23.844.641 de litros, seguido pelos inseticidas

Metamidofós, classificado como extremamente tóxico (6.023.458 de litros) e

Endosulfan (5.058.453). Vale salientar que a utilização do Endossulfan e do

Metamidofós encontram-se proibidas no Brasil a partir de julho de 2013 e do ano de

2012, respectivamente (ANVISA, 2011).

A grande utilização do herbicida glifosato deve-se ao fato de o estado Mato

Grosso liderar a produção de soja no país e o herbicida ser considerado um

agrotóxico “casado” com alguns tipos de soja transgênicas resistentes a este

ingrediente ativo, contribuindo com a alta produtividade no campo (BOMBARDI,

2012; PIGNATI e MACHADO, 2011).

Moreira et al. (2012), constatou a presença de resíduos de diferentes

agrotóxicos nas amostras de águas superficiais e de chuva coletadas em dois dos

mais importantes municípios produtores de soja, milho e algodão do de Mato Grosso

(Lucas do Rio Verde e Campo Verde). Os resultados apresentados e discutidos

apontaram para a degradação da qualidade de recursos hídricos da região, incluindo

fontes de água de consumo humano e de chuvas, o que aumenta o risco de

contaminação para além das áreas de plantio.

Em Mississippi, nos Estados Unidos, variedades de pesticidas foram

encontradas em amostras de ar e de chuvas coletadas durante os anos de 1995 e

2007. O agrotóxico glifosato foi constatado em 75% das amostras (MAJEWSKI, et.

al., 2007).

Em outro estudo realizado na região de Chapada do Apodi, no Ceará,

detectou a presença de 3 a 10 princípios ativos em caixa d’água públicas (prestes a

serem distribuídas para as residências) que variaram em quantidade e diversidade de

classe toxicológica. O endossulfan, pertencente à classe I, extremamente tóxico, (que

teve recomendação de banimento pela ANVISA) assim como o glifosato, que é o

herbicida mais utilizado no Brasil e no mundo, compuseram a maioria das amostras

(MARINHO, 2010).

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2.4 Os agrotóxicos, seu consumo e impacto sobre o meio ambiente e a saúde

humana

A vasta utilização destes venenos nas lavouras de produção agrícola, além

de degradar o ambiente, torna exposta toda a população nas condições ocupacional,

ambiental e alimentar; e esta exposição ocasiona efeitos sobre a saúde humana

(AUGUSTO et. al, 2012).

No ano de 2009 pesquisas apontaram que a população de Mato Grosso foi

exposta a 34,1 litros de agrotóxicos por habitantes, uma exposição de quase nove

vezes maior que a média da exposição da população brasileira naquele ano, que foi

de aproximadamente 4 litros/habitantes (PIGNATI e MACHADO, 2011).

A tabela a seguir, demonstra o total de litros de agrotóxicos utilizados no

período de 2000 a 2012 em Mato Grosso, e a exposição em litros por habitantes.

Tabela 3 - Total de agrotóxico utilizado por litros, total da população e demanda de

agrotóxico por habitantes do Estado de Mato Grosso, 2000 a 2012.

Ano Agrotóxico/litro Habitantes litros/hab

2000 42.327.423 2.419.591 17,5

2001 43.027.103 2.560.584 16,8

2002 49.361.593 2.604.742 19,0

2003 55.780.783 2.651.335 21,0

2004 65.062.919 2.749.145 23,7

2005 72.607.145 2.803.274 25,9

2006 75.480.962 2.856.999 26,4

2007 86.729.596 2.854.642 30,4

2008 92.697.178 2.957.732 31,3

2009 102.489.785 3.001.692 34,1

2010 113.251.212 3.035.122 37,1

2011 126.996.000 3.092.385 41,0

2012 140.851.139 3.152.420 44.6

Fonte: IBGE, 2010; INDEA-MT, 2010, 2012 e 2013. (Organizado por Pignati, 2012-UFMT/ISC)

Houve aumento na quantidade de litros de agrotóxicos utilizados nas

lavouras dos municípios de Mato Grosso, aumentando também a exposição

ambiental dos habitantes a estes agentes.

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Em algumas cidades do interior do estado onde há grande produção agrícola

como é o caso do município de Lucas do Rio Verde/MT, a exposição (ambiental,

ocupacional e alimentar) foi ainda maior, sendo que no ano de 2010 apresentou uma

média de 136 litros de agrotóxicos por habitante (MOREIRA et al., 2012).

De acordo com Soares e Porto (2007) , as externalidades associadas ao uso

de agrotóxicos nas áreas de atividade agrícola, estão relacionadas principalmente aos

danos ambientais como a biota (ocasionando o desequilíbrio ecológico), a

contaminação de água e solo (contaminação local e a distância, como também a

contaminação superficial e subterrânea), e à saúde humana (de trabalhadores,

famílias rurais e consumidores).

Para os autores, no que se refere à sustentabilidade do modelo de

desenvolvimento agrícola do Brasil, se faz necessária uma discussão acerca dos

efeitos a médio e longo prazos para o ecossistema, bem como para a saúde humana.

Outro fator que contribui para as externalidades associadas ao uso de

agrotóxicos, é a deriva técnica. Para (CHAIM et. al., 1999), a deriva técnica está

associada à dispersão de agrotóxicos através do vento e da água contaminando o

entorno. Geralmente é estimada em 30% dos produtos aplicados, podendo chegar a

70% em casos de aplicabilidade aérea do veneno.

Situações de riscos para o ambiente e para a saúde humana são

consequências da prática agrícola, visto que os venenos utilizados nas lavouras

contaminam ambiente, rios, mares e solos, trabalhadores e populações rural e urbana

(DORES et. al., 2008; PIGNATI e MACHADO, 2011).

Em outras palavras, pode-se dizer que não há uso de agrotóxicos sem que

haja a contaminação dos solos, água, florestas, áreas residências e das pessoas que

trabalham e habitam regiões de predomínio do agronegócio (CHAIM et. al., 1999).

A relação causa-efeito sobre a saúde humana é bastante complexa, pois os

agrotóxicos são utilizados em misturas com outros componentes como os solventes e

outros compostos com toxicidade própria (SOARES e PORTO, 2007).

Além da contaminação por exposição ocupacional, a população geral pode

ser afetada pela ingestão de alimentos e água contaminados, pela passagem de mãe

para filho, através da amamentação. Pessoas podem estar desenvolvendo doenças

degenerativas há mais de 20 (vinte) anos sem que suas causas sejam conhecidas e

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muito menos notificadas (PALMA, 2011; CARNEIRO et. al. 2012, AUGUSTO et.

al. 2012, CRINNION, 2009; MACHADO, 2008, BRITO et.al, 2006).

Para Jobim et al.(2010) cada vez mais casos de pessoas contaminadas por

agrotóxicos no meio rural são relatados. Em contrapartida, moradores de áreas

próximas e pessoas do meio urbano também se encontram sob o risco, devido à

contaminação dos alimentos e principalmente do ar, variando a exposição de aguda a

crônica.

Para Pires et. al.(2005) a utilização em grande quantidade de agrotóxicos no

campo, pode resultar na intoxicação dos trabalhadores rurais e população

circunvizinha, constituindo-se um grave problema de saúde pública. Os agravos

gerados sobre a saúde das populações humanas são responsáveis por milhões de

intoxicações (agudas e crônicas) no mundo por ano, especialmente observadas em

populações de áreas rurais, onde há produção agrícola.

Os agravos à saúde, decorrentes da exposição aos agrotóxicos, ocasionam

impacto ao perfil de saúde das populações e a maioria dos seus efeitos são

desconhecidos no organismo humano, apesar de pesquisadores estarem evidenciando

em pesquisas, as alterações genéticas que possam vir a produzir e os diversos tipos

de neoplasias e outras doenças degenerativas, decorrentes de intoxicações (sejam elas

agudas ou crônicas) causadas pelos agrotóxicos (CARNEIRO et al., 2012;

AUGUSTO et al., 2012; CURVO, 2013; PALMA, 2011; CUNHA, 2010; LEITE et.

al., 2007; UEKER, 2012).

No Brasil é preocupante a exposição de trabalhadores, mulheres, jovens e

crianças, sendo que as mulheres constituem um grupo mais suscetível às exposições,

particularmente no processo reprodutivo, pois a maioria dos componentes dos

agentes químicos são transplacentários e atinge as crianças ainda no início da vida

intrauterina. Os grupos mais suscetíveis aos efeitos deletérios da poluição

atmosférica, bem como à exposição de agentes químicos, são as crianças e os idosos,

devido às suas características imunes e fisiológicas. (MELLO-DA-SILVA e

FRUCHTENGARTEN, 2005; SILVA, 2010; BOTELHO et. al.,2003).

Estudo ecológico conduzido em alguns municípios do Ceará no período de

2000 a 2010 apontou maior morbimortalidade por neoplasias nos municípios com

maior consumo de agrotóxicos (Limoeiro do Norte, Quixeré e Russas). Estes

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municípios apresentaram 1,76 vezes mais internações por neoplasias em relação aos

demais (municípios pertencentes aos demais Agropólos do estado do Ceará que não

fazem uso intensivo de agrotóxicos em suas lavouras) (RIGOTTO et. al., 2013).

Estudo realizado em uma comunidade agrícola, envolvendo 102 pequenos

agricultores de ambos os sexos, em Nova Friburgo/RJ, observou uma elevada

prevalência de sinais e sintomas relacionados à exposição aos agrotóxicos, com

destaque para a “cefaleia, visão turva, vertigem, fadiga, fraqueza, cãibras e distúrbios

cognitivos (dificuldade de concentração, esquecimento, confusão mental etc.), com

oscilação entre os períodos de plantio e colheita da safra” (ARAÚJO et. al, 2007).

Em outro estudo, cujo objetivo era avaliar a exposição aos agrotóxicos de

um grupo de 300 trabalhadores da área rural do Estado do Rio de Janeiro a

agrotóxicos e o impacto de alguns indicadores socioeconômicos e de utilização de

agrotóxicos sobre a contaminação humana, constatou a influência do nível de

escolaridade sobre a prevalência das intoxicações (SILVA et. al, 2001).

Estudo realizado no Vale do Jaguaribe - CE, com amostragem composta de

75 trabalhadores rurais, que visou mensurar o impacto dos agroquímicos na vida dos

trabalhadores de Limoeiro do Norte, foi averiguado que 94,6% afirmaram possuir

contato com os agrotóxicos/fertilizantes, sendo 56,6% consideraram ser contato

indireto. 98,6% dos trabalhadores demonstraram serem cientes dos danos à saúde que

tais produtos podem ocasionar e 64,0% afirmaram ter algum problema de saúde

dentre os sintomas neurológicos e oculares. No entanto, a grande maioria dos

trabalhadores (68%,0) não souberam informar a quais agrotóxicos foram expostos

(ALEXANDRE, 2009).

Em Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, 62 (sessenta e duas) mães que

geraram filhos e amamentaram no ano de 2010, apresentaram contaminação de 100%

(cem por cento) das amostras de leite materno contendo resíduos de agrotóxicos,

sendo que os principais deles encontrados nas amostras foram o Endosulfan, a

Deltametrina, DDE e DDT (PALMA, 2011).

Em Campo Verde, outro município em Mato Grosso, foram coletadas 28

amostras de água de poços e aproximadamente 50% destas amostras apresentaram

resíduos de agrotóxicos (MOREIRA, et. al., 2012).

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Os riscos gerados pela interação da atividade agrícola com o meio ambiente

reforça a necessidade de ações púbicas relacionadas ao monitoramente do uso de

agrotóxicos. É imprescindível que as políticas agrícolas sejam reavaliadas,

priorizando os critérios de produção, bem como a proteção da saúde dos

trabalhadores e populações do entorno (FARIA et. al, 2000).

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47

Quadro 4 - Pesquisas realizadas em Mato Grosso, acerca das consequências da utilização de agrotóxicos sobre o meio ambiente e saúde humana.

AUTORES/ANO TÍTULO LOCAL E PERÍODO DESENHO POPULAÇÃO VARIÁVEIS DESFECHO VARIÁVEIS DE EXPOSIÇÃO RESULTADOS

Onishi, CA (2014)

Vigilância em Saúde da

população exposta aos agrotóxicos pela ótica das

organizações de

município de Campo Verde – MT

Campo Verde, 2014.

Estudo de

problematização,

e entrevistas com alguns

segmentos

População de

Campo Verde/MT.

Exposição da população em

diferentes graus aos efeitos dos agrotóxicos

Agronegócio na agricultura e

regulação governamental

O governo local se acomoda diante dos

interesses do agronegócio como dificuldade de implantação desta vigilância

Curvo, HRM;

Pignati, WA; Pignati MG (2013)

Morbi mortalidade por

câncer infantojuvenil

associada ao uso agrícola de agrotóxicos no estado

de MT, Brasil.

Municípios de Mato

Grosso, 2000 a 2006 Ecológico < de 20 anos câncer infantojuvenil

média das séries históricas de

morbimortalidade

Exposição aos agrotóxicos está associada à morbimortalidade por câncer na população

infantojuvenil, morbidade (p=0,021) e

mortalidade (p=0,005)

Uecker, ME (2012)

Exposição aos

agrotóxicos no Mato Grosso e malformações

congênitas em menores de

05 anos atendidas em hospitais de Cuiabá

Hospital Universitário

Júlio Müller de Cuiabá Caso-controle < de 05 anos mal formações congênitas

exposição aos agrotóxicos em meses

dos anos

As variáveis associadas com malformação

congênita foram o termo de interação entre aplicação paterna pretérita de agrotóxicos e

baixa escolaridade materna (OR= 8,40;

IC95% = 2,17 ; 32,52), atividade paterna atual na lavoura (OR = 4,65; IC95% = 1,03 ;

20,98) e aplicação paterna pretérita de

agrotóxicos (OR = 4,15; IC95% = 1,24 ; 13,66).

Belo MSS. Pignati

W. Dores EGC.

Moreira JC. Peres F (2012)

Uso de agrotóxicos na produção de soja do

estado de Mato Grosso:

um estudo preliminar de riscos ocupacionais e

ambientais.

Mato Grosso, 2008 e 2009

Exploratório

descritivo de

caráter preliminar

População de

soja de MT

Riscos associados ao uso de

agrotóxicos

Banco de dados agrícola;

indicadores biológicos da exposição

a agrotóxicos; contaminação de água de chuva

Necessidade de um monitoramento

ambiental e de saúde permanente em áreas produtoras de soja como parte das estratégias

de vigilância em saúde do trabalhador e

ambiental.

Fávero, KAS

(2011)

Pulverização de agrotóxicos nas lavouras

de Lucas do Rio Verde e

os agravos respiratórios em crianças menores de 5

anos.

Lucas do Rio Verde/MT,

2004 a 2009 Ecológico < de 05 anos

internação por agravo ou

doença respiratória

exposição aos agrotóxicos em meses

dos anos

Associações estatisticamente significantes

entre a prevalência de internações por

doenças respiratórias e o uso de agrotóxicos nas lavouras

Palma, DCA (2011)

Agrotóxicos em leite

humano de mães residentes em Lucas do

Rio Verde – MT

(Dissertação de Mestrado). Cuiabá,

UFMT/ISC

Lucas do Rio Verde ecológico 141 municípios

de MT

Proporção de quantidade de

agrotóxicos e razão entre

trabalhadores agrícolas e

trabalhadores formais

Indicadores de exposição aos

agrotóxicos

Os municípios identificados com os maiores escores para exposição aos agrotóxicos

foram Campo Novo dos Parecis, Nova Mutum, Diamantino, Pedra Preta, Campo

Verde, Lucas do Rio Verde, Sorriso e

Primavera do Leste.

45

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AUTORES/ANO TÍTULO LOCAL E PERÍODO DESENHO POPULAÇÃO

VARIÁVEIS

DESFECHO

VARIÁVEIS DE

EXPOSIÇÃO RESULTADOS

Nasrala, EM (2011)

Estudo da atuação da

Vigilância em Saúde

sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde e

no ambiente em

municípios do estado de Mato Grosso.

Lucas do Rio Verde, Sorriso, Rondonópolis e

Campo Verde.

Estudo qualitativo

realizado por meio de

análise documental e entrevistas.

Sujeitos que representam

as instituições responsáveis pela vigilância sobre os

impactos dos agrotóxicos

na saúde e ambiente.

Vigilância sobre os

impactos dos agrotóxicos

na saúde e ambiente em Mato Grosso.

Leis, portarias, decretos e

outros documentos jurídico-legais que

determinavam as

atribuições das diversas instituições das três esferas

de governo na vigilância

do uso de agrotóxicos.

Existência de pressões de

grupos econômicos e políticos para a

manutenção desta prática

do agronegócio. Não se identificou

desenvolvimento de

políticas nem relações interinstitucionais de

vigilância do uso de

agrotóxicos.

Cunha, MLON (2010) Mortalidade por câncer e a utilização de pesticidas no

estado de Mato Grosso.

Mato Grosso, 2004 a 2006 Ecológico população de MT

óbitos por neoplasias

disponíveis no Sistema de

Informação de Mortalidade (SIM)

sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade e região de

residência

Associação entre níveis

alto/médio de uso de

pesticidas m 1998 e mortalidade por neoplasias

de esôfago, estômago,

pâncreas, encéfalo, próstata, leucemias e

linfomas apenas nas faixas

etárias de 60 a 69 anos e 70

anos ou mais

Pignati (2007)

O agronegócio e seus

impactos na saúde dos trabalhadores e da

população do estado de

Mato Grosso

Mato Grosso, 1998 a 2005 Abordagens quantitativa e qualitativa, com enfoque

epidemiológico-ecológico

trabalhadores saúde/produção/vigilância Processos produtivos

Correlação linear entre o

aumento dos "esforços

produtivos" com o aumento das incidências de

acidentes de trabalho,

intoxicações por agrotóxicos, acidentes por

animais peçonhentos, neoplasias e más-

formações congênitas.

Pignati, WA; Machado,

JMH; Cabral, JF (2007)

Acidente rural ampliado: o

caso das "chuvas" de

agrotóxicos sobre a cidade de Lucas do Rio Verde.

Lucas do Rio Verde, 2006 Estudo de caso espaço urbano acidente rural ampliado unidade produtiva rural

ações de vigilância do "uso

e abuso" de agrotóxicos ampliaram-se para

"movimento pelo

desenvolvimento sustentável da região"

Gonzaga AM. (2006)

Perfil epidemiológico das

intoxicações por

agrotóxicos notificadas no

estado de mato grosso no período de 2001 a 2004.

Mato Grosso, 2001 a 2004 Estudo descritivo

transversal Dados secundários,

intoxicação por

agrotóxicos

Variáveis sócio–

demográficas, ocupacionais, relacionadas

ao produto agrotóxico, e

relacionadas à intoxicação

Predominância de casos no

sexo masculino (84%); faixa etária 19/45 anos;

maiores ocorrências na

zona rural (57%); os sete municípios que

concentraram mais da

metade das ocorrências estão entre os dez maiores

pólos de produção agrícola

do estado.

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2.5.Grupos de risco

Os trabalhadores que possuem contato direto no campo com os agrotóxicos são o

grupo de risco, como é o caso dos aplicadores, preparadores de caldas, responsáveis por

depósitos. Há ainda os trabalhadores que possuem contato indireto com os produtos, como é o

caso daqueles que realizam capinas, roçadas, colheita, entre outros, que também formam

grupos de risco, muitas vezes este grupo torna-se o de maior risco, por não usarem

equipamento de proteção (RIGOTTO et. al., 2012).

Em estudo descritivo realizado com 290 agricultores da fruticultura do município

Bento Gonçalves/RS, detectou que em média foram utilizados 12 tipos de agrotóxicos em

cada propriedade, com destaque para o glifosato e organofosforados. A maioria dos

trabalhadores utilizava trator para a aplicação dos pesticidas (87%) e alguns trabalhadores

(4%) relataram terem sido intoxicados por agrotóxicos nos 12 meses anteriores à pesquisa e

(19%) dos trabalhadores relataram terem sido intoxicados por agrotóxicos em algum

momento da vida (FARIA et. al, 2009).

De acordo com Santana et.al. (2012) no Brasil, as incidências de acidentes de

trabalho por intoxicação por agrotóxicos em trabalhadores da agricultura elevaram, com

predominância no sexo masculino para os anos analisados (2007-2011).

Figura 3– Coeficiente de incidência de acidentes de trabalho por agrotóxicos em

trabalhadores da agropecuária, Brasil, SINAN (2007-2012).

Fonte: Santana et.al (2012)

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Moradores de regiões de predomínio do agronegócio também constituem grupo de

risco, pois grande quantidade de agrotóxicos é utilizada através das pulverizações (terrestre e

aérea) ao longo de anos, e a névoa resultante do despejo dos venenos, conhecida também

como deriva técnica, atinge residências, rios, solos, plantações. Os profissionais de Saúde

Pública que trabalham com controle de vetores de doenças, como é o caso da dengue; os

funcionários de empresas dedetizadoras, os funcionários de indústrias que fabricam ou

formulam agrotóxicos; as pessoas que trabalham com o transporte ou com o comércio dos

produtos, também são vulneráveis à contaminação (CHAIM et. al, 1999).

Finalmente, a população geral, que se alimentam (ao longo de vários anos) de

produtos que possuem altas taxas de resíduos de agrotóxicos, bem como utilizam destes

venenos para limpeza de suas residências e quintais (RIGOTTO et. al., 2012).

A Lei Orgânica de Segurança Alimentar no Brasil, preconiza que “a alimentação

adequada é direito fundamental do ser humano” e que todos deverão ter acesso a alimentos de

qualidade. Entrementes, este mesmo conceito de alimentação saudável tem sido um desafio

para o poder público frente ao quadro de contaminação das hortaliças pelos agrotóxicos neste

país (ALMEIDA et.al., 2009; BRASIL, 2006).

Neste contexto, o Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxicos (PARA) é

considerado instrumento essencial de políticas públicas para promoção da segurança

alimentar no Brasil.

De acordo com o último relatório do PARA, publicado pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA), foram coletadas e analisadas 1.665 amostras de culturas,

71% dos resultados das amostras monitoradas foram considerados satisfatórias quanto aos

ingredientes ativos pesquisados; 35% não foram detectadas resíduos; e 36% apresentaram

resíduos com concentrações iguais ou inferiores ao limite permitido; 29% dos resultados

foram considerados insatisfatórios por apresentarem resíduos de produtos não autorizados, ou

autorizados, mas em concentrações acima do limite permitido (ANVISA, 2013).

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2.6.Intoxicações agudas por agrotóxicos

As intoxicações por exposição não intencional (ambiental, domiciliar e ocupacional)

aos agrotóxicos estão incluídas na Classificação Internacional de Doenças, 10ª. Ver. (CID-

10Rev) através dos códigos T60.0-T60.9 (Cap. XIX), X48.7, Y18 e Z57.9 (Cap. XX).

No caso da intoxicação aguda, constitui-se em uma alteração no estado de saúde de

um indivíduo ou de um grupo de pessoas, que resulta na interação nociva de uma substância

com o organismo vivo. Classifica-se de forma leve, moderada ou grave, a depender da

quantidade de veneno absorvido, do tempo de exposição e do atendimento prestado ao

intoxicado (RIGOTTO et. al., 2012).

Este tipo de intoxicação (aguda) está associado a uma exposição a curto período

(geralmente em 24h), cujos sintomas surgem rapidamente, horas após a contaminação do

veneno. Os sintomas mais frequentes são dores de cabeça, náuseas, vômitos dificuldades

respiratórias, fraqueza, salivação, cólicas abdominais, tremores, confusão mental, convulsões,

dentre outros. Vários estudos vêm demonstrando associação entre a exposição humana aos

agrotóxicos com alterações psicológicas e neurológicas, podendo levar ao suicídio (CURVO,

2013; RIGOTTO et. al., 2012; GRISÓLIA, 2005).

Estudo cujo objetivo era caracterizar 1.938 pacientes registrados em um centro de

toxicologia no estado de Lara na Venezuela nos anos de 2006 e 2007, averiguou que a

segunda causa mais frequente de consultas no período estudado foram as intoxicação por

agrotóxicos, correspondendo a 20,6% dos atendimentos (TAGLIAFERRO e

BRACAMONTE, 2010).

Estudo realizado por Magalhães (2005) avaliou os pacientes atendidos no

Ambulatório de Toxicologia Ocupacional da Diretoria de Saúde do Trabalhador do DF, entre

abril de 2003 e julho de 2005. Dos 188 trabalhadores expostos predominantemente a

agrotóxicos, em atividades agropecuárias, de saúde pública e serviços gerais, os sintomas

mais referidos foram prurido na pele (31,4%) e cefaléia (79,3%).

Para Fontoura (2009) nos países em desenvolvimento, os agrotóxicos são utilizados

sem os cuidados necessários e a classe dos inseticidas é o maior responsável pelos casos de

intoxicação.

Em outro estudo, que utilizou dados reportados ao Centro de Informação e

Assistência Toxicológica do Distrito Federal, Brasil (CIAT/DF) referentes a intoxicações por

agrotóxicos ocorridas no DF no período compreendido entre 2004 a 2007. Crianças de 1 a 4

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anos e adultos de 20 a 39 anos estiveram envolvidos em 30 e 36% das intoxicações,

respectivamente. O raticida chumbinho e o inseticida carbamato aldicarbe, estiveram

envolvidos em 35,1% dos casos, principalmente em tentativas de suicídio. Dezoito das

intoxicações registradas evoluíram a óbito, sendo 15 por suicídios e 3 por acidente individual

(REBELO, 2011).

De acordo com Bochner (2007) as intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola e por

produtos veterinários são mais frequentes em adultos e indivíduos do sexo masculino,

intoxicações por agrotóxicos de uso doméstico e por raticidas são mais frequentes em crianças

e indivíduos do sexo feminino.

Para Santana, et. al., (2013) no Brasil, nos anos de 2000 a 2009, de acordo com os

dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), homens apresentaram maiores

coeficientes de incidência de intoxicação por agrotóxicos do que as mulheres, no âmbito

ocupacional.

Figura 4 – Coeficiente de incidência de acidentes de trabalho por intoxicação por agrotóxico

em trabalhadores da agropecuária, Brasil, 2000-2009, SIM.

Fonte: SANTANA, et. al., (2013).

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2.7. Intoxicações crônicas por agrotóxicos

Nas intoxicações crônicas por agrotóxicos, o surgimento dos sintomas é de forma

tardia (meses ou anos) e estes sintomas são na maioria das vezes subjetivos, tais como perda

de peso, fraqueza muscular, depressão, irritabilidade, insônia, anemia, dermatites, alterações

hormonais, problemas imunológicos, problemas de reprodução, doenças de fígado e dos rins,

doenças respiratórias, dentre outros (CURVO,2013; GRISÓLIA,2005; KOIFMAN e

KOIFMAN,2003).

Também são definidas como alterações no estado de saúde de um indivíduo ou de

um grupo de pessoas e também são resultados da interação nociva de uma substância com o

organismo vivo. A diferença entre as intoxicações crônicas das agudas, é que nestas, os

efeitos sobre a saúde humana surgem no decorrer de repetidas exposições ao toxicante, que

normalmente ocorrem durante longos períodos de tempo (meses ou anos). Outra diferença é

que dentre os agravos sobre a saúde humana, inclui-se os danos genéticos, manifestam-se

através de inúmeras patologias, que atingem vários órgão e sistemas do intoxicado. Os

diagnósticos são difíceis de serem estabelecidos e há maior dificuldade na associação causa-

efeito (GRISÓLIA, 2005; STOPELLI, 2005).

Estudo, realizado por Pires et. al. (2005) que objetivou analisar as prevalências das

tentativas de suicídio provocadas pela exposição a agrotóxicos de uso agrícola no Estado do

Mato Grosso do Sul no período compreendido entre 1992 a 2002, foi constatada uma

tendência de crescimento de suicídios nos últimos dez anos, averiguada uma correlação

estatisticamente significativa entre a produção de algodão e a prevalência das tentativas de

suicídio na microrregião de Dourados (r = 0,61 e 0,83).

Para Faria et. al.(2009), foi observado que os agrotóxicos que se destaca nas

tentativas de suicídio é o chumbinho (Aldicarb), produto clandestino, considerado

extremamente relevante nestas ocorrências, juntamente com os demais pesticidas de uso

agrícola e domiciliar, sendo responsáveis por inúmeros óbitos no Brasil.

Estudo transversal, realizado por Souza (2010) em uma amostra de 298 indivíduos,

cujo objetivo era avaliar possível associação entre contato com os agrotóxicos e a prevalência

de doenças crônicas em população rural do Sul do Brasil (Vale do Taquari), detectou que

68,4% dos entrevistados exerciam atividade rural, dos quais 74,8% eram membros de famílias

de agricultores. A maior parte da amostra foi composta por mulheres (63,8%), sendo que

61,6% delas relataram ter contato.

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O quadro 5, abaixo relacionado, apresentam os sintomas de intoxicação aguda e

crônica relacionadas aos efeitos da exposição aos agrotóxicos (OPAS, 1996).

Quadro 5 - Sintomas de intoxicação aguda e crônica relacionadas aos efeitos da exposição

aos agrotóxicos.

2.8. As intoxicações por agrotóxicos no Sistema Único de Saúde – SUS

A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080, em seu art. 6º, atribui ao SUS a competência da

atenção integral à Saúde do Trabalhador, envolvendo as ações de promoção, vigilância e

assistência à saúde (BRASIL, 1990).

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Levando em consideração a gravidade do quadro de saúde dos trabalhadores e da

população brasileira em relação aos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, o Ministério

da Saúde publicou a Portaria n.777, e definiu as intoxicações causadas por agrotóxicos, como

de notificação compulsória a ser realizada através da Ficha de Investigação, pela Rede

Sentinela (BRASIL, 2004).

A Rede Sentinela foi uma estratégia estabelecida e é composta por unidades de saúde

(chamadas de Unidades Sentinela) que são responsáveis por identificar, diagnosticar,

investigar e notificar (quando confirmados) os casos de doenças, agravos e/ou acidentes e

doenças relacionados ao trabalho no SINAN.

Um dos objetivos dos dados coletados através das Redes Sentinelas é disponibilizar

informação consistente e ágil sobre a situação da produção, perfil dos trabalhadores e

ocorrência de agravos relacionados ao trabalho para orientar as ações de saúde, a intervenção

nos ambientes e condições de trabalho, visto que tais informações (antes da implantação da

Rede Sentinela) encontravam-se dispersas, fragmentadas e pouco acessíveis, no âmbito do

SUS (BRASIL, 2004).

Atualmente, o estado de Mato Grosso conta com 543 Unidades Sentinelas

distribuídas nos 141 municípios, devidamente pactuadas e habilitadas para realizar as

notificações das doenças e agravos relacionados ao trabalho, dentre eles a intoxicação

exógena por agrotóxicos (SINAN, 2013).

No ano de 2011 com a publicação da Portaria 104, foi definida a relação de doenças,

agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória através da Rede Sentinela,

estabelecendo fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de

saúde (BRASIL, 2011a).

A notificação de doenças e agravos relacionados ao trabalho é obrigatória a todos os

profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos,

biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão (BRASIL, 2011a).

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Neste mesmo ano foi publicada ainda pelo Ministério da Saúde, a Portaria 1271 que

“define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde

pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional”, dentre as

doenças e agravos, encontram-se as intoxicações por agrotóxicos, com peridiocidade semanal

para notificação (BRASI, 2011a).

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) estima que para cada caso

registrado de intoxicação exógena (por agrotóxico), ocorrem cerca de cinquenta outros sem

notificação ou que apresentam notificação errada (OPAS, 2008).

No Brasil foram registrados 50.036 casos de intoxicações por agrotóxicos registrados

no SINAN para o período de 2007 a 2013 (tabela 4). O agente tóxico raticida correspondeu a

aproximadamente 43% dos casos, seguido pelo agrotóxico de uso agrícola (37%).

Tabela 4 – Intoxicações por agrotóxicos segundo agente tóxico, Brasil, SINAN, 2007 a 2013.

Agente Tóxico Notificações

Agrotóxico agrícola 18551

Agrotóxico doméstico 5400

Agrotóxico saúde pública 1044

Raticida 21299

Prod. veterinário 3742

Total 50.036

Fonte: SINAN/NET, 2013.

Para Matos (2013), entre os anos de 2007 a 2012, os estados com maior percentual

de casos confirmados de intoxicações no SINAN foram o Estado de São Paulo com 19%

(6.069), seguido pelo Paraná com 18% (5.932), Minas Gerais com 14% (4.573), Pernambuco

com 8% (2.686), Santa Catarina com 5% (1.700), Ceará com 5% (1.640), Goiás com 4%

(1.446) e Bahia com 4% (1.294).

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Tabela 05- Distribuição dos casos notificados, confirmados e óbitos de intoxicações por

agrotóxicos, segundo sexo e estados brasileiros,SINAN, 2007 a 2012.

Fonte: MATOS, 2013.

Por outro lado, os menores valores de casos confirmados de intoxicação foram

distribuídos para os estados de Espírito Santo 3% (1.066), Alagoas 3% (931), Tocantins 2%

(782), Rio de Janeiro 2% (679), Mato Grosso do Sul 2% (673), Mato Grosso 2% (562), Rio

Grande do Sul 2% (498), Distrito Federal 1% (354), Rondônia 1% (313), Piauí 1% (295),

Sergipe 1% (260), Paraíba 1% (185), Maranhão 1% (190), Pará 1% (189), enquanto que os

estados do Rio grande do Norte (61), Amazonas (61), Roraima (45) e Acre (1) tiveram

representação de menos de 1%.

Tais dados remetem a mais um questionamento: Será que estes dados refletem o

cenário dos casos de intoxicação por agrotóxicos em um país que é a maior potência de

produção agrícola a nível mundial?

Os casos subnotificados no SINAN dificultam a compreensão da magnitude das

intoxicações por agrotóxicos, atualmente diagnosticadas como problema de Saúde Pública no

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Brasil. Pode-se dizer que, os casos sub notificados não geram reflexo do real cenário de

acidentes de trabalho gerados pelo agronegócio (INCA, 2012; PERES et al, 2003).

A tabela 6, abaixo relacionada, contempla os casos de intoxicações por agrotóxicos

no Brasil, registrados no SINITOX no ano de 2010 e compreendendo os seguintes agentes

tóxicos: agrotóxicos de uso agrícola, agrotóxicos de uso doméstico, produtos veterinários e

raticidas.

Tabela 6 – Casos registrados de intoxicação humana por agente tóxico e sexo, Brasil,

SINITOX, 2011.

Fonte: MS/FIOCRUZ/SINITOX (2011)

Em relação aos agentes tóxicos uso agrícola, produtos veterinários e uso doméstico,

pode-se verificar que a maioria dos casos ocorreu no sexo masculino 4663, 876 e 2405 casos,

respectivamente. Em relação ao agente tóxico raticida, foi observado que maior prevalência

envolveu o sexo feminino, apresentando 2421 casos. Para os anos de 2012 e 2013, ainda não

se encontram disponibilizados os registros neste sistema.

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2.9.Vigilância em Saúde à população exposta aos agrotóxicos

Os problemas ambientais ganharam relevância na Saúde Pública após as

conferências mundiais organizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), e realizadas

em Estocolmo em 1972 e no Rio de Janeiro em 1992. Estas conferências proporcionaram a

conversação entre o poder público e os segmentos da sociedade civil, acerca da possibilidade

de um novo desenvolvimento de modelo agrícola no mundo (FREITAS, 2003).

Em 1996 foi apresentado o primeiro modelo de Vigilância em Saúde, através da

publicação do Manual de Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, pois

desde a década de 1970, devido à disseminação da utilização de agrotóxicos na agricultura

brasileira, o país apresentou a necessidade de controlar os efeitos à saúde decorrente dessa

utilização. Esta era uma proposta da OPAS para o desenvolvimento do um projeto-piloto com

o objetivo de testar uma metodologia de vigilância da saúde de populações expostas a

agrotóxicos (OPAS, 1996).

Após, foi publicado pelo MS o Plano Integrado de Vigilância em Saúde de

Populações Expostas a Agrotóxicos, que se constituía em uma estratégia de harmonização de

ações na esfera federal do SUS, garantindo o atendimento integral das demandas de saúde das

populações expostas a agrotóxicos. Uma das justificativas para que fosse estabelecido este

Plano, devia-se ao fato de o Brasil estar entre os maiores consumidores mundiais de

agrotóxicos no ano de 2008 e que os agrotóxicos estavam entre os mais importantes fatores de

risco para a saúde da população geral, especialmente para saúde dos trabalhadores e para o

meio ambiente (BRASIL, 2009b).

O conceito de Vigilância em Saúde constitui-se de ações de promoção, vigilância,

proteção, prevenção e controle das doenças e agravos à saúde e tem como objetivo a análise

permanente da situação de saúde da população, articulando-se num conjunto de ações que se

destinam a controlar determinantes, riscos e danos à saúde, garantindo a integralidade, o que

inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. O conceito

ampliado de Vigilância em Saúde inclui as vigilâncias: epidemiológica, sanitária, ambiental, e

da saúde do trabalhador (BRASIL, 1997; BRASIL, 2012a).

A Saúde do Trabalhador é a mais nova dentre as quatro Vigilâncias (Saúde do

Trabalhador, Epidemiológica, Sanitária e Ambiental) e como estratégia de atuação da mesma,

foram criados os Centros de Referencia em Saúde do Trabalhador - CERESTs, através da

Portaria Ministerial 1.679/2002, cujo papel é prover retaguarda técnica especializada para o

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conjunto de ações e serviços da rede SUS, garantindo apoio matricial às equipes de referencia

das diversas instancias da rede de atenção, promoção e vigilância em saúde (BRASIL,2002).

Estes Centros Estaduais e Regionais “oferecem suporte aos municípios que

compõem suas abrangências para a operacionalização da Política Nacional de Saúde do

Trabalhador no SUS e fortalecimento da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde dos

Trabalhadores - RENAST. Excepcionalmente, para as situações em que o município não tem

condições técnicas e operacionais de fazê-lo, ou para aquelas definidas como de maior

complexidade, caberá aos centros de referencia a execução direta de ações de assistência e

vigilância, em caráter complementar ou suplementar às instâncias assistenciais e de vigilância

da rede” (BRASIL, 2002).

Atualmente, no território nacional existem 210 CERESTs, dentre gestões estaduais e

regionais e 10 CERESTs Rurais para promoverem ações para melhorar as condições de

trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da prevenção e vigilância (BRASIL,

2011c).

No estado de Mato Grosso existem 05 Centros de Referência em Saúde do

Trabalhador, sendo 01 Centro Estadual (Gestão Estadual) em Cuiabá, e 04 Centros Regionais

(Gestão Municipal), localizados em Cuiabá, Colíder, Sinop e Primavera do Leste.

Um dos instrumentos para o direcionamento das ações de Vigilância em Saúde do

Trabalhador no Brasil é a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora,

dentre os objetivos está o fortalecimento e a articulação das ações de Vigilância em Saúde,

identificando os fatores de risco ambiental, com intervenções tanto nos ambientes e processos

de trabalho, como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos trabalhadores e da

população circunvizinha (BRASIL, 2012a).

O MS publica ainda o Modelo de Vigilância em Saúde de populações expostas a

agrotóxicos, que tem por objetivo orientar os profissionais de saúde por meio de informações

sistematizadas sobre as ações de vigilância em saúde, em especial a vigilância epidemiológica

e as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos relacionados à exposição humana

aos agrotóxicos (BRASIL, 2012).

Há também a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da

Floresta, instituída pela Portaria n° 2.866, apresentando o objetivo de “melhorar o nível de

saúde das populações do campo e da floresta, por meio de ações e iniciativas que reconheçam

as especificidades de gênero, geração, raça/cor, etnia e orientação sexual, objetivando o

acesso aos serviços de saúde; a redução de riscos à saúde decorrentes dos processos de

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trabalho e das inovações tecnológicas agrícolas e a melhoria dos indicadores de saúde e da sua

qualidade de vida (BRASIL, 2011b).

Entrementes, diante de tantas políticas, modelos e pactuações estabelecidos pelo

poder público entre as três esferas de governo e a sociedade civil, o maior desafio torna-se dar

dinamicidade a todos os propósitos para reduzir as desigualdades de acesso às ações e aos

serviços do SUS para essas populações.

Para isto, o MS publicou no Diário Oficial da União a Portaria 2.938 autorizando

repasse de R$ 22.700.000, 00 (vinte e dois milhões e setecentos mil reais) do Fundo Nacional

de Saúde aos Fundos Estaduais de Saúde e Distrito Federal, conforme critérios pactuados na

Comissão Interinstitucional Tripartite – CIT. Desta fatia, R$ 1.000.000,00 (um milhão de

reais) está destinada ao Estado de Mato Grosso para que sejam implementadas as ações de

Vigilância em Saúde de populações expostas a agrotóxicos (BRASIL, 2012b).

O estado de Mato Grosso através da equipe técnica nomeada pela Portaria 041/2013

publicada no Diário Oficial do Estado no dia 09 de maio de 2013, página 47, elaborou Projeto

de implantação do Modelo de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos do

estado de Mato Grosso, que compreendeu o diagnóstico do perfil de consumo de agrotóxicos

(MATO GROSSO, 2013).

Os municípios prioritários identificados no diagnóstico do perfil de consumo de

agrotóxicos compreendem 20 municípios que ocupam as primeiras posições de exposição da

população a agrotóxicos, sendo os 08 primeiros: Diamantino, Campo Novo do Parecis, Nova

Mutum, Pedra Preta, Campo Verde, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Primavera do Leste.

Dentre os objetivos desta proposta de modelo de Vigilância em Saúde a ser

implantada neste estado, está a capacitação dos profissionais da Vigilância, Atenção à Saúde,

Controle Social, Agentes Comunitários e Agentes de Endemias; monitorar e avaliar o registro

dos resultados das análises de agrotóxicos na água de consumo humano; monitorar e avaliar

as notificações das intoxicações exógenas por agrotóxicos. Esta proposta já foi aprovada pela

Comissão Intergestora Bipartite – CIB.

Atualmente, encontram-se capacitadas as equipes de Agentes Comunitários e

Agentes de Endemias dos 08 municípios que mais fazem uso de agrotóxicos em Mato Grosso.

Estas equipes foram treinadas para identificar famílias e trabalhadores expostos ocupacional e

ambientalmente aos agrotóxicos, através da aplicação de um questionário.

Para que se possam executar as ações de Vigilância em Saúde em todo o estado, a

Secretaria Estadual de Saúde conta com as Regiões de Saúde, que foram estabelecidas de

acordo com alguns critérios, como por exemplo, o perfil de morbimortalidade da região, o

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acesso geográfico e viário, e a capacidade de serviços instalados. Em todas as Regiões de

Saúde foram estruturados os Escritórios Regionais de Saúde (SCHRADER, 2002).

Os Escritórios Regionais de Saúde têm a finalidade de organizar e orientar o modelo

de Atenção em Saúde no espaço regional e são sediados nas respectivas regiões. São

responsáveis pelas atividades de controle e avaliação e auditoria no âmbito regional, com

apoio dos técnicos do nível central da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso

(SES/MT). Existem hoje, dezesseis Escritórios Regionais de Saúde no estado, sendo eles,

juntamente com seus respectivos municípios de abrangência (GONZAGA, 2002; LOCH,

2002).

2.10. Os sistemas de informação relacionados aos agrotóxicos no âmbito do SUS

O SINITOX foi criado em 1980 e é um sistema vinculado à Fundação Oswaldo Cruz

– FIOCRUZ que, através dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica - CIATs,

coleta, compila, analisa e divulga os dados sobre intoxicação e envenenamento considerando

diversos agentes tóxicos (inclusive agrotóxicos de uso agrícola e uso doméstico, produtos

veterinários e raticidas) (SINITOX, 2010).

Atualmente existem no Brasil trinta e seis Centros de Assistência Toxicológica, que

através de linha telefônica fornecem informação e orientação sobre a prevenção, o diagnóstico

e o tratamento de intoxicações, informações estas, exclusivas para os profissionais de saúde

ou para quem precise atender pessoas intoxicadas. Cada atendimento realizado pelo CIAT

gera um registro de informação, e os dados relatados tornam-se notificações dos casos de

intoxicação e são armazenados no SINITOX. Em Mato Grosso foi desativado o Centro de

Informação Anti-Veneno de Cuiabá, que funcionava no Hospital Municipal e Pronto Socorro

de Cuiabá (SINITOX, 2010).

O segundo sistema, o SINAN constitui-se em uma ferramenta fundamental para o

monitoramento das ações de Vigilância em Saúde, visto que se trata de um permanente de

coleta, transmissão e disseminação de informação sobre doenças e agravos de notificação

compulsória, onde os dados são coletados e digitados no nível municipal, transportados para

as instâncias regionais de saúde, e encaminhados semanalmente para as Secretarias Estaduais

de Saúde. Quinzenalmente os dados são enviados para o nível federal do SUS (SINAN, 2007;

GALDINO e SANTANA, 2012).

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É alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que

constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria 104/2011) e

contribui para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica,

fornecendo subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, e

indicando riscos aos quais as pessoas possam estar expostas (SINAN, 2007).

O SINAN foi implantado, de forma gradual, a partir de 1993, não havendo uma

coordenação e acompanhamento por parte dos gestores de saúde, nas três esferas de governo.

A partir de 1998, o uso do SINAN foi regulamentado, tornando obrigatória a alimentação

regular da base de dados nacional pelos municípios, estados e Distrito Federal e no ano de

2003, ele passa a ser de responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde –SVS

(SINAN, 2007).

Há no Brasil outros sistemas que notificam intoxicações por agrotóxicos, um deles é

o Notivisa (Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária), que é um sistema online, criado

pela ANVISA em 2007 com a finalidade de receber notificações de eventos adversos à saúde,

como as queixas técnicas relacionadas aos diferentes produtos sob vigilância sanitária, dentre

eles os agrotóxicos.

Outro sistema é a CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho, sistema sob

domínio Previdência Social. A CAT está limitada a trabalhadores do mercado formal, e,

conforme visto na literatura, a grande massa dos trabalhadores do agronegócio não estão

inseridos no mercado formal. Há ainda outras fontes oficiais de intoxicação por agrotóxicos,

como é o caso do SIM – Sistema de Informação de Mortalidade, o SIH – Sistema de

Internação Hospitalar e o SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica (SINITOX,

2010).

Esta multiplicidade de sistemas no país corrobora contra o mapeamento das

intoxicações e não refletem a verdadeira realidade acerca das intoxicações por agrotóxicos,

pois os sistemas são dispersos e não integrados entre si, e geram análises paralelas dos dados

sobre as intoxicações no Brasil. O único ponto em comum é que todos os sistemas apresentam

subnotificação de registros de casos de intoxicação por agrotóxicos ocorridos em todo o país .

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3.OBJETIVOS

3.1.Objetivo Geral

Avaliar as notificações de intoxicações por agrotóxicos e a sua relação com o uso

deste produto em Mato Grosso, no período de 2007 a 2012.

3.2.Objetivos Específicos

- Caracterizar a distribuição das notificações segundo as Regiões de Saúde de Mato

Grosso.

- Identificar as Regionais que mais notificam casos de intoxicação por agrotóxicos.

- Identificar as notificações com o período safra das principais culturas de grãos

produzidas no estado.

- Avaliar a associação entre as variáveis de exposição selecionadas do banco de

dados com a variável desfecho “se decorrentes do trabalho”.

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4.PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1.Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico de caráter descritivo e analítico, realizado em

duas etapas, acerca das intoxicações por agrotóxicos notificadas no SINAN, abrangendo todas

as Regiões de Saúde de Mato Grosso, no período de 2007 a 2012.

A Etapa 1 trata-se de um estudo descritivo baseado na análise de 760 notificações de

intoxicação por agrotóxicos registradas no SINAN, abrangendo as dezesseis Regiões de

Saúde de Mato Grosso, no período de 2007 a 2012, e sua relação com a utilização deste

produto no estado. Foram descritas variáveis relacionadas ao produto agrotóxico e

relacionadas à intoxicação, através de apresentação de frequências absolutas e relativas.

Na Etapa 2, realizou-se análise descritiva, bivariada e regressão múltipla para as 312

notificações resultantes da etapa 1. Na análise descritiva, observaram-se as frequências

absolutas e relativas das variáveis selecionadas. Para a análise bivariada, buscou-se

associações entre algumas variáveis selecionadas do banco de dados com a variável desfecho

“se decorrentes do trabalho” (intervalo de confiança de 95%). A análise múltipla foi realizada

através do Modelo de Regressão de Poisson. Adotou-se o nível de significância de 0,05 como

de associação estatisticamente significante para todas as análises, e o teste qui-quadrado. Foi

utilizado o pacote estatístico Epi Info, versão 7.0.

4.2.Área de estudo:

Mato Grosso, cuja capital é a cidade de Cuiabá, estimou no ano de 2013 uma

população em torno de 3.182.113 habitantes. Sua área é de 903.366,192 km2, apresentando

uma densidade demográfica de 3,36 km/hab. Esta densidade corrobora para o estado seja o

celeiro do agronegócio no país (IBGE, 2010).

No ano de 2012 o estado apresentou uma produção nas lavouras temporárias: a)

soja: 21.841.292 toneladas, com utilização de 6.980.690 hectares; b) cana-de-açúcar:

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17.108,709 toneladas, com utilização de 246.298 hectares; c) milho: 15.646.716 toneladas,

com utilização de 2.740.833 hectares; d) algodão herbáceo (em caroço): 2.804.712

toneladas, utilizando 728.645 hectares (IBGE, 2013).

Mato Grosso é formado por 141 municípios, e está dividido em 16 Regiões de Saúde

onde estão estruturados os Escritórios Regionais de Saúde, abaixo relacionados, juntamente

com seus municípios de abrangência (PDR, Mato Grosso, 2005).

1.ERS de Água Boa: Água Boa, Canarana, Cocalinho, Nova Nazaré, Gaúcha do Norte,

Querência e Ribeirão de Cascalheira.

2.ERS de Alta Floresta: Alta Floresta, Apiacás, Carlinda, Nova Bandeirantes, Nova Monte

Verde e Paranaíta.

3.ERS de Baixada Cuiabana: Cuiabá, Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães,

Jangada, Nova Brasilândia, Nossa Senhora do Livramento, Planalto da Serra, Poconé, Santo

Antônio do Leverger e Várzea Grande.

4.ERS de Barra do Garças: Barra do Garças, Araguaiana, Campinápolis, General Carneiro,

Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Pontal do Araguaia, Ponte Branca, Ribeirãozinho e

Torixoréo.

5.ERS de Cáceres: Cáceres, Araputanga, Curvelândia, Glória D’Oeste, Indiavaí, Lambarí

D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Porto Espiridião, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu

e São José dos Quatro Marcos.

6.ERS de Colíder: Colíder, Nova Canaã do Norte, Nova Guarita, Marcelândia, Nova Santa

Helena e Itaúba.

7.ERS de Diamantino: Diamantino, Alto Paraguai, Nobres, Nortelândia, Nova Maringá,

Rosário Oeste, São José do Rio Claro e Arenápolis.

8.ERS de Juara: Juara, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos e Tabaporã.

9.ERS de Juína: Juína, Aripuanã, Castanheira, Colniza, Cotriguaçu, Juruena e Brasnorte.

10.ERS de Peixoto de Azevedo: Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte, Matupá, Novo

Mundo e Terra Nova do Norte.

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11.ERS de Pontes e Lacerda: Pontes e Lacerda, Campos de Júlio, Comodoro, Conquista

D’Oeste, Figueirópolis D’Oeste, Jauru, Nova Lacerda, Rondolândia, Vale de São Domingos e

Vila Bela da Santíssima Trindade.

12.ERS de Porto Alegre do Norte: Porto Alegre do Norte, Cana Brava do Norte, Confresa,

Santa Cruz do Xingú, Santa Terezinha, São José do Xingú e Vila Rica.

13.ERS de Rondonópolis: Rondonópolis, Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari,

Araguainha, Campo Verde, Dom Aquino, Guiratinga, Itiquira, Jaciara, Juscimeira,

Paranatinga, Pedra Preta, Poxoréu, Primavera do Leste, Santo Antônio do Leste, São José do

Povo, São Pedro da Cipa e Tesouro.

14.ERS de São Félix do Araguaia: São Félix do Araguaia, Alto Boa Vista, Bom Jesus do

Araguaia, Luciara, Novo Santo Antônio e Serra Nova Dourada.

15.ERS de Sinop: Sinop, Cláudia, Feliz Natal do Norte, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum,

Nova Ubiratã, Santa Carmem, Sorriso, União do Sul, Vera, Santa Rita do Trivelato, Tapurag,

Itanhangá e Ipiranga do Norte.

16.ERS de Tangará da Serra: Tangará da Serra, Barra do Bugres, Campo Novo do Parecis,

Denise, Nova Marilândia, Nova Olímpia, Porto Estrela, Santo Afonso e Sapezal.

A seguir, está apresentado no quadro 6 a distribuição dos Escritórios Regionais de

Saúde em Mato Grosso.

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Quadro 6 – Regionais de Saúde em Mato Grosso

Fonte: Plano Diretor de Regionalização – PDR, Mato Grosso, 2005.

4.3.Fontes de dados

As informações sobre as intoxicações por agrotóxicos foram obtidas no SINAN (sob

o domínio da Secretaria Estadual de Saúde – SES/MT).

Este sistema registra as notificações e investigações de casos de doenças e agravos

que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, conforme preconiza a

Portaria nº 104/2011 (BRASIL, 2011).

A utilização do SINAN permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência

de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos

de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas,

contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área

geográfica (SINAN, 2007).

Os dados sobre a quantidade de utilização de agrotóxicos (litros, hectares e litro

/habitante) relativos às regiões produtoras de Mato Grosso, foram obtidos do Sistema de

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Informação de Agrotóxicos (Banco eletrônico) do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato

Grosso INDEA/MT.

4.4.Critérios de Inclusão

Foram selecionadas as notificações advindas das fichas de investigação de

intoxicação exógena que constem de informação que comprove ter sido a intoxicação

relacionada aos agrotóxicos, constante no campo 49 da ficha de notificação (Anexo III). As

informações selecionadas foram terem sido os agrotóxicos de uso doméstico, agrícola, na

saúde pública, raticidas e produtos veterinários classificados como agrotóxico.

4.5.Critérios de Exclusão

Foram excluídas as intoxicações classificadas como cosmético/higiene pessoal,

drogas de abuso, medicamento, metal, planta tóxica, produto químico de uso industrial,

produto de uso domiciliar e outros. Também foram excluídas as notificações provenientes de

outros estados.

Em análise exploratória sucinta dos registros no SINAN, entre 2007 a 2012, após

aplicação dos critérios de exclusão, dos 760 registros que compreenderam todas as

intoxicações por agrotóxicos para o período, permaneceram no banco de dados 312 casos.

4.6.Variáveis

Etapa 1

Variáveis Relacionadas à Notificação:

a) Ano da Notificação: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.

b) Mês de Notificação: Janeiro, Fevereiro, Março Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto,

Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

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c) Tipo de atividade: diluição, tratamento de semente, pulverização; colheita,

armazenagem, desintetização, transporte; Outros; Não se aplica e Ignorado.

d) Regional da notificação: (refere-se ao nome do município sede da Regional de

Saúde): Água Boa, Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Colíder, Cuiabá, Diamantino,

Juara, Juína, Peixoto de Azevedo, Pontes e Lacerda, Porto Alegre do Norte, Rondonópolis,

São Félix do Araguaia, Sinop e Tangará da Serra.

e) Circunstância da Exposição: Acidental, Ambiental, Ignorado, Tentativa de Aborto,

Tentativa de Suicídio e Violência/homicídio e Outros (foram agrupadas as variáveis abuso,

automedicação, erro de administração, ingestão de alimento ou bebida, uso habitual e uso

terapêutico).

Etapa 2

As variáveis de exposição serão divididas em três blocos, conforme classificação a

seguir:

a)Variáveis sócio-demográficas: faixa etária, sexo, raça e escolaridade, regional de

notificação e ano de notificação.

Para análise descritiva, a faixa etária foi categorizada em 15 a 19 anos, 20 a 29 anos,

30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 e +, onde os pontos de cortes foram definidos pela literatura

como de maior ou menor exposição aos agrotóxicos. Para a análise bivariada, faixa etária foi

recategorizada em 50 e + e outros. A variável sexo foi avaliada de maneira dicotômica, onde o

sexo masculino será considerado como categoria de risco. A raça, originalmente categorizada

em: branca, preta, amarela, parda, indígena e ignorado, foi recategorizada em preta e outras,

de acordo com aquelas de maior ou menor exposição, utilizando-se, como de referência,

aquela(s) como de menor prevalência de intoxicação por agrotóxicos. A variável escolaridade

foi reagrupada em até nível fundamental completo e até ensino médio completo, tendo em

vista a literatura descrever o maior ou menor exposição aos agrotóxicos. Para finalizar, a

regional de notificação permaneceu da mesma maneira que foi originalmente registrada.

b)Variáveis sobre as características de exposição aos agrotóxicos: zona de

residência, local de ocorrência da exposição, agente tóxico e circunstância da exposição.

A zona de residência foi analisada da mesma maneira que foi originalmente

registrada, sendo considerada de risco a zona rural. O local de ocorrência da exposição é

registrado no SINAN nas seguintes categorias: residência, ambiente de trabalho, trajeto do

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trabalho, serviços de saúde, escola ou creche, ambiente externo, outro e ignorado. Após

análise exploratória, recategorizou esta variável em ambiente de trabalho e outros, tendo em

vista a maior ou menor prevalência de intoxicação. Quanto à classificação dos agentes

tóxicos, estes foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão (descrito

anteriormente) em agrotóxicos de uso doméstico, agrotóxicos de uso agrícola, agrotóxicos de

uso na saúde pública, raticidas e produtos veterinários. Na análise bivariada, estes agentes

foram reagrupados agrotóxicos de uso agrícola e demais, considerando, como grupo de maior

exposição, os primeiros. Não será possível avaliar as informações sobre nome comercial e

princípio ativo destes agrotóxicos devido à existência de uma grande proporção de dados

faltantes no banco de dados. Finalmente, a circunstância da exposição foi analisada na

primeira fase (descritiva) de acordo registro no banco de dados: acidental, ambiental, tentativa

de suicídio e outros. Posteriormente, na análise bivariada, foi recategorizada em

acidental/ambiental e outros.

c)Variáveis as intoxicações segundo as vias e circunstâncias de contaminação

pelo agrotóxico: tipo de atendimento, houve hospitalização e evolução do caso.

O tipo de atendimento, originalmente registrado como hospitalar, ambulatorial,

domiciliar, nenhum e ignorado, após a seleção das intoxicações por agrotóxicos para a

construção do presente banco de dados, foi recategorizada entre hospitalar e outros

(ambulatorial, domiciliar, nenhum e ignorado) sendo considerados como de maior risco os

atendimentos hospitalares. A variável houve hospitalização foi analisada na forma do registro

original (sim e não). Finalmente, a evolução do caso foi recategorizada em cura com sequela e

outros (cura sem sequela, ignorado, óbito por intoxicação exógena, perda de segmento,

ignorado e vazias).

4.7. Considerações Éticas

O projeto de pesquisa foi submetido à Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Julio Muller – UFMT e aprovado sob o parecer n. 20563814.0.0000.5541.

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4.8.Divulgação e produção dos dados:

Os resultados da pesquisa serão divulgados em forma de artigos científicos em

publicações nacionais e internacionais, como também, irão compor um Boletim

Epidemiológico a ser divulgado aos órgãos competentes e à comunidade científica mato-

grossense.

4.9.Vantagens e benefícios para a Saúde Coletiva e para o SUS

Os resultados deste estudo poderão contribuir para o aprimoramento de Políticas

Públicas em Saúde, objetivando o monitoramento das buscas ativas de casos de intoxicação

por agrotóxicos e a melhor alimentação das notificações no SINAN nos 141 municípios de

Mato Grosso, como também, Políticas Públicas em Saúde que promovam ações que visem

proteger a saúde humana, em especial da população exposta aos agrotóxicos.

4.10.Limitações do estudo

Por se tratar de uma metodologia onde os dados sobre a exposição e o desfecho são

coletados simultaneamente (através de um recorte único), há a dificuldade de se conhecer a

relação temporal existente entre eles (MEDRONHO, 2009).

Outra limitação que este tipo de estudo apresenta, pauta-se na dificuldade para

investigar condições de baixa prevalência, tornando-se necessário trabalhar com uma amostra

relativamente grande (BASTOS e DUQUIA, 2007; MEDRONHO, 2009).

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71

5.RESULTADOS

5.1.Análise descritiva – Etapa 1

A tabela 6 ilustra o banco de dados de intoxicações em Mato Grosso, extraído

SINAN, compreendendo o período de 01 de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2012. O

banco possui 3.874 casos de intoxicações exógenas, abrangendo os agentes tóxicos

classificados em: agrotóxico uso agrícola, agrotóxico uso doméstico, agrotóxico uso saúde

pública, cosmético/higiene pessoal, drogas de abuso, medicamento, metal, planta tóxica,

produto de uso domiciliar, produto químico de uso industrial, produto veterinário, raticida.

Tabela 7 – Intoxicações em Mato Grosso, segundo classificação por agente tóxico, 2007 a

2012, SINAN/MT.

Variável Frequencia (n) Porcentagem (%)

Agrotóxico uso agrícola 146 4,00

Agrotóxico uso doméstico 203 5,00

Agrotóxico uso saúde pública 48 1,00

Cosmético/higiene pessoal 57 1,00

Drogas de abuso 10 0,00

Medicamento 569 15,00

Metal 39 1,00

Planta tóxica 386 10,00

Produto de uso domiciliar 220 6,00

Produto químico de uso industrial 216 6,00

Produto veterinário 40 1,00

Raticida 32 1,00

(vazio) 1908 49,00

Total 3874 100,00

Fonte: SINAN/SVS/MT, 2012.

Conforme critério de seleção estabelecida na metodologia deste estudo, foram

selecionadas as variáveis: Agrotóxico uso agrícola (146), Agrotóxico uso doméstico (203),

Agrotóxico uso saúde pública (48), Produto veterinário (40) e Raticida (32), apresentando

uma amostra inicial de 469 casos de intoxicação por agrotóxicos.

Contudo, para a variável (vazio) descrita também na tabela (6), foi verificado um

total de 291 casos relacionados à intoxicação por agrotóxicos não classificados inicialmente

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72

segundo critério de seleção (Agrotóxico uso agrícola, Agrotóxico uso doméstico, Agrotóxico

uso saúde pública, Produto veterinário, Raticida), porém, estas 291 notificações relacionadas à

intoxicação por agrotóxicos, foram confirmadas através do preenchimento de outros campos

correspondentes aos agrotóxicos, que foram: Agente tóxicos classificação_outros, Agente

tóxico1, 2 e 3_nome comercial, Agente tóxico 1, 2 e 3_princípio ativo, Se agrotóxico

finalidade de_utilização, Se agrotóxicos_atividades exercidas_exposição atual, e para

finalizar, Se agrotóxico_cultura agrícola_qua lavoura.

A tabela 8 a seguir, ilustra a distribuição destes 760 casos de intoxicação por

agrotóxicos, registrados no SINAN, em Mato Grosso, de 2007 a 2012, segundo as variáveis

selecionadas.

Tabela 8 – Distribuição das notificações de intoxicações por agrotóxicos em Mato Grosso,

2007 a 2012, segundo agente tóxico.

Agente Tóxico 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total %

Agrotóxico uso agrícola 9 28 25 38 28 18 146 19,0

Agrotóxico uso doméstico 15 35 31 53 44 25 203 27,0

Agrotóxico uso saúde pública 1 2 12 14 8 11 48 6,0

Produto veterinário 2 7 5 11 11 4 40 5,0

Raticida 2 2 6 17 3 2 32 4,0

(vazio) 14 42 34 47 86 68 291 38,0

Total Geral 43 116 113 180 180 128 760 100,0

Fonte: SINAN/MT (2007 a 2012).

O banco de dados nos apresentou mais da metade dos registros (62%) sem a

classificação correspondente ao agente tóxico, quando comparadas às demais.

Para Gonzaga (2006) estudos baseados em banco de dados secundários apresenta

limitações, tendo em vista registrar um elevado percentual de “ignorados” em variáveis

relacionadas aos agrotóxicos. Problemas na validade interna e externa em estudos pautados

em banco de dados são comuns no Brasil, devidos às lacunas não preenchidas existentes

nestes registros (FARIA et. al., 2000).

De acordo com a tabela 8, podemos contemplar a distribuição das notificações por

ano, segundo Região de Saúde.

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Tabela 9– Distribuição das notificações de intoxicação por agrotóxico por ano, segundo

Regional de Saúde, Mato Grosso, 2007 a 2012.

Regional 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total geral %

Água Boa 1 10 4 8 1 2 26 3,0

Alta Floresta 0 2 0 3 8 1 14 2,0

Barra do Garcas 4 15 7 17 23 17 83 11,0

Cáceres 1 2 4 7 5 6 25 3,0

Colíder 6 3 4 3 3 6 25 3,0

Cuiabá 3 24 22 70 54 40 213 28,0

Diamantino 1 0 0 0 0 0 1 0,0

Juara 0 0 1 2 3 0 6 1,0

Juína 5 0 7 6 5 7 30 4,0

Peixoto de Azevedo 1 1 5 5 5 8 25 3,0

Pontes e Lacerda 1 1 2 1 2 0 7 1,0

Porto Alegre do Norte 2 1 2 7 0 0 12 2,0

Rondonopolis 10 28 28 12 13 11 102 13,0

Sinop 8 17 13 19 40 27 124 16,0

Tangará da Serra 0 12 14 20 18 3 67 9,0

Total 43 116 113 180 180 128 760 100,0

Fonte: SINAN/MT, 2007 a 2012.

Para os 760 registros apresentados no período de 2007 a 2012, a Regional de Saúde

que mais notificou casos de intoxicação por agrotóxicos foi a de Cuiabá (28%), seguida pelas

regionais de Sinop (16%), Rondonópolis (13%), Barra do Garças (11%) e Tangará da Serra

(9%). Estas regionais apresentaram uma média de 35, 20, 17, 14 e 11 notificações anuais,

respectivamente.

A figura a seguir contempla a distribuição destas notificações demonstradas na tabela

9, segundo por Regionais de Saúde, nos anos de 2007 a 2012.

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Figura 5 – Distribuição das notificações de intoxicação por agrotóxicos, segundo Regional de

Saúde, SINAN/MT, 2007 a 2012.

Fonte: SINAN/MT, 2007 a 2012.

Ainda em relação à temporalidade dos registros, a figura 6 abaixo relacionada,

representa o cruzamento das variáveis ano e mês de ocorrência dos 760 registros de

intoxicações por agrotóxicos, para o período de 2007 a 2012 em Mato Grosso.

Figura 6 - Casos de intoxicação notificados segundo mês e ano de ocorrência em Mato

Grosso no período de 2007 a 2012.

Fonte: SINAN/MT, (2007-2012).

26 14

213

83

25 25

1 6

30 25

7 12

102

0

124

67

0

50

100

150

200

250

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2012

2011

2010

2009

2008

2007

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Observa-se um comportamento sazonal dos casos notificados para todos os anos

analisados. Entre os meses de outubro a maio ocorreram as maiores percentuais de casos. Isto

se justifica porque o período de safra (maior atividade agrícola) no estado compreende os

meses de outubro a maio. Nos meses de junho a setembro (que compreende o período

intersafra) foram observados os menores percentuais de registros para todos os anos.

Tal resultado vai ao encontro dos achados de Gonzaga (2006), onde observado um

aumento no percentual de registro de casos de intoxicações por agrotóxicos entre os meses

outubro e abril e decréscimo destas notificações entre os meses maio e setembro, para os anos

de 2002 a 2004, em Mato Grosso.

O plantio da safra de cultivo de grãos (como é o caso da soja) envolve várias etapas

como exemplos, preparo do solo, sementes, pulverizações terrestre e aérea, colheita, secagem,

armazenamento. Para Pignati (2007), os agricultores, objetivando combater as pragas na

lavoura, contaminam o ambiente de trabalho (meio ambiente), contaminando desta forma o

trabalhador e ocasionando intoxicações agudas por agrotóxicos.

A figura a seguir, descreve as atividades exercidas decorrente das intoxicações por

agrotóxicos em Mato Grosso, 2007 a 2012, envolvendo os 760 registros do SINAN/MT.

Figura 7 – Distribuição das atividades exercidas das notificações de intoxicação por

agrotóxico em Mato Grosso, 2007 a 2012.

Fonte: SINAN/MT (2007 a 2012).

5

2

35

50

98

3

37

488

22

20

0 100 200 300 400 500 600

Armazenagem

Colheita

Desinsetização

Diluição

Pulverização

Transporte

Tratamento de sementes

Ignorado

Não se aplica

Outros

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Para a variável (atividades exercidas), 488 notificações apresentaram este campo

como “ignorado”, o que dificulta o desenvolvimento de uma melhor análise epidemiológica.

Em contrapartida, percebe-se que as maiores incidências de casos de intoxicação por

agrotóxicos em Mato Grosso, foram decorrentes das pulverizações (98), seguidas por diluição

(50), tratamento de sementes (37) e desinsetização (35).

Tabela 10– Consumo de agrotóxicos, população residente, exposição ambiental e

notificações (Etapas 1 e 2) em Mato Grosso, 2007 a 2012.

Regional Agrotóxicos

População Exp. Ambiental Total Geral

Etapa 1

Notificações

Etapa 2 (em litros) (litros/hab)

Água Boa 36.736.860 79350 77,16 26 23

Alta Floresta 2.413.338 99916 4,02 14 13

Baixada Cuiabana 7.959.560 910.233 8,7 213 45

Barra do Garças 19.997.485 117.610 28,33 83 35

Cáceres 4.207.732 184.412 3,8 25 15

Colíder 3.525.909 69.906 8,4 25 17

Diamantino 51.095.417 91.046 93,53 1 1

Juara 12.160.765 54.587 37,13 6 6

Juína 14.065.853 133.128 17,61 30 23

Peixoto de Azevedo 2.014.962 94.758 3,55 25 15

Pontes e Lacerda 27.487.162 109.284 41,91 7 5

Porto Alegre do Norte 3.662.597 76.515 7,98 12 2

Rondonópolis 176.002.737 441.637 66,41 102 51

São Félix do Araguaia 2.093.628 21.439 16,28 0 0

Sinop 199.470.203 316.471 105,05 124 39

Tangará da Serra 100.935.196 206.038 81,65 67 22

Total Geral 663.829.404 3.006.330 36,80 760 312

Fontes: SINAN, DATASUS, INDEA/MT (2012).

A exposição ambiental neste estado (tabela abaixo relacionada), apresentou

tendência crescente, sendo verificadas médias de exposição de 78,61 litros/habitante para o

ano de 2007; 80,53 litros/habitante para o ano de 2008; 88,95 litros/habitante para o ano de

2009; 101,21 litros/habitante para o ano de 2010; 113,41 litros/habitante para o ano de 2011 e

129 litros/habitante para o ano de 2012. (INDEA/MT; SINAN, DATASUS,2012).

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Tabela 11– Exposição ambiental (litros/habitante) distribuída segundo Regiões de Saúde de

Mato Grosso, 2007 a 2012.

Regional de Saúde 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Água Boa 50,7 49,6 56,0 82,3 97,6 117,7

Alta Floresta 3,0 2,7 3,6 4,4 4,9 5,4

Baixada Cuiabana 0,8 1,0 1,4 1,5 1,8 2,1

Barra do Garças 22,5 21,2 22,4 31,5 33,9 37,9

Cáceres 2,4 3,4 4,3 3,7 4,2 4,8

Colíder 4,6 5,4 6,2 9,0 9,5 16,2

Diamantino 91,7 82,9 88,6 91,6 98,4 107,0

Juara 12,3 19,8 24,4 37,5 56,3 78,2

Juína 15,4 12,9 13,2 19,5 20,9 23,2

Peixoto de Azevedo 2,0 2,4 3,7 3,3 4,0 5,6

Pontes e Lacerda 29,6 36,8 40,5 45,5 48,9 50,2

Porto Alegre do Norte 3,2 3,5 6,8 8,4 9,7 15,8

Rondonópolis 59,5 63,2 69,2 63,9 69,6 72,0

São Félix do Araguaia 5,1 7,8 12,4 19,5 22,4 28,6

Sinop 91,2 93,9 100,1 105,1 114,0 120,6

Tangará da Serra 77,5 76,9 80,8 80,5 84,9 88,4

Total 471,7 483,4 533,7 607,3 680,8 773,8

Fonte: INDEA/MT, DATASUS, 2012.

Em relação à exposição ambiental aos agrotóxicos, Mato Grosso apresentou para

todos os anos, uma grande diferença em relação à média de exposição no Brasil que é de 12

litros/habitante.

A população da Regional de Sinop foi apresentou uma tendência crescente de

exposição, chegando a apresentar uma média de 120,6 litros/ habitante no ano de 2012, ou

seja, um nível de exposição 12 vezes maior que a exposição nacional.

No mesmo ano de 2012, a regional de Diamantino apresentou uma exposição

ambiental de 120,6 litros/habitante e registrou no SINAN apenas uma notificação de

intoxicação por agrotóxico para os seis anos analisados, o que nos leva a considerar a atuação

da Vigilância em Saúde daquela regional junto aos municípios de sua abrangência.

Em relação a variável circunstância da exposição, a maioria dos casos ocorreram de

maneira acidental (39%), seguida pela tentativa de suicídio (29%).

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Figura 8 – Notificações de intoxicação por agrotóxicos em Mato Grosso, segundo

circunstância de Exposição, SINAN, 2007 a 2012.

Fonte: SINAN/MT (2007 a 2012).

Foi observado que as maiores ocorrências de intoxicação por agrotóxicos ocorreram

de maneira acidental (292), seguidas pela tentativa de suicídio (223).

5.2.Análise descritiva – Etapa 2

Após filtragem das notificações segundo agentes tóxicos distribuídos em: agrotóxico

uso agrícola, agrotóxico uso doméstico, agrotóxico uso saúde pública, produto veterinário e

raticidas, restaram 312 notificações que nos possibilitaram o desenvolvimento da Etapa 2

deste estudo.

292

30 38

172

2

223

3

Acidental

Ambiental

Ignorado

Outros

Tentativa de aborto

Tentativa de suicídio

Violência/homicídio

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Tabela 12- Distribuição das notificações segundo variáveis sócio-demográficas dos

intoxicados, Mato Grosso, SINAN, 2007 a 2012.

VARIÁVEIS N %

Sexo

M 216 69,23

F 96 30,77

312 100,00

Raça

Amarela 1 0,33

Branca 135 44,85

Parda 140 46,51

Preta 25 8,31

301

# 100,00

Escolaridade

Até ensino fundamental completo 192 73

Até ensino médio completo 71 27

263

* 100,00

Faixa etária

15 a 19 anos 19 6,17

20 a 29 anos 87 28,25

30 a 39 anos 79 25,65

40 a 49 anos 55 17,86

50 e + 68 22,07

TOTAL 308! 100,00

Fonte: SINAN/MT (2007/2012). Atualizado até 31.03.2013. # Não havia informação de 11(onze) casos para esta variável

* Não havia informação de 49(quarenta e nove) casos para esta variável !

Não havia informação de 04(quatro) casos para esta variável

Em relação às características sócio-demográficas (sexo, raça, escolaridade e faixa

etária) dos intoxicados, podemos observar que as maiores incidências de casos ocorreram no

sexo masculino (69,23%) e quase a metade abrangeu a cor parda (46,51%).

No que diz respeito à escolaridade, 73,0% das pessoas intoxicadas possuíam até o

nível fundamental completo.

Para Lima, et. al. (2008) a escolaridade tem influência nos casos de intoxicação por

agrotóxicos, principalmente nos trabalhadores que manipulam o produto, tendo em vista que

a baixa escolaridade desfavorece na leitura do rótulo do produto, ou então, na interpretação

errônea do mesmo. Em contrapartida, as mesmos autores atentam para a ausência ou uso

incorreto e até mesmo incompleto dos equipamentos de proteção individual (EPIs) pelo

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80

trabalhador.

A baixa escolaridade é uma das hipóteses para maior abstenção no uso dos

Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). A não utilização dos EPIs propicia maior

contato com os agrotóxicos e consequentemente um maior risco de contaminação,

adoecimento e morte por essas substâncias (MATOS, 2013).

Em relação à faixa etária, pode-se observar que as maiores frequências de

intoxicações ocorrem dos 20 a 29 anos (28,25%), seguido pela faixa etária dos 30 a 39 anos

(25,65%). Nota-se também uma grande proporção de intoxicações nas faixas etárias maiores,

onde houve 17,8% entre os 40 a 49 anos e 22,08% de 50 anos e +. A media de idade dos

intoxicados foi de 37,9 anos (± 14,8) anos.

A tabela 13, abaixo relacionada, indica a taxa de intoxicação por agrotóxicos por

população economicamente ativa (PEA) segundo Regional de Saúde de Mato Grosso

segundo. Os Escritórios Regionais de Saúde (ERS) que apresentaram as maiores taxas foram

Barra do Garças (6,65), seguido por Água Boa (6,29), Colíder (5,26) e Juína (3,92). Os ERS

que apresentaram as menores taxas de intoxicação por agrotóxicos foram São Félix do

Araguaia (0,00), Diamantino (0,24), Porto Alegre do Norte (0,58) e Pontes e Lacerda (1,0).

Tabela 13 – Taxas de intoxicações por agrotóxicos, distribuídas por Regionais de Saúde, nos

anos de 2007 a 2012, Mato Grosso.

REGIONAL DE SAÚDE TAXA INTOXICACAO

(por 10.000 trabalhadores)

Barra do Garças 6,65

Água Boa 6,29

Colíder 5,26

Juína 3,92

Peixoto de Azevedo 3,41

Sinop 2,81

Alta Floresta 2,80

Rondonópolis 2,46

Tangará da Serra 2,39

Juara 2,34

Cáceres 2,00

Cuiabá 1,07

Pontes e Lacerda 1,00

Porto Alegre do Norte 0,58

Diamantino 0,24

São Félix do Araguaia 0,00

Fonte: SINAN/MT, (2007-2012); DATASUS, 2013.

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A figura 9, baixo relacionada, contempla a distribuição das notificações por

agrotóxicos em Mato Grosso, por ano acumulado. Nota-se um aumento das notificações entre

os anos de 2007 a 2010, onde, a partir de então, apresentou um decréscimo até o ano de 2012.

Figura 9 - Notificações por agrotóxicos distribuídas por ano, SINAN, 2007 a 2012, Mato

Grosso.

Fonte: SINAN/SVS/MT, 2012.

Em Mato Grosso existem 543 Unidades Sentinelas pactuadas e com profissionais de

saúde treinados e capacitados para notificar os casos de intoxicação por agrotóxicos. Entre os

anos de 2007 a 2012, aproximadamente 1.700 profissionais de saúde foram treinados,

capacitados e certificados, nas linhas de cursos de protocolos clínicos, mapeamento de risco e

vigilância em saúde do trabalhador.

Para Londres (2011) as notificações dos casos de intoxicações por agrotóxicos no

Brasil é um desafio que envolve capacitação técnica, melhoria na infraestrutura do setor

saúde, na estruturação dos laboratórios de análises, dentre outros. Para este autor, as

subnotificações estão relacionadas à dificuldade enfrentada pelos profissionais médicos

brasileiros em diagnosticar, e aos demais profissionais de saúde em notificar ou mesmo

encaminhar pessoas intoxicadas com agrotóxicos para ser avaliados e tratados pela rede do

SUS.

25

55 56

85

51

40

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

<2007> <2008> <2009> <2010> <2011> <2012>

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Tabela 14 – Intoxicações exógenas segundo variáveis relacionadas aos agrotóxicos, Mato

Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

VARÍÁVEL N %

Zona de Residencia

Rural 117 37,86

Urbana 192 62,14

309@

100,00

Local da exposição

Ambiente de trabalho 149 48,38

Residência 140 45,45

Ambiente externo 12 3,90

Outros 7 2,27

308* 100,00

Agente Tóxico

Agrotóxico uso agrícola 97 31,09

Agrotóxico uso doméstico 146 46,79

Agrotóxico uso saúde pública 32 10,26

Produto veterinário 11 3,53

Raticida 26 8,33

312 100,00

Circunstância da exposição

Acidental 118 38,56

Ambiental 22 7,19 Outros 101 33,01

Tentativa de suicídio 65 21,24

306! 100,00

Decorrente do Trabalho

Não 137 43,91

Sim 175 56,09

TOTAL 312 100,00

Fonte: SINAN/MT (2007/2012). Atualizado até 31.03.2013. @

Não havia informação de 03(três) casos para esta variável

* Não havia informação de 04(quatro) casos para esta variável !

Não havia informação de 06(seis) casos para esta variável

A tabela 14 demonstra a distribuição das intoxicações por agrotóxicos em todo o

estado de Mato Grosso nos anos de 2007 a 2012. No tocante às variáveis relacionadas aos

agrotóxicos, foi constatado que na maior parte dos casos (62%), o intoxicado residia em área

urbana, em contrapartida, quase metade dos acidentes por intoxicações (48%) ocorreram no

ambiente de trabalho.

O agente tóxico mais notificado foi o de uso doméstico (46,79%), seguido pelo de

uso agrícola (31,09%) e de uso saúde pública (10,26%). Este é um dado interessante, pois, o

que talvez possa justificar o uso doméstico, “é facilidade com que estes produtos agrícolas

são encontrados no comércio, e também à sua venda indiscriminada à população” (LIMA, et.

al, 2008).

No que se refere à circunstância da exposição, 38% dos casos ocorreram de forma

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acidental, 21% das intoxicações encontram-se relacionadas à tentativa de suicídio e apenas

7% estavam relacionadas à exposição ambiental. Com relação às tentativas de suicídio, no

estudo ora elaborado, encontrou-se predomínio do sexo masculino.

De acordo com estudos pesquisados na literatura, há várias circunstâncias geradoras

de estresse na sociedade atual, que ocasionam o risco da tentativa de suicídio, como é o caso

do desemprego, da pobreza, da perda de familiares, a perda das relações afetivas e problemas

no trabalho. Contudo, como nos achados desta pesquisa, das notificações que resultaram em

tentativa de suicídio, 61% dos casos predominaram no sexo masculino, e neste caso é

importante levar em consideração a existência de outros fatores, como, por exemplo, o abuso

de bebida alcoólica e o uso de drogas (ROMÃO e VIEIRA, 2004).Para finalizar, a maioria

das notificações é decorrente do trabalho (56,09%).

Tabela 15 – Intoxicações por agrotóxicos segundo variáveis relacionadas aos intoxicados,

Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

VARÍÁVEL N %

Tipo de atendimento

Ambulatorial 94 30,62

Hospitalar 203 66,12

Outros 10 3,26

307@

100,00

Houve hospitalização

Não 151 49,51

Sim 154 50,49

305* 100,00

Evolução do caso

Cura com sequela 6 2,03

Cura sem sequela 267 90,51

Outros 22 7,46

295! 100,00

Fonte: SINAN/MT (2007/2012). Atualizado até 31.03.2013. @ Não havia informação de 05(cinco) casos para esta variável

* Não havia informação de 07(sete) casos para esta variável ! Não havia informação de 17(dezessete) casos para esta variável

No que se refere às variáveis relacionadas aos intoxicados, o atendimento hospitalar

correspondeu a mais que metade dos casos (66,12%). Em (50,49%) das intoxicações houve

hospitalização e 90% dos intoxicados tiveram cura sem sequela na evolução no caso.

Para Lima, et. al. (2008), casos de intoxicações por agrotóxicos são cada vez mais

frequentes nos atendimentos em setores de emergência, pois elas geralmente estão

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relacionadas a situações de emergência, em especial aquelas caracterizadas como agudas, as

quais usualmente se manifestam com dados clínicos evidentes de risco de vida. O

atendimento adequado às vítimas por parte dos profissionais de saúde bem capacitados

contribui para a redução da letalidade na evolução do caso.

5.3.Análise Bivariada

Tabela 16 – Distribuição das intoxicações por agrotóxicos segundo variáveis sócio

demográficas, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

Variáveis Decorrente do trabalho RP (IC 95%) p-valor

n/N % Sexo

Feminino 55/96 57,29 1

Masculino 120/216 55,56 0,97 (0,79- 1,20) 0,776

Faixa Etária

1 a 49 anos 131/237 55,27 1

50 e + 42/71 59,15 0,94 (0,75 - 1,17) 0,563

Raça

Preta 12/25 48 1

Demais 157/276 56,88 0,84 (0,55 - 1,28) 0,391

Escolaridade

Até ensino fundamental completo 111/192 57,81 1

Até ensino médio completo 39/71 54,93 1,05 (0,82 - 1,34) 0,675

Mês de notificação

Safra (out-mai) 136/232 58,62 1

Intersafra (jun-set) 39/80 48,75 1,20 (0,93 - 1,54) 0,125

RP: Razão de Prevalência; IC 95%: Intervalo de Confiança para a proporção de 95%.

A tabela 16 indica a análise de correlação entre as intoxicações decorrentes do

trabalho e demais variáveis sócio-demográficas. Na análise bivariada, não foi verificada

nenhuma associação estatisticamente significante (p<0,05) para as variáveis sexo, faixa

etária, raça, escolaridade e mês de notificação.

Para os meses de safra, foram considerados os meses de outubro a maio, tendo em

vista que são os meses de intensa atividade agrícola no estado, que abrange a cultura de soja.

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Para o período intersafra, foram considerados os meses de junho a setembro.

Tabela 17 – Distribuição das intoxicações por agrotóxicos segundo as variáveis sobre as

características de exposição aos agrotóxicos, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

Variáveis

Decorrente do

trabalho RP (IC 95%) p-valor

n/N % Zona de Residência

Urbana 110/192 57,29 1

Rural 64/117 54,70 0,95 (0,77 - 1,17) 0,656

Local de ocorrência da exposição

Outros 72/159 45,28 1

Ambiente de trabalho 103/149 69,13 1,52 (1,24 - 1,86) < 0,001

Agente tóxico

Demais 104/215 48,37 1

Uso agrícola 97/71 73,20 1,51 (1,27-1,81) < 0,001

Circunstância da exposição

Demais 66/166 39,76 1

Ambiental 109/140 77,86 1,95 (1,59 - 2,40) < 0,001

RP: Razão de Prevalência; IC 95%: Intervalo de Confiança para a proporção de 95%.

Na análise bivariada, as variáveis sobre as características de exposição aos

agrotóxicos associadas à decorrência do trabalho foram: no local de ocorrência da exposição,

o ambiente de trabalho apresentou (RR = 1,52; IC 95% = 1,24 - 1,86; p= < 0,001); em

relação ao agente tóxico, o agrotóxico de uso agrícola apresentou (RR = 1,51; IC 95% =

1,27-1,81; p= < 0,001); e em relação a circunstância da exposição, a exposição ambiental

apresentou (RR = 1,95; IC 95% = 1,59 - 2,40; p= < 0,001). A variável zona de residência

(urbana ou rural) não apresentou associação estatisticamente significante (P>0,05) (Tabela

18).

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Tabela 18 – Distribuição das intoxicações por agrotóxicos das variáveis segundo as vias e

circunstâncias de contaminação pelo agrotóxico, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

Variáveis Decorrente do trabalho RP (IC 95%) p-valor

n/N % Tipo de atendimento

Outros 55/104 52,88 1

Hospitalar 118/203 58,13 1,09 (0,88 - 1,36) 0,380

Houve hospitalização

Sim 95/154 61,99 1

Não 78/151 51,66 0,83 (0,68 - 1,02) 0,077

Evolução do caso

Outros 162/289 56,06 1

Cura com sequela 2/6 33,33 0,59 (0,19 - 1,85) 0,267

RP: Razão de Prevalência; IC 95%: Intervalo de Confiança para a proporção de 95%.

Na tabela 18 encontra-se a análise de correlação entre as intoxicações decorrentes do

trabalho e variáveis segundo as vias e circunstâncias de contaminação pelo agrotóxico. Na

análise bivariada, não foi verificada nenhuma associação estatisticamente significante para

estas variáveis.

5.4.Regressão Múltipla

Tabela 19 - Intoxicações por agrotóxicos das variáveis segundo características de exposição

aos agrotóxicos, Mato Grosso, 2007 a 2012, SINAN.

Variáveis Bruta p-valor Ajustada p-valor

Local de ocorrência da exposição 1 1

Outros 1 1

Ambiente de trabalho 1,52 (1,24 - 1,86) < 0,001 1,12 (0,89 -1,40) 0,332

Agente tóxico

Demais 1 1

Uso agrícola 1,51 (1,27-1,81) < 0,001 1,01 (0,82-1,22) 0,974

Circunstância da exposição

Demais 1 1

Ambiental 1,95 (1,59 - 2,40) < 0,001 1,83 (1,39-2,40) <0,001

RP: Razão de Prevalência; IC 95%: Intervalo de Confiança para a proporção de 95%.

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Na tabela 19 encontra-se a análise de regressão múltipla que ratifica a existência de

correlação entre a variável circunstância de exposição ambiental com a variável desfecho “se

decorrente do trabalho”. Foram verificadas associações estatisticamente significante para

estas variáveis, com p < 0,001.

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6.DISCUSSÃO

Neste estudo optou-se em utilizar dados secundários, conforme foi descrito na

metodologia, tendo em vista que a vantagem é que estes dados são gratuitos e oficiais.

Entretanto, o mesmo apresentou limitações, sobretudo em relação ao número de casos

registrados para os seis anos de estudo; ao elevado percentual de “ignorados” nas variáveis

relacionadas ao agente tóxico.

Na etapa 1 desta pesquisa foi realizada uma análise descritiva acerca das notificações

de intoxicações por agrotóxicos em Mato Grosso e a sua relação com o uso deste produto no

estado. Para as 760 notificações de intoxicação por agrotóxicos registradas no SINAN nos

anos de 2007 a 2012, as regionais que apresentaram as maiores incidências de casos estão

inseridas na cadeia do agronegócio neste estado: Sinop (16%), Rondonópolis (13%), Barra do

Garças (11%) e Tangará da Serra (9%).

As maiores incidências de casos de intoxicação por agrotóxicos em Mato Grosso,

foram decorrentes das pulverizações (98). A média exposição ambiental para os seis anos de

análise nestas regionais que mais notificaram foram elevadas em relação à média nacional,

sendo 105,0 litros/habitante para a Região de Sinop; 81,65 litros/habitante para Tangará da

Serra; 66,50 litros/habitante para a de Rondonópolis e 28,33 litros/habitante para Barra do

Garças. A exposição média na Regional de Diamantino foi de 93,50 litros/habitante e o que

chamou a atenção foi o fato desta regional apresentar apenas 1 caso de intoxicação por

agrotóxico para os seis anos.

No que se refere à Regional de Diamantino, segundo Nasrala (2011), na esfera

municipal há inexistência de ação integrada de controle e vigilância sobre o uso de

agrotóxicos, “demonstrando a ausência de ações interinstitucionais em nível municipal para

dar conta deste verdadeiro problema de saúde pública”. Para o autor, a existência de ações

integradas entre estas instituições (saúde, agricultura e meio ambiente) possibilitaria a

promoção de uma avaliação muito mais eficaz sobre o uso de agrotóxicos.

Em relação a variável circunstância da exposição, a maioria dos casos ocorreu de

maneira acidental (39%), seguida pela tentativa de suicídio (29%).

Esses resultados vão ao encontro aos resultados obtidos por Faria et al.(2007) que

apontaram a tentativa de suicídio como uma das principais causa de intoxicação por

agrotóxicos no Brasil.

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Em outro estudo realizado em Mato Grosso do Sul, Pires et al. (2005) aponta para a

situação da microregião de Dourados, segunda maior produtora de algodão do referido estado,

onde observaram-se as maiores prevalências de suicídio e sua provável relação com exposição

dos trabalhadores rurais aos agrotóxicos.

Em outro estudo, que analisou as notificações por agrotóxicos no Brasil nos anos de

2007 a 2012, observou que 61% das notificações e 87% dos óbitos por intoxicação estavam

relacionados à tentativa de suicídio (MATOS, 2013).

Acredita-se que na atualidade está ocorrendo um aumento de casos de suicídio em

diversas áreas do país, colocando-a como um importante problema para a saúde pública neste

país. É importante que novas pesquisas sejam realizadas, no intuito de aprofundamento de

análise acerca dos suicídios decorrente às intoxicações por agrotóxicos, como também,

estudos que visem esclarecer as mudanças culturais e comportamentais das mulheres que

poderiam estar influenciando a prática do suicídio na sociedade contemporânea.

Entretanto, é necessário o desenvolvimento de estudos mais aprofundados a respeito

do suicídio por agrotóxicos, pois é um problema de saúde pública que merece ser melhor

investigado.

Quando realizado o cruzamento das variáveis ano e mês, observou-se um

comportamento sazonal dos casos notificados para todos os anos analisados. Nos meses de

outubro a maio ocorreram as maiores incidências de casos, que coincide com o período da

safra de manejo das principais culturas.

Na etapa 2 deste estudo, foi utilizado o critério de seleção estabelecido na

metodologia e decorrentes desta filtragem, restaram 312 notificações que possibilitaram esta

análise.

Na análise bivariada, foram encontradas três correlações estatisticamente

significantes quando associadas à variável desfecho (se decorrentes do trabalho). Foram elas:

local de ocorrência da exposição (ambiente de trabalho), agente tóxico (uso agrícola),

circunstância da exposição (ambiental). Estas variáveis apresentaram p-valor < 0,001.

As notificações de intoxicação por agrotóxicos apresentam-se timidamente

distribuídas em quase todas as Regionais de Saúde em Mato Grosso, com manifestação

silenciosa para algumas regiões, como é o caso de São Félix do Araguaia (0), Diamantino (1),

Porto Alegre do Norte (2), Pontes e Lacerda (5) e Juína (6).

Observou-se que as quatro regiões que mais consumiram agrotóxicos em Mato

Grosso, nos anos de 2007 a 2012 (Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra e Água Boa)

estavam entre as regionais que mais apresentam registros de casos no SINAN para o período

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analisado, com exceção para a regional de Diamantino, que foi a quarta região que mais

consumiu agrotóxicos e a penúltima no registro de casos de intoxicação.

Vale ressaltar que em duas destas regiões que apresentaram maiores registros de

intoxicação por agrotóxicos em Mato Grosso (Sinop e Rondonópolis) há implantado o Centro

de Referência Regional em Saúde do Trabalhador, que atua como apoio matricial, integrando

os serviços do Sistema Único de Saúde voltados à assistência e à vigilância, de forma a

unificar os esforços dos principais executores com interface na Saúde do Trabalhador, tendo

como objetivo atuar, prevenir, controlar e enfrentar, de forma estratégica, integrada e

eficiente, os problemas de saúde coletiva como as mortes, acidentes e doenças relacionados

com o trabalho.

Quando analisado em nível de municípios, observa-se mais de 50% dos municípios

deste estado em manifestação silenciosa, ou seja, sem nenhum registro de intoxicação por

agrotóxicos para o período estudado. Isto nos leva a questionar se este banco de dados reflete

o real quantitativo de casos de intoxicação por agrotóxicos ocorridos em Mato Grosso, uma

vez que o estado é campeão neste país no consumo deste produto.

Cuiabá apresentou 41 casos registrados no SINAN de intoxicação por agrotóxicos,

sendo destacada como polo de notificação de sujeitos do interior. Tal fato pode ser justificado

levando-se em consideração de que este município é a capital do estado e atende a demanda

encaminhada para a referência e contra-referência ambulatorial e hospitalar especializadas,

afinal, a análise descritiva e exploratória deste estudo demonstrou que em 50% das

intoxicações houve hospitalização. (SCHRADER, 2002).

Ainda na análise descritiva, foi observado que o sexo masculino representou

aproximadamente 70% dos casos registrados e as raças que mais apresentaram intoxicações

foram a parda (46%) e a branca (44%).

Em relação à escolaridade, 73% do registro de casos possuíam até o ensino

fundamental completo, e as faixas etárias de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos, concentram maiores

ocorrência dos casos de intoxicação, sendo 87 e 79 casos, respectivamente. Entrementes,

houve um percentual considerável de 22% dos casos para a faixa etária 50 anos e +.

Para Silva et. al (2001) há influência do nível de escolaridade sobre a prevalência das

intoxicações por agrotóxicos e que esta informação, juntamente com outros fatores, são

fundamentais para aferir a morbimortalidade gerada em decorrência da utilização dos

agrotóxicos nas lavouras.

Em contrapartida, para Faria et. al. (2009) a escolaridade se revelou efeito protetor

contra a ocorrência de intoxicações. Para ele, o aumento de dias por mês de trabalho com

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agrotóxicos mostrou-se associado com intoxicação por agrotóxicos ao longo da vida e com

casos possíveis de intoxicação.

Para o período estudado, os meses de outubro a maio apresentaram maiores

incidências de casos. A temporalidade dos registros coincide com o período de manejo das

principais lavouras temporárias do estado.

A zona de residência urbana representou 62% dos registros; o local de ocorrência da

exposição se deu na maioria dos casos (48%) no ambiente de trabalho; a circunstância da

exposição foi de maneira acidental, com uma representatividade de 38% dos registros; e a

maior parte das intoxicações por agrotóxicos (56%) foram decorrentes do trabalho do

intoxicado.

Estes dados vão de encontro aos resultados oriundos do estudo realizado por Rebelo

et. al. (2011), onde naquele a maioria dos indivíduos envolvidos nas intoxicações foi do sexo

masculino (51,2%), intoxicados no domicílio (91%), em área urbana (86,3%). Adultos de 20 a

39 anos estiveram envolvidos em 36% das intoxicações. As intoxicações acidentais

corresponderam a 47,1% dos casos, seguidas pelas tentativas de suicídio (44,2%).

Nota-se ainda, que os Escritórios Regionais de Saúde (ERS) que apresentaram as

maiores taxas de intoxicação (Rondonópolis, Sinop, Barra do Garças, Água Boa, Juína e

Tangará da Serra) são regiões que estão inseridas na cadeia de produção do agronegócio em

Mato Grosso. Juntas, estas regiões utilizaram 547.208.334 litros de agrotóxicos no período

que compreendeu 2007 a 2012, correspondendo a aproximadamente 84% do consumo deste

produto no estado.

Como metodologia para gerar as taxas de intoxicação por agrotóxicos segundo

Regionais de Saúde, no numerador foi considerado o total de notificações por agrotóxicos

registradas no SINAN entre os anos de 2007 a 2012. No denominador, foi considerada a

população residente por Regional de Saúde, para o período selecionado, levando em

consideração a População Economicamente Ativa (PEA).

Contudo, as conclusões a partir destas taxas devem ser consideradas com cautela,

tendo em vista a instabilidade gerada pelos poucos números de notificação.

Entrementes, vale ressaltar que ainda existem escritórios que quase não notificaram

os casos de intoxicações por agrotóxicos, como é o caso de Diamantino, Porto Alegre do

Norte, Pontes e Lacerda e São Félix do Araguaia, o que indica a necessidade de intervenção

da equipe de Vigilância em Saúde do Trabalhador dessas regionais (através da multiplicação

de conhecimento e do monitoramento das notificações em seus respectivos municípios de

abrangência) pelos profissionais de saúde que são constantemente capacitados pelo Centro de

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Referência Estadual em Saúde do Trabalhador (CEREST/MT), no curso de Protocolos

Clínicos em Saúde do Trabalhador, com ênfase na educação, prevenção, atendimento,

orientação e, principalmente, notificação das vítimas de intoxicações por agrotóxicos neste

estado.

É importante destacar que há grande rotatividade de profissionais de saúde nos

municípios de abrangência das Regionais, o que sugere que estes novos profissionais de saúde

atuantes nos municípios necessitam de capacitação e acompanhamento pela equipe de

Vigilância em Saúde do Trabalhador dos Escritórios Regionais, em relação ao preenchimento

das fichas de investigação de notificação de intoxicação exógena por agrotóxico.

Para Nasrala (2011), “o quantitativo reduzido de funcionários para as tarefas de

vigilância em saúde se comparados com os da assistência ou da administração nas SMS, o que

fica mais patente quando se verifica a inexistência de funcionários e ações voltadas para a

Vigilância em saúde do trabalhador”.

Isto poderia ser corrigido com a diminuição de contratações temporárias e com a

realização de concursos públicos, em especial nos municípios.

Estes achados apontam para o possível fortalecimento da Vigilância em Saúde de

Mato Grosso, através de planejamento estratégico que contenha ações integradas entre as

Secretarias de Saúde (SES), Meio Ambiente (SEMA) e Agricultura em parceria com

Ministério Público do Trabalho. Ações que visem a promoção e prevenção à saúde da

população do campo e da floresta.

Outra observação a ser levantada, é a importância de se reativar o Centro de

Informação Anti-Veneno de Cuiabá, com atendimento voltado ao público em geral e aos

profissionais de saúde de Mato Grosso, fornecendo informação e orientação sobre o

diagnóstico, prognóstico, tratamento e prevenção das intoxicações e envenenamentos, assim

como sobre a toxicidade das substâncias químicas e biológicas e os riscos que elas ocasionam

à saúde.

Contudo, conclui-se que as intoxicações por agrotóxicos em Mato Grosso estão

associadas ao ambiente de trabalho; que o agente tóxico é na maioria de uso agrícola; e que

são decorrentes da exposição ambiental.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados sinalizam para os impactos negativos do processo produtivo do

agronegócio, indicando que os agrotóxicos que são utilizados intensivamente na produção

agrícola, estão induzindo intoxicações agudas que coincidem com o período das safras

agrícolas, sendo que as maiores incidências estão nas regionais maiores produtoras.

Estes dados evidenciam a importância do banco de dados SINAN para a

investigação de intoxicação por agrotóxicos, visto que Mato Grosso é um estado celeiro do

agronegócio no país. Entrementes, muitos dados apresentaram incompletitude nos registros,

gerando dificuldades para a realização desta análise.

Usando-se os bancos de produção agrícola, consumo de agrotóxico e suas

toxicidades, pode-se inferir seus impactos na saúde e ambiente, o que sugere a necessidade de

atuação preventiva nas regiões que mais produzem, através de ações integradas entre as

Secretarias de Saúde (SES), Meio Ambiente (SEMA) e Agricultura, Ministério Público do

Trabalho, Delegacia Regional do Trabalho e Universidade Federal de Mato Grosso; ações

destinadas à população do campo e da floresta.

Os resultados indicam ainda, para a necessidade de intervenção da Vigilância em

Saúde do Trabalhador de todos os Escritórios Regionais junto aos municípios silenciosos e de

baixa notificação, a fim de que possam diminuir os casos subnotificados neste estado,

aumento da busca ativa dos casos e aumento dos registros no SINAN, o que como

consequência, vai gerar maior consistência no banco de dados e contribuir com os posteriores

achados acadêmicos, de cunho epidemiológico.

O fortalecimento da Vigilância em Saúde pode ser um caminho para o

desenvolvimento das ações de promoção e prevenção nas populações expostas ao potencial

risco de intoxicações por agrotóxicos, nas diversas áreas deste país, inclusive em Mato

Grosso.

Como foi observado um grande percentual de “ignorados” na variável agente tóxico

(62%), os achados sugerem temas específicos a serem incluídos nas capacitações destinadas

aos profissionais de saúde deste estado: a) classificação de agente tóxico; b) nome comercial

do agrotóxico; c) Princípio ativo (conforme discriminados nos campos 49 e 50 da ficha de

investigação das intoxicações exógenas do SINAN).

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Recomenda-se um estudo sobre a viabilidade de integração do Sistema de

Informação de Agrotóxicos (SIA) à base de dados do SINAN, como meio de minimizar as

falhas no preenchimento das variáveis referentes ao produto agrotóxico.

Faz-se necessário implantar as ações de vigilância em saúde das populações

expostas aos agrotóxicos em Mato Grosso, coordenada pela Secretaria de Saúde, com

integração da Agricultura e Meio Ambiente.

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8. REFERÊNCIAS

Alexandre SF. Exposição a agrotóxicos e fertilizantes químicos: agravos à saúde dos

trabalhadores no agronegócio do abacaxi, em Limoeiro do Norte-CE [dissertação de

mestrado]. Fortaleza-CE: Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará; 2009.

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Publicado no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso.

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ANEXOS

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ANEXO I

ANEXO II

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ANEXO II

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APÊNDICES

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Tabela 20 – Notificações de intoxicações por agrotóxicos em Mato Grosso, distribuídas por

município, SINAN, 2007 a 2012.

Municípios 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Total

geral %

Alta Floresta

2

2 0,3

Araguaiana

2 2 0,3

Araputanga

1

2 3 0,4

Arenapolis

10 13 6 5 1 35 4,6

Aripuana

1

1 2 4 0,5

Barra do Bugres

2 1 4 13 1 21 2,8

Barra do Garcas

12 7 16 17 11 63 8,3

Brasnorte 5

1 1 2 9 1,2

Caceres 1 2

7 1 3 14 1,8

Campinapolis

1

1 1 3 0,4

Campo Novo do Parecis

10

10 1,3

Campo Verde

1 2 1 3

7 0,9

Campos de Julio

1

1 0,1

Canarana

6 4 8

2 20 2,6

Carlinda

1

1 0,1

Castanheira

1

1 0,1

Colider

1

4 5 0,7

Colniza

1 1 0,1

Confresa 2

2 7

11 1,4

Conquista D’Oeste 1

1 0,1

Cuiabá 2 22 22 70 49 38 203 26,7

Curvelândia

1 1 0,1

Diamantino 1

1 0,1

Feliz Natal

1

1 0,1

Guarantã do Norte 1 1 5 1 3 7 18 2,4

Guiratinga 1 4 2

4 1 12 1,6

Itauba

2 1 3 0,4

Itiquira 2

2 0,3

Jaciara

1

1 0,1

Jauru

1

1 0,1

Juara

1

1 0,1

Juina

6

6 0,8

Juruena

5 2 2 9 1,2

Lambari D’Oeste

3

3 0,4

Marcelandia 5 2 2 2 1 1 13 1,7

Matupá

1 2 1 4 0,5

Nova Bandeirantes

3 7 1 11 1,4

Nova Canaa do Norte 1 1 2

4 0,5

Nova Lacerda

1

1

2 0,3

Nova Mutum

2

3

5 0,7

Nova Olímpia

1 1 0,1

Nova Ubiratã 2 6 3 1

1 13 1,7

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111

Nova Xavantina

1 1 0,1

Novo Horizonte do Norte

2 2

4 0,5

Novo Mundo

1

1 0,1

Novo Sao Joaquim 1 1

1 3 0,4

Pedra Preta

1

1

2 0,3

Planalto da Serra 1 2

3 0,4

Pocone

3 2 5 0,7

Pontal do Araguaia

1 1 2 0,3

Pontes e Lacerda

1 1

2 0,3

Porto Alegre do Norte

1

1 0,1

Poxoreo

1 1

2 0,3

Primavera do Leste 1 7 16 3 1 6 34 4,5

Ribeirao Cascalheira 1 4

1

6 0,8

Ribeiraozinho 1

1 3

5 0,7

Rio Branco

4

4 0,5

Rondonopolis 4 3 1 2 3 4 17 2,2

Santa Carmem 1

1 2 0,3

Santo Antonio do Leste

1

1 0,1

Sao Jose do Povo 2 9 3 1

15 2

Sinop 2 1

2 14 3 19 2,9

Sorriso 5 11 8 15 24 22 84 11,2

Tabapora

1

1 0,1

Terra Nova do Norte

2

2 0,3

Tesouro

1 3 4

8 1,1

Torixoreu

1

1 0,1

Varzea Grande

2

2 0,3

Total 43 116 113 180 180 128 760 100

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112

Tabela 21 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Água Boa, 2007

a 2012. ERS ÁGUA BOA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Água Boa 338.122 344.479 442.788 654.710 716.746 1.058.746 3.555.591

Bom Jesus do Araguaia 333.559 296.961 270.180 425.320 530.477 620.103 2.476.600

Canarana 642.731 641.149 696.081 1.168.380 1.612.777 1.976.940 6.738.059

Cocalinho 13.829 13.425 18.188 22.216 27.216 31.250 126.123

Gaúcha do Norte 451.369 544.961 832.144 1.087.704 1.279.008 1.661.299 5.856.486

Nova Nazaré 4.307 4.222 6.332 29.059 29.059 43.459 116.438

Querência 1.752.800 1.911.722 2.065.507 3.183.926 3.717.583 4.352.717 16.984.255

Ribeirão Cascalheira 29.496 32.809 59.479 150.429 252.771 358.323 883.307

TOTAL GERAL 3.566.212 3.789.729 4.390.700 6.721.745 8.165.637 10.102.837 36.736.860

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 22 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Alta Floresta,

2007 a 2012. ERS ALTA FLORESTA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Alta Floresta 128.180 120.989 157.366 171.966 184.320 189.498 952.320

Apiacás 7.071 10.602 10.513 14.378 15.846 22.246 80.656

Carlinda 25.478 28.376 32.087 41.613 51.253 73.010 251.817

Nova Bandeirantes 15.758 23.981 34.467 55.573 65.533 71.267 266.578

Nova Monte Verde 46.900 53.996 68.250 73.240 82.880 92.325 417.591

Paranaíta 45.574 47.241 72.906 83.773 94.133 100.749 444.376

TOTAL GERAL 268.961 285.185 375.590 440.542 493.965 549.095 2.413.338

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 23 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Baixada

Cuiabana, 2007 a 2012. ERS BAIXADA CUIABANA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Acorizal 2.023 2.340 3.800 4.706 5.066 7.152 25.086

Barão de Melgaço 3.111 7.567 7.317 11.037 13.145 17.181 59.357

Chapada dos Guimarães 115.476 124.341 172.183 271.318 321.531 381.211 1.386.061

Cuiabá 189.450 421.019 627.552 503.096 604.075 804.104 3.149.297

Jangada 8.678 10.052 12.165 27.376 39.032 53.600 150.903

Nossa Senhora do Livramento 4.435 12.744 16.706 15.904 25.616 26.149 101.554

Nova Brasilândia 16.541 16.388 23.589 33.795 38.907 48.040 177.261

Planalto da Serra 40.484 34.438 58.442 134.064 140.400 182.218 590.045

Poconé 21.717 23.292 28.911 28.296 35.414 46.892 184.523

Santo Antônio do Leverger 352.474 245.379 286.490 343.273 389.976 396.792 2.014.384

Várzea Grande 5.599 10.284 18.609 22.837 32.117 31.642 121.088

TOTAL GERAL 759.991 907.844 1.255.764 1.395.702 1.645.279 1.994.980 7.959.560

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

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113

Tabela 24 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Barra do Garças

2007 a 2012. ERS BARRA DO GARÇAS 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Araguaiana 10.651 13.466 10.167 12.216 15.216 26.984 88.700

Barra do Garças 150.605 183.206 227.377 252.864 257.976 283.795 1.355.823

Campinápolis 8.481 11.530 46.331 62.016 72.016 82.036 282.411

General Carneiro 1.297.763 992.592 875.390 997.546 1.064.088 1.240.200 6.467.580

Nova Xavantina 329.724 411.576 482.463 597.074 654.221 777.946 3.253.003

Novo São Joaquim 740.073 747.247 849.378 1.513.858 1.663.157 1.786.954 7.300.665

Pontal do Araguaia 3.705 5.423 4.313 6.648 8.648 9.462 38.200

Ponte Branca 29 94 87 662 230 230 1.333

Ribeirãozinho 46.425 51.468 70.509 157.654 193.648 252.216 771.921

Torixoréu 21.886 25.188 36.529 119.794 116.194 118.260 437.850

TOTAL GERAL 2.609.342 2.441.790 2.602.545 3.720.332 4.045.394 4.578.083 19.997.485

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 25 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Cáceres 2007 a

2012. ERS CÁCERES 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Araputanga 40.584 96.638 146.362 2.333 6.048 10.253 302.217

Cáceres 112.846 139.938 120.565 90.029 101.261 95.993 660.631

Curvelândia 2.007 2.999 3.692 8.536 8.536 16.243 42.014

Glória D'Oeste 11.495 12.392 10.753 15.040 16.264 24.620 90.564

Indiavaí 6.577 9.768 9.465 10.749 15.936 20.965 73.460

Lambari D'Oeste 42.385 102.029 160.620 170.416 170.776 257.427 903.653

Mirassol d'Oeste 126.806 106.224 118.985 152.076 188.858 190.466 883.414

Porto Esperidião 31.575 50.443 74.695 84.162 94.882 103.960 439.716

Reserva do Cabaçal 1.405 4.865 12.822 10.547 13.835 15.979 59.453

Rio Branco 9.778 17.582 27.283 31.051 41.166 43.411 170.272

Salto do Céu 10.294 16.317 24.696 20.766 26.982 31.080 130.135

São José dos Quatro Marcos 34.529 54.985 82.558 86.350 97.070 96.710 452.203

TOTAL GERAL 430.281 614.178 792.496 682.055 781.615 907.107 4.207.732

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 26 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Colíder 2007 a

2012. ERS COLÍDER 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Colíder 29.999 27.709 37.022 53.787 77.315 125.315 351.147

Itaúba 161.220 153.992 151.346 131.458 183.902 377.526 1.159.445

Marcelândia 41.031 50.505 75.722 99.880 118.720 156.872 542.730

Nova Santa Helena 23.427 29.758 40.080 28.195 41.138 68.458 231.055

Nova Canaã do Norte 60.666 100.788 110.775 244.800 196.877 339.200 1.053.105

Nova Guarita 11.679 23.647 31.909 51.005 29.117 41.069 188.427

TOTAL GERAL 328.023 386.398 446.854 609.125 647.069 1.108.440 3.525.909

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

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Tabela 27 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Diamantino 2007 a 2012.

ERS DIAMANTINO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Alto Paraguai 35.349 68.617 68.123 119.376 111.600 131.900 534.965

Diamantino 6.005.279 5.734.490 5.847.480 5.585.587 5.357.218 5.707.440 34.237.493

Nobres 52.153 85.152 101.772 137.376 276.638 345.845 998.936

Nortelândia 114.063 171.303 178.442 249.840 282.960 282.960 1.279.568

Nova Maringá 313.265 262.867 412.610 659.600 1.232.000 1.589.152 4.469.495

Rosário Oeste 32.424 30.382 26.816 53.856 76.104 121.810 341.393

São José do Rio Claro 936.631 1.120.737 1.445.058 1.734.468 1.944.729 2.051.942 9.233.567

TOTAL GERAL 7.489.165 7.473.549 8.080.301 8.540.104 9.281.249 10.231.049 51.095.417

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 28 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Juara 2007 a

2012. ERS JUARA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Juara 33.971 56.563 58.134 74.509 91.549 109.821 424.546

Novo Horizonte do Norte 1.996 1.382 1.504 3.240 5.720 7.205 21.046

Porto dos Gaúchos 360.088 525.006 617.378 820.458 1.114.906 1.247.098 4.684.932

Tabaporã 385.525 470.940 638.818 1.051.200 1.728.130 2.755.627 7.030.240

TOTAL GERAL 781.579 1.053.890 1.315.834 1.949.406 2.940.304 4.119.751 12.160.765

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 29 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Juína 2007 a

2012. ERS JUÍNA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Aripuanã 25.626 17.414 18.128 17.337 25.670 30.822 134.996

Brasnorte 1.512.678 1.518.877 1.606.487 2.296.211 2.584.591 2.937.830 12.456.676

Castanheira 12.003 13.053 15.724 17.200 17.200 19.027 94.207

Colniza 3.449 2.416 4.290 24.480 14.688 14.904 64.227

Cotriguaçu 2.943 3.484 3.821 21.600 15.592 17.320 64.759

Juína 180.968 161.875 177.131 224.120 207.920 247.938 1.199.952

Juruena 4.494 4.212 5.289 7.800 9.720 19.520 51.036

TOTAL GERAL 1.742.161 1.721.331 1.830.870 2.608.748 2.875.381 3.287.362 14.065.853

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 30 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Peixoto de

Azevedo 2007 a 2012. ERS PEIXOTO DE AZEVEDO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Guarantã do Norte 67.872 44.443 71.521 78.058 90.938 152.618 505.449

Matupá 45.683 99.536 166.793 36.058 61.258 115.258 524.585

Novo Mundo 21.008 18.872 26.400 87.480 64.800 88.344 306.904

Peixoto de Azevedo 7.540 19.273 38.819 26.395 41.515 42.955 176.497

Terra Nova do Norte 15.692 49.554 62.377 84.912 131.392 157.600 501.528

TOTAL GERAL 157.794 231.679 365.910 312.902 389.902 556.774 2.014.962

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Page 115: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ...ri.ufmt.br/bitstream/1/476/1/DISS_2014_Shinarley Azevedo da Silva.pdf · e a variável desfecho “se são decorrentes do

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Tabela 31 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Pontes e Lacerda,

2007 a 2012. ERS PONTES E LACERDA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Campos de Júlio 2.707.060 3.217.111 3.319.060 3.674.295 4.004.726 4.123.195 21.045.448

Comodoro 342.545 241.655 429.363 702.144 742.464 799.200 3.257.370

Conquista D'Oeste 1.446 13.771 13.008 21.080 28.296 31.440 109.042

Figueirópolis D'Oeste 10.996 17.690 22.013 33.182 52.160 82.189 218.230

Jauru 17.843 14.402 19.231 20.720 22.520 33.240 127.957

Nova Lacerda 28.039 69.946 83.224 70.056 86.040 86.040 423.345

Pontes e Lacerda 122.125 157.883 209.705 226.173 221.853 240.573 1.178.312

Rondolândia 15.291 21.246 30.331 52.520 63.024 71.080 253.492

Vale de São Domingos 1.887 5.527 11.516 19.296 25.245 29.512 92.984

Vila Bela da Santíssima

Trindade 95.632 112.754 163.637 135.360 147.600 126.000 780.983

TOTAL GERAL 3.342.865 3.871.985 4.301.089 4.954.827 5.393.928 5.622.469 27.487.162

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 32 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Porto Alegre do

Norte, 2007 a 2012. ERS PORTO ALEGRE DO NORTE 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Canabrava do Norte 5.054 9.180 52.728 33.408 87.840 94.860 283.070

Confresa 50.348 37.560 47.526 15.624 58.320 71.964 281.342

Porto Alegre do Norte 48.784 56.968 82.498 101.232 136.181 246.650 672.313

Santa Cruz do Xingu 6.843 14.122 18.705 88.640 67.680 88.128 284.119

Santa Terezinha 55.100 16.427 64.344 55.256 22.520 38.960 252.606

São José do Xingu 90.823 103.173 165.243 267.120 295.920 414.960 1.337.239

Vila Rica 644 6.897 56.223 83.506 90.720 313.920 551.910

TOTAL GERAL 257.595 244.328 487.265 644.786 759.181 1.269.442 3.662.597

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 33 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de São Félix do

Araguaia, 2007 a 2012. ERS SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Alto Boa Vista 9.159 10.770 54.212 61.104 55.440 109.080 299.765

Luciara 85 311 308 452 488 616 2.260

Novo Santo Antônio 1.092 1.506 2.094 3.440 5.720 8.432 22.284

São Félix do Araguaia 81.727 155.991 221.536 347.912 422.584 509.959 1.739.708

Serra Nova Dourada 532 3.143 4.695 6.408 5.760 9.072 29.610

TOTAL GERAL 92.595 171.721 282.845 419.316 489.992 637.159 2.093.628

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Page 116: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ...ri.ufmt.br/bitstream/1/476/1/DISS_2014_Shinarley Azevedo da Silva.pdf · e a variável desfecho “se são decorrentes do

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Tabela 34 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Saúde de Sinop, 2007 a

2012. ERS SINOP 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Cláudia 260.201 284.772 323.976 515.867 734.587 814.652 2.934.055

Feliz Natal 245.913 274.377 258.733 563.929 605.248 916.930 2.865.129

Ipiranga do Norte 697.891 971.393 1.171.078 1.397.520 1.724.192 2.288.226 8.250.300

Itanhangá 50.693 100.887 113.929 309.806 468.378 744.115 1.787.808

Lucas do Rio Verde 4.098.300 4.540.019 5.162.029 4.879.008 4.918.594 4.953.103 28.551.053

Nova Mutum 5.294.580 5.369.540 5.702.919 5.984.640 6.333.350 6.686.035 35.371.065

Nova Ubiratã 2.233.314 2.828.340 2.955.950 3.776.825 4.716.752 5.218.894 21.730.075

Santa Carmem 357.078 396.055 427.182 621.600 821.299 951.627 3.574.842

Santa Rita do Trivelato 1.024.912 1.177.529 1.556.306 2.020.749 2.522.358 2.825.454 11.127.309

Sinop 1.925.615 2.057.118 2.726.494 2.065.968 1.963.771 2.434.752 13.173.718

Sorriso 6.918.520 7.061.437 7.237.010 8.631.497 9.266.296 9.762.986 48.877.746

Tapurah 1.524.113 1.901.796 2.022.159 2.308.738 3.015.418 2.907.706 13.679.929

União do Sul 21.019 37.957 45.166 109.888 208.512 338.760 761.302

Vera 543.122 532.255 805.399 1.434.368 1.634.541 1.836.187 6.785.872

TOTAL GERAL 25.195.272 27.533.476 30.508.329 34.620.403 38.933.296 42.679.427 199.470.203

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Tabela 35 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Rondonópolis, 2007 a

2012. ERS RONDONÓPOLIS 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Alto Araguaia 220.858 255.151 237.938 411.638 438.332 409.825 1.973.742

Alto Garças 1.349.726 1.998.220 2.281.111 1.812.499 1.704.067 1.977.830 11.123.455

Alto Taquari 870.405 1.015.204 1.532.836 1.428.684 1.545.507 1.642.271 8.034.907

Araguainha 13.027 16.000 20.130 20.252 23.144 30.288 122.841

Campo Verde 4.518.376 4.697.637 4.992.081 4.328.015 5.443.373 5.382.657 29.362.138

Dom Aquino 449.875 577.913 527.738 704.040 803.617 965.717 4.028.899

Guiratinga 646.010 672.973 765.030 898.022 990.378 1.066.848 5.039.261

Itiquira 3.014.343 2.642.673 2.830.334 3.721.572 3.600.864 3.902.573 19.712.358

Jaciara 536.992 566.765 593.412 753.322 889.249 974.036 4.313.775

Juscimeira 150.819 192.129 233.724 414.750 559.347 575.758 2.126.527

Paranatinga 527.822 768.372 741.751 879.014 1.036.917 1.596.920 5.550.796

Pedra Preta 2.897.736 2.656.054 3.213.982 3.339.056 3.524.874 3.412.554 19.044.256

Poxoréo 666.535 640.257 767.831 813.356 1.051.418 1.072.614 5.012.011

Primavera do Leste 5.799.615 5.909.506 6.203.208 4.493.146 5.273.734 5.487.415 33.166.624

São José do Povo 5.239 7.030 17.697 20.893 22.893 32.893 106.644

São Pedro da Cipa 3.409 8.620 10.459 12.521 19.713 18.381 73.103

Rondonópolis 1.834.131 2.034.388 2.272.875 2.129.988 2.133.444 2.142.156 12.546.982

Santo Antônio do Leste 851.630 1.618.766 2.074.819 2.281.723 2.638.498 2.645.885 12.111.321

Tesouro 220.736 326.295 405.144 473.760 453.600 673.562 2.553.097

TOTAL GERAL 24.577.285 26.603.953 29.722.098 28.936.252 32.152.966 34.010.183 176.002.737

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.

Page 117: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ...ri.ufmt.br/bitstream/1/476/1/DISS_2014_Shinarley Azevedo da Silva.pdf · e a variável desfecho “se são decorrentes do

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Tabela 36 – Quantidade de agrotóxicos, em litros, segundo Regional de Tangará da Serra, 2007 a

2012. ERS TANGARÁ DA SERRA 2007 2008 2009 2010 2011 2012 TOTAL REGIONAL

Arenápolis 7.895 8.230 7.548 13.346 16.920 20.880 74.819

Barra do Bugres 171.769 216.084 281.161 262.524 255.721 270.855 1.458.113

Campo Novo do Parecis 5.764.311 6.186.308 6.523.840 6.229.647 6.828.031 7.374.027 38.906.164

Denise 20.698 20.100 52.946 145.680 185.714 182.582 607.721

Nova Marilândia 54.086 52.118 79.399 172.000 282.672 340.848 981.124

Nova Olímpia 219.455 283.209 296.280 329.948 319.975 330.861 1.779.729

Porto Estrela 3.229 7.286 12.235 16.364 15.244 25.820 80.179

Santo Afonso 2.134 12.652 19.927 20.160 59.760 70.880 185.512

Sapezal 7.516.704 7.134.822 7.576.979 7.885.325 8.742.240 9.240.106 48.096.175

Tangará da Serra 1.370.195 1.445.333 1.734.979 1.580.467 1.294.566 1.340.122 8.765.660

TOTAL GERAL 15.130.476 15.366.141 16.585.294 16.655.461 18.000.843 19.196.981 100.935.196

Fonte: INDEA-MT 2008; 2010 e 2013 e organizado pelo prof. Dr. Pignati da UFMT-ISC.