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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Tecnologias e Certificações para Canteiros Sustentáveis
Gabriela B. M. Brandão
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de Engenharia
Civil da Universidade Federal de São Carlos
como parte dos requisitos para a conclusão da
graduação em Engenharia Civil
Orientador: Profa. Dra. Sheyla Baptista
São Carlos
2011
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que me
acompanharam até o presente momento, e que de
alguma maneira contribuíram para o meu
desenvolvimento como pessoa e como profissional.
AGRADECIMENTOS
Meus mais sinceros agradecimentos à minha família, especialmente minha mãe
Cristina, meu avô Otto, minha avó Carminha e meu irmão Guilherme, por todo o apoio,
carinho e compreensão ao longo destes cinco anos de graduação.
Dedico também este trabalho a todos os meus amigos da faculdade, que me
acompanharam durante as noites de estudos, trabalhos, provas e festas. Obrigada por
sempre estarem ao meu lado. Ao Thomas Izzo pela compreensão, paciência e apoio no
decorrer deste ano.
À professora Dra. Sheyla, pela orientação e contribuição neste trabalho, e também
no decorrer da faculdade. E aos professores doutores Douglas Barreto e Léa Cristina que
aceitaram meu convite para participar da banca avaliadora.
Às empresas que abriram suas portas para que eu pudesse cumprir com os objetivos
deste trabalho.
À todos que contribuíram para este trabalho, de maneira direta ou indireta, e que eu
porventura não tenha citado.
RESUMO
Um dos maiores desafios da sociedade nos dias de hoje trata-se de como se
desenvolver de maneira sustentável, que não venha a prejudicar o meio ambiente, afim de
se evitar danos irreparáveis para as gerações futuras. A construção civil neste aspecto tem
um papel importante e relevante, visto que é um dos setores que mais agride ao meio
ambiente e também que possui a maior demanda por recursos naturais. Neste contexto é
que surgiram as certificações de construções sustentáveis, que buscam mesurar o quão
sustentável um edifício é, e também identificá-los meio a tantos outros. A partir destas
certificações elaborou-se uma lista de verificação exclusivamente voltada para o canteiro de
obra, ou seja, para a execução do empreendimento, e com a intenção de priorizar as
necessidades brasileiras. Em seguida esta lista foi aplicada a três canteiros diferentes.
Numa etapa final foram compilados todos os resultados das visitas, e a partir destes dados
foi possível se identificar os itens mais críticos. Também foram propostas soluções e
tecnologias para cada um dos itens da lista.
Palavras-chave: Canteiro, sustentabilidade e certificações da construção civil.
ABSTRACT
One of the greatest challenges facing society today it is how to develop a sustainable
manner, that will not harm the environment in order to avoid irreparable damage tofuture
generations. The construction in this regard has an important and relevant, as itis one of the
sectors that harms the environment and that has increased demand for natural resources. In
this context it appeared that the certifications of sustainable
buildings, looking bow how sustainable a building is, and also identify them among many
others. From these certifications was elaborated a checklist exclusively devoted to the
construction site, and for the execution of the project, and with intent to prioritize the needs of
Brazil. Then this list was applied to three different sites. In a final stage were compiled results
of all visits, and from these data it was possible to identify the most critical items. It was also
proposed solutions and technologies for each of the items on the list.
Keywords: Construction Site, sustainability and certification of construction.
.
Sumario
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8
1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 9
1.1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................... 9
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................. 11
1.3 METODOLOGIA ....................................................................................... 11
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 13
2.1 Definições ............................................................................................... 13
2.1.1 O canteiro na construção civil ............................................................... 14
2.2 Histórico da sustentabilidade ................................................................ 18
2.3 Certificações da construção civil .......................................................... 19
2.3.1 A certificação Leed ............................................................................... 20
3. Elaboração da lista de verificação ................................................................ 21
3.1 Itens Lista de Verificação ....................................................................... 25
3.2 aplicação da lista de verificação ............................................................ 27
3.2.1 Obra a ................................................................................................... 27
3.2.2 Obra b ................................................................................................... 28
3.2.3 Obra c ................................................................................................... 28
3.2.4 comparação entre as obras ................................................................... 28
3.3 Estratégias e tecnologias para canteiros sustentáveis ....................... 28
4. APLICAÇÃO DA LISTA DE VERIFICAÇÃO .................................................... 29
4.1 Visita a obra A ......................................................................................... 29
4.1.1 Pontuação ............................................................................................. 30
4.1.2 Detalhamento dos itens ........................................................................ 31
4.2 Visita a obra b ......................................................................................... 41
4.2.1 Pontuação ............................................................................................. 42
4.2.2 Detalhamento dos itens ........................................................................ 42
4.3 Visita a obra c ......................................................................................... 48
4.3.1 Pontuação ............................................................................................. 49
4.3.2 Detalhamento dos itens ........................................................................ 50
5. ESTRATÉGIAS E TECNOLOGIAS PARA CANTEIROS SUSTENTÁVEIS ..... 55
5.1 Comparativo dos itens ........................................................................... 55
5.2 estratégias e tecnologias ....................................................................... 57
5.2.1 Controle de Poluição ............................................................................. 58
5.2.2 Escolha do terreno ................................................................................ 59
5.2.3 Recuperação do terreno ....................................................................... 59
5.2.4 conforto térmico .................................................................................... 59
5.2.5 Reuso de água ...................................................................................... 59
5.2.6 Separação de resíduos ......................................................................... 60
5.2.7 Destinação correta dos resíduos ........................................................... 61
5.2.8 Controle de perdas de materiais ........................................................... 61
5.2.9 Reuso de materiais ............................................................................... 62
5.2.10 Armazenamento ................................................................................... 62
5.2.11 Iluminação e ventilação natural ............................................................ 63
5.2.12 Diminuição do processamento no canteiro ........................................... 63
5.2.13 Diminuição do consumo de energia ...................................................... 63
6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 63
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 65
8
1. INTRODUÇÃO
Na conjuntura atual, de globalização e desenvolvimento, a preocupação com o meio
ambiente se torna um dos assuntos mais abordados e imprescindíveis quando se pensa a
respeito, visto que a situação de depredação do meio ambiente tomou tais dimensões que
se corre o risco de se ficar sem alguns dos recursos naturais. Sendo assim é preciso se
pensar no meio ambiente antes de se executar qualquer atividade, das mais simples até as
mais elaboradas.
Portanto o setor da construção civil não poderia ficar fora deste contexto, visto que se
trata de um setor que é indispensável para uma sociedade, principalmente quando está em
ascensão, como o caso do Brasil, que gera uma demanda por infraestrutura,
desenvolvimento, e espaços urbanos que atendam a estas demandas. No mesmo contexto
vale enfatizar que o setor da construção civil gera grandes quantidades de resíduos e
poluição, e que também emprega boa parte dos trabalhadores do país.
Alem disso é totalmente válido para os profissionais da construção civil, que se
conscientizem a respeito do assunto, e para isso é de extrema importância a realização de
estudos aprofundados a respeito, sem também esquecer que cabe a todas as pessoas
contribuir para um mundo mais sustentável.
Existem inúmeros estudos que comprovam e reafirmam que a construção é uma dos
setores que mais agride ao meio ambiente, partindo da quantidade energética e de recursos
que são utilizadas para obtenção de materiais, até o consumo direto de energia, e a
quantidade de resíduos desperdiçados que são gerados pelo setor.
Simples medidas, que podem ser tomadas na fase de projeto, como por exemplo
aproveitamento da iluminação e ventilação natural (a partir de uma locação correta de
acordo com a localização e insolação no terreno em questão), reaproveitamento de águas
pluviais, consumo racional de água no período de uso e manutenção do edifício, são estas
todas atitudes que minimizam o impacto da edificação para o meio ambiente.
Com o aumento da preocupação e a percepção de que tais medidas poderiam causar
menos danos ao meio ambiente, maior economia na execução do empreendimento, e ainda
uma vantagem competitiva, foram criadas as certificações de construções sustentáveis,
surgindo e se disseminando inicialmente em países desenvolvidos, e sempre buscando se
9
manter os altos padrões que a população estava acostumada, sem se agredir
excessivamente o meio ambiente.
O canteiro, na construção civil é de extrema importância para a execução adequada
de uma edificação. Seu “layout”, armazenamentos e usos incorretos podem ocasionar
grandes desperdícios de recursos e energéticos, sendo estes relacionados ao uso direto e
ao indireto (ou seja, se por exemplo um material for locado demasiadamente longe do
cremalheira, o tempo para transporte e energia despendidas nesta atividade serão bem
maiores que se este material tivesse sido armazenado num local mais adequado). Portanto
as questões de desperdícios e mau uso dos recursos ficam evidenciadas. Sendo assim
torna-se válida esta área de estudo, pois seu uso adequado pode vir a otimizar não somente
os recursos, mas também os serviços.
Afim de se obter maiores informações e conhecimento a respeito do assunto são
estudadas dois tipos de certificações : LEED e AQUA, as quais são mais detalhadas na
revisão bibliográfica. Tais certificações abordam a questão de construções sustentáveis, e
também de canteiros de obras.
1.1 JUSTIFICATIVA
A questão ambiental é um dos temas mais abordados, e que mais preocupam
estudiosos e empresas nos últimos anos. Visto que a construção civil é um grande
contribuinte para esta questão, tanto na fase de execução quanto na fase de uso e
manutenção, através da emissão de resíduos, equipamentos, materiais e desperdícios,
justificando-se assim importância e relevância deste estudo.
Pretende-se contextualizar o problema, e aprofundar os conhecimentos a respeito de
ações, boas práticas, e quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelo setor da
construção civil para se tornar menos nocivo ao meio ambiente, sendo o principal foco o
canteiro de obras.
Trata-se de um tema atual e relevante para qualquer profissional da construção civil,
sendo válido que cada vez mais estudos sejam realizados a respeito. Colaborando assim
para a conscientização dos profissionais e também para a disseminação da importância da
sustentabilidade.
1.1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Nesta etapa será feita uma inserção do tema em questão na situação atual do nosso
país e do mundo.
10
O mercado brasileiro vem experimentando nos últimos anos um crescimento e
investimento grande, por parte do governo e de terceiros na construção civil. Por parte do
governo o fato se justifica pela criação do programa minha casa minha vida, que se trata de
um financiamento pela Caixa Federal para famílias com rendas mais baixas. Esta franca
expansão pode ser notada pois em junho de 2011, de acordo como a ABRAMAT, as
movimentações de crédito para financiamentos imobiliários chegou a marca dos 12,2% do
total das operações de crédito, valor este superior em três pontos percentuais com relação
ao ano de 2009. A mesma expansão dos investimentos na construção civil também pode ser
comprovada pela ABRAMAT, que indica que no Segundo trimestre de 2011 a venda de
materiais ultrapassou a marca de R$15,6 bilhões
Na tabela abaixo encontra-se o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro nos últimos dez
anos, e a parcela que a construção civil ocupa neste panorama. A tabela também apresenta
o crescimento da construção civil nos mesmos anos, e em 2010 este crescimento de 11,6%
contra 6,3% em 2009.
Tabela 1-1- Resumo PIB brasileiro (CBIC)
Existe também um grande crescimento na construção civil devido aos recentes
incentivos do governo através de financiamentos pela Caixa Econômica Federal, pelo
programa Minha Casa Minha Vida. Esta franca expansão pode ser notada na tabela abaixo
retirada do boletim estatístico de 2011 do CBIC:
11
Tabela 1-2 - Indicadores mercado imobiliário brasileiro
1.2 OBJETIVOS
O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivos:
Evidenciar e definir os tipos mais usuais de certificações de construções sustentáveis
comparando-os entre si.
Adaptar uma lista de verificação, com base nas informações obtidas pela revisão
bibliográfica, e aplicá-la a um determinado canteiro de obra.
Comparar e analisar criticamente os resultados obtidos na lista de verificação,
levando em consideração a importância e relevância de cada item.
1.3 METODOLOGIA
Revisão Bibliográfica:
Para que se atinjam os objetivos propostos neste trabalho, serão estabelecidas
atividades, sendo a primeira destas uma revisão bibliográfica, que trata-se de uma base
teórica e conceitual para o trabalho.
Esta revisão bibliográfica foi realizada para o entendimento das construções
sustentáveis e sua importância, maiores dificuldades, empecilhos e seus benefícios. Alem
disso afim de se obter uma perspectiva da situação das certificações ambientais no Brasil
em empreendimentos e também como alvo de estudos. E ainda se as construtoras que se
utilizam de tais certificações possuem vantagens competitivas, aumento do lucro e vendas,
e qual seria o publico alvo destes. Foram também estabelecidos conceitos importantes
quando se trata do assunto construções sustentáveis. Afim de se aplicar praticamente os
12
conceitos, será feita uma comparação entre as principais certificações ambientais,
relacionando os aspectos positivos e negativos, com ênfase no âmbito nacional.
Para isso foram consultadas diversas fontes, sendo estas acadêmicas
tradicionais, como anais de congresso, teses e dissertações; e também aquelas fontes de
interesse mais específicas, como sites de organizações voltadas para as certificações
ambientais na construção, e ainda artigos técnicos que tratam também do assunto.
Elaboração da lista de verificação:
A partir dos conceitos adquiridos na revisão bibliográfica e das listas de verificação
da certificação LEED foi elaborada uma lista exclusivamente voltada para o canteiro de
obra, tal lista pode ser vista na Tabela 3-1.
Aplicação da Lista de Verificação:
Em seguida a lista foi aplicada a três canteiros diferentes, com a intenção de se obter
resultados mais consistentes.
Estratégias e tecnologias para canteiros sustentáveis:
Finalmente nesta ultima etapa os resultados obtidos nas visitas são compilados, e
comparados de maneira crítica. A partir destes resultados são identificados os itens mais
críticos e com menor índice de atendimento. E também são propostas soluções e
tecnologias para cada um dos itens da lista.
Para um maior aprofundamento acerca dos itens da lista de verificação, e um estudo
de caso mais detalhado e com mais visitas, a fim de se obter resultados cada vez mais
consolidados e próximos da realidade, seria necessário um maior tempo, não compatível
com o disponível para a elaboração deste trabalho. Fica expressa aqui a vontade da autora
em dar continuidade e seguimento ao estudo.
13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 DEFINIÇÕES
Para que se possa iniciar as discussões a respeito de construções sustentáveis,
algumas definições devem ser feitas, para que se estipulem conceitos e diretrizes, sem que
ocorram equívocos e mistura de conceitos.
O primeiro trata-se da própria definição de meio ambiente, que segundo ARAUJO
(2009) trata-se da circunvizinhança que se está operando, englobando-se ar, água, solo e
outros recursos naturais, e ainda os seres humanos, e sendo assim como todos estes se
relacionam entre si.
Sustentabilidade pode ser definido, por MATEUS ( 2004) como tudo aquilo que
satisfaz as necessidades do presente, sem prejudicar que as necessidades das gerações
futuras. Ou seja, criar um mundo sustentável é criar um mundo menos agressivo.
Já desenvolvimento sustentável, em 1987 ficou definido pela Comissão Mundial do
Meio Ambiente como sendo aquele desenvolvimento que atenda as necessidades do
presente, sem que o futuro seja prejudicado, ou seja sem que as gerações futuras sejam
impedidas de realizarem suas próprias necessidades. (BRUNDTLAND inpud ARAUJO,
1989). Ainda se tratando do desenvolvimento sustentável (NIANG e SOARES, 2004) o
definem como a conciliação dos imperativos sociais e humanos, acompanhados pelo
desenvolvimento econômico, respeitando o equilíbrio do meio ambiente. Ainda segundo os
mesmo autores é aí que entra o setor da construção civil, visto que este é responsável por
grande parte dos impactos ecológicos.
Finalmente a construção sustentável é desenvolvida a partir de ações que combatam
crises e solucionem o problema ecológico, por meio do uso tecnologias e materiais
adequados. Criando assim construções que sejam úteis não somente ao usuário, mas ao
meio ambiente também. Tem por princípios o uso de materiais recicláveis, utilização racional
de água, eficiência energética sem deixar de proporcionar conforto ao usuário (VALENTE,
2009).
Ainda segundo, Valente 2009, a construção sustentável deve começar ainda na etapa de
projeto, e seguir durante a etapa de execução e uso da edificação.
Para MATEUS (2003) para se ter uma construção compatível com as necessidades
humanas e do meio ambiente e preciso se atender a seis critérios:
14
Funcionalidade
Segurança
Durabilidade
Viabilidade econômica
Arquitetura
Impacto ambiental
Sendo assim conciliando-se estes critérios com os conhecimentos técnicos adequados
pode-se enfim se obter um edifício de significância ambiental e para o ser humano.
Segundo SILVA V. (2003) o desenvolvimento sustentável está apoiado sobre três
pilares principais:
Social: busca por uma sociedade mais justa em relação ao desenvolvimento humano
e qualidade de vida;
Ambiental: equilíbrio entre a proteção e o uso dos recursos naturais;
Econômico: possibilidade de acesso aos recursos e oportunidades sem se ferir o
meio ambiente que se circunda.
2.1.1 O CANTEIRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Por sua vez, um canteiro de obra, na construção civil trata-se de um local de
disposição de recursos necessários para que a produção da obra em ocorra, sejam
materiais, equipamentos ou mão-de-obra. Sendo que todos estes se encontram dispostos
de maneira a tornar os serviços de execução mais otimizados e eficientes. Vale a pena
salientar que cada canteiro de obra é diferente do outro, com layouts e equipamentos
distintos, e este pode até mesmo se alterar dependendo da etapa que a obra se encontra,
visto que depende dos tipos dos equipamentos, quantidades de materiais e mão de obra.
Para se ressaltar a importância e a magnitude dos impactos gerados pelos
canteiros da construção civil Cardoso e Araujo (2007) falam que uma ordem de 50% de
todos os resíduos gerados nos centro urbanos são oriundos de canteiros. Os mesmos dizem
que tais assuntos não são discutidos com a seriedade e grandeza que deveriam pelas
empresar privadas, acadêmicos e até mesmo pelo governo, ressaltando assim mais uma
vez a importância deste trabalho e outros relacionados ao tema.
Já se é sabido que um canteiro bem organizado, elaborado otimiza os processos
construtivos de um edifício, podendo assim causar uma redução no custo global do
empreendimento. (FARIA, 2008)
15
Canteiros verdes, ou canteiros sustentáveis são aqueles que têm como
qualidade principal o respeito á qualidade ambiental na concepção do empreendimento.
Para isso são definidos dois níveis, de acordo com Niang e Soares (2004):
Da obra e das proximidades imediatas: no qual os vizinhos ou usuários internos
sentem os danos causados por barulhos, sujeira, transito e estacionamento.
Do ambiente e da população em geral onde a meta é preservar os recursos naturais
e reduzir os impactos dos canteiros ao meio ambiente.
Sendo assim o objetivo dos canteiros verdes é de limitar estes impactos somente aos
vizinhos mais próximos. A adesão a estes princípios pode muitas vezes ir contra a
conjuntura econômica do país, porém apresenta uma vantagem competitiva diante a
concorrência.
De acordo com Niang, Soares (2004) uma avaliação feita pelo CSTB - Centre de
sciences ET Techiques Du Batiment ( Centro de Ciências e Técnicas do imóvel) na França
revela que o programa „Canteiros de Obras Verdes‟ gerou ganhos na produtividade global
dos canteiros, do ponto de vista técnico e econômico.
Cardoso, Araujo (2007) elaboraram um manual para aqueles trabalhadores que atuam
nos canteiros de obra que é subdivido em quatro grandes temas: infra-estrutura do canteiro
de obras, recursos, resíduos, incômodos e poluição.
O primeiro tema, a infra-estrutura do canteiro de obra aborda como se criar instalações
provisórias de canteiro que minimizem impactos ambientais e nas vizinhanças. Quanto a
recursos, trata do uso dos recursos naturais e manufaturados durante a execução da obra.
Resíduos verifica se são atendidas as prescrições da Resolução do CONAMA, em outras
palavras, se existe destinação correta destes. E finalmente os incômodos e poluição tratam
das atividades transformadoras que ocorrem em um canteiro de obras, sendo estas as mais
variadas e diversificadas de acordo com a fase da obra.
A partir de tais premissas os autores desenvolveram uma tabela específica para
canteiros, a qual será utilizada como parâmetro para a tabela a ser criada neste trabalho,
que pode ser na Tabela 2-1 e Tabela 2-2 Erro! Fonte de referência não encontrada.:
16
Tabela 2-1- Matriz aspectos e impactos ambientais para aspectos de produção num canteiro (DEGANI apud
CARDOSO)
17
Tabela 2-2 Continuação matriz aspectos e impactos
18
2.2 HISTÓRICO DA SUSTENTABILIDADE
Ao se observar uma cidade, com todas suas edificações, escolas e hospitais, torna-se
claro o quão relevante a construção civil é para um país. Assim como os impactos que esta
causa são também facilmente notáveis; existindo aqueles de caráter transitório, tais como
impedimento de trafego em ruas, ruídos, poluição do ar; assim como aqueles de caráter
permanente, como a impermeabilização do solo, alterando assim a drenagem do local,
podendo causar enchentes e reduzir as reservas nos lençóis freáticos; repercutindo assim
na vida das pessoas e também no meio ambiente (PARDINI 2009).
Segundo Mateus (2004) a temático do desenvolvimento sustentável surgiu em meados
da segunda metade do século XX, que foi quando o homem passou a adquirir consciência
da degradação que suas políticas e ações vinham causando ao meio ambiente.
Visto que no modelo atual de produção a grande parte dos resíduos são gerados pela
produção de bens de consumos duráveis (casas, edifícios, etc.), com o aumento da
urbanização no país, que aconteceu em meados de 1980, a questão dos resíduos foi se
agravando, seu gerenciamento se tornou oneroso e complexo, devido ao seu grande
aumento. Com a urbanização e valorização dos terrenos, se tornou mais difícil se encontrar
lugares adequados para deposição destes resíduos. (ÂNGULO, 2001).
Para se ter idéia das dimensões dos resíduos gerados, e da importância dos assuntos
tratados neste trabalho, foram coletados alguns dados de Pardini (2009)
A construção civil gera em média 450kg/hab.ano, ou 80 milhões de toneladas por
ano
A produção de cimento gera de 8% a 9% de toda a produção de CO2 no país
O Brasil somente ingressa para o Conselho Internacional de Sustentabilidade em
2000 durante o Sustainable Buildings 2000 aonde foram apresentadas as estratégias do
time brasileiro (SILVA, 2009).
A sustentabilidade na construção civil trata-se de um grande desafio para o setor,
principalmente no Brasil, visto que até recentemente era visto como um setor muito
artesanal, e no qual o consumo dos recursos naturais e a geração de resíduos é muito
grande. Sendo assim é preciso se mudar radicalmente os paradigmas e conceitos da
construção civil no país,o que envolve mudanças nos aspectos sociais, econômicos, e
19
ambientais; pois somente assim será possível implementar práticas sustentáveis, tanto de
canteiros quanto de execução e projeto, no dia-a-dia de uma obra.
2.3 CERTIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Com a crescente demanda por sustentabilidade e busca por maior qualidade
ambiental, foram criados sistemas de avaliação, formados por métodos e softwares
(CISLANG, 2004). Além disso atualmente os próprios clientes, cada vez mais exigentes e
conscientes dos problemas globais, procuram por edifícios sustentáveis, sendo assim e
preciso comprovar para eles que tais edificações possuem tais requisitos de
sustentabilidade.
O ideal seria que cada país ou região criasse suas próprias diretrizes, visto
que disponibilidade de materiais, condições climáticas e disponibilidade de mão de obra são
fatores determinantes para a adoção de determinadas práticas. Porém o próprio Brasil é um
exemplo de um país que não possui suas próprias diretrizes, e utiliza as que foram criadas
em outros países, sendo estas parcialmente adaptadas para a realidade do país.
Seguem listadas algumas das certificações existentes e mais utilizadas no mundo
atualmente:
BREEAM (Building Establishment Assessment Method): avaliação pioneira, criada no
Reino Unido em 1990. Tem como objetivos minimizar os impactos ambientais, tanto em
edificações em fase de projeto como aquelas já construídas. Trata-se de uma certificação
por pontuação mínima.
LEED ( Leadership in Energy and Environmental Design): criado nos EUA em 1994, que
também funciona a base de pontuações mínimas a serem atingidas, sendo estas referentes
a etapa de projeto e a etapa de execução
HQE ou AQUA (Haute Qualité Environnemrntale): lançada na França em 1996, aborda
a edificação desde a etapa de projeto, até a etapa de manutenção. Tem como diferencial a
inserção do bem estar e saúde dos usuários.Não se trata apenas de uma lista de
verificação, mas também a gestão destes itens.
Devido a grande vantagem competitiva que edifícios com certificados de
sustentabilidade trazem, a procura no Brasil por estas certificações cresce a cada ano.
No Brasil as certificações mais utilizadas e populares são a AQUA e LEED
(PARDINI,2009). Como mencionado anteriormente, a situação ideal seria que cada região
20
possuísse sua própria certificação e seus próprios parâmetros, porem o Brasil ainda não
possui uma certificação própria.
Existe ainda um estudo preliminar do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
(CBCS) relacionado a indicadores de sustentabilidade de empreendimentos, como uma
forma de se mensurar e quantificar. Neste texto são mostrados nove indicadores sendo eles:
1. Qualidade do ambiente externo e infraestruturas
2. Seleção e consumo de materiais
3. Gestão do canteiro
4. Gestão da água
5. Eficiência energética
6. Qualidade do ambiente interno e saúde dos usuários
7. Operação e manutenção
8. Social
9. Poluição por emissões
Dentro destes indicadores foram definidas escalas, aos níveis do usuário, do bairro,
sociedade e empreendedor.
Destes indicadores supracitados, a gestão de canteiros de obras foi utilizada como
base para este estudo em questão. Sendo assim as medidas seguidas em cada escala,
deste indicador são:
Escala do Usuário: medido em porcentagem (%) de resíduos gerados durante a
obra, que possuam potencial de reciclagem. Conta esta sendo obtida pela divisão do volume
de resíduos recicláveis pelo volume de resíduos gerados.
Escala Bairro: porcentagem obtida pelo numero de empreendimentos que obtenham
retorno direto durante a realização da obra divido pelo numero de empreendimentos total
nos arredores.
Escala Sociedade: a unidade é o volume de resíduos intertes gerados por
trabalhador.
Escala Empreendedor: unidade é o volume de água utilizado por trabalhador.
2.3.1 A CERTIFICAÇÃO LEED
O LEED é de um sistema de certificação e também orientação ambiental para
edificações. Foi criado pelo Green Building Council que atualmente disponibiliza os
seguintes tipos de certificações:
21
LEED NC- Novas Construções e grandes projetos de renovação
LEED ND – Desenvolvimento de bairros
LEED CS – Projetos de envoltória e parte central do edifício
LEED Retail NC e CI – lojas de varejo
LEED Healthcare – Unidades de saúde
LEED EB-OM – Operação de manutenção de edifícios existentes
LEED Schools – escolas
LEED CI – Projeto de interiores e edifícios comerciais.
Dentro de todas estas possibilidades de empreendimentos o LEED é estruturado a base
de pontuações, variando numa escala de 0 a 100, sendo que esta escala que define qual o
grau de certificação se obterá. Estes pontos se dividem da seguinte maneira:
Canteiros sustentáveis: 26 pontos passíveis
Uso racional da água: 10 pontos passíveis
Energia e atmosfera: 35 pontos passíveis
Materiais e recusos: 14 pontos passíveis
Qualidade ambiental interna: 15 pontos
Sendo assim, de acordo com a pontuação obtida e desejada se obtém o tipo de
certificação LEED, conforme segue na imagem abaixo:
A partir da lista de verificação desta certificação é que será elaborada uma lista própria,
que por sua vez será aplicada em campo.
3. Elaboração da lista de verificação
A partir da lista de verificação que pode ser vista Figura 3-1 Lista de verificação
LEED Figura 3-1 foram feitos os itens da lista de verificação deste trabalho, selecionando
apenas aqueles itens referentes ao canteiro de obra em si. Foram também selecionados
22
itens da tabela Tabela 1-2- Matriz aspectos e impactos ambientais para aspectos de
produção num canteiro (DEGANI apud CARDOSO)
23
Figura 3-1 Lista de verificação LEED
Levando em consideração também os conceitos adquiridos na revisão bibliográfica
foi elaborada uma lista de verificação específica e original para um canteiro sustentável, com
24
o intuito de se mensurar a qualidade ambiental durante a fase de execução do
empreendimento. Tal lista pode ser vista na Tabela 3-1abaixo.
Tabela 3-1- Lista de Verificação para Canteiros Sustentáveis
Como pode ser notado na tabela acima foram atribuídos pontos para cada item, afim
de se mensurar e comparar de maneira mais adequadas os empreendimentos a serem
visitados. Sendo assim cada obra poderá obter uma pontuação máxima de dezesseis
pontos. E para se chegar as notas finais o seguinte procedimento será adotado: se o item
for atendido, ganha-se um ponto, senão for atendido, zero pontos, e caso não seja aplicável
ele será retirado do sistema de pontuação.
Feito isso para se uniformizar a notas de todas as obras, visto que cada obra terá
uma pontuação máxima de acordo com suas próprias circunstâncias, a seguinte fórmula
será aplicada:
25
Desta maneira desta maneira nivelaremos todos os resultados de maneira que nota
máxima que o empreendimento pode obter é um, e a mínima zero, podendo assim
comparar-se os empreendimentos entre si de maneira efetiva.
E ainda afim de se estabelecer parâmetros para os canteiros a serem estudados,
serão estabelecidas faixas a partir desta nota final com o seguinte critério:
Se a pontuação do empreendimento ≤ 0,6 tem-se um canteiro não sustentável
Se a pontuação do empreendimento for ≥ 0,6 tem-se um canteiro sustentável
3.1 ITENS LISTA DE VERIFICAÇÃO
Nesta etapa será detalhado cada um dos itens da lista de verificação, afim de se
esclarecer e tornar a compreensão da lista mais fácil:
1. Controle de Poluição: trata-se de um controle da erosão do solo, da quantidade
de sedimentos na água e ar. Para isso é necessário a apresentação de um plano
de ação neste sentido que atenda aos seguintes quesitos:
- prevenção da perda de solo durante as etapas da construção, por meio
de ventos ou correntes de água
- prevenção da poluição do ar com poeira ou qualquer outro tipo de
partícula, no perímetro do empreendimento e em sua vizinhança.
2. Escolha adequada do terreno: certificar-se que este não se encontra em zona de
proteção ambiental, e que atenda ao plano diretor da cidade em questão.
3. Recuperação de terrenos: recuperar solos que foram danificados ou
contaminados nos quesitos ambientais.
4. Incentivo a transportes alternativos: consiste em avaliar quais políticas para o
transporte dos materiais utilizados durante a execução, a construtora adotará,
como por exemplo a priorização de materiais próximos ao local de execução,
diminuindo assim o consumo de combustíveis, emissão de gases e ainda
estimulando o comércio local, requisitos estes todos que atendem aos princípios
da sustentabilidade.
5. Proteção do terreno: conservação da flora natural existente no terreno em
questão, e ainda se existe um plano de recuperação de possíveis áreas que.
tenham sido perdidas ao longo dos anos.
6. Conforto térmico: relacionado ao conforto do usuário, se o empreendimento
apresenta algum plano para proporcionar maior conforto térmico nas áreas de
26
vivência e técnicas, como por exemplo sombreamento ou mesmo possíveis
espelhos d‟água.
7. Reuso de água: se o empreendimento em questão, durante a sua execução
apresenta planos de reaproveitamento de águas pluviais, e também de redução
de consumo.
8. Separação de resíduos: verificar se há coleta seletiva. E ainda este item
contempla se durante a etapa de planejamento do edifício foram priorizados
materiais passíveis de reciclagem, e também se são empregados materiais de
origem reciclada. Contempla ainda a separação daqueles resíduos que são
perigosos e contaminantes, afim de minimizar seus efeitos, e de contaminar
outros materiais que poderiam ser passivos de reaproveitamento, e também de
se contaminar solos e águas.
9. Destinação correta de resíduos: verificar se resíduos que são passíveis de
reaproveitamento estão sendo devidamente destinados. E ainda se aqueles
perigosos e contaminantes são destinados a aterros sanitários apropriados.
10. Controle de perdas de materiais: controle de desperdícios de materiais e
energias durante a execução da obra. Através de uma adequada logística de
canteiro, minimizando os transportes horizontais dentro do canteiro, reduzindo
assim os esforços. Também pode ser feito através de um rígido controle de
qualidade do produto, minimizando assim retrabalhos e desperdícios.
11. Reuso de materiais: verificar se existe o aproveitamento de resíduos durante a
própria obra, para se reduzir assim a demanda por materiais „virgens‟, reduzindo
assim desperdícios não somente do material em si, mas de tudo que envolve
seu processamento (energia, transporte, matéria prima).
12. Armazenamento: este item consiste em se verificar se os critérios estabelecidos
por norma e pelo fabricante para armazenamento de materiais estão sendo
seguidos, evitando assim desperdícios de materiais. Dentro dos diversos
materiais passíveis de uso, para fins deste estudo serão selecionados apenas
quatro, sendo estes:
- Cimento: armazenamento em cima de estrados, pilhas de no máximo dez
sacos.
- Aço: não deve ser mantido em contato com o chão e deve ser separado por
bitolas
- Blocos: devem ser separados por tipo, pilhas de no máximo 1,80m ,
armazenados em local coberto
27
- Tubulações PVC ou Ferro: armazenadas em local coberto, não devem ter
contato com o chão, separados por diâmetro, uso de espaçadores entre as
camadas.
13. Madeira certificada: incentivo ao uso de madeira de reflorestamento.
14. Iluminação e ventilação natural: verificar se durante a execução do
empreendimento, no canteiro e locais de armazenamento, foi priorizado o uso
de iluminação e ventilação natural.
15. Diminuição do processamento no canteiro: Este item verifica se a obra procura
utiliza materiais com maior industrial, como argamassa pronta, concreto pronto,
entre outros, evitando assim desperdícios de materiais no canteiro, e também
otimizando espaços de armazenamento de materiais, e ainda despendendo
menores esforços para se chegar ao produto final.
3.2 APLICAÇÃO DA LISTA DE VERIFICAÇÃO
A próxima etapa trata de colocar em pratica os conceitos obtidos na revisão
bibliográfica, através de um estudo de caso, com visitas presenciais a obras que apliquem
conceitos de canteiros sustentáveis.
Durante esta visita foram aplicados os conceitos adquiridos sobre canteiros, como
coleta seletiva, reaproveitamento de materiais na própria obra, dentro outros, e também a
lista de verificações , para cada obra.
Para que se possa obter resultados consistentes foram visitadas as obras
apresentadas a seguir:
3.2.1 OBRA A
Empreendimento comercial triple A,da Yuny Incorporadora e GTIS localizado no
bairro Itaim Bibi, São Paulo. Possui cinco subsolos, térreo, mezaninos e uma torre com 18
pavimentos tipo e ático para áreas técnicas. O escopo conta com fundação, estrutura,
acabamentos civis e instalações em um terreno de aproximadamente 7.970 m². A previsão
para entrega da obra e final de 2012. E a obra busca a certificação LEED categoria Gold. A
visita foi realizada no mês de setembro, quando o edifício ainda possuirá simultaneidade de
diversos serviços, ou seja, um bom momento para uma avaliação do canteiro.
28
3.2.2 OBRA B
Trata-se de um empreendimento residencial, constituído por duas torres,com onze
pavimentos tipos e um pavimento duplex, dois subsolos.Possui piscina, churrasqueira,
quiosque, quadra poliesportiva, playground, academia, guarita, lan house, praça, pista de
skate, dentro outros.
Fica localizada na cidade de Guarulhos, estado de São Paulo, porem a construtora e
o nome do empreendimento não podem ser citados neste trabalho. Trata-se de um
empreendimento de médio padrão.
3.2.3 OBRA C
Trata-se de um empreendimento residencial com apenas uma torre, de vinte e dois
pavimentos, de alto padrão. Dentre os itens de lazer que o prédio será equipado estão a
presença de 4 piscinas, sendo uma raia olímpica, uma descoberta, uma coberta e aquecida,
e uma piscina infantil. O empreendimento possuirá um bosque para usufruto dos moradores,
com o diferencial de que todas as arvores do bosque eram arvores que estavam no terreno
e precisaram ser realocadas devido a construção do mesmo. Um grande diferencial é uma
árvore araucária que teve de ser preservada, que fica localizada no meio do terreno.
O empreendimento em questão fica localizado na zona norte de São Paulo, no bairro
de Santana. A construtora e o nome do empreendimento não puderam ser divulgados.
3.2.4 COMPARAÇÃO ENTRE AS OBRAS
Nesta etapa os resultados das visitas são comparados e estudados de maneira crítica,
buscando conhecer quais os pontos fracos e fortes dos canteiros em questão, para que se
possa partir para a etapa a seguir.
3.3 ESTRATÉGIAS E TECNOLOGIAS PARA CANTEIROS SUSTENTÁVEIS
A partir dos resultados da etapa anterior foram propostas estratégias para a
obtenção de um canteiro sustentável, enumerando quais os maiores desafios, pontos de
atenção, e quais as tecnologias para estes pontos.
29
4. APLICAÇÃO DA LISTA DE
VERIFICAÇÃO
4.1 VISITA A OBRA A
Foi a primeira obra a ser visitada, portanto um teste da funcionalidade da lista de
verificação elaborada.
Trata-se de um empreendimento comercial, de 18 pavimentos tipo, 6 subsolos, e 2
andares com casas de máquinas. É um empreendimento com um canteiro relativamente
reduzido, no qual a construtora optou por verticalizar este, ou seja, não existe apenas um
local para armazenamento de materiais, este é feito em diversos subsolos, sendo assim
mais espalhado.
No momento da visita a estrutura da obra já estava finalizada, portanto não há mais
armazenamento de aço, formas e escoras, e sim armazenamentos de materiais de
acabamentos, vedações e impermeabilização.
Pode-se notar que a construtora dá bastante atenção a qualidade do produto, buscando
sempre seguir os procedimentos da norma para armazenamento e execução de serviços.
30
Tabela 4-1 Lista de verificação da OBRA A
4.1.1 PONTUAÇÃO
Como pode ser visto na Tabela 4-1, a obra obteve uma pontuação de quatorze
pontos, de um máximo passível de dezesseis. A partir disso a fórmula que foi explicada na
metodologia foi aplicada da seguinte maneira.
Sendo assim a pontuação final é de 0.875 ponto, onde se pode considerando o
canteiro sustentável, visto que a pontuação foi maior que 0,6 ponto.
31
4.1.2 DETALHAMENTO DOS ITENS
4.1.2.1 Controle de Poluição
Os limites do canteiro da obra são muito bem delimitados e vedados por tapumes,
evitando assim a propagação de poeiras, melhorando a qualidade do ar nas vizinhanças
(Figura 4-3- tapumes externos).
O solo constantemente umedecido afim de evitar sua propagação, e não prejudicar a
qualidade do ar no canteiro e suas redondezas.
Nenhuma limpeza é realizada sem a aspersão de água no local, visando maior
qualidade do ar no canteiro e redondezas.
As sacarias, quando fechadas podem ser simplesmente armazenadas em estrados
(Figura 4-1 - armazenamento de sacarias fechadas), porém quando abertas são cobertas
com lona (Figura 4-2 - sacarias cobertas).
Figura 4-1 - armazenamento de sacarias fechadas
32
Figura 4-2 - sacarias cobertas
Figura 4-3- tapumes externos promovendo vedação
33
4.1.2.2 Escolha do Terreno
O terreno escolhido para a execução do empreendimento não se encontra em uma
zona de proteção ambiental, e o plano diretor da cidade foi seguido adequadamente,
respeitando os limites de zona de ocupação dentre outros.
4.1.2.3 Recuperação de Terreno
O item não foi aplicável visto que não se tratava de um terreno contaminado.
4.1.2.4 Proteção do Terreno
A obra respeitou as diretrizes da prefeitura que estabelece que vegetação de porte
arbóreo, aquela composta por espécime ou espécimes vegetais lenhosos, com diâmetro do
caule à altura do peito (DAP) superior a 0,05 (cinco centímetros) sendo que o DAP é o
diâmetro do caule da árvore à altura de, aproximadamente, 1,30 m (um metro e trinta
centímetros) do solo.
Ainda ocorreu uma visita do DEPAVE (Departamento de Áreas Verdes) no qual
foram estabelecidas quais árvores deveriam permanecer no terreno, e quais poderiam ser
retiradas e plantadas em outros locais específicos. Na imagem a seguir (Figura 4-4- Árvore
original mantida) pode-se visualizar estas árvores que foram mantidas no terreno protegida
com tela laranja, evitando assim que equipamentos venham a colidir nela, evitando danos.
34
Figura 4-4- Árvore original mantida, protegida com tela laranja
4.1.2.5 Transportes alternativos
O empreendimento prioriza a compra de materiais a uma distância de até 100 km,
diminuindo assim a emissão de poluentes na atmosfera, e ainda estimulando o comércio
local. E ainda durante a execução da obra, todos os veículos e equipamentos que entram na
obra são inspecionados a respeito de vazamentos de óleos e do nível de emissão de gás
carbônico.
4.1.2.6 Conforto térmico
Tanto o canteiro da engenharia quanto as áreas de vivência são localizados em
região sombreada, nos subsolos, com circulação de ar, proporcionando maior conforto
térmico aos usuários.
35
4.1.2.7 Reuso de água
Toda a água que é utilizada na obra, antes de ser enviada para o esgoto da cidade é
decantada , afim de evitar que sejam enviados muitos particulados e sedimentos para o
esgoto público. Porém não existe um reuso em si da água no próprio canteiro
4.1.2.8 Separação de resíduos
Existe coleta seletiva na obra, de materiais orgânicos e recicláveis (como papel)
dentro do próprio escritório e áreas de vivência.
Além disso no próprio canteiro, os resíduos em si da construção civil não são
misturados, ou seja, resíduos de cimentícios são separados de lãs de rochas, que por sua
vez são separados de resíduos de madeira, e assim por diante, como podem ser visto nas
imagens a seguir:
Figura 4-5- baia de separação de papel e papelão
36
Figura 4-6- baia de separação de lã de vidro ou rocha
Figura 4-7 - Sacos para
armazenamento de recicláveis
Figura 4-8 - Sacos para
armazenamento de recicláveis
Como pode ser visto na Figura 4-7 - Sacos para armazenamento de recicláveis” e
Figura 4-8 - Sacos para armazenamento de recicláveis” são dispostos este sacos em cada
pavimento, para facilitar o armazenamento dos resíduos e seu futuro transporte até as
baias.
4.1.2.9 Destinação correta de resíduos
Todos os resíduos são separados por baias, adequadas com o tipo de
armazenamento que demandam.
37
Além disso são destinados de acordo com sua origem (papéis, madeira, cimentícios,
metais, lãs) para cooperativas de reciclagem específicas, como pode ser visto na Figura 4-9.
Aqueles que foram contaminados ou não são passíveis de reciclagem são enviados
para aterros sanitários comuns autorizados pela prefeitura.
Figura 4-9 Caçamba para reciclagem de madeira
4.1.2.10 Controle de perdas de materiais
A obra se enquadra neste quesito, pois apresenta plano de redução do consumo de
água em 20% durante a execução do empreendimento.
4.1.2.11 Reuso de materiais
Não existe plano de ação neste âmbito, mas vale ressaltar que ocasionalmente
ocorre reaproveitamento de materiais, porém este quesito não foi atendido.
4.1.2.12 Armazenamento
Como a estrutura da obra já estava finalizada no momento da visita, este item se
tornou não aplicável, porem os demais foram atendidos, pois a empresa procura sempre
seguir as recomendações dos fabricantes, como pode ser visto nas imagens a seguir:
38
Figura 4-10 – Armazenamento de argamassa sobre estrado
Figura 4-11 – Armazenamento de gesso sobre estrado
39
Figura 4-12- Armazenamento correto produtos para impermeabilização
Figura 4-13 - Armazenamento resíduos perigosos
E na Figura 4-13 observa-se o armazenamento de resíduos inflamáveis. Como pode
ser visto a construtora prima por sinalizar que no devido local existe risco, por isso também
40
coloca uma placa sinalizando que é proibido fumar, e ainda os armazena em local arejado,
evitando assim o risco de explosão.
4.1.2.13 Madeira certificada
Durante a execução da obra toda a madeira utilizada possui selo FSC, porém existe
um acabamento de madeira em determinados pontos que não é de madeira certificada,
porém por se tratar de um acabamento final, a obra atende ao quesito.
4.1.2.14 Iluminação e ventilação natural
Este item é atendido pois em locais de armazenamento e preparação de
componentes, sempre se usa da iluminação e ventilação material, porém sem deixar de se
preocupar com a propagação de particulados pelo mesmo.
4.1.2.15 Diminuição do processamento no canteiro
O empreendimento utiliza argamassas prontas, diminuindo as perdas nos processos
de produção in loco e ainda ganhando espaço de armazenamento, como pode ser
observado na Figura 4-14. A obra não se encontra mais na fase da estrutura, porém quando
estava sempre se utilizava de concreto usinado.
Figura 4-14 Argamassa pronta
41
4.1.2.16 Diminuição do consumo de energia
Para a execução de ligações provisórias o empreendimento instala um robô por
pavimento, evitando assim desperdícios com ligações mal executadas e evitando o risco de
curto circuitos, que pode danificar equipamentos, gerando resíduos e retrabalhos.
Figura 4-15 Robô para ligações provisórias
4.2 VISITA A OBRA B
O empreendimento em questão não pode ser identificado, assim como a construtora
que o executa. Trata-se de um edifício residencial, composto por duas torres, com
apartamentos de 2 ou 3 dormitórios, de 59 a 113m², com onze pavimentos tipo mais um
pavimento duplex, totalizando treze andares por torre. O edifício conta com área de vivencia
com piscina, quadra, quiosque, dois subsolos para estacionamento e guarita. Localizado na
grande São Paulo.
O edifício é executado em alvenaria estrutural, e no momento da visita ambas as torres
se encontravam no décimo pavimento, sendo que tanto estrutura quanto acabamentos finos
como gesso, louças e caixilharias já estavam em execução.
O resultado da lista de verificação desta obra foi. (ver Tabela 4-2)
42
Tabela 4-2-Lista de Verificação Obra B
4.2.1 PONTUAÇÃO
Como pode ser visto na tabela Tabela 4-2, a obra obteve uma pontuação de treze
pontos, de um máximo passível de dezesseis. A partir disso a fórmula que foi explicada na
metodologia foi aplicada a seguir da seguinte maneira:
Sendo assim a pontuação final é de 0.813 ponto, considerando o canteiro
sustentável.
4.2.2 DETALHAMENTO DOS ITENS
43
4.2.2.1 Controle de poluição
Não existe nenhum plano de ataque tanto no aspecto de poluição da água, quanto do
solo quanto do ar, e pelo estagio que obra se encontra (execução de estrutura, e
concretagem das cortinas de contenção) deveriam existir planos nesse sentido, sendo assim
a obra não atende este quesito.
4.2.2.2 Escolha do terreno
O terreno não estava em zona de proteção ambiental e a obra foi executada
respeitando o plano diretor da cidade em questão quanto ao nível de ocupação, recúo e
demais requisitos.
4.2.2.3 Recuperação do terreno e transportes alternativos
Ambos os itens não foram previstos e não fazem parte do escopo.
4.2.2.4 Proteção do terreno
Nos pontos nos quais existe solo exposto não existe nenhum tipo de proteção.
4.2.2.5 Conforto térmico
Não foi previsto nenhum plano de ação a respeito deste item, o que pode ser verificado
pela locação da área da engenharia e do refeitório em locais descobertos, longe do
sombreamento de árvores.
4.2.2.6 Reuso de água
As águas de origem pluvial são utilizadas para lavagem, principalmente de calçadas e
áreas externas, portanto o quesito é atendido.
4.2.2.7 Separação de resíduos
Existe uma coleta seletiva de resíduos recicláveis e orgânicos, nos escritórios e áreas
de vivência, como pode ser visto na Figura 4-16 e Figura 4-17 - Coleta seletiva refeitório.
44
Figura 4-16- Coleta seletiva escritório
Figura 4-17 - Coleta seletiva refeitório
Quanto aos demais resíduos de construção civil, estes são separados, porém não se
trata de uma meta do empreendimento. Sendo assim este item é atendido porém poderia
melhorar.
4.2.2.8 Destinação correta de resíduos
Assim como o item anterior o item é atendido, porém poderia melhorar.
4.2.2.9 Controle de Perdas de materiais
Por se tratar de uma obra de alvenaria estrutural existe modulação de blocos de
concreto e projetos de alvenaria.
45
Todos os blocos já são comprados com as medidas corretas do projeto, minimizando
assim recortes, retrabalhos e, portanto desperdícios. Pode-se observar os blocos na Figura
4-18 abaixo.
Figura 4-18 - Blocos concreto modulares
4.2.2.10 Reuso de materiais
O empreendimento não possui plano de ação neste aspecto, porém ocasionalmente,
dependendo da situação pode vir a ocorrer, de maneira informal.
4.2.2.11 Armazenamento
O empreendimento atende aos requisitos do fabricante para os materiais alvos deste
estudo.Sendo estes:
Blocos de concreto: como pode ser visto na Figura 4-19 a seguir são armazenados
de acordo com sua tipologia, e longe de contato com o chão.
Figura 4-19- Armazenamento blocos sobre estrado
46
Aço: separados por bitola e longe do contato com o solo, como pode ser observado
na Figura 4-20.
Figura 4-20 Armazenamento aço
Argamassa e Cimento: armazenados em cima de estrados e com altura de no
máximo dez sacos, como pode ser observado na Figura 4-21, no qual ele está apenas
esperando para a utilização.
Figura 4-21- Central de dosagem de argamassa
Existe um almoxarifado, no qual a política do PEPS (primeiro a entrar, primeiro a
sair) é utilizada e no qual os materiais são armazenados longe de umidade e exposição ao
sol. Vide Figura 4-22.
47
Figura 4-22 Almoxarifado
4.2.2.12 Madeira certificada
Ocorre o uso de madeira autorizada e certificada pelo Ibama durante toda a execução
da obra, seja no tapumes para execução das áreas de vivência e escritórios, seja para
execução de formas e bandejas de proteção.
4.2.2.13 Iluminação e ventilação natural
Em diversos pontos da obra observou-se armazenamento em locais com iluminação
natural e sempre que possível com ventilação também, como pode ser visto na Figura 4-23,
no qual a central de argamassa é localizada em local coberto, porém aberto, não
necessitando assim de iluminação e ventilação natural.
48
Figura 4-23 Central de argamassa utilizando iluminação e ventilação natural
O mesmo ocorre com as áreas de vivência, como o escritório da engenharia e o
refeitório, que são localizados no térreo, aproveitando de iluminação e ventilação natural por
meio de janelas com telas de “nylon”.
4.2.2.14 Diminuição de processamentos no canteiro
Este item é atendido pois a obra utiliza concreto usinado diminuindo os desperdícios
de processamento “in loco”, e ainda ocorre o ganho de espaço para outras atividades.
4.2.2.15 Diminuição do consumo de energia
Toda a energia provisória utilizada na obra é feita através de robôs, que reduzem o
risco de desperdício de energia em ligações mal feitas, ainda diminuindo o risco de curtos
circuitos.
4.3 VISITA A OBRA C
A obra em questão não pode ser identificada, assim como a construtora
responsável por sua execução.
Trata-se de um empreendimento residencial, de uma única torre, com construção
tradicional, de concreto armado. No momento da visita a obra se encontrava em fase de
estrutura.
A lista obtida durante a visita foi a seguinte:
49
Tabela 4-3 Lista verificação Obra C
4.3.1 PONTUAÇÃO
Como pode ser visto na Tabela 4-3 Lista verificação Obra C, a obra obteve uma
pontuação de doze pontos, de um máximo passível de dezoito. A partir disso a fórmula que
foi explicada na metodologia será aplicada foi aplicada a seguir da seguinte maneira:
Sendo assim a pontuação final é de 0.667 pontos, considerando o canteiro
sustentável.
50
4.3.2 DETALHAMENTO DOS ITENS
4.3.2.1 Controle de poluição
Não existe nenhum plano de ataque tanto no aspecto de poluição da água, quanto
do solo e do ar e, pelo estágio que obra se encontra (execução de estrutura, e concretagem
das cortinas de contenção) deveriam existir planos nesse sentido, sendo assim a obra não
atende este quesito. As únicas espécies de proteções que a obra apresenta são a tela de
proteção do empreendimento, e tapumes vedados. Porém não se enquadram nos critérios
deste item,
Figura 4-24 Tela protetora
Figura 4-25 Tapumes para vedação
51
4.3.2.2 Escolha do terreno
O terreno não está em zona de proteção ambiental, e a obra foi executada se
respeitando o plano diretor da cidade em questão quanto ao nível de ocupação, recuo e
demais requisitos.
4.3.2.3 Recuperação do terreno
Não se aplica, pois não se trata de um terreno contaminado.
4.3.2.4 Transportes alternativos
O empreendimento não apresenta nenhum plano de ação neste aspecto.
4.3.2.5 Proteção do terreno
A construtora responsável pelo empreendimento optou por fazer uma recuperação
da flora natural do terreno. Nenhuma árvore sequer foi retirada do terreno, todas elas foram
transplantadas para uma outra região delimitada, que futuramente será um bosque para os
moradores desfrutarem. Além disso existe uma grande araucária no meio do terreno, que
não foi derrubada, e todo o projeto foi feito considerando a árvore, ou seja, ela faz parte da
arquitetura do empreendimento, como pode ser visto na Figura 4-26.
Figura 4-26 Araucária
4.3.2.6 Conforto térmico
Não existe plano de ação neste aspecto, embora as árvores do terreno pudessem ter
sido utilizadas como uma forma de sombreamento e área de vivência para os trabalhadores.
52
4.3.2.7 Reuso de água
Nenhuma água, seja de origem pluvial, seja de origem do próprio canteiro são
utilizadas.
4.3.2.8 Separação de resíduos
Existe coleta seletiva na obra para os resíduos provindos das áreas de vivência
(papel, plástico, orgânico), e também ocorre separação dos resíduos da execução do
empreendimento em si.
4.3.2.9 Destinação correta de resíduos
Todo o resíduos que são separado, e corretamente destinado de maneira adequada.
4.3.2.10 Controle de perdas de materiais
O empreendimento não apresenta nenhum plano de ação neste aspecto, porém vale
ressaltar que eventualmente podem ocorrer reusos, mas de maneira informal.
4.3.2.11 Reuso de materiais
Não existe plano de ação neste aspecto. Porém vale ressaltar que ocasionalmente
materiais são reutilizados, de maneira pontual, como por exemplo um bloco que porventura
tenha sido quebrado, o que resta dele pode ser utilizado para a modulação da alvenaria de
vedação.
4.3.2.12 Armazenamento de materiais
São seguidas as boas práticas do ramo e também as recomendações do fabricante
para armazenamento.
Blocos de concreto e cerâmicos são armazenados em estrados, longe do contato
com o solo, e separados de acordo com sua tipologia. Vide Figura 4-27:
53
Figura 4-27 - Armazenamento de blocos
Tubos são mantidos em local longe de iluminação direta do sol, longe do contato
com o solo, e ainda separados de acordo com seu diâmetro e funcionalidade. Vide Figura
4-28:
Figura 4-28 Armazenamento de tubos
Quanto ao armazenamento de aço estes são mantidos longe do contato com o solo,
e separados de acordo com sua bitola, vide Figura 4-29:
54
Figura 4-29 Armazenamento aço
Foi observado durante a visita que o empreendimento adota o método PEPS
(primeiro a entrar, primeiro a sair). No seu almoxarifado os produtos são separados por este
método e também de acordo com sua funcionalidade. Vide Figura 4-30:
Figura 4-30 Almoxarifado do canteiro
4.3.2.13 Uso de madeira certificada
Toda a madeira que entra no canteiro do empreendimento possui o selo FSC, seja
para tapumes dos barracões, seja para uso como formas para a estrutura.
4.3.2.14 Iluminação e ventilação natural
Em todas as áreas de vivência existe a preocupação de ser utilizada a iluminação e a
ventilação natural como forma de economia, e também bem estar para os usuários, o
mesmo pode ser visto na Figura 4-31.
55
Figura 4-31 Refeitório que utiliza ventilação e iluminação natural
4.3.2.15 Diminuição do processamento no canteiro
Para a execução da estrutura da obra são utilizados apenas concretos usinados,
reduzindo assim os desperdícios que o concreto moldado “in loco” gera, ganhando espaço
para demais armazenamentos, e também gerando um concreto com maior precisão e
tecnologia.
4.3.2.16 Diminuição do consumo de energia
Para realização da iluminação provisória são utilizados robôs para as ligações
elétricas, minimizando a possibilidade de desperdícios energéticos e de que ocorram curto
circuitos nos equipamentos.
5. ESTRATÉGIAS E TECNOLOGIAS
PARA CANTEIROS SUSTENTÁVEIS
5.1 COMPARATIVO DOS ITENS
Nesta etapa foram analisados e comparados os resultados obtidos nas três visitas a
obras, com a finalidade de se entender quais as maiores dificuldade, afim de se propor
tecnologias para os possíveis atendimentos.
56
Figura 5-1 Comparativo obras
No gráfico acima as notas totais dos empreendimentos foram plotados, podendo assim
visualizar que a maior delas ficou para a obra C, vide Tabela 5-1 Comparativo resultados
finais
Tabela 5-1 Comparativo resultados finais
OBRA NOTA
OBRA A 0,875
OBRA B 0,813
OBRA C 0,667
Foi feito um gráfico comparativo com a porcentagem média de atendimento dos
itens, possibilitando identificar os itens mais críticos e aqueles mais facilmente atingidos.
Obra C
Obra B
Obra A
0,000
0,100
0,200
0,300
0,400
0,500
0,600
0,700
0,800
0,900
57
Figura 5-2 Comparativo entre os itens
A partir do gráfico pode-se observar que os itens que proporcionaram maiores
dificuldades, que por conseqüência não foram atendidos nos canteiros em questão:
Controle Poluição
Uso de transportes alternativos
Proteção do terreno
Prevenção contra ilhas de calor
Reuso de água
Reuso de materiais
Portanto agora identificado os itens com problemas, pode-se propor soluções
tecnológicas para mitigar as deficiências dos itens.
5.2 ESTRATÉGIAS E TECNOLOGIAS
Nesta etapa, para cada um dos itens da lista de verificação foram enumeradas e
descritas as tecnologias, boas práticas e soluções que foram adotadas nos
empreendimentos visitados ou mesmo em bibliografias.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
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58
5.2.1 CONTROLE DE POLUIÇÃO
5.2.1.1 Poluição do ar
A seguir serão enumerados alguns itens que foram observados como alternativas
para este impacto gerado durante a execução de um empreendimento no canteiro de obra:
Proteção de sacarias abertas com lona para evitar a propagação de
particulados;
Aspergir água durante toda e qualquer limpeza;
Asperção de água em locais com solo exposto e depois cobrir com lona, ou
de preferencia utilizar estabilizadores químicos adequadas para este fim;
Lavar rodas de todos os veículos que adentram a obra, evitando assim a
propagação de particulados no ar, e no meio externo a obra, evitando assim
de se prejudicar a qualidade do ambiente que cerca o canteiro;
Inspeção de veículos e equipamentos que ficarão trabalhando
frequentemente no canteiro quanto a emissão de partículas e poluição pelo
escapamento;
5.2.1.2 Poluição do solo
Enumeram-se a seguir as boas práticas e tecnologias observadas
Posicionamento de kits de mitigação em locais estratégicos ao longo do
canteiro. “Kits” de mitigação são feitos para emergências em caso de
vazamento de óleo no solo, dentro destes “kits” são colocados uma pá,
serragem, e sacos de lixo. Em caso de vazamentos deve ser colocada a
serrragem no local, afim de absorver o vazamento, retirar a área de solo que
foi contaminada, colocá-la dentro do saco de lixo, e dar uma destinação
adequada. Porém estas medidas devem ser feitas o mais rápido possível,
para isso deve haver um pessoal treinado e capacitado a respeito no terreno;
Inspeção de todo e qualquer equipamento mecânico que adentre o canteiro
para possíveis vazamentos de óleo;
Não utilizar óleos para lavagem da betoneira;
5.2.1.3 Poluição da água:
Uso de decantadores no terreno, para que os particulados sólidos que são
enviados para a rede de esgoto municipal sejam minimizados. A respeito
59
deste item, a certificação LEED pontua a obra que não ultrapassa um limite
pré-determinado, variando este de acordo com a certificação.
5.2.2 ESCOLHA DO TERRENO
As únicas recomendações para o atendimento deste item é que sejam atendidos os
requisitos estabelecidos no plano diretor da cidade a respeito do coeficiente de ocupação do
terreno, e respeito às zonas de proteção ambiental.
5.2.3 RECUPERAÇÃO DO TERRENO
Neste item não foram observadas tecnologias nem boas práticas a respeito, mas
como a sua própria descrição diz, este item trata de terrenos que porventura possam ter
sofrido desmatamento, contaminação do solo, ou então água.
Sendo assim caso algum destes itens se aplique ao terreno do empreendimento em
questão, então o item passa a ser aplicável, e se a construtora apresenta planos de realizar
descontaminação, porem não cabe aqui descrever esta descontaminação pois tratam-se de
processos específicos para cada caso.
5.2.4 CONFORTO TÉRMICO
A respeito deste item poucas tecnologias foram observadas, visto que as
possibilidades para prevenção de desconfortos térmicos dos usuários são sombreamento
natural e espelhos d‟água. A opção espelhos d‟água muito dificilmente será encontrada, a
não ser que o empreendimento final apresente-os e em determinado momento da obra,
quando estes estiverem prontos o canteiro seja locado de maneira próxima.
O que mais foi observado acerca deste item são canteiros locados em locais abertos,
com uso de iluminação e ventilação natural, aumentando assim a eficiência energética, o
conforto do usuário, e a visualização da obra nas áreas de escritório.
5.2.5 REUSO DE ÁGUA
Neste item, vale enfatizar que a preservação dos recursos hídricos que temos a
disposição é essencial para um desenvolvimento sustentável, portanto este item trata-se de
um dos mais relevantes da lista de verificação.
A respeito de redução do consumo de água potável, de acordo com Araujo
(2009) é possível ocorrer através do uso de válvulas redutoras de pressão nos pontos de
utilização, diminuindo assim a vazão de saída. Esta tecnologia pode ser empregada tanto
em locais de vivência quanto no restante do canteiro, sendo ela passível de
reaproveitamento no empreendimento final. Uma medida interessante, que se permite
localizar os pontos mais críticos, e então tomar ações a respeito, é a execução de medições
individualizadas em áreas de produção e áreas de vivência.
60
Quanto ao reaproveitamento de água, existem duas possibilidades: o reuso de água
provinda do próprio canteiro, e o uso de águas pluviais.
Uma tecnologia simplificada, porem eficiente, para retenção de águas pluviais são a
instalaçõs de caixas de água em locais abertos, mais elevados que o restante do canteiro,
para que a condução por gravidade seja possível, facilitando assim seu transporte, e de fácil
acesso, para que esta possa vir a ser utilizada posteriormente.
Quanto a água de reuso do próprio canteiro, esta pode ser armazenada tambem em
caixas de água, em locais estratégicos para que a chegada da água a ser armazenada seja
simples, de preferencia por gravidade, e para que o transporte até o local de reuso seja
facilitado. Desta maneira, o armazenamento implicará na água em estado de decantação, o
que faz com que os particulados sólidos sejam acumulados no fundo da caixa, e não sejam
utilizados.
Em ambos dos casos, o uso de drenos pode vir a facilitar o transporte adequado do
recurso hídrico.
Em ambos os casos, a aplicabilidade do recurso hídrico se dá para:
Limpeza geral do canteiro
Irrigação
Lava rodas de caminhões e demais veículos que adentrem o canteiro
Limpeza de calçadas externas
Lavagem de equipamentos
Independente da adoção ou não das tecnologias citadas acima, vale ressaltar que
uma boa conscientização dos trabalhadores a respeito do uso dos recursos hídricos, e
inspeção regulares em equipamentos para verificação de possíveis vazamentos, são muito
eficientes para a redução do consumo de água no canteiro.
5.2.6 SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS
Para este item, o mínimo que deveria ser realizado em todo e qualquer canteiro seria
atender as legislações do município em que ele esta localizado, referentes a separação e
destinação de resíduos, ou então na ausência deste, deveria atender a resolução n
307/2002 do Conama.
Para separação adequada de resíduos uma solução bastante interessante, e
eficiente que foi adotada nas obras visitadas é o uso de bags (sacos) nos andares, com
indicação de que tipo de resíduo pode ser depositado nele. Desta maneira não ocorre a
contaminação de materiais por outros, tornando assim a reciclagem mais fácil, e facilitando
seu transporte até um local final de armazenamento, que é o local no qual serão
61
depositados todos os resíduos de um determinado fim a esperar pela reciclagem e
destinação adequada.
Quanto ao armazenamento destes resíduos, a criação de baias separadas de acordo
com o material se mostrou bastante eficiente para o armazenamento destes enquanto
aguardam sua destinação final.
5.2.7 DESTINAÇÃO CORRETA DOS RESÍDUOS
Este item nada mais é que uma consequência e continuação do item anterior. Se houver
uma separação correta e adequada, a destinação é final seria o mais fácil. Tudo que o
empreendimento deve fazer é se assegurar que segue as diretrizes impostas pelas leis
municipais ou pelo Conama.
O que seria bastante interessante para o empreendimento é um monitoramento das
quantidades de resíduos que são enviados para reciclagem contra a quantidade de resíduos
totais gerados. Este procedimento não foi observado em nenhuma das obras visitadas,
porem ele proporciona maneiras de se mensurar e observar pontos fracos e fortes da obra,
fazendo assim que as possíveis ações para se aumentar a quantidade de resíduo reciclavel
seja mais acertiva.
5.2.8 CONTROLE DE PERDAS DE MATERIAIS
O item controle de perdas engloba as perdas de recursos que possam vir a ocorrer
durante a execução do empreendimento, e também considera o consumo necessário dos
recursos.
Sendo assim, para o consumo de recursos naturais, Araujo (2009) recomenda que
sejam feitas ações desde a seleção do material e do fornecedor, verificando se eles emitem
notas fiscais, obedecem as leis trabalhistas, e se atuam de maneira sustentável. A partir
disto passa-se a se estudar a maneira como os recursos serão utilizados.
Para uma bom controle de perdas de materiais o ideal é a realização de sistemas
que sejam pré fabricados, diminuindo os desperdícios que ocorrem quando são moldados
no canteiro, in loco, e também a utilização de modulação, desde a estrutura até os
acabamentos finais.
Resumindo, uma escolha adequada tanto de materiais quanto de sistemas
construtivos pode gerar perdas e desperdícios menores. Ambas os requisitos se referem a
etapa de projetos, porem se forem seguidas, a execução do empreendimento em si gerará
menos perdas.
62
5.2.9 REUSO DE MATERIAIS
Reuso de materiais foi um dos itens que apresentaram maiores dificuldades em sua
execução, visto que nenhum dos empreendimentos visitados, e nenhuma bilbiografia fala de
planos de ação a respeito, o que ocorre são reutilizações de maneira pontuais, em alguns
casos específicos somente.
5.2.10 ARMAZENAMENTO
Os cuidados gerais que devem ser tomados quanto a armazenamento de materiais,
quaisquer que sejam, são:
Identificação
Proibição de acesso (somente pessoas e equipamentos autorizados)
Armazenamentos em locais estanques, impermeáveis
Uso do PEPS (Primeiro a entrar, primeiro a sair)
Quanto aos materiais específicos que foram selecionados na lista de verificação:
5.2.10.1 Cimento
Todos os sacos de cimento devem ser armazenados em cima de estrados, afim de
se evitar seu contato com o solo (evitando possíveis contaminações do próprio solo, e
também pode acarretar umidade no material), em pilhas de no máximo dez sacos, e
também devem ser atendidas as prescrições do fabricante.
5.2.10.2 Aço
O armazenamento de aço deve ser feito longe do contato com o solo, afim de evitar
contaminações e desgaste do aço. Devem ser separados de acordo com sua bitola para
facilitar o transporte e utilização. Também devem ser atendidas as recomendações do
fornecedor.
5.2.10.3 Blocos
Os blocos, tanto de concreto quanto cerâmicos devem ser separados de acordo com
seu tamanho e tipologia, em pilhas de no máximo um metro e oitenta, e armazenados em
local aberto e arejado. As recomendações do fornecedor também devem ser atendidas.
5.2.10.4 Tubulações
Devem também ser separadas de acordo com seu uso, diâmetros, longe do contato
com o solo, e em local coberto. Orientações do fornecedor também devem ser seguidas.
63
5.2.11 ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL
As indicações para este itens são para que sempre que possível e adequado se
utilize de iluminação e ventilação natural, seja esta para armazenamentos (quando o
material permitir), áreas de vivência, escritórios, guarita e demais áreas.
5.2.12 DIMINUIÇÃO DO PROCESSAMENTO NO CANTEIRO
O atendimento a este item, ou seja, a priorização de materiais com maior grau de
industrialização, leva a inúmeros benefícios no canteiro:
Maior agilidade
Menos desperdícios (com relação a sistemas moldados in loco)
Ganho de espaço de canteiro
Menor uso de mão de obra
O uso de materiais industrializados leva a inúmeros benefícios como listado acima,
porem em contrapartida, geralmente seus custos são mais elevados que o mesmo sistema
moldado in loco, sendo esta a única desvantagem
5.2.13 DIMINUIÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA
A energia é um recurso natural, portanto finito, sendo assim sua preservação e uso
consciente é primordial e imprescindível em qualquer canteiro. Para que este objetivo possa
ser atingido uma boa campanha de conscientização com os trabalhadores do
empreendimento deve ser realizada, afim de que eles adquiram a consciência de que
equipamentos não devem ser ligados por mais tempo do que o tempo de uso, dentro outros
princípios.
Uma solução adotada em todos os empreendimentos visitados é o uso de robôs
elétricos nos pavimentos para a iluminação e geração de energia provisória. Eles possuem
como principal característica e execução de ligações bem feitas, reduzindo assim a
possibilidade de perdas de energia nestas, e também de curto circuito em equipamentos.
6. CONCLUSÕES
Como observado em todo o decorrer deste trabalho, as certificações existentes para
construções sustentáveis possuem um maior enfoque no conforto do usuário e eficiência
energética pós ocupação dos empreendimentos, dando pouca, ou até mesmo nenhuma
64
como no caso da CASBEE, atenção ao período de execução do empreendimento. Alem
disso nenhuma destas certificações foi criada para ser empregada no Brasil, somente a
AQUA, que foi adaptada para as necessidades do país.
A questão das certificações de construções sustentáveis é um assunto bastante
recente no país, e pouco disseminado e estudado, faltando assim referencias e parâmetros
(benchmark) para futuras aplicações. Motivos estes tanto pela falta de uma certificação que
se adapte as necessidades do local, quanto pela falta de conscientização.
Por outro lado, a construção civil no Brasil vêm crescendo a cada ano, com uma
participação no PIB do país cada vez maior, e por conseqüência a quantidade de resíduos e
poluentes gerados, a demanda por recursos naturais e energéticos vem aumentando
também. Diante disso fica evidenciada a necessidade da criação de uma certificação que
tenha como enfoque o canteiro da construção, e que seja própria e adequada para cada
região do Brasil, visto que é um país extremamente extenso, com regiões muito distintas no
quesito disponibilidade de mão de obra, recursos e acessibilidade.
Através dos estudos de casos realizados foi possível se obter parâmetros para
análise. Embora os resultados das pontuações de todos os canteiros tenham sido positivos,
observou-se certa informalidade acerca do assunto sustentabilidade. Muitas vezes as
medidas são atendidas de maneira instintiva, ou seja, não existem planos de ataque e ação
acerca do assunto. Dentro deste mesmo contexto alguns dos itens não foram atendidos em
nenhuma das obras, representando assim a dificuldade de disseminação acerca do assunto.
Tais dificuldades provem da própria falta de uma orientação (seja uma certificação, seja uma
cartilha de boas práticas) tanto da mão de obra, quanto da alta gerência.
Porem vale lembrar que os resultados positivos (todos os empreendimentos
obtiveram notas maiores que 0,6) são relativos, visto que a nota parâmetro foi adotada a
critério deste estudo e de se estabelecer um comparativo, sem qualquer embasamento
teórico, visto que o mesmo não existe acerca do assunto. Seguindo adiante com o raciocínio
as certificações de construções sustentáveis podem estar sendo feitas de maneira errônea,
visto que não existe um comparativo, um benchmark real.
A sustentabilidade atualmente é um dos temas mais abordados e comentados. Cada
vez mais a população vem criando consciência a respeito da sua importância, para que
possamos continuar usufruindo dos recursos naturais. Porem é preciso se tomar muito
cuidado com o termo sustentabilidade, para que não sejam feitos equívocos a respeito.
Assim como a expressão „ falsa segurança é pior que não se ter segurança alguma‟ na
sustentabilidade o mesmo ocorre. Ações como coleta seletiva já não devem ser o diferencial
de uma empresa, e sim obrigatório, são suas outras ações que a definirão como sustentável
65
ou não. Na construção civil o mesmo ocorre, portanto cada vez mais ações, estudos e
conscientização acerca do assunto são necessários.
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