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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Resíduos de Construção Civil (RCC): logística de reciclagem e aplicação na cidade de São Carlos Trabalho apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Juliana Petermann Moretti Orientador: Prof. Dr. Almir Sales São Carlos Novembro de 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Resíduos de Construção Civil (RCC): logística de reciclagem e

aplicação na cidade de São Carlos

Trabalho apresentado ao Departamento

de Engenharia Civil da Universidade

Federal de São Carlos como requisito

para obtenção do grau de Engenheiro

Civil.

Juliana Petermann Moretti

Orientador: Prof. Dr. Almir Sales

São Carlos

Novembro de 2011

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DEDICATÓRIA

À minha avó Olga e mãe Márcia

Meu amor, minha vida, minha inspiração.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida e por me guiar todos os momentos.

A toda minha família que sempre apoiou, confiou e dedicou muito amor, tornando assim esta jornada mais simples.

Ao meu noivo Mário, pessoa maravilhosa que sempre esteve ao meu lado, apoiando, orientando, ajudando, sempre muito paciente e amoroso. Te amo muito.

A todos os meus amigos, de Conchal, São Carlos, Artur Nogueira, Limeira e Mogi Guaçu, amigos de verdade que estiveram e sempre estaram presentes na minha vida compartilhando todos os momentos, inclusive neste momento de conquista tão sonhada por mim.

Ao professor Almir, que me deu a oportunidade de realizar pesquisa na Universidade, sempre orientando, incentivando e motivando.

Ao professor Itamar e professora Sheyla pela disposição em participar da avaliação deste trabalho.

A todos os professores que tive durante toda minha vida, desde a infância até hoje. Em especial aos professores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos.

Aos funcionários da PROHAB, Victor José dos Santos Baldan, do SAAE, José Eduardo Arroio, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos, Tiago pela disponibilidade e colaboração neste trabalho.

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RESUMO

O grande aumento na geração de resíduos sólidos tem se tornado uma preocupação para

todo o planeta; alguns fatores como o consumismo exacerbado, desenvolvimento

tecnológico, crescimento das populações intensificam tal problema. Atualmente, as

autoridades, pesquisadores e a sociedade vem se preocupando em buscar alternativas

para o manejo e disposição adequada dos resíduos. A construção civil é responsável por

gerar uma grande quantidade de resíduos; quando comparado com o lixo domiciliar,

pode-se chegar a uma proporção de 2 toneladas de resíduo de construção civil (RCC)

para 1 tonelada de lixo domiciliar. Na maioria das vezes, tais materiais são descartados

em locais inadequados acarretando em graves problemas ambientais. Como alternativa

para tais problemas, a reciclagem do RCC tem se mostrado uma solução sustentável,

uma vez que este material pode ser utilizado para substituir recursos naturais na própria

indústria da construção civil. Este trabalho teve por objetivo analisar a logística de

reciclagem e aplicação dos agregados reciclados pela Usina de Reciclagem de RCC do

município de São Carlos. Foi realizada visita na Usina de Reciclagem de RCC para

acompanhar o processamento dos resíduos na geração dos agregados. Com a finalidade

de verificar a aplicação dos agregados reciclados, foram visitados: a Fábrica de

Artefatos de Cimento (FAC), a operação “tapa buracos” do SAAE (Sistema de

Abastecimento de Água e Esgoto) e a recuperação de vias rurais realizada pela

Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de São Carlos. Embora a usina

de reciclagem apresente capacidade de processamento inferior a demanda gerada no

município, foi possível verificar que a cidade pode ser considerada um bom exemplo no

que diz respeito à sustentabilidade.

Palavras-chave: resíduo de construção civil (RCC), usina de reciclagem, aplicação do

RCC reciclado.

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ABSTRACT

ABSTRACT

The large increase in the generation of solid waste has become a concern for all the planet, some factors: such as heightened consumerism, technological development and the population growth intensify such problem. Currently, authorities, researchers and society have been concerned to seen for alternatives for the management and proper disposal of waste. The construction industry is responsible for generating a lot of waste, when compared with the household waste, can be reached at a rate of 2 ton of construction and demolition waste for 1 ton of household waste In most cases, these materials are discarded in inappropriate places, resulting in serious environmental problems. As an alternative to such problems, there cycling of the construction and demolition waste has been shown to be a sustainable solution, since this material can be used to replace natural resources in the construction industry. This study aimed to analyze the logistics of recycling and application of recycled aggregates by Recycling Plant Debris of São Carlos. Visit was conducted in the Recycling Plant Debris to monitor the processing of the waste to generation of aggregate. In order to verify the application of the recycled aggregates were visited: the Artifact Cement Factory, the operation “blow holes” in SWSS (System Water Supply and Sewage) and the recovery of rural roads undertaken by the secretariat of public services of the municipal government of São Carlos. Although the processing capacity of the recycling plant is less than the demand generated in the city, we found that the city can be considered a good example with regard to sustainability.

Key-words: construction and demolition waste (CDW), recycling plant, application of waste recycled.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Localização Usina de Reciclagem. Fonte: GOOGLE EARTH, 2011. ............. 4

Figura 2- Origem do RCC em algumas cidades brasileiras............................................ 10

Figura 3- Composição percentual dos RCCs da cidade de São Carlos .......................... 10

Figura 4- Sistema Aberto ................................................................................................ 17

Figura 5- Sistema Fechado ............................................................................................. 17

Figura 6- Sistema Segunda Geração ............................................................................... 18

Figura 7- Alimentador vibratório ................................................................................... 19

Figura 8- Britador de Mandíbulas .................................................................................. 20

Figura 9- Correias transportadoras ................................................................................. 20

Figura 10- Peneira Vibratória ......................................................................................... 21

Figura 11- Layout sugerido para ecoponto ..................................................................... 25

Figura 12- Área de descarte clandestino (esquerda), Ecoponto em implantação (direita)

........................................................................................................................................ 25

Figura 13- Descarte clandestinho de entulho. ................................................................ 27

Figura 14- Caçambas de entulho em frente à entulheira do bairro Cidade Aracy.......... 28

Figura 15- Layout da Usina de Reciclagem de RCC. .................................................... 30

Figura 16- Materiais recebidos no pátio da usina. .......................................................... 32

Figura 17- Materiais não recicláveis (Classe B, C e D). ................................................ 32

Figura 18- Entulheira Cidade Aracy. .............................................................................. 33

Figura 19- Ponto de disposição de entulho encerrado. ................................................... 34

Figura 20- Britador de materiais cerâmicos. .................................................................. 35

Figura 21- Imã utilizado para retirar materias metálicos. ............................................... 35

Figura 22- Transporte por esteira e estocagem do agregado reciclado. ......................... 36

Figura 23- Peneira vibratória de materias de concreto. .................................................. 37

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Figura 24- Armazenamento dos agregados (esquerda) e cimento (direita). ................... 39

Figura 25- Misturador. .................................................................................................... 40

Figura 26- Preparo de bloquetes. .................................................................................... 40

Figura 27- Local de armazenamento dos artefatos. ........................................................ 41

Figura 28- Produtos fabricados na FAC. ........................................................................ 42

Figura 29- Mostruário de produtos. ................................................................................ 42

Figura 30- Condomínio residêncial Constatino Amstalden. .......................................... 43

Figura 31- Abertura da vala. ........................................................................................... 44

Figura 32- Escavação da vala. ........................................................................................ 44

Figura 33- Localização do vazamento (esquerda), Reparo do vazamento (direita). ...... 45

Figura 34- Preenchimento da vala com bica corrida. ..................................................... 45

Figura 35- Preenchimento total da vala (esquerda), Compactação do solo (direita). ..... 45

Figura 36- Material lançado no trecho. .......................................................................... 47

Figura 37- Regularização do material com a motoniveladora. ....................................... 47

Figura 38- Vias rurais recuperadas com agregado reciclado. ......................................... 48

Figura 39- Ecoponto São Carlos VIII ............................................................................. 56

Figura 40- Jardim Paulistano .......................................................................................... 57

Figura 41- Jardim Ipanema e São Carlos III .................................................................. 58

Figura 42- Ecoponto Jardim Beatriz ............................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Propriedades do Concreto e Características do Agregado ............................. 13

Tabela 2- Informações dos Ecopontos de São Carlos .................................................... 26

Tabela 3- Agregados Comercializados na Usina ............................................................ 38

Tabela 4- Quantidade utilizada de material reciclado pelo SAAE no ano de 2010. ...... 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................... 2

1.1.1 Detalhamento dos objetivos ........................................................................................ 2

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 2

1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 3

1.3.1 Detalhamento da Metodologia: .................................................................................. 3

1.4 ESTRUTURA DO TEXTO ............................................................................................ 5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 6

2.1 Resíduos ........................................................................................................................... 6

2.2 Resíduos de Construção e Civil (RCC).......................................................................... 7

2.3 Usinas de Reciclagem de RCC ..................................................................................... 14

2.4 Tipologias de plantas e processos para o beneficiamento de RCC ........................... 15

2.5 Equipamentos utilizados no processo de reciclagem de RCC ................................... 19

2.6 Aplicação dos agregados reciclados de RCC .............................................................. 21

3 COLETA DE RESÍDUOS ......................................................................................... 24

3.1 Ecopontos ....................................................................................................................... 24

3.2 Caçambeiros e carroceiros ........................................................................................... 27

4 USINA DE RECICLAGEM DE SÃO CARLOS ...................................................... 29

4.1 Layout da Usina de Reciclagem ................................................................................... 30

4.2 Recebimento e triagem dos materiais .......................................................................... 31

4.3 Processamento ............................................................................................................... 34

4.4 Mão de obra ................................................................................................................... 37

4.5 Produtos Comercializados ............................................................................................ 37

5 APLICAÇÃO DOS AGREGADOS RECICLADOS ................................................. 39

5.1 Fábrica de Artefatos de Cimento (FAC) ..................................................................... 39

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5.1.1 Estocagem dos Materiais .......................................................................................... 39

5.1.2 Fabricação .................................................................................................................. 39

5.1.3 Mão de Obra .............................................................................................................. 41

5.1.4 Produtos Comercializados ........................................................................................ 41

5.2 Operação “tapa buracos” do SAAE ............................................................................ 43

5.3 Recuperação de vias rurais ........................................................................................... 46

6 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 49

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 50

8 ANEXO ....................................................................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

Um dos maiores problemas ambientais das últimas décadas são os resíduos sólidos

urbanos (lixos domésticos, industriais ou de serviços) e rurais (criações e culturas). O

crescimento rápido das populações urbanas, desenvolvimento tecnológico,

intensificação da industrialização, mudança de hábitos de consumo como, por exemplo,

os produtos descartáveis intensificam ainda mais a geração de resíduos (FRESCA,

2007).

De acordo com a CETESB, são produzidos cerca de 28 mil toneladas de resíduos

sólidos domiciliares diariamente no estado de São Paulo. A disseminação de doenças,

poluição do ar, contaminação do solo e de águas subterrâneas são problemas acarretados

pela falta de tratamento ou disposição incorreta desses resíduos.

O grande aumento na geração de resíduos sólidos urbanos, fez com que as autoridades,

pesquisadores e sociedade se preocupassem com o manejo e disposição final adequada

desses resíduos. Desta forma, pode-se afirmar que os resíduos de construção civil

(RCC) contribuem significamente com tal problema (CÓRDOBA, 2010).

De acordo com uma projeção realizada pela FIESP (2010), para os anos de 2009 a 2022,

o setor da construção civil irá apresentar taxas de crescimento de 6,1% aa, sendo um dos

mais significativos dentre os grandes setores da economia brasileira.

A construção civil possui papel fundamental no mundo, pois está presente em todos os

lugares ocupados pelo homem. Pode-se afirmar que o impacto ambiental gerado pela

indústia construção civil é proporcional a sua representatividade no âmbito social

(JOHN, 2000).

Resíduos são gerados em todas as etapas do processo da construção civil, desde na

produção de materiais e componentes, construção, manutenção, modernização e,

principalmente, na demolição da obra. Contudo, o RCC (resíduo de construção civil) é

originado da perda e desperdício das atividades de construção, manutenção e demolição

de obras (JOHN, 2000).

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Os resíduos de construção civil (RCC) são dispostos, na maioria das vezes, em locais

inadequados, como: terrenos baldios e margens de cursos d’água, causando assim,

graves problemas ambientais.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo geral verificar o processo de reciclagem dos resíduos

de construção civil (RCC) da usina de reciclagem da cidade de São Carlos. Além disso,

pretende-se estudar a logística de coleta e as principais formas de aplicação destes

resíduos na construção civil.

1.1.1 Detalhamento dos objetivos

� Estudar a potencialidade da aplicação dos resíduos de construção civil (RCC);

� Verificar a logística de coleta de RCC na usina de reciclagem da cidade de São Carlos;

� Verificar o processamento de RCC na usina de reciclagem da cidade de São Carlos;

� Estudar as principais formas de aplicação do resíduo de construção civil reciclado pela Usina de Reciclagem.

1.2 JUSTIFICATIVA

Um dos fatores mais preocupantes das últimas décadas refere-se ao manejo adequado de

resíduos. Os resíduos de construção civil (RCC) têm apresentado elevados índices de

geração nos municípios brasileiros.

A disposição do RCC em locais impróprios acarreta em vários prejuízos aos municipios,

como: maiores custos na limpeza urbana e na recuperação de áreas degradadas, aumento

no volume de aterros, degradação de paisagens urbanas, proliferação de vetores nocivos

à saúde humana.

O conhecimento referente ao processamento e aplicação do RCC reciclado é muito

importante para incentivar cada vez mais a reciclagem deste resíduo, uma vez que este

procedimento traz uma série de benefícios aos municípios e a população.

Pode-se afirmar que a adoção de métodos que visem o manejo adequado e reciclagem

dos resíduos é de extrema importância para garantir a proteção e preservação do meio

ambiente.

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A reciclagem dos resíduos de construção civil é considerada uma alternativa

sustentável, uma vez que este material pode ser utilizado para substituir recursos

naturais na própria indústria da conctrução civil. Vale salientar que a indústria da

construção civil consome grande quantidade de recursos naturais gerando assim grandes

impactos ambientais.

A usina de reciclagem de RCC da cidade de São Carlos traz uma alternativa para

amenizar a ação nociva dos resíduos transformando os mesmos em agregados reciclados

que podem ser utilizados na própria construção civil.

1.3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos, foram realizadas as seguintes atividades:

� Revisão Bibliográfica visando estudar a potencialidade de aplicação dos resíduos de construção civil;

� Realização de visita na Usina de Reciclagem da cidade de São Carlos; � Entrevista com os responsáveis e aplicação de questionários; � Descrição e caracterização da Usina de Reciclagem; � Layout do processamento da Usina de Reciclagem; � Visita de campo com a finalidade de exemplificar as principais aplicações dos

resíduos reciclados pela Usina de Reciclagem da cidade de São Carlos.

1.3.1 Detalhamento da Metodologia:

Devido à facilidade de acesso, foi escolhida a Usina de Reciclagem de RCC localizada

na cidade de São Carlos. A caracterização e identificação do processamento dos

resíduos foram realizadas com auxílio das informações adquiridas através da visita e

entrevista com responsáveis.

Localização da Usina de Reciclagem (Figura 1):

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4

Figura 1- Localização Usina de Reciclagem. Fonte: GOOGLE EARTH, 2011.

A usina de reciclagem de RCC de São Carlos está localizada próxima ao Jardim

Industrial João Leopoldino, com acesso para a Rodovia Luis Augusto de Oliveira, SP

215, foi inaugurada no dia 08 de dezembro de 2006 após a instituição do Plano

Integrado de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil e o Sistema para a Gestão

destes Resíduos.

Foi aplicado um questionário ao arquiteto Victor Baldam, responsável pela usina, com

as seguintes perguntas chave:

Qual a quantidade de entulho recebido diariamente na usina?

Quais os locais de coleta (ecopontos) estabelecidos na cidade de acordo com a nova

norma de resíduos sólidos?

Qual a capacidade de reciclagem da usina?

Qual a quantidade média de RCC reciclado diariamente na usina?

Onde são armazenados os entulhos recebidos?

Como é realizada a triagem dos resíduos?

Quais os tipos de materiais que podem ser reciclados?

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Qual o procedimento realizado com os materiais que não podem ser reciclados?

Onde os materiais reciclados podem ser aplicados?

1.4 ESTRUTURA DO TEXTO

Este trabalho é composto por sete capítulos, sendo que no capítulo 1 é abordado uma

introdução ao assunto, objetivos, justificativa e metodologia.

A revisão bibliográfica é abordada no capítulo 2, onde foram levantados os principais

temas relacionados ao assunto, sendo eles: resíduos, resíduos de construção e civil

(RCC), usinas de reciclagem de RCC, tipologias de plantas e processos para o

beneficiamento de RCC, equipamentos utilizados no processo de reciclagem de RCC e

aplicação dos agregados reciclados de RCC.

No capítulo 3 apresentaram-se as formas de coleta dos resíduos de construção civil na

cidade de São Carlos: os ecopontos, caçambeiros e carroceiros.

No capítulo 4 apresentou-se o funcionamento da Usina de Reciclagem de RCC da

cidade de São Carlos, descrevendo as etapas de recebimento e triagem dos resíduos,

processamento, mão de obra e agregados comercializados.

As formas de aplicação dos agregados reciclados pela Usina de Reciclagem de RCC

foram abordadas no Capítulo 5, onde foram realizadas visitas na FAC (Fábrica de

Artefatos de Cimento), operação “tapa buracos” do SAAE (Serviço Autônomo de Água

e Esgoto) e recuperação de vias rurais da secretaria de obras públicas da prefeitura

municipal de São Carlos.

No capítulo 6 foi elaborada as conlusões do trabalho com base na revisão bibliográfica,

visitas e entrevistas realizadas. As referências bibliográficas estão apresentadas no

capítulo 7.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na revisão bibliográfica procurou-se desenvolver um estudo sobre os resíduos da

construção civil (RCC), as usinas de reciclagem, processamento e aplicação.

2.1 Resíduos

Um dos grandes problemas ambientais das últimas décadas são os resíduos sólidos

urbanos (lixos domésticos, industriais ou de serviços) e rurais (criações e culturas). O

crescimento rápido das populações urbanas é o fator principal para contribuir com tal

crescimento, assim como a concentração do parque industrial ao redor das cidades e os

avanços da agricultura intensiva no campo (FRESCA, 2007).

O grande desafio dos países consiste em descobrir maneiras para destinar corretamente

as 30 bilhões de toneladas de resíduos sólidos produzidos anualmente no planeta

(NINNI, 2011).

O consumo global vem crescendo mais que a população nos últimos anos, uma vez que

o consumo cresceu 6 vezes, a população apenas 2,2 vezes. Desta forma pode-se concluir

que o desperdício aumenta cada vez mais e o uso de resursos naturais está ultrapassando

a capacidade do planeta (NINNI, 2011).

Segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, o lixo urbano contribui com apenas

2,5% do total de lixo gerado, mas muitos países perdem dinheiro quando não reciclam

tais resíduos. Estima-se que uma obra no Brasil gere 3 vezes mais resíduos quando

comparada com uma obra na União Européia (NINNI, 2011).

Segundo trabalho apresentado pela FIESP (2001), todo resíduo que se apresenta nos

estados sólidos, semi-sólidos e os líquidos não passíveis de tratamento convencional são

classificados pela NBR 10004 (2004) como resíduos sólidos, quanto a sua natureza

classificam-se:

� Resíduos classe I – perigosos: são os resíduos que apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade;

� Resíduos classe II – não inertes: são aqueles com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente em função de suas características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade;

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� Resíduos classe III – inertes: são os resíduos que não apresentam riscos à saúde pois apresentam constituintes solúveis em água em concentrações superiores aos padrões de potabilidade;

2.2 Resíduos de Construção e Civil (RCC)

No dia 5 de julho de 2002, foi criada, pelo CONAMA, a resolução nº307, que visa dar

destinos adequados aos resíduos gerados na construção civil, apresentando diretrizes,

critérios e procedimentos para a gestaõ dos resíduos de construção civil.

Um trabalho realizado por Zanutto, 2011 avaliou o panorama atual de implementação

das diretrizes da resolução 307 no município de São Carlos e concluiu que os agentes

ligados diretamente à construção civil não possuem total conhecimento sobre tal

resolução e que apesar das empresas construtoras adotarem práticas ligadas à gestão de

resíduos da construção civil, tais conceitos não são aplicados como lei.

Segundo a NBR 15114, os resíduos da construção civil são definidos como: “Resíduos

provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção

civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como tijolos, blocos

cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e

compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,

tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou

metralha”.

Os resíduos da construção civil são classificados em quatro classes: A, B, C e D, sendo

que:

� Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação, obras de infra-estrutura, solos provenientes de terraplenagem, edificações (tijolos, argamassa, concreto, cerâmica), etc.

� Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, como: plástico, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, gesso, etc.

� Classe C: resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação.

� Classe D: resíduos perigosos oriundos do processo de construção, como: tintas, solventes, óleos, e também resíduos oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

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O gerenciamento adequado do RCC pode trazer muitos benefícios aos municipios,

como: redução de custos na limpeza urbana e recuperação de áreas degradadas,

preservação de sistemas de aterros, redução dos impactos provenientes da exploração de

jazidas naturais de agregados para a construção, preservação de paisagens urbanas,

incentivo a parcerias para a captação, reciclagem e reutilização do RCC, geração de

emprego e renda; incentivo à redução da geração nas atividades construtivas (FAGURY

& GRANDE, 2007).

De acordo com a CETESB, são produzidos cerca de 28 mil toneladas de resíduos

sólidos domiciliares diariamente no estado de São Paulo. A disseminação de doenças,

poluição do ar, contaminação do solo e de águas subterrâneas são problemas acarretados

pela falta de tratamento ou disposição incorreta desses resíduos (CETESB, 2010).

Cerca de 60% do lixo produzido no Brasil são resíduos de construção civil, esta

quantidade corresponde a mais de 90 milhões de toneladas de RCC gerados por ano. No

Brasil, apenas 1% destes resíduos são reutilizados, na Holanda este percentual chega a

90% (CASTILHO, 2009).

O grande aumento na geração de resíduos sólidos urbanos, fez com que as autoridades,

pesquisadores e sociedade se preocupassem com o manejo e disposição final adequada

desses resíduos. Desta forma, pode-se afirmar que os resíduos de construção civil

(RCC) contribuem significamente com tal problema (CÓRDOBA, 2010).

Os resíduos de construção civil (RCC) são dispostos, na maioria das vezes, em locais

inadequados, como: terrenos baldios e margens de cursos d’água, causando assim,

graves problemas ambientais. A disposição incorreta dos resíduos pode acarretar

também em problemas de saúde causados pela ploriferação de vetores nocivos

(SOUZA, 2006).

A utilização do resíduo de construção civil enfrenta alguns desafios para expandir-se no

mercado, sendo que o principal refere-se às dificuldades encontradas na triagem deste

resíduo quando se diz respeito em atender as especificações técnicas referentes aos

agregados reciclados e métodos que viabilizem a caracterização adequada dos mesmos

(ÂNGULO et al, 2004).

As usinas de reciclagem começaram ser implantadas no Brasil na década de 90, nas

regiões Sul e Sudeste. Empresas privadas e prefeituras municipais começaram investir

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recentemente em usinas de reciclagem de RCCs, transformando este resíduo em

materiais como agregados, para posterior aplicação (SOUZA, 2006).

É gerada uma grande quantidade de resíduos de construção civil (RCCs) em muitos

países do mundo, segundo John (2000), esta quantidade pode variar de 136 a 3359

kg/hab.ano. Esses resíduos são classificados como inertes pela NBR 10004; mas,

segundo John & Agopyan (2001), alguns RCCs analisados, apresentaram

contaminações; tais contaminações podem vir a afetar a qualidade do produto composto

pelo resíduo e também riscos ambientais, deixando assim de ser classificado como um

resíduo inerte.

A partir da década de 90, a geração dos resíduos de construção civil cresceu de maneira

significativa, consequentemente, houve o crescimento das empresas e coletores

autônomos de tais resíduos (PINTO & GONZALES, 2005).

Vale salientar, que a coleta do RCC é encarada como um négocio na maioria dos

municípios brasileiros, uma vez que as prefeituras contratam empresas que operam

recolhendo e transportando tais resíduos (JOHN & AGOPYAN, 2001).

A necessidade de proteção e preservação do meio ambiente faz com que os municípios

adotem políticas setoriais articuladas e sintonizadas com seu Plano Diretor. Os

municípios brasileiros têem focado o manejo adequado e sustentável dos resíduos

domiciliares (PINTO & GONZALES, 2005). Os resíduos de construção civil têm

alcançado uma relação de 2 toneladas de RCC para 1 tonelada de lixo domiciliar. A

inexistência de tratamentos adequados para os resíduos de construção civil origina

graves problemas ambientais (PINTO & GONZALES, 2005).

O RCC é gerado basicamente durante três fases de uma construção, são elas: fase de

construção (canteiro), fase de manutenção e reformas e na demolição da edificação. São

gerados os mais variados tipos de materiais que compõe o RCC, como: materiais

cerâmicos, metálicos, orgânicos e solos (JOHN, 2000).

Segundo Pinto & Gonzales, (2005), para realizar um diagnóstico da geração de resíduos

de construção civil é necessário considerar como maiores responsáveis os profissionais

e/ou empresas ligadas à:

� Executores de reformas, ampliações e demolições - atividade que na maioria das vezes não é formalizada com a aprovação de plantas e solicitação de alvarás;

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� Construtores de edificações novas, térreas ou de múltiplos pavimentos - com áreas de construção superiores a 300 m², cujas atividades quase sempre são formalizadas;

� Construtores de novas residências, tanto aquelas de maior porte, em geral formalizadas, quanto às pequenas residências de periferia, quase sempre autoconstruídas e informais.

A Figura 2 apresenta as quantidades de entulho geradas em algumas cidades brasileiras

que foram diagnosticadas. As atividades referentes à reformas, ampliações e demolições

são responsáveis pela geração de cerca de 59% de todo o RCC gerado (PINTO &

GONZALES, 2005).

Figura 2- Origem do RCC em algumas cidades brasileiras

Fonte: Pinto & Gonzales, 2005

Marques Neto (2003) coletou 90 litros de amostra de RCC em diferentes locais no

município de São Carlos para realizar uma caracterização qualitativa e concluiu que

cerca de 26% refere-se a materiais cerâmicos, 19% concreto e 14% cerâmicas polidas

(Figura 3).

Figura 3- Composição percentual dos RCCs da cidade de São Carlos

Fonte: MARQUES NETO 2003

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Os resíduos de demolição, na maioria das vezes não são selecionados para a reciclagem,

desta forma, o agregado reciclado produzido torna-se misto, contendo vários materiais

em sua composição (concreto, cerâmica, solo, etc.). Em algumas usinas de reciclagem

de RCC denominadas como classe A, realizam uma triagem visual para classificar o

resíduo como cinza (resíduos à base de cimento) e vermelho (resíduos cerâmicos, solos)

(ÂNGULO et al., 2004).

O conhecimento das propriedades físicas dos agregados reciclados é essencial para

definir a resistência mecânica e durabilidade dos mesmos, e também dos concretos

produzidos com tais agregados.

Zordan & John (2004), proporam uma metodologia para avaliar o potencial de

reciclagem de resíduos, esta metodologia possui 3 princípios:

� Análise Científica: as características e propriedades físico-químicas dos resíduos devem ser avaliadas para que seja possível indentificar suas possíveis aplicações;

� Sustentabilidade: os aspectos econômicos e de mercado devem ser considerados; e também os riscos ambientais e aos seres humanos

� Enfoque no ciclo de vida: os estágios do ciclo de vida dos produtos reciclados devem ser considerados pela análise de sustentabilidade para que se garanta a consistência e confiabilidade dos estudos.

A reciclagem de resíduos se mostra eficiente quando atende basicamente as questões

relacionadas a desempenho e custo do produto final.

Algumas das medidas propostas por Oskan (2001) para incentivar a prática de

reciclagem de RCC estão relacionadas com a formulação de sistemas que visam

padronizar a qualidade para os agregados reciclados e também a institucionalização de

um sistema de certificação de garantia e qualidade.

O resíduo de construção civil apresenta características e propriedades físico-químicas

adequadas para sua utilização como material de construção. As principais aplicações

desse resíduo são em base e sub-base de pavimentos, aterros, agregados para concretos

e argamassas e matéria-prima para a fabricação de tijolos de blocos de concreto ou solo-

cimento (FAGURY & GRANDE, 2007).

O segmento da construção civil que abrange a área de materiais e componentes

apresentou maior desenvolvimento dentre os outros segmentos, quando se diz respeito à

aplicação de conceitos relacionados à sustentabilidade. Muitos estudos sobre a

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incorporação de resíduos nos materiais de construção estão sendo desenvolvidos (LIMA

et al., 2010).

A produção de areia e pedra britada é caracterizada pela extração em grande escala e

pelo baixo valor unitário. O gargalo deste produto encontra-se no transporte, que

corresponde a cerca de 65% do custo final, desta forma, é necessário que sua produção

ocorra mais próximo possível do mercado consumidor. Em regiões metropolitanas,

como as de São Paulo e Rio de Janeiro, quase toda a areia consumida pela construção

civil está sujeita a transporte por distâncias de até 100 km (SILVA et al., 2002).

A disponibilidade de areia e brita vem decaindo dia a dia, fato ocasionado pelo

planejamento inadequado, problemas ambientais, zoneamentos restritivos e competitivo

uso do solo. Outro fator que limita a extração desses recursos naturais refere-se às

restrições existentes para a obtenção de licenças ambientais (VALVERDE, 2001).

Cerca de 50% dos recursos naturais extraídos são consumidos pela indústria da

construção civil. O consumo das matérias-primas não renováveis deve ser reduzido para

contribuir com o desenvolvimento sustentável. A reciclagem gera novos produtos a

partir dos resíduos, formando assim um ciclo produtivo fechado. Desta forma, novas

tecnologias devem ser desenvolvidas para a realização de um processo de reciclagem

eficiente e seguro que garanta ao produto final, o desempenho técnico adequado e custo

competitivo para o mercado (ROCHA & JOHN, 2003).

Cerca de 70% do concreto é composto por agregados, as propriedades deste material

influenciam diretamente na qualidade do concreto. A Tabela 1 mostra uma relação entre

as propriedades do concreto e características do agregado.

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Tabela 1- Propriedades do Concreto e Características do Agregado

Propriedades do Concreto

Características do Agregado

Resistência mecânica

Resistência mecânica

Textura superficial

Limpeza

Forma dos grãos

Dimensão máxima

Retração

Módulo de elasticidade

Forma dos grãos

Textura superficial

Limpeza

Dimensão máxima

Massa Unitária

Massa específica

Forma dos grãos

Granulometria

Dimensão máxima

Resistência derrapagem Tendência ao polimento

Economia

Forma dos grãos

Granulometria

Dimensão máxima

Beneficiamento requerido

Disponibilidade Fonte: adaptado Valverde, 2001.

As propriedades físicas e químicas dos agregados devem ser determinadas para que se

faça a escolha adequada desses materiais quanto à aplicação desejada. A vida útil da

edificação pode ser comprometida quando os agregados não são selecionados de

maneira correta (VALVERDE 2001).

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2.3 Usinas de Reciclagem de RCC

A NBR 15114:2004 foi elaborada com a finalidade de fixar os requisitos mínimos

exigidos para o projeto, implantação e operação de áreas de reciclagem para os resíduos

da construção civil enquadrados na classe A (agregados de construção, demolição,

reformas e reparos de pavimentação, obras de infra-estrutura, solos provenientes de

terraplenagem, edificações).

Quanto às condições de implantação, a NBR 15114 define critérios relacionados a:

� Localização; � Isolamento e Sinalização; � Acessos; � Iluminação e Energia; � Proteção das águas superficiais; � Preparo da Área de Operação;

O projeto de instalação de uma usina de reciclagem de RCC deve conter:

� Memorial descritivo com informações sobre o local, descrição da implantação e operação, equipamentos utilizados, equipamentos de segurança, plano de operação, inspeção e manutenção;

� Projeto básico contendo confrontantes, dispositivos de drenagem superficial, acessos, edificações, locais de recebimento, triagem, armazenamento temporário de resíduos não recicláveis, processamento de resíduos e seus equipamentos, armazenamento dos produtos gerados;

� Responsabilidade e autoria do projeto com as qualificações da entidade responsável e do profissional responsável pelo projeto (vinculado ao CREA).

As condições de operação segundo a NBR 15114 englobam fatores relacionados a:

� Recebimento, triagem e processamento dos resíduos; � Treinamento dos trabalhadores e equipamentos de segurança; � Plano de Inspeção e Manutenção da área de reciclagem; � Procedimentos para controle e registro da operação;

Para implantar uma usina de reciclagem é necessário que o município tenha implantado

uma gestão de resíduos além de parcerias com construtores e caçambeiros para facilitar

a triagem e transporte dos materiais até a usina. Outro aspecto a ser ressaltado refere-se

ao mercado que deverá existir para absorver o material reciclado pela usina; muitas

prefeituras destinam os agregados reciclados na pavimentação e recuperação de ruas

(CASTILHO, 2009).

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O valor de implantação de uma usina de reciclagem de RCC pode variar bastante. De

acordo com o diretor comercial da empresa CRETA Tecnologias de Reciclagem, uma

usina de última geração pode chegar a R$ 3.000.000,00, enquanto para uma usina básica

implantada com equipamentos usados este valor pode ser reduzido a R$600.000

(CASTILHO, 2009).

A usina da cidade de São José do Rio Preto possui capacidade de reciclar 40 toneladas

de resíduo por hora, desta forma, o município recicla cerca de 50% do resíduo gerado.

Todo o resíduo reciclado é aplicado exclusivamente na manutenção pública da cidade

(CASTILHO, 2009).

Segundo Jadovski (2005), o município de Belo Horizonte conta com duas usinas de

reciclagem de RCC, a Usina Estoril e Pampulha, com capacidade de processar

respectivamente 15t/h e 30t/h. O município recolhe diariamente de 1360 a 1800

toneladas de RCC, considerando que as usinas operem 8 horas por dia, a quantidade

reciclada corresponde a 360 toneladas diárias, ou seja, menos de 30% do resíduo

recolhido diariamente é reciclado.

A cidade de São Paulo recolhe cerca de 17000 t/dia de RCC e possui uma usina de

reciclagem com capacidade de processar 120 t/h e uma usina privada com capacidade

de 15 t/h (JADOVSKI, 2005). Considerando que as usinas operem 8 horas diárias, é

reciclado aproximadamente 1080 toneladas de resíduos por dia, ou seja, apenas 7% da

quantidade recolhida é reciclada.

O município de Campinas possui apenas uma usina de reciclagem privada com

capacidade de processar 25t/h de RCC. Segundo Patiri (2004), a usina recebe cerca de

3000 toneladas por dia de RCC, ou seja, é reciclado menos que 7% do resíduo recebido

pela usina, considerando operação de 8 horas diárias.

2.4 Tipologias de plantas e processos para o beneficiamento de RCC

Uma área de reciclagem, pode ser classificada como fixa, semi-móvel ou móvel. A

classificação é realizada com base nas características de instalação (CAIRNS et. al,

1998) .

Como o próprio nome já diz, as instalações fixas possuem localização definitiva, seu

custo de instalação é mais elevado e necessita de maiores áreas para instalação e

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processamento. A utilização de equipamentos com maior capacidade melhora o

processo de britagem, retirada de impurezas e peneiragem dos materiais, desta forma,

para este tipo de instalação, os produtos obtidos podem ser mais diversificados e com

melhor qualidade (CAIRNS et. al, 1998).

As instalações semi-móveis são utilizadas em locais onde serão realizados

empreendimentos de médio prazo, como por exemplo barragens hidrelétricas e

pedreiras para obras de pavimentação. Neste tipo de instalação, os equipamentos são

montados sobre bases de estrutura metálica e a baixa altura para facilitar a montagem e

manutenção do sistema. A vantagem desta tipologia é a facilidade, rapidez e economia

de montagem (JADOVSKI, 2005).

As instalações móveis possuem vantagens quanto a flexibilidade (são relocadas

facilmente), o tempo de instalação e desinstalação é pequeno, são disponíveis em

diferentes tamanhos e sistemas de operação. Este tipo de instalação é utilizado em

empreendimentos que necessitam de constantes mobilizações, como por exemplo em

obras de manutenção de estradas. Embora a qualidade do material produzido seja

inferior quando comparado com as instalações fixas, podemos ressaltar que as distâncias

de transporte dos materiais são bastante reduzidas (DUARTE & LIMA, 2007).

Existem três tipos de processos para o beneficiamento de RCC, são denominados por:

primeira, segunda e terceira geração. No processo de primeira geração, a remoção de

contaminantes é realizada manualmente e os materiais ferrosos são identificados através

de um ímã, sendo assim o processo mais simples. No caso do processo de segunda

geração, os procedimentos de limpeza e triagem dos resíduos são mais sofisticados. O

processo de terceira geração conta com a utilização de equipamentos mais avaçados

visando a eliminação da maior quantidade possível de contaminantes (JADOVSKI,

2005).

Primeira Geração:

Utiliza equipamentos de britagem convencionais, podendo ser classificado como

sistema aberto (Figura 4) ou fechado (Figura 5).

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Figura 4- Sistema Aberto

Fonte: adaptado Boesman, 1985, apud Hansen, 1992

Figura 5- Sistema Fechado

Fonte: adaptado Boesman, 1985, apud Hansen, 1992

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No caso do sistema fechado, após o peneiramento, o material que não passa na peneira

de maior malha retorna ao britador para que seja processado novamente, enquanto que

no sistema aberto, o material reciclado é processado uma única vez e estocado de

acordo com sua granulometria (HANSEN, 1992).

Segunda Geração:

Neste sistema, os agregados são classificados após a britagem primária por via seca ou

úmida, sendo que a parcela de material com granulometria inferior a 10mm é descartada

com a finalidade de reduzir as impurezas. Após o descarte, é realizada a britagem

secundária e novamente o peneiramento. Este procedimento elimina grande parte das

impurezas orgânicas existente no RCC (HANSEN, 1992).

Figura 6- Sistema Segunda Geração

Fonte: adaptado Boesman, 1985, apud Hansen, 1992

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Terceira Geração:

No processo de terceira geração, são realizados procedimentos via seca, úmida e/ou

térmica buscando a eliminação de praticamente todos os materias secundários

(impurezas). Tais procedimentos promovem a obtenção de agregados com alta

qualidade, mas a reciclagem pode se tornar economicamente inviável. Para que este tipo

de processo não seja inviável, é necessário reduzir ao máximo o transporte, tanto da

fonte geradora de resíduo até após a reciclagem e aplicação do material (HANSEN,

1992).

2.5 Equipamentos utilizados no processo de reciclagem de RCC

Uma usina de reciclagem de RCC é constituída basicamente dos seguintes

equipamentos:

� alimentador vibratório: equipamento responsável por alimentar mecanicamente de maneira uniforme e contínua o britador (Figura 7).

Figura 7- Alimentador vibratório

Fonte: TOBEMAQ, 2011

� Britador: pode ser considerado o equipamento mais importante em uma usina, pois a maior parte das propriedades dos agregados produzidos é determinada durante a britagem do material. Existem diversos tipos de britadores no mercado: britador de madíbulas (Figura 8), britador de martelo, britador de cone, entre outros (SBM mining and construction machinery, 2011).

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Figura 8- Britador de Mandíbulas

Fonte: SBM mining and construction machinery

� Correias transportadoras: as correias transportam os materiais dos britadores até o local de estocagem (pilha de agregado), possuem um raio de giração regulável e são projetadas para aplicações horizontais e verticais (TOBEMAQ, 2011).

Figura 9- Correias transportadoras

Fonte: TOBEMAQ, 2011

� Peneira vibratória: classifica os materiais de acordo com a granulometria, tal classificação ocorre através de dois processos: estratificação e separação. Através do movimento vibratório, as partículas menores do material tendem a descer, enquanto as maiores deslocam-se para cima, este processo é denominado estratificação. A separação é o processo onde as partículas se encaminham para as aberturas da peneira, se a dimensão da partícula for inferior à malha, a mesma passará, caso contrário ficará retida. Grande parte das usinas utiliza o peneiramento a seco com peneiras vibratórias inclinadas (FÁBRICA DE AÇO PAULISTA, 1985).

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Figura 10- Peneira Vibratória Fonte: ODEBRAZ, 2011

2.6 Aplicação dos agregados reciclados de RCC

Sivakumar & McKelvey (2002) analisaram a resistência ao cisalhamento de agregados

reciclados de RCC comparando com o agregado natural (brita). A brita apresentou

maior resistência ao cisalhamento que o agregado reciclado, mas, quando o agregado

reciclado foi incorporado como reforço do solo, a resistência de ruptura em algunas

casos foram 50% maiores que o solo sem reforço.

Fonseca (2002) realizou um estudo sobre o emprego de agregados reciclados de RCC

em blocos de concreto e argamassas. Os blocos compostos por resíduos apresentaram

resistência à compressão 21,4% maior que os blocos referência (sem adição de

agregados reciclados) dos 7 aos 28 dias. A argamassa com agregado reciclado

apresentou maior capacidade de deformação, fato que possibilita um melhor

comportamento da estrutura de alvenaria.

Santos (2007) estudou o potencial de utilização do RCC como material de aterro em

estruturas de solo reforçado e concluiu que o RCC apresentou bons resultados, com

baixos coeficientes de variação, comportamento mecânico e resistência adequadas.

Chen et. al. (2002), concluiu em sua pesquisa que concretos confeccionados com RCC e

dosados com uma elevada relação água/cimento apresentaram valores de resistência à

compressão semelhante aos concretos convencionais.

Concretos confeccionados com RCC apresentaram resultados de absorção e

carbonatação semelhantes ao concreto convencional no estudo realizado por Crentsil &

Taylor (2000).

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Soberón (2002) realizou ensaio de porosimetria por intrusão de mercúrio e concluiu que

o concreto confeccionado com agregados reciclados possuem poros com maior raio que

os concretos convencionais.

Silva & Arnosti (2005), realizou ensaios para a determinação das propriedades físicas e

químicas do agregado de RCC reciclado na cidade de Piracicaba-SP. O agregado de

RCC reciclado apresentou um valor de absorção de 6,12%, enquanto para o agregado

natural, a faixa de absorção varia entre 0,2% e 3,4%. A absorção de água nos agregados

reciclados varia de acordo com a composição dos mesmos, quanto maior a quantidade

de material cerâmico, maior será a absorção.

Gomes e Brito (2009), utilizou diferentes teores de agregado reciclado de RCC em

substituição ao agregado graúdo na produção de concretos. A carbonatação nos

concretos com 50% de substituição apresentou valores 10% maiores que o concreto

referencia (sem RCC). Gomes & Brito (2009) afirmam que agregados reciclados podem

ser utilizados na produção de concreto estutural quando substituídos parcialmente.

Vieira et al. (2003) produziu concretos utilizando RCC em substituição ao agregado

graúdo e agregado miúdo nas proporções de 0%, 50% e 100%. Foram realizados

ensaios de durabilidade, quanto ao potencial de corrosão, os concretos com 100% de

agregado miúdo reciclado e 0% de agregado graúdo reciclado apresentaram os melhores

desempenhos. Com teores de substituição de 50% para os agregados graúdos e miúdos

reciclados, os valores de resistência à compressão ficaram a cima do concreto

referência.

Agregados reciclados obtidos a partir da britagem de corpos-de-prova de concreto com

diferentes idades de reciclagem foram utilizados por Buttler & Machado (2003) na

produção de concreto. Os resultados de resistência à compressão e tração não foram

afetados pela substituição parcial do agregado graúdo natural pelo agregado graúdo

reciclado, sendo que foram utilizados teores de substituição de ± 50%.

Torres et al. (2003), produziu argamassas com diferentes teores de entulho em

substituição ao agregado miúdo. Os teores utilizados foram: 0%, 30%, 50%, 70% e

100% de entulho em substituição à areia natural, no ensaio de resistência à compressão,

o concreto com teor de 100% de resíduo apresentou o maior valor de resistência à

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compressão. Quanto ao ensaio de aborção de água, os valores são maiores para os traços

que possuem maior teor de resíduo.

Galvão et al. (2003) analisou as propriedades mecânicas de concretos produzidos com

diferentes teores de agregado reciclado de entulho em substituição ao agregado graúdo.

Foram utilizados teores de 0%, 30%, 50% e 70% de agregado reciclado em substituição

ao agregado graúdo, os concretos produzidos com agregados reciclados apresentaram

valores de resistência à compressão 18% menores quando comparado com o traço

referência (0% de agregado reciclado). Embora os resultados de resistência à

compressão forem satisfatórios, não é indicada a utilização de agregados reciclados na

produção de concretos estruturais, sua utilização é indicada para contrapisos, calçadas,

lajes de regularização para instalações provisórias, regularização de pisos sem função

impermeabilizante, reforços não armados em edificações, execução de peças não

armadas em muros de vedação.

Foi analisada a resistência à compressão em concretos produzidos com substituição total

do agregado graúdo natural por agregados reciclados de RCC e comparados com

concretos convencionais (agregados naturais). O consumo de cimento variou de

180kg/m³ a 366kg/m³, teor de argamassa de 50% e abatimento de tronco de cone em

80±10mm. Os concretos com agregados reciclados apresentaram um ganho de

resistência com o avanço da idade (dos 28 aos 60 dias) de 12% e 27% para os traços

com consumo de cimento respectivamente de 180Kg/m³ e 366kg/m³ (ALTHEMAN et

al., 2003).

Carneiro, et al., (2011), estudaram a influência dos agregados de RCC na resistência à

compressão e tração de concretos com fibras de aço. Foram produzidos concretos com

teores de substituição de 25% do agregado natural miúdo e/ou graúdo em substituição

ao agregado natural. Concluiu-se que a substituição de 25% de agregados naturais por

agregados reciclados não influenciou significamente na resistência mecânica dos

concretos.

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3 COLETA DE RESÍDUOS

Neste capítulo foram abordadas as formas de coleta de RCC no município de São Carlos

bem como os profissionais que transportam estes materiais.

3.1 Ecopontos

Os ecopontos são áreas de transbordo e triagem para pequenos volumes também

denominados por pontos de descarga de entulho, ou pontos de apoio. Estas áreas

possuem como objetivo reduzir o descarte clandestino de resíduos proporcionando

assim um sistema formal de gerenciamento desses materiais (CÓRDOBA, 2010).

Para definir as áreas de descarte, é necessário realizar um diagnóstico do município

identificando as localizações das disposições irregulares, o perfil dos agentes geradores

e coletores dos resíduos. Desta forma, é possivel definir os limites das bacias de

captação e localização dos pontos de entrega (PINTO & GONZALES, 2005).

Alguns fatores devem ser levados em conta na definição da localização dos ecopontos:

� Capacidade de deslocamento dos coletores que geralmente estaão equipados com carrinhos, carroças ou pequenos veículos;

� Altimetria da região, evitando locais íngremes que dificultem o transporte dos coletores;

� Barreiras naturais que possam impedir ou dificultar o acesso ao ponto de entrega.

O projeto das áreas de descarte devem prever:

� Colocação de cerca viva nos limites da área com a finalidade de reforçar a imagem de qualidade ambiental do local;

� Os resíduos a serem triados (resíduos da construção, resíduos volumosos, resíduos secos da coleta seletiva) devem possuir espaços diferenciados para a recepção.

� A descarga de resíduos pesados deve ser realizada diretamente no interior das caçambas estacionárias, para isto é necessário que haja um platô para facilitar o processamento;

� Garantir os espaços para manobras dos veículos no interior do ecoponto; � Sinalizar o local informando à população os locais adequados de descarte para

cada tipo de resíduo.

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A Figura 11 apresenta um layout com as disposições de um ecoponto.

Figura 11- Layout sugerido para ecoponto

Fonte: PINTO & GONZALES, 2005

Quando os ecopontos são gerenciados adequadamente, o processo de reciclagem se

torna mais eficiente, pois o resíduo já foi devidamente captado e triado. Alguns dos

critérios definidos por PINTO (1999) para garantir a eficiência dos ecopontos são:

� Incentivar a entrega voluntária dos RCC pelos geradores e coletores de pequenos volumes nos locais planejados;

� Agrupar os pequenos coletores junto das áreas de descarte atribuindo a eles o papel de agentes de limpeza urbana;

� Construir parcerias com instituições locais (escolas, associações, etc.) buscando a consientização da população para a recuperação da qualidade do ambiente habitado.

Foi implantado no ano de 2006, o primeiro ecoponto da cidade de São Carlos;

localizado no Jardim Botafogo onde havia um grande histório de descarte irregular de

resíduos. Pode-se ver na Figura 12 a área de descarte clandestina localizada no jardim

Botafogo.

Figura 12- Área de descarte clandestino (esquerda), Ecoponto em implantação (direita)

Fonte: PMSC (2008)

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Em junho de 2009, a prefeitura municipal de São Carlos por meio da PROHAB abriu

um processo licitatório para a implantação de 8 ecopontos no município, até a presente

data foram implantados 5 ecopontos. O endereço e áreas dos referidos ecopontos estão

descritas na Tabela 2. As localizações dos ecopontos estão presentes no Capítulo 8

(anexos).

Tabela 2- Informações dos Ecopontos de São Carlos

Ecoponto Localização Área (m²) 1-São Carlos VIII Avenida Capitão Luiz Brandão 555

2-Jardim Paulistano Rua Indalécio de Campos Pereira 580

3-Jardim Ipanema Avenida Otto Werner Rosel 420

4-São Carlos III Rua Cândido de Arruda Botelho 425

5-Jardim Beatriz Rua Joaquim Gonçalves Ledo 600

6-Parque Primavera Rua Lucrécia Placco 725

7-Jardim Maria Alice Avenida Comendador Alfredo Maffei 895

8-Douradinho Rua Francisca Dirce Barbosa 950 Fonte: http://www.saocarlos.sp.gov.br, 2008

No ano de 2010, foram implantados os ecopontos dos bairros São Carlos VIII e Jardim

Paulistano. Em 2011 a prefeitura municipal inaugurou os ecopontos dos bairros

Ipanema e Jardim Beatriz.

Segundo o diretor presidente da PROHAB, São Carlos possui cerca de 140 pontos de

descarte irregular de entulhos. O ecoponto é uma maneira de minimizar o descarte

irregular dos resíduos. A administração dos ecopontos é realizada por cooperativas de

catadores, tais profissionais obtem lucro através da venda dos materiais coletados

(PMSC, 2011).

Próximo a Usina de Reciclagem de RCC, na SP 215 é possível encontrar descartes

irregulares de entulho (Figura 13). A placa de aviso do DER (Departamento de Estradas

de Rodagem) alertando a infração sujeitando à multas é simplesmente ignorada.

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Figura 13- Descarte clandestinho de entulho.

Vale salientar que os ecopontos recebem restos de tijolos, telhas, material cerâmico,

concreto, restos de tubulações, argamassas, sofás, fogões, geladeiras, papel, vidro, metal

e plástico. Restos de comida, lâmpadas, animais mortos, remédios, entre outros não

devem ser depositados nos ecopontos (PMSC, 2011).

A cidade de São Carlos conta com 5 ecopontos, segundo funcionário da PROHAB,

cerca de 70% do RCC coletado é destinado à Usina de Reciclagem, os 30% restantes

são depositados na entulheira da cidade.

3.2 Caçambeiros e carroceiros

Caçambeiros são profissionais contratados de empresas tercerizadas que coletam

resíduos de construção civil classes A, B, C e D, resíduos volumosos (sofás, estantes,

geladeiras, fogões) e resíduos de poda e capina. Atualmente a cidade de São Carlos

conta com 17 empresas de caçambeiros (PMSC, 2011).

Da mesma forma que os caçambeiros, mas em menores quantidades, os carroceiros

também coletam diversas tipologias de resíduos. No “Programa Carroceiros do Futuro”

da prefeitura municipal de São Carlos, existem cerca de 300 carroceiros cadastrados

(PMSC, 2011).

Os resíduos coletados por tais profissionais devem ser levados nos locais cadastrados da

prefeitura dependendo única e exclusivamente da tipologia do resíduo. Os ecopontos

foram implantados com a finalidade de coletar principalmente os resíduos dos

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carroceiros, uma vez que tais resíduos eram despejados em locais inadequados. Os

resíduos de construção civil coletados pelos caçambeiros são encaminhados para a

Usina de Reciclagem de RCC e para a entulheira da cidade de São Carlos (Figura 14).

Figura 14- Caçambas de entulho em frente à entulheira do bairro Cidade Aracy.

Córdoba (2010), estimou que estes profissionais (caçambeiros e carroceiros)

transportam aproximadamente 543t/dia de RCC no município de São Carlos.

Apesar dos carroceiros também transportarem resíduos da construção civil, apenas os

caçambeiros realizam o transporte até a Usina de Reciclagem, sendo assim a forma de

transporte de RCC mais significativa da cidade.

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29

4 USINA DE RECICLAGEM DE SÃO

CARLOS

A Usina de Reciclagem de Entulhos foi projetada e desenvolvida pela Secretaria

Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia e Progresso

Habitação de São Carlos (PROHAB).

Segundo um estudo realizado por Córdoba (2010), é descartado cerca de 600 toneladas

por dia de RCC na cidade de São Carlos. A usina de reciclagem recebe em seu pátio

cerca de 50% deste total de resíduos, sendo que a mesma possui capacidade de

processar de 100 a 150 toneladas de RCC por dia, ou seja, é reciclado apenas 25% do

total de resíduo gerado.

A disposição irregular de resíduos afeta diretamente na qualidade de vida urbana da

sociedade provocando enchentes, poluição visual, proliferação de vetores nocivos a

saúde entre outros problemas.

Pode-se afirmar que a usina de reciclagem de resíduos de construção civil da cidade de

São Carlos é uma opção economicamente viável que contribui com a redução de

volume de resíduos depositados em aterros consequentemente minimiza os impactos

ambientais e contribui com a preservação dos recursos naturais

Os materias recicláveis pela usina são:

� Fragmentos de alvenaria de componentes cerâmicos; � Fragmentos de alvenaria de blocos de concreto; � Fragmentos de concreto, armado ou não, sem fôrmas; � Fragmentos de lajes e de pisos; � Argamassas de cal, de cimento ou mistas, de assentamento ou revestimento; � Componentes de concreto ou cerâmicos: blocos, tijolos, telhas, tubos, lajotas

para laje etc; � Fragmentos de pedra britada e de areia naturais, sem presença significativa de

terra ou outros materiais proibidos (classificação Classe A - CONAMA nº. 307).

Os materias não recicláveis pela usina são:

� Gesso; � Fragmentos de cimento amianto em quantidades expressivas;

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� Madeira, vegetação e matéria orgânica; � Papel, papelão, plástico, isopor e similares; � Tecidos, borracha, espuma e demais materiais sintéticos; � Metais; � Vidro; � Tintas, impermeabilizantes e asfalto; � Líquidos em geral.

Segundo informações coletadas com um dos responsáveis pela Usina, os resíduos

recicláveis recebidos na usina são compostos por 70% de concreto e 30% materiais

cerâmicos e solo.

4.1 Layout da Usina de Reciclagem

A usina de reciclagem foi implantada em localização definitiva, enquadrando-se na

tipologia de planta fixa; seu funcionamento é representado pela Figura 15.

Figura 15- Layout da Usina de Reciclagem de RCC.

O entulho a ser britado é transportado pela pá carregadeira e colocado no alimentador

vibratório/britador (A), no alimentador existe uma grelha que retira os materiais finos e

encaminham ao transportador de correia fixo (B) formando uma pilha de agregado fino

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31

(solo) (C). Esse processo de retirada dos finos evita o desgaste desnecessário das

mandíbulas do britador.

O transportador de correia móvel (D) pode ser posicionado tanto na direção da pilha de

agregado vermelho (E) quanto para a peneira vibratória (F) onde são processados os

resíduos de concreto.

Da peneira vibratória (F), os agregados são separados em baias de acordo com sua

granulometria (G).

4.2 Recebimento e triagem dos materiais

A usina de reciclagem possui parceria com as empresas coletoras de resíduos de São

Carlos (caçambeiros), esta parceria é essencial para que o volume de materias

destinados às entulheiras seja menor, proporcionando assim uma maior vida útil do

aterro, redução de gastos destinados a remoção e limpeza de locais de deposição

clandestinas e principalmente minimizando os problemas relacionados ao meio

ambiente.

O artigo 3, inciso XII da lei municipal nº 13.867 de 12 de setembro de 2006 estipula que

a triagem dos materiais destinados à reciclagem devem ser realizadas previamente, ou

seja, o material que chega à Usina deveria estar separado de maneira a facilitar o

processo de reciclagem.

Os caçambeiros orientam os responsáveis das obras para separar os materias que podem

ser reciclados, classe A (concreto, cerâmica, alvenaria, etc), mas, durante a visita

realizada na usina foi possível observar que os resíduos entregues pelos caçambeiros, na

maioria das vezes, não estão devidamente separados, desta forma, os resíduos são

depositados no pátio da usina (Figura 16) para que seja feita a triagem visual dos

materiais.

Além dos caçambeiros, os resíduos depositados nos ecopontos também são

encaminhados para a Usina de Reciclagem, mas esta quantidade de RCC corresponde

apenas a 5% do total recebido diariamente pela Usina.

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Figura 16- Materiais recebidos no pátio da usina.

O processo de triagem consiste em separar os materias por natureza e retirar os

contaminantes. Os materias que não são recicláveis pela usina (Figura 17) são separados

e encaminhados ao aterro sanitário (classes B, C e D). O aço e a madeira, na maioria das

vezes são vendidos para serem reaproveitados.

Figura 17- Materiais não recicláveis (Classe B, C e D).

A usina de reciclagem não possui capacidade para processar todo o RCC gerado na

cidade, desta forma, o RCC excedente é encaminhado para a “entulheira”.

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Atualmente, encontra-se em operação uma entulheira no bairro Cidade Aracy (Figura

18), a mesma é responsável por receber e destinar adequadamente o RCC. Vale salientar

que os resíduos recebidos são triados e separados por categorias e somente são aterrados

os resíduos inertes (classe A).

Os materiais recicláveis como papelão e plástico são encaminhados para a reciclagem, a

madeira ou podas de árvores são queimadas ou vendidas para empresas que possuem

auto-fornos ou fornos comerciais (SANTOS, 2007).

Figura 18- Entulheira Cidade Aracy.

Na cidade de São Carlos, existem dois pontos de disposição de RCC (entulheiras)

encerrados, todos localizados no bairoo cidade Aracy. A prefeitura municipal e órgãos

ambientais monitoram estes pontos; existem projetos em desenvolvimento para a

revitalização destes locais transformando-os em áreas de lazer para a população. Na

Figura 19 pode-se observar o platô finalizado; acima do material depositado no aterro

(RCC) foi lançada uma camada de solo para regularização.

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Figura 19- Ponto de disposição de entulho encerrado.

As entulheiras foram implantadas nestes locais para correção de processos erosivos

provocados pelo escoamento das águas pluviais dos loteamentos implantados na região,

uma vez que o solo da região (no bairro Cidade Aracy) é muito arenoso oque contribui

para o aparecimento de processos erosivos que quando não controlados podem provocar

grandes acidentes, procurando resolver este problema, a prefeitura realizou o aterro

destas voçorocas, nascendo assim as chamadas entulheiras.

4.3 Processamento

Após a separação do material a ser reciclado, o mesmo é transportado com auxilio de

uma pá-carregadeira até o britador (Figura 20) onde o material será processado e

reciclado. O resíduo tipo cinza (concreto) e vermelho (cerâmico e solo) são processados

separadamente.

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Figura 20- Britador de materiais cerâmicos.

O britador realiza a britagem e peneiragem dos materiais, possui capacidade de

processar cerca de 27 toneladas de resíduo por hora. Foi instalado um imã (Figura 21)

sobre a esteira de transporte do material reciclado com a finalidade de retirar os

materiais metálicos que não foram identificados na primeira triagem.

Figura 21- Imã utilizado para retirar materias metálicos.

Os materiais reciclados são transportados pelas esteiras e estocados em montes até a

utilização (Figura 22). O material cerâmico reciclado geralmente é utilizado como sub-

base para pavimentação de ruas e estradas, recuperação de estradas rurais, enchimento

de fundações de construções e aterro de vias de acesso. Grande parte dos agregados

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cerâmicos são vendidos para o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) de São

Carlos para serem empregados na operação “tapa buraco”.

Figura 22- Transporte por esteira e estocagem do agregado reciclado.

No caso dos materiais de concreto, a peneira vibratória possui baias separadas pela

granulometria do agregado reciclado (rachão, brita 1, pedrisco e areia grossa), desta

forma o material britado fica estocado nas baias até sua utilização (Figura 23). No caso

dos agregados reciclados de concreto, sua aplicação é realizada como substituto parcial

de agregados naturais em concretos e argamassas sem função estrutural e também no

controle de erosões. A fábrica de artefatos de cimento da PROHAB de São Carlos

utiliza os agregados reciclados para produzir blocos, bloquetes, guias, bancos, pisos

entre outros artefatos.

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Figura 23- Peneira vibratória de materias de concreto.

Quanto ao processo adotado para o beneficiamento do RCC, a usina é classificada em

primeira geração, pois utiliza equipamentos de britagem convencionais, a remoção de

contaminantes é realizada por triagem manual e os materiais ferrosos são identificados

através de um imã, sendo assim o processo de reciclagem mais simples.

4.4 Mão de obra

Além da preocupação nos aspectos econômico e ambiental, a Usina de Reciclagem de

RCC contribui com a questão social, pois a mão de obra é composta por reeducandos da

penitenciária “Dr. Antônio de Queiroz Filho”.

A Usina possui 4 funcionários, sendo 3 reeducandos e 1 funcionário da prefeitura. Os

reeducantos são detentos em regime semi-aberto, recebem um salário mínimo por mês

e, para cada três dias de trabalho, desconta-se um dia da pena total.

O transporte dos reeducandos é de responsabilidade da própria penitenciária, a

alimentação é cedida pela prefeitura municipal.

4.5 Produtos Comercializados

A usina de reciclagem de resíduos comercializa os seguintes produtos (Tabela 3):

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Tabela 3- Agregados Comercializados na Usina

MATERIAL GRANULOMETRIA APLICAÇÃO

bica corrida variável sub-base de pavimentação, recuperação de vias rurais, serviços de tapa buracos

areia grossa até 2,4mm argamassa de assentamento

pedrisco até 9,5mm

utilizado na fabricação de artefatos de cimento, bloco

de vedação, piso intertravado, entre outros

pedra 1 até 19mm fabricação de concreto não

estutural, obras de drenagem

rachão acima de 25mm contenções de erosões e

voçorocas, obras de drenagem

Fonte: adaptado http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/usina-de-reciclagem/precos-usina-de-reciclagem.html

Os agregados são comercializados a um custo de R$15,00 por metro cúbico, sendo que

estimasse um custo de processamento de R$11,00 para qualquer um dos agregados

processados na Usina. Vale salientar que o valor comercializado de agregados naturais

na cidade de São Carlos pode chegar a quatro vezes superiores ao agregado reciclado.

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5 APLICAÇÃO DOS AGREGADOS

RECICLADOS

5.1 Fábrica de Artefatos de Cimento (FAC)

A Fábrica de Artefatos de Cimento (FAC) está localizada no mesmo endereço da usina

de reciclagem de RCC, foi inaugurada pela PROHAB pela Prefeitura Municipal de São

Carlos em junho de 2004. Surgiu com o intuito de reduzir o custo das habitações e

loteamentos sociais do município através da fabricação de artefatos de cimento (blocos,

bloquetes, canaletas, pisos intertravados, guias, bancos de praça, entre outros).

5.1.1 Estocagem dos Materiais

Os agregados são armazenados em baias separados por tipo: brita, areia natural e areia

reciclada, o cimento é armazenado sobre uma bancada de madeira para evitar contato

com a umidade (Figura 24).

Figura 24- Armazenamento dos agregados (esquerda) e cimento (direita).

5.1.2 Fabricação

Os materiais (agregados, cimento e água) são adicionados no misturador para

homogeneizar a massa, após são transportados pela esteira (Figura 25).

Na produção dos artefatos é utilizado cimento ARI (alta resistência inicial), este tipo de

cimento proporciona uma cura mais rápida, com apenas 7 dias após a confecção, os

artefatos já podem ser aplicados.

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Figura 25- Misturador.

A mistura é transportada pela esteira, armazenada em um recipiente trapezoidal onde a

massa é vibrada. Após a vibração a mistura é transportada por gravidade até as formas e

prensada (Figura 26).

Figura 26- Preparo de bloquetes.

Os artefatos são transportados com auxílio de um carrinho e encaminhados para um

pátio onde ficam protegidos das intempéries até a conclusão do processo de cura (Figura

27).

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Figura 27- Local de armazenamento dos artefatos.

São realizados ensaios mecânicos para determinar a resistência à compressão dos

artefatos produzidos.

Os teores de substituição de agregados naturais por agregados reciclados na confecção

dos produtos da fábrica de artefatos variam entre 30% e 40%.

5.1.3 Mão de Obra

Da mesma maneira da Usina de Reciclagem de RCC, a Fábrica de Artefatos de Cimento

(FAC) desempenha papel social e ambiental, pois além de utilizar resíduos reciclados

em seus produtos, a mão-de-obra é composta por 11 reeducandos da penitenciária “Dr.

Antonio de Queiroz Filho” de Itirapina.

5.1.4 Produtos Comercializados

Os produtos fabricados pela FAC atualmente são: piso intertravado de concreto

(bloquete), piso táctil, blocos de concreto para alvenaria, canaletas, meio-bloco, meia-

canaleta, guias, mini-guias, mourões, banco e mesa de concreto para praças.

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Figura 28- Produtos fabricados na FAC.

A fábrica possui um mostruário de seus produtos (Figura 29)

Figura 29- Mostruário de produtos.

Os produtos mais comercializados pela FAC são os blocos e bloquetes, a produção

diária gira em torno de 5.000 e 9.600 unidades respectivamente para blocos e bloquetes.

Para esta quantidade de blocos e bloquetes produzidos é utilizado aproximadamente 8

toneladas de areia grossa reciclada, considerando que o teor de substituição de agregado

natural pelo agregado reciclado é de 30% a 40%.

Segundo funcionário da PROHAB, 70% desses materiais são utilizados nas obras da

Prefeitura Municipal de São Carlos.

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No condomínio residêncial Constantino Amstalden (Figura 30), os blocos utilizados na

construção das residências, e os bloquetes utilizados na pavimentação das ruas foram

fabricados pela FAC.

Figura 30- Condomínio residêncial Constatino Amstalden.

Por meio da visita técnica realizada, pode-se concluir que os agregados reciclados

apresentam grande potencial na aplicação em artefatos de cimento, e a substituição

parcial (de 30 a 40%) não influencia na qualidade final do produto. Vale salientar que

são realizados ensaios de resistência para comprovar a eficiência dos produtos

comercializados pela FAC.

A utilização de agregados reciclados na fabricação de artefatos de cimento é

economicamente viável, uma vez que o custo da areia e brita na cidade de São Carlos

está cerca de 4 vezes superior ao valor comercializado pela Usina de Reciclagem.

5.2 Operação “tapa buracos” do SAAE

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade de São Carlos é um dos

principais clientes da Usina de Reciclagem de RCC, pois utiliza a bica corrida no

processo de manutenção das redes de água e esgoto, conhecido como operação “tapa

buracos”.

Foi realizada uma visita para verificar a aplicação da bica corrida na operação tapa

buracos do SAAE. Os usuários entram em contato com o SAAE para registrar

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ocorrência de problemas nas redes de abastecimento. O SAAE envia uma equipe

especializada até o local para realizar o reparo na rede. Com a escavadeira hidráulica, é

aberta uma vala no local onde esta ocorrendo vazamento (Figura 31).

Figura 31- Abertura da vala.

Com o auxílio de uma pá, o funcionário do SAAE cava a vala até localizar a tubulação

que apresenta vazamento (Figura 32).

Figura 32- Escavação da vala.

Após a localização do vazamento, o reparo é realizado (Figura 33) e o material úmido é

retirado da vala com o auxílio da pá.

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Figura 33- Localização do vazamento (esquerda), Reparo do vazamento (direita).

O material úmido retirado da vala é descartado e a mesma é preenchida com a bica

corrida (Figura 34).

Figura 34- Preenchimento da vala com bica corrida.

Após o preenchimento total da vala, a compactação do solo é realizada com auxílio da

escavadeira hidráulica (Figura 35).

Figura 35- Preenchimento total da vala (esquerda), Compactação do solo (direita).

A quantidade de material reciclado utilizado na operação “tapa buracos” do SAAE

durante o ano de 2010 está apresentada na Tabela 4.

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Tabela 4- Quantidade utilizada de material reciclado pelo SAAE no ano de 2010.

MESES QUANTIDADE UTILIZADA

DE MATERIAL RECICLADO (m³)

JANEIRO 275

FEVEREIRO 175

MARÇO 135

ABRIL 260

MAIO 270

JUNHO 205

JULHO 140

AGOSTO 135

SETEMBRO 115

OUTUBRO 255

NOVEMBRO 165

DEZEMBRO 240

A quantidade média de material utilizado por mês considerando o consumo do ano de

2010 foi de 200m³. Considerando uma massa unitária de 1,2t/m³, pode-se afirmar que é

utilizado cerca de 8 toneladas de material reciclado diariamente na operação “tapa

buracos”.

A aplicação de agregados reciclados contribui significamente nos aspectos econômicos,

uma vez que o custo dos agregados reciclados é menor que os agregados convencionais

e também nos aspectos ambientais, pois a aplicação na operação “tapa buracos” garante

uma destinação adequada do resíduo, consequentemente reduzindo o despejo incorreto

ao meio ambiente e também o volume destinado aos aterros.

5.3 Recuperação de vias rurais

Outro emprego para o material reciclado pela usina refere-se à recuperação de vias

rurais realizada pela secretaria de serviços públicos da cidade de São Carlos.

Foi realizada uma visita em um trecho em execução para verificar os procedimentos da

aplicação do material. Primeiramente a motoniveladora regulariza o trecho, após a

regularização, o material é lançado em camadas de aproximadamente 15cm (Figura 36).

Após o lançamento, a regularização é realizada novamente com o auxílio da

motoniveladora (Figura 37).

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Figura 36- Material lançado no trecho.

Figura 37- Regularização do material com a motoniveladora.

Foi visitada também uma via já executada cuja recuperação foi realizada utilizando o

agregado reciclado (Figura 38).

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Figura 38- Vias rurais recuperadas com agregado reciclado.

A Secretaria de Serviços Públicos da Prefeitura Municipal de São Carlos utiliza cerca de

4.500m³ de bica corrida por mês para realizar a recuperação de vias.

Como já citado anteriormente, os agregados reciclados são comercializados a um valor

inferior aos agregados naturais, desta forma pode-se confirmar a viabilidade na

aplicação de tais materiais na recuperação de vias rurais. O agregado reciclado

apresenta características adequadas para o emprego em recuperações de vias rurais,

melhorando a estabilidade.

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6 CONCLUSÕES

Os resíduos de construção civil possuem uma vasta gama de possibilidades de

aplicação. Na cidade de São Carlos podemos destacar sua utilização como agregado em:

recuperação de vias rurais, operação “tapa buracos” do SAAE e fabricação de artefatos

de cimento na FAC.

Embora a usina de reciclagem apresente capacidade de processamento inferior a

demanda gerada no município, podemos verificar que a cidade é um bom exemplo no

que diz respeito a sustentabilidade. Para que possamos ampliar a produção dos materiais

reciclados é necessário ampliar a capacidade de processamento da usina através da

aquisição de novos equipamentos, contratação funcionários e também ampliação do

local para armazenar os resíduos recebidos.

Destacamos o grande ganho que todo o processo de reciclagem proporciona, pois tanto

a usina de reciclagem de RCC quanto a FAC, contribuem nas questões socio-

ambientais, pois além do processamento e aplicação de resíduos, a mão de obra é

composta por reeducandos da penitenciária de Itirapina.

A utilização de materiais reciclados na indústria da construção civil sofre alguns

preconceitos, e muitos estudos estão em desenvolvimento visando comprovar a

eficiência de sua aplicação. É necessário que haja conscientização e incentivo da

população e empresas construtoras na utilização desses materiais.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8 ANEXO

As localizações dos ecopontos implantados estão representadas pelas figuras abaixo.

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Figura 39- Ecoponto São Carlos VIII

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Figura 40- Jardim Paulistano

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Figura 41- Jardim Ipanema e São Carlos III

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Figura 42- Ecoponto Jardim Beatriz