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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS JOSÉ MARCOS MELO DOS SANTOS INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES HORMONAIS NO CONTATO SOCIAL DE RATAS COM DIFERENTES CONDIÇÕES NOCICEPTIVAS SÃO CRISTÓVÃO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM CIÊNCIAS FISIOLÓGICAS

JOSÉ MARCOS MELO DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES HORMONAIS NO

CONTATO SOCIAL DE RATAS COM DIFERENTES

CONDIÇÕES NOCICEPTIVAS

SÃO CRISTÓVÃO

2017

ii

JOSÉ MARCOS MELO DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES HORMONAIS NO

CONTATO SOCIAL DE RATAS COM DIFERENTES

CONDIÇÕES NOCICEPTIVAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Fisiológicas da

Universidade Federal de Sergipe como

requisito parcial à obtenção ao grau de Mestre

em Ciências Fisiológicas.

Orientador: Prof. Dr. Luís Felipe Souza da

Silva

SÃO CRISTÓVÃO

2017

iii

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

iv

JOSÉ MARCOS MELO DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES HORMONAIS NO

CONTATO SOCIAL DE RATAS COM DIFERENTES

CONDIÇÕES NOCICEPTIVAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Fisiológicas da

Universidade Federal de Sergipe como

requisito parcial à obtenção ao grau de Mestre

em Ciências Fisiológicas.

______________________________________________________

Prof. Drº. Luis Felipe Souza da Silva- UFS

______________________________________________________

Prof. Drº. Hector Julian Tejada- UFS

______________________________________________________

Prof. Drª. Adriana Gibara Guimarães- UFS

v

“Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente”

William Shakespeare

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, sem ele nada disso seria possível.

Aos animais por terem doado sua vida em prol de um desenvolvimento científico,

cabe a nós fazer com que isso não tenha sido em vão.

Ao meu orientador, Professor Doutor Luís Felipe, por ter me acolhido, sem nunca

se quer ter me visto anteriormente, ter partido nessa empreitada até então inédita para o

programa e para nós dois, eu na área de biológicas e ele de ter um orientando com uma

inclinação muito forte para as ciências humanas e sociais. Mas não só por isso, também

pela disponibilidade, pelo auxilio, pela orientação e pela amizade. O senhor me inspira

tanto como profissional, como pessoa.

As agências de fomento CAPES e FAPITEC pelos recursos financeiros

disponibilizados para a realização deste projeto.

Ao Programa em Ciências Fisiológicas e aqui eu me refiro a todo o corpo docente

e a toda equipe que coordena esse programa. Agradeço aos professores Daniel Badauê,

José Ronaldo, Enilton Camargo, Julian Tejada por sempre serem muito solícitos no que

se referia as minhas dúvidas, mas também no que se tratava ao meu desempenho como

discente.

A Renivan que nas horas de desespero e de tormenta sempre me recebeu na sua

sala de forma afetuosa e sempre atenciosa tentando assim diminuir ou até mesmo

tamponar os momentos de angustia, também pela sua presteza em sempre auxiliar os

discentes a dirimir suas dúvidas com uma disposição e assertividade louváveis.

A minha mãe, pelo afeto e pelas palavras de apoio nas horas difíceis, pela

confiança, por acreditar em mim e acima de tudo pelo seu amor e compreensão, por isso

eu afirmo mais uma vez, nós chegamos até aqui.

Ao LAFICO e a todos que o compõem, em especial a professora Flávia Teixeira

por ter disponibilizado a estrutura física para que pudéssemos fazer do laboratório nosso

quartel general.

A minha namorada Larissa pela paciência, pela disposição de me ouvir horas a fio

a falar sobre uma temática até então desconhecida para ela, por ter sido inúmeras vezes

minha banca avaliadora hipotética, por ter aguentado todos os períodos de estresse e todas

as dificuldades, por ter entendido os momentos onde foi preciso abdicar de algumas horas

na sua companhia etc.

vii

Ao meu pai, por ter sido compreensivo e sempre solícito com relação aos meus

pedidos, por acreditar no meu potencial e por ter me auxiliado. Ao meu irmão por ter me

auxiliado inúmeras vezes no que se referia a logística do transporte para os experimentos,

mas também pelo incentivo e pela fé em meu potencial.

Aos meus amigos e aqui são muitos, tantos os quais eu acho impossível listar

todos: Primeiramente a Alan Bruno que tem estado comigo desde a pelada com o golzinho

de chinela até os testes de formalina realizados no LAFICO, é isso aí irmão, meu muito

obrigado. Kelly Coutinho por sempre ter me auxiliado, sendo companheira de

experimento e de todas as horas, a José Marcos Meneses meu muito obrigado pela

prestatividade e companheirismo sempre demonstrados. Roas, Clarissa, Amélia, Marcos

Vinicius, José Diogo entre outros, o meu muitíssimo obrigado a todos vocês por serem e

estarem aqui. E a todos os outros amigos que sempre bateram aquele papo terapêutico

no corredor do Departamento de Fisiologia.

Enfim, e no fim agradeço de forma geral a todos os citados e a todos aqueles que

por motivo de esquecimento ou por tentar ser sucinto acabaram não estando aqui, o meu

muito obrigado a todos que direta e indiretamente me ajudaram a chegar até aqui.

viii

RESUMO

INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES HORMONAIS NO CONTATO SOCIAL DE

RATAS COM DIFERENTES CONDIÇÕES NOCICEPTIVAS. José Marcos Melo

dos Santos, São Cristovão, 2017.

A dor pode ser definida como uma experiência emocional e sensorial desagradável associada a

uma lesão tecidual real ou potencial. Cerca de 70% dos indivíduos que são acometidos por dores

crônicas são do sexo feminino e os hormônios gonadais tem função determinante no que tange o

diformismo e as respostas nociceptivas. Estudos sugerem que roedores são capazes de reconhecer

o componente álgico em co-específicos e despender comportamentos ativos em direção ao

mesmo. O objetivo principal do presente trabalho foi avaliar a influência das variações hormonais

relativas ao ciclo estral no contato social de ratas durante a dor inflamatória e o efeito do contato

social nas respostas nociceptivas de ratas com dor inflamatória induzida por formalina. Foram

utilizadas 120 ratas Wistar com 2 a 3 meses de idade. O projeto foi dividido em dois protocolos

experimentais. O experimento I teve como objetivo a avaliação do comportamento de ratas

residentes durante a exposição a coabitantes com dor inflamatória e foi composto pelos seguintes

grupos e animais experimentais: Ratas residentes que foram submetidas aos animais controle

(CTRL), formalina contato social (FCS) ou salina (SAL). Essa divisão dos grupos se repetiu nas

diferentes fases do ciclo, das ratas residentes que foram denominadas: Residente Estro (ES),

Residente Ovariectomizada (OV) e Residente Proestro (PRO). Excetuando as residentes estro e

proestro todas as outras ratas foram submetidas a cirurgia de ovariectomia. O experimento II foi

composto pelos os grupos: Formalina Contato Social (FCS), e o Formalina Isolado (FI) o qual

recebeu a administração da formalina (1%) na pata posterior esquerda e após foi isolada por 20

minutos. Os animais coabitantes dos grupos FCS/ES, FCS/PRO, FCS/OV e FIS tiveram suas

respostas nociceptivas avaliadas por 40 minutos. Os parâmetros utilizados para avaliação das

respostas nociceptivas foram o tempo de lambida e o número de sacudidas da pata traseira. Todos

os grupos foram compostos por n= 8. No que se refere ao Duração do Contato observou-se

interação entre fase do ciclo e o tratamento (p= 0,0013). Neste sentido as residentes castradas

mostraram duração do contato maiores que as residentes estro (p< 0,05) e as residentes

no proestro (p< 0,001). No experimento II não se observou diferença entre os grupos FCS e FI

nos grupos compostos por animais que tiveram contato com as residentes castradas e no estro. O

grupo composto por animais que haviam tido contato com as residentes proestro mostrou redução

no número de sacudidas o período entre 0 e 30 minutos de observação. Os resultados sugerem

que ratas são capazes de reconhecer o componente álgico em um coabitante e direcionar

comportamentos ativos em pró do mesmo, entretanto a intensidade e a qualidade desse contato

podem variar de acordo com o ciclo. No que tange as respostas nociceptivas observou-se que o

contato social evocado através de comportamentos sociais diretos não foi suficiente para eliciar

analgesia, entretanto comportamentos agressivos por parte da residente eliciaram uma analgesia

de longa duração nas coabitantes que pode indicar a ativação do sistema descendente

antinociceptivo endógeno através do RVM com caráter opioide e sendo induzida por estresse.

Descritores: Fêmeas; Ciclo estral; Empatia; Analgesia; Nocicepção.

ix

ABSTRACT

THE INFLUENCE OF HORMONAL VARIATIONS ON SOCIAL CONTACT

OF FEMALE RATS WITH DIFFERENT NOCICEPTIVE CONDITIONS. José

Marcos Melo dos Santos, São Cristovão, 2017.

Pain can be defined as an unpleasant emotional and sensory experience associated with actual or

potential tissue injury. About 70% of the individuals affected by chronic pain are female and the

gonadal hormones play a decisive role in terms of sex differences and nociceptive responses.

Studies suggest that rodents can recognize pain in co-specifics and expend active behaviors

toward it. The main objective of the present study was to evaluate the influence of hormonal

changes related to the estrous cycle on the social contact of rats during inflammatory pain and the

effect of social contact on the nociceptive responses of female rats with inflammatory pain. Wistar

female rats were used at 2 to 3 months of age. The project was composed of two experimental

protocols. Experiment I evaluate the behavior of resident rats during exposure to cohabitants with

inflammatory pain. It was composed of the following groups and experimental animals: Resident

rats (RES), Control (CTRL), Formalin social contact (FCS) and saline (SAL). The three groups

were repeated in different cycles stages, and three experiments were carried out where the

residents are called Resident Estrous (RES / ES), Resident Ovariectomized (RES / OV) and

Resident Proestrus (RES / PRO) All rats but ES and PRO residents underwent ovariectomy

surgery. Experiment II was composed of the groups: Formalin Social Contact and the Formalin

Isolate, which received the administration of formalin (1%) and was submitted to a 20min

isolation period. After the 20 min of contact or isolation the nociceptive responses were evaluated

for 40 minutes. The parameters used to evaluate the nociceptive responses were the lick time and

the number of flinches. All groups were composed of n = 8. The results showed interaction

between the phase the cycle versus treatment (p = 0.0013) for contact duration. In the case of the

group of OV residents, (P <0.05) and with those residents in proestrus (p <0.001). In the

experiment II, no difference was observed between the FCS and FI groups in groups composed

of animals that had contact with ovariectomized or estrus residents. The group composed of

animals that had contact with the proestrus residents showed analgesia during thirty minutes of

the formalin test between 0 and 30 minutes of observation. The results suggest that rats recognize

pain component in a cohabitant and direct active behaviors towards it, however the intensity and

quality of this contact may vary according to the cycle. Regarding the nociceptive responses, it

was observed that the social contact evoked through direct social behaviors was not enough to

elicit analgesia, however aggressive behaviors on the part of the resident elicited an analgesia that

may be based on the descending system through RVM with opioid character and being induced

by stress.

Keywords: Female, Estrous cycle; Empaty; Analgesia; Nociception.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Oscilação hormonal durante o ciclo, considerando o período estral de 4

dias........................................................................................................................... 22

Figura 2: Rata Wistar na câmara de observação durante o teste de Formalina..........31

Figura 3: Representação esquemática das etapas realizadas com os grupos do

Experimento I ..........................................................................................................34

Figura 4: Representação esquemática das etapas realizadas com os grupos do

Experimento II..........................................................................................................35

Figura 5: Latência, em segundos, para o contato entre o rato residente e os ratos dos

grupos Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina (FORM) .............................. 37

Figura 6: Duração, em segundos, do contato das ratas residentes (OVX/ES/PRO)

com os animais dos grupos Controle (CTRL/OVX/ES/PRO), Salina (OVX/

/ES/PRO) e Formalina (FORM/OVX/ES/PRO)...................................................... 38

Figura 7: Duração, em segundos, do contato da rata residente de todos os grupos com

ratas dos grupos Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina

(FORM)....................................................................................................................39

Figura 8: Duração, em segundos, do contato do rata residente castrada com ratas dos

grupos Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina (FORM)............................. 39

Figura 9: Duração, em segundos, do contato da rata residente estro com ratas dos

grupos Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina (FORM)............................. 40

Figura 10: Duração, em segundos, do contato do rata residente proestro com ratas

dos grupos Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina (FORM)....................... 41

Figura 11: Duração, em segundos, do contato da rata residente castrada com animais

dos grupos Controle (CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) em intervalos de

tempo....................................................................................................................... 42

Figura 12: Duração, em segundos, do contato da rata residente estro com animais dos

grupos Controle (CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) em intervalos de

tempo....................................................................................................................... 43

Figura 13: Duração, em segundos, do contato da rata residente proestro com animais

dos grupos Controle (CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) em intervalos de

tempo....................................................................................................................... 44

Figura 14: Número de sacudidas da pata dos animais dos grupos Formalina Contato-

social (FC) ou grupo Formalina-isolado (FI) no grupo Residente Estro.................. 45

xi

Figura 15: Número de sacudidas da pata dos animais dos grupos Formalina Contato-

social (FC) ou grupo Formalina-isolado (FI) no grupo Residente Estro....................46

Figura 16: Número de sacudidas da pata dos animais dos grupos Formalina Contato-

social (FC) ou grupo Formalina-isolado (FI) no grupo residente Proestro............... 47

Figura 17: Duração do tempo de lambida, em segundos, dos animais dos grupos

Formalina Contato-social (FCS) ou grupo Formalina-isolado (FI) nas variadas fases

do ciclo..................................................................................................................... 47

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AI Insúla Bilateral

ANOVA Análise de variância

CCA Córtex cingulado anterior

CDME Corno dorsal da medula espinal

CEPA Comitê de ética em pesquisa animal

CI Córtex insular

CONCEA Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

CPME Corno posterior da medula espinal

CSS Córtex somatossensorial

CTRL Ratas Controle

CTRL/ES Controle Estro

CTRL/OVX Controle Ovariectomizada

CTRL/PRO Controle Proestro

EPM Erro padrão da média

FCS Formalina Contato Social

FCS/ES Formalina Contato Social Estro

FCS/OVX Formalina Ovariectomizada

FCS/PRO Formalina Contato Social Proestro

FI Formalina Isolado

LC Locus coeruleus

NMR Núcleo magno da rafe

RES Ratas Residentes

RES/ESTRO Residentes Estro

RES/OVX Residentes Ovariectomizadas

RES/PRO Residentes Proestro

RVM Bulbo Rostroventromedial

xiii

SAL Ratas Salinas

SAL/ES Salina Estro

SAL/OVX Salina Ovariectomizada

SAL/PRO Salina Proestro

SCP Substância cinzenta periaquedutal

UFS Universidade Federal de Sergipe

xiv

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 17

2.1 Dor ........................................................................................................................... 17

2.2 Dor e Dimorfismo Sexual ....................................................................................... 19

2.3 Ciclo Estral .............................................................................................................. 22

2.4 Comportamento Pró-social .................................................................................... 23

2.5 Dimorfismo e Empatia. .......................................................................................... 25

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 28

3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 28

3.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 28

4. MATERIAL E MÉTODOS: .................................................................................... 29

4.1 Animais .................................................................................................................... 29

4.2 Determinação das fases do Ciclo Estral ................................................................ 29

4.3 Ovariectomia ........................................................................................................... 30

4.4Teste da formalina ................................................................................................... 30

4.5.1 Experimento I: Avaliação do comportamento de ratas residentes durante a

exposição a coabitantes com dor inflamatória. ............................................................... 31

4.5.2 Experimento II: Avaliação do efeito do contato social no comportamento álgico de

ratas submetidos ao teste de formalina. .......................................................................... 35

4.6 Eutanásia dos animais ............................................................................................ 35

4.7 Análise dos resultados ............................................................................................ 35

5. RESULTADOS ......................................................................................................... 37

5..1 Experimento I: Avaliação do comportamento de ratas residentes durante a

exposição a coabitantes com dor inflamatória. .......................................................... 37

5.1.1 Latência para o contato .......................................................................................... 37

5.1.2 Duração de Contato ............................................................................................... 37

5.1.3 Duração do tempo de contato em intervalos ......................................................... 41

5.2 Experimento II: Avaliação do efeito do contato social no comportamento álgico

de ratas submetidos ao teste de formalina. ................................................................ 44

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 48

7. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 57

xv

ANEXO A- CERTIFICADO COMITÊ DE ÉTICA .................................................... 64

15

1. INTRODUÇÃO

A dor pode ser entendida como uma experiência de caráter desagradável, sendo

este dividido em aspectos sensoriais e psicológicos. A dor está relacionada a uma lesão

que pode ser real ou potencial (MERSKEY e BOGDUK, 1994).

No que se refere ao processamento dos estímulos dolorosos observa-se a

existência de dois componentes: O sensório discriminativo que está envolvido na

localização do ponto acometido pelo estimulo nocivo, nesse componente a informação é

levada através do trato espinotalâmico que através das projeções feitas pelos núcleos

talâmicos laterais chega até o córtex somatossensorial primário e secundário. O afetivo

motivacional que estaria relacionado com os aspectos emocionais que circundam a

mesma, como por exemplo a interpretação que a vivência daquele estimulo doloroso pode

vir a ter, o componente afetivo motivacional tem sua informação transmitida através do

trato espinotalâmico e espinorreticular, chegando até o córtex cingulado anterior (ACC)

e ao córtex insular do sistema límbico (EKMAN et al. , 2008; SEWARDS et al. , 2002;

VOGT et al 2000).

Segundo autores o ACC mostra importante função na modulação das respostas

afetivas e sensoriais da dor, de modo que os neurônios que fazem parte do mesmo se

mostram ativados em respostas a situações de dor infligida contra o indivíduo ou durante

a observação de um coabitante sendo submetido a estimulo doloroso. A inibição da

ativação do ACC está relacionada com a diminuição das respostas de dor em ratos (GU

et al. ,2015; NOGA, 2013; ALOISI et al. ,2002).

No que se refere a dor e dimorfismo sexual observa-se que 70% dos indivíduos

que são acometidos por dores crônicas são do sexo feminino. Os hormônios gonadais,

tem sido descritos como um fator determinante na diferença de sensibilidade dolorosa

(CRAFT, 2008; MANSON, 2010, PEDROSO 2011). Ao investigar as possíveis

diferenças no limiar nociceptivo de mulheres acometidas por cefaleia em diferentes

pontos do ciclo menstrual, observou-se diferença entre as fases do ciclo, assim como

também diferença entre os grupos que tomavam ou não anticoncepcional ( SILVA, 2015).

Em se tratando de animais, não se utiliza o termo ciclo menstrual e sim o ciclo

estral, sendo o mesmo composto por: Metaestro, Diestro, Proestro e Estro, totalizando

quatro fases. O ciclo é caracterizado por diversas flutuações nas concentrações

hormonais, principalmente nos gonadais. Exemplo disso seriam os picos hormonais

encontrados durante o Proestro, assim como os níveis próximos aos parâmetros basais no

16

Estro. Essas variações hormonais podem influenciar comportamentos como os de

ansiedade, estresse, padrão mnemônico entre outros (BIANCHI, 2004; LEAL, 2015).

O comportamento de empatia/pró-social é definido como a capacidade de

compartilhar sentimentos com outrem não sendo necessário que o indivíduo já tenha

passado pela situação em questão (KEUM e SHIN; 2016). A empatia é um construto

amplamente estudado, e existem evidências de que comportamentos pró-empáticos

aconteçam em várias espécies, como por exemplo em aves, roedores, primatas e em

humanos (PRESTON, 2002; LANGFORD et al 2006).

Em se tratando do sexo Bartall e colaboradores (2014) observaram que fêmeas

mostravam comportamento pró-empático de libertar o coabitante com maior velocidade

se comparadas com os machos (BARTAL et al., 2014).Quando compararam homens,

mulheres que haviam sido mães e mulheres que até então nunca tinham tido filhos,

observou-se que independente da condição as mulheres mostravam maior ativação

cortical que os homens o que pode vir corroborar com uma maior sensibilidade do sexo

feminino no que tange o comportamento pró-empático (PROVERBIO, 2006). Além

disso, a ativação das áreas relacionadas aos neurônios espelhos como o ACC e o sistema

límbico se mostrou mais intensa nas mulheres que nos homens (SCHULTE-RHUTER et

al, 2008).

Com base no que foi aludido anteriormente o presente projeto se propõe a avaliar

as possíveis influencias do ciclo estral no contato social entre ratas residentes e com dor

inflamatória. Assim como também se esse contato pode de algum modo influir nas

respostas nociceptivas das mesmas, alterando o padrão álgico induzido pela formalina.

A nossa hipótese no presente trabalho é a de que o contato social é estimulado

pela condição álgica da rata coabitante e varia de acordo com a fase do ciclo estral da rata

residente. Além disso, acreditamos que o contato social induzira hipoalgesia nas ratas

com dor inflamatória. .

17

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Dor

A dor pode ser definida como uma experiência emocional e sensorial desagradável

associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão, assim

sendo observa-se um caráter cognitivo e emocional e concomitantemente relacionado a

aspectos culturais e psíquicos (MERSKEY e BOGDUK, 1994).

A detecção dos estímulos nocivos é realizada por nociceptores, os quais

respondem a estímulos mecânicos, térmicos e químicos de grande intensidade. A

transmissão da dor está relacionada a ativação de fibras aferentes do tipo Aδ e C que

conduzem informações a respeito de estímulos nociceptivos da periferia para a medula

espinal. As fibras Aδ estão relacionadas com a transmissão de estímulos de curta duração

e em dores descritas como agudas e são fibras mielinizadas. As fibras do tipo C estão

relacionadas com dores lentas e com uma sensação de ardência e por se tratarem de fibras

amielinizadas tem menor velocidade na transmissão das respostas em comparação as

fibras Aδ. Os neurônios aferentes primários associados a fibras Aδ e C desempenham

três funções principais no que diz respeito a nocicepção. Transdução: Está relacionado a

detecção do estimulo nocivo e a conversão do mesmo em sinais elétricos. Transmissão:

A informação é conduzida da periferia para a medula espinal, onde ocorre as sinapses

com neurônios presentes em lâminas específicas do corno dorsal da medula espinal, mais

precisamente as lâminas I, II e V e destas até áreas supra espinais envolvidas na

modulação da dor. Modulação: este processo representa mudanças que ocorrem no

sistema nervoso em resposta a estimulação nociva (VANDERAH, 2007).

A dor pode ser modulada endogenamente através de um sistema descendente

endógeno localizado no tronco encefálico. Tal sistema supra espinal, tem como principais

estruturas envolvidas a substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo (SCP), o lócus

coerúleos (LC) e o bulbo rostroventromedial (RVM), que inclui o núcleo magno da rafe

(NMR). A SCP, quando ativada, produz efeito analgésico por meio de projeções

excitatórias para o RVM ou para o LC (SILVA e MENESCAL, 2006). Os axônios dos

neurônios do RVM enviam projeções rostrocaudais, via funículo dorsolateral, que

estabelecem sinapses inibitórias com neurônios aferentes primários e nociceptivos de

segunda ordem no corno posterior da medula espinal (CPME), causando inibição da

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transmissão nociceptiva. Além disso, o RVM contém opioides endógenos que

desempenham um importante papel na desinibição de interneurônios gabaérgicos

promovendo a ativação da via descendente antinociceptiva opioide endógena mediada

pelo RVM (PATEL, 2010; NOBACK et al., 2005).

O processamento cortical dos estímulos nociceptivos pode levar a diferentes

aspectos relacionados a percepção da dor, podendo serem ressaltados o sensorial

discriminativo e o afetivo motivacional. O primeiro deles se refere a capacidade de

localizar o ponto, a escala temporal e a intensidade dos danos efetivos ou potenciais ao

tecido. No que se refere a via do componente sensorial discriminativo, as informações

são levadas através do trato espinotalâmico e processadas no sistema de dor lateral que

se projeta através dos núcleos talâmicos laterais para o córtex somatossensorial primário

e secundário. O componente afetivo motivacional diz respeito aos efeitos que o estimulo

nocivo tem nas emoções e comportamentos, as informações são levadas pelos tratos

espinotalâmicos e espinorreticular, chegando aos núcleos intralaminares e medial do

tálamo e posteriormente ao córtex cingulado anterior (ACC) e ao córtex insular no sistema

límbico (EKMAN et al., 2008; SEWARDS et al., 2002; VOGT et al 2000).

Segundo Noga et al., (2013) a dor e o sofrimento afetivo são funcionalmente e

anatomicamente integrados no córtex cingulado anterior (ACC) e este modula os aspectos

sensoriais e afetivos da dor. Neste sentido, neurônios do ACC são ativados por

estimulação dolorosa e estão envolvidos em respostas à dor afetiva (ALOISI et al., 2002),

e a inibição do ACC, está associada a diminuição da atividade neural no ACC e

consequente diminuição da percepção da dor em ratos (GU et al., 2015).

A relação do ACC com os componentes afetivos da dor foi mostrada em estudo

em humanos que comparou as regiões encefálicas ativadas durante a aplicação de um

estímulo doloroso ou quando os indivíduos viam a pessoa amada recebendo um estímulo

doloroso, fenômeno denominado ´´empatia``. Assim, durante a observação apenas o

sistema associado com os componentes afetivos da dor era ativado (ínsula bilateral

anterior (AI), córtex cingulado anterior rostral (ACC), tronco cerebral, e cerebelo) sem

ativação de áreas relacionadas ao componente sensorial da dor. Assim, este estudo aponta

para relação entre a atividade neural do ACC, interações sociais e a percepção do

componente afetivo da dor (SINGER, et al 2004).

Apesar dos animais não poderem descrever sua dor, são capazes de manifestá-la

por sinais fisiológicos e respostas comportamentais (TEIXEIRA, 2005). Além disso,

roedores podem ainda reconhecer a dor em indivíduos da mesma espécie, de modo que,

19

a coabitação com um animal com dor crônica pode promover uma situação estressante, o

que provoca alterações comportamentais, tais como ansiedade e depressão, e altera as

respostas nociceptivas (SATOSHI et al., 2015).

Assim, em estudo, pesquisadores realizaram testes comportamentais de avaliação

nociceptiva (teste de contorção) e ansiedade (labirinto em cruz elevado e os ensaios de

campo aberto) e mostraram que ratos submetidos a um modelo de dor neuropática, pela

constrição do nervo ciático, induziram efeitos ansiogênicos e hipernocicepção em ratos

coabitantes (BAPTISTA et al 2015).

Em trabalho recente, foi mostrado que ratos são capazes de perceber a ocorrência

de dor em coabitantes e, a partir disso, iniciar comportamentos ativos direcionados ao

animal. Além disso, o contato social reduziu a expressão de comportamentos álgicos

relacionados a dor inflamatória (GONÇALVES, 2016).

2.2 Dor e Dimorfismo Sexual

Em um levantamento dos artigos de pesquisa básica publicados pela revista Pain

usando apenas ratos ou camundongos, no período de 1996 a 2005 foi verificado que 79%

dos artigos publicados testaram apenas machos, apenas 5% usaram ambos os sexos, sem

analisar diferenças sexuais e 3% não relataram os sexos dos sujeitos participantes

(MOGIL e BAILEY, 2010).

Pesquisas epidemiológicas relatam que 70% da população que sofre com dor

crônica é do sexo feminino. Entretanto como fora dito anteriormente os números de

pesquisas em ciências básicas não acompanham os dados clínicos. Pesquisadores

apontam que três motivos justificam esses números: medo de abordar novos referenciais

teóricos ou por temerem não os encontrar não abrem mão das pesquisas com machos,

assim como também a escassa existência de estudos que abordem a nocicepção em fêmeas

o que pode dificultar uma possível comparação entre trabalhos. Outro motivo é a

influência dos hormônios gonadais e a ciclicidade existente nas fêmeas o que por si só já

pode interferir nas pesquisas com cunho de investigação nociceptiva e que pode tornar

necessária uma maior amostra para que exista significância estatística (MOGIL e

BAILEY, 2010).

Em contrapartida observa-se o crescimento do número de estudos experimentais

que analisam a variabilidade de respostas nociceptivas e a diferença entre o efeito de

fármacos analgésicos entre machos e fêmeas. Essas diferenças podem ser atribuídas a

20

diferentes fatores: genéticos, ambientais, sociais e culturais, hormonais

(PEDROSO,2011).

Pesquisas clinicas realizadas tem mostrado que mulheres tendem a relatar maior

prevalência de dor e menor tolerância a mesma. Observa-se que a dor em indivíduos do

sexo feminino tende a ser mais severa, prolongada e recorrente quando em comparação

com os indivíduos do sexo masculino (CRAFT, 2008; MANSON, 2010; PEDROSO,

2011). Entretanto devem ser levados em conta alguns aspectos como qual a modalidade

de estimulo doloroso, o tempo de duração, local de aplicação e alguns fatores como:

aspectos biológicos, psicológicos e sociais, condições patológicas, ciclo estral ou

menstrual, gravidez e menopausa (PEDROSO, 2011).

No que se refere a influência dos hormônios gonadais, tem sido observada uma

tendência dos mesmos a serem vistos como um dos principais responsáveis pelas

diferenças de sensibilidade dolorosa. Um exemplo disso é a maior prevalência e

intensidade de fenômenos dolorosos em mulheres com idade reprodutiva, em decorrência

das flutuações hormonais (CRAFT, 2008; MANSON, 2010; PEDROSO 2011). Ao

investigar as possíveis diferenças no limiar nociceptivo de mulheres acometidas por

cefaleia em diferentes pontos do ciclo menstrual, observou-se diferença entre as fases do

ciclo, assim como também diferença entre os grupos que tomavam ou não

anticoncepcional (ARAÚJO, 2015).

Uma pesquisa utilizando roedores machos e fêmeas, mostrou a existência de uma

diferença no limiar nociceptivo entre os sexos. Nesse estudo onde eram utilizados

modelos de dor inflamatória, observou-se que animais machos se mostraram menos

suscetíveis a sentir dor e concomitantemente se fez necessário utilizar uma maior dose do

agente indutor de resposta inflamatória (formalina ou capsaicina) quando comparado com

fêmeas (BARRET, SMITH, PICKER, 2003).

Pesquisadores apontaram que as mulheres não só são mais acometidas por dores,

como também são mais sensíveis a mesma e menos tolerantes. Outro ponto levantado

pelos autores e que corrobora o que foi citado acima é o fato de que a diferença entre

machos e fêmeas no que tange as respostas nociceptivas é o que diz respeito a

característica do estimulo evocado: químico, térmico, mecânico, sendo relatado que as

maiores diferenças sexuais encontradas são relacionadas a dor por pressão no que se

refere as fêmeas (RILEY et al, 1998; MOGIL; BAILEY,2010; AMANDUSSON e

BLOMQVIST,2013).

21

Diferenças entre dores térmicas relacionada a calor e a mecânica (pressão) se

mostraram existentes, entretanto não se observou aparente diferença entre dores térmicas

provocadas por calor e frio em fêmeas. Em respeito a dor provocada por um agente

químico observou-se uma maior expressão de canais de potencial transiente (TRPV1)

ativados por capsaicina e injeções intramusculares de salina hipertônica e glutamato

(RILEY et al, 1998; YAMAGATA et al 2016).

Estudos apontam que a exposição neonatal a testosterona é necessária para o

desenvolvimento do fenótipo masculino de menor sensibilidade a estímulos nociceptivos,

isso foi bem demonstrado através de estudos com animais que através de indução de dor

inflamatória por carragenina ou por estimulo mecânico apresentaram maior limiar

nociceptivo do que animais machos que haviam sido castrados (LACROIX-FRALISH,

2005; BORZAN, 2006).

Em contrapartida outros trabalhos relatam que a administração de testosterona em

fêmeas, não foi capaz de induzir a mesma antinocicepção que ocorre nos machos. Uma

explicação para isso seria a hipótese da relação entre hormônios gonadais e

neurotransmissores. A analgesia induzida por estresse relacionada aos receptores NMDA

e a analgesia induzida por morfina parecem estar relacionadas à testosterona

(STERNBERG,1996; KRZANOWSKA,2002).

Parece cada vez mais que os machos e as fêmeas podem ter circuitos neurais

altamente diferentes que medeiam a dor. Alguma relação entre os receptores NMDA

(glutamato) e a analgesia induzida por estresse ou por kappa opioides em machos poderia

ser bloqueada através de antagonistas glutamatérgicos, já nas fêmeas isso não ocorre,

mesmo quando tentou-se bloquear essa analgesia (utilizando o mesmo mecanismo) a

mesma continuou a ocorrer (MOGIL e BAILEY,2010).

Em suma quando o assunto é a variada gama de respostas nociceptivas e o

dimorfismo sexual o que se observa é um consenso que relata que o modelo utilizado para

a investigação está intrinsecamente relacionado com as respostas e suas variações. No

que tange as flutuações hormonais pode-se notar uma incongruência da literatura. Alguns

estudos animais mostram que as respostas nociceptivas estão diretamente relacionadas ao

modelo nociceptivo adotado (BARRET, SMITH, PICKER, 2003; MOGIL e

BAILEY,2010; PEDROSO, 2011).

22

2.3 Ciclo Estral

Em se tratando do ciclo estral se mostra de suma importância em um primeiro

momento definir e diferenciar o mesmo do ciclo menstrual. A principal diferença entre

os termos citados anteriormente é no que diz respeito a ritimicidade em que acontecem,

o primeiro deles tem duração de 4 a 5 dias e tendo uma ciclicidade de cerca de 24 horas

(totalizando 4 fases), o segundo tem duração de cerca de 28 dias, em ambos ocorre a

participação do eixo adeno-hipofísario e os principais hormônios envolvidos são o

estrogênio e o progesterona (RODRIGUES, 2005).

No que tange a etimologia da palavra estro, ela deriva da palavra latina “oistros”

e que define o período de desejo sexual da fêmea. Os primeiros trabalhos relacionados ao

ciclo estral, datam de 1917 e 1922 respectivamente, o primeiro estudou a ocorrência dos

ciclos em porcos da Índia (cavia porcellus) e o segundo em camundongos (BIANCHI,

2004; VILELA et al. , 2007).

O ciclo estral é composto por 4 fases, sendo elas: Metaestro, Diestro, Proestro e

Estro. Durante o ciclo estral observa-se uma série de modificações nos parâmetros dos

hormônios gonadais, como por exemplo uma baixa concentração de estrogênio durante o

estro e uma maior concentração durante o proestro, esse apresentando o maior pico de

concentração. Em suma observa-se uma baixa concentração de estrogênio durante

metaestro, ao final do diestro ocorre uma gradativa elevação até o proestro e no período

do estro ocorre o retorno aos parâmetros basais (BIANCHI, 2004; LEAL, 2015).

FIGURA 1- Oscilação hormonal durante o ciclo, considerando o período estral de 4 dias.

Fonte : Leal,2015, p.18.

23

Em estudo que tinha como objetivo avaliar diferenças no nível de ansiedade entre

os diferentes ciclos das fêmeas e os machos através do labirinto em cruz elevado,

observou-se que fêmeas no diestro apresentaram maior perfil do tipo ansioso em relação

aos machos, no que se refere as outras fases do ciclo não se observou diferença (JUNIOR

e MORATO,2002).

Com o objetivo de avaliar possíveis interferências do ciclo estral na resposta

hormonal de estresse agudo, Bianchi (2004) submeteu ratas ovariectomizadas, machos e

ratas com ciclo normalizado a um protocolo de nado forçado, logo após ao experimento

os animais foram eutanasiados e após a dosagem de corticosterona observou-se que

durante a fase do metaestro o grupo controle (não submetido ao estresse agudo)

apresentou uma maior concentração plasmática desse hormônio. Em se tratando dos

grupos tratados observou-se duas coisas: a elevação plasmática de corticosterona em

machos encontrada foi menor quando comparados com as fêmeas, e um aumento abrupto

da concentração do mesmo ocorreu principalmente nas fases do estro e do diestro em

relação aos controles o que pode vir a caracterizar uma maior sensibilidade a agentes

estressores durante essas fases (BIANCHI,2004).

Em outro estudo que objetivava avaliar a influência do ciclo estral no padrão

mnemônico de ratas através do protocolo de reconhecimento de objetivos, os resultados

apontaram que uma maior concentração de estrogênio encontrada durante a fase do

proestro, contribuiu para uma facilitação na evocação da memória (LEAL,2015).

Com base nisso se mostra de suma importância a avaliação do ciclo estral, já que

o mesmo pode influenciar nas diferentes respostas fisiológicas e comportamentais das

fêmeas. Por isso observa-se uma certa resistência por parte da comunidade cientifica para

o trabalho com as mesmas. Entretanto se mostra necessário o trabalho com fêmeas, já que

como fora citado acima observam-se inúmeras diferenças entre respostas

comportamentais e fisiológicas no que tange machos e fêmeas.

2.4 Comportamento Pró-social

A empatia ou o comportamento pró-social vem sendo investigado por muitos

pesquisadores. Especulações apontam que esse tipo de comportamento somente aconteça

em primatas mais evoluídos, outros estudos encontram evidências da existência de

24

comportamentos pró-sociais em ratos e pombos (PRESTON, 2002; LANGFORD et al

2006).

Empatia pode ser definida como a capacidade de compartilhar sentimentos com

os outros, de sentir o que os outros sentem sem necessariamente precisar passar pela

situação, o que para Bandura (1962) pode ser denominada de aprendizagem vicária

(KEUM e SHIN; 2016).

Ainda segundo os autores mencionados anteriormente existe uma certa

dificuldade em definir o termo empatia, isso se deve as suas ramificações e as diversas

subdivisões que buscam explicar a sua origem, sua funcionalidade e quais os circuitos

neurais que estão envolvidos no desenvolvimento dessa habilidade que se mostra de suma

importância para a sobrevivência (KEUM e SHIN; 2016).

No que tange a funcionalidade observa-se a existência do que se define como

contágio emocional, rompendo a barreira da pesquisa animal e adentrando na parte clínica

observa-se isso em estudos de neuroimagem onde indivíduos que observam familiares

sofrerem lesões, tem uma maior ativação cerebral do sistema límbico assim como também

do ACC, região essa relacionada com o componente afetivo motivacional da dor. No dia

a dia observa-se o contagio emocional quando o choro de um recém-nascido elicia o choro

em outros, motiva o estado de alerta dos adultos ou até mesmo o bocejo em adultos

(KEUM e SHIN; 2016).

Atualmente é crescente o número de pesquisas que buscam comprovar a

existência de comportamentos pró-sociais/empáticos em roedores, mais precisamente

comportamentos de contágio emocional (LANGFORD et al. , 2006; CHEN et al. , 2015;

JEON et al. , 2010; AKYAZI e ERASLAN, 2014; KEUM e SHIN; 2016).

Com o objetivo de investigar a existência do comportamento pró-empático

Langford e colaboradores partiram da hipótese de que se a empatia for realmente existente

em ratos a exposição a um co-específico submetido a um estimulo doloroso deve afetar a

resposta do seu par. Primeiramente os animais foram submetidos ao teste de contorção

abdominal e dividido em pares onde ambos os ratos recebiam o ácido acético e em outras

duplas onde somente um sujeito recebia o estimulo. Ambos os ratos foram colocados em

tubos plásticos onde pudessem observar o par. Os ratos em duplas demonstraram maior

resposta nociceptiva que os ratos isolados, mas apenas quando os mesmos eram

habitantes da mesma caixa (LANGFORD et al 2006). Nos últimos anos estudos vem

demonstrando a existência de importante comportamento pró-social entre animais

(DECETY et al. , 2012; SIVASELVACHANDRAN et al. , 2016; KEUM e SHIN, 2016).

25

Neste sentido pesquisas mostraram que ratos apresentam comportamento pró-

social quando percebem que animais da mesma espécie estão em condições de estresse

não doloroso agindo para acabar com esse sofrimento através de ação livre de influência

externa (BARTAL et al., 2014; SATO et al., 2015; MARQUEZ et al 2015).

Comportamento este, que ocorreu independente de aprendizado ou recompensa social.

No que tange a dor, um estudo com ratos, mostrou que esses animais após observarem

seus familiares recebendo estímulo nocivo, apresentavam um aumento na sensibilidade

dolorosa (LANGFORD et al., 2006).

Em se tratando do sexo Bartall e colaboradores (2014) encontraram uma

informação que corrobora o senso comum. No mesmo experimento observou-se que

fêmeas demonstram um comportamento pró-empático de libertar o coabitante com maior

velocidade se comparadas com os machos. Outro ponto importante é o de que a

familiaridade não afetou a ocorrência desses comportamentos, mas afetou a velocidade

com que eles aconteceram. Não obstante encontrou-se que esses ratos respondiam a

coabitantes de cepas diferentes, mas não a animais da mesma espécie que não eram

coabitantes (BARTAL et al., 2014).

No que diz respeito ao controle central da dor associado a respostas sociais, foi

mostrado que respostas de medo social e observacional estão diretamente envolvidas com

ACC e a dor afetiva (JEON et al., 2010). Nesse estudo, ratos ao observarem outras ratas

(manifestantes) recebendo choques repetitivos, apresentaram respostas de medo maiores

quando os manifestantes se relacionavam socialmente com eles. Além disso, a inativação

do ACC e núcleos talâmicos parafascicular ou médio dorsais, que compreendem o

sistema de dor afetiva, reduziram a aprendizagem do medo observacional, enquanto que

as inativações de núcleos talâmicos sensoriais não produziram efeito. Estes resultados

mostram o envolvimento funcional do ACC e do sistema de dor afetiva no medo social e

observacional (JEON et al., 2010).

2.5 Dimorfismo sexual e Empatia

É comum que indivíduos compactuem e dividam de experiencias prazerosas e

desagradáveis, a habilidade de se colocar no lugar do outro é denominada empatia. A

empatia se apresenta como um construto multidimensional e inclui aspectos da

comunicação, da emoção e autoconsciência (DECETY e MORIGUICHI,2007).

26

Quando o assunto são as diferenças sexuais e a empatia observa-se um consenso

entre a literatura e o senso comum. Alguns estudos apontam que se tratando de diferença

sexual as mulheres se mostram muito mais empáticas que os homens e que conseguem

sustentar esse tipo de comportamento por mais tempo (DECETY e MORIGUCHI 2007;

DIMBERG et al 2011; GERY et al 2009; LUO et al 2014).

Em estudo realizado com chimpanzés onde através da aferição das modificações

ocorridas na temperatura da membrana timpânica após a exibição de cenas que continham

estímulos positivos, neutros e negativos (agressões) se observou que mesmo se tratando

de uma medida indireta, mas fidedigna os sujeitos que foram expostos aos estímulos

neutros e positivos não demonstraram alteração, entretanto os sujeitos expostos a cenas

desagradáveis tiveram a temperatura da membrana afetada, o que corrobora a teoria do

contágio emocional (PARR LISA e HOPIKNS 2000).

Em uma pesquisa realizada com homens e mulheres onde os mesmos foram

submetidos a ressonância magnética funcional, onde tinham as suas respostas avaliadas

através de escalas padronizadas de empatia, os indivíduos foram submetidos a expressões

de raiva ou medo e deveriam caracterizar quais as expressões que haviam visto de acordo

com a escala supracitada, denotando assim o comportamento pró-empático do que pode

ser definido como contágio emocional. Observou-se então que a ativação das áreas

relacionadas com os neurônios espelhos como o córtex cingulado anterior, sistema

límbico, se mostrou mais forte nas mulheres que nos homens (SCHULTE-RHUTER et

al, 2008).

Quanto utilizou-se outro método para avaliar os parâmetros fisiológicos

relacionados com o comportamento de empatia, pesquisadores utilizaram a

eletromiografia do musculo zigomático e dividiram os sujeitos em dois grupos : alto

contágio emocional e baixo contágio emocional e observaram que indivíduos que tem

menor contágio emocional tinham dificuldades em diferenciar expressões faciais de raiva

ou felicidade, em se tratando do grupo com alto contágio emocional os indivíduos

conseguiram caracterizar as expressões a que foram expostos (DIMBERG et al, 2011).

Uma grande gama de estudos que tinham como objetivo analisar possíveis

interferências da postura maternal no comportamento pró-empático através de

ressonância magnética apontaram que quando comparadas com mulheres que não haviam

sido mães ou até mesmo com homens, ocorria uma maior ativação na circuitaria pró-

empática nas mulheres que já haviam sido mães. Os resultados encontrados

demonstraram maior ativação nas áreas: córtex orbito frontal, amigdala, cortéx cingulado

27

anterior e substância cinzenta periaquedutal (BARTELS e ZEKI, 2004; LEIBENLUFT

et al., 2004; NITSCHKE et al.,2004; PROVERBIO, 2017).

Em um estudo que tinha como objetivo analisar a diferença neural de ativação

entre mulheres que já haviam sido mães, homens que já haviam sido pais e mulheres que

nunca haviam tido filhos, utilizou-se de um ensaio eletrofisiológico e observou-se que a

ativação cortical das mulheres que já haviam sido mães foi maior que a dos homens, as

mulheres que até então também não tinham sido mães demonstraram maior ativação que

os homens, o que pode vir a sugerir uma maior sensibilidade do sexo feminino

(PROVERBIO, 2006).

Com base nas referências supracitadas observa-se uma consonância da literatura

com o senso comum como já foi mencionado anteriormente. Em pesquisa feita por

Proverbio (2017) onde através de estudos de ressonância magnética foi encontrada uma

maior ativação do que o autor denomina circuitaria pró-empática, os resultados apontaram

para uma maior ativação da mesma por parte dos sujeitos do sexo feminino que

participaram do estudo, de modo que o autor suscita algumas hipóteses para a explicação

do resultado encontrado por ele e que está de acordo com grande parte da literatura : De

acordo com a literatura pode-se explicar esses resultados devido ao perfil biológico

desenvolvido pela mulher através da evolução (cuidadora), necessitando assim ter um

maior poder de distinção entre expressões faciais de alegria ou tristeza, dor ou postura

neutra (PROVERBIO,2017).

28

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

• Avaliar a influência das variações hormonais de ratas no contato social durante

condições nociceptivas e o efeito do contato social na resposta nociceptiva de ratas

com diferentes condições nociceptivas.

3.2 Objetivos Específicos

• Avaliar o comportamento social de ratas residentes durante a exposição a

coabitantes com diferentes condições nociceptivas.

• Avaliar possíveis influências das variações hormonais do ciclo estral no contato

social de ratas residentes durante a exposição a coabitantes com diferentes condições

nociceptivas.

• Avaliar o efeito do contato social no comportamento álgico de ratas com dor

inflamatória.

29

4. MATERIAL E MÉTODOS:

4.1 Animais:

Neste projeto foram utilizadas 120 ratas Wistar, com 2 a 3 meses de idade,

provenientes do Biotério setorial do Departamento de Fisiologia. Os animais foram

mantidos no biotério do Laboratório de Fisiologia do Comportamento da UFS, em gaiolas

plásticas (41 x 34 x 17,5 cm) com no máximo cinco animais por gaiola. Os mesmos

estavam alojados em ambiente com temperatura controlada entre 22 e 24ºC, e ciclo

claro/escuro de 12h com livre acesso à água e ração. Todos os protocolos experimentais

foram conduzidos em acordo com os princípios éticos estabelecidos pelas Resoluções

Normativas, Decretos e Portarias do Conselho Nacional de Controle de Experimentação

Animal (CONCEA), bem como a Lei Nº 11.794, de 8 de outubro de 2008 (Lei Arouca).

Os experimentos tiveram início após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal

(CEPA) da Universidade Federal de Sergipe, sob número de protocolo 52/2016 ( Em

anexo).

4.2 Determinação das fases do Ciclo Estral:

Para avaliar a possível interferência das fases do ciclo estral no comportamento

social das fêmeas, fez-se a análise das células presentes no lavado vaginal obtido através

da técnica do esfregaço vaginal. Assim, as ratas residentes foram submetidas ao lavado e

coleta de conteúdo vaginal diariamente. Para tanto, foi utilizada uma pipeta de plástico

contendo salina e que tinha como objetivo a realização do lavado seguido da coleta do

conteúdo vaginal. Na sequência, o lavado fora colocado em uma lâmina e levado para

análise em um microscópio através das objetivas de 10x e 40x. As diferentes fases foram

identificadas de acordo com a presença e prevalência das células encontradas no lavado.

A coleta do conteúdo vaginal foi sempre feita no mesmo horário durante todo o período,

uma vez que a mudança dos ciclos pode ocorrer durante a manhã, tarde ou noite de um

mesmo dia. Não obstante é importante frisar que a coleta do lavado vaginal ocorreu por

15 dias consecutivos antes dos experimentos com o objetivo de acompanhar as variações

do ciclo estral identificando assim as fases e possibilitando a programação dos

experimentos nas fases escolhidas.

30

4.3 Ovariectomia

Com o objetivo de evitar variações hormonais relacionados ao ciclo estral, foi

realizada a cirurgia de remoção dos ovários de algumas ratas, ovariectomia. Para a

remoção dos ovários, os animais foram anestesiados com solução de ketamina

(100mg/kg) e xilazina (10 mg/kg) por via intraperitoneal (i.p). Após a anestesia foi feita

uma tricotomia da região dorsal, entre a a última costela e a coxa, com o animal

posicionado em decúbito ventral. Na sequência, foi realizada uma incisão longitudinal de

aproximadamente três centímetros na pele e tecido subcutâneo. A parede muscular foi

penetrada até ser obtido acesso a cavidade abdominal. O ovário foi localizado e sua

retirada aconteceu após a ligadura da extremidade da tuba uterina, seccionando-se a

porção situada entre a ligadura e o ovário. Após esse procedimento fez-se uma sutura na

parede muscular e na pele. O procedimento foi realizado bilateralmente. No pós-

operatório administrou-se o petanbiótico (0,1 mg/kg, i.m.) para reduzir as chances de

infecção e o aplanol10 (Flunixinameglumina, 0,1 mg/kg, i.m.) para minimizar a dor pós-

operatória. Optou-se por respeitar o tempo mínimo de 1 mês (30 dias) após o

procedimento cirúrgico para que os animais fossem submetidos aos protocolos

experimentais.

4.4 Teste da formalina

O teste da formalina é um modelo de dor associado à lesão tecidual, no qual se

quantifica a resposta comportamental provocada pela injeção subcutânea de formalina

diluída na pata traseira do animal (DUBUISSON; DENNIS, 1977; MARTINS et al.,

2006). Neste teste é possível avaliar dois tipos diferentes de dor ao longo de um período

prolongado de tempo (RANDOLPH, 1997).

Assim, as respostas comportamentais à formalina possuem duas fases: a primeira

é a fase aguda, que se inicia após a injeção de formalina e se estende pelos primeiros 5

minutos (dor neurogênica ou aguda) e a segunda fase, que é a mais prolongada com

atividade comportamental aumentada, que pode durar até cerca de uma hora. A segunda

fase tem início entre 15 e 30 minutos após a injeção de formalina e está relacionada com

a liberação de vários mediadores pró inflamatórios, como bradicinina, prostaglandinas,

serotonina, entre outros (HUNSKAAR; HOLE, 1987).

31

Nos dois dias que antecederam o teste de formalina, os animais foram colocados

na caixa de observação, com paredes de vidro (30x 17x 12 cm), por 10 minutos para

reconhecimento e habituação a condição experimental. Para realização do teste de

formalina os animais receberam injeções subcutâneas de 50 μL de solução de formalina

a 1% na região dorsal da pata posterior esquerda. Após a injeção de formalina,

dependendo do grupo experimental, as ratas tiveram contato com os animais da sua

colônia ou permaneceram isoladas por 20 minutos. Ao termino desse período de contato

ou isolamento os animais foram alocados na caixa de observação onde tiveram suas

respostas comportamentais avaliadas por 40 minutos. Um espelho foi colocado atrás da

caixa de observação para facilitar a observação dos comportamentos dos animais. As

respostas comportamentais analisadas foram o tempo de lambida e quantidade de

sacudidas da pata.

FIGURA 2- Rata Wistar na câmara de observação durante o teste de formalina

Fonte: Gonçalves, 2016, p 25.

4.5 Protocolo Experimental

4.5.1 Experimento I: Avaliação do comportamento de ratas residentes durante a

exposição a coabitantes com dor inflamatória.

Para a realização do presente experimento optou-se por utilizar a divisão entre

ratas residentes e ratas castradas que tinham como objetivo servir de estimulo para a

32

evocação do comportamento social da rata residente. No que tange as ratas residentes as

mesmas não foram submetidas a ovariectomia, já que um dos objetivos da pesquisa foi o

de analisar a influência das variações hormonais ocorridas no ciclo estral no

comportamento social da rata residente. Para isso usou-se ratas residentes nas seguintes

fases do ciclo: Proestro ( concetrações plasmáticas elevadas de progesterona e estrogênio)

e Estro (concetrações hormonais próximas ao basal), caracterizando assim uma distinção

entre os níveis hormonais nas duas fases. Não obstante fez-se a escolha por um grupo

onde todos os animais fossem castrados, possibilitando a análise dos comportamentos

sociais sem a influência dos hormônios sexuais. Como a densidade de animais é de cinco

por caixa, obteve-se então a seguinte distribuição de animais: uma rata residente, uma

rata controle, uma rata salina, uma rata formalina contato social e uma rata formalina

isolada. As ratas formalina contato social e formalina isolada foram utilizadas também no

experimento II para avaliação de suas respostas nociceptivas. O experimento I foi

composto pelos seguintes distribuição dos animais experimentais: Ratas residentes

(RES), Controle (CTRL), Formalina contato social (FCS) e Salina (SAL). A divisão dos

grupos se repetiu afim de realizar os experimentos nos diferentes ciclos supracitados,

sendo realizadas três baterias de experimentos onde as residentes são denominadas:

Residente Estro (RES/ES), Residente Ovariectomizada (RES/OVX) e Residente Proestro

(RES/PRO), sendo alocados para cada um desse grupo de residentes novos animais que

ainda não haviam sido submetidos aos experimentos. Sendo assim, a distribuição dos

grupos ficou como listado abaixo:

Animais Residentes Estro (RES/ES=8): As ratas foram deixadas nas caixas para

interagir com os animais dos outros grupos. De modo que a mesma residente foi

submetida aos três grupos (CTRL, SAL, FORM).

Grupo Controle (CTRL/ES=8): A rata foi retirada da caixa, e após breve

manipulação/contenção, retornou para caixa onde permaneceu por 20 min com a rata

residente estro. Durante o experimento os animais puderam se movimentar livremente no

interior da caixa e os comportamentos foram filmados para posterior análise.

Grupo Salina (SAL/ES= 8): Após a retirada da caixa o animal recebeu uma injeção

de salina na pata posterior esquerda e retornou a caixa com a residente estro. Durante o

experimento os animais puderam se movimentar livremente no interior da caixa e os

comportamentos foram filmados para posterior análise.

Grupo Formalina (FORM/ES= 8): A rata foi retirada da caixa, e após injeção de

formalina a 1% na pata posterior esquerda, retornou para a caixa, onde permaneceu por

33

20 min com a residente estro. Durante o experimento os animais puderam se movimentar

livremente no interior da caixa e os comportamentos foram filmados para posterior

análise.

Animais Residentes Proestro (RES/PROS=8): Essas ratas foram deixadas nas

caixas para interagir com os animais dos outros grupos. De modo que a mesma residente

foi submetida aos três grupos (CTRL, SAL, FORM).

Grupo Controle (CTRL/PROS=8): A rata foi retirada da caixa, e após breve

manipulação/contenção, retornou para caixa onde permaneceu por 20 min com a rata

residente proestro. Durante o experimento os animais puderam se movimentar livremente

no interior da caixa e os comportamentos foram filmados para posterior análise.

Grupo Salina (SAL/PROS= 8): Após a retirada da caixa o animal recebeu uma

injeção de salina na pata posterior esquerda e retornou a caixa com a residente proestro.

Durante o experimento os animais puderam se movimentar livremente no interior da caixa

e os comportamentos foram filmados para posterior análise.

Grupo Formalina (FORM/PROS= 8): A rata foi retirada da caixa, e após injeção

de formalina a 1% na pata posterior esquerda, retornou para a caixa, onde permaneceu

por 20 min com a residente proestro. Durante o experimento os animais puderam se

movimentar livremente no interior da caixa e os comportamentos foram filmados para

posterior análise.

Animais Residentes Ovariectomizadas (RES/OVX=8): Essas ratas foram

deixadas nas caixas para interagir com os animais dos outros grupos. De modo que a

mesma residente será submetida aos três grupos supracitados (CTRL, SAL, FORM).

Grupo Controle (CTRL/OVX=8): A rata foi retirada da caixa, e após breve

manipulação/contenção, retornou para caixa onde permaneceu por 20 min com a rata

residente ovariectomizada. Durante o experimento os animais puderam se movimentar

livremente no interior da caixa e os comportamentos foram filmados para posterior

análise.

Grupo Salina (SAL/OVX= 8): Após a retirada da caixa o animal recebeu uma

injeção de salina na pata posterior esquerda e retornou a caixa com a residente

ovariectomizada. Durante o experimento os animais puderam se movimentar livremente

no interior da caixa e os comportamentos foram filmados para posterior análise.

Grupo Formalina Contato Social (FORM/OVX= 8): A rata foi retirada da caixa,

e após injeção de formalina a 1% na pata posterior esquerda, retornou para a caixa, onde

permaneceu por 20 min com a residente ovariectomizada. Durante o experimento os

34

animais puderam se movimentar livremente no interior da caixa e os comportamentos

foram filmados para posterior análise.

Foram avaliados como parâmetros comportamentais da residente: o tempo de

latência para o primeiro contato e a duração total do contato.

O tempo de latência pode ser definido como o tempo que a rata residente leva para

direcionar comportamentos ativos para a coespecífica. A duração de contato foi definida

como o tempo que a rata residente passava dispendendo comportamentos e direção a

coabitante, comportamentos esses como: lambedura da região anogenital, montação,

lambedura dorso e da região do fucinho.

Os animais dos grupos controle, formalina e salina constituíram estímulos para

avaliação do comportamento social das ratas residentes.

É importante frisar que com exceção das ratas residentes que não sofreram a

cirurgia para retirada dos ovários (Proestro e Estro), todos os outros grupos foram

compostos por ratas ovariectomizadas.

20 minutos

20 minutos

20 minutos

FIGURA 3- Representação esquemática das etapas realizadas com os grupos do Experimento I.

35

4.5.2 Experimento II: Avaliação do efeito do contato social no comportamento álgico

de ratas submetidas ao teste de formalina.

Nesse experimento participaram os grupos: Grupo Formalina Contato Social

(FCS= 8), o qual participou do experimento I e o Grupo Formalina Isolado (FI= 8) o qual

recebeu a administração da formalina (1%) e logo após foi submetido a um período de

isolamento de 20 minutos. Após o término do experimento I os animais dos grupos

FCS/ES, FCS/PRO, FCS/OVX e FIS tiveram suas respostas nociceptivas avaliadas por

40 minutos. Os parâmetros utilizados para avaliação das respostas nociceptivas foram o

tempo de lambida e o número de sacudidas.

4.6 Eutanásia dos animais

A indução da morte dos animais submetidos aos protocolos experimentais foi

realizada com aplicação de dose excessiva de anestésico.

Para a dose excessiva de anestésico, a anestesia foi induzida por meio da saturação

da atmosfera de uma câmara hermeticamente fechada contendo algodão embebido com o

anestésico inalatório Isoflurano. Não houve contato direto do animal com o algodão.

4.7 Análise dos resultados

Os dados foram expressos em valores médios ± o erro padrão da média (EPM).

Para o tempo de latência os grupos experimentais foram comparados por meio de análise

40 minutos

40 minutos

FIGURA 4- Representação esquemática das etapas realizadas com os grupos do Experimento II.

36

de variância (ANOVA) de duas vias para medidas não repetidas; em se tratando da

duração do contato, a princípio foi feita uma ANOVA de três vias com o objetivo de

verificar a existência de interação entre os fatores tempo, tratamento e ciclo. Além disso,

na ausência de interação realizou-se uma ANOVA de duas vias para medidas repetidas

com as variáveis tempo (fator repetido) e o tratamento (fator independente) ou a

ANOVA de uma via quando a comparação foi feita com base no tempo total. Na

comparação das respostas nociceptivas de número de sacudidas da pata ou tempo de

lambida utilizou-se ANOVA duas vias. Quando necessário avaliar as diferenças entre os

grupos foi utilizado o pós-teste de Bonferroni para duração do contato em intervalos de

tempo, número de sacudidas da pata, tempo de lambida. Os dados foram considerados

estatisticamente significantes para p < 0,05. Para realização das análises foi utilizado o

software SPSS 22.0 e o GraphPad Prism 6.0.

37

5. RESULTADOS

5..1 Experimento I: Avaliação do comportamento de ratas residentes durante a

exposição a coabitantes em diferentes condições nociceptivas.

5.1.1 Latência para o contato

A comparação entre os tempos de latência de todos os grupos (fases do ciclo vs

tratamentos) com uma ANOVA de duas vias, mostrou não existir interação entre os

fatores (F (4,63) = 2.126 p = 0,0879). Vale ressaltar que o tempo de latência é uma medida

que visa avaliar quanto tempo o animal residente leva para buscar o coabitante (Figura

5).

FIGURA 5- Latência para o contato, em segundos, entre a rata residente ovariectomizadas (OVX), no

estro (ES) ou proestro (PRO) com os animais dos grupos Controle (CTRL) , Salina (SAL) ou Formalina

(FORM) (n= 8 por grupo). Dados são expressos como Média ± EPM.

CTRL SAL FORM0

5

10

15 RES/OVX

RES/ES

RES/PRO

Latê

ncia

para

Co

nta

to (

s)

5.1.2 Duração de Contato

No que tange os resultados da duração do contato entre as ratas residentes

(OVX/ES/PRO) de todos os grupos com os animais dos grupos CTRL, SAL e FORM nas

variadas condições experimentais em diferentes intervalos de tempo, utilizou-se uma

ANOVA de três vias para medidas repetidas. Observou-se não existir interação entre os

38

fatores Fase do Ciclo, Tratamento e Tempo (F= (12,189) = 0.591 p= 0,848) de modo que se

optou por prosseguir as análises posteriores de modo detalhado e fragmentado (Figura 6).

FIGURA 6- Duração, em segundos, do contato das ratas residentes ovariectomizadas (OVX), no estro (ES)

ou proestro (PRO) com os animais dos grupos Controle (CTRL) , Salina (SAL) ou Formalina (FORM) ao

longo do tempo. (n =8 por grupo). Dados expressos como Média ± EPM. (ANOVA de três vias para

medidas repetidas).

0-5 5-10 10-15 15-200

50

100

150CTRL OVX

CTRL ES

CTRL PRO

SAL OVX

SAL ES

SAL PRO

FORM OVX

FORM ES

FORM PRO

Tempo (min)

Du

ração

do

co

nta

to (

seg

)

A comparação do tempo total de contato entre as fases do ciclo com auxílio de

uma ANOVA de duas vias mostrou haver interação entre as fases do ciclo nos diferentes

tratamentos (F (4,63) = 5,066, p=0,0013). No que diz respeito ao grupo de residentes

ovariectomizadas (RES/OVX) observou-se diferença significativa quando comparadas

com as residentes estro (p < 0,05) e com as residentes no proestro (p< 0,001) somente

quando em contato com ratas FORM. Assim quando em contato com coabitantes com

dor inflamatória, as ratas OVX apresentaram maior duração do contato comparado aos

outros dois grupos. Além disso, considerando a mesma situação experimental, o grupo de

RES/ES mostrou maior duração de contato (p<0,05) que o grupo RES/PRO. Em todos

os outros tratamentos não se observou diferença estatística significativa (Figura 7).

39

FIGURA 7- Duração, em segundos, do contato da rata ovariectomizadas (OVX), no estro (ES) ou proestro

(PRO) com os animais dos grupos Controle (CTRL) , Salina (SAL) ou Formalina (FORM) (n =8 por

grupo). Dados expressos como Média ± EPM. ***p < 0,001, *p < 0,05, #p < 0,05 (ANOVA de duas vias

seguida de pós-test de Bonferroni).

CTRL SAL FORM0

50

100

150

200

250RES/OVX

RES/ES

RES/PRO#

***

*

Tem

po

de c

on

tato

(s)

Na avaliação da duração do contato do grupo RES/OVX nas diferentes condições

álgicas das ratas coabitantes mostrou diferença estatística significativa (F (2,23) = 34,85, p

< 0,0001; ANOVA). O pós teste mostrou que o tempo de contato entre a rata residente e

as coabitantes do grupo formalina foi maior que a duração do contato com as ratas CONT

e SAL, não havendo diferença entre os grupos SAL e CTRL ( Figura 8).

FIGURA 8- Duração, em segundos, do contato da rata residente ovriectomizada com ratas dos grupos

Controle (CTRL) Salina (SAL) ou Formalina (FORM). (n =8 por grupo). Dados expressos como Média ±

EPM. *p<0,05 quando comparado com os demais grupos (ANOVA seguida de pós-test de Bonferroni).

RES/OVX

CONT SAL FORM0

50

100

150

200

250 *

Du

ração

do

co

nta

to (

seg

)

40

No grupo ES a comparação do tempo de contato nos diferentes estímulos

nociceptivos mostrou diferença significativa entre os grupos (F (2,23) = 14,2, p < 0,0001;

ANOVA). Assim, a residente apresentou maior tempo de contato com ratas do grupo

FORM, quando comparado com os grupos CTRL ( p< 0,05), e SAL (p<0,05), não

havendo diferença entre os grupos SAL e CTRL ( Figura 9).

FIGURA 9- Duração, em segundos, do contato do rata residente estro com ratas dos grupos Controle

(CTRL) Salina ( SAL ) ou Formalina (FORM). (n =8 por grupo). Dados expressos como Média ± EPM.

*p<0,001 quando comparado com os grupos CTRL e SAL (ANOVA seguida de pós-test de Bonferroni).

RES/ES

CONT SAL FORM0

50

100

150

200

250

*

Du

ração

do

co

nta

to (

seg

)

A comparação pelo ANOVA da aplicação de diferentes estímulos nociceptivos na

duração do contato de ratas na fase de proestro, mostrou haver diferença significativas

entre os grupos (F (2,23) = 11,08; p = 0,0005). A aplicação do pós teste mostrou que o as

ratas em proestro tiveram maior duração no contato com as ratas com dor inflamatória

(grupo FORM) quando comparadas com as ratas controle, mas não foram diferentes das

do grupo salina. O grupo salina não foi diferente do controle (Figura 10).

41

FIGURA 10- Duração, em segundos, do contato da rata residente proestro com ratas dos grupos Controle

(CTRL) Salina ( SAL ) ou Formalina (FORM). (n =8 por grupo). Dados expressos como Média ± EPM.

*p=0,0005, quando comparado com o CTRL. (ANOVA seguida de pós-test de Bonferroni).

RES/PRO

CONT SAL FORM0

50

100

150

200

250

*

Du

ração

do

co

nta

to (

seg

)

As ratas residentes despenderam uma variada gama de comportamentos sociais

em direção ao animal formalina, sendo observados principalmente: lambedura da pata e

da região anogenital e comportamento de monta (apoiando as patas dianteiras sobre o

dorso do animal lesionado). No grupo CTRL ocorreu excesso de comportamento

exploratório por parte de ambos os animais e no grupo SAL apenas nos primeiros

momentos ocorreram comportamentos de lambedura e de monta.

5.1.3 Duração do tempo de contato em intervalos

No que tange os resultados da duração do contato entre as ratas residentes

ovariectomizadas com os animais dos grupos CTRL, SAL e FORM em diferentes

intervalos de tempo, utilizou-se uma ANOVA de duas vias para medidas repetidas,

seguidas pelo pós teste de Bonferroni. A aplicação do teste estatístico mostrou haver

interação do tempo vs tratamento (F (6,63) = 2,74: p = 0,0198), indicando um efeito do

tratamento ao longo do tempo (Figura 11). O pós- teste de Bonferroni mostrou haver

maior duração do contato dos animais residentes com os animais do grupo FORM, nos

intervalos de 0 -5 (p< 0,0001), 10-15 (p< 0,0001) e 15 – 20 min (p< 0,05), em relação aos

animais do grupo CTRL e SAL. Ao comparar o grupo SAL com o CTRL encontrou-se

diferença apenas nos primeiros cinco minutos 0-5 (p< 0,05; Figura 11).

42

FIGURA 11- Duração, em segundos, do contato da rata residente ovariectomizada com animais dos grupos

Controle (CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) ao longo do tempo (n =8 por grupo). ***p< 0.0001,

*p< 0,05, quando comparados com CTRL e FORM e #p<0,05 quando comparado com o CTRL. Dados

expressos como Média ± EPM. (ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguida pelo pós-teste de

Bonferroni).

RES/OVX

0-5 5-10 10-15 15-200

50

100

150CTRL

SAL

FORM

#

***

***

*

Tempo (min)

Du

ração

do

co

nta

to (

seg

)

Ao analisar os dados da duração do contato entre as ratas residentes na fase de

Estro com os animais dos grupos CTRL, SAL e FORM em diferentes intervalos de tempo,

utilizou-se uma ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguidas pelo pós teste de

Bonferroni. A aplicação do teste estatístico mostrou haver interação do tempo vs

tratamento ((F (6,63) = 6,75: p < 0,0001), indicando um efeito do tratamento ao longo do

tempo. A grupo FORM apresentou duração do contato maior que os grupos CTRL e SAL

nos tempos de 0-5 (p< 0,01) e nos tempos de 15-20 (p < 0,05). Por fim ao comparar o

grupo CTRL com o SAL apenas observou-se diferença no tempo de 0-5 (p < 0,001; Figura

12).

43

FIGURA 12- Duração, em segundos, do contato da rata residente estro com animais dos grupos Controle

(CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) em diferentes intervalos de tempo. (n =8 por grupo).. ###p<

0,001, quando comparado com o CTRL, ***p< 0,01 e p<*0,05 quando comparados com o CTRL e SAL.

Dados expressos como Média ± EPM. (ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguida pelo pós-

teste de Bonferroni).

RES/ES

0-5 5-10 10-15 15-200

50

100

150CTRL

SAL

FORM

###

***

*

Tempo (min)

Du

raç

ão

do

co

nta

to (

se

g)

Os resultados da duração do contato entre as ratas residentes na fase de Proestro

com os animais dos grupos CTRL,SAL e FORM em diferentes intervalos de tempo foram

analisados através de uma ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguidas pelo

pós teste de Bonferroni. A aplicação do teste estatístico mostrou haver interação do tempo

vs tratamento (F (6,63) = 9,23; p < 0,0001), indicando um efeito do tratamento ao longo do

tempo. O grupo FORM apresentou maior duração do contato que o CTRL no tempo de

0-5 (p< 0,001). Por fim ao comparar o grupo CTRL teve menor duração do contato que

grupo SAL no tempo de 0-5 (p < 0,001; Figura 13).

44

FIGURA 13- Duração, em segundos, do contato da rata residente proestro com animais dos grupos

Controle (CTRL), Salina (SAL) e Formalina (FORM) em diferentes intervalos de tempo. (n =8 por grupo).

*** p< 0,001 e ### p<0,001 quando comparados com o CTRL. Dados expressos como Média ± EPM.

(ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguida pelo pós-teste de Bonferroni).

RES/PRO

0-5 5-10 10-15 15-200

50

100

150CTRL

SAL

FORM

###

***

Tempo (min)

Du

raç

ão

do

co

nta

to (

se

g)

Como se pode observar as residentes ovariectomizadas RES/OVX e no período

do ciclo Estro RES/ES, apresentaram comportamentos semelhantes, direcionando uma

gama de comportamentos ativos para o animal formalina nos períodos iniciais e finais 0-

5 e 15-20, em um primeiro momento esses animais exibiam comportamentos de

lambedura da pata lesionada ou da região anogenital, no segundo momento ocorriam

comportamentos de monta, lambedura do dorso e da região da cabeça do coabitante, algo

que apenas ocorreu nos primeiros 0-5 no grupo composto por residentes proestro

RES/PRO . Outro ponto que fica nítido é a existência de uma maior atividade encontrada

entre as residentes para com o animal SAL apenas nos primeiros minutos (0-5) em todos

os grupos de residentes. Em se tratando do animal CTRL, em todos os grupos a residente

apenas exibiu comportamentos de exploração com relação a caixa, não despendendo

comportamentos ativos para com os animais do grupo. No que se refere as residentes no

proestro RES/PRO, observou-se o direcionamento de comportamentos agressivos em

direção a coabitante, algo não observado nas outras fases do ciclo.

5.2 Experimento II: Avaliação do efeito do contato social no comportamento álgico de

ratas submetidos ao teste de formalina.

45

As respostas nociceptivas avaliadas foram o número de sacudidas e tempo de

lambida da pata posterior esquerda. Com relação ao número de sacudidas dos animais

que tiveram contato com a residente ovariectomizada e ao grupo isolado: Após aplicação

da ANOVA de duas vias para medidas repetidas observou-se não haver interação entre

as variáveis tipo de contato e tempo (F(7,98)= 1,571; p = 0,153), indicando não existir efeito

do tipo de contato ao longo do tempo( Figura 14).

FIGURA 14- Número de sacudidas da pata dos animais que receberam formalina na pata e tiveram contato

com ratas ovariectomizadas (RES/OVX) ou ficaram isoladas (ISOL) (n=8 animais por grupo). Dados

expressos como Média ± EPM. (ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguida pelo pós-teste de

Bonferroni).

0-5

5-10

10-1

5

15-2

0

20-2

5

25-3

0

30-3

5

35-4

0

0

50

100

150

200

ISOL

RES/OVX

Tempo (min)

mero

de S

acu

did

as

Em se tratando do número de sacudidas dos animais que tiveram contato com a

residente estro e ao grupo isolado, após a realização da ANOVA de duas vias para

medidas repetidas observou-se não haver interação entre as variáveis tipo de contato e

tempo (F(7,98)= 0,635; p = 0,725), indicando não existir efeito do tipo de contato ao longo

do tempo ( Figura 15).

46

FIGURA 15- Número de sacudidas da pata dos animais que receberam formalina na pata e tiveram contato

com ratas no estro (RES/ES) ou ficaram isoladas (ISOL). (n=8 animais por grupo). Dados expressos como

Média ± EPM. (ANOVA de duas vias para medidas repetidas, seguida pelo pós-teste de Bonferroni).

0-5

5-10

10-1

5

15-2

0

20-2

5

25-3

0

30-3

5

35-4

0

0

50

100

150

200

RES/ES

ISOL

Tempo (min)

mero

de S

acu

did

as

Após aplicação da ANOVA de duas vias para medidas repetidas para análise dos

animais que haviam tido contato com a residente proestro e ao grupo isolado observou-

se não haver interação entre as variáveis tipo de contato e tempo (F (7,98)= 1,186; p =

0,318), indicando não existir efeito do tipo de contato ao longo do tempo. Após realização

do pós teste de Bonferroni constatou-se diferença entre os animais nos momentos de: 0-

5 ,10-15,15-20,20-25, 25-30 ocorrendo uma diminuição no número de sacudidas por parte

dos animais que tiveram contato com as ratas no proestro (Figura 16).

47

FIGURA 16- Número de sacudidas da pata dos animais que receberam formalina na pata e tiveram contato

com ratas no proestro (RES/PRO) ou ficaram isoladas (ISOL). (n=8 animais por grupo). Dados expressos

como Média ± EPM. *p<0,05 ** p< 0,01 quando comparado com o grupo ISOL (ANOVA de duas vias

para medidas repetidas, seguida pelo pós-teste de Bonferroni).

0-5

5-10

10-1

5

15-2

0

20-2

5

25-3

0

30-3

5

35-4

0

0

50

100

150

200

RES/PRO

ISOL

***

**** *

Tempo (min)

mero

de S

acu

did

as

Com relação ao tempo de lambida a aplicação da ANOVA não haver diferença

significativa entre os grupos (F(3,31)= 0,206; p = 0,891). (Figura 17).

FIGURA 17- Duração do tempo de lambida, em segundos, dos animais que receberam formalina na pata

e tiveram contato com ratas ovariectomizadas (RES/OVX), na fase de estro (RES/ES), no proestro

(RES/PRO) ou ficaram isoladas (ISOL) (n=8 animais por grupo). Dados expressos como Média ± EPM.

(ANOVA de duas vias para medidas não repetidas).

ISOL RES/OVX RES/ES RES/PRO0

100

200

300

Tem

po

de L

am

bid

a (

seg

)

48

6. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência das variações hormonais

no contato social entre ratas residentes e com dor inflamatória, assim como também o

efeito desse nas respostas nociceptivas dessas ratas. Os resultados encontrados apontaram

que o contato social foi modificado pelo tipo de estimulo nociceptivo. Indicando que a

rata residente foi capaz de identificar a condição álgica da coabitante, despendendo para

esta atenção diferenciada quando em comparação ao controle. Não obstante observou-se

que a quantidade e a variedade de comportamentos sociais dispendidos pela residente

variaram de acordo com a fase do ciclo que a mesma se encontrava. Neste sentido, as

residentes ovariectomizadas mostraram maior tempo de contato que as fêmeas no estro e

no proestro, diferença essa ocorrendo também quando se comparou o grupo estro com o

proestro.

Alguns estudos apontam a existência de comportamentos pró-sociais por parte dos

roedores. Esses estudos submetem animais a situações potencialmente estressoras de

caráter doloroso ou não, e tem encontrado como resposta alterações comportamentais

relacionadas a condição em que co-específico se encontra, sejam elas através do aumento

da sensibilidade dolorosa, ou através de ações deliberadas com o intuito de libertar o

coabitante em situações de aprisionamento (MARQUEZ et al. 2015; SATO et al. , 2015;

BARTAL et al. , 2014; LANGFORD et al. , 2006).

Com o objetivo de analisar a existência de um perfil pró-social por parte de

roedores, ratos foram submetidos a condições onde um dos sujeitos tinha acesso a comida,

o outro era submetido a uma situação potencialmente estressora (afogamento). O rato em

situação definida como confortável despendeu uma variedade de comportamentos

direcionados ao co-específico afim de libertá-lo, isso ocorrendo independente de

recompensa ou auto-benefício (SATO, 2015).

Os resultados trazidos por Marquez (2015) mostraram que roedores atuavam de

forma deliberada para fornecer alimento a um co-específico mesmo na ausência de

compensação, apontando a existência de algum mecanismo relacionado a reciprocidade

atuando de forma pró-empática. Assim, esses animas eram submetidos a duas situações

distintas onde poderiam atuar de forma a só permitirem a liberação de alimento para eles

mesmos, ou atuar de forma empática, liberando comida para o co-específico observou-se

assim um maior número de escolhas pró-sociais (MARQUEZ, 2015).

49

A literatura aponta que roedores são capazes de reconhecer estados afetivos em

coabitantes, de modo que esse tipo de comportamento se assemelha ao do tipo empatia

em humanos (KEUM e SHIM, 2016). Atualmente um grande número de pesquisas tem

mostrado a relação entre dor e alterações no comportamento de roedores (LANGFORD

et al., 2006; CHEN et al., 2015; JEON et al., 2010). Em experimento onde os animais

eram expostos a uma situação em que o coabitante era submetido ao aprisionamento, o

animal que poderia agir de forma deliberada, optou por despender uma gama de

comportamentos com o intuito de libertar o co-específico (BARTALL et al 2014).

Em nosso estudo observamos o contato social foi estimulado e determinado pelo

tipo resposta álgica da rata coabitante. Nesse sentido houve a diferenciação entre os tipos

de estímulos nociceptivos, já que se observou que nas ratas que receberam injeção de

salina na pata o contato com a residente ocorreu principalmente nos primeiros 5 minutos

e nas ratas com dor inflamatória (formalina) o contato social foi bifásico, ocorrendo no

primeiro nos cinco minutos iniciais e retornando após quinze minutos de aplicação do

estimulo. Além disso, na ausência de estimulo nocivo o contato social entre a rata

residente e coabitante foi reduzido. Demostrando que a rata residente foi capaz de

distinguir entre as condições sensoriais da coabitante e a partir disso modificar a

expressão comportamental incorporando respostas pró-sociais.

No caso da dor inflamatória vale lembrar que o teste da formalina atua de forma

bifásica e as respostas comportamentais à formalina possuem duas fases: a primeira é a

fase inicial aguda, que se inicia após a injeção de formalina e se estende pelos primeiros

5 minutos (dor neurogênica ou aguda) e a segunda fase, que é a mais prolongada com

atividade comportamental aumentada, que pode durar até cerca de uma hora. A segunda

fase tem início entre 10 e 30 minutos após a injeção de formalina e está relacionada com

a liberação de vários mediadores pró-inflamatórios, como bradicinina, prostaglandinas,

serotonina, entre outros (HUNSKAAR e HOLE,1987). Nossos resultados sugerem que

no caso da formalina as ratas residentes conseguiram perceber alterações no padrão

comportamental da coabitante durante as diferentes fases do teste, despendendo assim

comportamentos sociais de forma bifásica.

Os animais controles aqueles que eram apenas submetidos a manipulação e

retornavam para a caixa eliciaram apenas comportamentos exploratórios nos residentes,

mostrando que a ausência de estímulo doloroso de certo modo não modificou o padrão

de interação na caixa. Os animais do grupo salina evocaram respostas de maior contato

no residente durante os primeiros cinco minutos de teste, essas eram caracterizadas pelo

50

ato de lamber a pata lesionada e a região anogenital da coabitante. Uma explicação para

a evocação do comportamento em relação a SAL seria o fato da lesão aguda provocada

pela injeção.

De modo geral o comportamento de lambedura da pata sugere a possibilidade da

existência de um comportamento pró-empático que pode ser interpretado como uma

tentativa de diminuir o sofrimento do rato machucado. Sendo esta inclusive uma das

respostas comportamentais apresentadas pelos animais ao longo do teste de formalina.

Com base nos resultados não acreditamos que o odor da formalina tenha motivado o

processo de busca pelo coabitante, caso contrário esse contato não ocorreria de forma

bifásica podendo ocorrer somente no início ou durante todo o tempo. Além disso, no

grupo proestro as ratas residentes não apresentaram contato social nos minutos finais.

Alguns autores tendem a classificar os comportamentos de acordo com o seu

direcionamento, subdividindo os seus tipos em: comportamentos sociais de investigação

que podem ser expressos através das ações de cheirar e lamber o coabitante,

comportamentos tidos como diretos que são aqueles relacionados a monta (entendidos

como uma postura de dominância), comportamentos atentos que são os relacionados a

perseguição e a busca pelo outro na caixa e por fim os agressivos caracterizados por

mordidas (MOURA e XAVIER,2010).

Em nosso estudo observou-se assim uma variada gama de comportamentos de

investigação diretos e de atenção para com relação ao coabitante lesionado, como as ações

de cheirar e lamber o coabitante, excessivo deslocamento na caixa sempre em direção ao

coespecifico, comportamento de monta. Em se tratando dos animais controles, apenas

comportamentos do tipo exploratório foram despendidos pela rata residente.

No que tange os animais formalina constatou-se uma maior interação nos

primeiros cinco minutos caracterizada pelas investidas da residente sobre o animal

lesionado, sendo os principais comportamentos observados os de lambedura de pata e da

região anogenital, nos minutos finais de teste que se relacionam a dor inflamatória (15 a

20 min) a residente mostrou comportamento de limpeza do coabitante (lambedura da

região do dorso e da cabeça), o posicionamento das patas sobre o animal e a busca pelo

posicionamento próximo do animal lesionado. Durante os outros quadrantes temporais (5

– 15min) a interação social, assim como também o repertorio comportamental descrito

acima caiu consideravelmente, existindo a predominância apenas de comportamentos

exploratórios em relação a caixa por parte dos dois animais.

51

Em estudo recente do nosso grupo, encontrou-se como resultado que machos são

capazes de reconhecer o componente álgico em coabitantes quando em comparação com

os animais do grupo controle, assim como também direcionar alguns comportamentos

ativos em direção ao co-especifíco (GONÇALVES, 2016).

Como mencionado um dos objetivos do presente estudo foi a análise das possíveis

influencias das variações hormonais do ciclo estral no comportamento social de ratas com

dor inflamatória, para isso fez-se uso de dois grupos de residentes que tinham o seu ciclo

regular: Estro, Proestro e apenas um com ratas ovariectomizadas que não apresentavam

variações hormonais. As ratas residentes dos grupos Estro e Ovarietomizadas mostraram

comportamentos semelhantes na presença de coabitantes nas diferentes condições álgicas.

Por outro lado, as ratas no Proestro (esse caracterizado pela maior taxa hormonal de todo

ciclo) apresentaram pouco interesse na rata coabitante nos últimos cinco minutos. Além

de apresentarem comportamentos agressivos nos primeiros cinco minutos de

experimento.

O ciclo estral é caracterizado por variações nas concentrações dos hormônios

gonadais. Em se tratando desses hormônios observa-se a menor concentração de

estrogênio durante a fase denominada estro, ocorrendo um aumento durante o metaestro

e o seu pico durante a fase denominada proestro. Em se tratando da progesterona, observa-

se um pico durante o metaestro e outro pico durante o proestro. De forma resumida ocorre

um aumento gradativo dos níveis de estrogênio e progesterona durante o proestro (LEAL,

2015).

Aparentemente notou-se a existência do comportamento empático independente

das concentrações hormonais. Contudo durante o proestro os hormônios presentes

causam redução do comportamento empático e favorecimento na expressão de

comportamentos agressivos. Uma hipótese para isso seria a alta concentração de

hormônios gonadais que caracteriza essa fase, assim como também o aumento da

expressão dos receptores para esses hormônios na região do sistema límbico, o que pode

influenciar de algum modo o comportamento da residente no proestro (VARGAS, 2016).

Não obstante como fora citado anteriormente o proestro é marcadamente característico

pelas altas concentrações de estrogênio, esse estando relacionado a liberação do

corticosterona, hormônio esse relacionado a respostas de estresse (FIGUEIREDO, 2006).

É um consenso a existência de receptores específicos para hormônios gonadais

localizados na região do encéfalo, inclusive em regiões que compõem o sistema límbico

como o hipotálamo e a amigdala. Assim, a alta desses hormônios pode estar diretamente

52

ligada a modificações nas respostas comportamentais (FIGUEIREDO 2016; VARGAS

et al 2016; LOVICK, 2014; BARHA e GALEA, 2010).

Segundo Vargas et al (2016) a expressão de receptores de estrogênio em regiões

cerebrais como a amigdala e o núcleo dorsal da rafe, concomitante com as altas

concentraçõe hormonais justificam as mudanças em níveis cognitivos e emocionais das

fêmeas (VARGAS et al 2016).

Em nosso estudoas ratas no estro ou ovariectomizadas mostraram

comportamentos pró sociais como os de lambedura da região anogenital, lambedura do

dorso e da cabeça, assim como busca por uma localização mais próxima do coabitante

com dor. Isso ocorreu durante os primeiros cinco minutos nos animais salina e formalina,

e nos últimos cinco minutos nos animais formalina (repetindo o padrão geral). Entretanto,

na fase de proestro as ratas apresentaram maior expressão de comportamentos sociais nos

primeiros cinco minutos, sem aumento nos últimos cinco minutos de experimento. Além

disso, durante o proestro as ratas residentes apresentaram comportamentos do tipo

agressivos em direção às ratas com dor inflamatória nos últimos cinco minutos. Tais

resultados sugerem que durante o proestro ocorre diminuição dos comportamentos sociais

do tipo empático, provavelmente tal alteração seja mediada por fatores hormonais e/ou

alteração na liberação de neurotransmissores em áreas encefálicas envolvidas com a

modulação de tais comportamentos.

As flutuações hormonais relacionadas ao ciclo estral, influenciam de forma direta

o eixo hipotalâmico- hipofisário, agindo na secreção do hormônio liberador de

corticotrofina (CRH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e da corticosterona. O

aumento dos níveis fisiológicos de estradiol e progesterona relacionados com a fase do

proestro, resultam em um aumento na liberação de hormônios como o cortisol

(MARCONDES, TANNO, 2002). Neste sentido, ratas com maiores concentrações de

estrogênio apresentaram maiores concentrações séricas de corticosterona comparadas a

ratas ovariectomizadas (FIGUEIREDO et al., 2006). Assim um aumento nas

concentrações de progesterona, estrogênio e corticosterona, poderiam justificar a

diferença de repertório comportamental apresentado entre os ciclos, aumentando a

sensibilidade a eventos estressores, e a comportamentos do tipo agressivo.

Existe também no Proestro, um aumento da progesterona não somente de origem

folicular, mas também de origem adrenal. Esse aumento é acompanhado por uma

elevação da atividade adrenal, relacionada com o período pré-ovulatório e consequente

elevação da secreção de corticosterona (RODRIGUES, 2005).

53

Atualmente a literatura relata a existência de comportamentos empáticos por parte

de roedores, esses estudos relatam um amplo repertorio comportamental por parte dos

sujeitos em direção ao co-específico em diferentes situações como: percepção de

componentes álgicos em familiares, comportamentos ativos para libertar um companheiro

de caixa ou até mesmo a construção de relações empáticas entre linhagens diferentes de

animais que haviam sido criadas juntas (SIVASELVACHANDRAN et al 2016; KEUM

e SHIN,2016; MOGIL,2012; BARTAL,2014; LANGFORD, 2006.)

Com base no que foi abordado acima pode-se inferir que nas variadas fases do

ciclo estral pode se observar a ocorrência de comportamentos pró-sociais. O mesmo

podendo variar com relação a sua quantidade de acordo com as fases. Em resumo

observou-se uma maior interação entre ratas castradas e ratas no estro quando comparadas

com ratas no proestro, essas ultimas direcionando comportamentos agressivos para a

coespecífica em situação dolorosa.

Em relação ao efeito do contato social na dor inflamatória de ratas, não se

constatou diferença entre os grupos pertencentes as ratas castradas ou ratas estro em

comparação as ratas do grupo sem contato social, apesar do maior tempo de contato

social. Contudo as ratas coabitantes que tiveram contato com as residentes no proestro

apresentaram hipoalgesia de longa duração, nos períodos que sucederam o contato.

Porém, um fator interessante e que pode ser levado em consideração é o que se refere ao

fato de que no grupo proestro onde os comportamentos considerados como pró sociais

foram despendidos somente no início e no restante do tempo se observou comportamentos

agressivos. Uma hipótese para isso seria a ocorrência de uma analgesia por estresse e

modulada pela liberação de opioides endógenos.

A exposição a um predador ou a co-específicos agressivos pode ocasionar lesões

corporais, neste sentido a ocorrência de antinocicepção permite que o animal ameaçado

possa utilizar os comportamentos de luta ou fuga, congelamento, entre outros, sem a

necessidade de interromper os comportamentos defensivos e iniciar respostas

recuperativas direcionadas a injuria (BOLLES E FANSELOW, 1980).

A analgesia por estresse depende da ativação de um circuito envolvendo a

substancia cinzenta periaquedutal, bulbo rostral ventro medial e corno dorsal da medula

espinal. Além dessas estruturas, estudos apontam para o envolvimento do ACC na

analgesia por estresse. A desativação de neurônios do ACC através de estimulação

eletrofisiológica acarretou em diminuição de componentes relacionados ao medo

observacional e respostas nociceptivas (JEON et al 2010). Estudos neuroanatômicos

54

mostraram que o ACC envia projeções para a SCP (FLOYD et al., 2000; PRICE, 2000).

Além disso, a SCP emite projeções para RVM e locus ceruleus (LC) e a estimulação

elétrica ou química do LC libera noradrenalina no CDME produzindo analgesia,

denominada de noradrenérgica. Já o RVM contém opióides endógenos que estão

relacionados com a desinibição de neurônios gabaérgicos e consequentemente ativação

da via descendente inibitória da dor (PATEL, 2010; NOBACK et al., 2005). Assim,

dependendo do circuito descendente ativado podemos observar analgesia do tipo opióide

ou não-opóide (adrenérgica) (GERARD, 2009).

Um dos critérios para definir se a analgesia foi opioide ou não, leva em

consideração sua duração, a analgesia noradrenégica é de caráter rápido totalizando no

máximo 10 minutos e estando relacionada a respostas de luta ou fuga, entretanto a do tipo

opioide tem duração de 40 minutos, sendo observada em situações de congelamento,

imobilidade tônica e em respostas defensivas passivas onde a possibilidade de fuga

inexiste (RODGERS e RANDALL,1987).

As ratas que haviam sido submetidas ao contato com a residente proestro,

mostravam respostas comportamentais de imobilidade quando na presença da residente.

Tais comportamentos suportam a hipóteses da ocorrência de analgesia defensiva após o

contato com ratas em proestro. Contudo a confirmação de tal hipótese dependeria de

estudos com antagonistas opioides, como por exemplo a naloxona.

Entretanto as ratas submetidas às ratas residentes ovariectomizadas ou no estro

não apresentaram redução nas respostas nociceptivas quando comparadas com as ratas

que haviam tido contato com a rata proestro. Uma hipótese para isso é a de que o contato

reduza a percepção do estimulo nociceptivo somente durante o contato, porém, não induz

analgesia. Sendo assim, a redução dos comportamentos nociceptivos ocorre apenas

durante o contato ou por um curto período após e com a interrupção do contato após os

20 minutos o animal com dor inflamatória retoma suas respostas nociceptivas.

O presente trabalho partiu da hipótese de que o contato social entre ratas residentes

e coabitantes em diferentes condições nociceptivas sofre influência das flutuações

hormonais oriundas do ciclo estral. Assim sendo observou-se que nas diferentes

condições experimentais ratas ovariectomizadas e no estro mostraram comportamentos

pró-ativos em direção as co-específicas, entretanto a intensidade desses comportamentos

variou com o tipo de estimulo nocivo. Não obstante as ratas residentes no proestro

apresentaram comportamentos agressivos e não exibiram o padrão comportamental

observado nos grupos citados anteriormente. Assim sendo reitera-se a hipótese de que os

55

hormônios gonadais e as flutuações do mesmo em decorrência do ciclo estral podem

influenciar o contato social de ratas.

56

7. CONCLUSÃO

Com base nos resultados pode se concluir que os comportamentos sociais das ratas

residentes são estimulados pela condição álgica de um co-especifico independente da fase

do ciclo. Entretanto a fase do ciclo determina a duração e padrão comportamental

despendidos em direção ao coabitante. Além disso, se observou que o contato social não

interfere na dor inflamatória das ratas coabitantes, porém comportamentos do tipo

agressivo causam hipoalgesia de longa duração.

57

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ANEXOS A- CERTIFICADO COMITÊ DE ÉTICA

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