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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR - POLEDUC DANIELA GRACIELA SILVA BRITO DE MESQUITA CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS DOCENTES DA UFC SOBRE AVALIAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM FORTALEZA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA

EDUCAÇÃO SUPERIOR - POLEDUC

DANIELA GRACIELA SILVA BRITO DE MESQUITA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS DOCENTES DA UFC SOBRE AVALIAÇÃO DO

ENSINO-APRENDIZAGEM

FORTALEZA

2016

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DANIELA GRACIELA SILVA BRITO DE MESQUITA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS DOCENTES DA UFC SOBRE AVALIAÇÃO DO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Dissertação apresentada à Coordenação do

Mestrado Profissional em Políticas Públicas e

Gestão da Educação Superior da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Políticas

Públicas e Gestão da Educação Superior.

Linha de Pesquisa: Políticas Públicas da

Educação Superior.

Orientador: Prof. Dr. João Welliandre Carneiro

Alexandre.

FORTALEZA

2016

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DANIELA GRACIELA SILVA BRITO DE MESQUITA

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOS DOCENTES DA UFC SOBRE AVALIAÇÃO DO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Dissertação apresentada à Coordenação do

Mestrado Profissional em Políticas Públicas e

Gestão da Educação Superior da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial à

obtenção do Título de Mestre em Políticas

Públicas e Gestão da Educação Superior.

Linha de Pesquisa: Políticas Públicas e Gestão

da Educação Superior.

Aprovada em: 27/05/2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________

Prof. Dr. João Welliandre Carneiro Alexandre - Orientador

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria do Socorro de Sousa Rodrigues

Universidade Federal do Ceará

__________________________________________________________________

Prof. Dr. Isaías Batista de Lima

Universidade Estadual do Ceará

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À minha mãe, Ivonete.

Ao meu esposo, Renato César.

À minha filha, Mariana.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela graça a mim concedida de ser aprovada em uma seleção de mestrado e

poder concluir o curso.

À minha mãe, Ivonete Silva, tão presente na minha trajetória e tão incentivadora da

educação, ela que um dia exerceu o ofício de ensinar e que prezou tanto por isso.

Ao meu esposo, Renato César, pelo apoio, incentivo e por acreditar em mim quando o

mestrado ainda era um sonho.

Ao meu orientador, Professor João Welliandre Carneiro Alexandre, por ter aceitado me

orientar e por me trazer para o rumo certo sempre que eu estava perdida, além de me dirigir

palavras de motivação quando o cansaço chegava.

Aos Professores Maria do Socorro de Sousa Rodrigues e Isaías Batista de Lima, por

terem aceitado compor a minha banca examinadora e por enriquecerem meu trabalho com suas

valiosas contribuições.

Às minhas amigas, que foram por um bom tempo minhas companheiras de trabalho,

Chirley Lima e Simone Reis, pelo apoio, companheirismo, por cobrirem minhas ausências

enquanto eu estava em aula e por serem tão “magníficas”.

Aos meus colegas do mestrado Adriana Castro, Aline Araújo, Amarildo Rolim, Andréa

Serafim, Anne Araújo, Clemilda Santos, Fernanda Veras, Glícia Conde, Marcelo Teixeira,

Margareth Figueiredo e Paulo Barros, pelos momentos que dividimos juntos.

Aos demais docentes do POLEDUC, por todo o conhecimento transmitido.

À Fernanda Araújo, Secretária Executiva do POLEDUC, pela atenção a nós dispensada

e pelos informes repassados, além de todas as outras atribuições.

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“Conhecimento real é saber a extensão da

própria ignorância.” (Confúcio)

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RESUMO

A prática de avaliação está presente no exercício de todos os professores. Entende-se que esta

deve nortear as ações de todo e qualquer educador, uma vez que a avaliação do ensino-

aprendizagem se presta não somente a valorar e atribuir nota, mas também verificar que

metodologia deve ser mais bem empregada e se ela está atingindo o fim para o qual se propôs.

Pesquisas nessa área são importantes, pois contribuem para o entendimento dos fenômenos

relacionados à avaliação do ensino-aprendizagem nas diferentes áreas do conhecimento.

Portanto, o objetivo geral deste trabalho é investigar as concepções e práticas dos docentes da

UFC sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem. Os objetivos específicos são:

verificar como os docentes da UFC entendem os conceitos associados ao processo de avaliação

do ensino-aprendizagem; comparar as concepções dos docentes da UFC sobre o processo de

avaliação do ensino-aprendizagem, por área do conhecimento; identificar as práticas

pedagógicas de avaliação, instrumentos avaliativos e modalidades de exposição do ensino

utilizados pelos docentes da UFC e comparar as tendências de entendimento sobre as

abordagens do processo educacional com as práticas pedagógicas adotadas pelos docentes da

UFC. Para tanto, foi realizada uma pesquisa quantitativa com uma amostra de 129 professores

das áreas de ciências exatas e humanas, cujo universo é composto pelos docentes dos Centros

de Ciências, Tecnologia, Humanidades e Faculdade de Educação. A pesquisa se deu por meio

de questionário, publicado na plataforma google docs, a fim de identificar a percepção dos

docentes sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem. Dentre outros resultados, a

pesquisa revela que há uma tendência de as Ciências Exatas serem Humanistas em teoria e

prática, e as Ciências Humanas serem Humanistas e Cognitivistas, em teoria e prática.

Palavras-chave: Avaliação. Ensino-Aprendizagem. Práticas Pedagógicas no Ensino Superior.

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ABSTRACT

The practice of evaluation is present in the professional life of every teacher. It is understood

that the evaluation should guide the actions of any educator, whereas the evaluation of teaching

and learning process lends itself not only to value and assign value and award grades, but also

verify what methodology should be better used and whether it is achieving its purpose.

Researches in this area are important because they contribute to understand phenomena related

to the evaluation of teaching and learning process in different fields of knowledge. Therefore,

the main goal of this study is to investigate the conceptions and practices of UFC professors

concerning the evaluation of teaching and learning process. The specific objectives are: verify

how UFC professors understand conceptions associated with the evaluation of teaching and

learning process; compare the point of view of the UFC professors about the evaluation of

teaching and learning process, by field of knowledge; identify the pedagogical practices of

evaluation, evaluation instruments and teaching modalities of exposition used by UFC

professors; and compare trends related to understanding of approaches in the educational

process with the pedagogical practices adopted by UFC professors. Therefore, a quantitative

survey was conducted with a sample of 129 professors in the field of exact sciences and human

sciences, whose universe was composed by the professors from Science Center, Technology

Center, Humanities Center and Education College. The research was done through a

questionnaire published on google docs, in order to identify the professors’ perception about

the evaluation of teaching and learning process. Among other results, the survey reveals that

there is a tendency for Exact Sciences to be humanistic in theory and practice, and for Human

Sciences to be humanistic and cognitive in theory and practice.

Key words: Evaluation. Teaching and Learning. Pedagogical Practices in Higher Education.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Linha de gradação das abordagens .......................................................................... 63

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Gerações da avaliação ............................................................................................ 27

Quadro 2 – Resumo das abordagens ......................................................................................... 56

Quadro 3 – Quantitativo de professores por Centros e Faculdade ........................................... 62

Quadro 4 – Modelo de referência da pesquisa .......................................................................... 64

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual de docentes por gênero ........................................................................ 71

Gráfico 2 – Percentual de docentes por idade ........................................................................... 72

Gráfico 3 – Percentual de docentes por tempo de experiência como docente na UFC ............ 72

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantitativo de respostas obtidas por Centros e Faculdade .................................... 69

Tabela 2 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem ............................................................................................................................ 73

Tabela 3 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem com abordagens equivalentes ............................................................................ 75

Tabela 4 – Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem .................................. 76

Tabela 5 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa ......................................................... 77

Tabela 6 – Instrumentos avaliativos utilizados ......................................................................... 78

Tabela 7 – Modalidades de exposição do ensino ...................................................................... 80

Tabela 8 – Abordagens do processo de ensino ......................................................................... 82

Tabela 9 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem por Centros e Faculdade .................................................................................... 85

Tabela 10 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem por Área do Conhecimento ............................................................................... 88

Tabela 11 – Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem por Centros e Faculdade

.................................................................................................................................................. 90

Tabela 12 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa por Centros e Faculdade ............... 91

Tabela 13 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa por Área do Conhecimento ........... 92

Tabela 14 – Instrumentos avaliativos utilizados por Centros e Faculdade ............................... 93

Tabela 15 – Instrumentos avaliativos utilizados por Área do Conhecimento .......................... 94

Tabela 16 – Modalidades de exposição do ensino por Centros e Faculdade ............................ 95

Tabela 17 – Modalidades de exposição do ensino por Área do Conhecimento ....................... 97

Tabela 18 – Abordagens do processo de ensino por Centros e Faculdade ............................... 98

Tabela 19 – Resultados estatísticos por dimensão .................................................................. 103

Tabela 20 – Resultados estatísticos por tempo de experiência como docente na UFC .......... 104

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AF Avaliação Final

CC Centro de Ciências

CCA Centro de Ciências Agrárias

CH Centro de Humanidades

CT Centro de Tecnologia

FACDI Faculdade de Direito

FACED Faculdade de Educação

FAMED Faculdade de Medicina

FEAAC Faculdade de Economia, Administração, Atuárias e Contabilidade

FFOE Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem

ICA Instituto de Cultura Artística

IEFES Instituto de Educação Física e Esportes

IES Instituição de Ensino Superior

IFES Instituições Federais de Ensino Superior

LABOMAR Instituto de Ciências do Mar

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

UFC Universidade Federal do Ceará

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

2 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO ......................................................... 19

2.1 Breve histórico da avaliação ............................................................................................ 19

2.2 Quatro gerações da avaliação .......................................................................................... 22

2.3 Quinta geração da avaliação ............................................................................................ 25

3 CONCEITOS E PRÁTICAS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO ENSINO-

APRENDIZAGEM ......................................................................................................... 28

3.1 Bases teóricas da avaliação.............................................................................................. 28

3.2 Análise conceitual sobre a avaliação do ensino-aprendizagem ....................................... 33

3.2.1 Considerações acerca das práticas avaliativas .............................................................. 37

3.2.2 Avaliação diagnóstica, formativa e somativa ................................................................. 40

3.3 Formação docente ............................................................................................................ 44

3.4 Práticas pedagógicas no ensino superior ......................................................................... 47

3.4.1 Abordagens do processo de ensino ................................................................................. 49

3.4.2 Modalidades de exposição do ensino .............................................................................. 57

3.4.3 Instrumentos avaliativos .................................................................................................. 58

4 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................. 61

4.1 Tipo de pesquisa .............................................................................................................. 61

4.2 Universo da pesquisa ....................................................................................................... 62

4.3 Instrumentos de coleta de dados ...................................................................................... 63

4.4 Desenvolvimento da pesquisa ......................................................................................... 67

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ......................................................... 71

5.1 Caracterização da amostra ............................................................................................... 71

5.2 Análise global dos resultados por dimensão.................................................................... 73

5.2.1 Dimensão 1 - Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem ................................. 73

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5.2.2 Dimensão 2 - Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem .................. 76

5.2.3 Dimensão 3 - Instrumentos avaliativos utilizados ........................................................... 78

5.2.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino........................................................ 79

5.2.5 Dimensão 5 - Abordagens do processo de ensino ........................................................... 82

5.3 Análise comparativa dos resultados por Centros e Faculdade ........................................ 84

5.3.1 Dimensão 1 - Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem ................................. 85

5.3.2 Dimensão 2 - Práticas pedagógicas de avaliação .......................................................... 89

5.3.3 Dimensão 3 - Instrumentos avaliativos utilizados ........................................................... 93

5.3.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino........................................................ 95

5.3.5 Dimensão 5 - Abordagens do processo de ensino ........................................................... 97

5.4 Análise comparativa dos resultados por dimensão ........................................................ 102

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 110

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE MESTRADO ................................ 115

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1 INTRODUÇÃO

A prática de avaliação está presente no exercício da docência de todos os professores.

A avaliação do ensino-aprendizagem presta-se não somente a valorar e atribuir nota, mas

também verificar que metodologia deve ser empregada e se ela está atingindo o fim para o qual

se propôs.

No ensino superior, a metodologia de ensino e o procedimento de avaliação adotados

pelos professores, provavelmente, não surtirão o mesmo efeito em todos os alunos de uma

turma, considerando que cada aluno tem uma bagagem diferente e vive em contexto social e/ou

financeiro diferente.

Gatti (2002) pontua que os primeiros debates sobre a avaliação da aprendizagem como

medida seletiva iniciou-se na década de 1960, quando os alunos encontraram dificuldades ao

tentar ingressar no ensino superior. Ressalta-se que, naquela época, não se discutiam a

reprovação em massa e a evasão escolar, os quais eram até muito normais. Não era alvo de

questionamento o fato de alunos de baixa renda deixarem a escola por seu insucesso no

rendimento escolar.

Os teóricos da avaliação despontam no cenário mundial descerrando as portas da

ignorância científica sobre a avaliação do ensino-aprendizagem.

As instituições de Ensino Superior refletem e reproduzem os modelos de avaliação ainda

tradicionais que emergem de uma escola ainda reprodutivista e de aspectos tradicionais

vigentes, os quais vão abandonar gradativamente.

Assim sendo, a forma com que os docentes atuam dentro das respectivas atividades

acadêmicas, em particular, no ensino, no que tange às modalidades de transmissão do

conhecimento, processos de avaliação, instrumentos avaliativos e acompanhamento do

discente, dentre outros aspectos, tornam-se alvos de pesquisa.

É importante salientar que os docentes das IES, em sua grande maioria, não possuem

formação pedagógica, ao considerar-se a matriz curricular dos cursos. Concluem bacharelado

e posteriormente atuam na docência. Nessa direção, pesquisas que visam investigar como a

classe docente entende os conceitos e práticas que envolvem o processo de avaliação do ensino-

aprendizagem tornam-se importantes, uma vez que esse entendimento poderá contribuir para a

melhoria do ensino e da aprendizagem. Acrescenta-se também o fato de que docentes de áreas

distintas podem ter entendimentos diferentes sobre essas ações pedagógicas.

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Pesquisas nessa área são importantes, também, por contribuírem para o entendimento

dos fenômenos relacionados à avaliação do ensino-aprendizagem nas diferentes áreas do

conhecimento, conforme objeto desta pesquisa e, a partir dos resultados, proporcionar a

melhoria de procedimentos e desmistificar conceitos tradicionais sobre o tema em referência,

uma vez que as Ciências Exatas e da Terra são mais tradicionalistas, e as Ciências Humanas

são mais conhecedoras dos conceitos relativos à avaliação do ensino-aprendizagem, além de

serem mais revolucionárias. A importância dessa discussão está em provocar uma reflexão em

torno das concepções existentes nas diferentes áreas do conhecimento, sobre a avaliação do

processo de ensino-aprendizagem.

No que se refere às áreas do conhecimento, ou seja, nas diferentes formas de fazer

ciência, existem, dentre outras grandes áreas, as Ciências Exatas e da Terra (as quais têm como

áreas: Matemática, Estatística e Física, por exemplo) e as Ciências Humanas (as quais têm como

áreas: Filosofia, Pedagogia, Psicologia etc.). Essas divisões se refletem dentro da universidade,

levando à criação de diferentes centros, institutos e faculdades, conforme a estrutura da

instituição de ensino superior, criação essa que é fundamentada na junção das áreas afins.

Dessa forma, considerando as diferentes formações dos professores, bem como a

atuação em diferentes áreas do conhecimento, emerge a seguinte questão: que concepções e

práticas têm os docentes da UFC sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem? O

nível de compreensão docente sobre fatores como: metodologia de ensino, instrumentos

utilizados na avaliação, os tipos de avaliação, entre outros fatores pode contribuir para o

aumento da eficiência do ensino. Entende-se por eficiência a relação existente entre o número

de ingressantes e egressos no ensino superior. Quanto maior o número de egressos, maior a

eficiência no ensino. Logicamente, diversos fatores podem contribuir para o aumento dessa

eficiência, que vai desde a infraestrutura física até os aspectos relacionados ao compromisso e

vocação docente.

A fim de responder o questionamento da pesquisa, o objetivo geral deste trabalho é

investigar as concepções e práticas dos docentes da UFC sobre o processo de avaliação do

ensino-aprendizagem. Os objetivos específicos são: verificar como os docentes da UFC

entendem os conceitos associados ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem; comparar

as concepções dos docentes da UFC sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem,

por área do conhecimento; identificar as práticas pedagógicas de avaliação, instrumentos

avaliativos e modalidades de exposição do ensino utilizados pelos docentes da UFC; comparar

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as tendências de entendimento sobre as abordagens1 do processo educacional com as práticas

pedagógicas adotadas pelos docentes da UFC.

A avaliação que se realiza no ensino superior, bem como em outros níveis de ensino,

deve ser concebida como um instrumento mediador e contributivo para a construção do

conhecimento. Assim sendo, a avaliação do processo de ensino-aprendizagem deve cumprir o

papel de auxiliar o desenvolvimento dos saberes dos discentes e a tomada de decisão por parte

dos professores.

Nesta dissertação, defende-se a premissa de que independente da área de conhecimento,

todo e qualquer educador precisa ter contato com as teorias sobre avaliação do processo de

ensino-aprendizagem, uma vez que ele, como educador, professor, transmissor e mediador do

conhecimento, acaba se transformando também em um "avaliador", imperativamente.

A avaliação, objeto de estudo dessa dissertação, deve ser considerada como instrumento

que subsidiará tanto o aluno na construção do conhecimento, quanto o professor na

reestruturação de suas práticas pedagógicas e avaliativas, quando necessárias.

Para tanto, foi realizada uma pesquisa quantitativa, cujo universo é composto pelos

professores dos Centros de Ciências, Tecnologia, Humanidades e Faculdade de Educação. Esse

universo, no entanto, representa uma amostra intencional da UFC. Dentre os procedimentos

metodológicos, utilizou-se um questionário online, por meio da plataforma google docs, a fim

de realizar um estudo de caso na UFC.

No que tange a estrutura do trabalho, este está dividido em capítulos da seguinte

forma: esta introdução, na qual se contextualiza a prática de avaliação do ensino-aprendizagem

no ensino superior, dada as diferentes áreas do conhecimento e apresenta o objetivo geral, os

objetivos específicos, problema, justificativa e relevância da pesquisa.

O segundo capítulo abordando os conceitos e a evolução da avaliação. Este segundo

capítulo se divide em três seções: uma abordando o histórico da avaliação, outra abordando as

quatro gerações da avaliação e, por fim, uma seção abordando a quinta geração da avaliação.

O terceiro capítulo, abordando os conceitos e as práticas no processo de avaliação do

ensino-aprendizagem, divide-se em quatro seções da seguinte forma: a primeira, bases teóricas

da avaliação; a segunda traz uma análise conceitual sobre a avaliação do ensino-aprendizagem,

além de trazer duas subseções, uma abordando as práticas avaliativas e outra abordando as

avaliações diagnóstica, formativa e somativa; a terceira seção aborda a formação docente; a

1 As abordagens consideradas nesta pesquisa são: Tradicional, Comportamentalista, Humanista, Cognitivista e

Sociocultural, conforme Mizukami (1986).

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quarta seção aborda as práticas pedagógicas no ensino superior. Esta se divide em três

subseções da seguinte forma: a primeira fala das abordagens do processo de ensino, a segunda

fala sobre as modalidades de exposição do ensino e a terceira traz os instrumentos avaliativos.

Na sequência, o capítulo quatro aborda e explica toda a metodologia utilizada na

pesquisa, seguida da análise dos resultados da pesquisa, conclusão, referências e do

apêndice.

O próximo capítulo intitulado “conceitos e evolução da avaliação” inicia o referencial

teórico que servirá de base para o estudo de caso na UFC.

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2 CONCEITOS E EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO

O presente capítulo traça um breve histórico da avaliação, a fim de situar a avaliação do

ensino-aprendizagem no tempo e tornar as compreensões mais precisas, bem como traz diversos

conceitos aceitos e discutidos até os dias atuais. O capítulo se divide em duas seções, a primeira

traçando um breve histórico da avaliação e a segunda apresentando as quatro gerações da

avaliação, conforme segue.

2.1 Breve histórico da avaliação

A avaliação está presente em toda a história da humanidade. Como exemplo, pode-se

citar a aplicação de critérios para a seleção de sacerdotes entre o povo de Israel, que não deviam

possuir qualquer deficiência ou deformidade física, dentre outros critérios, conforme relato

presente no capítulo 21 do livro de Levítico, da Bíblia Sagrada.

Em um contexto geral, as primeiras manifestações históricas de avaliação

consideravam-na como um instrumento de seleção. As ideias iniciais sobre avaliação estavam

intimamente ligadas à ideia de medir. Depresbiteris (1989) confirma quando relata a presença

de exames na China Antiga (Por volta de 2205 a.C.) com a finalidade de promover ou demitir

os oficiais do imperador Shun. Dessa forma, os homens mais capacitados eram selecionados

para servir ao Estado.

Na Idade Média, […] verifica-se a existência de exames nas escolas gregas e romanas.

As provas orais eram bastante populares nas Universidades europeias. Nos Estados

Unidos da América, a avaliação adquire […] uma natureza formal, como prática de

coleta de dados para fundamentação de decisões políticas que afetam a educação.

(CARVALHO; CARVAHO, 2002, p. 1).

Naquela época, não havia preocupação com a avaliação como processo educacional

capaz de disseminar o conhecimento. Apenas posteriormente a avaliação começou a se destacar

e chamar atenção, conforme se verifica a seguir:

Os primeiros testes objetivos são desenvolvidos […] para uso em pesquisas de alcance

escolar. Em 1931, a Docimologia, ciência do estudo sistemático dos exames, ganha

lugar de destaque e é lá, também, que começa a ser questionado a partir dos escritos

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de Tyler2 e Smith3: o “Estudo dos Oito Anos”. Esse estudo causou grande impacto

nos meios educacionais, ao defender a inclusão de uma série de procedimentos

avaliativos, tais como: testes, escalas de atitudes, inventários, questionários, fichas de

registro de comportamentos e outras formas de coleta de evidências sobre o

rendimento dos alunos numa perspectiva longitudinal, com relação à consecução de

objetivos curriculares. (CARVALHO; CARVAHO, 2002, p. 1).

Esses estudos iniciais, embora sob diferentes enfoques, foram os responsáveis pelo vasto

material que há sobre avaliação, portanto, de fundamental importância para o histórico dessa

referida avaliação e para a evolução e discussão do tema em foco.

A prática de provas/exames escolares que conhecemos tem a sua origem na escola

moderna, que se sistematizou a partir dos séculos XVI e XVII, com a cristalização da

sociedade burguesa. As pedagogias jesuíticas (séc. XVI), comeniana (séc. XVIII),

lassalista (fins do século XVII e inícios do XVIII) são expressões das experiências

pedagógicas desse período e sistematizadoras do modo de agir com provas/exames.

[…] a denominação avaliação da aprendizagem é recente. Ela é atribuída a Ralf Tyler,

que a cunhou em 1930. […] Mudou-se a denominação, mas a prática continuou sendo

a mesma, de provas e exames. (LUCKESI, 1998, p. 169-170).

O termo avaliação era utilizado de forma a selecionar e classificar. As avaliações,

antigamente, tinham uma característica rígida e restrita. O mais importante, à época, era como

se saía o avaliado no teste, sem haver uma preocupação maior com o desenvolvimento gradual

do conhecimento.

Uma evolução conceitual sobre o tema surgiu nas primeiras duas décadas do século XX,

quando Robert Ladd Thorndike4 utilizou testes desenvolvidos nos EUA para mensurar as

mudanças de comportamentos dos indivíduos. Os testes foram desenvolvidos devido à

preocupação que surgiu em associar o “processo socioeconômico a valores e conhecimentos

transmitidos por intermédio da educação.”. (VIANNA, 2000, p. 47). Surgiu naquele momento

uma mudança de paradigma, bem como uma mudança de foco; a avaliação deixou de ter o

2 Ralph Winfred Tyler nasceu em Chicago, em 1902. Graduou-se em Ciências e, fascinado pelo desafio de ensinar,

tornou-se mestre em Educação pela Universidade de Nebraska. Sua histórica contribuição foi: The Eight-Year

Study (o estudo de oito anos). Este estudo nacional envolveu trinta escolas de ensino médio, tanto públicas como

privadas. Tyler foi um dos pioneiros nas pesquisas sobre avaliação. Para ele, a avaliação não era simplesmente

uma maneira de medir o sucesso ou o fracasso de um aluno ou professor; era uma parte integrante do processo

educativo, garantindo um alinhamento entre a experiência de sala de aula e objetivos pedagógicos. (FINDER,

2008). 3 Eugene Randolph Smith formou-se em matemática, mas doutorou-se em pedagogia. Era professor de matemática

e apaixonado pela educação. Autor do livro: Education Moves Ahead (l924), o qual abordava conceitos como

educação vocacional. A mensuração do desempenho do aluno foi um dos seus objetivos. Informação disponível

em: http://www.parkschool.net/files/park_school-first_75_years-4smithyears.pdf 4 Robert Ladd Thorndike nasceu em 1910, em Nova York, Estados Unidos, e morreu em 1990. Algumas das

principais áreas de atuação foram: educação e avaliação e mensuração. Ele foi professor de psicologia e educação

em várias universidades e foi homenageado e premiado por suas pesquisas na área educacional. (NOEL;

CHAPMAN e CONROY, 1997).

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objetivo selecionador e passou a avaliar outras características, como o desempenho individual,

possibilitando o desenvolvimento da pesquisa e da avaliação educacional.

Alfred Binet pesquisou sobre as medidas educacionais, tendo grande repercussão na

avaliação dos alunos e no seu rendimento. Com os seus estudos, a ideia de que qualquer pessoa

poderia aprender começou a ser questionada e ser passível de negação. Na época de Binet, em

1905, testes de inteligência eram utilizados para medir o desempenho dos alunos nos Estados

Unidos e na Inglaterra. A partir de então, teóricos como Cronbach e Bloom começaram a

questionar o fato de o fracasso do aluno ser responsabilidade exclusiva dele. (VIANNA, 2000).

Tyler se destacou por idealizar um estudo diferente do que os estudiosos da época

conheciam e no que acreditaram por muito tempo. Eles acreditavam na curva normal de

probabilidade, simples representação gráfica de uma função matemática, para interpretar o

rendimento dos alunos. Tyler, no Movimento para a Educação Progressista, viria a atuar

ativamente no primeiro grande estudo de avaliação longitudinal - The Eight-Year Study (o

estudo de oito anos) (1932-40). O estudo experimental de Tyler mostra uma nova concepção

de avaliação educacional, que consiste em comparar os objetivos pretendidos com os que foram

realmente alcançados, porém, a preocupação de Tyler referia-se a objetivos comportamentais,

preocupando-se com os resultados decorrentes da aprendizagem. O modelo de Tyler parte do

princípio de que educar consistia em gerar padrões de comportamentos, e, portanto, o currículo

deveria ser construído em cima das habilidades desejáveis. Em seu ensaio clássico intitulado

General Statement on Evaluation (Declaração Geral de Avaliação), fica claro que cabe à

avaliação verificar, periodicamente, até que ponto a escola demonstra eficiência como

instituição promotora da educação. (VIANNA, 2000).

A avaliação, com base nos estudos de Tyler, forneceria subsídios para analisar a

instituição e verificar a sua eficiência. A preocupação era centrada na instituição.

O modelo de avaliação proposto por Tyler […] é aparentemente simples e mudou,

inteiramente, o enfoque da avaliação, que se concentrava, inicialmente, nas

habilidades dos indivíduos, passando, então, a preocupar-se com o julgamento do

currículo. A avaliação, nessa concepção, supera a ideia, aliás, equivocada, de que seria

uma simples tecnologia com vistas a ordenar os indivíduos, segundo um determinado

critério, discriminando-os uns dos outros. […] A avaliação passou a ser um meio de

verificar em que medida os objetivos curriculares, assim como os processos

instrucionais, se concretizaram na prática […]. (VIANNA, 2000, p. 53).

Em 1978, Cipriano Carlos Luckesi elaborou um ensaio teórico intitulado “Avaliação

Educacional: Pressupostos Conceituais”. O referido artigo trouxe uma reflexão teórica sobre a

avaliação da aprendizagem, buscando-se, naquele momento, uma formulação epistemológica.

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Segundo Luckesi (1998, p. 9, grifo nosso), em seus primeiros estudos, a definição de avaliação

era “um juízo de valor sobre dados relevantes para uma tomada de decisão”. Posteriormente, o

mesmo autor passou a definir a avaliação como “um juízo de qualidade sobre dados relevantes

para uma tomada de decisão.”. Assim, o próprio autor reconhece a evolução dessa área de

estudo, bem como as transformações pelas quais o significado tem passado.

Cogitar processos avaliativos que promovam o aluno e possibilitem a melhoria da

qualidade exige uma reflexão das práticas avaliativas aliadas aos conceitos, procurando dirimir

a divergência que há, procurando estreitar os laços, para que cada vez mais uma se pareça com

a outra. Avançar em direção a uma avaliação democrática pressupõe o exercício pleno da

capacidade crítica. (FIRME, 1994).

A seguir, têm-se as quatro gerações da avaliação definidas por Tereza Penna Firme.

2.2 Quatro gerações da avaliação

Firme (1994) faz uma análise de cem anos de avaliação educacional, a qual identifica e

caracteriza quatro gerações de avaliação.

A primeira, principalmente associada à mensuração, não distinguia avaliação e

medida. A preocupação dos estudiosos e usuários da avaliação se concentrava na

elaboração de instrumentos ou testes para verificação do rendimento escolar. Foi uma

geração pródiga na elaboração de testes, principalmente nas décadas de vinte e trinta.

O papel do avaliador era, então, eminentemente técnico e, neste sentido, testes e

exames eram indispensáveis na classificação de alunos para se determinar seu

progresso. (FIRME, 1994, p. 107-108, grifos do autor).

Nessa primeira geração, não se distinguia avaliação de medida, e foi nesse período que

se intensificou a elaboração de testes e exames. Ela foi, portanto, importante e necessária para

a evolução da avaliação.

A segunda geração surgiu em busca de melhor entendimento do objeto avaliação.

Falhas na geração anterior inquietaram os estudiosos uma vez que a necessidade de

se levar adiante substancial revisão de currículo esbarrava com as limitações de uma

avaliação que só oferecia informações sobre o aluno. Dados precisavam ser obtidos

em função do alcance dos objetivos por parte dos alunos envolvidos nos programas

escolares e, nesse sentido, era necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade

com relação aos objetivos estabelecidos. Por isso, esta geração dos anos trinta e

quarenta principalmente, se chamou descritiva, e o papel do avaliador estava muito

mais concentrado em descrever padrões e critérios, embora ainda bastante técnico em

sua atuação. Nesta fase emergiu o termo "avaliação educacional" […], embora, em

séculos anteriores, os chineses e mais tarde os filósofos gregos, já tivessem exercido

algumas formas de avaliação. (FIRME, 1994, p. 108, grifos do autor).

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Já na segunda geração, a ideia de mensuração foi ampliada. Enquanto na primeira

geração o foco estava no aluno, nesta, busca-se informações do currículo, por meio de testes

padronizados e procedimentos, a fim de alcançar os objetivos por parte dos alunos.

[…] os pressupostos teóricos que embasam a concepção classificatória da avaliação

são fortemente influenciados pela avaliação por objetivos, cujo enfoque é

comportamentalista. Avaliar, nessa perspectiva, é verificar se ocorreu mudança de

comportamento previamente delineada em objetivos definidos pelo professor.

(MELO, 2006, p. 39-40).

Essa segunda geração surgiu em função dos questionamentos dos estudiosos da

época por não se satisfazerem em avaliar os alunos apenas pelas notas obtidas, visualizando a

necessidade de avaliar também pelo currículo. Nesse contexto, destaca-se a publicação de Tyler

intitulada Princípios Básicos de Currículo e Ensino, em 1949, a qual expressa sua concepção

de avaliação por objetivos, que exerceu influência no Brasil.

A terceira geração foi mais adiante, no sentido de que surgiu em decorrência às

limitações percebidas na fase anterior, em relação à excessiva definição de objetivos.

Estes nem sempre se apresentavam claros e visíveis e em várias situações, não eram

mesmo definidos a priori, o que, de certo modo, emperrava o processo avaliativo,

tornando-o inútil e irrelevante. Químicos, físicos, matemáticos e outros envolvidos na

área da ciência, não necessariamente educadores, declaravam frequentemente não

estarem em condições de estabelecerem objetivos até que seus programas tivessem

maior clareza de propósitos. Situações dessa natureza traziam conflito para os

avaliadores. Outro problema sério era o fato de que um programa não podia esperar

até seus resultados finais para ser avaliado em função de seus objetivos. A avaliação

teria de ocorrer muito antes para possibilitar correções necessárias. (FIRME, 1994, p.

108, grifos do autor).

A terceira geração surgiu para preencher as lacunas existentes na segunda. Firme (1994)

pontua que, nessa geração, a definição dos objetivos nem sempre eram tão claros, o que

dificultava e, até mesmo, atrasava o processo avaliativo. Segundo Melo (2006, p. 39), “a terceira

geração da avaliação surge a partir das críticas e limitações da abordagem avaliativa em função

dos objetivos”. Os modelos avaliativos existentes nas citadas gerações eram limitados e não

conseguiam superar os conflitos gerados.

A avaliação não podia, pois, prescindir de julgamento, o que caracterizava

essencialmente a emergência dessa terceira geração. Nesse sentido, o avaliador

assumiria o papel de juiz, incorporando, contudo, o que se havia preservado de

fundamental das gerações anteriores, em termos de mensuração e descrição. Assim,

embora com a rejeição do papel por parte de muitos estudiosos, o julgamento passou

a ser elemento crucial do processo avaliativo. Não bastaria medir e descrever, era

preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do objeto, inclusive sobre os

próprios objetivos. (FIRME, 1994, p. 108-109, grifo do autor).

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Essa visão começou a elucidar o conceito da avaliação e o tornou mais em processo do

que em método. Desta forma, exigiu um esforço maior dos que se viam como avaliadores, à

época, pois surgiu a necessidade de julgar.

A fim de transpor os problemas apontados nas gerações anteriores, surgiu, então, a

quarta geração da avaliação, no final da década de 80. Teve como característica principal a

negociação. “A avaliação de quarta geração […] é um processo interativo, negociado, que se

fundamenta num paradigma construtivista. É uma forma responsiva de enfocar e um modo

construtivista de fazer.” (FIRME, 1994, p. 109).

A quarta geração da avaliação vem com um conceito evoluído. Se nas gerações passadas

era um processo dual entre objeto e sujeito, nesta geração, não mais o é. A avaliação passa a ter

um conceito mais abrangente, o qual ultrapassa as fronteiras da mensuração, como assim era na

primeira geração. Não se trata apenas de ter um objetivo, como era na segunda, nem tampouco

se trata de alinhar os conceitos das gerações passadas e a eles acrescentar o julgamento. A quarta

geração emerge como uma verdadeira evolução conceitual.

[…] ela é responsiva porque, diferentemente das alternativas anteriores que partem

inicialmente de variáveis, objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e desenvolve

a partir de preocupações, proposições ou controvérsias em relação ao objeto da

avaliação seja ele um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção. (FIRME,

1994, p. 109).

Firme (1994) argumenta que nessa concepção, a identificação de interessados inicia o

processo de avaliação. As preocupações dos interessados também são características a ser

identificadas. Conforme as interações ocorrem, as preocupações são resolvidas durante o

processo, outras necessitam de mais informações para serem resolvidas. Assim, todos os

recursos definidos e desenvolvidos nas outras gerações são aproveitados, ao máximo, nesta

última geração.

Os conceitos contemporâneos que existem sobre a temática avaliação do ensino-

aprendizagem decorrem e derivam dos conceitos e práticas estudados e analisados durante todo

o período histórico que a avaliação passou a ser objeto de estudo, e durante as quatro gerações

apresentadas. Transições de focos, mudanças de objetos de estudo e alteração da compreensão

acerca do tema, dentre outros aspectos, acarretaram em transformações e alterações de

conceitos e pontos de vista que proporcionaram a disseminação de todo conhecimento que hoje

existe sobre o tema.

Além das quatro avaliações citadas, apresenta-se a seguir a quinta geração da avaliação,

que ainda é pouca debatida e está em construção.

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2.3 Quinta geração da avaliação

Esta geração surgiu em decorrência das falhas e lacunas existentes nas outras gerações

citadas e, mais que isso, Muñoz Cuenca (2007) acrescenta que esta geração surgiu com a

intenção de desmistificar processos e metodologias tradicionais da avaliação. A experiência

acumulada decorrente das gerações anteriores permitiu desenvolver métodos e metodologias

diferentes das anteriormente utilizadas e influenciadas pelo positivismo.

Assim como cada geração tinha uma palavra que a resumia, para esse autor, o que

resumia a quinta geração da avaliação era a “qualidade”. Muñoz Cuenca (2007) pontua que

qualidade é um princípio que as pessoas assumem para expressar suas ideologias e que ela

depende do contexto e das pessoas envolvidas.

Desse modo, ele traz à tona o conceito de relatividade para a avaliação. Depende do

contexto em que está inserida, das pessoas envolvidas no processo, da bagagem de

conhecimento que cada indivíduo possui e das condições físicas, emocionais, psicológicas e até

financeira dos avaliados.

Para Muñoz Cuenca (2007) a quinta geração se caracteriza, então, pelo equilíbrio e

melhoria contínua para determinar o fluxo do processo, eliminando as barreiras, por meio da

participação de todos, em um processo interacional e social.

A quinta geração atentou-se para a importância dos indivíduos, das inter e

intrarrelações, haja vista que não existe instituição sem pessoas; estas existem com

elas, por elas e para elas. Dessa forma, a avaliação deverá clarear, desnudar e mostrar

o que não era percebido, sobretudo pelo avaliado, objetivando a melhoria e o

crescimento dos indivíduos e de suas relações com os outros e com a instituição na

qual está inserido. Com efeito, leva-se em conta a visão de cada uma das partes

envolvidas no processo avaliativo, distribuindo a responsabilidade entre cada uma

delas. Surge, também, a imprescindível contribuição da autoavaliação, que se torna

importante ferramenta para que os indivíduos percebam suas forças e suas fraquezas

e as use para seu desenvolvimento. (RODRIGUES; ARAÚJO, 2015, p. 564).

Portanto essa geração não tem como preocupação só o processo ou só os objetivos ou

só o indivíduo. Nessa geração a preocupação deve ser a voltada a tudo e a todos que estão

envolvidos no processo. Pois a relação entre os envolvidos tem muito valor, de forma que pode

impactar positiva ou negativamente na aprendizagem do aluno.

“É também na quinta geração da avaliação que o avaliador tenta perceber o que está nas

entrelinhas, […] percebido por meio de gestos ou emoções manifestadas em diversas ocasiões

que revelam, inclusive, o que o próprio indivíduo desconhece.” (RODRIGUES; ARAÚJO,

2015, p. 564).

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Entende-se, com base no que as autoras afirmam, que, além de quebrar paradigmas, essa

geração da avaliação vai além do que se pode ver e observar, além do que é inteligível a todos.

O avaliador que resolver adotar um modelo de avaliação do ensino-aprendizagem que se

enquadre nessa geração, deve ter muita sensibilidade e senso de percepção, a fim de perceber o

que nem todos percebem.

Lund (2011) pontua que o principal desafio não é desenvolver competências no campo

da avaliação, mas sim mudar de paradigma. Assim, o autor sugere que se deve dar um grande

passo em busca de uma mentalidade construcionista social. Essa mudança de paradigma à qual

o autor se refere permite que haja novos modelos e métodos que juntos formam a base para uma

quinta geração da avaliação.

Portanto, essa geração se caracteriza pela qualidade, pela quebra de paradigma, pela

sensibilidade em perceber o que está subentendido, e pela relação entre os atores envolvidos.

Esse modelo, embora ainda em discussão e construção, é o mais adequado e viável para o

processo de avaliação do ensino-aprendizagem e deve ser difundido no sistema educacional.

A quinta geração da avaliação, por ser tema ainda recente e pouco debatido, é tida por

alguns como uma utopia, a qual é linda na teoria, mas impossível de se praticar. Para outros

teóricos, tais como Rodrigues e Araújo (2015), a prática da avaliação da quinta geração é

aplicada há bastante tempo, ao menos na Escola Waldorf Micael, localizada em Fortaleza.

Apresentando-se por meio de um currículo extremamente dinâmico e integrado,

fundamentado na antropologia e na antroposofia1, cujo objetivo é desenvolver o ser

humano em toda sua plenitude, de modo a contemplar sua evolução física, emocional

e espiritual, as escolas Waldorf vêm encantando e conquistando pessoas que buscam

formas mais humanizadas de aprendizagem. A metodologia educacional dessas

escolas está alicerçada na solidariedade e cooperação, com o objetivo de valorizar o

gosto pela aprendizagem por meio de atividades não competitivas. Para tanto,

contemplam os conteúdos exigidos nas diretrizes curriculares, além de outros como

teatro, zoologia, euritmia, artesanato, agrimensura, etc., sempre respeitando a etapa

de crescimento e desenvolvimento do ser humano e estimulando o contato com a

natureza. (RODRIGUES; ARAÚJO, 2015, p. 566-567).

Dessa forma, percebe-se que já é possível encontrar modelos de avaliação

característicos da quinta geração, que tende a se expandir e ganhar mais apoiadores.

A seguir, o Quadro 1 contém o resumo das cinco gerações citadas, com período,

características e a palavra-chave que identifica cada geração.

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Quadro 1 – Gerações da avaliação

Geração Período Palavra-chave Características

Primeira Primeiras duas décadas

do século XX Mensuração

Não havia distinção entre avaliação e medida.

O papel do avaliador era técnico.

Responsável pela elaboração de testes.

Segunda Década de 1930 a 1940 Descrição

Avaliação por objetivos.

O papel do avaliador era descrever padrões e

critérios.

Responsável pela elaboração de currículos.

Terceira Década de 1950 a 1970 Julgamento

Os aspectos de mensuração e descrição

continuam.

O papel do avaliador era julgar.

Quarta Década de 1980 a 1990 Negociação

Responsiva e construtivista.

Todos os recursos definidos e desenvolvidos

nas outras gerações são aproveitados.

Quinta A partir do século XI Relações

Sociais

Distribuição de responsabilidade entre cada

uma das partes envolvidas no processo.

Importância das inter e intrarrelações.

Papel do avaliador é perceber o subentendido.

Fonte: Elaborado pela autora com base nos teóricos citados.

Com base nessa evolução histórica apresentada e nas cinco gerações da avaliação, o

próximo capítulo abordará o processo de ensino-aprendizagem, práticas avaliativas,

instrumentos avaliativos, abordagem do ensino, modalidades de exposição do ensino, entre

outros aspectos considerados relevantes.

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3 CONCEITOS E PRÁTICAS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO ENSINO-

APRENDIZAGEM

O objetivo desta seção é trazer conceitos relativos à avaliação do ensino-aprendizagem

e dar subsídios à pesquisa, objeto de estudo deste trabalho.

3.1 Bases teóricas da avaliação

Esta seção explana, de forma sucinta, os teóricos clássicos que deram origem aos

estudos e às pesquisas sobre avaliação do ensino-aprendizagem. Eles não falaram acerca dessa

avaliação especificamente, abordaram a avaliação educacional, porém esta serviu de base para

as pesquisas sobre a avaliação do ensino-aprendizagem, sobre a qual atualmente se debate.

Os teóricos tidos como base para esta subseção são: Ralph W. Tyler, L. J. Cronbach,

Michael Scriven, Daniel L. Stufflebeam e Robert Stake.

A avaliação sofreu transformações, tornando-se uma atividade complexa. O seu enfoque

não se resume ao aluno e/ou ao seu rendimento, passou a se interessar por grupos de indivíduos

como alunos, professores, projetos e sistemas educacionais, evoluindo para uma área que

constitui o campo da macroavaliação. (VIANNA, 2000).

Há uma preocupação, nas primeiras décadas do século XX, tanto nos Estados Unidos

como na Inglaterra, em associar, de maneira bastante estreita, o processo

socioeconômico a valores e conhecimentos transmitidos por intermédio da educação.

Essa visão do problema exigiu, naturalmente, um sistema de controle de todas as

atividades mais diretamente ligadas ao processo educacional, o que possibilitou,

consequentemente, o desenvolvimento da pesquisa, da avaliação educacional e,

naturalmente, o da tecnologia dos instrumentos de medida e das técnicas de análise

quantitativa, graças ao trabalho pioneiro e profícuo de E. Thorndike e K. Pearson,

entre outros, nos Estados Unidos e na Inglaterra, respectivamente. Nessa fase,

avaliação e medidas educacionais apresentam-se confundidas até o surgimento, nos

anos 30, do importante trabalho empreendido por Ralph W. Tyler. (VIANNA, 2000,

p. 47-48).

Ralph Tyler foi o primeiro teórico que deu origem aos estudos sobre avaliação. Tyler

se preocupou em construir um currículo escolar, consolidando assim a avaliação educacional

como área de estudo e campo prático da educação.

Os anos 20 e 30 assistem a um desenvolvimento considerável dos testes padronizados

de escolaridade. […] Ao mesmo tempo, a controvérsia entre currículo tradicional e

currículo progressista […] vai ter grandes repercussões. Tyler, ao lado de Dewey, no

movimento para a Educação Progressista, vai atuar, ativamente, no primeiro grande

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estudo de avaliação longitudinal - The Eight-Year Study (1932-40) - para dirimir

dúvidas sobre a eficiência diferencial de vários tipos de escola. (VIANNA, 2000, p.

49).

Esse estudo experimental de Tyler mostrou uma nova concepção de avaliação

educacional, ao comparar os objetivos pretendidos com os objetivos alcançados. Para Tyler, o

seu modelo consiste em programar padrões de comportamentos, devendo o currículo ser

construído em cima desses padrões desejáveis, expressos por meio de objetivos a serem

alcançados e confrontados posteriormente com a avaliação. (VIANNA, 2000).

Tyler investiu em pesquisas sobre a Avaliação Educacional, preocupando-se com a

qualidade do Currículo. Para ele, o campo teórico da avaliação estava estreitamente ligado ao

debate sobre currículo. Dessa forma, ele contribui para a construção das bases destas duas

disciplinas do campo da Educação. (SILVA, 2012).

Para Kliebard (2011), existe ausência de perspectiva histórica na área de estudos sobre

currículo. Ele afirma que os estudos mais relevantes e de “impacto mais duradouro” foi o

programa elaborado por Ralph Tyler na Universidade de Chicago, posteriormente publicado

sob o título “Princípios Básicos de currículo e ensino”, mais conhecido como os princípios de

Tyler.

Outra característica interessante no modelo de Tyler é que os alunos devem apresentar

respostas satisfatórias às demandas dos currículos, desde que os objetivos pretendidos tenham

sido claramente explicados pelos professores. (VIANNA, 2000). Essa característica evidencia

a importância da relação entre professor e aluno, não cabendo a apenas este a responsabilidade

da educação.

O modelo de avaliação proposto por Tyler mudou o enfoque da avaliação, que deixou

de se concentrar nas habilidades dos indivíduos, passando a preocupar-se com o julgamento do

currículo. (VIANNA, 2000).

Já o trabalho de Cronbach (Course improvement throught evaluation - 1963) apresenta

uma crítica ao modelo de Tyler, pois para aquele autor a avaliação não pode se restringir a

aspectos rotineiros e habituais da mensuração. Na concepção dele, a avaliação tinha por

finalidade não apenas fazer um julgamento, o que a limitaria aos seus objetivos, mas também

oferecer meios que aprimorassem o currículo. (VIANNA, 2000).

Vianna (2000) afirma que, para Cronbach, a avaliação poderia ser entendida como um

processo que visa à coleta e ao uso de informações que permitam decisões sobre um programa

educacional. Ele elenca, então, três tipos decisões para as quais a avaliação serve:

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aperfeiçoamento do currículo, verificando se os métodos de ensino e o material instrucional são

eficientes; identificar as necessidades dos alunos, dando-lhes feedback5 relativo ao seu

progresso/deficiências; julgar a eficiência do sistema de ensino.

Cronbach, por um lado criticando a limitação do modelo de Tyler, mas por outro lado

aprimorando esse modelo e usando-o como base, vai além ao extrapolar as fronteiras da

avaliação focadas no currículo e no comportamento desejável dos alunos, conforme sugerido

por Tyler. Assim, para Cronbach, a avaliação de um programa ou de um curso não deveria se

restringir a uma única característica ou dimensão.

“Avaliar em Cronbach é um processo planejado e multifacetado de coleta de

informações para compreensão e tomada de decisões que visem melhorar a qualidade do que

se avalia e instruir os sujeitos envolvidos nesta dinâmica.” (SILVA, 2012, p. 05).

As colocações de Tyler foram importantes e necessárias ao desenvolvimento e à

melhora da avaliação enquanto processo, no entanto, Cronbach não se limitou à mensuração,

dando a essa avaliação aspectos mais complexos que posteriormente seriam aprimorados.

Os pressupostos que fundamentam a proposta de planejamento da avaliação de

Cronbach são: avaliação é concebida para cumprir um papel político; planejamento

da avaliação deve aproximar-se de um planejamento de programa de investigação;

avaliação deve ter flexibilidade em relação aos seus resultados como aos interesses da

comunidade em que está inserida; avaliador tem uma responsabilidade ampla para que

a avaliação seja útil, por isso guarda autonomia dos agentes gestores da instituição

avaliada; nenhum indivíduo está plenamente qualificado para realizar a avaliação,

assim é fundamental a constituição de uma equipe de avaliação. Este pressuposto

garante uma vantagem na proposta de Cronbach por proporcionar múltiplos olhares e

discussões entre os diversos profissionais e, assim, criar redes dialógicas que os

aproximam das contradições da realidade. (SILVA, 2012, p. 04).

Michael Scriven, por sua vez, desenvolveu uma série de ideias fundamentais para a

compreensão da lógica da avaliação educacional. Vianna (2000) acredita que sua grande

contribuição foi estabelecer que a avaliação desempenha muitos papéis, mas um único objetivo:

determinar o valor do que está sendo avaliado.

Methodology of Evaluation6 (1967) é uma obra rica de ideias que faz parte da bagagem

de todo avaliador. Nessa obra, o autor diferencia os papéis formativo e somativo da avaliação,

conceitos esses que influenciaram enormemente o futuro da avaliação, bem como sua prática.

(VIANNA, 2000).

5 O termo feedback é uma palavra de origem inglesa usada com bastante frequência no Brasil. Segundo o dicionário

Michaelis online, feedback significa “retroinformação: comentários e informações sobre algo que já foi feito com

o objetivo de avaliação”. 6 Metodologia da Avaliação.

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Scriven mostrou que a avaliação formativa deveria ocorrer durante o desenvolvimento

de um programa, projeto ou curso, podendo, assim, fornecer dados para aprimorar a

implementação. Acrescentou que essa avaliação deveria ser constante para que os avaliadores

ou responsáveis pudessem realizar modificações necessárias. (VIANNA, 2000).

Enquanto a avaliação formativa “está diretamente relacionada com a decisão de

desenvolver um programa, sua modificação ou, ainda, sua revisão […] a avaliação do tipo

somativa está ligada à decisão de continuar com o programa, encerrá-lo ou adotá-lo.”.

(VIANNA, p. 86-87, 2000).

A definição desses dois tipos de avaliação foi importante para o campo da avaliação,

uma vez que várias decisões devem ser tomadas enquanto um programa acontece, e as

avaliações realizadas ao final do programa (somativa) pouco ou nada podem fazer por aquele

mesmo programa, apenas surtirão efeito num próximo programa.

Embora esses dois tipos de avaliação sejam importantes e necessários, Vianna (2000)

argumenta que a avaliação mais comumente utilizada é a somativa. A avaliação realizada ao

final de um processo pode constatar o fracasso do projeto/programa.

Scriven definiu, ainda, a avaliação independente de objetivos (goal-free). Ele acreditava

que não se deveria aceitar tranquilamente os objetivos definidos pelos avaliadores. Os próprios

objetivos deveriam ser avaliados. A principal função dessa avaliação livre de objetivos era

reduzir os vieses e aumentar a objetividade das avaliações. (VIANNA, 2000).

Dessa forma, a contribuição de Scriven foi definir a avaliação formativa e a somativa,

no que se refere ao seu papel, bem como a avaliação independente de objetivos, sendo que,

neste caso, o “avaliador goal-free vai determinar até que ponto os objetivos pretendidos pelos

criadores dos programas estão sendo realmente alcançados, o que constitui uma tarefa

especialmente destinada ao avaliador externo.”. (VIANNA, p. 89, 2000).

O modelo da avaliação educacional estruturado por Stufflebeam, Guba, Hammond,

Provus, entre outros, (1971) resulta da proveitosa experiência que tiveram na década

de 60, quando enfrentaram a tarefa de avaliar o sistema público de ensino elementar

e secundário das escolas do distrito de Columbus, Ohio, nos Estados Unidos.

(VIANNA, 2000, p. 102).

Stufflebeam, junto a outros autores, concebeu um modelo que ficou conhecido pelo

anagrama CIPP: contexto; input (insumo), processo e produto. Esse modelo deu à avaliação um

caráter analítico que incluiu diversos momentos da avaliação: planejamento das decisões;

estruturação das decisões; implementação das decisões e reciclagem das decisões, havendo para

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cada momento uma forma específica de avaliar, tais como a avaliação do contexto, dos insumos,

do processo e do produto. Para Stufflebeam, cada decisão correspondia a um tipo de avaliação.

(VIANNA, 2000).

O diferencial de Stufflebeam é a definição de avaliação que ele apresenta como um

processo cheio de etapas, cada etapa correspondendo a uma avaliação.

A avaliação de contexto serve para o planejamento e decisões. A avaliação de insumos

procura estabelecer como usar os recursos para alcançar os objetivos definidos pelo programa.

A Avaliação de processo realimenta os responsáveis pelo programa em todas as fases,

detectando deficiências de planejamento ou implementação, a fim de corrigi-los. A avaliação

de produtos, por sua vez, mede e interpreta os resultados obtidos no término do programa.

(VIANNA, 2000).

Assim, Stufflebeam aplicou os conceitos do processo administrativo definido nas teorias

da administração, à avaliação educacional. Segundo Maximiano (2008), o processo

administrativo compreende cinco funções: planejamento, organização, liderança (direção),

execução e controle. Essa concepção deriva da ideia já defendida por Fayol de que as funções

administrativas são compostas pelos seguintes elementos da administração: previsão,

organização, comando, coordenação e controle. (CHIAVENATO, 2007). No entanto, Dias

(2002) argumenta que há certa discórdia sobre a quantidade e nome das funções do processo

administrativo. Muitos optam por fundir o “comando” e a “coordenação”, resultando nas quatro

funções: planejamento, organização, direção e controle.

É com essas quatro funções do processo administrativo que há semelhança do modelo

avaliativo proposto por Stufflebeam.

“Stake é […] uma das grandes figuras da educação norte-americana, ao lado de Tyler,

Cronbach, Scriven e Stufflebeam, entre outros, no campo da avaliação, área a que deu enorme

contribuição.” (VIANNA, 2000, p. 122, grifo nosso). Ele foi responsável por construir um

modelo avaliativo conhecido como avaliação responsiva. Para Silva (2012, p. 7),

O Método de Avaliação Responsiva caracteriza-se por ser pluralista, flexível,

interativo, holístico, subjetivo e orientado para o serviço. Uma das recomendações de

Stake acerca da avaliação é que os avaliadores precisam trabalhar continuamente com

as várias audiências e atender as suas diversas necessidades de avaliação.

Viana (2000) salienta que o papel de Stake foi de extrema relevância para a teorização

da avaliação, pois ele colocou que a avaliação possuía um lado formal e outro informal, sendo

que este último depende da sensibilidade do avaliador, no sentido de entender o que está

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implícito e fazer um julgamento subjetivo. Para Stake não havia esforço em conhecer o contexto

precedente no momento da avaliação. Esta era informal, sem preocupação entre os

procedimentos adotados e os resultados alcançados.

Stake, dessa forma, critica o excesso de preocupação em relação ao fiel cumprimento

dos escores e, a partir disso, enfatiza que o objetivo da avaliação não é informar o que medir ou

como medir, mas apresentar elementos necessários ao desenvolvimento do programa. Portanto,

considera a avaliação complexa e dinâmica, procurando, assim, conceituá-la. (VIANNA, 2000).

Stake lança a semente da flexibilidade na avaliação. Lança múltiplos olhares e múltiplas

facetas. De acordo com o modelo sugerido por Stake, a avaliação é sempre relativa, depende de

um contexto prévio, de quem está avaliando, do contexto atual, de como se avalia, etc. Enquanto

muitos acreditavam que um instrumento ou modelo avaliativo poderia ser universal, ele

discordou, pois “o que serve para uma escola talvez não sirva para outra.”. (VIANNA, 2000, p.

128).

Para Silva (2012), as vantagens da Avaliação Responsiva são: ajudar os avaliados

dando-lhes feedback; desenvolver a comunicação entre os participantes do processo avaliativo;

apresentar objetivos e procedimentos desde o início e desenvolvê-los ao longo dos estudos.

Dessa forma, Stake e todos os outros autores abordados, dentre outros, foram

responsáveis pela base teórica que há sobre avaliação educacional, permitindo, desse modo, a

sua ramificação e ampliação de campo de estudo. A subseção seguinte abordará a avaliação do

ensino-aprendizagem, trazendo conceitos inseridos nesse campo da avaliação, por meio dos

estudos e pesquisas realizados posteriormente.

3.2 Análise conceitual sobre a avaliação do ensino-aprendizagem

Embora as palavras avaliação da aprendizagem e testes não sejam exatamente

sinônimas, é difícil pensar nelas sem ver uma relação íntima. O atual sistema de ensino acaba

colocando os discentes de frente a essa realidade. Para ingressar nas universidades, faz-se um

teste de seleção, para ocupar um cargo público, faz-se um teste de seleção, etc.

O conhecimento é medido, portanto, por meio dos testes. Na realidade, os testes são

necessários para que se acompanhe o processo de aprendizagem, mas eles não são o processo

em si. O professor precisa dos testes, bem como de outros métodos e instrumentos para avaliar

a aprendizagem do discente. Por isso, é necessário que os professores procurem outros métodos,

sempre que possível e necessário.

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Apesar de saber que a avaliação da aprendizagem é bem mais subjetiva do que a

aplicação de testes, é importante ter em mente que os testes possuem suas vantagens, pois eles

permitem determinar algumas habilidades dos discentes em determinadas áreas. E com base

nisso, torna-se necessário analisar e conhecer os conceitos existentes sobre essa avaliação.

A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que

deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela

os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e

dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos,

dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. (LIBÂNEO, 1982,

p.195).

Segundo Gatti (2002), quando se fala em avaliação, a primeira ideia que vem à cabeça

são os métodos avaliativos, pois essa avaliação é confundida com a ideia de medir, e a autora

justifica o fenômeno, explicando que a maioria das pessoas pensa dessa maneira, porque é a

modalidade presente no cotidiano delas, não havendo como pensar de outra forma, já que até

professores encaram a avaliação como um simples método avaliativo, sem se preocupar com o

processo de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, acredita-se que a avaliação é mais que verificação de conhecimentos por

meio de testes, é um processo mais amplo, conforme corroboram os autores escolhidos para

embasar esta pesquisa.

A avaliação educacional hoje não é apenas um campo com teorias, processos e

métodos específicos, mas também um campo abrangente que comporta subáreas, com

características diferentes: avaliação de sistemas educacionais, de desempenho escolar

em sala de aula, de rendimento escolar com objetivo de macroanálises, de programas,

avaliação institucional e autoavaliação. Admite ainda diferentes enfoques teóricos

como avaliação sistêmica, avaliação iluminativa ou compreensiva, avaliação

participativa etc. (GATTI, 2002, p. 17).

Segundo Florêncio (2004, p. 1), “a avaliação é um processo que abrange a organização

escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho docente, a organização do

ensino, o processo de aprendizagem do aluno e a relação com a sociedade.”. Assim sendo, a

abordagem utilizada pelo docente, no que tange à avaliação, deve ser norteada pelo contexto no

qual o aluno está inserido.

“O processo avaliativo é um dos fatores da ação pedagógica que está diretamente ligado

ao fracasso ou ao sucesso do aluno, na escola e fora dela.” (FLORÊNCIO, 2004, p. 1). Pode-se

perceber que a avaliação vai além de usar métodos avaliativos, busca identificar o caminho

certo para atingir cada discente, pois um método padrão e generalizado não conseguirá atingir

a todos. A avaliação da aprendizagem preocupa-se com o aluno, preocupa-se em ajudar o aluno

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na consecução do seu aprendizado, busca o melhor meio de ensiná-lo, para que o processo se

consolide e para que os melhores resultados possíveis possam ser atingidos. E, como processo

integrado, é também preocupação da avaliação o ensino, pois, se o ensino não se consolidar,

sequer haverá aprendizagem a ser avaliada.

Um educador que se preocupa com uma prática educacional voltada para a

transformação, não poderá agir inconscientemente e irrefletidamente. “A avaliação, neste

contexto, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento

político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida

social.” (LUCKESI, 1998, p.6).

Lima (1994) traz uma rica contribuição baseada nos estudos de Jean Piaget7. Para a

autora, a avaliação educacional tem íntima relação com o processo de adaptação. Este último

dá-se de duas formas simultâneas: assimilação e acomodação. A assimilação é a primeira ação

natural do indivíduo, a acomodação, segundo a autora, é o conjunto de transformações às quais

a pessoa se submete, ou seja, o aprendizado.

Avaliar, então, um discente, exige, antes de tudo, uma espera para que o indivíduo passe

da primeira ação à segunda. O indivíduo primeiro assimila e depois converte em conteúdo,

findando em aprendizado.

Para Nérici (1977), a avaliação é o processo de verificação, apreciação ou valorização

do que o aluno aprendeu durante o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, que

inclui uma verificação prévia. Infere-se que, para a consolidação da avaliação, torna-se

necessário uma verificação prévia, não pode ocorrer avaliação antes de ter ocorrido verificação,

sendo que esta verificação não deixa de ser uma avaliação.

Luckesi (1998, p. 173) aponta “que a avaliação é acolhedora e harmônica […] avaliar

um aluno com dificuldades é criar a base do modo de como incluí-lo dentro do círculo de

aprendizagem.”. Verifica-se, portanto, que avaliar é criar condições favoráveis para que o

discente assimile o conteúdo, condições essas que devem ser adaptáveis, a fim de que a

avaliação tenha esse caráter acolhedor do qual Luckesi fala.

Saul (2000, p. 2, grifos do autor) define a avaliação da seguinte forma:

A avaliação, em seu sentido amplo, apresenta-se como atividade associada à

experiência cotidiana do ser humano. Frequentemente nos deparamos analisando e

7 Jean Piaget (1896-1980) nasceu em Neuchâtel, Suíça. Formou-se em biologia. Acompanhou a infância dos três

filhos, uma das grandes fontes do trabalho de observação do que chamou de “ajustamento progressivo do saber”.

Foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, embora nunca tenha

atuado como pedagogo. Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo

de aquisição de conhecimento pelo ser humano. (FERRARI, s.d.).

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julgando a nossa atuação e a dos nossos semelhantes, os fatos de nosso ambiente e as

situações das quais participamos. Esta avaliação, que fazemos de forma assistemática,

por vezes inclui uma apreciação sobre adequação, eficácia e eficiência de ações e

experiências, envolvendo sentimentos e podendo ser verbalizada ou não. Essas ações

avaliativas diferem, no entanto, daquelas que estamos acostumados a ver, ‘sofrer’ ou

executar no cenário educacional. Estas costumam ter um caráter deliberado,

sistematizado, apoiam-se em pressupostos explicitados em maior ou menor grau,

variam em complexidade e servem a múltiplos propósitos.

Entende-se, com base nas palavras da autora, que a avaliação está presente no cotidiano

das pessoas, nos mais diversos comportamentos e decisões que são tomadas. Isso não implica

dizer, no entanto, que esse ato avaliativo se enquadra no contexto educacional. Nesse contexto,

tudo deve ser bem planejado, pensado e estrategicamente aplicado para surtir o efeito desejado,

que é o de avaliar bem a aprendizagem dos alunos, e não apenas isso; garantir a aprendizagem

bem-sucedida.

Para Lima (1994), o sujeito avalia tudo que faz, de forma sistemática e inconsciente,

quando está interagindo com o meio. Cita, inclusive, que até uma criança de quatro anos faz

escolhas sistemáticas quando na tentativa de encontrar o melhor meio para atingir um fim.

Enfatiza, ainda, que esse conjunto avaliativo é constituído de processos inconscientes.

Fernandes (2008, p. 5) ressalta a importância de se compreender que “a avaliação é […]

uma construção social complexa que envolve pessoas que funcionam em determinados

contextos, com as suas práticas e políticas próprias, e que envolve também a natureza do que

está a ser avaliado.”. Observa-se nas palavras do autor que o estado do indivíduo deve ser

considerado na avaliação do ensino-aprendizagem, pois esta não deve ser rígida e universal,

vários fatores devem ser levados em conta.

Rosado e Silva (2012) afirmam que a avaliação pode ser vista como um sistema de

comunicação entre professores e alunos. Em comparação a um sistema, o discente atua como

produto sendo modificado pelos processos, e a avaliação atua no fim verificando como se deu

o resultado desse processo.

Ao interpretar as palavras do autor, percebe-se que qualquer que seja a metodologia ou

perspectiva teórica adotada, dificilmente a avaliação conseguirá abranger de forma universal as

questões sociais inerentes a cada indivíduo do grupo a ser avaliado. Fernandes (2008, p. 6) diz

ainda que “a avaliação tem a ver fundamentalmente com a identificação e o reconhecimento da

qualidade, com base numa diversidade de evidências que permitem comprovar essa mesma

qualidade perante outrem.”. O autor discorre sobre a temática abordando a questão complexa

da qualidade, pois esta é bastante subjetiva. Para o autor, “a qualidade é determinada através da

comparação entre as evidências obtidas no processo de avaliação e os critérios definidos de

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acordo com uma variedade de processos.”. Para esse autor, as avaliações podem ser criteriais

ou baseadas em experiências pessoais.

Em seus estudos, Luckesi (1998) explana a diferença que há entre avaliar e selecionar,

usando como exemplo o exame vestibular. O autor, com propriedade, discorre a respeito desta

temática salientando que o exame vestibular é claramente selecionador, e que as práticas

escolares não devem se igualar a este. As práticas escolares devem ser avaliadoras, pois os

testes de seleção excluem uma parte, as avaliações procuram desenvolver aqueles que não

atingiram o nível ideal de qualidade da aprendizagem, aqueles que não conseguiram

acompanhar ou assimilar o conteúdo.

E é com base nessa diferença que este trabalho tem como temática geral essa avaliação

da aprendizagem, essa que acolhe o aluno, que busca desenvolvê-lo. É com base nessa teoria

que se buscará, através da pesquisa de campo, conhecer as concepções dos docentes da UFC

acerca do tema.

3.2.1 Considerações acerca das práticas avaliativas

Embora os paradigmas da avaliação educacional tradicional tenham mudado, e esta

avaliação seja abordada de forma mais cognitivista e sociocultural, Luckesi (1998) afirma que

a prática mais parece ter mudado de nome, apenas. Esta ainda continua tradicional em muitas

instituições de ensino, a prática avaliativa ainda é preponderantemente excludente.

Para Vasconcellos, Oliveira e Berbel (2006, p. 445),

Já há algum tempo, a literatura sobre avaliação vem apontando na direção de

transformação das práticas de avaliação, deixando para trás a avaliação tradicional

rumo a paradigmas emergentes que enfatizam a avaliação, sobretudo, em seus

aspectos diagnóstico e formativo.

Porém, esta ainda é uma realidade distante. Os conceitos evoluíram no sentido de

considerarem várias abordagens diferentes do processo como válidas e mais adequadas,

dependo do contexto, mas não o fizeram com a mesma velocidade as práticas avaliativas. O

ensino, em quase todas as instituições, caracteriza-se como uma prática limitada ao

tempo/espaço da sala de aula.

A instituição prevê em seu regulamento acadêmico um sistema de avaliação vinculado

a notas e procedimentos inerentes ao processo de aprovação/reprovação. Ao vincular a

avaliação ao objetivo de mensurar e conceder valor, essa prática, segundo as autoras, permite a

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manutenção de um status quo a qual justifica a supervalorização das notas.

(VASCONCELLOS; OLIVEIRA e BERBEL 2006).

O conceito da avaliação da aprendizagem evoluiu bastante, mas a prática não

acompanhou essa evolução, segundo Luckesi (1998). Tendo isto como base, torna-se,

necessário saber como os docentes fazem para ultrapassar as barreiras impostas pelas regras das

instituições. Tendo em vista que os docentes detêm certa autonomia na sala de aula, e, embora

não haja uma política de desenvolvimento da avaliação, como ferramenta de agregar valor ao

ensino, o docente pode utilizar-se desta autonomia para desenvolvê-la, podendo atuar de forma

diferenciada para valorizar e desenvolver os conhecimentos potenciais dos alunos.

A prática de provas e exames exclui parte dos alunos, por basear-se no julgamento, a

avaliação pode incluí-los devido ao fato de proceder por diagnóstico e, por isso, pode

oferecer-lhes condições de encontrar o caminho para obter melhores resultados na

aprendizagem. (LUCKESI, 1998, p. 173).

Ao abordar as práticas avaliativas do ensino, Vasconcellos, Oliveira e Berbel (2006, p.

446) relatam que “quando refletimos sobre as razões pelas quais uma determinada prática

avaliativa, em vez de outra, se estabelece, não podemos deixar de pensar que existem muitos

fatores que interferem nas decisões tomadas pelos docentes em relação à sua atuação.”.

Obviamente uma série de características deve ser levada em conta na hora de mensurar a melhor

forma de avaliar, deve-se levar em consideração os princípios de cada profissional docente, as

políticas educacionais, as condutas permitidas e aceitáveis, entre outros fatores.

Desconstruir a ideia de avaliação como verificação de aprendizagem de conteúdos

trabalhados num determinado período é desconstruir a lógica de uma vida inteira de

submissão a esse ritual que acompanha basicamente toda a extensão da vida escolar.

Geralmente, a avaliação só é reconhecida se estiver expressa em forma de provas,

testes, exames, trabalhos escritos e for realizada em momentos estanques, separados

da aula. Conferir o que o aluno aprendeu – pode ser muito mais o que memorizou –

passa ser mais importante do que como aprendeu. Neste sentido, a avaliação não é

usada como diagnóstico, mas como um veredicto, uma sentença final dada a um

processo que nem se quer tem momento de réplica. (SANTOS, 2012, P. 71).

Assim, “a avaliação deixa de cumprir a sua função primordial: identificar e analisar o

que foi aprendido, o que ainda é preciso aprender, para que se organize o trabalho com vistas à

aquisição da aprendizagem.”. (BOAS, 2005, p. 163).

Há vários instrumentos avaliativos, tais como prova escrita, prova oral, dentre outros e

várias formas de se aplicar esses instrumentos. A teoria traz conceitos evoluídos de abordagens

cognitivista e sociocultural que, em algumas áreas do conhecimento, dispensam o uso dos

instrumentos, porém acredita-se que o conceito evoluído não é praticado como deveria ser. Na

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prática, observa-se justamente o conceito mais arcaico, uma abordagem mais tradicional, como

se as pesquisas sobre avaliação da aprendizagem, ao longo do tempo, ficassem à margem.

A avaliação precisa ser planejada conforme seus objetivos. O método escolhido para

avaliar tem íntima relação com o objetivo que se pretende alcançar, afirma Fernandes (2008, p.

5-6) ao citar que:

Os propósitos que se pretende alcançar através de uma dada avaliação […]

determinam em grande medida a forma como se planifica e desenvolve o processo de

recolha de informação e como se organiza e divulga o próprio relatório ou registro

final. Ou seja, os fins a que se destina a avaliação têm necessariamente de ser

considerados quando se escolhem os procedimentos de recolha de dados, o tipo de

interação que o avaliador vai estabelecer com os avaliados ou, em geral, o design do

sistema que se pretende concretizar. […] Para que os propósitos de uma avaliação

possam ser alcançados utilizam-se, em geral, avaliações sistemáticas ou formais quase

sempre enquadradas por um modelo teórico. Mas também se utilizam avaliações

informais e combinações de abordagens mais e menos formais. A compreensão da

natureza destes tipos de avaliação e das relações que existem entre si é relevante e

deverá ser objeto de estudo e de reflexão.

A contribuição desse autor é relevante, pois se verifica que as avaliações formais8 devem

ser seguidas, porém o método deve ser acrescido de avaliações informais9, as quais parecem ser

as mais fiéis no que concerne ao aprendizado discente. Dada a autonomia que o professor detém

em sala de aula, ele pode combinar esses estilos de avaliação. De um lado, ele não deixa de

cumprir o seu papel de avaliar (medir) o conhecimento, já que este profissional deve seguir um

regimento interno da instituição, entretanto, ele, como docente, também não deixa de avaliar

informalmente, como medida includente.

Jonassen (1992) pontua que a avaliação deve ter objetivos diversos e livres de

regulamentos, tendo em vista a dificuldade que há de um único conjunto de metas ser eficaz

para diferentes alunos. Assim sendo, ele conclui que o processo de avaliação deve proporcionar

uma maior variedade de opções de resposta para os alunos. Os métodos utilizados devem avaliar

a construção do conhecimento, em um contexto relevante para o aluno, com tarefas de

aprendizagem que representam múltiplas perspectivas e pontos de vista, e não apenas um só

ponto de vista, ou uma resposta padrão.

Rosado e Silva (2012) apontam que é necessário identificar as necessidades do processo

educacional, para posteriormente elaborar programas de avaliação adequados às necessidades

dos alunos, e explicam claramente as distinções que há na avaliação:

8 Compreendem-se nesta pesquisa como avaliações formais aquelas das quais o professor não pode abrir mão por

serem determinadas pela instituição na qual ele trabalha. 9 Em contrapartida, as avaliações informais são aquelas que o professor pode aplicar para melhorar o processo de

aprendizagem e a aquisição do conhecimento, não sendo, portanto, exigência da instituição.

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Fala-se de avaliação contínua por oposição a avaliação pontual. A avaliação contínua

é vista como acompanhando o processo de ensino-aprendizagem de forma regular.

Esta regularidade não deve ser confundida como avaliação permanente, aproximando-

se este conceito da ideia de que estamos sempre a avaliar. Na realidade, a avaliação

está sempre presente na medida em que não podemos deixar de nos questionarmos,

permanentemente, acerca do valor daquilo que fazemos. Essa avaliação permanente

é, no entanto, insuficiente para responder à totalidade das necessidades do processo

de aprendizagem. A avaliação pontual corresponde a uma avaliação isolada, podendo

coincidir ou não com a avaliação final. Avaliações pontuais frequentes, regularmente

organizadas, podem traduzir uma verdadeira avaliação contínua. A avaliação final

deve ser entendida como uma forma de concretizar um balanço no final de um ciclo

de ensino e a avaliação contínua como uma forma de recolher informação para

reajustar o processo de aprendizagem durante esse ciclo. (ROSADO; SILVA, 2012,

p. 3).

Torna-se relevante salientar, com base nos conceitos apresentados pelos teóricos, que a

avaliação permite o julgamento e a classificação, mas esta não é a sua função. Sua função é,

portanto, verificar se aprendizagem foi bem-sucedida. A seção seguinte possibilitará a

compreensão dessa avaliação de acordo com a sua função.

3.2.2 Avaliação diagnóstica, formativa e somativa

De acordo com as concepções de avaliação, esta deve envolver mais que uma simples

verificação de resultados, em um determinado ciclo educacional, e entende-se por ciclos,

períodos conforme designado pela instituição: semestre, trimestre, bimestre, etc. De acordo com

Diniz (1982), a avaliação deve acompanhar todo um processo, desde a sua fase inicial

(avaliação diagnóstica), o desenvolvimento do processo (avaliação formativa), e o momento

final, no qual se verifica se a aprendizagem foi bem-sucedida (avaliação somativa). O objetivo

primordial da avaliação é analisar o que o discente assimilou, e tomar o ensinamento adquirido

como base para aperfeiçoar os processos de ensino e aprendizagem, na busca da melhoria

contínua de si mesmo, como professor, e da ampla divulgação dos conceitos enquanto processo

agregador. O professor aprende com a sua prática cotidiana, e essa aprendizagem traz melhoria

para o processo de avaliação.

Os resultados mostrados pela citada avaliação refletem, em grande parte, os

procedimentos e a metodologia adotados pelo docente. Tendo essa avaliação como ferramenta

de melhoria que vise a incluir aqueles que não atingiram o nível de qualidade esperado e

determinado por cada instituição de ensino. Espera-se que, ao final do período letivo, a mesma

ferramenta possa corrigir falhas e estimular os alunos a continuarem estudando. Pode-se dizer,

então, que a atuação do professor tem forte influência sobre a atuação do discente, concluindo,

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inclusive, que o aproveitamento deste último, depende em grande parte da atuação daquele.

Portanto, o ato de avaliar permite a verificação do nível de aprendizagem dos discentes e

determina a qualidade do processo que está sendo realizado, cujo mediador é o professor. Essa

avaliação fornece ferramentas para que os professores melhorem a sua atuação.

Segundo Ribeiro (1999, p. 79),

As avaliações a que o professor procede enquadram-se em três grandes tipos:

avaliação diagnóstica, formativa e somativa. Os dois últimos termos criados por

Scriven (1967). Cada um destes tipos de avaliação tem uma função específica,

complementar das restantes, constituindo, assim, um conjunto indispensável ao

professor.

Para Cerqueira (2008, p. 1),

A avaliação diagnóstica é aquela que ao se iniciar um curso ou um período letivo […]

o professor deve verificar o conhecimento prévio dos alunos com a finalidade de

constatar os pré-requisitos necessários de conhecimento ou habilidades

imprescindíveis de que os educandos possuem para o preparo de novas aprendizagens.

A avaliação diagnóstica é, portanto, esse momento inicial vivenciado entre aluno e

professor, para que este possa ter elementos que sustentem o seu planejamento de ensino, a ser

definido posteriormente, planejamento este que se refere à avaliação formativa, cujos conceitos

serão citados posteriormente.

Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la

comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, considerarmos que ela deva

estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez que

esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá

apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua realização

como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo capitalista

de produção. A avaliação diagnostica não se propõe e nem existe de uma forma solta

isolada. É condição de sua existência e articulação com uma concepção pedagógica

progressista. (LUCKESI, 2002, p.82).

Essas considerações sobre avaliação diagnóstica remetem os professores ao âmbito do

comprometimento. Muitos docentes, provavelmente, pulam esta etapa, que Luckesi, dentre

outros autores, considera importante. Como realizar outro método avaliativo sem ao menos

verificar os conhecimentos prévios existentes? Esse questionamento prova que a avaliação

diagnóstica é o início, e que sem ela não se pode acreditar em processo de avaliação, como

processo de desenvolvimento do ensino.

Lima (2003, p. 111), ao abordar a avaliação diagnóstica, aponta que essa avaliação “tem

uma característica de abordagem qualitativa, pois, ao invés de medir a aprendizagem como

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objetivo final, tem o cuidado com o processo de ensino-aprendizagem, com a evolução dos

educandos a partir de sua situação real.”.

Essa avaliação diagnóstica permite ao docente determinar o seu planejamento, a sua

forma de atuar como mediador do conhecimento; permite ainda um estudo para tornar o

processo de avaliação do ensino-aprendizagem mais eficaz, com o objetivo de descobrir o perfil

que cada discente possui.

Diniz (1982) aponta que a avaliação diagnóstica assume dois propósitos: o primeiro se

refere ao ponto de partida que o estudante deve estar a ser diagnosticado e o segundo se refere

às causas e circunstâncias que dificultam a aprendizagem dos alunos no decorrer do período

letivo. “[…] o diagnóstico trata de descobrir as razões dos sintomas de deficiência de

aprendizagem apresentados, a fim de que, se possível, sejam tomadas medidas […] para corrigir

ou eliminar os obstáculos para o progresso.” (DINIZ, 1982, p. 7).

Quanto à avaliação formativa, Cerqueira (2008, p. 1) afirma que:

É aquela com a função controladora sendo realizada durante todo o decorrer

do período letivo, com o intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos

previstos. […] Essa modalidade de avaliação é orientadora, porque orienta o estudo

do aluno ao trabalho do professor. É motivadora porque evita as tensões causadas

pelas avaliações.

Percebe-se que esse estilo de avaliação, em complemento à avaliação diagnóstica citada

anteriormente, visa à avaliação do processo como um todo. Essa avaliação formativa permite,

no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, que alterações sejam feitas, tais como:

alterações no planejamento; das práticas pedagógicas do docente; nos instrumentos avaliativos

escolhidos; entre outras possibilidades, a fim de atingir a aquisição de conhecimento e

pensamento crítico por parte dos alunos, tendo em vista que os discentes possuem

conhecimentos prévios e ritmos de aprendizagem diferentes. É nessa avaliação que os alunos

vão se adaptando ao estilo pedagógico do professor, e este, em contrapartida, adapta-se também

ao estilo individual de cada discente, procurando atingi-los eficazmente.

Quanto à avaliação formativa, Lima (2003, p. 111) afirma que “a avaliação em sala de

aula […] deve possibilitar a criação de nexos entre ensino e aprendizagem, apontando pistas

para a superação dos obstáculos enfrentados pelos educandos e também pelo educador”.

Segundo o autor, observar o comportamento dos educandos é um método valioso para se

acompanhar a situação de aprendizagem. Logo, o educador deve proporcionar uma avaliação

dinâmica, baseada no diálogo, buscando a interação com o aluno, a fim de que ele possa fazer

parte do meio e se sentir parte do meio no qual está inserido, aprendendo com as interações,

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proporcionando aprendizagem aos outros que com ele interagem, aumentando, assim, o seu

conhecimento de mundo.

Essa avaliação é, portanto, formativa, porque indica o que os alunos devem fazer para

conseguirem assimilar o conteúdo. Cerqueira (2008) afirma que esse tipo de avaliação tem a

finalidade de reconhecer onde o aluno está errando e que dificuldades ele sente para informá-

lo. Esta avaliação não se traduz em nota. Trata-se de um feedback para o aluno e para o

professor. Nesse sentido, a avaliação é uma forma de controle de qualidade da atuação do

professor e da capacidade do aluno, bem como dos processos adotados.

Diniz (1982), ao abordar a avaliação formativa, afirma que ela é sistemática e visa ao

desenvolvimento do processo de avaliação do ensino-aprendizagem. “[…] seu principal

propósito é precisar o grau de domínio de uma determinada tarefa de aprendizagem e assinalar

com exatidão a parte não dominada. […] sua finalidade não é qualificar o aluno e, sim, ajudá-

lo a caminhar seguro.” (DINIZ, 1982, p. 7).

Lima (2003) aponta que o educador se torna um agente mediador nesse processo, assim,

ele deve propor desafios que incentivem o desenvolvimento, e não apenas isto, ele deve ajudar

os alunos a superar e resolver os desafios, e incentivar aqueles mais desenvolvidos em termos

de aprendizagem a ajudarem os demais por meio da interação.

Por fim, considerando agora a avaliação somativa, Cerqueira (2008, p. 1) afirma que

essa avaliação “tem por função básica a classificação dos alunos, sendo realizada ao final de

um curso ou unidade de ensino, classificando os alunos de acordo com os níveis de

aproveitamento previamente estabelecidos”. Como se pode observar, essa avaliação se dá após

a avaliação formativa, podendo verificar se as possíveis alterações feitas na avaliação formativa

deram os resultados esperados.

Rosado e Silva (2012, p. 7) acrescentam que:

Nesta modalidade de avaliação é decisiva uma escolha criteriosa de objetivos

relevantes, de acordo com critérios de representatividade e de importância relativa de

modo a obter uma visão de síntese. […] É […] a modalidade de avaliação que melhor

possibilita uma decisão relativamente à progressão ou à retenção do aluno, pois

compara resultados globais, permitindo verificar a progressão de um aluno face a um

conjunto lato de objetivos previamente definidos.

Conforme a literatura, é nessa modalidade que se pode adicionar um juízo de valor; esse

tipo de avaliação pode ser seletiva, com valoração de notas. Afirmam isto Rosado e Silva (2012,

p. 7) ao dizerem que “a avaliação somativa presta-se à classificação, mas não se esgota nela,

nem se deve confundir com esta, podendo […] existir avaliação somativa sem classificação”.

Os autores ainda dizem que essa avaliação pode ser qualitativa ou quantitativa.

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Sobre a avaliação somativa, uma vez que com ela não se podem corrigir falhas no

mesmo ciclo, Diniz (1982, p. 9) afirma que “sua efetividade é de importância em termos de

verificação da eficácia do produto, uma vez que constitui diagnóstico para estudos seguintes,

devendo o professor ter ainda o devido cuidado de não taxar os alunos como fracassados”.

Diniz (1982, p. 6) aponta, ainda, outras funções para as quais a avaliação serve:

assegurar o domínio da aprendizagem; demonstrar os efeitos da metodologia empregada no

processo ensino-aprendizagem; analisar os objetivos de ensino; revelar consequências da

atuação do professor e fornecer dados para avaliar a eficácia do currículo escolar. A avaliação

pode ser assim utilizada para vários fins relativos ao contexto educacional e a partes do processo

que signifiquem melhorias significativas na aprendizagem do aluno.

3.3 Formação docente

Segundo Demo (2010), a maior parte da literatura que trata de avaliação diz respeito à

aprendizagem do aluno. O processo de avaliação não diz respeito apenas à aprendizagem e nem,

tampouco, deve ser reduzido ao aluno.

O processo de avaliação do ensino-aprendizagem engloba professor e aluno num fluxo,

no qual ambos trocam informações a fim de atingir um objetivo comum: a aprendizagem do

aluno. Para que esse processo ocorra de forma a alcançar o objetivo proposto, o professor

precisa reconhecer sua posição de avaliador e aceitar que a sua metodologia adotada, bem como

a sua postura dentro da relação com o aluno, pode influenciar positiva ou negativamente na

aprendizagem discente. O professor que reconhece essa condição procurará meios de adaptar a

própria didática quando problemas e dificuldades se apresentarem no cotidiano docente.

Para o exercício pleno da docência são exigidas do professor algumas qualificações, tais

como: especialização, mestrado, doutorado, publicações, entre outras exigências. Porém, o que

dizer das qualificações psicológicas, da atuação prática, da didática do profissional, da

qualificação interpessoal e pedagógica? Essas não são alvo de avaliações no âmbito docente.

Com base nos fundamentos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) publicada

em 1996, em seu capítulo IV, o qual aborda a organização da educação nacional, em seu art.

13, cita que os docentes incumbir-se-ão de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do

estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer

estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias

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letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos

dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI -

colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

(BRASIL, 1996).

Partindo desses pressupostos estabelecidos pela LDB, o docente deve participar da

elaboração da proposta pedagógica e cumprir um plano de trabalho, além de zelar pela

aprendizagem do aluno. Deve, ainda, estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de

menor rendimento. “Faz-se necessário que o docente desenvolva suas práticas atreladas ao

contexto social em que atua.” (SILVA; BARROS e SOUSA, 2010, p. 48).

O profissional pode desenvolver todas as competências necessárias e exigidas em um

currículo docente, mas, se não conseguir desenvolver o aprendizado dos discentes, de nada

servirá. Ele estará sendo um mero transmissor de informações, o qual corre o risco de não ser

entendido, compreendido, devido aos ruídos que podem existir no processo de comunicação. A

mensagem, muitas vezes, chegará ao seu emissor com distorções.

Apresentam-se abaixo as dez competências necessárias à prática docente, segundo

Perrenoud (2000), para fins de conhecimento e reflexão:

a) Organizar e dirigir situações de aprendizagens;

b) Administrar a progressão das aprendizagens;

c) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;

d) Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;

e) Trabalhar em equipe;

f) Participar da administração da escola;

g) Informar e envolver os pais;

h) Utilizar novas tecnologias;

i) Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;

j) Administrar sua própria formação contínua;

Destacam-se nas palavras de Perrenoud (2000), as competências b e j. A primeira se

refere à administração da progressão das aprendizagens, assim como citou também Riedel et

al. (2012), e a segunda se refere à administração da formação contínua, ou seja, dentro das dez

competências apontadas pelo autor como essenciais à prática docente. É relevante observar com

mais atenção essas competências citadas neste parágrafo. Em concordância com os autores, as

outras competências até podem ser desenvolvidas aos poucos, mas essas duas são consideradas

de primordial importância. Não pode um professor desenvolver o seu ofício plenamente sem

estar atento ao desenvolvimento e administração da avaliação da aprendizagem, bem como ao

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desenvolvimento da sua própria formação continuada. Todas as competências são importantes

e necessárias, essas duas, porém, são imperativas e irrefutáveis.

Além do desenvolvimento profissional, o docente precisa desenvolver-se, também, em

outras áreas, conforme se verifica nas palavras de Pimenta e Anastasiou (2002, p. 259):

O avançar no processo de docência e do desenvolvimento profissional, mediante a

preparação pedagógica não se dará em separado de processos de desenvolvimento

pessoal e institucional: este é o desafio a ser hoje considerado na construção da

docência no ensino superior.

De acordo com as autoras, percebe-se que o desenvolvimento da formação docente

exige um desenvolvimento paralelo pessoal e institucional. O profissional precisa desenvolver

vários lados como o profissional, pessoal, relacionamento interpessoal, empatia, cognição, entre

outros, o que significa, para o docente, um esforço redobrado. Segundo Silva, Barros e Sousa

(2010, p. 48), “o professor é um profissional que está sempre se fazendo e como qualquer outro

ser humano, se produz por meio das relações que estabelece com o mundo. É nesse movimento

que ele constrói uma identidade profissional.”. Para Vasconcelos e Amorim (2008, p. 4-5):

[…] a formação continuada […] deve referenciar a pessoa do docente como sujeito

que ocupa espaços determinantes à transformação da sociedade, deslocando […] sua

preparação pedagógica à conquista desse momento como espaço institucionalizado

[…] concedendo-lhe, assim consistência para o cultivo da competência didático-

universitária.

Além do desenvolvimento paralelo de várias áreas, ao ressaltar o que foi dito por

Vasconcelos e Amorim (2008) sobre a formação continuada, acredita-se que esse é o grande

foco do desenvolvimento docente. Para Riedel et al. (2012), a mudança mais significativa está

na quebra do paradigma de que o professor é aquele que transmite os conhecimentos, sejam

eles informações ou experiências, a fim de que haja efetivamente preocupação com a

aprendizagem dos alunos. Percebe-se que além de toda competência que possa ser necessária à

atuação do docente, a mais importante delas é o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.

Pode ser até mais que uma simples competência, é uma questão de consciência, o docente

precisa se conscientizar de que o foco da educação está na aprendizagem dos alunos.

Certamente é necessário um esforço coletivo para superar os entraves que dificultam

a construção do ensino de qualidade que contemporaneamente se discute e se deseja.

Neste caso, as mobilizações que primam, dentre outros pontos, por uma formação

docente comprometida com a transformação social devem, necessariamente,

explicitar o perfil e conhecimentos desejáveis deste profissional para uma intervenção

conscientizada na realidade escolar, no processo de formação continuada do educador

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e na problematização dos fins educacionais. (LIMA; BARRETO e LIMA, 2007, p.

91).

Para uma formação docente de qualidade é preciso, antes de tudo, saber o que se espera

dos docentes. Que competências serão necessárias. A formação isoladamente, sem análise do

contexto educacional no qual o professor vai atuar, pode significar pouco em termos de

resultado.

O professor não domina o saber-fazer simplesmente em sua formação inicial e nem

mesmo este saber-fazer se dá por completo em um ano ou dois de formação

continuada, antes é processo permanente das leituras possíveis da realidade; assim,

para cada realidade “lida”, uma intervenção coerente e consistente com suas

solicitações; pois aplicar as mesmas respostas para realidades diferentes, para

significações e ressignificações de mundo pelos sujeitos é reduzir a educação a uma

linha de produção, onde a seriação, os tempos e os movimentos são aplicáveis em

qualquer caso. (LIMA; BARRETO e LIMA, 2007, p. 97).

Sobre a formação docente, Lima, Barreto e Lima (2007) apontam que teoria e prática

andam juntas. A formação é importante, mas também o é o estudo conceitual da literatura e da

prática docente, pois a docência não é fruto apenas dos saberes teóricos, é necessário aprender

a materializar os fazeres, e isso também é parte dessa formação.

É importante entender, o que já é consenso, que o magistério e a profissão de professor

caracterizam-se como uma profissão com níveis de complexidade, exigindo revisão e

construção constante de saberes, centrando seu saber ser e fazer numa prática reflexiva

e investigativa do trabalho educativo e escolar, no cotidiano pessoal e profissional.

(SOUZA, 2004, p. 40).

A formação não termina na Universidade. A universidade dá aos docentes os aparatos e

o conhecimento teórico, em alguns casos, prático, mas de forma não aprofundada, para que ele

desenvolva e aperfeiçoe a sua prática docente. Muitos docentes respeitados e considerados

como referência em determinadas áreas, provavelmente tiveram de aprender na prática,

pesquisando e, também por vezes, errando.

3.4 Práticas pedagógicas no ensino superior

Avaliação da aprendizagem se dá em um momento diferente da avaliação do ensino.

Enquanto o foco da primeira é o aluno, o foco desta última é a didática do professor. A didática

do professor, nesse contexto, é de fundamental importância para o processo de avaliação do

ensino-aprendizagem como um todo. A fim de esclarecer a questão da didática no ensino

superior, bem como subsidiar conceitos relativos à transmissão do conhecimento a fim de

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confrontá-los, nesta pesquisa, com a didática dos professores da UFC, é que esta seção abordará

esta temática.

Gil (2010) aponta que os professores precisam ter mais que conhecimentos específicos

e restritos a sua área de ensino, eles precisam, também, ter habilidades pedagógicas capazes de

proporcionar o aprendizado do aluno. Ainda conforme Gil (2010, p. 1, grifos do autor),

“deficiências na formação do professor universitário ficam claras nos levantamentos que são

realizados com estudantes ao longo dos cursos. […] a maioria das críticas em relação aos

professores refere-se à ‘falta de didática’.”.

Enquanto a avaliação da aprendizagem pode enfrentar problemas, tais como a

dificuldade do aluno, procedimentos engessados, rigidez e arrogância de alguns professores e

técnicas de avaliação defasadas e inadequadas, existe ainda um problema de resolução mais

complicado: a didática do professor, quando ela interfere de forma negativa na aprendizagem

discente.

Pode-se considerar a didática um problema mais complexo que os outros porque ela é

subjetiva, visto que professores com a mesma formação, que tenham tido as mesmas

oportunidades e ensinem a mesma disciplina para turmas semelhantes ainda obterão resultados

diferentes, de modo que um pode atingir o objetivo de transmitir o conhecimento e o outro não.

Isso se dá porque ambos são diferentes como indivíduos, possuindo crenças pessoais, ideias,

gesticulação e oratória próprias.

A didática adotada por cada professor é pessoal. É como se fosse um princípio no qual

cada professor acredita. Há aqueles que se colocam na posição de detentor do conhecimento e

assumem um papel de agente do processo, e há aqueles que acreditam que o aluno é o principal

agente do processo de ensino-aprendizagem. Gil (2010, p. 7, grifos do autor) afirma o seguinte:

Consciente ou inconscientemente, os professores tendem a enfatizar um ou outro polo,

o que faz com que sua atuação se diversifique significativamente. Em apoio à postura

que enfatiza o ensino, costuma-se lembrar que o magistério é uma vocação, que a

missão do professor é a de ensinar, que para isso é que ele se preparou e que, à medida

que seja um especialista na matéria e que domine a 'arte de ensinar', ninguém melhor

do que ele poderá contribuir para que, por meio de seu ensino, os alunos aprendam.

Freire (2002, p. 86, grifos do autor), em contrapartida, já afirma que:

A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização

mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em 'vasilhas',

em recipientes a serem 'enchidos' pelo educador. Quanto mais vá enchendo os

recipientes com seus 'depósitos', tanto melhor educador será. Quanto mais se deixarem

totalmente 'encher', tanto melhores educandos serão.

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Esse tipo de educação, caracterizada pelo professor como agente ativo transmissor do

conhecimento e único detentor do conhecimento em sala de aula, é definida por Freire (2002)

como educação bancária.

A pedagogia do Ensino Superior tem progredido com novos conceitos e novos métodos;

o estudante, que era tido como sujeito passivo numa abordagem mais tradicional do ensino,

hoje é sujeito ativo, construtor e organizador do seu próprio conhecimento. As universidades

incentivam os alunos a buscarem o conhecimento com as próprias mãos, incentivam a pesquisa,

fazendo com que o aluno busque o conhecimento e vá além: mostre o que encontrou à

sociedade. Com base nesse contexto, a subseção seguinte trará as abordagens do processo de

ensino segundo Mizukami (1986).

3.4.1 Abordagens do processo de ensino

A fim de comparar a abordagem do processo de ensino utilizada pelos professores da

UFC com as práticas avaliativas adotadas, será abordada nesta seção a temática citada a

epigrafe.

A aprendizagem é parte de um processo maior que acontece dentro do aluno e é

realizada por ele. O professor não tem poder de impor aprendizado a ninguém, nem tampouco,

pode fazê-lo por eles. Com base nisso, caso a aprendizagem não seja bem-sucedida, todo o

esforço realizado no ato de ensinar terá sido em vão. Bordenave e Pereira (1977, p. 39) afirmam

que “de tudo quanto se ensina, apenas uma parte é efetivamente aprendida […] e,

provavelmente, a maioria dos professores procurará nos seus alunos uma explicação desta

falha”. Os autores fazem um convite à reflexão, questionando “se a principal causa dos

fracassos do ensino não estaria no próprio ensino e não na resistência dos aprendizes”.

A abordagem do processo de ensino torna-se, portanto, importante e necessária, tendo

em vista a problemática ensino-aprendizagem, enquanto polos diferentes, cujos resultados

dependem de agentes diferentes. Enquanto o ensino depende em grande parte do professor, a

aprendizagem depende em grande parte do aluno.

Mizukami (1986) aponta que o fenômeno educativo é histórico, e que nele estão

presentes as dimensões humana, técnica, cognitiva, emocional, sociopolítica e a cultural. Com

base nisso, define cinco abordagens do ensino: tradicional, comportamentalista, humanista,

cognitivista e sociocultural.

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Na abordagem tradicional o ensino é centrado na figura do professor. A ênfase é dada

a ele e não ao aluno, para assegurar a transmissão do conhecimento. O aluno nessa abordagem

é um receptor passivo, até que, quando tiver posse do conhecimento, poderá transmiti-lo a

outros. O mundo é algo que será transmitido ao indivíduo principalmente pelo processo de

educação formal. A reprovação do aluno é necessária, quando ele não atingir o mínimo

necessário do programa educacional, e as provas e exames são necessários para medir esse

conhecimento adquirido.

Nessa abordagem, há um individualismo do processo educacional, do qual o aluno,

muitas vezes, não pode fazer parte. A inteligência é uma faculdade capaz de acumular

informações, sem chance de questionamentos, pois aos alunos são apresentados somente os

resultados de determinados estudos, cabendo a eles aceitar aquele conhecimento e armazená-

los. Há uma preocupação em se conservar o produto como desejado, formar o aluno do jeito

que se deseja formar.

A educação é caracterizada como transmissão de conhecimento e também como um

produto que, como tal, tem um modelo a ser seguido para que resulte conforme desejado. As

diferenças entre os alunos não são consideradas, pois os métodos não são flexíveis. Há uma

tendência de se tratar todos os alunos da mesma forma, ignorando-se as limitações de cada um.

A preocupação do professor que adota essa abordagem está mais na quantidade de informações

que o aluno pode assimilar do que na formação do pensamento crítico. O professor é o

responsável por tomar a decisão de que metodologia e avaliação deve utilizar, os alunos são

instigados a reproduzir o que “aprenderam”, e são, ainda, dependentes do professor.

As avaliações medem a quantidade de informações que os alunos conseguiram

reproduzir. A reprodução que o aluno faz nas provas do conteúdo que o professor ensinou indica

que houve aprendizado. As relações são entre professor e aluno, de forma individual, e não

existe a concepção de interação grupal. As aulas são expositivas, e os alunos são uma espécie

de público a observar o que o professor explica e ensina.

Referências ao ensino tradicional são feitas por Bordenave (1984) denominando-o como

pedagogia da transmissão. Já Libâneo (1982) afirma que essa abordagem é como uma

pedagogia liberal em sua versão conservadora.

A abordagem comportamentalista ou behaviorista tem em Skinner10 um dos seus

principais teóricos. Nessa abordagem, o conhecimento é uma descoberta, fruto da experiência

10 Nenhum pensador ou cientista do século 20 levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o

comportamento humano como o norte-americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Sua obra é a expressão

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que o aluno vivencia. O conteúdo transmitido visa a objetivos e habilidades que desenvolvam

competências dos alunos. O aluno, nessa abordagem, não só deve aprender informações e

apreender conhecimento, como também pode refletir.

A educação se preocupa com fatores que podem ser medidos e observáveis. O ensino é

composto por padrões de comportamentos. O ensino e o resultado dos alunos são analisados

em seus componentes comportamentais. A abordagem comportamentalista não tem como base

só o comportamento do aluno, mas também o do professor. Este pode aprender com o seu

comportamento e modificar comportamentos, quando necessário, a fim de conseguir atingir

seus objetivos. O aluno é autônomo, e como homem é produto das forças do meio ambiente.

Educação é sinônimo de cultura, por meio dela, são transmitidos conhecimentos,

comportamentos e habilidades.

A finalidade do sistema educacional que utiliza esse tipo de abordagem é promover

mudanças significativas nos indivíduos e em seus comportamentos. O comportamento é, pois,

controlado pelo sistema. A escola é considerada como a instituição que promoverá a mudança

desejada no comportamento dos alunos e ela fará o controle desses comportamentos. É a

instituição que educa, mas não é necessário que ela forneça condições para que o aluno explore

o conhecimento e faça descobertas. A preocupação dessa abordagem está centrada no

comportamento, comportamento planejado e controlado, direcionado pela escola para atender

as finalidades de caráter social. Nessa abordagem, não há modelos ideais de instrução, depende

das habilidades do professor. A aprendizagem depende da programação realizada para

determinada disciplina. Essa abordagem possui como características: envolvimento do aluno,

feedback de controle de uma determinada habilidade, e respeito ao ritmo individual dos alunos.

A avaliação serve para verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, bem como para

fornecer dados para o planejamento dos comportamentos a serem modelados.

A abordagem humanista, por sua vez, tem no aluno o principal elaborador do

conhecimento. Sendo Carl Rogers11 um de seus principais teóricos, o ensino é, nessa

abordagem, centrado no aluno, e a educação é responsabilidade dele. Essa abordagem valoriza

a autoavaliação. O professor é, portanto, um auxiliar, um facilitador da aprendizagem, sem

mais célebre do behaviorismo, corrente que dominou o pensamento e a prática da psicologia, em escolas e

consultórios, até os anos 1950. Ele afirmava que um reflexo não é senão a correlação entre um estímulo e uma

resposta. (FERRARI, s.d). 11 Carl Ransom Rogers (1902-1987) nasceu em Oak Park. Tornou-se pastor e encaminhou os estudos para a

teologia, quando começou a se interessar por psicologia. Na nova carreira, o primeiro foco de trabalho foram

crianças submetidas a abusos e maus-tratos. Por essa época, começou a desenvolver suas teorias sobre

personalidade e prática terapêutica. As ideias do norte-americano para a educação são uma extensão da teoria que

desenvolveu como psicólogo. (FERRARI, s.d.).

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necessidade de ensinar, ele apenas cria condições para que os alunos aprendam. Sendo o

professor um facilitador, ele mesmo desenvolverá sua estratégia de ensino, o processo de ensino

irá depender da relação entre professor e aluno, esse processo tem valor secundário. O professor

deve viabilizar um clima favorável à aprendizagem.

Essa abordagem se preocupa com vários fatores que podem intervir no desempenho do

aluno, tais como: relações interpessoais, desenvolvimento da personalidade do indivíduo, vida

psicológica e emocional, desenvolvimento de uma visão autêntica de si mesmo, dentre outros.

O professor não é, nessa abordagem, detentor do conhecimento e, portanto, não precisa

transmitir conhecimento. Não há paradigmas nem regras a serem seguidas, há um processo de

“vir a ser”. Nessa abordagem, o aluno não é um resultado, ele é único, autônomo, e deve ser

respeitado e aceito como tal. A experiência pessoal é a base da construção do conhecimento.

Cada aluno é único e, portanto, a relação do professor com cada aluno será sempre única. Nessa

perspectiva, o desenvolvimento intelectual não é o bastante na educação, o desenvolvimento

emocional é também necessário. Algumas das qualidades do professor que utiliza esse tipo de

abordagem são empatia e confiança.

A abordagem cognitivista é uma abordagem interacionista. Os principais

representantes dessa abordagem são Jean Piaget e Jerome Bruner12. Nessa abordagem, o

conhecimento é produto da interação entre o professor e o aluno, sem dar ênfase a nenhum dos

polos. Essa relação é, portanto, de reciprocidade intelectual e cooperação. O indivíduo é

considerado um sistema aberto suscetível a modificações e reestruturações, a fim de alcançar

um estágio final. O desenvolvimento do aluno consiste, então, em alcançar o máximo de

operacionalidade em suas atividades. Ele deve reinventar o mundo com a finalidade de

desenvolver sua inteligência.

Nessa abordagem, afetividade e inteligência são interdependentes. O conhecimento é

considerado uma construção contínua, e a aquisição deste é dividida em duas fases: exógena,

fase da repetição, e endógena, fase da compreensão. O objetivo da educação não consiste em

transmitir conhecimento e verdades, mas em proporcionar aos alunos a conquista do

conhecimento e das verdades, a fim de que eles tenham autonomia intelectual. A educação é

considerada um processo de socialização com ausência de controle e regulador externo. A

12 Jerome Seymour Bruner é um dos psicólogos mais conhecidos e influentes do século XX. Ele é uma das figuras-

chave na chamada “revolução cognitiva”, mas foi no campo da educação que sua influência foi particularmente

sentida. Na década de 60, ele desenvolveu uma teoria de crescimento cognitivo (SMITH, 2002).

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escola deve, com base nessa abordagem, dar ao aluno a possibilidade de aprender por si, dar

liberdade de ação em ritmo e forma próprios.

O trabalho em equipe é a melhor técnica de ensino a ser utilizada. O ensino compatível

com essa abordagem é baseado na pesquisa, na investigação, na resolução de problemas, e não

na aprendizagem de fórmulas e conceitos. O professor deve propor problemas sem ensinar as

soluções. Deve induzir o aluno a descobrir, desenvolvendo seu pensamento crítico e analítico,

estimulando o esforço. O ambiente no qual o aluno está inserido deve ser sempre desafiador.

As avaliações realizadas por meio de testes, provas, exames e outros não cabem nessa

abordagem. A avaliação deverá ser feita de forma a verificar se o aluno já adquiriu noções,

podendo ser verificado por meio de explicações, relacionamentos, etc. O professor deve, nessa

abordagem, aceitar soluções erradas, incompletas e distorcidas, pois a forma com que cada

aluno vê o mundo no qual está inserido pode distorcer a interpretação que cada um dá aos

problemas propostos.

Uma das obras mais significativas que trata da abordagem sociocultural, no Brasil, é

a de Paulo Freire13. Preocupada com a cultura popular, essa abordagem mescla características

de abordagens anteriormente citadas. É interacionista como na abordagem cognitivista, porém

o aluno é o sujeito responsável pela educação dele, assim como na abordagem humanista. A

educação deve levar em conta o contexto no qual os alunos estão inseridos. Existe uma ênfase

no aluno reflexivo, consciente, sendo capaz de escolher e decidir. Quanto ao conhecimento, não

há, nessa abordagem, resposta certa, pois há a possibilidade de haver respostas diferentes para

o mesmo problema/desafio, havendo, nesse ponto, semelhança com a abordagem cognitivista.

O conhecimento é elaborado a partir do condicionamento entre pensamento e prática. A

educação não está restrita ao papel da instituição escola, ela é mais ampla. A escola é, com base

nessa abordagem, um local de interação e crescimento mútuo. O ensino-aprendizagem deve

superar a relação opressor-oprimido. A verdadeira educação deve ser problematizadora ou

conscientizadora, assim supera o autoritarismo em que professor e aluno são sujeitos do

processo educativo, no qual os dois aprendem juntos. Há preocupação com cada aluno, com o

processo, e não com o produto de uma aprendizagem padronizada. A autoavaliação e/ou

avaliação mútua são características dessa abordagem, exames não têm espaço nessa abordagem,

pois cada um sabe o que aprendeu e no que precisa melhorar.

13 Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais.

Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um

pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o

aluno. (FERRARI, s.d.).

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54

Ao analisar e comparar as abordagens do processo de ensino definidas por Mizukami,

acima apresentadas, percebe-se que há semelhanças entre as abordagens tradicional e

comportamentalista no que diz respeito ao resultado. Na primeira, há controle sobre o

conhecimento que se deseja transmitir, na segunda, há controle sobre o comportamento que se

deseja que os alunos manifestem. Na abordagem comportamentalista há, porém, certa liberdade

de reflexão por parte do aluno, mas ainda assim ele é orientado e induzido a se comportar

conforme o planejado pelo sistema educacional. Em ambas as abordagens, as decisões são

tomadas para o aluno.

Já na abordagem humanista, não há controle sobre o aluno. Ele é livre para aprender o

que quiser e é o protagonista do processo educacional. O ensino não é controlado e dirigido por

outros, mas por ele mesmo. As avaliações realizadas pelos professores são, nessa abordagem,

substituídas pela autoavaliação.

A abordagem cognitivista, por sua vez, dá ênfase à relação professor-aluno, sem

valorizar em demasia nenhum dos dois. Coloca, assim, professor e aluno em pé de igualdade.

O diferencial dessa abordagem é o fato de induzir os alunos à solução de problemas e ter no

interacionismo a produção do conhecimento.

A abordagem sociocultural, por sua vez, é uma abordagem mais contemporânea e faz

um recorte e uma mescla dos pontos positivos das abordagens mencionadas, sendo, porém, um

pouco utópica, pois não se vê ainda essa abordagem sendo amplamente praticada.

Pode-se dizer que há aplicabilidade para todas as abordagens, desprezando-se algumas

características, e, ainda, que há a possibilidade de mesclar características de cada uma, como o

fez Paulo Freire, a fim de lançar uma nova abordagem, mais contemporânea e que possa atender

às necessidades da atual conjuntura da sociedade.

Há que se mencionar que cada abordagem pode surtir efeitos diferentes em níveis

diferentes de aprendizado. Pode-se afirmar que a abordagem a ser adotada é relativa e depende

de cada programa, de cada turma, de cada aluno. Nesse sentido, a abordagem mais adequada

parece ser a defendida por Paulo Freire. Esta, porém, é de difícil aplicabilidade, ao se considerar

a vaidade e autonomia dos professores em sala de aula, pois estes, em sua maioria,

provavelmente não gostariam de ser vistos no mesmo patamar que o aluno está no processo de

ensino, nem tampouco gostariam de abrir mão de toda autoridade e liberdade de escolha que

lhes são dadas pelo sistema educacional vigente. Além disso, a experiência empírica demonstra

que nas universidades a abordagem tradicional é praticada e tida como a mais eficaz pela ótica

dos professores.

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55

A página seguinte apresenta o Quadro 2, que resume as características das abordagens

citadas, a fim de facilitar a visualização e o entendimento. O referido quadro foi elaborado com

base nas proposições de Mizukami (1986), e serve também como modelo de referência para a

pesquisa.

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56

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57

3.4.2 Modalidades de exposição do ensino

A exposição oral é a forma de transmissão do conhecimento mais comumente usada em

sala de aula, seja na educação básica ou no ensino superior. Nesta subseção, apresentar-se-ão

as modalidades de exposição do ensino, com base em Gil (2010). O autor aponta cinco tipos de

exposição pelas quais os professores podem transmitir o conhecimento aos seus alunos, quais

sejam: aula expositiva, aula recitação, exposição-demonstração, exposição provocativa e

exposição-discussão, explicitados a seguir. Saliente-se que esses métodos não se esgotam em

si mesmos, mas são, porém, os mais utilizados.

A aula expositiva é a modalidade de ensino mais utilizada nas universidades.

Assemelha-se a uma palestra, pois nela o professor fala a maior parte do tempo, muitas vezes,

o tempo todo, e perguntas feitas por alunos são vistas como interrupções.

A aula recitação tem em comum com a aula expositiva o fato de o professor falar a

maior parte do tempo. O que diferencia essas duas modalidades é que o professor, nessa

segunda, interage com os alunos e faz perguntas a eles, ou, ainda, pede aos alunos para lerem

algum texto relacionado à aula. Este tipo de aula motiva os estudantes a participarem por meio

da interação, desde que as questões feitas pelo professor sejam suscetíveis à resposta.

A exposição-demonstração é uma combinação da aula expositiva com uma

demonstração prática de algo que se pretende ensinar. Para tanto são necessários recursos

específicos, tais como máquinas, instrumentos, etc., conforme necessário. Essa modalidade é

bem comum em cursos da área do conhecimento de engenharia, entre outros.

A exposição provocativa, como o nome sugere, tem o objetivo de provocar a reflexão,

e não a discussão. Segundo o autor, essa modalidade é mais adequada nas ciências humanas.

A exposição-discussão estimula os alunos a discutir e defender seus pontos de vista.

Ela se inicia com o pronunciamento do professor e continua com o debate entre os alunos. É

uma modalidade que induz todos os estudantes a participarem, porém, não é indicada para

classes numerosas.

Dessa forma, dentre tantos outros, essas são as modalidades de exposição do ensino que

serão tidas como base na presente pesquisa. Salienta-se que não há uma modalidade melhor que

outra, seu uso dependerá do objetivo a ser alcançado e da área do conhecimento a qual o curso

estará vinculado.

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58

3.4.3 Instrumentos avaliativos

Ao se pensar nos métodos avaliativos escolhidos, é interessante que o professor avalie

os objetivos que o levaram a escolher cada método. Pode-se afirmar, então, que o método

consiste no instrumento pelo qual o professor irá verificar o nível de aprendizagem de seus

alunos, a fim de proporcionar o desenvolvimento do conhecimento e verificar se os objetivos

de uma disciplina foram alcançados.

Gil (2010) afirma que o primeiro passo para a implementação de uma avaliação bem-

sucedida é o planejamento e a definição de objetivos. Com objetivos definidos, a avaliação pode

servir como orientadora ao alcance do que é desejado. Relativo às técnicas de avaliação da

aprendizagem, “[…] não significa, porém, que estão à disposição do professor para aplicar a

que mais lhe aprouver […] A escolha das técnicas deve ser feita após o professor considerar as

que melhor se ajustam aos objetivos definidos no plano.”. (GIL, 2010, p. 254).

Moretto (2001, p. 96) aponta que:

[…] em lugar de apregoarmos os malefícios da prova e levantarmos a bandeira de

uma avaliação sem provas, procuramos seguir o princípio: se tivermos que elaborar

provas, que sejam bem feitas, atingindo seu real objetivo, que é verificar se houve

aprendizagem significativa de conteúdos relevantes.

Corroborando com Moretto, pode-se afirmar que não há um instrumento ideal para se

avaliar o ensino-aprendizagem. Na verdade, a aprendizagem pode ser verificada e analisada por

meio de instrumentos e práticas distintas das utilizadas no ensino superior. Ela pode ser

verificada por meio de uma conversa grupal ou individual, por meio de apresentações,

seminários, atividades práticas, dentre tantos outros meios que não são utilizados com tanta

frequência.

Gil (2010) aborda, então, as modalidades de provas, ou instrumentos avaliativos que

podem ser aplicados, e, às vezes, são até mais recomendados pelas IES. São eles: prova

discursiva, prova objetiva, prova prática e prova oral.

A prova discursiva representa um instrumento no qual o aluno disserta sobre

determinado tema. É uma prova com questões ou temas abertos para que o aluno discorra

livremente, conforme seus conhecimentos. Segundo Gil (2010), esse tipo de prova constitui um

dos instrumentos mais tradicionais utilizados na avaliação da aprendizagem. O autor afirma

ainda que essa modalidade de prova pode ser de dois tipos: a dissertativa, na qual o aluno tem

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59

mais liberdade para discorrer e, como a própria nomenclatura diz, dissertar, e a de respostas

curtas.

A popularidade desse tipo de avaliação deve-se mais ao tradicionalismo dos

professores e ao desconhecimento de outros instrumentos de avaliação. Tanto é que

muitos professores, apesar de utilizarem-no continuamente, não manejam com

habilidade este tipo de prova, cometendo erros tanto na formulação das questões

quanto na sua correção. (GIL, 2010, p. 255).

A prova dissertativa tem suas vantagens, dentre as quais pode se destacar: o

desenvolvimento do raciocínio crítico e analítico, pois, por meio da dissertação, o aluno precisa

pensar no que quer transmitir e como quer transmitir, de forma que, ao escrever, ele se

desenvolve. Ao analisar o trecho extraído de Gil, acredita-se que o erro na formulação de

questões ou na correção destas pode ocorrer com certa frequência, tendo em vista que questões

subjetivas dão margem a interpretações diversas. É difícil e complexo definir o que é certo ou

errado analisando um texto escrito por um aluno. Determinados assuntos são de difícil e, talvez,

impossível mensuração. A nota é atribuída por existir a necessidade de se atribuir um valor que

represente o quanto o aluno aprendeu, mas ela não representa o que de fato o aluno sabe, tão

pouco se ele está certo ou errado, pois a correção do professor pode ser tendenciosa, no sentido

de não ter valorado da maneira mais adequada. As respostas dos alunos de uma turma a uma

questão subjetiva nunca serão iguais, a menos que eles “colem”. É difícil afirmar que as notas

serão justas.

A prova de respostas curtas, por sua vez, tem como vantagem menos tempo

empregado nas correções, menor possibilidade de erro de avaliação e mais objetividade. Esse

tipo de avaliação pode ser utilizada com assuntos mais técnicos e específicos que visem avaliar

o conhecimento, sem necessidade de análise por parte do aluno. Esse tipo de prova, por conter

perguntas que exigem respostas objetivas e concretas, acaba motivando a memorização. “[…]

a prova de respostas curtas permite também a avaliação referente a domínios menos complexos

da aprendizagem, como o da memorização e da compreensão.” (GIL, 2010, p. 256).

As provas objetivas já são aquelas cujas respostas são diretas, específicas e definidas

pelo professor para que o aluno escolha uma alternativa. Ela possibilita […] “a qualquer pessoa

que a aplicar corretamente obter o mesmo resultado”. (GIL, 2010, p. 256). O autor aponta que

o uso das provas objetivas, no Ensino Superior, tem sido alvo de críticas. “Alega-se que não é

adequada aos propósitos de seus cursos, pois mediria apenas a capacidade de memorização.

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Também se alega que inibe a criatividade dos alunos, que os desestimula a escrever, que é uma

loteria, que degrada o trabalho escolar, etc.” (GIL, 2010, p. 258).

Provas práticas constituem uma modalidade de instrumento avaliativo que nem sempre

é necessária. Ela é utilizada quando os conhecimentos não podem ser avaliados apenas com a

teoria, torna-se necessário verificar se o aluno realmente aprendeu a realizar determinada

atividade, que seria de difícil comprovação com uma prova escrita. Elas são utilizadas em

“disciplinas cujos objetivos são de natureza psicomotora. […] a destreza na execução dessas

tarefas pode ser avaliada com razoável nível de objetividade mediante a utilização de

observação sistematicamente planejada, registrada e controlada.”. (GIL, 2010, p. 261).

As provas orais já foram bastante utilizadas no Ensino Superior. Nos últimos tempos,

ela tem sido utilizada com menos frequência, e quando é utilizada, são casos específicos, como

profissões que necessitem da arguição como repórter, jornalista, locutor, etc. Cursos de idiomas

também fazem o uso dessa modalidade. Ela se torna vantajosa quando utilizada com estudantes

portadores de necessidades especiais. (GIL, 2010).

Os instrumentos apresentados pelo autor são divergentes entre si, e cada um tem suas

vantagens e desvantagens. Para aplicação no Ensino Superior, acredita-se que o instrumento

mais eficaz é a prova dissertativa. No entanto, a depender da área do conhecimento a qual o

curso está vinculado e do objetivo do curso/disciplina, outros instrumentos podem ser mais

eficazes. Cada um tem a sua função.

O próximo capítulo traz os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa, bem

como informações referentes à classificação da pesquisa, instrumentos de coleta de dados,

universo da pesquisa, entre outras informações.

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61

4 METODOLOGIA DA PESQUISA

O presente capítulo presta-se a apresentar os procedimentos metodológicos a serem

utilizados para compor a pesquisa, na coleta de dados, bem como o referencial que a

fundamentará.

4.1 Tipo de pesquisa

Para Gil (1991, p. 48), podem ser definidos dois grandes grupos quanto à pesquisa:

“aqueles que se valem das chamadas fontes de ‘papel’ e aqueles cujos dados são fornecidos por

pessoas. No primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo

estão a pesquisa experimental, […] o levantamento e o estudo de caso.”.

A presente pesquisa, quanto ao objetivo de investigar as concepções e práticas dos

docentes da UFC sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem, classifica-se como

descritiva, pois, segundo Gil (1991, p. 46), os estudos descritivos podem assim ser classificados

quando utilizam “técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário […]”.

Podem, ainda, ser incluídas nesse grupo de pesquisa descritiva aquelas “que têm por objetivo

levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população”. (GIL, 1991, p. 46).

A pesquisa descritiva mostra as características de determinada população ou ação

realizada por esta população. Vergara (2000, p. 47) corrobora com Gil ao afirmar que este tipo

de pesquisa “não têm o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de

base para tal explicação”. A pesquisa descritiva serve, portanto, para, com base na descrição

aferida, entender melhor os fenômenos estudados.

A presente pesquisa classifica-se, também, como quantitativa, pois a partir dos dados

coletados pretende-se analisar estatisticamente a população a ser descrita. Moresi (2003, p. 64)

afirma que este tipo de pesquisa “é especialmente projetada para gerar medidas precisas e

confiáveis que permitam uma análise estatística”. O autor aponta, ainda, que esta técnica deve

ser utilizada quando se pretende determinar o perfil de um grupo de pessoas. “As questões

devem ser diretas e facilmente quantificáveis e a amostra deve ser grande o suficiente para

possibilitar uma análise estatística confiável.” (MORESI, 2003, p. 64).

Para tanto, será realizado um estudo de caso: o caso da UFC. Cesar (2006) afirma que a

possibilidade de generalização de estudos a partir do Estudo de Caso é um aspecto a ser

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considerado, dentre outros. Com os resultados a serem alcançados com a presente pesquisa, ter-

se-á o comportamento de uma amostra, que pode representar ou não o universo.

4.2 Universo da pesquisa

A população objeto desta pesquisa corresponde aos professores dos Centros e

Faculdade, cujas concepções e práticas de avaliação do ensino-aprendizagem são distintas. De

um lado, têm-se as ciências exatas, cujas tendências são mais tradicionais; de outro lado, têm-

se as ciências humanas, que tendem a ser mais humanistas no modo de avaliar e transmitir

conhecimento (informação verbal)14.

A pesquisa terá como universo os docentes ativos do Centro de Ciências (CC), Centro

de Tecnologia (CT), Centro de Humanidades (CH) e da Faculdade de Educação (FACED),

todos da Universidade Federal do Ceará. Conforme Moresi (2003, p. 67), “Universo ou

população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma

característica em comum”. A pesquisa será aplicada a todos os professores desses Centros e

Faculdade escolhidos, o que corresponde a um censo.

Nesse contexto, essa população representa uma amostra da UFC, conforme Quadro 3.

Todavia, essa amostra foi escolhida intencionalmente, tendo em vista os objetivos da pesquisa.

Quadro 3 – Quantitativo de professores por Centro/Faculdade

Centro/Faculdade Quantidade de professores

Centro de Ciências 299

Centro de Tecnologia 229

Centro de Humanidades 277

Faculdade de Educação 73

Total de professores na Amostra 878

Total de professores na UFC 1877

Fonte: Anuário Estatístico da UFC 2015 base 2014.

Acredita-se que os Centros, objeto da pesquisa, no que tange a concepções e práticas de

avaliação do ensino-aprendizagem, formam uma gradação em direção à teoria abordada.

Quanto mais exata a área do conhecimento mais tradicional é abordagem utilizada pelo

professor. No extremo oposto, acredita-se que as ciências humanas já aplicam uma abordagem

mais voltada para a abordagem humanista, cognitivista e sociocultural.

14 Informação fornecida por dois professores da área, por meio de entrevista, em setembro de 2015.

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63

Esta linha de gradação, conforme Figura 1 a seguir, representa, com base na visão desta

pesquisadora e opinião dos professores entrevistados, uma relação entre as abordagens do

processo de ensino com os Centros e Faculdades da UFC, cujos docentes participaram da

pesquisa.

Figura 1 – Linha de gradação das abordagens

Fonte: elaborado pela a autora.

4.3 Instrumentos de coleta de dados

A fim de atingir os objetivos, foi aplicado um questionário online, por meio da

plataforma Google docs, aos docentes do Centro de Ciências, do Centro de Tecnologia, do

Centro de Humanidades e da Faculdade de Educação, todos da Universidade Federal do Ceará.

O questionário é composto por perguntas objetivas, divido em cinco dimensões, elaborado com

base nas seções do referencial teórico e com base nos objetivos desta pesquisa. Para tanto se

definiu o seguinte modelo de referência:

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de Educação

Tradicional Comportamentalista Humanista Cognitivista Sociocultura

l

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64

Quadro 4 – Modelo de referência da pesquisa

Dimensões Conceitos Sentenças do Questionário Abordagem

Equivalente

1 -

Co

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ção

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o-a

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nd

iza

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Em decorrência de padrões histórico-sociais,

que se tornaram crônicos em nossas práticas

pedagógicas escolares, a avaliação no ensino

assumiu a prática de “provas e exames”, o

que gerou um desvio no uso da avaliação. Em

vez de ser utilizada para a construção de

resultados satisfatórios, tornou-se um meio

para classificar os educandos e decidir sobre

os seus destinos […]. A avaliação da

aprendizagem necessita, para cumprir o seu

verdadeiro significado, assumir a função de

subsidiar a construção da aprendizagem

bem-sucedida. A condição necessária para

que isso aconteça é de que a avaliação deixe

de ser utilizada como um recurso de

autoridade […] e assuma o papel de auxiliar

o crescimento (LUCKESI, 1998, p. 165-

166).

1 - Avaliação do ensino-

aprendizagem não deve ser um

recurso de autoridade utilizado pelo

professor, a fim de medir os

conhecimentos de seus alunos, com

o fim de aprovar/reprovar.

So

cio

cult

ura

l

A prática de provas e exames exclui parte dos

alunos, por basear-se no julgamento, a

avaliação pode incluí-los devido ao fato de

proceder por diagnóstico e, por isso, pode

oferecer-lhes condições de encontrar o

caminho para obter melhores resultados na

aprendizagem (LUCKESI, 1998, p. 173).

2 - A avaliação pode incluir os

alunos, devido ao fato de proceder

por diagnóstico e, por isso, pode

oferecer-lhes condições de encontrar

o caminho para obter melhores

resultados na aprendizagem. Co

gn

itiv

ista

“… a avaliação é um processo que abrange a

organização escolar como um todo: as

relações internas à escola, o trabalho docente,

a organização do ensino, o processo de

aprendizagem do aluno e a relação com a

sociedade.” (FLORÊNCIO, 2004, p. 1).

3 - A avaliação do ensino-

aprendizagem é um processo que

abrange a organização escolar como

um todo: as relações internas à

escola, o trabalho docente, a

organização do ensino, o processo

de aprendizagem do aluno e a

relação com a sociedade.

So

cio

cult

ura

l “[…] seu principal propósito é precisar o

grau de domínio de uma determinada tarefa

de aprendizagem e assinalar com exatidão a

parte não dominada. […] sua finalidade não

é qualificar o aluno e, sim, ajuda-lo a

caminhar seguro […]” (DINIZ, 1982, p. 7).

As práticas escolares devem ser avaliadoras,

pois os testes de seleção excluem uma parte,

as avaliações procuram desenvolver aqueles

que não atingiram o nível ideal de qualidade

da aprendizagem, aqueles que não

conseguiram acompanhar ou assimilar o

conteúdo (LUCKESI, 1998).

4 - A avaliação da aprendizagem tem

por finalidade desenvolver aqueles

que não atingiram o nível ideal de

qualidade da aprendizagem, aqueles

que não conseguiram acompanhar

ou assimilar o conteúdo.

Co

gn

itiv

ista

A avaliação da aprendizagem necessita, para

cumprir o seu verdadeiro significado,

assumir a função de subsidiar a construção da

aprendizagem bem-sucedida. (LUCKESI,

1998, p. 165-166).

5 - A avaliação da aprendizagem

assume a função de subsidiar a

construção da aprendizagem bem-

sucedida e de auxiliar o crescimento

dos alunos.

Hu

man

ista

(Continua)

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE …concepÇÕes e prÁticas dos docentes da ufc sobre avaliaÇÃo do ensino-aprendizagem fortaleza 2016. daniela graciela silva brito

65

(Continuação)

Dimensões Conceitos Sentenças do Questionário Abordagem

Equivalente

Co

nti

nu

açã

o -

1 -

Co

nce

pçõ

es d

e a

va

lia

ção

do

ensi

no

-ap

ren

diz

ag

em

Luckesi (1998) clareia a diferença que há

entre avaliar e selecionar usando como

exemplo o exame vestibular. O autor salienta

que o exame vestibular é claramente

selecionador, e que as práticas escolares não

devem se igualar a este.

6 - Existe diferença entre avaliar e

selecionar.

Hu

man

ista

Co

gn

itiv

ista

So

cio

cult

ura

l

Com base nos fundamentos da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em

seu capítulo IV, o qual aborda a organização

da educação nacional, em seu art. 13, cita que

os docentes incumbir-se-ão de: […] III -

zelar pela aprendizagem dos alunos; […]

7 - É dever do docente zelar pelo

aprendizado do aluno. A relação

professor-aluno tem influência no

aprendizado.

Hu

man

ista

Co

gn

itiv

ista

So

cio

cult

ura

l

“O processo avaliativo é um dos fatores da

ação pedagógica que está diretamente ligado

ao fracasso ou ao sucesso do aluno, na escola

e fora dela.” FLORÊNCIO (2004, p. 1).

8 - O processo avaliativo não tem

relação com o sucesso do aluno

dentro da escola ou fora dela.

Tra

dic

ion

al

2 –

Prá

tica

s p

eda

gic

as

de

av

ali

açã

o d

o e

nsi

no

-

ap

ren

diz

ag

em

Diniz (1982) aponta que a avaliação

diagnóstica assume dois propósitos: o

primeiro se refere ao ponto de partida que o

estudante deve estar a ser diagnosticado. E o

segundo se refere as causas e circunstâncias

que dificultam a aprendizagem dos alunos no

decorrer do período letivo. “[…] o

diagnostico trata de descobrir as razões dos

sintomas de deficiência de aprendizagem

apresentados, a fim de que, se possível, sejam

tomadas medidas […] para corrigir ou

eliminar os obstáculos para o progresso.”

(DINIZ, 1982, p. 7).

1 - Verifico os conhecimentos

prévios dos alunos, no início do

período letivo.

Co

mp

ort

amen

tali

sta

So

cio

cult

ura

l

2 - Verifico os conhecimentos e

habilidades dos alunos para saber

como devo preparar novas

aprendizagens.

Co

mp

ort

amen

tali

sta

So

cio

cult

ura

l Diniz (1982, p. 7) afirma que a avaliação

formativa é “sistemática e visa ao

desenvolvimento do processo. […] seu

principal propósito é precisar o grau de

domínio de uma determinada tarefa de

aprendizagem e assinalar com exatidão a

parte não dominada.”.

3 - Durante o período letivo avalio

meus alunos sistematicamente, a fim

de verificar se eles estão

aprendendo.

Co

gn

itiv

ista

(Continua)

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE …concepÇÕes e prÁticas dos docentes da ufc sobre avaliaÇÃo do ensino-aprendizagem fortaleza 2016. daniela graciela silva brito

66

(Continuação)

Dimensões Conceitos Sentenças do Questionário Abordagem

Equivalente C

on

tin

ua

ção

- 2

– P

ráti

cas

ped

ag

óg

ica

s d

e a

va

lia

ção d

o e

nsi

no

-

ap

ren

diz

ag

em

Rosado e Silva (2012, p. 7) apontam que

“nesta modalidade de avaliação é decisiva

uma escolha criteriosa de objetivos

relevantes, de acordo com critérios de

representatividade e de importância relativa

de modo a obter uma visão de síntese. […] É

[…] a modalidade de avaliação que melhor

possibilita uma decisão relativamente à

progressão ou à retenção do aluno, pois

compara resultados globais, permitindo

verificar a progressão de um aluno face a um

conjunto lato de objetivos previamente

definidos”.

4 - Faço alterações nas avaliações

feitas durante o período letivo se for

preciso.

Co

gn

itiv

ista

A avaliação somativa pode ser qualitativa ou

quantitativa. Uma vez que com ela não se

podem corrigir falhas, Diniz (1982, p. 9)

afirma que “sua efetividade é de importância

em termos de verificação da eficácia do

produto, uma vez que constitui diagnóstico

para estudos seguintes, devendo o professor

ter ainda o devido cuidado de não taxar os

alunos como fracassados.”.

5 - Utilizo a última avaliação da

disciplina para verificar a evolução

do aluno, além de utilizar os

resultados como diagnóstico para

melhorar o processo avaliativo.

Co

gn

itiv

ista

“A avaliação somativa presta-se à

classificação, mas não se esgota nela, nem se

deve confundir com esta, podendo […] existir

avaliação somativa sem classificação.”

(ROSADO e SILVA, 2012, p. 7).

6 - Utilizo os dados das avaliações

feitas no decorrer do período letivo

para classificar os conhecimentos

dos alunos, mas reconheço que pode

haver avaliação sem classificação

por meio de notas.

Co

gn

itiv

ista

3 –

In

stru

men

tos

av

ali

ati

vo

s u

tili

zad

os

Gil (2010) aborda as modalidades de provas,

ou instrumentos avaliativos que podem ser

aplicados e, às vezes, são até mais

recomendados pelas IES. São eles: prova

discursiva (dissertativa e de repostas curtas),

prova objetiva, prova prática e prova oral.

1 - Prova discursiva dissertativa.

To

das

as

abo

rdag

ens

po

dem

uti

liza

r to

do

s o

s in

stru

men

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um

inst

rum

ento

po

de

ser

mai

s

efic

az q

ue

ou

tro

.

2 - Prova discursiva de perguntas

curtas.

3 - Provas objetivas.

4 - Provas práticas.

5 - Provas orais.

6 - Outros.

(Continua)

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67

(Conclusão)

Dimensões Conceitos Sentenças do Questionário Abordagem

Equivalente 4

– M

od

ali

da

des

de

exp

osi

ção

do

en

sin

o

A aula recitação tem em comum com a aula

expositiva o fato de o professor falar a maior

parte do tempo. O que diferencia essas duas

modalidades é que o professor, nessa

segunda, interage com os alunos e faz

perguntas a eles, ou, ainda, pede aos alunos

para lerem algum texto relacionado a aula.

Este tipo de aula motiva os estudantes a

participarem por meio da interação, desde

que as questões feitas pelo professor sejam

suscetíveis à resposta (GIL, 2010).

1 - Aula expositiva oral com

interação com os alunos.

So

cio

cult

ura

l

A exposição-demonstração é uma

combinação da aula expositiva com uma

demonstração prática de algo que se pretende

ensinar. Para tanto são necessários recursos

específicos, tais como máquinas,

instrumentos, etc., conforme necessário. Essa

modalidade é bem comum em cursos da área

do conhecimento de engenharia entre outros

(GIL, 2010).

2 - Aula teórico/prática.

So

cio

cult

ura

l

A exposição provocativa, como o nome

sugere, tem o objetivo de provocar a reflexão

e não a discussão. Segundo o autor, essa

modalidade é mais adequada nas ciências

humanas (GIL, 2010).

3 - Aula expositiva provocativa,

com o objetivo de provocar a

reflexão e não a discussão.

Co

gn

itiv

ista

A exposição-discussão estimula os alunos a

discutir e defender seus pontos de vista. Ela

se inicia com o pronunciamento do professor

e continua com o debate entre os alunos. É

uma modalidade que induz todos os

estudantes a participarem, porém, não é

indicada para classes numerosas (GIL, 2010).

4 - Aula expositiva discursiva, com

o objetivo de estimular o debate e a

defesa dos diversos pontos de vista.

Co

gn

itiv

ista

Fonte: Elaborado pela autora, com base na pesquisa bibliográfica.

Não houve elaboração de modelo de referência para a dimensão 5, intitulada

“abordagens do processo de ensino”, tendo em vista a elaboração do quadro contendo o resumo

das abordagens, na subseção 3.4.1 Abordagens do processo de ensino, a qual serviu como

modelo de referência para a elaboração do questionário.

4.4 Desenvolvimento da pesquisa

O desenvolvimento da pesquisa foi divido em etapas, da seguinte forma:

1. Definição da pesquisa: estudo de caso na UFC.

2. Definição do universo da pesquisa:

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68

Tendo em vista o objetivo geral da pesquisa de investigar as concepções e práticas dos

docentes da UFC sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem, bem como os

respectivos objetivos específicos, e tendo em vista as áreas do conhecimento exatas e humanas,

consideradas nesta pesquisa como divergentes, com base na consulta aos especialistas, definiu-

se a amostra de forma intencional, escolhendo-se, para tanto, os Centros de Ciências e

Tecnologia, representando as ciências exatas e da terra, e do outro lado, o Centro de

Humanidades e a Faculdade de Educação, representando as Ciências Humanas. Esses Centros

e Faculdade representam uma amostra da UFC, no entanto, a pesquisa a ser realizada com cada

unidade corresponde a um censo.

3. Definição do instrumento de pesquisa:

Definiu-se como instrumento de coleta de dados o questionário. Ele foi elaborado pela

autora com base no modelo de referência. É composto por perguntas objetivas, elaboradas

conforme a escala de Likert15, definindo-se uma escala de 5 respostas: variando entre 1 – nunca,

2 – raramente, 3 – às vezes, 4 – frequentemente e 5 – sempre. O questionário foi disponibilizado

na plataforma google docs e enviado aos respectivos Centros e Faculdade, para que a Diretoria

de cada unidade encaminhasse o questionário aos docentes, por e-mail. O questionário foi

divido em cinco dimensões, seguidas do perfil dos entrevistados, conforme segue: (Ver

apêndice – questionário de pesquisa).

a. Parte I - Perfil dos Entrevistados, contendo 6 itens relativos aos docentes.

b. Parte II - Pesquisa Específica, contendo 5 dimensões.

1. Dimensão 1 – Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem. (8 itens).

2. Dimensão 2 – Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem. (6 itens).

3. Dimensão 3 – Instrumentos avaliativos utilizados. (6 itens).

4. Dimensão 4 – Modalidades de exposição do ensino. (4 itens).

5. Dimensão 5 – Abordagens do processo de ensino. (5 itens).

4. Definição dos procedimentos estatísticos:

15 Rensis Likert (1903-1981) foi um cientista social americano que desenvolveu escalas de medição de atitude.

(Rensis…, 2015).

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69

Foi solicitado, por meio de requerimento, aos Centros e Faculdade que representam o

universo da pesquisa, o encaminhamento do questionário aos docentes, por e-mail. Como o

questionário foi enviado por e-mail, os dados coletados também foram recebidos virtualmente,

na mesma plataforma. Assim sendo, eles foram exportados para o programa SPSS (Statistical

Package for the Social Sciences) versão 15.0, a fim de dar seguimento à análise dos dados.

Foi realizada consulta a dois especialistas da área, no mês de setembro do ano de 2015,

sobre as divergências existentes entre as áreas do conhecimento Exatas e Humanas. Os docentes

informaram que as Ciências Exatas tendem a ser mais tradicionais, enquanto as Ciências

Humanas tendem a ser mais cognitivistas e revolucionárias.

Para interpretação e análise de dados, serão aplicados métodos estatísticos clássicos, tais

como: análise exploratória de dados e inferência estatística, análise de médias e desvio padrão

dentre outros, viabilizados pelo programa SPSS, software de análise estatística.

5. Aplicação do questionário:

Como os Centros e a Faculdade foram escolhidos intencionalmente, tendo em vista os

objetivos da pesquisa, eles representam uma amostra das unidades acadêmicas da UFC (todos

os Centros, Faculdade, Institutos e Campi). Nos Centros e Faculdade escolhidos, o objetivo foi

realizar um censo.

A aplicação do questionário, elaborado com base no modelo de referência, foi realizada

nos meses de janeiro e fevereiro do ano de 2016, e obteve-se resposta de 129 docentes de todos

os Centros e Faculdade selecionados, chegando-se ao seguinte quantitativo de respostas por

unidade, conforme Tabela 1, que segue:

Tabela 1 – Quantitativo de respostas obtidas por Centros e Faculdade

Centro/Faculdade Quantidade Percentual

Centro de Ciências 58 45,0

Centro de Tecnologia 23 17,8

Centro de Humanidades 38 29,5

Faculdade de Educação 10 7,8

Total 129 100,0

Fonte: dados da pesquisa.

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70

A amostra seria de 878 professores. A partir do número de respostas obtidas,

tamanho amostral n=129, 14,69% do total de professores, foi calculado o erro de estimativa

aproximado, a partir da seguinte fórmula (STEVENSON, 1981):

pqz1)e(N

pqNzn

22

2

Em que:

n = tamanho amostral.

N = tamanho da população.

z = fornece o nível de confiança escolhido, expresso em número de desvios-padrão.

Nesta pesquisa, foi utilizado o nível de confiança de 95%, o que corresponde ao z=1,96.

p = proporção populacional com uma característica a ser pesquisada, com

0 ‹ p ‹ 1).

q = (1-p) = proporção populacional sem a característica a ser pesquisada.

e = erro amostral (estimativa).

Como p é desconhecido, assume-se aqui que p é = 0,5, que fornece o maior tamanho

da amostra para o erro de estimativa definido.

Para o tamanho da amostra de 129, o erro de estimativa está em torno de 0,0797 ou

7,97 p.p. (pontos percentuais).

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71

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Este capítulo apresenta as interpretações e análises dos resultados obtidos na pesquisa.

Foram utilizadas ferramentas estatísticas de Análise Exploratória de Dados e Inferência

Estatística, em especial, testes de hipóteses não paramétricos.

5.1 Caracterização da amostra

Esta subseção tem como objetivo caracterizar o perfil dos docentes que participaram da

presente pesquisa, considerando os aspectos: gênero, idade, formação e tempo de experiência

como docente na UFC.

O Gráfico 1 abaixo mostra a distribuição percentual dos docentes por gênero:

Gráfico 1 – Percentual de docentes por gênero

Fonte: Dados da pesquisa.

Como se pode observar no Gráfico 1 acima, o percentual predominante de docentes é

do gênero masculino. O Gráfico 2 que segue mostra a distribuição percentual dos docentes por

idade:

66,70%

33,30%

Masculino

Feminino

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72

Gráfico 2 – Percentual de docentes por idade

Fonte: Dados da pesquisa.

A menor idade foi de 30 anos e a maior foi de 69. A idade média é de 47,05 anos. Dentre

os 128 docentes que participaram da pesquisa, um não quis revelar a idade. Observa-se que o

maior percentual de docentes possui de 40 a 49 anos. Uma característica importante é a

formação dos entrevistados, constata-se que 95% dos docentes possuem doutorado, os demais

possuem mestrado. Os dados revelam, assim, que há um excelente perfil de qualificação

docente em titulação. O Gráfico 3 abaixo mostra a distribuição percentual, conforme o tempo

de experiência como docente na UFC:

Gráfico 3 – Percentual de docentes por tempo de experiência como docente na UFC

Fonte: Dados da pesquisa.

24,03%

37,21%

27,13%

10,85%

De 30 a 39 anos

De 40 a 49 anos

De 50 a 59 anos

De 60 a 69 anos

47,66%

39,84%

12,50%Até 10 anos

Acima de 10 até 25

anos

Acima de 25 anos

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73

5.2 Análise global dos resultados por dimensão

Esta subseção apresenta os resultados de cada sentença, representados pela média e

desvio padrão, bem como a média geral da respectiva dimensão. Apresenta-se ainda a

comparação dos resultados entre os Centros e a Faculdade.

5.2.1 Dimensão 1 - Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem

A Tabela 2 abaixo apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 1, considerando

a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4 (frequentemente) e 5

(sempre):

Tabela 2 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-aprendizagem

Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem Estatísticas

Média Desvio Padrão

1 - Avaliação do ensino-aprendizagem não deve ser um recurso de

autoridade utilizado pelo professor a fim de medir os conhecimentos de seus

alunos, com o fim de aprovar/reprovar.

2,97 1,61

2 - A avaliação pode incluir os alunos, devido ao fato de proceder por

diagnóstico e, por isso, pode oferecer-lhes condições de encontrar o

caminho para obter melhores resultados na aprendizagem. 4,00 0,96

3 - A avaliação do ensino-aprendizagem é um processo que abrange a

organização escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho

docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagem do aluno e a

relação com a sociedade.

4,09 1,14

4 - A avaliação da aprendizagem tem por finalidade desenvolver aqueles

que não atingiram o nível ideal de qualidade da aprendizagem, aqueles que

não conseguiram acompanhar ou assimilar o conteúdo.

3,27 1,35

5 - A avaliação da aprendizagem assume a função de subsidiar a construção

da aprendizagem bem-sucedida e de auxiliar o crescimento dos alunos. 4,27 1,02

6 - Existe diferença entre avaliar e selecionar. 4,35 1,01

7 - É dever do docente zelar pelo aprendizado do aluno. A relação professor-

aluno tem influência no aprendizado. 4,60 0,79

8 - O processo avaliativo não tem relação com o sucesso do aluno dentro da

escola ou fora dela. 3,44 1,21

Média Geral 3,87 __

Fonte: Dados da pesquisa.

Legenda: Abordagem Sociocultural Abordagem Cognitivista Abordagem Humanista

Abordagem Tradicional Sem abordagem equivalente.

Esta dimensão tem o propósito de atingir o objetivo específico de verificar como os

docentes da UFC entendem os conceitos associados ao processo de avaliação do ensino-

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74

aprendizagem. A média geral nesta dimensão foi de 3,87, o que significa que os professores

possuem uma percepção positiva (percepção positiva, média igual ou acima de 3,00; percepção

negativa, média menor que 3,00) de como se deve realizar o processo de avaliação do ensino-

aprendizagem. Essa média também revela que os professores são informados e conscientes em

relação aos conceitos que existem sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

A média da sentença 1 (avaliação não como recurso autoritário), correspondendo a 2,97,

de qualquer forma, tende a ser positiva, pois mostra que os professores entendem que a

avaliação do ensino-aprendizagem não deve ser um recurso de autoridade.

Em se tratando da percepção dos professores sobre a influência da relação professor-

aluno, a média de 4,60 na sentença 7 (a relação professor-aluno tem influência no aprendizado)

revela que os docentes percebem e entendem fortemente o dever deles em zelar pelo

aprendizado dos alunos. Infere-se que o professor reconhece que tem participação no processo

de avaliação do ensino-aprendizagem e responsabilidade compartilhada sobre ele, cabendo ao

aluno o interesse de realmente aprender.

Buscando identificar a que abordagens do processo de ensino as concepções dos

professores estão ligadas, a análise das sentenças se deu por abordagem equivalente, conforme

explicitado no modelo de referência da pesquisa que consta no subcapítulo 4.3 Instrumentos de

coleta de dados.

As sentenças 1 (avaliação não como recurso autoritário) e 3 (avaliação como processo)

se enquadram na abordagem sociocultural, com média entre elas de 3,53. As sentenças 2

(avaliação inclusiva) e 4 (finalidade da avaliação) se enquadram na abordagem cognitivista,

com média entre elas de 3,63. A sentença 5 (avaliação como subsidiária da construção da

aprendizagem) se enquadra na abordagem humanista, com média de 4,27. Por fim, a sentença

8 (processo avaliativo sem relação com o sucesso do aluno) se enquadra na abordagem

tradicional, com média de 3,44, sendo que quanto maior a média nessa última sentença, menos

tradicional é o entendimento dos professores quanto ao processo de avaliação do ensino-

aprendizagem.

É importante salientar que na aplicação dos questionários não estavam identificados em

que abordagem se enquadrava cada sentença. Sendo assim, os dados revelam que a abordagem

humanista (maior média = 4,27) é a que mais predomina no entendimento dos professores como

abordagem mais adequada ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem, a qual tem o

aluno como principal elaborador do conhecimento. Isso se dá porque na Universidade o

professor é um facilitador e, como tal, não entrega tudo explicado e resolvido. Ele proporciona

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75

o desenvolvimento do raciocínio e pensamento crítico, por meio de estudos de caso, seminários

dentre outros. O aluno busca o conhecimento, não o recebe no ponto de passá-lo adiante.

Conforme dito por Mizukami (1986), o professor é, portanto, um auxiliar da aprendizagem,

sem necessidade de ensinar, ele apenas cria condições para que os alunos aprendam e viabiliza

um clima favorável à aprendizagem.

Não se afirma, todavia, nesta análise, se essa abordagem é a que mais os professores

aplicam em sala de aula.

As sentenças 6 (diferença entre avaliar e selecionar) e 7 (zelo pelo aprendizado do aluno)

não são alvos de análise em função das abordagens, por se enquadrarem em mais de uma

abordagem.

A seguir apresenta-se a Tabela 3 com resumo das sentenças por abordagem, para melhor

visualização.

Tabela 3 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-aprendizagem com

abordagens equivalentes

Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem Abordagens

equivalentes Média

1 - Avaliação do ensino-aprendizagem não deve ser um recurso de

autoridade utilizado pelo professor a fim de medir os conhecimentos de seus

alunos, com o fim de aprovar/reprovar.

Sociocultural 3,53 3 - A avaliação do ensino-aprendizagem é um processo que abrange a

organização escolar como um todo: as relações internas à escola, o trabalho

docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagem do aluno e a

relação com a sociedade.

2 - A avaliação pode incluir os alunos, devido ao fato de proceder por

diagnóstico e, por isso, pode oferecer-lhes condições de encontrar o

caminho para obter melhores resultados na aprendizagem. Cognitivista 3,63

4 - A avaliação da aprendizagem tem por finalidade desenvolver aqueles

que não atingiram o nível ideal de qualidade da aprendizagem, aqueles que

não conseguiram acompanhar ou assimilar o conteúdo.

5 - A avaliação da aprendizagem assume a função de subsidiar a construção

da aprendizagem bem-sucedida e de auxiliar o crescimento dos alunos. Humanista 4,27

8 - O processo avaliativo não tem relação com o sucesso do aluno dentro da

escola ou fora dela. Tradicional 3,44

Fonte: Dados da pesquisa.

De forma geral, todos os docentes têm uma percepção positiva (média igual ou acima

de 3,00). Com base no referencial teórico e nos dados coletados com a presente pesquisa,

observa-se que os professores entendem que a avaliação do ensino-aprendizagem deve auxiliar

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76

o crescimento dos alunos. Portanto, eles entendem que são facilitadores da aprendizagem,

criando condições para que os alunos aprendam.

5.2.2 Dimensão 2 - Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem

A Tabela 4 abaixo apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 2, considerando

a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4 (frequentemente) e 5

(sempre).

Tabela 4 – Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem

Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem Estatísticas

Média Desvio Padrão

1 - Verifico os conhecimentos prévios dos alunos no início do período

letivo. 3,55 1,33

2 - Verifico os conhecimentos e habilidades dos alunos para saber como

devo preparar novas aprendizagens. 3,67 1,13

3 - Durante o período letivo, avalio meus alunos sistematicamente, a fim de

verificar se eles estão aprendendo. 4,23 0,76

4 - Faço alterações nas avaliações feitas durante o período letivo, se for

preciso. 4,04 1,03

5 - Utilizo a última avaliação da disciplina para verificar a evolução do

aluno, além de utilizar os resultados como diagnóstico para melhorar o

processo avaliativo. 3,48 1,18

6 - Utilizo os dados das avaliações feitas no decorrer do período letivo para

classificar os conhecimentos dos alunos, mas reconheço que pode haver

avaliação sem classificação por meio de notas.

3,49 1,28

Média Geral 3,74 __

Fonte: Dados da pesquisa.

Legenda: Avaliação Diagnóstica Avaliação Formativa Avaliação Somativa.

Esta dimensão tem o propósito de identificar as práticas pedagógicas de avaliação

utilizadas pelos docentes da UFC. A média geral nesta dimensão foi de 3,74, o que significa

que, alinhadas à teoria, são as práticas pedagógicas de avaliação utilizadas pelos professores.

Entende-se como práticas alinhadas à teoria (alinhadas à teoria, média igual ou acima de 3,00;

não alinhadas à teoria, média menor que 3,00) aquelas que estão de acordo com o referencial

teórico seguido por esta pesquisa.

No que tange às práticas pedagógicas de avaliação, são três as analisadas nesta

dimensão: avaliação diagnóstica, avaliação formativa e avaliação somativa. As sentenças 1

(Verificar conhecimentos prévios) e 2 (Verificar conhecimentos e habilidades dos alunos)

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77

representam a avaliação diagnóstica, com média entre elas de 3,61. As sentenças 3 (Avaliação

sistemática) e 4 (Alterações nas avaliações durante o período letivo) representam a avaliação

formativa, com média entre elas de 4,13, que corresponde a maior média dentre os três tipos de

avaliação. Significa que os professores utilizam com maior frequência e aplicam de forma mais

intensa a avaliação formativa. As sentenças 5 (Utilizar a última avaliação para verificar a

evolução do aluno) e 6 (Utilizar os dados das avaliações para classificar o conhecimento dos

alunos) representam a avaliação somativa, com média entre elas de 3,48. Quanto mais próximo

de 5 for a média, significa que os professores, dentro do processo de avaliação, aplicam de

forma mais adequada e mais intensa as práticas pedagógicas aqui explicitadas.

A seguir, apresenta-se a Tabela 5 com resumo dos dados coletados sobre as práticas

avaliativas, classificadas nos três tipos de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa.

Tabela 5 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa

Práticas Pedagógicas de Avaliação Média

Avaliação Diagnóstica 3,61

Avaliação Formativa 4,13

Avaliação Somativa 3,48

Fonte: Dados da pesquisa.

Constata-se que a avaliação característica da UFC é predominantemente formativa. Esse

resultado pode ser um reflexo do que se é exigido pelo sistema de ensino vigente na

Universidade, pois na UFC os professores precisam fazer pelo menos duas avaliações em um

período letivo. Essas avaliações geralmente são feitas no meio e no final do período letivo,

correspondendo à avaliação formativa, uma vez que os conteúdos não são cumulativos.

Sobre a avaliação diagnóstica, há um resultado positivo (resultado positivo, média igual

ou acima de 3,00; resultado negativo, média menor que 3,00), correspondendo a 3,61, pois essa

média revela que os docentes da UFC, em sua grande maioria, aplicam satisfatoriamente esse

tipo de avaliação, a fim de dar subsídios às avaliações que serão feitas no período letivo, bem

como verificar os conhecimentos prévios dos alunos.

Os dados revelam, também, que a avaliação diagnóstica é mais utilizada do que a

avaliação somativa. Sobre esses dados cabe uma interpretação: a avaliação diagnóstica, a que é

feita no início de um período letivo, tende a ser pouco utilizada. Essa média elevada pode

indicar que os professores entendem que, a cada avaliação que eles fazem durante o período

letivo, eles fazem também um diagnóstico da situação do aluno e do conhecimento adquirido.

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78

Na UFC, além das duas avaliações que são exigidas (mínimo), existe também a

avaliação final (AF). Esta não é obrigatória, só é realizada no final do período letivo se o aluno

não atingir a média desejada e corresponde à avaliação somativa.

O ideal é que haja equilíbrio no uso dessas avaliações, visto que elas se complementam

e, portanto, não devem ser usadas isoladamente. Não se verificou ausência de uso de nenhuma

delas, o que é positivo para a pesquisa, evidenciando que, nesta dimensão, além de se identificar

as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores da UFC, verifica-se também que, de forma

geral, a avaliação diagnóstica não é desprezada, sendo esta de primordial importância para o

processo como um todo.

Como a avaliação formativa é a mais utilizada, entende-se que, na prática, os professores

tendem a ser mais cognitivistas, pois os conceitos de papéis formativo e somativo da avaliação

surgiram na década de 60, com Michael Scvriven, mesma década em que a teoria do

crescimento cognitivo se desenvolveu, sendo, portanto, a avaliação formativa influenciada pelo

cognitivismo. A avaliação formativa pode e deve ser utilizada em várias abordagens do

processo de ensino, mas entende-se que ela tem mais afinidade com a abordagem cognitivista.

5.2.3 Dimensão 3 - Instrumentos avaliativos utilizados

Esta dimensão tem o propósito de identificar os instrumentos avaliativos mais utilizados

pelos docentes da UFC. Quanto mais próximo de 5 for a resposta atribuída por cada professor,

mais utilizado é determinado instrumento.

A Tabela 6, que segue, apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 3,

considerando a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4

(frequentemente) e 5 (sempre):

Tabela 6 – Instrumentos avaliativos utilizados

Instrumentos avaliativos utilizados Estatísticas

Média Desvio Padrão

1 - Prova discursiva dissertativa. 3,47 1,27

2 - Prova discursiva de perguntas curtas. 2,89 1,24

3 - Provas objetivas. 2,18 1,42

4 - Provas práticas. 3,29 1,38

5 - Provas orais. 2,26 1,34

Média Geral 2,82 __

Fonte: dados da pesquisa.

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79

Constata-se, portanto, que o instrumento mais utilizado é a prova discursiva dissertativa,

com média de 3,47. Pode-se afirmar, com esse resultado, que isso decorre, em parte, do sistema

de ensino vigente, adaptado a utilizar esse tipo de prova e, em parte, dos objetivos de cada curso

e área do conhecimento, que só poderão ser atingidos se utilizar um determinado instrumento

avaliativo.

Embora a prova dissertativa possa ser utilizada em várias abordagens do processo de

ensino, de acordo com a área de conhecimento de cada curso e com os objetivos da disciplina,

Gil (2010) afirma que esse tipo de instrumento é um dos mais tradicionais utilizados. Com base

nessa afirmação do autor, pode-se inferir que esse tipo de instrumento é o mais utilizado nas

unidades acadêmicas pesquisadas, tanto pela eficácia de seus resultados quanto pelo

tradicionalismo em se utilizar dele. Gil (2010) afirma ainda que, apesar de muito utilizado,

muitos professores cometem erros na formulação e na correção desse tipo de instrumento. Essa

afirmação pode explicar o uso dos outros instrumentos também, na complementação do

processo avaliativo.

Os dados obtidos revelam, ainda, que o instrumento avaliativo menos utilizado foi a

prova objetiva, com menor média, correspondendo a 2,18. Esse instrumento é mais comumente

utilizado em concursos e seleções. Quando o objetivo é avaliar a aprendizagem, provas

dissertativas são mais eficazes, pois, por meio delas, se pode verificar a capacidade de

raciocínio e reflexão do aluno, bem como o conhecimento empenhado e aplicado no teste. Gil

(2010) aponta, ainda, que esse tipo de instrumento mais estimula a memorização que a

aprendizagem.

O instrumento prova prática, segundo mais utilizado pelos docentes, sobressaiu-se com

uma média positiva de 3,29 (resultado positivo: média igual ou maior que 3) podendo-se inferir

que esse instrumento avaliativo deve ser mais utilizado em atividades de laboratórios, nos

cursos mais ligados à área do conhecimento de Ciências Exatas, quando verificar o

conhecimento por meio de provas escritas se torna difícil. Entretanto, essa interpretação não

representa fidedignamente os resultados obtidos nos Centros e Faculdades, quando analisados

individualmente, conforme seção 5.3.3 Dimensão 3 - Instrumentos avaliativos utilizados.

De forma geral, há uma variabilidade de uso dos instrumentos, porém, provas objetivas

e orais são pouco utilizadas.

5.2.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino

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A Tabela 7 abaixo apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 4, considerando

a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4 (frequentemente) e 5

(sempre):

Tabela 7 – Modalidades de exposição do ensino

Modalidades de exposição do ensino Estatísticas

Média Desvio Padrão

1 - Aula expositiva oral com interação com os alunos. 4,48 0,56

2 - Aula teórico/prática. 3,87 1,05

3 - Aula expositiva provocativa, com o objetivo de provocar a reflexão e

não a discussão. 3,42 1,20

4 - Aula expositiva discursiva, com o objetivo de estimular o debate e a

defesa dos diversos pontos de vista. 3,45 1,30

Média Geral 3,80 __

Fonte: dados da pesquisa.

Esta dimensão tem o propósito de identificar as modalidades de exposição do ensino

utilizadas pelos docentes da UFC. A média geral nesta dimensão foi de 3,80, que revela grande

variabilidade de modalidades de exposição do ensino utilizadas pelos docentes. Quanto mais

próximo de 5 for a resposta atribuída por cada professor, com mais intensidade são utilizadas

as modalidades de exposição de ensino.

Os resultados revelam que a modalidade de exposição do ensino mais utilizada é a aula

expositiva oral com interação com os alunos (média de 4,48), o que significa que a frequência

com que a aula expositiva oral sem interação dos alunos acontece é bem baixa, pois, conforme

os professores mais utilizam uma, menos utilizam a outra, pois uma é exatamente o oposto da

outra.

Esse resultado também revela que há uma preocupação em tornar o aluno mais

protagonista da aprendizagem e, embora a presente pesquisa aponte os resultados para uma

abordagem mais humanistas, acredita-se que os professores não são possuem traços de uma

única abordagem. Acredita-se, portanto, que os professores têm tendências da abordagem

tradicional. Não significa, no entanto, que eles deixaram de ser tradicionais. O fato de haver

interação com os alunos durante as aulas evidencia que o professor se tornou mais flexível e

que adota características de outras abordagens. Mas continua tradicional em alguns aspectos,

como na escolha do instrumento avaliativo adotado, por exemplo, conforme visto na seção

anterior, não que a prova discursiva dissertativa se configure como instrumento de avaliação

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81

utilizado apenas na abordagem tradicional, mas pelo fato de esse instrumento ser o mais

tradicional utilizado, conforme apontou Gil (2010).

Considerando que na abordagem humanista o processo de ensino depende da relação

entre professor e aluno, conforme visto na subseção 3.4.1 Abordagens do processo de ensino,

pode-se inferir que os professores da UFC, no que se refere à modalidade de transmissão do

ensino, enquadram-se mais na abordagem humanista, pois utilizam mais frequentemente a aula

expositiva oral com interação com os alunos.

Esses dados revelam, também, que ao comparar as abordagens do processo educacional

com relação às práticas pedagógicas adotadas pelos docentes da UFC, constata-se que os

professores entendem a abordagem humanista como a mais adequada (resultados da dimensão

1) e na prática seu comportamento também se enquadra na mesma abordagem.

Aula teórico/prática também revela um resultado bastante positivo (resultado positivo:

média igual ou acima de 3,00; resultado negativo: média abaixo de 3,00), com média de 3,87,

o que afirma que essa modalidade é bastante utilizada na Universidade. Infere-se, com base

nesse resultado, que há uma preocupação de preparar bem os alunos para atuação profissional,

por meio do uso dessas aulas, que ajudam o aluno a entender melhor como aplicar determinada

teoria aprendida. Essa modalidade de exposição do conteúdo é mais utilizada em cursos das

Ciências Exatas, mas também pode ser utilizada em alguns cursos das Ciências Humanas, como

pedagogia, por exemplo, em que a prática docente é necessária e fundamental para atuação

profissional do aluno.

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82

5.2.5 Dimensão 5 - Abordagens do processo de ensino

A Tabela 8, que segue, apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 5. Foi

solicitado aos professores que escolhessem para cada fator uma definição, de acordo com os

conhecimentos deles sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem. Para cada

sentença, havia 5 opções de resposta. Cada resposta atribuída significava uma abordagem, na

ordem em que as opções se apresentavam: 1 - Tradicional, 2 - Comportamentalista, 3 -

Humanista, 4 - Cognitivista e 5 - Sociocultural, mas aos professores não foi revelado a que a

abordagem se referia cada conceito.

Tabela 8 – Abordagens do processo de ensino

Fatores Abordagens do processo de ensino Estatísticas

1 -

Tradicional

2 - Comporta-

mentalista 3 - Humanista

4 -

Cognitivista

5 -

Sociocultural Média

Desvio

Padrão

1 -

En

sin

o

Centrado na

figura do

professor

Composto por

padrões de

comporta-

mentos

Centrado no

aluno

Relação de

reciprocidade

intelectual e

cooperação

Deve superar a

relação

opressor-

oprimido

3,64 0,98

2 -

Alu

no

Receptor

passivo

Autônomo e

pode refletir

Principal

elaborador do

conhecimento

Sistema aberto

suscetível a

modificações e

reestruturações

Responsável

pela educação 2,93 1,06

3 -

Pro

cess

o

Ed

uca

cio

na

l

Há um

individua-

lismo do

processo, do

qual o aluno,

muitas

vezes, não

pode fazer

parte

Deve

promover

mudanças

significativas

nos indivíduos

e em seus

comporta-

mentos

Depende da

relação entre

professor e

aluno

Deve

proporcionar

aos alunos a

conquista do

conhecimento

e das verdades

Deve levar em

conta o

contexto no

qual os alunos

estão inseridos

3,34 1,18

4 -

Ed

uca

ção

Transmissão

de conheci-

mento

Sinônimo de

cultura.

Preocupa-se

com fatores

que podem ser

medidos e

observáveis

Responsabilida

de do aluno. O

desenvolvi-

mento

emocional é

também

necessário

Processo de

socialização

com ausência

de controle

Deve ser

problematiza-

dora ou

conscientiza-

dora

3,71 1,56

[Continua]

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83

[Continuação]

Fatores

Abordagens do processo de ensino Estatísticas

1 -

Tradicional

2 - Comporta-

mentalista 3 - Humanista

4 -

Cognitivista

5 -

Sociocultural Média

Desvio

Padrão

5 -

Co

nh

ecim

ento

Acumular

informações,

sem questio-

namentos,

pois aos

alunos são

apresentados

os

resultados,

cabendo a

eles aceitar

aquele

conheci-

mento

Descoberta,

fruto da

experiência

que o aluno

vivencia

A experiência

pessoal é a

base da

construção do

conhecimento

Construção

contínua.

Produto da

interação entre

o professor e o

aluno

Elaborado a

partir do

condiciona-

mento entre

pensamento e

prática

3,71 1,01

6 -

Au

las

Expositivas,

sem

interação

com os

alunos

Não há

modelos ideais

de instrução

O professor

não é detentor

do

conhecimento

e não precisa

transmiti-lo.

Ele deve

viabilizar um

clima

favorável à

aprendizagem

Baseadas na

pesquisa, na

investigação,

na resolução

de

problemas. El

e deve propor

problemas sem

ensinar as

soluções

Baseadas na

interação.

Professor e

aluno são

sujeitos do

processo

4,16 1,18

7 -

Av

ali

açã

o.

Tradicional.

A

reprodução

que o aluno

faz nas

provas do

que o

professor

ensinou

indica que

houve

aprendizado

Não há modelo

ideal. A

avaliação serve

para verificar

se os alunos

atingiram os

objetivos

propostos, e

para fornecer

dados para o

planejamento

dos comporta-

mentos

Autoavaliação

Deve verificar

se o aluno já

adquiriu

noções,

podendo ser

verificado por

meio de

explicações,

relaciona-

mentos,

conversas, etc.

Autoavaliação

e/ou avaliação

mútua

2,66 1,20

Média Geral 3,45 __

Fonte: Dados da pesquisa.

A média geral nesta dimensão foi de 3,45, o que demonstra que os docentes, de forma

geral, entendem que a abordagem humanista é a mais adequada ao processo de avaliação do

ensino-aprendizagem.

Analisando os conceitos isolados relativos a ensino, educação, conhecimento e aulas,

os professores entendem que são mais adequados se conceituados dentro da abordagem

cognitivista. Os resultados revelam, então, que os professores entendem que o trabalho em

equipe é considerado a melhor técnica de ensino; o objetivo da educação é proporcionar aos

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84

alunos a conquista do conhecimento, a escola deve dar ao aluno a possibilidade de aprender por

si próprio; o conhecimento é uma construção contínua, e quanto às aulas, os professores

entendem que devem propor problemas sem ensinar as soluções, a fim de estimular o

pensamento crítico e a descoberta do conhecimento. Esses resultados reforçam o que se vê na

prática na Educação Superior. Universidades: os professores não trazem conteúdos prontos para

os alunos assimilarem e reproduzirem. Uma base lhes é dada, mas cabe aos alunos

desenvolverem o conhecimento e descobrirem as respostas para alguns questionamentos.

Já quanto aos conceitos relativos a processo educacional, avaliação e aluno, os

professores entendem que são mais adequados os da abordagem humanista. Dessa forma, os

professores entendem que o desenvolvimento emocional é necessário; há vários fatores que

podem intervir no desempenho do aluno, tais como: relações interpessoais, desenvolvimento

da personalidade do indivíduo, vida psicológica e emocional, entre outros, e a avaliação mais

adequada é a autoavaliação, embora essa não seja a única forma de avaliar nessa abordagem.

De forma geral, o entendimento dos professores é mais voltado para abordagem

humanista, tanto nesta dimensão, quanto na dimensão 1 (Concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem), o que revela que no entendimento dos professores a abordagem humanista é a

mais adequada ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem. Ao analisar os conceitos

isoladamente, tais como ensino, educação, conhecimento e aulas, os professores já revelam um

entendimento mais cognitivista, o que mostra a flexibilidade de entendimento dos professores

sobre as abordagens, ao escolher o que tem de melhor em cada uma delas, na concepção deles.

5.3 Análise comparativa dos resultados por Centros e Faculdade

O objetivo desta subseção é apresentar as interpretações e análises comparativas dos

resultados obtidos entre Centros e Faculdade, para tentar verificar as diferenças entre as

Ciências Exatas e Humanas, assumidas nesta pesquisa como áreas distintas.

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5.3.1 Dimensão 1 - Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem

Tabela 9 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-aprendizagem por Centros e

Faculdade

Concepções de avaliação do ensino-

aprendizagem

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de

Educação

Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

1 - Avaliação do ensino-aprendizagem

não deve ser um recurso de autoridade

utilizado pelo professor a fim de medir

os conhecimentos de seus alunos, com

o fim de aprovar/reprovar.

3,25 1,50 3,30 1,55 2,43 1,66 2,60 1,84

2 - A avaliação pode incluir os alunos,

devido ao fato de proceder por

diagnóstico e, por isso, pode oferecer-

lhes condições de encontrar o caminho

para obter melhores resultados na

aprendizagem.

3,88 0,88 3,83 1,15 4,05 0,96 4,90 0,32

3 - A avaliação do ensino-

aprendizagem é um processo que

abrange a organização escolar como

um todo: as relações internas à escola,

o trabalho docente, a organização do

ensino, o processo de aprendizagem do

aluno e a relação com a sociedade.

4,02 1,10 3,91 1,24 4,11 1,23 4,80 0,42

4 - A avaliação da aprendizagem tem

por finalidade desenvolver aqueles que

não atingiram o nível ideal de

qualidade da aprendizagem, aqueles

que não conseguiram acompanhar ou

assimilar o conteúdo.

3,29 1,30 3,3 1,52 3,27 1,28 3,10 1,66

5 - A avaliação da aprendizagem

assume a função de subsidiar a

construção da aprendizagem bem-

sucedida e de auxiliar o crescimento

dos alunos.

4,24 0,94 4,17 1,27 4,24 1,08 4,80 0,42

6 - Existe diferença entre avaliar e

selecionar. 4,29 1,04 4,17 1,30 4,39 0,85 4,90 0,32

7 - É dever do docente zelar pelo

aprendizado do aluno. A relação

professor-aluno tem influência no

aprendizado.

4,64 0,69 4,52 0,79 4,63 0,79 4,40 1,26

8 - O processo avaliativo não tem

relação com o sucesso do aluno dentro

da escola ou fora dela.

3,34 1,13 3,22 1,31 3,66 1,21 3,70 1,42

Média Geral 3,86 __ 3,80 __ 3,84 __ 4,15 __

Fonte: Dados da pesquisa.

Legenda: Abordagem Sociocultural Abordagem Cognitivista Abordagem Humanista

Abordagem Tradicional Sem abordagem equivalente.

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Essa Tabela 9 apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 1, considerando os

resultados de cada Centro e Faculdade.

A análise realizada nesta dimensão contempla os Centros de Faculdades de uma forma

isolada, a fim de conhecer como os professores de cada unidade entendem os conceitos

associados ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem, bem como analisar também os

dados por área do conhecimento, considerando as Ciências Exatas e as Humanas.

Nesta dimensão, todos os Centros e Faculdade obtiveram média geral acima de 3, o que

significa que os professores entendem de forma positiva (positiva, média igual ou acima de

3,00; negativa, média menor que 3,00) como se deve realizar o processo de avaliação do ensino-

aprendizagem.

As sentenças são analisadas em função das abordagens do processo de ensino em que

cada uma se enquadra. As sentenças 6 (diferença entre avaliar e selecionar) e 7 (zelo pelo

aprendizado do aluno) não são alvos de análise em função das abordagens, por se enquadrarem

em mais de uma abordagem.

Centro de Ciências: a média, nesta dimensão é de 3,86, semelhante à média geral. As

sentenças 1 (avaliação não como recurso autoritário) e 3 (avaliação como processo) se

enquadram na abordagem sociocultural, com média entre elas de 3,63, o que significa que os

professores entendem de forma positiva como se deve realizar o processo de avaliação do

ensino-aprendizagem. As sentenças 2 (avaliação inclusiva) e 4 (finalidade da avaliação) se

enquadram na abordagem cognitivista, com média entre elas de 3,58. A sentença 5 (avaliação

como subsidiária da construção da aprendizagem) se enquadra na abordagem humanista. A

média dessa sentença foi de 4,24. E a sentença 8 (processo avaliativo sem relação com o sucesso

do aluno) se enquadra na abordagem tradicional. A média dessa sentença foi de 3,34.

Os dados revelam que a abordagem humanista (maior média = 4,24) é a que mais

predomina no entendimento dos professores como abordagem mais adequada ao processo de

avaliação do ensino-aprendizagem, a qual tem o aluno como principal elaborador do

conhecimento. Os resultados do Centro de Ciências pouco diferem dos resultados gerais

analisados.

Centro de Tecnologia: a média nesta dimensão é de 3,80, semelhante à média geral.

As sentenças 1 (avaliação não como recurso autoritário) e 3 (avaliação como processo) se

enquadram na abordagem sociocultural, com média entre elas de 3,60. As sentenças 2

(avaliação inclusiva) e 4 (finalidade da avaliação) se enquadram na abordagem cognitivista,

com média entre elas de 3,56. A sentença 5 (avaliação como subsidiária da construção da

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87

aprendizagem) se enquadra na abordagem humanista. A média dessa sentença foi de 4,17. E a

sentença 8 (processo avaliativo sem relação com o sucesso do aluno) se enquadra na abordagem

tradicional. A média dessa sentença foi de 3,32.

Os dados revelam que a abordagem humanista (maior média = 4,17) é a que mais

predomina no entendimento dos professores como abordagem mais adequada ao processo de

avaliação do ensino-aprendizagem. Os resultados do Centro de Tecnologia pouco diferem dos

resultados gerais analisados.

Centro de Humanidades: a média nesta dimensão é de 3,84, semelhante à média geral.

As sentenças 1 (avaliação não como recurso autoritário) e 3 (avaliação como processo) se

enquadram na abordagem sociocultural, com média entre elas de 3,27. As sentenças 2

(avaliação inclusiva) e 4 (finalidade da avaliação) se enquadram na abordagem cognitivista,

com média entre elas de 3,66. A sentença 5 (avaliação como subsidiária da construção da

aprendizagem) se enquadra na abordagem humanista. A média dessa sentença foi de 4,24. E a

sentença 8 (processo avaliativo sem relação com o sucesso do aluno) se enquadra na abordagem

tradicional. A média dessa sentença foi de 3,66.

Os dados revelam que a abordagem humanista (maior média = 4,24) é a que mais

predomina no entendimento dos professores como abordagem mais adequada ao processo de

avaliação do ensino-aprendizagem. Os resultados do Centro de Humanidades pouco diferem

dos resultados gerais analisados.

Faculdade de Educação: a média nessa dimensão é de 4,15, sendo este o único centro

com uma média acima da média geral. As sentenças 1 (avaliação não como recurso autoritário)

e 3 (avaliação como processo) se enquadram na abordagem sociocultural, com média entre elas

de 3,70. As sentenças 2 (avaliação inclusiva) e 4 (finalidade da avaliação) se enquadram na

abordagem cognitivista, com média entre elas de 4. A sentença 5 (avaliação como subsidiária

da construção da aprendizagem) se enquadra na abordagem humanista. A média dessa sentença

foi de 4,80. E a sentença 8 (processo avaliativo sem relação com o sucesso do aluno) se

enquadra na abordagem tradicional. A média dessa sentença foi de 3,7.

Os dados revelam que a abordagem humanista (maior média = 4,80) é a que mais

predomina no entendimento dos professores como abordagem mais adequada ao processo de

ensino-aprendizagem, tais como nos outros centros.

Os resultados da Faculdade de Educação, no entanto, se destacam por uma

peculiaridade, a saber: sua média na dimensão foi mais elevada que a média geral dos resultados

e do que a média de todos os Centros analisados de forma isolada, o que demonstra que os

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docentes da Faculdade de Educação são os que mais entendem os conceitos associados ao

processo de avaliação do ensino-aprendizagem, ao observar a teoria. Isso se dá pelo fato de os

docentes da Faculdade de Educação terem mais contato com as teorias na própria formação,

pois conteúdos que abordam a questão da avaliação fazem parte do currículo dos cursos

voltados para a Educação. Isso se dá também pelo de fato de a Faculdade de Educação ser o

berço onde grande parte das pesquisas nessa área se realiza e se desenvolve, porque são os

docentes dessa unidade acadêmica que mais têm domínio sobre esse campo de atuação e

pesquisa.

Considerando de um lado as Ciências Exatas, representadas pelos Centros de Ciências

e Tecnologia, e do outro lado as Ciências Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades

e pela Faculdade de Educação, apresenta-se o seguinte resultado na Tabela 10 a seguir:

Tabela 10 – Entendimento dos docentes sobre as concepções de avaliação do ensino-aprendizagem por Área do

Conhecimento

Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem Abordagens

equivalentes

Média

Ciências

Exatas

Média

Ciências

Humanas

1 - Avaliação do ensino-aprendizagem não deve ser um

recurso de autoridade utilizado pelo professor a fim de

medir os conhecimentos de seus alunos, com o fim de

aprovar/reprovar.

Sociocultural 3,61 3,48 3 - A avaliação do ensino-aprendizagem é um processo que

abrange a organização escolar como um todo: as relações

internas à escola, o trabalho docente, a organização do

ensino, o processo de aprendizagem do aluno e a relação

com a sociedade.

2 - A avaliação pode incluir os alunos, devido ao fato de

proceder por diagnóstico e, por isso, pode oferecer-lhes

condições de encontrar o caminho para obter melhores

resultados na aprendizagem. Cognitivista 3,57 3,83

4 - A avaliação da aprendizagem tem por finalidade

desenvolver aqueles que não atingiram o nível ideal de

qualidade da aprendizagem, aqueles que não conseguiram

acompanhar ou assimilar o conteúdo.

5 - A avaliação da aprendizagem assume a função de

subsidiar a construção da aprendizagem bem-sucedida e de

auxiliar o crescimento dos alunos. Humanista 4,20 4,52

8 - O processo avaliativo não tem relação com o sucesso do

aluno dentro da escola ou fora dela. Tradicional 3,33 3,68

Fonte: Dados da pesquisa.

Pode-se observar, com base nos dados coletados, que os professores entendem, ainda

que separados por área do conhecimento, que a abordagem humanista é mais adequada ao

processo de avaliação do ensino-aprendizagem. No entanto, esses mesmos dados revelam

algumas peculiaridades: depois da abordagem humanista, a cognitivista é a segunda abordagem

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considerada mais adequada, no entendimento dos professores concentrados nas Ciências

Humanas. Já para os professores concentrados nas Ciências Exatas, depois da abordagem

humanista, a segunda abordagem mais adequada é abordagem sociocultural. Esses dados só

reforçam o fato de os professores das Ciências Humanas serem mais cognitivistas por terem

mais contato com as teorias da Educação que os professores das Ciências Exatas.

Os dados revelam, ainda, que as ciências exatas tendem a ser mais tradicionais que as

ciências humanas, pois a média da sentença relativa à abordagem tradicional é de 3,33 para

ciências exatas e 3,68 para ciências humanas, sendo que, nesse aspecto, quanto maior a média,

menos tradicional é o entendimento dos professores.

5.3.2 Dimensão 2 - Práticas pedagógicas de avaliação

Constata-se, nesta dimensão, que todos os Centros e Faculdade, de forma geral, utilizam

as práticas pedagógicas de avaliação, com bastante frequência. A média geral nesta dimensão

é acima de 3, para cada Centro e Faculdade, o que significa que alinhadas à teoria são as práticas

pedagógicas de avaliação utilizadas pelos professores.

No que tange às práticas pedagógicas de avaliação, são três as analisadas nessa

dimensão: avaliação diagnóstica, avaliação formativa e avaliação somativa.

As sentenças 1 (Verificar conhecimentos prévios) e 2 (Verificar conhecimentos e

habilidades dos alunos) representam a avaliação diagnóstica. A unidade acadêmica que se

destacou por mais utilizar esse tipo de avaliação foi a Faculdade de Educação, com uma média

de 4,4. A Faculdade de Educação mostra conhecer os efeitos benéficos dessa prática pedagógica

no processo de avaliação do ensino-aprendizagem, bem como aplicá-la. Em seguida, tem-se o

Centro de Humanidades com a segunda maior média, correspondendo a 3,96. A menor média

foi do Centro de Tecnologia de 2,91.

A Tabela 11, que segue, apresenta os dados obtidos nesta dimensão, considerando a

escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4 (frequentemente) e 5

(sempre):

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90

Tabela 11 – Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem por Centros e Faculdade

Práticas pedagógicas de

avaliação

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de

Educação

Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

1 - Verifico os conhecimentos

prévios dos alunos, no início

do período letivo. 3,52 1,37 2,61 1,23 3,97 1,08 4,30 1,06

2 - Verifico os conhecimentos

e habilidades dos alunos para

saber como devo preparar

novas aprendizagens.

3,52 1,16 3,22 1,04 3,95 1,09 4,50 0,71

3 - Durante o período letivo

avalio meus alunos

sistematicamente, a fim de

verificar se eles estão

aprendendo.

4,34 0,76 3,96 0,77 4,18 0,80 4,40 0,52

4 - Faço alterações nas

avaliações feitas durante o

período letivo se for preciso. 3,93 1,04 4,09 1,16 4,08 1,05 4,40 0,52

5 - Utilizo a última avaliação

da disciplina para verificar a

evolução do aluno, além de

utilizar os resultados como

diagnóstico para melhorar o

processo avaliativo.

3,38 1,24 3,39 1,30 3,82 0,90 3,00 1,33

6 - Utilizo os dados das

avaliações feitas no decorrer

do período letivo para

classificar os conhecimentos

dos alunos, mas reconheço que

pode haver avaliação sem

classificação por meio de

notas.

3,41 1,21 2,96 1,52 3,92 1,00 3,50 1,65

Média Geral 3,68 __ 3,37 __ 3,99 __ 4,02 __

Fonte: Dados da pesquisa.

Legenda: Avaliação Diagnóstica Avaliação Formativa Avaliação Somativa.

As sentenças 3 (Avaliação sistemática) e 4 (Alterações nas avaliações durante o período

letivo) representam a avaliação formativa. O centro que se destacou por mais utilizar esse tipo

de avaliação foi, novamente, a Faculdade de Educação, com uma média de 4,4. Em seguida,

tem-se o Centro de Ciências com a segunda maior média: 4,13. A menor média foi do Centro

de Tecnologia: 4,02. Nesse aspecto, embora a Faculdade de Educação tenha liderado

novamente, depois dela, o segundo centro a mais utilizar a avaliação formativa foi o Centro de

Ciências, e não o Centro de Humanidades, como se poderia esperar.

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Com esse resultado, pode-se inferir que o Centro de Ciências utiliza essa avaliação não

por conhecê-la bem, mas porque essa prática avaliativa é a mais comumente utilizada na

Universidade. Na verdade, esse resultado evidencia um pouco de desequilíbrio no uso das três

avaliações pelo Centro de Ciências, pois, quando as médias dessas três avaliações diferem,

significa que uma, ou mais de uma, está sendo mais utilizada em detrimento de outra.

As sentenças 5 (Utilizar a última avaliação para verificar a evolução do aluno) e 6

(Utilizar os dados das avaliações para classificar o conhecimento dos alunos) representam a

avaliação somativa, feita ao final de um ciclo ou período letivo. A Faculdade de Educação

obteve uma média de 3,25. A média nesse aspecto sofreu uma queda em relação às outras duas

médias obtidas nas avaliações diagnóstica e formativa, o que demonstra que esse centro se

preocupa mais com as duas primeiras avaliações. Os dados revelam, portanto, que a Faculdade

de Educação dá mais destaque e atenção as avaliações diagnóstica e formativa. Isso se dá porque

a função da avaliação somativa é muito mais de atribuir valor e verificar se tudo deu certo no

processo, do que formar em si. As Ciências Humanas se preocupam muito mais em formar do

que cumprir normas institucionais de avaliação.

Desse modo, as duas primeiras avaliações devem ser bem trabalhadas, a fim de que a

avaliação somativa não tenha de sofrer tantas alterações, até porque ela só pode melhorar o

processo em um próximo ciclo, pois ela se dá no fim de um ciclo ou período letivo, não havendo

tempo hábil para melhorar/alterar o processo no mesmo período ou ciclo.

A média do Centro de Humanidades foi de 3,87, considerando essas duas sentenças que

representam a avaliação somativa, seguida do Centro de Ciências com uma média de 3,39 e do

Centro de Tecnologia com uma média de 3,17.

A seguir, apresenta-se a Tabela 12, contendo um resumo dos resultados obtidos nesta

dimensão, considerando as avaliações diagnóstica, formativa e somativa:

Tabela 12 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa por Centros e Faculdade

Práticas Pedagógicas

de Avaliação

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de

Educação

Média Média Média Média

Avaliação Diagnóstica 3,52 2,91 3,96 4,40

Avaliação Formativa 4,13 4,02 4,06 4,40

Avaliação Somativa 3,39 3,17 3,87 3,25

Fonte: Dados da pesquisa.

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Evidencia-se, com os presentes dados coletados, que o Centro de Humanidades e a

Faculdade de Educação são os que mais aplicam a avaliação diagnóstica, o que confirma a

perspectiva de que esses dois centros estão mais próximos das abordagens cognitivista e

sociocultural, conforme sugerido na Figura 1 – Linha de gradação das abordagens.

A avaliação formativa é a mais frequentemente utilizada por todos os centros de forma

geral. As médias obtidas nessa categoria são similares em todos os Centros e Faculdade.

O Centro de Humanidades é o centro mais equilibrado quanto ao uso das três avaliações,

pois as médias são bem próximas umas das outras. Após o Centro de Humanidades, tem-se a

Faculdade de Educação como segunda unidade acadêmica mais equilibrada, pois só a avaliação

somativa apresentou uma média diferente. Os demais centros apresentaram médias divergentes

em todas as avaliações.

Considerando de um lado as Ciências Exatas, representadas pelos Centros de Ciências

e Tecnologia, e do outro lado as Ciências Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades

e pela Faculdade de Educação, tem-se o seguinte resultado, apresentado na Tabela 13:

Tabela 13 – Avaliação diagnóstica, formativa e somativa por Área do Conhecimento

Práticas Pedagógicas

de Avaliação

Ciências

Exatas

Ciências

Humanas

Média Média

Avaliação Diagnóstica 3,22 4,18

Avaliação Formativa 4,08 4,23

Avaliação Somativa 3,28 3,56

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se que todas as avaliações são mais frequentemente utilizadas nas Ciências

Humanas. A avaliação formativa continua sendo a avaliação mais utilizada dentre os três tipos

de avaliação, em ambas as áreas do conhecimento. Enquanto nas Ciências Humanas a avaliação

menos utilizada é a somativa, nas Ciências Exatas é a diagnóstica.

De qualquer forma, os Centros que menos utilizam a avaliação somativa são os centros

que representam as Ciências Exatas. Esse resultado se dá pelo fato de os cursos ligados às

Ciências Exatas serem mais objetivos. Independente do instrumento de avaliação que os

docentes escolham, os resultados são mais tangíveis, unificados, calculáveis, e não dão margem

a mais de uma interpretação. Do contrário, os cursos ligados às Ciências Humanas possuem

conteúdos mais complexos de se avaliar, mais subjetivos e em alguns casos que dão margem a

mais de uma interpretação.

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5.3.3 Dimensão 3 - Instrumentos avaliativos utilizados

A Tabela 14, abaixo, apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 3,

considerando a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4

(frequentemente) e 5 (sempre):

Tabela 14 – Instrumentos avaliativos utilizados por Centros e Faculdade

Instrumentos

avaliativos utilizados

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de

Educação

Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

1 - Prova discursiva

dissertativa 3,31 1,35 3,39 1,23 3,63 1,17 3,90 1,20

2 - Prova discursiva de

perguntas curtas 3,28 1,09 2,70 1,23 2,53 1,31 2,50 1,27

3 - Provas objetivas 2,26 1,42 2,26 1,32 2,03 1,46 2,10 1,59

4 - Provas práticas 3,26 1,32 2,83 1,43 3,50 1,47 3,80 1,03

5 - Provas orais 1,98 1,12 1,83 1,03 2,95 1,51 2,30 1,70

Média Geral 2,82 __ 2,60 __ 2,93 __ 2,92 __

Fonte: dados da pesquisa.

Constata-se que a prova discursiva dissertativa é o instrumento mais utilizado pela

Faculdade de Educação, sendo também esta unidade acadêmica a que mais utiliza a prova

discursiva dissertativa em relação aos outros centros. Na análise global dos resultados,

constatou-se que esse mesmo instrumento de avaliação era o mais utilizado nas unidades

acadêmicas pesquisadas, tanto pela eficácia de seus resultados quanto pelo tradicionalismo em

se utilizar dele. No caso da Faculdade de Educação, esse instrumento pode ser mais utilizado

por esses mesmos motivos, mas também se pode acrescentar os objetivos dos cursos dessa

Faculdade, que é mais ligada à abordagem Humanista, possui tendências cognitivistas e, por

conta disso, preocupa-se mais com a formação, com o ensino e com a aprendizagem do aluno.

O instrumento provas objetivas obteve uma média baixa em todas as unidades

acadêmicas, evidenciando assim que esse instrumento é pouco utilizado. Conforme visto na

análise global dos resultados, esse instrumento é mais comumente utilizado em concursos e

seleções. Quando o objetivo é avaliar a aprendizagem, provas dissertativas são mais eficazes,

pois, por meio delas, se pode verificar a capacidade de raciocínio e reflexão do aluno, bem

como o conhecimento empenhado e aplicado no teste. Gil (2010) aponta, ainda, que esse tipo

de instrumento mais estimula a memorização que a aprendizagem.

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As provas práticas são menos utilizadas nos Centro de Ciências (média de 3,26) e Centro

de Tecnologia (média de 2,83), representantes das Ciências Exatas. As Ciências Humanas,

representadas nesta pesquisa pelo Centro de Humanidades e pela Faculdade de Educação,

obtiveram médias mais altas nesse aspecto, 3,50 e 3,80, respectivamente. Apesar de as análises

globais dos resultados sugerirem que as Ciências Exatas seriam as que mais utilizariam o

instrumento provas práticas, nesta dimensão 3, na análise comparativa dos resultados por

Centro e Faculdade, constata-se exatamente o oposto, o que pode significar que as Ciências

Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades e pela Faculdade de Educação, são as

que mais se preocupam com a prática do aluno após a formação ou que os cursos ligados a essa

área do conhecimento necessitam muito mais de prática do que os cursos das ciências exatas.

Provas orais têm baixo índice de frequência de uso em todas as unidades acadêmicas,

sendo um pouco mais elevado no Centro de Humanidades (média de 2,95), o que se pode inferir

que isso decorre dos cursos de letras licenciatura em outros idiomas e dos cursos de idiomas

das Casas de Cultura da UFC, que contam com o quadro de professores efetivos da UFC, e que

utilizam esse instrumento para aferir a proficiência oral dos alunos na língua estudada.

Considerando de um lado as Ciências Exatas, representadas pelos Centros de Ciências

e Tecnologia, e do outro lado as Ciências Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades

e pela Faculdade de Educação, tem-se o seguinte resultado, apresentado na Tabela 15 abaixo:

Tabela 15 – Instrumentos avaliativos utilizados por Área do Conhecimento

Instrumentos avaliativos utilizados Ciências Exatas Ciências Humanas

Média Média

1 - Prova discursiva dissertativa 3,35 3,76

2 - Prova discursiva de perguntas curtas 2,99 2,51

3 - Provas objetivas 2,26 2,06

4 - Provas práticas 3,05 3,65

5 - Provas orais 1,90 2,62

Média Geral 2,71 2,92

Fonte: dados da pesquisa.

Considerando as Ciências Exatas e Humanas, constata-se que, nas Ciências Exatas, o

instrumento avaliativo mais utilizado é a prova discursiva dissertativa, e o menos utilizado é a

prova oral. Nas Ciências Humanas, o instrumento mais utilizado é, também, a prova discursiva

dissertativa, e o menos utilizado é a prova objetiva. Há uma variabilidade de uso dos

instrumentos, porém, provas objetivas e orais são pouco utilizadas, assim como na análise

global dos resultados.

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95

5.3.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino

A Tabela 16 abaixo apresenta os dados obtidos na pesquisa na dimensão 4, considerando

a escala de frequência adotada: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (às vezes), 4 (frequentemente) e 5

(sempre):

Tabela 16 – Modalidades de exposição do ensino por Centros e Faculdade

Modalidades de

exposição do ensino

Centro de

Ciências

Centro de

Tecnologia

Centro de

Humanidades

Faculdade de

Educação

Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

1 - Aula expositiva oral

com interação com os

alunos.

4,47 0,60 4,26 0,54 4,58 0,50 4,70 0,48

2 - Aula teórico/prática. 4,02 1,02 3,26 1,17 3,87 0,99 4,40 0,52

3 - Aula expositiva

provocativa, com o

objetivo de provocar a

reflexão e não a

discussão.

3,50 1,23 2,78 0,10 3,47 1,20 4,20 0,79

4 - Aula expositiva

discursiva, com o

objetivo de estimular o

debate e a defesa dos

diversos pontos de vista.

3,16 1,45 2,78 1,08 4,05 0,87 4,40 0,84

Média Geral 3,79 __ 3,27 __ 3,99 __ 4,42 __

Fonte: dados da pesquisa.

Os resultados desta dimensão revelam que todas as modalidades de exposição do ensino

são utilizadas com mais frequência pela Faculdade de Educação. Nessa unidade acadêmica, a

modalidade mais utilizada é a aula expositiva oral com interação com os alunos, com média de

4,70. Não ficam tão distantes as outras modalidades, tendo a aula expositiva provocativa a

menor média auferida (4,20), mas, ainda assim, um valor alto, positivo e mais que satisfatório

(resultado positivo, média igual ou acima de 3,00; resultado negativo, média menor que 3,00).

A aula expositiva oral com interação com os alunos é, também, a modalidade de ensino

mais utilizada em todos os Centros, destacando-se a Faculdade de Educação por mais utilizar

essa modalidade, em relação aos Centros.

A aula expositiva oral com interação com os alunos é mais utilizada pela Faculdade de

Educação, enquanto modalidade de exposição do ensino. A aula teórico-prática também é mais

utilizada pela Faculdade de Educação.

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Os resultados revelam que a aula expositiva oral sem interação dos alunos pouco

acontece em todas as unidades acadêmicas pesquisadas, pois, conforme os professores mais

utilizam uma, menos utilizam a outra, porque uma é exatamente o oposto da outra.

Esse resultado revela que há uma preocupação em tornar o aluno mais protagonista do

sistema, e que essa preocupação se evidencia na Faculdade de Educação.

Considerando que na abordagem humanista o processo de ensino depende da relação

entre professor e aluno, conforme visto na subseção 3.4.1 Abordagens do processo de ensino,

pode-se inferir que os professores de todos os Centros e Faculdade da UFC, no que se refere à

modalidade de transmissão do ensino, enquadram-se mais na abordagem humanista, pois

utilizam mais frequentemente a aula expositiva oral com interação com os alunos.

Referente à modalidade de exposição do ensino “aula teórico/prática”, têm-se médias

mais elevadas na Faculdade de Educação (4,40) e no Centro de Ciências (4,02), embora os

resultados revelem que essa modalidade é bastante utilizada em todas as unidades acadêmicas.

Infere-se, com base nesse resultado, que há uma preocupação de preparar bem os alunos para

atuação profissional, por meio do uso dessas aulas, que ajudam o aluno a entender melhor como

aplicar determinada teoria aprendida.

Os resultados da seção 5.2.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino, na

análise global dos resultados, sugerem que essa modalidade de exposição do conteúdo é mais

utilizada em cursos das Ciências Exatas, mas também pode ser utilizada em alguns cursos das

Ciências Humanas, como pedagogia, por exemplo, em que a prática docente é necessária e

fundamental para atuação profissional do aluno. Entretanto, verificou-se nesta dimensão que a

unidade acadêmica que mais utiliza essa modalidade é a Faculdade de Educação, que revela

maior preocupação com a formação dos alunos, bem como a aprendizagem, por meio da

exposição do ensino.

Considerando de um lado as Ciências Exatas, representadas pelos Centros de Ciências

e Tecnologia, e do outro lado as Ciências Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades

e pela Faculdade de Educação, tem-se o seguinte resultado, apresentado na Tabela 17:

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Tabela 17 – Modalidades de exposição do ensino por Área do Conhecimento

Modalidades de exposição do ensino

Ciências Exatas Ciências Humanas

Média Média

1 - Aula expositiva oral com interação com os alunos. 4,36 4,64

2 - Aula teórico/prática. 3,64 4,13

3 - Aula expositiva provocativa, com o objetivo de

provocar a reflexão e não a discussão. 3,14 3,83

4 - Aula expositiva discursiva, com o objetivo de

estimular o debate e a defesa dos diversos pontos de

vista.

2,97 4,22

Média Geral 3,53 4,20

Fonte: dados da pesquisa.

De forma geral, analisando as áreas do conhecimento, pode-se afirmar que ambas as

áreas se enquadram na abordagem humanista, sendo que as Ciências Humanas são mais

humanistas que as Ciências Exatas. Esse resultado é natural e esperado, uma vez que os

docentes dos cursos ligados às Ciências Humanas têm mais contato com as teorias do processo

de avaliação do ensino-aprendizagem e, portanto, são mais propensos a aplicá-las de forma

mais adequada.

Esses dados revelam também que, ao comparar as abordagens do processo educacional

com relação às práticas pedagógicas adotadas pelos docentes da UFC, constata-se que os

professores entendem a abordagem humanista como a mais adequada (resultados da dimensão

1) e na prática seu comportamento também se enquadra na mesma abordagem.

5.3.5 Dimensão 5 - Abordagens do processo de ensino

A seguir apresenta-se a Tabela 18 contendo os resultados obtidos relativos às

abordagens do processo de ensino por Centros e Faculdade.

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98

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100

Analisando a média geral de cada Centro e Faculdade, constata-se que, de um lado, o

Centro de Ciências e o Centro de Tecnologia, representando as Ciências Exatas, possuem

médias de 3,23 e 3,29, respectivamente, o que significa que os docentes entendem que a

abordagem humanista é a mais adequada ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Esses resultados corroboram com os resultados obtidos na dimensão 1 (concepções de avaliação

do ensino-aprendizagem), na qual os resultados apontam para a abordagem humanista como

mais adequada, segundo entendimento dos docentes.

Do outro lado, o Centro de Humanidades e a Faculdade de Educação, representando as

Ciências Humanas, possuem médias de 3,78 e 3,77, respectivamente, o que significa que esses

docentes entendem que a abordagem cognitivista é a mais adequada ao processo de avaliação

do ensino-aprendizagem. Esses resultados revelam que, no que se refere a entendimento, as

Ciências Humanas são mais humanistas e cognitivistas. Já as Ciências Exatas são mais

humanistas.

Analisando os conceitos isolados referentes ao ensino, os docentes das Ciências Exatas

entendem que o ensino deve ser mais humanista, enquanto os docentes das Ciências Humanas

entendem que o ensino deve ser mais cognitivista. Significa que, para os Centros de Ciências e

Tecnologia, o ensino deve ser centrado no aluno, enquanto para os docentes do Centro de

Humanidades e Faculdade de Educação, o ensino deve ser baseado numa relação de

reciprocidade, esse resultado se dá porque os docentes das Ciências Humanas são mais flexíveis

e mais preocupados com a educação, tendo eles, portanto, mais traços do cognitivismo que os

docentes das Ciências Exatas.

No que se refere ao aluno e ao processo educacional, todos os docentes entendem que

o aluno é o principal elaborador do conhecimento, e que o processo educacional depende da

relação entre professor e aluno, correspondendo a abordagem humanista.

Se analisar-se cada Centro e Faculdade isoladamente, o Centro de Ciências é o único

que entende que a educação é responsabilidade do aluno, sendo também necessário o

desenvolvimento emocional. Esse entendimento corresponde à abordagem humanista. Os

outros Centros e Faculdade entendem que a educação é um processo de socialização com

ausência de controle. Esse entendimento corresponde à abordagem cognitivista.

Porém, ao tomar por base as áreas do conhecimento, as Ciências Exatas entendem que

o conceito mais adequado para a educação é o da abordagem humanista, com média entre os

Centros de 3,45. Já as Ciências Humanas permanecem com o entendimento de que o conceito

mais adequado para educação é aquele que se enquadra na abordagem cognitivista.

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101

No que se refere a conhecimento e aulas, todos os docentes entendem, em maior ou

menor grau, que os conceitos contidos na abordagem cognitivista são mais aplicáveis, o que

significa que para eles o conhecimento é uma construção contínua, e as aulas devem ser

baseadas na resolução de problemas. Esse resultado reflete a prática vista nas universidades

pelos professores, que gostam de propor atividades baseadas na resolução de problemas, para

assim poder desenvolver melhor as habilidades dos alunos, preparando-os melhor para atuação

profissional.

Embora a aula expositiva oral com interação com os alunos seja a modalidade de

exposição de ensino mais utilizada pelos docentes de todos os Centros e Faculdade, conforme

visto anteriormente, na seção 5.3.4 Dimensão 4 - Modalidades de exposição do ensino, a aula

expositiva discursiva, com o objetivo de estimular o debate e a defesa dos diversos pontos de

vista, equivalente a aulas baseadas na resolução de problema, também obteve médias elevadas,

2,97 para Ciências Exatas e 4,22 para Ciências Humanas, o que revela que a prática condiz com

a teoria revelada nesta dimensão.

Sobre o aspecto avaliação, de significativa importância, os docentes dos Centros que

correspondem às Ciências Exatas entendem que não existe um modelo específico e ideal, pois

a avaliação deve verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos. Além disso, a

avaliação, para eles, serve para planejar comportamentos. Esse entendimento corresponde à

abordagem comportamentalista. Os docentes do Centro de Humanidades e da Faculdade de

Educação, que correspondem às Ciências Humanas, por outro lado, já entendem que o mais

adequado é avaliar de forma humanista e aplicar uma autoavaliação.

Os docentes das Ciências Exatas revelam esse resultado porque eles utilizam vários

instrumentos para avaliar conforme os objetivos da disciplina. Já os docentes das Ciências

Humanas, além de utilizarem vários instrumentos de avaliação, também conforme sejam mais

adequados para atingir os objetivos propostos, valorizam também a autoavaliação, primeiro

porque eles acreditam no senso de consciência dos alunos, segundo porque eles acreditam na

quinta-geração da avaliação e buscam desenvolvê-la, que, conforme visto no referencial teórico,

no subcapítulo 2.3 Quinta geração da avaliação, está ainda em construção.

Vale salientar que os docentes entrevistados não apresentam entendimento rígido, e que

os resultados revelam tendências de entendimento e comportamento, não verdades absolutas e

únicas nas quais os docentes acreditam. Não há resposta certa ou errada, o que há são diferentes

entendimentos e pontos de vista.

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102

Os resultados revelam que há uma tendência de entendimento mais voltado à abordagem

humanista para as Ciências Exatas, o que condiz com as práticas pedagógicas adotadas pelos

docentes, com base nos resultados desta pesquisa. Já as Ciências Humanas, nesta dimensão,

apresentam entendimento mais voltado para a abordagem humanista e cognitivista, mostrando

também coerência com os dados obtidos na dimensão 2 (práticas pedagógicas de avaliação)

desta pesquisa, na qual se evidencia que as Ciências Humanas são mais cognitivistas, no que se

refere às práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem, e na dimensão 4

(modalidades de exposição do ensino), na qual os docentes do Centro de Humanidades e da

Faculdade de Educação se aproximem mais da abordagem humanista.

Existe então uma forte tendência de as Ciências Humanas serem mais Humanistas e

Cognitivistas em teoria e prática. Já as Ciências Exatas tendem a ser mais Humanistas em teoria

e prática.

5.4 Análise comparativa dos resultados por dimensão

A fim de verificar se há diferença entre as dimensões entre os Centros e Faculdade, foi

aplicado o teste de hipótese de Kruskal Wallis, que testa essas diferenças por meio da média de

cada dimensão. Para fins de análise, estabeleceram-se os níveis de significância de 1% e 5%.

Salienta-se que esse teste é não paramétrico, adequado quando a suposição de normalidade dos

dados é violada. Conover (1971).

Com base nos dados, deseja-se testar as seguintes hipóteses:

H0: as médias dos Centros e Faculdade são iguais;

H1: existe pelo menos uma média das dimensões diferente nos Centros/Faculdade.

A Tabela 19, que segue, apresenta as médias de cada Centro e Faculdade, bem como os

desvios padrões e testes de hipóteses por dimensão.

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103

Tabela 19 – Resultados estatísticos por dimensão

Dimensões

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1 - Concepções de

avaliação do ensino-

aprendizagem 3,87 0,50 3,80 0,72 3,86 0,54 4,15 0,50 0,461

2 - Práticas pedagógicas de

avaliação do ensino-

aprendizagem 3,68 0,72 3,37 0,62 3,99 0,60 4,01 0,36 0,002

3 - Instrumentos

avaliativos utilizados 2,82 0,53 2,60 0,65 2,92 0,74 2,92 0,77 0,321

4 - Modalidades de

exposição do ensino 3,78 0,64 3,27 0,57 3,99 0,56 4,42 0,44 0,000

5 - Abordagens do

processo de ensino 3,24 0,59 3,29 0,59 3,78 0,50 3,77 0,65 0,000

Fonte: dados da pesquisa.

Há diferença estatística significativa para um nível de significância de 1% nas

dimensões 2 (Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem), 4 (Modalidades de

exposição do ensino) e 5 (Abordagens do processo de ensino), nas quais as Ciências Humanas,

representadas pelo Centro de Humanidades e Faculdade de Educação, apresentam médias mais

elevadas que as Ciências Exatas, representadas pelos Centro de Ciências e Centro de

Tecnologia.

Essa diferença deu-se fundamentalmente devido às Ciências Humanas serem mais

conhecedoras das teorias acerca do processo de avaliação do ensino-aprendizagem, bem como

serem mais próximas, na teoria e na prática, das abordagens humanista e cognitivista.

Essa diferença estatística revela e comprova que as Ciências Humanas tendem a ser mais

cognitivista em teoria e prática. As Ciências Exatas, por sua vez, estão mais próximas da

abordagem humanista, tanto em entendimento, como na prática revelada pelos docentes.

Ao analisar a dimensão 5 (Abordagens do processo de ensino), esse resultado evidencia

a aproximação das Ciências Humanas com a abordagem cognitivista, sendo as médias do

Centro de Humanidades (3,78) e da Faculdade de Educação (3,77) praticamente iguais, em

relação ao nível de entendimento.

A Figura 1 – Linha de gradação das abordagens sugere que a Faculdade de Educação

estaria mais próxima da abordagem sociocultural do que o Centro de Humanidades, no que se

refere a entendimento e práticas, ainda que essa diferença fosse sutil. No entanto, os resultados

obtidos na presente seção evidenciam que o Centro de Humanidades e a Faculdade de Educação

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104

possuem nível de entendimento semelhante, sem diferença estatística significativa entre eles.

Esse resultado pode se dar devido à influência que a Faculdade de Educação pode exercer sobre

o Centro de Humanidades e, por conta disso, apresentar resultados similares relativos a

entendimento e comportamento prático, por meio da proximidade de suas unidades acadêmicas

e por meio da convivência entre elas. Além disso, esse resultado pode refletir também a

similaridade entre as matrizes curriculares dos cursos dessas duas unidades acadêmicas.

A dimensão 1 (Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem) não apresentou

diferença significativa, pois, nessa dimensão, os dados revelam que todos os docentes têm o

mesmo entendimento sobre as concepções do processo de avaliação do ensino-aprendizagem,

que tendem a ser humanistas.

A dimensão 3 (Instrumentos avaliativos utilizados) também não apresentou diferença

estatística significativa, embora a média das Ciências Humanas seja um pouco mais elevada.

Isso se deve ao fato de os instrumentos serem utilizados conforme o objetivo do curso, além de

as Ciências Humanas serem mais cognitivistas.

A Tabela 20 abaixo apresenta os resultados por tempo de experiência como docente na

UFC, a fim de analisar se a experiência docente impacta de alguma forma na compreensão e

nas práticas dos professores sobre o processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Tabela 20 – Resultados estatísticos por tempo de experiência como docente na UFC

Dimensões Até 10 anos

De 11 até 25

anos

Acima de 25

anos Nível

Descritivo

do teste Média Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão Média

Desvio

Padrão

1 - Concepções de

avaliação do ensino-

aprendizagem 3,81 0,46 3,88 0,66 4,09 0,52 0,068

2 - Práticas pedagógicas de

avaliação do ensino-

aprendizagem 3,77 0,67 3,73 0,68 3,63 0,75 0,741

3 - Instrumentos

avaliativos utilizados 2,83 0,62 2,79 0,69 2,83 0,60 0,973

4 - Modalidades de

exposição do ensino 3,80 0,72 3,74 0,61 3,98 0,54 0,347

5 - Abordagens do

processo de ensino 3,48 0,65 3,49 0,59 3,21 0,54 0,146

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se, com base nas médias obtidas, que os professores que estão nas duas faixas

etárias, até 10 anos e de 11 até 25 anos, possuem um padrão parecido de respostas. Os

professores que possuem acima de 25 anos apresentam resultados um pouco diferenciados

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105

apenas na dimensão 1 (Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem), o que revela que a

experiência como docente não impacta de modo significativo no entendimento e nas práticas

adotadas pelos professores.

Na dimensão 1 (Concepções de avaliação do ensino-aprendizagem), os professores com

mais de 25 anos de experiência apresentam uma média mais elevada, o que significa que eles

possuem entendimento positivo sobre os conceitos relacionados ao processo de avaliação do

ensino-aprendizagem. Esse entendimento é mais positivo que o entendimento dos docentes

menos experientes, revelando que o tempo de experiência pode transformar e modificar o

entendimento dos professores acerca do processo de avaliação do ensino-aprendizagem, não a

ponto de deixarem de ser como eram, mas a ponto de ficarem mais flexíveis ao adotar

comportamentos e atitudes de outras abordagens, por meio da vivência em sala de aula.

Nas outras dimensões, porém, os resultados são bem parecidos, o que significa que ter

muito tempo de experiência não representa um fator significativo na compreensão dos

professores acerca do processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Na dimensão 5 (Abordagens do processo de ensino), os professores com mais tempo de

experiência apresentam a menor média, o que significa que entendem a abordagem humanista

como mais adequada. Os outros docentes também entendem a abordagem humanista como mais

adequada, embora as médias sejam mais elevadas, sugerindo uma aproximação com a

abordagem cognitivista.

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106

6. CONCLUSÃO

A avaliação do ensino-aprendizagem tem sido alvo de debates e discussões, inclusive

recentes, como é o caso da quinta geração da avaliação, conforme visto no decorrer desta

pesquisa.

Assim sendo, a forma com que os docentes atuam dentro das respectivas atividades

acadêmicas, em particular, no ensino, no que tange às modalidades de transmissão do

conhecimento, processos de avaliação, instrumentos avaliativos e acompanhamento do

discente, dentre outros aspectos, tornaram-se alvos desta pesquisa, levando-se em consideração

as áreas do conhecimento consideradas como divergentes: Ciências Humanas e Ciências

Exatas.

As instituições de Ensino Superior refletem e reproduzem os modelos de avaliação ainda

tradicionais que emergem de uma escola ainda reprodutivista e de aspectos tradicionais

vigentes, portanto, buscou-se conhecer que concepções e práticas têm os docentes da UFC sobre

o processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Ao verificar como os docentes da UFC entendem os conceitos associados ao processo

de avaliação do ensino-aprendizagem, a média geral encontrada na dimensão 1 (Concepções de

avaliação do ensino-aprendizagem) foi de 3,87, constatando-se que os professores possuem

uma percepção positiva de como se deve realizar o processo de avaliação do ensino-

aprendizagem. Percepção acima da média considerada positiva. Nessa dimensão, constatou-se

ainda que os professores consideram a abordagem humanista mais adequada ao processo de

avaliação do ensino-aprendizagem.

A dimensão 5 (Abordagens do processo de ensino) também tinha o objetivo de verificar

o entendimento dos docentes sobre as abordagens. A média geral encontrada nessa dimensão

foi de 3,45, o que revela que os docentes, de forma geral, entendem que a abordagem humanista

é a mais adequada ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Ao comparar o entendimento dos docentes da UFC sobre as concepções do processo de

avaliação do ensino-aprendizagem, por área do conhecimento, constatou-se que todos os

Centros e Faculdade obtiveram média geral acima de 3, o que significa que os professores

entendem de forma positiva como se deve realizar o processo de avaliação do ensino-

aprendizagem. A Faculdade de Educação obteve uma média de 4,15, nessa dimensão, sendo

esta a única unidade acadêmica com uma média acima da média geral. Esses dados revelam

que os docentes da Faculdade de Educação são os que mais entendem os conceitos associados

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107

ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem, ao observar a teoria. Isso se dá pelo fato de

os docentes da Faculdade de Educação terem mais contato com as teorias na própria formação,

pois conteúdos que abordam a questão da avaliação fazem parte do currículo dos cursos

voltados para a Educação.

Analisando a média geral de cada Centro e Faculdade na dimensão 5 (Abordagens do

processo de ensino), constatou-se que, de um lado, o Centro de Ciências e o Centro de

Tecnologia, representando as Ciências Exatas, apresentam médias de 3,23 e 3,29,

respectivamente, o que significa que os docentes entendem que a abordagem humanista é a

mais adequada ao processo de avaliação do ensino-aprendizagem.

Do outro lado, o Centro de Humanidades e a Faculdade de Educação, representando as

Ciências Humanas, apresentam médias de 3,78 e 3,77, respectivamente, o que significa que

esses docentes entendem que a abordagem cognitivista é a mais adequada ao processo de

avaliação do ensino-aprendizagem.

Esses dados reforçam a ideia de que as Ciências Humanas são mais conhecedoras dos

conceitos relativos à educação e mais revolucionárias.

Buscou-se, também, como um dos objetivos desta pesquisa, identificar as práticas

pedagógicas de avaliação, instrumentos avaliativos e modalidades de exposição do ensino

utilizados pelos docentes da UFC. Constatou-se que, na dimensão 2 (práticas pedagógicas de

avaliação do ensino-aprendizagem), a média geral apresentada foi de 3,74, o que significa que,

alinhadas à teoria, são as práticas pedagógicas de avaliação utilizadas pelos professores, tendo-

se como base aquelas práticas que estão de acordo com o referencial teórico seguido por esta

pesquisa. Nessa dimensão, foi possível observar, ainda, os três tipos de avaliação: diagnóstica,

formativa e somativa.

Os dados revelaram que a avaliação característica da UFC é predominantemente

formativa, com a maior média na dimensão (4,13). Isso pode ser em função do que se é exigido

pelo sistema de ensino vigente na Universidade, pois na UFC os professores precisam fazer

pelo menos duas avaliações em um período letivo. Essas avaliações geralmente são feitas no

meio e no final do período letivo, correspondendo à avaliação formativa, uma vez que os

conteúdos não são cumulativos. Não se verificou ausência de uso de nenhuma delas, o que é

positivo para a pesquisa.

Com o propósito de identificar os instrumentos avaliativos mais utilizados pelos

docentes, a dimensão 3 apresenta, como resultado geral, que o instrumento mais utilizado foi a

prova discursiva dissertativa. Esse resultado revela que isso decorre, em parte, do sistema de

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108

ensino vigente, adaptado a utilizar esse tipo de prova e, em parte, dos objetivos de cada curso e

área do conhecimento, que só poderão ser atingidos se utilizar um determinado instrumento

avaliativo.

Quanto às modalidades de exposição do ensino, os resultados revelam que a modalidade

mais utilizada foi a aula expositiva oral com interação com os alunos (média de 4,48), o que

significa que há uma preocupação em tornar o aluno mais protagonista da aprendizagem,

embora os professores possuam traços das outras abordagens também. O fato de haver interação

com os alunos durante as aulas evidencia que o professor se tornou mais flexível e que adota

características de outras abordagens.

Por fim, buscou-se comparar as tendências de entendimento sobre as abordagens do

processo educacional com as práticas pedagógicas adotadas pelos docentes da UFC.

Constatou-se, de forma geral, com base nos resultados das dimensões 1 e 5, que os

professores entendem a abordagem humanista como mais adequada ao processo de avaliação

do ensino-aprendizagem. As respostas referentes a conceito são mais inclinadas a essa

abordagem.

Já as Ciências Humanas, na dimensão 5 (Abordagens do processo de ensino),

apresentam entendimento mais voltado para a abordagem cognitivista, mostrando também

coerência com os dados obtidos na dimensão 2 (Práticas pedagógicas de avaliação) desta

pesquisa, que evidenciou as Ciências Humanas como mais cognitivistas no que se refere às

práticas pedagógicas de avaliação, pois os docentes dessa área do conhecimento são os que

mais aplicam a avaliação diagnóstica, mostrando, assim, pleno conhecimento do efeito dessa

avaliação no processo como um todo.

Merece destaque o fato de os docentes das ciências exatas apresentarem teoria e prática

mais alinhadas à abordagem humanista. Já os docentes das ciências humanas, possuem teoria e

prática ora alinhadas à abordagem humanista, ora à abordagem cognitivista. Nota-se uma

tendência de as Ciências Humanas serem mais humanistas e cognitivistas, tanto em teoria como

em prática.

Foi realizada, ainda, uma análise comparativa dos resultados por dimensão, a fim de

verificar se as diferenças entre as médias dos Centros e Faculdade são significativas ou não,

levando em consideração o Centro/Faculdade de lotação e o tempo de experiência como

docente na UFC.

Com relação à unidade acadêmica de lotação, houve diferença estatística significativa

para as dimensões 2 (Práticas pedagógicas de avaliação do ensino-aprendizagem), 4

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(Modalidades de exposição do ensino) e 5 (Abordagens do processo de ensino), nas quais as

Ciências Humanas, representadas pelo Centro de Humanidades e Faculdade de Educação,

apresentam médias mais elevadas que as Ciências Exatas, representadas pelos Centro de

Ciências e Centro de Tecnologia, constatando-se a aproximação das Ciências Humanas à

abordagem cognitivista.

No que se refere a tempo de experiência como docente na UFC, nenhuma diferença

significativa se observou. O que significa que ter muito tempo de experiência não representa

um fator significativo na compreensão dos professores acerca do processo de avaliação do

ensino-aprendizagem.

Esta pesquisa permitiu conhecer as concepções e práticas dos docentes da UFC sobre o

processo de avaliação do ensino-aprendizagem, por meio da análise global, análise por Centros

e Faculdade e análise por dimensão. Com os resultados encontrados, verificou-se uma tendência

de as Ciências Exatas serem humanistas em teoria e prática, e as Ciências Humanas serem

humanistas e cognitivistas, em teoria e prática.

Verificou-se que a avaliação predominante entre as duas áreas do conhecimento

Humanas e Exatas, na UFC, é formativa. Muito embora a amostra utilizada não seja

representativa de todas as áreas do conhecimento da UFC, pois não abordou as unidades

acadêmicas em suas áreas do conhecimento: Centro de Ciências Agrárias (CCA), representando

as Ciências Agrárias; Faculdade de Direito (FACDI) e Faculdade de Economia, Administração,

Atuárias e Contabilidade (FEAAC), representando as Ciências Sociais Aplicadas; Faculdade

de Medicina (FAMED), Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE) e Instituto

de Educação Física e Esportes (IEFES), representando as Ciências da Saúde; Instituto de

Ciências do Mar (LABOMAR), representando as Ciências Biológicas; Instituto de Cultura

Artística (ICA), representando a Linguística, Letras e Artes. É provável que essa conclusão

possa refletir o pensamento de todos os docentes da UFC.

Com base nesses resultados, sugere-se a realização de outros estudos na área de

avaliação, com outros enfoques, em outros campi, a fim de se conhecer o entendimento e a

prática de outras áreas do conhecimento, bem como desenvolver políticas de aperfeiçoamento

da classe docente que possam impactar positivamente na atuação em sala de aula.

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE MESTRADO

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