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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA APRENDER BRINCANDO, BRINCAR APRENDENDO: O LÚDICO E O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL ALDO NICÁCIO BARBOSA JÚNIOR Parnamirim/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

APRENDER BRINCANDO, BRINCAR APRENDENDO: O LÚDICO E O SEU

PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ALDO NICÁCIO BARBOSA JÚNIOR

Parnamirim/RN

2016

ALDO NICÁCIO BARBOSA JÚNIOR

APRENDER BRINCANDO, BRINCAR APRENDENDO: O LÚDICO E O SEU

PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial

para obtenção do Grau de Licenciatura

em Pedagogia.

Orientadora: Profª. Ma. Ivone Priscilla de

Castro Ramalho.

Parnamirim/RN

2016

APRENDER BRINCANDO, BRINCAR APRENDENDO: O LÚDICO E O SEU

PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por

ALDO NICÁCIO BARBOSA JÚNIOR

Artigo apresentado ao Curso de

Pedagogia a Distância do Centro de

Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial

para obtenção do Grau de Licenciatura

em Pedagogia.

Aprovado em 13/06/2016 com nota 9,6

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ma. Ivone Priscilla de Castro Ramalho (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Dra. Jacyene Melo de Oliveira Araújo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Ma. Fernanda Mayara Sales de Aquino

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

“Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem

comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que

comparação. Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz

comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de

um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a

visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o

escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem

pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em

algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com

ela. Era menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. Era o menino e as

árvores” (Manoel de Barros)

“No homem a atividade lúdica se estende por toda a vida e é fonte de

fortalecimento de sua criatividade e portanto de suas forças” (Norval

Baitello” Júnior)

“Brincar é a mais elevada forma de pesquisa” (Einstein)

APRENDER BRINCANDO, BRINCAR APRENDENDO: O LÚDICO E O SEU

PAPEL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Resumo

Esta pesquisa, de caráter bibliográfico, tem como principal objetivo discutir sobre a importância do lúdico no contexto da Educação Infantil, demonstrando suas principais contribuições. O texto está subdividido em duas partes. Na primeira, o autor descreve sobre a importância do lúdico como estratégia de ensino, fazendo uso de eixos temáticos que retratam o papel da escola e o papel do professor no contexto da ludicidade e alguns métodos e procedimentos que podem ser considerados importantes para essa prática. Na segunda parte, discorre sobre alternativas lúdicas na Educação Infantil, que foram planejadas e sugeridas pelo próprio autor. Os resultados obtidos na pesquisa evidenciam que o lúdico colabora fundamentalmente para o desenvolvimento da criança, demonstrando a necessidade de sua incorporação nas práticas pedagógicas. Compreende-se, portanto, que o referido trabalho pode ser relevante para o desenvolvimento de outros estudos na área, tendo como ponto de partida as sugestões apresentadas por meio das alternativas lúdicas.

Palavras-chave: Lúdico. Educação Infantil. Prática Pedagógica. Alternativas

Lúdicas.

Abstract

This research, bibliographic, aims to discuss the importance of the play in the context of early childhood education, demonstrating their major contributions. The text is divided into two parts. At first, the author describes the importance of the play as a teaching strategy, using themes that portray the role of the school and the teacher's role in the context of playfulness and some methods and procedures that can be considered important for this practice. The second part discusses recreational alternatives in kindergarten, which were planned and suggested by the author. The results of the research show that the playful fundamentally contributes to the child's development, demonstrating the need for their incorporation into teaching practices. It is understandable, therefore, that such work may be relevant to the development of other studies in the area, taking as its starting point the suggestions made by the recreational alternatives.

Keywords: Playful. Child education. Teaching Practice. Lúdicas alternatives.

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INTRODUÇÃO

Fazer um curso superior sempre foi o meu maior sonho e ao optar pelo Curso

de Pedagogia fui percebendo que não estava apenas realizando um sonho, mas

estava tendo a oportunidade de construir novos conhecimentos, de ampliar a visão

em relação à atual educação no país e, consequentemente, de repensar sobre a

prática pedagógica como agente transformadora da realidade. É pensando sobre o

nosso papel na sociedade que inicio este trabalho, conforme nos alerta Maria da

Conceição Almeida (2012, p. 89-90):

Perguntar e responder sobre o nosso papel de educadores e aprendizagens é uma tarefa inadiável. Se estamos no coração do sistema educacional – seja como alunos, seja como professores – é desse lugar que devemos refletir sobre como aprender e educar para a complexidade do mundo e para a incerteza que são as marcas do nosso tempo. Cabe-nos, pois avaliar como as instituições educacionais têm desempenhado sua missão de formar o cidadão para a vida, para a sociedade. Qual a educação que queremos? (ALMEIDA, 2012, p.89-90).

Nas experiências do Estágio Supervisionado, componente curricular

obrigatório do curso, foi despertado o meu interesse em pesquisar sobre a

importância do lúdico na educação infantil, uma vez que pude perceber que as aulas

mais atrativas às crianças eram as que apresentavam mais essa característica.

Nesse processo de (auto) formação, busquei instaurar na minha prática docente

estratégias mais lúdicas de ensino e aprendizagem, o que me exigiu buscas,

estudos, pesquisas, negociações, confrontos, trocas, assumindo uma atitude de

aprendiz, de pesquisador-reflexivo1. Tal postura está de acordo com o que Freinet

(2004, p. 139) também afirma:

Somos todos aprendizes. Estamos todos na fase das pesquisas e ainda não descobrimos as brechas por onde subir triunfamente aos domínios até agora proibidos. Nada se disse ainda de definitivo, a não ser o humilde reconhecimento da nossa comum ignorância.

Neste trabalho, também assumo este processo (auto) formativo, buscando,

indagando, inquietando-me em relação ao meu papel enquanto educador. E espero

1 Baseado nas ideias de “conhecer na ação”, “reflexão na ação” e “reflexão sobre a reflexão na ação”

(SHÖN, 2000).

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que este trabalho assuma um papel político e ético de despertar nas pessoas

inquietações para tentar contribuir, de alguma forma, com a educação e com a

transformação da sociedade. Na verdade, meu maior desejo é que este trabalho

suscite sonhos, cada vez mais fortes, de construir uma educação mais aberta, feliz,

em que as crianças percebam na escola uma aprendizagem para a vida, que

dialogue com as suas vivências e singularidades, que aguce coisas que há de mais

autêntica, criativa e inaugural em cada ser humano – a imaginação no brincar; a

liberdade longe das padronizações e normatizações; a curiosidade insaciável.

O homem sente a necessidade de compreender o mundo e a sua experiência pessoal tanto de um modo racional como de um modo simbólico. A compreensão simbólica envolve a atividade da imaginação que é a raiz da força criativa. Aqui intervêm as imagens arquetipais que, à maneira de pontes que ligam ao mundo à profundidade do espírito, criam o entendimento vivencial do homem (VERGANI, 2009, p. 101).

É nesse espaço de abertura que os alunos podem lidar com inteireza de si

próprios. Cabe à escola cumprir com a responsabilidade de não castrar os infinitos

graus de liberdade viva dos alunos, a insuspeitada originalidade das suas mentes

fulgurantes, conforme nos afirma a referida autora.

A escola dispõe de todas as condições para se tornar um espaço luminosamente navegável, desde que adquira uma sensibilidade crente na atualização dos possíveis. Então, termos como conhecimento e crescimento humanos tenderiam a ser sinônimos e a escola constituiria um terreno privilegiado da nossa co-realização com o mundo (VERGANI, 2009, p. 258).

Neste sentido, os educadores precisam estar abertos e sensíveis à

construção do conhecimento, suspendendo suas certezas para perceberem outras

possibilidades de estratégias do pensamento, apostando na significação dos

próprios sujeitos e acreditando no potencial humano. “O professor não oferece uma

verdade da qual bastaria apropriar-se, mas oferece uma tensão, uma vontade, um

desejo” (LARROSA, 2010, p. 11). É necessária a crença radical de que todos

aprendem, conforme afirma Weisz (2006, p. 107):

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Se não acreditarmos que os alunos podem aprender, se não estivermos convencidos de que podemos de fato ensiná-los, não teremos o empenho necessário para identificar o que sabem ou não e, a partir daí, planejar as intervenções que podem ajudá-los a avançar em sua aprendizagem. Além do mais, os alunos sentem quando não acreditamos que podem superar suas dificuldades, mesmo que digamos o contrário – esse é um território em que não é o discurso que manda, mas a crença que nos orienta. Não há prejuízo maior para os alunos com mau desempenho do que professores descrentes de sua capacidade: isso reforça a imagem de fracassados que, certamente, eles já cultivam. Reforça também, para todos do grupo, uma imagem negativa desses alunos, e não é difícil prever as consequências desastrosas para o convívio social na classe.

Num mundo de tantas injustiças e desigualdades sociais, sei que o papel de

educador se torna imprescindível, na tarefa de educar para vida, de modo que os

alunos desenvolvam a autonomia, a cidadania, a humanização e a responsabilidade

ética diante do mundo. Pensando-se nisso, aposto que o lúdico possa aflorar nos

indivíduos a capacidade para imaginar e criar, reinventando um mundo mais

solidário, acolhedor, menos desigual. É a partir do pensamento criativo que ideias

novas podem surgir para solucionar os problemas do mundo, conforme alerta Morin

(2008) ao explicar que existe tantos pequenos Mozart que nunca tiveram a

possibilidade de aprender solfejo ou piano. Intelectuais que não puderam expressar

seus potenciais cognitivos porque nunca foi dada a oportunidade, a abertura. Ele

afirma que nem todo pesquisador ou profissional é intelectual, pois é necessário,

além da sua arte e ciência, que se ponham a tratar dos problemas gerais e

fundamentais de importância moral, social e política. “Os intelectuais sem renunciar

a profissão ou carreira, mas a partir desta, dedicam-se a missão de agir, pelas ideias

e para as ideias, no interesse de cada um e de todos” (MORIN, 2008, p. 81).

Assim, com base em minhas experiências e refletindo sobre as teorias

estudadas, acredito que muitos problemas na escola podem ser solucionados

através da busca incessante do professor/educador em internalizar métodos,

procedimentos e técnicas de ensino mais lúdicos e atrativos às crianças. Criatividade

é o que não deve faltar para que o professor eleve a autoestima dos alunos, a fim de

que sintam vontade de aprender.

Portanto, esta pesquisa, de caráter bibliográfico, tem como principal objetivo

discutir sobre a importância do lúdico no contexto da Educação Infantil,

demonstrando suas principais contribuições. O texto está subdividido em duas

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partes. Na primeira descrevo sobre a importância do lúdico como estratégia de

ensino, fazendo uso de eixos temáticos que retratam o papel da escola e o papel do

professor no contexto da ludicidade e alguns métodos e procedimentos que

acreditamos serem importantes para essa prática. Na segunda parte discorro sobre

alternativas lúdicas na Educação Infantil, que foram planejadas e sugeridas por mim.

Dentro deste contexto, referencio alguns autores como: Vygotsky (2007), Edgar

Morin (2008), Teresa Vergani (2009), Jorge Larrosa (2010), Telma Weisz (2006),

Maria Luiza Kraemer (1996), Paulo Nunes Almeida (2013), entre outros que

fundamentaram conceitos na busca de um caminho para entender e desenvolver

métodos que possam contribuir para uma maior significância na aprendizagem das

crianças através do lúdico.

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO

Para compreendermos melhor a importância do lúdico, é necessário que

façamos uma definição do termo, a qual, segundo Almeida (2013, p.17) é: “[...] a

ação ou o ato de brincar ou jogar e caracteriza-se como o próprio brincar ou jogar.

[...] Portanto, o lúdico é o ato de brincar”. Faz parte da atividade humana e

caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. Pode ser considerado no

planejamento como estratégia pedagógica que possibilita ao educador desenvolver

atividades mais significativas às crianças. Esclareço que utilizarei o termo lúdico no

sentido amplo, englobando atividades diversas que propiciem momentos ricos,

criativos e prazerosos de aprendizagem na formação das crianças, de maneira que

favoreça o desenvolvimento de práticas educativas que ampliem as possibilidades

de aprendizagem.

No contexto escolar da Educação Infantil, percebemos que os conteúdos,

geralmente, são passados automaticamente, sem haver uma conectividade com o

mundo das crianças e sem haver qualquer questionamento ou adequação. Esse

método nos faz lembrar a „educação bancária‟ de Paulo Freire (2005), que fala da

realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem-comportado, como

algo completamente alheio à experiência existencial dos alunos, em que a única

margem de ação que se oferece a eles é a de receberem os depósitos

(informações), guardá-los e arquivá-los, o que, muitas vezes, se torna uma

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educação sem sentido para a vida deles, uma vez que não sabem utilizar o

conhecimento com sapiência.

Na superação dessas práticas engessadas, é que o lúdico pode ser

considerado um importante aliado para evocar a participação ativa da criança nos

processos de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, os estudos da psicologia

baseados em uma visão histórica e social dos processos de desenvolvimento infantil

apontam que o brincar é um importante processo psicológico, fonte de

desenvolvimento e aprendizagem. De acordo Vygotsky (2007), o brincar é uma

atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia, e realidade interagem na

produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas

crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros

sujeitos, crianças e adultos. Tal concepção se afasta da visão predominante da

brincadeira como atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e

culturais, cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da criança e

a sua integração à sociedade. Ultrapassando essa ideia, o autor compreende que,

se por um lado, a criança de fato reproduz e representa o mundo por meio das

situações criadas nas atividades de brincadeiras, por outro lado, tal reprodução não

se faz passivamente, mas mediante um processo ativo de reinterpretação do mundo,

que abre lugar para a invenção e a produção de novos significados, saberes e

práticas.

Sendo assim, Borba (2007, p. 39) afirma que o brincar é um espaço de

apropriação e constituição pelas crianças de conhecimento e habilidades no âmbito

da linguagem, da cognição, dos valores e da sociabilidade. Esses conhecimentos se

tecem nas narrativas do dia-a-dia, constituindo os sujeitos e a base para muitas

aprendizagens e situações em que é necessário o distanciamento da realidade

cotidiana, o pensar sobre o mundo e o interpretá-lo de novas formas.

Ainda de acordo com essa autora, existem inúmeras possibilidades de

incorporar a ludicidade na aprendizagem, mas para que essa prática se efetive faz-

se necessário que permita a fruição, a decisão, a escolha, as descobertas, as

perguntas e as soluções por parte das crianças, constituindo formas interessantes

de aprender brincando ou de brincar aprendendo. Caso ocorra ao contrário, será

compreendida apenas como mais um exercício sem sentido.

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Em relação a isso, Almeida (2013) explica sobre o lúdico não se refere a

apenas transmitir conteúdos utilizando-se jogos. Evoca uma nova organização do

trabalho pedagógico e, consequentemente, uma nova relação entre professor e

aluno.

Uma sala de aula ludicamente inspirada não é, necessariamente aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que se apresentam as características do aprender de forma motivada, atraente, com conteúdos que tenham significação. Para alcançar esse objetivo, vários fatores são necessários e estão, por certo, intrinsecamente vinculados ao modo de ensinar, ao trabalho de seleção de conteúdos, à forma interativa de participação no processo de aprendizagem, ao relacionamento entre professores e alunos e, especialmente, à consciência dos objetivos e das funções da ação escolar, que não pode prescindir das atividades em que o engajamento tenha papel central (ALMEIDA, 2013, p.84).

O mesmo autor ainda conclui que na aula lúdica, a dinâmica da relação

convive com o imponderável, com a surpresa, com o desafio, com a busca de limites

e, também, com a liberdade. Nesse tipo de aula, o professor renuncia a

centralização, a onisciência do controle onipotente dos conteúdos e das práticas e

reconhece a importância de o aluno ter participação ativa nas relações de ensino e

aprendizagem.

Conforme Kramer (1996) é preciso que os profissionais de educação infantil

tenham acesso ao conhecimento produzido na área de educação infantil e da cultura

em geral, para repensarem sua prática, reconstruírem-se enquanto cidadãos e

atuarem enquanto sujeitos da produção de conhecimento. E para que possam mais

do que “implantar” currículos ou “aplicar” propostas à realidade da instituição em que

atuam, devem participar efetivamente de sua concepção, construção e

consolidação.

Para alcançar o verdadeiro sentido da educação lúdica, faz-se necessário que

o professor, o educador, esteja devidamente preparado para colocá-la em prática.

Pouco será feito se ele não tiver profundo conhecimento da base teórica e prática da

educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e

predisposição para levar isso adiante (ALMEIDA, 2013).

Ainda de acordo com o mesmo autor acima citado, o jogo e a brincadeira

passam a serem considerados atividades indispensáveis ao desenvolvimento das

capacidades e à aquisição de competências essenciais para a vida em sociedade,

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pois mantém em seu caráter lúdico a possibilidade de fornecer subsídios para o

desenvolvimento do homem.

Brincando e jogando, desde muito cedo, a criança passa a entender o mundo e a si mesma em atividades que parecem corriqueiras e despretensiosas. Uma criança que aprende desde cedo a ouvir e a repetir as frases da mãe: brinca com os sons numa espécie de preparação para uma aprendizagem da linguagem futura. Uma criança que brinca com um objeto, produzindo ruídos, movimentos, montando-o ou desmontando-o, está exercitando noções de dimensão e espaço, de adequação e inadequação, de certo e errado etc. Até mesmo brincadeiras aparentemente menos complexas, como o jogo de bolinhas de gude, oferecem conhecimentos importantes, pois possibilitam não apenas o exercício dos músculos finos da mão para acertar a bolinha no buraco, mas também ações mentais de equilíbrio, velocidade, distância, autocontrole, memória visual etc. É por isso que cada brinquedo, cada brincadeira e cada jogo, por mais simples que sejam, estão repletos, em maior ou menor grau, de exercícios de funções essenciais ao desenvolvimento global do ser humano (ALMEIDA, 2013, p. 21).

Huizinga (2001) descreve que o lúdico está intrínseco no brincar e garante

que a capacidade de brincar se manifeste em toda a vida do ser humano. A criança

necessita apenas ser auxiliada para ter a oportunidade de descobrir e aprender,

interagindo com o ambiente, buscando a propriedade e função dos objetos,

manipulando e transformando-os.

Winnicott (1975) defende a atividade lúdica como um caráter de fenômeno

humano necessário e significativo. É ela que nos lembra de que três realidades

envolvem o ser humano: a realidade do eu interior, na qual se compõem todos os

agentes e fenômenos necessários para a condição humana; a realidade externa,

que envolve todas as condições relacionadas ao meio; e, por fim, a realidade

intermediária, que se caracteriza pela ação do eu sobre a realidade externa, o que

se dá pela assimilação da realidade, do real, em contato com as pessoas do meio.

O brincar e o jogar são, então, formas de lidar com o mundo real e dominá-lo,

o que se dá por intermédio de um processo gradual de simbolização ou

representação mental (CHATEAU, 1987).

Se, por um lado, a criança brinca desde cedo com o corpo, com a voz, com os

ruídos, com os gestos dos adultos, com os movimentos de objetos, com os gestos

dos adultos, com os movimentos de objetos, com os sons das letras, com as

palavras, com os desafios, sem reclamar de cansaço ou de insatisfação, por outro,

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precisamos compreender e trazer essa perspectiva de satisfação para as atividades

escolares, a fim de fazer que o processo instituído de ensino e aprendizagem tenha

mesma satisfação.

Segundo Almeida (2013) desde cedo, então, as ações lúdicas são funcionais

e significativas, e muitos dos gestos e movimentos, como o bater dos pés, ficar em

pé, balbuciar, pegar e deixar cair objetos etc., apresentam significação específica,

pois servem para que a criança cumpra um trabalho capital, uma função – ela se

molda em si mesma, se exercita movendo as pernas, o que lhe permitirá andar mais

tarde; esboça seus murmúrios, primórdios da construção da linguagem; exercita no

pegar e no deixar cair objetos a coordenação motora ampla fina.

Vygotsky (1987) defende o lúdico a partir da concepção de brincadeira como

ferramenta indispensável para o desenvolvimento da criança, quando afirma que

todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha a

imitação. Com muita frequência estes jogos são apenas um eco do que as crianças

viram e escutaram dos adultos, não obstante estes elementos da sua experiência

anterior nunca se reproduzem no jogo de forma absolutamente igual e como

acontecem na realidade. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido,

mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova

realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança.

Ao brincar, a criança imita o comportamento adulto segundo a própria

percepção da realidade e do contexto. Por essa razão, na brincadeira a imitação

assume o papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois, à medida que ela

faz aquilo que viu o outro fazer, realiza efetivamente a atividade imitada, criando-lhe

novas possibilidades e combinações. Não está, portanto, apenas copiando um

modelo em uma atividade mecanicista, está construindo um nível individual próprio,

a partir do que observou nos outros.

Vygotsky (2007) afirma que as situações imaginárias criadas pela criança ao

brincar estão interligadas com a capacidade de imitação, as quais evoluem e

aparecem com regras de comportamento implícitas, originadas na cultura do grupo

social a que pertence da mesma forma que uma situação imaginária tem que conter

regras de comportamento, todo jogo com regra contém uma situação imaginária.

Jogar xadrez, por exemplo, cria uma situação imaginária. Por quê? Porque o cavalo,

o rei, a rainha...só podem se mover de maneiras determinadas; porque proteger e

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correr peças são, puramente, conceitos de xadrez. Embora no jogo de xadrez não

haja uma substituição direta das relações da vida real, ele é, sem dúvida, um tipo de

situação imaginária. O mais simples jogo com regras transforma-se imediatamente

numa situação imaginária, no sentido de que, assim que o jogo é regulamento por

certas regras, várias possibilidades de ação são eliminadas.

Pode-se dizer que a criança se revela totalmente no brincar, não conseguindo

esconder nenhuma forma de sentimento. Toda a espontaneidade é revelada. O

brincar é considerado a inclinação da atual organização da personalidade da

criança.

Segundo Almeida (2013), o brinquedo também estimula habilidades de

comunicação e o contato com o universo adulto, em que cada ato ou ação adquire

um significado no qual sonho, fantasia e realidade se imiscuem, retratando e

refratando uma consciência de mundo muito mais profunda do que se pensa quando

se vê a criança simplesmente brincando.

Vygotsky (2007) afirma que brincar é a relação imaginária criada pela criança

e afirma que o brinquedo é a representação física desse imaginário, pois o simples

ato de idade, com os interesses que a criança passa a adquirir com o seu

crescimento natural. Por essa razão, o brinquedo de um bebê deixa de ser

interessante em fase posterior, e assim sucessivamente.

A criança dá ênfase à ação e ao significado no brincar. Esse significado

precisa de um pivô que comporte um gesto que se assemelhe à realidade, pois para

ela o mais importante não é a similaridade do brinquedo como objeto físico, mas as

formas de brincar. No brinquedo, o significado conferido ao objeto torna-se mais

importante que o próprio objeto. Por essa razão, as crianças se encantam muito

mais com as ações, com os gestos, com as formas diferenciadas de brincar e com a

participação das pessoas mais velhas do que com o brinquedo em si.

Para Vygotsky (2007) o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento

proximal (ZDP) na criança, sendo uma enorme influência em seu desenvolvimento.

A ZDP permite que se avalie o processo de desenvolvimento até o momento e os

processos de maturação já produzidos, assim como os processos que estão se

desenvolvendo.

A noção de zona de desenvolvimento proximal interliga-se, portanto, de

maneira muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e

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capacidades da criança e à sua aptidão para utilizar as contingências do meio a fim

de dar-lhe a possibilidade de passar do que sabe fazer para o que não sabe. Assim

sendo, as brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a

zona de desenvolvimento em que ela se encontra, desta forma, pode-se perceber a

importância do professor conhecer a teoria desse estudioso.

Ainda de acordo com esse autor, uma situação imaginária como a da

brincadeira de “faz de conta”, por exemplo, a criança é levada a agir num mundo

imaginário. Assim, ao brincar com um tijolinho de madeira como se fosse um

carrinho ou de “casinha de boneca”, ela se relaciona com o significado e não com o

objeto concreto que tem em mãos. Esses materiais servem como uma

representação da realidade ausente e ajudam a criança a separar o objeto e o

significado em questão, ou seja, separar a ideia de “carro”, de “casa” ou de “boneca”

do objeto que tem em mãos. Com isso, percebe-se um funcionamento pragmático

das atividades lúdicas, as quais resultam num conjunto de fatores ou atitudes que

dão significados aos vocábulos a partir de analogias de que a criança se utiliza para

significar os objetos com os quais brinca.

As brincadeiras mais simples de que participa são verdadeiros estímulos ao

desenvolvimento intelectual. Quanto mais informações receber, mais registro

ocorrerá em seu cérebro. Piaget (1973) descreve que jogando, as crianças chegam

a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permaneceriam exteriores à

inteligência infantil. É por isso que, pela própria evolução interna, os jogos das

crianças se transformam pouco a pouco em construção adaptada, exigindo sempre

mais do trabalho efetivo, a ponto de, nas classes pequenas de uma escola ativa,

todas as transições espontâneas ocorrerem entre o jogo e o trabalho.

Almeida (2013) explica que experimentando, vendo, manipulando as coisas, a

criança está descobrindo possibilidades de dar forma ao mundo de acordo com suas

impressões, passando não só a evocar e registrar fatos na memória, mas a recriá-

los.

Na visão de Wallon (1965), acontece frequentemente de a criança

interromper-se, surpreendida por um de seus próprios gestos, os quais ela só parece

perceber em suas consequências. É a mudança sobrevinda em seu campo de

atividade ou de percepção que parece fazê-la descobrir, e em seguida repetir, o

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movimento que constitui a causa. O vivo desperta em sua curiosidade por tudo que

é novidade leva-a a esse voltar-se para sua própria atividade.

É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva,

ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações

e tendências internas, e não dos incentivos fornecidos pelos objetos

(VYGOTSKY, 2007, p. 109-110).

É compreensível que o objeto, na concepção de uma criança, torne-se

qualquer coisa que ela deseje, tendo assim esse “objeto” um valor simbólico que tem

uma natureza imitativa, pois a criança constrói símbolos e transforma o que é de fato

real naquilo que é desejado. Não é preciso ser da área da educação, para observar

uma criança brincando com uma cadeira, dando-lhe todos os atributos de um carro,

assim sendo, a brincadeira infantil permite que a criança reacenda seus medos,

conflitos à sua própria maneira e transformando a realidade naquilo que ela deseja,

nessa perspectiva seus estudos sugerem que o brincar está atrelado ao

desenvolvimento do pensamento, da linguagem, da auto regulação, da memória, da

imaginação, atenção e aprendizagem (VYGOTSKY, 2001).

Como consequência dos processos mentais adquiridos no período das

brincadeiras, as funções cognitivas da criança ficam cada vez mais aguçadas. No

início do desenvolvimento infantil, a percepção, segundo Vygotsky (2007, p. 27),

está ligada imediatamente “à motricidade, que constitui apenas um dos momentos

do processo sensório motor integral e que, somente paulatinamente, com os anos,

começa a adquirir uma notável independência e a libertar-se dessa conexão parcial

com a motricidade”, assim sendo, com o passar do tempo, a criança começa a

interagir com os objetos já distinguindo a realidade da fantasia, adquirindo aos

poucos experiências e desenvolvendo conceitos sobre o mundo que a cerca

(VYGOTSKY, 2007).

Para Kraemer (2010) brincando, a criança aprende a compreender o mundo

em que vive, realizando atividades lúdico-educativas a criança aprende com prazer,

principalmente na escola. Assim como a criança aprende a brincar com o passar do

tempo, o educador precisa ensinar a criança e o adolescente a gostar de realizar

atividades lúdico-educativas, por meio das quais eles irão desenvolver a imaginação,

a criatividade, a atenção e a sociabilidade.

18

Na compreensão de Devries (1992, p. 73),

Os jogos servem, particularmente, para promover o desenvolvimento da cooperação, porque as crianças são motivadas pelo divertimento do jogo a cooperar voluntariamente (autonomamente) com outros, seguindo as regras. Jogos requerem, em grande parte, adequação e coordenação interindividual e as crianças são motivadas a usar a inteligência para compreender o jogo.

No ano de 1990, foi publicado no Estatuto da Criança e do Adolescente –

ECA o direito de a criança brincar. Esse direito de brincar deve ser reforçado pelo

professor, oportunizando atividades lúdicas envolvendo os conteúdos, baseados em

teorias de autores especialistas em educação.

Kraemer (2010, p.07) esclarece que:

As atividades de faz de conta, os jogos de construção e os jogos com regras devem fazer parte do planejamento do educador e precisam ser utilizados pelo aluno sempre que o professor julgar oportuno, porque auxiliam a criança e o adolescente a desenvolver aspectos afetivos, cognitivos e psicomotores. Isso auxilia a criança e o adolescente a aprender de forma descontraída, eficiente e prazerosa. As atividades lúdico-educativas precisam envolver mistério, surpresas e/ou desafios, porque são itens que a criança e o adolescente adoram em suas brincadeiras.

Os brinquedos, as brincadeiras, jogos e atividades lúdicas despertam a

curiosidade e o desejo de aprender. A diversão facilita a aprendizagem, porque é

algo novo de que a criança gosta. Brincando, a criança desenvolve sua criatividade,

tem oportunidade de relacionar-se com outros seres humanos e de aprender com

prazer.

Almeida (2013) defende que o papel e a importância do brinquedo, visto

dessa perspectiva, transformam-no em suporte de representações que conduz a

criança a um universo de sentidos e ações, que lhe possibilita descobrir outros

mundos e vivenciar “situações” em universos inexistentes. Assim compreendido, as

brincadeiras de boneca, de casinha, de mocinho e bandido ou de carrinho não são

apenas ações, mas representações do imaginário que possibilitam a criação e a

compreensão de universos de conhecimento e de atitudes que fomentam a própria

vida.

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O mesmo autor, ainda lembra que, além disso, o brinquedo também estimula

habilidades de comunicação e o contato com o universo adulto, em que cada ato ou

ação adquire um significado no qual sonho, fantasia e realidade se imiscuem,

retratando e refratando uma consciência de mundo muito mais profunda do que se

pensa quando se vê a criança simplesmente brincando.

Esse mesmo autor relata que a criança dá ênfase à ação e ao significado no

brincar. Esse significado, o autor se refere que precisa de um pivô que comporte um

gesto que se assemelhe à realidade, pois para ela o mais importante não é a

similaridade do brinquedo como objeto físico, mas as formas de brincar. No

brinquedo, o significado conferido ao objeto torna-se mais importante que o próprio

objeto.

Os brinquedos terão um propósito profundo se vierem representados pelo brincar no sentido exato da palavra “educar”. Por isso, a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com ela. Estes, quando brincam com a criança, têm a vantagem de dispor de uma experiência mais vasta, mais rica e, por isso, podem ir mais longe com a imaginação, aumentando assim seu coeficiente não só de informações intelectivas, mas também de nível linguístico. O adulto, por exemplo, quando brinca de construção com uma criança, pode e sabe calcular melhor as proporções e o equilíbrio, e os signos linguísticos que denotam e conotam esses conceitos (ALMEIDA, 2013, p. 39).

Através do jogo e das brincadeiras, a criança desperta interesse na escola,

em está em sala com os demais alunos. Claparéde (1973) defende que

especificamente o jogo como necessidade intrínseca da criança e sustenta que a

tendência lúdica é essencial à sua natureza. Neste sentido, a escola tem o papel de

entender essa necessidade da criança de brincar como uma forma de trazer o seu

interesse pela escola, que deveria se conciliar a própria vida. O jogo seria, por

excelência, o melhor meio de despertar esse interesse, porque implica esforço e

estabelece a relação com trabalho.

Suas maiores contribuições estão nas reflexões sobre o desenvolvimento

infantil e sua relação com a aprendizagem em meio social, e também o

desenvolvimento do pensamento e da linguagem.

Segundo Borba (2007), é preciso deixar que as crianças e os adolescentes

brinquem, é preciso aprender com eles a rir, a representar, a imitar, a sonhar e a

imaginar. E, no encontro com eles, incorporando a dimensão humana do brincar, da

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poesia e da arte, construir o percurso da ampliação e da afirmação do conhecimento

sobre o mundo. Dessa forma, ela acredita que abriremos o caminho para que nós,

adultos e crianças, possamos nos reconhecer como sujeitos e autores sociais

plenos, fazedores de história e do mundo que nos cerca.

ALTERNATIVAS LÚDICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ao realizar Estágio Supervisionado na área de Educação Infantil, pude

perceber o quão rico e prazeroso é trabalhar com o público voltado para este campo,

utilizando atividades concretas através de jogos e brincadeiras. Como futuro

pedagogo me causou uma inquietação em desenvolver tal temática, onde o que me

impulsionou foram as diversas observações no decorrer do estágio. Portanto, faz-se

necessário, conforme comprovado através de pesquisadores e estudiosos da área,

que através dos jogos e brincadeiras a criança consegue desenvolver suas

habilidades com mais facilidade. Nesta perspectiva, utilizando o conceito da autora

Mafra (2008, p.11) onde a mesma defende que

A brincadeira é a oportunidade de desenvolvimento no qual a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e ainda confere suas habilidades. O brincar traz diversos benefícios para a criança bem como “estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Chegando a proporcionar aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. Os jogos e brincadeiras são estimuladores da cognição, afeição, motivação e criatividade.

Dessa forma, é descrito abaixo alternativas lúdicas que poderão auxiliar o

professor (a) em sala de aula com crianças voltadas para a Educação Infantil:

Alternativa 01: Os jogos é uma ferramenta importante para se utilizar em sala

de aula na Educação Infantil, pois através desse recurso o professor consegue

extrair a atenção da criança, ela participa com o objetivo de obter prazer e para o

professor dar a oportunidade de explorar inúmeras formas de educar a criança. É

importante que o professor saiba escolher o jogo propício e saber identificar o que

realmente aquele jogo traz como benefícios, demonstrando que brincando a criança

também aprende.

Alternativa 02: A utilização de contação de histórias em sala de aula

proporciona às crianças a curiosidade nos personagens, favorece o aprendizado em

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identificar os nomes dos envolvidos no drama. O professor utilizando esta

ferramenta, ajuda na concentração, em saber ouvir, fazendo o exercício da

imaginação e ir além, provocando o descobrimento das emoções das crianças, uma

alternativa para o aprendizado das mesmas. O uso do conto de fadas, em sala de

aula nos faz demonstrar as crianças mensagens educacionais, dentro dos contos

encontramos: a violência; o preconceito; a discriminação; o respeito para com o

próximo; a resiliência.

Alternativa 03: A dramatização é uma estratégia que o professor pode utilizar

como ferramenta educacional. O teatro pode ser visto também o “ludoeducação”,

através de uma peça que tem o objetivo de transmitir uma mensagem educacional.

A participação das crianças em peças teatrais, desenvolve e trabalha o seu lado

artístico, o convívio social, a socialização com outras crianças, o respeito às

diferenças.

Alternativa 04: A música é uma estratégia importante também para o

desenvolvimento das crianças na Educação Infantil, trabalha a timidez, a

concentração, o esquema corporal, a criança consegue distinguir através de

determinadas músicas alguns gestos; a função de cada dedo das mãos; a

importância da higienização e etc.

Alternativa 05: Artes visuais, através de uma pintura, de um desenho ou

instalação artística, as crianças desenvolvem auto-expressão, suas habilidades com

as cores, o papel, a imaginação, determinados objetos e etc.

Alternativa 06: Explorar os movimentos do corpo através de artes circenses,

como o equilíbrio do malabarista, o exercício rítmico da bailarina etc.

Alternativa 07: A poesia estimula a fruição literária e também desperta a

imaginação e criatividade.

Alternativa 08: Estimular a criatividade através da confecção dos próprios

brinquedos utilizando-se material reciclável.

Alternativa 09: Explorar lugares que educam através das aulas passeio

(museus, parques, teatro, cinema).

As alternativas/estratégias pontuadas acima demonstram o quão importante e

prazeroso é utilizar tais ferramentas com o intuito de fazer com que a criança

aprenda com o lúdico. Neste sentido, utilizamos o pesquisador Piaget (1975) que

defende a temática e valoriza a classe que realiza o lúdico como prática para o

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desenvolvimento da criança, pois atividades lúdicas propiciam a expressão do

imaginário, a aquisição de regras e também a apropriação do conhecimento.

Para o mesmo autor, comenta também sobre o uso de jogos em sala de aula,

pois oferece grande contribuição para o desenvolvimento cognitivo da criança,

Piaget também acrescenta que torna mais rico o conteúdo do pensamento infantil.

Em se tratando do jogo infantil, o pesquisador Piaget (1975) descreve que o tal jogo

propicia a prática do intelecto, pois o uso do jogo infantil trabalha a atenção, a

imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras faces do ser humano. Piaget

conclui que as atividades lúdicas também conseguem socializar os envolvidos entre

eles (PIAGET, 1975).

Mafra (2008, p. 09) enfatiza que:

É na brincadeira e no jogo que a criança aprende a lidar com o mundo, recriando situações do cotidiano, adquirindo conceitos básicos para formar sua personalidade, vivenciando sentimentos das mais variadas espécies.

Quando se utiliza as brincadeiras e os jogos como ferramentas que

transmitam para os alunos mensagem educacional, é exatamente neste contexto

que podemos comprovar a eficácia que o lúdico se tem em sala de aula, como

auxilio do professor para obter sucesso no aprendizado das crianças.

O professor ao pensar de usar o lúdico como prática pedagógica, é

importante lembrar das palavras de Mafra (2008, p.12) ao esclarecer que

Os jogos e brincadeiras ao serem utilizados na prática pedagógica, transformam conteúdos maçantes em atividades interessantes e prazerosas, pois com os mesmos há motivação, disciplina e interesse pelo que está sendo ensinado. Porém, o professor deve estar consciente de que os jogos ou brincadeiras pedagógicas devem ser desenvolvidos como provocação a uma aprendizagem significativa e estímulo à construção de um novo conhecimento com o desenvolvimento de novas habilidades. Pensar na atividade lúdica enquanto um meio educacional significa pensar não apenas no jogo pelo jogo, mas no jogo como instrumento de trabalho, como meio para atingir objetivos pré-estabelecidos. O jogo pode ser útil tanto para estimular o desenvolvimento integral da criança como para trabalhar conteúdos curriculares.

Utilizando o pensamento da autora acima, o professor em sala de aula terá

êxito com os seus alunos, fazendo daquele momento único e prazeroso para a

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criança, estimulando a diversas atividades, demonstrando que o jogo não é

meramente um passatempo, mais, um canal de comunicação de aprendizagem, que

brincando se têm resultados positivos, incentivando a criança o interesse pelo

aprendizado.

De acordo com Brunet (1967 apud Almeida, 2013, p.51),

As brincadeiras infantis, desde os primeiros anos, estimulam a criatividade, e as descobertas de regras colaboram com a aquisição da linguagem. Os mesmos autores ainda descrevem que a importância da ação comunicativa que se desenvolve nas brincadeiras entre mãe e filho dá significação aos gestos e permite que a criança decodifique contextos e aprenda a falar. Ao descobrir as regras, em suas ações (brincadeiras) diárias, a criança aprende, ao mesmo tempo, a falar, a iniciar a brincadeira e a alterá-la. A aprendizagem da língua materna, ao interagir com a criança, cria um esquema imprevisível de interação que serve de microcosmo para a comunicação e o estabelecimento da linguagem compartilhada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao térmico desta pesquisa pude perceber a importância que os jogos e a

ludicidade têm em comum para facilitarem o aprendizado dos alunos na Educação

Infantil. O professor, através de seus conhecimentos teóricos adquiridos na vida

acadêmica, está propenso a usar como estratégias práticas, facilitando o seu

trabalho e desenvolvendo o aluno a obter um aprendizado melhor.

A criança brincando demonstra usar diferentes formas de expressão, daí que

o professor desenvolve habilidades e utiliza estratégias que irão facilitar o

aprendizado das crianças, demonstrando que brincar por brincar não existe, em sala

de aula têm um foco principal que é transmitir e transformar as brincadeiras em

desenvolvimento social, cognitivo, trabalhando os seus aspectos como um todo.

Portanto, há uma intencionalidade.

Este trabalho, também oportunizou-me conhecer teorias que elevam o

trabalho do educador, quanto ao fato da importância de incentivar, orientar e

organizar situações de aprendizagem, como os trabalhos desenvolvidos

coletivamente, a fim de criar vínculos de amizade e fundamentalmente o respeito

mútuo, além de outros que proporcione o aluno extravasar sua energia para

aspectos positivos da própria vida.

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Compreendo que este trabalho pode ser relevante para aqueles que quiserem

fazer da educação uma busca de concretização de outros sonhos inseridos nesta

área, onde me sinto privilegiado por estar fazendo parte, como educador atuante,

consciente dos deveres para com os problemas ligados à educação.

O Curso de Pedagogia a Distância da UFRN me fez ter um olhar diferenciado

para a educação e principalmente quando se trata da Educação Infantil, ou seja,

uma área que necessita de profissionais capacitados e que queiram educar crianças

utilizando alternativas lúdicas, conforme demonstrado no trabalho e sendo objeto

alvo da pesquisa.

Diante da concretização deste trabalho, espera-se que haja o interesse de

outros pesquisadores em desenvolver estudos sobre assuntos correlatos à temática

abordada. As sugestões apresentadas acima (alternativas lúdicas) poderão servir

como ponto de partida para o desenvolvimento de novos trabalhos.

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