UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · corpo docente do Curso de Biblioteconomia, que...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA EWERTON BEZERRA SIQUEIRA DE MIRANDA ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES INFORMACIONAIS: identificação de elementos de Wayfinding presentes no acervo da BCZM e no catálogo online do SIGAA NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

EWERTON BEZERRA SIQUEIRA DE MIRANDA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES INFORMACIONAIS:

identificação de elementos de Wayfinding presentes no acervo da BCZM e no

catálogo online do SIGAA

NATAL/RN

2015

EWERTON BEZERRA SIQUEIRA DE MIRANDA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES INFORMACIONAIS:

identificação de elementos de Wayfinding presentes no acervo da BCZM e no

catálogo online do SIGAA

Monografia apresentada ao Departamento de

Ciência da Informação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em

Biblioteconomia.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato.

NATAL/RN

2015

FICHA CATALOGRAFICA

Miranda, Ewerton Bezerra de.

Encontrabilidade da informação em ambientes informacionais: identificação de elementos de

Wayfinding presentes no acervo da BCZM e no catálogo online do SIGAA/ Ewerton Bezerra Siqueira

de Miranda. – Natal, RN, 2015.

52f. : il.

Orientador: Fernando Luiz Vechiato.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências

Sociais Aplicadas. Departamento de Ciência da Informação.

1. Encontrabilidade da informação – Monografia. 2. Ambientes Informacionais – Monografia. 3.

Wayfinding – Monografia. 4. Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) – Monografia. 5. Catálogo

online do SIGAA. I. Vechiato, Fernando Luiz. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV.

Título.

CDU 007

EWERTON BEZERRA SIQUEIRA DE MIRANDA

ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO EM AMBIENTES INFORMACIONAIS:

identificação de elementos de Wayfinding presentes no acervo da BCZM e no

catálogo online do SIGAA

Monografia apresentada ao Departamento de

Ciência da Informação, da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito parcial

para a obtenção do grau de Bacharel em

Biblioteconomia.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato.

MONOGRAFIA APROVADA EM: ___/___/2015

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato

Orientador (UFRN)

Prof.ª Dr.ª Luciana Moreira Carvalho

Membro da Banca (UFRN)

Prof.ª MSc. Jacqueline de Araújo Cunha

Membro da Banca (UFRN)

Dedico esta monografia a minha família, pois sei

que sempre posso contar com vocês.

AGRADECIMENTOS

A graduação foi uma longa jornada, diante disto, gostaria de agradecer à

todos aqueles que estiveram presentes ao meu lado, que me ajudaram, apoiaram,

incentivaram e me fizeram continuar e seguir sempre em frente.

Agradeço aos meus colegas que me divertiram por todo esse tempo. À todo

corpo docente do Curso de Biblioteconomia, que contribuíram para minha evolução

como pessoa e como profissional.

Agradeço ao professor Fernando Luiz Vechiato, que me sugeriu o tema para

está pesquisa, num momento em que eu estava perdido, além de contribuir muito

como professor orientador, gostaria também de agradecer a oportunidade dada para

ser aluno voluntário de Iniciação Científica e a PROPESQ.

Agradeço aos colegas de todos os locais onde tive a oportunidade de

trabalhar como bolsista e estagiário. Especialmente Sr, Eliezer e Antônia da divisão

processos técnicos da BZCM, que me ensinaram a ser mais maduro e responsável.

Agradeço à Ericka Cortêz, minha supervisora de bolsa e de estágio

supervisionado, pela oportunidade oferecida na Biblioteca Setorial de Arquitetura, e

também pelo apoio que me deu neste período de elaboração da monografia.

Agradeço aos meus amigos, que me distraiam nos momentos mais difíceis e

não permitiram que eu enlouquecesse neste período de elaboração do trabalho.

À toda minha família.

“Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se

traduz na forma que você recolhe, julga, maneja e,

sobretudo, onde e como aplica esta informação. ”

Carl Sagan.

RESUMO

Objetiva compreender de que modo a orientação espacial (wayfinding) influencia a encontrabilidade da informação em ambientes informacionais analógicos e digitais, mais especificamente na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) e no catálogo online do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). Faz uso de livros, periódicos e bases de dados nacionais e internacionais como subsídios para a elaboração do referencial teórico da pesquisa, que se caracteriza pelo seu caráter exploratório e descritivo. Apresenta uma contextualização histórico-conceitual sobre wayfinding e destaca seus principais elementos, além de descrever o processo de orientação espacial em ambientes analógicos e digitais. Contextualiza a encontrabilidade da informação e cria um diálogo entre ela e wayfinding. Apresenta diretrizes de wayfinding que foram definidas com base nos autores estudados, as quais auxiliaram na elaboração de diretrizes específicas para ambientes informacionais. Estas subsidiaram, com base na técnica de observação, a análise dos dois ambientes mencionados: BCZM, um ambiente informacional analógico; e catálogo online do SIGAA, um ambiente informacional digital. Expõe os pontos fortes e fracos presentes nos ambientes analisados e apresenta sugestões para melhoria. Conclui que os ambientes analisados apresentam uma quantidade razoável de elementos de wayfinding que influenciam a encontrabilidade da informação, porém alguns recursos poderiam ser implementados visando sua otimização. Palavras-chave: Encontrabilidade da informação. Ambientes Informacionais. Wayfinding. Biblioteca Central Zila Mamede. Catálogo online do SIGAA.

ABSTRACT

Aims to understand how the spatial orientation (wayfinding) influence the findability of information in analog and digital information environments, specifically in the Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) and in the online catalog of the Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). Makes use of books, journals and databases of national and international data as subsidies for the development of the theoretical framework of the research, which is characterized by its exploratory and descriptive. It presents a historical and conceptual context of wayfinding and highlights its main elements, and describes the spatial orientation process in analog and digital environments. Contextualizes the findability of information and creates a dialogue between it and wayfinding. It presents wayfinding guidelines that have been set based on the authors studied, which assisted in the preparation of specific guidelines for information environments. These subsidized based on the observation technique, the analysis of the two mentioned environments: BCZM, an analog information environment; and online catalog SIGAA, a digital information environment. Exposes the strengths and weaknesses present in the analyzed environments and provides suggestions for improvement. It is concluded that the analyzed environment exhibit a reasonable amount of wayfinding elements that influence the findability information, but some features could be implemented order optimization. Key words: Informaiton Findability; Informational environments; Wayfinding; Biblioteca Central Zila Mamede. Catálogo online do SIGAA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Caminhos/Vias.................................................................................... 16

Figura 2 – Limites/Bordas..................................................................................... 16

Figura 3 – Bairros/Distritos................................................................................... 17

Figura 4 – Pontos nodais/Nós.............................................................................. 17

Figura 5 – Marcos/Pontos de referência.............................................................. 18

Figura 6 – Ciclo dos quatro componentes fundamentais de wayfinding............ 19

Figura 7 – Menu/Caminhos do website................................................................ 21

Figura 8 – Esquema de organização por regiões................................................ 22

Figura 9 – Ambiente digital e real........................................................................ 22

Figura 10 – Trilha de navegação......................................................................... 23

Figura 11 – Modelo de Encontrabilidade da Informação (MEI)........................... 27

Figura 12 – Exemplo de mapa de shopping........................................................ 32

Figura 13 – Saguão de entrada da BCZM........................................................... 35

Figura 14 – Rotas da BCZM................................................................................ 36

Figura 15 – Locais mal sinalizados...................................................................... 37

Figura 16 – Locais bem sinalizados..................................................................... 38

Figura 17 – Diferenciação dos Distritos................................................................ 39

Figura 18 – Tapeçarias......................................................................................... 42

Figura 19 – Tela de busca do catálogo online do SIGAA.................................... 44

Figura 20 – Resultados da busca e informações sobre os ícones...................... 45

Figura 21 – Registro de um recurso informacional............................................. 46

Quadro 1 – Diretrizes de wayfinding para ambientes informacionais

analógicos.............................................................................................................

31

Quadro 2 – Diretrizes de wayfinding para ambientes informacionais digitais...... 34

Quadro 3 – Características das coleções ........................................................... 40

Quadro 4 – Sugestões de melhorias de wayfinding para a BCZM ..................... 47

Quadro 5 – Sugestões de melhorias de wayfinding para o catálogo do SIGAA 48

LISTA DE SIGLAS

BCZM – Biblioteca Central Zila Mamede

SIGAA - Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas

MONOG – Coleção de Monografias

TESE – Coleção de Teses

DISSERT - Coleção de Dissertações

CIRC – Coleção de Circulação

DESBASTE – Coleção de desbaste

PER – Coleção de perídicos

PRN – Publicações do RN

ZILA – Coleção de Zila Mamede

UFRN – Publicações da UFRN

REF – Obras de referência

OR – Obras Raras

MULTI – Coleção de Multimeios

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................

2 WAYFINDING........................................................................................................

2.1 Wayfinding na navegação Web........................................................................

3 ECONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO.............................................................

3.1 Influências de Wayfinding na Encontrabilidade da Informação...................

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................

4.1 Ambiente de estudo..........................................................................................

4.2 Elaboração de instrumento de coleta de dados: diretrizes de

wayfinding................................................................................................................

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................

5.1 Elementos de wayfinding na BCZM.................................................................

5.2 Elementos de wayfinding no Catálogo online do SIGAA..............................

5.3 Sugestões para melhorias...............................................................................

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................

REFERÊNCIAS........................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea vivencia um contexto sociotécnico, no qual a

relação e a interação entre os seres humanos e as máquinas contribuem para a

organização, a disseminação, a busca, a recuperação, o acesso e o uso da

informação.

Todavia, em meio a grande quantidade de informações disponíveis tanto em

ambientes analógicos quanto digitais, se faz necessário estudar aspectos que

contribuam para que o usuário encontre a informação desejada com rapidez e

eficiência, permitindo navegar em ambientes simples ou complexos, sempre tendo

uma orientação espacial para não se perder.

No contexto dos estudos sobre encontrabilidade da informação, um de seus

possíveis elementos estruturais encontra-se explorado de modo incipiente na área

da Ciência da Informação. Tal elemento é chamado de orientação espacial ou

wayfinding, um atributo de interface que pode ser aplicado em qualquer ambiente

informacional, seja ele analógico, como bibliotecas e centros de documentação, ou

digital, como web sites, bibliotecas digitais, repositórios institucionais entre outros.

Para Ribeiro (2009), wayfinding está relacionado ao comportamento humano

em saber onde está, para onde ir, escolher a melhor rota para o seu destino,

reconhecer o local de destino assim que chega nele e ser capaz de inverter o

processo e encontrar o caminho de volta. Wayfinding, portanto, é um elemento

importante em ambientes informacionais, visto que facilita a navegação e,

consequentemente, a encontrabilidade da informação.

A partir desta premissa, tem-se como questionamento:

Como se caracterizam os elementos de wayfinding em ambientes

informacionais e de que modo eles exercem influência sobre a encontrabilidade da

informação?

Com base no questionamento apresentado, fazendo uso de subsídios

teóricos e práticos, a pesquisa tem como objetivo geral: compreender como

wayfinding influencia a encontrabilidade da informação em ambientes

informacionais.

Tendo em vista o objetivo geral, a pesquisa tem como objetivos específicos:

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Investigar o conceito de wayfinding e sua utilização em ambientes

informacionais;

Estabelecer o diálogo teórico entre os conceitos de wayfinding e

encontrabilidade da informação no contexto da Ciência da Informação;

Identificar elementos de wayfinding utilizados em um ambiente informacional

analógico (acervo físico da BCZM) e digital (catálogo do SIGAA).

É importante mencionar que esta pesquisa está aliada ao plano de trabalho

de iniciação científica intitulado “Wayfinding e suas contribuições para a

encontrabilidade da informação em ambientes informacionais”, aprovado pela Pró-

Reitoria de Pesquisa (PROPESQ – Voluntário – IC – 2015/2016), e inserida no

projeto de pesquisa “Encontrabilidade da informação: subsídios teóricos e práticos

no campo da Ciência da Informação” (PVE11248-2014), coordenado pelo orientador

deste trabalho, Prof. Dr. Fernando Luiz Vechiato.

Levando em conta as ideias já apresentadas, podemos destacar a

importância do presente estudo, por meio da necessidade de aprofundar-se em

novas técnicas de estruturação de ambientes informacionais que ofereçam recursos

que viabilizem e facilitem a encontrabilidade da informação, tudo isso de forma

efetiva e evitando transtornos, o que caracteriza sua relevância acadêmica, científica

e social.

A estrutura do trabalho científico deu-se por meio de seis seções, sendo elas:

A primeira seção aborda os aspectos gerais sobre o assunto estudado,

problematização, objetivos geral e específicos e a justificativa da pesquisa.

A segunda seção apresenta uma contextualização de wayfinding por meio de

subsídios teóricos.

Posteriormente há a terceira seção, em que são abordadas as ideias acerca

de encontrablidade da informação e de que forma wayfinding pode exercer influência

sobre ela.

A quarta seção fica responsável pela descrição do percurso metodológico da

pesquisa, explica o método e a sua escolha com base no que foi escrito por autores

especialistas no assunto.

A quinta seção é dedicada a apresentação dos resultados da pesquisa,

partindo primeiramente da elaboração de diretrizes para a avaliação e, em seguida,

da análise dos ambientes informacionais.

14

Por fim, a sexta seção apresenta as conclusões da pesquisa a partir da

problemática e dos objetivos delineados.

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2 WAYFINDING

Wayfinding é um termo presente em inúmeras áreas, responsável pelo estudo

da orientação espacial do indivíduo. A orientação é algo instintivo do ser humano,

nós precisamos saber onde estamos, precisamos conhecer o caminho, devemos

saber que rotas escolher e como nos localizar no espaço. A orientação espacial se

dá por meio da interação do indivíduo com o meio em que se locomove. Por advento

de tal processo, o sujeito absorve informações do ambiente e desenvolve a

chamada “tomada de decisões”, posteriormente gerando um mapa mental deste

ambiente. (LYNCH, 2010; BINS ELLY; SCARIOT, 2013).

O autor Kevin Lynch foi o primeiro a apresentar a ideia de wayfinding. Em seu

livro “A imagem da cidade” ele descreveu os processos de desenvolvimento da

“imagem”, que consiste no resultado do processo de orientação espacial do

indivíduo, ou seja, seu mapa mental da cidade/espaço. (RIBEIRO, 2009; LYNCH,

2010).

Lynch (2011, p. 3) estuda a legibilidade em seus aspectos visuais e a define

como a “facilidade com que cada uma das partes pode ser reconhecida e

organizada em um padrão coerente”. Em um estudo sobre o livro de Lynch, Saboya

(2008) destaca a importância da legibilidade quando fala que “um ambiente legível

oferece segurança e possibilita uma experiência urbana mais intensa, uma vez que

a cidade explore seu potencial visual e expresse toda a sua complexidade”.

Ao entrevistar alguns moradores de uma cidade local e pedir para que cada

um deles desenhasse um mapa mental da mesma, Lynch (2011) percebeu que,

apesar de alguns mapas serem únicos, outros apresentavam um padrão de

estruturação. Desse modo, cinco elementos pareceram constantes:

16

Caminhos/Vias: Ruas familiares, passagens, rotas de metrô, linhas de ônibus,

conforme pode ser observado na Figura 1:

Figura 1 – Caminhos/Vias

Fonte: Khan (2014)

Limites/Bordas: As barreiras físicas de paredes, cercas, rios ou linhas

costeiras, conforme pode ser observado na Figura 2:

Figura 2 – Limites/Bordas

Fonte: Khan (2014)

17

Bairros/Distritos: Quando falamos em bairros ou distritos, estamos falando de

lugares com uma identidade distinta, como um bairro que apresenta prédios

de estruturas e cores iguais, conforme apresenta a Figura 3:

Figura 3 – Bairros/Distritos

Fonte: Khan (2014)

Pontos nodais/Nós: São os chamados “pontos de decisão” e podem ser

junções, cruzamentos, bifurcações e convergências, conforme apresenta a

Figura 4:

Figura 4 - Pontos nodais/Nós

Fonte: Khan (2014)

18

Marcos/Pontos de Referência: Estruturas altas e visíveis que permitem

orientar-se em longas distâncias, conforme pode ser observado na Figura 5:

Figura 5 - Marcos/Pontos de referência

Fonte: Khan (2014)

Esses aspectos anteriormente apresentados são cruciais para a chamada

“imaginabilidade” (imageability), termo usado por Lynch e descrito pelo mesmo como

a:

Qualidade de um objeto físico que lhe dá uma alta probabilidade de evocar uma imagem forte em qualquer observador. Refere-se à forma, cor ou arranjo que facilitam a formação de imagens mentais do ambiente fortemente identificadas, poderosamente estruturadas e altamente úteis” (LYNCH, 2010, p. 11)

Sendo assim, quanto mais elaborado o ambiente, mais fácil será a

identificação de suas partes, proporcionando, assim, uma experiência melhor para

as pessoas que transitam por ele.

O estudo de Lynch serviu de ponto de partida para vários outros

pesquisadores. Com isso, em meados da década de 1970, o termo “wayfinding”

passou por uma reformulação, tornando-se algo mais genérico e ganhando o

sentindo de “orientação intuitiva”.

Como descreve Ribeiro (2009, p. 28) o conceito passou a ser: “[...] baseado,

então, não mais na orientação espacial, mas em uma nova noção que integrou os

19

processos de percepção, cognitivo e de tomada de decisão necessários para

encontrar o caminho”.

Diante deste novo conceito, a ideia de Arthur e Passini (2002) é apresentada.

Segundo esses autores, o processo de orientação espacial é feito com a realização

de três etapas: a tomada de decisão, que está relacionada com a forma como o

indivíduo planejará as suas ações; a execução da decisão, representada pelo

processamento do plano desenvolvido na etapa anterior; por último temos o

processamento da informação, correspondente a percepção e processamento das

mensagens enviadas do meio para o indivíduo, além do reconhecimento do mapa

mental gerado pelo mesmo.

Satalich (1995) apresenta quatro componentes cruciais do wayfinding:

Orientação, Decisões de rota, Mapeamento Mental e Encerramento. Para entender

os quatro componentes apresentados anteriormente, Lynch e Horton (2009)

explicaram os mesmos com base em perguntas: “Onde eu estou agora?”, “Posso

encontrar o caminho para onde quero ir?”, “Minhas experiências são consistentes e

compreensíveis o suficiente para saber onde estive e prever para onde devo ir em

seguida?”, “Posso reconhecer que cheguei ao lugar certo?”.

A Figura 6 que segue apresenta um esquema representando os quatro

elementos fundamentais do wayfinding:

Figura 6 - Ciclo dos quatro componentes fundamentais de wayfinding

20

Na prática, esse processo é descrito da seguinte forma:

[...] quando um indivíduo tenta se orientar em algum ambiente, ele explora e observa as sinalizações, rotas visíveis, consulta mapas, solicita informações a transeuntes e outras fontes de informação que estejam disponíveis. Então, ele analisa as informações recém-coletadas, gera e compara alternativas de solução para o problema, escolhe o melhor caminho e aplica esse conhecimento realizando a tarefa motora de dirigir-se ao local inicialmente desejado. Durante a execução da rota, provavelmente, este indivíduo estará observando os locais por onde passa, em busca de pontos de referência, ou reconsultará algum material para verificar se está no caminho certo. Ao chegar ao local, precisa compará-lo com a descrição pessoal formada a partir das informações coletadas no início de sua busca com as informações coletadas ao final do seu percurso. (PADOVANI; MOURA, 2006 apud SCARIOT, 2013).

Outra estrutura que também pode ser observada e utilizada é a apresentada

por Foltz (1998), onde pontua princípios para se ter um sistema de wayfinding eficaz,

sendo eles: Criação de uma identidade em cada local diferente de todos os outros;

Uso de pontos de referência para fornecer pistas de orientação e locais memoráveis;

Criação de caminhos bem estruturados; Criação de regiões de diferentes

características visuais; Não dar ao usuário muitas opções na navegação; Utilização

de pontos de vista de pesquisa; Fornecimento de sinais em pontos de decisão para

auxiliar a decisão.

Wayfinding pode ser visto para uns como um processo simples e que pode

ser realizado de qualquer maneira. Mas não é bem assim, tendo em vista que

navegar por um ambiente mal projetado e que não fornece pistas o suficiente para

as pessoas pode resultar em uma terrível experiência.

Levando em conta os conceitos abordados nesta seção, a subseção que

segue tratará da aplicação do tema abordado em ambientes informacionais da Web.

2.1 Wayfinding na navegação Web

Ao chegarmos a esse ponto, devemos perceber as diferenças presentes entre

o ambiente analógico e o digital para podermos aplicar os conceitos de wayfinding

na navegação Web. Ao navegarmos na Web, espaços concretos e pistas de rotas

não nos são apresentados, além de não haver um senso claro de direção. Sendo

assim, não temos a mesma segurança de para onde ir, ao contrário do que estamos

21

habituados no mundo físico/real. (LYNCH; HORTON, 2009). Nesse meio é

necessária a criação de um espaço que utilize de todos os artifícios para manter seu

usuário no caminho para chegar ao seu destino.

Tomando como fator crucial as diferenças apresentadas, devemos entender

que a estrutura de um ambiente Web deve ser concreto, visível e com sinais de

navegação fáceis de entender. Para relacionar o wayfinding com o ambiente Web,

os pesquisadores Lynch e Horton (2009) criaram uma releitura dos elementos da

orientação espacial de Kevin Lynch, que podem ser descritos da seguinte forma:

Caminhos: seriam representados pela forma hierárquica comum em

que a maioria dos sites é estruturada, além das trilhas de navegação,

que auxiliam o usuário a se situar, conforme apresenta a Figura 7:

Figura 7 – Menu/Caminhos do website

Fonte: Lynch e Horton (2009)

Limites e Bairros: estes conceitos são apresentados a princípio com um

pequeno problema quanto à padronização da estrutura do site. Por

esse motivo, o site pareceria todo igual e o usuário não saberia ao ser

movido de um ambiente para o outro. Considerando tal problema, o

site deve ser flexível e apresentar uma especificidade para cada página

ou seção, podendo ser utilizados sistemas de cores dentro do site,

onde cada cor representa um assunto/tópico presente na sua estrutura,

conforme demonstra a Figura 8:

22

Figura 8 – Esquema de organização por regiões.

Fonte: Lynch e Horton (2009)

Nós: um ambiente muito sobrecarregado de informações pode acabar

confundindo o usuário. Sendo assim, o layout da página principal e do

menu devem ser apresentados de forma clara e objetiva, conforme

demonstrado na Figura 9:

Figura 9 – Ambiente digital e real

Fonte: Lynch e Horton (2009)

Marcos: um recurso muito utilizado dentro dos sites é o sistema de

busca. Apesar da eficiência de alguns, muitos usuários vão parar em

um ambiente desconhecido, o que fortalece a necessidade da

utilização de objetos consistentes que auxiliem o usuário a se localizar

23

no espaço e ofereçam um ponto de referência para o mesmo.

(VECHIATO; VIDOTTI, 2014; LYNCH, HORTON, 2009).

Figura 10 – Trilha de navegação.

Fonte: <www.submarino.com>

A estrutura de um ambiente visualmente agradável e ao mesmo tempo com

usabilidade para que o usuário possa navegar sem muita dificuldade é um grande

desafio, mas partindo dos conceitos aqui apresentados e relacionando-os com

outras áreas, especialmente com a Ciência da Informação, pode se ter um resultado

bastante agradável.

24

3 ENCONTRABILIDADE DA INFORMAÇÃO

Com o grande fluxo informacional presente nos dias de hoje, a informação

precisa ser organizada e disposta de modo que facilite a sua localização. Quem

nunca teve uma experiência ruim com buscas? Muitas vezes somos bombardeados

com uma quantidade imensa de informações que não nos são úteis, então

acabamos por desistir de encontrar o que estávamos procurando.

O conceito de que “você não pode usar o que você não pode encontrar”

(MORVILLE, 2005b) serve para explicar a importância de um sistema que

proporcione a encontrabilidade da informação no ambiente em que as informações

estão armazenadas.

Morville (2005a) apresenta a encontrabilidade como sendo: a qualidade de

um ambiente ser localizável ou navegável; o grau no qual um determinado objeto é

facilmente descoberto ou localizado num ambiente; o grau no qual um sistema ou

ambiente suporta a navegação e recuperação de informação. Então, devemos levar

em conta que:

Não se trata apenas de qualidade de acesso e de uso da informação ou mesmo de ambientes projetados com enfoque nas necessidades dos sujeitos. Sua perspectiva é mais ampla. Além de agregar esses objetivos, [Morville (2005)] considera que o contexto em que se inserem os sujeitos informacionais e suas características particulares interferem substancialmente na possibilidade de encontrar a informação em um determinado ambiente ou sistema de informação. (VECHIATO, 2013, p. 116).

É necessário compreender a encontrabilidade em duas partes distintas. Para

isso, devemos entender que existem diferenças nos processos de encontro da

informação de cada usuário. Muitas pessoas já sabem exatamente o que querem e

desejam uma resposta rápida e objetiva do sistema, enquanto outros não possuem

uma ideia clara do que querem encontrar e necessitam que os mecanismos de

navegação favoreçam a descoberta de informações.

A primeira parte de usuários citados anteriormente, os que desejam

informação rápida, fazem uso de buscadores, sendo muitas vezes buscadores

externos aos sites como o Google. Então cabe à equipe de web design do site tornar

acessível toda a informação presente dentro dos sites, de forma que ela possa ser

localizada dentro e fora dele. Para isso, sugere-se o investimento em estratégias de

25

Search Engine Optimization (SEO). (VECHIATO; VIDOTTI 2014; MORVILLE,

2005a). As estratégias de SEO “[...] estão mormente relacionadas ao uso de

metadados, ligações e recursos que facilitem a indexação das páginas disponíveis

pelos robôs de busca.” (VECHIATO, 2013, p. 45).

Para a segunda demanda de usuários, aqueles que não têm uma ideia clara

do que querem encontrar, deve-se pensar na aplicação de elementos facilitadores

relacionados à estruturação e organização das informações, pistas de navegação e

uma apresentação da informação na interface que favoreça e supra as possíveis

dificuldades do usuário, o que pode favorecer a descoberta acidental de informação.

(VECHIATO; VIDOTTI, 2014).

Como exposto por Morville (2005) devemos compreender que a

“encontrabilidade não é uma única tecnologia, mas em vez disso um gênero de

tecnologias que podem ser integrados e implantados de forma orquestrada para

fornecer um ponto de interação entre o usuário e o conteúdo.”.

Levando isso em conta, compreendemos que várias áreas e estudos podem

auxiliar no processo de desenvolvimento de um sistema que possibilite a

encontrabilidade da informação. Buscando a melhoria dos mecanismos de busca e

da navegação, podemos aplicar os fundamentos de wayfinding e entender como ele

influencia a encontrabilidade da informação.

3.1 Influências de wayfinding na encontrabilidade da informação

Ao criar um diálogo sobre wayfinding e encontrabilidade da informação,

podemos observar como a orientação espacial e intuitiva contribuem para a

encontrabilidade da informação em ambientes analógicos e digitais. Um ambiente

bem estruturado e com presença de espaços bem agrupados e diferenciados

contribuem para a localização do que se quer encontrar.

No processo de busca, o usuário pode se deparar com inúmeras barreiras e

desiste do que estava à procura, ou muitas vezes acabar perdido, com um

sentimento angustiante e se perguntando “onde estou?”, “para onde vou?” e “como

retornar para onde estava?”. Poucos são os que se aventuram por espaços que não

conhecem. Isto ocorre tendo em vista que a maioria das pessoas acredita que irá se

perder devido à ausência de elementos que supram a sua necessidade de se

orientar no espaço.

26

Os conceitos de wayfinding podem ser relacionados tanto com a

encontrabilidade por meio de sistema de busca, quanto por meio da navegação.

Muitas vezes, ao fazer uma busca, o usuário encontra-se perdido em um ambiente

que não conhece e não sabe se localizar, necessitando assim de fatores que

auxiliem a sua localização, podendo ser apresentada uma trilha de navegação ou

um caminho marcado/percorrido.

O conceito de encontrabilidade da informação não pode jamais ser

confundido com disponibilização de informação, pois não adianta disponibilizar algo

que não pode ser encontrado por todos. O seu conceito tem a ver com o ato de

encontrar a informação para que ela possa ser utilizada. O wayfinding se aproxima

disso, pois apresenta técnicas de sinalização e de orientação.

De acordo com Vechiato e Vidotti (2014, p. 164), “a encontrabilidade da

informação sustenta-se fundamentalmente entre as funcionalidades de um ambiente

informacional e as características dos sujeitos informacionais”. A orientação

espacial, portanto, é uma funcionalidade do ambiente que deve estar atrelada à

percepção, conhecimento prévio e experiências de seus usuários.

Os referidos autores apresentam wayfinding como um dos atributos para a

encontrabilidade da informação, a qual é aplicada na interface do ambiente, seja

este analógico ou digital, conforme pode ser percebido na Figura 11 que segue, que

apresenta o Modelo de Encontrabilidade da Informação (MEI) proposto por Vechiato

e Vidotti (2014):

27

Figura 11 – Modelo de Encontrabilidade da Informação (MEI)

Fonte: Vechiato e Vidotti (2014, p. 172)

Percebemos que, para os autores, wayfinding está relacionada à interface do

mecanismo de busca e de navegação, juntamente com outros fatores/atributos,

como a descoberta de informações, a usabilidade e a acessibilidade.

Em suma, nos ambientes informacionais deve-se sempre apresentar uma

estrutura simples, limpa, bem sinalizada e que evite confusões, tudo isso aliado a

um layout visualmente agradável. Isso evitará a criação de barreiras na

encontrabilidade da informação. O ambiente deve sempre passar uma sensação de

confiabilidade e integridade ao usuário, para que ele não duvide da qualidade do

produto encontrado em sua busca.

Para um melhor entendimento desses fatores, nas próximas seções serão

apresentados os resultados da análise de dois ambientes informacionais, sendo um

28

analógico e outro digital, e observaremos como o wayfinding presente pode

favorecer ou não a encontrabilidade da informação disponível.

29

4 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o sucesso de uma pesquisa, a escolha da metodologia se torna um

ponto fundamental, pois estará ligada diretamente aos resultados gerados. Sendo

assim, para esta pesquisa, em um primeiro momento, foram utilizados os

procedimentos de pesquisa bibliográfica, que se encarrega da fundamentação

teórica do trabalho.

Quando falamos de pesquisa bibliográfica “[...] é importante destacar que ela

é sempre realizada para fundamentar teoricamente o objeto de estudo, contribuindo

com elementos que subsidiam a análise futura dos dados obtidos.” (LIMA; MIOTO,

2007, p. 44). Com isso, o trabalho visa estruturar e esclarecer a relação entre os

conceitos de Wayfinding e Encontrabilidade da Informação, permitindo um melhor

entendimento dos temas para dar continuidade à pesquisa. A pesquisa bibliográfica

deu-se por meio de materiais físicos e digitais, desde livros, artigos e bases de

dados nacionais e internacionais.

Para ocorrer um diálogo entre os dois temas em questão, ambos pouco

explorados em conjunto, uma pesquisa do tipo exploratória tornou-se a melhor

opção, esta que tem como objetivo “[...] familiarizar-se com um assunto ainda pouco

conhecido, pouco explorado. Ao final de uma pesquisa exploratória, você conhecerá

mais sobre aquele assunto, e estará apto a construir hipóteses.” (SANTOS, 2010,

p.1).

Em um segundo momento, foi realizada pesquisa descritiva para a

identificação de elementos de wayfinding no acervo físico da Biblioteca Central Zila

Mamede (BCZM) e no catálogo online do Sistema Integrado de Gestão de

Atividades Acadêmicas (SIGAA). Desse modo, a pesquisa descritiva é conhecida

como aquela em que “[...] os fatos são observados, registrados, analisados,

classificados e interpretados, sem interferência do pesquisador.” (ANDRADE, 2001,

p.12).

Para isso, a aplicação da pesquisa foi dividida em duas fases. Primeiramente,

foram definidas diretrizes de wayfinding específicas para ambientes informacionais

analógicos e ambientes informacionais digitais, com base na literatura, para serem

utilizadas como instrumento de coleta de dados para a pesquisa. Em seguida, foram

30

analisados os ambientes, considerando o Modelo de Encontrabilidade da Informação

(MEI).

A pesquisa conta com a técnica de observação, onde as aplicações do

wayfinding para a encontrabilidade da informação em ambientes informacionais

serão observadas, analisadas e posteriormente descritas. Trata-se de um trabalho

de abordagem qualitativa e busca atingir resultados que auxiliem na posterior

produção de conhecimento sobre o assunto abordado.

4.1 – Ambiente de estudo

O ambiente informacional analógico selecionado para a pesquisa foi a

Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), que possui 8.586,49m² de área, sendo uma

das maiores bibliotecas do estado. Ela foi escolhida para a aplicação da pesquisa,

tendo em vista a possibilidade de se encontrar elementos de wayfinding e seu uso

no âmbito das bibliotecas universitárias que apresentam um porte e função

parecidos.

Para o estudo de um ambiente informacional digital, seu catálogo online

disponível no SIGAA foi escolhido. Ele permite que os usuários pesquisem os

materiais presentes no acervo da biblioteca. Durante a navegação no catálogo, os

usuários decerto se deparam com elementos de wayfinding que influenciam na

encontrabilidade da informação.

4.2 Elaboração de instrumento de coleta de dados: diretrizes de wayfinding

Para elaborar diretrizes específicas de wayfinding para ambientes

informacionais, utilizamos a releitura dos elementos de Lynch (2010) realizada por

Horton e Lynch (2009), além dos princípios do design para wayfinding apresentados

por Foltz (1998).

Em um primeiro momento, serão apresentadas diretrizes de wayfinding para

ambientes informacionais analógicos (Quadro 1) e, em seguida, serão fornecidas

algumas dicas para a estruturação de uma biblioteca que proporcione um processo

de wayfinding eficaz.

31

Quadro 1 – Diretrizes de wayfinding para ambientes informacionais analógicos

Diretrizes

1. Disponibilizar um mapa bem estruturado do local.

2. Estruturar as rotas de forma que auxiliem a navegação e busca.

3. Oferecer sinalizações ou pistas (affordances) para auxiliar na tomada de decisão.

4. Criar uma identidade para cada espaço, diferenciando-o dos outros.

5. Fornecer características visuais distintas para cada região.

6. Fazer uso de um marco ou ponto de referência para auxiliar o usuário a situar-se no espaço.

Fonte: Autoria própria (2015), com base em Foltz (1998) e Lynch (2010)

As diretrizes elaboradas serão descritas e explicadas a seguir tendo como

ênfase o ambiente informacional da biblioteca.

Diretriz 1 – Disponibilizar um mapa bem estruturado do local

Levando em conta o pressuposto de que o usuário busca informações

pertinentes sobre o caminho que deve seguir antes de iniciar o seu processo de

encontrabilidade da informação, devemos perceber a importância da

disponibilização de um mapa que demonstre que “você está aqui”. O mapa deve ser

bem estruturado e apresentar de forma clara e objetiva toda a estrutura do ambiente.

Para que o mapa tenha sucesso em sua função é necessário que haja uma

diferenciação de suas partes, onde poderá explicitar três elementos:

Vias - referente aos caminhos da biblioteca, suas rotas principais e

corredores que nos levarão aos locais desejados e pontos de decisão;

Limites - Delimitação dos espaços da biblioteca, apresentando e

diferenciando o acervo dos setores presentes na biblioteca, demonstrar

até onde o usuário pode ir, sem que cometa o erro de entrar em um

lugar restrito ou um caminho que tenha dificuldade de retornar;

Distritos - agrupamento de matérias ou estantes que se podem ser

relacionados por características como tipo de suporte, assunto ou área

do conhecimento (número de chamada).

O mapa de shopping representado na figura 12 pode servir de exemplo para a

elaboração de um mapa de ambientes imformacionais.

32

Figura 12 – Exemplo de mapa de shopping

Fonte:< http://www.shoppingaldeota.com.br/mapa.asp>

Diretriz 2 – Estruturar as rotas de forma que auxiliem a navegação e busca

As rotas devem ser apresentadas de forma clara e devem dar uma visão

ampla de onde ela irá nos levar, mostrando para que caminho as pessoas devem

seguir. Esse é um dos fatores que contribuem para a navegação em um espaço. A

rota deve apresentar o caminho de modo que não confunda o usuário.

Diretriz 3 – Oferecer sinalizações ou pistas (affordances) para auxiliar na

tomada de decisão

O ambiente deve ser bem sinalizado e evitar confusões. Na estrutura de uma

biblioteca de porte médio ou grande, existem vários fatores que podem dificultar a

navegação no local. Elementos como a grande quantidade de estantes e de setores

dentro da biblioteca acabam criando inúmeros pontos nodais, ou ponto de decisões.

Este é o momento em que o usuário deve escolher o caminho para onde precisa ir,

sendo assim ele necessita de um auxílio para tomar a decisão correta. Uma

estrutura bem sinalizada fará com que o ambiente converse com o usuário e fará

com que o mesmo tome as decisões corretas no seu processo de encontrabilidade

da informação.

Dispor estas informações para o usuário também é de extrema importância

em bibliotecas de pequeno porte, pois é um dos recursos mais cruciais para ela, já

33

que sua limitação de tamanho dispensa o uso de um mapa explicativo do ambiente,

dependendo apenas da sinalização e dicas apresentadas pelo local.

Diretriz 4 – Criar uma identidade para cada espaço, diferenciando-o dos outros

Caracterizar e dar identidade para todo local navegável faz com que o mesmo

seja mais perceptível e diferente dos outros, facilitando assim o processo de

imaginabilidade. Quanto mais características um local oferecer para a sua

memorização, mais fácil será lembrado no processo de criação de um mapa mental,

facilitando a navegação. (FOLTZ, 1998).

Diretriz 5 – Fornecer características visuais distintas para cada região

Para auxiliar a busca informacional, um local pode ser subdivido em regiões

com características próprias para auxiliar o wayfinding. Regiões são geralmente

caracterizadas pelos elementos que as constituem, podendo ser por aparência

física, função ou uso. Uma região deve ser visualmente diferente e deve também ser

caracterizada como um limite que funcionará como um agrupador de materiais e

delimitador de uma área. A divisão e agrupamento das mais distintas coleções de

uma biblioteca podem ser tidos como regiões.

Diretriz 6 – Fazer uso de um marco ou ponto de referência para auxiliar o

usuário a situar-se no espaço

A função dos marcos pode ser dividida em duas, sendo a primeira para a

orientação espacial: ao passar por um marco a pessoa poderá utiliza-lo para saber

de onde veio e onde está no momento atual, assim, situando-se no espaço. Sua

segunda função diz respeito a memorização, que contribuirá para a criação de um

mapa mental e será usado como referência no processo de encontrabilidade da

informação.

No que se diz respeito a um ambiente informacional digital, a ideia ainda

consiste em deixar o usuário sempre o mais orientado o possível. Desse modo,

diretrizes foram desenvolvidas para auxiliar na estruturação de ambientes digitais

que favoreçam a encontrabilidade da informação, fazendo uso de wayfinding. No

34

Quadro 2 que segue são apresentadas as diretrizes e os autores utilizados como

referência para a elaboração das mesmas:

Quadro 2 - Diretrizes de wayfinding para ambientes informacionais digitais

Diretrizes Autores

1. Criar um ambiente que permita a encontrabilidade da informação tanto por meio do mecanismo de busca como pelo sistema de descoberta acidental de informação.

Morville (2005); Lynch e Horton (2009)

2. Oferecer recursos que permitam que o usuário situe-se no site e sempre saiba onde está exatamente.

Lynch e Horton (2009)

3. Apresentar um layout objetivo e que não confunda o usuário.

Lynch e Horton (2009)

4. Criar uma identidade para cada ambiente do site.

Lynch e Horton (2009)

5. Dispor informações para que o usuário consiga saber que achou o que realmente estava querendo encontrar.

Morville (2005); Lynch e Horton (2009)

Fonte: Autoria própria (2015)

As diretrizes de wayfinding específicas para ambientes informacionais

analógicos e digitais elaboradas com base nos autores citados e apresentadas nos

Quadros 1 e 2 forneceram subsídios para a análise cujos resultados são

apresentados na próxima seção. Desse modo, essas diretrizes se constituíram como

um instrumento de coleta de dados.

35

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Como já abordado no trabalho, pudemos observar que os conceitos acerca de

wayfinding podem ser aplicados nas mais diversas áreas e ambientes. Sendo assim,

para dar continuidade à pesquisa, investigaremos a influência de wayfinding na

escontrabilidade da informação no ambiente de uma biblioteca como ambiente

informacional analógico e de um catálogo como ambiente informacional digital.

5.1 Elementos de wayfinding na BCZM

Nesta subseção, apresentamos os elementos de wayfinding presentes na

Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM) a partir de imagens registradas durante

visita ao local. A análise foi realizada a partir das diretrizes apresentadas no Quadro

1 da seção 4.2 deste trabalho.

Diretriz 1 – Disponibilizar um mapa bem estruturado do local

A Figura 12 apresenta a imagem do saguão da BCZM:

Figura 13 – Saguão de entrada da BCZM.

Fonte: Autoria própria (2015)

36

Na Figura 12, temos o saguão de entrada da biblioteca. Pode ser vista uma

grande placa indicando onde estão localizados os seus setores. Apesar de

disponibilizar esta informação inicial, ainda existe a ausência de um mapa de “você

está aqui”, que exerceria a função de situar o individuo no ambiente e indicar

possíveis rotas. Sendo assim, entendemos que a primeira diretriz não é

efetivamente satisfeita.

Diretriz 2 – Estruturar as rotas de forma que auxiliem a navegação e busca

A Figura 13 apresenta as rotas da BCZM:

Figura 14 – Rotas da BCZM

Fonte: Autoria própria (2015)

As rotas nos oferecem sempre uma visão ampla do local, além de sempre

mostrar o início e o fim do caminho, assim como mostrado na Figura 13. Em meio ao

percurso, podemos observar a presença de várias escadas que nos levam à um

37

mesmo canto, mas neste caso elas parecem não confundir o usuário, apenas agiliza

o processo de navegação para alguns.

Diretriz 3 – Oferecer sinalizações ou pistas (affordances) para auxiliar na

tomada de decisão e na navegação

A Figura 14 apresenta alguns locais considerados mal sinalizados, onde não

constam informações sobre as coleções (caso das estantes) ou não apresentam a

direção dos locais indicados (caso da placa):

Figura 15 – Locais mal sinalizados

Fonte: Autoria própria (2015)

Na figura 15, temos algumas fotos que fazem parte e representam os vários

lugares da BCZM que apresentam uma boa sinalização:

38

Figura 16 – Locais bem sinalizados

Fonte: Autoria própria (2015)

Com base no que pôde ser visto, a biblioteca dispõe de várias sinalizações e

pistas. Cada piso do setor de circulação conta com um cartaz informativo sobre o

ambiente. Apesar de existirem siais de pista (placas, indicações de caminho ou

informações pertinentes) na maioria das partes e dos pontos nodais, há ausência

destes em algumas coleções, como a coleção de referência e o setor de coleções

especiais. Algumas pistas apresentadas se tornam confusas e não indicam o

caminho ao certo. Existem setores sem uma placa que os denomine.

Diretriz 4 – Criar uma identidade para cada espaço, diferenciando-o dos outros

Cada ambiente da biblioteca apresenta uma forma distinta. O modo como ela

se organiza (prédio antigo e anexo) acaba oferecendo características a cada

espaço, a forma como os móveis são dispostos também servem para caracterizar e

traz uma identidade para o ambiente. Alterações de luminosidade, cheiro e

temperatura acabam entrando nesta diretriz. Apesar de muitas vezes não ser algo

planejado, acaba por dar certo.

39

Diretriz 5 – Fornecer características visuais distintas para cada região

A Figura 15 apresenta a diferenciação dos distritos na BCZM:

Figura 17 – Diferenciação dos Distritos

Fonte: Autoria própria (2015)

Dentro da biblioteca existem vários setores e várias coleções. A distinção

desses setores acabam ocorrendo de forma natural ou acidental na maioria das

vezes. Como percebemos na Figura 15, a forma de armazenamento do material,

suas características físicas e o ambiente em que se localizam criam uma forma de

agrupamento, onde é perceptível que cada local nos oferece um tipo de material em

especial.

40

Dentro desta diretriz podemos observar cada coleção analisada e suas

características, conforme Quadro 3 que segue:

Quadro 3 – Características das coleções

COLEÇÃO CARACTERÍSTICAS

MONOG/TESE/DISSERT

Mesma encadernação;

aparentam ter o mesmo

tamanho e espessuras

parecidas; são materiais de

caráter simples e poucos

detalhes em sua capa; as

estantes em que são

armazenados são grandes e

aparentam ser antigas,

apresentam detalhes em

madeira, assim como as do

desbaste, mas não

apresentam informações

sobre a localização do

material.

Fonte: Autoria própria

(2015)

CIRC

Materiais bem distintos uns

dos outros; estantes de aço

com prateleiras duplas e de

cor cinza (igual à coleção de

referência); Grande

quantidade de um mesmo

material na estante. Fonte: Autoria própria

(2015)

DESBASTE

Materiais que aparentam ser

mais velhos, com páginas

amarelas e com alguns

danos superficiais;

caracterizado primariamente

por uma fita vermelha, que

todos os materiais do

desbaste devem ter;

estantes antigas com

laterais de madeira e com

informações sobre assunto e

número de chamada do

material.

Fonte: Autoria própria

(2015)

41

PER

Um dos que mais se difere

das outras coleções, pois

está armazenado em

estantes deslizantes; forma

de armazenamento nas

prateleiras é peculiar;

materiais são bem

parecidos; são agrupados e

armazenados em caixas.

Fonte: Autoria própria

(2015)

PRN/ZILA

Está localizada no setor de

coleções especiais e fica

dentro de uma sala fechada,

que só pode ser acessada

com permissão dos

responsáveis pelo setor.

Fonte: Autoria própria

(2015)

REF

Grande quantidade de

materiais parecidos

(dicionários e enciclopédias);

organizados nas mesmas

estantes presentes na CIRC;

quantidade pequena de

materiais. Fonte: Autoria própria

(2015)

OR

Situa-se numa sala dentro

do setor de circulação; livros

armazenados na horizontal,

para contribuir com sua

preservação e conservação;

materiais bem antigos e de

características bem distintas.

Fonte: Silva (2013)

42

MULTI

Sala dentro do setor de

coleções especiais; acervo

constituído por materiais em

suportes como CDs, DVDs e

outros materiais que não

sejam em papel; Local

pequeno e com estantes

também pequenas; Forma

peculiar de armazenamento.

Fonte: Autoria própria

(2015)

Fonte: Autoria própria (2015)

Diretriz 6 – Fazer uso de um marco ou ponto de referência para auxiliar o

usuário a situar-se no espaço

A utilização de marcos dentro do acervo da BCZM não pôde ser percebida, se

um marco não pôde ser localizado, então ele não está exercendo a sua função,

sendo assim, não há presença de marcos que sirvam como ponto de referência para

o usuário se situar no espaço, o que pode dificultar a elaboração de um mapa

mental da referida biblioteca.

Num primeiro momento, achou-se que a tapeçaria presente na escadaria do

prédio anexo da BCZM fosse um tipo de marco, mas após ver que apesar de ser

uma grande estrutura que capta atenção, ela não serve como ponto de referência

quando se está a distancia, até mesmo porque fica localizada na escada, isto acaba

a deixando para trás.

Figura 18 – Tapeçarias

Fonte: Autoria própria (2015)

43

5.2 Elementos de wayfinding no catálogo online do SIGAA

Nesta subseção, apresentamos os elementos de wayfinding presentes no

catálogo online do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA)

a partir de prints de telas registrados durante o acesso ao ambiente. A análise foi

realizada a partir das diretrizes apresentadas no Quadro 2 da seção 4.2 deste

trabalho.

Diretriz 1 – Criar um ambiente que permita a encontrabilidade da informação

tanto por meio do mecanismo de busca como pelo sistema de descoberta

acidental de informação

Levando em conta a primeira diretriz, o catálogo não apresenta uma estrutura

que permita encontrar a informação de por meio de sistema de descoberta, como

recomendações e filtros, pois o mesmo se limita apenas a buscas por dados

derivados da catalogação e indexação, conforme Figura 16 que segue:

44

Figura 19 – Tela de busca do catálogo online do SIGAA

Fonte: Adaptado de SIGAA (2015)

Apesar a ausência do sistema de descoberta, que é caracterizado pela

navegação dinâmica no site, onde o usuário pode optar por clicar em opções

referentes ao assunto, área, setor de um determinado material, o que permite a

descoberta acidental da informação, o catálogo tem um ponto forte no que se refere

às possibilidades de pesquisa, fornecendo quatro tipos de busca e vários campos

que podem ser preenchidos para auxiliar neste processo.

Diretriz 2 – Oferecer recursos que permitam que o usuário situe-se no site e

sempre saiba onde está exatamente

O catálogo não falha em informar ao usuário onde ele está situado no

momento, conforme pode ser observado na Figura 16. É visível que se está na

Busca Multi Campo, estando assim de acordo com a segunda diretriz.

A Figura 17 apresenta tela com resultados de pesquisa:

45

Figura 20 – Resultados da busca e informações sobre os ícones

Fonte: Autoria própria (2015)

Outro fator que auxilia na orientação do usuário é o fato dos campos de busca

permanecerem na página mesmo após a realização da pesquisa, como pode ser

observado na Figura 17. Isso permite que o indivíduo realize outra busca

rapidamente, caso o resultado não seja satisfatório.

Diretriz 3 – Apresentar um layout objetivo e que não confunda o usuário

A princípio o layout do SIGAA apresenta várias opões e caminhos que podem

ser seguidos, mas ao entrar na busca de material no acervo, a estruturação do

46

design do site fica com uma estrutura bem mais limpa e objetiva, sendo assim o

catálogo também está de acordo com a terceira diretriz.

Diretriz 4 – Criar uma identidade para cada ambiente do site

Considerando as Figuras 16, 17 e 18, podemos observar que o sistema

consegue dar características, mesmo que mínimas, a cada ambiente. Na página

inicial é apresentado um leiaute, na sessão de busca temos outro e no momento que

visualizamos os detalhes de um determinado material da busca, nos é apresentado

outro.

Diretriz 5 – Dispor informações para que o usuário consiga saber que achou o

que realmente estava querendo encontrar

A Figura 18 apresenta a tela que apresenta o registro de um recurso

informacional:

Figura 21 – Registro de um recurso informacional

Fonte: SIGAA (2015)

47

Na Figura 18 existe a apresentação de metadados que descrevem o material,

ajudando assim na sua identificação e proporcionando informações pertinentes aos

usuários no momento da busca.

Ainda a respeito dessa figura, recursos que facilitam a navegação podem ser

observados. Por exemplo, a opção “voltar à tela de busca” serve como um marco e

nos leva de volta para onde estávamos. Há também a possibilidade de ver o

detalhamento de todos os recursos recuperados na busca por meio da navegação

entre os registros. Como pôde ser visto, o ambiente está também de acordo com a

quinta diretriz.

5.3 Sugestões para melhorias

Diante de todos os pontos analisados, podemos propor uma série de

melhorias para os ambientes observados, visando à otimização de wayfinding e,

consequentemente, da encontrabilidade da informação.

O Quadro 4 apresenta as melhorias sugeridas para o ambiente da BCZM:

Quadro 4 – Sugestões de melhorias de wayfinding para a BCZM

Diretriz O que pode melhorar?

1 Criar um mapa de “você está aqui” para ajudar o usuário a situar-se no espaço, não dependendo apenas das placas e sinalizações.

3

Criar sinalizações mais eficazes, com fontes maiores e mais perceptíveis aos olhos dos usuários; acrescentar indicações de caminho nas placas que não possuem; sinalizar melhor alguns ambientes, como o da coleção de referência e coleções especiais.

4

O prédio antigo apresenta características próprias, mas os ambientes dentro do anexo parecem ser todos iguais. Deve-se fazer uso de recursos que diferenciem, mas que não os despadronize. Como quadros nas paredes, posicionamento de móveis de formas diferentes ou alteração das cores das paredes, até mesmo textura ajudaria.

6

Criar um ponto de referência dentro da biblioteca, podendo ser uma estátua ou o próprio mapa da biblioteca sugerido na Diretriz 1, já que a biblioteca apresenta mais de um piso e mais de um prédio, o ideal seria criar um ponto de referência para cada prédio.

Fonte: Autoria própria (2015)

O Quadro 4 apresenta as melhorias sugeridas para o catálogo online do

SIGAA:

48

Quadro 5 – Sugestões de melhorias de wayfinding para o catálogo do SIGAA

Diretriz O que pode melhorar?

1

Criação de mais recursos que permitam a descoberta acidental da informação, dando a opção de busca por área do conhecimento, com assuntos subordinados que permitam que o usuário consiga navegar de forma exploratória; indicar bases de pesquisa sobre o tema e sugerir livros com assunto relacionado.

2 Fazer uso de uma trilha de navegação, principalmente caso a ideia da navegação exploratória for implantada, fará com que o usuário tenha como se situar no ambiente.

3 Retirar recursos que venham a ser desnecessários ou que não estejam sendo usados pelos usuários, mas para isso é necessário uma pesquisa, para saber quais os mecanismos menos utilizados.

Fonte: Autoria própria (2015)

Essas melhorias, caso implementadas, decerto contribuirão para a orientação

espacial dos usuários e favorecerão a encontrabilidade da informação. As diretrizes

e sugestões também podem ser direcionadas para outras bibliotecas universitárias e

catálogos online.

49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da pesquisa, buscou-se explicar e relacionar os conceitos de

wayfinding e encontrabilidade da informação, demonstrando de que modo eles

podem ser aplicados em ambientes informacionais analógicos e digitais.

Observamos que elementos de orientação espacial influenciam diretamente na

busca e na navegação, o que demonstra a importância de novas pesquisas na área

da ciência da informação relacionadas a essas temáticas.

Nesta pesquisa, foi utilizada a concepção de Morville (2005) de que

wayfinding é parte constituinte do processo de encontrabilidade da informação. Com

auxílio dos subsídios teóricos da pesquisa, foi possível criar diretrizes de wayfinding

específicas para ambientes informacionais analógicos e digitais, favorecendo a

análise da BCZM e do Catálogo do SIGAA. Constatamos que os elementos da

orientação espacial estão presentes neste ambiente, porém precisam de melhorias.

Vale salientar que houve dificuldades de se encontrar estudos sobre

encontrabilidade da informação e Wayfinding, com ênfase na Ciência da Informação,

tornando esta pesquisa pioneira a se aprofundar na união dos temas e no

estabelecimento de uma relação entre eles.

Para a coleta de dados foi utilizada a técnica de observação, contribuindo

para uma análise cuidadosa dos ambientes, visando identificar todos os elementos

presentes, os quais se tornam pertinentes para o wayfinding.

Como resposta ao problema de pesquisa do trabalho, podemos observar que

os fatores que influenciam no wayfinding estão por toda parte, além de que uma boa

organização e sinalização do espaço evita transtornos durante a navegação. A

orientação espacial torna-se um grande aliado na busca informacional, no momento

que ele torna um objeto, informação ou local mais encontrável, exercendo grande

influência na jornada de um indivíduo dentro de um ambiente informacional.

Existem alguns fatores que acabam influenciando a facilidade com que o

usuário age e sabe se localizar nos dois ambientes. Atualmente as pessoas tem

mais acesso à internet e os websites são todos organizados em layouts parecidos, o

que deixa o usuário mais familiarizado a realizar pesquisas informacionais nesses

ambientes. Em contraponto, não são todas as cidades que apresentam uma boa

quantidade de bibliotecas grande, sendo o primeiro contato de algumas pessoas no

momento em que entram na universidade e se veem na situação de buscar um

50

material. Aos olhos da pesquisa, este é um fator que torna o ambiente físico mais

problemático que o virtual.

Após a observação dos ambientes, algumas sugestões foram propostas. Por

se tratar de ambientes de busca informacional, eles já contam com muitas pistas e

avisos que auxiliam na encontrabilidade da informação, restando apenas alguns

pontos em que se deve dar grande atenção.

Inferimos que muitas bibliotecas e catálogos não são estruturados pensando

no wayfinding em si, mas sim em uma vaga ideia de orientação espacial, tendo em

vista que a maioria das características atribuídas aos ambientes são feitas de modo

“acidental”.

Por fim, o estudo demonstra a clara relevância do wayfinding para a

estruturação de locais de âmbito informacional analógico ou digital e sua influência

no processo de encontrabilidade da informação.

Fica clara também a importância destes temas para ciência da informação,

sendo uma área de pesquisa que necessita ser mais explorada, onde novas ideias

precisam ser descobertas e postas em prática, tudo para a melhoria dos ambientes

informacionais, para os usuários que utilizam a informação disponibilizada e também

para os profissionais que neles atuam.

51

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