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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Desenvolvimento biotecnológico de uma emulsão de uso tópico a base de óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw) LUCAS AMARAL MACHADO Natal-RN

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRO-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Desenvolvimento biotecnológico de uma emulsão de uso tópico a base de

óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw)

LUCAS AMARAL MACHADO

Natal-RN

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LUCAS AMARAL MACHADO

Desenvolvimento biotecnológico de uma emulsão de uso tópico a base de

óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw)

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte como requisito

para obtenção do título de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates Tabosa de Egito

Co-orientador: Prof. Dr. Arnóbio Antônio da Silva Júnior

Natal-RN

2015

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“Há homens que lutam um dia e são bons.

Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muito bons.

Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis”

(Bertolt Brecht)

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Dedico este trabalho:

Ao meu pai e ao meu irmão que em vida sonharam o meu

sonho ao meu lado, mas que hoje o realizam junto

comigo, na minha memória e em meu coração, dando-me

força, abençoando meus passos e sorrindo com as

vitórias que não são só minhas, mas nossas.

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AGRADECIMENTOS

Em mais esta etapa de vida, várias pessoas foram essenciais para que eu

chegasse até esta fase do meu mestrado, e a elas eu presto meus

agradecimentos.

Agradeço à minha mãe, Ereni, pelo apoio e fé sempre depositados em mim

e nos meus sonhos.

À minha irmã, Paola, pelo importante papel que tem na minha vida.

À minha sobrinha Gabriela pela felicidade que me trouxe e por se tornar a

razão da minha vida.

Aos amigos Giovani Kolling, Roberta Timm, Alice Lüdtke, Rodolpho Brito

pelos momentos de conversas, conselhos e alegrias.

Aos que fazem parte do Laboratório de Sistemas Dispersos, especialmente

a Cybelle, Sarah, Rosilene e Christian Assunção e demais que compartilham

alegrias e conhecimentos no dia-a-dia.

Aos amigos e companheiros de equipe, Éverton, Andreza, Renata, Teresa,

Christian e Júnior Xavier pelo apoio em todos os momentos enfrentados no

desenvolver deste trabalho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Eryvaldo Sócrates pelos conhecimentos,

correções e suporte financeiro em aquisição de materiais necessários.

Ao Prof. Dr. Arnóbio Antônio, meu co-orientador, pelo apoio, disponibilidade

e correções.

Não menos importante, agradeço a CAPES pela bolsa concedida e CNPq

pelo financiamento de alguns matérias do projeto.

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RESUMO

A pele é um dos maiores órgãos do corpo humano e representa cerca de

16% do peso corporal. A proteção do corpo frente a microrganismos do meio

externo é uma das suas mais importantes funções, devendo, a pele, manter-se

íntegra para que esta função seja exercida, de modo que, quando há uma lesão

na mesma, o processo de reestruturação necessita ser iniciado, podendo, ainda,

ser comprometido devido a algumas patologias, justificando ainda mais a

necessidade do desenvolvimento de produtos de uso tópico que favoreçam ou

mesmo acelerem a cicatrização da pele. Assim, o objetivo deste estudo foi extrair

e desenvolver uma emulsão adequada para uso tópico a base de óleo de rã-

touro. Duas amostras de óleo fora obtidas por diferentes métodos. As amostras

foram fisioquimicamente caracterizadas e seus compostos identificados através

de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM). O

equilíbrio hidrifílico-lipofílico requerido (EHLr) do óleo de rã-touro foi determinado

e em seguida um diagrama de fases construído. A estabilidade da emulsão de

uso tópico foi determinada. A análise de citotoxicidade do óleo de rã-touro in

natura e na emulsão de uso tópico foi realizada através do ensaio de MTT,

utilizando linhagem de fibroblastos normais (3T3) e de melanoma (B16F10). O

rendimento da extração a quente foi de 60,6%. Os principais compostos

insaturados foram o ácido eicosapentaenóico (17,6%) e ácido araquidônico

(8,4%). O estudo de EHLr demonstrou a presença de sistemas estáveis com EHL

entre 12 e 13,5 e o diagrama de fases revelou a predominância de sistemas

caracterizados como emulsão (62%). A emulsão tópica apresentou tamanho de

gotícula igual a 390 nm, polidispersão de 0,05, potencial zeta -25 mV e manteve-

se estável durante os 90 dias avaliados. O óleo de rã-touro e a emulsão tópica

não apresentaram citotoxicidade frente à linhagem de células 3T3. No entanto,

inviabilizaram (p > 0,05) o crescimento das células B16F10. Em conclusão, o óleo

de rã-touro apresenta características químicas desejáveis para o desenvolvimento

de sistemas terapêuticos de uso farmacêutico e/ou cosmético.

Palavras chaves: Óleo de rã-touro, Rana catesbeiana Shaw. Emulsão, EHL,

diagrama de fases, citotoxicidade.

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ABSTRACT

The skin is one of the largest organs of the human body and accounts for about

16% of body weight. The body protection against the external environment

microorganisms is one of its most important functions, however is necessary that

the skin remain intact for this function be exercised, so that when there is an injury

on the skin, the process of restructuring needs to be starts, however this

restructuration may also be compromised due to some diseases, justifying even

more the need for the development of topical products that promote or accelerate

the skin healing. Thus the aim of this study was to extract bullfrog oil and to

develop a suitable topical emulsion. Two different oil samples were extracted by

hot or organic solvent process. Titration techniques and gas chromatography-

mass spectrometry were used to characterize the bullfrog oil. The required

hydrophile-lipophile balance (HLBr) of bullfrog oil was determined and a pseudo-

ternary phase diagram was constructed. The stability of the topical emulsion was

evaluated. Then, cellular viability was determined by MTT assay using normal

fibroblasts (3T3) and melanoma (B16F10) cells lines. The hot extraction yield was

60.6%. The major polyunsaturated compounds found were Eicosapentaenoic acid

(17.6%) and Arachidonic acid (8.4%). HLBr study demonstrated the presence of

stable systems with HLB ranging from 12.1 to 13.5 and the pseudo-ternary phase

diagram showed mainly emulsion systems (62%). Topical emulsion showed 390

nm, polydispersity 0.05, zeta potential -25 mV and remained stable for ninety

days. The bullfrog oil and topical emulsion did not showed citotoxicity in normal

fibroblasts cells. However, these systems showed significantly inhibition of

melanoma cells growth. In conclusion, the bullfrog oil presented desirable

chemical characteristics required to be used for the development of a

pharmaceutical and cosmetic products.

Keywords: Bullfrog oil; Rana catesbeiana Shaw; Emulsion; HLB, pseudo-ternary

phase diagram, Citotoxicity.

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LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS

EPA Ácido eicosapentaenoico

DHA Ácido docosapentaenóico

AA Ácido araquidônico

A/O Água em óleo

O/A Óleo em água

A/O/A Água em óleo em água

O/A/O Óleo em água em óleo

EHL Equilíbrio hidrofílico-lipofílico

EHLr Equilíbrio hidrofílico-lipofílico requerido

® Registrado

DMSO Dimetilsufoxido

DMEM Dulbecco's Modified Eagle Medium

SFB Soro fetal bovino

ATCC American Type Culture Collection

BOH Amostra de óleo de rã-touro obtida por extração a quente

BOHx Amostra de óleo de rã-touro obtida por extração com solvente

orgânico

USP Untited States Pharmacopeia

IA Índice de acidez

IS Índice de saponificação

II Índice de iodo

IP Índice de peróxido

CG-EM Cromatografia gasosa acoplada a detector de espectrometria de

massa

°C Graus célsius

°C.min-1 Graus célsius por minuto

eV Electron-volts

mL.min-1 Mililitro por minuto

BSTFA N,O-bis(trimethylsilyl)trifluoroacetamide

µL Microlitro

r.p.m Rotações por minute

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% Por cento

DLS Dynamic light scattering

PdI Polidispersão

NaCl Cloreto de sódio

mM Milimolar

µg/mL Micrograma por mililitro

mg/mL Miligrama por mililitro

Nm Nanometro

ANOVA Análise de variança

Mg Miligrama

KOH/g Hidróxido de potássio por grama

mEq Miliequivalente

DP Desvio padrão

S/cm Siemens por centímetro

SF Separação de fases

mV

v/v

Milivolts

Volume/volume

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- a. Corte histológico da pele apresentando as três camadas

e estruturas anexas. b. a epiderme, os monócitos basais e

os vasos sanguíneos na derme.

18

Figura 2- Rã-Touro (Rana catesbeiana Shaw). 19

Figura 3- Esquema dos diferentes tipos de emulsão, O/A (A), A/O

(B), A/O/A (C) e O/A/O (D).

23

Figura 4- Parâmetros físico-químicos resultantes das análises do

óleo de rã-touro. Índice de acidez (mg de KOH/g de óleo);

Índice de saponificação (mg KOH/g de óleo); Índice de iodo

(mEq de oxigênio ativo/ 1000 g de óleo).

38

Figura 5- Diagrama de fases pseudoternário do oleo de rã-touro

produzido com EHLr 12,1. Preto (separação de fases),

cinza escuro (microemulsão), cinza médio (gel), cinza claro

(nanoemulsão), branco (emulsão).

44

Figura 6- Tamanho de gotícula e pH da emulsão básica e da

emulsão tópica durante 90 dias de análise. A: tamanho de

gotícula; B: análise de pH.

46

Figura 7- Viabilidade celular da emulsão tópica e do óleo de rã-touro

em três concentrações destas amostras. A: viabilidade

celular da linhagem 3T3; B: viabilidade celular da linhagem

B16F10.

49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ácidos graxos presentes no óleo extraído do tecido adiposo

da rã-touro

21

Tabela 2- Composição da emulsão tópica

32

Tabela 3- Caracterização química por GC-EM do óleo de rã-touro

obtido pelo processo de extração a quente (BOH)

39

Tabela 4- Caracterização do primeiro lote dos sistemas emulsionados

a base de óleo de rã-touro para determinação do EHLr após

60 dias de análise a 25 °C

41

Tabela 5- Caracterização do segundo lote dos sistemas emulsionados

a base de óleo de rã-touro para determinação do EHLr após

60 dias de análise a 25 °C

43

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 14

2. REVISÃO DA LITERATURA 17

2.1. A PELE 17

2.2. RÃ-TOURO (Rana catesbeiana Shaw) 18

2.2.1. O uso terapêutico do óleo de rã-touro 20

2.3. SISTEMAS EMULSIONADOS A BASE DE ÓLEOS NATURAIS 23

3. OBJETIVOS 27

3.1. OBJETIVO GERAL 27

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 27

4. MATERIAIS E MÉTODOS 29

4.1. MATERIAIS 29

4.1.1. Substâncias químicas e Material biológico 29

4.2. MÉTODOS 29

4.2.1. Extração do óleo de rã-touro 29

4.2.2. Análise da composição físico-química dos óleos 30

4.2.3. Caracterização química do óleo de rã-touro 30

4.2.4. Estudo do equilíbrio hidrofílico-lipofílico requerido (EHLr) 31

4.2.5. Construção do diagrama de fases pseudoternário 31

4.2.6. Desenvolvimento da emulsão tópica a base de óleo de rã-touro 32

4.2.7. Caracterização dos sistemas 33

4.2.7.1. Aspectos macroscópicos 33

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4.2.7.2. Avaliação de pH e condutividade elétrica 33

4.2.7.3. Análise de distribuição de tamanho de gotícula e potencial zeta 33

4.2.8. Estudo de estabilidade das emulsões 34

4.2.8.1. Técnica de microemultócrito (estabilidade a curto prazo) 34

4.2.8.2. Ciclos gelo/degelo 34

4.2.8.3. Resistência centrífuga 34

4.2.9. Estudo de citotoxicidade 34

4.2.10. Análises estatísticas 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 37

5.1. EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE RÃ-

TOURO 37

5.2. DETERMINAÇÃO DO EHLR DO ÓLEO DE RÃ-TOURO 40

5.3. CONSTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES PSEUDOTERNÁRIO 44

5.4. DESENVOLVIMENTO DA EMULSÃO TÓPICA DE ÓLEO DE RÃ-TOURO

45

5.5. ENSAIO DE CITOTOXICIDADE 47

6. CONCLUSÕES 51

7. PERSPECTIVAS 53

8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA 55

9. REFERÊNCIAS 58

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

A pele é o maior órgão do corpo humano e corresponde a

aproximadamente 16% do peso corporal. Este órgão é composto por três

camadas, a epiderme, derme e hipoderme, organizadas, respectivamente, da

camada mais externa para a mais interna, e possui funções sensoriais,

metabólicas, termorreguladora e protetora (Albuquerque, 2005; Candi, Schmidt et

al., 2005; Abbas, Lichtman et al., 2008; Cevc e Vierl, 2010).

As lesões sobre a pele são frequentes devidas a exposição deste órgão ao

meio externo (Santos, Vieira et al., 2009). Adicionalmente, estas lesões

promovem uma maior suscetibilidade do organismo de contrair infecções

causadas por microrganismos (Abbas, Lichtman et al., 2008), o que justifica a

necessidade de desenvolvimento de produtos que sejam biocompatíveis, atóxicos

e que possuam componentes que ajudem a manter a integridade física da

mesma, preferencialmente através da utilização de tecnologias que não agridam o

meio ambiente, o que projeta a utilização de recursos naturais como principal

fonte para o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos em função da sua

biocompatibilidade.

Neste contexto o uso de materiais de fontes naturais na medicina faz parte

da história da civilização, havendo grande destaque de seu uso na cultura de

diversos países (Gomes, Rezende et al., 2007). Assim, baseado nos

conhecimentos da medicina popular, o interesse por parte das indústrias e

pesquisadores, tendo como fonte de estudo os ativos naturais, no

desenvolvimento de novos produtos terapêuticos, tem se tornado uma prática

bastante comum, visto que a partir do isolamento de novas substâncias

terapêuticas e a comprovação da sua ação biológica, é possível a realização do

incremento do arsenal farmacoterapêutico de diversas patologias (Paiva, Rao et

al., 1998; Paiva, Gurgel et al., 2004; Viegas Jr, Bolzanii et al., 2006; Mendonça e

Onofre, 2009).

Os óleos de origem vegetal e animal são amplamente utilizados na

medicina popular em terapias de distúrbios de caráter imunológico e inflamatório,

atividades estas sugeridas através de estudos que atribuem estas funções à

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presença de metabólitos secundários e ácidos graxos (Yaqoob, 1998; Roland,

Piel et al., 2003).

Os óleos naturais apresentam vantagens tais como: baixa toxicidade, alta

biodegradabilidade, presença de substâncias com propriedades farmacológicas e

capacidade de apresentarem-se como uma fonte renovável (Roland, Piel et al.,

2003) e o seu emprego na terapêutica representa uma nova alternativa no

tratamento de diversas doenças (Manhezi, Bachion et al., 2008). Dentre estes

óleos, é possível destacar o óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw) que tem

seu uso relatado, conforme estudos preliminares, para o tratamento de asma,

doenças infecciosas, na cicatrização de feridas e como antibiofilme (Lopes, 2003;

Lopes, T.N.C. et al., 2012; Alencar, Xavier et al., 2015).

O óleo de rã-touro é extraído do tecido adiposo deste anfíbio, o qual é

obtido de indústrias alimentícias que realizam o beneficiamento apenas de sua

carne em virtude da benéfica composição nutricional, descartando este tecido

graxo da mesma. Este óleo é empregado em algumas terapias de caráter

imunológico e anti-inflamatório devido à presença de ácidos graxos essenciais,

especificadamente os ômegas, ácidos graxos responsáveis por suas atividades

farmacológicas (Lopes, 2003; Gonçalves e Otta, 2008).

Com o objetivo de minimizar ou mesmo mascarar características

organolépticas desagradáveis, assim como promover uma melhora das

características físico-químicas e biofarmacêuticas do óleo de rã-touro, surgem as

emulsões, as quais são sistemas dispersos coloidais formados por fases

imiscíveis, em que uma fase está dispersa no interior da outra na forma de

gotículas estabilizadas por tensoativos (Bibette, Calderon et al., 1999).

As características deste sistema, relacionadas ao óleo de rã-touro,

sugerem que, através da utilização deste como fase interna da emulsão, é

possível minimizar seu odor, motivo da pouca adesão ao tratamento para diversos

medicamentos. Ainda, através da utilização de adjuvantes pode ser

potencializado seu efeito terapêutico permitindo um aumento da permeabilidade

cutânea e hidratação da pele, promovendo uma melhora das características

biofarmacêuticas deste óleo, já que a pouca espalhabilidade e baixa permeação

cutânea do mesmo na forma in natura são suas principais desvantagens (Bibette,

Calderon et al., 1999; Lopes, T.N.C. et al., 2010).

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2. REVISÃO DA LITERATURA

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. A PELE

A pele é formada por três camadas, a epiderme, derma e a hipoderme

(Figura 1), de modo que a integridade destas promove ao ser humano uma

proteção contra agentes infecciosos existentes no meio externo (Candi, Schmidt

et al., 2005). A epiderme, camada mais externa da pele, é formada principalmente

por queratinócitos, melanócitos e células do sistema imune, e pode ser

subdividida em camadas de acordo com o grau de maturação dos queratinócitos

(Candi, Schmidt et al., 2005; Cevc e Vierl, 2010). A segunda camada da pele é a

derme, esta camada possui em sua composição o colágeno, fibroblastos, células

dendríticas e histócitos, bem como vasos sanguíneos, vasos linfáticos e

terminações sensoriais. Por último, tem-se a hipoderme, nesta camada fica

armazenada a reserva de tecido adiposo, de tal forma que a sua constituição

principal são os adipócitos (Lai-Cheong e Mcgrath, 2009).

Os tipos de doenças e lesões que este órgão pode sofrer são diversos, de

modo que a utilização de produtos de uso tópico para seu tratamento é

mundialmente difundida. Além disso novos produtos capazes de penetrar pela

pele estão sendo desenvolvidos (Viegas Jr, Bolzanii et al., 2006).

Adicionalmente, a medicina popular sugere a utilização de diversos

compostos naturais com prováveis atividades terapêuticas, sendo a via tópica

citada como a principal via de administração para vários destes produtos (Lopes,

2003; Xavier, Silva et al., 2012; Alencar, Xavier et al., 2015). Dessa maneira o

conhecimento sobre a toxicidade que estes compostos podem causar é essencial,

visto que alguns autores relatam efeitos tóxicos sobre células renais, sanguíneas,

hepáticas e nervosas de diversos compostos naturais utilizados na medicina

popular (Paiva, Rao et al., 1998; Paiva, Gurgel et al., 2004; Alencar, Xavier et al.,

2015).

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Figura 1- a. Corte histológico da pele apresentando as três camadas e estruturas

anexas. b. a epiderme, os melanócitos basais e os vasos sanguíneos

na derme. (Fonte: LAI-CHEONG; MCGRATH, 2009).

2.2. RÃ-TOURO (Rana catesbeiana Shaw)

A rã-touro (Rana catesbeiana Shaw) (Figura 2) é um anfíbio nativo da

América do Norte e foi introduzido no Brasil na década de 30 através da

ranicultura. Este animal ectotérmico adaptou-se ao clima tropical, fator este que

influenciou o processo de reprodução com maior rapidez, assim como no ganho

de peso, gerando animais com massa superior às espécies nativas.

Taxonomicamente, este animal pertence ao Reino Metazoa, Filo Chordata,

Subfilo Craniata, Superclasse Gnathostomata, Classe Amphibia, Superordem

Ranidae, Ordem Anura, Subordem Neobatrachia, Superfamília Ranonidea,

Família Ranidae, Subfamília Raninae, Gênero Rana, Subgênero Aquarana

(Boelter e Cechin, 2007; Ficetola, Coic et al., 2007; National Center for

Biotechnology Information, 2014).

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Figura 2- Rã-Touro (Rana catesbeiana Shaw). (Fonte: GONÇALVES;

OTTA, 2008).

Morfologicamente, ambos os sexos da rã-touro são caracterizados pela

presença de corcovas sacrais proeminentes, dorso de cor verde, marrom ou cor

de oliva e machas largas, cabeça verde-clara, ventre branco ou acinzentado com

manchas, pernas com marchas esparsas ou contínuas, caixas acústicas

proeminentes e corpo sem dobras dorso-laterais. O que diferencia os sexos desta

espécie é a presença de garganta amarelada, caixas acústicas mais largas que

os olhos e polegares alargados nos machos (Coutinho, 2002).

A utilização da rã-touro vem aumentando nos ramos industriais, seja no

ramo alimentício, pela utilização de sua carne rica em conteúdo proteico, ou na

indústria do couro, pela utilização de sua pele para a produção de bolsas,

calçados e acessórios (Lopes, 2003). De toda forma, a medicina popular relata

ainda a aplicabilidade do óleo de rã-touro no tratamento de doenças inflamatórias,

assim como no tratamento de feridas para diminuição de quelóide, embora ainda

não haja efetivamente estudos que comprovem tais atividades (Lopes, 2003).

O tecido adiposo é a principal fonte para a obtenção do óleo de rã-touro, o

qual é normalmente rejeitado nos ranários. Este tecido ocupa cerca de 2% do

peso corporal da rã-touro, salvo variações sazonais e de habitat, e é composto

principalmente por triacilgliceróis, contudo, também são encontrados ácidos

graxos livres, carotenóides e colesterol (Brown, 1964). Estes lipídios são

resultantes das reservas nutricionais que estes animais produzem durante o verão

e que são utilizados no inverno em virtude do período de pré-hibernação, o qual

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ocorre com o intuito da rã resistir ao frio e fugir do congelamento (Fitzpatrick,

1976; Mendez, Sanhueza et al., 1998; Coutinho, 2002; Lopes, 2003).

Durante o outono é onde são encontrados os estoques máximos de

lipídios, enquanto que o mínimo é encontrado no início do verão. Isto acontece

devido os machos desta espécie reduzirem sua alimentação ou mesmo

suspender sua alimentação no outono, devido a baixa demanda de gasto de

energia do período, podendo assim aumentar a reserva existente, a qual será

utilizada para suas funções reprodutivas (Storer e Stebbins, 1998).

O tecido adiposo deste animal tem grande importância para o mesmo para

o seu desenvolvimento gonadal, de modo que a ausência deste tecido provoca

degeneração dos órgãos genitais, assim como a ausência de tecido adiposo em

fêmeas fecundadas aumenta o risco de que a mesma utilize seus ovos cheios de

vitelo para seu próprio sustento (Storer e Stebbins, 1998).

2.2.1. O uso terapêutico do óleo de rã-touro

O aproveitamento biotecnológico do tecido adiposo da rã-touro, com

finalidade científica, vem sendo amplamente estudado através dos efeitos que o

óleo extraído deste tecido possui (Lopes, T.N.C. et al., 2010; Alencar, Xavier et

al., 2015). Vários são os parâmetros utilizados para a obtenção deste óleo, dos

quais podem ser citados a utilização de solventes orgânicos e o uso de

aquecimento, havendo destaque para este último, principalmente sob

temperaturas medianas (aproximadamente 80 ºC), visto que o rendimento e as

características físico-químicas nestas temperaturas são melhores do que quando

utilizadas temperaturas elevadas (200ºC) ou baixas (35ºC) (Mendez, Sanhueza et

al., 1998; Lopes, T.N.C. et al., 2010).

Atualmente, a população do estado do Rio Grande do Norte no Brasil, tem

utilizado o óleo de rã-touro no tratamento de processos asmáticos, alérgicos e em

processos de regeneração cutânea (Lopes, T.N.C. et al., 2010).

Adicionalmente, alguns pesquisadores sugeriram que a atividade

cicatrizante poderia ser potencializada pelo uso da pele da rã-touro como um

curativo oclusivo e que esse uso estaria associado à presença de colágeno e

queratina neste tecido, assim como o aumento da proteção da região lesada, já

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que o mesmo tem sua aplicação favorecida em virtude de ser um componente

orgânico e de promover uma oclusão na região lesada (Lima, Cruz et al., 1999;

Velly, 2001). Contudo, estas pesquisas não demonstraram tanta eficácia do tecido

epitelial deste anfíbio na regeneração de tecidos humanos (Lopes, 2003)

Assim, seguindo os conhecimentos da medicina popular, outros estudos

buscaram determinar os componentes químicos presentes no óleo de rã-touro,

impulsionando as pesquisas a acreditar que a atividade regenerativa epitelial e a

atividade contra processos inflamatórios crônicos estão mais associadas ao uso

do óleo e não ao tecido epitelial do mesmo (Mendez, Sanhueza et al., 1998;

Lopes, 2003; Silva, Miyasaka et al., 2004; Lopes, T.N.C. et al., 2012). Na Tabela 1

é possível observar uma série de ácidos graxos que foram identificados em óleos

extraídos de rã.

Tabela 1: Ácidos graxos presentes no óleo extraído do tecido adiposo da

rã-touro.

Ácido graxo (%) (Mendez,

Sanhueza et

al., 1998)

(Silva,

Miyasaka et

al., 2004)

(Lopes, T.N.C.

et al., 2010)

Mirístico (14:0) 2,7 2,77 1,8

Palmítico (16:0) 18,1 11,91 18,5

Esteárico (18:0) 4,1 2,34 3,2

Oléico (18:1 n-9) 31,7 37,6 36,3

Linoléico (18:2 n-6) 12,9 23,78 25,0

Linolênico (18:3 n-3) 1,4 1,97 2,1

Palmitoleico (16:1 n-7) 8,0 17,0 9,4

Eicosapentaenóico-EPA (20:5 n-3) 1,5 0,46 -

Docosaexaenóico-DHA (22:6 n-3) 4,7 0,91 0,1

Araquidônico AA (20:4 n-6) - 0,74 0,6

Estes estudos verificaram a presença de ácido linoléico (ômega-6), de

ácido araquidônico (AA), ácido linolênico (ômega-3), bem como os ácidos graxos

de cadeias longas e insaturadas ativas da série ômega-3, ácido

eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosaexaenoico (DHA). Estes ácidos graxos,

especialmente o ácido linoléico e o ácido linolênico possuem grande importância

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na manutenção e higidez da pele devido as suas interações com o estrato córneo

através das ceramidas, reduzindo desidratação transepidérmica e mantendo a

integridade e elasticidade da pele (Belda e Pourchet-Campos, 1991).

Neste contexto, tem-se ainda o AA, DHA e EPA, os quais auxiliam na

atividade das enzimas, integridade e fluidez das membranas e estimulam a

síntese de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos, modificando reações de

caráter inflamatório e imunológico, alterando funções leucocitárias e acelerando o

processo de degranulação tecidual, atuando de forma similar a fármacos de

caráter anti-inflamatório (Kelley, 2001; Moreira, Curi et al., 2002; Jorge e Dantas,

2003).

Apesar do óleo de rã-touro apresentar-se como uma fonte promissora no

desenvolvimento de fármacos com capacidade regenerativa tecidual, a ausência

do conhecimento sobre a toxicidade deste composto para uso tópico, além de

suas características físicas e organolépticas apresentarem-se como

desvantagens para sua administração e aceitação pelos pacientes, são fatores

que impulsionam novos estudos com este óleo. Exemplos destas características

são a baixa espalhabilidade, o que torna dificultosa sua aplicação de forma

homogênea; a baixa absorção que por sua vez impede que o mesmo venha a agir

em determinadas regiões da pele tais como derme e hipoderme; bem como o

odor e a viscosidade, os quais promovem receio à administração, diminuindo a

adesão ao tratamento (Lopes, 2003).

Assim, o desenvolvimento de um sistema farmacêutico torna-se necessário

com a finalidade de ultrapassar estas desvantagens, o que, partindo-se do

pressuposto que o uso de um sistema emulsionado é capaz de aumentar a

estabilidade química do produto, mascarar o sabor e odor desagradável, otimizar

a biodisponibilidade da substância ativa e possui biocompatibilidade com a pele,

tornam o mesmo uma excelente alternativa na veiculação do óleo de rã-touro,

possibilitando a obtenção de um produto estável, adequado para uso tópico e de

fácil acesso à população.

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2.3. SISTEMAS EMULSIONADOS A BASE DE ÓLEOS NATURAIS

Emulsões são sistemas heterogêneos formados por uma fase aquosa e

outra oleosa, dispersas entre si na forma gotículas estabilizadas por tensoativos,

cujo tamanho pode variar de nanômetros à micrômetros (Roland, Piel et al., 2003;

Macedo, Fernandes et al., 2006). Estas gotículas são formadas por uma das

fases, a qual pode ou não possuir fármacos internalizados, e que se mantém

dispersa na outra fase. Os sistemas emulsionados apresentam-se geralmente

como óleo em água (O/A), água em óleo (A/O), podendo ainda, apresentar-se na

forma de emulsões múltiplas (O/A/O ou A/O/A) (Figura 3) (Bibette, Calderon et al.,

1999; Ferrari, Maruno et al., 2008).

Figura 3- Esquema dos diferentes tipos de emulsão, O/A (A), A/O (B), A/O/A (C)

e O/A/O (D). (Fonte: autoria própria).

Os tensoativos são substâncias anfifílicas que interagem com as fases

interna e externa diminuindo a tensão interfacial entre os líquidos, melhorando a

estabilização do sistema. Desta forma, emulsões possuem melhor estabilidade

quando a mistura de tensoativos atinge o equilíbrio hidrofílico-lipofílico (EHL)

requerido pela fase oleosa da emulsão usada no sistema (Griffin, 1949; Aulton,

2005; Ansel, Popovich et al., 2007; De Oliveira Ferreira, 2008; Sinko, 2008;

Ferreira, Santiago et al., 2010).

Dentre as vantagens atribuídas a estes sistemas é possível citar a

capacidade de mascaramento de características organolépticas, tais como odor e

gosto desagradável, possibilidade de incorporação de princípios ativos de caráter

tanto hidrofílico, quanto lipofílico, possibilitando, ainda, uma melhora na absorção

destes últimos quando administrado por via oral e alterações de características

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biofarmacêuticas e farmacocinéticas (Bibette, Calderon et al., 1999; Aulton, 2005;

Ansel, Popovich et al., 2007; De Oliveira Ferreira, 2008; Sinko, 2008; Verissimo,

Lima et al., 2010).

Apesar de serem sistemas heterogêneos e possuírem tendência à

instabilidade, vários parâmetros são considerados no momento do

desenvolvimento de uma emulsão, os quais possuem a finalidade de controlar

estes fenômenos de instabilidade, dentre estes parâmetros, é possível citar o

tamanho de gotícula, polidispersividade, EHL e potencial zeta (Bibette, Calderon

et al., 1999; Roland, Piel et al., 2003; Ansel, Popovich et al., 2007; Sinko, 2008).

No fenômeno de floculação, ocorre uma aproximação das gotículas, sem

que haja rompimento da interface entre a fase dispersa e dispersante, não

havendo, portanto um aumento de tamanho de gotícula, e sim, a formação de

agregados. A coalescência é o fenômeno que sucede a floculação. Neste há

fusão entre as gotículas, promovendo a formação de um sistema com alta

polidispersividade (Roland, Piel et al., 2003).

A cremagem e a separação de fases são os dois últimos estágios da

instabilidade de um sistema emulsionado. Neste primeiro há uma sedimentação

ou flutuação dos constituintes da emulsão devido a diferença que existe entre as

densidades dos mesmos, enquanto que na separação de fases o conteúdo

lipofílico e hidrofílico do sistema separam-se, sem que haja possibilidade de

reverter o quadro de instabilidade do sistema. A instabilidade ocasionada por

pontes de Ostwald costuma preceder a separação de fases e é caracterizada pela

formação de agregados de gotículas, isto ocorre devido à capacidade que alguns

materiais solúveis na fase externa do sistema possuem de se solubilizar com as

gotículas, promovendo um aumento no diâmetro das mesmas (Roland, Piel et al.,

2003; Aulton, 2005; Ansel, Popovich et al., 2007).

Desta forma, tendo as emulsões como um sistema vantajoso no

desenvolvimento de produtos contendo veículos oleosos e, baseado na

composição química do óleo de rã-touro, que por sua vez sugere que o mesmo

possui atividades terapêuticas por via tópica, a avaliação da citotoxicidade deste

óleo e o desenvolvimento de uma formulação farmacêutica a base de óleo de rã-

touro tornam-se uma boa alternativa para contribuir com a saúde pública. A

possibilidade de controlar a instabilidade destes sistemas, bem como as

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características organolépticas desagradáveis que este óleo possui, fazem destes

uma opção vantajosa no desenvolvimento de um produto para uso tópico, visto

que através da incorporação de produtos de origem natural tais como o óleo de

rã-touro em sistemas dispersos, é possível promover a superação das

desvantagens apresentadas por este óleo, potencializando algum provável efeito

terapêutico e atribuindo características que aumentem a aceitabilidade do mesmo

pela população (Xavier, Silva et al., 2012).

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3. OBJETIVOS

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Desenvolver e realizar a caracterização físico-química de um sistema

farmacêutico emulsionado a base de óleo de rã-touro (Rana catesbeiana Shaw)

para uso tópico.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Extrair o óleo de rã-touro a partir de tecido adiposo descartado em ranário.

• Realizar o controle de qualidade de amostras de óleo de rã-touro que serão

utilizados como matéria-prima no desenvolvimento das formulações.

• Determinar o melhor valor do Equilíbrio Hidrofílico Lipofílico requerido

(EHLr) do óleo de rã-touro

• Construir um diagrama de fases pseudoternário com o EHLr do óleo de rã-

touro.

• Desenvolver um sistema emulsionado para uso tópico a base de óleo de

rã-touro.

• Realizar a caracterização físico-química da emulsão do óleo de rã-touro.

• Avaliar a estabilidade físico-química destes sistemas.

• Avaliar a citotoxicidade do sistema desenvolvido através da técnica de

MTT.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. MATERIAIS

4.1.1. Substâncias químicas e Material biológico

Tecido adiposo de rã-touro foi fornecido por Asmarana Produtos Naturais

(Natal, RN, Brasil). Span® 80 (monooleato de sorbitano 80), penicilina-

estreptomicina e reagente MTT (brometo de (3- (4, 5-dimetiltiazolil-2) -2,5-

difeniltetrazólio)) foram obtidos a partir de Sigma Aldrich Inc. (St. Louis, MO,

EUA). Etanol, dimetilsulfóxido (DMSO), hexano, propilenoglicol e Tween® 20

(polisorbato 20) foram adquiridos da VETEC (RJ, RJ, Brasil). Álcool Cetostearílico

etoxilado e palmitato de isopropila foram adquiridos da ViaFarma (São Paulo, SP,

Brasil). Goma xantana e Germall® foram adquiridos da Mapric (São Paulo, SP.

Brasil). Butilhidroxitolueno foi adquirida da Galena (Campinas, SP, Brasil) e

Fragrância floral verde foi obtida a partir de Bio Inter (São Paulo, SP, Brasil).

Dulbecco's Modified Eagle Medium (DMEM) e soro fetal bovino (SFB)

foram obtidos a partir de CULTILAB (Campinas, São Paulo, Brasil). Linhagens

celulares de fibroblastos (3T3) e melanoma (B16F10) da American Type Culture

Collection (ATCC), utilizados neste estudo, foram fornecidos pelo Laboratório de

biotecnologia de polímeros naturais, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (Natal, RN, Brasil).

4.2. MÉTODOS

4.2.1. Extração do óleo de rã-touro

Duas amostras de óleo de rã-touro foram extraídas a partir do tecido

adiposo deste anfíbio por diferentes métodos. A primeira amostra extraída (BOH)

foi obtida através de uma adaptação do método proposto por Lopes et al. (2010)

(Lopes, T.N.C. et al., 2010), no qual o tecido adiposo foi aquecido à 80 °C sob

agitação magnética (IKA®, RH basic model KT/C, Staufen, Alemanha) por 40

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30

minutos.. A segunda amostra (BOHx) foi obtida através pelo método de extração

com solvente orgânico, no qual foi adicionado hexano ao tecido adiposo de rã-

touro seguido de agitação em Ultra-turrax® T-18 sob agitação de 5,000 r.p.m

(IKA®, Staufen, Alemanha). Logo o solvente foi evaporado em evaporador

rotatório (Quimis Diadema, SP, Brazil) por 30 minutos sob temperatura de 40 °C.

Após o processo de extração, ambas as amostras foram filtradas em membrana

de 0,45 µm (Merck Millipore, Hessen, Alemanha) e acondicionadas em frascos de

vidro âmbar em temperatura ambiente.

4.2.2. Análise da composição físico-química dos óleos

Os ensaios físico-químicos das amostras de óleo de rã-touro (BOH e

BOHx) foram realizadas de acordo com a farmacopéia norte-americana (USP 35)

(Convention e Usp, 2011) e com a American Oil Chemists Society (Aocs, 1989).

O índice de saponificação (IS) foi titulado com ácido clorídrico 0,5 N,

utilizando fenolftaleína alcoólica como indicador. A análise de índice de acidez

(IA) foi realizada utilizando-se hidróxido de sódio 0,1 N como substância titulante.

Referente à determinação do índice de iodo (II), utilizou-se iodeto de potássio e

amido como substâncias indicadoras e tiossulfato de sódio 0,1 N como substância

titulante. Para a verificação do índice de peróxido (IP) utilizou-se solução saturada

de iodeto de potássio e amido como indicadores e tiossulfato de sódio 0,01 N

como titulante das amostras.

4.2.3. Caracterização química do óleo de rã-touro

A identificação dos componentes do óleo de rã-touro foi realizada através

de cromatografia gasosa acoplada a um detector seletivo de massas ITQ Tune

(Thermo Scientific, Waltham, USA). Foi utilizada uma coluna capilar de sílica

fundida (25m x 0,32 mm, 0,5 µm) revestida com uma película de polimetil fenil

siloxano (5%) (SGE Analytical Science PTY Ltd, Victoria, Australia). A

temperatura do injetor do CG-EM foi de 250 °C enquanto que a coluna foi

regulada a uma temperatura de 90 °C com uma taxa de aquecimento de 2 °C.min-

1 até 150 °C, logo a taxa de aquecimento foi aumentada para 20 °C.min-1 até 300

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°C. A razão de separação foi de 1:25 e o sistema de ionização foi fixado em 70

eV. Utilizou-se hélio como gás de arraste a 1 mL.min-1. As amostras foram

derivatizadas por sililação utilzando-se N,O-bis(trimethylsilyl)trifluoroacetamide

(BSTFA) como reagente e o volume de injeção foi de 1 µL. Os componentes do

óleo de rã-touro foram identificados pela comparação entre seu espectro de

massa e os dados das bibliotecas eletrônicas (MAINLIB, WILEY 6, TOX.HP,

Acides.hp, SAMM, arp_cnrs.HP, RTLPEST3.HP e pmw.tox2).

4.2.4. Estudo do equilíbrio hidrofílico-lipofílico requerido (EHLr)

O equilíbrio hidrofílico-lipofílico requerido do óleo de rã-touro foi

determinado baseado no desenvolvimento de sistemas dispersos contendo 92%

de água destilada, 5% de óleo de rã-touro e 3% de uma mistura de tensoativos

(Tween® 20 e Span® 80) em diferentes proporções. Os sistemas do primeiro lote

foram produzidos com uma mistura de tensoativos onde o EHL variou de 4,5 até

15,5, com intervalos de 1,0, gerando treze sistemas. As amostras que

apresentaram menor variação em suas propriedades físico-químicas durante 60

dias de análise foram escolhidas para desenvolver o segundo lote, onde o

intervalo de EHL foi 0,1 e as propriedades físico-químicas avaliadas durante 60

dias. As emulsões de óleo de rã-touro foram desenvolvidas pelo método de

inversão de fases (Yu, Egito et al., 1993), onde a fase aquosa e oleosa foram

aquecidas separadamente a 70 °C. Posteriormente, a fase aquosa foi vertida

sobre a fase oleosa sob agitação constante de 11.000 r.p.m em Ultra-Turrax® T-

18 (IKA, Staufen, Alemanha) por 10 minutos. Finalmente, as amostras foram

acondicionadas em frascos e armazenadas a 25 °C para posteriores análises.

4.2.5. Construção do diagrama de fases pseudoternário

O diagrama de fases pseudoternário foi construído baseando-se no método

por titulação de água a temperatura ambiente, gerando diversos sistemas com

diferentes concentrações (Yan, Resau et al., 1994; Tai, Lee et al., 2001) de seus

componentes. Tween® 20 e Span® 80 foram misturados em uma razão de

6,29:3,71. Posteriormente, o óleo de rã-touro foi misturado com a mistura de

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tensoativos em proporções de 1:9 até 9:1 e então titulados com água. Assim,

estas misturas geraram 90 diferentes formulações as quais foram produzidas

utilizando-se agitação em Ultra-Turrax T-18 a uma velocidade de 11.000 r.p.m por

10 minutos (Silva, Santiago et al., 2010). Os sistemas foram caracterizados

através de inspeção visual com o intuito de identificar sistemas emulsionados

opacos e leitoso (Xavier, Silva et al., 2012). Adicionalmente, amostras com

aparência transparente foram caracterizadas como microemulsões. Sistemas

leitosos com algum grau de transparência foram caracterizados como

nanoemulsão. Géis foram definidos como sistemas que apresentaram aparência

visual límpida e alta viscosidade. Separação de fases foi definida como sistemas

com gotículas macroscópicas de óleo dispersas.

4.2.6. Desenvolvimento da emulsão tópica a base de óleo de rã-

touro

A emulsão básica foi escolhida a partir do diagrama de fases e definida

como um sistema emulsionado do tipo óleo em água contendo alta concentração

de óleo e baixa concentração de tensoativos. Com o intuito de melhorar as

características organolépticas e a estabilidade do sistema contendo óleo de rã-

touro foi produzida uma emulsão de uso tópico contendo excipientes (Tabela 2), a

qual foi preparada, assim como emulsão básica, pelo método de inversão de

fases, conforme descrito no item 4.2.4.

Tabela 2: Composição da emulsão tópica

Excipientes % Função

Fase aquosa

Tween® 20 5,03 Tensoativo

Propilenoglicol 4,00 Umectante

Germall® 0,30 Conservante

Goma Xantana 1,00 Agente de estabilidade

Água destilada 62,55 Agente dispersante

Fase oleosa

Span® 80 2.97 Tensoativo

Butilhidroxitolueno 0,10 Antioxidante

Álcool cetoestearílico

etoxilado 8,00 Agente de viscosidade

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Palmitato de

isopropila 4,00

Emoliente e permeador

cutâneo

Óleo de rã-touro 12,00 Óleo

Após

preparação Fragrância 0,05 Essência

4.2.7. Caracterização dos sistemas

Estudos de caracterização foram realizados para a emulsão tópica e para a

emulsão básica contendo óleo de rã-touro

4.2.7.1. Aspectos macroscópicos

As variações de cor e odor, assim como a presença de fenômenos de

instabilidade (cremagem ou separação de fases) foram determinadas através de

inspeção visual das amostras acondicionadas a 25 ± 2 °C.

4.2.7.2. Avaliação de pH e condutividade elétrica

O pH e a condutividade elétrica das emulsões foram avaliadas utilizando-se

um pH-metro (Tecnal, TEC-2, Piracicaba, SP, Brasil) e um condutivímetro

(Digimed, DM-32, São Paulo, SP, Brasil) pré-calibrados à 25 ± 2 °C,

respectivamente.

4.2.7.3. Análise de distribuição de tamanho de gotícula e

potencial zeta

O diâmetro hidrodinâmico e a distribuição de tamanho das emulsões foram

determinados através da dispersão dinâmica de luz (DLS) utilizando-se um

ZetaPlus (Brookhaven instruments, Hotsville, NY, USA) à 25 °C com ângulo de

leitura de 90°. As amostras foram previamente diluídas em água destilada na

proporção de 1:100. Os resultados foram expressos como a média do diâmetro

hidrodinâmico, desvio padrão da distribuição de tamanho e polidispersão (PdI). O

potencial zeta das emulsões foi avaliado com o uso de um ZetaPlus (Brokhaven

instruments, Hotsville, NY. USA). Com a finalidade de manter a força da constante

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iônica, as amostras foram diluídas em solução salina (NaCl) a 1 mM e os

resultados correspondem à media de três determinações.

4.2.8. Estudo de estabilidade das emulsões

O estudo de estabilidade das emulsões tópica e básica contendo óleo de

rã-touro foi realizado durante 90 dias.

4.2.8.1. Técnica de microemultócrito (estabilidade a curto prazo)

A técnica do microemultócrito foi empregada para determinar a taxa de

cremagem presente nas emulsões em micro-centrífuga (Microspin, modelo SPIN

100, Equipar, Curitiba, Brasil) a 11.500 r.p.m por 10 minutos. A cremagem foi

avaliada após a centrifugação (Macedo, Fernandes et al., 2006).

4.2.8.2. Ciclos gelo/degelo

Os ciclos gelo-degelo foram realizados em tubos hermeticamente

fechados, preenchidos com as emulsões e estocados por 24 horas em freezer a -

5 °C, seguidos de mais 24 horas em estufa a 45 °C ± 2 °C (Brasil, 2005). As

mudanças visuais nas emulsões foram caracterizadas macroscopicamente

conforme descrito no item 4.2.7.1. Foram realizadas seis repetições de cada ciclo.

4.2.8.3. Resistência centrífuga

Tubos preenchidos com 10 mL de emulsões foram submetidos à

centrifugação logo após seu prepare em centrífuga a 3000 giros em temperatura

ambiente. Os sistemas foram inspecionados visualmente a fim de verificar a

presença e separação de fases.

4.2.9. Estudo de citotoxicidade

Duas linhagens representativas do tecido cutâneo, linhagem de fibroblastos

(3T3) e melanoma (B16F10), foram utilizadas para a avaliação da citotoxicidade

do óleo e da emulsão tópica. O ensaio foi realizado em 4 replicatas para cada

linhagem celular e três diferentes concentrações de óleo de rã-touro e de emulsão

tópica (1 µg/mL, 10 µg/mL and 100 µg/mL). O óleo de rã-touro foi diluído em

DMSO. Em seguida, as células foram adicionadas, juntamente com 100 µL de

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meio de cultura DMEM, suplementado com 10% de soro fetal bovino em placas

de 96 poços (densidade celular de 5 x 104 células/poço) e incubadas por a 37 °C

e 5% de CO2 durante um período de 24, 48 e 72 horas. Posteriormente, 100 µL

de reagente de MTT na concentração de 1 mg/mL foi adicionado em cada poço

para então determinar a viabilidade celular. Após 4 horas de incubação, os cristais

de formazan foram dissolvidos em 100 µL de etanol e sua absorbância foi medida

em um leitor de ELISA Multiskan Ascent Microplate Reader (Thermo Labsystems,

Franklin, MA) em comprimento de onda de 570 nm. A citotoxicidade foi avaliada

através do valor relativo da absorbância entre o controle, óleo de rã-touro e a

emulsão tópica.

4.2.10. Análises estatísticas

Todos os resultados foram realizados em triplicatas e expressos como

media ± desvio padrão. A significância estatística entre três ou mais grupos foi

determinada por análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey por

meio de comparação múltipla. Análises entre dois grupos foram realizadas

através do teste-t de Student com grau de significância estatística de p < 0,05.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE RÃ-

TOURO

A extração do óleo de rã-touro foi realizada seguindo dois diferentes

métodos a fim de produzir as amostras BOH e BOHx. O rendimento da extração

foi de 60,6% e 74,8% para os métodos de extração a quente e com solvente

orgânico, respectivamente. Alguns autores citam que as diferenças entre os

rendimentos na extração de óleos naturais são diretamente influenciadas pelo

método de extração e seus parâmetros (Bimakr, Rahman et al., 2011). Lopes et.

al. (2010) avaliou o rendimento na extração de óleo de rã-touro utilizando o

método e extração a quente em diferentes temperaturas e observou que o

rendimento é diretamente proporcional à temperatura de extração, de tal forma

que nossos resultados corroboram com o encontrado neste estudo.

A qualidade dos óleos extraídos foi avaliada conforme a caracterização

físico-química. Estes parâmetros são importantes, visto que a partir dos mesmos

é possível avaliar a qualidade do óleo extraído (Aocs, 1989), apesar de ainda não

existirem padrões para óleo de rã-touro. O índice de acidez foi avaliado com a

finalidade de determinar a presença de degradação hidrolítica do óleo de rã-touro,

uma vez que valores elevados de índice de acidez sugerem a presença de água

na amostra (Moretto, 1998). As amostras BOH e BOHx apresentaram o mesmo

resultado para índice de acidez (2,9 mg KOH/g de óleo) (Figura 4), demonstrando

uma boa preservação das amostras após o processo de extração. O índice de

iodo foi realizado para avaliar o grau de instauração dos ácidos graxos presentes

no óleo de rã-touro, permitindo avaliar seu grau de pureza (Knothe, 2002). Ambas

as amostras apresentaram algo grau de ácidos graxos insaturados, entretanto, a

BOH apresentou uma concentração maior de iodo, comparada a BOHx (Figura 4).

Este resultado sugere que a utilização do solvente orgânico e o aumento da

superfície de contato entre o solvente e o tecido adiposo pode promover uma

maior extração de ácidos graxos saturados, visto que este método baseia-se na

polaridade dos compostos e o equipamento utilizado promove a redução do

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tamanho das partículas do tecido adiposo (Shirsath, Sonawane et al., 2012),

enquanto que o método de extração a quente baseia-se na temperatura de fusão

dos compostos. Isto também explica a diferença no rendimento dos óleos, uma

vez que o método escolhido afeta o desempenho do processo. O índice de

saponificação foi avaliado com a finalidade de determinar a quantidade relativa de

ácidos graxos saturados, visto que os ácidos graxos de cadeia longa possuem

baixos índices de saponificação. O BOHx demonstrou um IS superior ao BOH,

corroborando com os resultados obtidos na determinação do II. O índice de

peróxido demonstrou que o BOHx possui seu processo de degradação iniciado

antes do BOH, visto que este índice serve como parâmetro de análise para

degradação oxidativa, devido aos peróxidos serem os primeiros compostos

formados no processo de oxidação (Moretto, 1998; Choe e Min, 2006). Assim,

estes resultados sugerem que o método de extração a quente permite a obtenção

de um óleo mais puro, com uma maior quantidade de ácidos graxos insaturados e

isento de traços de solvente orgânico, e com menores índices de peróxidos,

tornando-se, portanto, o melhor método de extração para o óleo de rã-touro.

Figure 4: Parâmetros físico-químicos resultantes das análises do óleo de rã-

touro. Índice de acidez (mg de KOH/g de óleo); Índice de saponificação (mg

KOH/g de óleo); Índice de iodo (mEq de oxigênio ativo/ 1000 g de óleo).

A tabela 3 mostra a composição química dos principais compostos

identificados na amostra BOH utilizando-se de um GC-EM. Os componentes

insaturados majoritários identificados foram o ácido eicosapentaenóico (EPA)

(17,6%) e o ácido araquidônico (8,4%), enquanto que o composto saturado

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majoritário foi o ácido oléico (29,9%). Outros estudos que buscaram identificar a

composição química do óleo de rã-touro demonstraram que os ácidos graxos

insaturados encontram-se em menores concentrações quanto aos ácidos graxos

saturados (Mendez, Sanhueza et al., 1998; Silva, Miyasaka et al., 2004; Lopes,

T.N.C. et al., 2010; Alencar, Xavier et al., 2015), dados que corroboram com os

resultados encontrados neste estudo, no qual foi encontrado uma quantidade de

26,8% de ácidos graxos insaturados e 53,6% de ácidos graxos saturados.

Embora tenhamos encontrado proporções semelhantes entre ácidos graxos

saturados e insaturados, é possível observar uma diferença nas concentrações

individuais dos mesmos, visto que em nosso estudo foi detectado 8,4% de ácido

araquidônico, enquanto que no estudo de Silva et al. (2004) e Lopes et al. (2010)

este mesmo composto foi encontrado nas concentrações de 0,74% e 0,6%

respectivamente. Foram também encontradas diferenças significativas nas

concentrações de EPA (17,6%) e ácido docosahexaenóico (DHA) (0,8) em

comparação com os estudos de Silva et. al. (2004) (0,46% e 0,91%) e Lopes et.

al. (2010) (0% e 0,1%).

Tabela 3: Caracterização química por GC-EM do óleo de rã-touro obtido pelo

processo de extração a quente (BOH)

Substância Tempo de

retenção (min)

Concentração

(%)

Ácido mirístico 10,3 1,4

Ácido araquidônico 12,0 8,4

Ácido palmítico 12,2 10,3

Ácido eicosapentaenóico (EPA) 13,7 17,6

Ácido oleico 13,7 29,9

Ácido esteárico 14 2,5

Ácido docosahexaenóico (DHA) 16,5 0,8

Colesterol 20,6 9,5

Ethyl iso-allocholate 27,7 3,5

Total 83,9

Não identificado 16,1

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Os resultados obtidos são relevantes, considerando-se que o ácido

araquidônico atua como um agente pró-inflamatório, estimulando a síntese de

leucotrienos e prostaglandinas, promovendo a migração dos leucócitos,

possibilitando uma regeneração tecidual em casos onde haja lesões (Chavali,

Zhong et al., 1998; Lopes, Laurindo et al., 1999; Ziboh, Miller et al., 2000; O'shea,

Bassaganya-Riera et al., 2004), enquanto que o EPA e o DHA, por sua vez,

reduzem a desidratação da pele, mantendo sua integridade e elasticidade (Belda

e Pourchet-Campos, 1991). O composto ethyl iso-allocholate foi identificado nas

amostras de BOH, entretanto, nenhum outro estudo havia identificado tal

composto. Este composto é citada na literatura como um bioativo com atividade

antioxidante, antibacteriana, anticancerígena, diurética, anti-inflamatória e

antiasmática (Sarada, Jothibai Margret et al., 2011; Saravanan, Chandramohan et

al., 2014). Além disso, todos os compostos identificados no óleo de rã-touro, o

tornam próprio para utilização por via tópica, visto que há uma interação destes

compostos com a ceramidas, mantendo a pele hidratada (Mendez, Sanhueza et

al., 1998; Kelley, 2001; Silva, Miyasaka et al., 2004). Assim, baseado nesta

composição química, é possível sugerir que o óleo de rã-touro, pode apresentar

várias aplicações terapêuticas, considerando, além disso, seu baixo custo, visto

que é um produto obtido por processos biotecnológicos de reaproveitamento.

5.2. DETERMINAÇÃO DO EHLr DO ÓLEO DE RÃ-TOURO

O EHL é um importante parâmetro para o desenvolvimento de sistemas

emulsionados estáveis, já que geralmente o EHL da mistura de tensoativos, em

sistemas estáveis, é o mesmo EHL requerido pela fase oleosa (Kantaria, Rees et

al., 2003). A tabela 4 apresenta a caracterização dos diferentes sistemas

produzidos no primeiro lote (EHLr 4,5 - 15,5) após 60 dias à 25 °C. No primeiro

lote, foi possível observar que o tamanho das gotículas das emulsões com EHL

entre 12,5 e 13,5 apresentaram as menores variações e os valores obtidos nos

sistemas desenvolvidos nesta faixa de EHL não apresentaram diferença

estatística significativa. Isto foi possível em virtude do diâmetro das gotículas

obtidas (259,9 nm até 275,6 nm) além de um menor Pdi (0,190 até 0,218), em

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comparação com os demais sistemas produzidos. Desta forma este intervalo foi

considerado o mais adequado para a produção de sistemas emulsionados

estáveis. O índice de cremagem deste intervalo de EHL também foi o menor (2,8

a 3,0%). O pH ácido foi observado em todos os sistemas e acredita-se que este

resultado possa ter sido influenciado pelo grande número de ácidos graxos de

cadeias longas presentes na composição química do óleo de rã-touro.

Tabela 4: Caracterização do primeiro lote dos sistemas emulsionados a base de

óleo de rã-touro para determinação do EHLr após 60 dias de análise a 25 °C

EHL Tamanho de

gotícula (nm) ± DP

Polidispersão Microemultócrito

(%) ± DP

pH ±

DP

Condutividade

elétrica (S/cm)

4,5 SF SF SF SF SF

5,5 SF SF SF SF SF

6,5 SF SF SF SF SF

7,5 SF SF SF SF SF

8,5 266,7 ± 14,2 0,235 4,1 ± 1,3 4,2 ± 0,6 94,4

9,5 257,7 ± 13,7 0,261 3,6 ± 1,2 3,9 ± 0,5 121,2

10,5 295,9 ± 24,8 0,268 4,3 ± 1,5 4,9 ± 1,0 107,7

11,5 SF SF SF SF SF

12,5 259,8 ± 8,7 0,218 3,0 ± 0,6 4,2 ± 0,6 100,3

13,5 275,6 ± 11,9 0,190 2,8 ± 0,7 3,8 ± 0,6 175,7

14,5 324,3 ± 26,0 0,230 3,6 ± 0,8 4,0 ± 0,4 101,4

15,5 SF SF SF SF SF

DP (desvio padrão), SF (separação de fases)

O segundo lote foi produzido através da redução da variação do EHL para

0,1 na faixa de confiança de EHL definido pelo primeiro lote. A tabela 5 apresenta

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os resultados obtidos para a caracterização dos sistemas emulsionados para o

segundo lote (EHLr 12,0 a 14,0) após 60 dias a 25°C. Os sistemas foram

agrupados em pares e o resultado com a menor variação em cada par foi

apresentado nesta tabela. Os resultados obtidos na determinação do índice de

cremagem nas emulsões a base de óleo de rã-touro demonstraram que o maior

valor foi 3,2% (± 0.8), resultado este que pode ser justificado pelo fato destes

sistemas serem pré-formulações. Desta forma, acredita-se que após a adição de

agentes estabilizantes este índice de cremagem seja reduzido na emulsão tópica.

A avaliação do pH durante os 60 dias demonstraram uma leve acidez em todos os

sistemas, com resultados que variaram entre 5,0 (± 1,6) até 5,6 (± 1,4). O valor de

pH é um fator importante na estabilidade de emulsões, particularmente quando os

tensoativos são obtidos através de um processo de saponificação, uma vez que

os compostos ácidos podem promover a desestabilização do sistema

emulsionante, promovendo a separação das fases (Barel, Paye et al., 2014). A

acidez dos sistemas emulsionados desenvolvidos é um resultado positivo, visto

que o pH ácido podem acelerar o processo de cicatrização da pele além da

compatibilidade com o pH cutâneo (Menoita, Santos et al., 2011). Neste estudo,

foi verificado um decréscimo do pH ao longo do tempo das análises, sugerindo

que possa ter havido contaminação microbiológica dos sistemas ou mesmo

oxidação dos ácidos graxos de cadeia carbônica longa presente no óleo de rã-

touro, gerando hidroperóxidos (Mendez, Sanhueza et al., 1998; Driscoll,

Giampietro et al., 2001; Masmoudi, Le Dreu et al., 2005). Referente à

condutividade elétrica, a mesma apresentou-se elevada em todos os sistemas

desenvolvidos, demonstrando que o óleo de rã-touro encontrava-se disperso em

uma emulsão do tipo óleo em água (Latreille e Paquin, 1990).

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Tabela 5: Caracterização do segundo lote dos sistemas emulsionados a base de

óleo de rã-touro para determinação do EHLr após 60 dias de análise a 25 °C

EHL Tamanho de

gotícula (nm) ± DP

Polidispersão Microemultócrito

(%) ± DP

pH ±

DP

Condutividade

elétrica (S/cm)

12,1 212,0 ± 13,6 0,213 2,4 ± 0,5 5,2 ± 1,4 91,2

12,2 202,7 ± 21,6 0,22 2,4 ± 0,5 5,1 ± 1,5 100,8

12,5 202,9 ± 29,8 0,215 2,2 ± 0,7 5,4 ± 1,2 87,3

12,7 199,6 ± 16,6 0,232 2,7 ± 0,4 5,1 ± 1,5 108,7

12,9 209,3 ± 18,4 0,234 2,1 ± 0,3 5,3 ± 1,4 97,4

13,0 196,4 ± 17,3 0,215 2,0 ± 0,0 5,2 ± 1,4 90,5

13,3 201,9 ± 15,0 0,215 2,5 ± 0,5 5,0 ± 1,5 100,1

13,5 208,1 ± 19,9 0,245 2,4 ± 0,5 5,1 ± 1,4 120,5

13,7 194,4 ± 11,7 0,225 2,4 ± 0,5 5,0 ± 1,5 72,5

13,9 193,7 ± 18,5 0,248 2,5 ± 0,5 5,0 ± 1,5 112,0

14,0 188,4 ± 22,2 0,261 2,7 ± 0,5 5,0 ± 1,5 120,4

DP (desvio padrão)

Os sistemas do segundo lote apresentaram tamanho de gotícula entre 190

e 220 nm, sendo a variação dos sistemas nesta análise o principal parâmetro

utilizado definir o melhor sistema, visto que quando os sistemas emulsionados

apresentam-se com gotículas de tamanho reduzido a desestabilização dos

sistemas é controlada pela maturação de Ostwald (Mondal, Samanta et al., 2008;

Anton e Vandamme, 2011), não sendo possível verificar por inspeção visual

qualquer outro fenômeno de instabilidades. Após os 60 dias de análise, não foram

observadas diferenças estatísticas significativas entre o tamanho de gotícula de

todas as emulsões produzidas na faixa de EHL entre 12 e 13,5. Desta forma, é

possível dizer que emulsões a base de óleo de rã-touro produzidas nesta faixa de

EHL, neste período de tempo avaliado, são estáveis. No entanto, o sistema que

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apresentou a menor variação no tamanho de gotícula e menor PDI neste período

foi o sistema produzido com EHL 12,1. Assim, tendo o EHL requerido pelo óleo de

rã-touro definido como 12,1, foi construído um diagrama de fases, tendo este EHL

como variante fixa.

5.3. CONSTRUÇÃO DO DIAGRAMA DE FASES PSEUDOTERNÁRIO

O diagrama de fases pseudoternário foi construído baseado na emulsão

mais estável escolhida no estudo de EHL requerido para o óleo de rã-touro

(Figura 5). O diagrama de fases pseudoternário é uma ferramenta útil no

desenvolvimento de sistemas dispersos, uma vez que permite a obtenção das

concentrações ótimas dos componentes de uma emulsão para produção de um

sistema ideal (Formariz, Chiavacci et al., 2007; Moghimipour, Salimi et al., 2012;

Prajapati, Dalrymple et al., 2012; Espinosa e Scanlon, 2013; Nanjwade, Katare et

al., 2013; Patel, Barot et al., 2013).

Figura 5: Diagrama de fases pseudoternário do oleo de rã-touro produzido

com EHLr 12,1. Preto (separação de fases), cinza escuro (microemulsão), cinza

médio (gel), cinza claro (nanoemulsão), branco (emulsão)

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Sistemas emulsionados foram obtidos predominantemente (62%), os quais

apresentaram concentrações de água que variaram entre 20% a 80% e

concentrações de óleo de rã-touro até 60%. Estes resultados corroboram com

estudos como os de Prajapati et al. (2012), o qual demonstrou a formação de uma

emulsão com concentrações de óleo entre 30% e 50% (Prajapati, Dalrymple et al.,

2012) e também o estudo de Espinosa et al (2013), que por sua vez obteve

sistemas emulsionados com concentrações de lipídios entre 5% e 70% (Espinosa

e Scanlon, 2013). Também foram observados em nosso estudo a presença de

sistemas opacos com um leve grau de transparência (nanoemulsões, 6%),

sistemas límpidos e com alta viscosidade (géis, 2%) e sistemas transparentes

com elevadas concentrações de tensoativos (microemulsões, 4%). Sistemas

semelhantes têm sido desenvolvidos e caracterizados em outros estudos que

também utilizaram o diagrama de fases pseudoternário como ferramenta para

determinar as melhores concentrações dos componentes de sistemas

emulsionados (Moghimipour, Salimi et al., 2012; Nanjwade, Katare et al., 2013;

Patel, Barot et al., 2013). Portanto, com base nos resultados obtidos e devido ao

objetivo do estudo ser o desenvolvimento de uma emulsão tópica com caráter

externo aquoso, foi escolhido uma emulsão contendo 12% de óleo de rã-touro,

8% da mistura de tensoativos (Tween® 20:Span® 80, 6.29:3.71) e 80% de água.

5.4. DESENVOLVIMENTO DA EMULSÃO TÓPICA DE ÓLEO DE RÃ-TOURO

Uma emulsão tópica foi desenvolvida a partir da emulsão básica

selecionada no diagrama de fases pseudoternário. Esta emulsão foi desenvolvida

com a adição de excipientes com o intuito de melhorar as características

organolépticas do óleo de rã-touro, mantendo fixas as concentrações de óleo de

rã-touro e a mistura de tensoativos, definidas na emulsão básica. As emulsões

tópica e básica foram caracterizadas e suas estabilidades avaliadas a fim de

compará-las e então determinar se a adição dos excipientes aumenta sua

estabilidade.

Dentre os aspectos macroscópicos dos sistemas produzidos foi possível

observar a coloração branca, ausência de odor característico do óleo de rã-touro

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e sistema fluído (emulsão básica) e viscoso (emulsão tópica). Estas

características não sofreram alterações ao longo do estudo. No entanto, foi

observada que a emulsão tópica apresentou um índice de cremagem máximo de

2,4%, semelhante ao resultado obtido no estudo de EHLr (2,5%). Este mesmo

índice não pôde ser observado na emulsão tópica, uma vez que a alta

viscosidade reduz a motilidade das gotículas dispersas no sistema, melhorando

sua estabilidade (Allen, Popovich et al., 2011). O índice de cremagem é um

parâmetro importante para avaliar a estabilidade dos sistemas emulsionados,

visto que este fenômeno precede a coalescência e a separação de fases. Assim,

o conhecimento prévio sobre este índice, permite a reversão ou até mesmo a

prevenção da separação de fases do sistema através da adição de excipientes

que atuam como agentes de estabilidade (Lieberman, 1988).

A figura 6 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de tamanho de

gotícula e pH das emulsões tópica e básica, analisadas por 90 dias. Foi

observado um aumento significativo do tamanho das gotículas na emulsão tópica

quando comparada com a emulsão básica. Este resultado pode ser explicado

pela adição de excipientes na fase interna da emulsão tópica. Ambas as amostras

não apresentaram variação significativa em seu tamanho durante os 90 dias

analisados, fato já esperado, uma vez que as instabilidades são influenciadas

principalmente pelo EHL requerido pelo óleo, o qual já havia sido previamente

estudado e definido. Assim, nossos resultados mostram-se em concordância com

a teoria descrita por Griffin, o qual diz que mantendo-se o EHLr é possível

desenvolver sistemas com a mesma estabilidade, provando que o EHL do óleo de

rã-touro é realmente 12,1 (Griffin, 1949).

Figura 6: Tamanho de gotícula e pH da emulsão básica e da emulsão tópica

durante 90 dias de análise. A: tamanho de gotícula; B: análise de pH.

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O potencial zeta da emulsão básica (-32.79 mV ± 2.90) e da emulsão

tópica (-25.02 mV ± 4.33) sugerem que estes sistemas são estáveis. Os valores

de potencial zeta superiores a 25 mV (valores absolutos) indicam que as forças

de repulsão são maiores que as forças de atração, mantendo, desta forma, as

gotículas dispersas (Netz e Ortega, 2002; Roland, Piel et al., 2003). A análise de

pH demonstrou que a emulsão tópica não apresenta variação significativa ao

longo dos 90 dias estudados, entretanto a emulsão básica se manteve estável

apenas até o 15° dia. A ausência de conservantes e de agentes antioxidantes

podem ter influenciado nestes resultados, uma vez que a degradação

microbiológica e/ou química podem promover a alteração de cor, odor e pH da

formulação (Aulton e Taylor, 2013).

A estabilidade das emulsões foi realizada e avaliada quanto suas

características organolépticas, resistência centrífuga e ciclos gelo/degelo. Ambas

as amostras mantiveram suas características organolépticas e apresentaram-se

resistentes ao ensaio de resistência centrífuga, demonstrando, desta forma, a

estabilidade física dos sistemas (Xavier, Silva et al., 2012). No estudo de ciclos

gelo/degelo, foi observada a separação de fases na emulsão básica a partir do

segundo ciclo, enquanto que a emulsão tópica permaneceu estável durante todos

os 6 ciclos realizados, indicando que a adição dos excipientes é responsável pela

melhora da estabilidade do sistema em elevadas variações de temperatura

(Cooper, 1981).

5.5. ENSAIO DE CITOTOXICIDADE

A viabilidade celular das linhagens 3T3 e B16F10, tratadas com óleo de rã-

touro e com a emulsão tópica em três diferentes concentrações foi avaliada

através do ensaio de MTT durante o período de 24, 48 e 72 horas.

O crescimento de células 3T3 não apresentou nenhuma diferença

estatística quando tratados com as amostras de emulsão tópica e óleo de rã-touro

quando comparados com o controle negativo (p < 0,05). Estes resultados foram

observados em todas as amostras ao longo das 72 horas avaliadas (Figura 7A).

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Desta forma, é possível sugerir que nenhuma das amostras possui atividade

citotóxica nestas concentrações frente a linhagem de células 3T3, o que indica

que o óleo de rã-touro pode ser adequado para desenvolvimento de sistemas

terapêuticos. Este é um resultado importante, uma vez que o conhecimento sobre

a segurança de produtos naturais é essencial em indústrias alimentícias e

farmacêuticas (Paiva, Rao et al., 1998; Paiva, Gurgel et al., 2004; Alencar, Xavier

et al., 2015).

Os resultados obtidos na linhagem de melanoma (B16F10) demonstraram

que as concentrações inferiores da emulsão tópica e do óleo de rã-touro (0,1

µg/mL e 10 µg/mL) não interferem na viabilidade celular. No entanto, as

concentrações elevadas (100 µg/mL), promoveram a redução da viabilidade

destas células ao longo do tempo, não havendo diferença significativa desta

inibição entre o óleo in natura e a emulsão tópica após as 48 horas de análise. A

emulsão tópica e o óleo de rã-touro demonstraram que apresentam citotoxicidade

dependentes da concentração e do tempo de incubação para a linhagem de

melanoma e acredita-se que esta atividade pode estar relacionada com a

presença do composto ethyl iso-allocholate, já que algumas bibliografias citam

que o mesmo possui atividades antiasmática e antitumoral (Saravanan,

Chandramohan et al., 2014), identificado na caracterização química deste óleo.

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Figura 7: Viabilidade celular da emulsão tópica e do óleo de rã-touro em

três concentrações destas amostras. A: viabilidade celular da linhagem 3T3; B:

viabilidade celular da linhagem B16F10.

Baseado nestes resultados é possível sugerir que o óleo de rã-touro é um

composto natural seguro e sua utilização sob a forma in natura ou adicionados em

um sistema emulsionado para uso tópico é adequado, uma vez que o óleo não

apresenta citotoxicidade. No entanto, quando incorporados em um sistema

emulsionado, há uma melhora nas características organolépticas do óleo de rã-

touro. Além disso, o óleo e a emulsão tópica mostraram atividade inibitória do

crescimento de células B16F10, sugerindo que este sistema poderia ser um

agente com potencial antitumoral.

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6. CONCLUSÕES

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6. CONCLUSÕES

Os resultados demonstram que:

O óleo de rã-touro obtido pela extração a quente a partir do tecido

adiposo da Rana catesbeiana Shaw apresentou uma rica

composição de ácidos graxos insaturados (ácido eicosapentaenóico

(17,6%) e ácido araquidônico (8,4%)).

O EHL capaz de produzir emulsões estáveis do tipo O/A contendo

óleo de rã-touro variou entre 12 e 13,5.

O diagrama de fases foi capaz de produzir sistemas dispersos, dos

quais 62% corresponderam a emulsões.

A emulsão básica deste desenvolvida neste estudo foi composta por

2.97% de Span® 80, 5.03% de Tween® 20, 12% de óleo de rã-touro

e 80% de água (v/v).

A emulsão tópica foi produzida na presença de excipientes e

apresentou-se mais estável em comparação com a emulsão básica,

preservando as características iniciais, obtidas no momento da

produção.

A emulsão tópica de óleo de rã-touro e o óleo in natura não

apresentaram citotoxicidade frente a linhagem de fibroblastos

normais, entretanto, promoveram a redução da viabilidade celular da

linhagem de melanoma.

Assim, é possível concluir que o óleo de rã-touro é um óleo apropriado

para o desenvolvimento de sistemas terapêuticos devido sua rica composição de

compostos bioativos que lhe confere potente atividade terapêutica. Possibilitando

o avanço dos estudos que visam não só comprovar sua atividade antitumoral,

mas também o desenvolvimento de novos sistemas que contribuam para o

avanço das pesquisas no combate ao câncer no mundo todo.

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7. PERSPECTIVAS

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7. PERSPECTIVAS

Avaliar, através de citometria de fluxo em qual fase de crescimento

celular o óleo e a emulsão tópica possuem atividade;

Realizar a marcação das amostras com substância fluorescente

para verificar se a atividade ocorre em nível superficial de

membrana ou se ocorre no interior da célula;

Avaliar atividade antitumoral;

Avaliar a cinética de liberação do óleo de rã-touro;

Testar os sistemas in vivo.

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8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA

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8. PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Os trabalhos abaixo são produções relacionados aos resultados

apresentados neste documento.

Trabalhos apresentados em congressos

VERISSIMO, L. M. ; MACHADO, L.A. ; RUTCKEVISKI, R. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; DANTAS, T. R. F. ; OLIVEIRA, C. M. ; SILVA JUNIOR, A. A. ; EGITO, E.S.T. . Development of biotechnological emulsion based on bullfrog (Rana catesbeiana Shaw) oil: A preliminary study. 2014.

MACHADO, L.A. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; SANTOS, N. D. Uso de ativos naturais no tratamento da asma: revisão da literatura. In: XIV Congresso Científico e XIII Mostra de Extensão da UnP, 2012.

SANTOS, N. D. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; MACHADO, L.A. Estudo das propriedades terapêuticas da rã-touro (Rana catesbeiana Shaw). In: XIV Congresso Científico e XIII Mostra de Extensão da UnP, 2012.

Resumos publicados em anais de congressos

XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; MACHADO, L.A. ; RUTCKEVISKI, R. ; DANTAS-SANTOS, N. ; EGITO, E.S.T. ; VAUTHIER, C. . Emulsions based on natural oils as antimicrobial agents. In: XIIIèmes Journées de I'École Doctorale - Innovaton Thérapeutique, 2013, Kremlin-Bicêtre. XIIIèmes Journées de I'École Doctorale - Innovaton Thérapeutique, 2103.

MORAIS, A. R. V. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MACHADO, L.A. ; DANTAS, T. R. F. ; OLIVEIRA, C. M. ; DANTAS-SANTOS, N. ; VERISSIMO, L. M. ; EGITO, E.S.T. . Analyses of the glass transition temperature of microemulsion containing glucose and lactose by differential scanning calorimetry. In: 3rd Conference on Innovation in Drug Delivery: Advances in local drug delivery, 2013, Pisa. 3rd Conference on Innovation in Drug Delivery: Advances in local drug delivery, 2013.

MACHADO, L.A. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; DANTAS-SANTOS, N. . Uso de ativos naturais no tratamento da asma: revisão da literatura. In: XIV Congresso Científico e XIII Mostra de Extensão da UnP,

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2012, Natal. Uso de ativos naturais no tratamento da asma: revisão da literatura, 2012. DANTAS-SANTOS, N. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MORAIS, A. R. V. ; MACHADO, L.A. . Estudo das propriedades terapêuticas da rã-touro (Rana catesbeiana Shaw). In: XIV Congresso Científico e XIII Mostra de Extensão da UnP, 2012, Natal. Estudo das propriedades terapêuticas da rã-touro (Rana catesbeiana Shaw), 2012.

Resumos expandidos publicados em anais de congressos

SILVA-FILHO, M.A. ; RUTCKEVISKI, R. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; MORAIS, A. R. V. ; ALENCAR, E. N. ; MACHADO, L.A. ; OLIVEIRA, C. M. ; DANTAS, T. R. F. ; DANTAS-SANTOS, N. ; EGITO, E.S.T. . Quality control of bullfrog (Rana catesbeiana Shaw) oil: a contribution for the extraction and chemical identification. In: XXI International Conference on Bioencapsulation, 2013, Berlin. XXI International Conference on Bioencapsulation, 2013.

MORAIS, A. R. V. ; XAVIER JUNIOR, F. H. ; ALENCAR, E. N. ; MACHADO, L.A. ; OLIVEIRA, C. M. ; DANTAS, T. R. F. ; DANTAS-SANTOS, N. ; EGITO, E.S.T. . Optimization of lyophilization process of microemulsion containing lactose and glucose by experiment design. In: 3o Encontro Brasileiro de Inovação Terapêutica, 2013, Jaboatão dos Guararapes. 3o Encontro Brasileiro de Inovação Terapêutica, 2013.

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9. REFERÊNCIAS

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