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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE GILMÁRIO RICARTE BATISTA COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL, SOMATOTIPO E SALTOS VERTICAIS DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE PRAIA MASCULINO Natal 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

GILMÁRIO RICARTE BATISTA

COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL,

SOMATOTIPO E SALTOS VERTICAIS DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE

PRAIA MASCULINO

Natal

2008

GILMÁRIO RICARTE BATISTA

COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL,

SOMATOTIPO E SALTOS VERTICAIS DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE

PRAIA MASCULINO

Tese apresentada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Orientador: Professor Doutor Ricardo Oliveira Guerra

Natal

2008

CATALOGAÇÃO NA FONTE

B961c

Batista, Gilmário Ricarte.

Comparação antropométrica, composição corporal, somatotipo e

saltos verticais de atletas de voleibol de praia masculino/ Gilmário Ricarte

Batista. __ Natal. __ RN, 2008.

88 p. : il.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da

Saúde. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

1.Educação Física - Tese. 2. Antropometria - Tese 3.

Performance Atlética- Tese. 4. Somatotipo - Tese. I. Guerra, Ricardo

Oliveira. II. Título.

RN-UF/BS-CCS CDU: 796.001.4(043.3)

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Curso de Pós-Graduação: Prof. Dr. Aldo da Cunha

Medeiros

iv

GILMÁRIO RICARTE BATISTA

COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL,

SOMATOTIPO E SALTOS VERTICAIS DE ATLETAS DE VOLEIBOL DE

PRAIA MASCULINO

Presidente da banca: Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra (UFRN)

Banca examinadora

1 – Professor Dr. Ricardo Oliveira Guerra (UFRN)

2 – Professora Dra. Gardenia Maria Holanda Ferreira (UFRN)

3 – Professora Dra. Armele de Fátima Dornelas de Andrade (UFPE)

4 – Professora Dra. Maria do Socorro Cirilo de Sousa (UFPB)

5 – Professor Dr. Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi (UFRN)

v

Dedicatória

À minha esposa Sabrina Fabel Ricarte, pela compreensão e apoio que dedicou

a mim no decorrer de mais uma etapa da minha vida.

À minha mãe Maria Terezinha Ricarte (in memorian) a qual eu me inspirei na

vida acadêmica.

vi

Agradecimentos

A Deus, por toda a força que me proporcionou durante a minha vida

Ao meu orientador Dr. Ricardo Oliveira Guerra que confiou na minha

proposta de trabalho, o qual eu sou muito grato.

À minha avó Delcy Marques Ricarte por todos os ensinamentos de vida.

Ao meu irmão José Judimaci Marques Ricarte por me dar o exemplo de

força de vontade na busca de vitórias.

À Professora Dra. Maria do Socorro Cirilo de Sousa que contribuiu

significativamente no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Professor Ivan Ricardo Barros Pires que me proporcionou os

primeiros passos na vida acadêmica.

Aos Professores Dr. Francisco Soares Másculo, Dr. José Fernandes

Filho e Dr. Solon José Gonçalves de Sousa (in memorian) pelo apoio e

contribuição no meio acadêmico.

Aos amigos de curso Breno Guilherme, Suzete de Araújo e Stefania

Pessoa que estiveram sempre do meu lado neste desafio.

A todos os professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação

em Ciências da Saúde.

Aos atletas e treinadores do Circuito Brasileiro de Voleibol de Praia que

contribuíram na viabilidade desta pesquisa

Aos amigos do voleibol de praia que durante a minha vida profissional

estiveram sempre do meu lado incentivando para que pudesse enfrentar todos

os desafios.

vii

Sumário

Dedicatória .................................................................................................. V

Agradecimentos .......................................................................................... Vi

Resumo ...................................................................................................... Viii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 1

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 3

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 8

4. ANEXAÇÃO DE ARTIGOS .............................................................. 13

4.1. Artigo I – Comparison between vertical jumps of high performance

athletes on the Brazilian men’s beach volleyball team ……………...

14

4.2. Artigo II – Kinanthropometrical characteristics of the Brazilian in

Pan American male beach volleyball players ………………………...

28

4.3. Artigo III. Comparison of anthropometric characteristics, body

composition, and somatotype between Brazilian and Pan American

male beach volleyball players ………………………………………….

39

4.4. Artigo IV – Somatoype, size and body composition of Brazilian

male beach volleyball players ………………………………………….

55

5. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES ................................. 71

6. REFERÊNCIAS ................................................................................ 75

Apêndice

Abstract

viii

Resumo

As características cineantropométricas são utilizadas pela ciência do esporte como critérios de seleção e detecção de talentos. Dentro deste contexto, este estudo teve como objetivo comparar o perfil antropométrico, a composição corporal, o somatotipo e os saltos verticais de atletas de voleibol de praia. Participaram do presente estudo 79 atletas de voleibol de praia masculino, sendo quarenta e nove (n=49) brasileiros participantes do Circuito Nacional e trinta (n=30) de 15 países participantes dos XV Jogos Pan Americanos. Para analisar os saltos verticais dos brasileiros os sujeitos foram alocados em dois grupos (G1 e G2) de acordo com o ranking nacional dos seus times. Utilizou-se o protocolo de saltos verticais de Smith e colaboradores, para avaliar os saltos verticais de ataque e bloqueio. A técnica antropométrica de Heath e Carter (1990) foi utilizada para o cálculo do somatotipo. Teste t de Student com ajuste de Bonferroni foi utilizado para calcular diferenças entre as variáveis investigadas. A análise de regressão múltipla foi utilizado para identificar as contribuições das variáveis antropométricas na performance dos saltos verticais e a análise multivariada de variância foi utilizada para calcular diferenças entre os componentes do somatotipo. Os atletas brasileiros de G1 foram maiores no salto de ataque (p<0,01), salto de bloqueio (p<0,01) e na diferença de bloqueio (p<0,01) do que G2. O modelo de predição do salto de ataque de G2 incluiu a massa do corpo e a envergadura de ataque (R2

ajustado= 0,77) e também no modelo do salto de bloqueio foi incluído a massa do corpo e a envergadura de bloqueio (R2 ajustado= 0,73). O modelo de regressão do G1 não foi estatisticamente significante. Quanto ao somatotipo foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre brasileiros e pan americanos (Wilks’ lambda= 0,498; p<0,05). O somatotipo dos brasileiros foi classificado como mesomorfo balanceado (2,7-4,3-3,0) e o dos Pan Americanos como mesomorfo endomórfico (3,5-4,6-2,4). Quanto à posição específica de jogo de bloqueio (2,8-4,3-2,9) e de defensa (2,6-4,4-3,0) o somatotipo dos brasileiros foi classificado como mesomorfo balanceado e o dos pan americanos de bloqueio (3,7-4,4-2,4) e defesa (3,4-4,9-2,3) foi classificado como mesomorfo endomórfico. Em conclusão, a altura do salto vertical (ataque e bloqueio) influencia a performance de atletas de voleibol de praia masculino brasileiros. O tipo físico dos bloqueadores e defensores brasileiros foi similar quanto ao somatotipo. Os atletas brasileiros e pan americanos de voleibol de praia se diferenciam quanto às características cineantropométricas. O trabalho teve um caráter multidisciplinar com a participação de vários departamentos e laboratórios, como o Departamento de Fisioterapia, Departamento de Nutrição, Laboratório de Educação Física, atestando-se o caráter multidisciplinar da pesquisa. Palavras Chave: Antropometria, Perfomance atlética, Somatotipo, Voleibol

1

1. INTRODUÇÃO

O voleibol de praia é uma das modalidades esportivas que mais se

desenvolveu no Brasil.1 Os resultados dos atletas brasileiros em competições

internacionais, como por exemplo, na conquista de medalhas olímpicas em

Atlanta – 1996, Sydney – 2000 e Atenas – 2004, colocam o Brasil na elite

internacional do voleibol de praia.

Sabe-se que as características cineantropométricas de um atleta são

fatores importantes para o seu sucesso no esporte, como também podem

limitar a técnica e o potencial tático de um time durante uma competição.2 O

voleibol, esporte que é similar ao voleibol de praia nos seus fundamentos de

jogo - saque, recepção, levantamento, ataque, bloqueio e defesa – tem, como

requisitos de sucesso, a estatura corporal, a habilidade do salto vertical, a

resistência aeróbia e a potência anaeróbia.3 Estes requisitos, porém, não são

os únicos para o sucesso de um atleta, são necessárias outras variáveis como

a psicologia, a técnica, tática, preparação física e a nutrição.

Vários estudos já abordaram o somatotipo e as características

antropométricas e fisiológicas no voleibol,2,4-6 mas até o presente pouco se

sabe sobre a alta performance de atletas de voleibol de praia pan americanos e

brasileiros, apesar destes serem a maior referência mundial na modalidade

devido aos seus resultados conquistados em competições internacionais.

O estudo sobre as características cineantropométricas e os saltos

verticais da modalidade de voleibol de praia contribuirá, posteriormente, para

comparação com dados de outras populações, servindo como uma base de

2

dados de conhecimentos fundamentada cientificamente e funcionando como

uma fonte de armazenamento de informações inédita.

Dentro desse contexto, o presente estudo se insere na linha de pesquisa

da área das Ciências da Saúde, estando-se ciente da sua importância para o

crescimento do conhecimento nessa área, bem como para a orientação e a

seleção esportiva do voleibol de praia nacional e internacional. Assim, o

objetivo da presente pesquisa foi comparar o perfil antropométrico, a

composição corporal, o somatotipo e os saltos verticais de atletas de voleibol

de praia masculino.

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

A cineantropometria é uma disciplina7,8 que estuda as relações entre

“estrutura e movimento humano”7 apud Böhme9 e “pode ser considerada como

um objeto da biologia humana ou da antropologia física, mas relacionada aos

campos da Educação Física, esporte e recreação”.9 Nestes campos, enfatiza-

se os aspectos quantitativos de medida e avalia-se os aspectos do ser humano

relacionados ao movimento, que, conforme Beunen e Borms7 apud Böhme9

são os seguintes: 1) Componentes de constituição corporal, a saber, medidas

corporais de dimensões, proporções, forma, composição e maturação física; 2)

Capacidades motoras condicionadas e coordenativas, como força, flexibilidade,

velocidade, equilíbrio, coordenação e características cardio-respiratórias; 3)

Medidas dos níveis de atividade física, atividades físicas diárias e habilidades

motoras.

“Os componentes da constituição corporal são medidos através das

medidas antropométricas, também denominadas somáticas ou morfológicas”.9

A antropometria é um termo entendido originalmente como uma interface com

várias outras disciplinas, mas é utilizado, atualmente, para representar as

medidas dimensionais de superfície do físico humano.8 “As técnicas

antropométricas utilizadas em cineantropometria permitem a medição e

avaliação das dimensões, das proporções, das formas, dos tipos e das

composições corporais”7 apud Böhme.9

As medidas de dimensões corporais são as mais utilizadas em

cineantropometria. De acordo com Hegg e Luongo10 apud Böhme9 as medidas

envolvem: medidas lineares, medidas de perímetros e medida de massa. As

4

medidas lineares são classificadas em longitudinais e transversais. As

longitudinais são: estatura, altura tronco encefálica e comprimento de

membros. As transversais são divididas em diâmetros e envergadura.

De acordo com Böhme (p. 74),9 “a estatura permite apreciar dimensões

e proporções longitudinais do corpo humano, enquanto que a altura tronco-

encefálica permite determinar as alturas segmentares da cabeça, do pescoço e

do tronco”. “Os comprimentos correspondem às distâncias projetadas entre

dois pontos de referência anatômica, estabelecidas paralelamente ao eixo

longitudinal do segmento”.11

“Os diâmetros permitem analisar o desenvolvimento corporal horizontal

transversal ou ântero-posterior e os perímetros permitem avaliar o grau de

desenvolvimento das estruturas musculares, gordurosas e ósseas de

determinado segmento”10 apud Böhme9. “O peso corporal permite avaliar o

estado de nutrição e o crescimento do indivíduo, e a espessura de dobras

cutâneas permite a avaliação do grau de desenvolvimento do tecido

subcutâneo e da adiposidade subcutânea”10 apud Böhme.9 Além disso, “a

espessura das dobras cutâneas corresponde às medidas de uma camada

dupla de pele e de tecidos subcutâneos destacados em pontos anatômicos

específicos”.11

“A composição corporal refere-se à quantidade e à proporção dos

principais componentes estruturais do organismo, através do fracionamento do

peso corporal do corpo humano, os quais estão relacionados à saúde, à

doença e à qualidade de vida do indivíduo”. (p.76)9 Com isso, o interesse na

literatura para identificar padrões de composição corporal nos indivíduos é

grande em diversas áreas.12 Entre elas, podemos destacar os estudos sobre

5

mortalidade e morbidade em relação à obesidade,9,13 às “mudanças que

ocorrem durante o processo de crescimento e desenvolvimento, às relações

com a aptidão física, ao treinamento esportivo, ao desempenho esportivo, à

nutrição, às diferenças sócio-culturais entre outros”14 apud Böhme.9

Para Guedes e Guedes11 “a composição corporal refere-se ao

fracionamento do peso corporal em seus diferentes componentes e pode

oferecer, portanto, valiosas informações sobre o comportamento de indicadores

associados ao crescimento físico”. Além disso, “a composição corporal pode

ser descrita como um problema fundamental da anatomia quantitativa, o qual

pode ser analisado em vários níveis organizacionais como a soma de

componentes apropriados”.(p. 76)9

Existem diversas técnicas e variados métodos para análise da

composição corporal, que tem como pressupostos diferentes modelos teóricos.

Dentre eles, os mais modernos englobam cinco níveis da composição do corpo

humano.15 “Os dois primeiros níveis são formados pelo modelo atômico e pelo

molecular, que correspondem à parte química do corpo humano, enquanto os

outros três níveis são formados pelo celular, tecido e sistemas e corpo total,

que correspondem à parte anatômica”.9,15

A preocupação de agrupar os seres humanos de acordo com os

diferentes tipos físicos ocorre desde a antiguidade, existindo diferentes escolas

biotipológicas. De acordo com Sheldon, o tipo físico (denominado somatotipo)16

“é determinado pela interação de três componentes primários, conforme a

origem embrionária dos tecidos, que são respectivamente endomorfia,

mesomorfia e ectomorfia”.9

6

A endomorfia é caracterizada pela participação da adiposidade no

estabelecimento do tipo físico, a mesomorfia reflete a influência do

desenvolvimento do músculo esquelético e a ectomorfia traduz o envolvimento

do aspecto de linearidade relativa do tipo físico.11,17 No atual momento a

proposta idealizada por Heath e Carter é considerada a mais apropriada para

análise do somatotipo11. “Essa preferência é atribuída à simplicidade e à menor

margem de erro na coleta das informações”.18

As capacidades motoras condicionais e coordenativas são importantes

para o sucesso de um atleta.12 Entre elas, podemos citar a “força que tanto

pode refletir o estado de saúde como predizer o desempenho para

determinadas modalidades esportivas”.19 Além disso, ela pode proporcionar em

esportes como o voleibol e o voleibol de praia, melhoria na habilidade do salto

vertical.

Os principais tipos de saltos verticais utilizados nos trabalhos científicos

são squat jump, counter moviment jump e drop jump. Para utilização do squat

jump,20-22 o sujeito parte da posição imóvel de meio agachamento, com uma

forte e rápida extensão dos membros inferiores, tendo as mãos na cintura. No

counter moviment jump22 o sujeito fica em pé, com as pernas estendidas,

olhando para frente, com as mãos apoiadas na cintura, e executa o salto com

uma forte e rápida extensão dos membros inferiores, mantendo sempre as

mãos apoiadas na cintura e no drop jump,23 o sujeito realiza o salto de cima de

um plinto de diferentes alturas alcançando a máxima altura imediatamente

após cair no solo.

No voleibol, os principais saltos verticais investigados são os de Smith et

al.3, que se classificam em salto vertical de ataque e salto vertical de bloqueio.

7

No salto vertical de ataque, o atleta dá três passadas e salta alcançando o

ponto mais alto com uma das mãos, isto é, reproduzindo o movimento

específico do ataque no voleibol. O salto vertical de bloqueio é uma adaptação

do counter moviment jump, sem restrição em termos de grau de flexão do

joelho, em que o atleta salta parado e chega ao ponto mais alto com as duas

mãos estendidas, reproduzindo a ação de bloqueio.

8

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 79 atletas de voleibol de praia masculino,

sendo quarenta e nove (n=49) brasileiros e trinta (n=30) participantes dos XV

Jogos Pan Americanos (Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,

Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Porto Rico,

Uruguai, EUA, e Venezuela). A pesquisa teve o consentimento de um comitê

de ética (protocolo 426).

Procedimentos

Todas as medidas dos atletas brasileiros foram realizadas durante o

Circuito Nacional Brasileiro no primeiro semestre de 2007, onde se

encontravam no período de competição e as medidas dos atletas pan

americanos foi realizada no período de competição dos XV Jogos Pan

Americanos de 2007.

Composição corporal e somatotipo

Mensurações antropométricas

As medidas incluíram estatura corporal, massa corporal, largura do

esqueleto, circunferências dos membros e dobras cutâneas. A estatura

corporal foi medida com um estadiômetro (Seca 220, UK) próximo de 0.1 cm e

a massa corporal foi registrada com uma balança portátil (Seca alfa modelo

770, UK) próximo de 0.1 kg. As medidas das dobras cutâneas foram realizadas

com um compasso Langer (Cambridge, Maryland) em cinco locais (bíceps,

tríceps, subescapular, supra-ilíaca e medial da perna) próximo de 0.1 mm. A

circunferência do braço (cm) foi medida em contração e a da perna (cm) foi

medida com o sujeito em pé. Bi-epicôndilo umeral e Bi-epicôndilo femural (cm)

9

também foram medidas com aproximação de 0.1 mm. As medidas foram

realizadas de acordo com padrões da literatura.17,24 (Lohman, Roche, &

Martorell, 1982; Carter & Heath, 1990).

O índice de massa do corpo (IMC) e a relação altura-peso (IP) foram

estimados de acordo com as seguintes equações: IMC=MC/E2, IP= 3/ MCE . A

soma de cinco dobras cutâneas (bíceps, tríceps, subescapular, supra-ilíaca,

medial da perna) foi utilizada como um indicador de gordura corporal. A soma

de quatro dobras cutâneas (bíceps, tríceps, subescapular, supra-ilíaca) foi

utilizada para o cálculo da densidade do corpo (Durnin & Womersley, 1974).25

A equação de Siri26 (Siri, 1956) foi utilizada para a porcentagem de gordura

(BF%). Componentes de somatotipo (endomorfia – mesomorfia – ectomorfia)

foram estimados de acordo com o protocolo antropométrico de Heath e Carter17

(Carter & Heath, 1990).

Todas as medidas foram realizadas em um ambiente fechado e

praticamente no mesmo horário da avaliação pelo mesmo avaliador. Todas as

variáveis foram mensuradas do lado direito do corpo. A técnica de mensuração

de erros foi utilizada de acordo com procedimentos aceitos (Malina, 1995).27

Para analisar a performance dos saltos verticais apenas os jogadores

brasileiros foram utilizados. A amostra constituiu-se de 38 jogadores

masculinos participantes do Circuito Brasileiro de Voleibol de Praia. Os

jogadores foram agrupados de acordo com a colocação dos seus times no

ranking do Circuito Brasileiro de 2006. O primeiro grupo (G1) foi composto por

dez (n=10) atletas dos sete melhores times. Este grupo representa a elite do

voleibol de praia brasileiro, pois nele estão incluídos dois campeões olímpicos,

quatro campeões mundiais, dois vice-campeões mundiais, um campeão

10

mundial sub-21 e um campeão brasileiro. O segundo grupo (G2) foi formado

por vinte e oito (n=28) atletas dos times que estavam classificados no ranking

entre a oitava e a décima sétima posição.

Antropometria

A estatura do corpo foi mensurada com um estadiômetro (Seca 220, UK)

próximo de 0.1 cm e a massa do corpo foi registrada usando uma balança

portátil (Seca alpha 770, UK) próximo de 0.1 kg. Para se obter a envergadura

de ataque (EA), os indivíduos ficaram em pé ao lado de uma parede, com os

calcanhares juntos em contato com o chão, o braço não preferencial mantido

ao lado do corpo e o braço e mão preferenciais estendidos fazendo uma marca

com os dedos na posição mais alta que podiam atingir. Para facilitar a leitura,

os dedos do sujeito foram sujos com pó de giz. Para se obter a envergadura de

bloqueio (EB) o indivíduo ficou com os dois braços e as mãos estendidos.

Medidas de altura do salto vertical

O método utilizado foi uma adaptação do Teste Vertical de Ataque e

Bloqueio de Smith e colaboradores.3 Utilizou-se uma tabela de basquetebol na

areia e uma escala para demarcar a altura em centímetros.

Os indivíduos foram testados em dois tipos de saltos verticais. O

primeiro foi o salto de ataque, onde o indivíduo dá três passadas e salta

alcançando o ponto mais alto com uma das mãos em direção à tabela de

basquetebol. A diferença entre o salto de ataque menos a envergadura de

ataque será denominada de diferença de ataque. O segundo foi o salto de

bloqueio, onde o indivíduo salta parado (contra-movimento) e chega ao ponto

mais alto com as duas mãos estendidas em direção à tabela de basquetebol

11

reproduzindo a ação de bloqueio. A diferença entre salto de bloqueio menos

envergadura de bloqueio será denominada de diferença de bloqueio.

Aleatoriamente, os indivíduos realizaram três repetições de cada tipo de

salto na areia, sendo computada a melhor pontuação. Os indivíduos realizaram

os testes descalços. Após a realização das repetições, a areia foi remexida

para ficar no mesmo nível para todos. Os indivíduos se aqueceram

individualmente antes do teste e descansaram entre os saltos até não sentirem

nenhum resíduo de fadiga. A condição da superfície foi areia não compactada

e seca.

Análise estatística

Foram utilizados como procedimentos estatísticos:

Teste t de Student para amostras independentes com ajuste de

Bonferroni foi utilizado para averiguar possíveis diferenças significativas entre

as variáveis investigadas.

Análise Multivariada de Variância (MANOVA) com Wilks’ lambda foi

usado como teste estatístico para determinar diferenças entre os componentes

do somatotipo. Se a MANOVA foi significante, então as comparações foram

feitas usando T2 Hotelling’s com ajuste de Bonferroni para determinar quais

componentes contribuíram para as diferenças significantes.

Análise de Regressão Múltipla foi utilizado para averiguar as relativas

contribuições das variáveis antropométricas na performance do salto de ataque

e salto de bloqueio. A primeira foi entre a variável dependente salto de ataque

e as variáveis independentes massa corporal, estatura corporal e envergadura

de ataque e a segunda foi entre a variável dependente salto de bloqueio e as

12

variáveis independentes massa corporal estatura corporal e envergadura de

bloqueio.

Coeficiente de correlação de Pearson foi usado para examinar as

relações entre as variáveis selecionadas. O nível de significância estatístico

estabelecido para todos os testes foi p<0,05.

13

04. ANEXAÇÃO DE ARTIGOS

ARTIGO 1:

COMPARISON BETWEEN VERTICAL JUMPS OF HIGH PERFORMANCE

ATHLETES ON THE BRAZILIAN MEN’S BEACH VOLLEYBALL TEAM

Journal of Sports Medicine Physical Fitness 2008, 48(2):172-176

ARTIGO 2:

KINANTHROPOMETRICAL CHARACTERISTICS OF THE BRAZILIAN AND

PAN AMERICAN MALE BEACH VOLLEYBALL PLAYERS

Bulletin de la Fédèration Internationale D’ Education Physique 2008, 78:358-

361.

ARTIGO 3 SUBMETIDO:

Comparison of anthropometric characteristics, body composition, and

somatotype between Brazilian and Pan American male beach volleyball players

Submetido ao Journal of Sports Sciences

ARTIGO 4 SUBMETIDO:

Somatotype, size and body composition of Brazilian male beach volleyball

players

Submetido ao Journal of Sports Sciences

14

6. REFERÊNCIAS

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16

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Apêndice

Apêndice 1

Ficha de avaliação dos saltos verticais

Local: _____________________ Data: ___/___/___ Horário: ___:___

Atleta: _________________________ Data de nascimento: ___/___/___

Salto vertical de ataque

1º Salto 2 º Salto 3 º Salto Resultado

Salto vertical de bloqueio

1 º Salto 2 º Salto 3 º Salto Resultado

Apêndice 2

Ficha de avaliação antropométrica

Local: _____________________ Data: ___/___/___ Horário: ___:___

Atleta: _________________________ Data de nascimento: ___/___/___

Variável Medidas

1a 2a 3a

Massa corporal (kg)

Estatura corporal (cm)

Dobra cutânea bíceps (mm)

Dobra cutânea tríceps (mm)

Dobra cutânea subescapular (mm)

Dobra cutânea supra-ilíaca (mm)

Dobra cutânea medial da perna (mm)

Epicôndilo umeral (mm)

Epicôndilo femural (mm)

Perímetro do braço (cm)

Perímetro da perna (cm)

Abstract

The kinanthropometric characteristics are used by the sports science as selection criteria and detection of talents. Hence, this study aimed at comparing the anthropometrical profile, the body composition, the somatotype and the vertical jumps of the beach volleyball players. This study consists of 79 male beach volleyball players, being forty nine (n=49) Brazilian participants of the National Circuit and thirty (n=30) of 15 countries participating in the XV Pan American Games. In order to analyze the vertical jumps of the Brazilian the participants were allocated into two groups (G1 and G2) in agreement with the national ranking of their teams. The vertical jump protocol developed by Smith and collaborators was used to evaluate the vertical jumps of spike and block. The Heath-Carter anthropometrical technique (1990) was used for calculating the somatotype. The Student’s t test with the Bonferroni adjustment was used to calculate the differences among the investigated variables. The multiple regression analysis was used to identify the contributions of the anthropometrical variables in the performance of the vertical jumps and the multivariance analysis was used to calculate the differences among the components of the somatotype. The Brazilian athletes of G1 were better than G2 in the spike jump (p <0.01), block jump (p <0.01) and in the block difference (p <0.01). The prediction model of the spike jump of G2 included the body mass and standing spike reach (adjusted R2 = 0.77), the body mass and the standing block reach were also included in the model of the block jump (adjusted R2 = 0.73). The regression model of G1 was not statistically significant. As for the somatotype, statistically significant differences were found between the Brazilians and the Pan Americans (Wilks' lambda = 0.498; p <0.05). The Brazilian somatotype was classified as balanced mesomorph (2.7-4.3-3.0) and the Pan American somatotype as endomorphic mesomorph (3.5-4.6-2.4). As to the specific position of the block game (2.8-4.3-2.9) and the defense game (2.6-4.4-3.0), the Brazilian somatotype was classified as balanced mesomorph and the Pan American somatotype, the block (3.7-4.4-2.4) and the defense (3.4-4.9-2.3), was classified as endomorphic mesomorph. In conclusion, the vertical jump height (spike and block) influences the male Brazilian beach volleyball players’ performance. The physical type of the Brazilian blockers and defenders was similar with relationship to the somatotype. The Brazilian and Pan American beach volleyball players differ in terms of kinanthropometric characteristics. This work had a multidisciplinary feature with the participation of several departments and laboratories, like the Physiotherapy Department, the Nutrition Department, the Physical Education Laboratory, thus corroborating the multidisciplinary research feature. Key-words: Anthropometry, Athletic performance, Somatotype, Volleyball