UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · quando todos os seus elementos estiverem...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ILANE DANTAS SOARES A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE LAGOA NOVA/RN NATAL/RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ILANE DANTAS SOARES

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS

ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE LAGOA NOVA/RN

NATAL/RN

2015

ILANE DANTAS SOARES

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS

ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE LAGOA NOVA/RN

Monografia apresentada ao Curso de

Administração da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito parcial para

obtenção do grau de Administrador.

ORIENTADORA: Prof.ª Maria Teresa Pires Costa. Dra.

NATAL/RN

2015

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Soares, Ilane Dantas.

A qualidade de vida no trabalho dos professores das escolas estaduais

do município de Lagoa Nova/RN / Ilane Dantas Soares. – Natal, RN, 2015.

71f. : il.

Orientador: Prof. Dra. Maria Teresa Pires Costa.

Monografia (Graduação em Administração) – Universidade Federal do

Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento

de Ciências Administrativas.

1. Administração – Monografia. 2. Qualidade de vida no trabalho –

Monografia. 3. Satisfação no trabalho - Monografia. 4. Professores –

Educação básica - Monografia. I. Costa, Maria Teresa Pires. II.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 658.3

ILANE DANTAS SOARES

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS

ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE LAGOA NOVA/RN

Monografia apresentada ao Curso de Administração da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, aprovada em ____/____/____.

__________________________________________________________

Prof.ª Maria Teresa Pires Costa, Dra.

Orientadora

__________________________________________________________

Prof. Antônio Alves Filho, Dr.

Membro examinador

__________________________________________________________

Prof. Francenildo Dantas Rodrigues, M.Sc.

Membro examinador

Dedico este trabalho aos meus pais, por todo amor, apoio e incentivo em todos os momentos da minha vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Valmir e Marinete, pela ótima educação que me

deram, por terem me ensinado valores importantes que hoje possuo.

Agradeço a minha irmã, Monalise, por todo afeto e companheirismo.

Agradeço ao meu namorado, Matheus, por seu amor, conselhos e pelo

carinho dedicado a mim sempre.

Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a todos os

docentes do curso de administração, que auxiliaram no meu crescimento pessoal e

intelectual.

Agradeço a minha orientadora, Teresa Pires, pela confiança demonstrada

e pela orientação atenciosa que contribuiu muito no desenvolvimento deste trabalho.

Por fim, agradeço aos gestores e a todos os professores das escolas

estaduais Manoel Luís de Maria e Angelita Félix Bezerra, pela colaboração com a

pesquisa.

RESUMO

A qualidade de vida é um importante aspecto a ser considerado na promoção do bem-estar dos professores, sobre os quais vêm sendo atribuídas diversas funções no cotidiano de suas atividades de trabalho. Nesse contexto, este estudo teve como objetivo principal avaliar a qualidade de vida no trabalho dos professores das escolas estaduais do município de Lagoa Nova/RN, por meio do modelo QWLQ-bref (2011). Tratou-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa e contou com a participação de 20 professores que responderam um questionário dividido em duas seções: a primeira seção é constituída por seis questões, referentes as características sociodemográficas, enquanto a segunda busca avaliar a QVT por meio do instrumento QWLQ-bref, formado por 20 questões distribuídas em quatro domínios (físico/saúde; psicológico; pessoal e profissional). Os resultados mostraram que todos os domínios apresentaram índice satisfatório, sendo que o domínio físico/saúde apresentou o menor índice e o domínio pessoal apresentou o maior. Desse modo, o índice geral de QVT foi satisfatório, possibilitando a conclusão de que os professores analisados declaram-se satisfeitos com sua qualidade de vida no trabalho.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. Professores. Educação básica.

ABSTRACT

Quality of life is an important aspect to be considered in the promotion of teachers’ well-being on which have been assigned various functions in their daily work activities. In this context, this study aimed to evaluate the quality of working life of teachers of state schools in the city of Lagoa Nova/RN, through QWLQ-bref model (2011). This was a descriptive quantitative approach and involved the participation of 20 teachers who answered a questionnaire divided into two sections: the first section consists of six questions regarding sociodemographic characteristics, while the second seeks to evaluate the QVT through the QWLQ-bref instrument and consists of 20 questions divided into four domains (physical/health, psychological, personal and professional). The results showed that all areas showed satisfactory rate, and the physical/health domain had the lowest index and the personal domain had the highest. Thus, the overall rate of QVT was satisfactory, enabling the conclusion that the analyzed teachers said they were satisfied with their quality of life at work. Keywords: Quality of life at work. Teachers. Basic Education.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Fatores que influenciam o projeto de cargo e a qualidade de vida

no trabalho

27

Figura 02 – Classificação proposta para o QWLQ-78 29

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Gênero 41

Gráfico 02 – Idade 42

Gráfico 03 – Escolaridade 42

Gráfico 04 – Tempo de trabalho com a docência 43

Gráfico 05 – Exercício da docência em mais de uma instituição 44

Gráfico 06 – Remuneração com a docência 44

Gráfico 07 – Média geral e dos domínios de QVT 45

Gráfico 08 – Avaliação do sono 46

Gráfico 09 – Trabalho prejudicado por problemas com o sono 47

Gráfico 10 – Necessidades fisiológicas satisfeitas adequadamente 47

Gráfico 11 – Conforto no ambiente de trabalho 48

Gráfico 12 – Motivação para o trabalho 49

Gráfico 13 – Liberdade de expressão no trabalho 50

Gráfico 14 – Orgulho pela profissão 51

Gráfico 15 – Sentimento de realização com o trabalho 52

Gráfico 16 – Qualidade da relação com superiores e/ou subordinados 52

Gráfico 17 – Avaliação da família em relação ao trabalho 53

Gráfico 18 – Respeito dos colegas e dos superiores 53

Gráfico 19 – Liberdade para criar coisas novas no trabalho 54

Gráfico 20 – Igualdade de tratamento entre os docentes 55

Gráfico 21 – Orgulho pela organização 55

Gráfico 22 – Nível de participação nas decisões da organização 56

Gráfico 23 – Nível de responsabilidade no trabalho 56

Gráfico 24 – Satisfação com o treinamento oferecido pela organização 57

Gráfico 25 – Satisfação com a variedade de tarefas que realiza 58

Gráfico 26 – Espírito de camaradagem 58

Gráfico 27 – Satisfação com a QVT 59

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Fundamentos da qualidade de vida no trabalho 25

Quadro 02 – Questões que compõem o QWLQ-bref 29

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler 20

Tabela 02 – Estatística descritiva 45

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 CONTEXTO E COLOCAÇÃO DO PROBLEMA 14

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E SEU AMBIENTE 16

1.3 OBJETIVOS 17

1.3.1 Objetivo Geral 17

1.3.2 Objetivos Específicos 17

1.4 JUSTIFICATIVA 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO 19

2.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS CONCEITOS

19

2.2 MODELOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A QVT 24

2.2.1 Modelo de Walton (1973) 24

2.2.2 Modelo de Westley (1979) 25

2.2.3 Modelo de Nadler e Lawler (1983) 26

2.2.4 Modelo de Davis e Werther (1983) 26

2.2.5 Modelo de Huse e Cummings (1985) 27

2.2.6 Modelo QWLQ-bref (2011) 28

2.3 O CENÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA 30

2.4 ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE A QVT DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

33

3 METODOLOGIA 39

3.1 TIPO DE PESQUISA 39

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA 39

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 40

3.4 TRATAMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 41

4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES 41

4.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DE QVT CONFORME O MODELO QWLQ-BREF

45

4.2.1 O Domínio Físico/Saúde 46

4.2.2 O Domínio Psicológico 49

4.2.3 O Domínio Pessoal 51

4.2.4 O Domínio Profissional 54

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 60

REFERÊNCIAS 62

ANEXOS 68

14

1 INTRODUÇÃO

Nesta parte da pesquisa (capítulo inicial), são apresentados elementos

indispensáveis para o desenvolvimento da mesma. A princípio é feita a

contextualização e colocação do problema; em seguida a caracterização da

organização e seu ambiente; logo após são definidos o objetivo geral e os objetivos

específicos que nortearão o estudo; e, por último, é apresentada a justificativa para a

realização deste trabalho.

1.1 CONTEXTO E COLOCAÇÃO DO PROBLEMA

Para que uma organização seja eficaz e produtiva, não basta apenas ter

instalações modernas, alta tecnologia, estruturas organizacionais bem definidas e

planejamentos estratégicos. Cada organização, como um todo, só irá obter êxito

quando todos os seus elementos estiverem funcionando adequadamente, e os

componentes de maior importância dentro desse processo são os colaboradores.

As organizações são constituídas essencialmente de pessoas e

dependem delas para atingir os seus objetivos e cumprir as suas missões. De

acordo com Chiavenato (2003) as pessoas não são recursos que a organização

consome, utiliza e que produzem custos. Pelo contrário, as pessoas constituem fator

de competitividade, do mesmo modo que o mercado e a tecnologia.

Gerenciar pessoas em contextos de trabalho significa controlar os fatores

que interferem na qualidade de trabalho e de vida dos colaboradores, com o intuito

de identificar as melhores condições para a execução de cada tipo de serviço, as

competências necessárias para o desenvolvimento das atividades, os elementos

que os motivam, as estruturas e os recursos fundamentais para o desenvolvimento

do trabalho.

Nesse sentido, Rodrigues (1998, p. 76) afirma que:

A Qualidade de Vida no Trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência. Com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa.

15

Mesmo que as preocupações com as condições de trabalho e a influência

destas na produção e moral do trabalhador estejam explícitas já nas primeiras

civilizações, estes elementos só passaram a ser estudados de forma científica nos

séculos XVIII e XIX, com a sistematização dos métodos de produção.

Desde então, a Qualidade de vida no Trabalho (QVT) constitui um

elemento de grande importância no âmbito organizacional, na medida em que o

bem-estar dos colaboradores interfere diretamente na competitividade e

produtividade das empresas. Assim, a QVT pode ser entendida como o

envolvimento das pessoas, trabalho e organizações, onde a preocupação com o

bem-estar do trabalhador e com a eficiência organizacional são os elementos mais

relevantes.

No trabalho, a qualidade de vida representa hoje a necessidade de

valorização das condições de trabalho, da definição de procedimentos da tarefa em

si, do cuidado com o ambiente físico e dos bons padrões de relacionamento. Já para

as pessoas, representa a necessidade de valorização do significado do trabalho e do

cargo ocupado (LIMONGI-FRANÇA, 2012).

Do ponto de vista institucional, as mudanças que ocorrem no mundo do

trabalho produzem impactos nos aparelhos de Estado, colocando na agenda das

inovações novos desafios relativos ao papel dos órgãos públicos, suas finalidades,

suas estruturas e o seu próprio funcionamento (TULLI e KARISALMI apud

FERREIRA, ALVES, TOSTES, 2009). Desse modo, as instituições públicas têm

passado por um período de transformação e de readaptação da gestão com o intuito

de satisfazer plenamente os anseios sociais.

É notório que no setor privado a temática QVT tem historicamente maior

inserção e presença, enquanto no setor público permanece como algo incipiente e

um campo científico de interesse ainda restrito. Entretanto, aos poucos, a QVT vem

ganhando espaço na administração pública, devido a ligação que existe entre as

condições adequadas para a realização de um trabalho e a produtividade. Nessa

perspectiva, o bem-estar dos servidores públicos, a satisfação do usuário-cidadão, a

eficiência e a eficácia dos serviços prestados pelos órgãos governamentais

constituem desafios inerentes às práticas de gestão, voltadas para a promoção da

QVT.

Assim, dada a importância da gestão da QVT nos órgãos públicos, as

instituições escolhidas para a aplicação do presente estudo foram as duas escolas

16

estaduais do Município de Lagoa Nova/RN e levantou-se a seguinte questão-

problema na pesquisa: Quais as principais variáveis que influenciam a Qualidade de

Vida no Trabalho dos professores das escolas estaduais do Município de Lagoa

Nova/RN?

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E SEU AMBIENTE

As organizações escolhidas para aplicação da pesquisa de Qualidade de

Vida no Trabalho foram as escolas estaduais Manoel Luís de Maria e Angelita Félix

Bezerra, situadas em Lagoa Nova/RN, município serrano, localizado na microrregião

da Serra de Santana, mesorregião Central Potiguar.

Antes de explanar sobre as escolas, é importante apresentar o município

em que elas se situam. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), o município de Lagoa Nova possui área de 176,3 km², população

de 15.110 habitantes e foi elevado à categoria de município em 1963. O município

destaca-se como um dos maiores produtores de caju do estado do Rio Grande do

Norte, tendo cerca de 5.300 hectares de plantações em toda a região. A economia

local também esta voltada para o cultivo e a exploração da mandioca, pinha, graviola

e maracujá. Apesar de ser de pequeno porte, a pecuária também é de grande

importância para a economia local, onde há a criação de bovinos, suínos, equinos,

asininos, muares, ovinos e caprinos. O turismo está surgindo como uma nova

atividade de grande potencial econômico que está gerando desenvolvimento e renda

para o município.

A rede de educação pública de Lagoa Nova conta com duas escolas

estaduais e quinze municipais. Já a rede de educação privada do município é

constituída por duas instituições.

A Escola Estadual Manoel Luís de Maria atua no município desde 1967 e,

nos dias atuais, atende 345 alunos do ensino fundamental (1º ao 9º ano). A mesma

funciona nos turnos matutino e vespertino e apresenta a seguinte equipe de

trabalho: 12 professores efetivos, 1 diretor, 1 vice-diretor, 2 coordenadores

pedagógicos, 3 assistentes de serviços gerais e 2 merendeiras.

A Escola Estadual Angelita Félix Bezerra iniciou seu funcionamento no

ano de 2007 e, atualmente, é a única escola de ensino médio do município,

funcionando nos turnos matutino, vespertino e noturno. A instituição contempla 770

17

alunos e possui a seguinte equipe de trabalho: 15 professores efetivos, 1 diretor, 1

vice-diretor, 3 coordenadores pedagógicos, 2 assistentes de serviços gerais, 2

merendeiras e 2 porteiros.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Avaliar a qualidade de vida no trabalho dos professores das escolas

estaduais do município de Lagoa Nova/RN, à luz do modelo QWLQ-bref.

1.3.2 Objetivos Específicos

Descrever o perfil dos participantes da pesquisa.

Levantar os aspectos físicos que interferem na QVT dos professores da

rede estadual do município de Lagoa Nova/RN;

Identificar os aspectos psicológicos que interferem na QVT dos

professores da rede estadual do município de Lagoa Nova/RN;

Descrever os aspectos pessoais que interferem na QVT dos

professores da rede estadual do município de Lagoa Nova/RN;

Verificar os aspectos profissionais que interferem na QVT dos

professores da rede estadual do município de Lagoa Nova/RN;

1.4 JUSTIFICATIVA

No ambiente de trabalho atual, a competição, as pressões por

produtividade, a inovação e a busca desenfreada por mercados tornaram-se fatores

determinantes nas relações organizacionais e até mesmo pessoais. Assim, as

necessidades das pessoas e os novos desafios no trabalho têm estimulado a

estruturação das atividades de qualidade de vida nas empresas, caracterizando uma

nova especialização gerencial.

No entanto, apesar da existência de estudos sobre a QVT, esse tema

ainda é recente nas instituições públicas. Com isso, a motivação inicial em conceber

o presente trabalho é o interesse da autora sobre a QVT aplicada nas instituições

18

públicas, com o intuito de proporcionar benefícios à saúde dos colaboradores e criar

mecanismos para lidar com as dificuldades que as pessoas e as organizações têm

para desenvolver suas atividades com qualidade de vida.

Este estudo também apresenta relevância para as instituições de ensino,

já que o bem-estar dos professores, em especial, é de fundamental importância para

o desenvolvimento do processo educativo. Ao contribuir para compreender o bem-

estar dos professores, este estudo torna-se relevante para todos os funcionários das

instituições abordadas, contribuindo para a educação como um todo. Possivelmente,

funcionários satisfeitos com boa qualidade de vida estarão estimulados e

comprometidos com o seu trabalho.

Por fim, quanto ao meio acadêmico, este estudo teve como proposta

contribuir para a investigação e divulgação de um assunto que vem ganhando

destaque nas organizações, por sua capacidade de interferir no desempenho

institucional.

19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo, no qual se apresenta a revisão da literatura, está

constituído de quatro partes. A primeira parte aborda a história e evolução dos

principais conceitos acerca da qualidade de vida no trabalho; a segunda mostra os

principais modelos de mensuração da QVT; a terceira discute aspectos relacionados

ao cenário educacional brasileiro na escola pública; e a quarta e última apresenta

um levantamento de alguns dos estudos desenvolvidos no Brasil sobre a QVT de

docentes da educação básica.

2.1 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DOS

PRINCIPAIS CONCEITOS

A Qualidade de Vida no Trabalho, sob a ótica de facilitar e proporcionar

satisfação e bem estar ao trabalhador no desenvolvimento de suas tarefas, é uma

preocupação do homem desde os primórdios de sua existência. Esta afirmação é

exemplificada por Rodrigues (1998) ao citar que os ensinamentos de Euclides de

Alexandria sobre princípios de geometria, há 300 anos a.C., e a “Lei das Alavancas”,

de Arquimedes em 287 anos a.C., foram aplicados para melhorar o método de

trabalho e diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores. Estes exemplos

mostram que já nas primeiras civilizações as preocupações com a forma de

execução das tarefas existiam e que vários foram os métodos ou teorias que,

aplicados, minimizaram o mal-estar ou esforço físico do trabalhador.

Corroborando com o histórico da QVT, Tolfo e Piccinini (2001) afirmam

que os estudos ligados à QVT foram iniciados nos anos 50 e apresentaram diversas

fases. Eric Trist e seus colaboradores do Tavistok Institute, Londres, são apontados

como os precursores das pesquisas ligadas à qualidade de vida no trabalho. Na

década citada, eles iniciaram uma série de estudos que deram origem a uma

abordagem sociotécnica em relação à organização do trabalho, com uma

preocupação com a satisfação e o bem-estar do trabalhador. No entanto somente na

década de 60 é que o movimento tomou impulso, a partir da conscientização da

importância de se buscarem melhores formas de organizar o trabalho, com a

20

finalidade de minimizar os seus efeitos negativos sobre o trabalhador e alcançar o

seu bem-estar geral.

Dessa forma, a primeira fase se estendeu até 1974, quando a crise

energética e a alta inflação acometeram as grandes potências do Ocidente. A

necessidade de sobrevivência das empresas perante essas questões econômicas

fez com que os interesses dos funcionários ficassem em segundo plano.

A preocupação com os fatores relacionados à QVT ressurgiu somente em

1979, devido, principalmente, à perda da competitividade das indústrias norte-

americanas para suas concorrentes japonesas, o que levou à investigação dos

estilos gerenciais praticados em outros países e a relacionar os programas de

produtividade aos esforços com a melhoria da QVT. No Brasil, a preocupação com

os programas de QVT surgiu mais tarde, também em função da competitividade das

empresas (Rosa, 2012).

Mesmo que a QVT tenha recebido considerável atenção, especialmente a

partir de 1979, ainda não existe um consenso quanto ao seu exato significado. A

Tabela 01 permite a compreensão sobre a evolução histórica do referido campo de

estudo, partindo de uma perspectiva mais restrita para outras mais amplas.

Tabela 01 - Definições evolutivas da QVT na visão de Nadler e Lawler

PERÍODO FOCO PRINCIPAL DEFINIÇÃO

1959/1972 Variável A QVT foi tratada como reação individual ao trabalho ou às consequências pessoais de experiência do trabalho.

1969/1975 Abordagem

A QVT dava ênfase ao indivíduo antes de dar ênfase aos resultados organizacionais, mas ao mesmo tempo era vista como um elo dos projetos cooperativos do trabalho gerencial.

1972/1975 Método A QVT foi o meio para o engrandecimento do ambiente de trabalho e a execução de maior produtividade e satisfação.

1975/1980 Movimento A QVT, como movimento, visa a utilização dos termos “gerenciamento industrial” com bastante frequência, invocador como ideais do movimento.

1979/1983 Tudo A QVT é vista como um conceito global e como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e a produtividade.

Previsão Futura Nada

A globalização da definição trará como consequência inevitável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E para estes QVT nada representará.

Fonte: Nadler e Lawler (Apud RODRIGUES, 1998, p. 81).

21

A partir do exposto, pode-se aferir que a Qualidade de Vida no Trabalho

é uma temática que vem sendo amplamente estudada ao longo dos anos e por

diferentes enfoques, o que lhe atribui sentidos diversificados. De acordo com

Limongi-França e Arellano (2002, p. 297):

O conceito de qualidade de vida no trabalho tem sido avaliado e questionado através dos anos, definindo-se não como modismo passageiro, mas como um processo que consolida a busca do desenvolvimento humano organizacional.

São muitas as áreas das ciências que contribuem para o construto do

termo QVT. Sobre esta perspectiva, Limongi-França (2012) destaca alguns temas

que têm influenciado e contribuído para a construção de novas abordagens em

gestão de pessoas e qualidade de vida no trabalho:

a) Saúde: a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu nos anos

oitenta Saúde como preservação da integridade física, mental e

social – um completo bem-estar biopsicossocial –, e não apenas

ausência de doença, com maior expectativa de vida e avanços

biomédicos.

b) Ecologia: o homem é parte integrante e responsável pela

preservação do ecossistema dos seres vivos e dos insumos da

natureza.

c) Engenharia: por meio da ergonomia, com maior capacidade de

construir objetos e ambientes – extensão das necessidades

humanas –, de forma cada vez mais confortável, eficaz e

harmônica na interface pessoas-trabalho.

d) Psicologia: junto com a filosofia, demonstra a influência das

atitudes internas das perspectivas de vida na análise e inserção de

cada pessoa no seu trabalho e a importância do significado

intrínseco das necessidades individuais.

e) Sociologia: resgata a dimensão simbólica do que é compartilhado e

construído socialmente, demonstrando as implicações de quem

influencia e é influenciado os diversos contextos culturais e

antropológicos.

22

f) Economia: enfatiza a consciência social de que os bens são finitos

e que a distribuição de bens, recursos e serviços deve envolver a

responsabilidade social e a globalização.

g) Administração: com o aumento da capacidade de mobilizar

recursos, cada vez mais sofisticados e impactantes em termos

tecnológicos, diante de objetivos mais específicos, rápidos e

mutantes.

Ainda que, apesar dos mais diversos estudos sobre o tema em questão,

não exista um consenso para o conceito de QVT, a maioria dos autores afirmam que

o termo é subjetivo e está relacionado tanto a aspectos intrínsecos quanto a

aspectos extrínsecos da vida do indivíduo. O Grupo WHOQOL (1998) apresenta

três aspectos fundamentais referentes ao construto qualidade de vida, obtidos

através de um grupo de experts de diferentes culturas: (1) subjetividade; (2)

multidimensionalidade (3) presença de dimensões positivas como mobilidade e

negativas como a dor.

Walton apud Padilha (2009, p. 553) explica Qualidade de Vida no

Trabalho como:

Uma ideia calcada em humanização do trabalho e responsabilidade social da empresa, envolvendo o entendimento de necessidades e aspirações do indivíduo, através da reestruturação do desenho de cargos e novas formas de organizar o trabalho, aliadas a uma formação de equipes de trabalho com um maior poder de autonomia e uma melhoria do meio organizacional.

Para esse autor, a QVT está inserida num âmbito de equilíbrio ou

conciliação entre trabalho e outras esferas da vida, encorajando e apoiando hábitos

e estilos de vida que promovam o bem-estar. Contribuindo com esta conceituação,

Kops, Romero e Silva (2013) asseveram que a QVT busca a satisfação do

trabalhador na tentativa de diminuição do mal-estar e do excessivo esforço físico no

trabalho, tendo como objetivo maior levantar alternativas para a manutenção de

ambientes de trabalho saudáveis para as pessoas. Portanto, consideram a QVT

como um conjunto de estratégias e ações para melhorar as condições de trabalho,

buscando aumentar os resultados.

23

A qualidade de vida no trabalho atém-se à abordagem do bem-estar do

indivíduo, em um domínio específico de sua vida, o trabalho, constituindo-se, porém,

em temática essencial para a compreensão da qualidade de vida dos indivíduos em

geral, na medida em que grande parte deles passa a maior parte de suas vidas em

seus contextos laborais (FERREIRA e MENDONÇA, 2012).

De acordo com Morin (2001), o trabalho representa um valor importante,

exerce uma influência considerável sobre a motivação dos trabalhadores e também

sobre sua satisfação e produtividade. O indivíduo não trabalha somente para a

obtenção do salário, o mesmo é um ser integrado e indivisível, trazendo consigo

sentimentos, ambições, expectativas, buscando o crescimento dentro daquilo que

desenvolve e realiza.

Nesta concepção de que as pessoas trabalham em uma organização,

buscando realizar sonhos de autoestima e autorrealização, Faria (2015) diz que o

principal objetivo da QVT é criar alternativas para a manutenção de ambientes de

trabalho mais saudáveis para os profissionais, gerando inúmeros benefícios para o

bem-estar deles. Em geral, a qualidade de vida no trabalho busca amenizar os

efeitos causados pela exaustão, principalmente quando o profissional aplica mais

esforço físico na execução de suas tarefas.

Assim, as organizações preocupadas com o bem-estar dos seus

funcionários e, consequentemente, com a excelência organizacional, devem

considerar a QVT como um importante instrumento de gestão. Isto é evidenciado

quando Wachowicz (2013, p. 120) aponta que:

As empresas que buscam manter a confiabilidade no mercado, que querem atrair clientes e fornecedores, que almejam patamares de ganho igual ou superior dos percentuais competitivos, sabem que investimentos em qualidade de vida são diretamente proporcionais ao lucro que se pode ter.

Portanto, é possível constatar que a qualidade de vida no trabalho é um

termo abrangente e complexo, que se modificou no decorrer dos anos e nas

diferentes culturas. A mesma está relacionada à subjetividade pertinente à qualidade

de vida como um todo, passando por noções de motivação e satisfação, saúde e

segurança no trabalho, além de novas maneiras de organização e tecnologias

ligadas ao trabalho.

24

2.2 MODELOS UTILIZADOS PARA MENSURAR A QVT

Conhecer a opinião dos trabalhadores acerca das particularidades de seu

trabalho e da qualidade de vida é extremamente relevante para as organizações, já

que tais informações auxiliam na elaboração e/ou implementação de políticas

estratégicas.

Ao longo dos anos, inúmeros pesquisadores têm se empenhado na

elaboração de modelos que objetivam avaliar a QVT sob diferentes ângulos, cada

um enfatizando determinados indicadores que podem influenciar a qualidade de vida

dos indivíduos dentro do contexto organizacional.

A ausência de consenso na conceituação da QVT favorece a existência

de vários modelos teóricos para a avaliação dessa variável. Nessa perspectiva, este

tópico objetiva fazer uma revisão de alguns dos principais modelos de QVT

encontrados na literatura.

2.2.1 Modelo de Walton (1973)

Para Walton, segundo Rosa (2012), a QVT deve ser entendida como um

conceito global, correspondendo, além dos atos legislativos, ao atendimento das

expectativas e aspirações humanas além da responsabilidade social da empresa. É

o modelo de QVT constituído pela maior quantidade de dimensões (oito), que visam

fornecer uma estrutura para analisar as características notáveis do ambiente laboral,

assim como a aspectos presentes na vida fora do ambiente de trabalho.

As dimensões denominadas por Walton não são dispostas em ordem de

prioridade, sendo atribuídas a cada uma delas a mesma importância na definição da

QVT. As oito categorias são:

a) Compensação justa e adequada;

b) Condições de trabalho;

c) Uso e desenvolvimento de capacidades;

d) Chances de crescimento e segurança;

e) Integração social na empresa;

f) Constitucionalismo;

g) Trabalho e espaço total de vida;

h) Relevância social de vida no trabalho.

25

2.2.2 Modelo de Westley (1979)

De acordo com Deus (2006, p. 28), Westley “apreende a QVT como os

esforços empreendidos pelas organizações na busca de uma maior humanização do

ambiente de trabalho”. O referido modelo enfatiza a abordagem sociotécnica, onde

realiza histórica retrospectiva do ambiente laboral, inserindo as dimensões

abordadas em seu modelo no âmbito do trabalho, articulando-as paralelamente à

qualidade de vida no trabalho.

Nesse modelo, a QVT pode ser analisada por meio de quatro indicadores,

listados a seguir:

a) Econômico;

b) Político;

c) Psicológico;

d) Sociológico.

Westley considera que esses quatro indicadores são causa de injustiça,

insegurança, alienação e anomia (ausência de leis e regulamentos),

respectivamente. Desse modo, segundo Deus (2006), Westley com o objetivo de

resolver os problemas ocasionados por esses indicadores, propôs ações através da

participação dos trabalhadores nas decisões e na divisão dos lucros, da adoção de

um trabalho auto-supervisionado, do enriquecimento das tarefas e da aplicação dos

principais sociotécnicos, conforme o Quadro 01.

Quadro 01 – Fundamentos da Qualidade de Vida no Trabalho

Natureza do

Problema

Sintoma do

Problema

Ação para Solucionar

o Problema Indicadores Propostas

Econômico Injustiça União Insatisfação;

Greves.

Cooperação;

Divisão nos lucros;

Participação nas decisões.

Político Insegurança Posições Políticas Insatisfação;

Greves.

Trabalho auto-supervisionado;

Conselho de trabalhadores;

Participação nas decisões.

Psicológico Alienação Agentes de Mudança Desinteresse;

Absenteísmo e “turnover”. Enriquecimento das tarefas.

Sociológico Anomalia Autodesenvolvimento

Ausência de Significação

do Trabalho;

Absenteísmo e “turnover”.

Métodos sociotécnicos

aplicados aos grupos.

Fonte: Westley apud Rodrigues (1998).

26

2.2.3 Modelo de Nadler e Lawler (1983)

No modelo desenvolvido por Nadler e Layler, segundo Rodrigues (1998),

são apresentados os fatores que preveem o sucesso dos projetos de QVT. São eles:

a) Percepção da necessidade;

b) O foco do problema que é destacado na organização;

c) Estrutura para identificação e solução do problema, teoria/modelo do

projeto de treinamento e participantes;

d) Compensações projetadas tanto para os processos quanto para os

resultados;

e) Sistemas múltiplos afetados;

f) Envolvimento amplo da organização.

Para que um programa de QVT obtenha sucesso existem ainda três

necessidades básicas. A primeira seria o desenvolvimento do projeto em diferentes

níveis, coerentes com o contexto em que será aplicado. O segundo aspecto

compreende as mudanças nos sistemas de gerenciamento e disposições

organizacionais. E, por fim, os autores consideram necessárias mudanças no

comportamento do gerenciamento superior. É preciso que a alta gerência não só

esteja comprometida com o processo, mas participando ativamente dele, para que

este possa ser disseminado em toda a organização. Os autores observam ainda a

crescente atenção que as organizações têm destinado às práticas de qualidade de

gerenciamento e ao impacto que esses fatores têm sobre os indivíduos (NADLER;

LAWLER apud PIMENTEL, 2003).

2.2.4 Modelo de Davis e Werther (1983)

Davis e Werther, citados por Silva, Pedroso e Pilatti (2010), consideram

que muitos fatores afetam a QVT, como a supervisão, condições de trabalho,

pagamento, benefícios e o projeto do cargo. No entanto, o trabalho, em si, é o que

mais envolve intimamente o trabalhador. Por mais que os colaboradores possuam

um bom salário, boas condições de trabalho e uma boa supervisão, as atividades

que estes desenvolvem podem, sob a ótica dos mesmos, ser tediosas.

Nesse modelo, Davis e Werther consideram que a ênfase da QVT

consiste em tornar os cargos mais interessantes e desafiadores, tornando-se

27

necessário uma reformulação dos cargos, com a participação de todos os

envolvidos. Assim, o modelo desenvolvido por esses autores, está fundamentado

em um projeto de cargo que considera fatores ambientais, organizacionais e

comportamentais, apresentados na Figura 01.

Figura 01 – Fatores que influenciam o projeto de cargo e a Qualidade de Vida no Trabalho

FATORES AMBIENTAIS - Sociais - Tecnológicos - Culturais - Econômicos - Governamentais

QVT

FATORES COMPORTAMENTAIS - Necessidades de recursos humanos - Motivação - Satisfação

FATORES ORGANIZACIONAIS - Propósito - Objetivos - Organização - Departamentos - Cargos

Fonte: Davis e Werther apud Rodrigues (1998).

2.2.5 Modelo de Huse e Cummings (1985)

Na visão de Huse e Cummings, a QVT é uma forma de pensamento

envolvendo pessoas, trabalho e organização, destacando dois aspectos distintos: a

preocupação com o bem-estar dos indivíduos e a eficácia organizacional; e a

participação dos trabalhadores nas decisões e nos problemas do trabalho. Esse

segundo aspecto torna essa abordagem diferente das demais (PIMENTEL, 2003).

Um programa de QVT, para Huse e Cummings, utiliza-se de quatro

aspectos ou programas:

a) A participação do trabalhador no processo de tomada de decisão em

diversos níveis organizacionais;

b) O projeto de cargo que atenda às necessidades do trabalhador,

incluindo o enriquecimento do trabalho, com uma maior variedade de

tarefas, feedback e grupos de trabalhos autorregulados;

c) Uma inovação no sistema de recompensa, com o intuito de minimizar

as diferenças salariais e de status entre os trabalhadores;

28

d) A melhoria no ambiente de trabalho, envolvendo mudanças físicas ou

tangíveis nas condições de trabalho.

Dessa forma, um programa de QVT quando bem estruturado afeta

positivamente os trabalhadores, contribuindo para uma melhor produtividade e

desempenho organizacional.

2.2.6 Modelo QWLQ-bref (2011)

O modelo QWLQ-bref, desenvolvido por Cheremeta et al. (2011), é a

abreviação do modelo QWLQ-78 (Quality of Working Life Questionnaire –

Questionário de Qualidade de Vida no Trabalho). O QWLQ-78 foi elaborado por Reis

Junior (2008) e é composto por 78 questões, distribuídas em quatro domínios:

físico/saúde, psicológico, pessoal e profissional.

A quantidade de questões do QWLQ-78, agrupadas por domínio, foi

definida de acordo com a quantidade de indicadores enquadrados a cada conceito.

O domínio físico apresenta 17 questões, o psicológico apresenta 10, o pessoal

apresenta 16 e o profissional apresenta 35. A diferença acentuada do número de

questões do domínio profissional, em relação aos outros, deve-se ao fato de que um

grande número de indicadores foi enquadrado no conceito desse domínio (REIS

JUNIOR, 2008).

Apesar de amplamente utilizado, o elevado número de questões do

instrumento QWLQ-78 constitui um fator negativo na sua utilização. Nesse contexto,

a versão abreviada desse modelo possibilita a obtenção de resultados fidedignos ao

instrumento original demandando menor tempo para aplicação e tabulação dos

dados.

Das 78 questões que compõe o QWLQ-78, apenas 20 foram

selecionadas para a versão abreviada do instrumento (um quarto do total de

questões de cada domínio). Quatro questões do domínio físico/saúde, três do

domínio psicológico, quatro do domínio pessoal e nove do domínio profissional. A

ordenação das questões do QWLQ-bref seguiu a sequência de aparição destas no

QWLQ-78, sendo apenas excluídas as questões não remanescentes para a versão

abreviada e alterada a numeração sequencial, tendo início em 1 (CHEREMETA et

al., 2011).

O Quadro 02 expõe as questões que fazem parte do QWLQ-bref:

29

Quadro 02 – Questões que compõe o QWLQ-bref

DOMÍNIO QWLQ-

78 QWLQ-

bref QUESTÃO

Domínio Físico/saúde

31 4 Em que medida você avalia o seu sono?

36 8 Em que medida algum problema com o sono prejudica seu trabalho?

69 17 Suas necessidades fisiológicas básicas são satisfeitas adequadamente?

77 19 Em que medida você se sente confortável no ambiente de trabalho?

Domínio psicológico

22 2 Em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?

32 5 Como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho?

37 9 Em que medida você avalia o orgulho pela sua profissão?

Domínio pessoal

33 6 Você se sente realizado com o trabalho que faz?

38 10 Como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados?

45 11 Em que medida sua família avalia o seu trabalho?

66 15 Em que medida você é respeitado pelos seus colegas e superiores?

Domínio profissional

20 1 Como você avalia a sua liberdade para criar coisas novas no trabalho?

24 3 Como você avalia a igualdade de tratamento entre os funcionários?

35 7 Em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha?

46 12 Em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa?

59 13 Você está satisfeito com o seu nível de responsabilidade no trabalho?

63 14 Você se sente satisfeito com os treinamentos dados pela organização?

67 16 Você se sente satisfeito com a variedade das tarefas que realiza?

72 18 Como você avalia o espírito de camaradagem no seu trabalho?

78 20 O quanto você está satisfeito com a sua qualidade de vida no trabalho?

Fonte: Cheremeta et al., (2011).

Para cada aspecto da QVT expresso no questionário, o indivíduo pode

apresentar sua resposta por meio de escores que variam de um a cinco, e para os

resultados dos domínios, os valores apresentam-se entre zero e cem, ambos

utilizando os mesmos princípios do WHOQOL-bref. A escala proposta para a

classificação da QVT no instrumento QWLQ-78, assim como no QWLQ-bref, é

apresentada na Figura 02:

Figura 02 – Classificação proposta para o QWLQ-78

QWLQ-78

Muito Insatisfatório Insatisfatório Neutro Satisfatório Muito Satisfatório

0 a 22,5 22,5 a 45 45 a 55 55 a 77,5 77,5 a 100

Fonte: Reis Júnior (2008).

Para garantir a validade do instrumento abreviado diante o instrumento

original, foi realizado um comparativo entre os dois. Os resultados de ambos os

instrumentos apresentaram grande proximidade, não destoando em mais do que

cinco pontos percentuais em nenhum domínio, tal qual o escore global da QVT,

30

perfazendo com que o QWLQ-bref seja uma alternativa confiável para a avaliação

da QVT, apresentando um tempo de aplicação e tabulação encurtado.

O modelo QWLQ-bref foi escolhido para subsidiar a investigação da

qualidade de vida no trabalho nesse estudo pelo fato de seus domínios

condensarem as ideias de vários autores apresentados anteriormente sobre a QVT.

2.3 O CENÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA

A educação é um direito fundamental que contribui positivamente para o

desenvolvimento dos indivíduos, nos aspectos sociais, econômicos e culturais como

um todo. Nesse sentido, os impactos da educação são extensos e profundos, na

medida em que desempenha uma função social transformadora, possibilitando o

combate à pobreza, o crescimento da economia, a garantia de acesso a outros

direitos, a diminuição da violência, a promoção da saúde, a proteção do meio

ambiente, entre outros.

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 1996).

A educação tem por finalidade o absoluto desenvolvimento do educando,

seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Assim,

percebe-se que a educação é responsabilidade de inúmeros setores, destacando-se

o Estado, a família e a escola. Estes devem trabalhar em perfeita harmonia para se

alcançar os resultados almejados.

O Estado assume um importante papel na educação, já que garante a

ordem e o bem-estar social. Ele assegura que sejam cumpridos e respeitados os

direitos e deveres dos indivíduos, além de proporcionar segurança, proteção e

assistência à sociedade.

O setor familiar também desempenha uma importante função na

educação, considerando que este é o primeiro ambiente que o indivíduo interage.

Corroborando com esta ideia, Abreu (2012, p. 1) afirma que:

31

A família é referenciada no desenvolvimento da criança como um dos principais pilares no seu mundo social, pois é através desta instituição que o indivíduo tem os seus primeiros contatos, interação e, deste modo, atua no seu desenvolvimento inicial.

Assim como o Estado e a família, a escola apresenta um imenso valor na

educação pessoal e profissional dos indivíduos. Permeada de significados e

sentidos que a sociedade lhe confere, a escola pode ser compreendida a partir do

seu papel fundamental de ensinar o conhecimento formal, preparando as novas

gerações que, mais tarde, vão assumir as tarefas consideradas significativas para a

mesma sociedade, bem como promover sua formação para, posteriormente, intervir

na vida pública da comunidade (GÓMEZ apud MIRANDA, 2010).

Conforme preceitua a Lei 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional, a educação escolar compõe-se de:

Educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e

ensino médio;

Educação superior.

A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando e

assegurar a todos os brasileiros a formação comum indispensável para o exercício

da cidadania, além de fornecer os meios para estes progredirem no trabalho e em

estudos posteriores.

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como

finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus

aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família

e da comunidade (BRASIL, Lei n° 12.796, de 04 de abril de 2013, 2013).

O ensino fundamental, segunda etapa da educação básica, possui

duração de nove anos e tem como objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno

domínio da leitura, da escrita e do cálculo; a compreensão do ambiente natural e

social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se

fundamenta a sociedade; o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo

em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e

valores; o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana

32

e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, Lei nº 11.274, de

06 de fevereiro de 2006, 2006).

O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de

três anos, terá como finalidades: a consolidação e o aprofundamento dos

conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento

de estudos; a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para

continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas

condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; o aprimoramento do

educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos

científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a

prática, no ensino de cada disciplina.

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino

médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de

ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida

pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos

educandos (BRASIL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 1996).

Percebendo a importância da educação escolar para o desenvolvimento

dos indivíduos, torna-se evidente a importância dos principais transmissores de

conhecimentos nas instituições escolares: os professores. De acordo com o artigo

62 da Lei 9.394/1996, a formação de docentes para atuar na educação básica far-

se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima

para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do

ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

Segundo Soares (2012), as condições de trabalho do professor podem

variar de acordo com o tipo de escola (pública ou privada) e ainda de acordo com o

segmento escolar (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio ou ensino

superior). Assim também será a forma de o professor perceber e representar sua

profissão e relacionar a qualidade de seu trabalho com as condições às quais está

sujeito.

Diversos aspectos relacionados à prática docente podem interferir na

satisfação do professor com seu trabalho. Nessa lógica, os autores Rebolo e Carmo

(2010, p. 57) afirmam que:

33

A impossibilidade de participar das decisões sobre o rumo do ensino, o excesso de burocracia e o controle do trabalho do professor, a falta de apoio e de reconhecimento do trabalho por parte das instâncias superiores do sistema educacional, a escassez de recursos materiais, a falta de apoio técnico-pedagógico e a falta de incentivo ao aprimoramento são fatores geradores de desmotivação e insatisfação com o trabalho.

Outro fator que tange as condições de trabalho do docente relaciona-se à

formação desse profissional, visto que a ausência de preparo dos professores, em

decorrência de uma formação inadequada, tem sido associada com condições de

trabalho ruins ou inapropriadas. O autor Alves-Mazzotti, citado por Soares (2012),

discute essa temática e expõe que o mundo atual tem exigido cada vez mais dos

professores, devido à dinamicidade das relações sociais, às diversas formas de

busca de conhecimento, ao avanço tecnológico e às situações de violência social.

Os professores, portanto, precisam estar aptos a lidar com essas situações do

mundo globalizado e com as novas formas de subjetividades decorrentes deste.

Dado o exposto, mesmo que atuar como docente em instituições

escolares, especialmente públicas, apresente diversos fatores negativos, como o

baixo salário, sobrecarga de trabalho, escassez de recursos materiais e

pedagógicos, insegurança, entre outros, existem fatores que os motivam a

ingressarem e permanecerem em tais instituições. Esses elementos são: a

possibilidade de agregar conhecimentos e adquirir experiência profissional; o

alcance de certa estabilidade profissional; e a contribuição/retribuição social. Este

último pode ser considerado o quesito que mais atrai os indivíduos para a docência,

já que um dos papéis mais relevantes do professor é contribuir com a sociedade na

transmissão de conhecimentos.

2.4 ESTUDOS BRASILEIROS SOBRE A QVT DE DOCENTES DA EDUCAÇÃO

BÁSICA

As organizações vivem hoje um momento de transformações que se

reflete na busca incessante pelo incremento da competitividade organizacional.

Assim, dada a importância do capital intelectual para a sobrevivência das

organizações nesse cenário, percebe-se que o bem-estar, a qualidade de vida

34

individual e a qualidade de vida no trabalho estão recebendo mais atenção, já que é

possível obter resultados mais eficazes com a implantação de programas com esta

finalidade.

Muito se tem debatido e estudado o tema QVT, podendo-se notar que o

interesse acadêmico por esse tema tem aumentado consideravelmente. Os

primeiros estudos com o intuito de diagnosticar a QVT datam do início da década de

1970. Porém, no Brasil, esses estudos começaram a ser realizados apenas a partir

dos anos 1980 (ROSA, 2012).

No Brasil, a preocupação com a qualidade de vida no trabalho surgiu de

forma mais tardia, entretanto diversos pesquisadores e organizações vêm

desenvolvendo importantes trabalhos e discussões sobre o assunto. Contudo, nota-

se que ainda é insuficiente a quantidade de estudos voltados para a qualidade de

vida no trabalho no setor público, mesmo diante de sua importância e necessidade.

Apresentam-se a seguir alguns estudos realizados sobre o tema com

aplicações na área docente da educação básica e suas principais conclusões. Os

estudos foram pesquisados em bases de dados, em revistas indexadas, no período

de 2005 a 2015. Destes foram elencados os mais relevantes para a temática

abordada, envolvendo o trabalho docente.

Em sua pesquisa, Bittencourt (2005) investigou a qualidade de vida geral

dos professores do ensino fundamental da rede pública municipal de educação no

município de Palotina-PR. A pesquisa foi realizada em todas as escolas (nove

escolas) municipais do ensino fundamental e 80 professores responderam ao

questionário. O método de pesquisa foi um questionário de características

sóciodemográficas e o instrumento genérico da Organização Mundial de Saúde,

traduzido e validado no Brasil, World Health Organization Quality of Life na versão

abreviada (WHOQOL-Breve) para a avaliação da QV geral em seus quatro

Domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente, para verificar uma

possível correlação entre a QV e algumas variáveis independentes (sexo, idade,

estado civil, renda familiar, número de pessoas que vivem da renda, tempo de

magistério, carga horária semanal, tipo de vinculo trabalhista com o município e

número de vínculo trabalhista com ou sem registro).

A análise linear da QV percebida nos diferentes domínios foi menor no

Domínio meio ambiente. Quanto à relação das variáveis independentes sobre os

domínios e facetas estudadas, o número de filhos, a carga horária semanal, o

35

número de escolas que o professor atua e a renda familiar influenciaram

significativamente na QV percebida pelos professores. A dificuldade em conciliar a

vida profissional com as atividades domésticas e a insatisfação com as

oportunidades de atividade de lazer também foram determinantes para avaliação da

QV. Concluiu-se, com base nos dados sóciodemográficos e estatísticos que, apesar

de afirmarem satisfação com a QV geral, os professores do ensino fundamental

apresentaram resultados abaixo da média na maioria dos domínios avaliados.

A pesquisa de Rocha e Fernandes (2007) teve como objetivo a avaliação

da qualidade de vida dos professores do ensino fundamental do município de

Jequié-BA. O estudo foi realizado com uma amostra aleatória constituída por 91

professores e como instrumento de pesquisa, utilizou-se o Short Form (SF) 36 do

instrumento Medical Outcomes Study (MOS), que é um questionário

multidimensional composto por 36 itens, tendo sido traduzido e validado para a

população brasileira. Este instrumento foi criado com a finalidade de avaliar a

qualidade de vida relacionada à saúde de maneira genérica, não possuindo

conceitos específicos para determinada idade, doença ou grupo de tratamento. Os

dados obtidos foram analisados por meio da estatística descritiva, com determinação

de médias, frequências e desvio-padrão.

De forma geral, foi observado que todos os domínios investigados pelo

SF-36 com os professores do ensino fundamental do município de Jequié-BA

encontram-se prejudicados, destacando-se a vitalidade e a dor, as quais

apresentaram menor escore. O autor conclui que este resultado chama a atenção

para a necessidade da realização de intervenções com tal população, tanto em nível

de políticas públicas que possibilitem o desenvolvimento de um trabalho docente

adequado, que objetive a promoção de saúde destes trabalhadores, quanto em nível

de ações de profissionais de saúde que possam minimizar os danos à saúde,

advindos de tal prática profissional. Na perspectiva de criação de escolas

promotoras de saúde, não se pode perder de vista a saúde dos professores como

elemento indispensável na concretização desta proposta.

Pereira (2008), em seu estudo, analisou a percepção de qualidade de

vida, condições de trabalho e estresse relacionado ao trabalho de professores de

educação básica no município de Florianópolis – SC. A amostra foi formada por 349

professores da rede pública (estadual e municipal) de ensino, onde responderam a

um questionário formado por quatro seções: a) dados socioeconômicos e

36

características do trabalho; b) qualidade de vida, por meio do instrumento de

qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde “Whoqol-bref”, c) percepção

sobre as condições de trabalho, utilizando-se o questionário “Perfil de Ambiente e

Condições de Trabalho” e d) percepção de estresse relacionado ao trabalho, por

meio da “Job Stress Scale”.

As questões que conduziram os objetivos do estudo foram: qual a

percepção de qualidade de vida, da realidade do trabalho e do estresse relacionado

ao trabalho de professores de educação básica em exercício profissional no

município de Florianópolis e quais fatores estão mais associados a escores

inferiores de qualidade de vida desses profissionais.

Após a aplicação dos questionários, Pereira (2008) obteve a média de

qualidade de vida geral na avaliação do Whoqol-bref, que foi de 63 pontos (escala

de zero a 100). O domínio meio ambiente foi o que apresentou menor escore médio

(53 pontos) e junto com o domínio físico (65 pontos) foi o que mais explicou a

qualidade de vida geral.

A percepção das condições de trabalho dos professores apresentou

grande variação dependendo da dimensão analisada. As dimensões remuneração e

benefícios e ambiente físico apresentaram maior percepção negativa. Por outro lado,

o ambiente social e a relevância social do trabalho foram dimensões que

apresentaram maiores percentuais de professores com percepção positiva.

Em resumo, de acordo com as avaliações realizadas, os professores de

Florianópolis apresentaram escore médio de qualidade de vida geral considerado

regular. A rede de ensino, o tempo de magistério, a carga horária e a exposição ao

estresse relacionado ao trabalho foram as variáveis mais relevantes para a

qualidade de vida dos professores. Quanto aos domínios, o domínio meio ambiente

que inclui indicadores como segurança física e proteção, transportes, oportunidades

de crescimento e recursos financeiros foi o domínio mais importante e suas

dimensões devem ser observadas em intervenções e políticas públicas para o

magistério.

No estudo desenvolvido por Silva (2011), o principal objetivo foi analisar a

qualidade de vida dos professores de ensino fundamental da cidade de Goiânia-GO

e correlacionar os fatores sociodemográficos com os domínios do SF-36 (Medical

Outcomes Study 36 – Item Short-Form Health Survey). O SF-36 é um questionário

multidimensional com 36 itens, englobados em oito domínios: a) capacidade

37

funcional; b) aspectos físicos; c) dor; d) estado geral da saúde; e) vitalidade; f)

aspectos sociais; g) aspectos emocionais, e h) saúde mental. Esta pesquisa avaliou

190 professores de ensino fundamental de 15 escolas municipais de Goiânia, no

período de abril a julho de 2010.

Como resultados, o autor identificou que a Dor e Vitalidade foram os

domínios mais afetados e os fatores idade, tempo de serviço, carga horária de

trabalho e gênero contribuíram para a piora dos domínios Capacidade Funcional,

Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sociais, Limitações por Aspectos

Emocionais e Saúde Mental da qualidade de vida. Por fim, as políticas públicas que

visam agir tanto de forma educativa quanto preventiva e curativa, foram

consideradas necessárias pelo autor. A integração da saúde do trabalhador com a

saúde da mulher deve ser pensada já que a maioria dos docentes de ensino

fundamental é do sexo feminino e o gênero feminino mostrou-se fator importante

para a diminuição de alguns domínios na qualidade de vida.

Rosa (2012) investigou a QVT dos professores de ensino médio da

educação pública e privada do município de Paracatu-MG. Em sua pesquisa de

caráter descritivo, o autor utilizou um questionário semiestruturado embasado no

modelo de Walton (1973) e contou com a participação de 196 respondentes, onde

buscou identificar, entre as oito dimensões propostas pelo referido modelo, a

insatisfação ou satisfação da população amostrada. O estudo teve como questão

norteadora as variáveis e o índice de satisfação dos profissionais mencionados em

relação aos aspectos que influenciam a sua QVT.

A partir da questão norteadora, o autor obteve as cinco variáveis com

mais alto índice de correlação, ou seja, que mais influenciam na QVT da população

investigada. São elas:

a) O quinto fator refere-se à isonomia salarial entre o que um trabalhador ganha

em sua instituição, quando comparado ao que o colega de outra instituição

recebe;

b) A quarta variável diz respeito ao orgulho e ao prazer de trabalhar em uma

instituição que tem boa imagem perante a sociedade;

c) A variável que ficou em terceiro lugar foi o equilíbrio entre vida profissional e

vida pessoal, ou seja, equidade entre a jornada de trabalho e a convivência

com a família, bem como disponibilidade de tempo para lazer;

38

d) O segundo elemento foi a tarefa que os docentes desenvolvem e o

reconhecimento da importância de seu trabalho e de sua presença na

instituição;

e) Por fim, a variável que mais influenciou refere-se à equidade salarial na

instituição.

Assim, de modo geral, os resultados mostraram que os professores que

atuam somente na rede pública de ensino, assim como os que trabalham somente

na rede privada, manifestaram estar satisfeitos quanto a QVT. Quando considerado

o conjunto total da amostra, ou seja, todos os professores de Paracatu-MG,

concluiu-se que eles também se declararam satisfeitos com sua qualidade de vida

no trabalho.

Para estudos futuros, o autor sugeriu uma pesquisa abordando os

professores de outros níveis de ensino, como educação infantil, ensino fundamental,

docentes que atuam na educação de jovens e adultos (EJA) ou até mesmo um

comparativo entre professores de níveis diferentes. Além disso, indicou também a

possibilidade de uma pesquisa em que envolva os professores que atuam ao

mesmo tempo nas duas redes de ensino (pública e privada), tendo em vista que

esses profissionais têm conhecimento dos dois ambientes de trabalho e podem,

assim, fornecer um parecer das duas redes.

Estes trabalhos permitem a comprovação da análise da QVT como uma

importante ferramenta de apoio à gestão escolar, ao passo que fornece informações

a respeito dos fatores que interferem no trabalho dos docentes. Esses dados são

relevantes para que as instituições escolares possam desenvolver as ações

adequadas para eliminar os problemas existentes, como a adoção de programas de

QVT que proporcionem aos trabalhadores maior resistência ao estresse, maior

estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor

autoimagem e melhor relacionamento.

39

3 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a metodologia aplicada no presente estudo,

dividida em quatro tópicos. No primeiro tópico é abordado o tipo da pesquisa; no

segundo são definidos o universo e a amostra; no terceiro é apresentado o

instrumento utilizado para a coleta de dados; e no quarto e último mostra-se como

será realizado o tratamento para a análise dos dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A monografia, segundo Martins e Lintz (2000), é um documento técnico-

científico, que, por escrito, expõe a reconstrução racional e lógica de um único tema.

Sua qualidade é evidenciada pela originalidade e criatividade mostradas pelo autor

quando expõe sua leitura e interpretação do conteúdo tematizado. Desse modo,

adotou-se como objeto de estudo a qualidade de vida no trabalho nas escolas

estaduais do município de Lagoa Nova/RN.

Este trabalho, do ponto de vista dos seus objetivos, trata-se de uma

pesquisa descritiva de abordagem quantitativa, que, conforme Marconi e Lakatos

(2010), consistem em investigações de pesquisa empírica cuja finalidade principal é

o delineamento ou análise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de

programas ou o isolamento de variáveis principais ou chave.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa caracterizou-se por ser

bibliográfica e estudo de caso. De acordo com Santos (2013), a pesquisa

bibliográfica é feita com base em documentos já elaborados e a pesquisa estudo de

caso analisa com profundidade um ou poucos fatos, visando obter conhecimentos

com riqueza de detalhes do objeto estudado.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

Conforme Vergara (2011), o universo de uma pesquisa diz respeito a um

conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto de estudo.

Portanto, o universo desta pesquisa é formado pelos 27 professores da rede

estadual do município de Lagoa Nova/RN.

40

Como não foi possível obter as informações de todos os indivíduos que

compõem o universo do presente estudo, trabalhou-se com os dados obtidos dos 20

docentes que responderam à pesquisa, constituindo uma amostra não probabilística

de 74% em relação à população de indivíduos selecionados para este estudo. De

acordo com Barros e Lehfeld (2000) a amostra é um subconjunto representativo do

universo.

3.3 COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu de forma indireta, onde a pesquisadora deixou

os questionários sob a responsabilidade da direção de cada uma das escolas, que

se prontificaram a entregar o instrumento de coleta de dados a cada professor. De

acordo com Santos (2013), quando o processo de coleta de dados é feito

indiretamente, possibilita aumentar o número de amostras, entretanto, apresenta

como pontos negativos os desvios e a não devolução, além de trazer dúvidas nas

respostas.

O instrumento de pesquisa utilizado neste estudo foi um questionário

composto de perguntas fechadas e de múltipla escolha, dividido em duas seções: a

primeira seção é constituída por seis questões, referentes as características

sociodemográficas, enquanto a segunda busca avaliar a QVT por meio do

instrumento QWLQ-bref, já mencionado neste trabalho.

3.4 TRATAMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS

Assim como no QWLQ-78, foi construída para o QWLQ-bref uma

ferramenta para o cálculo dos dados no software Microsoft Excel. Desse modo, após

o levantamento das informações, os dados foram tabulados pela pesquisadora nos

locais especificados, onde todos os cálculos são realizados de forma automatizada.

A versão final do QWLQ-bref e a ferramenta para o cálculo dos resultados do

referido instrumento estão disponíveis no sítio eletrônico

http://www.brunopedroso.com.br/qwlq-bref.html.

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta parte da pesquisa é feita a apresentação e análise dos resultados

obtidos com a investigação sobre a QVT dos professores das escolas públicas

estaduais do município de Lagoa Nova/RN. Inicialmente, são abordados os

resultados da população investigada em relação aos dados sociodemográficos e, em

seguida, são apresentados os resultados referentes à QVT.

4.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS PARTICIPANTES

O levantamento do perfil sociodemográfico dos professores foi obtido por

meio de seis questões, que forneceram informações quanto ao gênero, idade,

escolaridade, tempo de serviço, exercício da docência em mais de uma instituição e

a remuneração.

Dos 20 professores respondentes, percebe-se a predominância do sexo

feminino (65%), como é mostrado no Gráfico 01:

Gráfico 01 – Gênero

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

De acordo com Silva e Rosso (2008), o predomínio feminino no

magistério é explicado pelas características “intrínsecas” da mulher – instinto

maternal, docilidade e habilidades femininas – que possibilitaram a sua

inclusão/aceitação no trabalho docente.

Em relação à variável idade, no Gráfico 02 verifica-se que a maioria dos

professores analisados (85%) encontrava-se com idade superior a 25 anos, sendo

42

que o mais alto percentual situou-se na faixa dos que possuem mais de 45 anos

(45%).

Gráfico 02 – Idade

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

De acordo com Ferreira (2010), docentes na faixa etária acima dos 40

anos denotam maturidade intelectual e experiência de vida que, geralmente, influem

de maneira positiva em sua postura, tomada de decisões, relacionamento e,

consequentemente, em seu desempenho profissional.

No tocante ao fator escolaridade, constata-se que a maioria dos

profissionais em questão possuía alto grau de escolarização, já que 85% dos

docentes detinham curso superior ou de pós graduação e que os demais estavam

cursando o ensino superior. Esses dados podem ser visualizados no Gráfico 03:

Gráfico 03 – Escolaridade

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

43

Esse fato está de acordo com o que estabelece a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/96, que em seu artigo 62 determina

que a formação de docentes para atuar na educação básica se faça em nível

superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e

institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício

do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino

fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

Quanto ao tempo de trabalho com a docência, apresentado no Gráfico 04,

constatou-se que a maior parte dos professores (60%) tem mais de 15 anos de

experiência. Desse modo, é possível concluir que a população amostrada possui

ampla experiência com a docência.

Gráfico 04 – Tempo de trabalho com a docência

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Peres (2013) afirma que o tempo de experiência na docência é um fator

relevante para contribuir na capacitação pedagógica, que implica em uma vivência

maior em sala de aula, favorecendo o desenvolvimento do processo ensino-

aprendizagem, podendo influenciar de forma positiva no domínio profissional da

QVT pelas possibilidades de reconhecimento e valorização. Entretanto, quanto

maior o tempo de atividade profissional na docência, maior a possibilidade de um

desgaste físico e emocional para este professor.

Da amostra utilizada, constatou-se que 40% dos professores exercem a

docência em mais de uma instituição, como mostra o Gráfico 05:

44

Gráfico 05 – Exercício da docência em mais de uma instituição

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Muitos docentes, movidos pela necessidade de aumentar os rendimentos,

atuam em mais de um turno ou mesmo em mais de uma escola, submetendo-se a

uma jornada de trabalho superior a 40 horas semanais. Independentemente da

causa, a longa jornada de trabalho, compromete o desempenho do professor, pois

concorre com outras atividades que exigem tempo adicional para docência:

planejamento das atividades em sala de aula, disponibilidade para oferecer

atendimento ao aluno e atividades administrativas relacionadas à escola (INEP,

2003).

No que se refere à remuneração, o Gráfico 06 apresenta os seguintes

resultados:

Gráfico 06 – Remuneração com a docência

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A remuneração justa e adequada é um importante critério para a

qualidade de vida no trabalho por influenciar diretamente no modo de vida do

45

trabalhador. A análise do Gráfico 06 permite verificar que a remuneração apresentou

variações que podem ser decorrentes de inúmeros fatores, tais como: o tempo de

trabalho com a docência; o fato de alguns professores trabalharem em mais de uma

instituição de ensino, entre outros.

4.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS DE QVT CONFORME O MODELO QWLQ-BREF

A Estatística Descritiva desta pesquisa de QVT contempla as respostas

dadas pelos 20 participantes, e está representada na Tabela 02:

Tabela 02 – Estatística descritiva

DOMÍNIO MÉDIA DESVIO

PADRÃO (DP) COEFICIENTE DE VARIAÇÃO

VALOR MÍNIMO

VALOR MÁXIMO

AMPLITUDE

Físico/Saúde 3,450 0,529 15,345 2,250 4,250 2,000

Psicológico 3,733 0,547 14,657 3,000 4,667 1,667

Pessoal 3,788 0,564 14,879 2,750 4,750 2,000

Profissional 3,617 0,452 12,508 2,889 4,111 1,222

QVT 3,647 0,475 13,015 2,847 4,257 1,410

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Como mostra a Tabela 02, obtiveram-se a média, o desvio padrão, o

coeficiente de variação, o valor mínimo, o valor máximo e a amplitude de cada

domínio e da QVT como um todo. Em uma escala centesimal, as médias de cada

domínio e o índice da QVT dos professores analisados ficaram registados em

representação gráfica da seguinte forma:

Gráfico 07 – Média geral e dos domínios de QVT

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

46

Tendo em vista a escala proposta para a classificação da QVT de Reis

Junior (2008) e Cheremeta et al. (2011), pode-se afirmar que, a média de 66,17

pontos obtida neste trabalho, assevera que os docentes da educação básica da rede

estadual do município de Lagoa Nova/RN estão satisfeitos com sua QVT.

A seguir, os resultados serão analisados de acordo com os domínios que

compõem o modelo QWLQ-bref.

4.2.1 O Domínio Físico/Saúde

O domínio Físico/Saúde apresentou o menor “valor mínimo” e o segundo

menor “valor máximo” na amostra analisada, com índices de 2,250 e 4,250

respectivamente, apresentando um índice médio no domínio de 61,25 (DP=0,529)

entre os 20 indivíduos participantes. Isso representa um índice satisfatório de QVT,

mesmo sendo o domínio que apresentou o menor índice médio. O domínio

Físico/Saúde apresentou coeficiente de variação de 15,345.

O domínio físico/saúde é constituído por quatro questões e analisa

aspectos como a qualidade do sono, o cansaço, a satisfação das necessidades

fisiológicas básicas e a sensação de conforto no ambiente de trabalho.

Quanto à avaliação do sono, obtiveram-se os seguintes resultados:

Gráfico 08 – Avaliação do sono

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A partir da análise do Gráfico 08, percebe-se que 45% avaliam o sono

como bom, 45% apresentam avaliação média e o restante (10%) avalia como muito

ruim. Sabendo-se que uma boa noite de sono é essencial para o pleno desempenho

47

físico e mental, esse critério merece destaque, já que um percentual significativo

(55%) está neutro ou avalia o sono como muito ruim.

Ao serem questionados sobre em que medida os problemas com o sono

prejudicam seu trabalho, 5% consideraram que prejudica extremamente, 15%

disseram que prejudica bastante; 35% (a maioria) afirmaram que mais ou menos,

25% muito pouco e 20% nada. Essas informações são mostradas no Gráfico 09.

Gráfico 09 – Trabalho prejudicado por problemas com o sono

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A respeito da satisfação adequada das necessidades fisiológicas, verifica-

se que a maioria dos docentes (55%) está bastante satisfeita. Esses dados podem

ser observados no Gráfico 10:

Gráfico 10 – Necessidades fisiológicas satisfeitas adequadamente

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

De acordo com Maslow apud Chiavenato (2003) as necessidades de

segurança, bem como as fisiológicas, constituem as necessidades primárias do

48

indivíduo. Conforme o indivíduo passa a satisfazer e a controlar suas necessidades

primárias, surgem lenta e gradativamente as necessidades secundárias: sociais, de

estima e de autorrealização. Os níveis mais elevados de necessidades somente

surgem quando os níveis mais baixos estão relativamente controlados e

relativamente satisfeitos pelo indivíduo.

Conforme ressalta Mendes e Leite (2012) a satisfação das necessidades

básicas é fundamental para uma boa QVT, caso contrário pode causar

descontentamento e desconcentração do colaborador. Dessa forma, considerando

que a maioria dos docentes mostrou-se bastante satisfeita quanto a este critério,

pode-se inferir que a QVT dos indivíduos não é prejudicada por este.

Em relação ao conforto no ambiente de trabalho, o Gráfico 11 permite

verificar que 15% dos docentes estão extremamente satisfeitos, 45% bastante e

40% mais ou menos. Nenhum docente avaliou este item de forma negativa.

Gráfico 11 – Conforto no ambiente de trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Para que o professor possa desempenhar favoravelmente suas funções,

é preciso que trabalhe em um ambiente que, no mínimo, lhe proporcione conforto.

Este interfere de modo significativo no seu comportamento e representam uma parte

importante do seu bem-estar (BATISTA; 2010). Visto que a parte majoritária dos

professores se sente bastante ou extremamente confortável no ambiente de

trabalho, é possível afirmar que o desempenho de suas funções não é prejudicado

pelo fator conforto.

49

4.2.2 O Domínio Psicológico

O domínio psicológico apresentou o maior “valor mínimo”, ficando longe

de obter índices extremamente baixos. O menor índice obtido por um colaborador

nesse domínio foi de 3,000 e o maior índice foi de 4,667, chegando próximo de

atingir o valor extremo (índice 5). Assim, o índice médio nesse domínio ficou

registrado em escala centesimal em 68,33 (DP=0,547), um resultado considerado

satisfatório, de acordo com a escala adotada.

O domínio psicológico abrangeu os seguintes indicadores na sua

avaliação: motivação, liberdade de expressão e orgulho pela profissão.

Sobre a motivação para o trabalho, verificou-se que nenhum profissional

avaliou este item de modo negativo, já que 5% considerou a motivação como muito

alta, 60% (a maioria) como alta e 35% como média.

Gráfico 12 – Motivação para o trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Retomando o referencial teórico, segundo Rebolo e Carmo (2010) muitos

são os fatores que geram desmotivação nas instituições escolares, como a

impossibilidade de participar das decisões sobre o rumo do ensino, o excesso de

burocracia e o controle do trabalho do professor, a falta de apoio e de

reconhecimento do trabalho por parte das instâncias superiores do sistema

educacional, a escassez de recursos materiais, a falta de apoio técnico-pedagógico

e a falta de incentivo ao aprimoramento.

Entretanto, mesmos que tais fatores possam estar presentes em todas as

instituições públicas de ensino, os professores estaduais de Lagoa Nova/RN, em

50

sua maioria, consideram possuir alta motivação para o trabalho. Um dos possíveis

motivos para esta alta motivação seria a contribuição/retribuição social, que faz parte

dos elementos que motivam o ingresso e permanência nas escolas públicas.

A respeito da liberdade de expressão no trabalho, observa-se no Gráfico

13 que metade da amostra (50%) considerou sua liberdade de expressão como alta,

40% como média e 10% como muito alta.

Gráfico 13 – Liberdade de expressão no trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Todos os indivíduos têm o direito à liberdade de expressão no ambiente

de trabalho, sem que isto seja motivo para recriminações. Nesse contexto, já que

nenhum indivíduo avaliou este item de forma negativa, pode-se afirmar que os

docentes analisados consideram-se livres para expressarem suas opiniões no

ambiente de trabalho.

Quanto à medida de avaliação do orgulho pela profissão, 10% dos

professores avaliaram como muito alta, 60% como alta e 30% como média. Do

mesmo modo dos demais indicadores que constituem o domínio psicológico,

nenhum docente avaliou estre critério de forma negativa. Estes dados podem ser

verificados no Gráfico 14.

51

Gráfico 14 – Orgulho pela profissão

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Sabe-se que inúmeros são os desafios que os professores enfrentam,

especialmente em escolas públicas. No entanto, a maioria dos docentes analisados

possui orgulho pela sua profissão, onde um dos possíveis motivos seria o

sentimento de realização ao contribuir para ascensão social dos indivíduos e para o

desenvolvimento da sociedade como um todo.

4.2.3 O Domínio Pessoal

No domínio pessoal foi obtido o maior índice de QVT da amostra, com

69,69 (DP=0,564). O valor mínimo registrado para esse domínio foi de 2,750 e o

valor máximo encontrado foi de 4,750, o maior em comparação aos demais. Isso

representa que a QVT dos professores estaduais analisados encontra-se em nível

satisfatório sob o ponto de vista pessoal.

Nahas apud Reis Júnior (2008) coloca os indicadores pertencentes ao

domínio pessoal como sendo de responsabilidade do próprio colaborador, tornando-

se mais simples, teoricamente, manter níveis satisfatórios de QVT nesse domínio. A

não necessidade de atitudes de terceiros para elevar esse índice pode ser uma

explicação plausível para o alto índice de satisfação obtido (69,69).

No domínio pessoal são avaliados aspectos como: realização pessoal;

relação com superiores e subordinados; relação trabalho/família e respeito dos

colegas e dos superiores.

No que diz respeito ao sentimento de realização com o trabalho, o Gráfico

15 mostra que 25% avaliaram como médio e 5% estão muito pouco realizados.

52

Entretanto, a maior quantidade de docentes (70%) está completamente ou muito

realizada.

Gráfico 15 – Sentimento de realização com o trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A realização no trabalho, segundo Moraes (2006, p. 35), pode ser

entendida como “a vivência de gratificação profissional, orgulho e identificação com

o trabalho que atenda às necessidades do homem enquanto profissional”. Nesse

contexto, os dados do gráfico permitem inferir que os docentes analisados estão, em

sua maioria, completamente ou muito realizados com o trabalho que desenvolvem e,

consequentemente, este fato interfere de forma positiva na QVT.

Outro indicador desse domínio é a qualidade da relação com superiores

e/ou subordinados, onde 10% dos docentes avaliaram como muito alta, 50% como

alta e 40% como média.

Gráfico 16 – Qualidade da relação com superiores e/ou subordinados

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

53

A análise do Gráfico 16 permite concluir que a maior quantidade de

docentes avaliou a qualidade da relação com superiores e/ou subordinados como

alta ou muito alta, possibilitando um clima agradável para se trabalhar.

Quanto à medida de avaliação da família em relação ao trabalho dos

participantes da pesquisa, nota-se que a maioria (70%) considerou como muito bom

ou bom, 25% médio e 5% ruim.

Gráfico 17 – Avaliação da família em relação ao trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A avaliação familiar em relação ao trabalho constitui um elemento

importante na mensuração da QVT, já que esta avaliação, quando positiva, tende a

motivar os funcionários.

Em relação ao respeito dos colegas e superiores verifica-se que 20% se

consideraram completamente respeitados, 50% muito e 30% médio.

Gráfico 18 – Respeito dos colegas e dos superiores

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

54

Como nenhum dos participantes da pesquisa avaliou este indicador de

forma negativa, pode-se afirmar que os mesmos estão satisfeitos com o respeito

existente no ambiente de trabalho. No ambiente de trabalho, o respeito estre os

funcionários contribui para um ambiente de trabalho agradável, refletindo

positivamente na QVT.

4.2.4 O Domínio Profissional

O domínio profissional apresentou índice médio de 65,42 (DP= 0,452), um

valor considerado satisfatório de acordo com a escala adotada. O menor índice

individual registrado foi 2,889 e o maior 4,111. Segundo Reis Júnior (2008), “nesse

domínio, os colaboradores são muito dependentes das condições de trabalho, dos

benefícios oferecidos pela empresa e das atitudes de responsabilidade social,

portanto, não dependem apenas de si mesmos para aumentar a QVT nesse

aspecto”.

O domínio profissional é o que apresenta o maior número de indicadores,

são eles: criatividade; igualdade de tratamento; imagem da empresa (orgulho);

participação nas decisões; nível de responsabilidade no trabalho; treinamento;

variedade de tarefas que realiza; espírito de camaradagem e satisfação com a QVT.

No que se refere à liberdade para criar coisas novas no ambiente de

trabalho, 65% dos participantes consideraram como boa ou muito boa e o restante

(35%) avaliou como média. Nesse sentido, pode-se dizer que os professores

estudados, em sua maioria, avaliaram sua liberdade de criação de forma positiva.

Gráfico 19 – Liberdade para criar coisas novas no trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

55

Considerando a igualdade de tratamento entre os docentes, apresentada

no Gráfico 20, verifica-se que 5% avaliaram como baixa, 30% como média e 65%

como boa.

Gráfico 20 – Igualdade de tratamento entre os docentes

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A análise do Gráfico 20 permite concluir que a maior parte dos docentes

afirma que nas escolas em que trabalham o tratamento ocorre de forma igualitária,

ou seja, não há julgo desigual.

No que concerne ao orgulho pela organização, os indivíduos analisados,

em sua maioria (65%), afirmaram estar muito ou completamente orgulhosos da

organização que atuam como docentes. Sendo assim, considera-se que as escolas

abordadas nesse estudo possuem uma boa imagem e credibilidade entre os

docentes.

Gráfico 21 – Orgulho pela organização

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

56

Sobre o nível de participação nas decisões da organização, verifica-se

que 60% o avaliaram como médio e 40% como muito.

Gráfico 22 – Nível de participação nas decisões da organização

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Segundo Luiz (2011), o sentimento de participação nas decisões da

organização é um meio preponderante para satisfazer as necessidades dos

colaboradores, refletindo diretamente na qualidade de vida dos participantes. Assim,

a partir dos dados apresentados, pode-se afirmar que um maior nível de participação

nas decisões da organização influenciaria de forma positiva no índice de QVT dos

docentes.

Em referência ao nível satisfação da responsabilidade no trabalho, 50%

dos avaliados consideraram médio, 40% bastante e 10% completamente. Desse

modo, é possível afirmar que nenhum dos docentes estudados está insatisfeito

quanto a este item, já que nenhum deles o avaliou de modo negativo.

Gráfico 23 – Nível de responsabilidade no trabalho

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

57

Acerca da satisfação com o treinamento oferecido pela organização, a

maior parte dos professores (60%) está bastante satisfeita.

Gráfico 24 – Satisfação com o treinamento oferecido pela organização

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

A satisfação dos docentes com o treinamento oferecido pela organização,

além de contribuir para o aumento da QVT dos mesmos, traz benefícios para as

escolas como um todo, já que, segundo Leite et al. (2009), o treinamento é um

processo necessário para todos os indivíduos que compões uma organização. O

mesmo deve ser apropriado para criar oportunidades de aprender habilidades

críticas necessárias para desenvolver, implementar e utilizar as habilidades

interpessoais, mapear os processos, solucionar problemas e planejar,

independentemente da posição hierárquica ocupada.

A satisfação com a variedade de tarefas realizadas foi avaliada como

bastante ou completamente pela maioria dos estudados (55%). No entanto, um

percentual significativo (45%) avaliou este indicador como médio ou pouco, como

pode ser observado no Gráfico 25.

58

Gráfico 25 – Satisfação com a variedade de tarefas que realiza

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Os autores Pedroso, Pilatti e Cantorani (2009), ressaltam que o

colaborador deve utilizar-se de diferentes conhecimentos e habilidades no seu

trabalho, já que um trabalho onde a variedade é pequena ou nula tende a se tornar

tedioso, além de propiciar a fadiga e a ocorrência de erros.

No que tange ao espírito de camaradagem dos colegas de trabalho, pode-

se observar que 40% avaliaram com médio, 45% como bom e 15% como muito bom.

Gráfico 26 – Espírito de camaradagem

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Já que nenhum dos participantes do estudo avaliou este item de forma

insatisfatória, pode-se afirmar que os docentes apresentam percepções positivas

acerca do espírito de camaradagem na organização que, segundo Souto e Rego

(2007), podem induzi-los a satisfazer importantes necessidades sociais, de

intimidade e de segurança, apresentando níveis mais elevados de bem-estar.

59

Por fim, buscou-se identificar o posicionamento geral dos docentes

quanto à satisfação com a qualidade de vida no trabalho. Observa-se que 15%

consideram-se pouco satisfeitos, 25% médio, 50% bastante e 10% extremamente.

Gráfico 27 – Satisfação com a QVT

Fonte: Pesquisa de campo – abril/2015.

Desse modo, percebe-se que a maioria (60%) está bastante ou

extremamente satisfeita com a QVT. Isso é importante para organização, visto que

esta satisfação proporciona melhor produtividade, baixo absenteísmo e maior

envolvimento para o alcance das metas propostas pela instituição.

60

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O mundo atual tem exigido cada vez mais dos professores, devido à

dinamicidade das relações sociais, às diversas formas de se obter o conhecimento,

ao avanço tecnológico e às situações de violência social. Nesse contexto, torna-se

relevante o estudo da QVT dos docentes, na medida em que este possibilita

identificar os elementos que interferem no bem-estar e sugerir melhorias para que os

professores estejam aptos a lidar com as situações do mundo globalizado.

Tomando-se por base a análise dos resultados e a revisão teórica, foi

possível identificar o nível de satisfação dos professores das escolas estaduais do

município de Lagoa Nova/RN quanto à QVT, em relação aos aspectos físicos,

psicológicos, pessoais e profissionais, bem como traçar o perfil sociodemográfico

dos mesmos. Assim, pode-se afirmar que os objetivos propostos no estudo foram

alcançados.

A respeito do perfil dos professores consultados, verificou-se a

predominância do sexo feminino e idade superior a 25 anos, sendo que o mais alto

percentual situou-se na faixa dos que possuem mais de 45 anos. No tocante aos

fatores escolaridade e tempo de serviço, pode-se afirmar que os profissionais

analisados possuem alto grau de escolarização e que os mesmos possuem ampla

experiência com a docência, já que a maior parte possui mais de 15 anos de

trabalho. Por fim, no que se refere à remuneração, percebe-se que esse critério

apresentou significativas variações, onde, dentre as possibilidades para estas

acontecerem, destacam-se o tempo de trabalho com a docência de cada um dos

professores e o fato de alguns docentes trabalharem em mais de uma instituição de

ensino.

Para obter o nível de satisfação dos docentes analisados, foi necessária a

combinação dos quatro domínios (físico/saúde; psicológico; pessoal e profissional)

que fazem parte do modelo QWLQ-bref. O índice de QVT dos professores da rede

estadual do município de Lagoa Nova/RN, resultante da média dos quatro domínios,

foi de 3,647 (66,17 em escala centesimal). Este índice de QVT é considerado

satisfatório, de acordo com a classificação adotada pelo modelo.

Todos os domínios apresentaram índice satisfatório: o domínio

físico/saúde apresentou índice de 61,25; o psicológico 68,33; o pessoal 69,69 e o

profissional 65,42. Desse modo, pode-se concluir que o domínio que menos

61

contribuiu para o índice satisfatório de QVT foi o físico/saúde e o que mais contribui

foi o pessoal.

Mesmo que o índice de QVT obtido tenha sido satisfatório, foram

elencadas algumas propostas para elevar o índice de QVT: no domínio físico/saúde

sugere-se que parte da carga horária dos docentes seja reservada para a realização

de atividades (elaboração de planos de aula, provas, trabalhos, correções, entre

outras) que os mesmos levam para executar em casa, diminuindo a qualidade e o

horário reservado para o sono. No domínio profissional, recomenda-se que os

gestores das escolas permitam e incentivem a participação dos docentes no

processo de tomada de decisões, favorecendo um clima propício para o

desenvolvimento qualitativo no trabalho e, consequentemente, o aumento da

produtividade. Além disso, outra recomendação é que as instituições organizem

momentos, como confraternizações de funcionários, de modo a melhorar os

relacionamentos no ambiente de trabalho.

Quanto à abrangência da pesquisa, não é possível generalizar afirmando

que o nível de QVT de todos os docentes da rede estadual é satisfatório, já que este

trabalho trata-se de um estudo de caso. Entretanto, o modelo é válido para se

aplicar e obter o índice de QVT dos docentes de outras instituições.

Desse modo, para estudos futuros, sugere-se que esta pesquisa seja

realizada com a mesma população amostrada, mas de acordo com o nível da

educação básica que atuam (ensino infantil, fundamental e/ou médio). Além disso,

recomenda-se que este estudo seja realizado nas escolas municipais e particulares

de Lagoa Nova/RN, de modo a contribuir para a educação da cidade como um todo.

62

REFERÊNCIAS

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família: um Estudo de Caso. 2012. 152 f. Dissertação (Mestrado) - Educação,

Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco, 2012.

BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de

Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação

científica. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

BATISTA, Jaqueline Brito Vidal et al. O ambiente que adoece: condições ambientais

de trabalho do professor do ensino fundamental. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio

de Janeiro, v. 2, n. 18, p.234-242, 2010.

BRASIL. Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32

e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e

bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o

ensino fundamental, com matrícula obrigatório a partir dos 6 (seis) anos de idade.

Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 de fevereiro de 2006.

BRASIL. Lei 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei n° 9.394, de 20 de dezembro

de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor

sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Diário

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68

ANEXOS

69

PESQUISA SOBRE A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

Caro (a) senhor (a),

Você está convidado (a) a responder este questionário anônimo que faz parte da coleta de

dados da pesquisa sobre a qualidade de vida no trabalho dos professores das escolas estaduais do

município de Lagoa Nova - RN, sob a responsabilidade da graduanda Ilane Dantas Soares, orientada

pela Profª. Teresa Pires, Dra. com a finalidade de elaboração do trabalho de conclusão de curso em

Administração junto à Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Consideraremos a resposta ao questionário como concordância em participar da pesquisa.

SEÇÃO 1: INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS.

1. Gênero:

( ) masculino

( ) feminino

2. Idade:

( ) 18 a 25 anos

( ) 26 a 35 anos

( ) 36 a 45 anos

( ) acima de 45 anos

3. Escolaridade:

( ) Ensino superior incompleto

( ) Superior completo

( ) Pós graduação

( ) Mestrado

( ) Doutorado

4. Tempo de trabalho com a docência:

( ) até 5 anos

( ) acima de 5 até 10 anos

( ) acima de 10 até 15 anos

( ) acima de 15 anos

5. Exerce a docência em mais de uma

instituição:

( ) sim

( ) não

6. Remuneração com a docência:

( ) até R$1.000,00

( ) R$1.000,01 a R$1.500,00

( ) R$1.500,01 a R$2.000,00

( ) R$2.000,01 a R$2.500,00

( ) acima de R$2.500,01

SEÇÃO 2: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO – MODELO QWLQ-bref

Este questionário tem como objetivo avaliar a qualidade de vida no trabalho, sob o ponto de

vista pessoal, de saúde, psicológico e profissional.

Por favor, responda todas as questões. Caso não tenha certeza sobre qual resposta dar,

sugiro escolher entre as alternativas a que lhe parece ser a mais adequada, sendo normalmente esta

a primeira escolha.

Por favor, tenha em mente as duas últimas semanas para responder as questões.

Exemplo:

Quanto você se preocupa com dores ou desconfortos no trabalho?

Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde a sua realidade, relembrando,

pensando apenas nas últimas duas semanas.

Por favor, leia com atenção as questões e escolha o número que lhe parecer a melhor

resposta.

70

Como você avalia a sua liberdade para criar coisas novas no trabalho?

1 Muito baixa Baixa Média Boa Muito Boa

1 2 3 4 5

Em que medida você avalia sua motivação para trabalhar?

2 Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta

1 2 3 4 5

Como você avalia a igualdade de tratamento entre os funcionários?

3 Muito baixa Baixa Média Boa Muito Boa

1 2 3 4 5

Em que medida você avalia o seu sono?

4 Muito ruim Ruim Média Bom Muito bom

1 2 3 4 5

Como você avalia sua liberdade de expressão no seu trabalho?

5 Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta

1 2 3 4 5

Você se sente realizado com o trabalho que faz?

6 Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

Em que medida você possui orgulho da organização na qual trabalha?

7 Muito pouco Pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

Em que medida algum problema com o sono prejudica seu trabalho?

8 Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

Em que medida você avalia o orgulho pela sua profissão?

9 Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta

1 2 3 4 5

Como você avalia a qualidade da sua relação com seus superiores e/ou subordinados?

10 Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta

1 2 3 4 5

Em que medida sua família avalia o seu trabalho?

11 Muito ruim Ruim Médio Bom Muito bom

1 2 3 4 5

Em que medida você está satisfeito com o seu nível de participação nas decisões da empresa?

12 Muito pouco Pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

Você está satisfeito com o seu nível de responsabilidade no trabalho?

13 Nada Pouco Médio Bastante Completamente

1 2 3 4 5

Você se sente satisfeito com os treinamentos dados pela organização?

14 Nada Pouco Médio Bastante Completamente

1 2 3 4 5

71

Em que medida você é respeitado pelos seus colegas e superiores?

15 Nada Muito pouco Médio Muito Completamente

1 2 3 4 5

Você se sente satisfeito com a variedade das tarefas que realiza?

16 Nada Pouco Médio Bastante Completamente

1 2 3 4 5

Suas necessidades fisiológicas básicas são satisfeitas adequadamente?

17 Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

Como você avalia o espírito de camaradagem no seu trabalho?

18 Muito ruim Ruim Médio Bom Muito bom

1 2 3 4 5

Em que medida você se sente confortável no ambiente de trabalho?

19 Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

O quanto você está satisfeito com a sua qualidade de vida no trabalho?

20 Nada Pouco Médio Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

Muito obrigada!