UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA … · a criança o desenvolvimento em vários...

27
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Michelly Tatiane de Oliveira GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma análise das publicações do Fórum Internacional de Ginástica Para Todos Diamantina 2018/1

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA … · a criança o desenvolvimento em vários...

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Michelly Tatiane de Oliveira

GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma análise das publicações do Fórum

Internacional de Ginástica Para Todos

Diamantina

2018/1

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Michelly Tatiane de Oliveira

GINÁSTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: uma análise das publicações do Fórum

Internacional de Ginástica Para Todos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Educação Física, como parte

dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.

Orientadora: Profª. Ma. Juliana Nogueira Pontes Nobre

Diamantina

2018/1

Dedico este trabalho primeiramente a Virgem

Maria, pôr ser essencial em minha vida. As

pessoas que estiveram ao meu lado: meus pais

Nilson e Maria, meus irmãos. Ao meu noivo

Danilo, que sempre acreditou em mim. Ao meu

avô Joaquim (in memoriam)

AGRADECIMENTOS

A Deus e especialmente a Virgem Maria, pelo socorro nos momentos de angústia, por sempre

me conceder sabedoria nas escolhas dos melhores caminhos, coragem para acreditar, força

para não desistir e proteção para me amparar.

Agradeço aos meus pais Nilson e Maria, que me proporcionaram a melhor educação e lutaram

para que eu estivesse concluindo mais essa etapa da minha vida. Sei o quanto vocês se doaram

para a realização desse sonho. Aos meus irmãos Hullyson e Hudson, que acompanharam a

minha trajetória e torceram por mim.

Ao meu noivo Danilo, por toda a dedicação, incentivo, paciência é força nos momentos de

mais dificuldades, não me deixando desistir, para vencer mais essa etapa da minha vida.

Obrigada por estar ao meu lado durante essa jornada e por trilhar o seu caminho junto do meu.

Te amo.

Agradeço a todos os meus familiares, especialmente meu avô Joaquim (in memoriam), de

quem sinto uma imensa saudade. Aos familiares do meu noivo, em especialmente Dona

Tereza, Nádia e minha sogra Mariza, que me deram todo o suporte que eu precisei, me

acolhendo, me ajudando nos momentos difíceis, onde meus pais não podiam estar. Fazendo-

me sentir uma bisneta, uma sobrinha e uma filha, é também a Aline e Valtinho, a vocês

agradeço do fundo do coração, todo esse carinho.

Aos meus amigos, as pessoas que ao longo do tempo viram meu crescimento enquanto

pessoa, enquanto amigo, enquanto estudante preocupado com minha formação acadêmica, em

busca de novas conquistas, novos sonhos. Luana, Paulinho, André, Michel, Claudio,

Jaqueline e Diego, pelas varias farras e passeios inesquecíveis que ocasionaram cada história.

A Ana Clara e Bianca, minhas duas pequeninas que amo e que me trazem tanta paz e alegrias

quando estou perto. Muito obrigado a todos.

À minha orientadora, Professora Juliana, pela sua dedicação, paciência e disponibilidade em

me orientar mesmo com tão pouco tempo, mas, principalmente, pelo carinho, palavras

amigas, conselhos e incentivos.

À Professora Priscila pela ajuda, conhecimentos e experiências passadas.

Aos membros da banca, Hilton e Cláudia, por terem aceitado o convite para participarem

deste momento importante em minha vida.

A esta universidade, em especialmente aos professores do curso de Educação Física que

conheci nesta jornada e tive o privilégio de trabalhar, aos colegas discentes do Departamento,

ao coordenador do curso Professor Geraldo e aos Técnicos-Administrativos, que me deram

toda estrutura e ensinamentos para minha formação, sem eles não seria possível estar aqui

hoje de coração repleto de orgulho e.

A Dona Alice, minha professora do Pré Escolar, onde minha formação escolar começou. A

Escola Estadual Dom Joaquim Silvério de Souza e a Escola Estadual Professora Ayna Torres

e seus funcionários. Aos professores: Dona Filomena, uma de minhas professoras do ensino

fundamental I, Gláucia, Fernanda, Eldimara, Herivelto, Kiko, Filomena, Célio, (meus

professores no ensino fundamental II e no ensino médio) e todos os outros não citados, mas

não menos importantes. A palavra que expressa a admiração, respeito e carinho por vocês é

agradecimento, agradecer pela paciência, pela partilha de conhecimento, pelos ensinamentos

para a vida.

Aos meus cachorros, Bigode e Ritinha, pelo amor incondicional, gestos de carinho

incontáveis é olhares sinceros, que foram importantes nos meus momentos de agonia, estresse

é também de felicidades pelas vitórias conquistadas.

Em fim, a todos que contribuíram de forma direta ou indireta durante este curso, e a todos que

torceram e acreditaram que este momento chegaria. Serei infinitamente grata a todos vocês.

RESUMO

A Educação Infantil é uma importante etapa na vida da criança, visto que o desenvolvimento

infantil é um constructo multifatorial. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo geral

identificar e analisar as pesquisas que relacionam a ginástica com o contexto da Educação

Infantil, publicadas nos Anais do Fórum Internacional de Ginástica Para Todos entre os anos

2001 e 2016, por meio de uma revisão sistemática da literatura. Como objetivo específico, nos

propomos a verificar o número de publicações sobre o recorte determinado, o tipo de estudo

(pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo ou relato de experiência), o tipo de ginástica, o

público abordado nas pesquisas, os principais objetivos e desfechos. Dos 528 resumos/artigos

completos encontrados nos Anais do FIGPT que contiveram alguma das palavras-chaves

pesquisada, que foram “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”, apenas 10 se tratavam da

Ginástica na Educação Infantil no contexto Escolar e passaram a compor a amostra. Os

estudos encontrados cujo tema é a Educação Infantil, se concentram no período entre os anos

de 2007 até 2016. A análise das publicações dos Anais de todas as edições do FIGPT

realizadas até o ano 2016 revelou que a ginástica associada ao contexto da Educação Infantil

ainda é escassa, compondo um quantitativo de 0,02% das publicações totais, caracterizadas

por pesquisas cuja maioria é relato de experiência.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9

2. METODOLOGIA ........................................................................................................... 13

2.1. Tipo de estudo ...................................................................................................................... 13

2.2. Procedimentos...................................................................................................................... 13

3. RESULTADOS E DISCUSÃO ...................................................................................... 14

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 22

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24

9

1. INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é uma importante etapa na vida da criança, visto que o

desenvolvimento infantil é fruto das inter-relações que permeiam o ambiente doméstico, a

escola, o bairro onde se vive, sendo um constructo multifatorial (MORAIS et al., 2015). No

segmento escola, as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil- DCNEI

(BRASIL, 2010) se unem às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e agregam

princípios, fundamentos e procedimentos para a organização de propostas pedagógicas e

curriculares na Educação Infantil.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil

(BRASIL, 2010), a Educação Infantil é onde se inicia a educação básica da criança, assim

sendo, a primeira etapa de ensino nos anos iniciais, onde é ofertada em creches e pré- escolas,

estes espaços se qualificam como ambientes institucionais sem relação doméstica, sendo

centros educacionais privados ou públicos que oferecem educação e cuidados às crianças de 0

a 5 anos de idade, outorgado e inspecionado por órgãos do sistema de ensino.

Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) Art. 31, Lei 9.394/1996,

a educação infantil deve estabelecer-se de acordo com as seguintes regras:

I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças,

sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;

II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um

mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;

III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno

parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;

IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a

frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas;

V – expedição de documentação que permita atestar os processos de

desenvolvimento e aprendizagem da criança. (BRASIL, 1996, p.22).

Para Garanhani apud Pontes et Al. (2017), a escola de educação infantil possibilita

a criança o desenvolvimento em vários aspectos, como afetividade , movimento e cognição,

desenvolvendo também competências para a comunicação e expressividade.

O movimento, um importante constructo para o desenvolvimento integral da

criança (GALAHUE, OZMUN, 2005), com base no Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998), gera uma ampliação motora em elementos

importantes para a motricidade da criança pelo qual, segundo Arruda e Silva (2009, p. 38) “o

desenvolvimento motor acontece de forma individual onde cada criança possui suas próprias

percepções através de uma relação com imagem do corpo, sendo muito associada com o

desenvolvimento das percepções do mundo em que vivem”.

10

Desta forma, a Educação Infantil é um caminho importante para o

desenvolvimento geral da criança, por isso faz-se necessário que as escolas trabalhem com

qualidade na área motora, para que a criança consiga vivenciar seu desenvolvimento em todas

as etapas (SILVA, 2016). Acarreta a esta fase a necessidade de aprendizagem das habilidades

motoras, por isso a criança necessita de experiências para aquisição e ampliação das

habilidades motoras. Não havendo uma atenção a esta motricidade nas escolas, ocorrerá uma

educação na qual as crianças são limitadas a ficarem quietas e sentadas, longe das

experiências corporais.

Diante disso, a escola deve entender que “o corpo deve ser considerado como

detentor de significados e possuidor de uma riqueza incalculável que pode ser explorada,

diferentemente, nas mais variadas formas e não mais visto como uma máquina e um mero

instrumento de arte e beleza” (SILVA, 2016, p. 6).

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (Brasil 2010),

as práticas pedagógicas que integram a proposta curricular da Educação Infantil, têm como

base orientadora as interações e a brincadeiras, devendo garantir experiências que:

✓ Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências

sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão

da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;

✓ Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio

por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática

e musical (BRASIL, 2010, p. 25).

Desta maneira, tais diretrizes oferecem a possibilidade de trabalhar vários

conteúdos na educação física infantil, sendo um deles a ginástica, “que aprimorará habilidades

básicas [...] fazendo com que as crianças estejam em constante desafio e sempre em

desenvolvimento o que não ocorre quando estão submetidos a aulas não planejadas e com

conteúdos não apropriados” (FREITAS, 2016, p. 14).

Segundo Rangel (2010) apud Freitas (2016):

A Ginástica pode estar presente desde os anos iniciais da criança na escola.

Importante ressaltar que na escola os aspectos competitivos da modalidade, como

formação de atletas, não devem ser enfatizados, e sim sua relevância como um

conteúdo rico e com inúmeras possibilidades dentro dos objetivos educacionais

previstos nas aulas de Educação Física (RANGEL, 2010, p. 55, apud FREITAS,

2016, p. 25).

A ginástica é um conteúdo de exploração corporal e entendimento das

possibilidades de movimento. Da Silva (2005) aponta a ginástica como conteúdo a ser tratado

e reconhecido no espaço-tempo escolar, por ser uma riqueza como atividade que sempre

incita e desafia a criança no seu desenvolvimento, especialmente o motor. Assim, a autora

afirma que “temas e conteúdos devem relacionar-se aos conhecimentos enraizados na

11

memória lúdica da criança, nos seus interesses e possibilidades” (DA SILVA, 2005, p. 137),

onde ele define conteúdos dentro do tema “A ginástica como prática pessoal e coletiva”, para

serem restruturados a cada realidade. Conteúdos que impliquem:

• O reconhecimento das próprias possibilidades de ação corporal.

• A exploração dos desafios que o ambiente natural e social proporcionam.

• A exploração de materiais formais e alternativos.

• Relações sociais: responsabilizar-se pela própria segurança e a dos colegas.

Identificação e verbalização de sensações afetivas/cenestésicas; sentido de

convivência social com suas regras e com os valores que estas envolvem.

• Vivenciar formas combinadas de diferentes movimentos ginásticos. (DA

SILVA, 2005, p. 138).

No contexto da Educação Física Escolar, a Ginástica Para Todos (GPT) oferece

inúmeras possibilidades de se movimentar, sendo considerada por alguns autores (AYOUB,

2003), como a ginástica adequada para este espaço. A GPT oportuniza inclusão dos

diferentes, respeito aos limites corporais, adaptação por meio de materiais alternativos dentre

outros. Logo, se tratando da ginástica trabalhada na educação infantil (Ginástica Geral,

conhecida hoje como Ginástica Para Todos) vem sendo alvo de pesquisadores da área da

educação física. Para Silva et al. (2015, p. 213), “esta modalidade gímnica de caráter

demonstrativo que há algum tempo era ainda pouco conhecida, vem se destacando cada vez

mais na sociedade como um todo, sobretudo por não ser competitiva”.

A disseminação da GG ( Ginástica Geral) ou GPT no Brasil, na visão de Ayoub

(1998), foi a partir da década 1980, através dos eventos ocorridos no país, como os festivais,

cursos internacionais oferecidos CBG- Confederação Brasileira de Ginástica e por

participações de grupos brasileiros na Gymnaestrada Mundial.

Dentre os grandes eventos de GPT o Fórum Internacional de Ginástica Geral,

atualmente Fórum Internacional de Ginastica Para Todos-FIGG, é considerado um dos

eventos mais importantes da Ginastica Para Todos, cuja organização acontece pelo Serviço

Social do Comércio de São Paulo (SESC-SP) e a Faculdade de Educação Física da

Universidade de Campinas (FEF-UNICAMP). A periodicidade do evento acontece a cada

dois anos, no Brasil na cidade de Campinas- SP, onde já foi realizado oito edições, a saber:

2001 – Ginástica Geral: da formação profissional ao mercado de trabalho;

2003 – O Mundo da Ginástica Geral na Ginástica Geral do Mundo;

2005 – Direitos do Corpo;

2007 – Ginástica Geral: identidade e práticas coletivas;

2010 – Cultura da Ginástica: concepções e práticas;

2012 – Esporte para Todos: dimensões da formação em ginástica;

12

2014 – Ginástica: movendo pessoas, construindo cidadania;

2016 – Ginástica para Todos: conectando diferenças.1

O objetivo do Fórum é possibilitar a difusão da Ginástica Para Todos através de

conhecimentos e trocas de experiências entre pesquisadores, profissionais e estudantes,

divulgando suas pesquisas e trabalhos do tema em questão. A programação é composta por

conferências, mesas temáticas, apresentação de trabalhos científicos e relatos de experiências

em forma de pôster, cursos, festivais e lançamento de livros. De acordo com Silva et al.

(2015, p. 213), “o fórum tem como objetivos principais disseminar a modalidade no âmbito

escolar e comunitário, instituindo um espaço de informação, capacitação, discussão e reflexão

acerca da Ginástica”. Este evento ocasiona inclusive uma aproximação entre os grupos que se

apresentam nos festivais, que acontecem no decorrer do evento, oferecendo um espaço

descontraído, prazeroso e de troca de experiências para os participantes.

Pelo fato do Fórum ser atualmente o maior evento da ginástica no Brasil, e por ter

representatividade internacional, os Anais publicados sugerem refletir a real situação da

Ginástica no país. Para tanto, o presente estudo objetivou pesquisar como a Ginástica e a

Ginástica Para Todos estão inseridas no contexto da Educação Infantil e quais são as

características destas publicações. A partir deste panorama, espera-se que possamos

compreender como configura-se esta manifestação da cultura corporal no contexto da

Educação Física Infantil no país.

Assim o presente estudo teve como objetivo geral analisar as pesquisas que

relacionam a ginástica com o contexto da Educação Infantil, publicadas nos Anais do FIGPT

entre os anos 2001 e 2016. Como objetivo específico, nos propomos a identificar o número de

publicações sobre o recorte determinado, o tipo de estudo (pesquisa bibliográfica, pesquisa de

campo ou relato de experiência), o tipo de ginástica e o público abordado nas pesquisas, os

principais objetivos e desfechos.

A escolha do FIGPT para este estudo justifica-se por ele ser um evento cuja

representatividade da GPT e da Educação Física tem uma esfera ampla e significativa no

cenário nacional, oferecendo um potencial atualizado deste contexto no Brasil (SILVA et al.,

2015).

1 Fonte: Disponível em:< http://www.forumgpt.com/2018/sobre>Acesso em 19 mai. 2018

13

2. METODOLOGIA

2.1. Tipo de estudo

Trata-se de estudo que se caracteriza como revisão sistemática, que segundo

Galvão e Pereira (2014, p. 83), é uma pesquisa que tende “identificar, selecionar, avaliar e

sintetizar as evidências relevantes disponíveis”.

Para Sampaio e Mancini (2007), a revisão sistemática é:

[...] uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados a literatura sobre

determinado tema. Esse tipo de investigação disponibiliza um resumo das evidências

relacionadas a uma estratégia de intervenção específica, mediante a aplicação de

métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação crítica e síntese da

informação selecionada. As revisões sistemáticas são particularmente úteis para

integrar as informações de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre

determinada terapêutica/ intervenção, que podem apresentar resultados conflitantes

e/ou coincidentes, bem como identificar temas que necessitam de evidência,

auxiliando na orientação para investigações futuras (SAMPAIO e MANCINI, 2007,

p. 84).

Por não envolver diretamente o ser humano, não foi necessário encaminhá-la ao

comitê de ética.

2.2. Procedimentos

Primeiramente, com o intuito de mapear as publicações, realizamos um

levantamento da quantidade geral dos trabalhos publicados nos Anais de todas as edições do

FIGPT, de 2001 a 2016, sendo oito edições, apresentados como: PÔSTERES (textos

completos e/ou resumos de pesquisas concluídas ou em andamento); RELATOS DE

EXPERIÊNCIAS; SALA DE IMAGENS, totalizando 528 trabalhos.

Na sequência, estabelecemos como critérios de inclusão apenas as pesquisas que

continham os termos: “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”; os quais poderiam fazer-se

presentes no título, resumo, palavras-chave ou corpo do texto. Através da leitura dos artigos

completos/resumos em sua totalidade, foram identificados 10 publicações dentro dos critérios

da pesquisa, sendo 518 periódicos excluídos por não terem relação com o objetivo principal

deste estudo.

Posterior ao mapeamento foi elaborado um banco de dados da produção de

conhecimento relacionado à ginástica na Educação Infantil no segmento escola, por meio de

categorização nos seguintes temas: Título do Trabalho; Autor; Ano de publicação; Tipo de

Estudo; Tipo de Público; Tipo de Ginástica; Objetivo; Desfecho.

As categorias serão apresentadas em forma de tabelas e gráficos e discutidas, as

discussões foram apoiadas nas bibliografias sobre o tema.

14

3. RESULTADOS E DISCUSÃO

Primeiramente, apresentamos um Fluxograma, definido como FIGURA 1, que

demostra o caminho percorrido pela pesquisa nas oito edições dos Anais do FIGPT.

FIGURA 1: Fluxograma - Relação de Artigos completos/Resumos dos Anais do FIGPT.

Fonte: Elaborado pela autora.

Das 528 publicações encontradas nos Anais do FIGPT que contiveram alguma das

palavras-chave pesquisadas, que foram “Ginástica”, “Educação Infantil” e “Escola”, apenas

10 tratavam-se da Ginástica na Educação Infantil no contexto Escolar e passaram a compor a

amostra. Importante ressaltar que, a concepção de Educação Infantil ampara-se na LDB Art.

29 (2017) que compreende crianças com a idade de 0 aos 5 anos. Logo, as publicações cujas

crianças pesquisadas estão fora da idade referida, ainda que as palavras-chave ou título

contivessem “Educação Infantil”, foram excluídas da amostra.

Total geral de publicações

528

Total de publicações

45

AMOSTRA FINAL:

10 publicações

Excluídos 8

Não continham todos os critérios da inclusão

Excluídos 27

Não incluíam a faixa etária pesquisada

Excluídos 483

Não tem relação com a pesquisa

15

O gráfico a seguir ilustra a pequena quantidade de publicações que relacionam a

Ginástica com o contexto da Educação Infantil:

FIGURA 1: Quantificação de periódicos do Fórum de Ginástica.

Fonte: Elaborado pela autora.

Primeiramente, percebemos que a ginástica na Educação Infantil não é um tema

de grande interesse dos pesquisadores que participam do FIGPT, pois apenas 0,02% do total

de publicações referem-se a esta temática.

No Brasil, as primeiras instituições de Educação Infantil eram filantrópicas até

1920, após este ano iniciou-se uma ação pela democratização do ensino (CAVALARO e

MULLER, 2009). A Educação Infantil passou a compor a Educação Básica por meio da Lei

nº. 9.394/1996, uma vez que este segmento estava vinculado aos aspectos do cuidado às

crianças atendidas na creche. Logo, aspectos de cunho pedagógicos passaram a compor a

Educação Infantil com o objetivo de incorporar este segmento a Educação Básica. Entende-se

que, em uma esfera mais ampla, este segmento é relativamente novo, uma vez que as políticas

educacionais demandam de tempo para serem efetivamente implementadas.

A educação física na Educação Infantil, por sua vez, foi apropriada pela LDB, Art.

26, § 3º Lei 9.394/1996, a qual determina que “a educação física, integrada à proposta

pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do ensino

fundamental”.

A educação física na educação infantil pode configurar-se como um espaço em que a

criança brinque com a linguagem corporal, com o corpo, com o movimento,

alfabetizando-se nessa linguagem. Brincar com a linguagem corporal significa criar

situações nas quais a criança entre em contato com diferentes manifestações da

cultura corporal [...], sobretudo aquelas relacionadas aos jogos e brincadeiras, às

ginásticas, às danças e às atividades circenses, sempre tendo em vista a dimensão

lúdica como elemento essencial para a ação educativa na infância. Ação que se

528

27 10

ARTIGOS PARA PESQUISA

Total de publicações do FIGPT

Não entraram nas normas da

LDB- Lei Lei no 9.394/1996-

Art. 29

Publicações selecionada para

análise

16

constrói na relação criança/adulto e criança/criança e que não pode prescindir da

orientação do (a) professor (a). (AYOUB, 2001, p. 56-57).

Apesar do direito da criança assistida na Educação Infantil à prática de educação física

na escola, previsto na legislação em vigor (BRASIL, 1996), ainda existem municípios que não

atendem esta obrigatoriedade (AYOUB, 2005), delegando ao professor regente responsável

pela turma a incumbência de propiciar práticas que oportunizam o movimento toda via ainda

existe a figura do professor especialista aos quais geram disputas por espaços políticos-

pedagógicos cujo risco, entre outros, é de uma abordagem fragmentária de conhecimento com

tendência a compartimentar a criança (AYOUB, 2001). Este fato é preocupante, visto a

importância da formação profissional voltada para educação integral (AYOUB, 2001;

KISHIMOTO, 1999; SAYÃO, 1999) que contemple as necessidades de movimento

(GONZALES, SCHWENGBER, 2012).

Diante do exposto, a pouca quantidade de publicações que relacionem a ginástica com

a Educação Infantil no FIGPT pode ser explicada, a princípio, pelo panorama apresentado.

Esta constatação é preocupante, uma vez que sugerem refletir, de fato, uma tendência

cristalizada na educação infantil de ainda negligenciar o corpo em sua totalidade ou as

possibilidades do se movimentar (GONZÁLEZ, SCHWENGBER, 2012), vivências

importantes para a criança.

Os quadros a seguir, apresentam os dados referentes às categorias de análise das

publicações:

QUADRO 1- Distribuição dos artigos completos/resumos encontrados pela pesquisa no

Fórum Internacional de Ginástica Para Todos do ano de 2001 até 2016.

Autor/ Ano Tipo de

Estudo

Tipo de

Ginástica/

Público

Objetivo

CARBINATTO, M.V.

e PEZZOTTO, M.,

2007

Pesquisa

Bibliográfica

Ginástica

Geral /

Crianças

Mostrar a prática da Ginástica realizada

nas aulas de Educação Física na Educação

Infantil utilizando o faz-de-conta e

situações imaginárias.

TISSEI, T.K., et al.,

2007

Pesquisa

Bibliográfica

Ginástica

Geral/

Crianças

Entender a concepção da ginástica geral e

sua relação com o ambiente escolar e,

analisar se a literatura corrente aponta a

relação existente entre o que se entende

por desenvolvimento motor e a

contribuição da ginástica geral para o

desenvolvimento infantil.

PRESTA, M. G. G.,

Pesquisa

Bibliográfica

Ginástica

Geral/

Utilizar movimento e GG de maneira

sistematizada, com atividades específicas

17

2010 Professor para que realmente o professor tenha as

propostas da Ginástica Geral como

auxiliadora do processo.

TAVEIRA, R. A.,

2010

Relato de

Experiência

Ginástica

Geral/

Crianças

Estabelecer o papel da Educação Física na

escola, mantendo-se como componente

curricular valorizado pelos alunos e,

principalmente, tornando-a acessível e

prazerosa a todos.

COSTA, A. R. e

KUNZ, E., 2010

Relato de

Experiência

Bioginástica

e Ginástica

Natural/

Crianças

Possibilitar ao aluno a prática de

movimentos desconhecidos e inusitados,

promovendo reflexão a respeito.

Compreender a relação da consciência

corporal e a cultura onde está inserida

DE FÁTIMA, C. R.,

DA SILVA, F. G. e

LOPES, P., 2012.

Pesquisa

Bibliográfica

Ginástica

e Atividades

Lúdicas/

Professor

Relacionar as concepções de atividades

lúdicas na teoria histórico-cultural com o

processo de desenvolvimento e

aprendizagem a partir da proposta de

Vygotsky.

Traçar considerações sobre a importância

das atividades lúdicas como recurso

pedagógico da ginástica nas aulas de

Educação Física infantil.

PRESTA M. G. G.,

HUGO M. L. e

GUALTIERE, M. R.

D., 2014

Relato de

experiência

GPT/

Crianças

Apresentar a ginástica aos alunos,

ampliando o repertório motor e cultural,

bem como expandir tais conhecimentos as

outras turmas da creche, aos pais e a

comunidade.

ARGUELHO, R. S.,

GONÇALVES-

SILVA, L. L. e

CARBINATTO, M.

V., 2015.

Relato de

experiência

GPT/

Crianças

Descrever os passos de

elaboração/execução da proposta de ensino

da GPT na ETI e demonstrar os

fundamentos da GPT que coadunam com

os da educação integral em tempo integral.

DE SOUZA, M. L. G.

et al/ 2015

Relato de

experiência

GPT/

Crianças

Levar às crianças a realização dos

movimentos gímnicos e a expressões

coreográficas contidas na Ginástica para

Todos (GPT).

PRESTA, M. G. G.,

MAEL M. C. e

HENRIQUES, S. C.

S., 2015.

Relato de

Experiência

GPT/

Crianças

Oportunizar as crianças vivências

corporais gímnicas, olhando para os

espaços e materiais da escola de modo

diferente, tentando enxergar novas

possibilidades.

18

QUADRO 2 - Artigos encontrados na pesquisa e seu desfecho.

Nome do Resumo/Artigo Desfecho

A ginástica na educação infantil:

possibilidade de aprendizagem lúdica

através das histórias tradicionais

infantis

CARBINATTO, M.V. e PEZZOTTO,

M.

O imaginário e a fantasia infantil são uma grande

possibilidade de ensino da ginástica na Educação Física do

Ensino Infantil.

Ginástica geral: contribuições para o

desenvolvimento infantil

TISSEI, T.K., et al.,

O professor é um interventor nas aulas de educação física

dos conteúdos da ginástica geral nas aulas de educação

física infantil.

Ginástica geral: um conteúdo

auxiliador no trabalho de movimento

na educação infantil

PRESTA, M. G. G.

O professor que leciona na Educação Infantil precisa de

incentivo e sugestão ao trabalho com conteúdos da GG

que ocasiona um grande interesse em crianças do ensino

infantil.

A ginástica geral na educação infantil

e séries iniciais do ensino fundamental:

uma prática possível

TAVEIRA, R. A.

A inserção da GG na educação física infantil é de grande

importância para o aspecto motor e psicossocial da

criança, mas primeiramente o professor deve saber avaliar

a criança quanto ao seu nível de aprendizagem, para que

sua ação pedagógica seja planejada adequadamente.

A ginástica natural e a bioginástica no

contexto da educação infantil

COSTA, A. R. e KUNZ, E.

Foram trabalhados os aspectos psicossociais e motores de

forma lúdica, permitindo a criança maneiras novas de se

movimentar, experimentar, se soltar e se desenvolver

imitando animais, esta consciência corporal pode trazer

constrangimento, assim, este ensino deve ser bem

elaborado e desenvolvido com atenção às reações das

crianças.

As contribuições vigotskianas para o

ensino da ginástica na educação física

infantil

DE FÁTIMA, C. R., DA SILVA, F. G. e

LOPES, P.

Com as atividades lúdicas o professor de educação física

consegue compreender que as brincadeiras e jogos, além

de ser conteúdo da educação física escolar e recuso

pedagógico, ocasiona o desenvolvimento integral da

criança.

Ginástica na creche – um desafio

conquistado

PRESTA M. G. G., HUGO M. L. e

GUALTIERE, M. R. D.

Foi possível e importante o trabalho dos conteúdos da

ginastica na turma do maternal III, onde obtiveram um

retorno positivo e um grande interesse dos alunos nas

atividades propostas.

A ginástica para todos e a extensão de

jornada escolar: fundamentos para a

educação integral

ARGUELHO, R. S., GONÇALVES-

SILVA, L. L. e CARBINATTO, M. V.

Para os autores, trabalhar com GPT na ETI e compreender

é entender o indivíduo como corporeidade, assim

progredir para uma educação, sendo um processo contínuo

de educação integral.

A ginástica para todos no ensino

infantil e fundamental anos iniciais:

um relato de experiência

DE SOUZA, M. L. G. et al.

Os autores enfatizam a capacidade da GPT de ser aplicada

no ambiente escolar, colaborando para a ampliação do

conhecimento sobre ginástica, assim eles concluem que a

ação foi importante para sua formação e aumento do

conhecimento acadêmico.

Estruturação de espaços e materiais

para vivências gímnicas na creche

PRESTA, M. G. G., MAEL M. C. e

HENRIQUES, S. C. S.

Segundo as autoras, a experiência lhes proporcionou uma

ampliação no olhar com relação à ginástica e Educação

infantil.

Observamos que as publicações analisadas, cujo tema é a ginástica na Educação

Infantil, concentram-se no período entre os anos de 2007 até 2016. É possível que o fato

19

destas pesquisas concentrarem-se na última década ocorra devido ao reconhecimento recente

deste nível de ensino (CAVALARO e MULLER, 2009) e da ausência da educação física

enquanto unidade curricular em escolas de Educação Infantil mencionada anteriormente.

Dentre as publicações analisadas, foram encontradas seis sobre relatos de

experiências e apenas quatro sobre revisão bibliográfica. Sendo o relato de experiência um

trabalho cujo teor elaborado não demanda aprovação em Comitê de Ética, com uma visão

pessoal ainda que amparada na literatura, entende-se que, apesar da importância de tais relatos

para a academia, estes são realizados com o foco na apresentação no fórum, cuja elaboração é

mais rápida, realizada por graduandos e nem sempre significam pesquisa de campo.

Salientamos a importância destes trabalhos para a formação do aluno, sendo estas, muitas

vezes as primeiras experiências destes com a escrita acadêmica, oportunizando a participação

em trabalhos científicos posteriores.

Para Gil (2008):

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos

seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas

exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Partes dos estudos exploratórios

podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de

pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo (GIL, 2008, p.

50).

Assim, a pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador uma cobertura muito

maior nas investigações de fenômenos do que as pesquisas feitas diretamente, segundo Gil

(2008). Contudo, acaba sendo uma pesquisa mais demorada e mais complexa do que o relato

de experiência. Dentre os relatos encontrados na presente pesquisa, há estudos cujos trabalhos

ainda estão em andamento, apresentados com forma de relato, o que indica posteriores

estudos publicados.

No que tange as quatro revisões bibliográficas encontradas, tal fato demonstra que

os embasamentos teóricos neste segmento ainda são escassos. Magalhães et al. (2007, p. 47)

afirma que “pesquisas acadêmicas não costumam ser aplicadas na prática imediatamente.[...]

falta de um intercâmbio de informações, facilitando a chegada à escola dessas informações e

avanços da área no ensino da Educação Física Escolar”. Pelo exposto, percebe-se que a

educação infantil precisa ter mais espaço nas universidades, tanto para promover a pesquisa

quanto para formação dos futuros profissionais da educação física com perfil para este

segmento, dado a especificidade das crianças nesta faixa de idade. Assim, o professor de

Educação Física Escolar precisa estar sempre atualizado com os conhecimentos que as

20

pesquisas acadêmicas lhes proporcionam, diminuindo o longo tempo que os resultados de tais

trabalhos levam para serem aplicados no dia-a-dia escolar, Magalhães et al. (2007).

O gráfico a seguir apresenta o tipo de público e o tipo de ginástica abordada nas

publicações:

Figura 2: Tipo de público e tipo de ginásticas abordadas nas publicações.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quanto ao público no qual se destina as publicações analisadas, observa-se que

dois são focados para o professor. Acredita-se que a formação continuada é um fator que

promove capacitação e proporciona ampliação de conteúdos. Neste sentido, a formação

docente e/ou do futuro docente precisa permear esta formação. Esta formação deve se

complementar no decorrer de sua carreira e estar sempre em crescimento, RANGEL-BETTI

(2001) afirma que:

[...] a formação contínua ou continuada do Brasil ocorre de forma direta ou indireta.

De forma direta esta formação tende a realizar-se através de cursos, leituras e buscas

intencionais; de forma indireta através de contato com os pares e do próprio contato

com os alunos, pais e funcionários. Quando se exige do professor que siga em

formação [...] temos uma educação continuada comparada ao modelo de formação

escolar. Por outro lado, formas interativo-reflexivas ou contratuais podem ser

alcançadas com formação de grupos de trabalho, de pesquisa ou acompanhamento,

geralmente, voluntário. No entanto, formas mistas de formação contínua são

encontradas em diferentes países e devem ser estimuladas (RANGEL-BETTI, 2001,

p. 84).

Segundo Brasil (1999), quatro exigências são fundamentais para o processo de

construção do conhecimento profissional do professor:

a) avanço das investigações relacionadas ao desenvolvimento profissional do

professor;

b) processo de desenvolvimento pessoal do professor, que o leva a transformar seus

valores, crenças, hábitos, atitudes e formas de se relacionar com a vida e,

consequentemente, com a sua profissão;

c) a inevitável transformação das formas de pensar, sentir e atuar das novas gerações

em função da evolução da sociedade em suas estruturas materiais e institucionais,

0 2 4 6 8 10 12

Público

Tipo de Ginástica

GPT

Bioginástica e Ginástica Natural

Professor

Crianças

21

nas formas de organização da convivência e na produção dos modelos econômicos,

políticos e sociais;

d) o incremento acelerado e as mudanças rápidas do conhecimento cientifico, na

cultura, nas artes, das tecnologias da comunicação, elementos básicos para a

construção do currículo escolar (BRASIL, 1999, p. 64).

Quanto às publicações analisadas voltadas para a criança, elas estão em sua

maioria destinadas à percepção de aceitação da atividade e experiências motoras totalizando

oito resumos. Tal fato aponta a tentativa de se relatar as experiências vivenciadas no contexto

da docência com olhar voltado para a criança na idade de zero a cinco anos. Apesar da

educação física na educação infantil precisar de mais espaço nas universidades, entendemos

como positivo o fato de já se ter resumos, ainda que em formato de relato, sobre atividades

gímnicas voltadas para este público, que pode ser compreendido como uma perspectiva futura

de mais pesquisas.

Dentre as publicações analisadas, encontramos uma que aborda o tempo integral.

Este espaço da educação formal procurou ser um momento de vivência de atividade

extracurricular, oferecido gratuitamente nas escolas públicas. A Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB 9394/96, prevê a ampliação gradativa dos tempos escolares.

Assim, oportunizar Ginástica neste espaço significa ampliação das possibilidades motoras,

uma vez que a criança precisa experimentar diferentes estímulos para seu desenvolvimento

cognitivo e motor, trazendo-lhes benefícios na vida adulta.

Nas publicações analisadas, encontramos a ginástica como foco principal, sendo

nove publicações falando a respeito da GPT e uma abordando a Bioginástica e Ginástica

natural.

A Ginástica para Todos (GPT), que antes era conhecida com Ginástica Geral

(GG), é uma modalidade gímnica que compreende a base de todas as ginásticas,

proporcionando vivências em vários elementos da cultura corporal e possibilitando a

participação de todos, independentemente de idade, sexo e o local. De acordo com Ayoub

(2003, p. 48), “[...] não há restrições às regras e as pessoas não são classificadas em melhores

e piores. A GPT tem o contexto mais educacional e de participação”. Kauffman et al. (2016),

nos diz que:

[...] por ser uma modalidade demonstrativa, que atinge a todas as pessoas alcança,

por exemplo, o âmbito escolar, ela pode e deve ser trabalhada na escola,

proporcionando uma introdução aos elementos gímnicos e desenvolvendo o

cognitivo, intelectual e social do aluno de forma lúdica (KAUFFMAN et al., 2016,

p. 7).

Assim, na educação física escolar, a GPT pode ser abordada de várias formas

“privilegiando as potencialidades individuais e coletivas, colaborando assim, para o

22

desenvolvimento de todos e respeitando a subjetividade presente no momento de cada um”

(BARBOSA, 1999, p. 102), isto explica porque tal modalidade é a mais utilizada na educação

infantil.

A Bioginástica e a Ginástica Natural são modalidades Ginásticas modernas com

grandes possibilidades para desenvolver habilidades em todas as idades e podendo ser

praticadas em qualquer lugar.

De acordo com Simon (2010):

A Bioginástica é um método de exercícios que faz parte de uma pesquisa

desenvolvida ao longo de 40 anos por Orlando Cani. Utiliza técnicas de meditação,

kempô, tai-chi-chuan, expressão corporal, alongamento, relaxamento, consciência

corporal, movimentos de animais, respiração e muito yoga. Através das atividades, o

praticante aprende a usar e descobrir sua força, resistência e coordenação

neuromuscular, de uma forma prazerosa, proporcionando autoconhecimento do

corpo (SIMON, 2010, p. 3).

Já a Ginástica Natural é uma atividade física que pode ser desenvolvida em todas

as idades, envolvendo exercícios que utilizam a força do próprio corpo, buscando o

aprimoramento e a manutenção da flexibilidade, promovendo também o “desenvolvimento da

consciência corporal, força, equilíbrio, coordenação motora e na capacidade aeróbia, [...]

fundamenta-se na imitação dos gestos, posturas e movimentos dos animais, como o macaco,

aranha, águia, tigre, cobra, entre outros” (RAMOS e FALSARELLA, 2008, p. 154).

Em relação a isso Simon (2010) afirma que:

A Ginástica Natural fundamenta-se nos movimentos naturais do Homem primitivo e

nas atividades em contato com a natureza, e seus exercícios foram desenvolvidos

com influências dos diversos esportes praticados por Álvaro Romano, jiu-jitsu,

Hatha-Yoga e triathlon (natação, ciclismo e corrida). Com uma movimentação

constante e várias combinações de movimentos, a Ginástica Natural também tem

como base os exercícios de força com o peso do próprio corpo, técnicas de

alongamento de forma dinâmica e técnicas de respiração (SIMON, 2010, p. 3).

Assim, Ginástica Natural é uma opção de atividade para ser trabalhada com a

educação infantil, por sua praticidade e fácil adaptação a qualquer idade e local.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da pesquisa revela que a presença da Ginástica na Educação Física

Infantil (segundo os parâmetros da LDB para a faixa etária deste segmento) nos periódicos

publicados no Fórum Internacional de Ginástica Para Todos, ainda é escassa, compondo um

quantitativo de 0,02% das publicações totais, caracterizadas por pesquisas cuja maioria é

relato de experiência. Estes resultados sugerem refletir a realidade atual da presença da

23

Educação Física e da Ginástica neste segmento em uma esfera mais ampla, considerando que

o Fórum tem uma representação nacional das publicações. Entretanto, apesar dos estudos

ainda serem escassos, percebemos que de 2007 em diante a Ginástica na Educação Física

Infantil teve seu aumento de publicações, o que sugere avanço na área da Ginástica e nos

estudos acadêmicos ligados a esta temática. Percebemos que ainda há necessidade de mais

estudos nesta área, principalmente referidos às pesquisas de campo.

A GPT destaca-se dentre os demais tipos de práticas gímnicas abordadas na

Educação Infantil, corroborando dados encontrados na literatura especializada em ginástica

escolar. Sobre o público alvo das pesquisas, as crianças são evidenciadas em detrimento da

prática pedagógica do professor, fato que consideramos importante refletir quando pensamos

neste sujeito enquanto multiplicador da prática da ginástica no contexto escolar.

Como limitações, este estudo tem como base a análise descritiva no qual esSe

método de pesquisa pode expor limites à capacidade de acepção do pesquisador. Sugerimos

novas pesquisas desta temática no referido segmento.

Como contribuições, esta pesquisa traz uma análise dos estudos da ginástica na

educação infantil presentes no fórum, contribuindo com a temática na literatura, além de

incentivar mais pesquisas na educação infantil no sentido de contribuir com a formação dos

profissionais, promovendo a divulgação da GPT.

24

REFERÊNCIAS

ARRUDA, K. M. F.; SILVA, E. A. A. Desenvolvimento motor na educação infantil

através da ludicidade. Revista Connection Line , n. 4, p. 37-50,2009. Disponível

em:< http://www.periodicos.univag.com.br/index.php/CONNECTIONLINE/article/view/131

>. Acesso em: 20 jun. 2018.

AYOUB, E. A ginástica geral na sociedade contemporânea: perspectivas para a Educação

Física Escolar. 1998. 186 f. Tese (Doutorado em Educação Física) – Faculdade de Educação

Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998. Disponível em:

<http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/274879.

. Narrando experiências com a Educação física na educação infantil. Revista

Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 26, n. 3, p. 143-158, maio 2005.

. Ginástica geral e Educação Física escolar. Campinas, São Paulo: Editora

Unicamp, 2003. . Reflexões sobre a educação física na educação infantil. Revista Paulista de

Educação Física, São Paulo, supl. 4, p. 53-60, 2001.

BARBOSA, Ieda Parra. A ginástica nos cursos de licenciatura em educação física do

estado do Paraná. 1999. 132 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação Física,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.

BRASIL. Lei no 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação

nacional.

. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares

nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.

. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.

Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do

Desporto, Secretaria de Educação Fundamental, Brasília: MEC/SEF, v. 3 ,1998.

CAVALARO, A. G.; MULLER, V. R. Educação Física na Educação Infantil: uma

realidade almejada. Educar, Curitiba, n. 34, p. 241-250, 2009. Editora UFPR.

DALLABONA, S. R.; MENDES, S. M.. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma

forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, v. 1, n. 4, p. 107-112,

2004.

DA SILVA, E. J. S.. A educação física como componente curricular na educação infantil:

elementos para uma proposta de ensino. Revista Brasileira de Ciências do Esporte,

Campinas, v. 26, n. 3, p. 127-142, mai. 2005. Disponível em:

< http://www.oldarchive.rbceonline.org.br/index.php/RBCE/article/view/164 >. Acesso em:

15 jun. 2018.

25

FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA PARA TODOS. Sobre. Disponível em: < http://www.forumgpt.com/2018/sobre>. Acesso em: 19 mai. 2018.

FREITAS, T. M. S. A ginástica nas aulas de Educação Física no ensino infantil, uma

proposta de intervenção. Natal, 2016,47f.. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC

(Graduação) - Departamento de Educação Física. Centro de Ciências da Saúde. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte.

GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês,

crianças, adolescentes e adultos. 3 ed. São Paulo: Phorte, 2005.

GALVÃO, T. F.; PEREIRA, M. G.. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua

elaboração. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 23, p. 183-184, 2014.

GIL, A. C.. Métodos e técnicas de pesquisa social. Editora Atlas S.A.. São Paulo, 6 ed. ,p.

200, 2008.

GONZALES, F.J.; SCHWENGBER, M. S.V. Escola e Educação Física nos anos iniciais:

especificidades e conhecimentos. Práticas pedagógicas em Educação Física: espaço, tempo

e corporeidade. Erechim: Edelbra. p.131. 2012.

KAUFFMAN, A. P. et al.. A produção do conhecimento em Ginástica para Todos: uma

análise em teses e dissertações de 1980 a 2012. Conexões, v. 14, n. 3, p. 3-22, 2016.

Disponível em

<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8648058>. Acesso

em: 20 jun. 2018.

KISHIMOTO, T.M. Politica de formação profissional para a educação infantil: pedagogia e

normal superior. Educação & Sociedade: formação de profissionais da educação:

politicas e tendências, n.68, p.61-79, 1999.

MAGALHÃES, J. S.; KOBAL, M. C.; GODOY, R. P.. Educação física na educação

infantil: uma parceria necessária. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte,

Campinas, v. 6, n. 3, p. 43-52, 2007. Disponível em:

< http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1223/936 >. Acesso em: 20

jun. 2018.

MORAIS, R.S.L., et al.. Primeira infância e pobreza no Brasil: uma analise integrada a

partir de indicadores em saúde, educação e desenvolvimento social. Revista de Politicas

Públicas, v.10, n.1, p.303-315, São Luiz ,2015.

PONTES, M. K. L., et al.. Educação física na educação infantil e suas possibilidades no

contexto escolar. Revista Diálogos Acadêmicos , Fortaleza, v. 6, n. 2, p. 163-167, jul. 2017.

Disponível em: < http://revista.fametro.com.br/index.php/RDA/article/view/154 >. Acesso

em: 20 jun. 2018.

RAMOS, M.G.; FALSARELLA, G. R.. Flexibilidade em escolares: aptidão física

direcionada à qualidade de vida. Campinas: UNICAMP, p. 147-55, 2008.

RANGEL-BETTI, I. C. Os professores de educação física na infantil: intervenção e

pesquisa. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 4, p. 83-94, 2001. Disponível

26

em: < https://www.revistas.usp.br/rpef/article/viewFile/139598/134902 >. Acesso em: 07

jul. 2018.

SAYÃO, D.T. Educação física na educação infantil: riscos, conflitos e controvérsias.

Motrivivência, v. 11, n. 13, p.221-38,1999

SAMPAIO, R. F.; MANCINI, M. C. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese

criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 1, 2007.

Disponível em: http://www.redalyc.org/html/2350/235016477013/. Acesso em: 13 jul. 2018.

SILVA, D. O. et al. O estado da arte da ginástica nos Anais do Fórum Internacional de

Ginástica Geral de 2001 a 2012. Conexões: revista da Faculdade de Educação Física da

UNICAMP, Campinas, v. 13, n., p. 211-229, maio 2015.

SILVA, S. M.. Motricidade e educação infantil. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC

(Graduação)- Curso de Licenciatura em Pedagogia, Universidade Federal da Fronteira Sul.

Chapecó, 2016, 20 f.

SIMON, H. S. et al. . Soltando os bichos na Educação Física Infantil. Lecturas Educación

Física y Deportes (Buenos Aires), v. 151, p. 1-6, 2010. Disponível em:

<http://www.efdeportes.com/efd151/soltando-os-bichos-na-educacao-fisica-infantil.htm>.

Acesso em 17 jul. 2018.

SOUZA, E. P. M. Ginástica geral: uma área do conhecimento da Educação Física I Elizabeth

Paoliello Machado de Souza. -- Campinas, SP: [ s. n. ], 1997.

ZANELLA, L. C. H.. Metodologia de pesquisa. Departamento de Ciências da

Administração. Curso de Graduação em Administração, modalidade a Distância.

Florianópolis. 2ª ed. rev. atual. 2011. 134 p.

27