UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF Final - Ana... · treinamentos em informática com base no...

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A INDÚSTRIA 4.0 E SEU IMPACTO NA ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE TREINAMENTOS EM INFORMÁTICA AUTOR: ANA CLARA CORTEZ PACHECO ORIENTADOR: CARLOS FRANCISCO SIMÕES GOMES NITERÓI JUNHO DE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A INDÚSTRIA 4.0 E SEU IMPACTO NA ESTRATÉGIA DAS

ORGANIZAÇÕES – ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA

DE TREINAMENTOS EM INFORMÁTICA

AUTOR: ANA CLARA CORTEZ PACHECO

ORIENTADOR: CARLOS FRANCISCO SIMÕES GOMES

NITERÓI JUNHO DE 2017

2

ANA CLARA CORTEZ PACHECO

A INDÚSTRIA 4.0 E SEU IMPACTO NA ESTRATÉGIA DAS

ORGANIZAÇÕES – ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE

TREINAMENTOS EM INFORMÁTICA

Projeto Final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção

da Universidade Federal Fluminense,

como requisito parcial para a aquisição

do Grau de Engenheiro de Produção.

Orientador: Prof. Dr. CARLOS FRANCISCO SIMÕES GOMES.

NITERÓI, 2017

3

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

P116 Pacheco, Ana Clara Cortez

A indústria 4.0 e seu impacto na estratégia das organizações :

estudo de caso em uma empresa de treinamentos em informática /

Ana Clara Cortez Pacheco. – Niterói, RJ : [s.n.], 2017.

54 f.

Projeto Final (Bacharelado em Engenharia de Produção) –

Universidade Federal Fluminense, 2017.

Orientador: Carlos Francisco Simões Gomes.

1. Inovação tecnológica. 2. Balanced Scorecard. 3. Fator crítico de

sucesso. 4. Planejamento estratégico. I. Título.

CDD 658.4062

4

ANA CLARA CORTEZ PACHECO

A INDÚSTRIA 4.0 E SEU IMPACTO NA ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇÕES –

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE TREINAMENTOS EM

INFORMÁTICA

Monografia apresentada à Universidade

Federal Fluminense como requisito parcial à

obtenção do título de Engenheiro de

Produção.

Banca Examinadora:

_______________________________________

Prof. Dr. Carlos Francisco Simões Gomes

_______________________________________

Prof. Marcelo Maciel Monteiro

_______________________________________

Prof. Sérgio José Mecena da Silva Filho

Niterói, RJ

2017

5

RESUMO

O presente estudo procurou identificar quais os impactos que as novas tecnologias que

compõem a chamada Indústria 4.0 provocam na estratégia das organizações. Foi proposta

uma metodologia para identificação do alinhamento entre a estratégia da organização e a

tecnologia da informação com base nos modelos de McFarlan, Herdenson e Venkatraman.

Em particular, foi analisada a influência do uso de aplicativo por uma empresa de

treinamentos em informática com base no Balanced Scorecard, análise PEST e SWOT e nos

Fatores Críticos de Sucesso. Como resultado foram identificados diversos impactos

estratégicos, em geral positivos, recomendando-se a adoção do curso via plataforma mobile

pela empresa e confirmando a aplicação da metodologia proposta.

Palavras-chave: Indústria 4.0; Análise Estratégica; Balanced Scorecard; Fator Crítico de

Sucesso; Alinhamento Estratégico; Manufatura Avançada;

6

ABSTRACT

The present study sought to identify the impacts that the new technologies that make

up the so-called Industry 4.0 causes in the strategy of the organizations. A methodology was

proposed to identify the alignment between the organization's strategy and information

technology based on the McFarlan, Herdenson and Venkatraman models. In particular, we

analyzed the influence of application use by a computer training company based on the

Balanced Scorecard, PEST and SWOT analysis and the Critical Success Factors. As a result,

several strategic impacts, generally positive, were identified, recommending the adoption of

the mobile platform course by the company and confirming the application of the proposed

methodology.

Key-words: Industry 4.0; Strategic Analysis; Balanced Scorecard; Critical Success Factor;

Strategic Alignment; Advanced Manufacturing;

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SUMÁRIO

Capítulo 1 Introdução .................................................................................................................. 10

1.1 Contextualização ............................................................................................................... 10

1.2 Situação problema ............................................................................................................. 13

1.3 Objetivo ............................................................................................................................. 14

1.4 Questões e hipóteses.......................................................................................................... 14

1.5 Delimitações ...................................................................................................................... 15

1.6 Referencial teórico e conceitual ........................................................................................ 15

1.7 Definição dos termos ......................................................................................................... 15

1.8 Organização do estudo ...................................................................................................... 16

Capítulo 2 Revisão da Literatura ................................................................................................. 17

2.1 Estudo Bibliométrico......................................................................................................... 18

2.2 Estratégia e Tecnologia da Informação ............................................................................. 25

2.2.1 Modelos para análise de Alinhamento Estratégico......................................................26

2.3 Balanced Scorecard ........................................................................................................... 31

2.4 Fatores Críticos de Sucesso ............................................................................................... 32

2.5 Análise SWOT .................................................................................................................. 33

2.6 Análise PEST .................................................................................................................... 35

Capítulo 3 Metodologia ............................................................................................................... 36

3.1 Estudo realizado ................................................................................................................ 36

3.2 Coleta dos dados ............................................................................................................... 37

Capítulo 4 estudo de caso ............................................................................................................ 38

4.1 Contexto da organização ................................................................................................... 38

4.2 Alinhamento entre ti e estratégia ....................................................................................... 38

4.3 Impacto do uso de aplicativo na estratégia ........................................................................ 42

4.3.1 Perspectivas do BSC....................................................................................................43

4.3.2 Fatores Críticos de Sucesso.........................................................................................45

4.3.3 Análise SWOT.............................................................................................................46

4.3.4 Análise PEST...............................................................................................................47

Capítulo 5 Conclusão .................................................................................................................. 51

Referências bibliográficas ........................................................................................................... 52

8

Lista de Figuras

Figura 1 - Cadeia de impactos com o uso das novas tecnologias ............................................. 13 Quadro 1 - Documentos utilizados como fonte bibliográfica................................................... 17

Quadro 2 - Termos de Pesquisa ................................................................................................ 18

Quadro 3 - Resumo dos artigos selecionados para análise ....................................................... 19

Quadro 4 - Documentos selecionados para pesquisa................................................................ 19

Gráfico 1 - Distribuição dos documentos por data de publicação ............................................ 24

Gráfico 2 - Distribuição dos documentos por data de publicação (comparativo) .................... 25

Quadro 5 - Divisão de documentos por fonte ........................................................................... 25

Figura 2 - Grid Estratégico ....................................................................................................... 27

Figura 3 - Perspectivas do Alinhamento Estratégico................................................................ 28

Figura 4 - Modelo de Alinhamento de Estratégias de Negócio e Estratégias de TI ................. 29

Figura 5 - Fatores abordados na análise PEST ......................................................................... 35

Figura 6 - Metodologia para análise do alinhamento entre estratégia e TI .............................. 37

Figura 7 - Grid Estratégico ....................................................................................................... 40

Quadro 6 - Questões propostas por MCFARLAN (Resumo)................................................... 41

Quadro 7 - Métricas típicas do BSC ......................................................................................... 43

Quadro 8 - Análise SWOT (Forças) ......................................................................................... 46

Quadro 9 - Análise SWOT (Fraquezas) ................................................................................... 47

Quadro 10 - Análise SWOT (Oportunidades) .......................................................................... 47

Quadro 11 - Análise SWOT (Ameaças) ................................................................................... 47

9

Agradecimentos

Dedico este trabalho a todos que me apoiaram, incentivaram e contribuíram para que

eu chegasse até aqui, de modo especial aos meus familiares, que me deram toda base e

suporte durante a faculdade.

Aos professores que me orientaram e proporcionaram o conhecimento para

desenvolvimento deste trabalho e para minha formação. Aos colegas de trabalho, que

auxiliaram com ideias e materiais de pesquisa. Ao João Paulo, que concedeu a realização do

estudo de caso em sua empresa. E ao Fred, por todas as análises, parceria e compreensão,

principalmente nos momentos mais críticos.

10

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

1.1.1 Os avanços da Tecnologia da Informação (TI)

Na era industrial, o sucesso das empresas era determinado pela maneira como se

aproveitavam dos benefícios da economia de escala. Entretanto, com o advento da era da

informação as empresas não conseguem mais obter vantagens competitivas sustentáveis

apenas com a rápida alocação de novas tecnologias e com a gestão financeira eficaz. As

empresas da era da informação estão baseadas em um novo conjunto de premissas

organizacionais (Kaplan & Norton, 1997).

A chamada Quarta Revolução Industrial já é realidade em inúmeras indústrias e seus

reflexos na dinâmica das organizações são inegáveis. De acordo com Brynjolfsson & McAfee

(2014) a economia global está à beira de um surto de crescimento impulsionado por máquinas

inteligentes que finalmente tirarão o máximo proveito dos avanços no processamento de

computadores, inteligência artificial, comunicação em rede e digitalização de praticamente

tudo. O setor produtivo mundial está num processo movido por três forças: o avanço

exponencial da capacidade dos computadores, a imensa quantidade de informação digitalizada

e novas estratégias de inovação. Para Bertulicci (2016), conectando máquinas, sistemas e

ativos, as empresas podem criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor que

podem controlar os módulos da produção de forma autônoma. As fábricas inteligentes têm a

capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar

aos requisitos e mudanças não planejadas na produção. Na Indústria 4.0, todos os processos

de decisão das fábricas serão tomados pelas próprias máquinas, com base em informações

fornecidas de dentro do sistema de manufatura em tempo real (Afonso, 2016).

O termo Indústria 4.0 originou na Alemanha, em 2011, e fazia parte de um projeto de

estratégias do governo alemão voltadas para tecnologia. Nos Estados Unidos o conceito é

conhecido como Smart Manufacturing e no Brasil como Manufatura Avançada. Como

principais características das fábricas inteligentes pode-se citar a aquisição e tratamento de

dados de forma praticamente instantânea, a existência de cópias virtuais permitindo a

rastreabilidade e monitoramento remoto de todos os processos por meio dos inúmeros

11

sensores, a tomada de decisões pode ser feita por sistemas cyber-físicos que também

fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho, utilização de arquiteturas de software

orientadas a serviços, e maior flexibilidade, convergindo cada vez mais para uma produção

sob medida.

1.1.2 Impacto nas organizações

Os impactos desses avanços são inúmeros: células isoladas e otimizadas se unirão

como um fluxo de produção totalmente integrado, automatizado e otimizado, maior

eficiência, mudanças nas relações de produção tradicionais entre fornecedores, produtores e

clientes, bem como entre humanos e máquinas.

Dentre as tecnologias adotadas, Big Data e Analytics possibilitam a coleta e avaliação

abrangente de dados de muitas fontes diferentes - equipamentos e sistemas de produção, bem

como sistemas de gerenciamento de clientes e de empresas - para apoiar a tomada de decisões

em tempo real.

O avanço na robótica está permitindo mais autonomia, flexibilidade e cooperação

(Engel, et al.; 2015). A adoção exclusiva de robôs nas fábricas possibilita a instalação em

grandes centros urbanos, reduzindo o custo logístico, modificando a estrutura organizacional e

a forma de gestão.

A manufatura aditiva e as simulações tridimensionais de produtos, materiais e

processos de produção espelham o mundo físico em um modelo virtual permitindo aos

operadores testar e aperfeiçoar as configurações da máquina para o próximo produto no

mundo virtual antes da transição física, diminuindo assim os tempos de configuração da

máquina e aumentando a qualidade. Outra vantagem é a flexibilização da produção,

agregando valor ao produto e permitindo a customização em massa.

Com a Internet das Coisas (IoT), dispositivos conseguem se conectar e interagir uns

com os outros e com sistemas de computação, permitindo um controle mais centralizado,

gerando valor para negócios, organizações e consumidores, possibilitando a criação de novos

negócios e a transformação de processos. Os fornecedores de tecnologia estão aumentando as

atividades de IoT e criando estratégias para ajudar os clientes a projetar, implementar e operar

sistemas complexos - e trabalhar para preencher a lacuna entre a capacidade de coletar dados

do mundo físico e a capacidade de capturá-los e analisá-los no tempo certo (Aharon, et al.;

12

2015). Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company em 2015 estima um potencial

impacto econômico de até US$ 11,1 trilhões por ano em 2025 para aplicações de IoT.

Em linhas gerais, as tecnologias utilizadas na Indústria 4.0 contribuem de forma

significativa para redução de custos, encurtamento de prazos, aumento da produtividade,

crescimento da capacidade de processamento de informação e transformação de dados,

alocação de recursos mais eficiente e maior integração entre os mundos real e virtual.

De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (2016), dispositivos

localizados em diferentes unidades da empresa, ou mesmo de empresas diferentes, também

trocam informações de forma instantânea sobre compras e estoques, permitindo uma

otimização logística até então impensável, estabelecendo maior integração também entre os

elos de uma cadeia produtiva. O conceito de Indústria 4.0, contudo, vai além da integração

dos processos associados à produção e distribuição, envolvendo, também, todas as diversas

etapas da cadeia de valor: do desenvolvimento de novos produtos, como projeto,

desenvolvimento, testes e até mesmo a simulação das condições de produção, até o pós-

venda.

Outro impacto relevante é a ampliação da economia de rede, com maior cooperação

entre os agentes econômicos e integração dos processos produtivos, fator destacado por Röhm

(2016). Nesse contexto, as empresas precisam reformular suas propostas de valor e forma de

relacionamento com seus stakeholders.

A contribuição de todos os fatores apresentados anteriormente acarretará no aumento

da produtividade nas organizações e a redução dos custos, chegando ao impacto fim que é o

crescimento da lucratividade. Essa cadeia de impactos no uso da TI está resumida na Figura 1.

13

Figura 1 – Cadeia de impactos com o uso das novas tecnologias

Fonte: Autor, 2017

Vale ressaltar que o aumento do desemprego devido à substituição da mão de obra

humana por máquinas, tema discutido no Fórum Econômico Mundial da ONU (2016), e o

crescimento do abismo entre as sociedades mais desenvolvidas e as menos qualificadas são

impactos negativos do uso dessas tecnologias.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA

A organização estudada possui pouco mais de um ano de existência, foi fundada e é

gerida por alunos da graduação de universidades do Rio de Janeiro. Atua no setor de

treinamentos em informática oferecendo cursos presenciais nas ferramentas Excel, VBA e

Project, e cursos online em outro segmento da empresa. Possui como público principal

estudantes universitários.

A empresa surgiu com uma proposta inovadora de ensino, com turmas pequenas,

exclusivas para universitários, conteúdo com foco nas exigências do mercado e didática mais

descontraída e interativa. Um dos seus principais diferenciais é a ampla utilização dos

recursos de mídia, inclusive disponibilizando conteúdo (minicursos) gratuito nas redes

sociais.

Dada a segmentação adotada pela empresa, o tipo de serviço oferecido e a postura

inovadora dos sócios, a tecnologia assume papel central na estratégia do negócio.

14

Com o objetivo de expansão da empresa e atendimento de uma demanda

sobressalente, identificou-se a oportunidade de utilização de uma nova tecnologia como

suporte ao serviço já oferecido e como canal para o lançamento de um novo produto, que seria

o curso totalmente virtual por meio de aplicativo.

1.3 OBJETIVO

Considerando o caráter recente do assunto e a pequena produção literária a respeito, o

objetivo do presente trabalho pretende identificar como a Indústria 4.0 tem impactado na

estratégia das organizações e qual direcionamento deve ser dado a fim de gerar vantagem

competitiva através do uso dessas novas tecnologias. Para tal, é preciso analisar o

relacionamento entre tecnologia da informação e estratégia dentro da organização, avalia-lo

frente ao cenário externo, para então determinar as diretrizes de acordo com cada caso.

O objetivo principal do trabalho é a apresentação de uma nova metodologia para

avaliação do impacto estratégico do uso da Tecnologia da Informação (TI). Para tanto, serão

utilizadas adaptações de ferramentas já conhecidas (Balanced Scorecard, Análise PEST,

Análise SWOT e Fatores Críticos de Sucesso).

Com o intuito de elucidar o estudo, foi realizada a aplicação em uma empresa

treinamentos em informática, buscando analisar qual o impacto que a adoção da plataforma

mobile traria para estratégia da empresa.

As aplicações desse trabalho se estendem, de forma mais direta, às empresas e

pesquisadores. Contudo, é de conhecimento relevante para toda a população, visto que o

avanço do uso das tecnologias e suas consequências impactarão todas as pessoas.

1.4 QUESTÕES E HIPÓTESE

O presente estudo procurou responder aos seguintes questionamentos e verificar uma

hipótese:

Questões:

• Como avaliar o impacto das novas tecnologias na estratégia das empresas?

• Como se posicionar diante da Indústria 4.0?

• Qual impacto o uso da TI tem nas diferentes áreas da empresa, do ponto de

vista dos processos?

15

Hipótese:

• A TI impacta no aumento da competitividade da empresa.

1.5 DELIMITAÇÕES

O estudo de caso apresentado analisa a possibilidade de implantação de um aplicativo

como ferramenta de suporte ao serviço e como nova plataforma de produto com base no

referencial teórico. A real adoção da tecnologia é uma projeção futura e seus resultados

concretos não são abordados no presente estudo.

Na maior parte da literatura o termo “TI” é entendido como uma área da empresa ou

um conjunto de sistemas. Nesse estudo, entretanto, o termo foi apropriado com sentido de

aplicação de tecnologia, em particular, as que fazem parte do contexto de manufatura

avançada.

Como a empresa estudada é pequena e não possui estruturas internas e de processos

definidas, alguns conceitos foram adaptados para a realidade da organização.

1.6 REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEITUAL

As referências teóricas do estudo consistem, em linhas gerais, de artigos, livros e

publicações a respeito de metodologias e ferramentas para análise relacional entre estratégia e

tecnologia da informação. Dentre as principais podemos destacar: Balanced Scorecard

(NORTON & KAPLAN; 1997), Fator Crítico de Sucesso (BOYTON & ZMUD, ROCKART;

1984), PEST Análise (AGUILAR; 1967) e Grid Estratégico (MCFARLAN; 1984). A base

completa de referências, bem como autores, tipo de documento, data de publicação e fonte se

encontra no capítulo dois – Revisão da Literatura.

1.7 DEFINIÇÃO DOS TERMOS

TI - Tecnologia da Informação;

MADP - Plataforma de desenvolvimento de aplicativos móveis;

FCS – Fatores Críticos de Sucesso;

PETI – Planejamento Estratégico em tecnologia da informação;

IoT – Abreviação proveniente do Inglês para Internet das Coisas.

16

1.8 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O capítulo introdutório apresenta uma contextualização do assunto tratado e do estudo

de caso, bem como delimitações e objetivo do presente estudo.

O capítulo 2 consiste na revisão de literatura, apresentando os principais modelos

conceituais, ferramentas e análise dos textos produzidos.

O capítulo 3 aborda a metodologia utilizada para elaboração do estudo e obtenção de

resultados.

No capítulo 4 é apresentada a aplicação dos conceitos vistos no capítulo 2 com base na

metodologia apresentada no capítulo 3 por meio de um estudo de caso.

Por fim, o capítulo 5 se destina a analisar os resultados obtidos, responder aos

questionamentos propostos na seção 1.4 e traçar conclusões sobre o estudo.

17

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA

De acordo com Rostaing (1996) a bibliometria pode ser entendida como “a aplicação

dos métodos estatísticos ou matemáticos sobre o conjunto de referências bibliográficas”. A

análise bibliométrica é um método flexível para avaliar a tipologia, a quantidade e a qualidade

das fontes de informação citadas em pesquisa, e seu resultado é “estatística de medição dos

índices de produção e disseminação do conhecimento científico” (ARAÚJO, 2006).

Nesse sentido, foi realizada a revisão da literatura com dois propósitos (ALVES-

MAZZOTTI, 2002): a construção de uma contextualização para o problema e a análise das

possibilidades presentes na literatura consultada para a concepção do referencial teórico da

pesquisa.

A discussão acerca do tema engloba as áreas de Estratégia (análises e ferramentas),

Tecnologia da Informação, Gestão e Manufatura Avançada, de modo que é preciso analisar a

convergência dessas diferentes óticas para o entendimento do problema.

O estudo bibliométrico foi realizado nas Bases de Dados SCOPUS, SciELO e Web of

Science, durante os meses de Outubro e Novembro de 2016. Na área de Estratégia, buscaram-

se contribuições sobre Balanced Scorecard, Fator Crítico de Sucesso, Análise PEST e Grid

Estratégico. Sobre o tema Tecnologia da Informação, as buscas visavam relacioná-lo com

modelos de gestão e alinhamento estratégico. Já o tema Manufatura Avançada abrangeu

inteligência artificial, internet das coisas, sistemas ciber-físicos e busca por nomenclatura

semelhante (Indústria 4.0).

Ao estudo bibliométrico, acrescentaram-se as consultas ao Banco de Periódicos da

CAPES, publicações de jornais, revistas e institutos de pesquisa. O Quadro 1 apresenta um

resumo dos documentos utilizados como fonte bibliográfica.

Tipo de Documento Quantidade Percentual

Artigo 19 42%

Review 7 16%

Livro 4 9%

Publicação 10 22%

Pesquisa 4 9%

Dissertação Mestrado 1 2%

Quadro 1 – Documentos utilizados como fonte bibliográfica

18

2.1 ESTUDO BIBLIOMÉTRICO

2.1.1 Pesquisa nas Bases SCOPUS, SciELO e Web of Science

O estudo bibliométrico sobre os temas citados acima foi realizado nas Bases de Dados

SCOPUS, SciELO e Web of Science, com acesso direto em 17 de outubro de 2016 para os

dois primeiros, e acesso pelo Portal de Periódicos CAPES em 16 de novembro de 2016 no

terceiro caso.

As pesquisas englobaram diversos tipos de documentos (artigo, review, paper,

editorial e livros), sem restrição de região, linguagem ou área. Foi considerado todo o período

disponível até a data da busca. Os termos utilizados para o estudo bibliométrico e o número de

registros encontrados em cada Base de Dados são apresentados no Quadro 2, totalizando

5504:

Termos da Pesquisa

Número de registros encontrados

SCOPUS SciELO Web of Science

Industria 4.0 6 340 2

Inteligencia artificial 82 165 2

Internet das coisas 2 5 0

Tecnologia da Informação AND Estratégia 1 49 0

Balanced Scorecard 2266 96 1327

PEST Analyse 1107 0 0

Fator crítico de sucesso 2 13 0

Grid estratégico 0 1 0

Quarta revolução industrial 1 0 0

Sistemas ciber-físicos 0 0 0

Manufatura avançada 0 4 0

Inovação AND Estrategia AND Tecnologia 0 33 0

Subtotal 3467 706 1331

Total 5504

Quadro 2 – Termos de Pesquisa

Embora alguns termos tenham retornado um número grande de referências, a maioria

apresentava uso do termo em conotação diferente da pretendida ou era uma aplicação muito

específica, o que ocasionou um baixo número de documentos relevantes. Soma-se a isso o

fato da temática ser bem recente (aproximadamente cinco anos) e ainda apresentar poucos

estudos acadêmicos sobre o assunto.

19

As buscas que apresentaram retorno superior a 200 referências foram filtradas por tipo

de documento (artigo), idioma (Português, Inglês) e áreas temáticas (Engenharias,

Tecnologia, Administração, Economia). Após análise dos títulos e resumos, selecionaram-se

os documentos relevantes para o estudo, resultando no Quadro 3.

Termos da Pesquisa

Número de registros encontrados

Número de artigos selecionados

SCOPUS SciELO Web of Science SCOPUS SciELO

Web of Science

Industria 4.0 6 340 2 1 0 0

Inteligencia artificial 82 165 2 0 1 0

Internet das coisas 2 5 0 1 0 0

Tecnologia da Informação AND Estratégia 1 49 0 0 3 0

Balanced Scorecard 2266 96 1327 2 1

PEST Analyse 1107 0 0 1 0 0

Fator crítico de sucesso 2 13 0 0 0 0

Grid estratégico 0 1 0 0 0 0

Quarta revolução industrial 1 0 0 0 0 0

Sistemas ciber-físicos 0 0 0 0 0 0

Manufatura avançada 0 4 0 0 0 0

Inovação AND Estrategia AND Tecnologia 0 33 0 0 0 0

Subtotal 3467 706 1331 3 6 1

Total 5504 10

Quadro 3 – Resumo dos artigos selecionados para análise

Foi realizada uma análise dos autores mais citados nos artigos e buscas no Google com

a temática da Indústria 4.0 e suas tecnologias. Como resultado, pesquisas de mercado

realizadas por grandes empresas, análises de especialistas, publicações de revistas e outros

artigos foram incluídos ao conjunto de documentos para embasamento do estudo. O Quadro 4

consolida a bibliografia selecionada.

Título Autor Ano Tipologia Fonte

Como, quando e quanto investir em

tecnologia de informação: Uma análise

de múltiplos casos

José Augusto da

Rocha de Araujo,

Fernando José

Barbin Laurindo

2008 Publicação USP

Information Technology Changes the MCFARLAN, F.W. 1984 Review Harvard Business

20

Way You Compete Review

Strategic Alignment Leveraging

Information Technology Transforming

Organizations

HEDERSON, J. &

VENKATRAMAN, N.

1993 Publicação IBM Systems

Journal

Information Technology and the Board

of Directors

NOLAN, R. &

MCFARLAN, F.W.

2005 Review Harvard Business

Review

Scanning the Business Environment Francis Aguilar 1967 Livro New York,

Macmillan

A estratégia em ação: balanced

scorecard

KAPLAN, R. S. e

NORTON, D. P.

1997 Livro Gulf Professional

Publishing

SWOT analysis from a resource-based

view

Valentin, E.K. 2001 Publicação Journal of

Marketing

Theory and

Practice

Exploring SWOT analysis - where are

we now?

Helms, M. M., &

Nixon, J.

2010 Review Emerald Group

Publishing

Limited

Chief executives define their own data

needs

Rockart, John F. 1979 Review Harvard Business

Review

An Assessment of Critical Success

Factors

Boyton, A.C. and

Zmud, R.W.

1984 Review The University of

North California

Gestão da Tecnologia da Informação

em empresas industriais e de serviços:

estudo de casos

Carlos Augusto

Angrisano, Fernando

Jose Barbin Laurindo

2003 Artigo ENEGEP

How Information Gives You

Competitive Advantage

PORTER & MILLAR 1985 Review Harvard Business

Review

Alinhamento Estratégico de TI:

Avaliando as Percepções de Executivos

de Negócios em TI

Jose Geraldo

Andrade de Souza

2008 Dissertação

Mestrado

Fundação

Getúlio Vargas

Modelo de governança de Tecnologia

da Informação, aplicando Balanced

Scorecard e Quality Function

Deployment

Seixas, A.P.C. &

Valverde, B.N.S.

2005 Artigo ENEGEP

Industry 4.0: The Future of

Productivity and Growth in

Manufacturing Industries

Michael Rüßmann,

Markus Lorenz,

Philipp Gerbert,

2015 Publicação The Boston

Consulting Group

21

Manuela Waldner,

Jan Justus, Pascal

Engel, and Michael

Harnisch

O que é a Indústria 4.0 e como ela vai

Impactar o Mundo

Cristiano Bertulucci

Silveira

2016 Publicação Citisystems

Unlocking the potential of the Internet

of Things

James Manyika,

Jonathan Woetzel,

Richard Dobbs,

Michael Chui, Peter

Bisson, Jacques

Bughin and Dan

Aharon

2015 Pesquisa McKinsey &

Company

Entrevista: Brasil pode criar a Indústria

4.0 verde e amarela

Ismália Afonso 2016 Publicação Agência de

Notícias CNI

A era das fábricas inteligentes está

começando

Melina Costa,

Fabiane Stefano

2014 Publicação Exame – Abril

The Second Machine Age Erik Brynjolfsson &

Andrew McAfee

2014 Livro W. W. Norton &

Company

Alemanha aposta em fábricas

inteligentes

Christopher Alessi &

Chase Gummer

2014 Publicação The Wall Street

Journal

The End of Competitive Advantage:

How to Keep Your Strategy Moving as

Fast as Your Business

Rita Gunther

McGrath

2013 Livro Harvard Business

Review

Modelos de Gestão de Tecnologia da

Informação

FC

ALMEIDA; GOMES,

C. F. S. .

2014 Artigo Universidade

Federal

Fluminense

Alinhamento estratégico entre os

planos de negócio e de tecnologia de

informação: um modelo operacional

para implementação

Angela F. Brodbeck

& Norberto Hoppen

2003 Artigo Universidade

Federal do Rio

Grande do Sul

A Internet das Coisas na Industria:

inovação para crescer, progredir e

prosperar

Mark Purdy & Ladan

Davarzani

2016 Pesquisa Accenture

Institute for High

Performance

Novas tecnologias e desempenho

operacional: um estudo internacional

Ely Laureano Paiva,

Andrew Beheregarai

2014 Artigo Fundação

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22

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2001 Artigo USP

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1994 Artigo Fundação

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The Growth Game-Changer: How the

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2015 Publicação Accenture

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Indústria 4.0 já é realidade e promete

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Análise da implantação de um

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23

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Estudo de aplicações da internet das

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2014 Artigo Revista Espacios

SWOT-PEST analysis about the

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Interação com clientes na economia

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2007 Artigo Revista de

Gestão da

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Creating a holistic excellence model

adapted for technology-based

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Ana Clara Pastor

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Navarro Elola;

Manbir Sodhi;

Guillermo Pérez

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2014 Artigo TMStudies

Alinhamento entre estratégia de

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Ivanir Costa; Walter

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2011 Artigo Revista Produção

Articulando modelos de alinhamento

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2009 Artigo Cadernos

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Alinhamento estratégico de tecnologia

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2009 Artigo JISTEM - Journal

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24

propostas para pesquisas futuras Alberto Vanti Systems and

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O Balanced Scorecard e o alinhamento

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Eduardo Santos

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2006 Artigo Revista

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O papel do Balanced Scorecard na

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Frezatti, F.a , Bido,

D.S.b , da Cruz,

A.P.C.c , Machado,

M.J.C.d

2014 Artigo Revista de

Administracao de

Empresas

Quadro 4 – Documentos selecionados para pesquisa

Analisando os documentos por ano de publicação no Gráfico 1 pode-se perceber que

há uma concentração nos últimos três anos. Estes são referentes à temática de novas

tecnologias, enquanto a produção mais antiga refere-se à metodologias/ferramentas clássicas.

Gráfico 1 – Distribuição dos documentos por data de publicação

Há um acréscimo considerável nos últimos três anos. Isso se deve ao fato da temática

“Indústria 4.0” ser encontrada apenas após o ano de 2007, com maior concentração de

publicações nos últimos anos (quatro documentos em 2014 e 2016 e cinco documentos em

2015).

25

Em um quadro geral, percebe-se no Gráfico 2 que dois terços dos documentos

selecionados foram produzidos nos últimos 10 anos, o que reforça a atualidade do tema.

Gráfico 2 – Distribuição dos documentos por data de publicação (comparativo)

Dentre as fontes, as de maior recorrência foram listadas abaixo no Quadro 5. As

demais só obtiveram uma citação.

Fonte Nº

Documentos

Accenture Institute for High Performance 3

ENEGEP 2

Fundação Getúlio Vargas 3

Harvard Business Review 5

McKinsey & Company 2

Revista Espacios 2

Quadro 5 – Divisão de documentos por fonte

2.2 ESTRATÉGIA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Ao longo do tempo, a TI deixou de ser vista apenas como ferramenta de suporte para

as operações e passou a ser vista como importante fator de estratégia competitiva. De acordo

com Gunasekaran e Ngai (2004), um dos fatores determinantes para a competitividade em

nível mundial é como integrar suas estratégias de negócios, de produção e a estrutura de

33%

67%

Produção anterior a2006

Produção posteror a2006

26

tecnologia de informação (TI). As aplicações de TI podem impactar na competitividade da

empresa em três vertentes (Porter & Millar, 1985): tendem a mudar a estrutura industrial,

alterando as regras da competição; criam vantagens competitivas sobre os concorrentes;

facilitam a criação de novos negócios. Para McFarlan (1984), a tecnologia pode ser usada para

criar barreira de entrada, aumentar custo de mudança e, algumas vezes, mudar completamente

a estrutura dos concorrentes.

Estudos apontam que a TI deve ser conduzida com uma aplicação de novos canais de

fazer negócio e como viabilizadora de redução de custos da operação desses negócios

(BRODBECK, HOPPEN; 2014). O papel da TI como viabilizadora de novos negócios, pode

ser percebido em duas perspectivas contidas no modelo de Luftman et al (1993): “Potencial

Competitivo” - exploração de novas aplicações da TI para suportar novas estratégias de

negócio - e “Transformação Tecnológica” - necessidade de novas estratégias de TI para a

implantação de estratégias de negócio definidas pela empresa.

2.2.1 Modelos para análise de Alinhamento Estratégico

2.2.1.1 Grid Estratégico

Um dos modelos presentes na literatura para análise estratégica em TI é o “Grid

Estratégico” de MCFARLAN. Primeiramente as empresas são divididas de acordo com o

grau de confiabilidade operacional (TI Defensiva) e o grau de confiabilidade em gerar

vantagens competitivas (TI Ofensiva). Na primeira vertente, manter os sistemas de TI

funcionando é mais importante do que saltar a competição através do uso da tecnologia

emergente, enquanto na segunda a empresa confia na TI por sua vantagem competitiva

através de sistemas que fornecem novos serviços e produtos ou alta capacidade de resposta

aos clientes (NOLAN, MCFARLAN; 2005). Ressalta-se que devido aos recursos necessários

para tomar uma ofensiva, a empresa tem que ser intensivamente envolvida em TI em todos os

níveis.

Em seguida as empresas são classificadas em um dos quatro quadrantes apresentados

na Figura 2 de acordo com o impacto da TI na sua estratégia.

27

Figura 2 – Grid Estratégico

Fonte: ARAUJO & LAURINDO, 2008

O Grid Estratégico mostra que existem diferentes necessidades de sistemas de

informação e tecnologia para cada um desses tipos de empresas, o que permite tirar

importantes conclusões sobre o posicionamento da TI dentro da estrutura da empresa, além de

auxiliar os profissionais de TI a tomar as decisões sobre a missão de TI e as necessidades de

recursos que proporcionem vantagem competitiva (MORAES & LAURINDO, 2003; JIANG

& KLEIN, 1999). Essa metodologia também permite identificar, além do grau de

confiabilidade, a visibilidade que os sistemas de TI possuem perante o cliente, contribuindo

assim para a tomada de decisão sobre o direcionamento dos recursos financeiros.

28

2.2.1.2 Modelo de Alinhamento Estratégico

O modelo proposto por Herdenson e Venkatraman (1993) combina tanto os fatores

internos de infraestrutura organizacional e seus processos quanto os fatores externos de

mercado para analisar o impacto da estratégia de TI nos negócios e avaliar como as novas

tecnologias de informação podem afetar os planos corporativos. Ele mostra que os processos

de negócio e de TI podem caminhar em paralelo ou suportar um ao outro.

É necessário que haja uma integração entre os aspectos dos domínios interno e externo

da estratégia de TI, assim como a integração das estratégias de negócios e de TI, de forma a se

avaliarem corretamente as decisões de negócios as quais afetam as estratégias de TI e as

decisões de TI que afetam as estratégias de negócios (ARAÚJO, LAURINDO; 2008), o que

pode ser verificado na Figura 3.

Figura 3 – Perspectivas do Alinhamento Estratégico

Fonte: LAMOUNIER, LAURINDO, 2003.

De acordo com os autores do modelo há quatro principais formas de ocorrer o

alinhamento (Figura 3), ao que denominaram de “perspectivas de alinhamento estratégico”:

(i) estratégia de negócio; (ii) estratégia de TI; (iii) infraestrutura organizacional e processo;

(iv) infraestrutura de sistema de informação e processos.

29

Figura 4 – Modelo de Alinhamento de Estratégias de Negócio e Estratégias de TI

Fonte: HENDERSON & VENKATRAMAN, 1993.

Na adequação estratégica verifica-se o sentido ou direcionamento da realização do

alinhamento, o qual deverá ser promovido constantemente entre as forças internas e externas,

incorporando novas variáveis geradas pelas pessoas através da aquisição de experiências no

tempo e do conhecimento pelo uso de novas tecnologias (ITAMI, NUMAGAMI; 1992).

Na integração funcional percebe-se o relacionamento horizontal entre as diferentes

funções do negócio, permitindo o fluxo integrado da operação (LUFTMAN, 2000).

Esse modelo identifica quatro perspectivas dominantes de alinhamento estratégico.

Duas concentram-se na visão do alinhamento estratégico como parte da execução da

estratégia do negócio e as outras duas são parte da estratégia de TI como habilitadora do

processo de mudança (BRODBECK, HOPPEN; 2014). Ele integra estrategicamente os

ambientes interno e externo da organização e propõe as adequações para integração funcional

das habilidades pessoais, dos processos (organizacionais e de TI), da arquitetura da TI e da

infraestrutura administrativa de suporte com a estratégia de TI.

O conceito de alinhamento estratégico é baseado na suposição de que o desempenho

econômico está diretamente relacionado à habilidade dos gestores de criarem um ajuste

estratégico entre a posição da organização no mercado de produtos e a concepção de uma

estrutura apropriada a suportar sua execução; e que este ajuste estratégico é inerentemente

30

dinâmico. Portanto, o alinhamento estratégico não é um evento isolado, mas um processo

contínuo de adaptação e mudança (HENDERSON, VENKATRAMAN, 1993).

2.2.1.3 Questões propostas por McFarlan

McFarlan (1984) coloca cinco questões chaves para identificar se TI é um recurso

estratégico, exigindo maior atenção dos gestores.

• A TI pode criar uma barreira de entrada para outros competidores?

A partir do momento em que a TI consegue criar um produto ou uma otimização que

os concorrentes não conseguem replicar, ela traz grande vantagem competitiva para a

empresa. Destaca-se a importância dos recursos de valor agregado que aumentam tanto as

vendas como a participação de mercado.

• A TI pode aumentar o custo de mudança?

Ao estabelecer mecanismos que criem resistência para o cliente ao trocar de

companhia, como a dependência de um sistema, por exemplo, a TI passa a ser um recurso

estratégico.

• A TI pode mudar a base da concorrência?

Mudanças tecnológicas podem forçar os concorrentes a mudar o posicionamento

estratégico definido por Porter (diferenciação; custo; especialização). As empresas que

competem por baixo custo, por exemplo, devem procurar uma oportunidade estratégica da

tecnologia quer através de uma redução acentuada de custos ou adicionando valor aos seus

produtos que irão permitir a alteração da concorrência com base na diferenciação do produto.

• A TI pode mudar o balanceamento de forças na relação com os fornecedores?

O uso de determinados sistemas ou componentes pode mudar o nível de

dependência em relação a um fornecedor ou aumentar o poder de barganha, forçando preços

mais competitivos.

• A TI pode gerar novos produtos?

A TI pode atuar na melhora da qualidade dos produtos, na agilidade de entrega, na

redução de custos ou até mesmo na customização para atender as necessidades dos clientes.

31

2.3 BALANCED SCORECARD (BSC)

Brynjolfsson & Hitt (1998) relataram em sua pesquisa que, aparentemente, os maiores

benefícios obtidos na utilização de computadores acontecem quando os investimentos em TI

estão associados a outros investimentos complementares, como novas estratégias, novos

processos de negócios e nova estrutura organizacional. Graeml (2003) salienta que a adoção

de estratégias de TI implica a revisão dos processos, que frequentemente devem ser

redesenhados e melhorados para que não ocorra o que se chama de “automatização do caos”.

O investimento em TI deve ser precedido pelas mudanças organizacionais que ela estimula e

de que precisa.

Segundo PADOVEZE (2007) O Balanced Scorecard (BSC) é um sistema de

informação para gerenciamento da estratégia empresarial. Traduz a missão e a estratégia da

empresa em um conjunto abrangente de medidas de desempenho financeiras e não

financeiras, que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica.

As quatro perspectivas do BSC equilibram objetivos de curto e longo prazo, medidas

concretas e subjetivas, resultados desejados e desempenho obtido. A primeira perspectiva

indica se estratégia desenvolvida e sua execução estão contribuindo para a melhoria dos

resultados financeiros, comumente associados à lucratividade, aumentos das vendas e geração

de fluxo de caixa. Na perspectiva do cliente identificam-se os segmentos e mercados nos

quais a empresa competirá, o cumprimento das propostas de valor feitas aos clientes e os

fatores críticos para fidelização. Na perspectiva seguinte os executivos identificam os

processos internos críticos nos quais a empresa deve alcançar excelência, impactando na

satisfação dos clientes e, em consequência, no retorno financeiro. A perspectiva de

aprendizado e crescimento identifica a estrutura (pessoas, sistemas, procedimentos) que a

empresa deve possuir para gerar melhoria e crescimento em longo prazo. As perspectivas

estão ligadas de forma que qualquer medida deva fazer parte de uma cadeia de causa e feito

que culmine na melhoria de desempenho financeiro (Norton & Kaplan, 1997).

Perspectiva financeira: Para empresas em fase de crescimento com objetivo de

desenvolver novos produtos uma medida comum é a margem de receita gerada pelo novo

produto durante um período de tempo. Deve-se comparar com os produtos antigos e

considerando os custos de implantação, verificar a viabilidade do mesmo.

Segundo Oliveira et al. (2006) Na metodologia do BSC, a perspectiva Financeira

também possibilita identificar se o desempenho dos ativos intangíveis da organização e as

32

outras áreas de desempenho não financeiro, como, por exemplo, a satisfação dos clientes, a

inovação de produtos e a retenção de talentos estão contribuindo para a geração de valor, em

função da estratégia escolhida pela organização.

Perspectiva de clientes: Para verificar a lucratividade de novos produtos deve-se

avaliar os percentuais de novos clientes gerados, os segmentos e participações de mercado e

regiões geográficas alcançadas. Especial atenção deve ser dada ao atendimento das propostas

de valor.

Perspectiva dos processos internos: Norton e Kaplan recomendam que os executivos

definam uma cadeia de valor completa dos processos internos, tendo início com o processo de

inovação – desenvolvimento de novas soluções para necessidades atuais e futuras dos clientes.

As medidas principais estão relacionadas às expectativas dos clientes e acionistas,

ressaltando-se as medidas que englobam tempo, qualidade e custo.

Perspectiva de aprendizado e crescimento: Três principais categorias são capacidade

dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, empowerment e

alinhamento. Nessa perspectiva ressalta-se a importância da utilização de tecnologias

estratégicas, contribuindo para o acesso à informação pelos funcionários, para os canais de

comunicação e para a redução de custos no processo produtivo.

2.4 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO (FCS)

Em um mundo cada vez mais competitivo, torna-se essencial entender a necessidade

dos clientes e ter uma organização alinhada com os seus objetivos estratégicos.

Nesse sentido, fatores críticos de sucesso são, para qualquer empresa, o número

limitado de áreas nas quais os resultados, se forem satisfatórios, garantirão o desempenho

competitivo bem-sucedido da organização (ROCKART, 1979). De acordo com Grunert &

Ellegard (1992 apud MAGNANI, 2004) os FCS são as habilidades e recursos que explicam os

valores percebidos pelos clientes. Dessa forma, eles atuam como balizadores de modo que o

bom desempenho nessas áreas contribuirá de forma decisiva para o atendimento das metas

estratégicas, visto que os FCS devem estar em consonância com os objetivos de planejamento

estratégico e tático da organização.

Segundo Munro e Wheeler (1982), além de aplicar FCS para elaborar um conjunto de

estratégias, eles também podem ser usados para identificar questões críticas associadas com a

implementação de um plano.

33

Unindo as duas vertentes ao conceito de estratégia em tecnologia da informação, é

possível identificar como o uso de determinada tecnologia pode influenciar nos FCS,

contribuindo para análise de viabilidade de sua implantação.

2.5 ANÁLISE SWOT

Nas últimas décadas a SWOT tem sido utilizada como ferramenta para análise da

empresa com vista à tomada de decisões estratégicas. Ela fornece a base para a realização do

alinhamento desejado de variáveis organizacionais ou questões.

A análise se baseia em uma matriz constituída de quatro quadrantes (S–strengths, W–

weaknesses, T–threats e O–opportunities). Ao listar as questões favoráveis e desfavoráveis

internas e externas, os planejadores podem entender melhor como as forças podem ser

influenciadas para perceber novas oportunidades e compreender como a fraqueza pode

retardar o progresso ou ampliar as ameaças organizacionais (HELMS, NIXON; 2010).

Segundo WEIHRICH (1982), no quadrante de Forças deve se estabelecer os pontos

fortes da organização considerando os clientes externos e internos. Para determinar os pontos

fortes, devem ser identificadas as vantagens que dão destaque à organização, além dos

motivos que a elegem como escolha dos clientes em detrimento aos concorrentes. Engloba

desde a capacidade instalada, marcas de produtos, participação do mercado, vantagens em

custos, localização, qualidade dos produtos fornecidos, equipe de funcionários, até a forma

como as atividades são executadas e que geram valor único para o cliente (SOUZA, SILVA &

OLIVEIRA, 2013).

As fraquezas correspondem aos pontos mais vulneráveis da empresa em comparação

aos mesmos pontos dos seus concorrentes atuais ou em potencial. Podem ser consideradas

questões como qualidade, custo e flexibilidade.

Oportunidades estão relacionadas com externalidades positivas que podem contribuir

para o crescimento da organização. É preciso estar atento às novas perspectivas e tendências

para se aproveitar delas.

As ameaças são compostas por desafios que estão fora do controle da organização e

apresentam ameaças à sobrevivência da empresa. Pode ser por meio de uma nova

regulamentação, introdução de novas tecnologias, mudanças nos padrões de consumo,

redução no poder de compra dos consumidores, dentre outros fatores. (WEIHRICH, 1982).

34

Ressalta-se que as organizações e o mercado são dinâmicos, portanto o que é uma

força atualmente pode vir a ser uma fraqueza no futuro. E essa relação se dá em todos os

quadrantes.

Forças e fraquezas estão sob controle da organização (variáveis controladas). Já as

oportunidades e ameaças são variáveis não controladas pela organização.

O diagnóstico do ambiente competitivo permite a construção de uma matriz de

correlação que combina os quatro fatores da análise, por meio de duplas relações: forças e

oportunidades, forças e ameaças, fraquezas e oportunidades e por fim as fraquezas e ameaças.

Martins e Turrioni (2002) fornecem uma descrição sucinta desta correlação.

• MAXI - MAXI (Forças e Oportunidades) – Os esforços da organização devem

ser direcionados para a maximização dos pontos fortes para capitalizar novas

oportunidades. Estratégia de Desenvolvimento. A empresa se capitaliza.

• MAXI - MINI (Forças e Ameaças) – Os pontos fortes devem ser utilizados

para minimizar as ameaças à empresa por parte dos concorrentes. Estratégia de

manutenção. A empresa monitora o ambiente.

• MINI - MAXI (Fraquezas e Oportunidades) – Busca-se superar as fraquezas,

maximizando esforços em qualquer nova oportunidade. Estratégia de

crescimento. A empresa busca melhorar.

• MINI - MINI (Fraquezas e Ameaças) - As fraquezas da organização são

confrontadas com as correntes ameaças externas. Deve ser definida uma

estratégia defensiva para minimizar as fraquezas internas da empresa e evitar

as ameaças externas. Estratégia de sobrevivência. A empesa busca eliminar os

problemas detectados.

Ao identificar o quadrante em que a empresa se encontra, torna-se mais fácil

direcionar os esforços a fim de se obter medidas mais assertivas. Embora algumas ações

sejam priorizadas, o gestor não deve perder de vista nenhum dos quatro aspectos. O sucesso

da organização depende tanto dos fatores externos como dos internos.

35

2.6 ANÁLISE PEST

O método PEST é utilizado para análise de cenários complexos, auxiliando no

entendimento do cenário no qual o negócio está inserido. Com base em cinco dimensões

(política, econômica, social e tecnológica) são elencados fatores que podem impactar direta

ou indiretamente na organização. A Figura 5 demonstra alguns fatores comumente abordados.

Figura 5 – Fatores abordados na análise PEST

Fonte: Autor, 2016.

36

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

3.1 ESTUDO REALIZADO

A abordagem inicial do estudo consiste em entender o contexto em que a organização

está inserida e o posicionamento estratégico adotado por ela. O principal insumo dessa fase

foi os dados obtidos em entrevistas semiestruturadas com os proprietários da empresa.

Também foram realizadas pesquisas sobre o comportamento do mercado e como a tecnologia

é utilizada pelos concorrentes.

Com base nas informações obtidas anteriormente, o objetivo da segunda fase é

entender qual o grau de alinhamento da tecnologia da informação com a estratégia da empresa

analisada. Para tal, foram adotados os modelos teóricos de McFarlan (1984) e Herdenson e

Venkatraman (1993) apresentados no capítulo anterior.

Após compreendido a importância e o uso que é dado para a tecnologia pela empresa

em questão, foi identificado como o uso da tecnologia impactaria os Fatores Críticos de

Sucesso (FCSs), contribuindo assim para aproximação ou afastamento dos objetivos

estratégicos.

Na etapa seguinte, a análise dos impactos causados pela adoção da tecnologia foi

estendida para toda organização. Utilizou-se como ferramenta as quatro perspectivas do BSC,

buscando entender qual seriam os ganhos financeiros, como os processos internos deveriam

ser adaptados, o que mudaria em relação ao posicionamento de mercado e relacionamento

com os clientes e quais medidas precisariam ser tomadas para orientar o aprendizado e

crescimento organizacional.

Nas fases quatro e cinco a perspectiva do estudo volta-se mais para o ambiente

externo. Com o auxílio da análise SWOT identificou-se como as tecnologias poderiam atuar

como forças ou fraquezas e como poderiam contribuir para aproveitar oportunidades ou

mitigar ameaças. Já com a análise PEST identificou-se o impacto nos cenários político,

econômico, social e tecnológico.

Por fim, conclui-se sobre a recomendação da utilização ou não da tecnologia com base

nas análises feitas anteriormente.

Ressalta-se a aplicabilidade desta metodologia, resumida na Figura 6, para além do

presente estudo. Ela pode ser utilizada para qualquer organização que deseje avaliar o

alinhamento estratégico da TI e estudar a viabilidade de adoção de determinada tecnologia.

37

Figura 6 – Metodologia para análise do alinhamento entre estratégia e TI

Fonte: Autor, 2016

3.2 COLETA DOS DADOS

O caso estudado tem como base os dados e informações coletados da própria empresa,

através de questionários e de entrevistas estruturadas com funcionários (professores) e com os

donos.

As informações coletadas se referem à demanda de mercado, posicionamento

estratégico da empresa e utilização da tecnologia da informação no negócio.

Entender o contexto da organização e sua estratégia

Identificar o grau de alinhamento entre a estratégia e a TI

Avaliar como o uso de TI impacta nos Fatores Críticos de Sucesso

Avaliar como a tecnologia influencia em cada perspectiva do BSC

Identificar como a tecnologia pode influenciar cada perspectiva da Analise

SWOT

Identificar como a tecnologia pode influenciar cada fator na Analise PEST

Avaliar se a utilização da tecnologia é recomendada

38

CAPÍTULO 4 ESTUDO DE CASO

4.1 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO

O domínio de algumas ferramentas tecnológicas tem se tornado cada vez mais

requisito básico para uma colocação profissional. A necessidade de aprendizado dessas

ferramentas é uma preocupação que já atinge os estudantes, em especial, os universitários.

Somado a isso, desde 2015 o Brasil vivencia uma grande crise econômica, que se prolonga em

2017, gerando aumento no número de desempregados no país em busca de uma realocação no

mercado. As pessoas buscam capacitar-se, aumentando a demanda por cursos e treinamentos.

Nesse sentido, o fundador da Hashtag considera que o setor possui uma demanda “contra-

crise”, o que tem favorecido o negócio.

Em termos de mercado, embora com posicionamento de preço e propostas um pouco

diferentes, a Hashtag possui atualmente três concorrentes que são monitorados diariamente.

Até o momento não foi identificada nenhuma perda de mercado devido à ação dos

concorrentes.

Inicialmente o posicionamento estratégico adotado pela empresa foi o de baixo custo,

pois eles ainda não eram conhecidos no mercado e esse era o principal diferencial em relação

ao maior concorrente. Após a conquista do mercado, a estratégia se voltou para a

diferenciação no modelo de negócio.

Por ser uma startup ainda em fase inicial e em um ambiente muito dinâmico, a

empresa possui um planejamento estratégico definido, porém é bem flexível para mudanças

de acordo com o mercado.

4.2 ALINHAMENTO ENTRE TI E ESTRATÉGIA

O uso de tecnologia pode ser identificado em algumas perspectivas na empresa:

• Redes Sociais: É o principal veículo de marketing da empresa. Por meio delas

são feitas as propagandas e testes de novos produtos (Vídeos gratuitos com

diferentes temáticas são lançados para verificar a aceitação do público). São

utilizadas no serviço pós-venda, de forma que é criado um canal de dúvidas

que pode ser utilizado pelos alunos por tempo indeterminado após a realização

do curso, e também são utilizadas para análise da concorrência;

39

• Softwares e Hardwares: O core da empresa é a realização de treinamentos em

determinadas ferramentas (Excel, VBA, Project), sendo recursos principais as

máquinas (computadores) e os programas. Estes recursos também são

necessários para a edição de vídeos, a elaboração do marketing digital e do

material didático disponibilizado em forma digital;

• Aparelhos cinematográficos: Câmeras de fotografia e filmagem são utilizadas

para a elaboração de material de divulgação da empresa e para a gravação do

curso online.

No caso da Hashtag, a tecnologia é mais importante no sentido de gerar vantagem

competitiva por meio da inovação, do que na manutenção da operação, configurando uma TI

ofensiva. Contudo, ela é essencial tanto para suportar as operações atuais (execução dos

cursos e divulgação) como para as estratégias futuras (lançamento do curso em outras

plataformas).

Desse modo, de acordo com o modelo do Grid Estratégico proposto por NOLAN e

MCFARLAN apresentado na Figura 7, a empresa pode ser classificada no quadrante

ESTRATÉGICO.

40

Figura 7 – Grid Estratégico

Fonte: ARAUJO & LAURINDO, 2008 (adaptado)

O modelo de Henderson e Venkatraman (1993) parte do princípio da alavancagem da

TI para transformar as organizações, sendo ela utilizada não somente como uma ferramenta

de suporte, mas com o seu potencial para apoiar novas estratégias de negócios. O conceito de

alinhamento dos autores leva em consideração a interação entre os ambientes externo e

interno, as estratégias de negócios e de TI, as infraestruturas de negócios e de TI.

Adaptando os conceitos para o caso estudado, podem ser identificadas as seguintes

estruturas:

• Estratégia do negócio:

Foco no público universitário, procurando gerar valor para o cliente por meio

de parcerias, diferenciação no serviço e preços acessíveis. Redução dos custos

operacionais e expansão do curso físico para os meios digitais.

• Estratégia de TI:

Dar suporte para diferenciação do negócio com base na tecnologia e expansão

do serviço;

41

• Infraestrutura e processos organizacionais:

A empresa é constituída por um estúdio de gravação, salas de aula (alugadas),

câmeras de filmagem/fotografia, computadores e projetores.

Os principais macroprocessos são a elaboração e execução das aulas, gravação

e edição de conteúdo, gestão de mídias digitais, controle financeiro

(recebimentos e pagamentos), desenvolvimento de parcerias e novos serviços.

• Infraestrutura e processos de TI:

A infraestrutura existente consiste em: estúdio para gravação das aulas,

equipamentos de filmagem, softwares de edição de vídeos, plataforma para

curso online e servidor de e-mails.

Os processos de TI estão relacionados com a aquisição e manutenção de

equipamentos e a gestão de plataformas digitais (redes sociais, site e curso

online).

Ao analisar o ambiente externo da empresa, percebe-se um grau elevado de integração

estratégica. O escopo do negócio está diretamente relacionado aos requisitos tecnológicos e

forma de gestão da TI, como é o caso da aquisição de tecnologias específicas para o

oferecimento do curso online ou a fusão com outra empresa que já possuía a tecnologia

necessária para o desenvolvimento desse produto.

MCFARLAN (1984) propõe cinco questões chaves para identificar se TI é um recurso

estratégico. No quadro 6 pode-se analisar como a empresa estudada se posiciona em relação a

cada questão.

Questão Sim Não

A TI pode criar uma barreira de entrada para outros competidores?

X

A TI pode aumentar o custo de mudança?

X

A TI pode mudar a base da concorrência? X A TI pode mudar o balanceamento de forças na relação com

os fornecedores? X A TI pode gerar novos produtos? X Quadro 6 – Questões propostas por MCFARLAN (Resumo)

Fonte: Autor, 2017

42

No caso de empresas de treinamento em informática, todos os produtos podem ser

replicados ou criados de maneira similar pelo concorrente. Assim, como não há dependência

de sistemas, pois todas as empresas precisam utilizar o que é mais comum no mercado.

Por outro lado, mudanças tecnológicas podem forçar os concorrentes a mudarem o

posicionamento. Um exemplo seria um suporte online (diferenciação) que faria o quesito

custo deixar de ser determinante.

Os requisitos técnicos para o desenvolvimento de uma plataforma, por exemplo,

podem aumentar a dependência em relação a determinado fornecedor ou diversificar as

opções de fornecedores.

A TI também pode influenciar na qualidade ou criação de novos produtos. A criação

de um curso via dispositivo móvel ou os equipamentos de filmagem influenciando na

qualidade dos vídeos são exemplos desse impacto.

4.3 IMPACTO DO USO DE APLICATIVO NA ESTRATÉGIA

Na tendência digital que estamos vivendo, agilidade, flexibilidade, conectividade e

compartilhamento são palavras de ordem. Cada vez mais os produtos e serviços estão

migrando para a nuvem e sendo disponibilizados em diversas plataformas, como os

aplicativos mobile. Em 2014, a Anatel afirmou que o número de smartphones cresceu em 99%

em comparação ao ano anterior. No mesmo ano, o acesso à internet por dispositivos móveis

conseguiu superar o acesso por desktops. Segundo Renato Improta (2012), a enorme taxa de

adesão dos consumidores a dispositivos móveis desencadeou uma revolução em todos os

setores, fenômeno conhecido como “consumerização” ou “trazer o seu próprio dispositivo”

(“bring your own device”, conhecido pela sigla BYOD).

Na visão de Norton e Kaplan (1997):

As empresas da era da informação serão bem-sucedidas investindo e

gerenciando seus ativos intelectuais. A especialização funcional tem que ser

integrada a processos de negócios baseados no cliente. A produção em massa e os

serviços e produtos padronizados devem ser substituídos pela oferta de produtos e

serviços inovadores, com flexibilidade, eficácia e alta qualidade, que possam ser

individualizados de acordo com segmentos de clientes-alvo. A inovação e a

melhoria de produtos, serviços e processos nascerão da reciclagem dos funcionários,

pelo uso de tecnologias de informações e de procedimentos organizacionais

estrategicamente alinhados.

43

Buscando confirmar a hipótese de que as novas tecnologias influenciam a estratégia

das empresas, a partir desta etapa, o presente trabalho identificará por meio de algumas

ferramentas como o uso de um aplicativo poderá impactar a estratégia da Hashtag.

4.3.1 Perspectivas do BSC

Ao identificar o impacto que a tecnologia trará a cada perspectiva do BSC, por

consequência, pretende-se identificar o impacto na estratégia e no desempenho

organizacional.

Foram selecionadas métricas tipicamente utilizadas para empresas em fase de

crescimento em cada perspectiva, como pode ser visto no quadro 7.

Perspectiva Métricas

Financeira - Retorno sobre o capital investido

- Fluxo de caixa

- Receita bruta

- Receita por funcionário

- Vendas por segmento

Cliente - Satisfação do cliente

- Retenção de clientes

- Participação no mercado

- Captação de clientes

Processos Internos - Qualidade

- Tempo de resposta

- Experiência no serviço

- Falhas na prestação do serviço

- Desenvolvimento de novos produtos

Aprendizado e Crescimento - Satisfação dos funcionários

- Disponibilidade de informações estratégicas

- Produtividade dos funcionários

- Desenvolvimento de habilidades estratégicas

Quadro 7 – Métricas típicas do BSC

Fonte: Autor, 2017

De acordo com a ordem de leitura do mapa estratégico, a análise será feita de baixo

para cima. Desse modo, pretende-se clarificar a relação e o impacto de cada perspectiva com

44

o resultado financeiro. Começando pela perspectiva de Aprendizado e Crescimento, percebe-

se que não há nenhuma influência direta do uso de aplicativo sobre a produtividade, satisfação

e aprendizado dos funcionários. Contudo, é de grande importância na obtenção de

informações estratégicas, visto que estes podem fornecer informações do público que os

concorrentes não possuem, como idade, localização, hábitos de consumo e outros serviços que

estão usando. A cada usuário que faz o download, a empresa recebe informações a mais para

conhecer o cliente que compra seus produtos ou serviços.

Dentro da perspectiva de Processos Internos, o aplicativo traria uma experiência

completamente nova ao consumidor, podendo ter acesso ao serviço a qualquer momento e em

qualquer lugar. Um canal direto entre empresa e cliente tornará a comunicação mais fluida,

direta e rápida. O aluno pode tirar uma dúvida ou aprender instantaneamente, ele não precisa

ficar esperando a aula presencial ou a resposta dos professores. Em relação às falhas no

serviço, por um lado reduz-se devido às atividades migrarem do front office para o back

office, mas por outro aumenta a probabilidade de falhas nos sistemas de TI. O material

necessário para a disponibilização do serviço (vídeos) deverá ser preparado apenas uma vez e

poderá ser reutilizado inúmeras vezes, reduzindo a alocação de recursos para realização do

serviço.

Para NORTAN & KAPLAN (1997), empresas em fase inicial devem buscar o

crescimento e o mix de receitas, com a ampliação da oferta de produtos e serviços, conquista

de novos clientes e mercados, modificação dos preços e busca por produtos e serviços de

maior valor agregado. No caso estudado, encontram-se inúmeras vantagens na perspectiva dos

clientes. A utilização do curso por aplicativo permite a expansão da praça, de modo que a

abrangência do curso não fica mais restrita às salas físicas (RJ e Niterói), além de atender ao

público que não tem tempo de ir a uma aula presencial, mas consegue assistir vídeos enquanto

está no transporte ou aguardando algum atendimento, desse modo possibilitando maior

captação de clientes e participação no mercado. Há um fortalecimento da marca, pois com o

aplicativo instalado no smartphone, o cliente não precisará mais abrir o navegador e digitar a

URL de site para ter contato com sua empresa. A marca ficará acessível a um toque e quem

baixar o aplicativo sempre se lembrará da empresa durante a navegação pelo smartphone.

Também será possível a divulgação de promoções e lançamentos em tempo real. Com o

aplicativo, a empresa pode disparar mensagens instantâneas para todos os usuários com o

“app” instalado e notificá-los sobre um novo lançamento de produto ou serviço ou uma oferta

45

especial, favorecendo a fidelização e retenção de clientes. A agilidade, praticidade e

flexibilidade provenientes dos recursos acima citados acabam contribuindo para o aumento da

satisfação dos clientes.

Analisando a perspectiva financeira no caso percebe-se que curso digital via aplicativo

seria uma nova fonte de receita para a empresa. O aumento do número de clientes (explicitado

no item anterior) implicaria no aumento das vendas por segmento, e, por consequência, no

aumento da receita bruta. Considerando que o número de recursos humanos necessários para

operação do aplicativo é muito inferior se comparado ao modelo de aula presencial já

existente, o indicador “receita por funcionário” também seria aumentado.

Ressalta-se também alguns pontos negativos para a implantação do aplicativo, como o

alto investimento para o desenvolvimento da plataforma, a inclusão de novos processos, a

necessidade de monitoramento constante da ferramenta e o aumento da dependência em

relação aos fornecedores (desenvolvedor, provedor).

4.3.2 Fatores Críticos de Sucesso

Primeiramente os gestores da empresa definiram os fatores que consideram como

críticos de sucesso para o negócio. Em seguida, foi analisado como cada um seria impactado

pela implantação do aplicativo.

Fator: Diferenciação dos concorrentes pelo foco exclusivamente no público

universitário.

Impacto: Uma das características desse público é a intensa conectividade. Dessa

forma, um curso por meio de aplicativo reforçaria a preferência por esse público e estaria

completamente alinhado com o modo de vida deles, reduzindo possíveis barreiras de uso.

Fator: Redução de custos por aluguel de salas por hora (evitando custos em períodos

sem aulas).

Impacto: Ao criar um produto totalmente digital, não é mais necessário o espaço

físico para entrega do serviço, contribuindo assim para a redução de custos com salas de aula.

Fator: Curso online para os alunos dos cursos presenciais - diferenciação dos

concorrentes.

Impacto: O curso por meio de aplicativo seria uma expansão dessa estratégia,

abrangendo novos clientes (não seria exclusivo para alunos presenciais) e promovendo uma

diferenciação ainda maior dos concorrentes.

46

Ressalta-se que a adoção dessa estratégia acarretaria a entrada em um novo segmento

(o de aplicativos), o que possivelmente traria novos concorrentes desse setor.

Fator: Parceria com empresas para divulgação de vagas de estágio - geração de valor

para alunos.

Impacto: O aplicativo pode ser um novo canal para divulgação dessa parceria, ainda

mais próximo do público. Dessa forma, a efetividade da divulgação se intensifica aumentando

o valor percebido por alunos e parceiros.

Fator: Poucos alunos em sala - diferenciação dos concorrentes.

Impacto: Esse fator não sofreria impacto pela adoção do aplicativo.

Fator: Divulgação feita pelos próprios ex-alunos dentro de suas instituições de ensino.

Impacto: O discurso dos ex-alunos poderia ser corroborado pela demonstração. Além

de falar sobre o curso, eles poderiam mostrar como funciona o aplicativo, contribuindo para

gerar interesse.

4.3.3 Análise SWOT

Seguindo a metodologia de WEIHRICH (1982), foi identificado como a adoção da

tecnologia (aplicativo mobile) poderia atuar como força (Quadro 8), gerando vantagem

competitiva e ganho de mercado, ou fraqueza (Quadro 9), sendo uma vulnerabilidade em

relação aos concorrentes. Também foi analisado como ela auxiliaria no aproveitamento de

oportunidades (Quadro 10) e na mitigação de ameaças (Quadro 11).

FORÇAS

• Acessibilidade – assistir as aulas de qualquer lugar

• Autonomia – estudar a qualquer hora, sem depender de professor;

• Praticidade – celular está acessível à mão, não precisa de desktop ou notebook;

• Aumento da qualidade – aulas podem ser editadas e passar por verificação prévia;

• Possui como foco público jovem, que já está habituado ao celular;

• Aumento de escala – curso não ficará limitado ao espaço físico e disponibilidade dos professores;

• Coleta e análise de dados (analytics) para adaptação do curso de acordo com a necessidade dos alunos respeitando as normas educacionais;

• Maior conectividade entre os alunos, gerando redes de cooperação; • Interface com o usuário – suporte contínuo e não apenas no momento da aula;

Quadro 8 – Análise SWOT (Forças)

Fonte: Autor, 2017

47

FRAQUEZAS

• Domínio e gestão de uma plataforma desconhecida (necessidade de conhecimento técnico);

• Grande dependência de fornecedores (equipes de TI);

• Professores não capacitados para aulas gravadas;

• Necessidade de muito espaço no celular dos clientes para armazenamento das aulas ou operação do aplicativo;

• Filtro de clientes – dificuldade de acesso para pessoas menos familiarizadas com celular, geralmente de mais idade;

Quadro 9 – Análise SWOT (Fraquezas)

Fonte: Autor, 2017

OPORTUNIDADES

• Atualização de outros programas que facilitem o uso de Excel no celular;

• Aumento da conectividade da sociedade com aparelhos (crescimento do mundo digital);

• Surgimento de novas tecnologias que melhorem o acesso à internet e o desempenho dos celulares;

• População “com a sensação” que está cada vez está mais sem tempo;

• Mercados cada vez mais flexíveis, centrados na necessidade do cliente;

Quadro 10 – Análise SWOT (Oportunidades)

Fonte: Autor, 2017

AMEAÇAS

• Cursos migrando para plataformas digitais;

• Segmento mais competitivo;

• Integração vertical de outros setores gerando novos entrantes;

Quadro 11 – Análise SWOT (Ameaças)

Fonte: Autor, 2017

4.3.4 Análise PEST

Alguns fatores macro ambientais têm impacto direto na estratégia das empresas. Por

meio da Análise PEST foi avaliado qualitativamente o impacto da relação entre a adoção do

aplicativo e cada um dos quatro cenários – Político, Econômico, Social e Tecnológico.

Fatores políticos:

- Políticas públicas para inserção de tecnologias digitais nas salas de aula:

48

Estudos vêm sendo realizados sobre a adoção de meios digitais (inclusive uso de

celular) no processo educativo. Caso políticas públicas adotem a utilização dessas tecnologias

em larga escala nas salas de aula, empresas que já tiverem desenvolvido cursos para

plataforma mobile terão grande vantagem competitiva.

- Mudança na regulamentação de serviços de cursos online:

Mudanças na regulamentação podem ter impacto na concorrência, de forma a facilitar

novos entrantes ou forçar a retirada dos que não se adequam, nos custos e na operação da

empresa, ao estabelecer novos procedimentos e encargos.

- Melhoria da infraestrutura de telecomunicações, ampliando o acesso a internet:

Poderes público e privado estão investindo na infraestrutura de telecomunicações,

ampliando o acesso à internet, o que contribui para utilização de serviços digitalmente.

- Mudança na regulamentação técnica para desenvolvimento e patenteamento de

aplicativos:

O comércio por aplicativos no Brasil ainda é uma realidade recente. Com o grande

crescimento do setor, a tendência é que regulamentações sejam criadas, o que pode dificultar

o processo de desenvolvimento e disponibilização de produtos/serviços por aplicativos.

- Alteração nas leis trabalhistas:

O vínculo empregatício para confecção de um curso online pode diferir de um curso

presencial, sendo uma contratação mais esporádica. A mudança na regulamentação trabalhista

pode ser facilitadora ou acarretar novos custos, ou até mesmo inviabilizar o modelo de

prestação de serviço.

Fatores Econômicos:

- Aumento do índice de desemprego;

Desempregadas, as pessoas tendem a buscar capacitação profissional, geralmente

online, de forma que consigam conciliar com a busca por emprego.

- Recessão econômica;

Em épocas de crise, as empresas precisam se diferenciar, buscar novos

produtos/serviços para contrapor a redução de demanda gerada pelo cenário econômico.

- Mudança na política fiscal;

O aumento dos impostos no setor implica em aumento de custos e, consequentemente,

redução da margem na plataforma mobile.

49

- Disponibilidade de financiamento;

A utilização das novas tecnologias tem apresentando grande perspectiva de retorno, o

que facilita a disponibilização de capital por terceiros (instituições financeiras, investidores

privados, aceleradoras).

Fatores sociais:

- Crescimento do número de usuários de smartphone:

O número de usuários de smartphone está relacionado com a demanda de serviços via

digital.

- Migração de empresas para o e-Commerce;

Os hábitos de compra mudaram. As pessoas preferem comprar produtos ou usufruir de

serviços de forma digital, sem a necessidade de ir fisicamente a um local.

- Perfil dos usuários de aplicativos:

Segundo Meirelles (2016) a faixa etária jovem é maior usuária de smartphones. De

acordo com pesquisa da Nielsen (2015), as classes B e C totalizam 85% dos usuários de

internet por meio de smartphone, sendo a região Sudeste o maior mercado de smartphones

conectados.

- Alta influência do canal online na tomada de decisão do cliente:

Impulsiona as empresas a migrarem totalmente ou criarem vertentes de suas operações

online, e o crescimento do setor aumenta a taxa de atratividade de outras empresas.

Fatores Tecnológicos:

- Aumento da infraestrutura tecnológica e de comunicação:

Permite à população ter uma experiência mais confortável com acesso mais rápido a

internet, favorecendo a utilização de dispositivos móveis.

- Tecnologias com pequeno ciclo de vida:

A evolução tecnológica cada vez mais rápida pode tornar a tecnologia adotada

obsoleta em pouco tempo, exigindo maiores investimentos.

- Redistribuição de plataformas:

O armazenamento, a integração e a velocidade de informações estão cada vez maiores

com as novas plataformas, o que soluciona problemas como a falta de espaço e agilidade na

utilização de cursos via dispositivos móveis. Por outro lado, com a crescente velocidade de

50

desenvolvimento tecnológico, podem surgir, em pouco tempo, novas plataformas que tornem

o modelo de aplicativos (ou suas configurações) obsoleto e forcem a migração dos usuários.

Ressalta-se que a análise PEST é uma ferramenta de gestão estratégica e os cenários

presentados estão em constante e mudança, portanto devem ser continuamente revisados.

51

CAPÍTULO 5 CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo era a elaboração de uma metodologia para avaliar o impacto

das novas tecnologias na estratégia das empresas e, de modo mais específico, identificar o

impacto estratégico e o ganho de competitividade gerado pela adoção de um curso via

aplicativo para uma empresa de treinamento em informática.

A metodologia adotada iniciou pela análise do alinhamento já existente entre a TI e a

estratégia na empresa, tendo como base metodologias propostas anteriormente por outros

autores. Em seguida, foram utilizadas diversas ferramentas de análise e gestão estratégica

permitindo uma abrangente avaliação do impacto estratégico que a utilização da tecnologia

traria, tanto por fatores internos como externos a organização.

Por meio desta metodologia proposta também foi possível confirmar a hipótese de que

as novas tecnologias da chamada Indústria 4.0 podem aumentar a competitividade das

empresas, gerando crescimento e ganho financeiro. Ademais, observou-se como esse impacto

estratégico ocorre, os fatores que influenciam e são influenciados pelo uso da tecnologia e

quais resultados ele pode trazer.

Percebe-se que o uso de tecnologia não só automatiza os processos, como cria novos

tipos de inter-relações entre as áreas da empresa e um novo modo de se produzir. A estrutura

organizacional é transformada de modo a reduzir tempo, custo, desperdícios e produzir de

forma mais eficaz, flexível e inovadora.

Diante disso, é crescente a pressão do mercado para adoção das novas tecnologias.

Cabe a cada gestor avaliar qual direcionamento estratégico trará maior ganho de

competitividade e identificar quais tecnologias darão base para essa estratégia, dados os

recursos disponíveis para investimento.

No caso estudado, como resultado da análise identificou-se que não só o oferecimento

do serviço via tecnologia mobile (aplicativo) traz grandes benefícios do ponto de vista

estratégico, como pode vir a ser um fator essencial para manutenção da empresa no futuro,

dada as evoluções tecnológicas e culturais que vêm transformando os hábitos de compra e

modelos de negócios.

Recomenda-se a realização de novos estudos acerca do tema, aprofundando na

viabilidade financeira da aplicação tecnológica, quais seriam os impactos nas pessoas e como

trabalhar a gestão da mudança, bem como a extrapolação da metodologia para a manufatura.

52

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