UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE...

47
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE FISIOTERAPIA UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE EM PACIENTES COM SEQUELA DE AVE Bragança Paulista 2009

Transcript of UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CURSO DE...

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

CURSO DE FISIOTERAPIA

UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE EM

PACIENTES COM SEQUELA DE AVE

Bragança Paulista

2009

Ana Irene Costa de Oliveira

UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE EM

PACIENTES COM SEQUELA DE AVE

Bragança Paulista

2009

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco sob orientação da Profa

Katyana Rocha Mendes da Silveira como exigência para conclusão do curso de Graduação.

OLIVEIRA, AIC. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde em pacientes com sequela de AVE. Monografia defendida e

aprovada na Universidade São Francisco em 15 de Dezembro de 2009 pela banca

examinadora constituída pelos professores:

__________________________________________________________ Prof.ª Katyana Rocha Mendes da Silveira

USF – Orientadora Temática

_______________________________________________________________ Prof.ª Thatiane Moura Campos Zanelli

USF – Orientadora Metodológica

_______________________________________________________________ Prof.ª Monica Maria Aoki Inoue

USF – Banca Examinadora

DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível. A toda minha

família, que sempre esteve ao meu lado nos momentos difíceis desta caminhada. Em

especial ao meu marido Ricardo Luiz e minha filha Dayane Christine pelo carinho,

paciência, compreensão, dedicação, esforço e incentivo nos momentos em que pensei

em fraquejar.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores pelo conhecimento que obtive , em especial a

coordenadora do curso Rosimeire Padula que sempre me apoiou, auxiliou nos

momentos em que mais precisei, a professora Thatiane que me auxiliou nessas

últimas semanas contribuindo para meu aprendizado e finalização deste. A minha

orientadora Katyana Rocha que durante esse último ano se apresentou de forma

excelente sempre com muita paciência, com muita compreensão e auxílio para o

término deste.

Podemos modelar nosso caráter e nosso futuro

por meio de nossos pensamentos,

palavras e atos.

W.A. Peterson

OLIVEIRA, AIC. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde em pacientes com sequela de AVE. 2009, 47 p. Monografia

entregue ao Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, Bragança

Paulista/SP.

RESUMO

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma classificação que descreve a funcionalidade e a incapacidade relacionada com a saúde. Está dividida em duas partes: Funcionalidade e Incapacidade que é subdividida em Funções e Estruturas do Corpo e Atividade e Participação; e Fatores Contextuais, subdividido em Fatores Ambientais e Fatores Pessoais. Todos os componentes possuem qualificadores que podem ser classificados de forma positiva ou negativa. A CIF é então baseada em uma abordagem biopsicossocial que incorpora os componentes da saúde nos níveis corporais e sociais. Sabendo-se que o AVE é uma das doenças mais incapacitante em todo o mundo e por trazer impactos em praticamente todas as funções humanas, o objetivo deste trabalho consiste em avaliar as funções e restrições de pacientes com seqüela de AVE utilizando como ferramenta a CIF, incentivar seu uso pelos profissionais da área da saúde e mostrar como a ferramenta pode permitir uma nova visão das condições de saúde dos pacientes. Foram avaliados cinco pacientes de ambos os gêneros, com quadro disfuncional de hemiparesia por seqüela de AVE que se encontram em atendimento fisioterapêutico na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco (USF). Foram utilizadas ficha de avaliação neurológica, Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) e a Canadian Occupational Performance Measure (COPM) para mensurar os aspectos referentes aos componentes da CIF. A análise ocorreu de forma descritiva e posteriormente apresentados em organogramas. Os resultados obtidos foram que todos os pacientes possuem déficits de funcionalidade e restrições em suas AVD’s, cada um de uma forma diferente devido os fatores pessoais e ambientais. Este fato leva a um comprometimento psicossocial, isolando-os de suas atividades de laser, ou mesmo de suas ocupações prévias. Conclui-se então que a CIF é uma importante ferramenta que observa o paciente de uma forma global não o classificando somente com uma doença mas sim de acordo com a sua funcionalidade, sabendo que os fatores pessoais e ambientais estão inteiramente relacionados com a forma com que o paciente se apresenta perante sua vida. Por ser uma ferramenta que tem a visão do paciente como um todo, é importante também para a prática clinica, pois oferece vários artifícios, que acabam melhorando a avaliação do paciente e auxilia na elaboração de um programa de tratamento centrado e individualizado. Palavras-chaves: CIF, AVE, Funcionalidade.

ABSTRACT

The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICFH) is a model of classification that describes functioning and the disability related with health. It is divided in two parts: Functioning and Disability which are comprised in functions and body structure and Activities and Participation; and Contextual Factors, comprising Environmental Factors and Personal Factors. All of these components have qualifiers that can be classified in positive or negative form. The ICFH, then, is based in a biopsychosocial approach that incorporates the components of health in all levels of one’s life. Considering that Cerebrovascular Accident (CVA) is one of the main illnesses that can impact in all functions of human beings, causing therefore disabilities of different nature of human functions. The objective of this study consists of evaluating functions and restrictions of patients with CVA sequelae, using an ICF like tool, stimulating its use by professionals from the health area and to show that such tool can allow a new vision of health condition of the patients. Five patients of both gender, with hemiparesis caused by CVA were assessed. They were all selected at School Clinic of Physiotherapy at Sao Francisco University (USF). The procedures for the study was the use of different measurements, a neurological evaluation sheet, a disease specific scale for quality of life for CVA patients and the Canadian Occupational Performance Measure (COPM) to measure the aspects of components of ICFH. Data analysis was performed as descriptive and charts were presented with codes of ICF. Results showed deficit of functioning of all patients and restrictions in their activities of daily living (ADL). All of them due to personal and environmental factors. This fact leads to a psychosocial consequence, isolation of their leisure activities or from their previous occupation. The conclusion of this study is that ICF is an important tool that aims an assessment of the patient as a whole. Classifying the patient not as his or her illness, but according with his or her functioning. And this functioning is related to personal and environmental factors. And with the way the patient views his own life. Considering that ICF is a tool with a characteristic of completeness can be important for the clinical practice, offering several forms of improvement of assessment of the patient. And also to collaborate with a planning of a program of treatment centered in the individual as a whole. Key-words: ICF, CVA, Functioning.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................. 11

2. OBJETIVOS ....................................................................................... 18

2.1. Objetivo Geral ............................................................................. 18

2.2. Objetivo Específico ..................................................................... 18

3. MÉTODO ........................................................................................... 19

3.1. Sujeitos ......................................................................................... 19

3.2. Materiais ....................................................................................... 19

3.2.1. Exame Físico ..................................................................... 19

3.2.2. Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE ......... 19

3.2.3. Canadian Occupational Performance Measure ............... 20

3.3. Procedimentos .............................................................................. 20

3.4. Análise dos Dados ........................................................................ 21

4. RESULTADOS ................................................................................... 22

5. DISCUSSÃO ....................................................................................... 29

6. CONCLUSÃO .................................................................................... 32

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 33

8. REFERÊNCIAS .................................................................................. 34

9. ANEXOS ............................................................................................. 38

Anexo 1. Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ............ 38

Anexo 2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................ 39

Anexo 3. Ficha de Avaliação Neurológica ............................................. 40

Anexo 4. Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE ............... 42

Anexo 5. Canadian Occupational Performance Measure ..................... 45

LISTA DE SIGLAS

ADM - Amplitude de Movimento

AVC – Acidente Vascular Cerebral

AVD’s - Atividades de Vida Diária

AVE - Acidente Vascular Encefálico

AVEH - Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico

AVEI - Acidente Vascular Encefálico Isquêmico

CID-10 – Código Internacional de Doenças Décima Revisão

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

COPM - Canadian Occupational Performance Measure

DM – Diabetes Mellitus

EQVE-AVE - Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE

HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

ICF - International Classification of Funtioning Disability and Health

ICIDH - International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps

MID - Membro Inferior Direito

MSD - Membro Superior Direito

OMS - Organização Mundial de Saúde

USF - Universidade São Francisco

LISTA DE ORGANOGRAMAS

Figura 1 – Caso Clínico 1........................................................................ 24

Figura 2 – Caso Clínico 2........................................................................ 25

Figura 3 – Caso Clínico 3........................................................................ 26

Figura 4 – Caso Clínico 4........................................................................ 27

Figura 5 – Caso Clínico 5........................................................................ 28

11

1. INTRODUÇÃO

Historicamente, as intervenções em reabilitação têm sido guiadas pelo modelo

médico. Esse modelo define saúde como a ausência de doenças e, por conseguinte,

focaliza a avaliação e o tratamento nos sinais e nos sintomas da patologia,

considerando apenas o nível físico. Na atualidade, os modelos de reabilitação

refletem uma mudança de paradigma e definem saúde em termos mais amplos,

indicando que fatores sociais, psicológicos e ambientais contribuem para a saúde e a

qualidade de vida (SAMPAIO et al., 2005).

Visando responder às necessidades de se conhecer mais sobre as conseqüências

das doenças, em 1976 a Organização Mundial de Saúde (OMS), publicou a

International Classification of Impairment, Disabilities and Handicaps (ICIDH), em

caráter experimental (NORMA e BUCHALLA, 2005).

Segundo Sampaio et al., (2005) umas das críticas feitas à ICIDH refere-se ao

fato de que suas classificações estavam alinhadas com as seqüelas das doenças, ou

seja, elas descreviam apenas os aspectos negativos das condições de saúde. Dessa

forma, a ICIDH representa mais uma classificação de pessoas com incapacidade do

que uma classificação neutra da funcionalidade humana.

O marco conceitual estabelecido pela ICIDH que, Impairment (deficiência) é

descrita como anormalidades nos órgãos, sistemas e estruturas do corpo, Disability

(incapacidade) sendo caracterizada como as conseqüências da deficiência do ponto

de vista de rendimento funcional, e Handicap (desvantagem) que reflete a adaptação

do indivíduo ao meio ambiente resultante da deficiência e da incapacidade. Devido a

falta de clareza desses conceitos e outras inconsistências fizeram com que, em 1995

tivesse início o processo de reformulação do ICIDH (NORMA e BUCHALLA,

2005; GUERREIRO, 2005).

O processo de revisão da ICIDH apontou suas principais fragilidades, como a

falta de relação entre as dimensões que a compõe, a não abordagem de aspectos

sociais e ambientais, entre outras. Após várias versões e numerosos testes, em maio

de 2001 á Assembléia Mundial da Saúde aprovou a International Classification of

Funtioning Disability and Health (ICF). A tradução foi realizada pelo Centro

Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a Família de Classificações

12

Internacionais em Língua Portuguesa, com o título de Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) (NORMA, BUCHALLA, 2005)

Segundo Di Nubila (2007) a CIF evoluiu a partir de uma classificação de

“conseqüências de doenças” para uma classificação de “componentes da saúde”. No

qual, “componentes da saúde” define o que constitui a saúde, enquanto

“conseqüências” focaliza o impacto das doenças ou outras condições que se seguem

como um resultado. Neste caminho, a CIF toma um lugar neutro com respeito à

etiologia e permite aos pesquisadores chegarem a inferências causais com métodos

científicos.

De acordo com a OMS (2008) a CIF e a CID-10 são complementares, a CID-

10 fornece um “diagnóstico” de doenças, distúrbios ou outras condições de saúde, e

essas informações são complementadas pelos dados adicionais fornecidos pela CIF

sobre funcionalidade. Em conjunto, as informações sobre o diagnóstico e sobre a

funcionalidade fornecem uma imagem mais ampla e mais significativa da saúde das

pessoas.

Segundo Sampaio e Luz (2009) o modelo proposto pela CIF baseia-se na

junção dos modelos médico e social, e uma abordagem biopsicossocial é usada para

se obter uma integração das várias dimensões da saúde (biológica, individual e

social). A funcionalidade e a incapacidade humanas são concebidas como uma

interação dinâmica entre as condições de saúde (doença, trauma, lesões, distúrbios) e

os fatores contextuais (incluindo fatores pessoais e ambientais).

A CIF descreve a funcionalidade e a incapacidade relacionadas às condições de

saúde, identificando o que uma pessoa “pode ou não fazer na sua vida diária”, tendo

em vista as funções dos órgãos ou sistemas e estruturas do corpo, assim como as

limitações de atividades e da participação social no meio ambiente onde a pessoa

vive (NORMA e BUCHALLA, 2005).

Segundo a OMS (2003) CIF é uma classificação com múltiplas finalidades

elaborada para servir a várias disciplinas e setores diferentes. Os seus objetivos

específicos podem ser resumidos da seguinte maneira: proporcionar uma base

científica para a compreensão e o estudo dos determinantes da saúde, dos resultados

e das condições relacionadas com a saúde; estabelecer uma linguagem comum para a

descrição da saúde e dos estados relacionados com a saúde, para melhorar a

13

comunicação entre diferentes utilizadores, tais como, profissionais de saúde,

investigadores, políticos e o público, incluindo pessoas com incapacidades; permitir

a comparação de dados entre países, entre disciplinas relacionadas com os cuidados

de saúde, entre serviços, e em diferentes momentos ao longo do tempo e

proporcionar um esquema de codificação para sistemas de informação de saúde.

De acordo com Di Nubila (2007) a CIF cobre todos os componentes possíveis

da saúde e alguns componentes relacionados à saúde (tais como educação, trabalho,

etc) para descrição e avaliação.

Segundo a OMS (2003) a CIF tem duas partes, cada uma com dois

componentes: A parte 1- Funcionalidade e Incapacidade que é subdividida em (a)

Funções do Corpo e Estruturas do Corpo e (b) Atividades e Participação, e parte 2 -

Fatores Contextuais, subdividida em (c) Fatores Ambientais e (d) Fatores Pessoais.

Cada componente pode ser expresso em termos positivos e negativos e cada um

contém vários domínios e em cada domínio há várias categorias, que são as unidades

de classificação.

O componente referente à Função e Estrutura Corporal caracteriza-se pelas

funções fisiológicas e/ou psicológicas dos sistemas corporais (sistemas

musculoesquelético, endócrino, nervoso central, etc) e por suas partes anatômicas

(órgãos, membros e seus componentes). A Função possui um qualificador comum

com escala negativa utilizado para indicar a extensão ou magnitude de uma

deficiência (tais como um desvio ou uma perda significativa da função), a Estrutura

Corporal possui três qualificadores sendo, o primeiro utilizado para indicar a

extensão ou magnitude de uma deficiência, o segundo utilizado para indicar a

natureza da mudança na estrutura corporal correspondente e o terceiro desenvolvido

para indicar a localização.

O componente de Atividade descreve a habilidade individual de executar uma

tarefa ou ação da rotina diária em diversos contextos (isto é, pessoal, profissional e

comportamental). O componente de Participação social representa a interação de um

indivíduo na sociedade em situações de vida cultural, comportamental e social. Os

domínios deste componente são classificados por dois qualificadores, o de

desempenho que descreve o que o indivíduo faz em seu ambiente habitual e o de

14

capacidade que descreve a habilidade de um indivíduo para executar um tarefa ou

ação (SAMPAIO et al., 2005, OMS, 2008).

O enfoque principal da CIF de acordo com Sampaio et al. (2005) é a influência

dos Fatores Contextuais (Ambientais e Pessoais) e seus impactos.

De acordo com a OMS (2008) os Fatores Contextuais representam o histórico

completo da vida e do estilo de vida de um indivíduo. Eles incluem os Fatores

Ambientais e Fatores Pessoais que podem ter um impacto sobre o indivíduo com

uma condição de saúde e sobre a saúde ou os estados relacionados à saúde do

indivíduo.

Segundo Buchalla (2005) os Fatores Ambientais constituem o “ambiente físico,

social e de atitudes” em que as pessoas vivem e conduzem suas vidas. Esse

componente inclui itens referentes a produtos e tecnologia; ambiente natural como

clima, luz, som; apoios e relacionamentos como a família imediata, “cuidadores” e

assistentes sociais; atitudes individuais e sociais; normas e ideologias; serviços,

sistemas e políticas de previdência social, saúde, educação, trabalho, emprego,

transportes, dentre outros. Esses fatores são externos aos indivíduos e podem ter

uma influência positiva ou negativa sobre seu desempenho enquanto membros da

sociedade, sobre a capacidade do indivíduo de executar ações ou tarefas, ou sobre a

função ou estrutura do corpo do indivíduo. Assim, diferentes ambientes podem ter

um impacto distinto sobre o mesmo indivíduo com uma determinada condição de

saúde.

Um ambiente com barreiras, ou sem facilitadores, vai restringir o desempenho

do indivíduo, outros ambientes mais facilitadores podem melhorar esse desempenho.

Sendo assim a sociedade pode limitar o desempenho de um indivíduo criando

barreiras (prédios inacessíveis) ou não fornecendo facilitadores (indisponibilidade de

dispositivos de auxílio). Os fatores ambientais devem ser codificados sob a

perspectiva da pessoa cuja situação esta sendo descrita, o seu qualificador indica a

extensão na qual um fator é facilitador ou um obstáculo (barreira), representados

como, um ponto decimal sozinho indica um obstáculo, enquanto o sinal “+” indica

um facilitador (OMS, 2008).

Já os Fatores Pessoais descrevem o histórico particular da vida e do estilo de

vida de um indivíduo e englobam as características do indivíduo que não são parte de

15

uma condição de saúde ou de estados de saúde. Esses fatores podem incluir o sexo,

idade, raça, outros estados de saúde, condição física, estilo de vida, hábitos, criação,

formas de enfrentamento, antecedentes sociais, nível de instrução, profissão,

experiência prévia e atual, padrão geral de comportamento e caráter, qualidades

psicológicas individuais e outras características, todas ou algumas das quais podem

desempenhar um papel na incapacidade em qualquer nível. Os fatores pessoais não

são classificados na CIF. No entanto são incluídos para mostrar sua contribuição, e

seu impacto nos outros componentes (OMS, 2008).

A CIF, portanto é baseada numa abordagem biopsicossocial que incorpora os

componentes de saúde nos níveis corporais e sociais (NORMA e BUCHALLA,

2005).

De acordo com Sampaio et al. (2005) essa classificação constitui uma

abordagem com múltiplas perspectivas para descrever a funcionalidade e a

incapacidade como um processo interativo e evolutivo.

A adoção do modelo de funcionalidade e incapacidade humana possibilita ao

fisioterapeuta, em seus procedimentos de avaliação e de intervenção, considerar um

perfil funcional específico para cada indivíduo (SAMPAIO et al., 2005). O que esta

de acordo com o estudo de Sabino et al. (2008) que relatam a estrutura e o conteúdo

da CIF são, portanto, capazes de auxiliar os fisioterapeutas no registro de dados

funcionais, definição dos alvos de intervenção e documentação de desfechos,

possibilitando a adoção de um novo modelo para orientar a prática clínica. Além de

necessário sob o ponto de vista clínico e prático, essa forma de classificação é

importante sob o ponto de vista econômico, uma vez que favorece a alocação de

recursos compatíveis com as reais necessidades do indivíduo.

O Acidente Vascular Encefálico (AVE), é a doença neurológica mais comum

no mundo e tem sido cada vez mais freqüente em adultos, tendo uma prevalência

significativa em grupos etários jovens. É considerada a doença mais incapacitante,

por trazer um impacto em praticamente todas as funções humanas. Os principais

desafios desses pacientes estão relacionados às incapacidades ou desvantagens,

enquanto lidam com uma mudança de identidade para uma pessoa incapacitada, e o

modo como isto afeta sua auto-imagem e suas relações sociais. Sabendo que esses

pacientes podem sofrer influências tanto de fatores contextuais (ambientais e

16

pessoais) e seus impactos, tanto positivos quanto negativos, a utilização da CIF é de

grande importância, lembrando que uma doença diagnosticada em diferentes

indivíduos, não causará o mesmo impacto (SAMPAIO et al., 2005; CARR e

SHEPHERD, 2008; NETO, 2007).

O termo Acidente Vascular Encefálico (AVE) é usado para descrever sinais e

sintomas neurológicos, usualmente focais e agudos, que resultam de doença

envolvendo vasos sanguíneos. O cérebro é muito susceptível a distúrbios do seu

suprimento sanguíneo. Uma anóxia ou isquemia por somente alguns segundos podem

causar sinais neurológicos, e em minutos, dano neural irreversível. Embora a

vascularização do cérebro possua características anatômicas e fisiológicas

desenhadas para proteger o cérebro de comprometimentos circulatórios, quando

esses mecanismos protetores falham, o resultado é um AVE (CARR e SHEPHERD,

2008).

Segundo Durward et al. (2000) o início do Acidente Vascular Encefálico é

súbito, com déficit máximo no início, de modo que o choque para o paciente e seus

familiares pode ser devastador.

Existem dois tipos de AVE, podendo ser isquêmico o mais comum, que

acontece devido à obstrução (trombose ou embolia) de uma das artérias cerebrais

importantes, a média sendo a mais frequente, somando 70% dos casos, ou pode ser

hemorrágico devido à hemorragia nas partes mais profundas do cérebro somando

outros 20% e 10% continuam inespecíficos. Ambos os tipos de AVE podem ocorrer

em qualquer idade, por muitas causas, incluindo doenças cardíacas, infecção, trauma,

neoplasia, má formação vascular, desordens imunológicas, hipertensão, diabettes

mellitus, níveis altos de colesterol, obesidade alto consumo de álcool, uso de cocaína

e fumo (RYERSON, 1994; DURWARD et al., 2000; POLESE, et al., 2008). De

acordo com Araújo et al. (2008) quanto maior o número de fatores de risco presentes

e/ou quanto mais elevado o grau de anormalidade de qualquer um dos fatores de

risco, maior será o risco da ocorrência de um AVE.

A conseqüência física mais comum após AVE é a hemiplegia, definida como

“paralisia completa dos membros superiores e inferiores do mesmo lado do corpo”,

outras seqüelas podem ser problemas de percepção, cognição, sensoriais e de

comunicação. Dependendo do grau de acometimento, o individuo perde a

17

seletividade dos seus movimentos, devido ao predomínio da atividade da

musculatura antagonista, o que prejudica a realização das atividades de vida diária e,

consequentemente o seu retorno ao trabalho e ao convívio social (DURWARD et al.,

2000; ARAÚJO et al., 2008)

Segundo Carr e Shepherd (2008) o local e o tamanho da lesão cerebrovascular

e a quantidade de fluxo sanguíneo determinam o grau do déficit motor que pode se

estender de uma incoordenação leve para uma paralisia completa de membros

superiores e inferiores. Perdas motoras e sensoriais têm o maior efeito na mão, já que

tendem a ter maior representação em ambos os hemisférios. As sensibilidades à dor,

ao toque e à temperatura podem estar prejudicadas ou modificadas, mas

normalmente não são perdidas. Pode ocorrer comprometimento grave da sensação de

posição da articulação, perda da discriminação entre dois-pontos, e da estereognosia,

e dificuldade em reconhecer um estímulo tátil se um outro for simultaneamente

realizado no lado intacto do corpo.

Outros déficits pós-AVE podem ser categorizados como desordens da

linguagem que também interferem na função cognitiva (disfasia que é caracterizada

por perturbações da linguagem); desordens perceptuais-cognitivas (de percepção,

orientação, memória, execução da função), depressão e outras perturbações

emocionais e comportamentais. Todos esses afetam o estado mental do indivíduo e

têm potencial para afetar significativamente a habilidade do indivíduo (CARR e

SHEPHERD, 2008).

As conseqüências do AVE para o indivíduo são diversas e, geralmente

permanecem por longos períodos, podendo atingir os dois níveis (Estrutura e Função

do corpo, Atividade e Participação) do modelo de Classificação Internacional de

Funcionalidade (CIF) proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

(TEIXEIRA-SALMELA et al., 2005).

Sabendo das sequelas deixadas pelo AVE, é de extrema importância o uso da

CIF por ser uma classificação completa, a qual permite uma visão biopsicossocial do

paciente. Essa classificação pode auxiliar na conduta a ser utilizada, tratando cada

paciente de forma individual, realizando o tratamento com enfoque nas funções e

restrições apresentadas por eles.

18

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho consiste em avaliar as funções e restrições de

pacientes com sequela de AVE, utilizando como ferramenta a Escala de

Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade e Saúde (CIF).

2.2. Objetivo Específico

• Incentivar o uso da Classificação pelos profissionais da área da saúde.

• Mostrar como a ferramenta permite uma visão maior das condições de

saúde dos pacientes, sabendo que estas condições podem ser influenciada por

outros fatores.

19

3. MÉTODO

3.1. Sujeitos:

Foram avaliados cinco pacientes, de ambos os gêneros, com quadro

disfuncional de hemiparesia por seqüela de AVE, que se encontravam em

atendimento fisioterapêutico na Clínica Escola da Universidade São Francisco

(USF).

3.2. Materiais:

• Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2)

• Exame Físico – Avaliação Neurológica (Anexo 3)

• Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) (Anexo 4)

• Canadian Occupational Performance Measure (COPM) (Anexo 5)

• Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)

3.2.1. Exame Físico

O Exame Físico foi realizado por meio de uma ficha de avaliação neurológica

específica para pacientes com seqüela de AVE utilizada na Clínica Escola da

Universidade São Francisco. Foram coletadas informações como: dados pessoais,

diagnóstico disfuncional, anamnese, medicamentos e exame físico.

3.2.2. Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE)

A EQVE- AVE é um instrumento que incorpora questões relacionadas às três

dimensões da CIF: estrutura e função corporal, atividade e participação e fatores

20

contextuais (pessoal e ambiental). A escala tem 12 domínios (energia, papel familiar,

linguagem, mobilidade, humor, personalidade, autocuidado, papel social, raciocínio,

função de membro superior, visão e trabalho/produtividade) elaborados a partir de

entrevistas. Ao todo, os 49 itens são distribuídos dentro destes 12 domínios (NETO,

2007).

3.2.3. Canadian Occupational Performance Measure (COPM)

A COPM é uma ferramenta que operacionaliza os principais conceitos do

Modelo Canadense de Desempenho e das Diretrizes da Terapia Ocupacional para a

Prática Baseada no Cliente. É um teste padronizado que tem como objetivo

documentar a auto-percepção do indivíduo sobre o impacto de uma condição de

saúde, doença ou trauma no desempenho de suas tarefas funcionais. A perspectiva do

cliente é obtida por meio de uma entrevista semi-estruturada, no qual o paciente

indica cinco tarefas funcionais que sejam mais significativas para ele e cujos

desempenhos estejam comprometidos, nas áreas de autocuidado (cuidados pessoais,

mobilidade funcional, independência fora de casa), produtividade (dificuldade no

trabalho, tarefas domésticas e cursos de curta duração) e lazer (recreação calma,

recreação agitada e socialização). Em seguida, esse faz uma auto-avaliação de seu

desempenho e de sua satisfação com relação ao desempenho nas respectivas tarefas

funcionais, sendo o escore total de 10 pontos (CABRAL, 2007; FIGUEIREDO et al.,

2006; GARROS, 2008).

3.3. Procedimentos:

Primeiramente foi realizado o Estudo Piloto com duas pacientes que se

encontravam em atendimento da Clínica Escola da Universidade São Francisco que

não foram selecionadas para fazer parte da coleta deste estudo, para observar

possíveis dificuldades na aplicação das escalas.

21

Após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade São

Francisco (USF), CAAF nº 0011.0.142.000-09, os pacientes foram orientados a

participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Inicialmente todos os pacientes foram avaliados pela ficha de avaliação

neurológica utilizada na Clínica Escola, no qual possuem dados como: tipo de AVE,

medicamentos em uso e exame físico. Os dados obtidos foram convertidos para os

domínios Funções e Estruturas do Corpo, e Fatores Ambientais da CIF.

Após essa etapa, foi aplicada a Escala de Qualidade de Vida Específica para

AVE (EQVE-AVE), os dados deste foram referentes aos Fatores Pessoais, Atividade

e Participação da CIF.

Por último foi aplicada a avaliação do Desempenho Ocupacional, empregando-

se o Canadian Occupational Performance Measure (COPM). Os resultados dessa

escala foram utilizados para mensurar os aspectos referentes à Atividade e

Participação desses pacientes.

3.4. Análise dos Dados

Por se tratar de um estudo qualitativo, a análise de cada caso foi realizada

individualmente e os dados foram registrados de forma descritiva pela pesquisadora a

partir dos roteiros de avaliação.

22

4. RESULTADOS

Os organogramas 1 a 5 apresentam a caracterização dos pacientes e as

informações obtidas por meio dos instrumentos utilizados na avaliação

Fisioterapêutica e posteriormente classificados segundo a CIF.

A idade dos pacientes variou entre 35 anos e 85 anos. Todos os pacientes

apresentaram importantes restrições em suas AVD’s e também na participação

social. A grande maioria deixou de realizar sua principal ocupação anterior ao AVE.

Todos fazem uso de medicamentos sendo que dois possuem doenças de base como a

HAS e DM e relataram que o tratamento Fisioterapêutico melhorou os sinais e

sintomas deixados pelo AVE.

A paciente RFC sofreu um AVEH há 4 anos e tem como principal queixa o

desequilíbrio e a instabilidade na marcha. Tem como doença de base a HAS, faz uso

de medicamentos e utiliza a bengala para locomoção. Apresenta dificuldades nas

tarefas domésticas como na limpeza, lavagem de roupas, devido à dificuldade em

realizar movimentos finos com as mãos. Refere também sensação de cansaço durante

o dia, o que lhe causa grande impacto, visto que sua principal ocupação são as

atividades domésticas. Quanto à mobilidade, também apresenta grande dificuldade,

já que apresenta desequilíbrio durante a marcha e diminuição de ADM de MID o que

dificulta seu deslocamento dentro e fora de casa. Apresenta também restrições na

participação de eventos sociais (missa) e impossibilidade de realizar atividades

artesanais (pintura e crochê), sendo assim sente-se desanimada quando pensa em seu

futuro.

A paciente BFS de 35 anos, sofreu um AVEI há 4 anos e tem como principal

queixa a dificuldade de movimentar o MSD. Realiza tratamento psicológico, faz uso

de medicamentos e tem sua mãe como cuidadora. Apresenta afasia e dificuldade de

concentração e memorização, o que a impossibilita de voltar à ocupação prévia.

Possui um déficit de sensibilidade em hemicorpo direito e apresenta dificuldades na

marcha, restringindo-a de realizar as atividades de laser como ir ao cinema e sair com

as amigas. Sente-se insegura e pouco satisfeita com a vida.

O paciente CRM de 85 anos, sofreu um AVEI há aproximadamente 5 anos,

tem como queixa principal a perda da marcha. Faz uso de medicamentos, utiliza

23

cadeira de rodas para locomoção, tem afasia, problemas de incoordenação motora, é

dependente nas AVD’s, trocas posturais e locomoção dentro e fora de casa. Todos

esses aspectos o tornam incapaz de retornar a sua ocupação. Sente-se desanimado e

tem atitude de isolamento, além de se sentir como um “peso” perante os familiares.

O paciente JC de 58 anos, sofreu um AVEI há aproximadamente 1 ano e sua

queixa principal é a lentidão na fala e a dificuldade em movimentar o hemicorpo

direito. Tem como doença de base a HAS e a DM e faz uso de medicamentos.

Apresenta alterações na mobilidade como fraqueza muscular em hemicorpo direito

tendo então dificuldade na marcha. Também é impossibilitado de realizar tarefas

complexas com o MSD como pentear cabelo, dirigir automóveis, o que acaba

prejudicando o seu serviço de pedreiro e refletindo alterações na participação social

como sair com sua família nos horários de laser ou então encontros com amigos.

Sente-se desmotivado a realizar atividades sociais e de lazer e sente-se isolado por

outras pessoas.

A paciente NO de 64 anos, sofreu um AVEI há 2 anos e tem como queixa

principal dificuldade na marcha e fortes dores nas mãos. Faz acompanhamento com a

Psicologia e Psiquiatria, faz uso de medicamentos e utiliza muletas para locomoção.

Apresenta incoordenação motora, diminuição de ADM, sensação de cansaço durante

a maior parte do dia, o que a leva a ter dificuldades em permanecer em pé e a

impossibilidade para atividades de lazer. Houve também alterações nas tarefas

domésticas sendo necessário a ajuda total da cuidadora para realização das atividades

como limpar a casa, cozinhar e higiene pessoal. Tudo isso leva à impossibilidade de

voltar a ter a ocupação anterior ao AVE. Tem sentimento de desânimo e de peso

perante a família e falta de paciência com os demais da família.

24

Figura 1 – Caso Clínico 1

RFC CID (AVEH)

FATORES PESSOAIS

- Tem 45 anos, do lar.

- Sente-se desanimada sobre seu futuro.

QUEIXA PRINCIPAL

- Desequilíbrio e Instabilidade

na Marcha

ESTRUTURA E FUNÇÃO

CORPORAL

- Cérebro (s1100.370).

- Hemiparesia (b7302.2).

- Hipertonia Esquerda (b7352.2).

- Hiperreflexia Esquerda (b7502.2).

- Desequilíbrio (b2351.2).

- Diminuição de ADM (b7101.3).

RESTRIÇÕES

ATIVIDADES

- Sensação de cansaço durante o dia

(d2301.13).

- Não realiza perfeitamente a limpeza

de casa (d6402.24).

- Dificuldade para se deslocar dentro e

fora de casa (d465.14).

- Dificuldade em realizar movimentos

finos com a mão (d440.22).

PARTICIPAÇÃO

- Dificuldade em participar

de eventos sociais (missa)

(d9300.14).

- Impossibilidade de realizar

atividades artesanais

(pintura, crochê)

(d9203.23).

FATORES AMBIENTAIS

- Faz uso de medicamentos (e1101+3).

- Faz uso de Bengala para locomoção

(e1201+4).

25

Figura 2 – Caso Clínico 2

FATORES PESSOAIS

- Tem 35 anos, aguarda aposentadoria.

- Tem pouca confiança em si mesma.

- Sente-se desanimada sobre seu futuro.

BFS CID (AVEH)

QUEIXA PRINCIPAL

- Dificuldade de movimentar MSD

ESTRUTURA E FUNÇÃO CORPORAL

- Cérebro (s1100.370).

- Hipertonia D (b7352.2).

- Ausência de sensibilidade em hemicorpo D

(b2708.3).

RESTRIÇÕES

ATIVIDADES

- Dificuldades na Marcha

(d4502.32).

- Dificuldade para (concentração

e memorização) (d160.33).

PARTICPAÇÃO

- Diminuição de suas

atividades de lazer (cinema,

sair com amigas) (d9202.13).

- Impossibilidade de voltar à

ocupação prévia (d8502.23).

FATORES AMBIENTAIS

- Faz uso de medicamentos (e1101+3).

- Faz tratamento com a Psicologia

(e355+3).

- Sua mãe como cuidadora (e330+3).

26

Figura 3 – Caso Clínico 3

FATORES PESSOAIS

- Tem 85 anos, aposentado.

- Sensação de desânimo.

- Atitude de Isolamento.

- Sentimento de “peso” perante familiares.

QUEIXA PRINCIPAL

- Perda da Marcha

ESTRUTURA E FUNÇÃO

CORPORAL

- Cérebro (s1100.320).

- Hemiparesia (b7302.3).

- Hipertonia E (b7352.3).

- Hiperreflexia E (b7502.3).

- Incoordenação motora (b7602.3).

RESTRIÇÕES

ATIVIDADES - Dependência para higiene

pessoal (d5702.34).

- Tem dificuldade em realizar

atividades com MS (d449.34).

- Dependência nas trocas

posturais (d4200.34).

PARTICPAÇÃO

- Dependência para

locomoção dentro e fora de

casa (d465.44).

- Impossibilidade de voltar á

ocupação prévia (d8502.44).

FATORES AMBIENTAIS

- Utiliza cadeira de roda para locomoção

(e1201+3).

- Possui uma cuidadora (e335+3).

- Faz uso de medicamentos (e1101+3).

CRM CID (AVEI)

27

JC CID (AVEI)

Figura 4 – Caso Clínico 4

FATORES PESSOAIS

- Tem 58 anos, pedreiro.

- Sente-se desmotivado a realizar atividades

sociais e de lazer.

- Sentimento de Isolamento.

QUEIXA PRINCIPAL

- Dificuldade em movimentar hemicorpo D

- Lentidão na fala

ESTRUTURA E FUNÇÃO

CORPORAL

- Cérebro (s1100.320).

- Hemiparesia (b7302.2).

- Hipertonia D (b7352.1).

- Hiperreflexia D (b7502.2).

RESTRIÇÕES

ATIVIDADES

- Dificuldade na Marcha

(d4508.12).

- Impossibilidade de realizar

atividades com MSD (d449.12).

- Impossibilidade de dirigir

veículos motorizados

(d4751.3.3).

PARTICPAÇÃO

- Não participa de

atividades de lazer com

a família (d9205.11).

- Não encontra mais

amigos quanto gostaria

(d7500.11).

FATORES AMBIENTAIS

- Faz uso de medicamentos

(e1101+3).

28

Figura 5 – Caso Clínico 5

NO CID (AVEI)

FATORES PESSOAIS

- Tem 64 anos, do lar.

- Sente-se desanimado sobre seu futuro.

- Irrita-se com facilidade.

- Sentimento de “peso” perante familiares.

QUEIXA PRINCIPAL

Dificuldade na marcha e dores nas mãos.

ESTRUTURA E FUNÇÃO

CORPORAL

- Cérebro (s1100.320).

- Hipertonia D (b7352.3).

- Incoordenação motora (b7602.3).

- Diminuição de ADM (b7101.3).

RESTRIÇÕES

ATIVIDADES

- Impossibilidade de se autocuidar

(d598.44).

- Sensação de cansaço durante o dia

(d2301.44).

-Não realiza tarefas domésticas

(d6402.34).

PARTICPAÇÃO

- Impossibilidade de voltar à

ocupação prévia (d8500.34).

- Impossibilidade de

atividades de laser (viajar)

(d9209.34).

FATORES AMBIENTAIS

- Faz uso de medicamentos (e1101+3).

- Faz tratamento com a Psicologia e

Psiquiatria (e355+3).

- Possui cuidadora (e335+3).

-Faz uso de muletas (e330+3).

29

5. DISCUSSÃO

No presente estudo, optou-se por aplicar a CIF em pacientes com diagnóstico

clinico de AVE Isquêmico ou Hemorrágico, devido ao grande impacto que esta

doença costuma causar na vida desses pacientes, afetando não somente eles, mas

muitas vezes seus familiares, isso ocorrendo de forma particular. Ou seja, pessoas

com a mesma doença podem apresentar diferentes capacidades e limitações. Além

disso, com o uso da CIF conseguiu-se caracterizar o perfil funcional de cada

paciente, baseando-se não apenas na estrutura e função corporal, mas em todas as

dimensões de saúde, incluindo as atividades e participação.

O que ficou evidente neste estudo é que o paciente pós – AVE sofre alterações

estruturais que o restringem em suas atividades diárias e em suas participações

sociais. De acordo com Teixeira-Salmela et al. (2005), Andrade et al. (2009) as

alterações motoras como fraqueza muscular, espasticidade e padrões anormais de

movimento, podem impedir ou dificultar as transferências, a deambulação e a

realização de atividades básicas e instrumentais de vida diária, tornando o indivíduo

fisicamente dependente. O que está de acordo com as queixas apresentadas pelos

pacientes neste estudo, pois três deles relataram problemas relacionados à marcha

como, instabilidade e desequilíbrio. Outra queixa apontada por dois pacientes foi

quanto à dificuldade em movimentar o membro superior. E, uma terceira queixa, foi

referente aos problemas relacionados à fala, como afasia de expressão.

Segundo Brito e Rabinovich (2008) e Segura et al. (2008) a condição crônica

de saúde traz experiências de perdas para o paciente, tais como: perdas nas relações

sociais, financeiras e na capacidade física. Na maioria dos pacientes acometidos por

um AVE, a locomoção é uma das funções mais comprometidas, e a impossibilidade

de andar e de subir escadas impede o acesso aos ambientes, o que acaba levando ao

isolamento social, fato observado nos pacientes que participaram do estudo.

O fato da maioria dos pacientes pesquisados possuir mais de um facilitador ou

somente um, não interferiu quanto ao comprometimento emocional, já que todos

apresentaram sinais de comprometimento emocional nos fatores pessoais. Isso se

deve às restrições sociais e familiares que estão de acordo com o estudo do Brito e

30

Rabinovich (2008), que diz que o isolamento social atinge os pacientes e os

familiares e isso tem influência negativa sobre sua qualidade de vida.

Outro ponto que foi comum entre 3 dos pacientes foi o fato de não

conseguirem retornar a ocupação prévia ao AVE, sendo este um fator que favorece a

doenças psicológicas do tipo depressão. Estes ficaram restritos devido ao fato de

apresentarem disfunções motoras e cognitivas, sendo um fator limitante em suas

atividades profissionais, estando novamente de acordo com Brito e Rabinovich

(2008) que relatam que o status profissional também é modificado pelo AVE,

deslocando-se da condição de trabalhador para a de aposentado o que também gera

grandes alterações emocionais ao paciente. De acordo com Neto (2007) as doenças e

as incapacidades crônicas acabam gerando repercussões sociais na saúde pública e na

previdência social, pois pessoas incapacitadas geram custo para o governo do país.

De acordo com o estudo realizado e com várias literaturas como Andrade et al.

(2008), Sabino et al. (2008), Sampaio e Mancini (2007), fica evidente a importância

do uso da CIF, para avaliarmos os pacientes não somente de acordo com seu

diagnóstico clínico e sim como um todo.

Neste estudo todos possuíam o mesmo diagnóstico clínico, mas se

apresentaram com diferentes disfunções, isso nos mostra que podemos planejar

condutas específicas para cada paciente, trabalhando de forma individual.

O modo como a CIF foi estruturada, com seus componentes que abrangem

várias condições de saúde faz com que seja capaz de auxiliar todos os profissionais a

enxergarem o paciente de forma individual, podendo evidenciar fatores preocupantes

e ou situações que não são vistas em uma simples avaliação periódica, mas que

acabam interferindo em sua vida e em sua participação social.

A CIF por ser uma ferramenta que abrange várias condições faz com que seu

uso seja interessante tanto na área da saúde, como na política, no serviço público,

pois se usada por vários profissionais em diferentes países, pode levar a uma

linguagem unificada, podendo gerar comparações entre grupos de saúde e entre

países.

Dessa forma, além de necessário para o ponto de vista clínico e prático, esse

novo modelo de classificação é importante sob o ponto de vista econômico, uma vez

31

que favorece a alocação de recursos compatíveis com as reais necessidades do

serviço (SABINO et al., 2008).

32

6. CONCLUSÃO

O presente estudo demonstrou a importância do uso da CIF, pois de acordo

com sua estrutura e seus componentes constatou que a avaliação dos pacientes

ocorreu de forma global abrangendo desde a estrutura corporal comprometida dos

pacientes até os fatores pessoais e ambientais, que no caso, os influenciavam

funcionalmente de alguma forma, podendo ser negativa ou positiva. Fica claro então

que a funcionalidade do paciente não deve ser vista somente como uma

conseqüência da doença, mas sim como um componente de saúde.

Todos os pacientes do estudo apresentavam a mesma doença, mas com déficits

de funcionalidades diferentes, devido aos fatores pessoais e ambientais de cada um, o

que deixa claro que uma doença pode atingir cada pessoa de forma diferente.

Constatou-se com esse estudo que os fatores pessoais e ambientais estão diretamente

relacionado com a Atividade e Participação do paciente, pois todos relataram

isolamento social e descontentamento com a vida.

Para a prática clínica ficou evidente que a CIF oferece mais artifícios,

aumentando a qualidade dos dados para a construção de um programa de tratamento

centrado nas necessidades de cada indivíduo.

O estudo demonstrou que a CIF pode ser utilizada à partir de dados obtidos de

instrumentos já utilizados o que facilitaria seu uso pelos profissionais da área da

saúde.

Pode-se então concluir que a CIF por ser uma ferramenta complexa que

abrange todas as condições de saúde, tem sua importância nos vários contextos da

saúde: auxilia na proposta de tratamento individual, na política social que auxilia os

sistemas de previdência social e na questão da aposentadoria do paciente. Pode

também ser usada como ferramenta estatística, auxiliando na comparação de dados

entre diferentes populações, além de possuir uma linguagem unificada

mundialmente.

33

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A CIF por ser uma classificação nova e bastante complexa, traz algumas

dificuldades em seu uso na prática clínica. Possui qualificadores que a princípio a

deixam ainda mais complexa, mas são de extrema importância, já que a tornam uma

classificação, registrando a presença e gravidade de um problema em funcionalidade

nos diversos domínios que a compõem. Acredita-se que com a familiarização do seu

uso a dificuldade na aplicação dos qualificadores diminua.

Outra questão é a falta de alguns códigos mais específicos, deixando-a então

uma ferramenta não muito completa em algumas situações.

34

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, O.M.P.; FERREIRA, O.F.; HAASE, G.V. O uso da CIF através do

trabalho interdisciplinar no AVC pediátrico: relato de caso. Contextos Clínicos. v.2,

p.27-39, 2009.

ANDRADE, M.L.; COSTA, M.F.M.; CAETANO, A.J.; SOARES, E.; BESERRA,

P.E. A problemática do cuidador familiar do portador de Acidente Vascular Cerebral.

Revista Esc Enfermagem USP. p.37-43, 2008.

ARAÚJO, S.P.A.; SILVA, F.C.P.; MOREIRA, S.P.C.R.; BONILHA, F.S.

Prevalência dos Fatores de Risco em pacientes com Acidente Vascular Encefálico

atendidos no setor de Neurologia da Clinica de Fisioterapia da Unipar-Campus Sede.

Arquivo de Ciência Saúde Unipar., v.12, p.35-42, 2008.

BRITO, S.E.; RABINOVICH, P.E. A família também adoece ! Mudanças

secundárias à ocorrência de Acidente Vascular Encefálico na família. Interface-

Comunicação, Saúde, Educação., v.12, nº27, 2008.

CABRAL, A.H.L. Fatores Associados ao Retorno ao Trabalho após um trauma

de mão: uma abordagem qualiquantitativa. Belo Horizonte, 2007. 39p.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais.

CARR, H.J.; SHEPHERD, B.R. Acidente Vascular Cerebral. In: Reabilitação

Neurológica: Otimizando o Desempenho Motor. São Paulo, Manole, 2008, p.253-

273.

DI NUBILA, V.B.H. Aplicação das Classificações CID-10 e CIF nas definições de

deficiência e incapacidade. São Paulo, 2007. 181p. Tese (Doutorado) – Faculdade

de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

35

DURWARD, B.; BAER, G.; WADE, J. Acidente Vascular Cerebral. In: STOKES,

M. Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo, Premier, 2000. p.83-99.

FIGUEIREDO, I.M., SAMPAIO, R.F., MANCINI, M.C., NASCIMENTO, M.C.

Ganhos Funcionais e sua relação com os componentes de função em trabalhadores

com Lesão de Mão. Revista Brasileira de Fisioterapia., v.10, 2006.

GARROS, C.S.D. Avaliação do Desempenho e da Satisfação Pessoal do Paciente

com Mão Espástica após uso da Órtese Dorsal Volar. São Paulo, 2008. 72p.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

Paulo.

GUERREIRO, A., Da Relatividade dos Modelos à Relatividade do ICF: Modelos de

Saúde, Ciência e Prática Clínica. EssFisiOnline: Desenvolvimento Profissional.,

v.1, p.48-52, 2005.

NETO, G. Aplicação da Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE

(EQVE-AVE) em Hemiplégicos Agudos: Propriedades Psicométricas e sua

Correlação com a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade

e Saúde. Belo Horizonte, 2007. 77p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal

de Minas Gerais.

NORMA, F., BUCHALLA, M.C. A Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde: conceitos, usos e

perspectivas. Revista Brasileira de Epidemiologia., v.8, 2005.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). CIF – Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. São Paulo, Edusp, 2008.

325 p.

36

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação Internacional de

Funcionalidade Incapacidade e Saúde. 2003. Disponível em:

http://arquivo.ese.ips.pt/ese/cursos/edespecial/CIFIS.pdf. Acesso em: 22 out. 2008.

POLESE, C.J.; TONIAL, A., JUNG, K.F.; MAZUCO, R.; OLIVEIRA, G.S.;

SCHUSTER, C.R. Avaliação da Funcionalidade de indivíduos acometidos por

Acidente Vascular Encefálico. Revista de Neurociência. p.175-178, 2008.

RYERSON, D.S. Hemiplegia Resultante de Dano ou Doença Vascular. In:

UMPHRED, A.D. Fisioterapia Neurológica. São Paulo, Manole, 1994. p.615-655.

SABINO, S.G.; COELHO, M.C.; SAMPAIO, F.R. Utilização da Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde na Avaliação Fisioterapêutica

de indivíduos com problemas musculoesqueléticos nos membros inferiores e região

lombar. Acta Fisiatrica. p.24-30, 2008.

SAMPAIO, F.R.; LUZ, T.M. Funcionalidade e Incapacidade humana: explorando

um escopo da Classificação Internacional da Organização Mundial da Saúde.

Cadernos de Saúde Pública., v.25, nº3,2009.

SAMPAIO, F.R.; MANCINI, M.C.; GONÇALVES, G.G.P.; BITTENCOURT,

N.F.N.; MIRANDA, A.D.; FONSECA, S.T. Aplicação da Classificação

Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na prática clínica do

Fisioterapeuta. Revista Brasileira de Fisioterapia., v.9, p.129-136, 2005.

SAMPAIO, R.F.; MANCINI, M.C. Tecendo uma rede de usuários da CIF. Revista

Brasileira de Fisioterapia., v.11, nº4, 2007.

SEGURA, A.C.D.; BRUSHI, A.F.; GOLIN, B.T.; GREGOL, F.; BIANCHINI, M.K;

ROCHA, P. A evolução da marcha através de uma conduta cinesioterapêutica em

pacientes hemiparéticos com seqüela de AVE. Arq. Cienc. Saúde Unipar. v.12, nº1,

p.25-33, 2008.

37

TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; FARIA, C.D.C.M.; GUIMARÃES, C.Q.; GOULART,

F.; PARREIRA, V.F.; INÁCIO, E.P.; ALCÂNTARA, T.O. Treinamento Físico e

Destreinamento em Hemiplégicos Crônicos: Impacto na Qualidade de Vida. Revista

Brasileira de Fisioterapia. v.9, p.347-353, 2005.

38

39

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu ________________________________________, idade ________, RG ____________, endereço

_______________________________________________ declaro que é de livre e espontânea

vontade que estou participando como voluntário dessa pesquisa, de responsabilidade do pesquisador.

Assim estou ciente que:

I. A coleta de dados de pesquisa intitulada: Utilização da Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde em pacientes com sequela de AVE, será realizada

na Clínica Escola da Universidade São Francisco, situada à Av. São Francisco de Assis,

nº 218 Jardim São José, Bragança Paulista SP.

II. O objetivo desta pesquisa é analisar as fichas de Avaliação Neurológica dos pacientes

que se encontram em tratamento na Clinica Escola da USF. Aplicar as escalas de

Qualidade de Vida Específica para AVE e a COPM, cujo os dados das avaliações serão

convertidos para a CIF.

III. A participação na pesquisa não acarretará riscos, nem elimina os atendimentos de

Fisioterapia que esta sendo realizado.

IV. O Paciente passará por somente uma entrevista verbal.

V. Não será administrado nenhum tipo de medicamento.

VI. Os resultados obtidos serão mantidos em sigilo, não ocasionando exposição e/ou

publicação do nome do paciente.

VII. O paciente poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São

Francisco para apresentar recursos e reclamações em relação ao estudo (fone: (011)

4034-8028) ou os responsáveis pelo estudo Profª. Katyana Rocha Mendes da Silveira

(fone: 4034-8133).

VIII. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a

participação neste estudo e estar livre para interromper minha participação na pesquisa a

qualquer momento.

IX. O TCLE será impresso em duas vias, sendo uma para os pesquisadores e outra para a

voluntária.

Bragança Paulista, ____ de _______________ de 2009

Nome e assinatura do responsável

Nome e assinatura do responsável pelo estudo

40

ANEXO 3

41

42

ANEXO 4

Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) OPÇÕES DE RESPOSTA – PONTUAÇÃO

1 2 3 Concordo inteiramente - 1

Concordo mais ou menos - 2

Nem concordo nem discordo

- 3

Discordo mais ou menos - 4

Discordo inteiramente - 5

Não pude fazer de modo algum - 1

Muita dificuldade - 2

Alguma dificuldade - 3

Um pouco de dificuldade - 4

Nenhuma dificuldade mesmo -5

Ajuda Total - 1

Muita ajuda - 2

Alguma ajuda - 3

Um pouco de ajuda - 4

Nenhuma ajuda

necessária - 5

Domínio -Itens Opção Pontuação

Energia

1. Eu me senti cansado a maior parte do tempo. 1

2. Eu tive que parar e descansar durante o dia. 1

3. Eu estava cansado demais para fazer o que eu queria. 1

Papéis Familiares

1. Eu não participei em atividades apenas por lazer/diversão com minha família. 1

2. Eu senti que era um fardo/peso para minha família. 1

3. Minha condição física interferiu com minha vida pessoal. 1

Linguagem

1. Você teve dificuldade para falar? Por exemplo, não achar a palavra certa,

gaguejar, não conseguir se expressar, ou embolar as palavras ? 2

2. Você teve dificuldade para falar com clareza suficiente para usar o telefone ? 2

3. Outras pessoas tiveram dificuldade de entender o que você disse ? 2

4. Você teve dificuldade em encontrar a palavra que queria dizer ? 2

5. Você teve que se repetir para que os outros pudessem entendê-lo ? 2

43

Domínio -Itens Opção Pontuação

Mobilidade

1. Você teve dificuldade para andar? (Se o paciente não pode andar,vá para

questão 4 e pontue as questões 2 e 3 com 1 ponto). 2

2. Você perdeu o equilíbrio quando se abaixou ou tentou alcançar algo ? 2

3. Você teve dificuldade para subir escadas ? 2

4. Ao andar ou usar a cadeira de rodas você teve que parar e descansar mais

do que gostaria ? 2

5. Você teve dificuldade para permanecer de pé ? 2

6. Você teve dificuldade para se levantar de uma cadeira ? 2

Humor

1. Eu estava desanimado sobre meu futuro. 1

2. Eu não estava interessado em outras pessoas ou em outras atividades. 1

3. Eu me senti afastado/isolado das outras pessoas. 1

4. Eu tive pouca confiança em mim mesmo. 1

5. Eu não estava interessado em comida. 1

Personalidade

1. Eu estava irritável (“Com os nervos à flor da pele”). 1

2. Eu estava impaciente com os outros. 1

3. Minha personalidade mudou. 1

Auto-cuidado

1. Você precisou de ajuda para preparar comida? 3

2. Você precisou de ajuda para comer ? Por exemplo, para cortar ou

preparar a comida ? 3

2. Você precisou de ajuda para se vestir ? Por exemplo, para calçar meias ou

sapatos, abotoar roupas ou usar um zíper ? 3

4. Você precisou de ajuda para tomar banho de banheira ou chuveiro ? 3

5. Você precisou de ajuda para usar o vaso sanitário ? 3

44

Domínio -Itens Opção Pontuação

Papéis Sociais

1. Eu não saí com a freqüência que eu gostaria. 1

2. Eu dediquei menos tempo aos meus hobbies e lazer do que eu gostaria. 1

3. Eu não encontrei tantos amigos meus quanto eu gostaria. 1

4. Eu tive relações sexuais com menos freqüência do que gostaria. 1

5. Minha condição física interferiu com minha vida social. 1

Memória / Concentração

1. Foi difícil para eu me concentrar. 2

2. Eu tive dificuldade para lembrar das coisas. 2

3. Eu tive que anotar as coisas para me lembrar delas. 2 Função da Extremidade Superior

1. Você teve dificuldade para escrever ou digitar ? 2

2. Você teve dificuldade para colocar meias ? 2

3. Você teve dificuldade para abotoar a roupa ? 2

4. Você teve dificuldade para usar o zíper ? 2

5. Você teve dificuldade para abrir uma jarra ? 2

Visão

1. Você teve dificuldade em enxergar a televisão o suficiente para apreciar um

programa ? 2

2. Você teve dificuldade para alcançar as coisas devido à visão fraca ? 2

3. Você teve dificuldade em ver coisas nas suas laterais/de lado ? 2

Trabalho / Produtividade

1. Você teve dificuldade para fazer o trabalho caseiro diário ? 2

2. Você teve dificuldade para terminar trabalhos ou tarefas que havia começado ? 2

3. Você teve dificuldade para fazer o trabalho que costumava fazer ? 2

45

ANEXO 5

Canadian Occupational Performance Measure (COPM) Passo 1: Identificação das áreas Desempenho Ocupacional Para identificar problemas, preocupações e interesses relativos ao desempenho ocupacional, entrevistar o cliente, questionando sobre as atividades do dia-a-dia no que se refere às atividades de vida diária, às atividades produtivas e às atividades de lazer. Solicitar ao cliente que identifique as atividades do dia-a-dia que quer realizar, que necessita realizar ou que é esperado que ele realize, encorajando-o a pensar num dia normal. Seguidamente, pedir que identifique quais dessas atividades são de difícil realização, atualmente, de forma satisfatória. Registrar estas atividades problemáticas nos Passos IA, IB, ou IC.

Passo 2: Classificação do Grau de Importância Usando os cartões de pontuação fornecidos, pedir ao cliente que classifique, numa escala de 1 a 10, a importância de cada atividade. Colocar as pontuações nos respectivos quadrados nos passos IA, IB e IC.

Passo 1A: Atividades de Vida Diária Cuidados Pessoais ________________________________ (ex. vestuário, banho, ________________________________ alimentação, higiene) ________________________________ Condições de Movimentar-se ________________________________ (ex. transferências, mobilidade _______________________________ dentro e fora de casa) ____________________________________ Independência fora de casa __________________________________ (ex. transportes, compras, finanças) ___________________________

Importância

Passo 1B: Atividades Produtivas Trabalho (remunerado ou não remunerado) _____________________ (ex.procurar\ manter um emprego,_____________________________ atividades voluntárias) ________________________________ Tarefas Domésticas ________________________________ (ex. limpezas, lavagem de roupas _____________________________ preparação de refeições) _________________________________ Jogo\Escolaridade _________________________________ (possibilidade de freqüentar escolas,___________________________ cursos etc.) ________________________________

Importância

46

Passo 1C: Atividades de Lazer Recreação Calma ________________________________ (ex.hobbies, leitura, artesanato)_______________________________ Recreação Ativa ________________________________ (ex. esportes, passeios, viagens) ______________________________ Socialização _________________________________ (ex. visitas, telefonemas, festas _______________________________ Atividades sociais) _______________________________

Importância

Passo 3 e 4: Pontuação – Avaliação Inicial e Reavaliação Confirmar com o cliente os 5 problemas mais importantes e registrá-los abaixo. Usando os cartões de pontuação, pedir ao cliente que classifique cada problema no que diz respeito ao desempenho ocupacional e satisfação, calculando, no final a pontuação total. Para o cálculo da pontuação total soma-se a pontuação do desempenho ocupacional ou da satisfação de todos os problemas e divide-se pelo número de problemas. Na reavaliação, o cliente classifica novamente cada problema, no que se refere ao desempenho e à satisfação. Calcular as novas pontuações e as mudanças da pontuação.

Avaliação Inicial: Problemas de Desempenho Ocupacional

Desempenho 1

Satisfação 1

Reavaliação Desempenho 2

Satisfação 2

1_______________________________ 2_______________________________ 3_______________________________ 4_______________________________ 5_______________________________

Pontuação: Pontuação total do desempenho ou da satisfação Pontuação Total = # de problemas

Pontuação do Desempenho 1 =

Pontuação de Satisfação 1 =

Pontuação do Desempenho 2 =

Pontuação de Satisfação 2 =

Alterações no desempenho=Pontuação do desempenho 2 - Pontuação do desempenho 1 = Alterações na satisfação=Pontuação da satisfação 2 - Pontuação da satisfação 1 =