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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA SILVA PRADO
TIAGO MONDOVAN SILVA
MUNDO VINO
Curitiba
2008
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ANDERSEN PRADO TIAGO MONDOVAN SILVA
MUNDO VINO Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção de graduação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná.
Orientadora: Ana Maria Melech
Curitiba
2008
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TERMO DE APROVAÇÃO Andersen Prado
Tiago Mondovan Silva
MUNDO VINO
Esta dissertação Mundo Vino foi julgada e aprovada para a obtenção do título de graduação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná.
________________________________________________
Curitiba, 20 de novembro de 2007
Curso de Jornalismo
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Profª. Ana Maria Melech
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RESUMO
Este projeto tem por objetivo desenvolver um programa radiofônico com o objetivo de difundir e divulgar as peculiaridades do vinho, evidenciando o jornalismo especializado. O projeto conta ainda com um estudo quanto a história do vinho, a evolução da produção, os vinhos e os maiores produtores internacionais. Em termos comerciais, objetiva divulgar a cadeia produtiva do vinho em Curitiba, os restaurantes com as melhores cartas de vinho e divulgação de cursos ligados à formação de profissionais. O programa pretende apresentar um estilo moderno, arrojado, voltado para ouvintes que buscam no mundo do vinho uma forma de atualização e interação cultural e social. São utilizados para referencial teórico, livros, periódicos e sites da Internet referentes as peculiaridades internacionais e nacionais, curiosidades, preparação, benefícios à saúde, exportação e qualidade do vinho. O estudo conta com uma pesquisa realizada em Curitiba que contempla perguntas diretas quanto ao consumo, interesse e conteúdo da programação. Fizeram parte da pesquisa 384 voluntários, entre consumidores, apreciadores, sommelier, radialistas e proprietários de restaurantes. Palavras-chave: Vinho; Programa Radiofônico; Jornalismo Especializado, Cadeia Produtiva do Vinho.
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ABSTRACT This project aims to develop a radio programme with the aim of disseminating and disclose the peculiarities of wine, demonstrating the specialized journalism. The project still account with a study on the history of wine, the development of production, wines and the major international producers, in commercial terms, aims to disseminate the productive chain of wine in Curitiba, the restaurants with the best cards of wine and disclosure of courses related to training of professionals. The programme aims to provide a modern style, bold, aimed at listeners seeking in the world of wine a way to upgrade and cultural and social interaction. They are used for theoretical reference books, journals and web sites concerning the international and national peculiarities, curiosities, preparation, benefits to health, quality and export of wine. The study relies on a survey conducted in Curitiba which includes questions about the direct consumption, interest and content of programming. They have made the search 384 volunteers, among consumers, lovers, sommelier, speakers and owners of restaurants. Keywords: Wine; Program Radio; Specialized Journalism, the Wine Production Chain.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................10
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................12
2.1 O VINHO E SUA HISTÓRIA................................................................................12
2.1.1 Na história da humanidade...............................................................................13
2.1.2 Evolução da produção.....................................................................................17
2.1.2.1 Vinho na Idade Média....................................................................................20
2.1.2.2 Os vinhos e os maiores produtores...............................................................23
2.1.2.2.1 França ........................................................................................................24
2.1.2.2.2 Itália............................................................................................................25
2.1.2.2.3 Espanha .....................................................................................................26
2.1.2.2.4 Estados Unidos ..........................................................................................28
2.1.2.2.5 Portugal ......................................................................................................29
2.1.3 Questão Econômica no Brasil ..........................................................................30
2.1.4 Os Apreciadores...............................................................................................32
2.2 O VINHO NO BRASIL ........................................................................................33
2.2.1 Vitivinicultura no Paraná e principalmente em Curitiba ....................................36
2.2.2 O Processo de Produção .................................................................................37
2.2.3 Consumo..........................................................................................................40
2.2.4 Perfil dos Consumidores ..................................................................................41
2.3 A MÍDIA E A ENOGASTRONOMIA.....................................................................44
2.3.1 Aspectos gerais................................................................................................44
2.3.2 O mundo do vinho no rádio ..............................................................................50
2.4 PROBLEMATIZAÇÃO.........................................................................................51
3. JUSTIFICATIVA....................................................................................................52
4. OBJETIVOS..........................................................................................................55
4.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................55
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...............................................................................55
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................56
5.1 A INFLUÊNCIA DO RÁDIO.................................................................................56
5.2 CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO................58
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5.3 O RÁDIOJORNALISMO......................................................................................60
5.4 JORNALISMO ESPECIALIZADO........................................................................62
6. MÉTODOS E TÉCNICAS......................................................................................65
6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.......................................................................65
6.2 POPULAÇÃO ......................................................................................................66
6.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA.........................................................................68
6.4 COLETA DE DADOS ..........................................................................................69
6.5 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................70
7 DELINEAMENTO DO PROJETO ..........................................................................75
7.1 FORMATO DO PROGRAMA ..............................................................................75
7.1.1 Comercialização...............................................................................................76
7.1.2 Viabilidade Econômica .....................................................................................76
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................77
REFERÊNCIAS.........................................................................................................79
ANEXOS ...................................................................................................................82
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 MAIORES PRODUTORES DE VINHO NO ANO DE 2006 .................24
TABELA 2 TABELA BALANÇO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES
DE UVAS, SUCOS DE UVAS, VINHOS E DERIVADOS –
VALOR EM U$ 1.000,00 (FOB) – BRASIL..........................................31
TABELA 3 PARTICIPAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DE VINHOS EM
RELAÇÃO AOS VINHO DE VINÍFERAS COMERCIALIZADAS
NO BRASIL (EM 1000 LITROS) .........................................................32
TABELA 4 PRODUÇÃO DE UVAS NO BRASIL (EM TONELADAS) ...................39
TABELA 5 PRODUÇÃO DE UVAS PARA PROCESSAMENTO E PARA
MESA NO BRASIL (EM TONELADAS)...............................................40
TABELA 6 CURITIBA – DADOS DEMOGRÁFICOS DE CURITIBA.....................67
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 MÉDICO GREGO CLÁUDIO GALENO................................................14
FIGURA 2 CELEBRAÇÕES DE BACO - ROMA ANTIGA.....................................15
FIGURA 3 ÂNFORA - UTILIZADA NO TRANSPORTE DE VINHO.......................17
FIGURA 4 MOSTEIRO CISTERCIENSE DE EBERBACH, NA REGIÃO DO
RHEINGAU, NA ALEMANHA...............................................................22
FIGURA 5 - TIPOS DE VINHO (TINTO/BRANCO/ROSÉ/ESPUMANTE) .............23
FIGURA 6 MAPA DA FRANÇA E SUAS VINÍCOLAS ...........................................24
FIGURA 7 MAPA DA ITÁLIA E SUAS VINÍCOLAS...............................................26
FIGURA 8 MAPA DA ESPANHA E SUAS VINÍCOLAS.........................................27
FIGURA 9 VALE DO NAPA – REGIÃO VITÍCOLA MAIS IMPORTANTE DA
CALIFÓRNIA........................................................................................28
FIGURA 10 MAPA DE PORTUGAL E SUAS VINÍCOLAS ......................................29
FIGURA 11 REGIÕES VINÍCOLAS DO BRASIL.....................................................34
FIGURA 12 VINHAS NO VALE DOS VINHEDOS, NO RIO GRANDE DO SUL......35
FIGURA 13 VINÍCOLA CAMPO LARGO - MATRIZ ................................................38
FIGURA 14 VALORIZAÇÃO DO VINHO NA GASTRONOMIA ...............................46
FIGURA 15 CAPA DA REVISTA VINHO MAGAZINE – EDIÇÃO 71.......................47
FIGURA 16 EDIÇÃO EXTRA DA REVISTA GULA – GUIA DE VINHOS 2007 .......48
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LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 PARA AVALIAR O CONSUMO DE VINHOS ...................................70
GRÁFICO 2 QUANTO À ACEITAÇÃO DO MERCADO ALVO.............................71
GRÁFICO 3 QUANTO AO MELHOR HORÁRIO DO PROGRAMA......................71
GRÁFICO 4 QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO DO PROGRAMA .................72
GRÁFICO 5 QUANTO À PERIODICIDADE DO PROGRAMA .............................72
GRÁFICO 6 QUANTO À EMISSORA...................................................................73
GRÁFICO 7 QUANTO AOS CONCORRENTES ..................................................74
GRÁFICO 8 QUANTO AO CONTEÚDO DA PROGRAMAÇÃO...........................74
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1. INTRODUÇÃO
Considerando o rádio como um veículo de comunicação que possui uma
importância significativa na vida dos brasileiros, e observando a carência da
divulgação das peculiaridades do vinho na gastronomia, na cultura e economia
brasileira, será proposto através deste projeto, um programa de radiodifusão, cujo
tema principal será o vinho.
Depois da descoberta, pelos médicos, dos benefícios para a saúde ao se
ingerir diariamente uma taça de vinho tinto, o consumo aumentou
consideravelmente. Os médicos afirmam que o vinho apresenta propriedades
antioxidantes capazes de reduzir os riscos de doenças cardiovasculares.
De acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (2006), o
consumo mundial de vinho teve um aumento significativo a partir da década de 90
do século passado. Somente no último ano o consumo aumentou em 14,63%.
Pesquisa realizada pelo Instituto Data Folha em 2001, sobre o consumo de
vinhos, indica que 37% dos brasileiros bebem vinho.
Em Curitiba, cresce o número de lojas especializadas em vinho. Atualmente a
capital do Paraná possui mais de 10 lojas que comercializam o produto. Além disso,
essas lojas oferecem cursos sobre vinhos para aquelas pessoas que tem interesse
no tema, com uma boa aceitação do público em geral.
A gastronomia e enologia sempre caminharam juntas. Em 2002, a Escola do
Centro Europeu formou seus primeiros alunos do curso de Gastronomia, sendo que
no ano de 2006 essa mesma escola formou sua primeira turma do curso avançado
de Enologia. Agora, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná abriu o primeiro
curso de gastronomia com duração de 2 anos e meio. Isso mostra o interesse cada
vez maior sobre o tema. Também durante a pesquisa realizada para a elaboração
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deste trabalho acadêmico, os entrevistados mostraram o grande interesse sobre o
tema escolhido.
O programa jornalístico Mundo Vino vem para cobrir uma lacuna, que vai
abordar assuntos relacionados a enologia e gastronomia, sem deixar de lado os
aspectos históricos e culturais que envolvem o vinho. Para isso, o presente projeto
aborda a evolução do consumo de vinho, suas implicações nas questões sociais e
econômicas. Também são considerados os conceitos jornalísticos que demonstram
de que maneira a comunicação, mais especificamente o rádio, pode contribuir para a
socialização deste tema.
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12
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA
A principal questão que norteia este projeto é a necessidade de um
programa radiofônico em Curitiba, que apresente o mundo do vinho com
imparcialidade. Um programa que não seja movido apenas pela questão comercial
ou publicitária, mas que tenha informações detalhadas e atuais do universo
enológico e que atenda às necessidades tanto dos apreciadores quanto dos
produtores, apresentando-se como um canal para a promoção da enologia sob
todos os aspectos.
A história do vinho, bem como todo o processo que envolve a criação de um
programa radiodifusor, são temas que possuem informações riquíssimas para este
projeto, porém, para que o tema principal não seja desvirtuado, será apresentado
um estudo sobre a história do vinho e, paralelamente uma análise do público e da
mídia local.
2.1 O VINHO E SUA HISTÓRIA
O vinho e sua história foi documentada por diversos autores
contemporâneos, entre eles Hugh Johnson (1999) que apresenta toda a trajetória
desta bebida, desde os primeiros relatos até a moderna indústria desenvolvida para
reproduzir o sabor dos mais tradicionais vinhos em escala produtiva.
O vinho sempre desempenhou um papel fundamental em quase todas as
civilizações, repleto de simbologia, impregnado de religiosidade e de misticismo.
Surge desde muito cedo na literatura, tornando-se fonte de lendas e inspiração de
mitos. A seguir serão apresentados os períodos relevantes da influência do vinho na
história da humanidade.
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13
2.1.1 Na história da humanidade
Apesar de volumoso e, em geral, perecível, o vinho é uma mercadoria
quase perfeita, pois exerce atração imediata sobre aqueles que experimentam seus
efeitos pela primeira vez. Nunca saberemos quem o teria bebido pela primeira vez,
mas provavelmente teria tido também a experiência do primeiro “porre”.
Não se pode apontar precisamente o local e a época em que o vinho foi feito pela primeira vez, do mesmo modo que não sabemos quem foi o inventor da roda. Uma pedra que rola é um tipo de roda; um cacho de uvas caído, potencialmente, torna-se, um tipo de vinho. O vinho não teve que esperar para ser inventado: ele estava lá, onde quer que uvas fossem colhidas e armazenadas em um recipiente que pudesse reter seu suco (JOHNSON, 1999, p.16).
O uso medicinal do vinho era empregado pelos gregos. Relatos de Hipócrates
fazem várias observações sobre as propriedades medicinais do vinho, que são
citadas em textos de história da medicina. Hipócrates, o pai da medicina, nasceu na
ilha de Kós por volta de 460 a.C e viveu quase um século. Praticamente em todas as
suas prescrições incluiu o vinho, que utilizava como anti-térmico, diurético, anti-
séptico geral, auxiliar da convalescença. No entanto, prescrevia-o para finalidades
específicas, às vezes o proibia por completo e sempre recomendava um tipo de
vinho para cada caso.
Galeno (131-201 d.C.), “o famoso médico grego dos gladiadores” e,
posteriormente médico particular do imperador Marco Aurélio, escreveu um tratado
denominado "De antídotos" sobre o uso de preparações à base de vinho e ervas,
usadas como antídotos de venenos. Nesse tratado existem considerações perfeitas
sobre os vinhos, tanto italianos como gregos, bebidos em Roma nessa época: como
deveriam ser analisados, guardados e envelhecidos.
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14
FIGURA 1 MÉDICO GREGO CLÁUDIO GALENO
FONTE: Wikipédia, 2008
Por volta do ano de 1.300, o espanhol Arnaldus de Villanova, médico e
professor da Universidade de Montpellier, publica o primeiro livro impresso sobre o
vinho: "Liber de Vinis". O livro contém uma visão médica sobre o vinho e cita as
propriedades curativas de vinhos aromatizados com ervas para uma infinidade de
doenças. Segundo Villanova, o vinho aromatizado com arlequim teria "qualidades
maravilhosas" tais como: "restabelecer o apetite e as energias, exaltar a alma,
embelezar a face, promover o crescimento dos cabelos, limpar os dentes e manter a
pessoa jovem” (VILLANOVA, apud JOHNSON 1999, p. 20).
Entre as muitas evidências da sabedoria grega para o uso do vinho são os
escritos atribuídos a Eubulus por volta de 375 a.C.: "Eu preparo três taças para o
moderado: uma para a saúde, que ele sorverá primeiro, a segunda para o amor e o
prazer e a terceira para o sono. Quando essa taça acaba, os convidados sábios vão
para casa. A quarta taça é a menos demorada, mas é a da violência; a quinta é a do
tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona da
ranzinzice e a décima a da loucura e da quebradeira dos móveis."1
1 Disponível em http://www.academiadovinho.com.br
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15
Não existe nenhum documento oficial que defina a época em que o vinho foi
produzido pela primeira vez. Há 2 milhões de anos o homem conhecia as uvas e é
provável que a invenção foi acidental.
Arqueologistas aceitam acúmulo de sementes de uva como evidência (pelo
menos de probabilidade) de elaboração de vinhos. Escavações em Catal Hüyük
(talvez a primeira das cidades da humanidade) na Turquia, em Damasco na Síria,
Byblos no Líbano e na Jordânia revelaram sementes de uvas da Idade da Pedra
(Período Neolítico B), cerca de 8000 a.C. As mais antigas sementes de uvas
cultivadas foram descobertas na Geórgia (Rússia) e datam de 7000 - 5000 a.C.
(datadas por marcação de carbono 14). Certas características da forma são
peculiares a uvas cultivadas e as sementes descobertas são do tipo de transição
entre a selvagem e a cultivada. (JOHNSON, 1999, p.23).
Segundo Johnson, além dos aspectos comercial, medicinal e hedônico o
vinho representava para os gregos um elemento místico, expresso no culto ao deus
do vinho, Dionísio2 ou Baco ou Líber.
FIGURA 2 CELEBRAÇÕES DE BACO - ROMA ANTIGA
FONTE: LAROUSSE, p. 20
2 Era o deus grego equivalente ao deus romano Baco, das festas, do vinho, do lazer e do prazer. FONTE: Wikipédia
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Dentre as inúmeras lendas da origem e da produção de vinho, Johnson
(1999) assinala que a mais conhecida é a de Noé, contida no Velho Testamento, no
capítulo nove do livro de Gênesis que diz que Noé, após ter desembarcado os
animais, plantou um vinhedo do qual fez vinho, bebeu e se embriagou.
Outra lenda citada por Johnson (1999) é uma versão persa que fala sobre
Jamshid, um rei persa que parece estar relacionado a Noé, pois teria construído um
grande muro para salvar os animais do dilúvio. Na corte de Jamshid, as uvas eram
mantidas em jarras para serem comidas fora da estação. Certa vez, uma das jarras
estava cheia de suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro estranho sendo
deixadas de lado por serem inapropriadas para comer e consideradas possível
veneno. Uma donzela do harém tentou se matar ingerindo o possível veneno. Ao
invés da morte ela encontrou alegria e um repousante sono. Ela narrou o ocorrido ao
rei que ordenou, então, que uma grande quantidade de vinho fosse feita e Jamshid e
sua corte beberam da nova bebida.
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2.1.2 Evolução da produção
Desde a antiguidade o vinho passou por vários processos até atingir uma
maturação produtiva. Um dos fatores que contribuíram para a qualidade na
produção em escala foi a invenção do vidro e da cortiça.3
O vinho chegou ao sul da Itália através dos gregos aproximadamente em
800 a.C. Os etruscos, já viviam ao norte, na região da atual Toscana, e elaboravam
vinhos e os comercializavam até na Gália e, provavelmente, na Borgonha. Não se
sabe, no entanto, se eles trouxeram as videiras de sua terra de origem
(provavelmente da Ásia Menor ou da Fenícia) ou se cultivaram uvas nativas da Itália,
onde já havia videiras desde a pré-história. A mais antiga ânfora4 de vinho
encontrada na Itália é etrusca e data de 600 a.C.
FIGURA 3 ÂNFORA - UTILIZADA NO TRANSPORTE DE VINHO.
FONTE: JOHNSON, 1999, p.33
Uma data importante no progresso de Roma foi 171 a.C., quando foi aberta
a primeira padaria da cidade, pois até então os romanos se alimentavam de mingau
de cereais.
No império de Augusto (63 a.C. - 14 d.C.) a indústria do vinho estava
estabelecida em toda a extensão da Itália que já exportava vinhos para a Grécia,
3 O texto deste item foi baseado na obra de JOHNSON (1999). 4 Vaso antigo, de forma ovóide, com duas asas simétricas
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18
Macedônia e Dalmácia. Todos os grandes vinhos vinham da região entre Roma e
Pompéia, mas a região da Costa Adriática era também importante, em especial
pelas exportações. Pompéia ocupava uma posição de destaque, podendo ser
considerada a Bordeaux (uma das melhores regiões vinícolas da França) do Império
Romano e era a maior fornecedora de vinhos para Roma.
Após a destruição de Pompéia pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C.,
ocorreu uma louca corrida na plantação de vinhedos. Lavouras de milho tornaram-se
vinhedos, provocando um desequilíbrio do fornecimento a Roma, que causou a
desvalorização das terras e também do vinho.
No ano 92 d.C., o imperador Domiciano editou um decreto proibindo a
plantação de novos vinhedos e de vinhedos pequenos, mandando destruir metade
dos vinhedos nas províncias ultramarítimas. O decreto parecia visar a proteção do
vinho doméstico contra a competição do vinho das províncias e manter os preços
para o produtor. O decreto permaneceu até 280 d.C., quando o imperador Probus o
revogou.
Em termos documentais, a cultura das vinhas e fabricação dos vinhos
romano, pode ser encontrados no manual "De Re Rustica" (Sobre Temas do
Campo), de aproximadamente 65 d.C, de autoria do espanhol de Gades (hoje
Cádiz), Lucius Columella. O manual chega a detalhes como: a produção por área
plantada (que, surpreendentemente, é a mesma dos melhores vinhedos da França
de hoje), a técnica de plantio em estacas com distância de dois passos entre elas
(mais ou menos a mesma técnica usada hoje em vários vinhedos europeus), tipo de
terreno, drenagem, colheita, prensagem, fermentação, etc.
Quanto ao paladar, os romanos tinham predileção pelo vinho doce, sendo
feita a colheita o mais tardiamente possível, ou, conforme a técnica grega, colher o
![Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/20.jpg)
19
fruto um pouco imaturo e deixá-lo no sol para secar e concentrar o açúcar (vinhos
chamados "Passum"). Outro modo de obter um vinho mais forte e doce era ferver,
aumentando a concentração de açúcar (originando o chamado "Defrutum") ou ainda
adicionar mel (originava o "Mulsum"). Preparavam também o "semper mustum"
(mosto permanente), um mosto5 cuja fermentação era interrompida por submersão
da ânfora em água fria e, portanto, contendo mais açúcar. Esse processo é o
precursor do método de obtenção do "Süssreserve" das vinícolas alemãs.
Ainda no tocante ao paladar, é interessante lembrar que os romanos sempre
tiveram predileção por temperos fortes na comida e também se excediam nas
misturas com vinhos que eram fervidos em infusões ou macerações com ervas,
especiarias, resinas e denominados "vinhos gregos" em virtude dos gregos
raramente tomarem vinhos sem temperá-los. Plínio, Columella e Apícius descrevem
receitas bastante exóticas.
Quanto a idade, alguns vinhos romanos se prestavam ao envelhecimento, os
fortes e doces expostos ao ar livre e os mais fracos contidos em jarras enterrados no
chão. Um recurso usado para envelhecer o vinho era o "fumarium", um quarto de
defumação onde as ânforas com vinho eram colocadas em cima de uma lareira e o
vinho defumado, tornando-se mais pálido, mais ácido e com cheiro de fumaça.
Em fins do século I d.C os romanos ricos e elegantes elegeram a costa da
Campânia, em especial a baía de Nápoles e a península sorrentina, para ali construir
vilas com vista para o mar e esplêndidos jardins. A cultura grega ainda estava bem
viva no Sul, e o vinho das videiras gregas era tido como o melhor da Itália. A videira
em questão era a Amineum, com a qual se fazia o Falerno e provavelmente todos os
5 Líquido resultante da prensagem das uvas; suco; sumo.
![Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/21.jpg)
20
premiers crus (denominação francesa, que designa bons vinhos) dessa primeira
idade do ouro do vinho italiano. Todos eram brancos e doces.
Além de Roma, outra cidade destacou-se como porto vinícola produzindo e
transportando vastas quantidades de todo tipo de vinho. Trata-se da única cidade
romana que preservou suas feições antigas: Pompéia.
Os romanos usavam uma faca semelhante a uma pequena foice para fazer à
vindima (colheita da uva); colocavam as uvas em cestos para levá-las ao lugar onde
elas eram espremidas, em tanques rasos, como os que ainda hoje são usados na
fabricação do vinho do Porto e outros vinhos. Foram eles que desenvolveram a
prensa, dando-lhe a configuração que permaneceu praticamente inalterada até os
tempos modernos: grandes vigas para fornecer o peso, cabrestantes para aumentar
a pressão e cordas para envolver o “bolo” de uvas esmagadas e impedi-lo de
desfazer-se. A fermentação ocorria em recipientes de barro, parecidos com os
pithoi6 gregos, enterrados até a borda.
Após a queda do Império Romano seguiu-se uma época de obscuridade em
praticamente todas as áreas da criatividade humana e os vinhedos parecem ter
permanecido em latência até que alguém os fizesse renascer.
2.1.2.1 Vinho na Idade Média
O vinho não foi menos importante em Israel do que na Grécia; contudo, não
há como comparar seu significado para os judeus e seu significado para os “devotos
de Dionísio”. Em Israel a idéia de libação ou de qualquer tipo de sacrifício como os
gregos ou os romanos o compreendiam constituía um sacrilégio – com efeito, o
horror ante tal pensamento ainda perdura na definição do que é “puro” e do que é 6 grandes jarras usadas para armazenar vinhos
![Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/22.jpg)
21
“impuro”. Para os gregos o vinho proporcionava libertação e êxtase: a embriaguez
podia ser sagrada. Para os judeus ele era uma dádiva perigosa que podia ser
mantida sob o rigoroso controle dos rabinos.
Sejam quais forem às causas históricas da lei e dos costumes judaicos
relacionados ao vinho, um fato se destaca: seu uso excessivo é singularmente raro
nas comunidades judaicas. Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que
um número proporcionalmente maior de judeus, que de outros segmentos étnicos ou
religiosos da população, tomam vinho, cerveja ou destilados, mas proporcionalmente
menos judeus bebem em excesso ou são alcoólatras. Procurando uma explicação
os pesquisadores ressaltam que os primeiros contatos das crianças judias com o
vinho ocorrem na mais tenra idade, no ambiente familiar e num contexto religioso,
em que sempre se bebe com moderação.
Já na França, dessa época destacavam-se importantes três mosteiros
franceses. Dois situam-se na Borgonha: um beneditino em Cluny, próximo de Mâcon
(fundado em 529) e um cisterciense em Citeaux, próximo de Beaunne (fundado em
1098). O terceiro, cisterciense, está em Clairvaux na região de Champagne.
Também famoso é o mosteiro cisterciense de Eberbach, na região do Rheingau, na
Alemanha. Esse mosteiro, construído em 1136 por 12 monges de Clairvaux,
enviados por São Bernado, foi o maior estabelecimento vinícola do mundo durante
os séculos XII e XIII e hoje abriga um excelente vinhedo estatal.
![Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/23.jpg)
22
FIGURA 4 MOSTEIRO CISTERCIENSE DE EBERBACH, NA REGIÃO DO RHEINGAU, NA ALEMANHA
FONTE: Wikipédia
Os monges cistercienses viram os vinhedos como um desafio enviado por
Deus. Dizia-se que em sua devoção elevaram o trabalho agrícola, a uma forma de
arte. Para complementar sua mão-de-obra, devota, porém limitada, recrutaram e
treinaram centenas de Layots, ou irmãos leigos, que usavam hábito marrom – mais
uma contribuição para a qualidade do Borgonha: seus métodos minuciosos
espalharam-se por toda a região, impondo-se como exemplo. Antes de ressuscitar
um vinhedo abandonado ou criar um novo, os monges estudaram atentamente as
melhores plantas, faziam experiências com podas, selecionavam estacas e enxertos.
Cumpridas todas essas etapas, adotavam o mais esperado processo de fabricação e
se empenhavam em degustar. E, por fim, fizeram a maior contribuição: o conceito de
cru, um setor homogêneo de vinhedo que anos após ano produz vinhos similares em
termos de qualidade e sabor.
Eles observaram que as diferenças de cor, corpo, vigor e outras qualidades
eram nitidamente constantes de um setor para outro. Produziram pequenas
quantidades de vinho com uvas de cada setor, compararam as numerosas amostras
de outros vinhos que recebiam como parte do dízimo, e puseram-se a estudar,
identificando as áreas que produziam um vinho mais aromático e as que resultavam
![Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/24.jpg)
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num vinho mais robusto e áspero; determinando quais sofriam mais como frio;
decidindo quais requeriam antecipação da colheita. Com isso estabeleceram todo
um banco de dados. Depois começaram a traçar linhas no mapa e a murar as áreas
que produziam regularmente um sabor reconhecível.
2.1.2.2 Os vinhos e os maiores produtores
Existem cinco tipos distintos de vinhos: os vinhos tintos, os brancos, os rosés,
os espumantes, e os vinhos fortificados. Em Portugal existe um tipo de vinho
específico, o vinho verde, que pode ser tinto ou branco, mas devido à sua acentuada
acidez pode ser considerado como uma categoria à parte. Os vinhos tintos podem
ser obtidos através das uvas tintas ou das tintureiras (aquelas em que a polpa possui
muitos pigmentos). Os vinhos brancos podem ser obtidos através de uvas brancas
ou de uvas tintas desde que as cascas dessas uvas não entrem em contato com o
mosto. Já os vinhos rosés podem ser feitos de duas maneiras: misturando-se o
vinho tinto com o branco ou diminuindo o tempo de maceração (contato do mosto
com as cascas) durante a vinificação do vinho tinto.
FIGURA 5 - TIPOS DE VINHO (TINTO/BRANCO/ROSÉ/ESPUMANTE)
FONTE: Wikipédia
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TABELA 1 MAIORES PRODUTORES DE VINHO NO ANO DE 2006 Posição País
1º França 2º Itália 3º Espanha 4º Estados Unidos ... ...
11º Portugal ... ...
16º Brasil FONTE: Wikipédia
Adiante são apresentados, alguns dos maiores países produtores de vinho.
2.1.2.2.1 França
Segundo Larousse (2004), uma das razões da supremacia da França reside
na extraordinária gama de vinhos que ela produz. E isso graças à diversidade de
seus climas que permitem fazer tanto brancos leves na região de Loire como tintos
fortes na região sul. A França sabe explorar suas vantagens geográficas para impor
vinhos ou regiões vinícolas que reinam no resto do mundo.
FIGURA 6 MAPA DA FRANÇA E SUAS VINÍCOLAS
FONTE: Academia do Vinho
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25
A região de Bordeaux, a Borgonha e Champanhe produzem, para cada uma
delas, um estilo de vinho inigualável, embora muitas vezes imitado. Mouton-
Rothschild, Chambertin, Krug são grandes nomes conhecidos no mundo inteiro.
Atrás vem o Loire, o Rhône e a Alsácia, que produzem vinhos talvez ainda mais
inimitáveis, isso sem esquecer a vasta gama de denominações e de regiões das
quais provêm vinhos tão ou mais tradicionais: Cahors e Madiran, a Provença, o Jura.
Todas elas, e ainda outras, produzem pelo menos alguns vinhos finos, renomados
no exterior.
2.1.2.2.2 Itália
De acordo com a Enciclopédia do Vinho7, a Itália é líder mundial de
produtores de vinho, consome mais vinho que qualquer outro país no mundo. Há 1,2
milhões de vitivinicultores italianos e o consumo per capita é de 104 litros por
pessoa. Os vinhos italianos correspondem a 60% dos importados pelos EUA e os
vinhos também são exportados para a Alemanha e para a França.
A expansão dos vinhos italianos é surpreendente, tanto pela quantidade dos
tipos de uva como pelos estilos diferentes de vinhos. Os clientes que se aventuram
com a procura de novos vinhos e, buscam vinhos que combinem com a comida,
estão voltando às variedades italianas de uvas tradicionais, tais como Sangiovese,
Barbera e Pinot Grigio.
7 Disponível em http://www.e-vinho.com.br/pais.php?pais=It%E1lia&continente=Europa
![Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/27.jpg)
26
FIGURA 7 MAPA DA ITÁLIA E SUAS VINÍCOLAS
FONTE: Academia do Vinho
Segundo Larousse (2004), há perto de trezentas zonas vinícolas oficiais e
cerca de 1,2 milhões de produtores. A Itália produz todos os estilos de vinho, entre
eles muitos vinhos fortificados e espumantes e possui uma infinidade de microclimas
e de locais para acentuar ainda mais essa diversidade.
2.1.2.2.3 Espanha
Segundo Larousse (2004), apesar de a Espanha ser o primeiro vinhedo do
mundo em superfície (mais de 1 milhão de hectares), é apenas o terceiro produtor
de vinho da União Européia, atrás da Itália e da França e à frente da Alemanha.
Famosa por seus vinhos fortificados, como por exemplo, o Xerez, vinho seco ou
doce, elaborado na Andaluzia, é um vinho especial, obtido com métodos muito
tradicionais da região. O xerez chegou a ser identificado em todo o mundo como um
![Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/28.jpg)
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tipo de vinho, dando origem a numerosas falsificações; mas só o xerez é o vinho
procedente de Jerez. A Espanha também produz vinhos tintos, roses, brancos e
espumantes, que vão do mais simples ao mais complexo.
FIGURA 8 MAPA DA ESPANHA E SUAS VINÍCOLAS
FONTE: MacNeil (2003, p.347) De acordo com Macneil (2003), existem hoje na Espanha 54 regiões D.O.
(Denominación de Origen), ou seja, regiões vinícolas oficialmente reconhecidas e
geograficamente definidas. Grande parte delas tem seus vinhos consumidos
localmente ou exportados em pequenas quantidades. Nos últimos anos, tem sido
crescente o interesse mundial pelos vinhos espanhóis, levando ao aumento das
exportações, mas, ainda assim, são poucos os melhores vinhos disponíveis no
mercado internacional e especialmente no Brasil.
![Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/29.jpg)
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2.1.2.2.4 Estados Unidos
De acordo com Manoel Beato (2006, pág. 85), na época de 1950, alguns
viniticultores resolveram trazer seu capital e experiência para aplicar na vinicultura
nos Estados Unidos da América. Entre eles, Robert Mondavi. No ano de 1976, numa
degustação às cegas, com a presença de críticos e especialistas renomeados, o
Stag´s Leap Cabernet Sauvignon venceram alguns renomeados vinhos de
Bordeaux, fato que elevou a credibilidade e o conceito dos vinhos dos Estados
Unidos.
Os Estados Unidos são indiscutivelmente um dos países mais dinâmicos na
produção de vinhos do Novo Mundo. Jamais os americanos tiveram tanto vinho de
alta qualidade para escolher. O número de vinícolas nos Estados Unidos é de
aproximadamente 2.338 em 47 estados. Todos os estados dos Estados Unidos
produzem vinhos, exceto três: Alasca, Dakota do Norte e Wyoming. Contudo,
nenhum produz uma grande quantidade de vinhos, exceto a Califórnia, que sozinha
produz mais de 90% do total de vinhos do país.
FIGURA 9 VALE DO NAPA – REGIÃO VITÍCOLA MAIS IMPORTANTE DA CALIFÓRNIA
FONTE: LAROUSSE, 2004, p. 268
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29
2.1.2.2.5 Portugal
De acordo com a Academia do Vinho8, nos últimos anos, com a instalação do
Mercado Comum Europeu, o vinho português ampliou sua busca por qualidade e
visibilidade internacional, conquistando uma posição merecida pela qualidade e
diversidade de seus vinhos.
Diversos enólogos portugueses despontam como artistas no cenário mundial,
com vários rótulos de qualidade, ganhando prestígio internacional.
Recentes mudanças na regulamentação impulsionaram novo valor aos vinhos
regionais, situados entre os básicos e os classificados, que apresentam uma ótima
relação custo-benefício, tornando-se cada vez mais competitivos pela associação
com a personalidade marcante dos vinhos de Portugal.
FIGURA 10 MAPA DE PORTUGAL E SUAS VINÍCOLAS
FONTE: Academia do Vinho
8 Disponível em http://www.academiadovinho.com.br/mostra_regiao.php?reg_num=PT
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Segundo Larousse (2004), entre os países produtores de vinhos, poucos no
mundo ostentam a diversidade que há em Portugal. Indo do vinho verde aos
encorpados do Douro e do Alentejo e passando pelos fortificados Madeira e Porto, o
país oferece enorme gama de estilos e faz vinhos cada vez melhores. A diversidade
de regiões produtoras torna o país um dos mais versáteis.
O mais destacado vinho de Portugal é o doce e fortificado vinho do Porto,
considerado um dos mais peculiares e deliciosos vinhos de sobremesa do mundo.
Há diferentes estilos de vinho do Porto, sendo o mais famoso e mais caro o Vintage.
Outro destacado vinho fortificado de Portugal é o vinho Madeira, produzido por um
dos processos vinícolas mais intrincados e trabalhosos do mundo.
2.1.3 Questão Econômica no Brasil
A produção mundial de uvas é amplamente concentrada. De acordo com a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa9 a União Européia
representa cerca de 45% da superfície vitícola mundial; 65% da produção mundial
de uvas; 60% do consumo mundial e; cerca de 70% das exportações mundiais, já o
Brasil é o 21° país em área cultivada, 14° em produção de uvas, 24° em exportação
de uva e o 10° país em exportação de suco de uva.
Em 2006, o Brasil apresentou um déficit de 47,87 milhões de dólares na
balança comercial, comparado a 2005. Essa queda demonstra que o brasileiro está
cada vez mais exigente, quanto à produção de vinhos nacionais, detalhado na tabela
a seguir:
9 Pesquisa realizada em 2006, disponível em: http://www.cnpuv.embrapa.br/
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31
TABELA 2 TABELA BALANÇO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE UVAS, SUCOS DE UVAS, VINHOS E DERIVADOS – VALOR EM U$ 1.000,00 (FOB) – BRASIL
Ano 2005 Ano 2006 Descrição Quantidade Valor Quantidade Valor EXPORTAÇÕES Uvas Frescas (t) 51.213 107.276 62.250 118.432Suco de Uva (t) 7.711 10.798 5.452 8.315
Vinhos de Mesa (1.000 L) 3.530 2.566 3.415 2.658Vinhos espumantes (1000L) 111 235 160 287
TOTAL 120.875 129.692IMPORTAÇÕES Uvas Frescas (t) 8.387 6.591 12.106 11.245Uvas passas (t) 15.597 18.226 19.776 24.893
Vinhos de Mesa (1.000 L) 37.495 85.520 46.371 118.455Vinhos espumantes (1000L) 3.443 15.093 4.484 21.414
Suco de Uva (t) 1.009 901 1.810 1.572TOTAL 126.331 177.579
BALANÇO -5.456 -47.887FONTE: Embrapa Uva e Vinho
Nas exportações brasileiras, a uva de mesa é o principal produto que continua
em ritmo crescente. Foram exportadas 62,25 mil toneladas de uvas em 2006,
21,55% superior ao ano anterior. As exportações renderam ao país 118,43 milhões
de dólares em 2007 de acordo com a Embrapa Uva e Vinho.
O Brasil tem se mostrado um grande importador de vinhos finos, mesmo
apresentando excedentes na produção brasileira desta categoria. De acordo com a
Embrapa Uva e Vinho, em 2006 foram importados 46,37 milhões de litros de vinhos
finos, representando 64,89% do vinho fino comercializado no Brasil, conforme
apresentado na Tabela 3. Há também um crescimento nas importações dos vinhos
espumantes. No ano 2006 foram importados 4,48 milhões de litros de espumantes,
obtendo um total de 30,24% a mais que o ano de 2005.
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32
TABELA 3 PARTICIPAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DE VINHOS EM RELAÇÃO AOS VINHO DE VINÍFERAS COMERCIALIZADAS NO BRASIL (EM 1000 LITROS)
Ano Produto 2002 2003 2004 2005 2006 Nacional 25.439 23.211 21.864 24.843 25.085
Importado 24.184 26.799 36.070 37.495 46.371 Total Viníferas 49.623 50.010 57.934 62.338 71.456
Part. Imp/Total (%) 48,7 53,6 62,3 60.15 64,89 FONTE: Embrapa Uva e Vinho
Conforme dados da Embrapa, foram exportados em 2006, 3,41 milhões de
litros de vinho ocorrendo uma redução de 3,26%, em relação ao ano anterior,
quando as exportações haviam crescido 25,98%. Já as exportações de vinhos
espumantes são pouco representativas.
Segundo a Academia do Vinho10, a imagem internacional que está sendo
construída do vinho brasileiro, desde o início do projeto de promoção do vinho
brasileiro no exterior em 2002, tem se transformado em negócios. O primeiro
trimestre de 2007 reflete este desempenho fechando com crescimento de 120% em
relação ao mesmo período de 2006, ultrapassando os U$ 450 mil. O Brasil exportou
U$ 3,15 milhões em vinhos em 2006 sendo que as 20 empresas pertencentes ao
grupo Wines From Brazil11 foram responsáveis por mais de 50% deste total.
2.1.4 Os Apreciadores
O vinho sempre exerceu deslumbre sobre o homem desde as antigas
civilizações. Entretanto, houve um enorme interesse pelo vinho e também pela
gastronomia nas últimas décadas. Este interesse é mundial e no Brasil se apresenta
10 Disponível em: http://www.academiadovinho.com.br/moldura.php?pag=capa/mostra_noticia.php &num_not= 1078 11 Programa que prevê ações como treinamento gerencial, pesquisa e prospecção de mercado, adequação das empresas e de produtos para exportação, promoção comercial e participação em feiras internacionais, entre outras.
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33
de forma marcante, mesmo sendo um país de pouca tradição vinícola, mas com
mercado de importação em expansão.
De acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho12 o consumo
de vinho teve o ponto alto por volta dos anos 70, verificando-se um decréscimo ao
longo dos anos 80. Depois na década de 90, teve um aumento, estabilizando nos
últimos anos. O consumo de vinho é dominado pela Europa, representado por 68%,
sendo a União Européia responsável por 57% e a América representa 20% do
consumo mundial.
2.2 O VINHO NO BRASIL
A colonização italiana foi a que deu impulso à vinicultura no País. Começou
com a chegada dos imigrantes vindos de zonas vinícolas do Vêneto e do Trento, que
se estabeleceram na região norte do Rio Grande do Sul. Essa região é hoje
conhecida como Serra Gaúcha. Foram trazidas uvas viníferas européias, menos
nobres, como Barbera, Bonarda e Trebiano, que se adaptaram bem à região. Para
evitar a filoxera13, foram introduzidas variedades americanas e suas híbridas,
especialmente as uvas tintas Isabel, Bordo e Concord, e as brancas Niágara e
Condere, que forneciam vinhos comuns, mas que atendiam ao consumo doméstico.
A partir de 1900, as cantinas foram assumindo dimensões maiores, quase
industriais, na fabricação deste vinho comum. Durante muito tempo os famosos
garrafões de vinho do Rio Grande do Sul, levados as outras regiões do país por
caminhoneiros, foram o meio de popularização da produção vinícola daquelas 12 A Organização Internacional da Vinha e do Vinho é uma instituição mantida por vários países que tem como objetivo, entre outros contribuir para a harmonização internacional das práticas e normas existentes para melhorar as condições de elaboração e comercialização dos produtos vitivinícolas, bem como o interesse dos consumidores. Disponível em: http://www.oiv.int 13 praga da viticultura.Termo usado indistintamente para designar o inseto e a doença dos vinhedos.
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34
colônias italianas. Somente a partir de 1970 começaram a ser introduzidas uvas
viníferas européias nobres. O Rio Grande ainda é o maior produtor desses vinhos
tintos e brancos. O Brasil possui três pólos de produção de vinhos de qualidade; dois
estão localizados no Rio grande do Sul, na campanha e na Serra Gaúcha, cuja
atividade foi iniciada no século XIX por imigrantes italianos. O terceiro pólo está no
Nordeste, no Vale do São Francisco, próximo a Juazeiro e Petrolina.
FIGURA 11 REGIÕES VINÍCOLAS DO BRASIL
FONTE: Site do Vinho Brasileiro Segundo a Embrapa, a cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, em
2006, foi responsável por 90% da produção de vinho no País, sendo suas principais
vinícolas: Vinícola Aurora, Miolo, Salton, Lavora, Marson, Marco Luigi, Casa
Valduga, Peterlongo, Chandon e Casa de Lantier.
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FIGURA 12 VINHAS NO VALE DOS VINHEDOS, NO RIO GRANDE DO SUL
FONTE: LAROUSSE, 2004, p. 301
De acordo com a legislação que regulamenta a produção e comercialização
de vinhos no Brasil, os comuns são denominados vinhos de mesa e os vinhos
elaborados com uvas européias, nobre14.
Os vinhos que possuem gás carbônico resultante de uma segunda
fermentação alcoólica em garrafas ou grandes recipientes, com teor alcoólico em
volume, entre 10% e 13%, devem ser chamados de Espumantes. Já os resultantes
da fermentação do mostro da variedade Moscatel para a obtenção de álcool e gás
carbônico, com grau alcoólico em volume, entre 7% e 10% de Moscatel Espumante.
Em todo o mundo vinícola, a indicação de procedência geográfica significa um
vinho típico de determinada região, delimitando uma área produtora com
características regionais. Com a busca de qualidade pelas principais vinícolas
brasileiras, ganhou corpo a tese que os nomes mais representativos deveriam ser
usados para indicar a origem do vinho.
14 Vitis vinifera – vinhedo específico para produção de vinho de qualidade.
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36
2.2.1 Vitivinicultura no Paraná e principalmente em Curitiba
A vitivinicultura é um grande aliado para o turismo, aumentando alternativas
para a geração de renda na pequena propriedade rural familiar no Paraná.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio
Ambiente da Prefeitura de Colombo (2007), o Estado do Paraná, apesar de não ter
as condições ideais de solo e clima para produção de uvas finas, são cultivados no
município, anualmente, 130 hectares de videiras, produzindo aproximadamente
1.300 toneladas das variedades Terci, Isabel e Niágara, todas pertencentes ao
gênero Vitis labrusca, uma parte das quais é transformada artesanalmente em
800.000 litros de vinho.
Outro dado importante vem da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
do Estado do Paraná, que para intensificar a produção de uva na fabricação de
vinhos de qualidade na Região Metropolitana de Curitiba e no Sudoeste,
estabeleceu parceria com a instituição de pesquisa Embrapa Uva e Vinho, da cidade
de Bento Gonçalves. Esta parceria objetiva a capacitação técnica de extensão rural
da Emater-PR a produtores no Paraná.
De acordo com a Embrapa já foram capacitados 35 técnicos da Emater, e
estes multiplicaram seus conhecimentos para outros 200 técnicos. Esses 235
técnicos são responsáveis pela capacitação de 1,2 mil produtores no Paraná para
que tenham segurança na produção de uva e também na produção de vinho de
qualidade. Os recursos para capacitação são subsidiados pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA).
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37
2.2.2 O Processo de Produção
Segundo a Enciclopédia do Vinho15, o atual panorama vinícola brasileiro é
animador e, complementando esse salto qualitativo, a partir de setembro de 1995 o
Brasil passou a ser membro da OIV - Office International de la Vigne e du Vin
(Organização Internacional do Vinho), organismo que regula as normas
internacionais de produção do vinho, cujo cumprimento resulta, obrigatoriamente, em
elevação do padrão dos vinhos brasileiros.
O Brasil produz bons vinhos varietais brancos (uvas Chardonnay, Riesling,
Sauvignon Blanc, etc.) e tintos (das uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, etc.) e muitos
deles têm recebido prêmios em concursos internacionais, sendo a maioria deles
supervisionados pela OIV.
Os vinhos brasileiros estão qualificados em dois níveis de qualidade:
a) Vinho de Mesa: vinho inferior, elaborado a partir de variedades de uvas
comuns (Seyve Willard, Isabel, Concord, Herbemont, Niágara, entre outros) de
espécies americanas (Vitis rupestris, Vitis labrusca, etc.).
b) Vinho Fino de Mesa: vinho de mesa diferenciado, elaborado a partir de
variedades de uvas nobres (Merlot, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Cabernet
Sauvignon, Cabernet Franc, Chardonnay, Riesling, entre outros) da espécie
européia (Vitis vinifera).
As principais vinícolas16 do Brasil encontram-se nos estados do Rio Grande
do Sul, Bahia , Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.
A maior empresa de vinhos de mesa do Brasil é a Vinícola Campo Largo,
presente em todos os estados do Brasil. A Matriz está localizada na cidade de
15 Disponível em: http://www.e-vinho.com.br/pais.php?pais=Brasil&continente=Am%E9ricas. 16 LAROUSSE. Larousse do Vinho, pág 299. Larousse do Brasil: São Paulo. 2004
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38
Campo Largo no Estado do Paraná, sendo um centro de engarrafamento,
comercialização e distribuição do produto. Instalada em uma área de 17 mil metros
quadrados, é um dos mais modernos parques industriais Vinícola do Brasil, com
estocagem de até 5 milhões de litros.
FIGURA 13 VINÍCOLA CAMPO LARGO - MATRIZ
FONTE: Vinícola Campo Largo
Segundo a vinícola Campo Largo17, o parque de engarrafamento possibilita o
envasamento de até 37.500 garrafas/hora, o que torna a vinícola a mais moderna e
ágil da América Latina. A pasteurização do vinho, a esterilização das garrafas e o
cuidado com a higiene são marcas da vinícola Campo Largo. A produção é 100%
própria e por cinco anos a marca vinícola Campo Largo é a mais vendida nos
supermercados do sul do Brasil e a 3ª em todo o País, além de ser cinco vezes Top
of Mind no Paraná.
A competição dos vinhos importados que chegaram ao Brasil a partir de 1990,
influenciou a melhoria na qualidade do vinho nacional, principalmente na Serra
Gaúcha que inclui as regiões de Bento Gonçalves, Vale dos Vinhedos, Garibaldi e
Caxias do Sul.
17 Conteúdo disponível em http://www.vinhoscampolargo.com.br/sede.html?pag=1
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39
No Brasil, a produção de uvas apresenta uma tendência crescente, com certo
equilíbrio nos últimos dois anos. Segundo o IBGE, em 2005, foram produzidas
1.246.976 toneladas de uvas e em 2006 a produção foi de apenas 1,49% inferior ao
ano anterior, sendo produzidas 1.228.390 toneladas.
Apesar da uva apresentar em seu processamento algumas particularidades,
esta redução da quantidade produzida em 2006 não representa diminuição do
agronegócio, uma vez que a qualidade da safra gaúcha foi singular, resultando na
produção de vinhos de alta qualidade.
Analisando-se a tabela abaixo, observa-se que houve redução na produção
de uvas nos estados da Bahia 1,36%, Minas Gerais em 14,55%, São Paulo em
16,05% e Santa Catarina em 0,38%. Houve acréscimo na produção nos estados do
Rio Grande do Sul em 1,96%, no Paraná em 5,27% e em Pernambuco um aumento
de 3,28%.
TABELA 4 PRODUÇÃO DE UVAS NO BRASIL (EM TONELADAS) Ano Estados 2005 2006
Paraná 99.253 104.480 Rio Grande do Sul 611.868 623.847
Santa Catarina 47.971 47.787 Pernambuco 150.827 155.783
Bahia 90.988 89.738 Minas Gerais 14.389 12.294
São Paulo 231.680 194.461 BRASIL 1.246.976 1.228.390
FONTE: IBGE
Em 2006, 38,32% da uva produzida no Brasil, foram destinados à fabricação
de vinhos, sucos, e outros derivados, demonstrando o crescimento do mercado de
uvas para consumo in natura, conforme dados da Tabela 5:
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40
TABELA 5 PRODUÇÃO DE UVAS PARA PROCESSAMENTO E PARA MESA NO BRASIL (EM TONELADAS)
Ano Discriminação 2004 2005 2006 Processamento 624.450 550.700 470.705
Mesa 657.052 696.246 757.685 TOTAL 1.281.802 1.246.976 1.228.390
FONTE: Embrapa Uva e Vinho
2.2.3 Consumo
Segundo a OIV (Office Internacional de la Vigne e du Vin), o Brasil tem se
situado, nos últimos anos, entre os 20 maiores produtores de vinho do mundo.
A produção brasileira de vinhos evoluiu de maneira importante nas duas
últimas décadas, e o Brasil produz hoje vinhos de boa qualidade.
O consumo interno de vinhos finos cresceu 14,63% de 2005 para 2006. No
entanto, o Brasil ainda ocupa o 53º lugar em consumo no ranking mundial com 1,8
litro/habitante/ ano (RIGON, 2006).
O consumo ainda é reduzido, se forem levadas em consideração a população
e a dimensão da superfície do Brasil. Com a melhora da qualidade do vinho
nacional, nos últimos anos tem havido um grande avanço no consumo.
Os vinhos de mesa produzidos no Brasil a partir de uvas americanas e
híbridas têm conquistado seu espaço no mercado e apresentam perspectivas de
crescimento mesmo com a tendência crescente de consumo dos vinhos importados.
A maior fatia do mercado nacional, ainda, é representada pelos vinhos
importados tendo uma participação de 64,89%, conforme dados da Secretaria do
Comércio Exterior (SECEX), órgão subordinado ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Um dos motivos dessa representação é a taxa de
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41
cambio que favorece as importações e também pela preferência do consumidor
brasileiro pelo produto importado.
O mais próximo importador, é a Argentina que segundo Macneil (2003) seus
vinhos são relativamente, neutros, baratos e cortes de muitas uvas diferentes.
Variedades internacionais como chardonnay e carbenet sauvignon representam o
segmento que mais cresce na indústria de vinhos da Argentina. A principal região
vinícola é Mendonza com mais de 360 mil acres plantados com uvas, no qual produz
70% do vinho do país.
2.2.4 Perfil dos Consumidores
De acordo com Neto e Arruda (2002), no início da década de 90, a
perspectiva era de aumento do consumo de vinhos brancos, mas em 1997 foi
amplamente divulgado o benefício do vinho tinto para a saúde. Pesquisadores da
faculdade de medicina de Harvard concluíram que o consumo de 30 gramas de
álcool18, de cinco a seis vezes por semana, reduz em 79% os riscos de enfarto. Com
essa notícia, o perfil do consumidor mudou. Os brasileiros começaram a dar
preferência aos vinhos tintos. Porém, os produtores não priorizavam as videiras
viníferas tintas, encontrando-se despreparados para essa explosão do consumo.
Com isso, mesmo com uma das melhores safras do século, a produção de vinhos
finos no ano de 1999, foi insuficiente e os importados tiveram um amplo mercado no
Brasil.
O brasileiro cada vez mais se aproxima do vinho. Tanto do vinho nacional, que evolui e se torna cada vez melhor, quanto dos vinhos de todo o mundo, que se tornaram acessíveis com a abertura de nossas fronteiras. E também se torna cada vez mais exigente. Exigente na qualidade e na sua própria percepção. REAL (2003, p.34)
18 Equivalente a duas taças de vinho
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42
Das vendas de vinhos realizadas no mercado brasileiro, 95% são de tintos e
apenas 5% de brancos. A preferência reflete uma tendência da população brasileira
de achar que o vinho tinto é melhor, apesar do clima do País ser mais favorável ao
consumo de vinhos brancos e rosés.
Segundo Gleizer (2005), o mundo do vinho está sendo cada vez mais
habitado por aqueles que se rendem aos prazeres da bebida. Isso acontece não só
porque os consumidores estão ficando mais exigentes, descobrindo que esse
investimento vale a pena, mas também devido a uma mudança no perfil dos
apreciadores, que agora inclui cada vez mais mulheres e jovens.
De acordo com o GPPCOM19, houve uma pesquisa realizada em 2001 do
Datafolha sobre consumo de vinhos mostrando que 37% dos brasileiros bebem
vinho, e a idade média tem caído. Esta explosão de consumo aliada a grande
capacidade de produção de nossas vinícolas, aponta para uma necessidade de
informação sobre os melhores vinhos, dicas de preservação e outros dados
importantes para que o consumidor não fique perdido ao escolher e conservar sua
bebida.
Os resultados indicam que o consumo de vinho pode se tornar um hábito
cada vez mais comum entre os brasileiros se os importadores e produtores
nacionais conseguirem manter o jovem como apreciador.
Essa mudança de perfil tem forte fundo cultural. Com a conquista do mercado
de trabalho, os jovens agora estão interessados não só em desfrutar, mas também
em conhecer os prazeres gastronômicos. Saber escolher um bom restaurante, vinho
ou prato, é primordial tanto no meio profissional quanto no social. Já as mulheres,
que hoje são responsáveis por cerca de 10% das vendas de vinho no mercado, 19 Site Institucional e Comercial do Grupo Paulo Pimentel. Disponível em: http://www.gppcom.com.br/projetos/index.php?op=ver&id=122. Acesso em: 20 ago. 2007
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43
freqüentam cada vez mais lojas de vinhos, clubes de apreciadores e cursos e falam
com propriedade sobre o assunto.
De acordo com Gleizer (2005), outro fator que contribuiu para a difusão do
hábito de beber vinho foi a descoberta dos benefícios que uma taça da bebida pode
trazer à saúde. As propriedades antioxidantes, capazes de reduzir os riscos de
doenças cardiovasculares, têm chamado a atenção de muitos médicos e alegrando
aqueles que não abrem mão de uma taça durante as refeições ou no final do dia.
Cardiologistas recomendam o consumo de até duas taças de vinho por dia, de
preferência junto às refeições, para auxiliar o transporte do colesterol e combater a
aterosclerose20.
Esse aumento do interesse pela bebida motiva a busca de novos sabores,
produtores e origens, levando os brasileiros a procurarem também os vinhos
importados.
Segundo Ronaldo Bohnsteigel, Sommelier21 do Restaurante Durski22, em
Curitiba, a quantidade de pontos de comércio de vinhos está aumentando, assim
como a melhoria da estruturação das lojas existentes, o que está gerando um
aumento das vendas de vinho, além da procura do público sobre conhecimento de
vinhos.
A melhora de vinhos dos restaurantes é uma referência de que o interesse
pelo vinho está cada vez maior. Também há uma crescente procura sobre
palestras23, cursos24, programas25, que abordam a importância dos benefícios à
saúde proveniente do consumo moderado de vinho.
20 Doença inflamatória crônica na qual ocorre a formação de ateromas dentro dos vasos sanguíneos. 21 Profissional especializado conhecedor de vinhos e todos os assuntos relacionados ao serviço deste 22 Disponível em http://www.durski.com.br/servev?id=sommelier4.html 23 Palestras da Embrapa Uva Vinho na Expointer 2007 24 Cursos sobre gastronomia e vinhos em 2007, disponível em http://www.vevebraganca.com/cursos.htm.
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44
2.3 A MÍDIA E A ENOGASTRONOMIA
2.3.1 Aspectos gerais
O vinho passou a exercer uma influência grande na vida das pessoas. Vindos
das mais variadas procedências, inclusive de regiões produtoras ainda
desconhecidas, era preciso saber escolher, ler rótulos, e descobrir onde estavam os
bons produtores de vinhos.
Com isso a mídia, através do rádio, jornais, revistas e televisão começou a
explorar de forma mercadológica essas informações. Logo surgiram os cursos de
vinho por associações de enófilos26 como a Sociedade Brasileira de Amigos do
Vinho (SBAV)27 de São Paulo, fundada em 1980, formada por dezoito pessoas que
se reuniram com a intenção de agrupar apreciadores de vinho que quisessem
aprender e aprofundar seus conhecimentos sobre o vinho, além de difundi-lo.
Mantendo seus objetivos originais, a que se somaram muitos sócios e diversas
atividades, a SBAV oferece atualmente:
• Espaço para aqueles que queiram iniciar ou aprofundar seus
conhecimentos sobre vinho em cursos básicos e avançados;
• Degustações específicas, por região ou por tipo de vinho;
• Novos lançamentos no mercado brasileiro, apresentados por
importadores e produtores nacionais e estrangeiros, que comentam as
regiões e a produção dos vinhos que representam, além de analisarem
seus produtos com os participantes; 25 Programa “Vinho & Algo Mais" da Varig-TV 26 Estudantes de vinhos (ou amantes). Aquele que se dedica profissionalmente ou por prazer a estudar o maravilhoso mundo dos vinhos 27 Disponível em: http://www.sbav-sp.com.br/
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45
• Viagens à regiões vinícolas.
• Apresentações periódicas de vinhos que, no momento, são os best-
buys (representando a melhor relação custo-benefício de produtos
encontrados com facilidade junto aos fornecedores locais);
• Compatibilização entre determinados pratos e vinhos;
• Noites especiais, algumas vezes por ano, em que ao vinho e à comida
junta-se a boa música, com apresentações de grupos e solistas de
música lírica, de câmera e de jazz;
• Participação em feiras e salões ligados ao vinho e à gastronomia
Também surgiu a Associação Brasileira de Sommeliers (ABS)28, uma
entidade sem fins lucrativos, fundada no Rio de Janeiro em 1983, que tem como
objetivo a divulgação do vinho e a propagação de conhecimentos sobre o assunto,
através de cursos regulares abertos a profissionais e amadores.
Membro da Association de la Sommellerie Internationale (ASI), com sede em
Milão, a ABS tem participado de todos os concursos mundiais da categoria desde
1986. E em 1992 conseguiu um feito inédito: trouxe o concurso para o Rio de
Janeiro, reunindo, pela primeira vez fora da Europa, dezenas dos melhores
profissionais do serviço de vinhos do mundo. Hoje a Associação Brasileira de
Sommeliers é reconhecida internacionalmente e graças à atuação de suas duas
seccionais - Rio de Janeiro e São Paulo - serve como referência no plano nacional,
quando o assunto é vinho.
A gastronomia possivelmente foi um fator que impulsionou o interesse em
conhecer mais sobre a história e sobre o paladar do vinho. Saber a combinação
28 Disponível em: http://www.sbav-sp.com.br/
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46
perfeita entre comida e bebida, demonstrando que existem maneiras diferentes de
abordar o assunto.
FIGURA 14 VALORIZAÇÃO DO VINHO NA GASTRONOMIA
FONTE: LAROUSSE, 2004, p. 40 De acordo com a Agência de Promoções de Exportações e Investimentos –
APEX (2007), o Brasil tem sido freqüentemente citado na mídia internacional
especializada nesta bebida como um País em constante descoberta.
O vinho também está presente na gastronomia, sendo comum o seu emprego
para ressaltar o sabor de pratos ou para proporcionar aromas aos molhos.
A revista Vinho Magazine é especializada, com caráter jornalístico e
independente. Através da Editora Market Press possui 5200 assinantes fixos ativos
em 2007. Possui um caderno chamado “Vivavinho” que representa um guia de
vinhos. Sua veiculação é nacional, porém sua maior divulgação está no Estado de
São Paulo. Atua há mais de 10 anos no mercado editorial brasileiro de alta
gastronomia e enologia, cada vez mais segmentado, sofisticado e abrangente. Com
um crescente número de aficionados por vinhos finos, associações, clubes de
degustação, e estratégias de marketing sendo redimensionadas em função da nova
demanda, se destaca como a publicação líder de segmento há mais de uma década,
direcionada ao setor, com temas que vão de dicas sobre enologia até degustações
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47
específicas com recomendações de compras, enogastronomia (vinho e comida),
sugestões de compra por faixas de preço, viagens de turismo para apreciadores de
vinhos e muito mais, que o incrível e fascinante mundo do vinho possibilita.
FIGURA 15 CAPA DA REVISTA VINHO MAGAZINE – EDIÇÃO 71
FONTE: Revista Vinho Magazine
Seu público alvo é formado por homens, em maioria, e mulheres entre 30 e
55 anos, profissionais liberais ou empresários e executivos de alto poder aquisitivo e
disponibilidade para usufruir dos prazeres da vida e por pessoas com ampla cultura
geral e larga possibilidade de consumo.
A revista Vinho Magazine possui:
• Tiragem de 25.000 exemplares
• Periodicidade de nove edições anuais
• Distribuição nacional, em bancas e livrarias
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48
A revista que também tem credibilidade na área de vinhos é a Revista Gula,
considerada a mais prestigiada revista de vinhos e gastronomia do Brasil. Fundada
em 1992, tendo uma publicação mensal pela Editora Peixes, sediada em São Paulo,
é especializada em gastronomia e culinária que além de ter circulação nacional
ainda é vendida em Portugal. Sempre traz novidades e informações sobre vinhos,
restaurantes e receitas, além de vários outros serviços relacionados.
FIGURA 16 EDIÇÃO EXTRA DA REVISTA GULA – GUIA DE VINHOS 2007
FONTE: Revista Gula
Um programa que veicula assuntos referentes ao Vinho é o “Câmera 2” de
Porto Alegre, transmitido pela TV Pampa. Criado durante um período em que a
televisão gaúcha não costumava disponibilizar horários à noite para a programação
local, o Câmera 2 começou, exclusivamente, como um programa de entrevistas. Ao
longo dos 17 anos, diversas mudanças ocorreram, abrindo espaço para a opinião.
“O Câmera 2 é um programa jornalístico com um toque de lazer. Fala dos assuntos
mais diversificados: da poesia, do vinho ao marketing”, sintetiza o apresentador
Clóvis Duarte.
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A Revista “Vinho e Cultura”, de cunho jornalístico que apresenta em cada
edição uma região vitivinícola diferente com tudo que ela oferece em termos de
turismo, gastronomia cultura e principalmente vinhos. Oferece uma série de
atividades relacionadas ao mundo do vinho, tais como organização de eventos,
palestras, degustações de vinhos, apresentações eno-gastronômicas e gestão de
clube de vinho. Esta revista é ideal para o patrocinador que queira fazer marketing
de relacionamento com seus clientes especiais através da cultura do vinho,
recebendo 1.000 exemplares da revista para tal finalidade. Outros 4.000 exemplares
são distribuídos de forma seletiva a um público classe A, por mala direta ou em
locais credenciados, de forma gratuita. Os exemplares não possuem periodicidade
fixa, e os pedidos podem ser feitos através do site da revista virtual.
Ainda na televisão a maior contribuição vem do programa “Reserva Especial”,
apresentado pelo jornalista Renato Machado no canal por assinatura GNT. Esse
programa é gravado normalmente nas próprias vinícolas, sendo que já foi mostrado
ao telespectador, algumas das mais importantes regiões produtoras.
Outro programa, transmitido através da Globosat – Grupo GNT, é o “Menu
Confiança” comandado pelo chef francês Claude Troisgros e pelo jornalista (e expert
em vinhos) Renato Machado, que traz a combinação perfeita entre vinhos e alta
gastronomia. Claude resgata a tradição de sua família de chefs (pai e avô), seus
tempos na Borgonha e as origens dos alimentos no preparo de um cardápio
exclusivo; enquanto Renato desvenda o universo dos vinhos, com seus produtores,
regiões e hábitos, em busca da harmonização perfeita. As transmissões são
definidas pela emissora com horários alternados:: segundas às 22h00, quartas às
18h00, quintas às 12h00, sextas às 07h00 e domingos às 15h0029.
29 Disponível em: http://globosat.globo.com/gnt/programas/programa.asp?gid=446
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50
2.3.2 O mundo do vinho no rádio
O vinho vêm assumindo um papel interessante na vida do brasileiro. Apesar
do consumo de vinho no Brasil ainda ser muito limitado – cerca de 1,8 litros por
habitante/ano, comparado a outros países, sobretudo europeus. No Brasil, a cultura
de cada restaurante possuir seu próprio sommelier está cada vez mais difundida. Em
Curitiba alguns restaurantes como o Durski, Boulevard e Bar do Vitor já possuem
sommeliers fixos à disposição dos clientes. De olho neste mercado, instituições
como o Centro Europeu possuem curso de sommeliers.
Falta ainda um programa de rádio que apresente informações mais
detalhadas quanto ao mundo do vinho no Estado do Paraná.
O Estado de São Paulo saiu na frente com um programa na Rádio
Bandeirantes, há 3 anos, intitulado Mundo do Vinho, coordenado e apresentado por
Ciro Lilla. O programa pode ser ouvido direto do site da Rádio Bandeirantes. Ciro
Lilla ,com mais de 35 anos dedicados ao estudo do vinho, apresenta o programa de
forma clara, os principais assuntos relacionados à bebida, buscando descomplicar
os mitos que a envolvem. Ele também comanda o programa Mundo do Vinho, na TV
Bandeirantes. Com duração de 1 minuto, e apresentado às segundas, quartas e
sextas-feiras, no intervalo do Jornal da Noite, ele ensina noções gerais sobre a
bebida, numa linguagem simples e didática.
Na Rádio CBN, pertencente à Globo, o Jornalista Renato Machado faz
comentários sobre o mundo do vinho de aproximadamente 3 minutos às 13 horas e
55 minutos. O programa pode ser ouvido no site da Rádio CBN. Ele também
apresenta o programa de TV, “Menu Confiança”, com Claude Troisgros, na GNT,
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citado no capitulo 2.3.1. Também na CBN há um comentário diário "Falando de
Vinhos", com Luis Groff, de Curitiba.
Na rádio Eldorado há o programa de rádio “Adega Musical” (FM 92,9), aos
sábados, às 13h, apresentado por Manoel Beato, um dos maiores sommeliers
brasileiros e conhecedor da boa música. Além de falar sobre vinhos, Beato
apresenta músicas (com ênfase em jazz e MPB).
Outro exemplo é a empresa ART DES CAVE, focada no mundo do vinho
contribui com anúncios para divulgar o lançamento de suas adegas. A empresa faz
propagandas com o desafio de difundir a arte de saborear um bom vinho por meio
da comercialização de seus produtos. Utiliza o rádio como meio de divulgação
patrocinando programas e eventos a respeito do vinho.
2.4 PROBLEMATIZAÇÃO
O fato de o vinho não ser regularmente abordado no rádio não é
surpreendente, afinal não é o único tema sério que não está na grade da
radiodifusão. E sendo o vinho um tema eminentemente cultural, parece ser lógico
que não seja em nenhuma ocasião debatido.
Ao estudar a história do vinho, suas peculiaridades internacionais, nacionais,
curiosidades, as diversas formas de interação entre a enologia e a sociedade
brasileira, percebe-se um rico material jornalístico a ser explorado tanto de forma
cultural a comercial. Neste sentido, buscamos perceber em até que ponto um
programa de rádio ligado ao mundo do vinho pode contribuir para a programação
radiojornalistica. Neste sentido, surge a problemática que norteia este projeto: Existe
mercado potencial para um programa de radiodifusão com peculiaridade sobre o
vinho em Curitiba?
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3. JUSTIFICATIVA
O Brasil conta hoje com uma cadeia produtiva da uva e do vinho estruturada e
organizada numa linha de integração vertical. A produção nacional de uva e vinho
está concentrada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e vale do Rio
São Francisco. Os vinhos brasileiros merecem destaque na exportação mundial,
competindo com mercados portugueses, espanhóis, e os líderes no seguimento.
Nas últimas décadas tem-se verificado profundas alterações estruturais na
viticultura brasileira, o que permitiu grandes evoluções tecnológicas em relação à
exigência do mercado nacional e internacional. O que se percebe é que a melhoria
da qualidade dos produtos derivados de uva (suco e vinho) é cada vez mais
importante no processo de expansão deste mercado. Apesar de todo este aparato
comercial de produção, consumo e exportação, o apreciador do bom vinho ainda
não conta com um acervo de informações sobre o vinho, sendo a única opção,
publicações desatualizadas e algumas caras, que custa em torno de R$ 180,00 (no
caso do livro A Bíblia do Vinho de Karen Macneil).
Curitiba tem se destacado no mundo do vinho, através do engarrafamento
oriundo da região do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Nordeste. Essa posição
proporciona à capital do Paraná, destaque que se reflete nos restaurantes que
passaram a se preocupar com a carta de vinhos na busca de satisfazer um
consumidor cada vez mais exigente.
As principais confrarias são Cavalheiros da Ordem do Bebedouro, do Status,
In Vino Veritas e Sociedade dos Amigos do Vinho do Graciosa Country Club, que se
ocupam em promover o vinho, com depoimentos, cursos, e provas de vinhos,
contudo o número de adeptos ainda é pequeno.
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Em Curitiba e na Região Metropolitana encontram-se várias vinícolas,
importantes, tanto na produção como no engarrafamento, por exemplo: a vinícola
Durigan, Campo Largo, Dalarmi entre outras vinícolas pequenas de Colombo.
Conforme foi apresentado, Curitiba é um ambiente favorável à
comercialização e divulgação de informações que contemplem o mundo do vinho.
O rádio é um meio de comunicação que tem o poder de estar presente em
qualquer lugar, no qual as informações alcançam um grande número de pessoas de
diversas áreas da sociedade.
É também um meio de comunicação relativamente barato, e desta forma
democrático. Pelo rádio adquiri-se conhecimento, informações, inovações,
lançamento de novos produtos, e toda uma potencialidade de atualização quanto às
tendências mundiais.
Compreendendo a necessidade de possibilitar conhecimento a respeito do
vinho, este estudo pretende apresentar um projeto de relevância social e em um
programa radiofônico, apresentar o mundo do vinho jornalisticamente. Um programa
que não seja movido apenas pela questão comercial ou publicitária, mais sim a
historicidade e aspectos relativos ao vinho, desde o plantio, escolha do solo,
vindima30, produção, envelhecimento, engarrafamento, e mercado consumidor.
Estas informações contribuem em termos econômicos, pois existe toda uma cadeia
de valor que se movimenta ao redor do vinho. O vinho hoje ocupa um lugar de
destaque que vai desde a apreciação de seu sabor aos benefícios à saúde. Desta
forma um programa que apresente questões históricas, peculiaridades, a logística de
distribuição, os vinhos brasileiros no âmbito exportador, deixando de ser apenas um
documentário passando para um patamar de cunho social.
30 Colheita / apanha da uva. Num sentido mais lato a vindima engloba o período entre a colheita das uvas e o inicio da produção do vinho
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O programa proposto será direcionado ao público que aprecia o vinho e seus
atributos, formado por enólogos, consumidores, sommeliers, proprietários de
restaurantes e o público em geral.
Em termos comerciais, o programa busca divulgar a cadeia produtiva do vinho
em Curitiba, os restaurantes com as melhores cartas de vinho e divulgação de
cursos ligados à formação de profissionais.
O programa terá um estilo moderno, e arrojado, voltado para ouvintes que
buscam no mundo do vinho uma forma de atualização cultural e social.
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4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o potencial do mundo do vinho como tema principal para um programa
radiofônico voltado para o público em geral.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos do projeto são destacados a seguir:
• Estudar a história do vinho, suas peculiaridades internacionais, nacionais,
curiosidades, preparação, benefícios à saúde, exportação, e qualidade;
• Pesquisar as diversas formas de interação entre a enologia e a sociedade
brasileira;
• Investigar a profissão de Enólogo no Brasil e as principais entidades
formadoras;
• Analisar a legislação brasileira quanto a divulgação do vinho em rádios;
• Identificar e catalogar as vinícolas existentes em Curitiba e sua relação com o
âmbito cultural, social e econômico da cidade;
• Buscar informações atualizadas sobre a indústria vinícola brasileira, e sua
relação econômica com a cidade de Curitiba.
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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Com o objetivo de desenvolver um programa de divulgação radiofônica tendo
como âncora as peculiaridades do vinho, este projeto contará com referenciais
teóricos que identifiquem o rádio como um meio de informação que intervém na
construção da realidade (MEDITISHC, 2001, p.276).
O projeto também abordará o rádio como meio de democratização da
informação, buscando apontar a influência do rádio na sociedade.
Nos próximos tópicos será apresentada a fundamentação teórica que norteia o
projeto, levando em consideração as características do radiojornalismo, bem como
sua função social e democrática na transmissão da informação.
5.1 A INFLUÊNCIA DO RÁDIO
Beltrão (1992) define que a essência do jornalismo existe a partir do público,
para o público e pelo público. Neste sentido o jornalismo também pode ser
percebido como reflexo das exigências sócio-culturais crescentes, manifestadas nas
operações mercantis e financeiras que movimentavam as cidades. A necessidade da
circulação mais rápida das idéias e dos inventos tornaram a reprodução do
conhecimento um fator político significativo.
O rádio propõe um reforço à estrutura de comunicação e uma democratização
do acesso aos veículos e à informação através da simplicidade, instantaneidade,
proximidade e baixo custo, que fazem dele uma das principais vias de acesso ao
receptor (ouvinte), possibilitando abrangência das mais diversas classes sociais.
Segundo McLuhan (1996, p.337), o rádio afeta as pessoas como que
pessoalmente, oferecendo um mundo de comunicação não expressa entre o
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escritor-locutor e o ouvinte. Este é o aspecto mais imediato do rádio, uma
experiência particular.
As notícias e as informações servem para enfatizar o poder do rádio de
envolver as pessoas umas com as outras. Através da sua linguagem, o rádio afeta
as pessoas, agita as consciências, chama a atenção para as necessidades de reter
as linhas principais da quantidade de informação que circula. Neste sentido, o rádio
possui uma capacidade de invisibilidade, diferentemente de qualquer outro meio. As
informações que chegam pelo rádio manifestam-se de forma particular de pessoa
para pessoa (MCLHUAN, 1996, p.339).
Por meio de programas de rádio é possível trabalhar o campo das
experiências do receptor e as estratégias de recepção, relata Barbeiro (2001, p.
247).
Cury (2007) apresenta que contrariando as previsões do fim a supremacia e
do poder das ondas sonoras transmitidas eletromagnéticamente, principalmente a
partir do advento da televisão nos anos cinqüenta, o rádio desempenha
gloriosamente o seu destino e a sua vocação real, mantendo até os dias de hoje a
soberania entre os meios de comunicação de massa.
As pesquisas apontam que das cinco da manhã até as sete da noite, o rádio predomina na preferência do público, seja nas grandes metrópoles, por razões próprias, entre os quais a formação de constantes congestionamentos causados pelo caos no trânsito, ou seja, nas cidades menores pelas suas, aonde invariavelmente é o único veiculo de comunicação de massa (CURY, 2007).
Meditisch (2001, p. 276) considera o rádio informativo e o descreve como
“ator social que intervém na construção da realidade”. Com isto, a influência do rádio
para o autor é mediada não apenas pelo filtro de cada receptor, mas também pela
segmentação da audiência.
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Barbeiro (2001) também faz uma observação quanto a segmentação da
audiência: o público sintoniza as emissoras que já conhece e não adianta impor uma
programação. A fidelidade, de acordo com o seu pensamento, está na identificação
do ouvinte com a programação oferecida pela emissora.
5.2 CARACTERÍSTICAS DO RÁDIO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO
Conforme Beltrão (1992, p. 112-113), o rádio pode ser descrito a partir de três
características básicas: Instantaneidade, Proximidade e Baixo Custo.
a) Instantaneidade: As notícias podem ser transmitidas no instante em que
ocorrem. Por isso, o imediatismo e a instantaneidade são as características
básicas do radiojornalismo.
b) Proximidade: A rádio é um veículo de alcance universal, que pode levar a sua
mensagem a qualquer parte do globo, no mesmo instante unindo populações
antípodas - o rádio entretanto é de natureza eminentemente regional, quanto
à sua principal audiência.
c) Baixo Custo: Entre os meios de comunicação de massa, a rádio é o mais
popular e o de maior alcance público, constituíndo-se, muitas vezes, no único
a levar a informação para populações de vastas regiões que ainda hoje não
têm acesso a outros meios, seja por motivos geográficos, econômicos ou
culturais .
O rádio se populariza como meio de comunicação no Brasil a partir de um
modelo comercial. O seu desenvolvimento tecnológico e sua programação é
impulsionado dentro deste modelo. De alta competição, o setor de empresas
comerciais de radiodifusão reflete com rapidez as mudanças tecnológicas que
podem se transformar em vantagens competitivas ou ameaças à área de negócios.
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O acelerado desenvolvimento tecnológico tem alterado o perfil da radiodifusão em
anos recentes, incidindo sobre a produção das emissoras e suas programações.
Disputando o mercado com outras mídias que transmitem informações e
entretenimento, as emissoras de rádio buscam manter e conquistar audiências,
como forma de captar novos anunciantes.
O rádio viveu três momentos cruciais: a sua invenção e propagação pelo
mundo, o advento da televisão e o desenvolvimento da internet. Nestas
circunstâncias históricas desses acontecimentos sofreu modificações profundas até
chegar ao que é hoje em sua contribuição para a difusão de notícias e do
entretenimento. (BARBEIRO; LIMA, 2002)
O Rádio perdeu a centralidade, mas ganhou em penetrabilidade e
flexibilidade, adaptando modalidades e temas ao ritmo da vida cotidiana das
pessoas. (CASTELLS, 2000).
Segundo a wikipédia (2007), no rádio, a intenção do todo que organiza os
diversos níveis do discurso na programação num único contexto comunicativo é a
adoção de um formato. O acirramento da concorrência entre as emissoras
reorganizou o sistema produtivo de forma que as programações voltadas para
públicos heterogêneos entraram em decadência, perdendo público para emissoras
que centraram sua atenção na segmentação da programação para atender a gostos
específicos de determinados públicos.
Esta prática refere-se a um critério de abordagem dos ouvintes, levando-se
em conta sua heterogeneidade e adequando a publicidade conforme o público
específico que se visualiza para a emissora. A segmentação pode dirigir-se a um
programa ou ao todo da programação da emissora.
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O rádio ainda é o veículo de comunicação de massas mais popular no Brasil,
apesar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, elaborada pelo
IBGE em 2001 registrar que, nacionalmente, o percentual de moradias com
aparelhos de televisão (89%) tenha ultrapassado o de lares com rádio (88%), com
diferenças entre as regiões31 . O Sudeste (92,3%) e o Sul (93,4%) apresentam um
percentual bem mais alto do que o nacional. O percentual de posse de aparelhos
receptores e o crescimento dos índices de audiência indicam que a penetração do
veículo se mantém alta. Além disso, a pesquisa do IBGE não registra os aparelhos
de recepção de rádio de veículos automotores.
É marcante a presença de aparelhos de rádio nos lares brasileiros
espalhados por todo o País e o seu crescimento nos últimos anos, mesmo quando o
veículo perdeu espaço para a TV na destinação de recursos publicitários.
5.3 O RÁDIOJORNALISMO
A principal característica que acompanhou o rádio desde seu invento até sua
evolução está sem dúvida na sua capacidade de abrangência. O rádio atinge
populações geograficamente distantes e também pode ser alternativa de
comunicação para os analfabetos, e cegos.
Diante deste novo quadro onde o rádio ganha um posicionamento de alcance
democrático, vale acrescentar Bahia (1990, p.67), que descreve o jornalismo, que
além de difundir informação, deve promover o bem comum e estimular a troca de
idéias, pois é seu “dever mostrar a realidade por trás da aparência”. Pela grande
difusão da comunicação, as matérias jornalísticas constituem-se muitas vezes na
única fonte de conhecimento para a grande massa, o que aumenta a 31 No Sul, o percentual de lares com rádio (93,4%) é superior ao de residências com TV (92,3%)
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61
responsabilidade do jornalista. A sociedade necessita de um fazer dotado do que se
pode chamar de intencionalidade pragmática, tendo o texto jornalístico especializado
a função de criação/transmissão de conhecimento.
Com o advento da sociedade da informação, o sistema, os meios de
propagação das notícias cada vez mais eficientes, geram uma capacidade de
absorção de informações disponíveis infinitamente inferior, ou seja, a análise, a
crítica, até mesmo a compreensão, tornam-se descompassadas em relação à
proliferação da informação a que somos submetidos. Esta dificuldade de assimilação
das mensagens compromete tanto o receptor quanto os próprios profissionais que
lidam com este sistema informacional (ABIAHY, 2000, p.9).
A linguagem do rádio é oral e auditiva, por isso a sua larga abrangência,
chegando a sociedades que convivem com a oralidade primária ou com as que
estão em estágio mais adiantado de conhecimento (CUNHA, 2001, p. 65).
Partindo do conceito que rádio é a extensão da voz de um lado e do ouvido
de outro, cabe-lhe a função básica de ser transmissor de informação de efetivo de
interesse público, instrumento indispensável para o exercício da plena cidadania,
através do restabelecimento de sai dignidade econômica necessária para manter a
sua realização. (CURY, 2007)
O jornal radiofônico é um elemento especializado, não podendo ser
comparado ao jornal impresso ou ao jornal televisivo,“[...]ele não vai pronto ao
estúdio. É um jornal aberto, não se limita à divulgação dos fatos ocorridos”
(BARBEIRO,2002, pág 12), construindo uma ponte imediata que anula as distâncias
entre os jornalistas e ouvintes.
Outra questão a ser assinalada é que a palavra chave nas decisões
jornalísticas sob enfoque de mercado é a audiência, Neste sentido, a decisão
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jornalística têm como pressupostos a segmentação e diferenciação em relação aos
concorrentes.
5.4 JORNALISMO ESPECIALIZADO
A população vem sendo dividida por grupos de mercados, a partir de
interesses pessoais traçando assim perfis de sociedade. As escolhas são individuais
e a informação passou a ser mais específica e dirigida aos públicos singulares.
À medida que as especializações se tornam crescentes em quase todas as
áreas do conhecimento, o jornalismo começa a evocar também para si as
especializações. Mediante esta realidade, nas últimas décadas, despontou o termo
jornalismo especializado e as suas subdivisões como jornalismo econômico,
jornalismo científico, jornalismo político e outros, compondo-se, inclusive, como
disciplinas nos cursos de graduação e, em alguns casos, nos cursos de pós-
graduação (FERREIRA, 2002).
É neste novo contexto social que o jornalismo especializado tem se
desenvolvido, buscando na segmentação do mercado uma estratégia de atingir os
grupos que se encontram tão dissociados entre si (ABIAHY, 2000, p.5).
Assim, não é possível se falar em um jornalismo especializado, mas sim de
jornalismos que vão cobrir áreas especializadas. Nesta concepção, informar significa
passar ao leitor o maior número de dados quantitativos e qualitativos para que ele
possa reconstruir a realidade de um fato (FERREIRA, 2002, p.6).
Baseado neste conceito que o Projeto “Mundo Vino” buscou no jornalismo
especializado bases teóricas para sua fundamentação.
A linguagem jornalística prima por ser direta, informativa e rica em detalhes
relevantes. No entanto, o texto jornalístico é muito mais que o simples lead, sub-
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lead, desenvolvimento e conclusão - as formas tradicionais de se fazer um texto
jornalístico, envolvendo as famosas pirâmides invertidas e normais. Ele, também,
pode ser carregado de elegância e estilo próprios do jornalista, mas que vão garantir
a linguagem jornalística básica e responder não importa se no primeiro parágrafo ou
no decorrer do texto as questões básicas da informação: o que?, quem?, quando?,
onde?, como?, e por que? (FERREIRA, 2002, p. 8).
O desenvolvimento do jornalismo especializado está relacionado a essa
lógica econômica que busca a segmentação do mercado como uma estratégia de
atingir os grupos que se encontram tão dissociados entre si. Muito além de ser uma
ferramenta mais eficaz de lucro para os conglomerados midiáticos, o jornalismo
especializado é uma resposta a essa demanda por informações direcionadas que
caracteriza a formação das audiências específicas.
Nestes tempos de desintegração das ideologias e da ruptura com um projeto
de modernidade que pregava a unidade, o jornalismo especializado demonstra uma
mudança dos paradigmas informacionais. Na medida em que diferenças e
divergências afrouxaram os laços da coletividade, os indivíduos foram se fechando
em seus interesses particulares e consta-se hoje o quanto a comunidade encontra-
se dividida em nichos mais diversos.
O papel do jornalismo especializados seria o de orientar o indivíduo que se
encontra perdido em meio à proliferação de informações das mais variadas fontes,
ou seria ele um exemplo, justamente um reflexo desta proliferação? As publicações
especializadas servem como um termômetro da gama de interesses das mais
diversas áreas, expõem, então, o nível de dissociação entre os componentes da
sociedade da informação. Mas por outro lado, pode-se considerar que as produções
segmentadas são uma resposta para determinados grupos que buscavam,
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anteriormente, uma linguagem e/ou uma temática apropriada ao interesse e/ou
contexto. Esses grupos agora encontram publicações ou programas segmentados
com o qual possam se identificar mais facilmente. Neste caso, o papel de coesão
social no jornalismo especializado passa a cumprir a função de agregar indivíduos
de acordo com suas afinidades ao invés de tentar nivelar a sociedade em torno de
um padrão médio de interesses que jamais atenderia à especificidade de cada
grupo. Os produtos culturais passam a organizar-se segundo a ótica da
diferenciação, portanto, a produção informativa que atinge audiências segmentadas
e as publicações especializadas faz parte do contexto de desmassificação e de
personalização. (ABIAHY, 2000, p.6)
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6. MÉTODOS E TÉCNICAS
Faz parte do projeto “Mundo Vino” uma pesquisa de campo a fim de identificar
o perfil dos consumidores de vinho da cidade de Curitiba.
O presente estudo conta ainda com pesquisas bibliográficas quanto aos
diversos temas que compõe este projeto como história do vinho, a mídia e a
Enogastronomia, o Vinho no Paraná e principalmente em Curitiba, e diversos artigos
que debatem sobre o assunto vinho e sua associação direta com comunicação, no
caso o rádio. Para complementar o projeto também é apresentado estudos quanto
ao rádio como meio de comunicação, bem como radiojornalismo e jornalismo
especializado.
6.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A presente pesquisa está embasada no disposto por Vergara (1998) que
propõe dois critérios básicos para uma pesquisa: quanto aos fins e quanto aos
meios. Quanto aos fins para o autor, a pesquisa pode ser: exploratória, descritiva,
explicativa, metodológica, aplicada ou intervencionista.
Neste sentido a pesquisa caracteriza-se exploratória e descritiva.
Exploratória tendo em vista a necessidade de uma pesquisa mais detalhada quanto
ao projeto proposto “Mundo Vino”, uma proposta nova para a cidade. É também
descritiva uma vez que o objeto analisado expõe características determinadas.
Conforme Gil (1996, p.46) as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno
ou então, o estabelecimento de relações variáveis.
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Dando continuidade a Vergara (1998) quanto aos meios a pesquisa pode ser
pesquisa de campo, telematizada, documental, bibliográfica, experimental, ex post
facto, participante e pesquisa ação.
Neste sentido a pesquisa caracteriza-se como de campo, uma fez que foi
realizada sob os moldes de estudo de mercado.
Tal modelo de pesquisa foi adotado porque de acordo com Vergara (1998),
esta corresponde a uma investigação empírica realizada no local onde irá ocorrer o
fenômeno. Para Vergara (1998, p.45) pesquisa de campo é a investigação empírica
realizada onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para
explicá-lo. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionário, testes e observação
participante ou não.
6.2 POPULAÇÃO
Para identificar o número ideal de amostragem para a pesquisa, foi utilizado
a afirmação de Triola (1999) ao explanar que “a estatística é uma coleção de
métodos para planejar experimentos, obter dados e organizá-los, resumi-los,
analisá-los e deles extrair conclusões”. Através da estatística será possível obter
uma aproximação da média populacional por um valor único e um intervalo de
confiança, e assim indicando o tamanho da amostra necessária para estimar uma
média populacional para a pesquisa.
A população analisada consiste em consumidores de vinho, freqüentadores
de adegas, comerciantes de vinhos, radialistas e a população em geral da Cidade de
Curitiba.
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TABELA 6 CURITIBA – DADOS DEMOGRÁFICOS DE CURITIBA
População Total 1.808.969 habitantes habitantes (100% urbana; 52,07% homens e 47,93% mulheres
População Estimada para 2008 2.459.818 habitantes Densidade Demográfica 4.111,9 habitantes por km² IDH-M Renda 0,846 IDH-M Longevidade 0,846 Taxa de ALFABETIZAÇÃO 96,63% Renda Per Capta (2000) R$ 6198,20
FONTE: Prefeitura municipal de Curitiba
Desta forma:
Fórmula n=Z2.p.q.N
e.(N-1)+Z2 .p.q
Onde:
N=Número de Amostra
Z= Nível de Confiança
e= Erro Amostral
p= Proporção de Favoráveis
q= Proporção de Desfavoráveis, onde q=1 – p
N = Número de Elementos da População
Utilizamos como variável “N” o número total de habitantes da cidade e o
resultado foi o seguinte:
N = (1,96)2 . (0,5).(0,5). 1.808.969
(0,5)2.( 1.808.969 -1) + (1,96)2.(0,5).(0,50)
N = 384 indivíduos a serem entrevistados
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6.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA
O Instrumento de pesquisa no qual será utilizado consiste em um questionário
elaborado para a população de Curitiba, dentre esses: consumidores de vinho,
freqüentadores de adegas, pontos de venda de vinho, etc., com os seguintes
questionamentos:
• Para avaliar o consumo de vinhos:
1) Qual a sua freqüência de consumo de vinho?
( ) Não consumo vinho;
( ) Diário
( ) A cada 15 dias;
( ) Mais de 15 dias;
• Quanto à aceitação do mercado alvo:
2) Você gostaria de escutar um programa de rádio que abordasse sobre
vinhos: ( ) Sim ( ) Não
• Quanto ao melhor horário do programa:
3) Qual o horário deste programa?
( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
• Quanto ao tempo de duração do programa:
4) Qual o tempo que este programa deve ter?
( ) 5 minutos ( ) 10 Minutos ( ) 15 Minutos
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• Quanto à periodicidade do programa:
5) O programa deve ser?
( ) Diário ( ) Semanal ( ) Quinzenal ( ) Mensal
• Quanto à emissora:
6) Qual dessas emissoras o programa deve ser exibido?
( ) Rádio Ouro Verde ( ) Transamérica Light ( ) Rádio Banda B
• Quanto aos Concorrentes:
7) Você conhece algum programa sobre o tema vinhos? Qual?
( ) Sim____________________ ( ) Não
• Quanto ao Conteúdo da Programação:
8) Quais as informações que este programa deve levar aos ouvintes?
( ) Como é fabricado o vinho;
( ) Onde estão os melhores vinhos;
( ) Quanto custa um bom vinho;
( ) Curiosidades do vinho;
( ) Vinhos na culinária;
( ) Todas as alternativas.
6.4 COLETA DE DADOS
O período da aplicação dos testes compreendeu 10 dias consecutivos,
através de pesquisa direta junto ao público alvo.
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6.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para a análise dos dados obtidos pela amostra da população que consome ou
não vinho ou que aprecia ou não a enologia, foi utilizada a análise descritiva, que
consiste em sintetizar os dados permitindo uma visão global dos valores adquiridos.
Os dados coletados foram organizados em planilhas, e para melhor
visualização estes dados estão formatados em gráficos para uma impressão mais
rápida dos resultados.
O primeiro resultado da pesquisa consiste na freqüência de consumo de vinho
em Curitiba. No gráfico 1, observou-se que o consumo em Curitiba de vinho, entre
os entrevistados gira em 90%, e somente 10% não degustam ou apreciam o vinho.
GRÁFICO 1 PARA AVALIAR O CONSUMO DE VINHOS
Qual a sua freqüência de consumo de vinho?
10%
22%
37%
31%Não consumo vinho
Diário
A cada 15 dias
Mais de 15 dias
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
No gráfico 2, a aceitação de um programa que aborde o tema do vinho foi
excelente, mostrando uma porcentagem de 78% do mercado alvo.
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GRÁFICO 2 QUANTO À ACEITAÇÃO DO MERCADO ALVO
Você gostaria de escutar um programa de rádio que abordasse sobre vinhos?
78%
22%
Sim
Não
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
Quando ao melhor horário para a apresentação de um programa que aborde
temas sobre o vinho, 47% dos entrevistados preferem o programa a noite.
GRÁFICO 3 QUANTO AO MELHOR HORÁRIO DO PROGRAMA
Qual o horário deste programa?
33%
20%
47%
Manhã
Tarde
Noite
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
No gráfico 4, quanto ao tempo mínimo de duração, 51% dos entrevistados
responderam que a duração de 15 minutos é a mais indicada.
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GRÁFICO 4 QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO DO PROGRAMA
Qual o tempo que este programa deve ter?
18%
31%
51%
5 minutos
10 minutos
15 minutos
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
A periodicidade ideal apontada pelos entrevistados foi semanal, para 53%, e
diário para 38%, quinzenal foi apontada por 7%, e apenas 2% consideraram que a
periodicidade deve ser mensal.
GRÁFICO 5 QUANTO À PERIODICIDADE DO PROGRAMA
O programa deve ser?
38%
53%
7% 2%
Diário
Semanal
Quinzenal
Mensal
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
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Entre as estações de rádio que melhor se enquadra com o perfil de um
programa voltado para as peculiaridade do vinho, 49% dos entrevistados indicaram
a Rádio Ouro Verde, 35% apontaram para a Transamerica Light e 16% para a Rádio
Banda B.
GRÁFICO 6 QUANTO À EMISSORA
Qual dessas emissoras o programa deve ser exibido?
49%
35%
16%
Rádio Ouro Verde
Transamérica Light
Rádio Banda B
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
Mesmo sendo o rádio um grande canal de comunicação, poucos dos
entrevistados na pesquisa conhecem sobre algum programa radiofônico que
apresente temas sobre vinho (26%), conforme demonstra o gráfico 7
![Page 75: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ANDERSEN JORGE DA …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2009/10/FCSA_JO_2008_MUNDO... · formação de profissionais. O programa pretende apresentar](https://reader033.fdocumentos.com/reader033/viewer/2022052715/5c4db6c293f3c3245e296d4d/html5/thumbnails/75.jpg)
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GRÁFICO 7 QUANTO AOS CONCORRENTES
Você conhece algum programa sobre o tema vinhos? Qual?
26%
74%
Sim. Momento do brinde c/Renato Machado na CNB
Não
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
No gráfico 8, refere-se ao conteúdo da programação do Mundo Vino,
destacando uma preferência mais genérica quanto as informações sobre o vinho,
com 35 % dos entrevistados.
GRÁFICO 8 QUANTO AO CONTEÚDO DA PROGRAMAÇÃO
Quais as informações que este programa deve levar aos ouvintes?
9%
17%
16%
15%8%
35%
Como é fabricado o vinho
Onde estão os melhoresvinhosQuanto custa um bom vinho
Curiosidades do vinho
Vinhos na culinária
Todas as Alternativas
Fonte: Desenvolvido pelos autores.
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7 DELINEAMENTO DO PROJETO
7.1 FORMATO DO PROGRAMA
O Programa “Mundo Vino” terá como narradores os alunos Andersen Prado e
Tiago Silva que apresentarão informações de diversos temas que compõe o mundo
do vinho.
Considerando os resultados da pesquisa de campo, o programa será
apresentado na rádio Ouro Verde ao vivo, todas as sextas-feiras às 21:00 com
duração de 15 minutos. O apresentador Tiago Silva irá abordar sobre as novidades
do setor, histórias do vinho e suas curiosidades. Já o apresentador Andersen Prado
que estuda sobre o tema ha mais de 20 anos, participando ativamente em
seminários, palestras, eventos especiais, estará á disposição dos ouvintes para
eventuais dúvidas sobre o assunto em pauta.
Será disponibilizado pela emissora um número de telefone, no qual o ouvinte
interessado pelo tema escolhido, poderá dar sugestões e/ou opiniões.
Ao todo o programa contará com 3 blocos de comerciais de 30 segundos
cada um.
O apresentador iniciará o programa (primeiro bloco), com os destaques sobre
o mundo do vinho. Após será o primeiro intervalo comercial. Em seguida iniciará o
segundo bloco com as curiosidades sobre o vinho e, Andersen Prado responderá
perguntas formuladas pelos ouvintes, podendo também convidar uma pessoa que
domine o assunto para debater nos estúdios da rádio. E finalmente o terceiro bloco
será voltado para a enogastronomia.
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7.1.1 Comercialização
Os anunciantes deverão entrar em contato com o Departamento Comercial da
Rádio Ouro Verde para a divulgação de suas mensagens durante o programa
Mundo Vino.
Cada comercial de 15 segundos no bloco terá o custo de R$ 900,00 reais.
O testemunhal será lido pelo apresentador que terá 15 segundos com o custo
de R$ 2.000,00 reais.
O patrocínio é uma das formas mais rentáveis para o anunciante que deseja
atingir uma faixa especifica da programação. O patrocinador tem em média 81% de
aproveitamento comercial durante toda a programação.
Para o programa “Mundo Vino” existem os possíveis patrocinadores:
• Operadoras de Cartões de Crédito;
• Concessionárias;
• Bancos;
• Telefonia móvel; e
• Agências de Turismo
7.1.2 Viabilidade Econômica
Atividade Quant. Unit. Receitas (R) Despesas
(D) Saldo (R-D)
Testemunhal Mundo Vino 1 R$ - R$ 2.000,00 R$ - R$ 2.000,00
Patrocinadores 5 R$ 900,00 R$ 4.500,00 R$ - R$ 6.500,00
Rádio Ouro Verde 15 min. R$ - R$ - R$ 3.320,00 R$ 3.180,00
Jornalistas* 2 R$ 750,00 R$ - R$ 1.500,00 R$ 1.680,00
Técnico de Som** 1 R$ - R$ - R$ - R$ 1.680,00
Telefone, Secretária*** 1 R$ - R$ - R$ - R$ 1.680,00 Fonte: Desenvolvido pelos autores * Com base no piso salarial, considerando descontos e benefícios (total 20 horas mensais) ** Incluido no valor da Rádio *** Incluído no valor da Rádio
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8 CONCLUSÃO
De uma forma geral o vinho é um tema que sempre fascinou a humanidade.
Apesar de sua descoberta ter sido feita de forma ocasional como nos sugere
Johnson (1999), sua presença durante toda a história da humanidade nos deixou um
rico acervo histórico, que nos intriga a descobrir qual o segredo desta bebida tão
fascinante.
Motivados pela importância histórica do vinho e por sua influência nas mais
diversas áreas da sociedade, este projeto primeiramente buscou levantar os
aspectos históricos do vinho, desde sua influência política até sua importância
econômica e cultural. O resultado de todo este estudo, aliado à experiência
profissional de cada autor, teve como resultado o programa de rádio Mundo Vino.
A fim de identificar algumas variáveis como duração, freqüência, conteúdos,
horário adequado entre outros, foi realizada uma pesquisa de campo que serviu
como uma ferramenta auxiliar na tomada de decisão. Através da entrevista foi
possível formatar a programação do Mundo Vino, customizando conforme as
preferências dos ouvintes.
O programa com 15 minutos de audição, veiculado na Rádio Ouro Verde
Light, às sextas feiras, busca envolver a comunidade com informações sobre o
vinho, criando uma identidade voltada para apreciadores, bem como a população
em geral, que ao conhecer melhor a história do vinho, bem como suas
peculiaridades histórica, medicinais, culturais e etc,, passarão a fazer parte desta
comunidade. O programa conta ainda com a participação de convidados como
proprietários de adegas nacionais e internacionais, especialistas que discorrem
sobre a importância do vinho para a saúde, melhores vinhos, pontos de degustação,
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etiqueta e gastronomia, o programa possibilita ainda um canal ativo com os ouvintes
no bloco “participação do ouvinte”.
Quanto ao aspecto social, o programa apresenta a “agenda da semana” onde
é divulgada a agenda cultural, com informações de cursos, eventos de degustação
que ocorrem na cidade entre outros. A agenda da semana é uma forma de divulgar
a movimentação social do vinho em nossa cidade.
Quanto a viabilidade econômica do programa Mundo Vino, foi realizado um
orçamento para levantar as principais despesas e receitas que irão movimentar o
fluxo de caixa do programa. Neste sentido, as principais receitas serão obtidas
através do testemunhal, e dos patrocinadores.
O projeto se apresentou rentável, pois, as receitas serão suficientes para
cobrir as despesas, com saldo positivo, comprovando a viabilidade econômica do
projeto.
Para finalizar, ressalta-se a importância do vinho em nossa sociedade. Ele é
responsável por uma economia que se movimenta silenciosamente através de
vinícolas, adegas, bares, restaurantes, cursos e etc. Através deste estudo foi
possível evidenciar que apresentar um programa radiofônico sobre o mundo do
vinho é potencialmente viável, e que o mercado de vinho precisa ser divulgado e
melhor explorado perante a sociedade curitibana.
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REFERÊNCIAS LIVROS BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica: as técnicas do jornalismo. 4.ed. São Paulo: Ática, 1990 BARBEIRO, Heródoto; LIMA, Paulo. Manual de radiojornalismo - Produção, ética e internet. Rio de Janeiro: Campus, 2001. BARBEIRO, Heródoto & LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Radiojornalismo, São Paulo: Campus, 2002. BEATO, Manoel. Guia de Vinhos Larousse. São Paulo: Larousse, 2006 BELTRÃO, Luiz. Iniciação à Filosofia do Jornalismo. 2.ed.São Paulo: USP, 1992. CUNHA, Mágda. Efeitos junto ao público garantem a permanência do rádio. In: MOREIRA, Sonia Virginia; DEL BIANCO, Nelia. Desafios do rádio no Século XXI. São Paulo; Rio de Janeiro: INTERCOM/UERJ, 2001. FERREIRA. Ricardo Alexino. Jornalismo Especializado – Jornalismo Científico. Salbador: Intercom, 2002. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. Editora Atlas. São Paulo-SP: 1996 GUATTARI, Felix & Suely Rolnik. Micropolítica: Cartografias do Desejo. Petrópolis: Ed. Vozes, 2000 JOHNSON, Hugh. A História do Vinho. Londres: Schwarcz Ltda, 1999 LAROUSSE, do Vinho. Larousse do Vinho. São Paulo: Larousse do Brasil, 2004 MACNEIL, Karen. A Bíblia do Vinho. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003 MEDITSCH, Eduardo. O rádio na era da informação – Teoria e técnica do novo radiojornalismo. Florianópolis: UFSC, 2001. MCLUHAN, Marshall. Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem. São Paulo: Cultrix, 1996. NETO, Julio Anselmo de Sousa; ARRUDA, Carlos Jose Silva. Guia dos Vinhos Brasileiros. São Paulo: Market Press, 2002 SANTAELLA, Lucia. Comunicação e pesquisa: Projetos para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker, 2001. TRIOLA, M. Feldman. Introdução à Estatística. 7º Ed., Rio de Janeiro: LTC, 1999
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ANEXOS
ANEXO - LAUDAS