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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de ciências biológicas e da saúde Curso de Medicina Veterinária ADRIÉLLE BIANCA CEZARIO TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E LESÃO RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO E DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃO CURITIBA 2018

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de ciências biológicas e da saúde

Curso de Medicina Veterinária

ADRIÉLLE BIANCA CEZARIO

TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E LESÃO

RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO E DIOCTOPHYMA RENALE

EM CÃO

CURITIBA

2018

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ADRIÉLLE BIANCA CEZARIO

TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E LESÃO

RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO E DIOCTOPHYMA RENALE

EM CÃO

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas

e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como

requisito parcial para obtenção do título de Médica

Veterinária.

Professor orientador: Prof.ª Dra. Mariana Scheraiber

Orientador profissional: M.V. Renata Guimarães

CURITIBA

2018

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitoria de Promoção Humana

Prof. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitoria Administrativa

Prof. Camille Rangel

Pró-Reitor Acadêmico

Prof. João Henrique Faryniuk

Pró-Reitoria de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel Santos

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Wellington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Jesséa de Fátima França Biz

Campus Barigui

Rua Sydnei A Rangel Santos, 238

CEP 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7958

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TERMO DE APROVAÇÃO

ADRIÉLLE BIANCA CEZARIO

TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E LESÃO

RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO E DIOCTOPHYMA RENALE

EM CÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do

título de Médica Veterinária do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti

do Paraná.

Curitiba, 02 de julho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Orientadora Prof.ª Dr. Mariana Scheraiber

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________________

Prof. Especialista Vinícius Ferreira Caron

____________________________________

Médica Veterinária Marcela Sigolo Vanhoni

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Dedico este trabalho à Deus por me conceder

este dom; aos meus pais que batalharam muito

pela minha formação acadêmica; ao meu

noivo que sempre me apoiou, me dando

palavras sábias para me dar forças e me

acalmando; e aos animais de quatro patas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me conceder este dom de amar e querer

cuidar dos animais, em especial os de quatro patas.

Agradeço aos meus pais Adenir Cezario e Solange Schneider Cezario que

fizeram o possível e o impossível para que este sonho se realizasse, me dando a

chance de estudar e me incentivando sempre.

Ao meu noivo Marcelo Augusto, pelos ensinamentos, apoio, carinho e

dedicação durante a minha formação acadêmica, em especial neste último período.

Aos meus sogros, Joelma e Marcelo Cosme, por me apoiarem durante toda a

minha formação.

Aos meus irmãos Anderson e Alisson e a minha sobrinha Karen, pela

compreensão por não poder ter a atenção necessária a eles devido a dedicação a

este trabalho.

A minha vó, por me ensinar a ter garra, sendo firme e forte para conseguir o

que se deseja não deixando pessoas de má índole me colocasse para baixo.

A todos os animais de quatro patas, em especial ao meu pequeno grande

“bebê” Xerife, que mesmo sem saber o que ocorria, preferia estar ao meu lado, mal

sabia ele o quanto isso me dava forças para continuar por este caminho cheio de

obstáculos.

A todos os professores da Universidade Tuiuti do Paraná, que contribuíram de

alguma forma durante a graduação para minha formação acadêmica.

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti

do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, é

composto pelo Relatório de Estágio, onde são descritas as atividades realizadas

durante o período de 19 de fevereiro a 27 de abril de 2018, na Unidade de Saúde

Animal (UNISA), localizada no município de Curitiba–PR, com orientação acadêmica

da Prof.ª Dra. Mariana Scheraiber e orientação profissional da Médica Veterinária

Renata Guimarães. O presente trabalho relata dois casos clínicos que versam sobre

tratamento com ozonioterapia em alteração óssea e lesão recidivante em felino e

Dioctophyma renale em cão.

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo apresentar as

atividades realizadas no setor de clínica cirúrgica de pequenos animais, durante o

período de estágio curricular supervisionado, realizado na Unidade Intensiva de

Saúde Animal (UNISA). A primeira parte do trabalho contém o relatório de estágio

onde são descritas a casuística de atendimentos e procedimentos. Durante o estágio

foram realizados 342 atendimentos clínicos, acompanhados no período de 19 de

fevereiro a 27 de abril de 2018. A segunda parte é composta pelo relato de dois casos

referentes à tratamento com ozonioterapia em alteração óssea e lesão recidivante em

felino e Dioctophyma renale em cão. Os relatos apresentam uma revisão bibliográfica

referente aos temas selecionados.

Palavras-chave: cicatrização; terapia; osso; nematódeo; rim.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: RECEPÇÃO (A) E SALA DE ESPERA (B) DA CLÍNICA VETERINÁRIA

UNISA, CURITIBA/2018.............................................................................................18

FIGURA 2: CONSULTÓRIO GATOS (A) E CONSULTÓRIO PARA CÃES (B) DA

CLÍNICA VETERINÁRIA UNISA, CURITIBA/2018.....................................................18

FIGURA 3: CENTRO CIRÚRGICO E LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

UNISA, CURITIBA/2018.............................................................................................19

FIGURA 4: FARMÁCIA UNISA, CURITIBA/2018........................................................19

FIGURA 5 – ACOMPANHAMENTOS REALIZADOS NO INTERNAMENTO NO

PERÍODO DE 19 DE FEVEREIRO A 27 DE ABRIL DE 2018 NA UNISA, SEPARADA

POR ESPECIALIDADE E ESPÉCIE...........................................................................20

FIGURA 6 – FORMAÇÃO DE O3 ATRAVÉS DE DESCARGAS ELÉTRICAS EM

TEMPESTADES.........................................................................................................23

FIGURA 7 – FORMAÇÃO DE O3 ATRAVÉS DE RAIOS ULTRAVIOLETAS (UV).......23

FIGURA 8 – FERIDA ABERTA EM REGIÃO INGUINAL DO GATO, FÊMEA, DE

MENOS DE 6 MESES DE IDADE, CURITIBA-PR/2018.............................................28

FIGURA 9 - LIMPEZA E FECHAMENTO DE FERIDA EM REGIÃO INGUINAL DO

GATO, FÊMEA, MENOS DE 6 MESES DE IDADE, CURITIBA-PR/2018...................31

FIGURA 10 – PRIMEIRA RADIOGRAFIA DE MEMBRO PÉLVICO ESQUERDO DE

FÊMUR DO GATO, FÊMEA, 1 ANO DE IDADE, CURITIBA-PR/2018........................34

FIGURA 11 – BIÓPSIA DE FRAGMENTO ÓSSEO DO GATO, FÊMEA, 1 ANO DE

IDADE, CURITIBA-PR/2018.......................................................................................34

FIGURA 12 – SEGUNDA RADIOGRAFIA DE MEMBRO PÉLVICO ESQUERDO DE

FÊMUR DO GATO, FÊMEA, 1 ANO DE IDADE, CURITIBA-PR/2018........................36

FIGURA 13 – OVOS DE DIOCTOPHYME RENALE ENCONTRADOS APÓS A

SEDIMENTAÇÃO DA URINA DE UM CÃO................................................................41

FIGURA 14 – PARASITOS DE D. RENALE NO INTERIOR DO RIM..........................42

FIGURA 15 – CICLO EVOLUTIVO DO DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃES............43

FIGURA 16 – ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL DE TOPOGRAFIA RENAL

DIRETA PARASITADA COM DIOCTOPHYMA RENALE...........................................46

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FIGURA 17 – IMAGEM ULTRASSONOGRÁFICA ABDOMINAL DA TOPOGRAFIA

RENAL DIREITA DO CÃO, MACHO, 1 ANO DE IDADE, COM HISTÓRICO DE

HEMATÚRIA EM JATOS, DEMONSTRANDO PARASITADO COM DIOCTOPHYMA

RENALE, CURITIBA-PR/2018...................................................................................47

FIGURA 18 – RIM DIREITO DO CÃO, MACHO, 1 ANO DE IDADE, PARASITADO

COM DIOCTOPHYMA RENALE, CURITIBA-PR/2018...............................................48 FIGURA 19 – IMAGEM ULTRASSONOGRAFIA ABDOMINAL DA TOPOGRAFIA

RENAL ESQUERDA DE CONTROLE DO CÃO, MACHO, 1 ANO DE IDADE,

CURITIBA-PR/2018....................................................................................................50

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – TOTAL DE ACOMPANHAMENTOS REALIZADOS NO PERÍODO DE

19 DE FEVEREIRO A 27 DE ABRIL DE 2018 NA UNISA, DIVIDIDA POR ESPÉCIE E

SEXO..........................................................................................................................20

QUADRO 2 – EFEITOS TÓXICOS DO OZÔNIO GASOSO EM HUMANOS..............27

QUADRO 3 – RESULTADOS DO PRIMEIRO EXAME LABORATORIAL DO FELINO,

FÊMEA 6 MESES DE IDADE......................................................................................29

QUADRO 4 – RESULTADOS DO PRIMEIRO EXAME DE CULTURA E

IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA E ANTIBIOTICOGRAMA DO FELINO, FÊMEA,

ADULTO.....................................................................................................................30

QUADRO 5 – RESULTADOS DO SEGUNDO EXAME LABORATORIAL DO FELINO,

FÊMEA, ADULTO.......................................................................................................31

QUADRO 6 – RESULTADOS DO TERCEIRO EXAME LABORATORIAL DO FELINO

ADULTO, FÊMEA, ADULTO......................................................................................32

QUADRO 7 – RESULTADOS DO SEGUNDO EXAME DE CULTURA E

IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA E ANTIBIOTICOGRAMA DO FELINO, FÊMEA,

ADULTO.....................................................................................................................33

QUADRO 8 – RESULTADOS DO EXAME DE HISTOPATOLOGIA DE DOIS

FRAGMENTOS ÓSSEOS DO FELINO, FÊMEA, ADULTO........................................35

QUADRO 9 – RESULTADOS DO PRIMEIRO EXAME LABORATORIAL DO CANINO,

MACHO, 1 ANO DE IDADE........................................................................................48

QUADRO 10 – RESULTADOS DO SEGUNDO EXAME LABORATORIAL DO

CANINO, MACHO, 1 ANO DE IDADE.........................................................................49

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

% – Porcentagem

µl – Microlitro

µm – Micrômetro

ABINPET – Associação Brasileira da Industria de Produtos para Animais de

Estimação

ABOZ – Associação Brasileira de Ozonioterapia

ALT – Alanina Amino Transferase

AMC – Amoxicilina + Ácido Clavulânico

AMP – Ampicilina

ATP – Adenosina Trifosfato

BHI – Brain Heart Infusion

BID – A cada 12 Horas

Cels – Célula

CFX – Cefalexina

CHGM – Concentração de Hemoglobina Globular Média

CLI – Clindamicina

cm – Centímetro

CRO – Ceftriaxona

D. renale – Dioctophyma renale

dL – Decilitro

FA – Fosfatase Alcalina

fl – fentolitro

g – grama

GEN – Gentamicina

H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

HD – Hospedeiro Definitivo

HI – Hospedeiro Intermediário

IA – Intra-arterial

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ID – Intradiscal

IF – Intrafaraminal

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IL – Intralesional

IM – Intramuscular

IV – Intravenosa

kg – quilograma

km – quilômetros

LOP – Lipooligopeptídeos

M.V. – Médica Veterinária

mg – miligrama

min – Minutos

ml – Mililitro

mm – Milímetro

N2O2 – Dióxido de Nitrogênio

NEO – Neomicina

O – Átomo de Oxigênio

O2 – Oxigênio

O3 – Ozônio

ºC – Graus Celsius

OMS – Organização Mundial da Saúde

OXA – Oxaciclina

ppmv – Partes por Milhão em Base Volumétrica

ROS – Reativas de Oxigênio

SC – Subcutânea

SID – A cada 24 Horas

SRD – Sem Raça Definida

TET – Tetraciclina

TID – A cada 8 Horas

TOB – Tobramicina

TPC – Tempo de Preenchimento Capilar

UI – Unidade Internacional

UNISA – Unidade Intensiva de Saúde Animal

UV – Ultravioleta

VGM – Volume Globular Médio

VO – Via Oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............................................................................................16

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO..............................................17

2.1 LOCAL DO ESTÁGIO......................................................................................17

2.2 ESTRUTURA FÍSICA.......................................................................................17

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS....................................................................19

3.1 CASUÍSTICA...................................................................................................19

4 RELATOS DE CASOS CLÍNICOS..................................................................21

4.1 TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E

LESÃO RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO....................................21

4.1.1 Introdução........................................................................................................21

4.1.2 História do gás de ozônio.................................................................................22

4.1.3 Mecanismos de formação do ozônio................................................................23

4.1.4 Formas industriais de produção de ozônio.......................................................24

4.1.5 Aplicações clínicas...........................................................................................24

4.1.6 Ações do ozônio...............................................................................................25

4.1.7 Vias de administração da ozonioterapia...........................................................26

4.1.8 Toxicidade e efeitos adversos..........................................................................27

4.1.9 Contraindicações.............................................................................................28

4.1.10 Relato de caso clínico....................................................................................28

4.1.11 Discussão......................................................................................................36

4.1.12 Conclusão......................................................................................................37

4.2 DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃO................................................................38

4.2.1 Introdução........................................................................................................38

4.2.2 Anatomia renal .................................................................................................38

4.2.3 Morfologia do Dioctophyma renale...................................................................40

4.2.4 Epidemiologia...................................................................................................41

4.2.5 Patogenia.........................................................................................................41

4.2.6 Ciclo biológico e transmissão...........................................................................42

4.2.7 Hospedeiros.....................................................................................................44

4.2.8 Localização do parasita no hospedeiro definitivo..............................................44

4.2.9 Sinais clínicos...................................................................................................44

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4.2.10 Alterações laboratoriais e urinálise...................................................................45

4.2.11 Diagnósticos diferenciais e formas diagnósticas..............................................45

4.2.12 Tratamento......................................................................................................46

4.2.13 Prevenção.......................................................................................................46

4.2.14 Relato de caso clínico......................................................................................46

4.2.15 Discussão........................................................................................................50

4.2.16 Conclusão........................................................................................................51

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................52

6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................53

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1 INTRODUÇÃO

O estágio curricular supervisionado é uma etapa importante na vida pessoal e

profissional do acadêmico tem por objetivo aprimorar os conhecimentos adquiridos

durante a graduação com a realidade da profissão, preparando o acadêmico para

ingressar no mercado de trabalho com mais experiência e segurança.

Segundo a ABINPET 2016, o segmento de animais de estimação ocupa

atualmente a terceira posição no ranking mundial, ficando atrás dos Estados Unidos

e Reino Unido. E no ano de 2016 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) divulgou que há mais de 50 milhões de cães e 22 milhões de gatos sendo

cuidados nas famílias brasileiras, e tende a ter mais espaço para os animais, pois a

população dos animais domésticos deve crescer 5% ao ano, enquanto a de humanos

cresce menos de 1%.

Em 2016 o faturamento total foi de R$ 18,9 bilhões com gastos de estética,

conforto e cuidados de saúde dos pets, em comparação ao ano anterior houve um

crescimento de 4,9%, consequentemente houve aumento de gastos com rações,

acomodações, vestes e até plano de saúde próprio procurando mais profissionais

especialistas para o melhor atendimento ao seu animal doméstico (ABINPET, 2016).

O primeiro caso clínico aborda o atendimento de uma paciente da

espécie felina, com ferida recidivante em região inguinal tendo comunicação interna

onde na radiografia, foi visto alteração óssea em fêmur tratada com ozonioterapia,

promovendo a cura dos tecidos danificados (MANDHARE et al.,2012), pois possui

ação contra bactérias, fungos, protozoários e vírus (WICKRAMANAYAKE, 1984)

podendo ser administrada de forma parenteral ou tópica/local (BOCCI, 2006; SHETE

et al., 2016).

O segundo caso clínico relata o atendimento de um paciente da espécie canina,

diagnosticado através do exame ultrassonográfico com Dioctophyma renale no rim

direito, órgão este acometido com mais frequência, provavelmente, devido sua

vizinhança com o duodeno (FORTES, 2004). Os hospedeiros definitivos, carnívoros

domésticos e selvagens podem ser infectados através da ingestão de hospedeiro

intermediário, o anelídeo oligoqueta, peixes ou rãs (MAYRINK et al., 2000; MECH e

TRACY, 2001).

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17

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

2.1 LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na Clínica Veterinária Unidade

Intensiva de Saúde Animal (UNISA), situada na Avenida Presidente Affonso Camargo,

4123, Bairro Capão da Imbuia, Curitiba-PR.

O atendimento oferecido pela UNISA é destinado aos cães e gatos. O horário

de funcionamento é 24 horas, inclusive durante feriados. A clínica oferece

atendimentos com consultas nos setores de clínica médica e cirúrgica, tendo Médicas

Veterinárias especialistas nas áreas de felinos, dermatológica, clínica médica e clínica

cirúrgica.

A equipe de atendimento é composta por cinco Médicos Veterinários, nove

Médicos Veterinários que trabalham em regime de escala de plantão, quatro

estagiárias e duas recepcionistas.

2.2 ESTRUTURA FÍSICA

A UNISA é composta por uma recepção (figura 1-A), uma sala de espera (figura

1-B), dois consultórios para atendimento clínico, sendo um para gatos domésticos

(figura 2-A) e outro para cães (figura 2-B), centro cirúrgico juntamente com laboratório

de análise clínicas (figura 3), internamento e farmácia (figura 4). O interior da clínica

também dispõe de dois banheiros, cozinha, dormitório e canil para hospedes.

Após o cadastro e abertura de prontuário na recepção, os pacientes felinos

domésticos são encaminhados para um consultório específico, que contém balança

pediátrica e os caninos são encaminhados para outro consultório específico para eles.

A clínica também oferece serviço terceirizado nos consultórios de radiografia,

ultrassonografia, ecocardiografia, acupuntura e tratamento com ozonioterapia.

O setor de cirurgia é composto por uma mesa de alumínio, monitor de

parâmetros e anestesia inalatória, além de análises laboratoriais.

A UNISA possui um laboratório próprio e interno, onde são realizados exames

hematológicos, bioquímicos, urinálise, parasitológico, microbiológico, citológico,

histopatológico, biologia molecular, imunológicos, hormonais, coagulograma e

toxicológicos.

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18

O internamento comporta quatro animais de pequeno porte, quatro de médio

porte e dois de grande porte, totalizando 10 pacientes, onde são destinados a

pacientes que necessitam de acompanhamento médico constante, além de

procedimentos ambulatoriais e colheita de materiais para análises laboratoriais.

Todas as medicações encontram-se na farmácia, assim como a prescrição

médica de cada paciente internado, constando além de alguns dados, como nome do

paciente, espécie, raça/pelagem, temperamento, sexo, idade, peso, número da ficha,

suspeita clínica, data de entrada do animal, nome do médico veterinário responsável,

nome e o número de telefone do responsável para contato, a medicação prescrita,

sua dose, volume, via e frequência a ser administrada a cada dia do internamento do

paciente.

Figura 1: Recepção (A) e sala de espera (B) da Clínica Veterinária UNISA, Curitiba-PR/2018

Figura 2: Consultório gatos (A) e consultório para cães (B) da Clínica Veterinária UNISA,

Curitiba-PR/2018

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Figura 3: Centro cirúrgico e laboratório de análises clínicas UNISA, Curitiba-PR/2018

Figura 4: Farmácia UNISA, Curitiba-PR/2018

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio (19 de fevereiro a 27 de abril de 2018) foi possível

acompanhar a rotina da clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, incluindo

anamnese, exame físico, contenção, procedimentos ambulatoriais como

cateterização venosa e colheitas de sangue, monitoramento dos parâmetros,

administração de medicamentos dos pacientes internados, ataduras e limpezas de

feridas.

3.1 CASUÍSTICA

Durante o período de estágio na Clínica Veterinária UNISA foi possível

acompanhar no total 342 casos clínicos (quadro 1).

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Quadro 1: Total de acompanhamentos realizados no período de 19 de fevereiro a 27 de abril de 2018

na UNISA, dividida por espécie e sexo

ESPÉCIE QUANTIDADE MACHO FÊMEA

CANINA 261 114 147

FELINA 81 37 44

Na figura 5 é possível avaliar o número de atendimentos divididos por

especialidades, incluindo consultas de rotina, acupuntura, cardiologia, dermatologia,

endocrinologia, gastroenterologia, genitourinário, infectologia, neurológico,

odontologia, oftalmologia, oncologia, ortopedia, otorrinolaringologia, politraumatizado,

reprodutor e toxicologia, subdividindo entre caninos e felinos.

Figura 5: Acompanhamentos realizados no internamento no período de 19 de fevereiro a 27 de abril

de 2018 na UNISA, separada por especialidade e espécie

No geral a especialidade que mais teve acompanhamentos realizados foi

dermatologia (14%), seguida de gastroenterologia (12%) como gastrite, pancreatite,

enterocolite e medicina preventiva (9%).

Separados os sistemas por espécies, é possível verificar a diferença de

casuísticas entre cães e gatos. Onde o que mais acometeu os caninos foram as áreas

de dermatologia (16%), gastroenterologia (13%) e rotina (10%), diferentemente dos

felinos, onde foram mais acometidos os sistemas, respiratório (22%), ortopedia (9%)

e gastroenterologia (9%), não tendo nenhum acompanhamento durante o período de

estágio nas áreas de endocrinologia e neurologia.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Caninos Felinos

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4 RELATOS DE CASOS CLÍNICOS

4.1 TRATAMENTO COM OZONIOTERAPIA PARA ALTERAÇÃO ÓSSEA E LESÃO

RECIDIVANTE EM REGIÃO INGUINAL EM FELINO

4.1.1 Introdução

A mistura dos gases oxigênio (O2) e ozônio (O3) por diversas vias de

administração com finalidade terapêutica recebe o nome de ozonioterapia (LARA,

2017).

A palavra ozônio (O3) vem do grego “eu cheiro” devido seu cheiro característico,

semelhante ao odor do ar após uma tempestade elétrica. Este gás é instável e flutua

para o alto da atmosfera a 20 a 30 km da crosta terrestre (GIMENES, 2008), possuindo

coloração azul (ATKINS e JONES, 2012). E quando se destina a processos de

desinfecção, apresenta-se incolor (BULIES, 2005).

É produzido a partir de dois mecanismos principais, através de descargas

elétricas em tempestades e através da radiação ultravioleta (UV) emitida pelo sol

(GIMENES, 2008). O gás de ozônio é constituído por 3 (três) átomos de oxigênio,

sendo uma forma alotrópica.

Pode ser utilizado no tratamento de diversas doenças envolvendo bactérias,

fungos e vírus, devido ao alto poder oxidante. O ozônio é usado de forma terapêutica

há mais de 150 anos, sendo aplicado ao longo desses anos como um método de

desinfecção ou uma opção de tratamento para várias doenças (ELVIS e EKTA, 2011),

incluindo condições inflamatórias crônicas (BOCCI et al., 2015), pré diabético,

indivíduos com maior risco de desenvolvimento da doença incluem aqueles com

glicemia de jejum alterada e tolerância diminuída à glicose e especialmente aqueles

com as duas condições combinadas, úlceras (LIU et al., 2015), osteonecrose

(FLIEFEL et al., 2015), doença periodontal (GUPTA e MANSI, 2012) e cárie dentária

(SAMUEL et al., 2016). Essa ampla utilização é justificada por suas amplas aplicações

biológicas, que cobrem um potencial efeito antimicrobiano, bem como a ativação do

sistema imunológico e a indução da cicatrização de feridas (ELVIS e EKTA, 2011;

ZANARDI et al., 2016).

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4.1.2 História do gás de ozônio

Os primeiros geradores de ozônio para fins medicinais foram usados - para

"purificar" sangue por volta de 1870 na Alemanha (CHILE, 2006).

Hoje em dia existem também sociedades nacionais de ozonioterapia, cujos

principais países são: Austrália, Suíça, Japão, França, Estados Unidos, sendo que

estes são afiliados à Associação Internacional do Ozônio (BULIES, 2005).

Segundo Soares (2008), no Brasil, foi fundada em 2006 a Associação Brasileira

de Ozonioterapia (ABOZ), com o papel de legalizar a prática, informatizar e capacitar

profissionais, com base em experiências realizadas no Brasil e no exterior.

Segundo Lara (2017), o médico Heinz Konrad em 1975 iniciou está prática em

sua clínica, em São Paulo. Segundo ABOZ (2017), no Brasil o Projeto de Lei (Nº

9001/2017) que regulamenta a Ozonioterapia no Brasil, teve sua aprovação no

Senado Federal, na Comissão de Constituição e Justiça, em outubro de 2017, por

unanimidade e atualmente, o Projeto de Lei está em tramitação na Câmara dos

Deputados.

De acordo com Sunnen (1988), as primeiras aplicações registradas de

ozonioterapia foi durante a Primeira Guerra Mundial para o tratamento de feridas

infectadas, queimaduras e fístulas nos soldados feridos, e observou-se a sua eficácia

para desinfectar as feridas na pele. Segundo Wickramanayake et al. (1984) e,

utilizando o ozônio de forma segura em organismos vivos tem a ação descrita sobre

bactérias, fungos, protozoários e vírus. Observando a forma de ação do ozônio, houve

a utilização da ozonioterapia na odontologia veterinária, para tratar a doença

periodontal que afeta 80% dos animais domésticos, sendo considerada uma doença

infecciosa e inflamatória comum que está relacionada à destruição do tecido ao redor

do dente (gengiva, cemento, ligamento periodontal e osso alveolar) em resposta ao

processo inflamatório provocado principalmente por bactérias (HARVEY et al., 1995;

LIPPOLIS et. al., 2004).

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4.1.3 Mecanismos de formação do ozônio

O gás de ozônio é produzido a partir de dois mecanismos principais, através de

descargas elétricas em tempestades onde a molécula de O2 é quebrada em dois

átomos de oxigênio (O + O). O átomo individual reage com uma molécula de O2 (O +

O₂), formando uma molécula de O3 (NOGALES et al., 2008) (figura 6). E o outro

mecanismo é através da radiação ultravioleta (UV) (figura 7) emitida pelo sol, situada

entre o comprimento de onda de 180 a 200 nanômetros, tendo a mesma função da

descarga elétrica em tempestade (GIMENES, 2008; NOGALES et al., 2008).

Figura 6: Formação de O3 através de descargas elétricas em tempestades

Fonte: Brasil Ozônio, 2015.

Figura 7: Formação de O3 através de raios ultravioletas (UV)

Fonte: Adaptado NaturalTec, 2018.

A concentração de O3 na atmosfera varia de acordo com altitude, temperatura

e poluição do ar, por este motivo o O3 utilizado na ozonioterapia é produzido a partir

de O2 médico puro, 95% de oxigênio e 5% de ozônio, o ar deve ser excluído pois

haverá produção de dióxido de nitrogênio N2O2 (BOCCI, 2006; NOGALES et al.,

2008).

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Deve-se preparar a solução ozonizada imediatamente antes do uso pois a

molécula de O3 é instável (NOGALES et al., 2008) e retorna a forma O2 facilmente.

Seu tempo médio de vida é de 40 minutos a 20ºC – 25ºC e se decompõe a partir desse

momento, em oxigênio mais água (BOCCI, 2006).

O ozônio é 1,6 vezes mais denso e 10 vezes mais solúvel em água (49,0 ml em

100 ml de água a 0°C) do que o oxigênio. Embora o ozônio não seja uma molécula

radical, é o terceiro oxidante mais potente (E = +2,076 V) após flúor e persulfato

(BOCCI, 2006).

4.1.4 Formas industriais de produção de ozônio

Sistema ultravioleta de produção – é produzido em baixas concentrações de

O3 (BOCCI, 2006).

Sistema de descargas elétricas – é produzido em altas concentrações de O3

(BOCCI, 2006).

Sistema de produção por plasma frio – aplicado apenas para purificação de ar

e água (CHILE, 2006; NOGALES et al., 2008).

4.1.5 Aplicações clínicas

A ozonioterapia é a técnica que emprega ozônio como um agente

terapêutico. Atualmente são descritas nas osteomielites, abcessos,

úlceras de decúbito, pé diabético, queimaduras, doenças isquêmicas,

degeneração macular relacionada com a idade (forma atrófica),

problemas ortopédicos, fibromialgias, tratamento de cáries dentárias,

osteonecrose da mandíbula, infecções agudas e crônicas da cavidade

oral, hepatites, herpesvírus, papilomavírus, herpezoster onicomicose,

criptosporidiose, fadiga em pacientes com câncer, doenças auto-

imunes (artrites reumatoides, doença de Crohn, psoríases, esclerose

múltipla), doença pulmonares, síndrome do estresse respiratório

agudo, metástases, sepses e disfunção de vários órgãos (BOCCI,

2005).

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4.1.6 Ações do ozônio

A reação do O3 com fluidos orgânicos resultam em moléculas de O2 e oxigênio

elementar (O-). Preferencialmente esse composto reage com ácidos graxos,

antioxidantes e compostos tiol, sendo que pode interagir também com carboidratos,

enzimas e material genético das células (TRAINA, 2008). Isso se dá pela capacidade

dos metabólitos do O3 de interagirem na produção de energia celular, aumentando a

produção de glutationa peroxidase, reduzindo-a para álcool e modificando a glutationa

reduzida em glutationa oxidada, ao mesmo tempo que aumenta a produção de

glutationa redutase. Este aumento favorece a glicólise e consequentemente aumenta

a produção de adenosina trifosfato (ATP). O O3 também favorece a liberação de O2 a

partir da oxihemoglobina, o que favorece a oxigenação tecidual (CUNHA, 2010), com

isso contribui na eliminação de metabólitos celulares tóxicos, além de agir como

imunomodulador (PINO et al., 1999). Segundo Garcia et al. (2008), seu efeito sobre a

pele se dá pela reação do O3 com a água presente no tecido, resultando em espécies

reativas de oxigênio (ROS) e lipooligopeptídeos (LOP), como por exemplo o peróxido

de hidrogênio (H2O2), que são rapidamente reduzidos a antioxidantes, como a

glutationa, superóxido dismutase, catalase, vitamina E, vitamina C, ácido úrico e

ubiquinol. De acordo com Bocci (2004) e Traina (2008), o H2O2 age no meio

intracelular dos eritrócitos, aumentando a produção de ATP e transporte de O2; em

leucócitos, promovendo a produção de citocinas e interleucinas, agindo como

imunomodulador; e nas plaquetas, estimulando sua atividade, o que aumenta a

produção de fatores de crescimento e autacóides, agindo de forma mais dinâmica e

organizada na reparação tecidual.

O gás de ozônio age para uma melhora celular a fim de promover a cura dos

tecidos danificados (MANDHARE et al., 2012). Usado em concentrações adequadas,

o ozônio pode ter ação antioxidante, mecanismos que protegem o organismo dos

efeitos dos radicais livres envolvidos no envelhecimento, e em um grande número de

patologias (SCHWARTZ e SÁNCHEZ, 2012). O uso do ozônio para tratar dor devido

aos seus efeitos analgésicos, anti-inflamatórios, entre outros, é um tratamento com

um custo insignificante e rara aparição de efeitos colaterais, atuando diretamente

sobre a causa do problema (MANDHARE et al., 2012).

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4.1.7 Vias de administração da ozonioterapia

A administração terapêutica pode ser realizada de forma parenteral,

sendo elas intravenoso (IV), intra-arterial (IA), intramuscular (IM), subcutânea (SC),

intraperitoneal, intrapleural, intra-articular, periarticular, miofascial, intradiscal (ID),

intraforaminal (IF) e intralesional (IL), ou tópica/local podendo utilizar de forma nasal,

auricular, oral, vaginal, uretral, insuflação retal, cutânea e aplicações dentárias

(BOCCI, 2006; SHETE et al., 2016).

A administração por via oral (VO), podendo diminuir a ocorrência e a gravidade

de úlceras gástricas induzidas e atenuar edema de lesões dérmicas induzidas pois

participa como modulador específico do processo inflamatório por indução gradual do

estresse oxidativo (CARDOSO, 2000). Também pode-se realizar a insuflação retal via

sistêmica onde o ozônio é inserido por um cateter anal e injetado o gás que é

absorvido diretamente pela mucosa intestinal (GROOTVELT, 2004; HANSLER, 2012;

SUNNEN, 1988; VERANES et al., 1999; VILARINDO et al., 2013).

Aplicação tópica por meio da água e do óleo ozonizados (GROOTVELT et al.,

2004; GUERRA et al., 1997; LINCHETA et al., 2000), consiste num método eficaz para

tratamento de lesões, úlceras, escaras, feridas abertas e lesões pós-operatórias de

membros dos animais (OLIVEIRA, 2007).

Administração do gás intra-articular, ou seja, no interior de uma articulação

acometida também é uma opção de via administração (BOCCI, 2006). Se aplicado via

subcutânea (SC), tem por finalidade analgésica (MATOS NETO et al., 2012).

Também pode ser realizada a autohemoterapia, onde é coletado o sangue do

paciente, sendo metade do volume usado para transfusão, homogeneizado

suavemente com o mesmo volume de mistura oxigênio – ozônio, sendo injetado

novamente ao paciente por via intravenosa (IV) ou autohemoterapia menor, onde o

volume sanguíneo retirada do paciente é menor, homogeneizado suavemente com o

mesmo volume de mistura oxigênio – ozônio, porém pode ser injetado novamente ao

paciente por via intramuscular (IM) ou SC (BOCCI et al., 2011).

O gás de ozônio, também pode ser administrado intramuscular (IM), intradiscal

(ID), intracavitária (peritoneal e entre os espaços pleurais), intravaginal, intrauretral e

vesical, e como água ozonizada para aplicações dentárias (BOCCI et al., 2011).

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4.1.8 Toxicidade e efeitos adversos

Em altas concentrações o O3 é tóxico para as vias respiratórias, deteriorando a

membrana alveolar (BOCCI, 2006; BULIES, 2005; NAKAO et al., 2009), por isto a

Organização Mundial da Saúde (OMS), estabeleceu a concentração máxima de

ozônio no ambiente de trabalho de 0,06 ppmv por 8 horas, pois nesta concentração o

odor é bastante perceptível (BOCCI, 2011). Para desinfecção do ar não é

recomendado a presença de pessoas com troca de ar adequada por um sistema

integrado com monitoramento do ar ambiente quanto a vestígios de gás ozonífero

através de um detector, destruição do gás para remoção dos vestígios e um alarme

alto para alertar imediatamente para qualquer pequena contaminação (BOCCI, 2011;

LAM, 2008). Além de podem causar efeitos (quadro 2) como irritação, rinite,

enxaquecas, náuseas e vômitos, porém as chances são menores de 0,0007%

(NAKAO et al., 2009; NOGALES et al., 2008). Os olhos e os pulmões possuem mínima

quantidade de antioxidantes e neutralizantes, sendo sensíveis ao O3, por isto deve-se

evitar o contato com o gás (BOCCI, 2006).

Quadro 2: Efeitos tóxicos do ozônio gasoso em humanos

CONCENTRAÇÕES NO AR DE O3 (ppmv)

EFEITOS TÓXICOS

0,1 Lacrimejamento e irritação das vias respiratórias superiores

1,0 - 2,0 Rinite, tosse, cefaleia, náusea e sujeitos predispostos podem

desenvolver asma

2,0 - 5,0 (10-20 min) Disfunção progressiva, espasmo brônquico, dor retroesternal

5,0 (60 min) Edema pulmonar agudo e ocasionalmente paralisia

respiratória

10 Morte dentro de 4 horas

50 Morte em poucos minutos

Fonte: BOCCI, 2011.

Em casos de intoxicação, manter-se em decúbito dorsal, inalando O₂ e tomar

vitamina E, ácido ascórbico e n-acetilcisteína (NOGALES et al., 2008).

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4.1.9 Contraindicações

É contraindicado o uso deste gás em casos de gestação, deficiência da enzima

glicose-6-fosfato-dihidrogenase (anemia hemolítica severa), devido ao risco de

hemólise, hipertireoidismo descompensado, diabete mellitus descompensado,

hipertensão arterial severa, anemia severa, miastenia severa e hemorragia ativa

(BECK et al., 1998; CHILE, 2006; LARA, 2017; NOGALES et al., 2008).

4.1.10 Relato de caso clínico

Foi atendida na Clínica Veterinária UNISA, uma paciente felina, fêmea, de 1

ano de idade, castrada com uma ferida em região inguinal que abre constantemente

(figura 8). A tutora relatou que a paciente havia sido resgatada e que já havia esta

ferida, por isto não soube dizer sobre históricos anteriores.

Figura 8: Ferida aberta em região inguinal do gato, fêmea, de menos de 6 meses de idade,

Curitiba-PR/2018

No exame físico foram realizados parâmetros, os quais estavam dentro do

padrão da normalidade estipulada para esta espécie. Foi solicitado exame laboratorial

como hemograma (quadro 3), no qual observou-se policitemia, alterações que podem

sugerir desidratação, hipóxia.

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Quadro 3: Resultados do primeiro exame laboratorial do felino, fêmea, de 6 meses de idade

Hemograma Resultado Valor Referência Felino Até 6

Meses

Eritrócitos 8,84 x10⁶

cels/Ul 3.5 a 8.0

Hemoglobina 12,1 g/dL 7.0 a 14.0

Hematócrito 43.5 % 22 a 38

VGM 49 fL 40 a 55

CHGM 27,90% 31 a 35

Metarrubrócitos 0/100 leucócitos

Proteína Plasmática 7,9 g/dL 4,5 a 7,8

Leucócitos Totais 13.000 / µL 6.000 a 17.000

Neutrófilos Segmentados 4.810 /µL 2.400 a 12.750

Neutrófilos Bastonetes 0 /µL 0 a 150

Metamielócitos 0 /µL 0

Linfócitos 6.240 /µL 1.200 a 8.500

Monócitos 130 /µL 100 a 680

Eosinófilos 0 /µL 0 a 1.700

Basófilos 130 /µL Raros

Plaquetas 570.000 /µL 230.000 a 800.000

Foi prescrito para terapia domiciliar clindamicina 10mg/kg, VO, BID, durante 20

dias e Targimax 10®, um aditivo antioxidante e suplemento vitamínico a base de

cisteína, arginina e polifenóis do chá verde e da semente de uva, dose da bula

(administrado 0,2 ml), VO, BID, durante 20 dias.

Após 15 dias do primeiro exame laboratorial a lesão aberta recidivou, e então

foi realizada cultura e identificação bacteriana e antibiograma (quadro 4).

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Quadro 4: Resultados do primeiro exame de cultura e identificação bacteriana e antibiograma do

felino, fêmea, adulto

Cultura e Identificação Bacteriana

Amostra Secreção serosa em região inguinal subcutânea

Identificação bacteriana

Crescimento em meio BHI: presença de sedimento grumoso abundante após 24 horas de cultivo, de coloração branca sem

crescimento em superfície, com presença de moderada turvação do meio e com odor pútrido. Crescimento em meio ágar-sangue:

colônias brilhosas, viscosas, lisas, granulosas, achatadas de coloração branca e hemólise negativas. Microrganismos gram positivos e negativos, cocos e bastonetes, catalase positivos,

oxidase negativos e coagulase positivos. Crescimento em meio manitol positivo. Microrganismos negativos para as provas de desaminação do L-Triptofano, descarboxilação da lisina e da

ornitina, motilidade, citrato e fermentação de lactose; e positivos para as provas de fermentação da glicose, produção de gás a partir da glicose, produção de gás sulfídrico, hidrólise da uréia,

indol e rhamnose.

Diagnóstico Staphylococcus aureus e Escherichia coli

Antibiograma (DIFUSÃO DE DISCO – KIRBY $ BAUER)

Princípio ativo Halo de inibição (mm)

Amoxicilina + Ác. Clavulânico (AMC) Sensível 31

Oxaciclina (OXA) Resistente 0

Tobramicina (TOB) Sensível 29 *

Ampicilina (AMP) Sensível 30

Tetraciclina (TET) Intermediário 12 *

Ceftriaxona (CRO) Sensível 30 *

Gentamicina (GEN) Sensível 38 *

Clindamicina (CLI) Resistente 0

Cefalexina (CFX) Sensível 22 *

Neomicina (NEO) Sensível 30 *

Observações

Houve crescimento de colônias dentro da zona inibitória para os antibióticos

marcados com *, sugerindo presença de sub-populações bacterianas resistentes

na amostra.

O resultado do antibiograma mostrou ser sensível apenas para amoxicilina +

ácido clavulânico e ampicilina. Com isso, foi prescrito para tratamento domiciliar

amoxicilina + ácido clavulânico 20mg/kg, VO, BID durante 20 dias.

Após quase 2 meses (1 mês e 19 dias), mesmo tendo realizado o tratamento

com antibiótico que foi descrito como sensível, houve nova recidiva da lesão a qual foi

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realizado a limpeza e fechamento da ferida (figura 9), além de um novo exame

laboratorial do paciente (quadro 5).

Figura 9: Limpeza e fechamento de ferida em região inguinal do gato, fêmea, de menos de 6 meses

de idade, Curitiba-PR/2018

Quadro 5: Resultados do segundo exame laboratorial do felino, fêmea, adulto

Hemograma Resultado Valor Referência Felino Adulto

Eritrócitos 7.76 x10⁶ cels/Ul 5.0 a 10.0

Hemoglobina 9.9 g/dL 8.0 a 15.0

Hematócrito 33.3 % 24 a 45

VGM 43 fL 39 a 55

CHGM 29.9 % 30 a 36

Metarrubrócitos 0 /100 leucócitos

Proteína Plasmática 8,0 g/dL 6,0 a 8,0

Leucócitos Totais 7,700 /µL 5.500 a 19.500

Neutrófilos Segmentados 4.158 /µL 2.400 a 12.750

Neutrófilos Bastonetes 0 /µL 0 a 300

Metamielócitos 0 /µL 0

Linfócitos 2.233 /µL 1.500 a 7.000

Monócitos 385 /µL 0 a850

Eosinófilos 924 /µL 0 a 1.500

Basófilos 0 /µL Raros

Plaquetas 276.000 /µL 230.000 a 680.000

Bioquímico Resultado Valor Referência Felino Adulto

ALT 33,7 U/L 28 – 83

Fosfatase Alcalina 42,5 U/L 25 – 93

Creatinina 0,6 mg/dL 0,8 – 1,8

Uréia 62,7 mg/dL 42,8 – 64,2

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Foi solicitado novo exame laboratorial (quadro 6), 26 dias depois, no qual notou-

se leucocitose, linfocitose, eosinofilia, basofilia comum em felinos quando se tem

eosinofilia, pois aumenta concomitantes e trombocitopenia.

Quadro 6: Resultados do terceiro exame laboratorial do felino, fêmea, adulto

No dia seguinte foi realizado nova cultura e identificação bacteriana e

antibiograma (quadro 7).

Hemograma Resultado Valor Referência Felino Adulto

Eritrócitos 9.62 x10⁶ cels/Ul 5.0 a 10.0

Hemoglobina 12.1 g/dL 8.0 a 15.0

Hematócrito 40.9 % 24 a 45

VGM 43 fL 39 a 55

CHGM 29.6 % 30 a 36

Metarrubrócitos 0 /100 leucócitos

Proteína Plasmática 8,0 g/dL 6,0 a 8,0

Leucócitos Totais 26.300 /µL 5.500 a 19.500

Neutrófilos Segmentados 11.046 /µL 2.400 a 12.750

Neutrófilos Bastonetes 263 /µL 0 a 300

Metamielócitos 0 /µL 0

Linfócitos 10.783 /µL 1.500 a 7.000

Monócitos 263 /µL 0 a 850

Eosinófilos 3.682 /µL 0 a 1.500

Basófilos 263 /µL Raros

Plaquetas 145.000 /µL 230.000 a 680.000

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Quadro 7: Resultados do segundo exame de cultura e identificação bacteriana e antibiograma do

felino, fêmea, adulto

Cultura e Identificação Bacteriana

Amostra Secreção serosa em região inguinal subcutânea

Identificação bacteriana

Crescimento em meio ágar sangue após 24 horas de cultivo, com presença de colônias brilhosas, viscosas, lisas,

achatadas, de coloração esbranquiçada e com formação de halo β-hemolítico ao redor de poucas colônias.

Microrganismos gram-negativos, bastonetes, catalase positivos e crescimento em meio Mc Conkey positivo após 24 horas de cultivo. Microrganismos positivos para as provas de fermentação da glicose e da lactose, produção de gás a partir

da glicose, indol, rhamnose, citrato, desaminação do L-Triptofano e descarboxilação da lisina e da ornitina.

Diagnóstico Escherichia coli

Antibiograma (DIFUSÃO DE DISCO – KIRBY $ BAUER)

Princípio ativo Halo de inibição (mm)

Amoxicilina + Ác. Clavulânico (AMC)

Sensível 24

Oxaciclina (OXA) Resistente 0

Tobramicina (TOB) Resistente 12

Ampicilina (AMP) Sensível 18

Tetraciclina (TET) Sensível 18

Ceftriaxona (CRO) Sensível 28

Gentamicina (GEN) Sensível 20

Clindamicina (CLI) Resistente 0

Cefalexina (CFX) Intermediário 20

Neomicina (NEO) Intermediário 14

O resultado da cultura e identificação bacteriana teve como diagnóstico a

bactéria Escherichia coli e o resultado do antibiograma mostrou ser sensível apenas

para amoxicilina + ácido clavulânico e ceftriaxona, e ampicilina, tetraciclina e

gentamicina; Foi prescrito para tratamento domiciliar amoxicilina + ácido clavulânico,

na dose de 20 mg/kg, posologia de 1/4 de comprimido de 250mg, VO, BID, durante

30 dias;

Após 90 dias do segundo antibiograma, a paciente apresentou claudicação e

foi realizada a primeira radiografia de membro pélvico esquerdo de fêmur (figura 10).

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Figura 10: Primeira radiografia de membro pélvico esquerdo de fêmur do gato, fêmea, 1 ano de

idade, Curitiba-PR/2018

Fonte: Vetscan Diagnóstico

Radiografia em projeção médio-lateral e crânio-caudal de membro pélvico

esquerdo de fêmur, foi possível observar diminuição da densidade óssea e contornos

irregulares.

Após 24 dias da primeira radiografia de membro pélvico esquerdo de fêmur,

foram realizadas duas biópsias (figura 11) com coleta de fragmento ósseo e

encaminhados para histopatologia (quadro 8).

Figura 11: Biópsia de fragmento ósseo do gato, fêmea, 1 ano de idade, Curitiba-PR/2018

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Quadro 8: Resultados do exame de histopatologia de dois fragmentos ósseos de felino, fêmea,

adulto

Exame Anatomopatológico

Histórico Clínico

Dois fragmentos de fêmur esquerdo. Paciente apresentou fístula intermitente (a cada 6 meses). Na radiografia há

aumento da cortical do fêmur, com rarefação óssea focal em 2 pontos.

Macroscopia

Dois fragmentos duros (0,8 e 0,1 cm) e avermelhados foram recebidos, fixados em formol 10%, para avaliação

histopatológica. Todo o material foi acondicionado em cassetes histológicos e encaminhados para o

processamento histológico.

Histopatologia

Osso: Doze secções foram avaliadas. Observa-se grande quantidade de medula óssea e raras trabéculas ósseas,

localizadas em uma extremidade. Há moderada quantidade de artefatos de compressão ao redor do fragmento. Observam-se áreas discretas de proliferação óssea.

Diagnóstico Osso: Sem alterações

Comentário

Os fragmentos observados consistem em áreas ricas em medula óssea e sem alterações histológicas. A ausência do periósteo faz com que a avaliação desta camada não seja

possível, e assim, caso os sinais clínicos permaneçam, este local é o provável foco da causa da doença

Segundo o diagnóstico do histopatológico, o osso não tinha alterações. Foi

decidido realizar o tratamento apenas com ozonioterapia, o protocolo definido e

aplicado foi de 5 (cinco) sessões seguidas, uma a cada dia, utilizando a via intra-

lesional do procedimento de biópsia através de uma sonda inserida no local onde foi

realizado a coleta de biópsia do fragmento ósseo. Após 50 dias do tratamento

realizado com ozonioterapia, foi solicitado novo exame radiográfico de membro

pélvico esquerdo de fêmur (figura 12). Houve melhora visível do fêmur relatado e a

ferida em região inguinal fechou-se sem mais recidivas até o momento.

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Figura 12: Segunda radiografia de membro pélvico esquerdo de fêmur do gato, fêmea, 1 ano de

idade, Curitiba-PR/2018

Fonte: Vetmek Pet Diagnóstico por Imagem.

Radiografia em plano médio-lateral e crânio-caudal, a imagem observada em

fêmur é inconclusiva radiograficamente, podendo sugerir processo infiltrativo

inflamatório (osteomielite) / degenerativo ou neoplásico, com maior densidade em

relação ao exame anterior.

4.1.11 Discussão

A ozonioterapia começou a ser aplicada durante a Primeira Guerra Mundial

para tratamento nos soldados feridos, com feridas infectadas, queimaduras e fístulas

(SUNNEN, 1988). No Brasil, no ano de 2017 foi realizado o Projeto de Lei

(N°9001/2017) para regulamentar a ozonioterapia no Brasil, a qual já foi aprovada no

Senado Federal, na Comissão de Constituição e Justiça, em outubro de 2017, e

atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados (ABOZ, 2017).

O tratamento inicial no caso relatado foi realizado com amoxicilina + ácido

clavulânico, porém houve recidiva da lesão, a qual foi realizado cultura e identificação

bacteriana, a qual indicou presença de Staphylococcus aureus e Escherichia coli, e

exame de antibiograma mostrou que este antibiótico era um dos dois antibióticos

sensíveis. Foi indicado tratamento domiciliar com amoxicilina + ácido clavulânico, mas

quase 2 meses depois houve nova recidiva, a qual optou-se por abrir cirurgicamente

e realizar limpeza e fechamento da ferida em região inguinal. De acordo com o

segundo exame de cultura e identificação bacteriana, tendo presença apenas de

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Escherichia coli, foi adotada a terapêutica de ozonioterapia, de acordo com

Wickramanayake et al. (1984), o ozônio possui ação sobre bactérias, fungos, vírus e

protozoários, respectivamente, de acordo com o grau de sensibilidade, terapia esta

que pode ser utilizada como um método de desinfecção (ELVIS e EKTA, 2011), o qual

agiu sobre a bactéria presente e melhorando radiograficamente a alteração óssea

vista anteriormente antes desta terapia que também foi utilizada para a cicatrização

da ferida, pois com o tratamento medicamentoso anterior não havia sido resolvido.

Não foi possível obter a real causa da alteração óssea, a qual pode ser

sugestiva de osteomielite ou osteodistrofia. A osteomielite é uma condição inflamatória

do osso (AVANTE et al., 2014), esta podendo ser de caráter agudo ou crônico e tendo

origem bacteriana, fúngica, parasitária ou viral (BRASIL, 2013), sendo o agente

bacteriano de maior incidência em cães e gatos Staphylococcus aureus, seguido por

Streptococcus coliformes, Escherichia coli e Pasteurella multocida (JOHNSON, 1994;

WALKER, 1983). Osteodistrofias são doenças metabólicas no qual o esqueleto

participa, no caso de animal em crescimento pode-se citar raquitismo, osteoporose

juvenil ou hiperparatireoidismo nutricional secundário, Osteodistrofia hipertrófica,

osteopatia crânio-mandibular, Osteodistrofia idiopática ou atraso e retenções de

cartilagem de crescimento (HERNÁNZ e SANTANA, 1989).

O animal apresentou uma melhora na característica óssea após a

ozonioterapia. Porém não se sabe se a real resolução do fechamento completo da

lesão sem mais recidivas foi o tratamento com ozonioterapia, pois durante o

tratamento inicial de antibioticoterapia poderia ter sido acrescentado medicação tópica

na ferida para cicatrizar e não se tem certeza do uso do colar elisabetano neste

período. O fato de já ter fechado cirurgicamente a ferida recidivante e após a

administração da ozonioterapia utilizar corretamente o colar elisabetano podem terem

contribuído para o fechamento da ferida em região inguinal esquerda.

4.1.12 Conclusão

A ozonioterapia muito utilizada com a finalidade de reduzir agregação

plaquetária, melhorar a circulação sanguínea, promover desinfecção, modular a

imunidade e estimular a cicatrização, no caso relatado foram realizadas 5 sessões

seguidas, onde o ozônio foi administrado de forma parenteral pela via intra-lesional do

local, onde havia sido coletado fragmento ósseo para exame histopatológico, para a

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cicatrização da lesão que mesmo com antibiótico recidivava e alteração óssea vista

em imagem radiográfica.

Não é possível confirmar que se obteve sucesso com o tratamento de

ozonioterapia para a cicatrização da ferida da região inguinal esquerda pois durante o

tratamento inicial com antibioticoterapia poderia ter sido complementado medicação

tópica e não é certeza do uso de colar elisabetano neste período, o que também

poderiam ajudar para o sucesso e cicatrização total sem mais recidivas.

4.2 DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃO

4.2.1 Introdução

A espécie Dioctophyma renale, pertencente à classe Secernentea, ordem

Strongylida, família Dioctophymidae e gênero Dioctophyme. (GOEZE, 1782), é

comumente chamado de verme renal gigante, possui distribuição mundial, e é

frequentemente descrito parasitando animais carnívoros domésticos e selvagens

(AMATO et al., 1976; CORREA e BAUER, 1967; MAYRINK et al., 2000; MECH &

TRACY, 2001) e também relatado em humanos (KATAFIGIOTIS et al., 2013; SUN et

al., 1986).

É encontrado geralmente nos rins, principalmente o direito e livre na cavidade

abdominal (GARGILI et al., 2002; OSBORNE et al., 1969). Porém podem ser

observados no rim esquerdo, cavidade torácica, ureteres, bexiga e tecidos

subcutâneos (PEREIRA et al. 2006; ZABOTT et al. 2012).

4.2.2 Anatomia renal

No cão, os rins são associados ao formato de feijão (CARVALHO, 2004; DYCE

et al., 2010; FEITOSA, 2008; SISSON e GROSSMAN, 1986), comparados aos rins

dos gatos, são relativamente menores, mais longos e menos espessos (DYCE et al.,

2010). Segundo Feitosa (2008), o tamanho do rim varia nas espécies de acordo com

o número de glomérulos, no cão é de aproximadamente 400.000, e o comprimento

pode ser estimado por meio de radiografia lateral e varia entre 2,5 e 3,2 vezes o

comprimento da 2ª vértebra lombar no cão, e largura entre 1,4 a 1,8 adotando o

mesmo critério. De acordo com Sisson e Grossman (1986), os rins são relativamente

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grandes alcançando aproximadamente 1/150 a 1/200 do peso corporal, normalmente

o rim esquerdo é mais pesado que o direito.

Os rins têm a sua localização na região retroperitoneal, no abdome cranial

sendo um de cada lado da aorta e da veia cava caudal (KEALY e McALLISTER, 2005;

SISSON e GROSSMAN, 1986), em contato com os músculos sublombares (DYCE et

al., 2010; SISSON e GROSSMAN, 1986). O rim direito localiza-se no espaço

correspondente ao intervalo entre a 1ª e a 4ª vértebra lombar, mas pode estar tão

distante cranialmente quanto a última vértebra torácica, e o rim esquerdo se estende

da 2ª até a 5ª vértebra lombar (DYCE et al., 2010; FEITOSA, 2008; SISSON e

GROSSMAN, 1986), esta variação se deve ao fato de que o órgão está frouxamente

inserido pelo peritônio e ser afetado pelo grau de enchimento do estômago (SISSON

e GROSSMAN, 1986), por um útero gravídico ou pela respiração (KEALY e

McALLISTER, 2005). Apesar de ter as suas alterações móveis, os rins dos cães

possuem menos mobilidade do que em gatos (DYCE et al., 2010). Eles estão

inclinados obliquamente numa direção craniodorsal-caudoventral e o direito se situa

mais cranial que o esquerdo e está em contato com a fossa renal do lobo caudato do

fígado (KEALY e McALLISTER, 2005).

O rim direito relaciona-se medialmente à glândula adrenal direita e à veia cava

caudal, lateralmente à última costela e à parede abdominal e ventralmente ao fígado

e o pâncreas. O rim esquerdo relaciona-se cranialmente ao baço (ou estômago

quando aumentado), medialmente à glândula adrenal esquerda e à aorta, lateralmente

à parede abdominal e ventralmente ao cólon descendente (DYCE et al., 2010;

SISSON e GROSSMAN, 1986).

Os rins possuem coloração marrom-escura, vermelha ou azul-vermelha

(SISSON e GROSSMAN, 1986), cada um possui um pólo cranial e um caudal, uma

borda medial e uma lateral, uma superfície dorsal e uma superfície ventral.

Num corte longitudinal é possível observar algumas estruturas macroscópicas

internas do rim, a camada fibrosa externa, apresentada em forma de casca, na qual

denominamos de córtex renal (córtex renis), em direção a face medial, encontraremos

a medula renal (medula renis), estrutura avermelhada escura em um formato

triangular, com sua base voltada para o córtex e seu vértice voltado para o seu interior,

denominada de pirâmide renal (DÂNGELO e FATTINI, 2006; DELAMARCHE, 2006;

DIDIO, 1999; GARDNER, 1998; GRAY, 1988; MOORE, 2007; TORTORA, 2007),

sendo denominados unipiramidais ou unilobares (DYCE et al., 2010). A área mais

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afunilada chama-se pelve renal, onde sua função é coletar a urina que forma a parte

inicial do ureter (CARVALHO, 2004). No parênquima estão os néfrons que são as

unidades estruturais específicas dos rins. O néfron consiste em um longo túbulo que

se inicia no corpúsculo renal e termina em conexão com o ducto coletor. O corpúsculo

renal é constituído pela cápsula glomerular (capsula glomeruli), que envolve

completamente uma rede capilar esférica, denominado glomérulo (glomerulus)

(FEITOSA, 2008; REECE, 2008).

Na borda medial localiza-se o hilo renal, área por onde entram e saem os vasos

sanguíneos e linfáticos, nervos e ureteres, o pólo cranial de cada rim é coberto com

peritônio em ambas superfícies, dorsal e ventral, enquanto o pólo caudal é coberto

somente na superfície ventral (FEITOSA, 2008; RECCE, 2008).

4.2.3 Morfologia do Dioctophyma renale

É o maior nematódeo parasita de animais domésticos (BARR e BOWMAN,

2010; JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010). Nematoides de coloração

vermelho-sangue (FORTES, 2004), as fêmeas medem de 20 a 100 cm de

comprimento por 5 a 12 mm de largura e os machos medem de 14 a 45 cm de

comprimento por 4 a 6 mm de largura (FORTES, 2004). Seu aparelho bucal é

pequeno, simples e circundada por seis papilas dispostas em círculos. Os machos

possuem no posterior uma bolsa copuladora musculosa com forma de campânula,

com papilas nas bordas, no centro da bolsa abre-se o orifício cloacal, de onde se

exterioriza um espículo com 5 a 6 mm de comprimento. As fêmeas apresentam cauda

obtusa, ânus terminal, vulva distando de 5 a 7 cm da extremidade anterior e ovário

único. Seus ovos são elípticos, amarelo-acastanhados, de casca espessa,

bioperculados, não segmentados e com depressões, exceto nos pólos (FORTES,

2004), podendo medir de 71 a 84 x 46 a 52 µm (figura 13) (HENDRIX e ROBINSON,

2006; TAYLOR et al., 2010).

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Figura 13: Ovos de Dioctophyma renale encontrados após a sedimentação da urina de um cão

Fonte: MONTEIRO, 2017

4.2.4 Epidemiologia

A distribuição ocorre em regiões temperadas e subárticas, Américas do Norte

e do Sul e Ásia. Ocorre esporadicamente na Europa, mas não foi relatado na Grã-

Bretanha. Sua principal área endêmica é na região norte da América do Norte,

principalmente no Canadá (JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010).

Como em muitas infecções parasitárias de carnívoros domésticos, há um

grande reservatório nos animais de vida selvagem, dos quais os hospedeiros

intermediários e paratênicos se infectam. Visões de cativeiro provavelmente adquirem

a infecção da sua dieta de peixes, e cães domésticos por ingestão casual de

anelídeos, rãs ou peixes infectados (JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010).

4.2.5 Patogenia

A poderosa ação histolitíca da secreção das glândulas esofagianas, muito

desenvolvidas em Dioctophyma renale, explica a facilidade com que penetra e destrói

o parênquima renal (FORTES, 2004), causando inicialmente pielite hemorrágica, que

se torna supurativa, e o parênquima eventualmente é destruído até que apenas a

túnica contenha o verme e exsudato (TAYLOR et al., 2010). O efeito final da infecção

é a destruição do rim (JENNINGS et al., 2001). Na cavidade abdominal, o verme com

frequência se enlaça a um lobo hepático e pode causar erosão da cápsula hepática,

levando a hemorragia ou infarto e ruptura (TAYLOR et al., 2010).

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Preferencialmente o rim direito fica reduzido exclusivamente à cápsula, como

um saco distendido contendo no interior os vermes imersos num conteúdo

sanguinolento (figura 14). O Dioctophyma renale pode emigrar dos bacinetes aos

ureteres e atingir a bexiga, uretra e ser eliminado através da urina (FORTES, 2004).

Figura 14: Parasitos de D. renale no interior do rim

Fonte: MONTEIRO, 2002.

Geralmente, só um rim é parasitado, sendo o direito envolvido mais comumente

que o esquerdo, o qual sofre hipertrofia para compensar a falta do destruído

(FORTES, 1997; JENNINGS et al., 2001; LEITE et al., 2005).

4.2.6 Ciclo biológico e transmissão

A maioria dos casos de dioctofimose ocorre em cães (figura 15) que vivem em

áreas enzoóticas e são alimentados por peixes (MACE, 1974).

Os ovos saem pela urina morulados e, no ambiente, a 25 a 30ºC a L1 se

desenvolve dentro do ovo por aproximadamente 30 dias (FORTES, 2004). Os ovos

larvados podem persistir durante anos no meio externo, segundo Taylor et al. (2010)

de 6 meses a 2 anos, e para prosseguir sua evolução devem ser ingeridos pelo

primeiro hospedeiro intermediário, o anelídeo oligoqueta aquático no qual ocorre as

duas mudas pré-parasitárias a qual atravessam a parede do tubo digestivo e se

encistam no celoma e também em outros tecidos. O segundo hospedeiro

intermediário, os peixes ou a rã se infectam ao ingerir o anelídeo infectado que migram

através da parede intestinal ao mesentério ou fígado, onde o parasita se aloja na

musculatura em L3, neste caso, é chamado de hospedeiro paratênico (ANDERSON,

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2000; MACE e ANDERSON, 1975), ser vivo que serve de refúgio temporário e de

veículo para aceder ao hospedeiro definitivo, e não há evolução do nematoide. O ciclo

continua quando o hospedeiro definitivo ingere o peixe ou rã crua ou pouco cozida ou

ao comerem anelídeos aquáticos parasitados, onde a mesma atravessa ativamente o

tubo digestivo e migra preferencialmente para o rim direito, onde passará a L4 e

adulto. O período pré-patente é de cerca de seis meses, porém pode durar até dois

anos (BARR e BOWMAN, 2010; JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010).

Figura 15: Ciclo evolutivo do Dioctophyma renale em cães

Fonte: Adaptado U.S. Department of Health & Human Services - CDC (DPDx), 2017.

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4.2.7 Hospedeiros

O primeiro hospedeiro intermediário é o anelídeo oligoqueta, parasita de

brânquias de crustáceos, o segundo hospedeiro intermediário são os peixes de água

doce, que são ingeridos pelos hospedeiros definitivos, carnívoros domésticos e

selvagens (AMATO et al., 1976; CORREA e BAUER, 1967; MAYRINK et al., 2000;

MECH e TRACY, 2001). Os domésticos sendo os cães com maior intensidade no

Brasil (ALENCAR FILHO, 1966; AMATO et al. 1976), e com menor intensidade felinos

(BARR e BOWMAN, 2010; TAYLOR et al., 2010), equinos, bovinos, suínos

(DACORSO FILHO et al., 1954; NEVES e MORAES, 1980). Houve relatos de casos

de animais silvestres como o quati (Nasua nasua, L.), furão (Galictis cuja), lobo-guará

(Crysocyon brachiurus, Illiger) e preguiça (Choloepus didactylus, Linnaeus) (BARROS

et al.,1990; COSTA e FREITAS, 1967; DACORSO FILHO et al., 1954; ROCHA e

GRECHI, 1965). Foram registrados casos de parasitismo em seres humanos

(GUTIERREZ et al., 1989; HANJAN et al., 1968; IGNJATOVIC et al., 2003; TAYLOR

et al., 2010; URANO et al., 2001).

4.2.8 Localização do parasita no hospedeiro definitivo

Foi constatado que a prevalência da infecção do rim direito é maior,

provavelmente, devido a sua vizinhança com o duodeno (FORTES, 2004).

O parasito D. renale, é encontrado geralmente no rim direito, porém quando

rompe a cápsula renal são encontrados também na cavidade abdominal (FYVIE,

1971; ZABOTT et al., 2012), ou até mesmo na cavidade torácica, no escroto, glândula

mamária e tecido subcutâneo inguinal (ISHIZAKI et al. 2010; PESENTI et al., 2007;

ZABOTT et al., 2012), ureteres, bexiga, próstata, fígado e no estômago e tecidos

subcutâneos (PEREIRA et al., 2006).

4.2.9 Sinais clínicos

Os principais sinais clínicos são disúria, com alguma hematúria, especialmente

no final da micção; em poucos casos, há dor lombar. Entretanto, a maioria dos casos

é completamente assintomática (BARR e BOWMAN, 2010), mesmo quando um rim

foi completamente destruído (JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010). Pode

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haver dilatação abdominal quando o parasita migra para a cavidade peritoneal e

provoca peritonite branda (BARR e BOWMAN, 2010; TAYLOR et al., 2010).

Segundo Barr e Bowman (2010), uma característica clínica é a renomegalia,

principalmente do rim direito. Ao exame físico de palpação abdominal pode-se notar

dilatação abdominal (SHERDING e BIRCHARD, 2008).

4.2.10 Alterações laboratoriais e urinálise

Na avaliação laboratorial do hemograma observa-se notar eosinofilia, basofilia

e hiperproteinemia e no perfil bioquímico não se constata azotemia, a menos que os

dois rins estejam infectados ou um rim esteja acometido e o outro comprometido por

outra causa, na urinálise pode haver hematúria, piúria e proteinúria secundaria à

inflamação do trato urinário (SHERDING e BIRCHARD, 2008).

4.2.11 Diagnósticos diferenciais e formas diagnósticas

Neoplasias (carcinoma renal e hemangiossarcoma), hidronefrose unilateral e

traumatismo, são outras causas de hematúria com renomegalia unilateral (BARR e

BOWMAN, 2010).

O diagnóstico pode ser realizado através de exame parasitológico de urina

(BARR e BOWMAN, 2010; BARRIGA, 2002; FORTES, 2004; JENNINGS et al., 2001;

SHERDING e BIRCHARD, 2008; TAYLOR et al., 2010). Porém os ovos serão

encontrados no sedimento urinário apenas se a fêmea do parasito estiver alojada no

rim causando infecção (SOLER et al., 2008).

A ultrassonografia abdominal é um importante exame complementar por

auxiliar na avaliação renal e demais órgãos abdominais além de diagnosticar o

parasita enrolado no interior da pelve do rim (BARR e BOWMAN, 2010; ZARDO et al.,

2012), preferencialmente o rim direito (FORTES, 2004). É observado apenas a

cápsula renal com a presença do parasita, que pode ser visibilizado em cortes

longitudinais e transversais, como estruturas cilíndricas e arredondadas,

respectivamente, em geral circundado por fluido (CARVALHO, 2004). Geralmente a

imagem sugere estruturas como múltiplos anéis com camada hiperecóica e centro

hipoecóico (figura 16) (OLIVEIRA et al., 2005).

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Figura 16: Ultrassonografia abdominal de topografia renal direta parasitada com Dioctophyma renale

Fonte: CARVALHO, 2008.

4.2.12 Tratamento

Não há nenhuma terapia médica efetiva, o procedimento cirúrgico indicado é a

nefrectomia em casos de infestação por D. renale com alterações degenerativas

severas (BARR e BOWMAN, 2010; BOJRAB et al., 1996; SHERDING e BIRCHARD,

2008), e nefrotomia quando há infecção renal bilateral, no caso de peritonite, realiza-

se procedimento cirúrgico exploratório para remoção dos parasitas (SHERDING e

BIRCHARD, 2008).

4.2.13 Prevenção

Como forma de prevenção, deve ser realizada a eliminação do consumo de

peixe cru na dieta (JENNINGS et al., 2001; TAYLOR et al., 2010) e impedir que cães

ou outros animais ingiram peixe cru (FORTES, 2004) ou água contaminada

(SHERDING e BIRCHARD, 2008).

4.2.14 Relato de caso clínico

Um cão, macho, 1 ano de idade, não esterilizado, SRD, foi atendido na UNISA,

animal resgatado da rua há 3 meses. Há 15 dias tutora percebeu que o animal

começou a ficar mais apático, urinando em jatos e de coloração escura, diminuiu o

apetite nos últimos dias. O paciente estava com tratamento anterior prescrito com

amoxicilina e dipirona.

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Durante o exame físico o animal manteve-se alerta e com hipertermia (39,8ºC),

e demais parâmetros sem alterações. Foi solicitado exame de ultrassonografia

abdominal (figura 17) e exames laboratoriais como hemograma e bioquímico –

creatinina, ureia, ALT e FA (quadro 9), onde notou-se eritrocitopenia, hemoglobina

baixa, hematócrito baixo, CHGM baixo, com desvio a esquerda regenerativo e

eosinofilia.

Figura 17: Imagem ultrassonográfica abdominal da topografia renal direita do cão, macho, 1 ano de

idade, com histórico de hematúria em jatos, demonstrando parasitado com Dioctophyma renale,

Curitiba-PR/2018

Fonte: Vetmek Pet Diagnóstico por Imagem.

No exame de ultrassonografia abdominal foi possível visualizar a vesícula

urinária repleta de sedimento (coagulo/pus), discreta efusão peritoneal, leve gastrite,

a seta indica a presença de Dioctophyma renale em rim direito e o rim esquerdo

apresenta sinais sonográficos de nefropatia ou alteração morfológica conformacional

(displásico).

O procedimento cirúrgico foi autorizado e realizado no mesmo dia (figura 18),

paciente passou a noite em observação do pós cirúrgico o qual recebeu as seguintes

medicações durante o internamento: Ranitidina dose 2mg/kg BID SC, Dipirona dose

25mg/kg TID IV, Meloxicam dose 0,1mg/kg SID IV, Tramadol dose 2 mg/kg TID IV,

Metronidazol dose 15mg/kg BID IV e Ceftriaxona dose 25mg/kg BID IV.

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Quadro 9: Resultados do primeiro exame laboratorial do canino, macho, 1 ano de idade

Hemograma Resultado Valor Referência - Canino 1 a 8 anos

Eritrócitos 4.91 x10⁶ cels/Ul 5.5 a 8.5

Hemoglobina 8.8 g/dL 12 a 18

Hematócrito 32.2% 37 a 55

VGM 66 fL 60 a 77

CHGM 27,2% 30 a 36

Metarrubrócitos 1/100 leucócitos

Proteína Plasmática 7,6 g/dL 5,5 a 8,0

Leucócitos Totais 16.000 /µL 6.000 a 17.000

Neutrófilos Segmentados 8.960 /µL 3.000 a 11.500

Neutrófilos Bastonetes 640 /µL 0 a 300

Metamielócitos 0 /µL 0

Linfócitos 3.360 /µL 1.000 a 4.800

Monócitos 1.280 /µL 150 a 1.350

Eosinófilos 1.760 /µL 100 a 1.250

Basófilos 0 /µL Raros

Plaquetas 325.000 /µL 200.000 a 500.000

Observações

Moderada presença de granulação tóxica em neutrófilos. Presença, também, de hemácias hipocoradas, raros policromatófilos e moderada quantidade de células em alvo. Discreta anisocitose.

Bioquímico Resultado Valor Referência

Ureia 32,3 mg/dL 21 - 59,9

Creatinina 0,9 mg/dL 0,5 - 1,5

ALT 23,7 U/L 21 – 86

FA 90,4 U/L 20 – 156

Figura 18: Rim direito do cão, macho, 1 ano de idade, parasitado com Dioctophyma renale, Curitiba-

PR/2018

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No dia seguinte, o paciente teve alta médica e foi prescrito para tratamento

domiciliar: Ranitidina 15mg/kg – admistrado 1,5 ml via oral a cada 12 horas durante

10 dias, Dipirona gotas – admistrado 10 gotas via oral a cada 8 horas durante 3 dias,

Metronidazol 400mg – admistrado meio comprimido via oral a cada 12 horas durante

10 dias, Cefalexina 500mg – admistrado meio comprimido via oral a cada 12 horas

durante 10 dias, Meloxicam 2mg – admistrado meio comprimido ao dia via oral durante

4 dias e Tramadol 40mg – admistrado meio comprimido via oral a cada 8 horas durante

3 dias.

Foi solicitado hemograma e bioquímico (quadro 10) de controle após dois dias

da data da cirurgia, observando eritrocitopenia, hemoglobina baixa e hematócrito

baixo, leucocitose, desvio a esquerda regenerativo, linfocitose, monocitose e

eosinofilia. Para o pós-operatório foi informado aos proprietários do uso obrigatório do

colar elizabetano até a retirada dos pontos, 10 dias depois.

Quadro 10: Resultado do segundo exame laboratorial do canino, macho, 1 ano de idade

Hemograma Resultado Valor Referência - Canino 1 a 8 anos

Eritrócitos 4.57 x10⁶

cels/Ul 5.5 a 8.5

Hemoglobina 9.0 g/Dl 12 a 18

Hematócrito 30.6% 37 a 55

VGM 67 fL 60 a 77

CHGM 29.5% 30 a 36

Metarrubrócitos 0/100 leucócitos

Proteína Plasmática 7,7 g/dL 5,5 a 8,0

Leucócitos Totais 31.900 /µL 6.000 a 17.000

Neutrófilos Segmentados 22.649 /µL 3.000 a 11.500

Neutrófilos Bastonetes 319 /µL 0 a 300

Metamielócitos 0 /µL 0

Linfócitos 5.104 /µL 1.000 a 4.800

Monócitos 1.595 /µL 150 a 1.350

Eosinófilos 2.233 /µL 100 a 1.250

Basófilos 0 /µL Raros

Plaquetas 347.000 /µL 200.000 a 500.000

Bioquímico Resultado Valor Referência

Ureia 34,3 mg/dL 21 - 59,9

Creatinina 0,9 mg/dL 0,5 - 1,5

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Foi solicitado repetir novamente o exame de hemograma e bioquímico em sete

e 30 dias após o procedimento cirúrgico para controle, nestes exames, os valores de

hemograma e bioquímicos de ureia e creatinina se encontraram dentro dos valores de

referência para a espécie.

Após 29 dias do primeiro exame laboratorial foi realizado exame

ultrassonográfico de controle (figura 19). Neste exame observou-se rim o rim esquerdo

preservado, demais estruturas dentro da normalidade sonográfica.

Figura 19: Imagem ultrassonografia abdominal da topografia renal esquerda de controle do cão,

macho, 1 ano de idade, Curitiba-PR/2018

Fonte: Vetmek Pet Diagnóstico por Imagem.

4.2.15 Discussão

O Dioctophyma renale possui como primeiro hospedeiro intermediário o

anelídeo oligoqueta, o qual é ingerido pelos peixes de água doce, sendo o segundo

hospedeiro intermediário que são ingeridos pelos hospedeiros definitivos, os

carnívoros domésticos e selvagens (AMATO et al., 1976; CORREA & BAUER, 1967;

MAYRINK et al., 2000; MECH e TRACY, 2001). Segundo Anderson (2000) o segundo

hospedeiro intermediário inclui as rãs além dos peixes. No caso relatado, no entanto,

não há histórico anterior das condições de vida do paciente, sendo assim

desconhecido a forma de infecção do paciente descrito.

De acordo com Silveira et al. (2015), foram reunidos os casos num estudo de

dioctofimose no qual foi observado que 96,4% dos cães tinham idade superior a dois

anos. Segundo McGavin e Carlton (1998), esta afecção ocorre apenas em cães com

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2 anos ou mais, por conta do seu ciclo biológico prolongado e complexo. Entretanto o

paciente do caso clínico tinha aproximadamente 1 ano de idade.

A sintomatologia clínica do paciente relatado condiz com a literatura descrita

por Barr e Bowman (2010), o qual apresentava hematúria. A partir disto foram

solicitados exames laboratoriais, bem como hemograma e perfil bioquímico e exame

ultrassonográfico abdominal. No exame de imagem da topografia renal foi possível

visualizar estruturas como múltiplos anéis com camada hiperecóica e centro

hipoecóico (OLIVEIRA et al., 2005), o parasita encontrava-se enrolado no interior da

pelve do rim direito como Barr e Bowman (2010) se referiram.

Os exames laboratoriais bioquímicos das enzimas renais, bem como creatinina

e ureia do primeiro e segundo exame, antes e depois de 2 dias do tratamento cirúrgico,

respectivamente não apresentaram alterações, porém os exames de hemograma

houve alterações que podem sugerir inflamação/infecção em fase crônica.

O tratamento cirúrgico realizado foi de acordo com a as citações feitas por

Bojrab et al. (1996) e Sherding e Birchard (2008), que indicam a nefrectomia quando

há infecção renal unilateral com alterações degenerativas severas e remoção dos

parasitos de acordo com Barr e Bowman (2010).

4.2.16 Conclusão

A dioctofimose ocorre com maior intensidade em cães que possuem acesso a

rios e lagos, mostrando-se mais suscetíveis a infestação pois existe a probabilidade

de ingerir anelídeo oligoqueta, peixes crus e rãs. A anamnese é essencial pois pode

haver queixa de hematúria, o diagnóstico se dá através de parasitológico de urina ou

ultrassonografia abdominal, não havendo tratamento medicamentoso, apenas

cirúrgico, podendo ser nefrectomia unilateral quando apenas um rim esta acometido,

nefrotomia quando os dois rins estão acometidos e exploratório para a remoção dos

parasitos que rompem a cápsula renal e invadem a cavidade abdominal. No caso

relatado o animal havia sido resgatado, não tendo assim histórico anterior, entretanto

havia queixa de hematúria e pelo exame ultrassonográfico foi confirmado a presença

do parasita no rim direito, sendo realizado nefrectomia unilateral, que foi eficaz para

resolução da enfermidade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estágio curricular supervisionado realizado, foi possível acompanhar

e descrever relatos de dois casos clínicos, sendo o primeiro caso com a paciente de

espécie felina com ferida recidivante na região inguinal e lesão óssea tratada com

ozonioterapia, e o segundo caso com o paciente da espécie canina diagnosticado pelo

exame ultrassonográfico com o nematoide Dioctophyma renale, localizado no rim

direito.

Com a realização dos exames laboratoriais como hemograma e bioquímico, e

exames de imagem radiográfico e ultrassonográfico complementares, foram

verificadas as condições dos pacientes, para a iniciação dos tratamentos e no

segundo caso até a intervenção cirúrgica, para remoção do verme e do rim direito.

No primeiro caso clínico, foi solicitado exames laboratoriais, bacteriológico e

antibiograma o qual mostrou presença de bactéria Staphylococcus aureus e

Escherichia coli, optado por tratamento com antibiótico identificado como sensível,

porém sem resolução do quadro, realizado limpeza e fechamento da ferida

cirurgicamente, além da radiografia do membro pélvico esquerdo o qual mostrou

alteração óssea em fêmur, preferível realizar biópsia de dois fragmentos ósseos

porém estes sem alterações diagnósticas, iniciando-se o tratamento com

ozonioterapia, para cicatrização da ferida e eliminação das bactérias, pois o ozônio

possui ação bactericida e ajudar na cicatrização tecidual.

No segundo caso clínico, foi requisitado exame de imagem ultrassonográfico,

podendo observar possíveis estruturas como múltiplos anéis com camada hiperecóica

e centro hipoecóico, onde encontrava-se o parasita na pelve do rim direito, assim

sendo realizada a nefrectomia unilateral somente do rim acometido.

De acordo com a literatura as formas de infecção do Dioctophyma renale é

água contaminada, peixes de água doce, além de rãs e sapos. E por conta do ciclo

biológico prolongado e complexo a afecção ocorre apenas em cães com 2 anos ou

mais, entretanto o paciente tinha aproximadamente 1 ano de idade.

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