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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Heide Withoeft TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2008

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Heide Withoeft

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2008

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA

2008

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Heide Withoeft

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Relatório de estágio apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção de grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Professor Msc. Ricardo Maia Orientador Profissional: Dr. André Luis Selmi

CURITIBA 2008

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Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Profª Ana Laura Angeli Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS PROF. SYDNEI LIMA SANTOS Rua Sydnei Antônio Rangel dos Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82.010-330 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331- 7700

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TERMO DE APROVAÇÃO

Heide Withoeft

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção de título de Médica Veterinária por uma banca examinadora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 07 de novembro de 2008

____________________________________ Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

____________________________________ Orientador Prof. Msc. Ricardo Maia

Universidade Tuiuti do Paraná

____________________________________ Profª Msc. Taís Marchand Rocha Moreira

Universidade Tuiuti do Paraná

___________________________________ Medica Veterinária Raquel de Araújo Cantarella

Universidade Tuiuti do Paraná

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À, Herica, minha irmã, querida

amiga, pelo carinho, amor e sintonia

que nos acompanha.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, por terem me proporcionado

todos os anos de estudo, superando as dificuldades e privações.

Agradeço imensamente a minha família, que mesmo distante sempre me

apoiou, e dedicou um carinho incondicional que foi decisivo para o meu

caminho.

A minha mãe, Emilia, mulher guerreira, que me manteve firme assim

como ela, suportando a saudade e a distância, estivemos sempre em sintonia.

Ao meu pai, Cyro e a Mime, que me acolheram e me orientaram nos

momentos adversos, que dividiram os momentos e suas vidas.

A minha irmã, Herica, grande amiga, confidente de todas as horas, que

sempre me transmitiu paz e coragem, e esteve ao meu lado.

Ao Anderson, pelo amor, carinho e compreensão nos momentos que

estive ausente.

Ao Prof. Ricardo Maia, meu mestre e orientador pela dedicação durante

a graduação e a paciência durante a orientação.

Aos professores e funcionários da Universidade Tuiuti do Paraná, pelos

anos de dedicação.

Aos profissionais do Hospital Veterinário Anhembi Morumbi/SP, pelos

meses de imenso aprendizado e amizade.

A querida amiga, Raquel, pelos incansáveis ensinamentos e pelos

momentos especiais divididos.

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A melhor coisa sobre o futuro é que

ele acontece apenas uma vez.

Abraham Lincon

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APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.), apresentado ao Curso

de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título

de Médico Veterinário, para fins de cumprimento de estágio curricular, é

composto de um Relatório de Estágio, onde estão descritas as atividades

realizadas pela acadêmica Heide Withoeft, bem como a descrição de dois

casos clínico cirúrgicos acompanhados durante o período de 04 de agosto a 30

de setembro de 2008, no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM)

localizado na cidade de São Paulo/SP.

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RESUMO

O estágio curricular foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade

Anhembi Morumbi, localizada na cidade de São Paulo/SP, no período de 04 de

agosto a 30 de setembro de 2008. Foram acompanhadas atividades na área de

Clinica Cirúrgica sendo que neste trabalho está contida a descrição do local do

estágio bem como estão descritos dois casos clínicos cirúrgicos e suas

respectivas revisões bibliográficas. Os temas são obstrução do fluxo biliar

secundário a neoplasia pancreática e fratura de vértebra lombar.

Palavras-chave: obstrução, fluxo biliar, neoplasia pancreática, fratura, vértebra

lombar.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – HOSPITAL VETERINÁRIO ANHEMBI MORUMBI ........................ 15

Figura 02 – RECEPÇÃO DO HOVET-AM, 2008 .............................................. 15

Figura 03 – CONSULTÓRIO DO HOVET-AM, 2008 ........................................ 16

Figura 04 – CENTRO CIRÚRGICO 1 DO HOVET-AM, 2008 ........................... 16

Figura 05 – TÉCNICA DE COLECISTOJEJUNOSTOMIA EM ALÇA ............... 31

Figura 06 – TÉCNICA DE ENTEROANASTOMOSE TÉRMINO-TERMINAL ... 32

Figura 07 – NEOPLASIA PANCREÁTICA ENVOLVENDO DUODENO E

PILORO .............................................................................................................

37

Figura 08 – DILATAÇÃO DA VESÍCULA E DUCTO BILIAR ............................ 38

Figura 09 – TÉCNICA DE FRATURA POR SUTURA NO PÂNCREAS ........... 39

Figura 10 – ENTEROANASTOMOSE ENTE PILORO E DUODENO ............... 39

Figura 11 – COLECISTOJEJUNOSTOMIA ...................................................... 40

Figura 12 – METÁSTASE EM FÍGADO ............................................................ 40

Figura 13 – RADIOGRAFIA DA FRATURA EM VÉRTEBRA LOMBAR (L7) .... 55

Figura 14 – RADIOGRAFIA VENTRO DORSAL PÓS-OPERATÓRIA DE

ESTABILIZAÇÃO SEGMETAR MODIFICADA .................................................

57

Figura 15 – RADIOGRAFIA LATERO LATERAL PÓS-OPERATÓRIA DE

ESTABILIZAÇÃO SEGMETAR MODIFICADA .................................................

57

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 – NÚMERO TOTAL DE CASOS CIRÚRGICOS

ACOMPANHADOS NO PERÍODO ................................................................

17

GRÁFICO 02 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE

DE TERIOGENEALOGIA ...............................................................................

18

GRÁFICO 03 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE

DE ONCOLOGIA ...........................................................................................

18

GRÁFICO 04 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE

DE ORTOPEDIA ............................................................................................

18

GRÁFICO 05 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE

DE OFTALMOLOGIA .....................................................................................

19

GRÁFICO 06 – NÚMERO DE CASOS CIRÚRGICOS NA ESPECIALIDADE

DE TGI ...........................................................................................................

19

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LISTA DE ABREVIATURAS

ALT: alanina aminotransferase

ATT: avanço da tuberosidade tibial

BID: duas vezes ao dia

bpm: batimentos por minuto

dL: decilitro

FAS: fosfatase alcalina sérica

FC: freqüência cardíaca

FR: freqüência respiratória

IM: intra muscular

IV: intra venosa

mg: miligrama por quilograma

ml: mililitro

MPA: medicação pré anestésica

OBEH: obstrução biliar extra hepática

OSH: ovariosalpingohisterectomia

SC: subcutâneo

SID: uma vez ao dia

SRD: sem raça definida

TPC: tempo de preenchimento capilar

TID: três vezes ao dia

TGI: trato gastrointestinal

VO: via oral

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 13

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO ................................................... 14

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................. 17

4 OBSTRUÇÃO DO FLUXO BILIAR SECUNDÁRIA À NEOPLASIA

PANCREÁTICA .............................................................................................

20

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 20

4.2 RELATO DE CASO ................................................................................. 34

4.3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 41

5 FRATURA DE VÉRTEBRA LOMBAR ....................................................... 43

5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 43

5.2 RELATO DE CASO ................................................................................. 54

5.3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 58

7 CONCLUSÃO ............................................................................................. 60

8 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 61

ANEXO .......................................................................................................... 65

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1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso refere-se ao estágio

realizado no Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM), no período

de 04 de agosto de 2008 a 30 de setembro de 2008 e tem como finalidade

descrever os casos clínico cirúrgicos que foram observados no período, assim

como as revisões bibliográficas de cada caso em questão.

O estágio curricular foi realizado no setor de Clínica Cirúrgica de

Pequenos Animais, onde foi possível acompanhar os procedimentos da intensa

rotina do HOVET-AM, onde o discente teve oportunidade de aplicar os

conhecimentos obtidos no período de sua graduação, assim como pode

adquirir novos conhecimentos e ter contato com novas tendências da área

através da convivência com os profissionais da instituição, como os médicos

veterinários contratados, docentes e residentes.

Durante o período de estágio foi cumprido um total de 471 horas de

atividades na clínica cirúrgica de pequenos animais, sob orientação profissional

do médico veterinário Prof. Dr. André Luis Selmi e com a supervisão

acadêmica do médico veterinário Prof. Msc. Ricardo Maia.

Neste trabalho estão descritos o local do estágio, a casuística do

período e o relato de 2 casos clínico cirúrgicos, com suas respectivas revisões

bibliográficas. Os casos descritos são: fratura de vértebra lombar e obstrução

do fluxo biliar secundário a neoplasia pancreática.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O Hospital Veterinário Anhembi Morumbi (HOVET-AM) iniciou suas

atividades no ano de 2002, e localiza-se na Rua Conselheiro Lafaiette n° 64, no

bairro do Brás, na cidade de São Paulo/SP. Seu horário de funcionamento é

das 8 horas às 22 horas de segunda a quarta, das 8 horas às 18 horas as

quintas e sextas-feiras e, aos sábados, das 8 horas ao meio dia.

O corpo clínico do HOVET-AM (FIGURA 01) é composto de 8

veterinários contratados, 14 médicos veterinários docentes, 8 residentes e 3

enfermeiros.

A sua estrutura física é composta de 1 recepção (FIGURA 02), 6

consultórios (FIGURA 03), 2 áreas de internação, sendo que uma delas é

destinada a casos de doenças infecto contagiosas, sala de enfermagem,

farmácia, 3 centros cirúrgicos de pequenos animais (FIGURA 04) e 1 centro

cirúrgico de grandes animais, área de preparo para procedimentos cirúrgicos,

UTI para pacientes em pós-operatório, banco de sangue, diagnóstico por

imagem (radiologia e ultrassonografia), laboratório de análises clínicas,

laboratório de reprodução, reabilitação e fisioterapia, vestiários, biblioteca, sala

de residentes, copa e esterilização de materiais.

O HOVET-AM conta com os seguintes atendimentos especializados:

Cardiologia, Dermatologia, Diagnóstico por Imagem, Endocrinologia, Animais

Silvestres, Odontologia, Oftalmologia, Ortopedia, Reabilitação Animal,

Oncologia e Neurologia.

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FIGURA 01 – HOVET-AM, 2008

FIGURA 02 – RECEPÇÃO DO HOVET-AM, 2008

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FIGURA 03 – CONSULTÓRIO HOVET-AM, 2008

FIGURA 04 – CENTRO CIRÚRGICO 1, HOVET-AM, 2008

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3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades durante o período de estágio foram o

cumprimento da rotina da clínica cirúrgica, atendimento dos pacientes

encaminhados para os procedimentos, o preparo dos mesmos, assim como

assistência em cirurgias e apoio pós-operatório. Como parte da programação

das atividades do HOVET-AM, periodicamente eram realizadas reuniões onde

os casos clínicos eram discutidos.

No total foram acompanhadas 124 intervenções cirúrgicas sendo que 2

das quais serão descritas neste trabalho.

As cirurgias do Sistema Tegumentar, Sistema Neurológico e Sistema

Urinário não tiveram ocorrência significativa para constar graficamente, as

demais especialidades estão representadas a seguir:

Gráfico 1 – Número total de casos cirúrgicos acompanhados no período.

30%

23%

19%

8%

5%

5%5% 2% 2%1% Teriogenealogia

Ortopedia

Oncologia

Trato Gastrointestinal

Sistema Tegumentar

Oftalmologia

Neurologia

Odontologia

Sistema Urinário

Trato Respiratório

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Gráfico 2 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Teriogenealogia

39%

28%

18%

10%5%

Mastectomia

Piometra

OSH

Orquiectomia

Cesária

Gráfico 3 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Oncologia

65%9%

9%

9%4% 4%

Sem resultado até a data

Mastocitoma

Lipoma

Crioterapia

Fibrossarcoma Vacinal

Adenocarcinoma

Gráfico 4 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Ortopedia

37%

11%8%8%

8%

8%

8%

4%

4%

4%

Osteossíntese com placa

Retirada de pinos,placas e fixador

Osteossíntese com pino e placa

Amputação digital

Trocleoplastia

Ressecção da cabeça do fêmur

Sutura fabelo tibial

Avanço da tuberosidade tibial

Denervação

Caudectomia

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Gráfico 5 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de Oftalmologia

33%

33%

17%

17% Enucleação

Sepultamento deglândula

Ulcera indolente

Retirada de glândula

Gráfico 6 – Número de casos cirúrgicos da especialidade de TGI

28%

27%

27%

18%

Endoscopia

Enterotomia

Enterectomia

Enterorrafia

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4 OBSTRUÇÃO DO FLUXO BILIAR SECUNDÁRIA À NEOPLASIA

PANCREÁTICA

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Fisiopatologia

A vesícula biliar mais os ductos hepáticos, cístico e comum constituem

o sistema biliar extra-hepático. A bile é drenada a partir dos ductos biliares para

os ductos cístico e comum, sendo armazenada e concentrada na vesícula biliar

(FOSSUM & WILLARD, 2004).

O duto cístico se estende desde o colo da vesícula biliar até a junção

com o primeiro tributário oriundo do fígado. Deste ponto até a abertura do

sistema biliar no interior do duodeno, o duto é chamado de duto biliar. Esse

duto atravessa o omento menor por aproximadamente 5cm e entra na parede

mesentérica duodenal. O duto biliar canino termina no duodeno, próximo à

abertura do duto pancreático menor. O duto biliar felino geralmente se junta ao

duto pancreático maior antes de entrar no duodeno (FOSSUM, 2002 e

FOSSUM & WILLARD, 2004).

Obstrução biliar extra-hepática ocorre quando processos mórbidos

interferem no fluxo normal da bile desde o fígado e a vesícula biliar até o

intestino. São conhecidas causas neoplásicas, litogênicas, inflamatórias,

parasitárias e congênitas. A obstrução pode ser parcial, completa, intermitente

ou contínua. Os sinais clínicos, alterações fisiopatológicas e tratamento são

diretamente influenciados por esses fatores (MARTIN et al, 2003).

A doença pancreática é a causa mais comum de obstrução biliar extra-

hepática (OBHE) canina (FOSSUM & WILLARD, 2004).

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Uma obstrução secundária à pancreatite ou neoplasia é mais comum

em animais de meia idade ou idosos (FOSSUM, 2002).

O pâncreas, localizado sob o estômago, é uma grande glândula

composta. A secreção pancreática contém múltiplas enzimas para digerir todos

os 3 principais grupos de alimentos: proteínas, carboidratos e gorduras, e, o

pâncreas secreta ainda insulina e glucagon para o sangue pelas ilhotas de

Langerhans, espalhadas por todo o pâncreas (GUYTON, 2006).

O tecido endócrino do pâncreas, as ilhotas de Langehans,

corresponde apenas a 1% - 2% da glândula, enquanto o tecido exócrino junto

com vasos e nervos associados corresponde a mais de 98% da massa

pancreática (CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004).

Quando o pâncreas sofre um dano grave ou quando ocorre bloqueio

de um ducto, grandes quantidades de secreção pancreática podem acumular

nas áreas comprometidas do pâncreas. Nessas condições, o efeito inibidor de

tripsina é insuficiente, situação em que as secreções pancreáticas tornam-se

ativas e podem digerir todo o pâncreas em questão de poucas horas, levando a

uma condição denominada pancreatite aguda. Trata-se de uma condição por

vezes letal em razão do conseqüente choque circulatório. Se não for letal,

geralmente leva a uma insuficiência pancreática crônica subseqüente

(GUYTON, 2006).

De acordo com Williams (2004), quando a função pancreática exócrina

fica comprometida, essas vias alternativas da digestão são inadequadas, e os

sinais clínicos de má absorção manifestam-se.

A neoplasia pode causar OBEH. A cirurgia para neoplasia pancreática

que esteja causando OBEH em geral não compensa, pois a maioria dos

tumores pancreáticos é maligno. A colecistojejunostomia pode ser paliativa se

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o lúmen intestinal estiver patente. A ressecção pancreáticoduodenal é possível,

mas curas cirúrgicas são improváveis. Malignidades biliares, intestinais,

hepáticas ou de linfonodos também podem obstruir os ductos biliares, sendo

indispensável a biópsia para se chegar ao diagnóstico (FOSSUM & WILLARD,

2004).

Adenocarcinoma Pancreático

O câncer envolvendo o pâncreas de cães ou gatos é raro. A idade média

de ocorrência em cães é de 10 anos e 12 anos nos gatos. Carcinomas são os

mais comuns tipos de tumores primários malignos do pâncreas em cães e

gatos. Esses tumores podem originar-se de células acinares (adenocarcinoma)

ou, mais comum, do epitélio ductal (carcinoma) (MORRISON, 1998; FOSSUM,

2002; CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004).

Para Fossum (2002), ainda não se comprovou predisposição sexual

em cães, no entanto, o carcinoma pancreático parece ser mais comum em

machos. Já segundo Cornell e Fischer (2003), não há relato de predileção por

raça ou sexo.

Tumores pancreáticos são ligeiramente mais comuns em humanos que

em cães, e se associam a uma taxa de mortalidade extremamente alta. A maior

parte dos tumores pancreáticos é maligna (adenocarcinomas); tratam-se de

tumores agressivos que invadem localmente e metastatizam com facilidade

(FOSSUM, 2002).

Segundo Morrison (1998) o fígado é o local mais comum de metástase

desses tumores, e metástases muitas vezes ocorrem previamente ao

diagnóstico. Para Williams (2004), além do fígado, a metástase pode atingir a

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parede duodenal, linfonodos locais ou, menos comumente, para os pulmões na

época da apresentação.

Os sinais clínicos em indivíduos afetados são muitas vezes

inespecíficos e usualmente incluem anorexia, vômito e perda de peso

(MORRISON, 1998; CORNELL & FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004), e,

segundo Fossum (2002), Cornell e Fischer (2003), ainda incluem letargia, e/ou

diarréia, podendo ocorrer dor abdominal em palpação e ascite (secundária a

uma compressão de veia porta ou de outros vasos ou causada por uma

metástase abdominal disseminada). Alguns animais podem apresentar uma

massa abdominal palpável.

Os sinais clínicos são muitas vezes mais referidos para metástases no

fígado do que para o pâncreas, e sinais como a icterícia por obstrução do ducto

biliar extra-hepático são comuns (MORRISON, 1998 e WILLIAMS, 2004).

De algumas formas, os sinais clínicos podem mimetizar pancreatite e a

diferenciação entre carcinoma pancreático e pancreatite sem o recurso da

laparotomia exploratória pode ser dificultada (MORRISON, 1998; FOSSUM,

2002; CORNELL e FISCHER, 2003 e WILLIAMS, 2004). Um carcinoma

pancreático exócrino deve ser diferenciado de pancreatopatias benignas e

metastáticas (FOSSUM, 2002 & CORNELL e FISCHER, 2003).

Segundo Williams (2004), é importante lembrar-se de fazer uma

biópsia de tecido pancreático anormal, pois ao exame macroscópico a

pancreatite crônica pode lembrar o carcinoma pancreático.

Certamente, a pancreatite é muito mais comum do que o carcinoma

pancreático, mas nas duas desordens, os níveis séricos das enzimas

pancreáticas amilase e lípase estarão normalmente aumentadas (MORRISON,

1998 e WILLIAMS, 2004).

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Para Fossum (2002) e Williams (2004), não há testes laboratoriais

específicos para detectar carcinoma pancreático, e os resultados dos testes de

rotina podem ser enganosos, e o acometimento hepático em geral é indicado

pelo aumento da fosfatase alcalina sérica (FAS) e da bilirrubinemia,

compatíveis com colestase extra-hepáticas, e com aumentos menores na

alanina aminotransferase (ALT), sugestivos de hepatopatia obstrutiva.

Planos radiográficos do abdôme podem revelar massas lesionais,

efusão peritoneal, ou evidências de carcinomatose. O ultrassom pode auxiliar

na identificação de massa lesional que pode ser não palpável em cães por

causa do pequeno tamanho ou pela presença de efusão (MORRISON, 1998).

Segundo Morrison (1998); Cornell e Fischer (2003) e Williams (2004),

o prognóstico em cães e gatos com carcinoma pancreático é extremamente

pobre pelo alto grau de metástase e pela resistência às muitas das mais

efetivas drogas disponíveis. E, de acordo com Morrison (1998), não se tornará

brando em excisões completas por sua metástase prévia e natureza invasiva.

Como resultado, uma ressecção cirúrgica é dificilmente atingida.

Também não há terapia curativa, mas quando possível a excisão

cirúrgica de lesões localizadas, talvez combinada com quimio ou radioterapia,

pode ser paliativa. A terapia com insulina e enzimas pancreáticas pode ser

necessária para tratar diabetes melito e insuficiência pancreática exócrina

associados (WILLIAMS, 2004).

Segundo Slatter (2003), OBEH e traumatismo são as duas indicações

mais comuns para cirurgia do trato biliar.

Deve-se realizar laparotomia exploratória em animais com suspeita de

vazamento de bile no abdôme, quando a obstrução do fluxo biliar não é

causada claramente por pancreatite e quando se suspeita de neoplasia,

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doença parasitária ou cálculos biliares (FOSSUM, 2002 e FOSSUM &

WILLARD, 2004).

A ressecção cirúrgica constitui o tratamento de escolha, no entanto,

muitos animais são apresentados com doença já avançada e a ressecção

cirúrgica não é possível. A ligadura dutal deve ser realizada com fio de sutura

não-absorvível. A complicação mais comum de uma cirurgia pancreática é a

pancreatite; esta pode ser minimizada com a manipulação tecidual suave

(FOSSUM, 2002).

Diagnóstico

a) Histórico e Sinais

Icterícia, vômitos, dor abdominal e/ou ascite são compatíveis com

disfunção do trato biliar (FOSSUM & WILLARD, 2004).

Os sinais clínicos são vômito, depressão, perda de peso, febre, dor

abdominal, desidratação e, possivelmente, fezes acólicas. Icterícia é um marco

dos achados físicos, mas não está restrita à colestase extra-hepática (MARTIN

et al, 2003).

Ascite e icterícia podem ser os únicos sinais nos cães com bile estéril

na cavidade peritoneal (FOSSUM & WILLARD, 2004).

A icterícia caracteriza-se pelo acúmulo de bilirrubina no plasma e nos

tecidos e pela conseqüente coloração amarela da esclera, da pele e das

mucosas e também se manifesta na presença de várias outras enfermidades

hepáticas e biliares, incluindo obstrução extra-hepática do ducto biliar,

diferentes formas de hepatite, cirrose e neoplasias malignas. A colestase, uma

redução do fluxo biliar, é a principal característica nessas condições. A icterícia

é uma clara indicação de doença hepatobiliar com colestase, primária ou

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secundária à hipóxia decorrente de hemólise aguda. No entanto, a icterícia

manifesta-se apenas em uma minoria de animais com tais enfermidades. Os

gatos tendem a apresentar icterícia com mais freqüência que os cães, porém

em ambas as espécies ela ocorre apenas 10% a 30% dos casos de doença

hepatobiliar. Embora específica, a icterícia não é um indicador sensível de

doenças hepatobiliares. A determinação das concentrações plasmáticas de

bilirrubina direta e indireta tem pouco valor, porque as diferenças não estão

associadas às causas de icterícia e porque as biliproteínas podem tornar os

resultados produzidos por artefatos (ROTHUIZEN, 2004).

Outros eventos metabólicos, bioquímicos e histológicos estão

relacionados com a obstrução biliar extra-hepática. Redução na síntese de

albumina, aumento da proteína C reativa e enzimas hepáticas são outras

conseqüências do estresse imposto pela obstrução biliar (MAIA et al, 2003).

b) Exames Laboratoriais

Hemograma completo, perfil bioquímico sérico e urinálise estão

indicados ante a suspeita de disfunção do trato biliar (FOSSUM & WILLARD,

2004).

Um aumento da FAS, geralmente com hiperbilirrubinemia, são típicos

em obstruções parciais ou completas, e gatos tendem a apresentar elevações

menores de FAS que os cães (FOSSUM, 2002 e MARTIN et al, 2003).

Pode-se descobrir hipercolesterolemia secundária à obstrução no trato

biliar, especialmente em gatos. A urinálise é útil no início do curso da doença,

pois a bilirrubinúria ocorre geralmente antes da hiperbilirrubinemia (FOSSUM,

2002 e FOSSUM & WILLARD, 2004).

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Segundo Fossum e Willard (2004), é comum haver aumento da ALT

quando a inflamação ascende para o parênquima hepático.

Para se confirmar o diagnóstico, medem-se as concentrações de

bilirrubina da efusão. Se a origem da efusão for biliar, sua concentração de

bilirrubina será no mínimo o dobro da concentração do sangue periférico. O

prognóstico é excelente para animais com efusão biliar estéril (apenas

peritonite química), apenas em que o problema primário é corrigido. Altos

níveis persistentes de bilirrubina sérica indicam obstrução de dutos hepáticos

ou do duto biliar, ou uma inflamação hepática em curso (MARTIN et al, 2003).

De acordo com Rothuizen (2004), em cães e gatos sadios, as

concentrações plasmáticas de bilirrubina encontram-se abaixo de 0,4mg/dL e,

em geral, a icterícia torna-se evidente quando o teor do pigmento excede a

2mg/dL. Desse modo, apenas um quadro de hiperbilirrubinemia grave é

clinicamente detectável. Já para Maia e colaboradores (2003), esse valor é de

3,5mg/dL.

c) Diagnóstico por imagem

A ultrassonografia diagnóstica se tornou o instrumento não invasivo

isoladamente mais útil para a demonstração de colestase extra-hepática.

Tendo em vista que é fácil formar imagem na ultrasonografia da distensão da

vesícula biliar, do duto cístico e do duto biliar, e considerando que as

concreções ficam imediatamente evidentes, é possível estabelecer um

diagnóstico confirmado antes da laparoscopia ou da celiotomia exploratória

(MARTIN et al, 2003 e FOSSUM & WILLARD, 2004).

O exame ultrassonográfico tem utilidade na avaliação da distensão do

trato biliar extra-hepático, contudo, obstruções biliares em curso ou prévias

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podem ser indiferenciáveis, com o uso dessa técnica de formação de imagem

(MARTIN et al, 2003).

Ao exame radiográfico, caso se encontre presente ascite, pode-se

observar uma perda de contraste visceral por todo o abdôme, e, ao exame

ultrassonográfico, em casos de obstrução do trato biliar extra-hepático, pode-se

observar distensão da vesícula biliar e dos dutos biliares (FOSSUM, 2002).

Também é possível utilizar colecintilografia na avaliação dos dutos

biliares extra-hepáticas e da vesícula biliar, em busca de evidência de

obstrução (MARTIN et al, 2003).

d) Diagnóstico Diferencial

Concentrações patológicas de bilirrubina e icterícia podem ocorrer em

condições associadas com produção elevada de bilirrubina, depuração

reduzida, conjugação inadequada ou excreção biliar prejudicada (ROTHUIZEN,

2004).

Tratamento Cirúrgico

Pré-operatório

Animais com doença biliar obstrutiva devem ter duas anormalidades

hidroeletrolíticas e ácido-básicas corrigidas antes da cirurgia. Uma obstrução

biliar prolongada pode causar má absorção de vitaminas K, resultando em

deficiências de fatores VII, IX e X. (FOSSUM, 2002 e MARTIN et al, 2003).

Durante a cirurgia, a concentração sanguínea de glicose deve ser

mantida idealmente entre 100 e 300mg/dL (FOSSUM, 2002).

A coagulação é avaliada em qualquer animal com doença hepatobiliar

que vá passar por procedimentos invasivos (MARTIN et al, 2003).

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De acordo com Fossum (2002), uma obstrução biliar parcial ou

completa pode provocar infecção aeróbia e anaeróbia ascendente e bacteremia

subseqüente, portanto indica-se antibioticoterapia profilática e perioperatória

por causa dos efeitos prejudiciais de uma infecção bacteriana na cicatrização.

Os antibióticos que são excretados na forma ativa na bile e são usados

comumente para tratar doenças biliares incluem amoxicilina, cefazolina e

enrofloxacina.

Pancreatectomia parcial:

Em termos anatômicos, o pâncreas está intimamente associado ao

estômago, ao fígado e ao duodeno (WILLIAMS, 2004).

Técnica indicada para animais com tumores secretores de insulina ou

gastrina, ou em casos de adenocarcinoma pancreático (FOSSUM, 2002).

Para Cornell e Fischer (2003), as indicações para pancreatectomia

parcial são traumatismo focal ou presença de massa isolada, pseudocisto ou

abscessos. Desde que o duto para a parte remanescente do pâncreas seja

deixado intacto, será possível resseccionar 75 a 90% do pâncreas sem

comprometimento da função exócrina ou endócrina.

Deve-se realizar uma incisão abdominal em linha média ventral, que se

estenda desde a cartilagem xifóide até caudalmente ao umbigo, e examinar o

pâncreas usando uma combinação de palpação leve e exame visual. Deve-se

incisar o mesoduodeno ou o omento em cada lado do pâncreas e inserir o

material de sutura não-absorvível de um lado do pâncreas ao outro, através de

incisões, de maneira que a sutura fique bem proximal à lesão a ser excisada. O

fio de sutura é apertado, esmagando o parênquima, o que irá ligar vasos e

dutos. A amostra será excisada distalmente à ligadura (FOSSUM, 2002).

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A técnica de fratura por sutura e a técnica de dissecção romba e

ligação para biópsia pancreática podem ser utilizadas na realização da

pancreatectomia parcial. Também foram descritas técnicas de grampeamento

para pancreatectomia parcial (CORNELL & FISCHER, 2003).

Colecistojejunostomia

Consiste em anastomose cirúrgica da vesícula biliar no jejuno, nos

casos de doença biliar que pode ser causada por obstrução, neoplasia,

infecção ou traumatismo do sistema biliar extra-hepático. As lesões que

causam obstrução do sistema biliar extra-hepático podem ser extra ou

intraluminais. A obstrução extralumial pode ser causada por neoplasia

pancreática, enquanto a intralumial é menos comum. Nesta técnica, deve-se

usar o jejuno proximal para diminuir a incidência de má digestão pós-operatória

de lipídeos. Também pode ocorrer ulceração duodenal como seqüela. Outro

cuidado que se deve tomar é quanto a confecção do estoma entre o intestino e

a vesícula biliar, que, se muito pequeno é capaz de resultar em colecistite

ascendente ou crônica que a confecção de um estoma muito grande, que

minimiza o potencial de obstrução de fluxo biliar ou retenção de conteúdo

intestinal na vesícula biliar. São realizadas suturas de fixação na vesícula, com

intervalos de aproximadamente 3cm. Deve-se suturar no padrão contínuo com

material de sutura absorvível entre a serosa da vesícula biliar e a serosa jejunal

com 3 a 4cm de comprimento. Após drenar a vesícula biliar, é feita a incisão de

2,3 a 3cm em seu interior paralela a linha de sutura pré- colocada. Outra

incisão paralela é feita na superfície mesentérica do jejuno. Uma linha de

sutura contínua de material de sutura absorvível é feita desde a mucosa da

vesícula biliar até a mucosa jejunal próximas à linha de sutura original, e outra,

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da mesma forma para suturar as bordas de mucosa do estoma mais distantes

da linha de sutura original. Para finalizar, é feita uma sutura no estoma nas

bordas de serosa da vesícula biliar e do intestino no lado do estoma mais

próximo (FIGURA 05). A vesícula biliar e o duto biliar comum devem ser

suturados com material de sutura absorvível para diminuir a probabilidade de o

fio de sutura servir como ninho para formação de cálculos (FOSSUM, 2002).

Desvio da bile diretamente para o jejuno é uma técnica não fisiológica

que será considerada apenas quando não for possível efetuar o desvio da bile

para o duodeno (MARTIN et al, 2003).

FIGURA 05 – TÉCNICA DE COLECISTOJEJUNOSTOMIA EM ALÇA

Fonte: Fossum (2002)

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Pilorojejunostomia:

A ressecção e anastomose intestinais são recomendadas para

remover segmentos intestinais isquêmicos, necrosados, neoplásicos ou

infectados por fungos. Pode ser realizada através da técnica de anastomose

suturada (FIGURA 06) ou anastomose grampeadas. Deve-se usar fios

monofilamentares; realizar a anastomose de extremidade com extremidade, e

eventuais disparidades devem ser corrigidas (FOSSUM, 2002).

FIGURA 06 – TÉCNICA DE ENTEROANASTOMOSE TÉRMINO TERMINAL

Fonte: Hedlund (2002)

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Pós-operatório:

A cicatrização intestinal depende do suprimento sanguíneo,

aproximação da mucosa precisa e com traumatismo cirúrgico mínimo. A

hidratação intravenosa deve ser mantida assim como analgesia conforme

necessário, e água e alimentos são reintroduzidos 8 a 12 horas e 12 a 24 horas

respectivamente, e a fluidoterapia deve ser continuada até que o animal seja

capaz de manter sua hidratação com fluídos orais. Deve-se avaliar e corrigir os

estados eletrolíticos e ácido-básicos (HEDLUND, 2002).

Foi relatada a ocorrência de perda de peso em cães normais

submetidos a colecistojejunostomia, provavelmente por má digestão de

lipídeos. Mais importante ainda, ocorre o aumento fisiológico na secreção de

ácido gástrico conjuntamente com o decréscimo mecânico na neutralização da

secreção de ácido gástrico no duodeno, pela bile levemente ácida (MARTIN et

al, 2003).

Os cuidados pós-operatórios dos pacientes com doença pancreática

variam com o problema subjacente. Na maioria desses pacientes, a

alimentação oral fica restringida nos 3 a 5 dias imediatamente subseqüentes à

cirurgia. Durante esse período, é muito recomendável o suporte nutricional

entérico ou parenteral. A manutenção do equilíbrio de líquidos e eletrólitos é

crítica e deve ser cuidadosamente monitorada. Em casos de peritonite, institui-

se a antibioticoterapia de amplo espectro até que estejam disponíveis os

resultados de culturas bacteriológicas (CORNELL & FISCHER, 2003).

Prognóstico

É extremamente ruim para cães com adenocarcinoma pancreático. A

maior parte deles apresenta doença disseminada no momento do diagnóstico e

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muitos são eutanasiados na cirurgia. Deve-se esperar sobrevivência de 3

meses para a maioria dos animais remanescentes (FOSSUM, 2002).

Apesar dos avanços científicos e do aperfeiçoamento da técnica

operatória, o tratamento cirúrgico das patologias do pâncreas, particularmente

as ressecções e as derivações pancreáticas, ainda acompanham-se de altas

taxas de morbi-mortalidade. A mortalidade associada às ressecções

pancreáticas, seguidas ou não de anastomoses, atinge índices que chegam até

20%, sendo que a fístula pancreática adiciona morbidade que oscila entre 5 e

15% nas pancreatectomias (KUCZYNSHI et al, 2004).

4.2 RELATO DE CASO

Nome: Lui

Espécie: Felina

Raça: Siamês

Sexo: Macho

Idade: 13 anos

Peso: 4kg

Histórico

Descreve-se o caso de um felino, que há aproximadamente 1 mês

passou a apresentar fezes amareladas e anorexia. O responsável pelo

paciente o levou a um colega que realizou exames complementares, porém

sem diagnóstico conclusivo, notou massa abdominal palpável e prescreveu

metoclopramida (PLASIL®), ranitidina (ANTAK®), dexametasona fosfato

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(DECADRON®), ampicilina sódica e benzatina (OPTACILIN®) e o encaminhou

ao HOVET-AM

Anamnese

Quando o responsável trouxe o paciente ao HOVET-AM, referia que

na última semana o felino apresentava anorexia, aquesia, episódios freqüentes

de emese, dor e apatia.

Exame Físico

Ao exame físico, o paciente apresentou freqüência cardíaca (FC) de

180 batimentos por minuto (bpm), freqüência respiratória (FR) de 24

movimentos por minuto (mpm), tempo de preenchimento capilar (TPC) de 1

segundo. Seu estado geral era regular, magro, desidratação entre 6 e 8%,

mucosas ictéricas (+++), secreção ocular serosa bilateral, sialorréia e apatia.

Na palpação abdominal, notou-se hipersensibilidade, dor e foi possível notar

massa de aproximadamente 3cm na região de abdômen cranial.

Exames Complementares

Ao leucograma apresentou: neutrofilia 83% (35 a 75%) e linfopenia 6%

(20 a 55%). Ao eritrograma, discreta anisocitose e policromasia; verificou-se

também presença de megatrombócitos e plasma ictérico.

Ao exame bioquímico, apresentou aumento de ALT, com valor de

627,00 UI/L (10 a 88 UI/L) e bilirrubina total e frações aumentadas, total

13,04mg/dL (0,10 a 0,70mg/dL); direta 10, 30mg/dL (0,04 a 0,30mg/dL) e

indireta 2,74 (0,01 a 0,50mg/dL).

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Na urinálise, os valores foram: bilirrubina (+++); proteína (+); leucócitos

(++) e sangue (++). No sedimento, observou-se presença de hemácias 05-

10/campo de 40x (até 2/campo de 40x) e leucócitos 10-15/campo de 40x (até

3/campo de 40x).

Ao exame glicêmico, o valor obtido foi de 142,00mg/dL (65 –

120mg/dL).

Ao exame ultrassonográfico, foi observado vesícula biliar repleta, sem

evidência de dilatação de via biliar intra hepática, ducto hepático comum

dilatado por uma extensão de 2,5cm de comprimento por 0,92cm de diâmetro

preenchido com conteúdo ecogênico, baço discretamente aumentado,

formação de aproximadamente 3,28cm x 2,96cm com contorno irregular,

ecotextura grosseira, hipoecogênica envolvendo porção cranial do duodeno

descendente, em região epigástrica direita, sugestivo de neoplasia pancreática.

Nos rins, corticais discretamente adelgaçadas e ecogenicidade elevada,

sugestivo de nefropatia.

Tratamento

O paciente foi encaminhado para laparotomia exploratória, pois a

suspeita diagnóstica foi de neoplasia pancreática e obstrução biliar.

Na semana anterior ao procedimento assim como no pré-operatório, o

paciente foi submetido a fluidoterapia com NaCl 0,9% 250ml IV SID;

metoclopramida (Plasil®) 0,2mg/kg SC BID; ranitidina (Antak®) 2mg/kg SC BID;

enrofloxacina (Baytril®) 5mg/kg BID SC; cloridrato de tramadol (Tramadon®)

1,5mg/kg SC BID.

O paciente recebeu medicação pré-anestésica com cloridrato de

tramadol 1,5mg/kg IM, indução anestésica com propofol na dose de 5mg/kg IV,

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e a manutenção da anestesia foi com isoflurano, por via inalatória com uso de

vaporizador universal.

Após devida tricotomia da região abdominal e anti-sepsia do local,

deu-se início a laparotomia exploratória, onde, após acesso foi possível

visualizar a massa envolvendo parte do pâncreas, piloro e grande parte do

duodeno (FIGURA 07). Pode-se ainda, visualizar a distensão da vesícula biliar,

assim como a dilatação dos dutos biliares (FIGURA 08).

FIGURA 07 – NEOPLASIA PANCREÁTICA ENVOLVENDO DUODENO E PILORO

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FIGURA 08 – DILATAÇÃO DO DUCTO BILIAR

Realizou-se então, a pancreatectomia parcial, por meio de fratura por

sutura (FIGURA 09), com fio náilon 2-0, pilorojejunostomia por ressecção da

porção duodenal e enteroanastomose das extremidades do piloro e jejuno

(FIGURA 10), com uso de sutura simples interrompida com fio náilon 3-0.

Finalmente, foi realizada colicistojejunostomia em alça, em que se observou a

exposição das estruturas (FIGURA 11a), incisão da vesícula biliar (FIGURA

11b), aproximação das estruturas com suas respectivas incisões (FIGURA 11c)

e sutura (FIGURA 11d).

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FIGURA 09 – TÉCNICA DE FRATURA POR SUTURA DO PÂNCREAS

FIGURA 10 – ENTEROANASTOMOSE DO PILORO E DUODENO

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FIGURA11 – SEQUÊNCIA DA TÉCNICA DE COLICISTOJEJUNOSTOMIA

O paciente veio a óbito ao fim do procedimento, e o material retirado

durante a cirurgia foi enviado para exame histopatológico para fins didático-

científicos e o diagnóstico obtido foi de Adenocarcinoma Pancreático com

metástase em duodeno e fígado (FIGURA 12).

FIGURA 12 – METÁSTASE EM FÍGADO

a b

c d

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4.3 DISCUSSÃO

A OBEH secundária à neoplasia pancreática é de progressão rápida e

requer intervenção imediata, sendo que peritonite química e morte são

complicações possíveis. O proprietário deve ser orientado quanto ao

prognóstico desfavorável.

Contudo, ao atendimento do paciente do caso relatado, constatou-se a

grave progressão do quadro clínico, sendo que o mesmo apresentou sinais

claros de OBEH. O paciente vinha sendo acompanhado há 1 mês e com

suspeita diagnóstica de neoplasia pancreática, com indicação de laparotomia

exploratória, porém o responsável concordou em realizar apenas o tratamento

clínico e foi encaminhado ao HOVET-AM.

Na avaliação da bioquímica sérica, apresentou aumento de ALT, que

conforme citado por Fossum e Willard (2004) é comum na inflamação

ascendente para o parênquima hepático.

Aos exames laboratoriais, apresentou ainda bilirrubinúria e

hiperbilirrubinemia, que, segundo a literatura consultada, são típicos em

obstruções. Em série branca, observou-se linfopenia, que é comumente

encontrada em casos neoplásicos.

A glicemia esteve aumentada, o que pode decorrer de destruição de

tecido endógeno do pâncreas, resultando em não produção de insulina.

Ao exame ultrassonográfico, notou-se dilatação da vesícula e dutos

biliares, e imagens compatíveis com ascite.

Apesar de a literatura citar os sinais como inespecíficos, pode-se obter

informações valiosas e típicas do quadro avançado do paciente.

A literatura relata que além dos adenocarcinomas pancreáticos serem

altamente malignos e metastáticos na ocasião do diagnóstico, não são

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responsivos ao tratamento quimioterápico e a ressecção cirúrgica é uma opção

paliativa.

A despeito do quadro delicado do paciente, a indicação cirúrgica foi

considerada como única opção de tratamento e, por ocasião da laparotomia,

foram realizadas técnicas descritas na literatura, na tentativa de garantir

sobrevida ao paciente, dado que o procedimento não oferece prognóstico

favorável.

Mesmo tendo sido seguido os protocolos descritos para o caso,

respeitando técnicas, materiais, extrema habilidade do cirurgião, suporte clínico

por profissionais altamente capacitados, o paciente veio a óbito em virtude da

rápida progressão do quadro. A intervenção tardia agravou o quadro clínico,

comprovando o prognóstico desfavorável nessas condições.

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5 FRATURA DE VÉRTEBRA LOMBAR

5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Fisiopatologia

Segundo Seim (2002) e Sturges (2003), as fraturas e luxações da

vértebra lombar caudal, da articulação lombossacral, do sacro e das vértebras

caudais resultam geralmente de traumatismo flexional direto. E a causa mais

comum de fratura ou luxação é o traumatismo veicular (GAIA et al, 2003; NETO

et al, 2004a; BRASIL et al, 2006 e DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

Não há predileção etária, sexual ou racial específica para a fratura ou

luxação lombossacral canina ou felina. No entanto, cães são mais prováveis de

sustentar a lesão que gatos, e há uma tendência de cães com menos de 3

anos de idade serem afetados mais freqüentemente (SEIM, 2002).

Na lesão, a medula espinhal pode ser contundida ou lacerada, o que

pode ser acompanhado por compressão ou distração contínua. A gravidade de

uma lesão da medula espinhal, conforme determinada pela qualidade final da

recuperação, está relacionada a três fatores: (1) a velocidade de aplicação da

força compressiva, (2) o grau de compressão (deformação transversa da

medula espinhal) e (3) duração da compressão. As fraturas do corpo vertebral

de L6 e L7 são comuns. Tipicamente, a parte caudal do corpo vertebral sofre

deslocamento no sentido cranioventral. O canal vertebral possui relativamente

mais espaço nessa região, pois a medula espinhal do cão chega ao término

entre as vértebras L6 e L7, e apenas as raízes nervosas e os nervos espinhais

ocupam a porção caudal do canal vertebral (cauda eqüina). Embora possa

ocorrer deslocamento considerável, os resultados do tratamento tendem a ser

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satisfatórios. Isso ainda pode ser observado mesmo diante da perda

considerável de função, inclusive perda da sensibilidade de dor profunda nos

membros pélvicos (STURGES, 2003).

Para Seim (2002) e Neto e colaboradores (2004a), as fraturas são

geralmente oblíquas ou oblíquas curtas, envolvendo o corpo vertebral de L6 e

L7, e podem ser acompanhados por luxações de facetas articulares. Fraturas

lombossacrais são razoavelmente comuns devido à relação estático-cinética do

sacro relativamente fixado nos corpos vertebrais lombar craniais e caudais. O

cordão espinhal termina no corpo de L6, portanto, os sinais neurológicos se

associam ao traumatismo nas raízes nervosas da cauda eqüina, em vez do

cordão espinhal.

As lesões podem comprimir ou aprisionar as raízes dos nervos ciático,

pélvico, pudendo, resultando em disfunção neurológica grave dos membros

pélvicos, da bexiga e do esfíncter anal (LORENZ & KORNEGAY, 2004).

Podem ser tolerados consideráveis deslocamentos de fraturas ou

luxações das três últimas vértebras lombares, sem necessariamente causar

disfunção neurológica permanente. Contudo, as lesões tendem a resultar em

dor intensa (NETO et al, 2004a e DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

Na compressão crônica, o fluxo sangüíneo e os níveis de oxigênio são

freqüentemente mantidos na medula espinhal. A principal alteração que ocorre

nesses casos é a desmielinização e edema axonal, e somente mais tarde, a

substância branca se torna edemaciada devido à ocorrência de edema

vasogênico, o que por sua vez aumenta a compressão medular (ARIAS et al,

2007).

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A instabilidade da coluna espinhal causa lesão primária repetida às

estruturas nervosas, portanto perpetua o processo de lesão secundária. Assim,

a estabilização vertebral é vital (NETO et al, 2004a).

Diagnóstico

a) Histórico e Sinais

Os pacientes se apresentam geralmente com graus variáveis de dor

lombar, paraparesia ambulatória ou não-ambulatória e diminuição do tônus

anal e caudal (SEIM, 2002).

Como a lesão da medula espinhal freqüentemente pode ocorrer em

casos de traumatismo orgânico múltiplo, é fundamental a obtenção do exame

físico completo buscando indícios de problemas com risco de vida. Diante a

suspeita de fratura-luxação vertebral, será preciso ter cuidado para evitar um

dano maior à medula espinhal, secundariamente ao deslocamento do paciente

(STURGES, 2003).

A avaliação das fraturas pélvicas ou de subluxações lombossacrais

deve incluir a avaliação neurológica dos membros pélvicos, do esfíncter anal

externo e da bexiga (LORENZ & KORNEGAY, 2004).

Faz-se necessária a modificação do exame neurológico quando o

paciente sob suspeita de lesão da medula espinhal, onde é estabilizado em

decúbito lateral, com o objetivo de evitar dano maior decorrente do

deslocamento de vértebras instáveis. A extensão e a gravidade da lesão da

medula espinhal geralmente podem ser avaliadas com precisão durante o

exame neurológico inicial, pois grande parte das lesões medulares não

apresenta evolução (STURGES, 2003).

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Um exame neurológico localiza a lesão nas regiões lombar caudal e

sacral. Radiografias de pesquisa são diagnósticas e revelam geralmente fratura

oblíqua ou oblíqua curta através do corpo vertebral de L6 ou L7, luxação ou

subluxação entre L6 e L7 ou L7 e S1. Devido aos sinais neurológicos

relativamente suaves que podem ser observados com deslocamento de

fratura/luxação acentuado em radiografias de pesquisa, o prognóstico se

baseia nos achados do exame neurológico, e não nos achados radiológicos

(SEIM, 2002).

b) Indicação Cirúrgica

As indicações para cirurgia incluem déficit neurológico substancial,

evidência de compressão da medula espinhal, fratura estável pouco responsiva

à terapia conservativa e deterioração do status neurológico após o manejo

conservativo (NETO et al, 2004b).

c) Diagnóstico por imagem

É imprescindível a obtenção de radiografias de toda a coluna vertebral,

conferindo especial atenção à região ou ao local sob suspeita de lesão da

medula espinhal. Os maiores objetivos desta avaliação radiográfica completa

são: a localização exata das lesões, a demonstração de múltiplas lesões não

suspeitas com base nos resultados do exame neurológico, a avaliação de

indicações cirúrgicas e a determinação do procedimento cirúrgico mais

conveniente a ser empregado (STURGES, 2003).

A avaliação inicial para a lesão da medula se baseia em radiografias

laterais da coluna. Mesmo quando, aparentemente há pouco deslocamento das

vértebras, como em uma subluxação, o trauma medular grave quase sempre

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ocorrem, porque tais lesões tendem a ocorrer como uma chicotada, a vértebra

sendo subitamente deslocada no momento do acidente e depois retornando

para próximo de seu alinhamento normal, em parte em virtude do espasmo

muscular (DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

d) Diagnóstico diferencial

Segundo Seim (2002) uma fratura ou luxação da espinha lombossacral

deve ser diferenciada de outros distúrbios que causam compressão da cauda

eqüina, incluindo estenose lombossacral congênita, discoespondilite, discopatia

degenerativa crônica, extrusão discal intervertebral, embolia fibrocartilaginosa e

neoplasias espinhais, dos tecidos moles circundantes e de raízes nervosas. O

diagnóstico definitivo deve ser feito analisando-se a anamnese, a localização

neurológica e os resultados radiográficos.

Para Brasil e colaboradores (2007), além das afecções neurológicas,

deve-se considerar como diagnóstico diferencial as afecções ortopédicas

(artrite coxo-femural, displasia coxo-femural, ruptura do ligamento cruzado,

contratura do grácil), e prostopatias.

O bom conhecimento anatômico da região lombo-sacral e o

entendimento de suas etiologias contribuirão para o diagnóstico diferencial de

moléstias não associadas com a junção lombossacra que a mimetizem

(BRASIL et al, 2006).

Tratamento

Sturges (2003) cita que os objetivos terapêuticos específicos são:

atenuação do edema e alívio da compressão da medula espinhal, controle da

hemorragia intramedular ou extramedular, remoção de fragmentos ósseos ou

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de material discal intervertebral provenientes do canal vertebral, bem como

realinhamento e estabilização da coluna vertebral.

Na opinião de Sturges (2003), a intervenção cirúrgica representa o

método mais eficiente para se alcançar essas metas, dentro de um período

ideal para a recuperação da função da medula espinhal. A intervenção cirúrgica

apropriada e efetuada no momento oportuno pode restabelecer o ambiente

fisiológico da medula espinhal e conferir o máximo restabelecimento

neurológico.

Segundo Seim (2002) e Sturges (2003), os objetivos imediatos do

tratamento das fraturas ou luxações vertebrais são: (1) realinhamento das

vértebras acometidas, (2) descompressão da medula espinhal e (3)

estabilização das vértebras atingidas. O tratamento pode culminar em melhoria

nas conseqüências neurológicas e evitar a perda adicional da função

neurológica em curto prazo (decorrente de instabilidade ou má articulação) e

em longo prazo (devido a formação cicatricial excessiva, degeneração articular

com hipertrofia dos tecidos moles ou exostoses).

O confinamento e a imobilização são importantes na terapia do

paciente acometido por instabilidade da coluna vertebral, secundariamente à

fratura ou luxação vertebral (STURGES, 2003).

Para Seim (2002), a redução e a estabilização cirúrgicas proporcionam

alívio imediato da dor nas costas, permitem liberdade de movimentos e,

diminuem a morbidade do paciente e protegem as raízes espinhais de

traumatismos adicionais. A decisão sobre o tratamento cirúrgico ou médico

deve se basear no estado neurológico do paciente na apresentação, na

resposta ao tratamento médico e em exames neurológicos seriados.

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Segundo Sturges (2003), como regra geral, quanto maior a exatidão

do alinhamento anatômico da coluna vertebral, melhor será o ambiente para a

recuperação funcional da medula espinhal.

A seguir serão descritas as técnicas cirúrgicas aplicáveis no caso de

interesse segundo Seim (2002); Sturges (2003); NETO et al, (2004a) e DENNY

& BUTTERWORTH (2006):

Pinos transilíacos com pinças de Kirschner, pinos curvados ou cimento ósseo:

nesta técnica, pinos de Kirschner são colocados nas facetas articulares de L7 e

S1 para manter a redução da fratura ou luxação, e pinos de Steinmann são

colocados através da face lateral da asa ilíaca, pela lâmina dorsal de L7 e

através da asa ilíaca oposta (de ambos os lados), e os pinos devem cruzar

sobre a lâmina dorsal de L7, e, para evitar migração, as extremidades de cada

pino devem ser curvadas, chanfradas e incorporadas ao cimento ósseo de

metilmetacrilato. Esta técnica não é compatível com a laminectomia de L7.

Pinos transilíacos e placas de processo espinhoso dorsal plásticas: esta

técnica proporciona fixação estável por meio da incorporação da espinha

lombar caudal para ajudar a contra-atacar a flexão (placa plástica) e do uso de

pontos de fixação múltiplos para evitar a instabilidade rotacional (pinos

transilíacos). É compatível com a laminectomia dorsal.

Pinos transilíacos, placas em processo espinhosos dorsais e fixação

esquelética externa: pode-se usar pinos transilíacos em pacientes de todos os

tamanhos. Esta técnica é compatível com a laminectomia dorsal, oferece

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fixação dos compartimentos dorsal e ventral, requer equipamento especial

mínimo e resulta em reparo estável.

Fixação espinhal segmentar modificada: Pode ser realizada em pacientes de

todos os tamanhos. Não requer exposição profunda, é compatível com

laminectomia dorsal, é simples, versátil e resulta em um reparo estável. A

abordagem cirúrgica ocorre pela face dorsal da espinha lombar e lombossacral,

onde três processos espinhosos dorsais são expostos cranialmente à

fratura/luxação que deve ser reduzida. São perfurados os orifícios nos

processos articulares caudais e nas bases dos processos espinhosos dorsais

de duas a três vértebras craniais a fratura/luxação. São perfurados os orifícios

nas facetas articulares sacrais craniais com o objetivo de assegurar no mínimo

dois pontos de fixação por pino no segmento sacroilíaco. São colocados fios de

aço inoxidável através de cada orifício. São perfurados outros 2 orifícios

transversalmente em cada asa ilíaca no nível da lâmina dorsal do sacro. Quatro

pinos Steinmann de tamanho e comprimento apropriados em um ângulo de 90º

são introduzidos pelos orifícios perfurados nas asas ilíacas. Os pinos são

colocados ao longo da lâmina e fixados nas facetas articulares e nos processos

espinhosos dorsais com os fios de aço pré-colocados.

Pinos Steinmann (ou parafusos) incrustados em cimento ósseo de

metilmetacrilato: pode-se usar pinos de Steinmann e cimento ósseo de

metilmetacrilato em pacientes de todos os tamanhos. Esta técnica requer

exposição da superfície dorsal dos processos transversos de L6 e L7, é

compatível com a laminectomia dorsal, é versátil (pode ser usada em

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combinação com outras técnicas), requer consulta constante a uma atmosfera

anatômica (por exemplo, espinha) e produz um reparo estável,

Para Seim (2002) e Sturges (2003), a escolha da técnica deve ser

determinada geralmente pela experiência do cirurgião e pelo equipamento

disponível. O resultado bem-sucedido após a fixação cirúrgica depende não

somente da técnica empregada, e conhecimento do cirurgião a respeito da

anatomia da coluna vertebral e da medula espinhal, da precisão do

alinhamento da coluna vertebral, além da resistência e rigidez da fixação.

Pré-operatório

Os analgésicos devem ser administrados antes da manifestação de

dor pelo animal e no término da cirurgia, previamente à recuperação. Para que

esta seja ideal na fratura-luxação vertebral, há necessidade do fornecimento de

hidratação e nutrição adequadas (STURGES, 2003).

Os glicocorticóides podem ser utilizados em dose antiinflamatória no

tratamento de condições crônicas que causam compressão à medula espinhal

para redução do edema, diminuindo o efeito compressivo, apresentando ainda,

efeito anti-prostaglandina. Opióides como morfina, oximorfina, butorfanol e a

acupuntura são opções adequadas para o combate à dor (ARIAS et al, 2007).

Pós-operatório

Em casos de trauma na medula espinhal agudo, células danificadas

liberam grande quantidade de radicais livres, os quais podem bloquear os

sistemas naturais de limpeza e causar danos adicionais aos fosfolipídios da

membrana celular, resultando em peroxidação lipídica (DENNY &

BUTTERWORTH, 2006).

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Segundo Brasil e colaboradores (2007), o cuidado pós-operatório

durante as primeiras 24 horas inclui analgésico, antibióticos, restrição de

espaço e exames neurológicos para acompanhamento.

Para Seim (2002), os pacientes com fraturas ou luxações

lombossacrais devem ser monitorados pós-operatoriamente, assim como

pacientes com outros distúrbios lombossacrais (ou seja, confinamento escrito,

analgésicos conforme exigido, caminhadas curtas usando tipóia abdominal,

evacuação vesical freqüente e exames neurológicos diários).

A recuperação de animais com lesão espinhal requer cuidados de

enfermagem de alto nível. O alívio da dor, com o uso apropriado de

analgésicos, é de importância vital. Paraplégicos e tetraplégicos requerem

atenção especial. Pacientes devem ser mantidos limpos e secos em superfície

almofadada. Devem ser virados freqüentemente para evitar úlceras de

decúbito. Se o animal é incontinente, a bexiga deve ser esvaziada

(preferivelmente por pressão manual ou com cateterização, se necessário),

pelo menos três a quatro vezes ao dia. Antibióticos profiláticos devem ser

usados para reduzir o risco de infecção na bexiga. Fisioterapia ativa e passiva

são importantes para minimizar a atrofia muscular. Os proprietários devem ser

alertados de que o período de recuperação pode ser muitas vezes, prolongado

e também recebe orientação sobre os cuidados que podem ser necessários

durante esse período, antes de se tomar a decisão em relação ao tratamento.

A área deve ser protegida com uma tala externa por 2 ou 3 semanas após a

cirurgia (DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

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Prognóstico

O prognóstico para a recuperação é muito melhor nos animais com

função neurológica normal (LORENZ & BUTTERWORTH, 2004).

O fator prognóstico mais relevante após o traumatismo da medula

espinhal é a presença ou a ausência da sensação de dor profunda, além de

inúmeros fatores, sendo os resultados do exame neurológico, a adequação da

terapia e a habilidade do cirurgião os principais determinantes. Em geral, pode-

se esperar que os animais com detecção de qualquer grau de percepção de

dor seguramente se recuperem para a locomoção (STURGES, 2003).

Para Seim (2002), o prognóstico depende da gravidade da

compressão de cauda eqüina e do regime do tratamento escolhido. As raízes

nervosas da cauda eqüina suportam consideravelmente mais traumatismos

que o cordão espinhal. Pacientes com comprometimento de canal espinhal

lombossacral de 100% podem reter a função neurológica dos membros

traseiros, do ânus, da bexiga, do períneo e da cauda; seu prognóstico é

favorável.

A maioria dos cães e gatos com fraturas/luxações envolvendo a cauda

eqüina caminhará novamente em três a quatro semanas do acidente. Luxações

lombossacras gravemente deslocadas resultando em retenção urinária e

distensão de bexiga têm prognóstico reservado, uma vez que a paralisia flácida

da bexiga tende a persistir mesmo após a redução e fixação interna, apesar de

muitos desses casos recuperarem satisfatoriamente a função dos membros

pélvicos (DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

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5.2 RELATO DE CASO

Nome: Binger

Espécie: Canina

Raça: SRD

Sexo: Macho

Idade: 3 anos

Peso: 13,5kg

Anamnese

Paciente atendido na rotina do HOVET-AM, onde a queixa principal do

responsável se baseava no fato de que o paciente apresentava paraplegia de

membros pélvicos.

O responsável refere ter recolhido o paciente da rua no dia anterior a

consulta. O cão foi encontrado já impossibilitado de se manter em estação.

Refere ixodíase, anorexia, anúria, adipsia desde então. Foi levantada a

possibilidade de o paciente ter sido atropelado.

Exame físico

Ao exame físico verificou-se a FC de 100bpm, FC de 40mpm, TPC de

2 segundos, seu estado geral era regular, levemente desidratado, mucosas

hipocoradas. Durante a inspeção observou-se ixodíase e paraplegia de

membros pélvicos. À palpação pode-se notar vesícula urinária repleta e

linfonodos sub-mandibulares levemente aumentados. Ao exame neurológico, o

nível de consciência foi definido como alerta; avaliação de nervos cranianos

sem alterações; contração do esfíncter anal positivo e presença de dor

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profunda que avaliado por meio da compressão digital com auxilio de uma

pinça hemostática.

Exames Complementares

Ao exame radiográfico foi visibilizada imagem compatível com fratura

vertebral, no corpo de L7 (FIGURA 13).

Ao hemograma, foi observada apenas uma diminuição no valor de

plaquetas, de 154x103 mm3.

FIGURA 13 – RADIOGRAFIA DE FRATURA EM VÉRTEBRA LOMBAR (L7)

Tratamento Pré-operatório

O tratamento de escolha foi estabilização segmentar modificada, que

foi agendada para 15 dias após a primeira consulta.

Na primeira semana, o paciente foi submetido ao tratamento com as seguintes

medicações: ranitidina xarope (Antak®) 2mg/kg,VO, BID; doxiciclina (Doxitrat®)

80mg, 2 comprimidos VO, SID; cloreto de betanecol (Liberan®) 5mg, 10mg/kg,

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VO, TID; dipirona (Novalgina®) 25mg/kg VO,TID e cloridrato de tramadol

2mg/kg TID.

Realizou-se sondagem do paciente, onde observou-se urina escura,

forte odor e concentrada.

Uma semana após o início do tratamento, o paciente apresentou

melhora clínica, e ao exame de hemograma não havia alterações. O paciente

já apresentava normorexia, normodipsia, porém urina com forte odor e de

coloração amarelo escuro, e aquesia há 7 dias.

Foi realizado então um enema, e o tratamento foi modificado para

predinisona (Meticorten®) 0,5mg/kg VO, SID, durante 4 dias; domperidona

(Motilium®) 25mg/kg VO, BID; dipirona (Novalgina®) 25mg/kg VO,TID; cloridrato

de tramadol (Tramal®) 2mg/kg TID, até novas recomendações.

Foi administrado metadona 0,1mg/kg IM para realizar o exame

radiográfico.

Tratamento Cirúrgico

Como protocolo anestésico, utilizou-se como MPA metadona,

0,2mg/kg IM, indução com propofol 5mg/kg IV, e na manutenção da anestesia

foi utilizado isoflurano.

O tratamento cirúrgico escolhido para o caso em questão foi a

estabilização segmentar modificada. Após realização de tricotomia ampla na

região lombo sacra e anti-sepsia, foi realizada a abordagem cirúrgica realizada

conforme citado anteriormente, porém, para realização da estabilização, o

cirurgião utilizou parafusos posicionados transversalmente em cada asa ilíaca,

e apenas dois pinos de Steinmann (FIGURAS 14 e 15).

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Durante o procedimento, o paciente recebeu 2 doses de cefalotina,

30mg/kg a com intervalo de duas horas.

FIGURA 14 – RADIOGRAFIA VENTRO DORSAL PÓS-OPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR MODIFICADA.

FIGURA 15 – RADIOGRAFIA LATERO LATERAL PÓS-OPERATÓRIA DE ESTABILIZAÇÃO SEGMENTAR MODIFICADA

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Evolução pós-cirúrgica:

As medicações prescritas para o pós operatório foram carprofeno

(carproflan®) 2,2mg/kg BID, durante 14 dias, cloridrato de tramadol 2mg/kg TID,

e dipirona 25mg/kg TID até novas recomendações.

O paciente foi encaminhado para o setor de fisioterapia do HOVET-AM

ainda no período de recuperação da cirurgia, e apresentou progressões, e

retomou a mobilidade dos membros pélvicos.

5.3 DISCUSSÃO

As fraturas e luxações das vértebras lombares caudais são comuns e

decorrentes principalmente de atropelamentos. As lesões da medula espinhal

variam em sua gravidade e o prognóstico, segundo todos os autores

consultados, referem como principal fator para retorno da ambulação a

presença ou não de dor profunda e compressão da cauda eqüina.

Felizmente, na região lombo sacra, o diâmetro do canal vertebral é

relativamente amplo para acomodar a cauda eqüina podendo, dessa forma,

serem tolerados consideráveis deslocamentos das 3 últimas vértebras

lombares. Denny e Butterworth (2006) afirmam que nos casos de fraturas e

luxações envolvendo a cauda eqüina, o paciente tende a caminhar novamente

em 3 a 4 semanas, salvo em casos onde há grave deslocamento e seqüelas

neurológicas, que, segundo Neto e colaboradores 2004a, estão associados a

trauma de raiz nervosa da cauda eqüina e não à medula espinhal; como as

raízes são mais resistentes aos deslocamentos, podem não provocar

alterações neurológicas.

A indicação cirúrgica, independente do grau de lesão e do prognóstico,

se dá pela necessidade de promover estabilização da coluna vertebral,

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impedindo a ocorrência de lesão secundária, agravando o quadro (Neto et al,

2004a).

No caso em questão, o paciente, tendo sido recolhido da rua, não

apresentou condição clinica para sofrer a intervenção cirúrgica. Sendo assim,

recebeu suporte clínico para reverter o quadro e orientação ao responsável

quanto a conduta frente a instabilidade vertebral durante o período.

O paciente, por ocasião do procedimento cirúrgico, apresentava dor

profunda em membros pélvicos, porém, dado o tempo incerto da ocorrência da

fratura, a redução é dificultada pela atrofia muscular, o que compromete o

alinhamento.

Contudo, através da descompressão eficiente, da redução da fratura,

da técnica de fixação bem empregada, devidos cuidados pós-operatórios,

como analgesia e manejo e a realização da fisioterapia, o paciente teve ótima

evolução pós-cirúrgica e retorno da ambulação.

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7 CONCLUSÃO

O estágio curricular foi parte importante da formação acadêmica, uma

vez que proporcionou contato com profissionais de outro estado, assim como

suas condutas e experiências. Permitiu grande aprendizado e proporcionou a

oportunidade de demonstrar o conhecimento obtido durante a graduação, fato

que construiu laços de amizade e contato com profissionais e estudantes da

Medicina Veterinária. Dessa forma, a experiência resultou em grande incentivo

para com a área escolhida, assim como realização pessoal nas oportunidades

em que o trabalho desenvolvido durante o período foi reconhecido, trazendo

gratificação, assim como em ocasiões opostas, o que, por sua vez, trouxe

crescimento, experiência e preparo para a caminhada que está por vir.

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40, 2004 (b).

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ANEXO

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ANEXO

Fonte: Livro de Medicações, USP, 2007.

Princípio

Ativo

Nome

Comercial

Dose

(gatos)

Dose

(cães)

Ampicilina

Sódica e

Benzatina

Optacilin® 20 – 22mg/kg 20 – 22mg/kg

Betanacol Liberan® 1,25 – 5 mg/kg 5 – 15 mg/animal

Carprofeno Carproflan® - 2mg/kg

Cefalotina 20 – 30mg/kg 20 – 30mg/kg

Cloridrato de

Tramadol

Tramal® 1 – 2mg/kg 1 – 5mg/kg

Dexametasona

Fosfato

Decatron® 0,1 – 0,2mg/kg 0,1 – 0,2mg/kg

Dipirona Novalgina® 0,25ml/gato 25 – 35mg/kg

Doxiciclina Doxitrat® 10mg/kg 10mg/kg

Enrofloxacina Baytril® 5mg/kg 5mg/kg

Isoflurano Isoflurine® 1,0 – 2,5%(CAM 2) 1,0 – 2,5% (CAM 2)

Metadona Metadon® 1mg/kg 1mg/kg

Metoclopramida Plasil® 0,2 – 0,5mg/kg 0,2 – 0,5mg/kg

Predinisona Meticorten® 2,2mg/kg 0,5 – 1mg/kg

Propofol Profolen® 4 – 6mg/kg 4 – 6mg/kg

Ranitidina Antak® 2mg/kg 2mg/kg