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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FELIPE BISCAIA
O DESAFIO DA GESTÃO PARA A MAXIMIZAÇÃO DE RESULTADOS ATRAVÉS DA MOTIVAÇÃO PROFISSIONAL.
CURITIBA 2012
FELIPE BISCAIA
O DESAFIO DA GESTÃO PARA A MAXIMIZAÇÃO DE RESULTADOS ATRAVÉS DA MOTIVAÇÃO PROFISSIONAL.
Projeto de Conclusão apresentado ao Curso de Pós Graduação em Auditoria e Gestão em Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof.ª Olga Regina Cotovicz de Deus.
CURITIBA
2012
RESUMO
Sabe-se que dentro de uma organização, um colaborador motivado pode
trazer diversas vantagens, pode ter uma maior produtividade, mais
comprometimento, trazendo benefícios à empresa como confiança de seus
clientes internos e externos, integração e união em busca de seus objetivos.
Considerando a diversidade de grupos de trabalho nas organizações e
analisando o cenário atual, em que as empresas necessitam de diferentes
estratégias para serem competitivas no mercado, e dos benefícios que os
colaboradores motivados podem trazer-lhes, o presente trabalho irá mostrar
que existe uma série de diferenças em relação a esta diversidade na estrutura
organizacional e os fatores relativos à motivação, considerando poder haver
diferenças de necessidades e interesses entre os mesmos.
Com base nos conceitos apresentados, o objetivo principal deste
trabalho é analisar quais os fatores que influenciam a satisfação e a motivação
no ambiente de trabalho. Além disto, a proposta é aprofundar o estudo e
investigar o fenômeno motivação com ênfase à satisfação no trabalho dentro
de uma organização. Para isto, buscou-se abordar o tema através de diferentes
enfoques teóricos entre as diversas teorias que buscam explicar os processos
motivacionais humanos.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 1.1 Justificativa................................................................................................ 2
1.2 Problema................................................................................................... 2
1.3 Objetivo Geral........ ................................................................................... 3
1.4 Objetivos Específicos................................................................................ 3
2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 4 2.1 Cultura Organizacional.............................................................................. 4
2.2 Clima Organizacional ................................................................................ 6
2.3 A Função de Organização e Estrutura Organizacional ............................. 7
2.4 A importância e o significado da motivação e satisfação ........................ 10
2.5 Motivação................................................................................................ 11
2.5.1 Motivações Primárias........................................................................ 12
2.5.2 Motivações Secundárias................................................................... 13
3.1 Fatores de Satisfação, Comportamento Motivacional e Condicionado ... 15
3.2 Teoria de Maslow.................................................................................... 16
3.3 Teoria das Necessidades de McClelland ................................................ 19
3.4 Teoria X e Teoria Y e os Fatores Extrínsecos e Intrínsecos da Motivação...................................................................................................................... 21
3.5 Alderfer e a Teoria ERG.......................................................................... 22
3.6 Teoria Contingencial de Vroom............................................................... 24
3.7 Teoria dos Dois Fatores.......................................................................... 24
4. CONCLUSÃO .............................................................................................. 28 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 30
1. INTRODUÇÃO
Diversos são os estudos teóricos e práticos sobre o tema motivação,
acredito que este fato provém principalmente do interesse e necessidade de se
ter pessoas motivadas nas organizações e do pressuposto de que tal fato gera
maior comprometimento e qualidade no trabalho.
Atualmente, o discurso recorrente é que as empresas têm como maior
patrimônio o seu capital humano, pois é através deste que se definem os
resultados buscados por toda organização. E, segundo Casado (in Fleury,
2002, p235), uma organização é formada por indivíduos “que trazem para seu
interior suas necessidades, interesses, sonhos, potencialidades e limitações”. A
autora destaca que o significado de indivíduo está relacionado com indiviso, ou
seja, algo que não pode ser dividido. Refere-se à vinculação dos aspectos
pessoais com o papel profissional e que isto deve ser considerado pelas
empresas em suas políticas e ações de gestão de pessoas.
Não obstante os discursos inovadores, o que ainda se vê muito nas
organizações são práticas gerenciais baseadas no modelo clássico,
mecanicista, fundamentado em controle e centralização.
Se ao ingressar na empresa, o indivíduo pode, conforme sinaliza
Moscovici, estar “cheio de esperanças, de interesse pelo seu trabalho. Fazer
planos, sonhar sobre suas realizações e idealizar uma carreira invejável”
(p3), porque não capitalizar estes sentimentos e ajudar a transformá-los em
energia de ação?
Entendo que apesar do conceito motivação implicar em processos de
decisão e escolhas pessoais, as empresas podem contribuir com o bem-estar e
qualidade de vida no trabalho, rompendo com crenças controladoras, e tendo
gestores que substituam críticas destrutivas por ações estimuladoras as suas
equipes. Afinal pessoas de qualidade fazem a qualidade das organizações.
1.1 Justificativa
Em uma realidade de diversas mudanças sociais, econômicas e políticas
aliadas ao aumento de novas facilidades de acesso à tecnologia e informação,
fica evidente que as organizações precisam de novas ferramentas e
atualizações constantes nas suas estratégias de gestão a fim de manterem-se
competitivas. Entre estas estratégias que as empresas buscam desenvolver
encontram-se novas práticas de gestão de pessoas relacionadas a motivação.
Embora muito se tenha desenvolvido no campo da gestão empresarial,
as organizações ainda mantêm a sua arquitetura funcional baseada na
departamentalização para coordenar suas atividades. Projetando sua estrutura
desta forma, baseada em especialização de tarefas e atividades, tem-se
diversos grupos humanos atuando na organização. Esta diversidade é baseada
fundamentalmente nas diferentes tarefas e atividades, e pode definir-se
também por percepções, necessidades e expectativas diferenciadas, inclusive,
quanto aos aspectos motivacionais.
1.2 Problema
- A relação entre a Teoria de Motivação e a percepção dos fatores de
satisfação no trabalho em diferentes setores da estrutura organizacional.
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1.3 Objetivo Geral
- Pesquisar as Teorias da Motivação e os fatores que despertam a
motivação dos colaboradores de diferentes setores da empresa.
1.4 Objetivos Específicos
- Ampliar o conhecimento teórico referente as Teorias de Motivação
Humana.
- Verificar se existem diferenças de expectativas e necessidades de
satisfação no trabalho em diversas áreas da empresa.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
Motivação pode ser entendida como uma força interior que impulsiona o
ser humano a buscar tudo que deseja. Está presente na vida das pessoas e
impõe motivos ou causas que provocam determinado comportamento. No
aspecto profissional, significa o grau de disposição para realizar determinada
tarefa.
É importante mencionar a diferença que existe entre motivação e
estímulo, a primeira vem de dentro de cada um e o segundo vem de nosso
exterior, como afirma Vergara “Ninguém motiva ninguém. Nós é que nos
motivamos, ou não. Tudo o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar,
provocar nossa motivação” (Vergara, 2000).
É um processo que governa escolhas entre comportamentos; regula e
sustenta todas as nossas ações mais importantes. Pode ser empregado como
sinônimo de forças psicológicas, desejos, impulsos, instintos, necessidades,
vontade, intenção e etc (Aguiar, 1992).
A motivação humana é constante, infinita, flutuante e complexa
(Bergamini, 1997). Aquilo que motiva uma pessoa, necessariamente poderá ou
não motivar outra, pois cada pessoa é um ser único.
2.1 Cultura Organizacional
Chiavenato (2000) relata que a cultura organizacional é um conjunto de
hábitos, crenças, valores e tradições, interações e relacionamentos sociais
típicos de cada organização. Demonstra a maneira tradicional de pensar e
fazer as coisas que são compartilhadas por todos os membros da organização.
A cultura organizacional é também representada pelas normas informais
e não escritas que orientam o comportamento dos membros da organização no
dia-a-dia e que direcionam suas ações para a realização dos objetivos
organizacionais.
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As culturas corporativas são particulares em cada organização. Existem
culturas conservadoras que caracterizam-se por sua rigidez, tradicionalismo e
culturas adaptativas que são flexíveis e maleáveis. A cultura adaptativa e
flexível oferece maior possibilidade de eficiência e eficácia de seus
participantes, assim como de inovação, condição fundamental para navegar
pelas mudanças e transformações do mundo atual.
Segundo Motta (1998) a cultura organizacional é compreendida como
um conjunto de valores, crenças, hábitos e costumes que são compartilhados
coletivamente. E desta forma, deve ser considerado também, no processo de
mudança organizacional.
Motta (1998, p.106) diz que:
“Na visão cultural, para mudar uma organização é necessário
substituir a programação coletiva na busca de um novo sentido de
identidade. Vê-se a mudança como um empreendimento coletivo
através da mobilização das pessoas para se alterar seus valores,
crenças, hábitos, ritos, mitos, símbolos, linguagem e interesses
comuns”.
Segundo Alves (1997), a cultura molda o mundo, configurando a forma
de como a realidade é percebida, criando-se assim um fator de diferenciação
social. A cultura de uma organização, segundo seu entendimento, reflete as
escolhas desenvolvidas pelos gestores, para serem compartilhadas
coletivamente pela organização.
Para Kanaane (1999), a cultura organizacional é conceituada como
sendo os valores, as normas e as crenças que influenciam o ambiente
organizacional.
Torquato (1998) chega a destacar que as decisões normativas podem
ser um dos maiores desajustes da parte administrativa de uma organização, e
os gestores desconsideram o lado cultural no gerenciamento de suas
atividades.
Desta forma, a falta de compreensão do significado de cultura
organizacional e sua influência com a empresa interferem nos aspectos
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técnicos, administrativos, estratégicos, políticos, assim como na convivência de
cada grupo.
Observamos que trabalhadores de produção manual ou artesanal se
diferem dos trabalhadores de indústrias e de escritórios, isto, porque os
primeiros estão voltados à tradição e valores da cultura e da sociedade local, e
os das indústrias e de escritórios possuem valores internos ligados ao convívio
social da organização. Assim, os padrões criados são mantidos. Isto porque a
realidade organizacional é estruturada através das relações, eventos, ações,
objetos, expressões e situações que envolvam o contexto cultural onde a
organização está inserida.
No entanto, culturas e organizações, estão na mente de quem delas
participa, não somente em regras, códigos e costumes. Estes apenas mostram
de outra maneira a realidade existente dentro da estrutura. Considerando estes
pressupostos, pode-se afirmar que compreendendo as organizações como
cultura, descobre-se como criar e manter práticas efetivas de gestão de
pessoas que fundamentam um sistema organizacional eficiente e eficaz.
2.2 Clima Organizacional
O clima organizacional define-se pelo meio interno ou o ambiente
psicológico característico de cada organização. Está ligado à moral e à
satisfação das necessidades dos participantes e pode ser favorável ou
desfavorável, satisfatório ou insatisfatório, dependendo dos sentimentos dos
colaboradores em relação a organização.
Boog (2002) define o clima organizacional como a expressão dos
sentimentos dos empregados diante dos valores, das práticas de gestão de
recursos humanos, da forma de relacionamento com os colegas, da postura da
empresa ao estabelecer metas, as recompensas por tê-las atingido, além da
situação econômica.
Os fatores estruturais, o tipo da organização, as políticas adotadas,
metas operacionais, regulamentos internos, tecnologias aplicadas, bem como
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as atitudes e o comportamento social que são encorajados ou sancionados
através dos fatores sociais, são elementos que também definem o conceito.
A gestão do clima organizacional exige atenção permanente e a
participação de toda a hierarquia da empresa. Para tal, não se faz necessário
a utilização de caros e sofisticados instrumentos de recursos humanos. Para as
empresas garantirem a satisfação de seus funcionários, existem alguns
princípios que exigem apenas coerência, respeito, reconhecimento e equidade.
Desta forma todos os tipos de empresas podem garantir a satisfação de seus
funcionários.
2.3 A Função de Organização e Estrutura Organizacional
Conforme Chiavenato (1993, p.452), a organização “é a função
administrativa que consiste no grupamento das atividades necessárias para
realizar aquilo que foi planejado”.
De outra forma, o termo organização pode ser caracterizado como “a
estrutura ou a rede de relações entre indivíduos e posições em um ambiente de
trabalho e o processo pelo qual a estrutura é criada, mantida e usada. A
estrutura consiste de uma rede de relacionamento específico entre indivíduos,
posições e tarefas”. A partir de uma visão dinâmica “refere-se às funções
gerenciais pelas quais as organizações são criadas, adaptadas e mudadas
continuamente” (KWASNICKA, 1981).
Ou ainda, “a forma pela qual as atividades de uma organização são
divididas, organizadas e coordenadas” (STONER e FREEMAN, 1995).
Em outras palavras, é na função de organização que se desenvolve uma
unidade de propósito, uma divisão do trabalho, a descrição dos cargos e um
quadro de pessoal e estrutura organizacional (MONTANA e CHARNOV, 2003).
É adequado destacar que a palavra organização passou a ser usada
como significado de empresa. Neste contexto, é concebida como uma unidade
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social (ou grupamentos humanos) intencionalmente construída e reconstruída,
a fim de atingir objetivos específicos.
No processo administrativo, a função procura a estruturação da
empresa, da unidade social formalmente estabelecida, reunindo pessoas e
equipamentos, a fim de operacionalizá-los de acordo com o planejamento
efetuado.
O principal “alicerce” de uma organização é o estudo da estrutura
organizacional da empresa para que se possam atender os objetivos
estabelecidos de forma integrados, bem definidos e a nova estrutura de
programas renovadores, inovadores e participativos.
A estrutura, mediante uma abordagem clássica, representa a conexão
do organograma formal com a responsabilidade e autoridade dos gestores em
diferentes posições.
“Muito frequentemente, a estrutura organizacional, as regras, os
regulamentos e os procedimentos são vistos como instrumentos racionais que
pretendem ajudar no desempenho de uma tarefa. Uma visão política desses
elementos, todavia, sugere que em muitas situações eles são o resultado e o
reflexo de uma luta pelo controle político” (MORGAN, 1995, p. 167).
De outra forma, Blau e Scott (1979, p.15) acrescentam ainda que,
“a concepção da estrutura ou do sistema implica em que as
unidades componentes tenham alguma relação entre si e, de acordo
com a expressão popular de que o todo é maior que a soma de suas
partes, em que as relações entre as unidades tragam elementos novos
à situação”.
A estrutura organizacional tem como objetivo viabilizar a realização dos
produtos para atingir as metas organizacionais; destina-se a minimizar e/ou
regulamentar a influência das variações individuais sobre a organização e é o
contexto em que o poder é exercido, onde as decisões são tomadas e onde
são executadas as atividades das organizações. Desta forma, a estrutura
organizacional é o contexto dentro do qual se realizam as atividades
administrativas e operacionais (HALL, 1984).
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Cabe ainda ressaltar, que:
“a estrutura organizacional é talvez o mais complexo
instrumento gerencial. Ela pressupõe o correto agrupamento das
pessoas, a distribuição racional de tarefas, a utilização eficiente de
recursos materiais, físicos, financeiros, administrativos e
mercadológicos. À medida que a organização cresce, sua estrutura vai
se tornado mais complexa, os processos mais morosos, as pessoas
menos engajadas e menos eficientes a utilização dos recursos
financeiros, materiais e mercadológicos” (MARQUES, 1994, p.52).
Todas as organizações possuem uma estrutura formal, compostas por
organogramas, fluxogramas, cronogramas, normas, regulamentos, processos,
manuais de organização, entre outros.
O organograma é uma ilustração gráfica da estrutura de uma
organização, mostrando as funções, os departamentos ou as posições na
organização e como estes elementos se relacionam.
Assim, a maneira pela qual as diversas partes de uma organização são
formalmente dispostas é chamada de organograma. Em um organograma
delineia-se: os níveis de administração; as relações de supervisão; as
subunidades principais de uma empresa; a divisão de trabalho instituída e; os
fluxos formais de comunicação.
Existem alguns tipos de organograma, como o organograma funcional, o
linear e o vertical. O organograma funcional é o mais utilizado pelas empresas.
No momento do delineamento do organograma, deve-se também pensar
nas atribuições das unidades organizacionais que o irão compor. As atribuições
das unidades organizacionais representam uma forma de consolidar e
representar formalmente todas as responsabilidades de uma unidade
considerada. Vale ressaltar que a divisão do trabalho baseada na
especialização deve ser utilizada nos níveis hierárquicos mais baixos de uma
empresa, procurando levar maior rapidez e qualidade na realização do
trabalho.
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Contudo, somente reunir as funções não garante a operacionalização
das tarefas. É necessário também, agrupar pessoas e cargos em unidades
gerenciáveis para atingir os objetivos organizacionais de maneira mais eficiente
e eficaz. Isso geralmente é realizado por meio de um processo de
departamentalização.
A determinação das funções a serem desempenhadas envolve a
consideração da divisão do trabalho, ou seja, departamentalização.
Dentre as várias formas de departamentalização, as principais ocorrem
por: função, processo, produto, mercado, cliente, área geográfica, matriz
(organização por projetos), combinação, por equipes, virtual. Chiavenatto
(2000) relaciona a departamentalização ao conceito de divisão do trabalho da
abordagem clássica da administração.
2.4 A importância e o significado da motivação e satisfação
Atualmente o interesse pelo comportamento motivacional no trabalho
tem atingido níveis elevados. “O fracasso da maioria de nossas empresas não
está na falta de conhecimento técnico, e sim na maneira de lidar com as
pessoas”, afirma Glasser, citado por Caballero (2004, p.7). Normalmente os
administradores acham que os trabalhadores só produzem com qualidade se
tiverem conhecimento técnico.
O processo motivacional se desenvolve em um contexto específico, na
relação particular das pessoas com suas atividades e objetivos. Levy-Leboyer
(1994) citado por Almeida (2003, p. 43) salienta que:
“O verbo motivar não pode existir sem complemento. Os
responsáveis por empresas cometem o erro de solicitar pessoal
‘motivado’ dentro do mesmo espírito, como se isso significasse uma
qualidade permanente e distribuída de forma homogênea; não existe o
pequeno gênio da motivação que transforma cada um de nós em
trabalhador zeloso ou nos condena o ser o pior dos preguiçosos. Em
realidade, a desmotivação não é um defeito de uma geração, nem uma
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qualidade pessoal, pois ela está ligada a situações especificas. Um
indivíduo motivado aqui será diferente em outro lugar”.
Maslow (1966) citado por Almeida (2003, p. 53-54) reconhece a
existência de um estado permanente de busca do equilíbrio pessoal como fonte
da psicodinâmica motivacional quando ressalta que:
“Praticamente todas as teorias históricas e contemporâneas de
motivação se unem na consideração das necessidades, impulsos e
estados motivadores em geral, como importunos, irritantes,
indesejáveis, desagradáveis, enfim, como algo de que nos devemos
livrar. No comportamento motivado pela procura de metas, as
respostas consumatórias são recursos usados para reduzir esses tipos
de desconforto. Essa atitude é assumida, de maneira muito explicita,
em numerosas descrições amplamente usadas da motivação como
redução da necessidade, redução da tensão, redução do impulso e
redução da ansiedade”.
Através das atitudes dos seres humanos pode-se identificar sua
motivação, definido pelo reflexo de seus desejos e suas necessidades em seus
comportamentos. As diversas Teorias buscam ampliar a compreensão deste
processo que envolve necessidades, desejos, ambições e outros fatores que
possam constituir o conceito de motivação
2.5 Motivação
Quando uma pessoa se coloca ou se direciona a um caminho ou um
objetivo, ela não necessariamente está motivada a atingir este objetivo. Os
fatores que levam a caminhar naquela direção podem-lhe ser intrínsecos
(internos) ou extrínsecos (externos). Quando são intrínsecos, há motivação;
quando são extrínsecos, há apenas movimentos ou apenas satisfação
(BERGAMINI, 1989).
Forças internas e externas ocasionam motivação. Entende-se por força
interna, o fato de que orienta o nosso comportamento visando um determinado
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fim. Esta força interna que mobiliza a energia de nosso organismo a fim de
conquistarmos o objeto procurado pode ser definida como impulso ou motivo.
Quando este objeto é encontrado, a mobilização da energia cessa. Quanto as
forças externas, a relação se dá com recompensas, punições e fatores sociais.
A motivação apresenta-se em dois grandes grupos, sendo eles:
motivações primárias, que compreendem os aspectos fisiológicos e nas
motivações secundárias, os sociais ou impulsos sociológicos.
2.5.1 Motivações Primárias
Os impulsos inerentes a estrutura biológica do organismo, também
chamados de fisiológicos, biogênicos ou básicos, designam as motivações
primárias. O equilíbrio interno do organismo depende fundamentalmente da
satisfação destes impulsos.
O impulso sexual, a fome e a sede exemplificam as motivações
primárias, pois são desencadeadas e controladas por mecanismos orgânicos,
que são comuns tanto nos seres humanos como nos animais. Contudo,
encontram no homem formas de expressão e satisfação determinadas por
condicionantes culturais e sociais.
O hipotálamo controla o centro da fome que regula a necessidade de
alimento, causando sensação de fome. As contrações do estômago são as
fontes locais da fome, mas é o hipotálamo o regulador deste impulso básico.
No entanto é a sociedade que condiciona o horário das refeições e o que
comemos.
A necessidade de beber é a sensação produzida pela sede. O seu
centro de controle é também o hipotálamo. Contudo, não bebemos apenas
quando temos sede. Beber é muitas vezes um pretexto para o convívio social.
Por outro lado, podemos ingerir diversos tipos de líquidos para saciar a sede,
não apenas água. Isso varia de acordo com a aprendizagem e os costumes
sociais.
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Em sua grande maioria, nos animais, os impulsos sexuais são
fundamentalmente determinados pelos fatores hormonais. Já em seres
humanos, temos o córtex cerebral e o hipotálamo que desempenham o
principal papel, tanto no estímulo, quanto no controle do impulso sexual.
Torna-se evidente que é a aprendizagem que define o fundamental da
resposta sexual humana. Sexualidade pertence ao quadro cultural, sendo que
variam suas expressões, de épocas em épocas, bem como de cultura a cultura.
Também se considera como motivação básica, baseada em fatores de
ordem biológica, o impulso maternal, onde esclarece ou explica o
comportamento de seres humanos e animais relativamente a seus
descendentes. Quando da espécie humana, vai além das causas fisiológicas,
pois o impulso maternal depende também dos fatores culturais e sociais. Daí
onde surgem as diferentes épocas do comportamento maternal e suas
variações.
Impulso a autoconservação é considerado como objetivo final de todos
os demais impulsos. Este tipo de motivação encontra-se presente em animais e
homens, que agem nos fatores de ordem psicossocial, que podem levá-los ao
suicídio.
2.5.2 Motivações Secundárias
Motivações secundárias são adquiridas quando do processo de
integração do indivíduo para com a sociedade, ou seja, no processo de
socialização do mesmo no grupo, podendo ser sociável ou por impulso.
São consideradas motivações sociais quando há necessidade de
convivência com outras pessoas, de sentir-se aprovado e reconhecido por
outros, de compartilhar idéias, competir, entre outras formas de contato. Houve
casos, onde motivações sociais extrapolaram os impulsos básicos: quando da
Segunda Guerra Mundial, muitos dos aviadores japoneses, “os kamikaze”,
caíram com seus aviões em prol da defesa do seu país; alguns prisioneiros se
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mostraram resistentes as torturas aplicadas, porém sem denunciar seus
companheiros políticos.
A participação de seres humanos em grupos sociais reflete na
necessidade de integração e afetividade. É na participação em grupo que vem
a carência de apreço e estimo que se manifestam e que refletem na
conformidade de todo comportamento individual as normas de cada grupo.
Interatividade entre elementos de um grupo é de fundamental
importância para a imagem que o indivíduo tem de si próprio. A auto-estima
que este sente no interior do grupo, vem a desenvolver no indivíduo, um
sentimento de maior segurança em si próprio.
Os indivíduos sentem a necessidade de ser estimado por outros, é a
auto-afirmação, que é um reflexo deste sentimento. Este desejo ocorre em
função do desejo de conquistar certa posição no grupo social a que pertencem,
na necessidade de alcançar tal prestígio. No processo de socialização esta
necessidade terá origem, para ser desenvolvida como estimulo à competição.
A necessidade de realização faz com que pessoas vençam desafios com
vista a atingir seus objetivos. Pessoas estas que aceitam os riscos e que
demonstram uma grande necessidade de ter sucesso e progredir.
Aqueles indivíduos com necessidade elevada para esta realização
desempenham muito melhor as suas tarefas do que os que apresentam
tolerância menor a este tipo de necessidade.
Motivação para competir consiste em ter impulso para se fazer um
trabalho, porém, de grande qualidade. Desta forma, tarefas assim motivadas
desenvolvem a sua competência em resolver problemas e serem inovadoras.
Apresentando qualidade no trabalho desenvolvido, bem como, tendo o
reconhecimento dos outros, são estas as compensações de que o indivíduo
encontra para o esforço por ele almejado e conquistado.
Indivíduos motivados para o poder demonstram necessidade de
influenciar as pessoas de forma a controlar os acontecimentos. No geral,
procuram, atingir os postos de chefia através do sucesso do seu desempenho.
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3. TEORIAS MOTIVACIONAIS
3.1 Fatores de Satisfação, Comportamento Motivacional e Condicionado
Bergamini (1990), na década de oitenta, desenvolveu estudos
procurando evidenciar as diferenças entre comportamento motivacional e
comportamento condicionado, sendo este último também denominado como
movimentação.
Procurou advertir sobre as confusões feitas entre os comportamentos
motivacionais e movimentação em sua teoria. Os fatores extrínsecos não se
constituem em motivação para o trabalho, pois são externos as pessoas e
servem apenas como reforçadores de comportamentos.
Segundo Bergamini: até o presente momento, confundiu-se aquilo que
deve-se chamar de “pura reação” (condicionamento) com aquilo que deve ser
reconhecimento como “motivação autêntica”. (Bergamini; Coda, 1990, p. 25).
Em cada indivíduo existe uma personalidade, uma história vivida em seu
ambiente externo, e por este motivo cada qual tem suas vontades e interesses
individuais. E esta personalidade do indivíduo, frente aos processos
motivacionais, é outra dimensão importante do trabalho de Bergamini.
Bergamini, (por Bertolino, 1998: p. 77), cita:
“Na busca da lógica entre os fatos já vividos pelo indivíduo,
chega-se à descoberta de que a infância possui relevante e indiscutível
importância nas características da personalidade adulta. É assim que
se passa a entender que os motivos atualmente perseguidos pelas
pessoas têm toda uma história de vida passada. Assim sendo, só se
poderá realmente entender o quadro atual da motivação de cada um,
na medida em que ele se encontre coerentemente ligado ao
desencadeamento de experiências anteriores que constituem, portanto,
sua fonte de origem”.
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Bergamini diz ser impossível que uma pessoa possa motivar outra,
porque a motivação provém das necessidades interiores das pessoas e não
colocadas no interior das pessoas.
O destaque da personalidade como fator predominante no processo
motivacional é outro dado importante, pois, é quando se ressalta que pessoas
diferentes possam ter o mesmo objetivo, porém com diferentes necessidades.
Torna-se muito evidente na obra de Bergamini críticas quanto aos
modelos comportamentalistas e sistêmicos adotados por organizações, pois,
ao contrário desses modelos, concebe os problemas motivacionais do ser
humano em dimensão de experiências vividas, sob a forma de percepção e do
contexto individual humano de cada pessoa. São fatores de satisfação os
comportamentos que procuram alinhar as pessoas aquelas situações do
ambiente, e por esta razão geram movimento enquanto que motivação provém
de fatores intrínsecos relacionados ao poder de auto-realização e de emoções
individuais.
A realidade e a motivação de cada pessoa dependem da história própria
e extremamente particular de cada indivíduo, isto é, não é possível usar
técnicas que se condicionem e sejam aplicadas em várias pessoas, com desejo
e pretensão de que se trabalhe motivação. O centro destas atenções, na
realidade é o sujeito do ser humano, que com seus desejos, vontades,
percepções, necessidades, enfim, seu projeto de vida e de relações com o
trabalho é o que determinará o significado da motivação para o trabalho.
3.2 Teoria de Maslow
Abraham Maslow foi um psicólogo americano, e é conhecido
principalmente por sua proposta “Hierarquia de Necessidades”.
Os motivos do comportamento humano derivam de forças interiores do
próprio indivíduo. Algumas necessidades são conscientes, outras não
(Bergamini, 1997).
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Segundo Maslow, as necessidades humanas podem ser dispostas em
forma de pirâmide. Na base da pirâmide estão as necessidades mais baixas e
prementes enquanto no topo ficam as mais sofisticadas e intelectualizadas.
Desta forma, a classificação das necessidades proposta por Maslow, em
ordem crescente, ou seja, de ordem inferior para superior se dá da seguinte
forma:
-
naturez
-
-
-
profissi
-
as pote
Fisiológicas: alimento, descanso, água, proteção contra elementos da
a;
Segurança: proteção contra possíveis privações e perigos;
Sociais: dar e receber afeto sentir-se aceito pelos outros;
Auto-Estima: estima própria (confiança em si mesmo, competência
onal, conhecimento) estima por parte de outros;
Auto-realização: conseguir o desenvolvimento e a utilização de todas
ncialidades que a pessoa possui (Lopes, 1980).
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Ainda, em relação às necessidades fisiológicas, Hampton (1990), diz
que estas necessidades enquanto estiverem insatisfeitas monopolizam o
comportamento consciente do indivíduo, mantendo desta forma, a
exclusividade do poder de motivação.
Já as necessidades de segurança que incluem proteção em relação a
fatos que signifiquem perigo, segundo a teoria de Maslow, são desencadeadas
quando as necessidades do tipo fisiológico estiverem satisfeitas.
Categorias de necessidades, do tipo social, ou de afeto, como também
são chamadas, estão voltadas para os relacionamentos sócio-afetivos, quando
após suas necessidades fisiológicas satisfeitas, vem a de segurança, quando
esta se manifesta como novo indicativo de outras necessidades.
Necessidade de auto-estima, após outras necessidades de menor grau,
segundo a hierarquia definida por Maslow, surge como se fosse um desejo que
o indivíduo tem em desejar ser respeitado pelos outros e por si mesmo.
Como último grupo das necessidades, e este considerado nível mais alto
na escala hierárquica de Maslow, é das necessidades de auto-realização, que
se constituem em maiores níveis de complexidade, onde envolvem sentimentos
profundos, processos intrapessoais, maturidade, entre outros aspectos.
A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow é bem aceita e muito
utilizada por gestores. Mesmo que ainda não faculte uma total compreensão da
motivação humana ou qual a melhor forma de motivar pessoas, oferece um
ponto de partida onde se pode vislumbrar numa visão acadêmica.
A forma utilizada de hierarquia é considerada de compreensão fácil, se
ajusta em grande parte no senso comum e identifica “n” fatores que possam
motivam pessoas, quer seja do mundo dos negócios, ou outros tipos de
organizações.
Com o reconhecimento do trabalho (salário), as pessoas satisfazem
suas necessidades fisiológicas e de sua família. As organizações ajudam
também na satisfação das necessidades de segurança através dos salários e
das “regalias” sociais e, finalmente, contribuem para a satisfação das
18
necessidades sociais, tornando viável a interação com a associação
interprofissional. Áreas de influência da gestão na hierarquia das cinco
categorias das necessidades.
Todos os gestores podem prestar contribuição aos seus trabalhadores e
buscar a satisfação de suas necessidades. Na auto-realização (oportunidade
de crescimento, promoção; desafios encorajadores; incentivo à criatividade;
motivação para alcance de grandes resultados.); na Estima (reconhecimento
público pelo desempenho alcançado; bom fluxo de trabalho; respeitabilidade do
cargo); Sociais (estabilidade da equipe; oportunidade de interação social;
encorajamento da cooperação); Segurança (condições de trabalho seguras;
segurança de emprego; regalias sociais); Fisiológicas (salário justo; espaço a
dar condições de trabalho com algum conforto; calor, luz, ar condicionado).
3.3 Teoria das Necessidades de McClelland
David C. McClelland, psicólogo nascido em 1917 em Nova Iorque, foi o
autor da Teoria das Necessidades. A conclusão de seus estudos foi publicado
em um artigo intitulado “Testing for competence rather than intelligence”
(Avaliando a competência em vez da inteligência), datado de 1973.
Na ótica dos administradores a obra de McClelland (1955)
provavelmente resultou em grande agitação na literatura especializada na área
de administração.
McClelland, diferenciando-se das outras teorias, apresentou a sua teoria
com três outras necessidades de caráter secundário e adquiridas socialmente,
sendo: poder, afiliação e a realização.
Com relação ao poder e suas necessidades, os comportamentos típicos
que se manifestam são influências adquiridas sobre os outros e a procura de
posições de influência.
Segundo Hampton (1990), para McClelland poder é exercer influência, e
a necessidade de poder pode manifestar-se sob duas formas gerenciais: a
19
gerência que enfatiza o poder pessoal e a outra forma que seria enfatizando o
poder social e institucional.
Na primeira forma “poder pessoal”, a característica é por dominação,
sendo que, na maioria das vezes, gerentes com esta necessidade podem
conquistar a lealdade de seus subordinados. Bem verdade também, que
podem ser considerados dominadores, de forma que interfere no desempenho
de seus colaboradores, mais em função de sua necessidade de poder do que
pela própria realidade da situação profissional. Na segunda forma, dá-se
ênfase ao poder social da instituição. Tipo de necessidade de poder é
caracterizado por gerentes que gerenciam de forma a sensibilizar seus
colaboradores pelo compromisso que se comprometeram com a empresa, ou
seja, é aquele gerente que em nome da sua instituição não economiza esforços
para cumprir a missão determinada a ele. Identificam-se estes gerentes como
aqueles que, realmente “vestem a camisa”.
Outra forma de necessidade secundária, percebida por McClelland é a
necessidade de afiliação, onde o comportamento típico sempre procura o bom
relacionamento com os outros e a aprecia a companhia alheia. Então, neste
tipo de necessidade consideram-se os gerentes que são mais
simpáticos/amistosos nas relações com os seus colaboradores, enfatizando
assim a predisposição de promover contatos com as pessoas e estar mais
próximos das necessidades ou mesmo, sentimentos dos seus colaboradores.
Ainda apresentado por McClelland, o terceiro tipo de necessidade cita
sobre as necessidades de realização, quando os comportamentos que são
manifestados, são: a auto determinação de metas desafiadoras; a busca para
cumpri-las; a valorização e utilização de feedback quanto ao desempenho
atingido.
Normalmente, este último tipo de necessidade está registrado quando
efetuamos a associação entre atuação e o desempenho esperado pelo mesmo,
pois ao definir metas “desafiadoras”, o assim denominado “colaborador” se
propõe a alcançar seus objetivos de forma eficaz, com bom e excelente
desempenho, e conseqüente ter o devido reconhecimento por parte dos outros.
20
Como pode-se observar McClelland trouxe contribuições consideradas
de grande relevância em referência as suas pesquisas sobre motivação, tendo
em vista que estas dirigiram-se em sua grande parte para o estudo da
motivação em gerentes.
3.4 Teoria X e Teoria Y e os Fatores Extrínsecos e Intrínsecos da Motivação
No ano de 1973, McGregor comparou duas formas de ver o indivíduo em
seu ambiente de trabalho, o que chamou de Teoria X e Teoria Y.
Na teoria X os indivíduos seriam incapazes de dar andamento em seu
trabalho sem que nisto exista uma necessidade rígida de vigilância, o que deixa
muito nítida a possibilidade de sanções.
O problema é que as pessoas tratadas como imaturas consideradas
incapazes de dirigir seu trabalho tornam-se frustradas e com relações
conflituosas. Logo, o que deveria ser focalizado seria o método de
gerenciamento e não o indivíduo essencialmente. Por isso as pessoas
tornam-se indolentes, passivas, rejeitam responsabilidades e demonstram
interesse apenas pelos benefícios econômicos. Isso é explicado pelo fato de
terem sido privadas da oportunidade de se realizarem por meio do trabalho,
pois mesmo para aqueles a quem são dadas oportunidades para dirigir seus
trabalhos não são reconhecidos. Logo, também não se satisfazem com o
trabalho (ARGYRIS, 1996).
A partir desta constatação que McGregor desenvolveu a Teoria Y,
admitindo então que realmente o indivíduo não é descuidado ou avesso ao seu
trabalho, e que também procura ter satisfação naquilo que executa. Portanto, é
um ser responsável, criativo, e com necessidade de autonomia e
profissionalização. Em consequência, a organização tem por responsabilidade
criar métodos de recompensas e dar condições onde o indivíduo possa vir a
obter a satisfação desejada e supra sua necessidade quanto à realização
profissional.
21
A Teoria Y não só atribui à organização a responsabilidade de obter o
comprometimento do indivíduo, como também encoraja a responsabilidade no
planejamento e realização das metas entre trabalhador e organização. E para
atingir esse objetivo a organização deverá ter um diálogo constante entre
gerente e subordinados, no qual a capacidade destes para controlar seu
próprio trabalho será testada e ampliada permanentemente (CARVELL, 1982).
A Teoria Y gerou muita importância para os estudos sobre a qualidade
de Vida no ambiente de Trabalho, pois considera que o trabalho é um fator de
motivação e realização e não apenas um “peso” a ser carregado e que através
deste fardo se entrega uma simples recompensa.
Esta Teoria também propõe um estilo de administração mais
participativo e que se baseia em valores humanos e sociais. Em resumo, a
Teoria X é a administração através de controles externos impostos as pessoas
e a Teoria Y é a administração por objetivos que realça a iniciativa individual.
As duas teorias são extremamente opostas em suas percepções.
3.5 Alderfer e a Teoria ERG
Assim como os demais pesquisadores da questão da motivação,
Alderfer (por Bertolino, 1998), trabalhou próximo aos conceitos de Maslow,
porém acrescentou outros elementos para descrever, o que denominou de
conceitos de existência, relacionamento e crescimento. Trabalha com o caráter
interior das motivações apoiado na idéia que elas provêm da procura ao
atendimento das necessidades internas.
Segundo Bertolino (1998), as necessidades agrupam o conceito de
satisfação e desejo, sendo o primeiro resultante da interação entre pessoa e
ambiente, e o segundo, como um elemento mais subjetivo exatamente por não
possuir referências externas. Na ótica de Alderfer, o termo desejo pode ser
visto como preferência.
Alderfer enfoca o grupo de necessidades de existência como sendo de
caráter fisiológico, isto é de natureza material, em relação as necessidades
22
internas. As necessidades desta natureza são básicas e estão ligadas à
sobrevivência humana, como também estão relacionadas às questões de
benefícios, pagamentos e as próprias condições físicas do trabalho.
Alderfer relata as necessidades de relacionamento, quando estão
envolvidas questões de interações pessoais, sobretudo quando as pessoas são
significativas no contexto da relação e do próprio trabalho. É marcada pela
proximidade e pela intimidade nos relacionamentos. Neste grupo de
necessidades, o indivíduo tende a compartilhar com seu próximo os seus
sentimentos e pensamentos.
Alderfer (Bertolino, 1998: p. 54) diz que:
“O conceito de necessidades de relacionamento não necessita
de igual poder entre as pessoas para a satisfação ocorrer, embora
algumas emoções, como a raiva, a igualdade de poder possa ajudar na
autenticidade das expressões. A condição essencial envolve a vontade
de ambas (ou todas) as pessoas de compartilhar seu sentimento tão
completamente quanto possível, embora permitindo que os outros
façam a mesma coisa”.
Alderfer adiciona ainda um terceiro grupo de necessidades que
denominou como a necessidade de crescimento, onde o indivíduo se engaja na
missão de obter resultados produtivos e de relevância, para si e para seu
grupo. Esta necessidade normalmente é proveniente de pessoas que almejam
a satisfação na realização de seus objetivos e que não ignoram a sua condição
como seres humanos.
Alderfer utilizou apenas três das necessidades sem expressar os cinco
tipos de necessidades, diferentemente de Maslow, embora exista aparência
notória nas teorias pelo fato de que abordam necessidades pertencentes a um
mesmo ideal. Na teoria de Alderfer, que é aquela em que se destaca os
conceitos de relacionamento, existência e o crescimento, se opõe em relação a
teoria da hierarquia das necessidades, quanto a rigidez da escala proposta por
Maslow. Este pressupõe existir menor rigor quanto ao que julga estritamente
prioritário para um ser humano.
23
O que torna ainda mais evidente e comum entre as teorias de Alderfer e
Maslow é a questão de considerarem que as teorias indicam que a motivação é
proveniente das necessidades internas de cada indivíduo.
3.6 A Teoria Contingencial de Vroom
Chiavenato (1995) relata que em 1964 Victor H. Vroom elaborou um
modelo contingencial de motivação, tomando como base a observação de que
o processo que motiva o indivíduo não depende apenas dos objetivos de cada
um, mas também em que condições de trabalho o indivíduo está inserido. Para
ele, há três forças básicas que atuam internamente no indivíduo e que fazem
influenciar o seu nível de desempenho:
Expectação, que é a expectativa dos objetivos individuais, agregada a
percepção de que o indivíduo tem de si mesmo, considerando a sua
capacidade em atingir os objetivos por ele traçados.
São dois aspectos que determinam esforços que cada um deve estar
pronto para cada situação de trabalho. Por exemplo, se um indivíduo tem como
objetivo a promoção de seu cargo, e percebe que para isto precisa aumentar a
produtividade de seu setor, mas julga-se incapaz de conseguir este resultado,
logicamente sua motivação para o trabalho será fraca.
Instrumentalidade, que é a recompensa que o indivíduo pode conquistar
em troca de seu desempenho no trabalho. Não quer dizer, que seja apenas
relação entre quantidade e qualidade do trabalho, salário, condições de
trabalho, benefícios sociais. Ele ressalta que Instrumentalidade é um fator
subjetivo que pode variar de acordo com cada indivíduo. Para alguns, pode
significar autonomia, expansão da criatividade e possibilidade de iniciativa.
Valência, para ele determina sendo o valor real de que o indivíduo dá a
instrumentalidade percebida. Não é suficiente que o indivíduo tenha suas
recompensas que pode alcançar através de seu desempenho, mas também é
necessário que estas recompensas satisfaçam suas expectativas e tenham um
valor real. O sistema de recompensas pode não ter nenhuma importância para
24
um indivíduo, que não terá motivação, porém, ao contrário dele, pode ter muita
importância para uma outra pessoa, que terá uma motivação forte.
A motivação das pessoas no trabalho sofre influência sob estes três
aspectos, pois segundo Vroom, se um destes elementos está ausente, a
motivação torna-se fraca. Agora, se todos estão presentes (alta expectação,
alta Instrumentalidade e alta valência), a motivação é considerada alta.
A Teoria de Vroom leva-nos a conclusão de que as organizações obtêm de
seus colaboradores o desempenho desejado, não apenas quando satisfazem
os seus objetivos individuais, mas também quando mostram o caminho para a
satisfação dos objetivos individuais, estando ao alcance de atingir o
desempenho desejado.
A Teoria de Vroom gera outra questão importante: é fundamental que o
trabalhador sinta a capacidade de atingir os objetivos pessoais traçados para
que este se sinta motivado. E esta suposição faz com que se atrele a
motivação a uma competência. Entende-se que um trabalhador que almeja a
auto-realização buscando o alcance dos objetivos pessoais só irá ter motivação
ao julgar-se capaz de realizar estes objetivos. Esta hipótese interliga um elo
entre motivação e treinamento.
3.7 Teoria dos dois Fatores
Nos anos 60, Hezberg (Bertolino, 1998), formulou sua teoria sobre
motivação, muito semelhante aos aspectos da teoria de Maslow, entretanto
Herzberg não ficou apenas no plano da psicologia individual, pois dimensionou
suas investigações sobre os motivos que influem no trabalho dos homens
dentro da empresa.
Herzberg investigou a questão: “o que as pessoas desejam do
trabalho?”. Ele pediu as pessoas dentro da organização que descrevessem as
situações das quais elas se sentiram excepcionalmente bem ou mal. As
respostas foram tabuladas e categorizadas, sendo assim Herzberg concluiu
que as respostas eram diferentes em relação aos momentos em que se
sentiram bem. Sua teoria ficou mais conhecida como higiene-motivação,
25
abordou também os fatores que poderiam afetar a satisfação dos
trabalhadores, fossem elas necessidades inferiores (Fatores higiênicos) ou
superiores (Fatores motivadores).
Herzberg menciona que os fatores de higiene são determinados por
salário, condições de trabalho, regulamentações, supervisão, entre outros.
Sendo que para os motivadores destacam-se o reconhecimento,
responsabilidade, possibilidades de promoção e crescimento e capacidade de
auto-satisfação.
Desta forma, pode-se relacionar a teoria de Herzberg com a teoria de
Maslow no que se refere a similaridade entre os fatores de higiene (Inferiores)
e os fatores motivadores (Superiores). Entre as teorias a maior diferença é que
segundo Herzberg, só se motiva a pessoa para a realização das tarefas,
quando os fatores motivadores são atendidos e para Maslow, mesmo uma
necessidade não satisfeita pode gerar motivação. Segundo a teoria de
Herzberg (higiene-motivação), a falta de um nível dentro das conformidades
dos fatores de higiene, causa apenas insatisfação, isto é, nem chega a ser
caracterizado como motivação. Além disso, para atingir grandes níveis de
motivação, satisfação e desempenho no trabalho é necessário priorizar o
devido valor aos fatores motivadores.
Para Herzberg também é possível dar incentivos aos colaboradores
através dos fatores motivadores, mesmo eles estando insatisfeitos em relação
aos fatores de higiene. Pode-se exemplificar um fato de que, quando uma
pessoa que esteja necessitada de água e auto-estima, só irá motivá-la se
houver um fator voltado a sua necessidade superior que seria a sua auto-
estima, pois a "vontade de beber a água” seria apenas uma necessidade
fisiológica satisfeita, o que não gera uma motivação.
Herzberg denominou de fontes de insatisfação de fatores de higiene e
manutenção, são pontos que caracterizam o ambiente de trabalho, sendo que
os mantendo sob controle e evitando também descontentamentos, pode-se
garantir de que o desempenho dos colaboradores não esteja abaixo de um
grau considerado tolerável para uma organização.
26
A teoria de Herzberg não polariza satisfação e insatisfação como pontos
extremos, conforme Hampton (1990). Entende-se que não pertencem a uma
única dimensão, sendo que a satisfação é afetada por fatores de motivação e
que a insatisfação pelos fatores de higiene.
Segundo Kondo (1994), a relação entre Maslow e Herzberg, mostra que
as pessoas são motivadas não somente pelo atendimento das necessidades
fisiológicas e de segurança, também se deve considerar que as necessidades
humanas não se elevam ponto a ponto hierarquicamente, pois podem
acontecer simultaneamente. Sendo assim, para motivar o trabalhador não
basta apenas priorizar o atendimento as necessidades inferiores, pois se torna
fundamental que sejam atendidos fatores de ordem superior para que haja
satisfação.
Herzberg estendeu as teorias de Maslow e adaptou-as para melhor
utilização em situações laborais. Chama atenção para motivação do trabalho e
importância crítica para com os fatores a esta relacionados, aspectos que não
havia sido objeto de atenção para os cientistas que analisam comportamento.
Quando citados os problemas de motivação, é muito importante
considerar a proposta de Herzberg. Tradicionalmente, gestores respondiam
aos problemas da motivação oferecendo mais dinheiro, melhores condições de
trabalho e mais regalias sociais, e na maioria das vezes, o resultado destas
ações não se refletia em um maior esforço para executar mais arduamente a
atividade atribuída ao colaborador.
27
4. CONCLUSÃO
Nota-se com a conclusão deste trabalho que há muitas teorias sobre
motivação que podem contribuir para que os gestores compreendam as razões
de certos comportamentos. No entanto, nenhuma destas teorias fornece uma
explicação completa e unânime sobre a complexidade do comportamento
humano.
Observou-se ainda que a cultura organizacional é constituída por valores
e crenças compartilhadas, as práticas de gestão de pessoas relacionadas à
motivação devem considerar as peculiaridades de cada grupo que compõe o
universo organizacional.
Na perspectiva do entendimento teórico de que a motivação é complexa,
diferente para cada pessoa, é um processo interior e é dependente da escolha
pessoal, mas também pode ser causada por estímulos advindos de fatores
externos, como por exemplo: respeito, reconhecimento, coerência e equidade.
Neste aspecto a investigação sobre a motivação para o trabalho é
fundamental para o sucesso das empresas, pois parte da realidade é percebida
por quem está dentro do processo, revelando mais claramente quais os
problemas e possíveis soluções para estimular a satisfação humana dentro das
organizações.
Os fatores abordados são importantes porque revelam em que estágio
encontra-se a relação colaborador, ambiente e cultura organizacional.
Observa-se que existem expectativas de atendimento às suas necessidades
que se concretizam e outras, como o aumento da remuneração, não.
Há motivação para o trabalho, mas isto não depende apenas da vontade
individual de cada um, mas de um planejamento organizacional que invista em
ações que promovam uma maior aproximação dos colaboradores com a cultura
das organizações, como por exemplo, o reconhecimento e a valorização do
colaborador, bem como a criação de ambientes descontraídos, com instalações
adequadas e elaboração de espaços alternativos e de lazer para que até
28
mesmo nos momentos de descanso esse colaborador possa ficar satisfeito
com o seu local de trabalho.
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