Incerteza e individuação: escolarização como processo de ...
VICENTE, Dafiana do Socorro S. Imagem, livro didático e escolarização de jovens e adultos:...
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
LABORATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
IMAGEM, LIVRO DIDÁTICO E ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
INTERFACES DE UM PROBLEMA PEDAGÓGICO
Dafiana do Socorro Soares Vicente
JOÃO PESSOA – PB
Novembro de 2011
2
Dafiana do Socorro Soares Vicente
IMAGEM, LIVRO DIDÁTICO E ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
INTERFACES DE UM PROBLEMA PEDAGÓGICO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Disciplina de Estágio Supervisionado, como
requisito parcial para obtenção de título de
Licenciatura em Pedagogia pela UFPB.
Orientador: Prof. Dr. Erenildo João Carlos
JOÃO PESSOA – PB
Novembro de 2011
3
Dafiana do Socorro Soares Vicente
IMAGEM, LIVRO DIDÁTICO E ESCOLARIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
INTERFACES DE UM PROBLEMA PEDAGÓGICO
Comissão examinadora:
_______________________________________
Orientador - Prof. Dr. Erenildo João Carlos
_______________________________________
1º Examinador - Profª. Laura Maria de Farias Brito
________________________________________
2º Examinador – Prof. Dr. José Ramos Barbosa da Silva
João Pessoa/ PB, 09 de dezembro de 2011
4
V632i Vicente, Dafiana do Socorro Soares.
Imagem, livro didático e escolarização de jovens e adultos:
interfaces de um problema pedagógico / Dafiana do Socorro Soares Vicente. – João Pessoa: UFPB, 2011.
82f. ; il. Orientador: Erenildo João Carlos Monografia (graduação em Pedagogia) – UFPB/CE
1. Imagem. 2. Livro didático. 3. Educação de jovens e adultos. I. Título.
UFPB/CE/BS CDU: 374.7(043.2)
5
DEDICATÓRIA
Aos estudantes do Curso de Pedagogia, que despertaram sua curiosidade pelo mundo
da imagem na educação;
Aos sujeitos da EJA, que aspiram à efetividade do seu direito à escolarização;
Aos educadores de jovens e adultos, que militam cotidianamente pela construção de
uma escola de qualidade;
Aos gestores das escolas públicas, comprometidos com a criação de condições
necessárias ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem responsável;
Enfim, aos alfabetizadores de EJA, que estão aprendendo a empregar a imagem a
partir de uma pedagogia crítica da visualidade.
6
AGRADECIMENTOS
À Pessoa de Deus
Por Seu amor e cuidado. Por todos os momentos difíceis em que me fortaleceu, para
que hoje pudesse compreender que Ele me tratou e me trata, não conforme as minhas
iniqüidades, mas conforme a sua graça e misericórdia. Obrigada Senhor.
Aos Professores Dr. Edson Carvalho Guedes, Dra. Fabíola Barrocas Tavares,
Meus sinceros agradecimentos, pelas contribuições que conferiram a minha formação
acadêmica, pessoal e profissional.
De modo especial, meus agradecimentos ao Prof. Dr. Erenildo João Carlos que,
com apoio, presteza e dedicação, contribuiu relevantemente para a feitura deste Trabalho de
Conclusão de Curso e de minha formação.
Ao Funcionário Marcelo do Centro de Educação/UFPB,
pela disponibilidade e dedicação prestada na resolução de problemas, contribuindo na
efetividade das aulas.
À Colega de classe Camila Laís Gomes de Lima,
pela espontaneidade, amizade, alegria e pela troca de informações cotidianas.
Aos Familiares,
Aos meus pais, Sebastião Vicente e Odete Lenir Soares Vicente que, mediante o amor
e carinho, me concederam maturidade para lutar pelos meus ideais.
As minhas irmãs, Dáfia, Dilma e Doralice, pela certeza de que, sempre que precisasse,
estariam dispostas a me ajudar.
Aos Amigos,
aqueles que me apoiaram nesse percurso, aconselhando em cada fase, fazendo-se presente em
todos os momentos.
Agradecimento especial ao meu amado e companheiro, Erenildo João Carlos que,
com seu amor, me proporcionou momentos inesquecíveis, felicidade e aprendizagem,
encorajando-me e incentivando-me sempre que possível.
7
EPÍGRAFE
Para introduzir o aluno na leitura de imagens dos livros
didáticos, é importante, inicialmente, separar a ilustração
do texto, isolando-a, para iniciar uma observação
impressionista, sem interferência inicial da interpretação
dos professores ou das legendas escritas. Trata-se de um
momento em que o observador fará uma leitura geral da
ilustração, deixando fluir as relações que estabelece entre
o que está vendo e as outras imagens.
Circe Bittencourt (2008, p. 86-87)
8
RESUMO
Antes do surgimento da escrita, a imagem era um meio de comunicação, que contribuía para
expressar as relações sociais, a cultura e a ideologia da época. Com o “desenvolvimento” da
civilização, a imagem perdeu seu caráter natural, o que levou à configuração de um novo
sistema de símbolos, desde o ideograma até o surgimento do alfabeto, que acarretou o
rompimento com as comunicações de natureza imagética. Todavia, o advento da pós-
modernidade e o avanço da cultura midiática estabeleceram um novo conceito de sociedade,
marcado pelo simbólico e pela proliferação da imagem. Devido à abrangência do tema
imagem, nos vários campos do conhecimento, delimitamos a nossa análise em torno das
imagens contidas nos livros didáticos da EJA, com o objetivo de compreender como as
imagens articulam, sistematizam e organizam o conhecimento, destinado à EJA. No campo
epistemológico, o livro didático aparece com algumas restrições, pois considera o texto-
escrito e desconsidera o texto-imagem como mediação do conhecimento. Observa-se,
todavia, que há um investimento considerável das editoras na ilustração dos livros didáticos
da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, assim como nos da
Educação de Jovens e Adultos. Tendo em vista o exposto, organizamos o texto em três eixos:
no primeiro, refletimos sobre o livro; no segundo, discutimos sobre o Livro didático no
Brasil: especificidades, importância e estado da Arte; no terceiro, trataremos sobre a imagem
no livro didático; no quarto, serão abordados o surgimento e o desenvolvimento do livro
didático na Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista dialogar sobre o uso das imagens e
suas implicações na construção do conhecimento escolar.
Palavras-chaves: Imagem. Livro didático. Educação de jovens e adultos.
9
LISTA DE IMAGENS
Imagem 1. Primeiro suporte (pedra) e primeira escrita (petróglifos).................................. 16
Imagem 2. Suporte: pedra; escrita: hieróglifos egípcios......................................................... 18
Imagem 3. Suporte: tabuinhas de argila. Escrita cuneiforme da Suméria.......................... 19
Imagem 4. Suporte: Papiro com trechos de Platão. Escrita: grego...................................... 19
Imagem 5. Suporte: papel. A produção do papel chinês...................................................... 21
Imagem 6. Material didático utilizado na CEA (1956) ....................................................... 30
Imagem 7. Material didático utilizado na CEA (1960)........................................................ 30
Imagem 8. Material Radiocartilha Sirena (1960)................................................................. 32
Imagem 9. Livros didáticos produzidos pelo MEB (1962).................................................. 33
Imagem 10. Livros didáticos produzidos pelo MEB (1963)................................................ 33
Imagem 11. Materiais didáticos produzidos pelo CPC (1962)............................................ 34
Imagem 12. Materiais didáticos produzidos pelo CPC (1962)............................................ 34
Imagem 13. Caderno da EJA Cultura e Trabalho ......................................................... 54
Imagem 14. Caderno da EJA Cultura e Trabalho ......................................................... 54
Imagem 15. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 54
Imagem 16. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 55
Imagem 17. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 52
Imagem 18. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 55
Imagem 19. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 55
Imagem 20. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 56
Imagem 21. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 57
Imagem 22. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 57
Imagem 23. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 58
Imagem 24. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 58
Imagem 25. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 58
Imagem 26. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 55
Imagem 27. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 59
Imagem 28. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 59
Imagem 29. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 60
Imagem 30. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 60
Imagem 31. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 60
10
Imagem 32. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 61
Imagem 33. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 61
Imagem 34. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 62
Imagem 35. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 62
Imagem 36. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 62
Imagem 37. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 62
Imagem 38. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 63
Imagem 39. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 63
Imagem 40. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 64
Imagem 41. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 64
Imagem 42. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 65
Imagem 43. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 65
Imagem 44. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 65
Imagem 45. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 66
Imagem 46. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 66
Imagem 47. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 67
Imagem 48. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 67
Imagem 49. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 50. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 51. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 52. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 53. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 54. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 68
Imagem 55. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 69
Imagem 56. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 69
Imagem 57. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 69
Imagem 58. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 70
Imagem 59. Caderno da EJA Cultura e Trabalho.......................................................... 70
11
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Tabela 1. Estrutura da Coleção Cadernos da EJA................................................................ 51
Tabela 2. Gêneros imagéticos impressos na Coleção Cadernos da EJA.............................. 53
Tabela 3. Caderno cultura e trabalho – imagem, conteúdo e atividade............................ 54
Gráfico 1. Quantidade de imagens e seu uso................................................................... 71
Gráfico 2. Número de alunos matriculados........................................................................ 73
Tabela 4. Fala dos alunos em torno das imagens do Caderno Cultura e Trabalho.............. 73
12
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEA – Campanha de Educação de Adultos
CEAA - Campanha de Educação de Adultos Analfabetos
CEPLAR – Campanha de Educação Popular da Paraíba
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CNLD - Comissão Nacional do Livro Didático
COEJA - Coordenação de Educação de Jovens e Adultos
COLTED - Comissão do Livro Técnico e do Livro Didático
CPC - Centro Popular de Cultura da União dos Estudantes
DOPS – Departamento de Ordem Política e Social
EJA – Educação de Jovens e Adultos
FAE - Fundação de Assistência ao Estudante
FENAME - Fundação Nacional do Material Escolar
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FNEP - Fundo Nacional do Ensino Primário
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa
INL - Instituto Nacional do Livro
LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MCP - Movimento de Cultura Popular de Recife
MEB – Movimento de Cultura Popular
MEC – Ministério da Educação e Cultura
MNCA - Mobilização Nacional Contra o Analfabetismo
ONG – Organizações não governamentais
PLINDEF - Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental
PNLD – Programa Nacional do Livro Didático
SEA - Serviço Educação de Adultos
SIRENA - Sistema Rádio Educativo Nacional
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
USAID - Agência Norte-americana para o Desenvolvimento Internacional
13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 13
CAPÍTULO I: DA ESCRITA AO LIVRO DIDÁTICO....................................
1. A trajetória do livro...................................................................................
2. A produção do livro no Brasil e sua especificidade ...................................
3. O livro didático na educação de jovens e adultos ......................................
15
16
22
28
CAPÍTULO II: A PROLIFERAÇÃO DA IMAGEM NA SOCIEDADE DA
ESCRITA ...............................................................................................................
1. Um pouco de história sobre o uso social da imagem .................................
2. O impacto da imagem na formação da consciência ..................................
3. O papel do educador na formação da criticidade .....................................
37
38
41
46
CAPITULO III: A IMAGEM NO LIVRO DIDÁTICO DA EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS ...............................................................................
1. Sobre a Coleção Cadernos de EJA ..........................................................
2. O uso das imagens do Caderno de EJA “Cultura e Trabalho” na Escola
Municipal David Trindade ..........................................................................
49
50
72
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 76
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 78
ANEXOS A ............................................................................................................ 81
ANEXOS B ........................................................................................................... 82
ANEXOS C ............................................................................................................ 82
14
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFPB
articula-se com o projeto PROLICEN 2008.1, intitulado “O uso de filmes como mediação da
prática docente: um exercício do fazer interdisciplinar entre os professores do Curso de
Pedagogia da UFPB”, coordenado pelo Prof. Dr. Erenildo João Carlos. O referido projeto
possibilitou que bolsistas/os e voluntários/as se apropriassem, de forma sistemática, de
conhecimentos relativos à IMAGEM1, em suas multifaces, e resultou na produção de artigos
pertinentes ao objeto, considerando as suas especificidades: imagem televisiva, fílmica,
fotográfica, videográfica, desenhos animados e charge.
Antes do surgimento do texto-escrito, a imagem era o meio de comunicação que se
destacava por expressar as relações estabelecidas na vida social, a cultura e a ideologia da
época. Com o “desenvolvimento” da civilização, a imagem perdeu seu caráter naturalista, o
que levou à configuração de um novo sistema de símbolos, desde o ideograma até o
surgimento do alfabeto, e ao rompimento com as comunicações de natureza imagética.
Todavia, com o advento da pós-modernidade e o avanço da cultura midiática,
estabeleceu-se um novo conceito de sociedade, marcado pelo simbólico, pela proliferação da
imagem. Esse fenômeno reflete as mudanças tecnológicas que a sociedade sofreu e das quais
tem desfrutado, supervalorizando o mundo imagético. Basta olharmos a nossa volta e
seremos tomados por uma diversidade de imagens, desde fotografia, outdoor, escultura,
televisão, computadores, charges, filmes, vídeos, desenhos, entre outras. Essa diversidade
tem encantado, seduzido e delineado um novo tipo de sujeito, formando identidades e
estabelecendo novas relações sociais, caracterizadas pela influência que a mensagem
imagética exerce no inconsciente das pessoas. A realidade, assim construída, acarreta uma
espécie de “hipnose” de nossa consciência crítica e nos torna manipuláveis e vítimas de uma
hegemonia social, que tem o fator econômico como princípio norteador das relações. Isso
denota o poder de comunicabilidade e persuasão que a imagem tem em sua essência, pelo
fato de ter, em sua configuração, uma intencionalidade e, como todo processo educativo é
intencional, a imagem passa por potencializar a apropriação do conhecimento.
Devido à abrangência do tema imagem, nos vários campos do conhecimento, tivemos
que delimitar a nossa análise e determinamos, como nosso objeto de investigação, as imagens
contidas nos livros didáticos da EJA, visando compreender como se articulam, sistematizam e
1 As imagens que constam no presente trabalho foram intituladas na lista de imagens pela autora do TCC, pelo
fato de não apresentarem titulação.
15
organizam o conhecimento destinado à referida modalidade de ensino. No campo
epistemológico, o livro didático emerge com algumas restrições, por se limitar ao texto-
escrito, sem considerar o texto-imagem como mediação do conhecimento. Todavia, vale
salientar que as editoras, na contemporaneidade, têm investido consideravelmente na
ilustração dos livros didáticos, que estão encharcados de signos imagéticos, desde a Educação
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, até os materiais didáticos destinados à
Educação de Jovens e Adultos. Diante dessa realidade e dos enfoques que ela suscita,
elaboramos o trabalho em tela dividido em três momentos: o primeiro capítulo trata da escrita
até o aparecimento do livro didático, considerando sua trajetória, sua produção,
especificidade e como manual didático para a educação de jovens e adultos. O segundo
capítulo2 discute sobre a proliferação da imagem na sociedade da escrita. Nesse momento, o
texto trata do uso social da imagem, o impacto que ela promove na formação da consciência
coletiva e o papel do educador como mediador no processo de ensino-aprendizagem e na
formação da consciência crítica, mediante o uso da imagem televisiva. Por fim, no terceiro
capítulo, trataremos do livro didático na educação de jovens e adultos. Para tanto,
apresentamos uma síntese da Coleção Cadernos de EJA, considerando sua historicidade e
intencionalidade. Posteriormente, descrevemos o relato de uma experiência realizada numa
escola Municipal do Município de João Pessoa com o uso da imagem do material analisado,
tendo em vista compreender se as imagens possibilitam a apropriação do conhecimento
escolar por parte dos alunos de EJA.
2 Todas as imagens que constam na capa e no início de cada capítulo foram produzidas pela autora deste
trabalho.
16
CAPÍTULO I
DA ESCRITA AO LIVRO DIDÁTICO
1.1 A trajetória do livro
17
Historicamente, a humanidade é marcada por processos de desenvolvimento
sociocultural. O homem, como um ser portador de racionalidade, ao longo de sua trajetória,
foi produzindo mecanismos de sobrevivência. Nos primórdios, o homo sapiens não se
conteve apenas com a descoberta do fogo, mas foi evoluindo até chegar à sociedade em que
estamos inseridos - sociedade pós-moderna. Nesse processo de desenvolvimento, devido à
necessidade de expressar e comunicar o pensamento, a escrita passou, ao longo da história,
por transformações.
Inicialmente, as pinturas e os desenhos foram as alternativas encontradas pelo homem
primitivo para registrar os acontecimentos de sua vida, sua cultura, seu modo de produção,
suas divindades, ou seja, as primeiras ideias sobre sua realidade concreta, registradas como
objetos simbólicos em pedras. Esse tipo de escrita foi denominado pelos arqueólogos de
petróglifos. 3 As pinturas rupestres expressavam a cosmovisão que o homem primitivo
buscava trasmitir, apesar da carência de instrumentos mais sofisticados e de uma noção mais
complexa sobre a realidade. Surge, então, o primeiro meio de expressão permanente em
suportes4 (as pedras). Oliveira (1984, p. 17) destaca que é nesse momento em que “o homem
vê a necessidade de se criarem meios permanentes de expressão, com os quais possa falar
para o futuro”.
Imagem 1. Primeiro suporte (pedra) e primeira escrita (petróglifos)
Fonte: http://www.rupestreweb.info/toromuerto.html
Nas cavernas, Martis (1996) diz que o homem, ao utilizar as mãos, nas primeiras
tentativas de gravar a pedra, exercia um esforço de abstração e não trabalhava apenas com as
mãos, mas mentalmente. Os mais simples traços desenhados nas pedras expressavam o
3 Gravuras rupestres: pinturas e desenhos preservados nas cavernas e as imagens gravadas nas pedras. Oliveira
(1984) diz que os petróglifos seriam mensagens propiciatórias dirigidas às forças misteriosas reverenciadas pelo
grupo ou uma preleção endereçada às gerações futuras, demonstrando o desejo de materializar o pensamento
através de sinais acessíveis à compreensão da coletividade. 4 Instrumento capaz de imobilizar, fixar o pensamento, a linguagem articulada.
18
pensamento humano. Esse episódio nos faz refletir sobre o conceito de escrita. O que é
escrita? O que é imagem? Se a escrita tem a função de registrar a linguagem e as ideias de um
determinado povo, podemos considerar a imagem como uma forma de escrita?
De acordo com a etimologia da palavra imagem, seu sentido é o mesmo, tanto no
grego, como no latim e no hebraico. No grego, a palavra “imagem” é encontrada de duas
maneiras: imagem, semelhança, forma, aparência) e forma, aparência externa,
vista e visão). O termo é também a raiz etimológica da palavra “ideia”, cujo conceito
foi desenvolvido por Platão, que originou o idealismo platônico, ou seja, a ideia da coisa, a
sua imagem como sendo a projeção da mente. No latim, vem no termo Imago (representação
visual de um objeto) e, no hebraico, Tslem (refere-se a algo similar, mas não idêntico, que
representa outra coisa). Então, se o significado da palavra “imagem” é a ideia de alguma
coisa, os registros nas cavernas são uma forma de escrita, são textos que podem ser
interpretados. Apesar da onipresença da escrita no cotidiano da sociedade atual, a imagem
esteve presente antes do surgimento da linguagem verbal.
Apesar do esforço humano para registrar os acontecimentos do cotidiano, os
petróglifos foram sofrendo modifiicações à medida que surgiam outras demandas na
sociedade. A partir de 5.000 aC., surgiram povoações que encontraram na agricultura o meio
de desenvolvimento urbano e agrícola. O povo sumério foi quem investiu nesse modelo
econômico. Além disso, a Suméria foi construida aos redores dos templos sagrados,
recebendo as marcas da religiosidade e propiciando o sustento dos cléricos. Essas
transformações societárias permitiram os registros da movimentação e do armazenamento dos
bens, a definição dos dias de trabalho dos trabalhadores e o registro do rol do rebanho nos
templos. Nessa nova realidade cultural, iniciaram-se os primeiros ensaios em direção à
escrita5.
O livro surge juntamente com a escrita. Como já foi destacado, antes da escrita, a
imagem foi o símbolo através do qual os seres humanos se comunicavam. Essas imagens-
símbolos evoluíram e se tornaram diversos sistemas de escrita6. Posteriormente, a escrita
aproximou-se da linguagem, chegou aos sinais fonéticos, depois passou pelo sistema silábico
e, por fim, chegou a escritas consonânticas, que se desenvolveram, inicialmente, no Oriente
Médio, para só então chegar ao alfabeto, na Fenícia, desde o Século XVI ou XV aC.
5 Oliveira (1984, p. 45) destaca que foi na Suméria onde a escrita nasceu. E mais, ali se desenvolveu,
transformando-se em admirável instrumento de trabalho. 6 Cuneiformes sumérios, depois, mesopotâmios, hieróglifos egípcios, creto-minoicos, hititas, caracteres chineses
e ideogramas. É no estágio dos ideogramas, em que as representações já não sugerem apenas objetos, mas
também ideias abstratas.
19
Só no Século IX a.C., os gregos adotam o alfabeto da Fenícia, acrescentando-lhes as
vogais, e dispõem a escrita da esquerda para a direita. Foi a partir desse alfabeto que se
originaram o alfabeto latino e o moderno. Labarre (1981, p. 07-08) destaca em sua obra, “A
história do livro”, que “... o aparecimento do livro está ligado aos suportes da escrita e que o
mais antigo livro parece ser de pedra, desde as pictografias rupestres até as estelas e
inscrições do antigo Oriente e da Antiguidade Clássica”. Todavia, o autor, apesar de
reconhecer que essa técnica de registrar em pedras os acontecimentos das sociedades tem um
valor documental, não se configurava, ainda, como um livro, mas que a madeira foi o
primeiro suporte dos verdadeiros livros.
Imagem 2. Suporte: pedra; Escrita: hieróglifos egípcios
Fonte: http://movimentoculturalgaia.wordpress.com/page/2/
As palavras que deram origem e que designaram o termo livro vêm do grego, biblos, e
do latim, líber. Ambos, em seu sentido primário, denota a ideia de casca de árvores. Esse
mesmo entendimento e sentido são encontrados para designar livro em chinês, em que ele era
construído sob a forma de tabuinhas de madeira ou bambu. Isso sinaliza que, nos primórdios,
os povos que forjaram essas palavras demonstram que esses materiais (madeira, bambu)
foram os primeiros suportes para a confecção do livro. Além desses elementos, a ideia de
livro está vinculada a sua edição, ao desejo de difundi-lo e de conservá-lo, diferenciando-o
dos documentos de arquivo.
Mesmo com o avanço na confecção e produção do livro em diversos suportes7 ou
formas, Escolar (1977, p.09) diz que “o papiro, denominado de volume8, foi à forma do livro
7 Argila, usada na Mesopotâmia; os tecidos (principalmente a seda), os osso, as carapaças e o bronze entre os
chineses; em conchas, fragmentos de cerâmica, os óstraca, entre os povos semitas e gregos; folhas de palmeiras,
nas índias; alem desses, o tijolo, o marfim, a ardósia e metais diversos. (1981.p, 08)
20
mais usada na Antiguidade Clássica por todos os povos, principalmente entre os gregos e os
romanos”, independentemente de outros formatos, como as tabuinhas cobertas de cera e o
código de pergaminho. Esse tipo de produção, tanto nos rolos de papiro quanto nas tabuinhas
de argila, configurou-se como o tipo de livro por mais de dois mil anos. Os conteúdos
veiculados nessas produções eram conjuros, poemas religiosos; normas jurídicas, tratados e
narrações históricas, atos administrativos e comerciais, rudimentares conhecimentos médicos,
agrícolas e astronômicos. Porém, esse epítome não adivinha exclusivamente dos povos
gregos, mas dos sumérios, acádios, hititas, assírios, romanos, entre outros.
Imagem 3. Suporte: tabuinhas de argila. Escrita cuneiforme da Suméria
Fonte: http://universodahistoria.blogspot.com/2010/07/escrita-cuneiforme.html
Imagem 4. Suporte: Papiro. Escrita: grego
Papiro com trechos de Platão
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Papirologia
No Século III aC., o pergaminho começou a ser usado na confecção dos livros9. Era
feito com pele curtida de animais. Labarre (1981, p. 10) descreve esse tipo de material como
8 Em seu livro „História do Livro em cinco mil palavras", Escolar (1977) afirma que o volumen era uma longa
tira enrolável, ou seja, um rolo de lâminas de papiro, presas umas as outras pelos lados, e onde largas colunas,
escritas em um único lado, equivaliam às atuais páginas. 9 Para Escolar (1977, p. 13), esse tipo de produção iniciou-se na cidade de Pérgamo, durante o imenso império
de Alexandre Magno. Nesse mesmo período, havia a famosa Biblioteca de Alexandria, onde eram depositadas e
ocorria a difusão comercial, desempenhando, assim, um papel capital na transmissão dos textos. Labarre (1981,
p.10) complementa, afirmando que “Pérgamo foi, sem dúvida, um importante centro de fabricação desse novo
21
sendo, “simultaneamente, mais sólido e mais flexível que o papiro e permitia que se raspasse
e apagasse”. Todavia, apesar desse avanço, só no Século IV o papiro foi suplantado e deu
lugar ao pergaminho.
Quanto ao surgimento do papel, os chineses foram seus inventores, que passaram a
substituir o pergaminho, que se tornou o instrumento fundamental do desenvolvimento
humano. Apesar de ser descoberto na China, foi conquistado, primeiramente, pelos árabes,
que o introduziram no mundo islâmico. Seu acesso à Europa cristã só se deu nos últimos anos
da Idade Média. A resistência da Europa Cristã por esse novo material era devido a sua
fragilidade. Todavia, a sua criação gerou o desenvolvimento cultural, com a criação de
enormes bibliotecas, nos países mulçumanos.
Apesar da fragilidade apontada pelos gregos, o papel potencializou a proliferação de
textos, o que promoveu o avanço do ensino e da pesquisa, bem como um considerável
crescimento no campo da Medicina, da Teologia, da Astronomia, da Filosofia, da História, da
Geografia e de textos de caráter narrativo e poético. Além disso, fomentou a secularização da
cultura e o desenvolvimento das Universidades na Europa cristã. Essas mudanças
aconteceram porque o papel era um material de mais acesso e mais barato que o
pergaminho10
. Como destaca Escolar (1977, p.20), a “generalização do papel provocou o
incremento do livro, passando a ser copiado agora pelos próprios estudantes universitários ou
por profissionais, o que deu lugar a um comércio de livro muito ativo”. O autor enfatiza que
o comércio de livros se expandiu com a criação da imprensa no Século XV, na cidade de
Mogúncia, graças à iniciativa de Gutemberg, que facilitou a reprodução e a divulgação do
livro e o libertou da cópia manuscrita. Em consonância com Escolar (1977), Walty at. al
(2006, p.19) enfatiza que o primeiro livro impresso data de 1436, fruto da invenção da
tipografia por Gutemberg, na Mongúcia. Intermediário entre os livros in-fólio e a forma que
conhecemos hoje, o incunábulo. Os incunábulos caracterizam-se, entre outras coisas, pela
letra irregular e imperfeita, pela ausência de paginação, assinatura e título. Não contém
margem, nem capítulos, nem sinais de pontuação. Nesta ocasião o livro impresso imita o
manuscrito, o qual, por longo tempo continuou sendo o mais valorizado no período.
material, que, em latim, chamava-se de pergamineum. Utilizavam-se peles de carneiro, bezerro, cabras, bode,
até mesmo de jumento ou antílopes, e submetiam-nas a uma preparação cujas modalidades pouco variavam até à
Idade Média”. 10
Mais detalhes sobre o aparecimento do papel ler: LABARRE, Albert. História do Livro. Trad. Maria
Armanda Torres e Abreu. São Paulo: Editora Cultrix. INL. 1981, p. 32.
22
Imagem 5. Suporte: papel
A produção do papel chinês
Fonte: http://www.comofazerpapel.com.br/papelchina.html
No Brasil, o livro começa a ser produzido em 1808, quando D. João VI, príncipe
regente, chegou ao Rio de Janeiro, fugido da invasão napoleônica, e criou a primeira
imprensa brasileira. Todos os equipamentos foram oriundos de Portugal, da imprensa
Régia11
, assim como o núcleo do acervo que, posteriormente, constituiu-se na Biblioteca
Nacional. Inicialmente, teve a impressão de documentos oficiais e publicação de alguns
ensaios e livros de moral. Contudo, segundo Lindoso (2004, p.56), a “impressão de livros só
veio a acontecer comercialmente bem mais tarde, e até o final do Século a maior parte dos
livros editados no Brasil era feita em Portugal ou em Paris”. Em todo o império, as Editoras
se concentravam no Rio de Janeiro, salvo algumas exceções, em São Paulo. Esses fatores
eram devidos às poucas condições econômicas e tecnológicas para a produção de livros.
Tanto o atraso tecnológico na produção de papel, no Brasil, quanto as tarifas alfandegárias
desestimulavam a fabricação local.
No Brasil, a produção de livros com autores locais ocorreu através do francês,
Garnier, que se tornou o mais importante editor brasileiro do Século XIX. O tino comercial
desse visionário o ajudava na escolha dos autores para a publicação de livros em sua editora.
José de Alencar e Machado de Assis foram os mais importantes autores que compuseram a
sua equipe. Das publicações editadas por Garnier, havia romances, poesias, mas também,
teve como destaque as edições de livros12
escolares. Foi o primeiro a investir em livros
11
Razzini (2005, p.100), ao tratar da Imprensa Régia, declara que, posteriormente, ela foi denominada de
Imprensa Nacional. 12
Garnier publicou para as escolas livros de gramática, aritmética e geometria, história natural, instrução moral
e cívica e dicionários.
23
voltados para a educação. Todavia, foi Francisco Alves o primeiro editor brasileiro a fazer
dos livros escolares a base fundamental do seu negócio e tinha como política produzi-los com
preços baixos. A livraria de Francisco Alves foi fundada em 1854, na cidade do Rio de
Janeiro, e se expandiu por São Paulo, em 1894, e Belo Horizonte, em 191013
. Em relação à
nacionalização do livro e seu desenvolvimento, no que tange às produções de manuais
didáticos no Brasil, tanto Hallewell (1982, p. 206-211) como Lindoso (2004, p.63)
estabelecem uma vinculação entre o desenvolvimento editorial no país com o avanço no
campo educacional:
Francisco manteve a linha de trabalho do tio, ampliando-a com a inclusão de
material didático para a escola primária e desenvolvendo a parte editorial.
Os livros didáticos proporcionam uma linha de vendas segura e permanente;
dão também ao editor nacional uma vantagem sobre os competidores
estrangeiros, cujos produtos jamais podem adaptar-se tão bem as condições
e aos currículos locais. Baptiste Garnier já tinha, por essa razão, começado,
a desenvolver a publicação de livros didáticos, mas Francisco Alves foi o
primeiro editor brasileiro a fazer disso o principal esteio de seu negócio.
(1982, p. 207)
As tendências que marcarão a edição brasileira nas décadas seguintes são: a
primeira e mais importante é a estreita relação entre o desenvolvimento da
indústria editorial e o crescimento da rede de escolas e do numero de
estudantes. (2004, p 63-64)
Com a pretensão de esboçar os aspectos relevantes da trajetória do livro no Brasil,
Razzini (2005, p. 100) assinala que, no Século XX, com a expansão da escola pública e os
novos modos de ler na escola, foram definidas demandas para a produção de livros didáticos.
Essas definições vão desde o texto-escrito até o texto-imagem.
1.2 A produção do livro no Brasil e sua especificidade
No Brasil, a educação tem sido alvo de inúmeras discussões e debates, que geraram
todo um ordenamento jurídico, visando a uma melhoria no processo de ensino-aprendizagem.
É nesse contexto em que o livro didático se apresenta como um fator crucial na área
educacional, uma vez que é utilizado pelas escolas brasileiras - públicas e privadas - tanto na
zona urbana quanto na zona rural, alcançando um considerável número de professores e
alunos.
13
Quanto a esse dado, consulte: HALLEWELL (1982); LINDOSO (2004); RAZZINI (2005); BITTENCOURT
(2008).
24
Isso sinaliza que o livro didático está presente cotidianamente na sala de aula e se
constitui um dos elementos básicos no planejamento do trabalho docente. Sobre isso,
Bittencourt (2008, p. 28-29a) refere que o livro didático emerge, no cenário brasileiro, no
final do Século XVIII, para oferecer suporte na formação dos professores e assegurar-lhes o
domínio de um conteúdo básico a ser transmitido aos alunos. Já no Século XIX, predominou
no exercício da docência como principal instrumento de trabalho dos professores e alunos,
sendo depositário dos saberes provenientes das diferentes disciplinas escolares. É por seu
intermédio que são passados os conhecimentos e as técnicas consideradas fundamentais em
uma dada sociedade, os quais são vinculados com os valores, as ideologias, a cultura, a
economia e a política de uma determinada época. Quanto a isso, Bittencourt (2008, p72b)
concebe que o livro didático é um importante “portador de um sistema de valores, de uma
ideologia, de uma cultura”.
Quanto ao aspecto ideológico, alguns estudos, a partir de 1980, ganharam visibilidade
no âmbito nacional, através de Freitag e colaboradores (1993); Lourdes e Nosella (1981),
Bonazzi e Eco (1980) e Molina (1988), que analisaram as ideologias subjacentes nos livros
didáticos, evidenciando a presença nesses materiais de valores oriundos das classes
dominantes, contrapondo-se à realidade concreta da grande massa da sociedade brasileira - as
classes populares.
Além de mediador da proposta curricular oficial e dos aspectos ideológicos, o livro
didático tem um caráter pedagógico. Nesse sentido, ele é pensado e estruturado em torno da
apresentação não apenas dos conteúdos curriculares, mas também de um conjunto de
atividades objetivas, para fixação desses conteúdos, incluindo questionários, exercícios e
estratégias de trabalho e metodologias de ensino, visando poupar o professor do “exaustivo”
trabalho de planejar suas aulas.
Ao nos debruçarmos sobre um determinado livro didático, seja da Educação Infantil
ou do Ensino Fundamental, deparamo-nos com a sistematização dos conteúdos e das
atividades cronometradas. Para cada hora, há um conteúdo a ser passado e uma atividade a
ser realizada. Caso o professor não obedeça a esse direcionamento ofertado ou proposto pelo
livro didático, corre o risco de atrasar todo o conteúdo “necessário” e “fundamental” para os
alunos, comprometendo, desse modo, seu aprendizado. Portanto, os materiais didáticos não
trazem em seu arcabouço apenas os conteúdos das disciplinas, mas o modo como devem ser
ensinados. Com base nessa assertiva, Gatti (2005, p.386) reforça:
[...] pode-se afirmar que é possível examinar o núcleo constitutivo de uma
disciplina escolar nos livros didáticos que, no caso brasileiro, assumiram um
duplo papel: o de portador dos conteúdos disciplinares e o de organizadores
25
das aulas. É perceptível o fato de que nos livros didáticos apresentam-se os
conteúdos disciplinares de formas explicitas. Assim, esses conteúdos, que
constantemente mudam, são sempre uma seleção daquilo que deve ser
trabalhado nas escolas. Esse caráter seletivo é extremamente importante na
compreensão dos livros didáticos.
Encerrando as tentativas de definir o que seja o livro didático, não poderíamos deixar
de enfocar o seu caráter mercadológico. O livro didático constitui-se como uma mercadoria,
um produto a ser ofertado pelas editoras e a ser comprado, seja pelo Estado, seja pelos pais
dos alunos. Antes de chegar às mãos dos professores e dos alunos, os materiais didáticos
passam por processos de industrialização e comercialização, obedecendo à lógica do
mercado14
. Todo esse investimento é fruto do entendimento de que o livro didático é o
material referencial de professores, pais e alunos, que, apesar do preço apresentado pelas
editoras, consideram-no indispensável para os estudos. Em outras palavras, pensar no livro
didático, em principio, é considerar sua função no âmbito escolar, mas também as
interferências de diferentes agentes na sua elaboração, construção, circulação e consumo.
Devido à multiplicidade de sua forma e ao lugar que ocupa no ambiente escolar, o
livro didático vem sendo alvo de muitos olhares nos últimos anos15
, desde um olhar
pedagógico, que avalia a qualidade e a correção gráfica; passando por um olhar político, que
formula e direciona os processos decisórios de seleção, distribuição e controle; e um
econômico, que determina normas e parâmetros para sua produção, comercialização e
circulação. Esses diversos olhares sobre o livro didático são resultados das primeiras
iniciativas desenvolvidas pelo Estado Novo como forma de controlar a elaboração e a
circulação dos materiais didáticos.
Quanto a isso, Freitag (1989, p.12) afirma, com propriedade, que “remontam a 1937
as primeiras iniciativas desenvolvidas pelo Estado Novo para assegurar a divulgação de obras
de interesse educacional e cultural, criando o Instituto Nacional do Livro (INL) em 1929,
órgão subordinado ao MEC”, visando dar maior legitimação aos livros didáticos nacionais e,
consequentemente, contribuindo para o aumento de sua produção. Competia, ainda, a essa
coordenação gerenciar todos os trabalhos relacionados ao livro didático, como planejar
atividades, estabelecer convênios com órgãos e instituições, a fim de assegurar a produção e a
14
Bittencourt (2008, p.63) afirma que as editoras, ao conquistarem o direito de fabricar e divulgar os livros
didáticos, cuidaram de transformá-los em uma mercadoria inserida na lógica capitalista e que, para efetivar a
transformação de um material didático em produto de maior consumo e simbólico da cultura escolar, editores
aproximaram-se do Estado, engendrando atuações conjuntas em sua forma de circulação. Estabeleceram-se
entre ambos tramas, por intermédio das quais o livro didático disseminou-se no cotidiano escolar,
transformando-se no principal instrumento do professor na transmissão do saber. 15
Sobre esses olhares, ver: GATTI, Décio Jr. In. Entre políticas de Estado e práticas escolares: uma historia
do livro didático no Brasil. STEPHANOU, Maria; bastos, Maria Helena Camara (Orgs). Histórias e
Memórias da Educação no Brasil Vol. III – Século XX. Petrópolis, RJ. Vozes, 2005.
26
distribuição do livro didático. Esse momento foi um marco na história do livro didático no
Brasil, porque, como assinala Gatti (2005, p.382),
[...] até a década de 1920 os livros destinados ao Brasil eram de origem
estrangeira, advindos da Europa (França e Portugal). Eram editados no
exterior o que consequentemente nem todos os brasileiros tinham acesso
devido ao valor exorbitante, ficando nas mãos dos filhos da elite.
Posteriormente, segundo Freitag (1989, p12), o Ministério da Educação, em 1938,
instituiu a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), por meio do Decreto-lei nº
1.006/38, de 30/12/1938, que traz, em seu Art. 2º, § 1º e § 2º, a primeira definição de livro
didático:
Art. 2º, § 1º - Compêndios são livros que exponham total ou parcialmente a
matéria das disciplinas constantes dos programas escolares; § 2º - Livros de
leitura de classe são os livros para leitura dos alunos em aula; tais livros
também são chamados de livros texto, livro-texto, compêndio escolar, livro
escolar, livro de classe, manual, livro didático.
Em virtude desse Decreto, a CNLD é composta por sete membros, indicados pela
presidência. A função da comissão16
era a de examinar e julgar o valor dos livros didáticos.
Na verdade, mais exerciam um controle político-ideológico do que avaliavam os livros
didáticos. Freitag (1989, p. 24), ao tratar da política do livro didático no Brasil, conclui que
“a criação da Comissão insere-se em um rol de medidas visando à reestruturação e o controle
ideológico de todo o sistema educacional brasileiro”. Afirma, ainda, que, naqueles anos,
foram criadas outras medidas que contribuíam para o reforço do aparato ideológico da
Comissão, como o ensino de moral e cívica, em todos os níveis, a expansão do ensino
profissionalizante para a classe operária, entre outras. O autor (idem, p.13) destaca que, no
artigo 20 do decreto em questão, são enumerados onze impedimentos à autorização do livro e
somente cinco dizem respeito a questões genuinamente didáticas.
Com o Decreto-lei nº 8.460, de 26/12/45, o Estado ratifica a legislação brasileira em
torno da produção e utilização do livro didático e coloca, nas mãos dos professores, a
16
Quanto à função da Comissão Nacional do Livro Didático o Decreto-Lei 1.006 de 30/12/1938, em seu Art. 10
institui: “compete a Comissão Nacional do Livro Didático: a) examinar os livros didáticos que forem
apresentados, e conferir julgamento favorável ou contrario a autorização de seu uso; b) estimular a produção e
orientar a importação dos livros didáticos; c) indicar os livros didáticos estrangeiros de notável valor, que
mereçam ser traduzidos e editados pelos poderes públicos, bem como sugerir-lhes a abertura de concurso para a
produção de determinadas espécies de livros didáticos de sensível necessidade e ainda não existente no país;
d)promover, periodicamente, a organização de exposições nacionais do livros didáticos, cujo o uso tenha sido
autorizado na forma dessa lei”.
27
incumbência de escolher os livros a serem usados pelos alunos, conforme estabelecido no
Art. 5º.
[...] Os poderes públicos não poderão determinar a obrigatoriedade de
adoção de um só livro ou de certos e determinados livros para cada grau ou
ramo de ensino nem estabelecer preferência entre os livros didáticos de uso
autorizado, sendo livre aos professores de ensino primário, secundário,
normal e profissional a escolha de livros para uso dos alunos, uma vez que
constem da relação oficial das obras de uso autorizado.
Segundo Molina (1988, p.22), esse dispositivo ganha força a partir de 1985, quando
aumentou a ilusão de que os professores seriam realmente os detentores do poder no mercado
do livro didático, já que, segundo a autora, o governo, na Nova República, colocou como uma
de suas metas educacionais a autonomia do educador na escolha dos materiais didáticos que
seus alunos, da rede pública, receberiam gratuitamente do Estado.
Após esse marco inicial na história do livro didático, em 1966, o governo militar
concordou em assinar um acordo entre o MEC e a USAID (Agência Norte-americana para o
Desenvolvimento Internacional), que consentiu com a criação da COLTED17
(Comissão do
Livro Técnico e do Livro Didático), que passou a substituir a CNLD. Essa nova comissão
tinha a responsabilidade de coordenar as ações referentes à produção, à edição e à
universalização/democratização do livro didático, ou seja, sua distribuição a todos os alunos
da rede pública. Além disso, objetivava a criação de bibliotecas e a formação de educadores e
instrutores em todo o território nacional (1993, p. 14).
A Portaria nº 35, de 11/3/1970, do Ministério da Educação, implementou o sistema de
coedição de livros com as editoras nacionais, com recursos do Instituto Nacional do Livro
(INL) que, em 1971, passou a desenvolver o Programa do Livro Didático para o Ensino
Fundamental (PLINDEF) e assumiu as atribuições administrativas e de gerenciamento dos
recursos financeiros, até então sob a responsabilidade da COLTED. A contrapartida das
Unidades da Federação passou a ser necessária com o término do convênio entre o MEC e a
USAID, efetivando-se com a implementação do sistema de contribuição das unidades
federadas para o Fundo do Livro Didático18
.
17
Lindoso (2004, p. 92-93), ao tratar sobre o livro didático Brasil, diz que “...a COLTED produzia cadernos e
outros materiais didáticos escolares e estava iniciando um programa de edições de dicionários, atlas e alguns
outros títulos com preços altamente subsidiários”, e que as suas ações “ ...envolviam uma consulta aos
professores dos livros disponíveis, seguindo de uma seleção por especialistas e da aquisição das quantidades
definidas de exemplares diretamente das editoras para distribuição nas escolas.” Segundo o autor, com a
implantação do programa, em 1969 foram distribuídos aproximadamente seis milhões de exemplares”. 18
Sobre isso, ver: BRASIL, Programas – Livro didático:histórico.http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-
histórico
28
Com o Decreto nº 77.107, de 4/2/76, o Estado compra grande quantidade de livros
para distribuí-los com parte das escolas e das unidades federadas. Com a extinção do INL, a
Fundação Nacional do Material Escolar (FENAME) torna-se responsável pela execução do
programa do livro didático. Os recursos são advindos do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) e das contrapartidas mínimas estabelecidas para
participação das Unidades da Federação19
.
Além do conjunto de normas, durante a década de 1970, os livros impressos sofreram
alterações20
e ganharam uma roupagem mais didática, até então presente na atualidade. Essas
modificações e adaptações foram adequando-se ao processo de mudança sofrida na realidade
escolar brasileira, fruto do processo de democratização do ensino, o que permitiu o acesso de
outros sujeitos, oriundos das classes populares (da zona urbana ou rural), no ambiente
escolar. Essa realidade concreta deu uma nova configuração à escola e à sociedade brasileira,
expressando-se, desse modo, na lógica de produção dos livros escolares que, de manuais de
pouco acesso, passaram a livros didáticos, com centralidade tanto no âmbito escolar quanto
nos planos de governo.
Em 1983, é criada a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), com a finalidade
de examinar os problemas dos livros didáticos, com critérios de avaliação puramente
técnicos, analisando-se a durabilidade, a qualidade do papel, da encadernação, quantidade de
cores utilizadas, entre outros. Esses critérios parte dos pressupostos encontrados na
Resolução nº 113 de 31 de março de 1976, em que sete itens foram elencados para a análise
das obras didáticas na época, a saber: em primeiro lugar, a forma, incluindo os aspectos
editoriais, como título, índice, prefácio, glossário, bibliografia, identificação, e o
aperfeiçoamento físico, que envolve impressão, encadernação, marginação, ilustração, o tipo
de papel, espaçamento e linguagem. Em segundo lugar, os demais itens de análise referem-se
ao conteúdo informativo, à metodologia e ao planejamento pedagógico21
.
19
Quanto aos aspectos históricos dos programas do livro didático ver: http://www.fnde.gov.br/index.php/pnld-
historico 20
Gatti (2005,p. 383) afirma que a partir de 1970 os livros didáticos produzidos no Brasil tiveram um avanço
considerável e urgente na elaboração e atualização dos mesmos, sendo os autores responsáveis pela divulgação
de suas obras; passaram a ter propostas didático-pedagógicas diferenciadas com forte teor cognitivista na
configuração das metodologias de ensino; passaram por um processo de modernização na estrutura física
(forma) do livro e também ocorreram mudanças no perfil dos autores, que de autores exclusivamente da
docência de faculdades e universidade passaram também a ter a presença de docentes de escolas destinadas às
classes médias e, preferencialmente, com experiência no magistério. 21
Esses itens estão elencados no texto de MOLINA, Olga. Quem engana quem? Professor X Livro didático.
Papiro. Campinas, SP. 1988, p. 28.
29
A partir de 1997, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação22
(FNDE)
passou a ser responsável pela política de execução do PNLD, que é resultado de um processo
de formulações e reformulações, propostas por diferentes governos, diferentes políticas e
diferentes interesses. Tem como objetivo adquirir e distribuir, gratuitamente, livros didáticos
de qualidade das diversas áreas de alfabetização, Matemática, Língua Português, Ciências,
História, Geografia, Dicionários da língua portuguesa a todos os alunos matriculados na rede
pública.
1.3 O livro didático na educação de jovens e adultos
O tema Educação de Jovens e Adultos nos remete à ideia de regresso, volta ou
retorno. Por diversas razões, por se constituir uma modalidade de ensino composta por alunos
que estão retornando ao processo de escolarização, pelo fato de, em algum momento, no
percurso de sua trajetória, ter abandonado a Educação Básica sem tê-la concluído e agora
buscam retornar à sala de aula. Se, por um lado, há uma característica comum entre os alunos
da EJA (o retorno), por outro, eles são fortemente marcados por trajetórias individuais, que os
constituíram como sujeitos históricos e portadores de saberes acumulados. É nesse sentido
que o público da EJA se configura como sujeitos diversificados que devem ser pensadas, não
exclusivamente pelos professores, mas, sobretudo, nas formulações de políticas públicas,
dentre elas, as políticas para o livro didático destinado a essa modalidade de ensino.
Na década de 1940, aconteceram inúmeras iniciativas, tanto no campo das políticas,
como no campo pedagógico na Educação de Jovens e Adultos, a saber: a regulamentação no
Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP), em 1942, durante o Estado Novo; a criação do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), com o surgimento das primeiras obras
especificamente destinadas ao Ensino Supletivo; a Primeira Campanha de Educação de
Adultos Analfabetos (CEAA), através da qual tiveram início reflexões sobre a elaboração de
materiais didáticos voltados para adultos e a realização de eventos que oportunizaram
diálogos entre os agente da educação sobre temática: o 1º Congresso Nacional de Educação
de Jovens e Adultos (1947) e o Seminário Interamericano de Educação de Adultos (1949)23
.
A Primeira Campanha de Educação de Adultos – CEA, em 1947, ocasionou na
atuação do setor público na produção e elaboração de materiais didáticos para essa
modalidade de ensino, tendo em vista o desenvolvimento das habilidades da escrita; das
22
A compra e distribuição das obras estão sob a responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE).
23
Ver Beisiegel (2008))
30
operações de matemática; noções de cidadania, saúde e higiene; Geografia e História. Foi
nesse cenário que a União formentou a articulação entre os governos estaduais e municipais e
arregimentou o apoio da sociedade civil organizada, envolvendo diferentes sujeitos nas
produções de recursos didáticos. De acordo com Beisiegel (2008, p. 16-33), o objetivo
primordial da CEA era estender a escolarização para a classe iletrada constituída por
adolescentes e adultos analfabetos, e tinha como pilares: o ajustamento social, as
possibilidades de melhores destinos para as massas marginalizadas, a elevação dos níveis
educacionais e culturais da coletividade, a integração dos desfavorecidos nas condições de
vida do mundo moderno e o progresso social econômico da nação.
Vale destacar que a produção de materiais didáticos, durante a Campanha de
Educação de Adultos, foi destinada ao setor de Orientação Pedagógica do Serviço de
Educação de Adultos – SEA. Segundo Beisiegel (2004, p.100), o SEA foi instalado como
serviço especial do Departamento Nacional de Educação, ainda no ano de 1947, que, nessa
ocasião, “... concluía a elaboração de cartilhas e textos de leituras e iniciava sua distribuição,
em larga escala, para todas as unidades do ensino já instaladas”.
Se a Primeira Campanha de Educação de Adultos – CAE - foi um marco histórico no
âmbito nacional da educação de jovens e adultos, também se configurou a primeira iniciativa
na elaboração e produção de materiais didáticos em larga escala, visando à distribuição em
todo o território nacional. A quantidade de publicações de materiais didáticos distribuídos
durante a CEA demonstra a dimensão do impacto da Campanha na produção didática.
Fávero (1986) e Beisiegel (2004, p. 104-105) assinalam que, até o final da década de
1950, os materiais produzidos pelo Serviço de Educação de Adultos – SEA - foram: Ler -
Primeiro Guia de Leitura24
; Saber – 2ª livro de leitura25
; Caderno de Aritmética26
; Tirar Leite
com Ciência, Como Guardar Ovos; Lindaura vai fazer manteiga, O Grão de Ouro, Lindaura
vai fazer Requeijão, Guerra à Saúva, Terra Cansada, Uma das Melhores Frutas do Mundo27
;
Cartilha de Saúde (Alfabeto da Saúde) 28
; Maranduba29
; Tuberculose, Malária e Maria
Pernilongo30
. Beisiegel (Idem) assinala que todas essas publicações “desenvolviam,
coerentemente, na prática, a orientação imprimida ao ensino supletivo pela direção central da
Campanha de Educação de Adultos”.
24
Essa foi à cartilha de alfabetização de maior destaque, durante a Campanha de Alfabetização de Adultos, que
chegando a atingir 10 edições, em 1958, num total de 4.450.000 exemplares. 25
500 mil exemplares. 26
300 mil exemplares em 1950. 27
100 mil exemplares cada um. 28
50 mil exemplares. 29
20 mil exemplares. 30
30 mil exemplares.
31
Imagem 6. Material didático utilizado na CEA
Fonte: http://forumeja.org.br/df/files/saber.pdf
Imagem 7. Material didático utilizado na CEA
Fonte: http://forumeja.org.br/df/files/Lercompleta.pdf
Nota-se que as publicações empreendidas pela CEA visavam à alfabetização, ao
ensino da linguagem e de aritmética e a temas relativos à higiene, saúde e técnicas de
produção voltadas para o ensino nas zonas rurais. Segundo Beisiegel (2004), o conteúdo das
publicações – materiais didáticos básicos para a alfabetização - identificava-se como os do
ensino primário infantil.
Na década de 196031
, novas perspectivas para a Educação Básica e para a Educação
de Adultos foram formuladas, no bojo do debate gestado durante o II Congresso de Educação
de Adultos, realizado em 1958, e das discussões sobre a elaboração da primeira LDBEN.
Após a promulgação da LDBEN, foi elaborado o PNE. Durante o Governo de Jânio Quadros,
emerge, no cenário nacional, o MEB, num convênio entre a CNBB e o MEC. Nessa mesma
31
No início de década de 60, os movimentos de caráter popular que emergiram no cenário nacional eram
compostos por intelectuais, políticos e estudantes, oriundos da esquerda marxista, vinculados a grupos liberais,
ou provenientes de movimentos católicos, que tinham como objetivo promover a participação política das
massas e com o processo de tomada de consciência em torno das problemáticas vigentes na sociedade
brasileira.
32
ocasião, foi organizada a MNCA, que não chegou a ser implantada; ocorreram o Encontro
Nacional de Alfabetização e Cultura Popular (1963) e a criação da Comissão Nacional de
Alfabetização, com o Plano Nacional de Alfabetização (1964).
Nesse contexto, Baisiegel (2004) assinala que todas essas ações ocorreram devido à
conjuntura política do momento. Segundo o autor, o governo federal, gradativamente, foi
perdendo o controle e a liderança, no campo da educação de adultos, e a nova liderança que
emergia e se fortalecia era ocupada por novos agentes, em particular, dos movimentos de
cultura e educação popular, a saber: o Movimento de Cultura Popular de Recife - MCP; a
Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler de Natal, que chegou a produzir um
livro de leitura para a alfabetização; o Centro Popular de Cultura da União dos Estudantes –
CPC da UNE; o Movimento de Educação de Base da Igreja Católica – MEB; Campanha de
Educação Popular da Paraíba. Vale ressaltar que esses movimentos populares foram
marcados pela proposta32
teórico-metodológica de Freire, constituindo-se referencial para a
alfabetização de adultos.
A partir das propostas freireana, foram introduzidos, no campo da educação de
adultos, materiais didáticos que possibilitassem o letramento. Moura (2007, p. 24) assinala
que esse “... período foi extremamente fértil no campo de produções de livros didáticos
destinados à educação popular, à educação de adultos e à Alfabetização, graças à grande
efervescência no âmbito das instituições públicas e dos Movimentos de Cultura Popular”.
Nessa ocasião, Osmar Fávero foi um dos elaboradores na produção de materiais didáticos
para a EJA, utilizados no início da década de 60, nas escolas radiofônicas do Movimento de
Educação de Base – MEB, patrocinado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –
CNBB, apoiado pelo MEC. Segundo Fávero (1982), o Sistema Rádio Educativo Nacional -
SIRENA - foi organizado com a presença de diversos profissionais das várias áreas do
conhecimento, como educação, saúde, agronomia e veterinária. O SIRENA produziu a
Radiocartilha33
, que era utilizada nas escolas radiofônicas, principalmente no sistema - mãe
de Leopoldina, no âmbito da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, e em
alguns sistemas radiofônicos do MEB, aproximadamente até o final de 1962.
32
Segundo Moura (2005), as ideias e propostas de Freire fazem eco entre todos os que optaram por se dedicar às
tarefas de educação e alfabetização das classes populares, na perspectiva da leitura do mundo e da leitura da
palavra de forma em que seus sujeitos pudessem intervir conscientemente na estrutura social. Beisiegel (2008),
ao fazer referência ao modelo de educação proposto por Paulo Freire, destaca que seria uma educação fundada
na prática do diálogo, que estimulasse a participação do adulto analfabeto, visando à resolução de problemas,
desenvolvendo a capacidade de reflexão-crítica desses problemas, formando a consciência crítica e a
personalidade democrática, tendo em vista a emancipação dos sujeitos, tornando-os protagonistas de suas
histórias. 33
A Radiocartilha foi elaborada pelo Sistema Rádio Educativo Nacional – SIRENA, no final da década de 1950,
e se estendeu até o início dos anos 60.
33
Figura 8. Radiocartilha utilizada pelo Sistema Rádio Educativo Nacional - SIRENA
Fonte:http://forumeja.org.br/df/files/radiocartilha_sirena.pdf.pdf
Moura (Idem) destaca alguns materiais didáticos produzidos nesse período, quais
sejam: em 1963, foram elaborados o primeiro e o segundo volumes dos livros de leitura para
adultos: “Saber para viver”; “Viver é lutar34
”, “Saber para construir” e a Coleção
Mutirão35
, produzidos pelo MEB, que objetivavam alfabetizar, para formar a consciência
crítica dos alunos. Nesse mesmo ano, a Campanha de Educação Popular da Paraíba -
CEPLAR - criou um livro de leitura para recém-alfabetizados, chamado de “Força e
trabalho”, que não chegou a ser impresso, e a Campanha “De pé no chão também se aprende
a ler”. Chegou a elaborar um livro de leitura, com o título da campanha.
Figura 9. Materiais didáticos produzidos pelo MEB
Fonte:http://forumeja.org.br/didaticos.meb
34
Em seu texto “Materiais didáticos na educação de jovens e adultos”, Fávero confirma a sua participação
enquanto responsável pela produção e edição do Conjunto didático “Viver é Lutar”. O livro-texto que denomina
esse conjunto, preparado para os recém-alfabetizados, foi publicado no final de 1963 e teve pequena parte de sua
edição apreendida pela polícia de Carlos Lacerda, então governador do estado da Guanabara, em fevereiro de
1964, às vésperas do golpe militar. 35
35
Essa coleção era composta por: Mutirão I (para alfabetização); Mutirão II (para os recém-alfabetizados), e
um encarte para o segundo livro: Mutirão para a saúde, financiado pelo Ministerio da Saúde. (Moura. 2005, p.
26)
34
Figura 10. Materiais didáticos produzidos pelo MEB
Fonte:http://forumeja.org.br/didaticos.meb
Além desses, outros materiais didáticos foram produzidos pelo Centro Popular de
Cultura – CPC. Grande parte desse material foi destruída por um incêndio criminal da sede na
UNE em 1964. Os materiais eram conhecidos por trazerem em seu arcabouço conteúdos
vinculados à cultura popular, com a música, a poesia, peças de teatro, filmes e folhetos de
cordel. Os materiais são: cordel Bumba-meu-boi, de Capinam, representado pelo CPC/Bahia;
o Livro de leitura para adultos, do CPC/Goiás, e a cartilha Uma família operária, do
CPC/Belo Horizonte, além das poesias divulgadas no Violão de Rua.
Figura 11. Materiais didáticos produzidos pelo Centro Popular de Cultura
Fonte: http://forumeja.org.br/didaticos.cpc
35
Figura 12. Materiais didáticos produzidos pelo Centro Popular de Cultura
Fonte: http://forumeja.org.br/didaticos.cpc
Já em 1990, o livro didático para a EJA surge com a coleção Viver, aprender36
,
direcionada para o primeiro segmento do Ensino Fundamental. Essa coleção foi elaborada
pela Ação Educativa, sob a coordenação do MEC, que distribuiu, aproximadamente, seis
milhões de livros. Em 2004, a mesma coleção foi ampliada, com livros temáticos para o
segundo segmento do Ensino Fundamental. Ainda em 2004, o Instituto Paulo Freire chegou
a produzir livros para o primeiro segmento do Ensino Fundamental, destinado ao novo
Telecurso da Fundação Roberto Marinho.
Diversas organizações e instituições contribuíram para a produção de materiais
didáticos para a EJA. A ONG “Serviços de apoio à pesquisa em Educação” produziu os
paradidáticos Aluá (almanaque). Todavia, entre os paradidáticos destinados à EJA,
destacaram-se os livros do Projeto Integrar da Central Única dos Trabalhadores e a coleção
do Núcleo de Educação Popular do Centro de Educação da UFPE.
Entre 2001 e 2007, foi sendo elaborada a Coleção Cadernos de EJA37
, adotada pelas
escolas municipais da cidade de João Pessoa/PB no período de 2009 a 2010. Essa coleção é
resultado da parceria entre a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
e o Ministério da Educação (SECAD/MEC) e a Fundação Unitrabalho. Mediante um
convênio estabelecido com o FNDE, essas duas entidades têm produzido materiais didáticos
para o 1º e o 2° segmentos do ensino fundamental de jovens, adultos e idosos. A coleção tem
36
Vóvio (2001, p.125-135), ao tratar sobre esses materiais didáticos, diz que os livros se organizaram em torno
de módulos temáticos que articulam conteúdos com as áreas de Língua Portuguesa, Matemática e Estudos da
Sociedade e da Natureza. A coleção é composta por quatro livros, e cada um desses livros do aluno corresponde
a um guia dos educadores, que contém explicações quanto às opções temáticas adotadas no módulo, assim
como, orientações didáticas específicas para a modalidade EJA. 37
Esse material didático está disponível no Portal dos professores de EJA do MEC: http://www.eja.org.br
36
como tema gerador “o trabalho” e é composta por 27 livros. Sobre essa coleção,
posteriormente, trataremos mais detalhadamente.
No que tange às primeiras pesquisas sobre a presença das imagens nos livros
didáticos, Freitag (1993, p.66) retrata a pessoa de Osman Lins como pioneiro (1976), ao
investigar sobre o uso da imagem no livro didático de português de 1º e 2º graus, que,
enfaticamente, retrata esse período como a era da “Disneylândia pedagógica”, diante da
redução da palavra em favor da imagem nos livros didáticos que, segundo ele, expressava um
“delírio iconográfico”.
Atualmente, no Brasil, estudiosos têm refletido sobre os aspectos iconográficos nos
livros didáticos. Bittencourt (2008, p. 74) traz uma discussão da Imagem nos livros de
História e afirma que, “no Brasil, embora não se possa encontrar pesquisa especialmente
dedicada à produção iconográfica na área de História, existem trabalhos que buscam analisar
como determinados segmentos sociais têm sido representados, especialmente os indígenas e a
população negra, nos diversos livros escolares”. Quanto à presença da imagem na
contemporaneidade, Carlos (1991, 1996a, 1996b 2006, 2008) parte do pressuposto de que a
imagem é um texto que precisa ser lido. Quanto a isso, assinala: ”Estabelecer uma relação
competente e crítica com o texto-imagem, aprender suas regras de funcionamento é, no
contexto, sociocultural midiático, imagético e sígnico dominante, tão significativo como a
aprendizagem da gramática, da sintaxe e da ortografia” (1996b, p.49). Suas reflexões têm se
voltado para o emprego da imagem nos livros de Língua Portuguesa, no uso da imagem na
Educação de Jovens e Adultos, o signo da imagem como instrumento potencializador de
novas aprendizagens e competências. Quanto ao uso pedagógico da imagem na EJA, Carlos
(1996b, p. 20) afirma que, em se “tratando da EJA, é preciso superar uma concepção
grafocêntrica: centrada no signo da escrita e no paradigma da língua.”
Esse entendimento demonstra que, na educação atual, a imagem tem grande valor na
prática educativa. Na era da globalização, ela vem sendo cada vez mais utilizada de forma
significativa e diversa. As imagens são importantes recursos para a comunicação de ideias e
de formação, devido a sua intencionalidade educacional carregada de significações. Ao se
referir à necessidade de ler imagens, mediante o desafio da educação na contemporaneidade,
os educadores devem trabalhar o saber na perspectiva de um mundo que está cada vez mais
visual. É nesse contexto em que o livro didático está inserido. Se, entre nossos antepassados,
o meio de escrita e comunicação era a imagem e, mesmo depois do predomínio da grafia nas
sociedades posteriores, nota-se que, na contemporaneidade, a imagem retorna com
intensidade e passa a ocupar todos os segmentos da sociedade, entre eles, as editoras.
37
Apesar dessa ruptura embrionária, a imagem, no livro, passou a ter um caráter
ilustrativo, em que o leitor se limitava unicamente a ler o texto-escrito, sem ter a consciência
de que o texto-imagem deve ser lido, discutido e refletido. Essa perspectiva condiz com a
ideia de que a imagem em livros limita-se à estética e tem a função de apoiar o texto, sem que
seja usada como um recurso para a produção e articulação do conhecimento. Tal delimitação
na leitura do livro didático perde de vista o conceito de signo como produto cultural. É nessa
cultura, cada vez mais imagética, que os livros didáticos são pensados, elaborados,
sistematizados e organizados. Isso denota que, com o desenvolvimento econômico, cultural e
político, o livro didático foi ganhando novas nuances, com uma intensa valorização da
imagem em sua constituição.
Para finalizar, tomamos o pensamento de Freire (1997), quanto afirma: “a leitura do
mundo, precede a leitura da Palavra”. Ler o mundo, através da imagem, significa adentrar o
mundo da cultura e extrair a leitura e a interpretação dessas imagens, percebendo que elas
representam signos e cultura de consumo, numa sociedade cercada por suas representações.
38
CAPITULO II
A PROLIFERAÇÃO DA IMAGEM NA SOCIEDADE DA ESCRITA
39
A presença massiva dos meios de comunicação como mediadores sociais, na
contemporaneidade, tem alertado diversos estudiosos a refletirem sobre seus efeitos na
construção da consciência individual e coletiva das pessoas. Tais efeitos partem do
pressuposto de que o homem, por ser relacional, vive em processos de reciprocidade de
comunicação. Nessas relações, numa sociedade midiática, os sujeitos interlocutores
relacionam-se por meio de sistemas de signos e códigos. É nesse cenário que a escola tem o
desafio de contextualizar sua prática educativa, aceitando novas linguagens até então pouco
exploradas.
O presente capítulo38
não tem a pretensão de abordar todos os fatos que compõem a
influência da imagem na construção social, mas, modestamente, propõe-se a assinalar três
fatores pertinentes para se compreender a imagem e sua contribuição para a educação: a
historicidade da imagem, destacando seu uso social e cultural; o impacto da imagem na
formação da consciência, em que estabeleceremos a relação existente entre a imagem e o
cérebro, e o papel do educador na formação da consciência crítica do discente.
2.1 Um pouco de história sobre o uso social da imagem
Desde que nascemos, somos bombardeados por imagens que nos desafiam a aprender
a analisá-las sem que sejamos seduzidos por seu encanto. Antes de adentrar o universo verbal
e letrado, estamos presos ao sensorial. As imagens estão presentes no nosso campo visual
constantemente e basta uma rápida reflexão para observarmos: fotos, outdoors, jornais,
revistas, cinema e televisão. São imagens de textos, imagens sem textos, que pretendem
distrair, ilustrar, refletir e informar uma mensagem.
Estamos inseridos no mundo globalizado e, cada vez mais, é atribuído à imagem um
caráter de onipotência e onipresença, quer na constituição do sujeito, quer na constituição da
sociedade. No começo das civilizações, cada cultura apresentava imagem própria. Sobre isso,
Joly (1996, p. 17) leciona que, “[...] por toda parte do mundo, o homem deixou vestígios de
suas faculdades imaginativas desde os tempos mais remotos, do paleolítico à atualidade”.
Para Santaella (1983, p. 11), essas imagens se destinavam a comunicar mensagens, desde
pinturas nas paredes das cavernas até modelagem de barro que descrevesse a vida daquele
povo:
38
Este capítulo foi re-elaborado e publicado com o titulo “A imagem televisiva e o papel do educador na
formação da consciência critica do discente”, no livro CARLOS, Erenildo João Carlos (Org.). Por uma
pedagogia crítica da visualidade. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2010, p. 103-123.
40
No entanto, em todos os tempos, grupos humanos constituídos sempre
recorreram a modos de expressões, de manifestações de sentido e de
comunicação sociais outros e diversos da linguagem verbal, desde os
desenhos nas grutas de Lascaux, os ritos de tribos primitivas, danças,
músicas, cerimônias e jogos, até as produções de arquitetura e de objetos,
além das formas de criação de linguagem que viemos a chamar de arte:
desenhos, pinturas, esculturas, poética, cenografia etc. [...] Em síntese,
existe uma linguagem verbal (escrita), mas existem, simultaneamente,
enormes variedades de outras linguagens que também se constituem em
sistemas sociais e históricos de comunicação do mundo.
Como se vê, desde a pré-história, a imagem faz parte de nossa convivência social. Por
outro lado, a aquisição da fala, do discurso e, posteriormente, da escrita se deu em épocas
bem mais recentes. Somos povoados por imagens que representam nossas fantasias, desejos,
vontades, alegrias, tristezas, recordações e aspirações. Essas expressões são reflexos e
produtos de toda a nossa historicidade, que está vinculada à imagem como representação
visual.
Em diversas civilizações - Egito, Grécia e Roma, por exemplo - as imagens eram
utilizadas para representar suas ideologias. No Egito, elas indicavam o poder soberano do
faraó e sua divindade inquestionável, como também apresentava uma sociedade dividida em
classes: a classe superior, constituída pelos nobres, escribas e sacerdotes, e as classes
inferiores, compostas pelos escravos e artesãos. Já na sociedade grega, as imagens
demonstravam um caráter antropocêntrico, preocupado com o realismo, em que se procurava
exaltar a beleza humana, destacando a perfeição de suas formas. Na Grécia, em suas diversas
manifestações, que vão desde as esculturas até a arquitetura, as imagens mostram uma cultura
de caráter antropocêntrico, individualista e racional. Quanto às imagens de Roma, que
estavam nas mãos dos poderosos da época, ressaltam a ideia de ostentação e poderio romano
e retratam não apenas uma sociedade dividida em castas, mas também o valor das guerras
como fator importante para a economia da sociedade.
No decorrer da história, as imagens foram mantidas nas mãos dos que detinham o
poder. Na Idade Média, época em que a Igreja detinha autoridade absoluta, as imagens
assumiam uma postura artística, porém associada a temas religiosos. Em suas pinturas, os
artistas da época dedicavam-se à representação humanizada de santos e de outras divindades
cristãs. Nesse mesmo período, as pinturas de murais e a produção de vitrais adquiriram
grande importância, o que atesta que também estavam ligadas à arquitetura. Sem dúvida, a
produção artística da imagem da Idade Média revela a preocupação religiosa do homem
medieval.
41
Percorrendo a Idade Moderna, a mentalidade era a de construir um novo homem e
romper com a visão medieval da Idade Média. O renascimento marcou a arte numa nova
perspectiva. Inspirando-se na Antiguidade, os artistas desenvolveram imagens em que
procuravam alcançar equilíbrio e elegância, em substituição, respectivamente, à paixão da fé
medieval e ao espírito rude do Feudalismo.
Procurando captar a realidade do mundo físico, os pintores aperfeiçoaram as técnicas
da perspectiva. Ao lado dos temas religiosos, a imagem passou a explorar outros, como
mitologia e cenas do cotidiano. O corpo humano era demasiadamente exaltado em todas as
manifestações artísticas, devido à filosofia humanística vigente. Nssa época, de muita
importância artística, vários artistas se destacaram, entre eles: Leonardo da Vinci (A última
ceia, Monalisa e A virgem dos rochedos), Michelangelo (a Capela Sistina - no Vaticano,
Moisés, Pietà e David) e Ticiano (A fonte do amor e Vênus deitada).
Já na modernidade, a imagem, nas artes visuais, representava a ruptura com o
passado, a busca do novo homem, baseada na racionalidade, no período pós-moderno, nas
manifestações visuais que fazem parte da mídia. Na contemporaneidade, nos mais diversos
tipos de comunicação, a cultura midiática organiza-se com base no modelo de produção de
massa, organizando imagens com uma nova roupagem, não artística, mas tecnológica. De
fato, a imagem sempre esteve comprometida em reproduzir e criar novas culturas.
Para os povos, as imagens são criadas para atender a interesses específicos, em
tempos e lugares diferentes, na história da humanidade. Apesar de os signos imagéticos terem
surgido na antiguidade, Santaella (2007, p. 05) enfatiza que, na contemporaneidade, há
diversidade de signos, que têm crescido consideravelmente.
[...] Venho desenvolvendo a hipótese de que os signos estão crescendo no
mundo. Basta um retrospecto para darmos conta de que, desde o advento da
fotografia, então do cinema, desde a exploração da imprensa e das imagens,
seguindo pelo advento da revolução eletrônica, que trouxe consigo o rádio e
a televisão, então com todas as formas de gravação sonora, também com o
surgimento da holografia e hoje com a revolução digital que trouxe consigo
o hipertexto e a hipermídia, o mundo vem sendo crescentemente povoado
por novos signos.
Como educadores, precisamos, urgentemente, sentir “as dores do parto”, no sentido de
dar a luz à criticidade e à reflexão latente em cada indivíduo, que, quase que geralmente, está
adormecida e sufocada, devido ao dilúvio de mensagens de caráter persuasivo e
antipedagógico. Entretanto, como bons “parteiros”, os educadores devem ter consciência da
ameaça “visual” que seus alunos sofrem e, sobretudo, percorrer caminhos, ainda que sejam
42
árduos, em busca de uma prática pedagógica que promova a formação crítica de seus
educandos, para evitar que se tornem marionetes nas mãos da mídia.
Assim, no que diz respeito à imagem midiática, especificamente a televisiva, urge que
se promova um alfabetismo visual, que tem a função de eliminar a ignorância sobre a leitura
das imagens midiáticas e capacitar o receptor a fazer uma análise reflexiva das comunicações
visuais na era da globalização. Embora a ênfase ainda esteja na linguagem verbal, na cultura
midiática, “ver” é fundamental, mas não significa apenas olhar uma determinada imagem sem
compreendê-la. Sobre isso, ressalta Carlos (2008, p. 22):
A imagem é uma espécie de signo que serve, dentre outras coisas, para
representar o mundo e mediar o contato entre o olho e o mundo. A
representação do mundo por meio da imagem significa, em certo sentido,
uma invenção que possibilita a substituição cognitiva do mundo pela
imagem.
Assim, enquanto no texto impresso os fatores visuais são considerados apenas apoio,
Dondis (2007, p. 17) lembra que ocorre o contrário no texto-imagem: “O visual predomina, o
verbal tem a função de acréscimo”. O autor ainda enfatiza que “[...] o alfabetismo visual
permite domínio sobre o modismo e controle de seus efeitos. Alfabetismo significa
participação e transforma todos os que alcançaram em observadores menos passivos. [...]
Alfabetismo visual significa uma inteligência visual”.
Nesse ponto, existem implicações importantes contra o analfabetismo visual.
Contudo, em concordância com o afirmado por Belloni (2001, p. 26), este artigo não tem a
intenção de tornar a leitura visual superior à leitura textual, mas considerar que a
alfabetização visual tem um caráter relevante diante do crescimento imagético na sociedade,
e como isso tem repercutido na formação da consciência do indivíduo. Esse autor afirma que
“não se trata de substituir a palavra pela imagem, ou a ciência pelo sentimento. Trata-se de
integrar essas duas linguagens até agora tão divergentes. Integrar essas duas instituições até
agora paralela: a escola e as mídias”.
2.2. O impacto da imagem na formação da consciência
Mesmo com o advento da imagem nos primórdios e as mutações sofridas no decorrer
da história, a imagem nunca obteve o destaque que está tendo na contemporaneidade. A
presença massiva dos meios de comunicação em nossas vidas tem exigido dos pedagogos
uma postura reflexiva e analítica sobre os conhecimentos, os valores e os conceitos que vêm
se proliferando na consciência dos alunos que, diariamente, são invadidos por mensagens que
43
chegam sob diferentes apelos sensoriais - visuais, auditivos e emocionais - com ininterruptos
estímulos midiáticos que se apresentam na nossa percepção sensorial em fração de segundos,
sem pedir licença, e invadem nossa consciência, imprimindo-lhe sentimentos, valores,
emoções, sensações e reação, e nos persuadindo com ideologias, em cujas tramas de sua
manipulação vemo-nos passivos e que colocam em xeque nosso livre-arbítrio, que está cada
vez mais fragilizado e monopolizado.
Vale dizer que a percepção é um tema antigo de estudo, utilizada para explicar as
observações do homem. Pode ser entendida como um processo ativo de planejamento, assim
como de interpretação de dados sensórios através dos olhos. Perceber não se restringe a
detectar ou sentir, mas decifrar a sensação, as mensagens sensoriais: é escutar uma sirene
como sinal de alarme, ouvir fogos de artifício e reconhecer que algo está sendo comemorado
ou homenageado. A filosofia entende que a percepção nos fornece o conhecimento do mundo
que nos cerca. Estamos conscientes desse mundo por estarmos conscientes das suas
qualidades sensíveis: as cores, os sons, os cheiros, os sabores, as formas e a posição dos
objetos que nos rodeiam. Blackburn (1997, p. 293) entende que essa consciência é mediada
por canais de informações, tais como as células cromossensíveis dos olhos. O autor assinala,
ainda, que a percepção é o ato, efeito ou faculdade de perceber conscientemente, adquirindo
conhecimento pelos sentidos, que são mediadores perceptivos ou mecanismos
esquadrinhadores que sondam de dentro para fora e tiram as amostras do mundo exterior,
captando os estímulos que são processados pelo cérebro:
[...] a percepção nos fornece o conhecimento do mundo que nos rodeia.
Estamos conscientes desse mundo por estarmos conscientes das suas
qualidades sensíveis: as cores, os sons, os sabores, os cheiros, o calor que
sentimos e as formas e posição dos objetos que nos rodeiam. Essa
consciência efetua-se através de canais de informações altamente
complexos, tais como os três tipos de células cromossensíveis dos olhos
...dessas informações as funções cerebrais superiores permite-nos interpretar
a informação recebida.
Na Fenomenologia da Percepção (2007), Ponty refere que a sensação é o que nos dá
as qualidades exteriores e interiores, isto é, as qualidades dos objetos e os efeitos internos
dessas qualidades sobre nós. Por meio da sensação, vemos, ouvimos ou sentimos qualidades
puras e diretas; cores, sabores, textura, odores. Sentimos o doce e o amargo, o quente e o frio
etc. Sentir é algo ambíguo, pois o sensível é, ao mesmo tempo, a qualidade que está no objeto
e o sentimento interno do nosso corpo das qualidades sentidas. O autor destaca que a
sensação não está desvinculada da intencionalidade do sujeito, pois há, no sensível, a
44
proposição de certo ritmo de existência. Assim, o sujeito que sente e o sensível não estão
exteriormente em lados opostos.
[...], pois a sensação não é uma invasão do sensível naquele que sente. É o
meu olhar que subtende a cor, é o movimento de minha mão que subtende a
forma do objeto. Essa reciprocidade do sujeito que sente e o sensível não
determinam que um haja e que o outro padeça, ou seja, que um dê sentido
ao outro. (2007, p. 288).
Na sensação ou percepção visual, o VER é interpretado ou percebido
(conscientemente ou inconscientemente) pelo cérebro e dá significação às informações. A
percepção passa a existir mediante o processo neural, que começa pelos neurônios sensoriais,
que captam informações do meio ambiente e as envia para o cérebro, que processa os dados
visuais. Os olhos enviam sinais ao cérebro, mas é o cérebro que dá significado à imagem
visual. Além disso, para Willian (2007, p. 46), perceber a sensação tem suas limitações, já
que o cérebro não recebe nem processa, conscientemente, todas as informações sensoriais.
Portanto, enquanto a percepção visual está no campo da sensação, do sentir, do sensível, a
percepção consciente e inconsciente está no território neural, ou seja, de como as informações
sensitivas são processadas e interpretadas pelo cérebro.
Ressalte-se, todavia, que, para entender a ação da imagem televisiva na mente, a
percepção visual, a percepção consciente e a percepção inconsciente (subliminar) são objetos
de investigação para compreendermos bem mais a influência, o impacto, como o cérebro
capta e processa as mensagens imagéticas e como elas podem formar uma consciência crítica
ou alienada no indivíduo.
A percepção visual, que nos propusemos a abordar, é, de todos os modos de relação
entre o homem e o mundo que o cerca, um dos mais conhecidos. O olho capta diariamente
milhares de mensagens, mas nem todas são armazenadas conscientemente, por que o órgão
sensório-visual focaliza a imagem analisando seu destaque, aquilo que está mais em
evidência, e deixa de lado as mensagens importantes que se localizam por trás. A parte do
olho que focaliza a figura de uma mensagem é denominada de fóvea. Ela é composta pelas
células-cone, conhecidas como fotorreceptores, que têm a função de ver as cores. Isso denota
que a visão consciente é fóvica por ter a capacidade de focalizar apenas a figura, enquanto
que a visão inconsciente da imagem, isto é, aquilo que não foi visto conscientemente, é
captada pelas células bastonetes, que constituem a parte periférica do olho, denominado de
visão periférica39
. As células bastonetes também são consideradas fotorreceptoras, porém
39
Jacques (193, pp. 20-26), ao tratar da percepção visual, descreve que o fundo do olho é revestido por uma
membrana, a retina, na qual se encontram inúmeros receptores de luz. Esses receptores são de dois tipos: os
45
captam o preto e o branco. Essa é a parte do olho por onde as mensagens subliminares40
são
absorvidas e lançadas para o inconsciente.
Isso demonstra que a percepção é seletiva, e o cérebro tem um filtro que age no
interesse da economia, regulamentando a avalanche de dados captados pelos sentidos. Sem
esse filtro, o indivíduo está sujeito a registrar tudo o que acontece a sua volta, tentando
armazenar tudo aquilo que olha e escuta, sem qualquer critério e avaliação do que é relevante
ou não. Porém, as informações que não são captadas no campo consciente são encaminhadas
para o campo inconsciente. Apesar de a filtragem ter a função de regulamentar o teor que o
cérebro absorve como consciente, a área cerebral inconsciente ou inconsciente recebe
informações que ficam adormecidas. Key (1996, p. 36), referindo-se à percepção humana e à
sua relação com o cérebro, assevera:
A percepção humana pode ser considerada como total (tudo o que é sentido
é transmitido pra o cérebro) e instantaneamente (a velocidade do fluxo de
eléctrons pelos neurônios). Numa percepção visual, apenas 1/1000 do total
da percepção é registrado pela mente emerge para a memória. O restante
permanece adormecido pela memória.
Embora, a percepção visual transfira para o cérebro informações do externo captado
pelo olho, a percepção consciente e a inconsciente (subliminar) consistem no modo pelo qual
o cérebro seleciona as informações provindas dos sentidos. Enquanto a primeira não registra
todos os dados observados pela percepção visual e detém todas as informações de uma
imagem, seja ela fílmica, fotográfica, televisiva ou artística, a segunda consegue captar as
mensagens subliminarmente. O indivíduo retém estímulos que não passam do limiar da
consciência. Destarte, o que é excluído da percepção consciente é captado pelo
subconsciente. O subconsciente registra, o consciente, não.
As mensagens ocultas vão ajudar na influência de nossas atitudes. Ferrés (1996, p. 70)
diz que “há provas irrefutáveis de que existem processos psíquicos inconscientes. Muitas
experiências do cotidiano seriam inexplicáveis sem o recurso do inconsciente. E há provas de
bastonetes e os cones. Estes últimos estão presentes, sobretudo, nas imediações da fóvea e são responsáveis pela
percepção das cores; a visão fotópica é cromática. Os cones captam as imagens de objetos que consideramos
como normalmente iluminados por uma luz diurna. Já os bastonetes apresentam características opostas, ou seja,
é a visão noturna, percepção acromática, de fraca acuidade e que diz respeito, sobretudo, quando está muito
escuro, à periferia da retina. JACQUES, Aumont. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993. pp. 17-45.
40 O termo subliminar, para a Psicologia, refere-se a um estímulo que não é suficientemente intenso para que o
indivíduo tenha consciência dele, mas que, repetido, atue no sentido de alcançar um efeito desejado. Para a
Filosofia, subliminar é um estímulo, não muito intenso, que não passa do limiar da consciência. Ferrés considera
subliminar todo aquele estímulo que não é percebido de forma consciente. Se, durante a exibição de um
programa de televisão, for projetada uma imagem-parasita durante um intervalo suficientemente curto de tempo,
o olho percebe, mas o cérebro não tem consciência disso.
46
que os estímulos inadvertidos, às vezes, incidem sobre o comportamento; mensagens
inconscientes tornam-se condutoras identificáveis”.
A imagem televisiva pode ser considerada um meio que fascina e influência as
pessoas na vida cotidiana, além de ser um instrumento de socialização. Ferrés (1996, p. 69-
76.) é enfático, ao afirmar que os telespectadores são influenciados pelas mensagens
conscientes, mas as subliminares são mais eficazes. Concordando com esse autor (ibid),
Calazans (1992, pp. 13-34) afirma que as mensagens subliminares são enviadas
dissimuladamente, ocultas, abaixo dos limites de nossa percepção consciente, influenciando
nossas escolhas, atitudes e motivando a tomada de decisões posteriores. Para exemplificar
esse fato, Key (1996, p.84) relata que o cérebro armazena as informações, que influenciam o
comportamento, as ações, as reações, as escolhas e as atitudes, sem que o espectador tenha a
opção de aceitá-las ou rejeitá-las.
Enquanto o leitor está confortavelmente sentado numa sala aconchegante,
bem iluminada, ao lado de uma lareira onde a lenha queima devagar, seus
olhos acompanham essas linhas de símbolos verbais impressas
sequencialmente. Ele concentra-se nos significados e sensações que lhes dão
as palavras impressas em cada página, percebidas pelo mecanismo do olhar
e transmitidas ao cérebro, onde as associações e ideias são geradas tanto no
nível consciente quanto no inconsciente. Mas há muita coisa ocorrendo
dentro do cérebro do que aquilo que o leitor tem consciência. Os sons
distantes do trânsito, de aparelhos de rádio ou TV, o vento ou o clima lá
fora, a temperatura, a umidade etc..., tudo é registrado no cérebro. (...)
Inconscientemente, todos os dados são Percebidos e processados, e alguns
são armazenados para futuras referencias.
Apesar da diversidade de mensagens subliminares enviadas para o cérebro, que
ocorrem naturalmente mediante a relação do indivíduo com o meio social, os estímulos
midiáticos, projetados e planejados para invadir a percepção sensorial do receptor, com
ideologias persuasivas e sedutoras, inevitavelmente são registrados e processados pelo
cérebro. Os meios de comunicação, por serem mediadores culturais, lançam mensagens que
podem ou não ser devidamente traduzidas; a consciência pode ou não interpretar a mensagem
correta ou totalmente. No entanto, como a percepção visual, a percepção consciente e a
inconsciente (subliminar) são processos que ocorrem simultaneamente e constantemente no
cérebro do indivíduo. Portanto, é preciso educar o olhar41
e, como educadores, devemos lutar
por uma pedagogia da imagem, visando à formação de indivíduos críticos e reflexivos, já que
a imagem televisiva tem o poder de influenciar o campo emotivo das pessoas, tornando-as
41
Sobre isso, ver: CARLOS, Erenildo João (Org.). Educação e visualidade: reflexões, estudos e experiências
pedagógicas com a imagem. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2008.
47
mais vulneráveis ao poder manipulador e persuasivo da mídia, que a utiliza com o intuito de
promover a sustentabilidade de um modelo social vigente, que persuade o indivíduo a ser, a
viver, a se comportar e a aceitar “verdades” alienantes.
3.3 O papel do educador na formação da cricidade
Pelo exposto, entende-se que, na imagem, há mensagens subliminares. Enquanto a
decodificação de um texto exige um ato de abstração, o uso de conceitos e a formulação de
ideias, exigindo do leitor uma postura reflexiva, analítica e racional, a decodificação da
imagem televisiva ocorre instantaneamente e favorece para que haja um envolvimento
emocional do telespectador, dificultando a interpretação dos símbolos televisivos.
Isso sugere a necessidade da educação do olhar. Educar o olhar, segundo Penteado
(2001, p. 26), é “[...] preparar os estudantes para serem sujeitos ativos no processo de
educação e de comunicação, sujeitos capazes de pensar, criar e expressar-se por meio de
diferentes linguagens”. A escola, por ser uma instituição social e por ter um espaço
privilegiado para a educação das novas gerações de cidadãos, deve adaptar-se a uma
sociedade em constante mutação, educando para uma cultura midiática.
Férres (1996, p.09), ao analisar o papel da escola frente ao crescimento da cultura
televisual, considera sua prática contraditória. Ao observar o analfabetismo no Ocidente, ele
constatou que, no período em que a letra impressa era a forma de comunicação mais
utilizada, havia um alto índice de analfabetos. Apesar de a imagem trazer contribuições para a
alfabetização, na contemporaneidade, são imensuráveis os analfabetos visuais.
Na Escola Municipal José Peregrino de Carvalho, na cidade de João Pessoa, foram
levantados dados, através de questionários, sobre o acesso dos alunos do Ensino Fundamental
(2º ao 5º ano) à TV. Foi verificada a presença da imagem televisiva e sua influência no
comportamento dos educandos, que reproduzem o modismo, a linguagem, a agressividade, a
sensualidade e os “sonhos”.
Dentre os meios de comunicação apresentados aos alunos, a TV, o computador e o
telefone se desatacaram. A TV obteve 55% da preferência dos alunos, que apontaram as
programações de sua preferência. A telenovela ficou em primeiro lugar, com 75%; o filme,
na segunda colocação, com 10%; os programas infantis, em quarto lugar, com 8%; os
programas de auditório, em quinto lugar, com 5%; e por último, os telejornais, com 2%.
Esses dados pressupõem que o uso de televisores tem aumentado progressivamente, e o
acesso está cada vez mais “democrático”, atingindo diversas classes populares. Os programas
48
com maior audiência são os que menos detêm teor educativo, se é que existe alguma
intencionalidade dos produtores televisivos em educar criticamente o telespectador.
Dependendo da temática abordada, uma telenovela pode trazer contribuições para o
ensino de temas transversais, mas também pode instigar uma problemática, direcionando e
motivando os educandos a refletirem sobre o lixo televisivo que é lançado diariamente em
seus lares. Assim se pode evitar que, passivamente, sejam alienados e manipulados e prepará-
los para uma integração reflexiva e crítica na sociedade, analisando desde um determinado
comercial até a diversidade da imagem televisiva que é oferecida em um cardápio que deixa o
telespectador sem muitas opções e o torna vítima de um consumismo desenfreado,
conformando-o a viver na trivialidade, já que a mensagem oferecida não forma, apenas
informa.
Diante da ameaça televisual, o educador pode converter o “mal” em “bem” e
promover um aprendizado a partir da imagem televisiva, ensinando seus alunos a fazerem
uma leitura visual e alertando-os quanto aos fatores imagéticos impressos pelos produtores da
mídia. Contudo, é preciso que todos os profissionais de educação sejam capacitados e
comprometidos com a formação crítica dos discentes, pois ensinar exige criticidade.
Para Freire (2005), esse seria o caminho para uma pedagogia libertadora, que deve
começar com o educador que, ao assumir uma postura crítico-reflexiva de sua prática
pedagógica, encontrará os caminhos a percorrer em busca de uma práxis da visualidade.
Dondis, ao tratar de educação visual, reconhece a complexidade do alfabetismo visual e as
dificuldades que imperam sobre a efetivação de tal prática, mas sugere que o educador não
pode isentar-se de formar novos olhares críticos.
[...] os educadores devem corresponder às expectativas de todos aqueles que
precisam aumentar sua competência em termos de alfabetismo visual. Eles
próprios precisam compreender que a expressão visual não é nem um
passatempo, nem uma forma esotérica e mística de magia. Haveria então,
uma excelente oportunidade de introduzir um programa de estudos que
considerasse instruídas as pessoas que não apenas dominasse a linguagem
verbal, mas também a linguagem visual. (ibid, 2007, p. 230).
Em contrapartida, para integrar a imagem televisiva na prática docente de forma
adequada, a vida dos alunos, a escola e o lar devem andar de mãos dadas, cada um assumindo
sua responsabilidade na formação crítica do indivíduo, principalmente nas séries iniciais, fase
em que as crianças estão invadidas pela curiosidade e pré-dispostas à criticidade, a
questionar, analisar e refletir.
Certamente, a necessidade de mudar a prática pedagógica é latente, já que, na maioria
dos planos de aula, a imagem televisiva não é vista como um recurso facilitador da
49
aprendizagem, devido ao despreparo de alguns educadores, que a consideram irrelevante para
a educação e se limitam ao ensino verbalista, preocupando-se exclusivamente em reproduzir
o conhecimento, em perpetuar a superioridade da cultura escrita numa cultura midiática, que
tem o visual como dominante.
50
CAPÍTULO III
O USO DA IMAGEM NO LIVRO DIDÁTICO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
51
Neste capítulo, apresentamos uma descrição das imagens impressas na Coleção Cadernos da EJA,
mas antes destacaremos os motivos pelos quais essa coleção foi elaborada. Além disso, apresentaremos uma
sistematização de algumas informações sobre a intervenção realizada em uma turma de EJA, a partir do
entendimento de que a imagem media o conhecimento escolar.
3.1 Sobre a Coleção Cadernos da EJA
A Coleção Cadernos de EJA destina-se aos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, desde a
alfabetização até o último ano, e se caracteriza pela flexibilidade e organização dos componentes e
conteúdos em tornos de eixos temáticos aglutinados sobre o tema gerador - Trabalho. Esse tema permeou os
conteúdos escolares e foi abordado de modo interdisciplinar. No Caderno Metodológico da Coleção, há a
seguinte argumentação a respeito da escolha do tema gerador Trabalho (SECAD/MEC. 2007, p.15):
[...] o trabalho, na sociedade atual, é caracterizado por uma contradição. Ao mesmo
tempo em que é um enriquecimento das pessoas e um principio educativo da
formação dos indivíduos, frequentemente o desenvolvimento econômico faz com que
muitas pessoas empobreçam e sofram. Por essa razão. Por essa razão, os textos e
atividades sugerem a educadores e educandos elementos para compreender a
sociedade atual de forma crítica, compreendendo as causas das desigualdades e
injustiças, e, ao mesmo tempo, imaginado a possibilidade de construir novas relações
humanas no trabalho e na vida.
Esse material foi elaborado pelo Ministério da Educação, no período de 2002 a 2006. Para a
elaboração da Coleção Cadernos de EJA, o MEC estabeleceu um convênio com a Fundação Unitrabalho,
uma rede que agrega universidades e instituições de ensino superior de diferentes regiões do Brasil, fundada
em 1996, e instituída como Fundação de direito privado, sem fins lucrativos. A fundação atuava na área de
Economia Solidária e em projetos nas áreas de educação, desenvolvidos com o Ministério do Trabalho e a
CUT42
.
O projeto preliminar sobre a produção de material didático para a EJA foi formulado em 2003, mas o
plano de trabalho para a sua execução foi aprovado apenas em 2005. Esse projeto objetivava produzir
materiais didáticos e pedagógicos para o 1º e o 2º segmentos da EJA, com base nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para a EJA. Para tanto, a Unitrabalho deveria formar uma equipe de trabalho para a elaboração
dos livros didáticos; envolver os diversos atores da sociedade civil organizada na produção do material;
realizar cinco seminários regionais de formação para a difusão da coleção; promover um amplo debate com
a sociedade civil organizada, por meio de eventos; e organizar um comitê gestor com a participação da
Coordenação de Educação de Jovens e Adultos – COEJA da SECAD.
42
Informações sobre os princípios, a missão, os programas e os parceiros vinculados a Unitrabalho ver:
SECAD/MEC. Caderno metodológico para o professor. Coleção Cadernos de EJA. Brasília, 2007. p.90
52
Para a execução do plano de trabalho, a Unitrabalho constituiu uma equipe de 25 professores de
várias universidades brasileiras, compostas por consultores de diversas temáticas e áreas do conhecimento e
por uma equipe pedagógica, cujo trabalho foi desenvolver critérios, selecionar textos e elaborar atividades
didáticas, tendo como base uma proposta temática e interdisciplinar centrada no tema “Trabalho”. Além das
equipes técnicas de produção do material, foi constituída uma equipe de produção editorial, composta por
empresas selecionadas para o trabalho de seleção e edição de textos (Editora Página Viva); produção do
projeto gráfico, ilustração e iconografia (A+ Desenho Gráfico e Comunicações) e liberação de direitos
autorais (Companhia da Memória) 43
.
O trabalho contou, ainda, com a realização das oficinas de trabalho. Inicialmente, foi realizada uma
oficina temática em Brasília (maio de 2006), nas quais foi estabelecido um diálogo entre diversos
especialistas, órgãos públicos e organizações da sociedade civil que atuam em EJA. Em seguida, foram
produzidas oito oficinas regionais, com a participação de professores da EJA, visando obter sugestões e
contribuições. Em dezembro do mesmo ano, foi realizada uma oficina de encerramento do projeto, com a
apresentação do produto final da coleção, que foi concluída, efetivamente, em janeiro de 2007, com a
entrega de uma versão digital da coleção à SECAD que, depois de providenciar sua impressão, distribuiu os
exemplares para as secretarias estaduais e municipais de educação e as escolas públicas que ofertavam a
modalidade EJA.
Como já foi mencionado, a Coleção Cadernos da EJA é composta por 27 livros - um caderno
metodológico, 13 cadernos destinados aos alunos e 13 para os professores. Essa estrutura pode ser vista na
tabela abaixo.
Tabela 1. ESTRUTURA DA COLEÇÃO CADERNOS DE EJA
Livro introdutório Caderno Metodológico
Livros destinados aos alunos 13
Livros destinados aos professores 13
Titulo dos livros 1. Cultura e trabalho;
2. Diversidade e trabalho;
3. Economia solidária e trabalho;
4. Emprego e trabalho;
5. Globalização e trabalho;
6. Juventude e trabalho;
7. Meio Ambiente e trabalho;
8. Mulher e Trabalho;
9. Qualidade de vida, consumo e trabalho;
10. Segurança e saúde no trabalho;
11. Tempo livre e trabalho;
12. Trabalho no campo.
43
Informações adquiridas na própria Coleção Cadernos de EJA.
53
Os Cadernos dos professores têm planos de aula e propostas pedagógicas, que envolvem as
disciplinas de Matemática, Português, Ciências, História, Geografia, Artes, Inglês, Espanhol, Educação
Física, Educação e Trabalho e Economia Solidária. Há, ainda, um Caderno Metodológico, com o objetivo de
orientar e explicar aos professores os princípios pedagógicos da coleção. Entre os princípios didáticos
pedagógicos que orientam essa coleção, identificamos a valorização do educador como mediador no
processo ensino-aprendizagem, mediante as atividades indicadas (SECAD/MEC. 2007, p.14).
Do ponto de vista pedagógico, esse material trabalha com a ideia do diálogo como
elemento fundamental da relação entre professor e aluno. Portanto, esses cadernos só
adquirem sentido no contexto dessa relação dialógica que se estabelece entre sujeitos
dotados de consciência e capacidade de posicionar-se criticamente frente ao discurso
do outro. Nesse sentido, a coleção se diferencia de outros livros didáticos, que
pressupõem certo autodidatismo do aluno, isto é, imaginam que o aluno irá estudar
sozinho e o professor será apenas um facilitador desse processo.
Os Cadernos dos alunos são uma coletânea de textos de leituras, que visam despertar o interesse dos
alunos de EJA para a aprendizagem de conhecimentos mediante a leitura do texto-escrito. Dentre os gêneros
textuais identificados na coleção, destacam-se: narrativas (contos/ crônicas); poemas; letras de músicas;
páginas da Web; manuais de orientações; notícias de jornais e revistas; reportagens; histórias em
quadrinhos/charges; receitas culinárias; leis e normas; literatura de cordel. Conforme orientação explícita no
Caderno metodológico do professor (2007, p. 7), os textos podem ser lidos pelos alunos e trabalhados em
sala de aula sem, necessariamente, obedecer a uma sequência obrigatória de utilização, pois a sequência de
um caderno não é pré-requisito para a leitura de outro. Da mesma forma, os textos.
Vale destacar que essa coleção se insere num processo de mudanças da política de EJA que
ocorreram durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva. Desde 2003, com o início desse governo, as
reformas no âmbito educacional, implementadas no período de Fernando Henrique Cardoso, e a política de
EJA passaram por um amplo processo de revisão. Praticamente, todos os programas, projetos e ações do
MEC foram, aos poucos, sendo reorganizados. Portanto, para enfrentar o problema do analfabetismo, o
Programa Brasil Alfabetizado foi excluído e foi criado em 2003 o Programa Brasil Alfabetizado, visando à
erradicação do analfabetismo no País. A questão do analfabetismo e da EJA passou a ser responsabilidade
de uma única secretaria, a SECAD.
Segundo Mello (2010), esse novo processo de reorientação política de EJA ocasionou a redefinição
do lugar dos livros didáticos no projeto político pedagógico da EJA. Desse modo, os materiais didáticos
para a EJA ganham nova perspectiva, pensada de forma a envolver produções coletivas, em processos
participativos, tendo como princípios a flexibilidade e a interdisciplinaridade. A partir dessa orientação, a
Coleção Cadernos da EJA foi sendo pensada e elaborada.
54
Nessa Coleção, além dos conteúdos curriculares e dos aspectos metodológicos vinculados ao texto-
escrito, há uma diversidade de textos-imagem. Nota-se que o uso da imagem ou ilustração é bastante
valorizado pela editora. As imagens são charges, fotografias, pinturas artísticas, tiras, xilogravuras,
desenhos, mapas, gráficos, entre outras. Todas elas são bem coloridas, todavia, não têm um caráter
infantilizado. Nesse aspecto, as imagens escolhidas pela equipe editorial são pertinentes à particularidade do
público de EJA, que são jovens, adultos e idosos. Mas a nossa inquietação traz as seguintes questões: como
estão postas essas imagens ou ilustração? Qual a intencionalidade de sua presença? Têm um caráter estético
e ilustrativo, ou articulam e mediam o conhecimento escolar? São essas questões que tentaremos responder.
Observando os Cadernos dos alunos, as imagens aparecerem na tentativa de ilustrar e exemplificar o
conteúdo transmitido pelo texto-escrito. Nesse caso, as imagens não estão postas como um texto que precisa
ser lido, refletido e dialogado sobre um determinado conteúdo escolar. Quanto ao caderno metodológico e
do professor, não consta a presença da imagem como foi identificado nos cadernos dos alunos. Nesse
aspecto, observamos, inicialmente, que a editora não adicionou ao material destinado aos educadores
imagens ferramentas a serem utilizadas na elaboração do planejamento pedagógico. Apesar dessa redução,
quantificamos as imagens que ilustram os cadernos dos alunos, na tentativa de vislumbrar sua presença e
especificidades. Seguem, na tabela abaixo, quantas imagens foram impressas nos cadernos dos alunos da
EJA.
Tabela 2. GÊNEROS IMAGÉTICOS IMPRESSOS NA COLEÇÃO
CADERNOS DA EJA
Livros Quantidade de imagens
Cultura e Trabalho 47
Diversidade e Trabalho 42
Economia solidária e Trabalho 29
Emprego e Trabalho 39
Globalização e Trabalho 65
Juventude e Trabalho 58
Meio ambiente e Trabalho 56
Mulher e Trabalho 51
Qualidade de vida, Consumo e
Trabalho
50
Segurança e Saúde no Trabalho 42
Tecnologia e Trabalho 36
Tempo livre e Trabalho 45
Trabalho no Campo 52
TOTAL 622
A tabela anterior demonstra uma forte presença da imagem nos Cadernos de EJA dos alunos.
Todavia, como não foram encontradas, nos cadernos, estratégias de utilização dessas imagens, seja pelo
55
professor, seja pelo aluno, recorremos ao caderno metodológico e ao caderno do professor, que discutem a
temática Cultura e Trabalho, para tentarmos identificar se as imagens impressas têm a função de mediar o
conhecimento escolar.
Já foi apresentado, na tabela, que o Caderno Cultura e Trabalho contém 47 (quarenta e sete) imagens
impressas, distribuídas entre 14 textos, e que, no caderno do professor, não constam essas imagens, mas,
unicamente em seu arcabouço, o texto-escrito de cada lição, com suas respectivas atividades referentes ao
conteúdo das disciplinas. Os conteúdos que podem ser ministrados com esse caderno são: Artes; Ciências;
Economia Solidária; Educação Física; Educação e Trabalho; Espanhol; Geografia; História; Inglês;
Matemática e Português44
. Veja na tabela abaixo cada texto, com suas respectivas imagens, seus conteúdos
e atividades.
Tabela 3. CADERNO CULTURA E TRABALHO – Imagem, conteúdo e atividade
TEXTO IMAGEM CONTEÚDO ATIVIDADE
1 - Ilha da Fantasia
Imagem 13
(Foto: extraída do site –
www.parintins.com.br
1. Ciência (sobre a
floresta amazônica);
2. Ciências
(compreendendo
defeitos da visão)
3. Educação física (a
intenção e os
movimentos);
1. Representação da
floresta amazônica
através de fotografia
e recortes de revistas
de animais, florestas,
etc.;
2. Uso de diferentes
lentes para
diferenciá-las;
3. Produção textual
sobre a importância
da educação física
para o dia-a-dia.
2 - Cultura (Darcy
Ribeiro)
Imagem 14
Foto: Antônio Menezes
Imagem 15
Foto: Antônio Menezes
1. Artes (crenças e
ritos);
2. Ciências (os
vermes);
3. Geografia (conceito
de cultura);
4. História (Cultura e
natureza);
5. Matemática (cultura e formas
geométricas);
6. Português (Cultura,
fala e provérbios)
1. Destacar os ritos e
crenças presentes no
texto-escrito;
2. Desenhar numa
cartolina um
diagrama do ciclo do
Ascaridis
lumbricoides;
3. Interpretação do
texto escrito;
4. A partir do texto-
escrito conceituar
cultura, cultura
material e imaterial;
5. Produção de formas
geométricas,
calculando e
medindo.
1. Português – 1. Leitura do texto-
44
Todas essas disciplinas podem ser ministradas através de qualquer caderno da coleção.
56
3 – Casa de farinha Imagem 16
Ilustrador: Alcy
Imagem 17
Ilustrador: Alcy
descrição: realidade
objetiva e subjetiva;
2. Educação e
trabalho – conhecer
os elementos que
compõe o processo
de trabalho;
escrito tendo em
vista acentuar
características
descritivas da
objetividade e
subjetividade;
2. Através de um
dicionário, conhecer
palavras
desconhecidas e
identificar no texto-
escrito os elementos
que compõem o
processo de
trabalho.
4 – Bandeiras e
lágrimas
Imagem 18
Fonte: caderno cultura e
trabalho, p.15
1. Artes – opções de
desenhos;
2. Ciências – De que é
feita a lágrima?;
3. Educação e
trabalho – Festa
junina – conhecer as
diversas expressões
da festa junina;
4. Matemática – Arte
com geometria –
compor uma
imagem usando
figuras geométricas;
5. Português –
reconhecer
dubiedade em frases
em português,
ampliando o
vocabulário.
1. Desenhar um objeto
observado pelo
aluno.
2. Identificar os
produtos que causa
irritação ocular.
Devem levar:
cebola, alho,
pimenta, produtos
de limpeza etc.
3. A partir do texto-
escrito, os alunos
irão entrevistar uma
pessoa e pedir que
contem como eram
as festas juninas de
sua juventude.
Depois, fazer um
mural com as
informações;
4. A partir do texto-
escrito, fazer um
painel com figuras
geométricas,
considerando o tema
“festa junina”;
5. Atividades de
leitura, pré-leitura e
produção de texto
mediante o texto-
escrito.
5 – A Culinária
também é cultura
Imagem 19
1. Artes – Jantar
virtual, com receitas
variadas, temperos e
bebidas;
2. Ciências –
Pirâmides: conhecer
1. Os alunos deverão
levar receitas da
família e escolherem
algumas para o jantar
virtual e depois
produzir um caderno
57
Fonte: caderno cultura e
trabalho, p.16.
como os corpos são
preservados na areia
do deserto egípcio e
compreender porque
os egípcios
construíram
pirêmides.
3. Ciências – o
Vinagre: conhecer o
princípio ativo do
vinagre e seus vários
tipos no comércio;
4. Educação e
trabalho –
Culinária:
compreender a
culinária como
manifestação
cultural e como
atividade que gera
emprego e renda;
5. Português – O texto
instrucional:
desenvolver a
habilidade de uso da
língua em situações
comunicativas
diversificadas.
de receitas.
2. Conhecer como a
perda da água
proporcionada pela
evaporação ajuda a
melhorar as frutas e
legumes. Os alunos
deverão levar frutas e
legumes para a aula;
3. Através dos vários
tipos de vinagres, os
alunos deverão fazer
uma tabela incluindo
a composição e o
percentual de ácido
acético que consta no
lacre de cada vinagre.
4. Montar um painel
com receitas da
culinária brasileira
com algumas
ilustrações e fotos que
represente cada prato.
5. Atividade de leitura e
escrita a partir do
texto-escrito.
6 – É trampo, Mano
Imagem 20
Foto: J. F. Diorio
1. Ciências – O que é
serigrafia?:
Identificar o uso de
técnica de serigrafia
em nosso cotidiano
e compreender seu
funcionamento;
2. Economia solidária
e cultura – discutir
sobre a importância
de gerar trabalho e
renda, tendo como
base as
potencialidades
culturais;
3. Espanhol – Los
Jóvenes y lãs
possibilidades de
acesso al trabajo:
conhecer as ofertas
de cursos e projetos
que relacionam
cultura e trabalho;
4. História – A
importância da
participação dos
jovens em grupos e
1. Levar para a sala de
aula amostra de
materiais impressos
com serigrafia e pedir
que os alunos
construam uma
escala;
2. Dividir a sala em três
grupos. O primeiro irá
fazer uma busca sobre
a cultura do hip-hop
(net, revista, jornal,
etc.); o segundo,
identificar outras
experiências com a
cultura do hip-hop
que gera trabalho e
renda; e o terceiro,
identificar se uma
comunidade utiliza a
cultura do hip-hop
para produzir trabalho
e renda.
3. A partir do texto-
escrito, elaborar
questões em espanhol
e discutir com os
58
movimentos
culturais.
5. Matemática –
cadeia produtiva;
6. Matemática –
iniciativas
empreendedoras:
incentivar a
iniciativa
empreendedora e
representar mediante
números e gráficos
valores percentuais;
7. Português – jogo de
alfabetização: as
letras nas palavras
alunos tentando
respondê-las.
4. Formar um grupos em
círculos para
responder questões
relacionadas ao texto-
escrito.
5. A partir do texto-
escrito os alunos
deverão destacar as
diferentes atividades
geradas pelo projeto e
desenharem uma
cadeia produtiva que
se refere o texto.
6. Identificar, no texto-
escrito, a fração de
jovens que, após o
curso de
aperfeiçoamento,
serão selecionados
para constituir
empreendimentos.
Posteriormente, fazer
um gráfico dos
resultados;
7. A partir do texto-
escrito, trabalhar
ortografia (palavra
com Ç e J;
7 - Um canto
às ocupações
Imagem 21
Ilustrador: Alcy
Imagem 22
Ilustrador: Alcy
1. Ciências –
Reflexões múltiplas
em espelhos planos:
identificar os efeitos
das reflexões
múltiplas; explorar o
numero de imagens
em reflexões
múltiplas, utilizando
espelhos planos;
2. Educação física –
Consciência
corporal:
experiência as
diferentes maneiras
de combater ao
estresse que
estimulam um
conhecimento mais
profundo de seu
corpo, e um
entrosamento maior
com a comunidade.
1. Com o auxílio de dois
espelhos planos (15
cm x 20 cm), presos
como se fossem duas
páginas de um livro.
Com o auxílio de um
transferidor, marcar
em um papel as
posições 30º, 45º, 60º,
120º. Colocar os
espelhos na posição
120º e, entre eles, um
objeto, depois mirar
nos espelhos e ver se
foram formadas duas
imagens;
2. Em dupla, trabalhar
deslizamento,
percussão, pressão e
fricção.
59
8 – O Jargão (Luiz
Fernando
Veríssimo)
Imagem 23
Ilustrador: Alcy
Imagem 24
Ilustrador: Alcy
1. Inglês – ensinar
parte do jargão
empresarial do uso
de alguns verbos e
nomes de cargos em
inglês.
2. Português –
Examinar alguns
anglicismos que
foram incorporados
pelo português do
Brasil.
1. Apresentar algumas
palavras em inglês
que trade do campo
empresarial e
dialogar sobre as
definições e
significado.
2. Trabalhar a ideia de
jargão a partir do
texto escrito. Pedir
para que os alunos
relacionem
anglicismos
referentes ao
futebol, à música, à
informática. Depois,
os alunos terão que
substituir os
anglicismos por
palavras
portuguesas.
9 – Classe operária
Imagem 25
Ilustrador: Alcy
1. História - refletir a
respeito da música
como crítica social;
2. Português – jogo de
alfabetização –
criação de palavras.
1. A partir da letra da
música de Tom Zé
(texto-escrito),
conhecer sobre o
compositor. Tentar
compreender o que
faz um cantor ser
comprometido com
a classe operária e
se os alunos
conhecem algum
cantor oriundo dela.
Posteriormente, os
alunos farão uma
pesquisa sobre o
autor da música;
2. A partir do texto
escrito, ampliar a
capacidade de
grafar corretamente
os vocábulos em
português.
10 – Oktoberfest
Imagem 26
Ilustrador: Alcy
1. Educação e
trabalho -
Oktoberfest:
herança alegre da
cultura alemã;
2. Geografia – Pontos
cardeais e
colonização alemã;
3. Matemática –
Passeando em Santa
1. Após a leitura
coletiva do texto-
escrito, propor aos
alunos que, em
grupos, discutam a
questão: quais são
os principais fatores
(econômicos e
culturais) que
influíram para o
60
10 – Oktoberfest
Imagem 27
Foto: Epitácio Pessoa / AE
Catarina;
4. Matemática –
Festas populares e
trabalho:
sucesso da
Oktoberfest como
manifestação
cultural e como
investimento
lucrativo?
2. A partir do texto-
escrito, levar o
aluno a
compreender o
significado e a
importância dos
pontos cardeais para
a localização do
homem na
superfície da Terra.
Compreender a
presença alemã no
sul do Brasil,
especialmente, no
estado de Santa
Catarina, a partir da
colonização, e os
hábitos culturais
trazidos com os
imigrantes.
3. Esquematizar um
determinado
percurso sobre o
mapa de Santa
Catarina.
4. Divulgar a cultura
por meio de festas
populares; realizar
operações
matemáticas usando
dados da festa
popular
mencionados no
texto-escrito.
11 – A Chegada de
Lampião no céu
Imagem 28
Xilógrafo: J. Borges
1. Artes –
Conhecendo a
literatura de
cordel;
2. Educação e
trabalho - Refletir
sobre as diferentes
expressões
culturais
produzidas pelo
trabalho humano e
marcadas pela
condição de classe;
3. Português – Ler e
1. Após a leitura do
texto-escrito, falar
sobre a literatura de
cordel e dividir a
turma em grupos de
três, para que cada
um produza um
cordel com base em
um tema.
2. A partir do texto-
escrito, refletir
sobre a cultura
erudita e popular;
as formas de
61
Imagem 29
Xilógrafo: J. Miguel
ouvir textos dos
repentistas,
produzir folheto de
cordel.
manifestações
culturais e a vida de
Lampião;
3. Leitura do texto “A
chegada de
Lampião no céu”.
Discutir a história
lida e produzir a
literatura de cordel,
a partir de um tema,
e ilustrá-lo com
xilogravura.
12 – Estética do
oprimido: para
além do palco fica o
ser integral
Imagem 30
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.31.
1. Artes - Criar um
teatro invisível e
possibilitar a
discussão entre
alunos e pessoas de
fora da escola sobre
um tema escolhido;
2. Educação e
trabalho – Perceber
as diferentes
linguagens e formas
de expressão das
ideias e da realidade
dos trabalhadores,
destacando a
capacidade de
homens e mulheres
para, coletivamente,
mudar o curso da
história;
1. Teatro invisível –
Dividir a turma em
grupos. Cada grupo
deverá escolher um
tema fora do
ambiente da escola;
posteriormente,
deverão escolher um
personagem, uma
posição a ser
defendida ou
atacada sobre o
tema. Após a
apresentação de
cada grupo, será
aberto um debate
para todos;
2. Nós podemos
mudar! – após a
releitura do texto-
escrito, cada grupo
irá escolher um eixo
de manifestação
artística (palavra,
imagem ou som),
para que, com base
nas cenas
vivenciadas no
cotidiano, os alunos
possam reproduzir
novas formas de
expressão desse
cotidiano.
13 – Nem tudo é
brincadeira...
Imagem 31
Foto: Sergio Castro / AE
1. Ciências - Discutir
o lado controverso
dos rodeios,
oferecendo
condições de
reflexão aos alunos
a partir de
diferentes pontos de
vista;
2. Matemática -
1. Festa e porcentagem
– a partir do texto-
escrito, os alunos
deverão responder a
algumas questões
sobre a cidade de
Barretos e festa do
peão.
Posteriormente,
corrigir as questões
62
Resolver situações-
problema, buscando
seus dados no texto.
Identificar
diferentes sentidos
para uma festa;
3. Matemática -
Verificar o sentido e
o significado de
eventos festivos
para uma
comunidade e
região, bem como
ressaltar a
possibilidade de
empregos
temporários em
festas populares;
4. Português -
Reconhecer as
vogais de uma
palavra;
desenvolver
a oralidade.
na lousa;
2. A partir do texto,
calcular arrecadações
que são conseguidas
com a realização da
festa popular.
Encontrar o número
de pessoas que não
pernoitou na região de
Barretos, em 2003, e
escrever, em forma de
porcentagem. Por fim,
retirar do texto todos
os valores escritos em
forma de
porcentagem, colocá-
los em ordem
crescente e escrever o
significado de cada
um deles;
3. Ler o texto com os
alunos e perguntar se
conhecem a festa
descrita no texto.
Questionar: por que
nem tudo é só festa?
Que tipos de emprego
são gerados num
evento como o de
Barretos? Se você
fosse o prefeito de
Barretos, que tipo de
investimento faria na
cidade para melhor
atender aos visitantes
da festa e a população
local?
14 – A geografia do
sabor
Imagem 32
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.34.
Imagem 33
Fonte: Caderno cultura e
1. Educação e
trabalho – A fome é
natureza. Comida é
cultura e trabalho:
Perceber que os
seres humanos
respondem às
necessidades
impostas pela
natureza por meio
do trabalho,
produzindo-se social
e culturalmente.
2. Ciências – Óleos e
azeites: Identificar
as diferentes fontes
de óleos utilizados
1. Peça a cada aluno
para escrever uma
receita. Junto com
eles, leia as receitas
do texto e questione-
os sobre: o material
utilizado; o processo
de trabalho; o
conhecimento
necessário; o produto
e sua finalidade;
2. Através de rótulos de
óleos vegetais,
margarina, gordura
vegetal e azeite de
oliva, construir uma
tabela, contendo as
63
14 – A geografia do
sabor
trabalho, p.35.
Imagem 34
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.36.
Imagem 35
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.36.
Imagem 36
Fonte: caderno cultura e
trabalho, p.37
em nossa cozinha,
reconhecer a
importância e o
valor nutricional dos
óleos vegetais.
3. Geografia – As
regiões do Brasil.
Caracterizar os
aspectos
sociogeográficos e
culturais das regiões
brasileiras.
Reconhecer e
respeitar a
diversidade cultural
do nosso país.
4. Inglês -
Familiarizar os
alunos com alguns
pratos típicos e
hábitos alimentares
dos norte-
americanos.
5. Matemática – Culinária e
alimentação;
receitas na medida
certa: objetiva
abordar aspectos
culturais
relacionados a
receitas típicas;
realizar cálculos que
envolvam conceitos
matemáticos em
uma receita;
seguintes
informações: nome
do óleo, origem,
conteúdo energético e
composição.
Reconhecer a
importância e o valor
nutricional dos óleos
vegetais.
3. Dividir a turma em
grupos e dividi-la por
regiões e suas
respectivas receitas
culinárias; a partir das
receitas, identificar os
produtos de origem
vegetal, agrícola
usados na receita;
mediante um mapa,
identificar as regiões;
4. Discutir os hábitos
alimentares dos
brasileiros e
apresentar o dos
norte-americanos,
tendo em vista
possibilitar o acesso
aos alunos das
comidas em inglês.
5. Através das receitas
postas no texto-
escrito, fazer
operações
matemáticas que
envolvam dúzia, meia
dúzia, multiplicação,
divisão, fração e
regras de três; adaptar
as receitas às
quantidades
proporcionais ao
número de alunos da
turma.
15 – Perguntas de
um trabalhador que
ler
Imagem 37
Ilustrador: Alcy
1. Artes - Criar uma
cena de teatro épico;
2. Educação e
trabalho –
Problematizar o
conceito de cultura
articulando-o às
diferentes
concepções de
mundo e às formas
pelas quais os seres
humanos, por meio
1. A partir do texto-
escrito, responder às
questões feitas pelo
autor; representar a
cena e discutir o
exercício,
considerando o
impacto causado no
público.
2. Considerando o texto-
escrito, os alunos irão
selecionar as palavras
64
do trabalho,
estabelecem
relações com a
natureza e com
outros seres
humanos;
3. Geografia – A
riqueza produzida
por todos:
possibilitar a
reflexão sobre quem
são os produtores
que geram as
riquezas no mundo e
analisar o contar da
história sempre sob
a ótica dos líderes e
comandantes;
4. História – Quem
são os sujeitos da
história?: Discutir o
que é História, quem
faz a História e a
importância da
História para a nossa
vida.
desconhecidas e,
posteriormente,
responder questões
formuladas pelo/a
educador/a;
3. Leitura coletiva do
poema; destacar os
casos em que a glória
recai sobre os líderes,
e os liderados não são
lembrados no texto;
questionar os alunos
sobre a existência real
dos trabalhadores nos
casos acima;
questionar, ainda,
sobre quem são os
verdadeiros
produtores das
riquezas: são os reis,
rainhas, generais,
chefes, presidentes,
entre outros, ou são os
trabalhadores
produzindo
coletivamente?
Finalizar produzindo
uma síntese da aula;
4. A partir do texto-
escrito, situar os fatos
e os personagens
refletindo sobre a
condição que cada um
ocupa;
posteriormente, cada
aluno terá que
escrever sua biografia,
considerando vários
tipos de registros
(fotos, documentos,
objetos, etc.)
16 – The slang
industry
Imagem 38
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.39.
Imagem 39
1. Chat – Ensinar
algumas gírias e
expressões em
inglês.
1. Discutir com os
alunos o significado
das expressões: “isso
é mamão com
açúcar”, “dar com os
burros n‟água”, “ele é
pé frio”, “ela é burra
como uma porta”;
apresentar algumas
expressões em inglês
que constam no texto-
escrito e descrever seu
significado.
65
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.40.
17 – Vidas Secas Imagem 40
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.42.
Imagem 41
Fonte: caderno cultura e
trabalho, p.43.
1. Artes – Dança e
teatro: pesquisar
movimentos para a
criação de cena e
criar uma cena de
dança-teatro;
2. Ciências - O açude:
reconhecer a
importância dos
açudes para a
população do
semiárido;
identificar
condições físicas
necessárias para a
construção de
açudes;
3. Geografia – Cabra
marcado para viver:
identificar onde se
passa a história
narrada no texto a
partir das
características do
local e das pessoas,
estudar as
condições de vida
do povo do sertão
do Nordeste
marcadas pela fome
e miséria;
4. Português – Teatro
em sala de aula:
estimular a
criatividade, o
interesse e o
espírito crítico;
incentivar a leitura,
a expressão oral e a
integração da
classe.
1. Sublinhar no texto-
escrito os trechos
que mais chamaram
atenção e, a partir
deles, produzir uma
cena considerando
a ordem de
movimentos;
2. Construir com os
alunos um açude
artificial. O
primeiro terreno
será do tipo
cristalino. Em uma
bacia, será
colocado um saco
plástico, cobrindo
as bordas. Sobre o
saco, devem ser
adicionadas pedras
grandes, médias e
pequenas e uma
pequena camada de
areia. Repetem-sem
no segundo
terrenom os
mesmos produtos
citados. Os alunos
deverão observar
sobre o volume da
água e identificar as
condições físicas
necessárias para a
construção de
açudes.
3. A partir da leitura
do texto-escrito,
destacar elementos
da paisagem que
identifiquem em
qual lugar do Brasil
se passa a história.
Solicitar a
associação desses
elementos como
sendo parte de uma
paisagem típica do
sertão do Nordeste
e, por fim,
descrever as
condições sociais
em que a cena se
passa;
66
4. A partir do texto-
escrito, identificar o
autor, em que época
o texto foi escrito,
quando foi editado
e por quem, quem
são os personagens
principais, que
problemas
enfrentam, como se
desenvolve o
enredo, que temas
abordam.
18 – O
desenvolvimento
dos meios de
comunicação criou
a cultura da
maioria feita para
as massas.
Imagem 42
Foto: Robson Fernandjes / AE
1. Artes - Cultura de
massa: cultura
popular?;
2. Educação e
trabalho – Cultura
popular e de
massas: conceituar
cultura, cultura
popular e de
massas, e
compreender a
cultura como fator
gerador de emprego
e renda.
1. Reler o texto-escrito
e discutir a
diferença entre
cultura popular e
cultura
popularizada;
perguntar aos
alunos qual o
programa de TV
favorito deles e
criar um programa
de TV ideal;
2. Pedir aos alunos
que escrevam o que
entendem por
cultura, cultura
popular e cultura de
massa. Após a
leitura do texto-
escrito, comparar os
conceitos
elaborados pelos
alunos e pelo que
está posto no texto.
19 – Cai-cai balão
Imagem 43
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.43
Imagem 44
Fonte: Caderno cultura e
1. Ciências – Por que
os balões sobem?
Discutir o
funcionamento do
balão de ar quente
das festas juninas e
o efeito de
aquecimento de
gases;
2. Economia solidária
– Cultura, turismo,
economia e festas
juninas:
proporcionar aos
alunos a
oportunidade de
1. Mostre como o ar
fica menos denso ao
ser aquecido. Para
isso, você precisará
de um copo, uma
vela (com menor
altura que o copo)
fósforo, um prato
fundo e água.
2. Montar uma feira
cultural com os
alunos, que retrate a
cultura nordestina,
apresentando suas
potencialidades
turísticas e a
67
trabalho, p.43 conhecerem melhor
a cultura do
Nordeste, sua
potencialidade
turística e alguns
empreendimentos
econômicos
solidários que têm
contribuído para a
economia da região.
3. História –
Reconhecer e
analisar as festas
juninas como uma
manifestação
cultural popular,
ressaltando a
diversidade dos
costumes e tradições
culturais nas
diferentes regiões do
Brasil.
geração de trabalho
e renda. A turma
pode ser dividida
em grupo que ficará
responsável por um
tema;
3. Cada aluno deverá
entrevistar na
escola, ou fora dela,
uma pessoa com
mais de 60 anos que
sempre viveu na
comunidade.
Deverão investigar,
perguntando como
eram comemoradas
as festas juninas
antigamente.
Procure identificar
com a turma as
mudanças e as
permanências.
20 – O suor dos
boleiros: riquezas e
misérias de uma
paixão nacional
Imagem 45
Fonte: caderno cultura e
trabalho, p.50.
Imagem 46
Fonte: Caderno cultura e
trabalho, p.51
1. Espanhol –
Familiarizar-se com
o léxico espanhol do
futebol e analisar a
relação do esporte
com a geração de
empregos;
2. Geografia -
Associar a geração
de jogadores de
futebol em
gramados brasileiros
e a sua “exportação”
com os que
conseguem
realmente se
destacar;
3. História – Refletir
sobre diversos
significados do
futebol para a
sociedade brasileira;
4. Matemática – Procurando o
futebol na cidade:
identificar espaços
ocupados com
futebol, localizando-
os no mapa da
cidade, observando
a escala;
1. Dialogue com os
alunos sobre “los
puestos de trabajo
directos e indirectos
que genera el fútbol
brasileño”: Por
ejemplo: los
jugadores, el
entrenador, El
preparador físico,
el masajista, el
fisioterapeuta, el
árbitro, el juez de
línea/ asistente etc.
Peça aos alunos
que respondam às
perguntas: Cuáles
son los jugadores
brasileños que
actúan en España?
Cuáles son sus
equipos?
2. Realizar uma leitura
do texto em grupo
na
sala, retirando do
mesmo as ideias
principais;
Apresentar para a
sala quais são essas
ideias principais e
construir um quadro
com a síntese
68
20 – O Suor dos
boleiros: riquezas e
misérias de uma
paixão nacional
delas.
3. Propor à turma a
realização de uma
mesa redonda sobre
futebol, semelhante
àquelas realizadas
na TV. Deverá
haver um mediador,
um ou mais
representantes de
vários times do
Brasil. Faça um
levantamento sobre
os torcedores da
sala e monte uma ou
mais mesas,
dependendo do
número de alunos, e
produza uma notícia
jornalística;
4. A partir da leitura
do texto, perguntar
aos alunos se eles
conhecem algum
campo de futebol na
cidade; pedir para
que localizem num
mapa o local do
campo. Verificar
com os alunos a
escala do mapa e
pedir que façam
uma estimativa da
área que tal campo
ocupa, respeitando a
escala.
21 - Ensaios: o
maracatu
Imagem 47
Imagem 48
1. Artes – Encontro
cultural: organizar
um encontro cultural
com os artistas
locais;
2. Artes – Maracatu:
conhecer essa
manifestação
popular, refletir
sobre a importância
da preservação de
festas, danças e
manifestações
populares como
modo de
preservação da
cultura brasileira;
3. História –
Pluralidade cultural
1. Após a leitura,
relacionar o texto à
realidade dos
alunos. Levantar
formas de
manifestação
cultural vivenciadas
por eles em sua
comunidade (dança,
música, artesanato,
etc.). Propor uma
pesquisa no bairro,
comunidade,
visando encontrar
grupos ou artistas
que participem de
manifestações
culturais na
localidade;
69
21 - Ensaios: o
maracatu
Imagem 49
Imagem 50
Imagem 51
Imagem 52
Imagem 53
Todas as fotos de Tasso
Marcelo
no Brasil: imagens
de maracatus;
4. Inglês – American
Holidays:
familiarizar os
alunos com alguns
feriados do
calendário
americano, em
inglês.
2. Criar figurinos para
um maracatu;
3. Motivá-los ao
trabalho de
observação das
imagens que
constam no livro.
Levantar a seguinte
questão: As
fotografias são
representações da
realidade, logo são
fontes históricas.
Questionar: Quem
Fotografou? O que
retratam? Quando?,
Onde? Por quê?.
Depois, estabelecer
a relação das
representações
fotográficas dos
maracatus com a
vida da sua
comunidade, da
cidade ou do Brasil,
mais
especificamente,
com as
manifestações
culturais
vivenciadas pelos
alunos no cotidiano.
4. Perguntar aos
alunos qual o
feriado favorito
deles e pedir a cada
um que escolha seu
feriado favorito e
escreva um pequeno
parágrafo (em
inglês) explicando o
que se comemora
nesse dia. Duas ou
três linhas são
suficientes.
22 - Cartas a um
Zapatero que
compuso mal unos
zapatos
Imagem 54
1. Espanhol – El
oficio de Zapatero:
analisar as causas do
desaparecimento de
algumas profissões
consideradas
históricas e os
1. Escreva no quadro
as seguintes
perguntas em
espanhol sobre o
texto. Os alunos
devem respondê-las
por escrito no
70
Ilustrador: Alcy
Imagem 55
Ilustrador: Alcy
motivos que
ocasionam essas
mudanças.
caderno:¿Quién
escribió la carta?;
¿A quién está
dirigida?; ¿Cuándo,
o en que época, ha
sido escrita?;¿Qué
hechos o
sentimientos
describe?
23 – As grandes
festas e as
oportunidades de
trabalho e renda
Imagem 56
Foto: Tasso Marcelo
Imagem 57
Foto: Tasso Marcelo
1. Espanhol – El
carnaval brasileño
ofrece buenas
oportunidades de
trabajo: analisar as
possibilidades de
emprego que o
mercado cultural
oferece e os
requisitos exigidos;
2. Geografia – Refletir sobre os
significados do
carnaval como
manifestação da
cultura popular nas
diferentes regiões
do Brasil e como
oportunidade de
trabalho e renda;
3. Português -
Reconhecer as
características de
um texto de
informação.
1. Após a leitura e a
discussão do texto,
formular perguntas
em espanhol para
que os alunos
respondam;
2. Após ler e discutir o
texto-imagem,
perguntar aos
alunos: vocês
gostam de brincar
carnaval?Como é o
carnaval na sua
cidade? Você
assiste a desfiles de
carnaval pela
televisão? O que
mais chama sua
atenção? Que
diferenças você
observa nas músicas
de carnaval das
várias regiões do
Brasil? Quais os
significados do
carnaval para a
sociedade brasileira:
na cultura, na
política e na
economia? Vocês
conhecem alguém
que trabalha ou já
trabalhou em
atividades ligadas
ao carnaval?; e, por
fim, fazer, em
grupo, um
levantamento dos
tipos de trabalho
que são gerados
pelo carnaval na sua
cidade ou região;
3. Após a leitura do
texto-escrito, os
alunos devem
71
responder a
questões relativas
relacionadas a ele.
24 - Cinema povo:
ói nóis na fita.
24 - Cinema povo:
ói nóis na fita.
Imagem 58
Imagem 59
1. Ciências – A ilusão
visual de imagens
em movimento:
reconhecer as duas
formas de projeção
de imagens dos
projetores de filmes
e de DVD e
entender o processo
de sobreposições de
imagem que cria a
ilusão visual do
movimento
1. Educação Física –
Refletir sobre os
movimentos de
forma intencional e
não mecânica.
Reconhecer a
importância da
Educação Física
para a vida.
Executar a
respiração natural
completa.
1. Proponha aos seus
alunos observações
diretas de materiais
usados para
registrar imagens;
peça aos seus
alunos para obterem
um projetor de
filmes ou uma foto
dele. Indicar o
motor que faz o
filme rodar e o
sistema de lentes.
Para estudar a tela
digital, peça aos
seus alunos para
observarem a tela
da televisão com
uma lente de
aumento, não
ultrapassando 1
minuto;
2. Desenvolva a
seguinte atividade
com os alunos:
Respiração
profunda: Deite no
chão, em um
cobertor,
colchonete, etc.,
flexione os joelhos
e afaste os pés mais
ou menos 20
centímetros, com os
dedos voltados
ligeiramente para
fora. Certifique-se
de que a coluna está
reta. Coloque uma
das mãos sobre o
abdômen e a outra
sobre o tórax; d)
Inspire lenta e
profundamente pelo
nariz, expandindo o
abdômen e
empurrando a mão
para cima, até onde
for confortável. e) A
seguir, inspire pelo
nariz e expire pela
72
boca, emitindo um
som suave,
relaxante como o
vento; f) Execute
inspirações longas,
lentas e profundas,
que farão o
abdômen subir e
descer. Concentre-
se no som e na
sensação de respirar
enquanto vai
ficando cada vez
mais relaxado; g)
Continue respirando
profundamente
durante cinco a dez
minutos de cada
vez, uma ou duas
vezes por dia. Faça
disso um hábito. Ao
final, peça aos
alunos que
produzam um texto
sobre todo o
processo.
O conjunto de imagens e a perspectiva de sua utilização indicados acima podem ser quantificados.
Desse modo, organizamos o gráfico abaixo, com o intuito de apresentar uma visualização sintética das
informações anteriores.
Gráfico 1. Quantidade de imagens e seu uso
Nota-se que, embora tenhamos desenvolvido vários argumentos em torno da ideia de que, nas
sociedades contemporâneas, assentadas em uma cultura visual, a imagem media a circulação de múltiplas
73
informações, submetendo e subjugando as pessoas em certa perspectiva, lamentavelmente, os editores, ao
elaborarem os Cadernos da EJA, não deram a devida importância a esse fato, pois, conforme registramos,
apenas sete, das 47 imagens, são utilizadas como objeto de intervenção epistêmica na estrutura geral do
exemplar analisado. Houve o predomínio do uso ilustrativo e estético da imagem.
3.2. O uso das imagens do Caderno de EJA “Cultura e Trabalho” na Escola Municipal David
Trindade
A Escola Municipal de Ensino Fundamental David Trindade, fundada em 1984 (mil novecentos e
oitenta e quatro), situa-se na Rua José Mendonça de Araújo, nº. 88, no Conjunto Mangabeira Prosind, na
cidade de João Pessoa. Funciona no período da manhã e atende a alunos das séries iniciais do ensino
fundamental I. À tarde, funcionam o 6º, o 7º, o 8º e o 9º anos, e à noite, as turmas do ciclo I, II, III e IV de
Educação de Jovens e Adultos – EJA. A população atendida é oriunda da própria cidade de João Pessoa, dos
Bairros de Mangabeira e Cidade Verde.
A referida instituição é administrada por um gestor, seguido da colaboração de três adjuntos. Conta
também com um corpo técnico, composto de três supervisores, um orientador, dois assistentes sociais, um
dentista, cinquenta e três professores e quarenta e três funcionários, totalizando 107 (cento e sete)
profissionais envolvidos. Em relação à qualificação profissional dos professores, a instituição afirma que
99% dos profissionais envolvidos têm nível superior, alguns, apenas graduação, e outros, especialização e
mestrado.
Quanto à estrutura física, foi observado que a escola é bem estruturada: tem uma sala de diretoria;
uma secretaria, uma sala para supervisores e uma para coordenação pedagógica; seis salas de aula; uma sala
para os professores; uma cozinha (cantina), com um pátio para as refeições; dois banheiros; dois bebedouros
coletivos para os alunos, um ginásio esportivo, uma biblioteca (em reforma), um laboratório de computador
e uma sala de multimídia. Além dos profissionais citados, a escola ainda conta com dois inspetores e um
vigia.
A atividade com o uso da imagem no livro didático foi realizada na turma do 1º ciclo de EJA,
composta por 32 (trinta e dois) alunos, que estão frequentando regularmente as aulas. A professora atua
como alfabetizadora de EJA há quase trinta anos, com formação em Magistério e é licenciada em
Psicologia, além das capacitações que realiza com frequência na área de Educação de Jovens e Adultos,
juntamente com a Prefeitura Municipal de João Pessoa. O perfil da turma é bem heterogêneo, pois conta
com alunos da idade de 21 até 75 anos, e a maioria é do sexo feminino. Segue, abaixo, a quantidade de
alunos matriculados e por gênero.
74
Gráfico 2. Número de alunos matriculados
Fonte: Caderneta de frequência dos alunos
A atividade realizada na turma objetivava apresentar as imagens impressas do Caderno de EJA
(Cultura e Trabalho) para discutir a temática cultura, tendo em vista apreender as impressões dos alunos ao
olharem cada imagem. Antes de aplicarmos a atividade, selecionamos imagens relacionadas à temática; já
na sala de aula, as imagens foram apresentadas em forma de slides, para que os alunos dialogassem sobre
elas. Vale destacar que, no momento da apresentação das imagens, predominaram as falas dos alunos. Após
esse momento, foram discutidos o conceito do termo cultura e suas manifestações regionais45
. Para finalizar,
a partir de imagens selecionadas pelos alunos, a turma foi dividida em grupos para a produção de um
cordel46
. Como forma de registro, gravamos e filmamos as falas dos alunos em torno das imagens
apresentadas. Segue a descrição.
Tabela4. Descrição das falas dos alunos em torno das imagens do Caderno Cultura e Trabalho
I Aluno - Parece alguém empurrando alguma coisa;
II Aluno - É uma pessoa sangrando
OBS: essa imagem não possibilitou uma boa compreensão.
No livro a imagem está posta juntamente com o texto que
trata de cultura enquanto produção humana pelo trabalho.
45
Essa atividade foi aplicada próximo ao período junino, e foi constatada na fala dos alunos uma diversidade de
expressões culturais nesse período. 46
A produção de cordel foi pelo fato dessa literatura expressar aspectos culturais, como também às imagens que
lhes são impressas. Veja em anexo fotos do momento da produção do cordel.
75
I Aluno - É um homem fazendo atividade física;
II Aluno - Não, ele está pendurado!;
III Aluno: parece Jesus Cristo.
IV Aluno: o homem está empurrando alguma coisa,
mas não sei o que é.
OBS: essa imagem dificultou a compreensão dos alunos.
Assim como a imagem anterior, ela trata do homem
trabalhando, transformando a natureza, produzindo cultura
I Aluno - há, esse é um agricultor;
II Aluno - essa imagem é fácil. É um homem do
campo, indo para roça trabalhar;
OBS: todos os demais alunos confirmaram as afirmações dos
colegas. a imagem realmente está posta no contexto do livro
onde trata da realidade do homem do campo.
I Aluno - Oba é o carnaval do Rio de Janeiro;
II Aluno - Carnaval tem fantasia, alegria;
III Aluno – Mas também pode ser o carnaval de São
Paulo.
IV Aluno – O homem essa mais vestido de animal.
OBS: todos os alunos atribuíram o tema carnaval a imagem.
Tal imagem está posta no livro onde o conteúdo trata do
carnaval.
I Aluno – Eita, é um sertanejo com a família;
II Aluno – Olha as crianças no cesto!
III Aluno – É uma família grande, né? ;
IV Aluno – quando eu vivia em Sousa ei vi muita
família dessa forma, no jumento indo trabalhar.
OBS: todos compreenderam a imagem enquanto uma
representação de uma família de sertanejos.
I Aluno - É um presépio!
II Aluno – É Jesus Cristo, Maria, José e os três reis
magos;
III Aluno - Mas também tem um carneiro, uma
vaquinha;
IV Aluno – Mas também tem um galo lá em cima e a
estrela, anunciando que Jesus nasceu.
OBS: a imagem foi facil de compreensão para os alunos
devido a forte vivencia religiosa que cada um tem. todos
entenderam que a imagem expressava o nascimento de cristo.
Eles destacaram com precisão cada integrante que faz parte
da imagem, desde as pessoas aos animais.
I Aluno - É natal;
II Aluno – É não! É São João.
III Aluno - não estou conseguindo entender.
OBS: o máximo que os alunos identificaram na imagem
foram os aspectos citados acima.
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I Aluno – É uma vaca de chifre.
II Aluno – É uma vaquejada
III Aluno - Não, é um rodeio porque vaquejada;
IV Aluno – lá em Sousa isso é uma vaquejada,
porque na vaquejada é para derrubar o boi, enquanto
que na vaquejada o homem tem que ficar em cima do
boi até cair.
OBS: o máximo que os alunos identificaram na imagem
foram os aspectos citados acima.
I Aluno – É lá da Bahia!
II Aluno – É a baiana fazendo acarajé.
III – O que é que a baiana tem?
IV – Rubacão.
I Aluno – Olha Ronaldinho ali;
II Aluno – É o Brasil! Ele está jogando bola;
III Aluno – Todo brasileiro gosta futebol.
OBS: observamos que os alunos reconheceram que a imagem
trata de um esporte.
I Aluno – É um homem nu;
OBS: não conseguimos identificar as demais falas dos
alunos. Mas a imagem trata de uma pessoa construindo um
carro alegórico do carnaval.
I Aluno – Ele está dançando capoeira, não é não?
II Aluno – É uma dança do Rio de Janeiro!
III Aluno – A minha filha gosta de folclore, meu filho
gosta de hip hop e de carnaval eu gosto. Isso é
cultura!
FONTE: Arquivo pessoal que registrou as falas dos alunos (filmagem)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegando ao fim da escrita deste Trabalho de Conclusão de Curso, sentimos que
agora é que deveríamos começar, pois, olhando para o percurso construído, vemos o quanto
ainda temos que percorrer. O caminho foi cheio de aprendizagens e de crescimento, ora
marcado pela alegria da aquisição do saber e do prezar, estimulado pela curiosidade de quem
quer conhecer o não sabido, ora pontuado de dor, de sofrimento, de angústía, decepção e
desencanto com o descaso com que tratam a EJA nas escolas e na Universidade. No entanto,
a trajetória acadêmica, assim como na vida cotidiana, é assim: um misto, uma combinação de
esperanças, sucessos e frustrações.
Confesso que aprendi muito durante o Curso e a elaboração do TCC. Sobre o assunto
em pauta, percebo, a partir do aprofundamento teórico e da intervenção que realizei, pelo
menos, duas coisas, que gostaria de ressaltar neste momento de fechamento do texto.
Em primeiro lugar, não obstante o fato de a presença da imagem na sociedade
moderna brasileira indicar, verdadeiramente, a existência de uma cultura visual, que permeia
o cotidiano existencial das pessoas e a vida da escola, a investigação que empreendemos
sobre a presença e o uso das imagens nos livros didáticos da EJA, de um lado, confirma essa
hipótese; de outro, aponta um relativo descaso com o uso da imagem como um texto. Os
dados obtidos, através da análise do Caderno de Cultura e Trabalho, confirmam o pouco
emprego da imagem nessa perspectiva.
Com efeito, o livro didático aparece com restrições ao uso da imagem como mediação
do conhecimento, enfatizando, sobretudo, seu emprego ilustrativo. Isso sinaliza que os
elaboradores (autores e editoras) do livro didático de EJA ainda não superaram a visão
dominante de texto como texto escrito e o uso estético-istrativo da imagem.
Em segundo lugar, embora ocorra o predomínio da escrita e do uso estético-
ilustrativo, a imagem, como mediação, não pode ser negada ou desconsiderada, o que é
corroborado tanto na análise do exemplar investigado quanto na experiência vivenciada
durante o estágio supervisionado na escola campo.
Esse acontecimento demonstra uma espécie de ruptura gradual com a lógica
dominante do caráter ilustrativo, da realização da leitura do texto-imagem, de forma ingênua
e inocente, que passa a ser lido, discutido e refletido criticamente. Essa perspectiva afirma o
entendimento do uso das imagens dos livros didáticos como um recurso necessário à
produção, à circulação e à apropriação do conhecimento. Tal visão acentua a imagem do
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livro didático como um artefato cultural. Nessa cultura, os livros didáticos deverão ser
pensados, elaborados, sistematizados e organizados em função da noção da imagem como
texto; a alfabetização visual deverá ser considerada como relevante para o desenvolvimento
da consciência crítica do cidadão e da sociedade, pois, não é possível, no tempo atual, ler o
mundo sem a mediação da imagem. Conforme disse, em outro lugar deste TCC, „Ler o
mundo através da imagem significa adentrar o mundo da cultura e extrair a leitura e a
interpretação dessas imagens, percebendo que elas representam signos e cultura de consumo
na sociedade cercada por suas representações‟.
Considerando os sujeitos da EJA, esse princípio é mais necessário em todos os níveis,
etapas, anos, ciclos e processos de escolarização. De fato, conforme já anunciamos, é preciso
educar o olhar. Precisamos aprender a ver e a ensinar a ver. Devemos empregar, em nossas
práticas escolares e não escolares, uma espécie de pedagogia crítica da visualidade. Para
tanto, é necessário qualificar melhor os educadores, que atuam diariamente com os estudantes
e utilizam os livros didáticos, os gestores, para bem conduzir o processo de escolha dos livros
didáticos e de planejamento do uso da imagem, visando à formação de indivíduos críticos e
reflexivos, e das editoras, para que a elaboração do livro didático possa considerar o caráter
epistêmico da magem e de seus gêneros.
Na escola campo da pesquisa, verificamos que há uma sensível receptividade do uso
da imagem no processo ensino-aprendizagem dos saberes escolares nas turmas da EJA. Os
estudantes se sentem motivados e aprendem de forma mais significativa o conteúdo. O que,
de fato, urge é o uso consciente e competente desse recurso. Isso exige um processo
formativo sobre a linguagem, o funcionamento e o uso da imagem na escola, na disciplina e
em função da realidade e da história de vida dos estudantes.
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82
ANEXO A - Apresentando as imagens do Caderno de EJA para a turma
ANEXO B - Alunos de EJA produzindo o cordel
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ANEXO C - As capas dos cordéis com imagens escolhidas pelos alunos